Você está na página 1de 29

Sumário

1. A importância da Teologia 3
2. Teologia, Classificação e metodologia 9
3. Teologia Bíblica 10
4. Teologia Histórica 16
5. Teologia Sistemática 20
6. Fundamentos da Teologia Sistemática 25

2 |Teologia Sistemática - FVC


1. A importância da Teologia
Nesta aula, faremos uma introdução à teologia e estudaremos alguns pontos
relevantes sobre o estudo teológico.

Definição de Teologia
A palavra Teologia procede do grego: Theos, que significa Deus, e logos, que significa
tratado, ciência ou pensamento lógico.

Théos + logia = Deus + ciência.

Portanto, teologia é o tratado ou o desenvolvimento bem ordenado do pensamento que é


possível adquirir a respeito de Deus.

Teologia é o estudo ou o tratado sobre Deus.


Teologia é um saber ou uma ciência sobre Deus, é colocar Deus no nível do discurso
humano.
Não se trata de nivelar Deus ao nível humano, mas expressar através da palavra o conceito
que se faz do Deus vivo no pensamento humano.”
Deus deseja ser conhecido.
Deus tem-se revelado à humanidade desde o início da vida na terra.
É por meio da teologia que o homem busca saber mais de Deus.
Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor.
Oséias 6:3

O mundo gira em torno da Teologia


Deus é o Ser Supremo ou a origem de todos os valores da existência.
Deus é o único ser admitido como sendo digno de constituir-se no alvo e no propósito da
vida.
Não há como fugir de Deus. E se não há como fugir ou se esconder de Deus, não há como
viver sem teologia.

A Teologia volta-se para o conhecimento de Deus.


E, como em tudo que existe, Deus está presente. Em tudo que pensamos, fazemos e
falamos, há teologia.
Torna-se evidente que ninguém poderá passar sua existência sem a adoção de alguma
forma de teologia.
Tudo que acontece envolve a Teologia. Não é exagerado dizer que o mundo gira em torno
da Teologia.
Até o fato de se rejeitar Deus como o Criador, é uma maneira de relacionamento com a
Teologia.
Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?

3 |Teologia Sistemática - FVC


Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.
Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,
Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.
Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de
mim.
Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as
trevas e a luz são para ti a mesma coisa;
Salmos 139:7-12

Todos somos teólogos?


Uma vez que a teologia está sempre relacionada, de alguma maneira, a como pensar e
como falar a respeito de Deus, todo cristão é um teólogo, a diferença está entre os teólogos
responsáveis e os teólogos irresponsáveis.
A jornada cristã não é somente sobre o que você acredita, mas sobre por que você acredita
e como acredita. E esse é o fazer teológico: o pensar sobre a fé.

O teólogo responsável
A qualidade de teólogo responsável, desenvolve-se através de um esforço cuidadoso e
diário.
Dessa forma, vemos o quanto imprescindível é a consciência da necessidade de estudar a
Teologia.
Ficar alheio não é estar neutro é estar contra. Não existe posição de neutralidade. Não
estudar a Teologia é posicionar-se contra o conhecimento de Deus.
Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
Lucas 11:23

Estudar Teologia é buscar entender a própria vida.


A humanidade busca resposta para as questões cruciais da existência humana:
● Quem somos?
● De onde viemos?
● Qual o principal objetivo da vida?
● Para onde vamos?

O pensar teológico é vital para a vida, pois proporciona a oportunidade de responder a esses
relevantes questionamentos..
Quando estudamos Teologia, entendemos nossa origem, nossa razão de existência e nosso
destino.

As fontes da Teologia
Nossa compreensão de Deus, logo as fontes do estudo teológico, provém de três níveis de
revelação divina:
1. A revelação geral de Si mesmo, por meio da natureza, que Ele criou;
2. A revelação especial de Sua Palavra;

4 |Teologia Sistemática - FVC


3. A obra particular de Deus na vida do indivíduo.

O Salmo 19 apresenta claramente os 3 níveis de revelação teológica:

A revelação geral de Si mesmo, por meio da natureza.


Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos.
Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite.
Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz.
Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo. Nos
céus ele armou uma tenda para o sol,
que é como um noivo que sai de seu aposento, e se lança em sua carreira com a alegria de
um herói.
Sai de uma extremidade dos céus e faz o seu trajeto até a outra; nada escapa ao seu calor.
Salmos 19:1-6

A revelação especial de Sua Palavra.


A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de
confiança, e tornam sábios os inexperientes.
Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor
são límpidos, e trazem luz aos olhos.
O temor do Senhor é puro, e dura para sempre. As ordenanças do Senhor são verdadeiras,
são todas elas justas.
São mais desejáveis do que o ouro, do que muito ouro puro; são mais doces do que o mel,
do que as gotas do favo.
Por elas o teu servo é advertido; há grande recompensa em obedecer-lhes.
Salmos 19:7-11

A obra particular de Deus na vida do indivíduo.


Quem pode discernir os próprios erros? Absolve-me dos que desconheço!
Também guarda o teu servo dos pecados intencionais; que eles não me dominem! Então
serei íntegro, inocente de grande transgressão.
Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti,
Senhor, minha Rocha e meu Resgatador!
Salmos 19:12-14

Teologia e Filosofia, pontos de contato e diferenças


Não se pode confundir o estudo teológico com o filosófico. Embora haja semelhanças, não
são iguais.
Filosofia significa amor pela sabedoria e conhecimento.
É a busca do conhecimento pelo próprio conhecimento. A fonte do conhecimento é o próprio
conhecimento.
Teologia, como já vimos, é a busca do conhecimento de Deus. Já se percebe, pois, uma
grande diferença. A fonte do conhecimento é Deus, não mais o próprio conhecimento.

5 |Teologia Sistemática - FVC


Filosofia e Teologia se encontram na busca da verdade.
Tanto o teólogo quanto o filósofo investigam o sentido da vida.
O que diferencia o teólogo do filósofo são os pressupostos da sua busca. O filósofo baseia-
se exclusivamente na razão em sua pesquisa. Já o teólogo utiliza a razão com o pressuposto da fé.
As afirmações feitas pela teologia a respeito de Deus devem estar baseadas na Bíblia, e não
na filosofia ou em qualquer ramo do conhecimento humano, embora estes sejam importantes para
a compreensão de Sua mensagem e auxiliem na elaboração e na organização do saber teológico.

A conversa do apóstolo Paulo com os filósofos gregos


A conversa do apóstolo Paulo com os filósofos gregos ilustra bem os pontos de contato e as
diferenças entre a teologia e a filosofia

Alguns filósofos epicureus e estóicos começaram a discutir com ele. Alguns perguntavam:
"O que está tentando dizer esse tagarela? " Outros diziam: "Parece que ele está anunciando deuses
estrangeiros", pois Paulo estava pregando as boas novas a respeito de Jesus e da ressurreição.
Então o levaram a uma reunião do Areópago, onde lhe perguntaram: "Podemos saber que
novo ensino é esse que você está anunciando?
Você está nos apresentando algumas idéias estranhas, e queremos saber o que elas
significam".
Todos os atenienses e estrangeiros que ali viviam não cuidavam de outra coisa senão falar
ou ouvir as últimas novidades.

Ao Deus desconhecido
Então Paulo levantou-se na reunião do Areópago e disse: "Atenienses! Vejo que em todos
os aspectos vocês são muito religiosos,
pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até
um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não
conhecerem, eu lhes anuncio.
"O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita
em santuários feitos por mãos humanas.
Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo
dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas.
De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os
tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar.
Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo,
embora não esteja longe de cada um de nós.
‘Pois nele vivemos, nos movemos e existimos’, como disseram alguns dos poetas de vocês:
‘Também somos descendência dele’.
"Assim, visto que somos descendência de Deus, não devemos pensar que a Divindade é
semelhante a uma escultura de ouro, prata ou pedra, feita pela arte e imaginação do homem.
No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em
todo lugar, se arrependam.
Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que
designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos".

6 |Teologia Sistemática - FVC


Quando ouviram sobre a ressurreição dos mortos, alguns deles zombaram, e outros
disseram: "A esse respeito nós o ouviremos outra vez".
Com isso, Paulo retirou-se do meio deles.
Alguns homens juntaram-se a ele e creram. Entre eles estava Dionísio, membro do
Areópago, e também uma mulher chamada Dâmaris, e outros com eles.
Atos 17:18-34

Teologia e Religião, pontos de contato e diferenças


Teologia e Religião expressam conceitos próximos, mas possuem aspectos diferentes.
O termo Religião tem se desgastado em razão de seu emprego para designar diversos
contextos divergentes e até antagônicos. Atualmente são tantas religiões que o sentido da palavra
se perdeu.
Em virtude desse desgaste, a comunidade cristã tem considerado pejorativamente a palavra
Religião para se referir à fé verdadeira.
Entretanto, conforme define Agostinho, a função da religião é religar o homem a Deus.

Religião e Teologia caminham paralelamente.


A Teologia é a busca do conhecimento de Deus, relaciona-se aos pensamentos e às ideias
a Deus.
A Religião concretiza em práticas e atitudes em relação a Deus, os pressupostos teológicos
em relação a Deus.
Enquanto a Teologia trabalha de forma teórica e abstrata, a religião se apresenta prática e
concreta.

O Concílio de Jerusalém exemplifica bem a relação


entre Teologia e Religião.
Então se levantaram alguns do partido religioso dos fariseus que haviam crido e disseram:
"É necessário circuncidá-los e exigir deles que obedeçam à lei de Moisés".
Os apóstolos e os presbíteros se reuniram para considerar essa questão.
Depois de muita discussão, Pedro levantou-se e dirigiu-se a eles: "Irmãos, vocês sabem que
há muito tempo Deus me escolheu dentre vocês para que os gentios ouvissem de meus lábios a
mensagem do evangelho e cressem.
Deus, que conhece os corações, demonstrou que os aceitou, dando-lhes o Espírito Santo,
como antes nos tinha concedido.
Ele não fez distinção alguma entre nós e eles, visto que purificou os seus corações pela fé.
Então, por que agora vocês estão querendo tentar a Deus, impondo sobre os discípulos um
jugo que nem nós nem nossos antepassados conseguimos suportar?
De modo nenhum! Cremos que somos salvos pela graça de nosso Senhor Jesus, assim
como eles também".
Atos 15:5-11

7 |Teologia Sistemática - FVC


A boa e a má Teologia
Pode se falar em boa e má teologia? Sem dúvida que sim.
É impossível um cristianismo forte, uma igreja forte e um cristão forte sem uma Teologia
forte, adequada e sadia.
A má Teologia é a que se baseia em tradições, enganos e filosofias vãs.
A boa Teologia é a que se alicerça na Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada.
A má Teologia é a que tem como pressuposto apenas a razão.
A boa Teologia é a que se fundamenta na fé racional, que pensa, reflete, mas acredita no
sobrenatural de Deus.

O perigo da má teologia
Ao escrever aos gálatas, o apóstolo Paulo alerta acerca do perigo da má teologia:

Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou
pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho
que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão
perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo.
Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes
pregamos, que seja amaldiçoado!
Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele
que já receberam, que seja amaldiçoado!
Gálatas 1:6-9

8 |Teologia Sistemática - FVC


2. Teologia, Classificação e
metodologia
Nesta aula, apresentaremos alguns tópicos importantes no estudo da Teologia.

Métodos de análise teológica


A Teologia, quando realiza a análise da Palavra de Deus, se utiliza de metodologias.
As principais metodologias se complementam e concorrem para estabelecer uma
hermenêutica apurada e coerente.
Entender corretamente os métodos de análise teológica é imprescindível para o estudo da
Teologia.

Não há contradição nos estudos teológicos


Não há contradição nos estudos teológicos.
Mas é preciso saber que um método de estudo nos levará a entender o pensamento de
determinado autor em uma época específica.
Enquanto outro método de estudo nos levará a entender um tema, especificamente, dentro
de um conjunto de textos que estão relacionados.

O sujeito do método teológico


O sujeito do método teológico, do estudo teológico é o teólogo.
Do teólogo se espera total humildade.
O teólogo é aquela figura de um ser humilde, sem arrogância, consciente de sua origem
(pó), manejando um assunto que não lhe é natural (há pesquisa sim, mas há fé sobretudo).

O objeto de estudo da Teologia


O objeto de estudo da Teologia é a Bíblia, a Palavra de Deus, a Revelação divina.
Não há teologia se não houver o Livro.
Não há Livro se não houver quem escreva nele.
O escritor bíblico é o redator de uma Revelação única.
Quem vem após os escritores passam a interpretar o texto, o Livro.
Por isso, podemos afirmar que a teologia é um conjunto de teorias e pressuposições que
rodeiam o texto bíblico.

O teólogo e o ensino
A teologia não é um assunto a se apropriar, mas uma ciência comunitária, popular e eclesial.
Não há teologia de laboratório, pois a fonte (Escritura) é destinada à partilha.
A Palavra de Deus inspira a teologia a pensar, pois é mensagem divina dada aos homens.
Palavra de Deus presenteada ao povo, a Bíblia é do povo, Deus fala ao povo.

9 |Teologia Sistemática - FVC


O teólogo deve facilitar a compreensão, e não a esconder.

Classificação teológica
É ampla a classificação teológica.
Existem vários campos de estudo teológico.
Cada campo de estudo teológico demanda método próprio.

Tipos de Teologia
É preciso distinguir entre os tipos de teologia a fim de que se tenha uma postura correta
diante de cada uma delas.
Estudar Teologia Bíblica não corresponde a estudar Teologia Sistemática em relação ao
método e aos resultados.

Existem diversos estudos em Teologia


Citamos algumas Teologias a título de ilustração:
● Teologia Natural
● Teologia Dogmática
● Teologia da Prosperidade
● Teologia Ecológica
● Teologia da Libertação
● Teologia Ética
● Teologia Gnóstica
● Teologia Urbana
● Teologia da Missão Integral
● Teologia Negra
● Teologia Feminista
● Teologia Homossexual (sem comentários)
● Teologia da Espiritualidade ou Contemplativa
● Teologia Revelada

4 importantes métodos de estudo teológico


● Teologia Bíblica
● Teologia Histórica
● Teologia Sistemática ou Dogmática
● Teologia Ministerial ou Prática

Estudaremos cada um desses métodos nas próximas aulas.

10 |Teologia Sistemática - FVC


3. Teologia Bíblica
A Teologia Bíblica busca demonstrar o desenvolvimento gradual da revelação de Deus no
decorrer do texto bíblico.

A Teologia Bíblica parte das Escrituras


A Teologia Bíblica parte unicamente das Escrituras, organizando os dados bíblicos a partir
da lógica interna do próprio pensamento bíblico.
A proposta fundamental da Teologia Bíblica é construir uma teologia a partir das Escrituras,
de modo indutivo, sem depender das categorias.

A Teologia Bíblica é descritiva


É essencialmente descritiva, pois concentra-se no estudo de cada livro da Bíblia, observando
os contextos macro e micro, investigando os detalhes de cada capítulo e versículo.

Divisão da Teologia Bíblica


A Teologia Bíblica divide-se em Antigo Testamento e Novo Testamento.

O Antigo Testamento
No Antigo Testamento, está presente o maior tempo da Bíblia toda.
O Antigo Testamento começa com a história da criação, porém o foco principal é a história
do povo de Israel.

Divisão do Antigo Testamento


● Pentateuco
● Livros Históricos
● Livros Sapienciais
● Livros Proféticos

O Novo Testamento
O Novo Testamento é o registro da Nova Aliança de Deus com os homens.
Narra a chegada do Messias, a história da igreja, descreve as orientações doutrinárias e
anuncia o fim dos tempos atuais e aponta para o futuro eterno que Deus preparou.

Divisão do Novo Testamento


O Novo Testamento divide-se em:
● Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João
● Histórico: Atos dos apóstolos
● Cartas paulinas: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses,
Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom.
● Cartas gerais: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas.
● Profecia: Apocalipse

11 |Teologia Sistemática - FVC


Os Evangelhos
O Novo Testamento começa com quatro biografias do Filho de Deus, chamadas de
Evangelhos, cada uma enfatizando um aspecto diferente da vida de Jesus.
A influência da história de Jesus e da sua igreja alcançou inúmeras pessoas, ao longo da
história, que leram a sua mensagem de salvação do pecado e de liberdade em Cristo Jesus, creram
nas promessas de Deus, e tiveram a vida transformada.
Essas histórias de cura, libertação e salvação estão nos evangelhos.

São eles:
● Mateus
● Marcos
● Lucas
● João
O Livro Histórico do NT: Atos dos Apóstolos
O livro de Atos dos Apóstolos mostra o berço da igreja e relata como nações e impérios
foram influenciados pelas Escrituras.
Narra como os primeiros cristãos após a ascensão de Jesus procuravam viver segundo a
ética evangélica.
E revela como seguir os princípios da Palavra de Deus abençoa tanto pessoas quanto povos.

As Cartas de Paulo
O apóstolo Paulo é sem dúvida o maior autor do Novo Testamento.
As cartas de Paulo são a base doutrinária da Igreja.
Na Bíblia, temos 13 cartas paulinas:
Romanos
1 Coríntios
2 Coríntios
Gálatas
Efésios
Filipenses
Colossenses
1 Tessalonicenses
2 Tessalonicenses
1 Timóteo
2 Timóteo
Tito
Filemom

A carta aos Romanos


A carta aos Romanos é crucial para a teologia cristã, pois os maiores reavivamentos e
reformas no decorrer da história do cristianismo resultaram de um acentuado entendimento e
aplicação desta carta.

12 |Teologia Sistemática - FVC


1 Coríntios
1 Coríntios é a carta de um pastor missionário que veio como um pai para tratar com uma
igreja local sobre os problemas da igreja local.

2 Coríntios
2 Coríntios é a mais pessoal de todas as cartas de Paulo, em que ele revela o seu próprio
coração para esta igreja e o seu ministério em geral.

Gálatas
Na carta aos Gálatas, Paulo escreve com santa indignação sobre a notícia de que os gálatas
estavam sendo influenciados pelos judaizantes que queriam que os cristãos gentios fossem
circuncidados e vivessem segundo a Lei.

Efésios
A Carta de Paulo aos Efésios é uma apresentação abrangente da Igreja universal ou do
corpo de Cristo.

Filipenses
Na carta aos Filipenses, o apóstolo Paulo fala da necessidade de todos os crentes em Cristo
viverem sua fé cristã de maneira prática e relevante, a fim de cumprir o plano de Deus para a vida
deles.

Colossenses
Aos Colossenses, Paulo escreve que Cristo é o único mediador e o evangelho está
plenamente revelado como base da vida cristã.

1ª Tessalonicenses
Na 1a carta aos Tessalonicenses, o apóstolo Paulo, com tato e humildade, relembra sua
amável visita a eles, defende-se contra os falsos rumores que os inimigos do cristianismo estavam
espalhando, e os consola sobre as questões que eles tinham concernentes à morte dos entes
queridos e da iminente volta de Cristo.

2ª Tessalonicenses
2ª Tessalonicenses enfatiza um aspecto de eventos futuros diferente da primeira epístola.
Enquanto em 1ª Tessalonicenses Paulo ensina a iminência (a possibilidade de acontecer a
qualquer momento) da volta do Senhor para “tomar” os que creem para si no arrebatamento, em 2ª
Tessalonicenses, Paulo enfatiza o julgamento vindouro para os inimigos de Cristo e se concentra
em Satanás, no anticristo e no mundo.

Timóteo e Tito

13 |Teologia Sistemática - FVC


As cartas de Paulo para Timóteo e Tito são coletivamente conhecidas como Epístolas
Pastorais.
Elas expressam o amor de Paulo pelas igrejas e seu conselho aos pastores.
Paulo escreveu 1 Timóteo para encorajar Timóteo a viver o evangelho e lutar para defendê-
lo.
A breve epístola de Paulo a Tito é uma carta prática focada primariamente no ministério da
igreja e secundariamente no discipulado cristão.

Filemom
Na carta a Filemom, Paulo intercede por um novo filho na fé. Onésimo era um escravo de
Filemom que havia fugido e se encontrado com Paulo em Roma. Ali, Onésimo aceitou a fé em Cristo
quando em contato com o apóstolo Paulo. Filemom tinha o direito de matar Onésimo, mas Paulo
intercedeu por ele nesta breve carta, que enfatiza a dinâmica social do evangelho.

A Carta de Tiago
A Carta a Tiago pode ter sido a primeira do Novo Testamento a ser escrita. Ela une o Antigo
ao Novo Testamento.

Tiago escreve “às doze tribos que andam dispersas”, e obviamente quer dizer “os judeus
cristãos que moravam fora da Terra Santa”.

As Cartas de Pedro
Pedro escreveu suas cartas para exortar os cristãos a perseverarem nas crescentes
perseguições com uma confiante expectativa da volta de Cristo, pois as coisas estavam ficando
perigosas para os cristãos.

As Cartas de João
João escreve suas epístolas para garantir aos cristãos a posição de filhos de Deus e para
despertar os filhos ilegítimos e os seus ensinamentos para um questionamento.

A Carta de Judas
Judas foi guiado pelo Espírito de Deus a escrever sua carta para advertir os cristãos contra
a crescente onda de apostasia, pois muitos falsos mestres e pessoas imorais tinham se infiltrado
nas igrejas.

A Carta aos Hebreus


A Carta aos Hebreus chama-nos de volta para perseverarmos em nossa fé e ficarmos firmes
na mensagem de Jesus.

O Livro Profético do NT: Apocalipse


O livro de Apocalipse é o maior livro de literatura escatológica já escrito.

14 |Teologia Sistemática - FVC


Apocalipse cativa a nossa atenção, estimula a nossa imaginação e aponta para o nosso
glorioso destino futuro.
Apocalipse nos leva para outra época e outro lugar à medida que o panorama do futuro se
desenrola em uma série de sete visões em detalhes lúcidos e figuras simbólicas.
Apocalipse é a pedra angular da revelação divina, pois é a profecia do Novo Testamento,
onde a cortina é removida, e o futuro é revelado para todos verem.

A Teologia Bíblica resulta da exegese e da hermenêutica


A Teologia Bíblica resulta da exegese e da hermenêutica, ou seja, de interpretação textual
minuciosa, a qual se baseia nos pressupostos históricos e culturais, bem como na literatura dos
textos originais grego, hebraico e aramaico.

A Teologia Bíblica é dedutiva


Não importa qual seja o pensamento prévio do intérprete quanto ao assunto estudado: o
texto fornecerá a ele a sua informação, cabendo, ao leitor, a conclusão a partir do pensamento do
escritor original.

15 |Teologia Sistemática - FVC


4. Teologia Histórica
A Teologia Histórica analisa o desenvolvimento da Teologia ao longo da história da Igreja
nas diversas épocas.
A Teologia Histórica considera suas respectivas variações e seus desvios heréticos.
A Teologia Histórica realiza a investigação do pensamento do Cristianismo e da verdade da
revelação de Deus na vida, no coração e na adoração durante o desenvolvimento da humanidade.

Teologia Histórica ou História da Igreja?


Cabe aqui tentar discernir duas disciplinas muito próximas e que se relacionam e até se
confundem: a Teologia Histórica e a História da Igreja ou História do Cristianismo.

História da Igreja ou História do Cristianismo


A História da Igreja é o estudo da caminhada e do desenvolvimento da Igreja através do
tempo.
A História da Igreja possui tarefa descritiva ao relatar os fatos ocorridos no passado mediante
suas concepções e seus ensinos da fé cristã.
É o descrever do que a Igreja fez no mundo.
É um estudo da narrativa, dos eventos, dos personagens e dos movimentos sociais e
eclesiásticos.
É, por isso, uma História Institucional.

Reflexão teológica
A Teologia Histórica, por sua vez, concentra-se na reflexão teológica sobre o significado dos
eventos históricos.
Por exemplo, acerca da Doutrina da Trindade que foi definida nos Concílios de Nicéia e de
Constantinopla.

A História da Teologia narra todos os eventos que ocorreram e personagens envolvidos.

A Teologia Histórica reflete sobre o conteúdo dessa doutrina e os impactos teológicos dela
advindos.

As divisões históricas da Teologia


O estudo da Teologia na história se divide de forma geral em 4 grandes momentos, os quais,
sem dúvida, são subdivididos em períodos menores e mais específicos.

Teologia Patrística
A Teologia Patrística é a que estuda os documentos produzidos pelos chamados pais
apostólicos, a primeira geração de teólogos depois dos apóstolos.
Costuma-se dar o nome de pais apostólicos ao primeiro conjunto de literatura cristã ortodoxa
posterior ao Novo Testamento, escrita desde o final do primeiro século até meados do segundo.
Tal designação decorre do fato de que esses textos ainda estavam muito próximos da era
apostólica.
16 |Teologia Sistemática - FVC
O conjunto de documentos conhecidos como pais apostólicos deflagra o início do
pensamento cristão, pois apresenta o esforço de reflexão a respeito dos grandes temas das
Escrituras: Deus, Jesus Cristo, o Espírito Santo, o ser humano, o pecado, a salvação, a Igreja, a
vida cristã e o futuro.

Os pais apostólicos
Os pais apostólicos são os seguintes:
● 1 Clemente
● 2 Clemente
● As sete cartas de Inácio de Antioquia
● Epístola aos filipenses
● Martírio de Policarpo
● Epístola de Barnabé
● O pastor de Hermas
● A Didaqué
● Epístola a Diogneto
● Papias

Além dos pais apostólicos


Além dos pais apostólicos, a Teologia Patrística também abrange:
● Os apologistas Aristides, Justino Mártir, Melito de Sardes, Atenágoras de Atenas,
Taciano e Teófilo de Antioquia e seus estudos de defesa da fé.
● Os movimentos heréticos dos séculos II e III: os ebionitas, os gnósticos, os
docetistas, os marcionitas, os montanistas e os monarquianos.
● A resposta da igreja às heresias com Irineu, o bispo de Lião; Policarpo, o bispo de
Esmirna; Justino, o bispo de Antioquia; Clemente, o bispo de Roma; Tertuliano de Cartago.
● A controvérsia ariana e o concílio de Niceia
● Os pais capadócios
● João Crisóstomo, o maior pregador da Igreja antiga
● Nestório, Cirilo e o Concílio de Éfeso
● Concílio de Calcedônia
● Agostinho de Hipona, o último dos grandes escritores cristãos da antiguidade e o
precursor da teologia medieval.

Teologia Medieval ou Católica


A chamada Teologia Católica é a que se desenvolve no contexto da igreja medieval.
Embora a Igreja Romana afirme ser a mesma Igreja que surgiu no período apostólico,
retratada no Novo Testamento, a história do cristianismo mostra que, ao longo dos séculos, ela
adquiriu feições que a distinguiram fortemente da igreja primitiva.

Novidades da Igreja Romana


Durante o período medieval, muitas novidades foram incorporadas no culto cristão:
● o uso do incenso que era usado no culto ao Imperador;

17 |Teologia Sistemática - FVC


● os ministros começaram a usar vestimentas ricamente ornamentadas em sinal de
respeito, semelhantemente aos sacerdotes pagãos;
● gestos que normalmente só eram feitos diante do Imperador, passaram a ser
frequentes durante os cultos;
● procissões em direção aos templos no horário dos cultos;
● corais que normalmente acompanhavam as procissões.

A congregação participava cada vez menos dos cultos.

Teologia Reformada ou Protestante


A Reforma Protestante resultou de uma série de transformações religiosas, culturais,
políticas e econômicas.

A Reforma Protestante foi um dos eventos mais


marcantes na história
O movimento reformador abalou todos os fundamentos da sociedade medieval, produzindo
mudanças significativas em sua estrutura religiosa, social, política, econômica, filosófica, cultural e
intelectual.
Não é exagero afirmar que, para compreender o tempo presente, faz-se necessário
conhecer o Movimento Reformador.

A Reforma gerou as igrejas evangélicas


Para construir nossa identidade de fé precisamos saber de onde viemos e para onde vamos.

O cristão protestante precisa estudar sua história, refletir sobre seus tratados doutrinários e
aplicar seus princípios à vida.
A falta da identidade da reforma protestante nas igrejas abre a porta para todo tipo de desvio
doutrinário e esfriamento nos crentes.

Teologia Contemporânea
A Teologia Contemporânea é considerada a teologia pensada a partir do século XX.
O séc. XX foi marcado pela pluralidade de teologias e de reflexões sobre o homem, o mundo
e sobre Deus.
O pano de fundo da teologia contemporânea tem muito a ver com a filosofia.
Na verdade, a teologia contemporânea faz uso das ideias filosóficas e da linguagem
bíblica.
Para entender a Teologia Contemporânea, precisamos compreender as ideias filosóficas e
as narrativas bíblicas.

Principais tendências e movimentos teológicos


No estudo da Teologia contemporânea, podemos compreender as principais tendências e
movimentos teológicos e discursos ao longo do século XX, com destaque para a segunda metade
do século e anos recentes.

18 |Teologia Sistemática - FVC


Podemos ver os fundamentos teológicos e ideias que caracterizaram mudanças
significativas nas perspectivas teológicas, inclusive no método e no contexto.

O discurso teológico pós-moderno


O discurso teológico pós-moderno critica a teologia tradicional definindo-a como alienada
dos problemas sociais e humanos, ressaltando o dito colonialismo ocidental e a suposta opressão
do capitalismo no mundo contemporâneo.
A teologia contemporânea propõe um convite à reflexão crítica sobre o mundo pós-
moderno.

Teologias feministas e da libertação


Aborda as teologias feministas, as teologias da libertação, bem como a relação entre teologia
e estado.

Secularização, contexto sociopolítico e influência


A teologia contemporânea trabalha a secularização da igreja na sociedade e o contexto
sociopolítico no qual a Igreja existe hoje e a influência que precisa exercer como agente profético,
interpelador, crítico.

Teologia engajada
Os teólogos da teologia contemporânea querem construir uma teologia engajada com os
todos os problemas sociais e políticos em geral.

Teologia liberal
A Teologia Contemporânea originou a perigosa teologia liberal, que tem tomado várias
direções, buscando estabelecer um novo conjunto de pressupostos religiosos conforme o
pensamento do homem moderno.
A Teologia Contemporânea propôs discutir assuntos importantes como a salvação e o papel
da igreja, mas o que era uma discussão para causar renovação causou, na verdade, uma variedade
de posturas em relação a vários pontos doutrinários.

19 |Teologia Sistemática - FVC


5. Teologia Sistemática
A Teologia Sistemática é o estudo organizado e lógico das grandes doutrinas reveladas na
Bíblia.
A análise da Teologia Sistemática se propõe a examinar as Escrituras por inteiro com o
objetivo de estudar tudo que elas ensinam sobre determinado assunto.

O método sistemático
O método sistemático é muito relevante para o estudo teológico, porque os temas revelados
na Bíblia Sagrada encontram-se esparsos; um assunto abordado no Livro de Levítico, por exemplo,
é depois ampliado e ratificado na Carta aos Hebreus.
É tarefa da teologia sistemática reunir os fatos dispersos na Bíblia e organizá-los por meio
de um sistema lógico de estudo.

Exame amplo e completo


O exame amplo e completo dos diversos temas bíblicos na forma em que são revelados nas
Escrituras possibilita um conhecimento organizado, sistemático e aprofundado de tais assuntos.
Teologia Sistemática é a área do ensino teológico que se divide em sistemas de ensino,
abrangendo passagens relevantes da Bíblia sobre vários tópicos, sintetizando claramente o
conhecimento acerca de Deus e de Seu Universo.

Teologia Dogmática
A Teologia Sistemática também é conhecida como Teologia Dogmática, pois ela defende
dogmas (crenças tidas como certas e absolutas).
Diferentemente da Teologia Bíblica, que é exegética e dedutiva, a Teologia Sistemática é
indutiva.
Ela parte do tema para as Escrituras, explorando tudo o que for possível dentro do assunto.

Organização didática da doutrina cristã


A Teologia Sistemática é a organização didática da doutrina cristã, ela é a sistematização
dos principais temas relacionados à fé.
A Teologia Sistemática se organiza por meio das doutrinas bíblicas.

1. Bibliologia - A doutrina Escrituras Sagradas


2. Teontologia - A doutrina de Deus
3. Antropologia - A doutrina do Homem
4. Cristologia - A doutrina de Jesus Cristo
5. Pneumatologia ou Paracletologia - A doutrina do Espírito Santo
6. Angelologia - A doutrina dos Anjos
7. Hamartiologia - A doutrina do Pecado
8. Soteriologia - A doutrina da Salvação
9. Eclesiologia - A doutrina da Igreja
10. Escatologia - A doutrina das Últimas coisas

20 |Teologia Sistemática - FVC


Teontologia ou Teologia Própria
Teontologia ou Teologia Própria é a doutrina bíblica que estuda diretamente Deus.
A teontologia não pretende, de maneira alguma, chegar à descrição exata e perfeita do
Todo-poderoso.
Sua pretensão é elaborar uma doutrina de Deus baseada nas revelações que Ele próprio,
graciosamente, faz de si mesmo nas Escrituras.

Teorias sobre a existência de Deus


● Deísmo
● Teísmo
● Ateísmo
● Gnosticismo
● Agnosticismo
● Politeísmo
● Dualismo
● Panteísmo
● Humanismo

Atributos Naturais de Deus


● Espiritualidade
● Eternidade
● Imutabilidade
● Onipotência
● Onipresença
● Onisciência
● Personalidade
● Triunidade
● Unicidade

Atributos Morais de Deus


● Amor
● Bondade
● Justiça
● Santidade

Angeologia
Angelologia é a doutrina bíblica que estuda os anjos.
Os anjos são seres espirituais que Deus criou acima da humanidade.
Alguns dos quais permaneceram obedientes ao Criador e realizam Sua vontade, enquanto
outros o desobedeceram e perderam sua condição santa e agora se opõem e dificultam a Sua obra.

21 |Teologia Sistemática - FVC


Temas estudados pela Angelologia
● A origem
● O lugar
● O serviço
● A autoridade
● A força
● O poder
● A teofania
● Seres espirituais
● Seres pessoais
● Seres assexuados
● Seres poderosos
● Presença no Antigo Testamento
● Presença no Novo Testamento
● Mensageiros de Deus

Classificação angelical
● Anjos, querubins, serafins, arcanjo
● Anjos bons, fiéis
● Anjos maus, caídos
● Principados e potestades
● Anjos maus aprisionados
● Anjos maus em liberdade
● Demônios
● Satanás

Antropologia
Antropologia é a doutrina bíblica que estuda o homem.

Temas estudados pela Antropologia


● A criação
● A humanidade, o corpo
● A vontade, a alma
● A espiritualidade, o espírito
● A finalidade da existência
● A queda
● A racionalidade
● A moralidade
● A sociabilidade
● A capacidade de comunicar-se por meio da linguagem
● A capacidade de amar, sentir, louvar e adorar
● O destino

22 |Teologia Sistemática - FVC


Bibliologia
Bibliologia é a doutrina bíblica que estuda as Escrituras.
Analisa como a Bíblia foi formada, quem a escreveu, quando e onde foi escrita.

Temas estudados pela Bibliologia


● A inspiração das Escrituras
● A inerrância das Escrituras
● A autoridade das Escrituras
● A formação do Cânon
● Os livros apócrifos ou deuterocanônicos
● A Septuaginta
● Os livros pseudepígrafos
● As traduções bíblicas
● As versões bíblicas

Cristologia
Cristologia é a doutrina bíblica que estuda a pessoa e a obra de Jesus, o Cristo.

Temas estudados pela Cristologia


● A divindade
● A encarnação
● A humanidade
● A revelação
● O sacrifício
● As duas naturezas
● A morte
● A ressurreição

Eclesiologia
Eclesiologia é a doutrina bíblica que estuda a Igreja.

Temas estudados pela Eclesiologia


● A formação
● O propósito
● A autoridade
● A natureza
● O povo
● O corpo
● O templo
● O sacerdócio
● O Senhor
● A Cabeça
● O sentido de Ekklesia

23 |Teologia Sistemática - FVC


● A missão
● A unidade
● A organização
● A Evangelização
● A Adoração
● A Edificação
● As formas de governo eclesiástico: episcopal, presbiteriana, congregacional
● A estrutura organizacional
● Cargos e funções do ministério
● As ordenanças: batismo nas águas e a ceia do Senhor

Hamartiologia
Hamartiologia é a doutrina bíblica que estuda o pecado.
Pecado é a falta de conformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou
estado.

Temas estudados pela Hamartiologia


● A origem
● A natureza
● O pecado original
● O caráter essencial
● O caráter material
● A tentação
● O caminho
● A formalização
● Lúcifer, satanás, diabo
● Os procedimentos do tentador
● O alcance
● O poder
● A consequência
● O juízo, a punição
● A confissão
● O arrependimento

Pneumatologia ou Paracletologia
Pneumatologia ou Paracletologia é a doutrina bíblica que estuda o Espírito Santo.

Temas estudados pela Pneumatologia ou Paracletologia


● A divindade
● A personalidade
● As obras
● O fruto
● O batismo
● Os dons

24 |Teologia Sistemática - FVC


● Presença no Antigo Testamento
● Presença no Novo Testamento

Soteriologia
Soteriologia é a doutrina bíblica que estuda a salvação.

Temas estudados pela Soteriologia


● A promessa
● A necessidade
● O salvador
● A salvação no Antigo Testamento
● A salvação no Novo Testamento
● A graça
● A fé
● A conversão
● A redenção
● A justificação
● A eleição
● A predestinação
● A regeneração
● A santificação
● A glorificação

Escatologia
Escatologia é a doutrina bíblica que estuda as últimas coisas.

Temas estudados pela Escatologia


● A morte
● O estado intermediário da alma
● A volta de Jesus
● O arrebatamento da Igreja, a parousia
● A Grande Tribulação
● O Tribunal de Cristo
● As Bodas do Cordeiro
● O retorno de Cristo em glória
● O Milênio
● O Juízo Final
● O estado eterno: novos céus e nova terra

25 |Teologia Sistemática - FVC


6. Fundamentos da Teologia Sistemática
Histórico da Teologia Sistemática
Os estudos da Teologia Sistemática foram iniciados pelo teólogo João Damasceno (675
d.C.— 749 d.C.), da Igreja do Oriente.
Os embates teológicos começaram a ganhar força no segundo século e estenderam-se
pelos séculos posteriores até chegar aos nossos dias.
Os teólogos começaram debatendo heresias judaicas e gnósticas.
Do gnosticismo, nasceram dúvidas a respeito da natureza humana e da natureza divina de
Jesus, criando um embate sobre a Trindade.
Nenhum assunto rendeu mais discussão do que esse, embora outros temas também fossem
de difícil abordagem.

Os teólogos eram filósofos


Duas escolas foram importantes para os filósofos: a de Alexandria e a de Antioquia.
A forma que cada escola interpretava as Escrituras era peculiar.
Os teólogos de Alexandria interpretaram as Escrituras alegoricamente.
Os teólogos de Antioquia interpretaram as Escrituras pelo método histórico-gramático-literal.
Desse modo, os resultados eram diferentes, pois partiam de pressupostos diferentes.

Fontes da Teologia Sistemática


A teologia sistemática é o conjunto de doutrinas que compõem as crenças comuns aos
seguidores de Cristo.
Tais doutrinas emanam das Escrituras Sagradas em conjunto com a razão, a tradição e a
mística (experiência).

As Escrituras
Não se pode fazer teologia senão com base nas Escrituras Sagradas.
Essa é a posição da Igreja cristã a partir da Reforma Protestante.
Lutero defendia a tese de Sola Escriptura (a Bíblia é a única regra de fé e conduta para o
cristão). ao longo da história, a Igreja Católica Romana criou dogmas (crenças tidas como certas e
absolutas), abandonando gradualmente a utilização das Escrituras Sagradas; isso a distanciou das
verdades fundamentais ensinadas pelos apóstolos de Jesus.
Qualquer assunto de ordem doutrinária que não leva em consideração as declarações
bíblicas deve ser tachado como herético, pois parte de fonte humana e ninguém tem autoridade
para isso.
As Escrituras (e somente elas) têm autoridade para fornecer as informações necessárias
sobre os temas da doutrina cristã.

A Razão
Deus nos fez seres racionais, e esse é um dos aspectos que nos torna semelhantes a Ele
(Gn 1.26).

26 |Teologia Sistemática - FVC


Então, é natural que o homem absorva o conhecimento das questões doutrinárias por meio
da razão.
Apesar disso, muitos buscam, na fé, algo que os faça sentir, mas não se mostram
interessados em compreender.

A fé inclui as emoções, mas não se alicerça nelas


É verdade que a fé inclui também as emoções, mas não se alicerça nelas. “Enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas” (Jr 17.9).
Por outro lado, somos exortados a usar a razão para darmos explicação da nossa fé: “antes,
santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com
mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15).

A mente humana
A mente humana está sempre ávida por compreender o sagrado e nunca está satisfeita com
o que sabe, sempre quer mais.
Essa sede por compreender é saudável à medida que coloca o homem no caminho do
aprendizado; porém, torna-se perigosa quando entra pelo caminho da especulação.
Por exemplo, o homem pode ter conhecimento dos atributos de Deus, mas não pode
compreender Sua mente.
Não temos capacidade para entender a relação entre a onisciência divina (pela qual Ele
sabe sobre tragédias futuras) e a Sua bondade (por intermédio da qual poderia evitar tais tragédias).

Um assunto não tira o lugar do outro


Deus não pode ser comparado ao homem que ou é uma coisa ou é outra – ou pode uma
coisa ou pode somente outra.
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos,
os meus caminhos,diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim
são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos
do que os vossos pensamentos” (Is 55.8,9).
Desse modo, cabe ressaltar que a razão deve trabalhar no sentido de elaborar a doutrina a
partir da revelação (as Escrituras Sagradas) em conjunto com a revelação natural, a tradição e a
experiência, a fim de organizá-la, distinguindo cada assunto por sua ordem e importância.

Há diferença entre conhecer e compreender


Conhecemos muitos fatos relativos a Deus.
Concebemos o divino como algo grande, ilimitado, inigualável, acima de tudo e de todos, e
fazemos isso por generalidade, ou seja, entendendo que, para ser Deus, Ele tem de ser alguém
assim.
Mas, quando começamos a estudá-lo, a mente se sente desafiada a compreender como se
dá esse processo, algo semelhante ao que acontece quando observamos a vida e assistimos à
reprodução e ao crescimento dos seres e dos vegetais.

Grande desafio à razão


Contudo, compete um grande desafio à razão: julgar a credibilidade de uma revelação.

27 |Teologia Sistemática - FVC


A razão julga e decide o que é possível e o que é impossível.
Assim tem sido em relação às ciências; a razão exige comprovações.
Um fato só é científico depois de mostrar comprovações por meio de experimentos
considerados suficientes.
Do mesmo modo, a razão faz exigências quanto aos fatos relacionados à fé: o que pode ou
não ser crido.
Somos, consequentemente, não só autorizados, mas obrigados a declarar anátema um
Deus, algo absurdo ou mau ou inconsistente com a natureza intelectual ou moral com a qual nos
dotou.

A Tradição
Os judeus dão grande importância à tradição, e isso decorre de uma orientação divina:
“para que temas ao Senhor, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos,
que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias
sejam prolongados” (Dt 6.2).
Tanto as Escrituras como os costumes que incluem alimentação, vestimentas,
comemorações e símbolos sagrados, desde tempos remotos até hoje, são transmitidos de pai para
filho entre os judeus.
Por causa disso, eles conseguem manter sua unidade religiosa, política e social, mesmo
depois de muitos momentos de dispersão.

Tradição doutrinária cristã


Do mesmo modo, nós, cristãos, trazemos conosco uma tradição doutrinária cristã do
aprendizado recebido dos nossos pais, dos cultos, das pregações, da Escola Bíblica Dominical,
dos livros, dos periódicos evangélicos e da comunhão com os irmãos.
Mesmo sem ter conhecimento profundo das Escrituras e sem saber como achar textos
específicos para explicar determinados temas, um cristão evangélico sabe identificar um assunto
que não é compatível com a fé cristã, sendo capaz de reagir na mesma hora.
Todavia, os autores partem de um conhecimento prévio da doutrina e, à medida que vão
elaborando sistematicamente tais conhecimentos, estes vão ganhando corpo e consistência.
É isso que forma a tradição.

A Mística (experiência)
Quando um indivíduo está estimulado por um interesse, sua mente trabalha
surpreendentemente.
As faculdades mentais são despertadas e a vontade encontra mais disposição.
Em momentos como esses, surgem os grandes gênios: pessoas se dizem inspiradas a
realizar, criar ou inventar.
Muitos atribuem esse estado a uma ação divina, mas isso pode acontecer até com pessoas
que se opõem a Deus.
Já entre os crentes, tais momentos tendem, às vezes, a ganhar um viés espiritual, no qual
os sentimentos ocupam o lugar da Revelação bíblica.
Os entusiastas que ignoram a orientação das Escrituras em busca de sentimentos são
chamados, na Teologia, de místicos.

28 |Teologia Sistemática - FVC


Os místicos alegam conhecer o que está oculto a outras
pessoas
Para a Filosofia, o misticismo é a intuição que acredita em que Deus pode ser conhecido
face a face pelo homem, sem qualquer intermediação.

No Cristianismo, cremos que o Espírito Santo atua intimamente na vida de cada crente,
capacitando-o a acessar o conhecimento de Deus.
De fato, entre os crentes, há manifestações sobrenaturais, principalmente entre os grupos
pentecostais; a Bíblia não apenas confirma tais ocorrências entre os crentes do passado como
também incentiva a busca dos dons espirituais (1 Co 12.4-16,31).
A mística pode ter a sua importância, porém seu caráter é particular, podendo ser
compartilhada com um grupo para a edificação deste; mas ela não deve, em hipótese alguma,
substituir a revelação, antes deve ser conferida por esta.
A mística também compreende a experiência espiritual do indivíduo.
Definir Teologia Sistemática, incluindo o que a Bíblia toda ensina-nos hoje, pressupõe que
a aplicação à vida é uma parte necessária da Teologia Sistemática.

29 |Teologia Sistemática - FVC

Você também pode gostar