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Vincent Cheung
Copyright @ 2009, de Vincent Cheung
Publicado originalmente em inglês sob o título
The View from Above
1ª edição, 2020
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Minha intenção, a princípio, era que este livro fosse uma série de
reflexões concisas baseadas em passagens que abrangem todo
o Evangelho de João. Mas já no início ele começou a explodir em
algo que se tornaria bem mais longo. Como tenho outros projetos
dignos exigindo minha atenção, continuar o livro nos mesmos
moldes demandaria um tempo e esforço de que não posso dispor
no momento. Assim, decidi liberar os artigos finalizados, que
abrangem os quatro primeiros capítulos desse Evangelho. Em
sua forma atual, o livro fica muito aquém da amplitude do meu
plano original, mas compensa isso pelas exposições mais
detalhadas dos pontos que são abordados.
Ao apresentar episódios e discursos selecionados da vida de
Cristo, o Evangelho de João oferece uma filosofia celestial que é
superior a qualquer filosofia terrena e que se coloca em forte
contraste com esta. Minha intenção era demonstrar e fazer uma
exposição sobre isso ao ensinar sobre todo o Evangelho. Embora
este trabalho cubra agora somente quatro capítulos do Evangelho
de João, fico satisfeito por ele chamar atenção suficiente para
alguns dos princípios fundacionais dessa filosofia celestial que
chamamos de fé cristã e porque, como resultado disso, os
leitores devem poder ler o resto do Evangelho a partir dessa
perspectiva.
Embora este livro seja agora lançado como trabalho finalizado,
ainda é possível eu retomar meu plano original para ele em um
momento mais conveniente no futuro. Todavia, o mais provável é
então eu começar outro projeto para abordar algumas das demais
passagens do Evangelho de João.
Entrementes, meu desejo para este livro é que ele ajude os
leitores a apreciar a sabedoria e poder celestiais que nos foram
trazidos no Senhor Jesus para que não mais pensemos e
vivamos como pessoas “de baixo”. Antes, porque nascemos “do
alto” por meio de Jesus Cristo, embora permaneçamos neste
mundo não somos mais do mundo. Como cristãos pensamos,
falamos e agimos num plano superior — um nível completamente
superior de competência e inteligência.
Se os cristãos por fim entenderem e aplicarem esse princípio, ele
revolucionará todas as coisas. Derrubará suas muitas doutrinas e
políticas deficientes, tão emaranhadas em tradições humanas e
falsa humildade. E também colocará um fim na sua
contemporização com o mundo da incredulidade. Isto é, eles
saberão que em Cristo somos uma raça superior, e todas as
estratégias de apaziguamento parecerão então tolas e
desnecessárias.
Este livro leva o título do primeiro artigo, que também funciona
como uma introdução para o resto da coleção.
1. A visão do alto
Aquele que vem do alto está acima de todos; aquele que é da terra
pertence à terra e fala como quem é da terra. Aquele que vem dos
céus está acima de todos. Ele testifica o que tem visto e ouvido, mas
ninguém aceita o seu testemunho. Aquele que o aceita confirma que
Deus é verdadeiro. (Jo 3.31-33)
Surgiu um homem enviado por Deus, chamado João. Ele veio como
testemunha, para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele
todos os homens cressem. Ele próprio não era a luz, mas veio como
testemunha da luz. (Jo 1.6-8)
Surgiu um homem enviado por Deus, chamado João. Ele veio como
testemunha, para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele
todos os homens cressem. Ele próprio não era a luz, mas veio como
testemunha da luz.
Então João deu o seguinte testemunho: Eu vi o Espírito descer dos
céus como pomba e permanecer sobre ele. Eu não o teria
reconhecido se aquele que me enviou para batizar com água não me
tivesse dito: Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e
permanecer, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Eu vi e testifico
que este é o Filho de Deus.
Filipe, como André e Pedro, era da cidade de Betsaida. Filipe
encontrou Natanael e lhe disse: Achamos aquele sobre quem Moisés
escreveu na Lei e a respeito de quem os profetas também
escreveram: Jesus de Nazaré, filho de José.
Perguntou Natanael: Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá?
Disse Filipe: Venha e veja.
Ao ver Natanael se aproximando, disse Jesus: Aí está um verdadeiro
israelita, em quem não há falsidade.
Perguntou Natanael: De onde me conheces?
Jesus respondeu: Eu o vi quando você ainda estava debaixo da
figueira, antes de Filipe o chamar.
Então Natanael declarou: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de
Israel! (Jo 1.6-8, 32-34, 44-49)
Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm mais
vinho.
Disse Jesus aos serviçais: Encham os potes com água. E os
encheram até a borda.
Então lhes disse: Agora, levem um pouco ao encarregado da festa.
Eles assim fizeram, e o encarregado da festa provou a água que fora
transformada em vinho… e disse: Todos servem primeiro o melhor
vinho e, depois que os convidados já beberam bastante, o vinho
inferior é servido; mas você guardou o melhor até agora.
Quando já estava chegando a Páscoa judaica, Jesus subiu a
Jerusalém. No pátio do templo viu alguns vendendo bois, ovelhas e
pombas, e outros assentados diante de mesas, trocando dinheiro.
Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem
como as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e
virou as suas mesas. Aos que vendiam pombas disse: Tirem estas
coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado!
Seus discípulos lembraram-se que está escrito: O zelo pela tua casa
me consumirá.
Então os judeus lhe perguntaram: Que sinal milagroso o senhor pode
mostrar-nos como prova da sua autoridade para fazer tudo isso?
Jesus lhes respondeu: Destruam este templo, e eu o levantarei em
três dias.
Os judeus responderam: Este templo levou quarenta e seis anos para
ser edificado, e o senhor vai levantá-lo em três dias? Mas o templo do
qual ele falava era o seu corpo. Depois que ressuscitou dos mortos,
os seus discípulos lembraram-se do que ele tinha dito. Então creram
na Escritura e na palavra que Jesus dissera. (Jo 2.3, 7-10, 13-22)
Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o
que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho
ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio
dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por
não crer no nome do Filho Unigênito de Deus.
Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e
não a luz, porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não
se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas. Mas quem
pratica a verdade vem para a luz, para que se veja claramente que as suas obras
são realizadas por intermédio de Deus.
Aquele que vem do alto está acima de todos; aquele que é da terra pertence à
terra e fala como quem é da terra. Aquele que vem dos céus está acima de todos.
Ele testifica o que tem visto e ouvido, mas ninguém aceita o seu testemunho.
Aquele que o aceita confirma que Deus é verdadeiro. Pois aquele que Deus
enviou fala as palavras de Deus, porque ele dá o Espírito sem limitações.
O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos. Quem crê no Filho tem a vida
eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece
sobre ele. (Jo 3.16-21, 31-36)
Nisso veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dê-me
um pouco de água. (Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar
comida.)
A mulher samaritana lhe perguntou: Como o senhor, sendo judeu,
pede a mim, uma samaritana, água para beber? (Pois os judeus não
se dão bem com os samaritanos.)
Jesus lhe respondeu: Se você conhecesse o dom de Deus e quem
está pedindo água, você lhe teria pedido e dele receberia água viva.
Disse a mulher: O senhor não tem com que tirar água, e o poço é
fundo. Onde pode conseguir essa água viva? Acaso o senhor é maior
do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo
bebeu, bem como seus filhos e seu gado?
Jesus respondeu: Quem beber desta água terá sede outra vez, mas
quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao
contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a
jorrar para a vida eterna.
Disse a mulher: Senhor, vejo que é profeta. Nossos antepassados
adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o
lugar onde se deve adorar.
Jesus declarou: Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que
vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém.
Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o
que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. No entanto, está
chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os
adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os
seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
Disse a mulher: Eu sei que o Messias (chamado Cristo) está para vir.
Quando ele vier, explicará tudo para nós.
Então Jesus declarou: Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com
você.
Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao
povo: Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito.
Será que ele não é o Cristo?! Então saíram da cidade e foram para
onde ele estava.
Muitos samaritanos daquela cidade creram nele por causa do
seguinte testemunho dado pela mulher: Ele me disse tudo o que
tenho feito. Assim, quando se aproximaram dele, os samaritanos
insistiram em que ficasse com eles, e ele ficou dois dias. E, por causa
da sua palavra, muitos outros creram.
[1] D. M. Lloyd-Jones, Por que prosperam os ímpios? (São Paulo: PES, 1992), p. 14.
[2] Ibid., p. 15.
[3] Deus era, é e será o mesmo, e a natureza divina do Verbo permaneceu a mesma
após a encarnação. Se o Verbo era Deus, então é Deus. O mesmo deve ser dito sobre
o Deus-homem Jesus Cristo — ele era Deus e é Deus. Todavia, neste contexto,
seguimos João ao falar do Verbo no tempo passado. Sua narrativa do Evangelho
começa de um tempo anterior à encarnação e se refere ao Verbo à parte da
encarnação a fim de que possamos ter uma compreensão clara de quem ou o que
assumiu uma natureza humana.
[4] “Ele usa aí a palavra ‘Verbo’, mas em cujo significado tem em vista não apenas o
poder do Filho de Deus, mas também um arranjo admirável e uma ordem bem definida
que ele conferiu às coisas criadas, visto ser a Sabedoria de Deus. E podemos
contemplá-lo em todas as criaturas, pois ele sustenta todas as coisas através de sua
virtude e poder” [João Calvino, The Deity of Christ (Old Paths Publications, 1997), p.
30].
[5] “E que vida? Tal como todas as coisas são feitas e preservadas pelo Verbo de Deus.
Todavia, há algo mais excelente no homem, isto é, a alma, inteligência e razão” (Ibid., p.
32).
[6] De todo modo, o Antigo Testamento é um livro cristão, não um livro judaico.
Qualquer judeu que não creia no Novo Testamento — qualquer judeu que não seja
cristão — não crê realmente no Antigo Testamento.
[7] William Barclay, The Gospel of John, Volume 1 (Westminster John Knox Press,
1975), p. 67.
[8] Ibid., p. 66.
[9] Na versão em inglês usada pelo autor: “… me ordenou o que dizer e como dizê-lo”.
[N. do T.]
[10] George Whitefield, Select Sermons of George Whitefield (The Banner of Truth
Trust, 1997), p. 187-88.
[11] John Piper, Supremacia de Deus na pregação (São Paulo: Shedd Publicações,
2003), p. 37.
[12] “… por causa dos milagres em si” — na versão bíblica usada pelo autor. [N. do T.]
[13] Donald Guthrie, “John” em New Bible Commentary, 21st Century Edition (IVP
Press), p. 1037.
[14] Charles H. Spurgeon, Leituras Diárias - Volume 1 (São Paulo: Fiel, 2004), p. 125.