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Título: “Noite fechada” retrata o ambiente e altura do dia em que o eu poético se encontra.
Isto verifica-se pelo que se vê e pelo que o poeta dá a sentir. O adjetivo “fechada” é utilizado
para caraterizar o papel de deambulador do eu poético, mostrando que este é limitado,
terminando o seu percurso, na brasserie (cervejaria).
Assunto: O poeta retrata a situação social tendo em conta aquilo que observa durante a noite.
Neste panorama o poeta encontra-se mortificado e atormentado com o que vê ao acender das
luzes, recorrendo a um exagero sentimental para provocar um maior impacto no leitor, para
que este também fique sensibilizado relativamente a situação descrita.
À medida que este vai descrevendo a cidade refere dois tempos históricos distintos.
Inicialmente retrata a Lisboa antiga e posteriormente a Lisboa restaurada após o terramoto.
Espaços: As cadeias (v.45), onde se toca às grades (pede-se comida, é hora de ir dormir). O
Aljube (v.47), onde se recolhem velhinhas e crianças.
(Figuras humanas: Velhinhas e crianças. A mulher de “dom” com bens. Personagens inferidas:
os presos e os guardas.)
(Figuras humanas: Infere-se as pessoas desprotegidas que estão nas prisões, entram na Velha
Sé e passam pelas cruzes.)
Sentimento do sujeito poético: O poeta desconfia que sofre de um aneurisma, de tão mórbido
(Tão mórbido me sinto! – v.50) que fica com o que vê. Sente que o seu coração chora ao
deparar-se com as prisões, a velha Sé e as cruzes. (“Chora-me o coração que se enche e que se
abisma!” – v.52)
3ª estrofe
Espaços: “os andares” que se iluminam; “as tascas, os cafés, as tendas, os estancos” acendem
as luzes com reflexos brancos. A Lua lembra o circo e os jogos malabares. (descrição sensorial).
4ª estrofe
Espaços: Duas igrejas que se encontram num antigo largo (v.57). Espaço/Tempo de evasão/
(negativo); espaço da cidade/tempo onde tiveram lugar práticas repressivas da igreja
(Inquisição);
Sentimento do sujeito poético: O poeta revela pouca simpatia por igrejas e clero. Perante a
vista das duas igrejas, recria as antigas práticas repressivas da igreja (Inquisição). O poeta quer
compensar a realidade negativa com incursões através da História.
5ª estrofe
Espaços: Construções retas, iguais, crescidas (v.62), resultantes das reedificações após o
terramoto. Íngremes subidas. Toque dos sinos (descrição sensorial)
6ª estrofe
Espaços: O largo onde foi levantada a estatua de Camões, recinto público e vulgar (v.65) com
bancos de namoro e exíguas pimenteiras. A estatua de Camões feita de bronze, monumental e
de proporções guerreiras. Tempo de evasão: “outrora”
7ª estrofe
8ª estrofe
Espaço: Os quartéis (de cavalaria) v.74, ocupando o espaço de antigos conventos. Espaço de
evasão: a Idade Média, suscitada pelos conventos transformados em quartel. A cidade, com
cada vez menos gente.
Sentimento do sujeito poético: O poeta revela nostalgia pela Idade Média, enquanto espaço e
tempo de evasão.
9ª estrofe
Espaço: A triste cidade. Os lampiões distantes. As montras dos ourives. Personagens: Uma
paixão defunta do poeta.
Figuras humanas: As elegantes, curvadas a sorrir diante das montras dos ourives. (descrição
sensorial)
Sentimento do sujeito poético: O poeta comisera-se com a tristeza da cidade. O poeta receai
que a cidade lhe avive uma paixão defunta. O poeta sente-se triste ao deparar com os
desfavorecidos da vida (as elegantes, diante das montras dos ourives). “Eu temo que me
avises/Uma paixão defunta”.
10ª estrofe
Espaço: Os magasins.
Personagens: Costureiras e floristas descem dos magasins, onde trabalham. Custa-lhes a elevar
os pescoços altos. Muitas delas são comparsas ou coristas, trabalham no teatro.
11ª estrofe
Espaço: A brasserie, onde, às mesas de emigrados, ao riso e a crua luz joga-se o dominó.
(descrição sensorial)
Personagens: Emigrados.
Estado de espírito do sujeito poético: O poeta apresenta-se de luneta de uma lente só,
declarando-se assim, atento. Declara ter sempre assunto perante os “quadros revoltados”, que
abundam na cidade.