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na Educação Infantil:
discutindo experiências
Adélia Meireles de Deus
Edilma Mendes Rodrigues Gonçalves
Organizadoras
Práticas Pedagógicas
na Educação Infantil:
discutindo experiências
2022
Conselho Editorial
Dr. Clívio Pimentel Júnior - UFOB (BA)
Dra. Edméa Santos - UFRRJ (RJ)
Dr. Valdriano Ferreira do Nascimento - UECE (CE)
Drª. Ana Lúcia Gomes da Silva - UNEB (BA)
Drª. Eliana de Souza Alencar Marques - UFPI (PI)
Dr. Francisco Antonio Machado Araujo – UFDPar (PI)
Drª. Marta Gouveia de Oliveira Rovai – UNIFAL (MG)
Dr. Raimundo Dutra de Araujo – UESPI (PI)
Dr. Raimundo Nonato Moura Oliveira - UEMA (MA)
Dra. Antonia Almeida Silva - UEFS (BA)
Editoração
Acadêmica Editorial
Diagramação
Danilo Silva
Capa
Marcus Vinicius Machado Ramos
ISBN: 978-65-5999-069-6
CDD: 370.11
Bibliotecária Responsável:
Nayla Kedma de Carvalho Santos – CRB 3ª Região/1188
DOI: 10.29327/570352
Link de acesso: https://doi.org/10.29327/570352
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.............................................................................................................. 7
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O
DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS:
EXPERIÊNCIAS NO CMEI MARICAS LOPES EM IPIRANGA
DO PIAUÍ.............................................................................................................................11
Dilmar Rodrigues da Silva Júnior
Maria de Lourdes Alves
Naira Rosane da Silva Gonçalves
DOI: 10.29327/570352.1-1
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: NARRATIVAS
DAS DISCENTES DE PEDAGOGIA NO CONTEXTO DO ESTÁGIO
SUPERVISIONADO EM TEMPOS DE PANDEMIA......................................... 26
Maria Goreti da Silva Sousa
Tiago Pereira Gomes
DOI: 10.29327/570352.1-2
A EDUCAÇÃO INFANTIL E SEUS FUNDAMENTOS: EDUCANDO OU
“DESEDUCANDO” EM FASE DE PANDEMIA COVID-19?........................... 39
Ana Raquel da Silva Mesquita
DOI: 10.29327/570352.1-3
A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA EM UM CENTRO MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO INFANTIL NA PANDEMIA............................................................. 50
Deyvis dos Santos Costa de Castro
DOI: 10.29327/570352.1-4
AUTISMO E PANDEMIA DA COVID-19: IMPACTOS CAUSADOS NA
ROTINA E NA ESCOLARIZAÇÃO DA CRIANÇA COM AUTISMO ........ 66
Irisneide Leal Eduardo
Fabrícia Gomes da Silva
DOI: 10.29327/570352.1-5
PRÁTICAS PSICOMOTORAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA........................... 83
Nathalya Stefany Meneses Coutinho
Kely-Anee de Oliveira Nascimento
DOI: 10.29327/570352.1-6
A LUDICIDADE NO ENSINO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL................................................................................................97
Jiselia Borges Batista
Edilma Mendes Rodrigues Gonçalves
DOI: 10.29327/570352.1-7
O ESPAÇO QUE O LÚDICO OCUPA NAS SALAS DE EDUCAÇÃO
INFANTIL........................................................................................................................ 112
Juliana de Sousa Silva
Joyciane de Sousa Silva
Francisca Maria da Cunha de Sousa
DOI: 10.29327/570352.1-8
A UTILIZAÇÃO DE JOGOS NA ROTINA DA EDUCAÇÃO INFANTIL E
SUAS IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.............125
Dilmar Rodrigues da Silva Júnior
Ana Paula da Silva
Maria Isabel Gomes Santos Batista de Sousa
DOI: 10.29327/570352.1-9
RECONHECENDO AS DIFERENÇAS E CONSTRUINDO MINHA
IDENTIDADE: ARTE E CULTURA INDÍGENAS............................................. 137
Talita Delfino
DOI: 10.29327/570352.1-10
AS DIFICULDADES DO PROFISSIONAL PEDAGOGO DO SEXO
MASCULINO NA EDUCAÇÃO INFANTIL......................................................... 147
Wellington Fabiano Gonçalves Oliveira
Deyvis dos Santos Costa de Castro
DOI: 10.29327/570352.1-11
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E OS DESAFIOS NO PROCESSO
DE FORMAÇÃO CONTINUADA E EM SERVIÇO: VOZES DAS
COORDENADORAS.................................................................................................... 161
Maria do Carmo Meireles de Deus
Patrícia C. Albieri Almeida
DOI: 10.29327/570352.1-12
AVALIAÇÃO PSICOMOTORA NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM ESCOLAS
DE TERESINA/PI..........................................................................................................176
Amanda Maria Paixão Torres
Marcela Araújo Sá Nogueira
Mara Jordana Magalhães Costa
DOI: 10.29327/570352.1-13
SOBRE AS ORGANIZADORAS E O(A)S AUTORE(A)S................................185
ÍNDICE REMISSIVO.................................................................................................... 191
7
Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
APRESENTAÇÃO
A educação para o século XXI requer uma Educação Infantil que se
defina como um nível de ensino orientado para a transformação dos sujeitos
envolvidos num movimento de construir e de reconstruir experiências.
Diante desse cenário da contemporaneidade, é pertinente um olhar atento e
cuidadoso acerca do desenvolvimento das experiências da prática pedagógica
nas instituições de Educação Infantil.
Desse modo, o trabalho pedagógico nessa etapa da Educação Básica
busca reconhecer, compreender e perceber as peculiaridades e as reais
necessidades das crianças de 0 a 5 anos de idade, vislumbrando a melhor
forma de conduzi-las ao desenvolvimento integral, garantindo e preservando a
infância e oportunizando experiências com suas diversas linguagens, de modo
que a criança possa conhecer a si própria, construir seus conhecimentos, por
meio das interações e das brincadeiras realizadas nas dimensões da educação,
da brincadeira e do cuidado.
Diante dessa realidade, Oliveira1 (2012) propõe que no cotidiano
das instituições de Educação Infantil, enquanto contextos de vivência,
desenvolvimento e aprendizagem, sejam feitas a explicitação e a reconstrução
criativa de orientações teóricas metodológicas quanto à organização dos
tempos, espaços e materiais disponíveis para as interações e as brincadeiras
da criança como protagonista de seu tempo de infância.
Ainda é possível dizer nas discussões aqui abordadas que, a prática
pedagógica na Educação Infantil deve ter como ponto de partida o conhecimento
dos direitos das crianças e concepção de infância, além da construção de
um trabalho pedagógico planejado para atender as singularidades de cada
criança, conhecendo os seus interesses e necessidades.
Nesta linha de pensamento e na compreensão de que a criança precisa
de educação e cuidado na instituição infantil, apresenta-se esta coletânea com
escritos que permitam conhecimentos acerca do conceito de criança e de
infância; práticas relacionadas com o educar e o cuidar; as diferentes linguagens;
e por fim, a organização do ambiente e das rotinas pedagógicas na Educação
Infantil. Convém salientar que os autores, ao escreverem sobre suas experiências
da prática pedagógica na Educação Infantil, buscam descortinar caminhos
que possibilitam a reflexividade constante de saberes renovados, revisitados,
reconstruídos e de aquisição de novas competências transformadoras sobre sua
ação, seu trabalho e sobre as circunstâncias sociais e históricas de sua prática.
1 OLIVEIRA, Z.R. de (Org.). O trabalho do professor na Eduação Infantil. São Paulo: Biruta, 2012.
APRESENTAÇÃO
8
Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
APRESENTAÇÃO
10
Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
As organizadoras
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO
INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO
E A APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS:
EXPERIÊNCIAS NO CMEI MARICAS LOPES
EM IPIRANGA DO PIAUÍ
Dilmar Rodrigues da Silva Júnior
Maria de Lourdes Alves
Naira Rosane da Silva Gonçalves
DOI: 10.29327/570352.1-1
Introdução
A escolha da temática se deu por ser notória a importância dos estudos
sobre a importância da educação infantil para o desenvolvimento e construção
de aprendizagem das crianças em qualquer tempo, por meio, de uma análise
sobre o ensino da Pré-Escolar Maricas Lopes frente a proporcionalidade da
aprendizagem das crianças, nessa modalidade de educação, principalmente,
quando se leva em conta que ainda há poucos trabalhos publicados sobre o tema.
Por ser um estudo que diz respeito aos saberes e fazeres da futura profissão
das pesquisadoras, que visa à efetivação do direito do cidadão a educação
para o “bem viver” que de fato garanta as bases de formação e construção de
identidade pessoal e profissional das crianças, à luz de uma educação infantil
democrática e de qualidade em prol das diferentes classes sociais.
Partindo desse pressuposto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação-
LDB (Lei n. 9394/96) encontra fundamento na Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 (CF/88), que em seus artigos 2º e 205º afirmam
que a educação é dever da família e do Estado ou vice-versa, inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho e deve ser garantida a todo e
qualquer cidadão que dela precise.
Nesse sentido, a educação infantil tem por finalidade conceder as crianças
pequenas o direito de desenvolver as habilidades e competências discentes
fazendo uso do curioso; da capacidade criadora e criativa do universo infantil em
favor da ocupação da ociosidade e na promoção das aprendizagens cognitivas,
afetivas e intelectuais assegurando e garantindo o mínimo necessário de
conhecimento, incluindo-as de alguma forma no seu devido lugar na sociedade.
A Constituição Federal/1988 em conjunto com a LDB e o Estatuto da Criança
Além, do ensino infantil, ser algo novo na vida das crianças, surgem novas
oportunidades de ensino/aprendizagem, assim professores e alunos poderão
aproveitar esta ocasião para o desenvolvimento das quatro habilidades, que
são: escrever, ler, falar e ouvir, possibilitando uma maior aproximação entre
ambos. O ensino infantil é considerado uma necessidade na educação das
crianças. Isso nos leva a refletir sobre a importância da aprendizagem para
nossos alunos, já que, atualmente é obrigatório está atento a todas as maneiras
de ensinar, tornando o ensino uma necessidade na vida dos seres humanos e
isso se faz desde a infância.
Aprendizagem significativa na Educação infantil
Nesta seção do artigo, tecemos reflexões sobre a breve contextualização
histórica da Educação Infantil no contexto educacional brasileiro enquanto
práxis de Aprendizagens, percorrendo assim, a educação infantil através das
aprendizagens lúdicas pontuando aspectos da importância do ato de aprender
de ensinar na educação infantil.
Breve contextualização histórica da Educação Infantil no contexto
educacional brasileiro enquanto práxis de Aprendizagens
O conceito de infância e o ato do cuidar e do educar das crianças, nessa
fase da vida, a primeira infância, é algo novo, recente, já que, durante muito
tempo nas sociedades as crianças eram tratadas como adultos em miniatura.
No contexto educacional brasileiro o trabalho foi durante muito tempo a única
práxis de aprendizagem das crianças pequenas, tanto, as de cor branca quanto
as escravas. Nesse viés, as crianças exerciam enumeras funções de trabalho
infantil, dependendo da família a qual pertencia, desde a função de chefe de
família, a realização dos afazeres domésticos, do trabalho nas fábricas e do
trabalho escravo.
Nessa perspectiva, nesse período, Espíndola (2006, p.42-44) explica que
“as crianças brancas e negras foram privadas de desfrutarem da infância em
sua essência”, isso mostra, por exemplo, que as crianças escravas a partir dos
cinco anos de idade lhe eram apresentados o trabalho escravo e as crianças
brancas, as famílias abastadas entregavam aos cuidados das amas negras,
conforme explicita Espíndola, a saber:
As escolas primárias voltadas para as crianças de até 7 anos de forma
assistencialista visavam mesmo de forma tímida reconhecer o valor da primeira
infância para a formação e construção da identidade e da personalidade dos
cidadãos brasileiros. E então que em 1862, foi fundando do Brasil o primeiro
jardim de infância do país na cidade de Castro tendo por base os princípios
de Jardim de Infância introduzido por Froebel na sociedade Européia.
Com base no que foi afirmado, é interessante ter em conta uma maior
preocupação com o ensino e espera-se que as crianças e professores estejam
envolvidos com o ensino/ aprendizagem e que se sintam cada vez mais
encorajados neste ambiente, onde está buscando inserir pequenas mentes
para um mundo cheio de novas descobertas.
A educação de crianças pequenas requer um maior cuidado, pois esta
fase está sendo como uma experiência, onde aprender significa buscar novos
horizontes, ultrapassar fronteiras em um mundo até então desconhecido.
Hoje, sabemos que a estimulação precoce das crianças contribui e muito para
o seu aprendizado futuro. Desenvolve suas capacidades motoras, afetivas e de
relacionamento social. O contato das crianças com os educadores transforma-
se em relações de aprendizado.
Aprendizagens lúdicas na educação infantil
A Educação Infantil é o espaço no qual o brincar, o cuidar e o educar
das crianças ocorrem, através do uso do lúdico, é brincando com os materiais
concretos que os pequenos desenvolvem as habilidades e competências de
aprendizagens. Durante muito tempo essa etapa de educação voltava-se para
o cuidado e educação extradomiciliar, recentemente, foi reconhecida como
direito da criança, das famílias, como dever do Estado e como primeira etapa
da Educação Básica, desse modo o brincar, o cuidar e o educar se concretiza
de forma lúdica.
É através do brincar, do cuidar e do educar que a ludicidade ganha forma, já
que na educação infantil as crianças conhecem e reconhecem o mundo através
do brincar com os materiais concretos. Nesse sentido, uma das características
da nova concepção de educação infantil reside na integração das funções de
cuidar e educar. Para tanto, com o lúdico e pelo lúdico o sujeito se construí
e se apropria da realidade, tece as suas relações sociais e exercitando-se de
corpo inteiro, experimentando situações novas, desafios e aventuras. Nesse
espaço também se forma conhecimentos, soma-se aquisições de valores,
aprende-se limites, trabalhando a autoestima, além de superar seus medos e
adquirir autoconfiança.
O desenvolvimento integral envolve tanto os cuidados relacionais
que diz respeito à dimensão afetiva quanto os cuidados com os aspectos
biológicos que estão relacionados ao corpo, a qualidade da alimentação, e aos
cuidados com a saúde, e mais ainda se refere a forma como esses cuidados
são oferecidos e sobre as oportunidades de acesso a conhecimentos variados.
Sendo assim, Brasil (1998) observa que o educar envolve o cuidar e o brincar
com as aprendizagens lúdicas desenvolvendo as habilidades e capacidades das
A pesquisa foi realidade, na cidade de Ipiranga- PI, com a análise das fontes
documentais e orais. A seleção dos sujeitos sociais considerou os docentes e
os familiares, porque estes são os sujeitos sociais que realmente fazem valer
o conhecimento das crianças nessa faixa etária.
Esta produção teve como base de elaboração a pesquisa bibliográfica,
fontes documentais (leis oficiais) e fontes orais com as quais foram recolhidos
os dados empíricos priorizando a seguinte fonte: i: fontes documentais através
das leis oficiais que tratam da seguridade de direitos a educação infantil para
todas as crianças sem distinção; ii: fontes orais, entrevistando os sujeitos que
estão diretamente envolvidos com o conhecimento na educação infantil.
Os dados foram classificados de acordo com a análise de sua respectiva
fonte. E desde modo, usou-se uma ficha classificatória. A ficha classificatória foi
construída com três campos referente a cada objetivo, ou melhor, contendo
os respectivos objetivos a qual a pesquisa se propôs responder. O tratamento
a que os dados foram submetidos diz respeito à análise minuciosa e criteriosa
das fontes documentais (leis oficiais) e orais.
A análise dos dados foi realizada a partir das fichas classificatórias,
considerando a problemática central e os objetivos específicos. Sendo assim,
após a coleta de todos os dados foi feita uma análise comparativa entre as
fontes documentais (leis oficiais) e as entrevistas, a fim de detectar possíveis
regularidades. A análise dos dados é de suma importância à concretização da
pesquisa, posto que, é através dessa análise que as pesquisadoras puderam
selecionar, escolher e retirar das fichas os termos necessários à categorização,
de forma que pudesse sustentar a discussão nas teorias utilizadas no trabalho.
Quanto ao perfil dos sujeitos participantes do estudo, foram realizadas
com professores e familiares da Creche Pré-Escolar Maricas Lopes, cuja
denominação dada pelas pesquisadoras foi FM1, FM2 e FM3 para os familiares
e D1, D2, D3 para os docentes, preservando, assim, suas identidades.
Resultados e discussão
Apresentamos os resultados da pesquisa que tem por finalidade
compreender a importância da educação infantil para o desenvolvimento e
construção de aprendizagem das crianças em qualquer tempo, por meio, de
uma análise sobre o ensino da Pré-Escola Maricas Lopes na cidade de Ipiranga
do Piauí frente a proporcionalidade da aprendizagem das crianças, nessa etapa
da educação. A Educação Infantil é o princípio de seguridade do direito ao
desenvolvimento e construção de aprendizagem significativa das crianças
pequenas que visa atender de modo adequado e proporcional a cada criança
brasileira de forma que não desrespeite e nem burle os direitos infantis à luz
do acesso e permanência no mundo do conhecimento: educação democrática
e de qualidade.
A Educação Infantil é uma das prioridades da cidade de Ipiranga do
Piauí e a Creche Maricas Lopes é uma das principais referências do ensino
infantil público dentro desse espaço citadino. A creche Maricas Lopes atende
a demanda de alunos do centro e de muitos dos bairros locais. A educação
infantil é de suma importância para o desenvolvimento pleno das crianças e o
ensino prestado pela Creche Maricas Lopes é essencial a formação e construção
das bases do conhecimento dos educandos atendendo de forma satisfatória
afim de que tenha sucesso nos ensinos posteriores.
A Educação Infantil, na atualidade, tornou-se obrigatório e, é, um direito
universal que deve ser garantido às crianças do mundo inteiro, ampliando assim,
o olhar sobre as múltiplas inteligências do universo infantil e das inúmeras
capacidades de aprendizagens que todo e qualquer criança tem, desde modo,
os pequenos conquistaram seu espaço e ganharam um lugar que sempre foi
seu: o espaço escolar, sem perder infância e as suas aprendizagens através
dos cuidados, dos jogos, brincadeiras aproveitando as belezas da educação
vivendo a infância por completo no mundo do conhecimento. Na educação
infantil é de suma importância as crianças estarem sempre em contato com o
mundo da leitura e da escrita e os profissionais de educação devem propiciar
e compreender sobre as diferentes realidades de entendimento e acepção das
crianças dentro do mundo da leitura e da escrita.
A Educação Infantil é fundamental para que o professor trabalhe de
forma concreta e lúdica o universo da leitura e da escrita na vida das crianças
possibilitando a elas fazerem uso do curioso e de sua capacidade de imaginação
para compreender o mundo que os rodeiam. Nesse sentido, quando foi
perguntado aos familiares se você concorda que o ensino infantil é importante
para o desenvolvimento das crianças? Obtiveram-se os seguintes resultados.
FM1: Concordo plenamente, pois a educação infantil é a primeiro
passo que as crianças têm de aprendizagem depois de casa, além de
promover a interação com outras crianças.
RICOUER, Paul. Tempo e narrativa (tomo I). São Paulo: Papirus, 2010.
não estamos na modalidade presencial a única forma de sabermos que estão exercendo
essas práticas são por vídeos e fotos, mas nem sempre chegam como eu realmente espero,
alguns pais trabalham o dia todo e só conseguem ensinar dentro do que interpretam às
pressas. Mas no que se trata de datas comemorativas sempre fazemos algo divertido,
mantendo o distanciamento socia, é claro! Como uma espécie de Drive Thru, só para
entrega de lembrancinhas e ver a criança a distância. Vejo que dessa forma estamos
obtendo mais resultados positivos que negativos, ofertando o possível dentro de tudo
que é proposto em comparação as histórias que ouvir das professoras que atuaram no
ano passado, por isso creio que como como professora estou educando, mas quando paro
para pensar em como essas atividades estão sendo feitas em casa vejo que as crianças
estão sendo deseducadas. Os pais não conseguem ter a dinâmica que tenho em sala”.
A luz desse eixo a Professora 2 abordou que “[...] todas as normativas são
atendidas dentro dos planos de aula, todos são mensais e encima deles produzimos as
aulas de cada dia que são distribuídos em envelopes quinzenais. Geralmente a preceptora
do programa Residência Pedagógica elabora o plano mensal contemplando a BNCC
aí fazemos atividades práticas e para avaliar pedimos fotos, vídeos e a devolução das
atividades escritas. Nem todos os alunos devolvem, mas fazemos a nossa parte em
cobrar”. A mesma atua em outra instituição de Educação Infantil localizada
em um bairro considerado pela população como suburbano. Ao ser ouvida,
mencionou em sua fala que: “[...] não estava preparada psicologicamente para a
regência, confesso que fui pega de surpresa! Atuo com uma turma de 45 alunos de 5-6
anos de idade com desempenho abaixo da expectativa, considerando que a maioria só
sabe escrever o próprio nome”.
Relatando sobre a participação de políticas públicas a Professora 1 disse
“[...] sempre fazemos reuniões quinzenais com a coordenação e gestão da escola para
ajustar tudo que é preciso, mas não estamos contando com a ajuda de muitos programas.
Pelo que vejo estamos distribuindo cestas básicas todo o mês para pais dos alunos, sendo
que esses alimentos são os destinados a merenda escolar, como não está tendo aulas
presenciais nada mais justo do que distribuir para as famílias. Como somos bolsistas
as informações burocráticas nem sempre chegam até nós, mas sempre que precisamos
a gestão disponibiliza materiais e livros, assim mantemos uma breve comunicação
com a coordenação da UESPI, a gestão escolar e a Secretaria Municipal de Educação-
SEMEC. Ainda percebo que somos pouco orientados no campo, uma espécie de “tapa
buraco” enquanto tudo volta para o lugar, mas nada que nos impeça de contribuir com
a educação do município, mesmo em meio as dificuldades”.
Fica evidente nas falas da docente que ela está se esforçando dentro do
possível para oferecer o melhor para os seus alunos, mesmo que o retorno
não venha como esperado, pois não podemos comparar a visão pedagógica
do professor em meio a prática reflexiva com a dos pais que não possuem
tecnológicos e acabam não fazendo as atividades que envolvem vídeos, alguns chegam
a evadir de vez. Para evitar prejuízos as vezes só distribuímos as atividades quinzenais
com a expectativa de que sejam feitas. Se o ensino hibrido já é desafiador, imagine o
totalmente remoto? Assim vejo que muitas propostas estão no papel, mas na prática as
famílias não conseguem seguir com um olhar pedagógico, até por que não são formados
na área e não possuem tempo, estão fora de casa buscando o pão pra não deixar os filhos
passarem fome”.
As falas da profissional evidenciam o quadro social de uma comunidade
carente, onde muitos não possuem formação profissional, exercem trabalhos
pesados pra manterem o sustento da casa e fazem o que é possível para
que os filhos tenham acesso aos bens que não tiveram, contudo sem tempo
necessário para acompanhar a educação dos mesmos. Assim, ocorre um ciclo
de desigualdade onde o analfabetismo se torna presente, sendo um dos grandes
problemas enfrentados na construção da cidadania plena. A educação é um
dos principais pontos de atenção na elaboração de estratégias para redução
de desigualdades, mas é visível que com o advento da pandemia do novo
coronavírus tornou-se mais aflorado esse lado social.
Por outro lado, no que se trata das práticas pedagógicas essa docente
faz o possível para atender essa comunidade dentro do que lhe é designado
a cumprir, sendo reflexiva na tomada de decisões diante das necessidades
manifestadas por cada aluno. Assim afirma Perrenoud (2002) que “a reflexão se
desenvolve também antes da ação, não somente para planificar e construir os
cenários, mas também para preparar o professor para acolher os imprevistos”.
Vale aqui ainda frisar, comparando os relatos das duas docentes, o ponto
onde mais se ligam ao mencionarem o desafio referido a ambas em serem
designadas ao campo de estágio e no mesmo surpreendidas com a posse
das turmas, sendo estas ainda estagiárias em formação, recebendo apenas
uma bolsa mínima para lidarem com obrigações que no atual momento não
as pertencem. Tudo isso mostra uma gestão municipal desorganizada que
não valoriza o profissional da educação, bem como uma Universidade não
reflexiva em aceitar tão ação com seus acadêmicos. Contudo, a nossa busca
por informações nos leva a compreender que na teoria à prática é maquiada,
e na prática a teoria fica a desejar, uma vez que as docentes estão enfrentando
impasses e desafios que envolvem a falta do lúdico de forma ativa, pois não se
faz Educação Infantil sem vivências lúdicas mediadas e orientadas pela presença
do professor(a), bem como as atividades desenvolvidas espontaneamente em
sala. como educadoras. As profissionais destacaram ainda que desejam uma
Professora (A) “A participação dos pais poderia ter sido melhor, visto que por
diversos motivos alguns usaram como justificativa para não acompanhar suas
crianças, como tempo, internet e celular.
Além do mais, enquanto o filho assiste aula na sala a sua mãe está lá
fazendo seus trabalhos e observando como o professor está ensinando. As
crianças ficam dispersas muito rapidamente, então, prender a atenção deles
é importante, porém é cansativo para ambos. Não é a mesma coisa e nunca
vai ser ensino remoto e ensino presencial, mas ser professor é isso: criar e
inovar.’’
Professora (B) Um pouco difícil, mas percebemos que alguns pais fazem de tudo
para que haja essa relação com a escola, temos grupo de WhatsApp e sempre percebo
que os pais tem interesse em participar das coisas da escola. Sempre que pedimos
postam foto de suas crianças fazendo alguma atividade proposta. Percebi também
que as crianças começaram a se interessar mais quando eu mesmo gravava e postava
com meu rosto mesmo, eles preferem olhar e ver o professor.
Professora (B) Sim. Além das atividades propostas todos os dias, mensalmente
enviamos as atividades para avaliamos o nível de leitura e escrita em que eles se
encontram. A família fica responsável por gravar um vídeo mostrando a criança
lendo e escrevendo, e avaliamos cada criança.
Professora (A) Sim, a questão tempo, a conexão com a internet, o acesso à tecnologia,
deixaram um pouco a desejar, até chegar uma instalação adequada na escola, a
questão pedagógica tivemos sim suas dificuldades porém logo nos adaptaram a essa
nova realidade.
Professora (B) Sim. No início como tudo era novo, foi normal percebemos dificuldade
por dos pais e por isso foi primordial mas ainda a participação da família nesse
processo, fomos engatinhando pois assim para a família, para nos professores foi
muito desafiador, contudo o trabalho vem sendo feito com êxito buscando sempre o
melhor para que nossas crianças aprendam.
Professora (B) Como acolhida, posto um vídeo de “Bom dia” ou “Boa tarde”. Depois,
coloco a agenda do dia e as atividades no grupo para que as crianças que estão em
casa acompanhem o que está sendo trabalhado em aula, e no final eu corrijo e envio
as devolutivas. Além disso, tem também as atividades que são disponibilizadas para
os pais virem até a escola e pegar junto com os livros, os pais levam os mesmos e
ficam acompanhando pelo WhatsApp. É importante ressaltar que esse material fica
disponível para todas as crianças, as que estão online como as crianças que estão de
forma presencial.
Professora (B) O incentivo mesmo é sempre procuro está falando que é importante,
apesar do momento ser como está sendo, seria bem pior se essas crianças não
estiverem fazendo nada, e eles tendo o acompanhamento eles terão a oportunidade
de aprenderem alguma coisa. E sempre que eles tiverem alguma dúvida os professores
estão aqui para lhe auxiliar.
Mãe (B) Percebo que a escola em especial os professores tem tido um comprometimento
com esse método de ensino, eles colocam as atividades no tempo proposto, sempre
atentos a frequência dos alunos e se preocupam com a ausência dos, e as aulas vem
sendo ministradas da forma que seja bom para todos principalmente para as crianças.
Mãe (A) Ás vezes sim, mas sempre procurava tirar as dúvidas com os professores.
Mãe (B) Sim, muita dificuldade, tive que me reinventar aqui em casa, levando em
consideração que trabalho em casa e meu trabalho requer muito tempo e atenção, foi
difícil mas graças a Deus tenho dado conta como posso.
Mãe (B) Não tive muito contato com os professores nesse período, não sei se por mim
ou por eles, mas o contato foi pouco.
Mãe (B) A escola entrega as tarefas de quinze em quinze dias e tem os grupos no
WhatsApp.
Mãe (A) Foi uma mudança muito grande, pois tive que me adaptar a ensinar de
uma forma online, mas ao mesmo tempo me senti numa sala de aula aprendendo
junto com meus filhos.
Mãe (B) Não consegui me adaptar a esse novo método, tive muitas dificuldades,
consigo mal orientá-lo nas atividades.
AUTISMO E PANDEMIA DA
COVID-19: IMPACTOS CAUSADOS NA
ROTINA E NA ESCOLARIZAÇÃO DA
CRIANÇA COM AUTISMO
Irisneide Leal Eduardo
Fabrícia Gomes da Silva
DOI: 10.29327/570352.1-5
Introdução
Atualmente nos deparamos com um vírus que abruptamente se disseminou,
sendo declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma
pandemia: o novo coronavírus, o qual causa a Covid-19. Tal vírus não afeta
a população somente com problemas físicos, mas também psicológicos,
econômicos e educacionais. O comércio fechou, escolas sem funcionar e as
pessoas passaram a se deparar com os problemas que surgiam diante dessa
nova conjuntura mundial. Consequentemente, um dos públicos mais afetados
por esse recente cenário são as crianças com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) que, além da rotina escolar, podem necessitar de acompanhamentos
essenciais para o seu desenvolvimento social e pessoal. Muitos desses serviços
foram distanciados ou mediados através da tecnologia, algo novo para a
criança e para a sua família.
O autismo é um dos Transtornos do Neurodesenvolvimento caracterizado
por distúrbios neurológicos de início precoce que compromete habilidades
sociais e de comunicação, além de comportamentos restritos e repetitivos
(GRIESI-OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017). Se manifesta de diferentes formas, com
intensidades entre os níveis um a três, porém, em qualquer uma delas o contato
social terá um prejuízo de menor ou maior gravidade.
O TEA era caracterizado como uma tríade: relacionamento, comunicação e
comportamentos repetitivos e inadequados. Atualmente, no DSM-5 (MANUAL
DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DOS TRANSTORNOS MENTAIS, 2014), a
tríade transformou-se em díade do autismo, assim seu diagnóstico será feito
havendo a presença de dificuldades na comunicação social e de comportamentos
restritos e repetitivos (BRAGA, 2018).
O autismo necessita de intervenções e acompanhamento por parte de
profissionais e familiares. Seus níveis de comprometimento se percebem,
dentre outros elementos, principalmente pela intensidade da necessidade
de apoio de outras pessoas para atividades da vida diária e sociais. Dessa
forma, a pandemia referida vem desafiar toda uma rotina de trabalho para
AUTISMO E PANDEMIA DA COVID-19: IMPACTOS CAUSADOS NA ROTINA E NA ESCOLARIZAÇÃO DA CRIANÇA COM AUTISMO
68
Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
Travessia metodológica
Esse estudo trata-se de uma pesquisa exploratória, pois permite uma
maior aproximação com o objeto pesquisado (GIL, 2008). Foi ancorado na
abordagem qualitativa que, segundo Minayo (2003), permite ao pesquisador
aprofundar-se no assunto, de modo a encontrar os significados das ações e das
relações humanas que ali se situam, possibilitando um maior conhecimento
sobre o objeto de estudo e sua razão de ser.
A pesquisa foi realizada com duas mães de crianças com TEA, as quais terão
nomes fictícios no decorrer do texto, sendo elas: Laura e Ana. Quando necessário
citar o nome dos filhos, serão chamados de Pedro e Lucas, respectivamente.
Um com idade de cinco anos e outro seis. Qualquer relação de terceiros a
eles, dentro da fala das mães, também será abordada com nomes fictícios.
Na ocasião da coleta as crianças estavam matriculadas na Creche Municipal
Dorotéa Cristo de Oliveira no município de Picos, Piauí.
O instrumento de pesquisa foi a entrevista semiestruturada, a qual foi
realizada via WhatsApp e gravada, facilitando a fidelidade das respostas que
posteriormente foram transcritas na íntegra, lidas e analisadas com auxílio
dos teóricos citados. A entrevista foi realizada na segunda semana do mês de
março de 2021.
Após o processo de coleta de dados, o material foi analisado, passando do
seu estado bruto para ter sentido lógico que responda ao problema pesquisado
(MOZZATO; GRZBOVSKI, 2011) através de uma análise qualitativa.
Resultados e discussões
Cada uma das palavras e dos sentimentos impressos nas falas das mães
permitiram entrar em sua rotina, seu cotidiano e nos foi possível perceber o
esforço de ressignificar os impactos que o momento pandêmico inferiu aos
seus filhos e a elas. Os questionamentos iniciais sondaram a rotina da criança
antes do atual cenário pandêmico. A seguir a “voz” das participantes:
[...] ele ia pra escola todas as manhãs, aí ele ficava de 7 às 11 na escola, aí quando ele
chegava, ele ia almoçar, tomava um banho, almoçava, aí ele descansava um pouco
assistindo TV, aí mais tarde, na Segunda, Quarta e Sexta. Nas Terças e nas Quintas
ele tinha terapia [...]. Aí eu ia de 1 hora, era uma correria, que eu ia de 1 hora e ficava
até às 3 [...]. Nas Segundas, Quartas e Sextas, eu refazia as tarefinhas dele com ele no
caderno [...] e a noite ele jantava e ele sempre dormiu cedo, ele gosta de dormir de
8:30 pra 9 horas, até hoje. Nos finais de semana a gente sempre vai pro interior ou
da família do meu pai ou da família do meu esposo. Na família do meu esposo ele gosta
mais porque lá tem mais espaço pra ele brincar, ele brinca muito lá, porque lá têm, lá é
cercado, é uma roça bem grande e ele brinca muito de bicicleta, tomabanho de piscina
AUTISMO E PANDEMIA DA COVID-19: IMPACTOS CAUSADOS NA ROTINA E NA ESCOLARIZAÇÃO DA CRIANÇA COM AUTISMO
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Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
e ele interage muito com as crianças também, com os priminhos que lá ele tem uns 6
primos, tudo assim, na faixa etária mais ou menos com a dele e eles brincam muito
(ENTREVISTA LAURA, 2021).
A rotina dele era, de manhã ir pro colégio, quando chegava almoçava, dormia e
acordava, a gente saía com ele pra algum lugar, pra casa dos avós e voltava pra casa
e dormia. No outro dia, colégio de novo. Essa era a rotina (ENTREVISTA ANA,
2021).
Estudava sim. O acompanhamento que ele tinha era só mesmo com o médico
neuropediatra [...] (ENTREVISTA ANA, 2021).
Continua sim. Ele continua matriculado na escola e as aulas ‘está’ sendo on- line.
Está sendo pelo celular (ENTREVISTA ANA, 2021).
Aí ele fica, mas ele não sabe o motivo, porque que tem que usar a máscara. Tem vezes,
quando a gente passa pela escola dele que é a região que a gente vai pro interior do
pai dele, ele lembra, aí ele fala:
- Tá bom.
Ele aceita, assim, tudo que a gente fala pra ele, ele obedece, ele aceita, ele é muito
compreensivo, graças a Deus (ENTREVISTA LAURA, 2021).Então, aí nessa parte
a gente teve um pouco de dificuldade pra ele compreender que não podia ir mais
pra escola, que tinha que manter o distanciamento dos coleguinhas, que tinha que
andar de máscara. Foi muito difícil essa parte (ENTREVISTA ANA, 2021).
AUTISMO E PANDEMIA DA COVID-19: IMPACTOS CAUSADOS NA ROTINA E NA ESCOLARIZAÇÃO DA CRIANÇA COM AUTISMO
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Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
Então, hoje a rotina dele tá sendo só mesmo ficar em casa. A gente de vez em quando
saí com ele, é, pra ir num lugar, levar ele na casa dos avós, só que não com muita
frequência, por causa da pandemia. Mas, tá sendo muito difícil porque ele tem muito
que interagir com as outras crianças e no tempo que a gente tá não pode né, por causa
da Pandemia (ENTREVISTA ANA, 2021).
Ele consegue. O autismo dele é voltado pra inteligência. Ele é muito inteligente,
só que ele é daquela criança que ele não para, ele não fica ‘queto’, por causa desse
‘disinqueto’ que ele tem, ele não consegue ficar sentado muito tempo pra tá realizando
as atividades. E a gente também tem um pouco de dificuldade na hora de realizar as
atividades que os professores manda (ENTREVISTA ANA, 2021).
Apesar de Laura afirmar que, ultimamente, seu filho está distraído e tem
uma certa preguiça, ele consegue realizar as atividades. Ela, ainda, ressalta que
por ser pedagoga facilita muito esse processo. Outro ponto relevante em sua
fala é o acompanhamento psicológico que a criança realiza e que contribui
muito com seu desenvolvimento, com utilização de dicas para recuperação da
atenção. Ana relata que seu filho realiza as atividades, porém a sua inquietação
dificulta tal realização.
É possível perceber a importância do acompanhamento profissional
nos casos de autismo, o fato do Pedro ter apoio psicológico faz com que
ele se adeque às suas necessidades e tenha facilidade em realizar suas tarefas
diárias. Assim como afirma Mello, Brabo e Miranda (2018) é necessário uma
intervenção profissional que subsidie meios, a partir de instrumentos e técnicas,
que viabilizem o pleno desenvolvimento do autista. Nas falas da entrevista,
chama atenção a maneira que Ana aborda a inquietude de seu filho, não há
como fazer afirmações sem passar pelo olhar de vários especialistas, mas é
importante salientar que muitas dificuldades que a criança com autismo
AUTISMO E PANDEMIA DA COVID-19: IMPACTOS CAUSADOS NA ROTINA E NA ESCOLARIZAÇÃO DA CRIANÇA COM AUTISMO
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Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
Então, o que ele mais gosta de fazer é desenhar. A brincadeira que ele mais ama é
desenhar. Quando não tem um lápis e uma caneta pra desenhar ele vai lá no chão
com dedinho e fica desenhando. Ele não concentra assistindo, ele não brinca com
outros brinquedos. Somente desenhar (ENTREVISTA ANA, 2021).
Chama três, quatro vezes pra ele perceber que a gente tá falando com ele. Muito
distraído. E, assim, na tarefa do mesmo jeito, se eu não ficar todo dia, todo dia
fazendo a liçãozinha dele, se eu ficar tipo quatro, cinco dias, que nem já aconteceu
‘deu’ olhar a tarefa com ele, como foi no mês das férias mesmo, eu passava dias sem
pegar no caderninho com ele, quando eu ia pegar novamente o caderno com ele,
ele não lembrava mais de quase nada, ele esquece muito fácil. Então, tem que tá
lembrando sempre aqueles mesmos assuntos [...]
Exemplo do xixi, da descarga no banheiro. Tem que ta sempre lembrando [...] lave
as mãos. [...] porque se eu ficar uma vez ou duas sem falar, ele já não faz mais. Então,
é [...] a dificuldade maior nossa é essa, é que ele se a gente não tá repetindo todos os
dias ele não decora. Entendeu? Não sabe que é uma coisa que tem que fazer já, tipo
uma rotina (ENTREVISTA LAURA, 2021).
Essa parte aí, a gente tá tendo dificuldade mais com ele pra tá realizando as
atividades que os especialistas passam, que é a interação das crianças com ele, que
é ele praticar muito jogo, é assistir muito desenho educativo, essas coisas. Só que
a gente tá tendo dificuldade porque, por causa, dessa pandemia a gente não pode
deixar ele interagir muito com as outras crianças, levar ele pra brincar, jogar bola
(ENTREVISTA ANA, 2021).
AUTISMO E PANDEMIA DA COVID-19: IMPACTOS CAUSADOS NA ROTINA E NA ESCOLARIZAÇÃO DA CRIANÇA COM AUTISMO
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Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
- Parabéns, mamãe!
Mas assim, suporte pra outra coisa, não (ENTREVISTA LAURA, 2021).
As duas mães pontuam que a escola não está dando nenhum suporte
familiar, somente as aulas. Sabemos das dificuldades que este cenário pandêmico
traz ao ensino, mas como afirma Chimenes e Santana (2020), a parceria entre
escola e família ajuda a instituição a desenvolver ações pedagógicas que
favoreçam o sucesso escolar da criança com TEA. Assim, a família é que conhece
os novos hábitos de seus filhos e o conhecimento dessas novas mudanças na
rotina podem colaborar com a escola na criação de ações que favoreçam o
não retrocesso escolar.
Noutro momento, foi indagado se o professor está disponibilizando e
incentivando atividades pedagógicas e recreativas voltadas para a necessidade
específica da sua criança.
A mesma tarefa que é das outras crianças, é do Pedro. Não tem nenhuma diferença.
Eu é que coloco mais tarefas a mais pra ele. [...] as tarefas que elas mandam, que aí
eu falo, vou colocar mais uma coisa aqui, aí eu reforço mais alguma coisa no caderno
dele, eu tiro xerox lá na escola que eu trabalho a mais pra ele. Mas é do mesmo, são as
mesmas lições. Que eu acho até correto também, é [...] não fazer lições diferentes, né?
Só porque ele é especial, autista, ele vai ter uma diferença, diferente pra ele. Eu [...]
eu concordo em ser tratado igual. Meu pensamento (ENTREVISTA LAURA, 2021).
Não. A escola não disponibiliza umas atividades específicas pra ele. As mesmas que
é passada pra ele é ‘pros’ outros. Não tem nada especial pra ele não (ENTREVISTA
ANA, 2021).
Então, mudou muito, porque quando ele estava na escola, a gente estava mais
despreocupado porque lá ele tinha o suporte, né? Das professoras, dos coleguinhas,
estavam interagindo e como, por causa da pandemia agora, a gente tem que se virar
pra fazer tudo [...] dar suporte pra ele, a família também ajuda, os primos vem pra cá
brincar com ele, os avós interagem com ele, senta, brinca, joga algum jogo com ele. É
assim [...] a rotina da gente mudou bastante (ENTREVISTA ANA, 2021).
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www.scielo.br/scielo.php?pid=S167945082017000200233&script=sci_
arttext&tlng=pt.Acesso em: 08 ago. 2019.
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Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
lado do corpo do que o outro em três níveis: mão, olho e pé”. Para Almeida
(2004) é a capacidade de a criança poder olhar e agir para todas as direções
com equilíbrio, com coordenação mínima corporal e com noções de espaço.
A partir do final do primeiro ano de vida até os dois anos a criança pode
dominar tanto a mão esquerda quanto a mão direita. Após os três anos a
preferência por uma das mãos começa a ser definida e entre seis, sete anos
a lateralidade da criança já se encontra definida. (BUENO, 1998). Cabe ao
professor estimular atividades que possibilitem as crianças aprenderem a
diferenciar o lado esquerdo do lado direito.
Temos também o trabalho com a percepção espacial. Esta consiste no
desenvolvimento de habilidades para locomoção, movimento, orientação
e análise de situações que ocorrem a nossa volta relacionadas ao corpo. Na
Educação Infantil inicia-se o trabalho a partir de noções espaciais básicas
como as noções de longe, perto, alto, baixo, longo, curto. Uma atividade muito
comum nas tarefas escolares são os labirintos, onde o objetivo é fazer com que
a criança encontre a saída através dos obstáculos. Oliveira (2007, p.74) afirma
que “a estruturação espacial é essencial para que vivamos em sociedade”.
Segundo a autora é através da noção espacial e das relações espaciais que nos
situamos no meio que vivemos.
A falta de uma boa dominância espacial pode levar a criança a ter
problemas de localização. A noção de espaço na criança se desenvolve a partir
de um ano e meio até três anos, sendo necessário um conjunto de jogos e
brincadeiras na Educação Infantil para estimular essa categoria de noção
espacial. Atividades como circuitos com obstáculos, desenhos com cenários
a partir dos conceitos embaixo, em cima, contação de uma história ao narrar
fatos e realizar perguntas sobre acontecimentos e posições, são estratégias
interessantes de serem trabalhadas na Educação Infantil.
Na segunda categoria, Recursos didáticos e psicomotricidade, perguntamos
as professoras se o CMEI oferece materiais pedagógicos para a realização de
atividades psicomotoras. Temos as respostas:
Sim. Aqui tem um espaço físico maravilhoso. Quando planejo realizar uma atividade
sempre procuro verificar os materiais disponíveis no depósito ou então compro
o que irei precisar. A gente sabe das dificuldades que as escolas públicas têm em
relação a recursos didáticos, então eu também busco fazer o básico com aquilo que
nós temos. Só é complicado para fazer as atividades de casa, por isso grande parte
das atividades que envolvem pintura, colagem, desenho, a gente organiza parte
do material que temos pro aluno levar e fazer com os pais em casa. (Retirado do
questionário respondido pela Professora Ana).
É oferecido material, mas é bem regrado. Os recursos que a escola disponibiliza são
materiais simples e quantidades pequenas. Alguns brinquedos como bambolê e a bola
são poucos e preciso determinar um tempo mínimo para que todas as crianças possam
brincar. Tenho muita vontade de realizar uma atividade com argila, pedir para as
crianças fazerem as letras do alfabeto e depois realizar uma exposição com as letras
de cada um, pretendo realizar essa atividade quando retornar as aulas presenciais,
sei que terei que comprar pois a escola não oferece esse tipo de material. (Retirado do
questionário respondido pela Professora Bia).
na escola. Percebemos também que como grande parte das famílias não
possuem condições financeiras de terem em suas casas materiais pedagógicos
para realizem as atividades de casa, os professores optam por enviar o material
necessário por aluno (quando existe a possibilidade) ou deixam para realizar
essas tarefas na própria escola.
Diante dessas questões é perceptível a importância que os recursos
materiais e a estrutura física da escola de Educação Infantil possuem para
a qualidade na prática pedagógica das professoras. Pátios cobertos, área de
playground com areia, grama, horta, brinquedoteca, biblioteca infantil, sala
de teatro, dança, música, artes visuais, entre outros são possibilidades para
favorecer o desenvolvimento motor e cognitivo da criança contribuindo
para a interação e socialização, estimulando a criatividade e facilitando a
aprendizagem.
Na terceira e última categoria, Desafios da prática psicomotora, buscamos
saber quais os principais desafios de trabalhar as práticas psicomotoras no
planejamento de aula. Temos as respostas:
Acho que o maior desafio é justamente desenvolver algumas atividades. Algumas não
conseguimos realizar por causa da quantidade de alunos. Atividades que precisam
de um contato individualizado e que requer mais tempo e atenção. Sem apoio de
outras auxiliares o trabalho na sala de aula é dobrado, então tenho pouco tempo
para executar as atividades. Com auxílio de mais professoras conseguiria dar mais
atenção para cada aluno. (Retirado do questionário respondido pela Professora
Ana).
crianças por sala. E crianças com idade entre quatro e cinco anos, vinte crianças
por sala. Contudo, a realidade muitas vezes difere, levando o professor a ter
muitos alunos e às vezes sem auxiliar, como no caso da professora Ana. Outra
fala de Bia que precisa de destaque refere-se aos planejamentos apresentarem
uma proposta para ser trabalhada em sala de aula.
As professoras reconhecem a importância das práticas psicomotoras
para o desenvolvimento das crianças, afinal é necessário conhecer a fundo
a formação integral da criança, os processos de ensino e aprendizagem
relacionados aos aspectos motor, cognitivo, emocional e social. Contudo,
ainda falta articular o planejamento docente as práticas interdisciplinares,
fator fundamental para a operacionalização do currículo e as possibilidades de
relacionar os conhecimentos pedagógicos nas diversas áreas do conhecimento
e da aprendizagem.
Considerações finais
Com essa pesquisa buscamos investigar as práticas psicomotoras utilizadas
por professoras de um CMEI na cidade de Teresina — PI e de que forma tais
atividades contribuem para o desenvolvimento e aprendizagem infantil.
A psicomotricidade se caracteriza por ser uma ciência que possui como
objeto de estudo o homem e a sua relação com o corpo, movimento, mundo
interno e externo. Com o avanço nas pesquisas sobre desenvolvimento e
aprendizagem infantil, percebe-se a necessidade de trabalharmos sobretudo nas
escolas, o desenvolvimento psicomotor das crianças, para serem estimuladas
desde cedo facilitando a aprendizagem e integração da criança com o meio.
Como resultados e considerações do estudo, acreditamos que a
psicomotricidade quando planejada contribui para o desenvolvimento e
formação integral na criança, sendo um processo indispensável. Por meio das
atividades psicomotoras as crianças aprendem a desenvolver a sua coordenação
motora global, coordenação motora fina, lateralidade, percepção temporal,
espacial entre outras habilidades. Ao desenvolver esses aspectos psicomotores
o aluno adquire capacidades básicas que irão lhe proporcionar consciência
corporal contribuindo para a realização de muitas atividades, inclusive escolares.
Com base nas informações produzidas pelas professoras do CMEI,
percebemos que as docentes consideram a psicomotricidade fundamental para
o desenvolvimento das crianças, mas que a falta de materiais específicos e a
dificuldade de inserir atividades psicomotoras no planejamento educacional
são fatores que dificultam a realização das mesmas.
Sobre essa questão, apontamos serem de fato necessários materiais
específicos para trabalharem as atividades psicomotoras, e que as professoras
fazem o que podem com os recursos que possuem na escola, muitas vezes
no processo de alfabetização, que, para Salles e Faria (2012, p. 139), nessa etapa,
as crianças já podem vivenciar experiências de “[...] ler e escrever o próprio
nome, o nome dos colegas e de pessoas próximas”.
Para que o processo de alfabetização aconteça na Educação Infantil,
ressaltamos a importância de atividades de letramento para que a criança
construa a concepção da língua escrita. É necessário possibilitar que as
crianças pequenas tenham oportunidades de ouvir, recontar, ler, interpretar
ou produzir diversos textos, além de brincar com a sonoridade das palavras
e fazer tentativas e reflexões sobre a escrita e a leitura de nomes, etiquetas,
títulos, poemas, palavras, etc.
Para Morais e Leite (2005), o desenvolvimento das habilidades de
leitura e de escrita não se dão de modo uniforme no desenvolvimento
infantil, nem todas as habilidades fonológicas são necessárias ao processo de
alfabetização. Contudo, algumas delas são necessárias para que o aluno possa
melhor compreender o sistema de escrita alfabética, como, por exemplo, as
que envolvem a contagem de sílabas nas palavras, a comparação de palavras
quanto à presença de sílabas iguais, a identificação de palavras que contenham
o mesmo som inicial, a identificação de rimas, etc.
Brandão e Leal (2010) afirmam que a atividade de identificação de letras
poderia ser mais bem utilizada se não fosse destinada apenas ao ensino de
determinada letra ou família silábica. Para as autoras, esse tipo de trabalho com
as famílias silábicas e identificação de letras ou palavras na Educação Infantil
dá a ideia de que a aquisição da leitura e escrita corresponde à aquisição de
um código de transcrição.
A professora Carol relata que o ensino da linguagem oral e escrita pela
criança acontece gradativamente, de acordo com as atividades propostas no
decorrer do ano letivo. E para a professora Júlia, o processo de aquisição dessas
linguagens acontece “[...] de forma simples, verbalizando, mostrando, falando e,
também, com linguagem não formal, através dos desenhos, através da interação
da própria criança”. Nesse sentido, os RECNEI esclarecem que a ampliação da
capacidade de comunicação oral da criança ocorre gradativamente, por meio
de um processo de idas e vindas que envolve a participação dela nas conversas
cotidianas, em situações de escuta e canto de músicas, em brincadeiras, etc.
(BRASIL, 1998).
Quanto ao desenvolvimento da linguagem escrita, os Referenciais
discutem sobre a importância da vivência da criança no mundo letrado
desde os primeiros meses de vida. Por meio desse contato com a escrita, elas
descobrem os aspectos funcionais da comunicação escrita e desenvolvem
interesse e curiosidade por essa linguagem (BRASIL, 1998).
[...] O lúdico desperta o interesse da criança, porque ela vai aprender de forma
prazerosa, ela vai sentir prazer, vai querer participar e naquela participação
vai aprender não só a leitura com a escrita, mas a ter limite, vai desenvolver sua
habilidade [...] tem que ter planejamento, porque sem o planejamento, você não
consegue fazer nada [...] (Maria)
[...] o professor tem que se planejar, estar ativo, sempre atento com sua realidade
para poder ensinar com eficiência e desenvolver a competência e a habilidade de
cada criança [...] E nós sabemos que alfabetizar não é fácil, mas, com o lúdico, isso se
torna menos difícil [...] o brincar é a melhor forma de ensinar sem peso, com leveza,
com alegria, com descontração, estimulando para entrar no mundo sério, o lúdico é
essencial, é primordial, é um instrumento de letramento muito especial. (Julia)
Referências
BRANDÃO, A. C. P.; LEAL, T. F. Alfabetizar e letrar na Educação Infantil:
o que isso significa? In: BRANDÃO, A. C. P.; ROSA, E. C. S. (Org.). Ler e
Escrever na Educação Infantil: discutindo práticas pedagógicas. 2.ed. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2011. p. 13-31.
brincadeira; logo, não sabe como conviver com ela no seu trabalho pedagógico.”
Na formação do professor de Educação Infantil devem ser propostas atividades
que possibilitem o acadêmico um contato com algumas situações lúdicas, para
que, quando ele chegar na sala de aula, não seja uma surpresa, algo impossível
de acontecer e que nunca tenha visto ou experienciado tal situação em sua
prática. Desse modo, a atividade lúdica associada ao aprendizado deve ser de
forma planejada e estudada, para que não seja uma simples improvisação.
Para tanto, é necessário redefinir o papel da escola e do docente de forma que
ambos assumam essa contextualização.
A escola é um lugar que deve favorecer a criança, local onde ela goste de
estar e de aprender, de acordo com as situações que lhe são apresentadas, nas
mais diversas formas de interações. Por isso, se o professor consegue conciliar
o ser criança e os objetivos pedagógicos (conhecimentos), ele consegue fazer
com que a criança tenha uma nova visão sobre aquele espaço, evitando futuros
alunos que odeiam estudar, por acreditar que está tudo longe da realidade deles,
por ser uma atividade chata e monótona. Esse fato evidencia que o professor
faz muita diferença no processo de ensino e aprendizagem, cabendo a ele, a
capacidade de metodologias diferentes, as que fazem as crianças quererem
estar envolvidas em um ambiente educacional. Para termos futuros alunos
que gostem de estudar é necessário que a preocupação esteja voltada para as
metodologias desenvolvidas na Educação Infantil. De acordo com Paniagua
(2007a, p. 19):
É evidente que, na Educação Infantil, a brincadeira deve estar presente
na sala de aula e, de fato costuma estar: seria surpreendente encontrar
uma sala de aula infantil onde não houvesse brinquedos. No entanto,
não são todas as escolas que consideram a brincadeira com um
instrumento pedagógico legitimo.
como uma forma avaliativa de como ele apresentou tal metodologia, caso seja
preciso ser reorganizada e reelaborada para definir novas propostas pedagógicas
que atendam aos objetivos esperados.
No momento da elaboração e escolha do jogo, brinquedo ou brincadeira,
o docente está inserindo os seus desejos e suas hipóteses sobre o conceito de
infância e o brincar, eliminando alguns tipos de brinquedos ou brincadeiras
e inserido outros de forma consciente. Nesse aspecto, sua visão de infância
dependerá muito das experiências e do que viu em seu percurso da graduação
ou formação continuada. Logo, é importante o professor está sempre em
formação, para atualizar seus conhecimentos e sua prática, a fim de que não
seja tão retrógrada.
O professor não elabora o trabalho pedagógico na perspectiva lúdica
pensando nele. Pelo contrário, tudo deve ser pensado a partir das crianças,
com foco em seus interesses, necessidades, dificuldades e superações através
do brincar. O brincar e o aprender articulados trazem para o professor uma
nova forma de conhecer seus alunos, pois é o momento em que este sentirá
mais liberdade de expressar-se e movimentar-se. É também, o momento
em que o professor deve estar inteiramente atento para cada movimento e
atitude do aluno.
As brincadeiras propostas pelo professor devem estimular a imaginação,
o raciocínio, não é mais apenas uma brincadeira para passar tempo, agora
se trata de uma ação planejada, uma ação lúdica pedagógica. Por meio da
brincadeira, o professor terá um domínio maior sobre seu aluno, pois vai
conhecê-lo mais, como ele aprende, como se relaciona com seus colegas,
quais suas maiores necessidades e, até onde aquele aluno pode ir e superar. A
atividade lúdica traz um leque de condições de ação didática para o docente
que incorpora essa metodologia, desde que ele se dedique a buscar sempre
meios que possibilitem o envolvimento dos alunos em situações-problemas
e tornar-se o mediador para solução.
O brincar na Educação Infantil é um encanto para os alunos e uma
forma de atraí-los para determinados temas abordados, tornando-os mais
significativos, pois o aluno quer aprender, ele tem curiosidade para saber,
mas com métodos ultrapassados, não se sente estimulado a fazer parte de
contexto educacional. Diante disso, o professor está em constante disputa
com diversos meios eletrônicos e precisa cada vez mais atualizar-se diante de
novas metodologias de ensino que façam o aluno querer ficar na sala de aula.
É importante também salientar que, para desenvolver o lúdico na
Educação Infantil, os professores devem ter o apoio dos gestores da escola,
sob orientação da coordenação. Toda a ação é planejada com o grupo, o
Eu faço brincadeiras de roda, a gente faz algumas danças, a questão da contação que primeiro
eu conto com fantoches, eu também peço as crianças para recontar essa história. O objetivo
dessas atividades lúdicas ajudar a desenvolver essas capacidades, a desenvolver essa
aprendizagem nas crianças eu acho assim com a atividade lúdica, eles não aprendem só conteúdo,
aprendem outras coisas, eles aprendem a dividir, eles aprendem as regrinhas que a gente tem que
ter, não tentando querendo passar dos outros coleguinhas, passar o pé no coleguinha uma
maneira de falar, eu acredito que esse objetivo maior é ajudar a essas crianças a se
desenvolverem mais ainda tanto na aprendizagem deles desses conteúdos que a gente utiliza, faz
dentro da sala de aula como também nessa parte de tá trocando as experiências e as regrinha
obedecendo. (Entrevista - Professora Atena)
Como no nosso espaço não possui muitos brinquedos onde a gente possa desenvolver esse lado
lúdico, [...] se não for todos os dias, mas mudando sempre a maneira de receber, de acolher, de
fazer a leitura, de cantar as músicas para que se torne justamente como estou lhe falando, mais
interessante desenvolver melhor ou sentir que o espaço da escola é um espaço que a gente pode
aprender de uma forma diferente, de uma forma mais interessante, de uma forma mesmo aprender
brincando. (Entrevista - Professora Afrodite)
Nas atividades utilizo muito o alfabeto móvel, utilizo bastante, eu acho que quase diariamente
sempre quando tem uma atividade eu sempre proponho pra eles irem montando o nome das
figuras, das imagens ou então eu dito, também faço bingo, bingo de palavras, bingo de letras, tem
uma brincadeira que a gente faz que é pra eles saberem quantas sílabas tem uma palavra, [...]
também trabalho com as cartelas montando e desmontando palavras, tem também os jogos que é
do primeiro período do ano passado o projeto pessoinha que eu trouxe também pra sala que é
jogo de rima jogo de palavras, de troca palavras, de troca letras, [...] tem um que eu tô montando
agora [...] de caixa de fósforo, [...] pra eles montarem, abrir e montar as palavrinhas, tem aqueles
dados silábicos também, tem também o dominó que de um lado é a letrinha do outro lado é a
figura eles vão montado o alfabeto até chegar no z [...] e tem vários jogos que trabalho aqui na
sala, sempre com o objetivo de ler e de escrever e dos numerais que é o que a gente trabalha aqui
com a alfabetização. (Entrevista - Professora Hera)
Com certeza as inserimos as crianças nas atividades lúdicas, até porque se você não inclui todo
mundo, sempre aquele vai ser deixado de ladinho e vai acabar não ajudando o outro, então quanto
mais ele ficar no canto, ficar excluído do grupo ele não vai se conseguir se sentir bem de forma
alguma então a gente tenta incluir o máximo que puder eles. (Entrevista - Professora Atena)
Costumamos inserir as crianças nas atividades lúdicas. São voltadas para todas as crianças,
dentro de uma sala a gente possui as crianças que têm os seus próprios gostos, as suas próprias
limitações e têm suas próprias dificuldades, na turma a gente possui uma criança especial, uma
criança autista, ela brinca de acordo com o que ele compreende e também até onde acha que
aquela brincadeira seja interessante para ela e assim os outros também, mas todas as
brincadeiras são voltadas pra a turma por completo. (Entrevista - Professora Afrodite)
Procuro sempre envolver todas as crianças, sempre tem aquela, assim que resiste; sempre no
início tem criança que realmente não quer participar, mas a gente sempre incentiva, a gente não
força nenhuma criança a participar. A gente não fica forçando, mas ela fica ali observando e
observar também é uma maneira dela participar. (Entrevista - Professora Hera)
Com certeza. Eu tento ajudar eles primeiramente porque para explicar as regrinhas eu tenho que
explicar e está no meio deles, até porque eles são muito pequenos, então se deixar eles sozinhos
eles não vão conseguir brincar eles vão logo fazer uma bagunça, não vão conseguir seguir a
brincadeira. (Entrevista -Professora Atena)
Participo na medida do possível a gente participa orientando a questão dependendo do
movimento, a gente procura orientar e participar das atividades junto com eles. (Entrevista -
Professora Afrodite)
Sempre participo, sempre estou de olho mesmo quando é uma brincadeira livre, eu os deixo bem
livres às vezes, mas eu estou mediando as situações “olha não é assim”. [...] às vezes eu faço um
jogo eles não obedecem às regras, eles têm essa resistência, [...] no início é muito difícil a gente
adaptar eles a esse momento, mas no decorrer do ano agora que a gente já tá em junho todos já
estão adaptados a qualquer atividade que eu vá fazer, agora eles já sabem que tem que esperar e
já divido os meninos em grupos pra fazer atividades, mas eles já sabem que não podem ficar
gritando “tia, tia, terminei. tia...” não, eles já sabem que tem que esperar a professora ir lá olhar
por que se não vira bagunça, atrapalha o outro, [...] e toda vez que eu vou fazer uma atividade eu
converso bastante com eles, eu sempre imponho as regras desde o início, de esperar a sua vez, de
que não é daquela forma e cada vez mais as crianças estão muito ansiosas, eles não sabem
esperar, então, de certa forma, o jogo ajuda na disciplina deles porque eles vão compreendendo
tudo isso, [...]. (Entrevista - Professora Hera)
em vista que cada educador deve ter uma forma de agir em cada situação dos
jogos. Ainda mais, salienta-se que ao utilizar dos jogos na educação infantil, o
educador adquire de uma importante ferramenta para desenvolver o ensino
e, principalmente, a aprendizagem das crianças.
Pozas (2011, p.34) evidencia em seus estudos que o jogo na educação
infantil remetendo formas pelas quais o professor desenvolve uma aprendizagem
mais significativa e participativa em sala de aula, em que se transforma como
um instrumento indispensável para que a criança aprenda de maneira natural,
espontânea e lúdica, o que, consequentemente, trará mais resultados para o
processo de desenvolvimento cognitivo e motor de cada um.
Percebe-se, porém, que a criança obtém seus conhecimentos ao decorrer
do tempo, sendo que ela não entende o que é jogo por si próprio. A partir
disso, é preciso que a criança entenda o que é jogar e a compreensão se dá por
meio de um mediador que transmite as formas de como executar as atividades
segundo as regras estabelecidas pelo próprio jogo e suas particularidades. Essa
amplitude de conhecimentos acerca da temática em estudo, ainda pode ser
ressaltada por Kishimoto (2011, p.15) realçando que “[...] os jogos têm diversas
origens e culturas que são transmitidas pelos diferentes jogos e formas de
jogar. Este tem função de construir e desenvolver uma convivência entre as
crianças estabelecendo regras, critérios e sentidos [...]”.
Por esta visão contextual ao surgimento dos jogos no espaço da sala de aula,
afirma a necessidade de o educador manifestar a verdadeira relevância do jogo
na educação infantil, tendo em vista que os docentes não podem ver os jogos
como uma pura situação de distração, porque a educação infantil possibilita
um mundo de imaginação, sendo que é necessário que este momento do jogo
a criança possa absorve o máximo de informações e habilidades cognitivas.
A função principal dos jogos na rotina das salas de aula, segundo Kishimoto
(2011) remontam, sobretudo, para o seu caráter educativo, pelo qual, às crianças
podem constituir de aprendizagens individuais e coletivas, estabelecendo a
noção de igualdade, lealdade, partilha e colaboração, princípios importantes
e equivalentes para a trajetória de vida em sociedade. No âmbito da utilização
de jogos em sala de aula, ainda podem ensinar as regras que serão seguidas,
com seus princípios e fins atitudinais e temporais (espaço-tempo).
É perceptível que os jogos se fundamentam como ferramentas
indispensáveis para o desenvolvimento tanto cognitivo quanto social dos
indivíduos. Por meio disso, Oliveira (2000) ressalta que a criança através dos
jogos desenvolve a criatividade, autonomia, a interação, a imaginação, da
cooperação, do raciocínio e, principalmente, a memorização.
Por meio dos jogos, a criança ainda é capaz de tornar motivada a pensar e
recriar momentos de descontração a partir do que foi proposto pelo professor,
inicialmente. Essa autonomia surge quando às crianças sentem-se seguras
para manifestar seus interesses, gostos e aptidões, imprescindíveis para a
harmonia social.
Observa-se que o jogo só passa a ter significado educacional diante do
momento que possui um objetivo a ser atingido, sendo que mediante disto
o jogo fundamentará não como uma brincadeira, mas como uma atividade
que beneficiará com o processo de desenvolvimento intelectual das crianças.
Dessa maneira, nota-se que os jogos educativos permitem com que as crianças
possam ampliar suas habilidades de construção de ideias e imaginação, onde
a partir dos jogos, as crianças poderão estimular os seus desenvolvimentos
afetivo-social e cognitivo.
Nesse aspecto, é compreensível que os jogos possibilitam com que cada
criança ponha em práticas suas habilidades, seus conhecimentos e aprendam
de forma lúdica os conteúdos trabalhados em sala de aula. Sendo assim,
Almeida (2000, p. 22) destaca que os jogos se constituem como “o ato consiste
em uma atividade livre, conscientemente tomada como não séria e exterior à
vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira
intensa e total”.
Os jogos são elementos mediadores no processo da construção do
conhecimento educacional pretendem permitir maior interação, podendo
atingir resultados positivos na constituição do ensino/aprendizagem das
crianças, tendo em vista que o jogo possibilita construir o caráter expressivo
e lúdico, provocando associações aos conteúdos trabalhados em sala de aula.
A seção a seguir, tem por objetivo aproximar as discussões em torno dos
jogos na rotina da educação infantil com foco no processo de desenvolvimento
de crianças.
Os jogos no processo de desenvolvimento intelectual das crianças
Na educação infantil é bastante relevante destacar que as crianças
aprendem por meio da experiência com os objetos, sendo que as múltiplas
experiências, as situações de brincadeira, os elogios de tarefas realizadas e
até mesmo os castigos contribuem de forma singular no aprendizado das
crianças. Ainda mais, as crianças aprendem através de imitações, tendo em vista
que lembramos que elas repetem diversas coisas que os adultos no convívio
social fazem, assim percebemos que o conhecimento ocorre por meio da
aprendizagem compartilhada. Nesse sentido:
Por sua vez, para que possamos explanar os jogos sensórios motores que
são executados na educação infantil pode-se citar uns dos exemplos à música
como uns dos meios para incentivar à audição, como também, as minis bolas
para trabalhar o tato e as refeições para que possa desenvolver o paladar, além
disso, as brincadeiras com as bolas grandes para contribuir no desenvolvimento
físico-motor. Contudo, de acordo com Friedmann, a segunda forma é o:
Jogo Simbólico - Entre os dois e os seis anos a tendência lúdica
predominante se manifesta sob a forma de jogo simbólico. Nesta
categoria o jogo pode ser de ficção ou de imitação, tanta no que
diz respeito à transformação de objetos quanto ao desempenho de
papéis. A função de jogo simbólico consiste em assimilar a realidade.
É através do faz-de-conta que a criança realiza sonhos e fantasias,
revela conflitos interiores, medos e angústias, aliviando tensões e
frustrações. O jogo simbólico é também um meio de auto-expressão:
ao reproduzir os diferentes papéis (de pai, mãe, professor, aluno etc.),
a criança imita situações da vida real. Nele, aquele que brinca dá novos
significados aos objetos, às pessoas, às ações, aos fatos etc., inspirando-
se em semelhanças mais ou menos fiéis às representadas. Dentro
dessa categoria destacam-se os jogos de faz de conta, de papéis e de
representação (estas denominações variam de um autor para outro)
(FRIEDMANN, 1996, p. 56).
De acordo com Maluf (2003), as atividades lúdicas como é o caso dos jogos
devem ocupar um lugar especial na educação infantil, uma vez que, permite
com que desenvolva as habilidades psicomotoras e da criatividade de cada
criança, tendo em vista que é necessário que o professor possa organizar um
espaço adequado, oportunizando materiais eficazes para o processo lúdico
e, principalmente, desenvolver uma aula mais criativa, dinâmica, prazerosa
e participativa em sala de aula.
Dessa forma, educar constitui-se como uma maneira de oportunizar
as crianças a socialização, porque mediante do momento que o indivíduo é
inserido em uma instituição escolar, o mesmo passa a conviver com outros
sujeitos, isto é, todas as ações são executadas na maioria das vezes de forma
coletiva. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil (1998):
O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha
uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor
cabe trabalhar com conteúdo de naturezas diversas que abrangem desde
cuidados básicos essenciais até conhecimento específico provenientes
das diversas áreas do conhecimento (BRASIL, 1998, p. 39).
mais atrativa e divertida, mas, acima de tudo, possibilita com que a criança
entre em contato com o mundo da brincadeira, o que, consequentemente,
permite no desenvolvimento cognitivo, social e expressivo de cada criança.
Conforme com Oliveira (2010), o professor ao utilizar o lúdico em sala
de aula permite no desenvolvimento pleno de cada criança, oportunizando
na criatividade, na imaginação e, principalmente, provoca em novos desafios
e possibilidades para enfrentar seus limites, além de estimular na afetividade
e na emoção, tendo em vista que requer antes de tudo que o professor
conheça as individualidades, os sentimentos e a personalidade de cada criança,
contribuindo significativamente na construção da própria visão de mundo.
Os jogos fundamentam-se de grande importância na realização do
processo educacional, porque impulsiona uma aprendizagem tanto informal
quanto formal dentro ou fora da sala de aula, tendo em vista que os jogos
poderão expandir o processo de socialização da criatividade e, principalmente,
de entender o mundo, sendo que desde os primeiros anos de vida das crianças
os jogos e as brincadeiras tonam-se como mediadoras da relação com as coisas
do mundo.
Considerações finais
Através do que foi estudado, percebeu-se tanto na teoria quanto na prática
a importância dos jogos no processo de desenvolvimento da aprendizagem das
crianças na educação infantil, porque o próprio ato de brincar engloba fatores
extremamente relevantes para desenvolver de forma plena e integral a criança.
É nítido que o educador ao pôr em prática os jogos e estratégias lúdicas nas
atividades realizadas em sala de aula permitirá num maior desenvolvimento
das habilidades psicomotoras e físicas da criança, contribuindo para que haja
um desempenho educacional de qualidade e uma aprendizagem com maior
rapidez.
Pudemos notar que os jogos se constituem de fundamental importância
para a aprendizagem das crianças, sendo que a utilização desta prática lúdica
contribuirá no desenvolvimento afetivo, emocional, social, motor e cognitivo
das crianças. Por meio desta pesquisa, conseguimos alcançar nosso objetivo que
era analisar a importância dos jogos na educação infantil, a qual pudemos ver
o quanto que este recurso é relevante para o espaço escolar, que tem ajudado
bastante os professores na prática de ensino e na socialização dos conteúdos
em sala de aula.
Constatou-se ainda que, através do jogo, a criança consegue aprender
brincando, isto é, diante da brincadeira e jogo a criança desenvolve a linguagem,
desperta a atenção, desenvolve a percepção crítica, a criatividade, a imaginação,
a socialização e, principalmente a habilidade cognitiva. Vale mencionar que,
o uso dos jogos como recurso lúdico e suporte pedagógico requer antes de
tudo que o educador tenha objetivos claros para realiza-lo em sala de aula,
necessita que o docente traga o jogo com significado para as crianças e desperte
o interesse de cada uma.
Portanto, percebe-se que o ato de brincar é inerente ao desenvolvimento
da criança e para que haja uma execução com qualidade, é preciso, antes de
mais nada, que os professores conheçam a percepção das atividades lúdicas, que
permita trazer o jogo como uma ferramenta que ressignifique o conhecimento
e a construção da autonomia de cada criança. Desse modo, é preciso que o
professor planeje situações que envolvam os jogos lúdicos, mas, sobretudo,
construa cenários e espaços para que se realize as atividades lúdicas para as
crianças, além de estar ciente das habilidades que poderão ser desenvolvidas
ao decorrer da brincadeira. Enfim, o educador durante as situações lúdicas
deverá possibilitar que as crianças tenham liberdade de expressão para ir e
vir na realização dos jogos lúdicos, de maneira a ajuda-los a desenvolver sua
identidade e autonomia.
Referências
ALMEIDA, P.N. Educação Lúdica. São Paulo: Loyola, 2000.
RECONHECENDO AS DIFERENÇAS E
CONSTRUINDO MINHA IDENTIDADE: ARTE E
CULTURA INDÍGENAS
Talita Delfino
DOI: 10.29327/570352.1-10
Introdução
O presente artigo relata um projeto desenvolvido em parceria com uma
das professoras regentes de uma turma de infantil II (5 anos) no ano de 2017. Na
época atuava como professora do atendimento educacional especializado na
escola municipal de educação infantil e era o segundo ano que trabalhávamos
colaborativamente acompanhando uma criança com Síndrome de Down, A1.
Na rede municipal de São Paulo algumas escolas de educação infantil possuem
salas de recursos multifuncionais2, nas quais atuam professoras do atendimento
educacional especializado visando a superação de barreiras de modo a garantir
o acesso e permanência de todos os estudantes com deficiência.
A ideia do projeto surgiu da observação do interesse da turma por artes
plásticas, da obrigatoriedade do ensino da história e cultura indígenas e afro-
brasileira na escola (BRASIL, 2008) e da construção da identidade positiva
das crianças.
De acordo com o dicionário Michaelis (2017) identidade é a “série de
características próprias de uma pessoa ou coisa por meio das quais podemos
distingui-las”. Assim, a construção da identidade se dá por meio das interações da
criança com o seu meio social, reconhecendo e identificando suas características
como nome, data de nascimento, sexo, preferências/gostos, filiação, entre outras.
Na educação Infantil, universo social diferente da família, ocorre o
favorecimento de novas interações. A partir das relações estabelecidas nos
grupos em que a criança convive ocorre a ampliação dos conhecimentos a
respeito de si e dos outros, acolhendo as particularidades de cada indivíduo
e construindo sua autoimagem. Também é neste ambiente que construímos
parte dos valores que levamos para a vida, sendo fundamental o convívio,
exemplo e situações do cotidiano que trarão aprendizagens significativas que
participam do processo de constituição do sujeito.
Munanga (2012) afirma que
1 Para preservar a identidade, todos os momentos em que me referir a esta criança utilizarei A.
2 Decreto nº 57.379 de 13 de outubro de 2016, regulamentado pela Portaria nº 8.764 de 23 de
dezembro de 2016 (SÃO PAULO, 2016).
Talita Delfino
139
Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
vínculos afetivos e de troca com adultos e seus pares fortalecendo sua autoestima
e ampliando suas possibilidades de comunicação e interação social; estimular
o respeito às diversas culturas e ao próximo.
Para isso, iniciamos o trabalho com a proposta de um desenho livre com
urucum, contextualizando após a exploração da semente seu uso e relação com
a cultura indígena, a partir da fala de uma criança que havia visitado uma aldeia
indígena poucos meses antes. A escuta nos permitiu projetar caminhos outros
para o que tinha como ponto de partida atividades de exploração sensorial e
artística, algo que várias crianças apreciavam, inclusive o A.
Utilizamos diversas estratégias, as quais buscamos as diferentes linguagens3
das crianças, priorizando diferentes canais sensoriais. Trabalhamos com
histórias e contos indígenas provenientes de diferentes fontes, todas de escritores
indígenas; brincadeiras musicadas; vídeos sobre a arte e grafismo indígena;
confecção de maracá com garrafa pet e colar colorido para a apresentação
de uma dança de roda guarani na festa da cultura, a qual foi escolhida pela
turma; apresentação de artistas indígenas brasileiros bem como de suas obras;
confecção de peteca com palha de milho; recorte, colagem, pintura, dobradura,
escultura com argila e massa de modelar, dentre outras.
A avaliação foi realizada ao longo do processo, levando-se em consideração,
as atividades desenvolvidas, a interação das crianças e o desenvolvimento
quanto aos objetivos propostos. Para os registros e acompanhamento das
crianças foram utilizados múltiplos registros, realizados pela professora
ou pelas crianças (fotografias, relatórios, desenhos, álbuns, gravações etc.) e
observação das atividades e interação no cotidiano.
A cada dia observávamos o envolvimento cada vez maior das crianças,
suas conversas entre colegas da turma e em momentos de interação com outras
turmas, nos quais compartilhavam o que estavam construindo de saberes
juntos. Conforme conheciam os contos notamos o interesse de um grupo
de crianças em reproduzir por meio do desenho, outros pediam o livro para
fazer releitura da imagem referente ao conto, algo que foi gradativamente
aumentando até o ponto de mais da metade da turma pedir papel e pegar os
materiais para desenho no armário após a leitura coletiva.
Outro grupo começou a reproduzir objetos ou personagens dos contos
quando estavam manipulando a massa de modelar. Tentamos fazer a reprodução
com a argila, mas não tínhamos forno para realizar a cura do material, o que
não permitiu que conservássemos suas produções além do registro fotográfico.
3 De acordo com Malaguzzi (2015), as crianças possuem mais de cem linguagens pelas quais
compreende o mundo e se expressa. E a partir deste conceito que pensamos ao realizar a
projetação deste trabalho.
Talita Delfino
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Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
Talita Delfino
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Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
Talita Delfino
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Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
Talita Delfino
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Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: discutindo experiências
AS DIFICULDADES DO PROFISSIONAL
PEDAGOGO DO SEXO MASCULINO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Wellington Fabiano Gonçalves Oliveira
Deyvis dos Santos Costa de Castro
DOI: 10.29327/570352.1-11
Introdução
Ao longo da história da humanidade as sociedades sempre trataram
de definir as práticas laborais de acordo com o gênero do indivíduo, muitas
vezes levando em consideração os fatores biológicos (altura, porte físico por
exemplo) e em algumas situações conceitos que em geral atravessaram a
evolução histórica de algumas profissões e ainda hoje encontram-se atrelados
a elas.
Assim, a mulher teve um papel definido dentro da sociedade, seja como
mãe, dona de casa e, segundo esses critérios, apta ao exercício de trabalhos
mais leves ou ditos “femininos”. Ao homem cabia um trabalho que lhe
exigisse mais força física, considerado que a ele coube o papel de provedor e,
consequentemente aquele que traz o alimento de fora para dentro de casa e
essa função ainda hoje é bastante presente para algumas sociedades orientais
e no imaginário de muitos membros das sociedades ocidentais.
Hoje, essas discussões em gênero envolvendo o papel de desempenhar
determinadas funções ainda estão bem presentes, como é o caso da docência,
considerando que há certo desconforto quando um homem se propõe a
profissionalizar-se em área que é tida como eminentemente feminina como o
caso da pedagogia, pois muitas pessoas julgam essa área ser predominantemente
de desempenho da mulher e esse “incômodo” acaba por promover um discurso
sexista padronizando um trabalho exclusivo para a mulher, por julgá-la ser o
único indivíduo propício ao trabalho com crianças. O presente estudo tem como
objetivo investigar as dificuldades encontradas por professor do sexo masculino
na Educação Infantil e os objetivos específicos são: discutir a evolução histórica
da formação profissional do pedagogo; descrever as principais atribuições do
profissional pedagogo na atualidade e analisar as principais dificuldades do
profissional pedagogo do sexo masculino na educação infantil.
A metodologia utilizada para a construção desse artigo é bibliográfica
e exploratória de natureza qualiquantitativa, pois para construir esse estudo
foi necessário fazer uma densa pesquisa de material bibliográfico, além de
ir a campo em busca de material para validar as informações apresentadas
os Jesuítas tiveram outra importante missão como pedagogos nas novas terras,
que era o de educar os filhos das famílias mais abastadas do século XVII e
XVIII. Essas famílias, eram compostas pelos novos ricos, ou seja, a burguesia
local que estava em ascensão, além de educar para as letras se era educado
segundo os propósitos da doutrina cristã.
Tal foi, em suas grandes linhas, a pedagogia jesuítica. Cumpre reconhecer
que, independentemente de sua função de defesa e propaganda
religiosa, correspondeu muito exatamente às necessidades de uma
época. Atribui-se, igualmente, à educação jesuítica papel importante
na formação do espírito revolucionário, levado a considerar o homem
abstrato e a legislar para a humanidade (RENÉ, 1976, p. 51).
De acordo com René (1976) torna claro que o pedagogo sempre exerceu
um importante papel de transformação dentro das sociedades, pois eles são
os alicerces para a constituição e disseminação do saber. A citação acima
mostra com clareza que os jesuítas foram os primeiros pedagogos no território
brasileiro e que exerceram esse papel até a data de sua expulsão (RENÉ, 1976).
No final do século XVIII houveram muitas transformações nas estruturas sócio-
políticas do país que implicou inclusive diretamente no âmbito da educação.
Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, surgiu também a necessidade
da fundação de escolas e consequentemente da formação de profissionais
que viessem a desempenhar o papel de pedagogo, foi então que começaram
a ser fundados os centros acadêmicos destinados aos membros mais abastados
(ARANHA, 2012).Atualmente, a educação engloba a aplicação de métodos de
ensino, que tem como objetivo assegurar a formação e o desenvolvimento
pessoal e profissional de determinado indivíduo, além disso é um meio
fundamental para que os hábitos, costumes, comportamentos e valores sejam
transferidos. Nesse sentido, a Educação pedagógica é uma atividade que se
manifesta de diversas formas e que seu sistema de ações e operações exercem
influências na formação de convicções para o desenvolvimento humano do
ser social e do ser individual (PADILHA, 2011).De acordo com Libâneo (1999,
p.25) conceitua três tipos de educação:
[...] o campo educativo é bastante vasto porque a educação ocorre na
família, na rua, no trabalho, nas fábricas, na política, nos meios de
comunicação. Com isso cumpre distinguir diferentes manifestações
e modalidades de prática educativa tais como a educação informal,
formal e não- formal.
mulher traz em si uma espécie de “instinto materno” o que fomenta uma visão
sedimentada e sexista da mulher em relação ao mercado de trabalho, além de
desacreditar o trabalho e as capacidades de profissionais do sexo masculino
em relação ao desempenho de tal função (FERREIRA; OLIVEIRA, 2019).
Diante desses dados a próxima questão foi: Quais foram os maiores desafios
que você enfrentou no que diz respeito a seu trabalho enquanto profissional
do sexo masculino em uma área tida como exclusivamente feminina? Esse
questionamento tem como objetivo principal discutir os divisores de água que
motivaram e/ou fortaleceram o profissional no desempenho de suas funções.
e tanto os pais quanto a comunidade escolar como um todo sua atuação seja
por opção ou escolha causa grande estranheza e por vezes até rejeição.
Para Ferreira e Oliveira:
Muitas são as barreiras da aceitação do pedagogo homem na educação
infantil. A inserção desses docentes homens nas unidades escolares
tem ampliado um debate em relação às salas de aula regidas pelo
pedagogo homem, lecionando para as crianças pequenas. Quebrar
paradigmas e tabus no que diz respeito à presença do homem na
educação infantil é de fundamental importância, mesmo que, em
alguns casos, essa presença reforce o preconceito e a discriminação
por parte da sociedade, e coloca em questionamento a masculinidade
do professor homem. (FERREIRA; OLIVEIRA 2019, P.311).
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E OS
DESAFIOS NO PROCESSO DE FORMAÇÃO
CONTINUADA E EM SERVIÇO:
VOZES DAS COORDENADORAS
Maria do Carmo Meireles de Deus
Patrícia C. Albieri Almeida
DOI: 10.29327/570352.1-12
Introdução
A coordenação pedagógica tem sido objeto de estudo e discussão seja
no que diz respeito à gestão e organização do trabalho pedagógico na escola,
seja no que concerne à formação dos professores, fato que tem colaborado
com a produção de conhecimento na área, fomentando a elaboração de várias
abordagens acerca do papel e atuação do coordenador pedagógico (CP) na
escola.
O trabalho do CP tem assumido lugar de destaque no suporte aos
professores para o aprimoramento das práticas pedagógicas permitindo ao
professor, como bem destaca Franco (2008), compartilhar suas inseguranças,
diminuindo as tensões e abrindo espaços para a busca de alternativas,
capacitando-o a administrar situações conflitantes que sempre aparecerão
em sua carreira. Como bem destaca a autora, é “a partir delas, e para responder
a suas demandas, que coordenadores e professores discutem, analisam e
planejam” (FRANCO, 2008, p.35).
Nessa perspectiva, comporta colocar em evidência a discussão sobre a
atuação do coordenador pedagógico no processo de formação continuada
de professoras de Educação Infantil. O trabalho docente dirigido à educação
infantil exige um olhar atento tanto da professora como do CP no sentido de
planejar experiências educativas, estabelecendo uma relação entre o que se
propõe para as crianças e o que elas vivenciam no seu cotidiano.
A educação infantil é uma etapa de ensino que exige profissionais cada vez
mais bem formados para lidar com as especificidades das crianças atendidas
nessa faixa etária (GOMES, 2009). Nesse sentido, o CP deve se apresentar como
um profissional corresponsável pela aprendizagem e desenvolvimento das
crianças e aquele que proporciona a formação continuada para seu grupo de
docentes. Nessa direção, objetiva-se colaborar para essa discussão e pretende-
se fazê-la tendo como objeto os desafios enfrentados por coordenadoras
pedagógicas no processo de formação continuada e em serviço de professoras
da educação infantil.
Pegando o gancho do texto para responder essa pergunta, a profissional pega a tinta
e vai fazer bonito, vai alegrar. Essa é a ferramenta que nós podemos colocar nas mãos
da professora de educação infantil: a tinta é a ferramenta que você dá na mão dela
e ela tem que querer fazer coisas grandes e maravilhosas com aquela tinta que você
deu, como falou lá no início do texto de introdução. (Dália)
A compreensão que emerge dos relatos é que ser uma CP formadora não
é uma tarefa trivial. As CP deparam-se com muitos entraves para garantir
e aperfeiçoar essa competência formativa. No entendimento de Placco et.al
(2011), os fatores impeditivos são vários, como: condições relativas às questões
formativas, conjunturais e estruturais. Outro aspecto evidenciado por Dália foi
o desafio da CP quanto às profissionais que têm dificuldades no desempenho
de sua função em sala de aula e que, na maioria das vezes, têm desempenho
mediano e ela precisa proporcionar momentos que permitam resolver essas
necessidades formativas. Sobre essa questão, diz:
Falando sobre a questão técnica é realmente onde a gente tem bastante dificuldade
mesmo. Porque lidamos com profissionais, mas a palavra precária seria ofensiva,
mas trabalhamos com as profissionais que talvez não tenham dado muito certo ou
aquelas que não acreditamos que dariam certo e às vezes colocamos na educação
infantil então, é muito complicado. (Dália)
Como foi enfatizado pela CP Dália, não se pode generalizar, mas também,
não se pode fechar os olhos para essa realidade que é percebida em algumas
unidades quanto à qualidade pedagógica de algumas profissionais. Nesse
sentido, convém salientar que muitas professoras não se constituíram como
sujeitos da sua formação e ainda não compreendem que também “[...] é na
escola e no diálogo com os outros professores que se aprende a profissão”
(NÓVOA, 2009, p. 19).
Conforme a fala das CP, é possível perceber que valorizam as formações,
vivenciam momentos em que conseguiram articular a teoria com a prática e
percebem como um momento enriquecedor. Advogamos que o exercício de
aliar esses dois componentes – teoria e prática – é de fundamental importância
para o desenvolvimento profissional e pessoal. Nessa perspectiva compreensiva,
passamos a análise dos dados evidenciados pelas CP, ao responderem sobre
a importância da formação continuada para as professoras:
Eu vejo de uma forma muito enriquecedora não só para educação infantil, mas
para todos os segmentos, mas de modo especial para a educação infantil eu acho de
extrema importância a professora estar sempre aprendendo, não só a professora, mas
também nós que participamos desse processo, acho que quando você quer ser uma boa
profissional você não pode ficar estacionada. (Tulipa)
[...] vejo a formação continuada quando ela é bem pensada quando ela é eficaz
quando ela traz esse retorno para que a professora produza. Não acho legal quando
ela é cansativa, maçante e ela é unilateral, ou seja, quando ela vem só de nós, não é
produtivo. (Dália)
Para mim seria o processo principal na formação para uma boa educadora, é ela
saber o porquê e para que ela está desenvolvendo as suas atividades. Então, se eu
pudesse começar em outro local de trabalho seria a partir disso, a partir do porquê de
todas as coisas. Gosto muito dessa questão da fundamentação para desenvolvimento
bom trabalho. (Dália)
Na formação tem esse objetivo, eu acho que a gente vai muito mais longe e a gente
colhe frutos mais saborosos. (Tulipa)
Considerações finais
A intenção de refletir, com um grupo de CP, acerca dos desafios vivenciados
nos processos de formação continuada de professoras que atuam na educação
infantil, teve origem no pressuposto de que a coordenação pedagógica é uma
função dinâmica e importante, na medida em que articula tudo o que diz
respeito à prática pedagógica e a comunidade escolar.
É esperado que a CP atue como formadora, articuladora e mediadora no
desenvolvimento de propostas pedagógicas imprescindíveis para a constituição
de identidade das instituições educativas da educação infantil, bem como para
a construção de sua qualidade. Na verdade, a CP nesse contexto é fundamental,
uma vez que sua função promoverá e impulsionará o trabalho pedagógico
(PLACCO, et.al 2012).
Para enfrentar tamanho desafio, a CP precisa também formar-se, atualizar-
se continuamente, a fim de ajudar na formação das professoras de crianças
pequenas. Consubstanciadas nessa proposição, acreditamos que a formação
continuada, nesse sentido, ainda proporciona à professora a valorização
da reflexão e da coletividade que a encaminha para o desenvolvimento de
competências. Essas competências se configuram como conhecimentos, ações
e atitudes necessárias ao exercício da profissão, assumidas em suas dimensões
humana, ética, cultural, social, técnica e política, e inseridas em um processo
permanente de construção, desconstrução e reconstrução da prática pedagógica.
Nessa perspectiva, trabalha-se para que o docente se torne protagonista e autor
da sua história de vida pessoal e profissional.
Esta pesquisa também corrobora o que a literatura tem destacado: que as
atribuições da CP são incontáveis, quase impossíveis de serem delimitadas, e
esse é outro grande desafio a ser superado todos os dias. Para minimizar o peso
que as CP sentem, por não conseguirem atender adequadamente as demandas
formativas das professoras, é importante que ele seja visto “[...] como um dos
responsáveis (e não o único), na escola, pela formação de professores, pela
articulação das práticas pedagógicas e pela transformação e melhoria dessas
práticas” (PLACCO; ALMEIDA, 2012, p. 39).
Nesse sentido, é possível acrescentar, mediante os dados analisados sobre
os desafios da atuação que as interlocutoras foram unânimes em afirmar que um
dos maiores desafios é a falta do profissional habilitado e com as competências
para trabalhar, tendo, inclusive, perfil adequado ao trabalho com crianças
pequenas. Para reparar as dificuldades advindas dessas professoras, é necessário
o acompanhamento diário das práticas pela CP. É nessa perspectiva, que os
motor da criança, por meio desses elementos, o professor tem dados importantes
para o planejamento de suas atividades motoras e assim ampliar o repertório
motor da criança.
Em Teresina a escassez de professores de Educação Física no Ensino
Infantil é uma realidade em grande parte das escolas. Lima Júnior (2017)
ressalta que a educação física é crucial na rotina da Educação Infantil, pois é
por intermédio dela que a criança identifica seu próprio corpo e fraquezas,
dispondo de múltiplas práticas motora, favorecendo para o aumento de
seu repertório motor e propiciando um preparo para variadas situações no
transcorrer da vida.
Berleze, Haffner e Valentine (2007) evidenciam que o desenvolvimento
motor não resulta somente da maturação motora da criança, e que é de suma
importância o incentivo no ambiente escolar para que se possa integrar o
desenvolvimento motor completo da criança. Essa fase é importante que a
escola, por meio das aulas de educação física, contribua de forma direta para
a aquisição das habilidades motoras da criança.
Considerando que muitos fatores podem provocar um déficit no
desenvolvimento motor do indivíduo, este estudo objetivou avaliar o perfil
motor das crianças da Educação Infantil em escolas privadas de Teresina/PI.
Materiais e Métodos
Caracterização da Pesquisa
Este é um trabalho do tipo transversal e com abordagem quantitativa,
que busca descrever os fenômenos e verificar estatisticamente uma hipótese
a partir da coleta de dados concretos e quantificáveis.
O presente estudo foi realizado no ano de 2019, em escolas da zona sul
da cidade de Teresina-PI. A seleção da amostra foi feita por conveniência em
duas escolas privadas, sendo esta composta por 40 crianças (20 em cada escola)
com idade entre 4 a 5 anos do infantil 1 e 2 de ambos os gêneros.
A seleção dos participantes foi realizada de forma não probabilística, por
conveniência. Para participar da pesquisa os indivíduos atenderam aos seguintes
critérios: a assinatura dos pais no termo de consentimento livre e esclarecido;
tempo de escolaridade do infantil 1 e 2; ter entre 04 e 05 anos. Os critérios
de exclusão de participação foram: estar ausente no dia da coleta, a criança
apresentar algum tipo de recusa ao teste; responsável deixar de responder ao
questionário; ter algum tipo de deficiência comprovada.
Tabela 1 – Classificação do perfil motor (PM) dos escolares pesquisados nas duas escolas
privadas. Teresina-PI, 2019.
Classificação EDM n %
Normal alto 06 15
Normal médio 24 60
Normal baixo 08 20
Inferior 01 2,5
Muito inferior 01 2,5
Total 40 100
Tabela 2 - Associação do perfil motor quanto à escola privada avaliada. Teresina, 2019.
Privada
com
0 0 0 0 02 10,0 05 25,0 13 65,0 20 100,0
PEF¹
Figura 1. Correlação entre idade cronológica e idade motora das crianças avaliadas em
ambas as escolas privadas. Teresina, 2019.
70
65
Idade Cronologica
60
55
50
40 50 60 70 80
Idade Motora
SOBRE AS ORGANIZADORAS
E O(A)S AUTORE(A)S
Ana Paula da Silva
Graduada em Pedagogia pela UESPI. Professora da Educação Básica.
Talita Delfino
Mestranda em educação pela Universidade de São Paulo (USP). Possui MBA
em gestão escolar pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (2019),
especialização em educação inclusiva/deficiência múltipla pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie (2015), Bacharel e Licenciada plena em Ciências Biológicas
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2012). Atualmente é coordenadora
pedagógica na Prefeitura Municipal de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos e
Pesquisas Diferenças, deficiências e desigualdades - intersecções no campo da educação
(3D) e do Grupo de Pesquisa sobre Governo, Ética e Subjetividade (GES). Principais
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