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ZELIR NEZI
Vice-Prefeito Municipal de Indaial
JAIRO GEBIEN
Secretário Municipal de Educação
COORDENAÇÃO GERAL PEDAGÓGICA
Marineusa da Cunha de Sá
CONSULTORIA PEDAGÓGICA
Julice Dias
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Célio Antonio Sardagna
DIAGRAMAÇÃO
Silvia Trentini Machado
APRESENTAÇÃO
Jairo Gebien
Secretário Municipal de Educação
1 PARTE I - APORTES CONCEITUAIS E METODOLÓGICOS...................................................................... 7
1.1 A INFÂNCIA E SUA EDUCAÇÃO ........................................................................................................................ 7
1.3 A ROTINA DIÁRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ELEMENTOS ESTRUTURANTES PARA O PLANEJAMENTO .... 12
2.4.2 Materiais para encher e esvaziar, a serem explorados na área de experiências com areia e água ..... 37
2.4.3 Materiais para exploração do jogo simbólico, a serem explorados na área da casa, da cidade ........... 38
2.4.5 Materiais para transformar e pintar, a serem explorados na área de artes ............................. 40
2.4.7 Materiais para área de sonoridade, a serem explorados na área de artes ............................... 41
2.4.9 Materiais específicos para exploração das mídias e redes sociais ............................................ 42
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 48
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Entre o final do século XIX e início do século XX, o Brasil conheceu várias teorias
acerca da educação e de cuidados com a criança pequena, em espaços coletivos de
Educação Infantil, orientadas por concepções pedagógicas derivadas da Psicologia, da
Filosofia, da Pedagogia, dentre outras áreas do conhecimento. Sob influência dos modelos
pedagógicos advindos dos referenciais escolanovistas, nomeadamente os de Friedrich
Froebel, Maria Montessori, John Dewey, dentre tantos outros que se poderiam citar, foram
criados princípios, métodos, regras e legislações que fundamentaram a criação de políticas
públicas, cujos marcos sustentam o trabalho pedagógico, em instituições como a creche e
a pré-escola, até os dias de hoje.
Nesse sentido, pode-se dizer que esses referenciais, assim como os debates
públicos, políticos, econômicos, culturais, religiosos e educacionais contemporâneos a
respeito da infância e sua educação têm ajudado a compreender o mundo das crianças e
seus modos de aprender, conviver e brincar.
Durante muito tempo, sob a tutela de discursos que consideravam a infância apenas
como uma fase da vida, as crianças foram compreendidas como seres imaturos, providos
ou não de capacidades inatas, habilidades naturais dadas pela idade, portanto, com
características universais. Tais concepções sustentaram a ideia de que as crianças
carregam em si a falta, ou seja, são menos capazes que os adultos. Tal crença gera
contradições e ambiguidades no ambiente educativo-pedagógico, pois pode gerar, entre
professor/a e criança, relações de mando e subordinação.
Sarmento (2007), tomando como referência o pensamento de James, Jenks e Prout
(1998), discute que
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Neste documento assumimos com o Outro, no acolhimento às suas diferenças e sua diversidade. (LÉVINAS,
2009)
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Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), critérios de qualidade para atendimento em creche que respeite
os direitos fundamentais das crianças (1995/2009); Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996);
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (2009); Base Nacional Comum Curricular (2017).
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que estruture brincadeiras, experiências com materiais variados; que crie aproximação
com a literatura e desenvolva variadas interações com as pessoas, em diferentes contextos
(BRASIL, 2017, p. 37).
Embora a criança seja a centralidade do planejamento, ambos os documentos
destacam o papel fundamental do/a professor/a na Unidade Educativa. Cabe a ele/a
selecionar os brinquedos e materiais, organizar o espaço e arranjar os ambientes, planejar
os conceitos, campos de experiência e objetivos de aprendizagem. O/a professor/a precisa
também observar, registrar e documentar sistematicamente as ações das crianças,
avaliando o que elas dizem, fazem, pensam, brincam, constroem. É o/a professor/a que se
torna o/a agente mais experiente para, em regime de co-construção, planificar a rotina,
que, na Educação Infantil, se torna a unidade referencial do planejamento.
O papel do/a professor/a no apoio à aprendizagem da criança exige estudo periódico,
assumir-se, portanto, na condição de professor/a pesquisador/a. Aquele/a que reúne teoria
e prática no dia-a-dia educativo, que busca permanentemente fundamentação na
legislação, nos documentos oficiais, no Projeto Político Pedagógico da Unidade Educativa.
Algumas recomendações:
a) os materiais precisam estar em bom estado;
b) é necessária quantidade suficiente de materiais e equipamentos que
atendam à necessidade das crianças;
c) os materiais e brinquedos precisam estar acessíveis às crianças e os
espaços têm de estar organizados para atender à especificidade de cada
faixa etária;
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1. Aprendizagem pela ação: é por meio da aprendizagem ativa, na e pela experiência, que a
criança constrói conhecimento que lhe permite compreender o mundo que a cerca. É sendo
desafiadas a explorar, resolver problemas, gerar estratégias de ação que as crianças vão
formando bases conceituais, tais como espaço, tempo, número, quantidade, texto,
corporeidade, natureza, dentre outras. Tal princípio atende ao que preconizam as DCNsEI
(2009), quando recomendam que a garantia de que as experiências vividas pelas crianças
“[...] incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a
indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e
à natureza” (BRASIL, 2009).
2. Interação adulto-criança: os adultos são tão ativos quanto as crianças, no dia-a-dia
educativo. Eles devem respeitar as escolhas, a iniciativa, a independência e a criatividade
das crianças. Precisam fornecer materiais e planejar experiências em que as crianças
sejam desafiadas a pensar, construir hipóteses, comunicarem-se usando diferentes
linguagens. É primordial que o adulto planeje os variados estilos de interação – no grande
e pequeno grupo, individualmente, com idades diferentes, em duplas, em trios, no
ambiente interno e externo, com elementos da natureza, com as diferentes linguagens.
3. Ambiente de aprendizagem: na esteira de uma aprendizagem ativa e de um adulto
apoiante, os espaços e os materiais são cuidadosamente escolhidos e organizados para
promover a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. O ambiente de aprendizagem
de toda a Unidade Educativa precisa ser acolhedor, seguro, oferecer materiais suficientes
para todas as crianças, permitir que elas escolham, encontrem, usem e devolvam os
materiais de modo independente, encorajando-as a diferentes tipos de brincadeiras e
experiências, permitindo que se locomovam com facilidade pela sala referência e pelos
ambientes externos.
4. Tempos das interações: visando quebrar a lógica mecanicista do relógio na estruturação
das rotinas diárias, bem como a dicotomia entre “atividade livre”/“dirigida”,
“rotina”/”atividades rotineiras”, no município de Indaial, recomenda-se que a rotina seja
planejada pelos tempos das interações, quais sejam:
a) o tempo de planejamento: em que adultos e crianças organizam e dão visibilidade
à rotina diária. Aqui é exposto e combinado todo o fluxo interativo do dia/turno.
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As Unidades Educativas podem optar pela organização de ateliês na forma de oficinas ou pequenos laboratórios.
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CE101 Perceber que suas ações têm efeitos nas outras crianças e nos adultos.
ginação
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educação, voltados para o trabalho pedagógico com crianças de pouca idade, ampliando
seu repertório de conhecimentos. Demanda, por assim dizer, intencionalidade pedagógica,
materializada de maneira sistemática e orgânica em registros sistemáticos variados que
consigam retratar o cotidiano vivido, dando visibilidade para:
• conceitos explorados;
• objetivos e direitos de aprendizagem;
• propostas realizadas;
• espaços e ambientes em que foram desenvolvidas;
• materiais, equipamentos e brinquedos utilizados;
• tipo de interação (interação em grande ou pequeno grupo, interação com diferentes
idades, interação individual com o adulto, em duplas ou trios);
• brincadeiras (auto-organizadas pelas crianças, com a participação do adulto,
planejadas pelo adulto);
• linguagens exploradas (plástica, musical, motora, oral, gráfica, dentre outras...);
• diferentes temporalidades vividas pelo grupo e por cada criança, envolvendo o
conjunto da rotina, inclusive, as atividades rotineiras.
Nos registros e também nos documentos avaliativos que forem enviados às famílias
e crianças, é necessário que constem, sobretudo, os elementos curriculares em sua
totalidade, nomeadamente, os objetivos, campos de experiência e conceitos fundamentais
que foram explorados, tais como expressos neste documento.
Tais ambientes não podem ser fixos por longos períodos de tempo. Eles
circunscrevem-se, como já dito, em torno dos interesses, objetivos e necessidades
específicas, e têm duas funções centrais: atender a programações curriculares e promover
as interações, a brincadeira e o contato com as diferentes linguagens. Por isso, precisam
ser reorganizados ou modificados de acordo com o fluxo das aprendizagens e experiências
vividas pelo grupo. Desse modo, os cantos temáticos e as áreas de interesse são elementos
curriculares vivos, passíveis de planejamento, execução, avaliação e replanejamento. Da
mesma maneira, eles não podem ser modelares para toda uma Rede, e sim
contextualizados em cada grupo e em cada Unidade Educativa.
Como elementos curriculares, os ambientes precisam ser planejados diariamente
na estrutura da rotina. Não podem ter rigidez de horários para sua ocupação nem
engessamento nas escolhas das crianças. Muito importante haver equilíbrio entre o tempo
de pequenos e grandes grupos, bem como de interação individual e coletiva, entre
coetâneos e idades diferentes.
Particularmente, quando se acredita numa Pedagogia da Infância (ROCHA, 1999),
muito necessário se faz prestar atenção no que as crianças em contexto dizem, fazem,
brincam, descobrem: no contexto da sala referência, no contexto dos agrupamentos, no
contexto das brincadeiras. Tudo isso reflete na pedagogia dos espaços e materiais, na
medida em que as materialidades e organização dos ambientes criam identidades e
sentimentos de pertença. Tão importante quanto prestar atenção nas crianças e suas
interações em contexto é atentar para os objetivos e direitos de aprendizagem, assim como
também para os campos de experiência e conceitos a explorar, pois a organização da sala-
referência, dos espaços internos e externos e a escolha dos materiais informa sempre a
concepção curricular que se tem.
Com relação aos espaços externos, este documento destaca que o parque, embora
localizado em área livre, representa um ambiente que pode e deve transformar-se em
oportunidade para interações planejadas em torno de objetivos que envolvem as diferentes
linguagens, as experiências com elementos da natureza, as investigações e construções
relacionadas aos projetos, além de potencializar a brincadeira auto-organizada pelas
crianças e também aquelas planejadas pelos adultos. Desse modo, o parque não configura
um espaço e uma atividade rotineira. Por isso, não deve, na estrutura da rotina, ocupar
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tempos rígidos e fixos. Nem tampouco tem de ser organizado com os mesmos brinquedos.
Destaca-se que, no parque, é necessário, além dos brinquedos clássicos, haver
equipamentos para balançar, escorregar, trepar, rodopiar; construir brinquedos, materiais
e equipamentos que permitam escalar, escavar, pular, subir, descer, rolar, percorrer
circuitos, túneis, esconderijos, cabanas, pontes, cavernas, dentre outros.
Na Educação Infantil da Rede Municipal de Educação de Indaial, acredita-se que uma
série de materialidades é necessária para que se possa efetivar o currículo aqui proposto,
tais como:
2.4.2 Materiais para encher e esvaziar, a serem explorados na área de experiências com
areia e água
• frascos diversos;
• colheres e pás;
• caminhões (de todas as espécies e tamanhos);
• peneiras;
• funis;
• xícaras e copos variados;
• jarras;
• regadores;
• mangueiras;
• piscinas plásticas;
• caixa de areia;
• caixa d’ água;
• cestos e vasilhames;
• baldes;
• elementos da natureza como pedras, gravetos, conchas, tocos de madeira, dentre
outros.
2.4.3 Materiais para exploração do jogo simbólico, a serem explorados na área da casa, da
cidade
• carros e caminhões;
• trens, aviões, helicópteros, barcos;
• placas com sinais de trânsito;
• figuras humanas (de todas as etnias, continentes, em suas múltiplas variações);
• mobílias e todos os apetrechos para uma casa;
• animais de madeira, plástico, pano e borracha;
• fotografias de diferentes lugares e paisagens;
• bonecas e bonecos;
• mobiliário para bonecas;
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• copos e latas;
• frutas e legumes de plástico;
• vassoura, cestos de lixo;
• relógios de parede;
• computadores.
• tintas diversas;
• cavaletes;
• frascos e potes diversos;
• pincéis diversos;
• jornal;
• esponjas;
• toalhas de papel;
• aventais;
• escova de dentes;
• tecidos diversos;
• lanternas.
• argila;
• rolos de massa, utensílios para cortar massa;
• massa de modelar (industrializada e artesanal);
• panos, feltros;
• gesso fino;
• penas;
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• botões;
• palha;
• embalagem de ovos, caixas de sapato, copos;
• arame;
• bobinas;
• molas;
• madeira;
• lantejoulas;
• sacos de papel;
• paus e quadros;
• almofadas;
• revistas e catálogos.
• toca-discos;
• discos;
• gravador;
• microfone;
• sinos,
• triângulos;
• pandeiros;
• tambores e outros instrumentos.
• receitas variadas;
• cadernos de escrever e desenhar;
• tablets, smartphones e notebooks;
• lousa digital;
• textos produzidos por professores, familiares e crianças;
• fichas de organização e visibilidade da rotina;
• máquina escrever, retroprojetor, datashow, mimeógrafo, lupas, microscópio,
globo terrestre, mapas, esqueleto, bandeiras, telescópio.
devem ser mapeadas com a identificação da autoria das crianças e dos adultos
e ficar visível na sala referência);
Avaliação (mostra como o grupo vai avaliar se o projeto deu conta dos objetivos
propostos e se respondeu às hipóteses levantadas).
REFERÊNCIAS
BARBOSA, M. C. S. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. ArtMed, 2006.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular Educação Infantil – BNCC
Versão Final. Brasília, DF, 2017.
VINCENT, G., LAHIRE, B., THIN, D. Sobre a história e a teoria da forma escolar. Educação em
Revista, Belo Horizonte, n. 33, jun./2001.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins
Fontes, 1996.