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APROVADA EM ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
__________________________
ORIENTADOR
__________________________
PROFESSOR
__________________________
PROFESSOR
Dedico esse trabalho àqueles educadores
que, mesmo passando por percalços,
buscam a constante reflexão para a
melhoria de suas práticas educacionais.
AGRADECIMENTOS
RESUMO .................................................................................................................................... 9
ABSTRACT .............................................................................................................................. 10
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 11
CAPÍTULO I – OS PILARES DA EDUCAÇÃO ....................................................................... 14
1.1 APRENDER A CONHECER ....................................................................... 15
1.2 APRENDER A FAZER................................................................................ 17
1.3 APRENDER A CONVIVER ......................................................................... 18
1.4 APRENDER A SER .................................................................................... 20
CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO SOCIOEMOCIONAL E SUAS PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................... 23
2.1 EDUCAÇÃO SOCIOEMOCIONAL ............................................................. 24
2.2 PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS .. 26
2.3 A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO SOCIOEMOCIONAL NA
APRENDIZAGEM ................................................................................................. 29
CAPÍTULO III – A UTILIZAÇÃO DA COMPETÊNCIA SOCIOEMOCIONAL EM SALA DE
AULA ........................................................................................................................................ 32
3.1 ANÁLISE DE RESULTADOS ..................................................................... 33
CAPÍTULO IV – PROPOSTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA EDUCAÇÃO
SOCIOEMOCIONAL ................................................................................................................ 44
4.1 REFLEXÃO PARA O DESENVOVIMENTO DA CONSCIÊNCIA
EMOCIONAL ........................................................................................................ 45
4.2 PRÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA SOCIAL 48
4.3 O USO DE PROJETOS .............................................................................. 51
4.3.1 EXEMPLOS DE PROJETOS SOCIOEMOCIONAIS ........................................ 52
CONCLUSÃO........................................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 58
RESUMO
9
ABSTRACT
10
INTRODUÇÃO
11
Anita Abed, consultora da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação e Cultura), em palestra durante o encontro da Série Diálogos – O Futuro
se Aprende, realizado em setembro de 2014, fala sobre a questão socioemocional
na educação quando diz que:
1
Lei nº 9394/96
12
O primeiro capítulo discorre sobre os “Pilares da Educação”, compreendendo
quais são e como se relacionam com a aprendizagem;
No segundo capítulo analisa-se o conceito de educação socioemocional e a
influência do desenvolvimento dessas competências para a aprendizagem,
verificando as habilidades desenvolvidas nos discentes, bem como as vantagens
obtidas na realização de trabalhos plenos e que tenham como foco a conjunção dos
processos cognitivos e emocionais;
No capítulo 3, realiza-se uma análise dos resultados obtidos através de
questionários, pretendendo compreender o alcance da competência socioemocional
nas Instituições de Ensino e verificando sua aplicabilidade, com base nas pesquisas,
observações e opiniões dos educadores;
No quarto e último capítulo discorre-se sobre a viabilidade da educação
emocional em sala de aula, considerando sua utilização em todas as disciplinas
curriculares e propondo uma reflexão que sirva como base para o seu
desenvolvimento nas instituições de ensino.
13
CAPÍTULO I – OS PILARES DA EDUCAÇÃO
14
1.1 APRENDER A CONHECER
15
dedução e memória, podendo-se definir como um processo de “Aprender a
Aprender”.
O pensamento acima apresentado vem de encontro com as teorias de
Libâneo (1997), quando diz que um dos objetivos da educação é:
2
Disponível no site: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/8/2613
16
1.2 APRENDER A FAZER
17
Dentro dessa aprendizagem é imprescindível que o educador tenha em mente
as diversas maneiras de aprender, considerando as diferenças entre os educandos
e as múltiplas ferramentas que podem vir a utilizar em seus pensamentos e práticas
cotidianas, como ressalta Emília Ferreiro (1985): “por trás da mão que pega o lápis,
dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa”.
18
Delors (2012) diz que:
19
interage de maneira autônoma no mundo, construindo seus conhecimentos a partir
das interações que realiza individualmente e em grupo. A convivência com outras
pessoas e com o meio é capaz de transformar o ser humano, e ao mesmo tempo,
cada ser humano é capaz de interferir e transformar outros seres humanos e o meio
em que se inserem.
Para estimular a aprendizagem da convivência, o relatório da UNESCO
propõe que, na educação, seja reforçada a descoberta de si mesmo e do outro, por
meio da prática da confraternização e do desenvolvimento de projetos que
necessitem de colaboração mútua; elucidando o respeito, a fraternidade, a
interdependência, a convivência saudável, a empatia, e o prazer do trabalho em
equipe.
Segundo Delors (2012):
20
tipo de aprendizagem liga-se diretamente às outras três anteriormente
apresentadas.
Para que o aluno desenvolva sua potencialidade, é necessário que as escolas
não negligenciem nenhuma das capacidades de cada indivíduo, considerando cada
elemento como importante. A memória e o raciocínio devem ter o mesmo peso que
o sentido estético, as capacidades físicas, emocionais e a aptidão para comunicar-
se.
A aprendizagem do “ser” vem de encontro com a teoria da afetividade
defendida por Wallon (1986). Segundo o autor: “as emoções tem um papel
predominante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno
exterioriza seus desejos e suas vontades”.
Assim, ao estimular esse tipo de aprendizagem, o professor auxilia o aluno no
aperfeiçoamento de suas relações, na medida em que desenvolve a capacidade de
compreensão de seus próprios sentimentos e sua expressividade.
Rossini (2001) fala da importância de compreender os sentimentos, para o
crescimento pessoal e social do indivíduo quando diz que: “Quando o ser humano
não está bem afetivamente, toda a sua ação como ser social é comprometida
independente da idade, sexo, ou da cultura”.
Delors (2012) nos fala sobre a importância de aprender a ser quando diz que:
21
ciência do século passado, mas considerar o desenvolvimento integral dos
indivíduos e suas peculiaridades.
Infelizmente, não é isso que ocorre na educação brasileira. Apesar de
diversas pesquisas demonstrarem a importância das habilidades emocionais, as
instituições ainda privilegiam o acesso ao conhecimento, desconsiderando a
inteligência emocional no ensino.
Sendo assim, no momento em que os sistemas educacionais pararem de
privilegiar o acesso ao conhecimento e passarem a conceber a educação como um
todo será possível realizar uma reforma educativa, por meio da elaboração de
programas e projetos, que desenvolvam as múltiplas aprendizagens, e da definição
de novas políticas pedagógicas.
Pensando na necessidade de se trabalhar as diversas maneiras de aprender
apresentadas até o presente momento, entendendo o ser humano como ser
complexo e que deve ser desenvolvido e estimulado integralmente em sua evolução,
e considerando a negligência cometida pelas instituições de ensino quanto à
aprendizagem socioemocional (aprender a conviver e aprender a ser), o próximo
capítulo visa analisar profundamente o conceito de educação socioemocional e suas
principais características, compreendendo sua influência na aprendizagem.
22
CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO SOCIOEMOCIONAL E SUAS
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
23
2.1 EDUCAÇÃO SOCIOEMOCIONAL
24
equívoco, visto que os sentimentos são fundamentais para que o aluno identifique-
se com a aprendizagem.
Cesar Coll (1996), em relação aos diversos meios de aprendizagem, diz que:
25
Ao aproximar o ambiente escolar da educação socioemocional, cria-se
espaço para o desenvolvimento mais complexo dos estudantes, o que irá impactar
em toda a sua vida.
26
armazenar, transformar e utilizar o conhecimento, envolvendo processos como o
raciocínio, a atenção e a memória, na função de solucionar problemas cotidianos.
Contudo, a habilidade de se relacionar, argumentar, conhecer e explorar o
mundo, e a capacidade de solucionar problemas individuais e coletivos, presentes
nas indagações da educação socioemocional, também são habilidades cognitivas de
extrema importância.
As habilidades supracitadas são estimuladas por uma educação integral,
com foco em todas as habilidades e competências que possam ser desenvolvidas
pelos indivíduos.
Dentro da psicopedagogia, encontramos diversas pesquisas que discorrem
sobre a importância da integralização entre o cognitivo, o social e o emocional,
mostrando que a junção de todos os processos abarca a complexidade do
desenvolvimento dos sujeitos dentro dos processos de ensino-aprendizagem.
Fernandez (1990) questiona a divisão dos conhecimentos e o privilegio cedido aos
processos cognitivos, quando diz que:
Abreu (1996) indaga sobre a relação entre o pensar e o sentir quando diz
que:
27
Entre as diversas competências e habilidades desenvolvidas quando se
pensa em educação socioemocional, pode-se citar como as principais:
28
Todos os processos metacognitivos ajudam o indivíduo a inteirar-se
de seus próprios conhecimentos, uma vez que lhe possibilita chegar à
transcendência e ao significado da aprendizagem. Ao mesmo tempo,
é importante que o indivíduo entenda também a necessidade de
controlar suas emoções perante as diversas situações que enfrenta
no dia a dia. (MEIER & GARCIA, 2007, p. 148)
29
A visão do autor condiz com o ideal de outros pesquisadores da área, que
comprovam que a relação de ensino-aprendizagem é mais efetiva quando o aluno é
respeitado em suas limitações, diferenças e de acordo com suas motivações e
sentimentos.
A educação socioemocional, para além do desenvolvimento de relações
cognitivas importantes para o saber, desenvolve a capacidade humana do indivíduo,
a partir do momento que estimula a capacidade de compreender-se e relacionar-se
consigo mesmo e com os outros.
Contudo, para que a educação socioemocional seja realmente aplicada
dentro das instituições, é necessário que os educadores compreendam tal conceito
e percebam que não é preciso a aplicação de atividades ou conteúdos
programáticos específicos, mas sim uma mudança de pensamento e atitude.
Para Carl Rogers (1980) “os educadores precisam compreender que ajudar
as pessoas a se tornarem pessoas, é muito mais importante do que ajuda-las a
tornarem-se matemáticas, poliglotas ou coisa que o valha”.
A escola, para além de ensinar os conteúdos, auxiliaria os indivíduos a
tornarem-se mais humanos, na medida em que estimularia a aquisição de
competências sociais e emocionais necessárias para o crescimento integral.
A aprendizagem dessa maneira tornar-se-ia mais significativa, a partir do
momento em que os alunos passassem a compreender a importância dos conteúdos
aprendidos para suas vivências e experiências, e começassem a relacionar esses
conteúdos como algo importante para seu crescimento pessoal.
Fernandez (2001) fala sobre a significação da aprendizagem quando diz
que:
30
sua vez está diretamente relacionado à motivação e autoestima, ou
seja, aos aspectos emocionais essenciais à aprendizagem. (GARCIA,
2013, p. 34)
31
CAPÍTULO III – A UTILIZAÇÃO DA COMPETÊNCIA
SOCIOEMOCIONAL EM SALA DE AULA
32
3.1 ANÁLISE DE RESULTADOS
80%
70%
escola 1
60%
escola 2
50%
escola 3
40%
escola 4
30%
escola 5
20%
10%
0%
compreendem bem compreendem desconhecem o assunto
parcialmente
33
O compilado acima demonstra um dado alarmante. Das cinco escolas
pesquisadas, apenas uma apresenta um grau considerável de profissionais que já
estudaram ou compreendem o que é a educação socioemocional. A maior parte dos
profissionais que responderam as pesquisas declarou não ter total conhecimento do
assunto e/ou que precisariam estudar mais para entendê-lo. Desses educadores,
apenas 30% demonstraram real interesse em aprofundar-se sobre o tema. Tal
relação demonstra possível ineficácia nos cursos de formação de professores e até
mesmo nas gestões das instituições quando o tema relaciona-se à educação
socioemocional.
60%
50%
40% Escola 1
Escola 2
30%
Escola 3
Escola 4
20%
Escola 5
10%
0%
Sim Não Parcialmente Não souberam opnar
34
socioemocional. Dos professores que compreendem sobre o tema, poucos
defendem suas instituições no que diz respeito ao desenvolvimento integral pautado
na emoção, capacidade de conviver em sociedade e cognitivo. A maior parte dos
professores considera que suas instituições tem foco maior no cognitivo, por meio da
explanação de componentes curriculares.
Durante a observação das instituições foi possível constatar que a análise dos
profissionais tem fundamento, visto que na prática, nenhuma das instituições
pesquisadas parece priorizar realmente o ensino integral, enfatizando o ensino de
algumas disciplinas em detrimento à outras, e considerando mais os resultados de
provas e testes à real aprendizagem dos discentes.
35
70%
60%
50%
Escola 1
40%
Escola 2
30% Escola 3
Escola 4
20% Escola 5
10%
0%
Sim Não Não responderam ou não
souberam opinar
36
d. Você acredita que haveria mudanças nas instituições caso todos os
professores desenvolvessem as habilidades e competências
socioemocionais?
O objetivo desse questionamento é compreender a visão dos educadores
quanto às mudanças positivas que poderiam ocorrer com a aplicação da educação
socioemocional nas instituições de ensino.
Partindo dos depoimentos dos entrevistados, elaborou-se o gráfico abaixo
apresentado e a análise subsequente.
80%
70%
60%
50% Escola 1
Escola 2
40%
Escola 3
30%
Escola 4
20% Escola 5
10%
0%
Sim Não Parcialmente Não souberam ou
não opnaram
37
educadores afirmou que “esse tipo de coisa deveria ser aprendida em casa”3
(professor (a) fundamental II – Geografia). Outro disse ainda que: “A escola só
deveria reforçar esses ensinamentos, não pensar nisso, afinal, já temos muito
conteúdo para ser trabalhado em tão pouco tempo”. (professor (a) fundamental I).
As falas desses professores são preocupantes, principalmente ao se
considerar que o educador deve refletir sobre suas práticas e métodos de ensino, de
acordo com as necessidades de cada indivíduo pertencente à comunidade escolar.
Dessa maneira, seu dever, sua didática, não deve limitar-se apenas à transmissão
de conteúdos ou práticas tecnicistas, mas auxiliar seus aprendizes no
desenvolvimento de sua identidade e autonomia, por meio de práticas que
estimulem a ética, a compreensão e a comunicação, tornando-os assim, cidadãos
críticos e capazes de relacionarem-se consigo mesmos e com o mundo que os
rodeiam, como ressalta Friedrich Froebel (1826) ao descrever o real significado dos
processos educativos, dizendo que a educação “implica tanto a evolução individual
quanto a universal”.
3
O nome e a escola do educador citado foram preservados de acordo com os princípios éticos apresentados
pela pesquisa.
38
Analisando o gráfico acima é possível perceber que em sua maioria os
profissionais da educação, apesar de muitas vezes não compreenderem ou não
aplicarem a educação socioemocional como foco de seu trabalho didático-
pedagógico, acredita que o estímulo às habilidades e competências advindas dessa
aprendizagem é capaz de influenciar positivamente aos alunos.
Por meio do estudo das respostas dadas pelos educadores foi possível
verificar ainda que a educação socioemocional contribuiria para que os discentes
aprendessem a lidar com suas frustrações e sucessos, aumentando sua autoestima
e melhorando sua relação com os outros indivíduos, tornando-os mais seguros; na
medida em que aprendem a debater ideia e a lidar com suas emoções e com a dos
outros colegas, de maneira empática.
39
60%
50%
40%
Escola 1
Escola 2
30%
Escola 3
20% Escola 4
Escola 5
10%
0%
Sim Sim mas não Não Não Souberam ou
conscientemente não opinaram
40
g. Houve diferença no processo de aprendizagem dos alunos?
O principal objetivo dessa questão foi verificar o processo reflexivo dos
profissionais entrevistados, percebendo a maneira como eles desenvolvem, ou não,
o conteúdo programático dentro de um modelo de educação socioemocional e
integral.
A análise a baixo, além do gráfico apresentará algumas citações de
profissionais que participaram da pesquisa. Por questão de ética e seguindo os
princípios pré-determinados na pesquisa de campo, manter-se-á em sigilo o nome
dos educadores e suas instituições de ensino, sendo colocada em pauta apenas a
disciplina em que lecionam.
90%
80%
70%
60%
Escola 1
50%
Escola 2
40% Escola 3
30% Escola 4
Escola 5
20%
10%
0%
Sim Não Não souberam ou não
opnaram
41
Segundo professor (a) X, atuante no ensino fundamental I:
Uma criança que sabe lidar com seus problemas e dificuldades; sabe
se expressar melhor e falar com clareza suas dificuldades, facilitando
para o professor também a forma de olhar para aquela criança. É
preciso lembrar que somos seres humanos, com sentimentos
contraditórios e falhas em nossos olhares para com os demais. E
isso, todas as pessoas deveriam aprender, e nós como professores
deveríamos compreender e tentar ensinar. (Professor (a) de dança,
em questionário aplicado durante pesquisa de campo).
42
A fala de ambos os profissionais citados, demonstra certa inquietação
referente à formação integral do indivíduo, preocupação essa que deveria estar
presente em todas as instituições e profissionais do ensino, dessa maneira, seria
possível construir um sistema de ensino pautado na educação para a identidade,
que considera a sociedade como um todo e as necessidades individuais e coletivas,
viabilizando a construção de um conhecimento coletivo e multiplicador.
Pensando nessa questão, considerando a dificuldade apresentada por
diversos profissionais na área de compreender e aplicar a educação pautada no
conhecimento emocional e social e a partir de experiências próprias e da
observação de outros profissionais que desenvolvem diariamente atividades que
objetivam a aquisição de habilidades e competências cognitivas, sociais e
emocionais; o próximo capítulo apresenta algumas reflexões, que podem ser
utilizadas como base, em todas as disciplinas; para formulação de atividades e
conteúdos que possam estimular o crescimento socioemocional e,
consequentemente, cognitivo de seus alunos, promovendo o autoconhecimento e o
discernimento a respeito dos outros indivíduos que compõem a comunidade em que
se inserem.
43
CAPÍTULO IV – PROPOSTAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE
UMA EDUCAÇÃO SOCIOEMOCIONAL
44
4.1 REFLEXÃO PARA O DESENVOVIMENTO DA CONSCIÊNCIA
EMOCIONAL
45
Por esse motivo, é complicado para os profissionais compreenderem que “a
educação emocional é um processo contínuo de aprendizagem ao longo da vida,
podendo ser encarada como uma forma de prevenção, visto que previne ou
minimiza a vulnerabilidade face a contextos diversos” (ALZINA, 2000).
O que os educadores precisam entender é que a educação emocional não
deve ser vista como uma disciplina curricular a ser estudada, mas deve estar
presente em todas as aulas em todas as disciplinas, em todos os momentos.
A educação emocional refere-se muito mais a maneira como os alunos
aprendem a partir das relações e das reflexões de si mesmo e dos outros do que o
desenvolvimento de um conteúdo específico.
Então, como desenvolver a educação emocional? Que atividade desenvolver
para estimular o conhecimento? Em que disciplinas curriculares podemos ressaltar a
importância das emoções?
Pois as respostas são mais simples do que a grande parte dos profissionais
da educação acredita. Não é necessário o desenvolvimento de um conteúdo
específico para a educação emocional. Ao contrário, o ideal é que se desenvolvam
atitudes e pensamentos que estimulem os alunos a repensarem suas emoções e
sentimentos a partir das experiências tidas em sala de aula.
Contudo, para que isso realmente se torne viável, é necessário que os
professores estejam abertos também a receber as críticas de seus alunos, pois por
meio da reflexão da classe em conjunto, poderá nortear seu trabalho para uma
melhoria.
A partir da relação de confiança depositada na fala do aluno, ele passa a
desenvolver sua autoestima e autoconfiança e, aos poucos, tornar-se-á um indivíduo
mais crítico e aceitar suas falhas, aprendendo a lidar com elas e resolver suas
problemáticas.
Levando isso em conta, fica mais simples desenvolver a educação emocional
de maneira mais consciente. As atividades podem ser realizadas em conjunto com
toda a comunidade, por meio de projetos ou mesmo no cotidiano da sala de aula,
basta uma mudança de postura dos educadores e gestores, um novo olhar para as
emoções e para os indivíduos que educam para que se desenvolvam as
competências e habilidades emocionais.
46
Antes de iniciar o trabalho com a educação sentimental é necessário que o
educador compreenda quais os objetivos que deve ter em mente para pensar nas
atividades. Para Alzina (2000) os objetivos gerais da formação emocional são:
47
Em ciência, é possível realizar a observação do mundo ao redor através de
contatos sinestésicos e da reflexão sobre essas sensações.
Perguntar o porquê dos alunos identificarem-se ou não com algo ou por que
acreditam que tais sensações tenham se manifestado, comparar as sensações para
demonstrar as diversas reações a um mesmo assunto, estimular a expressividade, o
respeito mútuo, o ouvir e o falar, a aceitação de críticas construtivas e o aprender a
criticar, são atividades simples e que podem ser inseridas no cotidiano de qualquer
uma das disciplinas curriculares; basta que se tenha um pouco de boa vontade e
uma visão reflexiva da prática pedagógica.
48
trabalhadas de maneira e a “juventude se cale e aceite o mundo como ele é”, o que
iria contra o ideal da educação social.
Para que os educadores aprendam a lidar com a consciência social, devem
compreender a importância do conceito na aprendizagem, entenderem quem são
seus alunos e identifica-los como indivíduos diversificados e que fazem parte de
uma mesma comunidade.
O educador, ao trabalhar com o conceito de sociabilização deve ter em mãos
recursos necessários para levar o aluno a atentar-se para seu papel e do outro na
comunidade em que se inserem, assumindo seu papel como participador e
modificador do mundo em que vive.
A importância da prática social se dá pelo fato de que o indivíduo socialmente
consciente passa a valorizar as interações sociais harmoniosas e conscientizar-se
para os direitos humanos, desenvolvendo habilidades sociais e compreendendo seu
papel e do outro no mundo que o habita.
Para que os professores possam realizar em sua prática uma educação social
é necessário que siga os seguintes passos:
49
os pontos de concordância e o comprometimento com o diálogo, demonstrar
modelos de líderes mundiais reconhecidos por sua natureza harmoniosa e o
estímulo ao pensamento para a resolução de conflitos pode estimular
positivamente a aprendizagem social dos educandos;
Aumentar a sua sensibilidade e estimular aos alunos a noção de justiça
e harmonia social – Trate aos estudantes e estimule-os a tratar aos outros
com equidade; independente dos códigos sociais ou pré-conceitos que
possam existir no grupo. Desta maneira é possível que os alunos
reconheçam-se, aumentando a sensibilidade à justiça social, percebendo e
resolvendo as problemáticas ocorridas em sua classe e tomando consciência
do que ocorre em sua comunidade e no mundo a seu redor;
Sair da zona de conforto – Estimule os alunos a aventurar-se no
desconhecido. A troca de ideias sobre outros povos ou culturas expandirá a
visão deles do mundo. Ser exposto a sistemas culturais diversos possibilita
aos alunos a expansão de seu círculo social e a construção da tolerância a
partir de pontos de vistas divergentes. É possível ao educador iniciar essa
ação com os alunos da própria classe, sugerindo que conheçam a ciência, a
história, a cultura de seus antepassados e percebam como isso influencia na
maneira como vivem;
Praticar a compaixão – Como as práticas sociais requerem o respeito por
pontos de vista divergentes e o entendimento de diversas visões de mundo, é
necessário trabalhar com os alunos conceitos como empatia e compaixão.
Ambos os conceitos podem ser trabalhados ativamente também na educação
emocional, por isso ligamos um tipo de aprendizagem ao outro, definindo a
educação como socioemocional;
Comprometer-se com um plano de consciência social – Mantenha-se a si
mesmo e aos alunos conscientes socialmente. Acompanhe os
acontecimentos sociais de sua comunidade e do mundo, mostre a eles como
funciona o sistema político de seu país, compare-o com o de outros lugares,
proponha atividades que explorem a participação da família e comunidade;
analise e reflita com eles sobre grupos menos favorecidos ou marginalizados
que tenham seus direitos humanos extirpados. Dessa maneira, estará
desenvolvendo em seus alunos a consciência política necessária para tornar-
se um cidadão crítico e reflexivo;
50
Educar a si mesmo para depois auxiliar os alunos na sua própria
educação social – Racismo, sexismo, pobreza... Esses são apenas alguns
problemas que podem afligir a sociedade em que nos inserimos. É possível
ao educador desenvolver trabalhos que estimulem o pensamento dessas
questões sociais, discutindo o assunto e refletindo soluções para essas
problemáticas;
Solicitar aos outros professores e aos pais que apoiem seus esforços na
consciência social dos estudantes – Convide os pais e outros educadores
da sua instituição para apoiarem sua causa. Uma boa maneira de propor a
participação de todos é por meio da prática de projetos.
51
orçamento que limita a quantidade de pessoas, insumos e dinheiro
que podem ser usados para completar o projeto (BAKER & Baker ,
1998, p.5)
Para Brito:
52
duração em que ela conversa com os alunos ao final de cada aula, estimulando o
pensamento crítico e a discussão dos temas tratados (de matemática à história). A
mesma atividade é proposta quando os alunos precisam solucionar problemas que
apareçam.
b. Leitura de imagens por meio de sentimentos – Para a professora “C” de
Artes, a conversa sobre os sentimentos dos artistas influencia a leitura e a
interpretação de sentimentos nos alunos. Os alunos são estimulados a dizerem o
que sentem com a obra, analisar a história e depois, em grupo, chegarem a
conclusões que definam o que acreditam. A professora desenvolve atividades de
interpretação por meio do teatro. Outra maneira de se trabalhar com os sentimentos
e a sociabilização citado pela professora é criar em grupo desenhos que
representem seus sentimentos com as imagens.
c. Pensar a história e sua influência na sociedade – A professora “A” de
História utiliza filmes para trabalhar com os alunos temas referentes ao currículo e
questões sociais. A educadora utiliza a obra “A vida é bela” e depois questiona aos
alunos sobre as relações sociais da época, comparando com as relações atuais. Os
alunos são estimulados a colocarem suas opiniões para o restante da sala e
conversarem sobre as questões sociais levantadas e como evitar que a história se
repita na atualidade.
d. Trabalhando a higiene e os preconceitos – A professora “T” de dança,
ao trabalhar com o tema higiene, ressalta com os alunos questões sobre bulling e
preconceitos de uns com os outros, solicitando que se respeitem mesmo com suas
diferenças físicas e de opiniões. Os alunos são convidados a olharem de maneira
diferente e mais respeitosa uns para os outros e se reconhecerem através das
movimentações criadas coletivamente. Ao final, os alunos são convidados a
exporem suas opiniões em relação ao assunto tratado.
e. Reflexões sociais – Os alunos da professora “C” são convidados a
trazerem temas que desejam discutir durante as aulas. Uma vez por mês a
educadora uma semana dedicada a reflexões sociais e políticas. Os alunos são
convidados a refletir sobre o assunto de maneiras diversas. O tema é escolhido em
conjunto com a classe no inicio do mês e eles propõem atividades que possam ser
desenvolvidas na semana dedicada ao projeto. Segundo a educadora, os alunos já
trabalharam temas como: diferenças de gêneros, violência, diversidade cultural,
intolerância religiosa, bulling, preconceito, abuso infantil e democracia. Os temas
53
muitas vezes são discutidos a partir de noticias de jornal ou de vivências e
experiências dos próprios alunos. Para a docente, o projeto auxiliou no
desenvolvimento do senso crítico dos alunos e na convivência deles, ela diz que:
“Muitas vezes eles não conseguiam resolver seus conflitos sem brigas ou agressões
físicas e verbais. Agora, percebo que estão mais sociáveis, se ouvindo mais,
compreendendo mais e propondo soluções melhores para seus problemas”.
f. Auxílio da Sociedade – A professora “V” propôs aos seus alunos um
trabalho social que envolvesse a comunidade em torno de sua instituição. Os
discentes arrecadaram junto aos familiares, comerciantes e conhecidos,
mantimentos que foram doados em asilos locais.
Esses tipos de trabalhos desenvolvidos demonstram a capacidade de
aprendizagem que a educação socioemocional é capaz de trazer, educando não
apenas para a cognição ou para que os alunos estejam aptos à aplicação de
conteúdos e conceitos, mas também para a vida em sociedade, tornando-os
cidadãos ativos e criticamente pensantes.
Ao estimular o trabalho socioemocional, as instituições e educadores estariam
cumprindo com seu papel na formação integral dos indivíduos e entrariam em
concordância com a Lei nº 9.394/ 96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) que diz em seu artigo 26, parágrafo 1º que: “Os currículos devem abranger
o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política,
especialmente do Brasil”.
54
CONCLUSÃO
55
colaborativa e oferecendo atividades prazerosas, que valorizem a diversidade
humana e estimulem o processo colaborativo.
Desta maneira, os educadores devem trabalhar com as atividades que sirvam
como facilitadoras para que os discentes consigam gerir seus sentimentos e
emoções.
Para que isso ocorra, no entanto, é de extrema importância que haja uma
preocupação com a formação do professor para o ensino das habilidades
socioemocionais, para que ele saiba como orientar aos alunos no desenvolvimento
de negociações e mediações, gerindo e moderando emoções positivas e negativas,
encorajando a tomada de consciência (de seus sentimentos e dos outros), criando
novas perspectivas para a convivência social, em busca da melhoria do ambiente a
sua volta.
Segundo Ferreira (2011) essa autopercepção:
Essa maneira de ver o mundo e conviver com ele traz uma melhoria relativa
no desempenho acadêmico, como pudemos constatar a partir dos relatos
apresentados nesse trabalho, e, consequentemente; maior realização pessoal, o que
faz com que o aluno se volte verdadeiramente para a aprendizagem.
A maior parte dos professores que utilizam a educação socioemocional
percebe a diminuição no número de agressões físicas e verbais e a diminuição de
dificuldades comportamentais, o que demonstra claramente que ao permitir a
autoexpressão e ao desenvolver a empatia dos discentes, estimulando a
cooperação, a sociabilidade e o companheirismo; o educador age como um
facilitador do processo de ensino-aprendizagem.
Pode-se considerar, por conseguinte, a educação socioemocional como um
importante meio para a evolução dos alunos para a cooperação, a sociabilidade e o
companheirismo; pois na medida em que estimula a criatividade e a empatia; facilita
o processo de ensino-aprendizagem e a educação integral e para a cidadania;
favorecendo o ganho, por parte dos estudantes, de um coeficiente emocional e
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intelectual que será refletido em diversos momentos da sua vida, sendo, portanto, de
extrema importância para que os discentes encontrem um equilíbrio emocional e
social.
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