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Curso de Pedagogia
O PAPEL DO PROFESSOR
NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:
Desafios e Dificuldades
São Paulo
2020
Ana Paula dos Santos Monteiro
Camila Fernanda de Souza
Iraneide Santos Pereira
Luciane Aprígio Oliveira Perim
Patricia Rodrigues de Salles Prado
O PAPEL DO PROFESSOR
NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:
Desafios e Dificuldades
São Paulo
2020
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Padre Inocente Radrizzani
36 p.
CDD: 370.71
Agradecimentos
Dedicamos esta monografia a Deus que nos trouxe até aqui com saúde e dignidade,
a todos os familiares e amigos pela paciência, a nós mesmo por toda perseverança
(persistimos com esperança), paciência e o desejo de fazer a diferença na educação do
mundo.
A nossa orientadora Silmara de Campos, por toda dedicação e paciência nosso
muito obrigado.
A todos os tutores que tivemos o prazer de conhecer e conviver, mesmo aqueles que
convivemos por um breve período, nosso muito obrigado, e saibam que de alguma maneira
deixaram sua marca em nossas vidas. São eles:
- Tânia Cristina Boreto
- Camila Alba Cuadrado
- Elisa Vieira
- Louisa Mathieson
- Ricardo Santos Chiquito
MONTEIRO. A.P.S; PEREIRA, I.S.; PERIM, L.A.O.; PRADO, P.R.S.; SOUZA, C.F. O
Papel do professor na Educação de Jovens e Adultos: Desafios e Dificuldades. 2020.
36 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Centro Universitário
São Camilo, São Paulo, 2020.
1. INTRODUÇÃO 7
1.1 Objetivo Geral 9
1.2 Objetivos Específicos 9
2. METODOLOGIA 11
3. BREVE HISTÓRICO DA EJA NO BRASIL 14
4. A ANDRAGOGIA EM INTERFACE COM A PEDAGOGIA 20
4.1 Pedagogia 20
4.2 Andragogia 21
5. PERFIS – EDUCADOR E EDUCANDO DA EJA 25
5.1 O Perfil do Educador da EJA 25
5.2 O Perfil do Educando da EJA 25
6. DESAFIOS DO EDUCADOR E EDUCADORA DA EJA 27
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 32
REFERÊNCIAS 34
7
1. INTRODUÇÃO
estamos convictos de que aprendizagem e
educação de adultos preparam as pessoas com
conhecimentos, capacidades, habilidades e
competências e valores necessários para que
exerçam e ampliem seus direitos e assumam o
controle de seus destinos. Aprendizagem e
educação de adultos são também imperativas
para o alcance da equidade e da inclusão
social, para a redução da pobreza e para a
construção de sociedades justas, solidárias,
sustentáveis e baseadas no conhecimento1.
1
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade.
Documento Nacional Preparatório à VI Conferência Internacional de Educação de Adultos (VI
CONFINTEA) / Ministério da Educação (MEC). – Brasília: MEC; Goiânia: FUNAPE/UFG, 2009, p.7.
8
2
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Educa IBGE. Rio de Janeiro,
2018. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18317-educacao.html>.
Acesso em 24 dez. 2019.
10
2. METODOLOGIA
3
SOUZA, Ewerton - Gestão Escolar. Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2147/os-cinco-
mandamentos-do-professor-da-eja>. Acesso em 17 nov. 2019.
4
O educador e filósofo pernambucano Paulo Freire (1921-1997) passa a ser reconhecido como Patrono da
Educação Brasileira. É o que estabelece a Lei nº 12.612/2012.
5
Foi um dos finalistas do Prêmio Educador Nota 10 de 2017.
12
6
Portal da Educação da Prefeitura Municipal de São Paulo. Disponível em:
<http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Main/Page/PortalSMESP/Formas-de-Atendimento>. Acesso em 14
mar. 2020.
13
Quando olhamos para o histórico da educação no Brasil, percebemos que sempre foi
privilégio exclusivo para a classe de maior poder aquisitivo. Mesmo na contemporaneidade,
quando falamos de educação, percebemos que ainda há atitudes da época da colonização. É
notório que as políticas públicas educacionais ainda não conseguem atender toda
população.
Com a primeira Constituição Brasileira de 1824 houve uma intenção de permitir que
os cidadãos tivessem acesso à educação (primária) gratuita.
São demandatários da educação de jovens e adultos aqueles que não
tiveram acesso à escola na idade própria, os que foram reprovados, os que
evadiram, os que precisavam trabalhar para auxiliar a família. (SOARES,
1996, p. 28).
A Educação de Jovens e Adultos permite que uma parte da população, que por
algum motivo não conseguiu dar continuidade aos seus estudos no ensino fundamental ou
médio durante a idade escolar, o que justifica a relevância desta discussão, que é a
desigualdade social.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o dever do Estado com a EJA
é reconhecido e cresce a busca por esta modalidade de ensino que, para muitos, é a
possibilidade de reaver o tempo perdido por anos, por que não dizer décadas.
Políticas de educação igualitárias respondem por uma escolarização em
que os estudantes possuem os mesmos direitos, sem nenhuma
discriminação, tendo direito ao acesso, a permanência e ao sucesso nas
etapas da educação básica. Trata-se de efetivar a igualdade de
oportunidades e de condições, ante um direito inalienável da pessoa: a
cidadania e os direitos humanos (CURY, 2005, p. 04)
Chega como uma luz no fim do túnel para as pessoas jovens e adultas, a reflexão da
escola e agora de educadores e educadoras sobre sua função social, buscando melhores
soluções para os muitos desafios da EJA. Porém, para que tal fato se concretize, é preciso
comprometimento da comunidade escolar, além da implementação de políticas de Estado
que efetive o direito a educação.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) n. 9394/1996, define a
Educação de Jovens e Adultos-EJA como uma modalidade da educação básica, destinada
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio
na idade própria.
15
7
No início do governo de Presidente Collor de Mello (1990-1992).
18
8
Comunidade Solidária foi uma parceria entre organizações da sociedade civil e da sociedade política para a
construção e difusão de programas sociais inovadores
19
4.1 Pedagogia
Cuja etimologia vem do grego paidós = criança e agogôs = guiar, conduzir, educar.
O termo originou-se na Europa do século VII, na época que o ensino monástico foi
sistematizado. O termo “Pedagogia” tem referencial no escravizado que conduzia as
crianças ao mestre. Nesta época os monges eram os mestres responsáveis pela formação
individual dos seus discípulos, o ensino era guiado pelo amor ao saber e pela
espiritualidade, com predomínio humanista e intenção de catequização, ou seja, conversão
ao cristianismo, remontando ao pensamento de Foucault, quando na obra “Vigiar e
Punir” (1987), afirma que as sociedades contemporâneas definem-se como disciplinares,
deste modo o nascimento das diferentes instituições; como a escola, a fábrica e a prisão,
dialogam com outra forma de poder. Senso assim, a escola vem funcionando "como a mais
importante instituição capaz de moldar disciplinarmente os indivíduos que ela toma para si"
(VEIGA-NETO, 2008, p. 145).
A Escola a serviço do Estado e não do clero, nasce no final do século XXVI, e
segue através dos tempos com o propósito de formar cidadãos com a capacidade da leitura
e escrita, não necessariamente cidadãos letrados e aptos à leitura de mundo; o ensino
individual e não coletivo centrado na figura do mestre que ao longo dos séculos foi
substituído pelo que hoje chamamos de professor. Esta centralização na figura do professor
21
4.2 Andragogia
Adultos (Deutsche Schule für Volksforschung und Erwachsenenbildung), que foi a primeira
a aplicar os métodos andragógicos para formação profissional.
Nesta época acreditavam que não deveria haver uma hierarquia entre educador (a) e
educando (a) e que os educandos (as) adultos e trabalhadores aprendiam através de
experiências de trabalho, desta forma o educador (a) deveria utilizar esta experiência para o
processo educativo.
O termo Andragogia passou pelos países europeus, mas sem grande visibilidade, até
que o norte americano Eduard Lindeman (1926) trouxe o termo para a América, sendo
mentor de Malcolm Knowles (1970), considerado o pai da Andragogia e que é figura mais
importante nesta área até hoje. A Andragogia buscou, nesta época, (e ainda busca) a sua
identidade, desvinculando da pedagogia e afastando o professor da figura de um condutor.
Segundo Rossana Barros (2018), para Knowles, não há entre os termos Pedagogia e
Andragogia uma simples paridade de sentidos diversos, pois para ele a Pedagogia é “a arte
e a ciência de ensinar crianças”, já a Andragogia é a “a arte e ciência de ajudar os adultos a
aprender”.
Ainda segundo Rossana Barros (2018) é identificável na linha de pensamento de
Knowles um conjunto de pelo menos seis pressupostos em torno dos quais se estabelece e
estrutura o essencial da comparação entre pedagogia e andragogia. Resumindo, por nossas
palavras, o que Rossana Barros cita de Knowles, os pressupostos seriam:
9
Modelo de educação parte do pressuposto que o aluno nada sabe e o professor é detentor do saber, voltado
para a manutenção do “status quo”.
24
10
Heutagogia cuja etimologia vem do grego heuta = próprio + agogus = guiar, conduzir, educar. Surgida no
início do século XXI a partir da definição de Hase e Kenyon (2000) para autoaprendizagem e conhecimento
compartilhado.
25
Para ministrar aulas na EJA, o educador precisa ter um perfil específico, e nos dias
atuais há uma escassez de profissionais preparados para exercer tal função com excelência.
A metodologia e didática do educador da EJA necessitam de um olhar mais
cauteloso e diferenciado, visto que a idade, a bagagem do educando, entre outros fatores,
modifica a estrutura do ambiente escolar. O educador necessita planejar estratégias e um
plano didático para atingir seus objetivos pedagógicos com seus educandos.
O papel do educador na EJA é proporcionar momentos de reflexão sobre o processo
educativo, indagações sobre a realidade, provocar a curiosidade, promover resgate do que
cada um tem como experiência, valorizar as habilidades e dar continuidade a cada
experiência pedagógica, ser ouvinte e estar em constante atenção com cada especificidade
de seus educandos dando-lhes condições de expandir o que já tem como conhecimento.
O educador precisa estar preparado para lidar com as situações prováveis em sala de
aula, tais como, dificuldades socioeconômicas, autoestima baixa, sentimentos de
incapacidade, dificuldades relacionais, diversidade cultural, visões políticas e étnico-raciais
diferenciadas e entre outras.
Sendo assim, o educador precisa de uma bagagem maior, para que desta forma saiba
lidar com todos os desafios que encontrará na Educação de Jovens e Adultos.
A Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade própria e constituirá
instrumento para a educação e a aprendizagem ao longo da vida. (Lei nº 11.741 de 2008,
altera dispositivos originais da LDB n. 9394/96).
Os perfis destes educandos e educandas são jovens e adultos, que por algum motivo
pessoal, financeiro e ou problemas sociais, não conseguiram concluir seus estudos, e desta
forma irão buscar a EJA para dar continuidade aos seus estudos.
26
Cada educando tem consigo mesmo suas dificuldades, sendo elas: autoestima baixa,
preocupações pessoais e profissionais, situações socioeconômicas, fracasso escolar,
dificuldades de aprendizagens, dificuldades de relações interpessoais e de aceitação pessoal
e do outro que lhe ensina algo.
As vivências desse grupo são fundamentais para o processo de aprendizagem. Os
educandos e educandas sentem-se inseguros em relação à aprendizagem, e buscam em sua
história de vida amparo para este aprendizado. E são nestes momentos que o educador (a)
deve estar preparado para tornar esse aluno personagem principal desta história.
Para muitos educandos, o ambiente escolar representa um lugar de esperança para
sonhos interrompidos pela falta de estudo, desta forma algumas pessoas irão à busca dos
estudos para atingir objetivos profissionais.
Faz-se necessário que o ambiente escolar em sentido geral tenha um olhar
cuidadoso com a EJA, para que desta forma o processo pedagógico realize uma
transformação positiva para as vidas de todos os educandos e educandas deste grupo.
27
11
In: FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP,
2000, p. 40.
12
Disponível em:<www.inep.gov.br> Acesso em 06 nov. 2019.
28
Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção” (FREIRE, 2011, p. 24).
Se as pedagogias na contemporaneidade, falam acerca da importância da construção
do conhecimento a partir do conhecimento prévio, considerando o educando e educanda
sujeito histórico social, facilitando percursos autônomos de aprendizagem, o que dizer da
andragogia e de suas aplicações na EJA, considerando que a maioria dos educandos que
estudam nessa modalidade trabalha durante o dia, chegando muitas vezes cansados à aula, o
que compromete a cognição, se fazendo necessário que o educador e educadora lancem
mão de metodologias diversas, que mantenha este educando e educanda estimulados,
buscando que a aula seja agradável, que mantenha seu desejo de vir à aula e que colabore
para sua permanência nos estudos.
A alfabetização e letramento de jovens e adultos é uma ação peculiar, que
não se estabelece da mesma forma que no período de infância, pois o
professor alfabetizador deve partir dos princípios de ação-reflexão-ação e
deve estar aliado à formação continuada. (SOARES, 2012, p.10).
também uma oportunidade para o enriquecimento nas discussões acerca dos conteúdos
curriculares, além de contribuir para o pleno desenvolvimento humano, numa perspectiva
de cidadania.
Existe na sociedade um preconceito relacionado à educandos e educandas oriundos
da EJA, como se os mesmos não tivessem frequentado a escola regular a seu tempo por
escolha, sem considerar sua trajetória na vida escolar e o que o fez tornar-se um educando e
educanda da educação de jovens e adultos.
Sabemos que os altos índices de analfabetismo no Brasil, (IBGE, 2018) podem ter
impacto real a partir de projetos efetivos na Educação de Jovens e Adultos, com políticas
públicas direcionadas a esta modalidade. Há uma queda referente aos outros anos, mas essa
queda acontece de forma lenta. A EJA pode efetivamente fazer a diferença nesses números
mantendo os educandos e educandas frequentando o curso.
Vemos a necessidade da formação continuada para esses educadores e educadoras,
algo de muita importância, mas pouco oferecido. Estimular esse educador e educadora para
que ele não desanime também, e acabe transmitindo isso para seus alunos, deve ser parte de
políticas públicas efetivas, que tenham como foco a EJA e suas especificidades.
Faz-se necessário uma qualificação dos profissionais envolvidos neste
processo. É fundamental que a equipe docente esteja bem preparada, por
este motivo é extremamente importante uma formação continuada, onde
todos tenham a oportunidade de repensar a sua prática. A formação
continuada é um processo possível para a melhoria da qualidade do
ensino, dentro do contexto educacional contemporâneo. (RIBAS e
SOARES, 2012, p. 5).
32
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.