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Reprovação e Evasão Escolar

No Brasil, no ano de 2022, foi realizada uma pesquisa, feita pelo IPEC e encomendada pela UNICEF,
em que se constatou que dois milhões de crianças e adolescentes de 11 a 19 anos não estão
frequentando a escola, esses dados levantaram um alerta sobre a importância do governo e das
escolas brasileiras adotarem medidas para diminuir esses índices; e não só evasão escolar, mas
também, de reprovação nas instituições de ensino público. Assim, este seminário tem como objetivo
refletir sobre as principais causas deste problema, e principalmente, sobre como a gestão e
organização do trabalho pedagógico nas escolas públicas contribuem para este cenário,
apresentando, também, ideias para melhorar este panorama dentro das escolas públicas no Brasil.

fig 1: Indice de evasão escolar de crianças de 11 a 19 anos chega a 11% no Brasil | Imagem: AdobeStock
Primeiramente, é preciso destacar que podemos considerar que as escolas e suas gestões não são
as maiores culpadas pelos altos índices de evasão e reprovação escolar no Brasil, já que, segundo o
estudo da UNICEF comentado no parágrafo anterior, quarenta e oito por cento dos alunos que
abandonaram a escola, o fizeram por conta da necessidade de trabalhar para ajudar a complementar
a renda de suas famílias, e dessa forma, poucos nessa situação que optam por tentar conciliar escola
e trabalho, são prejudicados pelo cansaço e sobrecarga causados por seus empregos e, por conta
disso, acabam reprovando. Em suma, os problemas de cunho econômico e social no Brasil, são os
maiores causadores da evasão e reprovação escolar.
No entanto, esta pesquisa também aponta que a segunda maior causa para este problema é a
dificuldade de aprendizagem dos alunos dentro das instituições públicas. Neste caso, é possível
considerar que a escola tem falhado em garantir um ambiente eficaz de aprendizagem para seus
estudantes, pois o modo como o trabalho pedagógico é estruturado dentro das organizações de
ensino e a forma como a gestão escolar exerce seu papel de liderança dentro das escolas não
contribui para que se atinja os objetivos estabelecidos pela Lei 9.394/96 (LDB ou Lei Darcy Ribeiro),
de um ensino democrático e eficaz.

A escola é vista como uma empresa, exigindo-se cada vez mais produtividade. Avaliações externas com o Sistema de Avaliação da
Educação Básica (SAEB),Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul, (SAERS), entre outros instrumentos
avaliativos, nem sempre vão ao encontro do respeito às diferenças individuais e a valorização dos diferentes saberes e a compreensão
das inteligências múltiplas que constam na LDB.’’ ( Fenner, 2011, p.11).

Fig. 2: Jean Maciel


Uma prova de que o sistema de ensino publico brasileiro esta defasado, se encontra na monografia
de especialização em gestão educacional de Darci Fener (autor da monografia de especialização
“Evasão e Repetência: Desafios para a gestão escolar) sobre o assunto, em que o autor compara a
modalidade de ensino médio experimental e regular de uma escola no município de Nova Xingu(RS),
em que a modalidade experimental adotava um sistema bem diferente do adotado no ensino médio
regular das escolas em todo país, tendo dois professores em sala de aula ministrando aulas
interdisciplinares e perseguindo os objetivos curriculares de forma democrática, com reuniões
semanais para decidir questões importantes da escola, por exemplo. Porém, essa iniciativa foi
substituída pelo ensino médio regular, mas pode-se observar que os índices de reprovação e evasão
escolar foram consideravelmente menores na iniciativa experimental do colégio do que na modalidade
regular.

Mesmo não sendo possível comparar dados do Ensino Médio Regular com a modalidade Alternativa quanto às taxas de
aprovação, evasão e repetência é possível inferir das tabelas que índices mais baixos de repetência e índices mais elevados de
aprovação foram encontrados no Ensino Médio Alternativo, devido a uma percepção diferenciada de ensino dessa modalidade.
(Fenner, 2011, p.27)
Cultura do Fracasso Escolar

Por trás dos índices de reprovação e evasão escolar existem as questões sociais, econômicas,
somadas a uma naturalização dessa realidade. E uma maneira como se dá essa naturalização, é pela
Cultura do Fracasso Escolar
O puro olhar frio para os grupos que mais sofrem com a evasão e reprovação escolar; ou, um puro
olhar para números e índices sem uma analisa crítica, faz muitos pensarem que não é problema
estrutural; mas sim um problema dessas pessoas. E mesmo quando pensam como problema
estrutural da sociedade, eximem de responsabilidade a gestão do ensino, colocando como algo maior
em que não há muito que a escola possa fazer.
Então podemos dizer que a Cultura do Fracasso - na pior das hipóteses - ela naturaliza as causas da
reprovação e evasão. Na melhor das hipóteses ela coloca em nível em que quem faz a gestão da
educação não pode fazer nada; pois, evidentemente, ele por si não tem como resolver os problemas
estruturais da sociedade Vejam que nesse segundo ponto, o problema é colocado em uma dimensão
exagerada, como se quem faz a gestão escolar, uma vez que não pode resolver os problemas do
mundo, não há nada a se fazer.
Ambas as visões podem ser combatidas com dados que mostram a melhoria nos resultados dos
estudantes quando o ensino é gerido de maneira ser mais democrático, quando há discussões em
sala de aula de maneira aos alunos se conhecerem mais, se importarem mais uns com os outros e
quando o ensino é pensado de acordo com o contexto do estudante. Quando ele é contextualizado.
Quando ele é contextualizado, ao invés do estudante ser tratado como um deposito de informação
que ele deve receber passivamente (o ensino bancário como aponta Paulo Freire).
E vamos enfatizar que é obvio que a gestão escolar por si não consegue resolver os problemas do
mundo. Mas pode diminuir o grau de dificuldade dos estudantes que estão em situação mais difícil.
Só que para se fazer esse trabalho de contextualização, quem faz a gestão escolar precisa,
primeiramente, levantar dados. Verificar qual a situação de cada estudante em cada escola, em cada
município e em cada estado. Verificar quais os componentes que mais reprovam por ano letivo,
verificar a distorção de idade dos estudantes por série. Verificar as diferenças entre meninos,
meninas, estudantes indígenas, pretos, pardos, estudantes do meio rural, urbanos, etc. Mapear os
indicadores gerais3
Fracasso da sociedade

O artigo Evasão Escolar: Causas e Consequências, de Márcia Rodrigues Neves Ceratti, aborda as
causas e razões da evasão escolar. E a pesquisa da qual é escrito o artigo, parte da ideia de que a
evasão escolar é entendida como um fracasso escolar do estudante e da instituição.
Se formos refletir a questão de maneira mais ampla, podemos dizer que é um fracasso da
sociedade, e a instituição fracassa não como um sujeito autônomo, mas como um ente dessa
sociedade. Só que, enquanto ente da sociedade, ela também é a sociedade. Nós próprios também
somos a sociedade.
“Ah, mas eu não sou um detentor do poder econômico, que é o determinante da sociedade
capitalista”.
No mínimo nos temos a possibilidade de conversarmos entre a gente; enquanto alunos, educadores.
Se temos a possibilidade de contrapor essa sociedade, é através da união enquanto classe social,
pois acredito que ninguém aqui seja detentor do meios de produção. Dai é necessário termos a
consciência de que somos enquanto classe social, também agentes sociais.
Paulo Freire defende a ideia de que é preciso superar o condicionamento do pensar falso sobre si e
sobre o mundo. Isso significa uma revisão profunda na forma de entender o mundo e nas
manifestações de jovens e adultos para mãos o próprio destino.

Feita essa introdução, o artigo Evasão Escolar possui vários pontos relevantes sobre o tema.
Para começar…
Um ponto que ele levante é relativo ao tempo que professores estão dando aula na escola que foi
feita essa pesquisa. Segundo a pesquisa, o tempo é menor que o da equipe diretiva.
Isso cria um problema de maior dificuldade de implementação de uma proposta pedagógica.
O problema com a evasão, passa não só por fazer voltar escola a quem evadiu, mas também manter
na escolar quem ainda não evadiu.
Pensando no primeiro caso (de ir atrás dos evadiram) são apresentadas alternativas: como visitas,
telefonemas, envio de recados e entrega de listas dos alunos que evadidos para a equipe
pedagógica.
No segundo caso, sugeri-se os professores junto com a equipe diretiva, desenvolvam atividades em
sala de aula, como momentos de estudo coletivo. Isso pode ajudar alunos que estejam muitos
isolados (entendendo que o estudo individual é um processo solitário, com pouco estimulo). Buscar
ver as dificuldades de cada aluno. Procurar conhecer o aluno, suas aspirações futuras.

Quando perguntado aos alunos o que acham da escola, a maioria disseram que é boa; mas a forma
como responderam, mas o modo como se referiram a escola, revela um distanciamento e um
desinteresse (eram “respostas protocolares”).

Os motivo alegados na pesquisa, como motivos que afastam os alunos da escola, na visão da
maioria dos professores, pouco se difere das explicações dos alunos. Problemas econômicos e
sociais em detrimento dos fatores didáticos.

Imputar aos professores todos os problemas da educação é tão injusto quanto livrá-lo de toda a
responsabilidade.
Nas respostas dos professores sobre o papel da escola; eles concordam que a função da escola é a
transmissão de conhecimento cientifico e a formação do cidadão frente as desigualdades sociais.
As ideias apresentadas pelos alunos de coisas para mudar na escola, convergem com a dos
professores. Como a escola ter mais opções de atendimento do aluno envolvendo dias e turnos.
Melhoria do espaço físico. Mais recursos pedagógicos.

Quando questionados sobre como se auto avaliam, a maioria dos professores, os professores
disseram que consideram-se excelentes, enumeram várias qualidades. Apenas um disse que tenta
fazer o melhor, mas sabe que tem muito a melhorar. O artigo defende que é importante admitir, por
mais complicado que seja, que podemos ter cometidos erros e que há coisas em que precisamos
melhorar. Mas diria também que pode haver um pouco do professor buscando passar a melhor
imagem de si,como um entrevistado em uma entrevista de emprego. Nem tudo que a pessoa diz é o
que ela realmente pensa, ou algumas coisas a pessoa omite para evitar ser julgado negativamente.

A questão é que o fracasso escolar não pode apenas ser jogado na conta dos problemas sociais, ou
como um fator cultural, e a escola se eximindo de qualquer culpa.

A educação escolar, além dos componente físicos, que são de fundamental importância, possui os
teóricos. Os de cunho intelectual na metodologia aplicada, que precisa ser de acordo com a realidade
dos estudantes.
Questão para a turma:

Quais vocês acham que seriam ações válidas que toda a organização escola poderia realizar com o
objetivo de reintegrar os alunos evadidos e repetentes?

3 – Cultura do Fracasso Escolar, Dados da Unicef

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