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RESPOSTAS DA ATIVIDADE
ROTEIRO DE LEITURA I
Referente ao texto: SILVA, Paulo César Garré; SOUZA, Antonio Paulino de. Língua e Sociedade:
influências mútuas no processo de construção sociocultural. Revista Educação e Emancipação, São
Luís, v. 10, n. 3, p. 260-285, set./dez.2017. Disponível em:
http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/reducacaoemancipacao/article/view/7726/4725.
Acesso em: 28 mar. 2023.
1. Por que os autores afirmam que quando há variações linguísticas, ou seja, formas diferentes
para dizer as mesmas coisas, o valor atribuído aos falantes reflete o valor que se atribui à forma
linguística?
A afirmação dos autores ocorre devido ao fato de que o status linguístico pode variar de acordo com
o contexto sociocultural e os grupos sociais envolvidos. Isso significa que o valor atribuído aos
falantes não está apenas relacionado às suas características individuais, mas também à forma
linguística que utilizam.
2. Qual/quais argumento/s são usados pelos autores quando afirmam ainda que a forma
linguística usada reflete a posição social mesmo quando há uma ascensão social?
Na busca por ascensão social, não basta apenas melhorar a condição econômica, os autores
argumentam que é necessário também adotar o padrão linguístico associado à classe social desejada.
Isso cria uma barreira entre as classes, que só pode ser superada através da adoção das características
linguísticas da nova classe. Outro argumento dos autores é o processo conhecido como hipercorreção
linguística, onde falantes de classes mais baixas exageram ao tentar utilizar formas consideradas
corretas em situações formais, na tentativa de elevar o valor social de sua forma linguística. No
entanto, muitas vezes há um descompasso entre o padrão produzido e o desejado. Isso reflete a
insegurança dos falantes e revela a posição ocupada na estrutura social (Bourdieu, 2001, p. 122).
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4. O embate de forças entre as classes sociais se dá também através do uso de formas
linguísticas. Por que as formas são estigmatizadas?
As formas linguísticas podem ser estigmatizadas devido à associação entre certas variantes
linguísticas e a posição social de certos grupos. Isso ocorre quando uma forma linguística é
considerada inferior, inadequada ou fora dos padrões estabelecidos pela classe social dominante. Esse
estigma reflete preconceitos, estereótipos e desigualdades sociais, reforçando hierarquias e mantendo
o poder nas mãos dos falantes com prestígio linguístico. Isso resulta na marginalização e
desvalorização das formas linguísticas associadas a grupos marginalizados ou estigmatizados
socialmente.
5. Segundo o texto, o falante não é sozinho o responsável pela mudança em sua fala, mas a
mudança da posição social?
Conforme discutido no texto "Língua e Sociedade: influências mútuas no processo de construção
sociocultural", a transformação na forma de falar de um indivíduo não é apenas resultado de suas
escolhas pessoais, mas também está relacionada à mudança de sua posição social. A ascensão ou
transição de classe social pode levar à adoção de novos padrões linguísticos associados à classe
desejada. Portanto, a evolução na maneira de se expressar não é meramente uma questão individual,
mas reflete as dinâmicas sociais e a busca por pertencer a determinados grupos sociais.
7. O texto, em toda a sua extensão, afirma que há, além da estratificação social, a estratificação
linguística e que esta é uma barreira a impedir o falante de acender socialmente. O texto não
traz exemplos dessa estratificação linguística, mas nos dá pistas sobre elas quando se refere à
identidade de grupos em relação a outros. Quais ocorrências são percebidas por nós,
profissionais da linguagem, sobre os usos e as marcas sociais desses usos?
Como profissionais e estudantes da linguagem, percebemos uma série de ocorrências que evidenciam
as marcas sociais dos usos linguísticos:
• Variações regionais: Diferenças na pronúncia, vocabulário e gramática entre regiões.
• Variações sociais: Variantes linguísticas utilizadas por diferentes grupos sociais.
• Variações profissionais: Linguagem especializada, jargões e formas de comunicação associadas
a diferentes profissões.
• Registros formais e informais: Diferenças de registro linguístico de acordo com o contexto
(formal ou informal).
• Variações étnicas: Características linguísticas distintas entre grupos étnicos em termos de
pronúncia, vocabulário e gramática.
• Variações geracionais: Gírias e modos de falar específicos de diferentes gerações.
• Variações de gênero: Diferenças linguísticas entre homens e mulheres, incluindo uso de palavras,
entonação e estruturas linguísticas.
8. É interessante perceber que as marcas menos prestigiadas também ocorrem nas falas das
classes mais prestigiadas. No entanto, como o texto afirma o valor do falante reflete o valor da
sua fala?
O valor do falante reflete o valor da sua fala no sentido de que a sociedade atribui uma avaliação
social às diferentes formas linguísticas utilizadas. As marcas linguísticas consideradas prestigiadas
estão associadas a grupos sociais de maior status, enquanto as marcas menos prestigiadas estão
associadas a grupos de menor status.
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9. Qual o papel da escolarização na consciência do significado social da fala?
A escolarização expõe os indivíduos a normas linguísticas prestigiadas, ensina a reconhecer
diferenças entre variedades linguísticas e promove habilidades de comunicação adequadas para
diferentes contextos sociais. Ela também estimula a reflexão sobre a linguagem, a compreensão das
normas culturais e sociais ligadas à fala, e capacita os alunos a usar formas linguísticas valorizadas.
10. Por que Labov critica Chomsky em relação ao que este afirma sobre a competência do
falante?
Labov critica Chomsky por sua visão restrita da linguística baseada em julgamentos intuitivos dos
falantes nativos. Ele contesta os postulados de Chomsky sobre a homogeneidade da língua e a
acessibilidade universal dela. Labov argumenta que a língua é heterogênea e que nem todos têm igual
acesso às formas discursivas especializadas. Ele também questiona a noção de competência
linguística como um conceito abstrato e imensurável, não passível de ser avaliado apenas por meio
de julgamentos intuitivos. Labov ressalta a conexão entre a língua e as relações sociais, destacando
que a competência linguística está relacionada à lógica do pensamento social, na qual o sujeito é
responsável pelo seu próprio desenvolvimento social e linguístico.
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