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COLÉGIO ADVENTISTA CIDADE ADEMAR

JULIA SANTOS RIBEIRO CUNHA VIDAL

RACISMO, CAPITALISMO E COLONIZAÇÃO NA SOCIEDADE


BRASILEIRA.

São Paulo
2023

DAVI MARTINS GRANADO


JULIA SANTOS RIBEIRO CUNHA VIDAL
SOPHIA BACCI NEVES
A SEGUNDA GERAÇÃO DO MODERNISMO BRASILEIRO
ATRAVÉS DA OBRA "ALGUMA POESIA" , DE CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Professor Severiano
no intuito de análise da obra.
Orientador: Prof. Severiano

São Paulo
2023

RESUMO

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Quando falamos sobre a obra "Alguma Poesia" de Carlos Drummond,
surge uma pequena curiosidade em relação a suas motivações e
principalmente o que o levou a tornar-se um revolucionário. Nossa
pesquisa tem o intuito de revelar cada faceta que representou ferozmente a
segunda geração modernista, demonstrando que durante a década de 30,
Drummond foi um dos elos primordiais para mudar a maneira que o
brasileiro fazia poesia e principalmente como se expressava, largando o
eurocentrismo para finalmente dar espaço aos movimentos nacionais e com
vivências do povo brasileiro, além de mostrar que qualquer um poderia
fazer poesia.
Palavras-chaves: Revolucionário, Eurocentrismo, movimento
brasileiro.

ABSTRACT
When we talk about the work "Alguma Poesia" by Carlos Drummond, a
little curiosity arises in relation to his motivations and mainly what led him
to become a revolutionary. Our research intends to reveal every facet that
fiercely represented the second modernist generation, demonstrating that
during the 30s, Drummond was one of the main links to change the way
that Brazilians wrote poetry and mainly how they expressed themselves,
leaving behind Eurocentrism for finally giving space to national
movements and experiences of the Brazilian people, in addition to showing
that anyone could write poetry.
Keywords: Revolutionary, Eurocentrism, Brazilian movement.

2
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO……………………………… ………………………. 6
ELEMENTOS DA NARRATIVA……………………………………. 7
ESTRUTURA…………………………………………………………. 8
LINGUAGEM…………………………………………………………. 9
INTERTEXTUALIDADE……………………………………………. 10
CRÍTICA………………………………………………………………. 11

1. INTRODUÇÃO
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"Alguma Poesia" é o nome de batismo mais genuíno que uma obra
poderia ter. Alguma, que significa coisa ou pessoa indeterminada e
poesia, que vem da palavra em latim poesis, que significa a ideia de
criar ou fazer; definem o sentimento de humildade e de ombros
encolhidos e era apenas uma poesia contemporânea, de cunho
suspeitoso e alarmante, polêmico, com a falta de protagonismo. Era
algo só. Drummond não se via como parnasiano e então, não haveria
necessidade de mostrar como sua obra era digna de ser uma
preciosidade, tanto que "uma pedra no caminho" reflete a
simplicidade que qualquer um, numa sociedade que vivia
historicamente por um período difícil, poderia passar. Temos que ter
em mente que acima de tudo, além de arte, a poesia, é uma das sete
artes tradicionais, pela qual são valorizadas o sentimento e a moral
humana, utilizados com fins estéticos ou críticos, ou seja, retratam
qualquer coisa na base da ingenuidade — ou malícia — dependendo
da imaginação do autor como a do leitor. Drummond possui também,
como característica individual, a temática do cotidiano, e de maneira
bastante peculiar, o universal. É uma diferença abrupta entre o solo e
o que agrupa tudo. Mas, quando fizemos sobre tal, é que qualquer
um consegue saber o que ele deseja falar. Por exemplo, "Toada do
Amor", que fala sobre o sentimento delicioso que é estar apaixonado.
Carlos Drummond de Andrade, nascido em 31 de outubro de 1902, nono
filho de fazendeiros mineiros, sempre teve a vida simples. Desde sempre
foi um amante das letras e da literatura e então, aos 14 foi para o colégio e
dois anos mais tarde, mudou-se para o Rio e estudou no Internato Jesuíta.
Seu perfil revolucionário já era presente desde jovem e o fato mais peculiar
de sua vida era que havia sido expulso desse mesmo colégio por
"insubordinação mental”, ao discutir com seu professor de Português. Sem
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muito o que fazer, retornou à sua terra natal e começou a postar seus
primeiros trabalhos no "Diário de Minas", até postar seu primeiro livro,
"Alguma Poesia". No entanto, o objetivo geral da pesquisa feita é
demonstrar como Drummond destruiu o "sonho europeu" que alguns
brasileiros nutriam enquanto faziam a arte aparentemente nacional. Aliás, o
lançamento do livro foi tão polêmico na época por justamente abalar essa
perspectiva estrangeira que a academia de letras tanto demonstrava,
mostrando que o brasileiro também poderia ser o centro artístico de um
escritor. Já sobre os objetivos específicos, escolhemos detalhes deveras
importantes que a poesia da segunda geração modernista abordava,
mostrando como sonhos poderiam ser melancólicos ou até mesmo cheios
de repugna, mas também contava de maneira "heróica" vivências que
poderiam ser refletidas na sociedade da época, onde os sonhos de cada
poema de "Alguma Poesia" possa ser vista e sentida com tamanha sensação
de nostalgia, como uma rápida pausa, na vida movimentada de alguém
contaminado pela falsa vivência européia.

2. ELEMENTOS DA NARRATIVA

A obra possui diversas temáticas e precisamos ter em mente que Carlos


Drummond vivia o pós-guerra e a mudança abrupta da sociedade brasileira
para entendermos melhor cada uma que foi citada. Sua poesia feita entre os
anos de 1925 à 30, revelam de maneira artística a vida miserável, a
nostalgia infantil e os sentimentos tristes que vivenciamos diariamente com
o mais ácido humor que poderia existir. Transita entre o passado e o futuro,
até mesmo no presente atemporal, como é o exemplo do poema "José". É
um desabafo de um homem preso no parnasiano e que deseja se libertar,
tanto de maneira introspectiva quanto de maneira social. Em relação à
narrativa e onde cada eu-lírico se apresenta, os lugares e espaços sempre
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são diversos, podendo ser em algum canto de Minas Gerais e até mesmo
sobre a mesa de uma casa, o qual não sabemos o dono. A poesia de
Drummond vive por aí, digamos assim. Desbravando o que o autor
descreve na poesia, percebemos que estamos lidando com algumas facetas
importantes: o indivíduo, a família, o conhecimento amoroso, a paisagem,
as viagens, o social e a evolução dos tempos. Somente em alguns poemas
que temos a presença do nome do eu-lírico que é o exemplo de "Poema de
Sete faces" onde o próprio autor cita seu nome.

3. ESTRUTURA DA OBRA

Como um bom modernista, Carlos Drummond utilizava o verso livre e a


linguagem coloquial em suas obras. "Alguma poesia" em específico, tem
um estilo epigramático. Alguns poemas podem ter apenas uma estrofe, que
é o caso de "Cota Zero" e outros, que passam de cinco como "balada do
amor através das idades". O número de versos também é ilimitado e não
possui algum padrão reconhecível, como é o caso do soneto ou da própria
divisão clássica. O autor era bastante versátil nesses casos, porém, o que
faz cada um de seus poemas serem reconhecidos com mais facilidade é a
linguagem abordada e a como cada uma representa algo, muitas vezes,
vista como fútil para leigos, que é o caso de "Havia uma pedra no
caminho".

4. LINGUAGEM DE "ALGUMA POESIA"

A linguagem utilizada no livro "Alguma Poesia" é a linguagem coloquial,


com humor e deboche. O que essa linguagem aborda em sua maioria é a :
preocupação com temas sociais e com temas individuais que oscilam
constantemente ao longo da poética do autor. Escavação do real sobre os
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temas cotidianos como o amor, a guerra, a amizade, a realidade em si
mesma. Também tinha muito humor e ironia, bem mais frequentes nos seus
livros iniciais e na fase Gauche. Foram recursos benquistos pelo autor,
quase um instrumento de defesa diante da desintegração da realidade por
ele vivenciada. E um dos mais curiosos: artesanato da linguagem e
metapoesia, que Drummond trabalhou intensamente com a linguagem,
desintegrando e reintegrando as palavras, reinventando a sintaxe em jogos
verbais, transformando e revirando as possibilidades poéticas.

5. INTERTEXTUALIDADE PRESENTE NA OBRA

Carlos utilizava muito de referências de outras obras, artistas e personagens


históricos, que é o caso de Robinson Crusoé que naufraga numa ilha e é
citado em "Abgar Renault". Chopin, músico polonês, aparece como peça
chave no poema "Músico" o qual o poeta faz referência a sua musicalidade
nos versos; e por fim, "balada do amor através das idades" que é uma
poesia com diversas estrofes cheias de intertextualidade: "Eu era grego,
você troiana,
troiana mas não Helena." Helena de Tróia era a mulher mais bela de toda a
Grécia, enamorada de Ulisses; "Sai do cavalo de pau para matar seu
irmão." Refere-se ao acontecimento da do Cavalo de Tróia, o qual os
gregos utilizaram para invadir as fortificadas terras de Tróia; "Virei soldado
romano, perseguidor de cristãos" refere-se a bíblia, quando Jesus Cristo
havia sido preso e torturado. "Tempos mais amenos" refere-se a dois
cortesãos de Versalhes que foram cortados a cabeça na guilhotina e por
fim, "eu, herói da paramount" faz referência ao grande estudo de cinema
emergente.

6. A CRÍTICA PRESENTE EM "ALGUMA POESIA".


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Após a primeira geração modernista, a segunda conseguia ser tão bruta ou
até mesmo mais escandalosa que a fase passada. Parecia que o filme
"Tempos Modernos" de Charlie Chaplin era uma realidade nos centros
urbanos paulistas, mas "Macunaíma" de Mário de Andrade vivia
perambulando livremente pelas ruas, lembrando-nos de nossas raízes e que
mesmo que o patriarcado estivesse indo embora devagarinho e sendo
substituído pela industrialização, as raízes brasileiras ainda estavam lá,
florescendo como ervas daninhas que o parnasianismo com seus ideais
tentavam arrancar, apagando e substituindo nossa cultura com uma
narrativa elitista. Mas mesmo assim, voltava mais forte cheio de folhas,
trazendo frutos cheios de críticas ácidas sobre nossa sociedade. Embora a
Semana da Arte Moderna celebre a cultura brasileira, ainda havia pequenas
pitadas de movimentos europeus como o dadaísmo, cubismo e
principalmente o futurismo. Na obra "Alguma Poesia", vemos referências
relacionadas à obras europeias, mas nunca deixou que aquela narrativa
fosse o foco principal. Na obra "A Abgar Renault", Drummond crítica
justamente essa síndrome de "cachorro vira-lata" que compunha a arte de
décadas passadas, criticando principalmente o fato de que numa narrativa
como a dele, não deveria ser rebaixada pela história de Robinson Crusoé e
sim enaltecida apenas por ser um verdadeiro brasileiro vivendo em terras
brasileiras. Além disso, sonhos numa sociedade amargurada pela frustração
também é uma das crítica do autor, em "Sentimental" o eu-lírico que falhou
em escrever o nome da amada numa sopa de letrinhas é interrompido
bruscamente por alguém dizendo para não perder tempo com as letras e sim
devorar logo a sopa, antes que esfrie. No verso final, ele diz: "[...] E há em
todas as consciências um cartaz amarelo: Neste país é proibido sonhar .”
Como se fosse algo indevido perder-se nos próprios desejos e se importar
consigo, com o individual. Mas, não é como se fosse uma verdade que
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Drummond era individualista, também criticava o sistema e a sociedade,
tendo grande preocupação em inserir o cidadão brasileiro na narrativa e
muitas vezes utilizando teorias marxistas — que eram explícitas ou não —
presentes nos poemas: “Cidadezinha Qualquer”, “política” e “Política
Literária”.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O intuito da pesquisa e da exploração da poesia contida na obra “Alguma


Poesia” de Carlos Drummond de Andrade, é demonstrar a riqueza nacional
e a quebra do paradigma do que de fato é a arte de escrever poemas.
Embora contraditório diante a escola parnasiana que estava em seu apogeu
com Olavo Bilac, Drummond debutou junto com o modernismo, trazendo
modernidade e até mesmo um espírito revolucionário.

8. REFERÊNCIAS E REFERÊNCIAS CONSULTADAS.

https://jornal.usp.br/cultura/em-alguma-poesia-sujeito-poetico-e-
chave-para-observar-o-brasil/
http://www.clubedofarol.com/2022/09/resenha-alguma-poesia.html
literaturaprofessorgustavoborges.blogspot.comLiteratura
Professor Gustavo Borges

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