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CURSO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA II

SEMINARIO TEOLÓGICO MIZPÁ

ALDAIR FELISBERTO

O DOM DE LÍNGUAS À LUZ DA BÍBLIA

SÃO PAULO- SP

2023
Os Dons do Espirito Santo

Que são dons espirituais? Quantos dons existem? Algum dom teria
desaparecido? Buscando e usando dons espirituais.

No passado, os livros de teologia não tinham capítulos sobre dons


espirituais, pois havia poucas perguntas sobre à natureza e ao uso dos dons
espirituais na igreja. Mas no século XX tem muitos movimentos pentecostais e
carismático dentro da igreja. Podemos definir os dons espirituais como da seguinte
maneira: Dom Espiritual é qualquer talento potencializado pelo Espirito Santo e
usado nos ministérios da igreja. Essa definição ampla inclui tanto os dons
relacionados a talentos naturais, quanto os que parecem miraculosos e menos
relacionados a talentos naturais. A razão é que quando Paulo alista os dons
espirituais, inclui os dois tipos de dons. Contudo, nem todos os talentos naturais que
as pessoas têm foram incluídos, pois Paulo deixa claro que todos os dons
concedidos devem ser distribuídos por “um só e o mesmo Espirito”, são concedidos
“visando ao bem comum” e devem ser todos usados para “edificação” da igreja.

“Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espirito,
e ele as distribui individualmente, a cada um como quer” (1Co 12.11).
“Ora assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros,
e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também
com respeito a cristo” (1Co 12.12).
“Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês individualmente, é
membro desse corpo” (1Co 13.27).

O Dom de línguas
O falar em línguas é a oração ou louvor dirigida a Deus e não
compreendidas pelos homens. Em 1Co 14.2 Paulo diz: “Quem fala em outras
línguas não fala a homens, senão a Deus”, pois os ouvintes não conseguem
entender quem fala numa língua como essa. Somente Deus o entende, pois é fruto
do espirito e não da mente.
“Quando Paulo lhe impões as mãos sobre eles o Espirito e começaram a
falar em línguas e a profetizar” (At 19.6).
Eles tanto falavam em línguas como profetizavam, numa demonstração e
comprovação exterior de que haviam recebido o Espirito
Paulo também fala que caso não aja interprete no culto, a pessoa com
dom de língua deve ficar calada
“Se, porém, alguém falar em língua, devem falar dois, no máximo três, e
alguém deve interpretar. Se não houver intérprete, fique calado na igreja, falando
consigo mesmo e com Deus.” (1Co 14.27).
Paulo não proíbe o falar em línguas, mas ele impõe três restrições ao uso
desse dom na igreja. 1. Somente dois ou três devem falar em línguas numa só
reunião, 2. Devem falar um por vez. 3. Deve haver interpretação.
Paulo continuas dizer:
“Pois vocês todos podem profetizar, cada um por sua vez, de forma que
todos sejam instruídos e encorajados. O espirito dos profetas está sujeito aos
profetas. Pois Deus não Deus de desordem, mas de paz.” (1Co 14. 31;32;33)
Paulo estava preocupado com a igreja de Corinto, mas sua solução não
era proibir o dom de línguas, mas corrigir o uso improprio do dom.

Não extático, mas autocontrolado


Alguns defendem que as pessoas que falam em línguas perdem a
consciência no momento em que estão, perdem o autocontrole e são forçados a fala
contra sua vontade. Mas isso não é mostrado no novo testamento. Mesmo quando
os apóstolos tinham sido batizados com Espirito Santo e estavam falando com
vários grupos em outras línguas e idiomas. Eles foram capazes de parar de falar em
línguas para ouvir a Pedro.
Também quando Paulo fala que “No caso de alguém falar em línguas,
que não sejam mais do que dois ou, quando muito, três, e isto sucessivamente, e
haja alguém que interprete.”
E isso indica que o falar em línguas não era um discurso cheio de êxtase,
pois os oradores estavam cientes do que estava acontecendo na reunião e podiam
esperar a sua vez de falar.

Línguas sem interpretação


Paulo usa uma variedade de ilustrações para ensinar que o falar em
línguas, sem interpretação, não edifica outros, indicando assim que a edificação vem
através do entendimento.
“Assim acontece com vocês. Se não proferirem palavras compreensíveis
com a língua, como alguém saberá o que está sendo dito? Vocês estarão falando ao
ar.” (1Co 14.9).
Ele diz que as pessoas que falarem em línguas na igreja estará agindo
como crianças
“Irmãos, deixem de pensar como crianças.” (1Co 14.20)
Assim como acontece às crianças pequenas, não tenham desejos
pecaminosos nem motivos errôneos desejando destacar-se nos dons espirituais
(como o falar em línguas) como um fim em si mesmo.
“Assim, se toda a igreja se reunir e todos falarem em línguas, e entrarem
alguns não instruídos ou descrentes, não dirão que vocês estão ficando loucos?”
(1Co 14.23).
O sinal que deveria impressionar os descrentes, usado de forma errada,
terá efeito negativo nos não salvos.
As línguas não compreendidas, usadas de maneira errada, com certeza
terá um sinal negativo e um sinal de julgamento para os descrentes. Paulo fala que
se uma pessoa chegar a igreja e só ouvir palavras incompreensíveis, com certeza
ela não será salva.

Línguas com interpretação


Uma vez que o falar em línguas é interpretado, todos podem
compreender e ser edificado.
“Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que
o dom do Espirito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviram
falando em línguas e exaltando a Deus.” (At 10.46)
Nesse caso o dom de línguas se torna tão importante quanto o dom de
profecia.
A profecia é a comunicação de Deus para o ser humano, enquanto as
línguas são em geral comunicação de seres humanos para Deus. Mas Paulo afirma
que as duas tem o mesmo valor, quando usadas na edificação da igreja.
“Todos ficaram cheios do Espirito Santo e começaram a falar em línguas,
conforme o Espirito os capacitava. Havia em Jerusalém judeus, tementes a Deus,
vindo de todas as nações do mundo. Ouvindo o som, ajuntou-se uma multidão que
ficou perplexa, pois cada um ouvia falar em sua própria língua.” (At 2.4;6).

Que dizer do perigo da imitação demoníaca?


Alguns cristãos tem medo em falar em línguas, pensando que falar algo
que não compreendem pode ser blasfêmia contra Deus ou falar algo inspirado por
demônio. Mas Paulo nunca se preocupou com isto, pois o Espirito Santo só age na
vida dos que creem.
“Por isso, quero que entendam que ninguém que fala pelo Espirito de
Deus afirma: “Anátema, Jesus!” Por outro lado, ninguém pode dizer: “Senhor
Jesus!”, a se não pelo Espirito Santo. Ora, os dons são diversos, mas o Espirito é o
mesmo”. (1Co 12.3;4).
Por causa de sua experiencia em cultos pagãos, alguns coríntios podem
ter tido preocupações aos dons de fala outorgados pelo Espirito Santo à igreja. Mas
Paulo diz que ninguém que fala pelo Espirito de Deus afirma: “Anátema, Jesus!”
Portanto, eles não devem se preocupar que os cristãos que falam em línguas
possam proferir blasfêmia, e que ninguém pode dizer, em fé genuína, “Senhor
Jesus!”, senão pelo Espirito Santo.

Estaria Romanos 8.26-27 relacionado ao falar em línguas?


Paulo escreve:
“Da mesma maneira, também o Espirito nos ajuda em nossa fraqueza.
Porque não sabemos orar como convém, mas o próprio Espirito intercede por nós
com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente
do Espirito, porque intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus.”
Embora os cristãos nem sempre sabem a vontade de Deus em oração,
mas o próprio Espirito intercede por eles em seus gemidos e através deles. Isto não
se refere ao falar em línguas, pois o que Paulo diz aqui se aplica a todos os cristãos
e, de acordo com 1Co 12.30, somente alguns cristãos falam em línguas.

Conclusão
Desta forma podemos concluir que existem dons espirituais de duas
formas: os dons naturais, que são os talentos potencializados pelo Espirito Santo e
os dons não naturais. Paulo fala que todos os dons são concedidos visando o bem
comum e devem ser usados para a edificação da igreja. Podemos definir que o dom
de língua é um dom não natural, que é definido como oração e louvor dirigido a
Deus. Esse dom não é compreendido pelas pessoas, por isso Paulo diz que só
devemos usa-lo na igreja, caso tenha interprete, pois devemos ter um culto com
ordem. Paulo afirma que os dons de línguas usados de maneira errada não é só um
problema para os crentes, mas também para os descrentes. Ele mostra que a
edificação vem através do entendimento, e que se toda igreja estiver falando em
línguas e um descrente entrar, com certeza ele não será salvo. Porém uma vez que
tenha interprete, todos podem ser edificados.
Apesar de muitos cristãos terem medo de usar o dom de línguas e
falarem algo contra Deus, Paulo afirma dizendo que isso é impossível de acontecer,
pois ninguém pode dizer, em fé, o nome de Jesus, se não pelo Espirito Santo.
Bibliografia

Biblia de Estudo NAA. (2017). São Paulo: Sociedade Biblica do Brasil.

Biblia de Estudo NVI. (2003). São Paulo: Editora Vida.

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