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Línguas e Edificação

A Bíblia contradiz a suposição de que o único tipo de edificação ou a única forma de edificação é
a fala inteligível. Aquele que fala em línguas edifica-se a si mesmo (1 Coríntios 14:4a) enquanto
seu espírito ora (1 Coríntios 14:14a), mas sua mente é “infrutífera” (14b). Portanto, Paulo diz que
o cristão deve orar tanto em línguas quanto com o entendimento (14:15). Todavia, usamos
linguagem inteligível quando desejamos edificar outras pessoas. É claro que 1 Coríntios 14
enfatiza a edificação de outras pessoas, e isso por meio de palavras inteligíveis, porque era isso
que os coríntios precisavam ouvir. Uma igreja diferente pode precisar ouvir a outra perspectiva. O
que Paulo diria às seitas anti-línguas? Nestas, a edificação de outras pessoas pela linguagem
inteligível é enfatizada em detrimento da exclusão de tudo o mais, até o ponto de condenar o que
a Bíblia ensina como meio adequado de edificação, como se essas coisas fossem más. Para
eles, Paulo provavelmente colocaria ênfase na edificação do eu1 por meio da oração em línguas
(14:18), ou a edificação de outros por meio de línguas e interpretação. Envolve pouca
especulação dizer isso porque queremos apenas dizer que Paulo ajustaria sua ênfase para impor
seus próprios princípios sobre o assunto quando o erro está focado em outro lugar.

O discurso inteligível que Paulo ensina em 1 Coríntios 14 nem mesmo é principalmente pregação
(embora isso esteja incluído em 14:26), mas ele se refere à profecia, uma manifestação
sobrenatural do Espírito. Aqueles que rejeitam o falar em línguas geralmente também rejeitam a
profecia e, portanto, rejeitam completamente a 1 Coríntios 14. Eles geralmente também rejeitam
dons de cura, milagres, ver e ouvir espíritos, visões e sonhos, e revelações. Assim, eles também
descartam 1 Coríntios 12 e 13. Essas pessoas seguem Jesus Cristo apenas como um filósofo
moral, como alguns pagãos seguem Confúcio. Elas se recusam a permitir que a filosofia do céu
produza o que promete na terra. Aquelas se recusam a seguir Jesus em suas obras de poder,
obras que ele ordenou que seus aprendizes dessem continuação. Quando você afirma seguir
alguém, mas rejeita muito do que essa pessoa ensina e defende, então ela é apenas um mero
símbolo para você. Você não é um verdadeiro seguidor.

Embora a fala inteligível realmente leve à edificação, a suposição de que apenas a fala inteligível
pode produzir edificação não é bíblica. No entanto, é uma suposição inflexível e inegociável em
algumas tradições teológicas que apenas o discurso inteligível pode produzir edificação. Isso
porque, como acontece com centenas de outros tópicos, é um fato inflexível e inegociável que as
tradições teológicas estão erradas. As tradições são frequentemente inventadas para proteger a
agenda humana, tal como para justificar seus preconceitos e obscurecer suas inadequações. Se
elas carecem do Espírito de Deus, então elas querem ensinar que elas já têm o Espírito de Deus,

                                                            
1
 N.T.: “self”, em inglês. 
que isso não é algo que Deus oferece após nossa confissão de fé em Cristo, e que não é algo
que produziria quaisquer efeitos externos e poderosos. Se elas não têm fé para receber e
ministrar cura, elas querem dizer que a cura cessou, e que a doença é um presente de Deus, não
uma opressão de Satanás como Jesus disse. Se elas não têm línguas, nem profecias, nem
visões, nem sonhos, nem...nem nada além de alegar que são as pessoas mais inteligentes e
ortodoxas da história da humanidade, independentemente do quanto contradigam as Escrituras,
então todas essas coisas cessaram.

Jesus não foi morto porque realizou muitas obras de caridade. Não, ele foi morto porque realizou
muitas obras milagrosas. Ele foi odiado não porque expôs a cobiça e o egoísmo das pessoas,
mas porque expôs a falta de fé e poder das pessoas. Jesus não foi morto porque desafiou muitas
ideologias políticas. Não, ele foi morto porque desafiou muitas ideologias teológicas. Ele era
odiado porque desafiou a ortodoxia histórica para restabelecer a ortodoxia autêntica. Ele não foi
morto porque algumas pessoas pensavam que ele blasfemava. Muitos blasfemaram e muitos
pagãos circularam entre o povo, mas ninguém ameaçou o estabelecimento como ele. Jesus foi
morto porque expôs as pessoas religiosas por sua descrença e tradição, e por sua falta de
habilidades e experiências espirituais. Isso o tornou alvo de falsas acusações, como blasfêmia e
sedição. Desde aquela época até os nossos dias, é pelas mesmas razões que aqueles que se
consideram a elite religiosa se opõem aos que seguem Jesus em suas doutrinas e milagres. Se
você fizer com que a imagem dos religiosos fique mal por meio de suas obras de caridade, eles
podem não gostar de você, mas não tentarão destruí-lo. Mas se você faz com que eles pareçam
ruins com suas doutrinas de fé e obras de poder, é quando o espírito dos antepassados deles —
o espírito de homicídio — é despertado. É quando eles tentarão destruir você como os ancestrais
deles assassinaram Jesus. Os que odeiam você frequentemente serão seus próprios pastores,
seus amigos da igreja, seus professores do seminário e até mesmo seus pais.

Em qualquer caso, a natureza e o método exatos dessa edificação podem ser complexos, mas é
fácil conceber como algo que ignora a mente consciente pode produzir edificação. Você pode ver
isso facilmente. A razão pela qual você acha isso difícil é porque você está preso na suposição
antibíblica. Vamos propor uma maneira de isso acontecer. Por um momento, vamos abordar o
modelo consciente versus subconsciente. Isso não significa que aceitamos as teorias associadas
a este. Este modelo surgiu porque os não-cristãos inferiram que algo assim deve existir na
pessoa humana, mas eles não alcançaram a verdade sobre isso. A qualquer momento, seu
subconsciente está retendo, processando e aplicando muito mais — talvez muitos milhões de
vezes mais — informações do que aquilo que sua consciência imediata está ciente e pensando.
O subconsciente é necessário e poderoso — sem este, você não consegue se lembrar de nada
além de vários minutos e você não pode realizar as funções motoras mais básicas — mas
também é inacessível à sua consciência. Você não pode explorar os recursos dela à vontade.
Pode ser que falar em línguas seja a capacidade milagrosa dada ao cristão de falar a partir dessa
parte da pessoa regenerada, orando assim muito além do desenvolvimento da mente consciente
do cristão. Um cristão deve continuar a aumentar em conhecimento e maturidade em sua
consciência, mas enquanto isso o Espírito o capacita a dar um salto instantâneo para a frente.

Existem testemunhos de pessoas que, por falarem em línguas diariamente, foram curadas de
medo irracional, depressão paralisante, memórias traumáticas, compulsões suicidas e coisas
assim, bem como outros problemas menos drásticos. Os estudantes reconheceram que, por falar
em línguas diariamente e entre as sessões de estudo, suas mentes se tornaram mais relaxadas e
focadas e mais inteligentes, aumentando assim seu desempenho. Palestrantes e escritores
cristãos admitiram que falar em línguas os ajudou a superar a estagnação e os infundiu com
energia e ideias criativas. Uma pessoa trabalhava em um hospital onde abrigava crianças com
deficiência mental. Ele não sabia orar por elas, mas todos os dias ia visitar cada criança e colocar
suas mãos sobre elas e orar por vários minutos em línguas. As crianças que não haviam
progredido por três ou mais anos começaram a apresentar melhora em uma semana, e algumas
foram liberadas depois de um mês ou mais.

É comum ouvir que orar em línguas ajuda as pessoas a controlar a raiva e o medo, e a perdoar.
Outros testificam regularmente que estão cheios de alegria, conforto, paz, coragem
aparentemente sobre-humana, lampejos de ideias teológicas, para suas próprias necessidades e
para realizar o ministério. Línguas são um presente de Deus para Seus filhos, nunca devem ser
desprezadas ou subestimadas. Às vezes as pessoas perguntam: “Se eu receber o Espírito, terei
que falar em línguas?” Você não precisa fazer nada. Você nem mesmo tem que receber Jesus
Cristo. Você pode queimar no inferno se quiser. Você NÃO PRECISA falar em línguas, mas
PODE falar em línguas. Por que você não iria querer, visto que a Escritura não tem nada além de
elogios por falar em línguas quando feito no ambiente certo? Como Paulo disse: “Agradeço a
Deus por falar em línguas mais do que todos vocês”.

Existem muitos outros tipos de benefícios. Isso é o que devemos esperar, porque é uma obra do
Espírito de Deus. Chamar tudo isso de “edificação” é correto. Os religiosos que se orgulham de
sua edificação não poderiam chegar perto de alcançar um décimo dos resultados por sua
pregação e aconselhamento sem fé, e seus volumes sobre volumes de reflexões tediosas e
minuciosas. Se você começar com incredulidade, sempre desenvolverá doutrinas infiéis. E então
você só pode apelar para seus credos e outros teólogos infiéis para escusar a si próprio. Não
fique preso a algo que vem apenas da ortodoxia e da invenção humana. Não despreze nada que
venha de Deus. Falar em línguas vem de Deus, e até Balaão sabia que você não pode
amaldiçoar o que Deus abençoou. Você não pode condenar o que Deus perdoou. Assim, os
pregadores anti-línguas são pregadores apóstatas, ainda menos confiáveis do que o profeta
apóstata, Balaão. Abandone as suposições feitas pelo homem que o limitam e prejudicam. Abra-
se para Deus, para o caminho da fé, para não perder “todo dom bom e perfeito”.
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Autor: Vincent Cheung
Fonte original: https://www.vincentcheung.com/2020/06/10/tongues-and-edification/
Tradução: Nathan Cazé
Disponível em: https://monoergon.wordpress.com

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