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Instituto Teológico “Ap Terezinho Martins da Rocha”

Curso de Graduação em Teologia CNPJ/MF 11.595.678/0001-80


Instituto Teológico “Ap Terezinho Martins da Rocha”

Copyright ©2022 por Samuel Mendes de Sales


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citações breves com indicação da fonte.

Informações para citação:


SALES, Samuel Mendes. Ética Cristã. Curso de Graduação em Teologia.
Instituto Teológico “Ap Terezinho Martins da Rocha”

Presidente: Pastor Cristiano Farias da Silva


Diretor: Pastor Samuel Mendes de Sales
Subdiretor: Pastor Tiagos Gomes de Oliveira

Santo André

2022

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VOTOS DE BOAS VINDAS

PARABÉNS! Você esta iniciando nosso Curso de Graduação em Teologia.

Lembre-se que o começar pode ser um privilégio de todos, porém o terminar é uma
recompensa reservada aos fortes, aos que tem uma firme determinação.

E nosso desejo e são nossos votos que você esteja entre os que irão até o fim.

Estamos certos que a realização deste curso terá um grande proveito espiritual para
você, e também para muitos. Tal como no tempo de Jesus, a multidão continua
faminta.

Quando os discípulos disseram a Jesus: “...despede a multidão; ela continua faminta


pela palavra de Deus e a ordem de Jesus para mim e para você continua sendo –
“dai-lhes vós de comer”. Através da realização deste curso você vai aprender a
adquirir melhores condições de alimentar os famintos espirituais com a Palavra de
Deus.

Lembre-se sempre de que nenhum livro do mundo poderá substituir a palavra de


Deus. Este como qualquer outro livro evangélico, destina-se a ser apenas, um livro
auxiliar e que deve ser estudado juntamente com sua Bíblia. Não se separe dela,
inclusive durante as aulas, se quiser tirar um bom proveito dele.

Estamos certos de que, se você como bom Mordomo de Deus, souber administrar o
seu tempo a fim de reservar ou criar o espaço necessário para dedicar-se às
necessidades deste Curso, sua recompensa em termos de bênçãos espirituais, virá
nesta vida bem como na eternidade. CREIA NISTO!

Pr Samuel Mendes de Sales

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SUMÁRIO

1. O QUE É TEOLOGIA

2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA

3. DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA

3.1 Teologia Exegética


3.2 Teologia
3.3 Teologia Dogmática
3.4 Teologia Bíblica
3.5 Teologia

4. TEOLOGIA PENTECOSTAL
5. A NECESSIDADE DE “FAZER” TEOLOGIA

5.1 A teologia nas funções da igreja

6. FONTES DA TEOLOGIA

7. O TEÓLOGO

8. DOUTRINA E RELIGIÃO

9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ

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1. O QUE É TEOLOGIA

Diversos são os conceitos e entendimentos sobre a “teologia”. É


imprescindível o entendimento do termo para evitar equívocos sobre seu real
significado. De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe, é difícil encontrar uma
boa e abrangente definição para a teologia, pois praticamente todas elas são, ou
simples demais, ou tendem a dar mais importância a uma das fontes de uma teologia
totalmente desenvolvida, excluindo outras. A teologia sofreu preconceito em todas
as eras da história e por diversas ocasiões recebeu o tratamento de mitologia pagã.
Orígenes foi o primeiro a empregá-lo no contexto cristão como “a sublimidade e a
majestade da teologia”. A partir de Eusébio de Cesaréia, a palavra popularizou-se no
cristianismo.
A teologia não foi criada por si mesma, no sentido que a revelação e a fé
tenham-na criado ou construído. As duas palavras gregas que formam o termo
indicam o seu objetivo. “O termo teologia vem do grego theôs, "deus", e Iogos,
"estudo", "discurso", "raciocínio". Assim, essa palavra indica o estudo das coisas
relativas a Deus, à sua natureza, obras e relações com os homens, etc. Uma definição
léxica diz: um corpo de doutrinas acerca de Deus, incluindo seus atributos e relações
como homem; especialmente aquele corpo de doutrinas estabelecido por alguma
igreja ou grupo religioso em particular". Essa é uma definição restrita. Mas esse
vocábulo também é usado em um sentido mais geral: "O estudo da religião, que
culmina em uma síntese ou filosofia da religião; além disso, uma pesquisa crítica da
religião, especialmente da religião cristã".

Para Geisler a teologia é o estudo daquilo que é referente a Deus, seja a sua
natureza, as suas obras, bem como a sua relação com a sua criação (o homem). É um
discurso racional a respeito de Deus. Berkhof diz em sua sistemática que a Teologia
é o conhecimento sistematizado de Deus de quem, por meio de quem, e para quem

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são todas as coisas. Para Rahner, teologia é a explanação e explicação consciente e
metodológica da revelação divina recebida e apreendida na fé (…) A tarefa da
teologia é articular os elementos conceituais implícitos na fé cristã.
Na construção de um bom conceito para a teologia, Medrado faz uma
observação: De que se trata a teologia? De Deus e tudo o que se refere a ele, isto é, o
mundo universo: a criação, a Salvação e tudo o mais. E isso está já na palavra
mesma de “teologia” estudo de Deus. Mas como Deus é o determinante de tudo,
então, qualquer coisa pode ser objeto de consideração do teólogo. Deus, com efeito,
pode ser definido como a realidade que determina todas as realidades.
No contexto da religião cristã, “a teologia não é o estudo de Deus como algo
abstrato, mas é o estudo do Deus pessoal revelado na Bíblia. Necessariamente isso
inclui tudo o que é revelado sobre Ele e as suas obras e relações com as criaturas”.
Para Strong a “teologia é a ciência de Deus e das relações entre Deus e o universo”.
“teologia é o estudo de Deus e de todas as suas obras”. “teologia não é somente „a
ciência de Deus‟ nem mesmo „a ciência de Deus e do homem‟, ela também dá conta
das relações entre Deus e o universo”. Um bom conceito para a teologia deve
considerá-la como o estudo das relações do Criador (Deus) com a criatura (homens).
Conceituar a teologia simplesmente como o estudo de Deus seria muita
presunção para o ser humano, uma vez que, Deus, transcende o entendimento
humano. Em outras palavras, a mente humana é incapaz de estudar, ou conhecer a
Deus na sua plenitude. Deus se revela ao homem, e este, é capaz de conhecê-lo. O
conhecimento produz um relacionamento, que não necessariamente, permita um
conhecimento pleno da “mente” de Deus. O relacionamento produzido por um
relacionamento íntimo com Deus permite ao homem viver na plenitude daquilo que
Deus projetou para ele
Deus pode ser conhecido e é possível ao homem conhecer a Deus. Isso torna
a teologia plenamente possível. existem ao menos três possibilidades para a teologia:
[a] Deus é um ser real que se relaciona com o universo;

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[b] A mente humana é capaz de conhecer a Deus e perceber sua relação com
o universo; e
[c] Deus provê sua revelação (João 17.3: E a vida eterna é esta: que te
conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
Efésios 1.17: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê
em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação).
De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe o termo “teologia” pode ser
usado tanto para abranger um estudo dogmático de uma parte das Escrituras, como
do todo. Dessa forma, é correto falar da teologia do Antigo Testamento ou da
teologia do Novo Testamento. O termo “teologia”, segundo este dicionário, assume
um sentido mais amplo, ou seja, tem a finalidade de cobrir todo o conteúdo do
ensino das Escrituras que o homem pode vir a conhecer em relação à Deus, e
também o relacionamento de Deus com tudo o que Ele criou.

2. O OBJETIVO DA TEOLOGIA

O alvo da teologia é permitir que o homem se relacione com seu criador e


compreenda a manifestação deste no desenvolvimento da história. O alvo da
teologia está centrado em Deus, em especial, no seu plano de salvação para o
homem por intermédio de Cristo.
A teologia deve promover a fé, deve incentivar o homem a viver de forma
justa por intermédio do desenvolvimento de uma vida de fé. Rm 1.16,17 diz:
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para
salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o
justo viverá pela fé”. Para Buckland a simples fé implica uma disposição de alma
para confiar noutra pessoa. Difere de credulidade, porque aquilo em que a fé tem
confiança é verdadeiro de fato, e, ainda que muitas vezes transcenda a nossa razão,
não lhe é contrário. A credulidade, porém, alimenta-se de coisas imaginárias, e é
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cultivada pela simples imaginação. A fé difere da crença porque é uma confiança do
coração e não apenas uma aquiescência intelectual. A fé é uma atitude, e deve ser
um impulso. A fé cristã é uma completa confiança em Cristo, pela qual se realiza a
união com o Seu Espírito, havendo a vontade de viver a vida que Ele aprovaria.
A teologia pode ser compreendida com sendo uma ciência em que a razão do
crente, guiada pela fé teologal, se esforça para compreender melhor

3. DIVISÃO CLÁSSICA DA TEOLOGIA

Antes de tratar diretamente sobre a divisão da teologia, é importante destacar


que a mesma pode ser catalogada de diversas maneiras. Charles Ryrie aponta três
tipos de teologia: [a] Por época – por exemplo, teologia patrística, teologia
medieval, teologia reformada e teologia contemporânea; [b] Por ponto de vista –
por exemplo, teologia arminiana (defendida por Armínio), teologia calvinista
(defendida por João Calvino), teologia barthiana (defendida por Karl Barth),
teologia da libertação, etc.; e [c] Por ênfase – por exemplo, teologia histórica,
teologia bíblica, teologia sistemática, teologia apologética, teologia exegética, etc.
A divisão clássica da teologia geralmente tem como base o tipo de teologia
por ênfase, objetivando organizar os assuntos para facilitar seu estudo e sua
compreensão. Basicamente, numa perspectiva clássica, a teologia divide-se em
cinco partes: teologia exegética, teologia histórica, teologia dogmática, teologia
bíblica e teologia sistemática. É possível encontrar em outros autores diferentes
divisões, fato que não invalida o posicionamento clássico, apenas divide a teologia
nas diversas perspectivas que ela pode ser observada.

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3.1 Teologia Exegética

A teologia exegética busca o verdadeiro significado das Escrituras. Esse


termo vem do grego, “ex” (fora) e “agein” (guiar), ou seja, “liderar” ou “explicar".
Champlin destaca que a palavra portuguesa exegese é usada para indicar “narrativa”,
“tradução” ou “interpretação”. Dentro do contexto teológico, a ênfase recai sobre a
interpretação de modos formais de explicação que podem ser aplicados a algum
texto, a fim de se compreender o seu sentido. Na linguagem técnica, a exegese
aponta para a interpretação de alguma passagem literária específica, ao mesmo
tempo em que os princípios gerais aplicados em tais interpretações são chamados
hermenêutica.
O contrário da exegese é a eisegese. Sobre a eisegese Champlin diz que este
termo significa ler no texto aquilo que alguém quer encontrar ali, mas que, na
realidade, não se encontra no mesmo, ou então significa distorcer um texto para
adaptá-lo às próprias ideias do intérprete. Portanto, o quanto a exegese é séria, a
eisegese não passa de uma burla. A maioria das pessoas que se envolve na exegese
também pratica alguma eisegese.
De acordo com Arantes a interpretação não é uma atividade tão complexa: “A
maior parte da Escritura é, na verdade, de fácil entendimento. Ninguém precisa ser
versado nos originais para compreender o seu propósito salvífico. Sua mensagem é
basicamente simples. Todo aquele que dela se aproxima pode ser educado na justiça.
Contudo, existem certas partes que não são de tão fácil compreensão, sendo de suma
importância que o intérprete-leitor, tenha algumas qualificações.”
Milton S. Terry afirmou que as qualificações de um intérprete competente
podem ser ditas como: Intelectual, educacional e espiritual. Para ele o intelecto entra
justamente na percepção clara do significado do texto. A argumentação lógica do
autor sacro pode ser percebida por alguém que esteja atento intelectualmente. Um
exemplo é a clara divisão que o apóstolo Paulo faz da carta aos Efésios, colocando
nos capítulos 1-3 um bloco eminentemente doutrinário e de 4-6 outro bloco

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eminentemente prático. Uma mente analítica, que saiba discernir o que um texto está
ensinando é muito importante para o intérprete.
Para Terry a qualificação educacional compreende os fatos acerca dos quais o
intérprete deve estar inteirado, fatos que são aprendidos com estudo e pesquisa. A
geografia da Palestina e regiões vizinhas que influenciaram nos escritos bíblicos. As
histórias gerais e bíblicas são também importantes no que tange a confirmação e
complementação da revelação que nos é trazida na Escritura – complementação
histórica. A cronologia, o discernimento de tempos e épocas é também de especial
valor na interpretação. Os sistemas políticos que envolveram a revelação bíblica
esclarecem também a compreensão do que foi revelado. O modo de produção, o
sistema escravista, o comércio, as guerras, tudo isto pode ser adquirido com
pesquisa e estudo. Mais uma vez temos a exortação do apóstolo que diz a Timóteo:
“Até a minha chegada aplica-te à leitura, à exortação ao ensino. Não te faças
negligentes para com o dom que há em ti...” (1Tm. 4:13, 14).

3.2 Teologia Histórica

A teologia histórica traça a história do desenvolvimento da interpretação


doutrinária, e envolve o estudo da história da igreja. Segundo Matos, a teologia
histórica também conhecida como história da teologia ou história da doutrina, tem
estreita conexão com duas áreas muito importantes: a história da Igreja e a teologia
cristã.
Para Alister McGrath, a teologia histórica “é o ramo da investigação teológica
que objetiva explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs e identificar
os fatores que influenciaram sua formulação”. Em outras palavras, a história da
teologia documenta as respostas às grandes questões do pensamento cristão e ao
mesmo tempo procura explicar os fatores que contribuíram para a elaboração dessas
respostas. A história da teologia é uma ferramenta pedagógica tendo em vista que
oferece informações sobre o desenvolvimento dos grandes temas teológicos, os
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pontos fortes e fracos das diferentes abordagens e os marcos mais notáveis do
pensamento cristão, em termos de autores e documentos.

3.3 Teologia Dogmática

Estuda as verdades fundamentais da fé de acordo com os credos e confissões


de fé da igreja. Preocupa-se também em estabelecer declarações que darão norte
para a igreja e sentido para uma prática religiosa. Podemos conceituar o credo como
sendo uma interpretação precisa e autorizada das Escrituras. São documentos que
têm por objetivo sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo para facilitar as
confissões públicas e defender das heresias o pensamento cristão.
Mark Noll destacou que a construção de um credo, ou de uma declaração de
fé, deve obedecer pelo menos três funções:
[a] Servir de declarações autorizadas da fé cristã que entesouravam as novas ideias
dos reformadores, sem abandonar formas que também pudessem fornecer instrução
regular para os fiéis mais humildes;
[b] Erguer um estandarte em redor do qual uma comunidade local podia cerrar
fileiras, tornando claras as diferenças com os oponentes; e
[c] Tornar possível uma reunificação da fé e da prática, visando a unidade e, ao
mesmo tempo, estabelecer uma norma para disciplinar os desregrados.

3.4 Teologia Bíblica

De acordo com Tenney “Teologia Bíblica é aquele exercício no qual se faz


uma tentativa de se determinar as afirmações de fé da Bíblia de forma sistemática.
Esta definição reconhece a Bíblia como um livro de fé, quer dizer, ela registra o
significado redentor do encontro de Deus com o homem”. Este autor observa
também que o termo “sistemática” de forma alguma sugere que as categorias da
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Teologia Sistemática devem dirigir este exercício. Ele afirma, que, pelo contrário,
indica que a tarefa da Teologia Bíblica é expressar as afirmações de fé dos escritores
bíblicos individual e coletivamente, de acordo com os padrões de expressão
discerníveis na própria Bíblia. Além disso, afirma Tenney, é feito um esforço para
apresentar não somente uma declaração ordenada, mas espera-se também uma
descrição unificada da fé da Bíblia.
Para Tenney é importante também observar que a teologia bíblica estrutura-
se numa metodologia:

3.5 Teologia Sistemática


“A teologia sistemática não examina cada livro da Bíblia separadamente, mas
procura juntar em um todo coerente o que toda a Escritura afirma sobre dado
tópico”. “Teologia sistemática é uma disciplina que tenta dar uma exposição
coerente das doutrinas da fé cristã, baseada principalmente nas Escrituras, falando às
perguntas e questões da cultura e época em que ela existe, com aplicação à vida
pessoal do teólogo e outros”.
Basicamente a teologia sistemática divide-se da seguinte maneira:
a) Teologia própria: O estudo de Deus – João 7.16,17: “Jesus lhes respondeu,
e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém
quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se
eu falo de mim mesmo”.
b) Hamartiologia: O estudo do pecado – Romanos 3.23: “Porque todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
c) Soteriologia: O estudo salvação – Romanos 3.24: “Sendo justificados
gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”.
d) Paracletologia: O estudo do Espírito Santo – Romanos 8.11: “E, se o
Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que

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dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais,
pelo seu Espírito que em vós habita”.
e) Escatologia: O estudo das últimas coisas – Mateus 4.23: “E, estando
assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em
particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua
vinda e do fim do mundo?”
f) Angelologia: O estudo dos anjos – Hebreus 1.13-14: “E a qual dos anjos
disse jamais: Assenta-te à minha destra, Até que ponha a teus inimigos por escabelo
de teus pés? Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para
servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?”
g) Antropologia: O estudo dos homens – Mateus 19.4: “Ele, porém,
respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e
fêmea os fez”.
h) Cristologia: O estudo de Jesus Cristo – Mateus 1.18: “Ora, o nascimento
de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes
de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo”.
i) Bibliologia: O estudo da Bíblia – 2Tm 3.16: “Toda a Escritura é
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para
instruir em justiça”.

4. TEOLOGIA PENTECOSTAL

A diversidade mundial do pentecostalismo torna quase impossível falar de


“uma” teologia pentecostal. A própria teologia pentecostal clássica encontra
dificuldade em estabelecer-se. existem correntes teológicas pentecostais que são
dignas de reconhecimento.
A história da teologia pentecostal requer uma visita na história da igreja e na
história da teologia, em especial, no período da Reforma Protestante. A Reforma
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Protestante foi um movimento iniciado no século XVI, que tinha o objetivo de
provocar uma profunda mudança no catolicismo. Antes do movimento reformista,
surgiram as primeiras discussões da necessidade de uma mudança na vida religiosa
cristã, dando início assim ao lançamento dos fundamentos ideológicos da reforma. A
origem destas discussões foi verificada pelos valdenses.

Neste período, diversos nomes se destacaram na defesa desses ideais de


mudança que a igreja precisava experimentar. John Wycliffe, teólogo inglês,
Jerônimo Savonarola e John Huss, foram responsáveis em divulgar à rejeição as
diversas doutrinas católicas praticadas nesta época. Com o advento da Reforma
Protestante no século XVI, Martinho Lutero e João Calvino despontaram como os
grandes pensadores da teologia, dando à partir de então, as “coordenadas” para um
novo tempo na interpretação das Sagradas Escrituras. O movimento da Reforma
Protestante produziu cinco princípios fundamentais que se opunham aos ensinos da
Igreja Católica Apostólica Romana. Estes princípios ficaram conhecidos como
“solas”, ou seja, uma palavra latina que traduzida para o português significa
“somente”. Estes princípios serviram de base, ou pilar, para a prática de uma vida
religiosa cristã. Os cinco solas são: [a] Sola Scriptura: Somente a Escritura é nossa
regra de fé e prática; [b] Sola Fide: a salvação é pela Fé Somente; [c] Sola Gratia: a
salvação se dá pela Graça Somente; [d] Solus Christus: Cristo Somente é suficiente
para nos salvar; e [e] Soli Deo Gloria: Somente a Deus devemos dar a Glória.

Os ensinamentos de Wesley alcançaram os Estados Unidos da


América e influenciaram os cristãos, em especial, na busca por um comportamento
santo. Este movimento expandiu-se e ficou conhecido como “Movimento de
Santidade”.

A mensagem do batismo no Espírito Santo influenciou os Estados Unidos e


deu origem a diversas denominações evangélicas pentecostais. Schellling destaca
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que um dos primeiros movimentos pentecostais, fruto do reavivamento norte-
americano, teve destaque em Ricgard G. Sperling, pastor batista licenciado, que
promoveu reuniões na Carolina do Norte, marcada por intensa glossolalia (falar em
línguas estranhas). Mas foi Charles Fox Parham, “evangelista metodista dos
movimentos de santidade”, quem realmente aprofundou a discussão em torno do
batismo do Espirito Santo. “Convencido pelos seus próprios estudos de Atos dos
Apóstolos e influenciado por Irwin Sandford, testemunhou Parham um
reavivamento notável na escola Bethel, em Topeka, Kansas, em janeiro de 1901.
O adepto do pentecostalismo crê no poder do Espírito Santo através da
contemporaneidade dos dons espirituais. Os integrantes do movimento pentecostal
crêem que o Espírito Santo continua a se manifestar nos dias de hoje, da mesma
forma que em Pentecostes, descrita no Novo Testamento (Atos 2). Nessa passagem,
o Espírito Santo manifestou-se aos apóstolos por meio de línguas de fogo e fez com
que eles pudessem falar em outros idiomas para serem entendidos pela multidão
heterogênea que os ouvia. Para eles, sobressaem os dons da glossolalia (o de falar
línguas desconhecidas), da cura e da profecia.
Os primeiros pentecostais foram os discípulos de Jesus, como resultado da
promessa do Senhor (Lc 24.49; Mc 16.17; Jo 14.16; At 1.8).Tal promessa se
concretizou por ocasião da festa de comemoração do Pentecostes, no ano 33 d.C. (At
2).
No período da Reforma Protestante, no século XVI, Deus levantou homens
como Martinho Lutero, João Calvino e John Knox. No século XVIII, ocorreu o
Avivamento Morávio com o Conde Zinzendorf, o Grande Reavivamento na
Inglaterra com John Wesley, Charles Wesley e George Whitefield e o Reavivamento
Americano com Jonathan Edwards. Nenhum destes avivamentos foi conhecido
como Pentecostal, pois o termo é do início do século XX, quando houve o
derramamento do Espírito Santo nos Estados Unidos da América, semelhante à
manifestação de Atos 2.

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No fim do século XIX houveram alguns ensinamentos bastante equivocados à
respeito das escrituras sagradas. Estes ensinos produziram, entre outros, o
fortalecimento da teologia cessacionista. Quanto ao Cessacionismo, é de bom
alvitre, citar as palavras extraídas do texto “Dons Espirituais: Reflexões pastorais
sobre a interpretação e uso dos dons”,
O teólogo pentecostal Stanley Horton destaca que a Teologia Pentecostal tem
seu fundamento nas Sagradas Escrituras e historicamente mantém o pensamento
teológico dos reformadores quanto às doutrinas cardeais da fé cristã. De acordo
com ele o estabelecimento da teologia pentecostal impediu o avanço das ideias
liberais, dando atenção especial à manifestação dos dons espirituais, ensino este que
havia sido esquecido nas discussões e textos teológicos. Uma das provas que a
teologia pentecostal considera os fundamentos da teologia reformada é verificada,
por exemplo, na concordância existente entre ambas nos seguintes aspectos:
O pastor Claudionor de Andrade destacou em seu artigo intitulado “a
excelência teológica dos pentecostais” que este movimento não fundamenta-se
apenas em experiências particulares, mas tem um sólido fundamento na reflexão
bíblica.
O Pastor Antônio Gilberto destacou que a igreja da atualidade precisa mais e
mais conhecer, buscar, receber e exercitar a provisão divina imensurável que há nos
dons espirituais, para o seu contínuo avanço, edificação, consolidação e vitória
contra as hostes infernais, e, ao mesmo tempo, glorificar muito mais a Cristo. Myer
Pearlman destaca que a doutrina do Espírito Santo, a julgar pelo lugar que ocupa nas
Escrituras, está em primeiro lugar entre as verdades redentoras.

5. A NECESSIDADE DE “FAZER” TEOLOGIA


Santos observa que “é comum ouvirmos que a teologia mata a religião ou que
a Igreja não precisa de teologia e, sim, de vida. Ele admite que há muita coisa por aí
levando o nome de “teologia” que não passa de especulação humana, por não se
basear em pressupostos de uma hermenêutica bíblica. E até a „boa teologia‟, quando
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se torna um fim em si mesma, pode não ter qualquer uso prático e reduzir-se a mero
academicismo”. Sobre esta realidade este autor diz:
Hordern também preocupou-se em defender a teologia. Disse ele:
A teologia deve ser “feita” por todos. É um equívoco pensar que a teologia
deve ser feita apenas por pessoas que aspiram o ministério formal de uma
determinada denominação religiosa, ou por um grupo selecionado de pessoas. De
acordo com Solano Portela, “estudar (fazer) teologia não é uma área segregada à
academia teológica; não pertence à esfera de intelectuais maçantes que se
preocupam em descobrir e firmar termos técnicos incompreensíveis aos demais
mortais; não é monopólio daqueles que escrevem livros meramente para adquirir a
respeitabilidade e admiração de seus colegas docentes; nem pertence a mosteiros
anacrônicos, que procuram se aproximar de Deus distanciando-se do mundo que Ele
criou. Mas é tarefa de todas as pessoas”.
A teologia define e dá significado a tudo que alguém possa pensar ou fazer.
Ela está cima de todas as outras necessidades (Lucas 10.42); nenhuma outra tarefa
ou disciplina se aproxima dela em significância. Portanto, o estudo da teologia é a
atividade humana mais importante.

5.1 A teologia nas funções da igreja

O pesquisador Rubens Muzzio usou quatro palavras gregas para definir as


funções principais da igreja no mundo: koinonia, kerigma, diakonia e marturia.
Estas palavras refletem a atuação da igreja no mundo bem como o cumprimento do
seu propósito orientado pelas Sagradas Escrituras.
[a] Koinonia – Esta palavra expressa a comunhão que deve existir entre os
membros da igreja. O salmo 133 é um bom exemplo disso quando diz: “Oh! quão
bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a
cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.

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Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque
ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre
[b] Kerigma - Refere-se à proclamação do evangelho a todos os homens em
todas as partes do mundo. Trata da missão principal da igreja, expressa em Mc 16.15
que nos diz: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura”
[c] Diakonia – É o comportamento generoso em relação ao próximo.
Edelberto Behs, tratando da necessidade da compreensão ampla do termo
“diaconial” observou que “os efeitos da globalização econômica, que erodiu a base
da vida em muitas comunidades, e a necessidade de prestar contas da fé cristã frente
ao secularismo e ao neoliberalismo, trazem novos desafios às igrejas”. Fazer
teologia é colocar em prática o conteúdo de nossa fé.
[d] Marturia – Trata-se do testemunho compartilhado pela igreja. At 1.8 diz:
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins
da terra”.

6. FONTES DA TEOLOGIA

A teologia possui uma fonte, ou seja, um ponto de partida de onde flui a


teologia. Basicamente estas fontes são:

[a] Bíblia Sagrada – A fonte fundamental da teologia cristã é a Bíblia


Sagrada. Bíblia e Escrituras são palavras sinônimas para os propósitos da teologia. O
cristianismo possui como ponto central, a fé, e, a pessoa de Cristo, ou seja, não
possui fé num livro, portanto, a fé e Cristo encontram-se intimamente relacionadas.
A teologia cristã reconhece a Bíblia Sagrada como sua autoridade máxima. É
a regra de conduta do verdadeiro cristão, a constituição da religião cristã. “O que
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torna a autoridade das Escrituras de indescritível importância para os cristãos é o
fato de elas revelarem Deus ao mundo, sua natureza trinitária (Pai, Filho e Espírito
Santo), seu plano de salvação para a humanidade e sua vontade.
Base Inferencial - É inferencial, porque decorre do ensino bíblico a respeito da
inspiração divina das Escrituras. Visto que as Escrituras não são produto da mera
inquirição espiritual dos seus autores (cf. 2Pe 1.20), mas da ação sobrenatural do
Espírito Santo (cf. 2Tm 3.16 e 2Pe 1.21), infere-se que são autoritativas. Na
linguagem da Confissão de Fé, a autoridade das Escrituras procede da sua autoria
divina: "porque é a Palavra de Deus." Isto não significa que cada palavra foi ditada
pelo Espírito Santo, de modo a anular a mente e a personalidade daqueles que a
escreveram.
Base Direta - Mas a doutrina reformada da autoridade das Escrituras não se
fundamenta apenas em inferências. Diversos textos bíblicos reivindicam autoridade
suprema. Os profetas do Antigo Testamento reivindicam falar palavras de Deus,
introduzindo suas profecias com as assim chamadas fórmulas proféticas, dizendo:
"assim diz o Senhor," "ouvi a palavra do Senhor," ou "palavra que veio da parte do
Senhor." No Novo Testamento, vários textos do Antigo Testamento são citados,
sendo atribuídos a Deus ou ao Espírito Santo. Por exemplo: "Assim diz o Espírito
Santo..." (Hb 3:7ss). A autoridade apostólica também evidencia a autoridade
suprema das Escrituras. O Apóstolo Paulo dava graças a Deus pelo fato de os
tessalonicenses terem recebido as suas palavras "não como palavra de homens, e,
sim, como em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando
eficazmente em vós, os que credes" (1Ts 2:13). Que autoridade teria Paulo para
exortar aos gálatas no sentido de rejeitarem qualquer evangelho que fosse além do
evangelho que ele lhes havia anunciado, ainda que viesse a ser pregado por anjos?
[b] Tradição – “A leitura das Escrituras nunca é neutra; sempre está filiada a
alguma tradição interpretativa, e mesmo sem perceber, geralmente lemos a Bíblia
com a ótica da tradição a qual pertencemos”.

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A tradição faz parte integrante da Autoridade. As próprias Escrituras Sagradas
preservam várias tradições judaicas, sem falarmos em algumas tradições próprias da
filosofia helênica, como é o caso da doutrina do Logos, ou do mundo platônico em
dois níveis, conforme se vê na epístola aos Hebreus. Assim sendo, as tradições
começam nas próprias Escrituras.

[1] Os concílios eclesiásticos


[2] Regras de fé
[3] O sincretismo.
[4] As tradições católicas
[5] A Reforma Protestante
[6] Desenvolvimento doutrinário
[7] A revolta contra a ortodoxia:
[8] Os credos modernos

[c] Cultura - Quando alguém faz teologia, precisa levar em consideração tanto
o seu contexto cultural como o do texto bíblico que está analisando, para aplicá-lo
adequadamente em seu tempo. O estudo da cultura é importante inclusive, por
exemplo, para saber se determinados textos das Escrituras eram aplicáveis à
determinado momento histórico, ou se são validos perpetuamente. Costumes
culturais influenciam na interpretação de um texto bíblico
[d] Razão - O teólogo não pode evitar o uso da razão em seu labor teológico.
Por exemplo, somente o fato de ler as Sagradas Escrituras, interpretá-las, já envolve
o uso da razão, seja para ser alfabetizado, ou conhecer os idiomas originais das
Escrituras, utilizar os meios básicos de interpretação de um texto, etc.
[e] Experiência - Determinado fato ou ocorrência que acabará por influenciar
no labor teológico da igreja.

7. O TEÓLOGO
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O tradicional Guia do Estudante conceitua o Teólogo como sendo o


“indivíduo que se dedica ao estudo das religiões e sua influência sobre a sociedade.
Ele pesquisa a história, os fenômenos e as tradições religiosas, interpreta textos
sagrados, doutrinas e dogmas religiosos. Associa essas informações com outras
ciências humanas e sociais, como antropologia e sociologia, e identifica as relações
entre a religião e diferentes culturas e grupos sociais. Pode trabalhar como
pesquisador ou assessor de grupos religiosos. Como licenciado, leciona religião e
ética em escolas de ensinos fundamental e médio e também em ONGs, centros
culturais e religiosos”.
Rm 1.19-20 descreve a possibilidade de Deus ser conhecido pelo homem,
quando afirma: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta,
porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do
mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente
se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.
O teólogo não pode inventar suas teologias, assim como o profeta não podia
inventar suas visões nem declarar “assim diz o Senhor”, se o Senhor nada lhe
dissera. O teólogo não pode ser nem frio nem seco. Ele tem de declarar com toda
empolgação que Deus é amantíssimo, graciosíssimo, justíssimo,
misericordiosíssimo, puríssimo, santíssimo, sapientíssimo e terribilíssimo. O teólogo
precisa de humildade para explicar as coisas já reveladas e calar-se diante das coisas
ainda ocultas. O teólogo precisa caminhar lado a lado com a fé e com a razão e, se
em algum momento tiver de abrir mão de uma delas, deve ficar com a fé. O teólogo
deve construir e, em nenhum momento, destruir. O teólogo obriga-se a separar o
trigo do joio, a verdade do mito, a revelação da tradição, a visão verdadeira da falsa
visão, o bem do mal, a luz das trevas, o doce do amargo, a vontade de Deus da
vontade própria. O teólogo tem o compromisso de insistir na unicidade de Deus e
condenar a pluralidade de deuses, tanto os de ontem como os de hoje. O teólogo tem
a obrigação de equilibrar a bondade e a severidade de Deus, o perdão e a punição, a
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vida eterna e a morte eterna, a graça e a lei. O teólogo é um fracasso quando não
menciona que Deus amou tanto o mundo que deu seu único Filho por uma só razão:
para que ninguém fosse condenado, mas tivesse, pela fé em Jesus, plena e eterna
salvação!

8. DOUTRINA E RELIGIÃO

O estudo da doutrina também é conhecido como teologia. Doutrina diz


respeito à um conceito que é ensinado, compartilhado, com alguém. Por intermédio
da doutrina um indivíduo recebe instrução para trilhar sua jornada.
O termo “instrução” está sempre associado à “doutrina”. Michaelis define
instrução como a ação de instruir, de ensinar, de explicar ou esclarecer, de educar
intelectualmente. “A palavra „teologia‟ não ocorre na Bíblia e o termo que lhe é
equivalente, no N.T., é „doutrina‟ (“didache” ou “didaskalia”, no grego), que vem
de uma raiz que significa „ensinar‟ e pode se referir tanto ao ato de ensinar,
propriamente, como ao conteúdo do que é ensinado (Rm 6.17;1Tm 6.3-4; 2Tim 4:3-
4; Tito 1.2,9, etc.). Podemos dizer, de modo mais completo agora, que Teologia é o
conjunto de verdades extraídas dos ensinos bíblicos a respeito de Deus e de Sua
obra, e que são apresentadas de modo sistemático, na forma de um corpo de
doutrinas.
Diversos textos bíblicos revelam a importância da doutrina para a vida do ser
humano, como Atos 2.42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações.”, Mateus 7.24-27: “Todo aquele, pois,
que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente,
que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada
sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-
lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e
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correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a
sua queda”, e, Efésios 2.20: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos
profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”.
A teologia possui uma conexão também com a religião. “Religião vem da
palavra latina "ligare" que significa "ligar"; religião representa as atividades que
"ligam" o homem a Deus numa determinada relação. A teologia é o conhecimento
acerca de Deus. Assim a religião é a prática, enquanto a teologia é o conhecimento.
A religião e a teologia devem coexistir na verdadeira experiência cristã; porém, na
prática, às vezes, se acham distanciadas, de tal maneira que é possível ser teólogo
sem ser verdadeiramente religioso, e por outro lado a pessoa pode ser
verdadeiramente religiosa sem possuir um conhecimento sistemático doutrinário”.

9. FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO E FÉ

Os constantes debates religiosos, trazem, de tempos em tempos, assuntos que


ocupam destaque na agenda das pessoas, norteando dessa maneira os temas que
devem ser debatidos no dia-a-dia de suas vidas. Neste sentido, o Brasil apresenta na
agenda de suas discussões o assunto “fundamentalismo”, sobretudo pelo fato do
amplo debate que se faz sobre questões éticas e morais como, aborto,
homossexualidade e religiosidade. Nesta discussão, conceitos fundamentais e
tradicionais são colocados à prova, através de questionamentos e reflexões mais
profundas. A defesa dos princípios absolutos e imutáveis, amparados pela
mensagem bíblica, enfrenta resistências severas diante de um mundo cada vez mais
plural e relativista. Defender a fé tornou-se um grande desafio para aqueles que
optaram em viver a vida seguindo princípios e valores estabelecidos na Palavra de
Deus.
A vida é vivida a partir de escolhas, e estas, manifestam-se no
comportamento dos indivíduos no seu dia-a-dia. Estas escolhas recebem o nome de
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cosmovisões, ou seja, tratam-se de “um conjunto de conceitos, crenças e valores de
que uma pessoa se utiliza para compreender e formar sua opinião particular a
respeito de si, dos outros, e do mundo”. Uma vez definida a “lente” de visualização
do mundo, este indivíduo desenvolve sua fé naquilo em que acredita ser o correto. O
mundo pós-moderno considera a defesa desta fé baseada no absoluto algo
questionável, uma vez que a vida não pode ser vivida sem se levar em conta as
constantes mudanças que o relativismo lhe apresenta. Assim sendo, o conceito de fé
precisa ser detalhadamente conhecido para diferenciá-lo de outros conceitos, e, para
delimitar até onde esta convicção pode ser considerada fundamentalismo no sentido
original deste termo. A pós-modernidade que se apresenta de forma simpática às
diferentes manifestações religiosas, mostra-se implacável e intolerante quando o
assunto trata da fé religiosa num Deus único e imutável, buscando rotular seus
adeptos de “fundamentalistas” no sentido negativo de sua interpretação.
Numa análise bíblica clássica, o termo “fé” tem origem na palavra hebraica
heemim, no grego pisteuô e no latim fidem. O texto bíblico de Hebreus 11.1 define a
“fé” como sendo o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas
que se não veem. Andrade destaca que a “fé” é “a confiança que depositamos em
todas as providências de Deus. É a crença de que Ele está no comando de tudo, e
que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a convicção de que a sua Palavra é
a Verdade. Enfim, é a tranquilidade que depositamos no plano de salvação por Deus
estabelecido, e executado por seu Filho, no Calvário”
Quando o homem questiona a existência de Deus ele não consegue entender a
dimensão da fidelidade e da própria fé. Por não entender esta relação ele considera
este comportamento como sendo equivocado e cego, geralmente como sendo fruto
de uma ignorância cultural e científica. Viver na sociedade que despreza o absoluta e
rechaça a fé, é um desafio que exige convicções cada vez mais profundas.
É possível verificar que a fé relaciona-se com valores, que por sua vez,
definem uma cosmovisão. A simples defesa destes valores, constitui-se para alguns,

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manifestação de alienação, capacidade limitada de enxergar o mundo e intolerância
religiosa.
O relativismo filosófico não consegue aceitar a ideia do valor imutável, e por
isso, milita contra os que assim acreditam. Na impossibilidade de compactuar
valores e princípios, na prática de vida individual, a firme posição de pensamento
passa a ser rotulada de fanatismo, ou, fundamentalismo, numa aplicação equivocada
e distorcida do termo no seu significado original.
O termo „fundamentalismo‟ é visto, de forma geral, como “a atitude de um
grupo de pessoas dentro de uma religião ou de um movimento político que dizem
basear-se num conjunto próprio de diretrizes tradicionais (fundamentos),
defendendo-as de forma absoluta
Todas as formas de conservadorismo passaram a ser caracterizadas de
fundamentalismo, afirma Lieth: “A pessoa que defende sua posição com entusiasmo
e veemência é „fundamentalista‟. A conjuntura, na qual, o tema fundamentalismo
aparece, está ligada aos contornos nada precisos do conceito e da questão
fundamentalismo. Quanto mais imprecisos são os contornos, tanto mais facilmente
se pode caracterizar algo ou alguém de fundamentalismo ou de fundamentalista”.
Do ponto de vista histórico, o conceito de “fundamentalismo” teve sua
origem no mundo ocidental cristão, sobretudo para manifestar oposição aos valores
defendidos pelo liberalismo no século XIX:
Em aspectos gerais, Galindo destaca que “como fenômeno geral o
fundamentalismo é hoje uma tendência dentro das tradições judia, cristã e
muçulmana, que costuma surgir como reação mais ou menos violenta contra toda
mudança cultural”.
Embora seja um movimento marcado por uma defesa extrema de ideais, o
movimento fundamentalista contribui de muitas formas para o desenvolvimento do
pensamento e discussão da teologia. Champlin observa que “além de alertar as
pessoas sobre inúmeros erros que haviam entrado na cena religiosa, o movimento

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fundamentalista tem-se mostrado radicalmente anticomunista, exibindo a
incompatibilidade básica entre aquele sistema político e os ideais e crenças cristãos”.
O fundamentalismo contribui também para a evangelização e para o zelo da
fidelidade à Palavra de Deus. Em linhas gerais, o fundamentalismo é uma ação, que
em sua essência, se contrapõe aos valores antibíblicos e anticristãos, que se levantam
em todos os períodos da história.

REFERÊNCIAS

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Revisada em 02/03/2022

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