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Itaocara
2012
FABIANNA MOLIN PACHECO
Itaocara
2012
FABIANNA MOLIN PACHECO
Avaliado por:
__________________________________
Segundo(a) leitor(a)
Itaocara
2012
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, que recebi o dom mais precioso do mundo: a vida. Mas
vocês me deram muito mais: me revestiram de amor, carinho, cultivaram
na minha infância todos os valores que me transformaram numa mulher
responsável e consciente. A vocês, minha eterna gratidão...
EPÍGRAFE
Rubem Alves.
RESUMO
Introdução 09
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1. O aspecto legal da Educação de Jovens e Adultos
14
2. Programas para a EJA
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3. A formação do professor da EJA
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3.1. Alfabetização da EJA na perspectiva do letramento
3.2. Analisando experiências, confrontando políticas 25
educacionais
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Considerações Finais
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Referências Bibliográficas
9
Introdução
cidadãos reflexivos, críticos, que tivessem noção de seus direitos e que o saber
aprendido tivesse aplicabilidade nas situações diárias.
Busco pautar este trabalho em estudos sobre os desafios e caminhos
possíveis para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos da EJA e,
para isso, torna-se imperativo analisar as políticas educacionais e a formação
do professor voltado para a alfabetização dessa clientela. Para tanto, no item 1
apresentaremos o aspecto legal da Educação de Jovens e Adultos; no item 2
faremos uma reflexão acerca dos atuais programas governamentais para EJA,
(Programa Brasil Alfabetizado e Projeto Autonomia).
No item 3 será abordado a formação do professor da EJA e optamos por
inserir dois subitens: 3.1 no qual exporemos a alfabetização da EJA na
perspectiva do letramento e no 3.2 analisaremos relatos e experiências
advindas do Programa Brasil Alfabetizado e do Projeto Autonomia. Por fim, no
item 4, serão apresentadas as considerações finais deste trabalho.
Com esse artigo, vimos que a Constituição Federal, lei esta que
sanciona a educação como um direito de todos, não se aplica à realidade, pois
hoje muitos ainda estão excluídos de um direito de cidadão, pois os níveis do
analfabetismo ainda são caóticos. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) em seu Censo 2010 apontou que 13.933.173 pessoas não sabem
ler ou escrever, sendo que 39,2% desse contingente são idosos, estatística
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esta que revela uma grande discrepância entre a lei e a realidade. Com isso,
podemos constatar que a erradicação do analfabetismo está longe de se tornar
uma realidade.
O inciso I do art. 214 reforça o disposto no inciso I do art. 208 em que o
Ensino Fundamental é assegurado a todos, inclusive aos que não tiveram
acesso na idade própria, ou seja, aos adultos que não puderam estudar
quando crianças.
Outro documento importante a ser considerado é a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394 de dezembro de 1996. No
que se refere à Educação de Jovens e Adultos (EJA), a LDB estabelece que "O
dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a
garantia de ensino, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não
tiveram acesso em idade própria" (Artigo 4 o). No artigo 37, refere-se à
educação de jovens e adultos determinando que: "A educação de jovens e
adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de
estudos no ensino fundamental e médio na idade própria". Já no inciso I, deixa
clara a intenção de assegurar educação gratuita e de qualidade a esse
segmento da população, respeitando a diversidade que nele se apresenta.
Romão & Gadotti (2002), ao refletir criticamente sobre a LDB nº
9.394/96, afirma que a lei não inclui o conhecimento popular no currículo das
instituições onde ministram educação ao segmento da EJA. A omissão a esses
saberes marca o descaso notório à educação de jovens e adultos, pela qual se
demonstra o não reconhecimento por parte do ensino formal os saberes
populares, saberes estes adquiridos na relação do sujeito com o mundo, se
tornando saberes práticos e necessários à sobrevivência desses indivíduos.
Outro documento que garante legalidade à EJA é a Declaração de
Hamburgo/Agenda para o Futuro, oriundo da Conferência realizada na
Alemanha em julho de 1997, promovida pela UNESCO, onde representantes
de 170 países assumiram responsabilidade em relação ao direito de todos os
indivíduos terem o direito à aprendizagem durante toda a vida, tanto pelo meio
formal quanto pelo informal.
A Declaração de Hamburgo confere:
14
Vóvio & Bicas (2005) nos alertam para uma visão fundamental sobre a
formação do professor da EJA:
Marinho, e são cursos que auxiliam bastante a prática pedagógica, além disso
existem orientadoras pedagógicas que fazem visitas quinzenais, atendendo
também nossas dúvidas por telefone e e-mail.”
Podemos observar então que o Projeto Autonomia em relação ao
suporte didático, capacitação do professor e orientação pedagógica, possui
uma estrutura melhor que o Programa Brasil Alfabetizado. Esse é um fator
muito positivo porque o professor possui suportes que enriquecem suas aulas,
tendo um apoio que facilita e auxilia o desenvolvimento da potencialidade dos
alunos, além de contribuir para melhoria da qualidade de ensino oferecida.
Durante a primeira etapa do Programa Brasil Alfabetizado, vivi uma série
de incertezas, não sabia como dentro de 7 meses ensinar adultos que não
dominavam a leitura nem a escrita do próprio nome. E com o tempo fui
percebendo que o primeiro trabalho a ser feito seria elevar a autoestima dos
alunos, porque eles próprios não acreditavam que a aprendizagem seria
possível. As atividades, nessa primeira etapa, foram retiradas de livros de
alfabetização infantil, eram mecanicistas e sem sentido para os alunos.
Somente depois de um tempo, quando comecei a refletir sobre minha prática,
sendo despertada essencialmente pelo curso de Licenciatura em Pedagogia
que estava iniciando, pude perceber vários desacertos. Busquei a pesquisar na
internet atividades endereçadas ao público de jovens e adultos, pesquisando
sobre as concepções e metodologias de ensino de Paulo Freire. Assim, pude
rever minha prática.
Na última etapa do Programa Brasil Alfabetizado, minhas concepções
sobre o ensino foram sendo solidificadas, passei a ver essa modalidade de
ensino com características específicas necessárias à prática de ensino-
aprendizagem. Em minha turma ainda tinham alguns alunos que estavam
matriculados desde a primeira etapa e também alguns mais recentes. Consegui
realizar, apesar do curto tempo que eram destinados a cada etapa, um trabalho
com uma atitude reflexiva e crítica perante as dificuldades e necessidades da
turma.
A professora, em seu relato, disse que um aspecto negativo do Projeto
Autonomia é que os conteúdos são em grande número para pouco tempo, visto
que o projeto está dividido em quatro módulos e com período total de dois
28
anos. Este aspecto é comum aos dois programas porque o tempo é muito
pouco para se trabalhar tudo o que seria necessário, e com isso o professor
tem de acelerar a matéria, tendo um tempo menor para explicação da mesma.
Isso leva ao fato de que a aprendizagem nestes programas geralmente, por ser
mais acelerada, se torna inferior ao ensino regular.
O Programa Brasil Alfabetizado não oferece um vínculo empregatício,
sendo apenas um serviço voluntário com uma ajuda de custo simbólica, a
maioria dos alfabetizadores que procuram esse programa são profissionais
sem formação específica para área de Educação, ou que estão desatualizados
e não conseguem outro suporte financeiro melhor. No fim da terceira etapa, tive
de entregar meu posto, por ter conseguido um trabalho que não dava para
conciliar. Com isso, me senti muito frustrada por não ter dado continuidade em
um trabalho que já estava apresentando resultados positivos e, principalmente,
os alunos mais uma vez foram abandonados, pois não consegui ninguém para
continuar meu trabalho, devido ao fato de que o alfabetizador é o responsável
por montar a turma.
Já no Projeto Autonomia, os professores que atuam já são professores
da rede Estadual de Educação, e se tiverem que sair da turma, o Colégio, ou o
próprio Projeto se responsabiliza em treinar outro professor. Esse aspecto é
positivo, pois os alunos não terão seus estudos interrompidos como no
Programa Brasil Alfabetizado.
Muitos são os desafios enfrentados na alfabetização de jovens e adultos.
O professor, que tem a responsabilidade de construir uma aprendizagem
significativa, sendo reflexivo no seu fazer pedagógico, recriando alternativas
pedagógicas adequadas a partir da observação e conhecimento de cada um
dos alfabetizandos, sem perder a observação do conjunto e promovendo
sempre ações interativas, estabelecendo vínculos de confiança e uma prática
cooperativa e solidária, tornando um processo de mão dupla de constante
ensino/aprendizagem. E também para o alfabetizando, que possui uma
experiência de vida, que o excluiu muitas vezes de seus direitos, sem nem
mesmo saber que eles existiam. Contudo, a cidadania não nos é dada, ela é
construída e conquistada e temos que fomentar essa conquista com a prática
da alfabetização.
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4. Considerações Finais
Referências
ARROYO, Miguel. Ciclos do desenvolvimento humano e formação de
professores. Educação & Sociedade, Campinas, v. 20, n. 68, p. 143-162,
dez.1999.
BARCELOS, Valdo. Formação de professores para educação de jovens e
adultos. 5. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
BARTH, Hidalgo. A formação de alfabetizadores no Programa Brasil
Alfabetizado na cidade de Curitiba. Disponível em:
http://www.rinace.net/arts/vol5num2e/art15_htm. htm#1. 06/08/08. Acesso em:
11/06/2012
BATISTA, Antonio Augusto Gomes et al. Capacidades Linguísticas da
Alfabetização e a Avaliação. Brasília: MEC. Secretaria de Educação Básica.
Secretaria de Educação a Distância. Universidade Federal de Minas Gerais,
2006. 100p. (Coleção: pró-letramento. Fascículo 01).
BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica.
Parecer nº 11/2000, de 10 de maio de 2000. Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação de Jovens e Adultos. 2000.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado, 1988.
BRASIL. MEC. Diretrizes para uma política nacional de Educação de
Jovens e Adultos. Brasília, MEC/SEF, 1994. (Série Cadernos de Educação
Básica.)
BRASIL. LEI n.º 9394, de 20.12.96. Estabelece as diretrizes e bases da
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