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O CRESCIMENTO DA IGREJA
E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
1 Coríntios 12.31; 14.1,39

Introdução
Certa vez um rapaz, crente novo, com toda a humildade, simplicidade e sinceridade
disse ao pastor que tinha ido a uma reunião e o pessoal lá o ensinara como falar em
línguas. Colocaram a mão sobre a sua cabeça e mandaram que ele começasse a
formar uma palavra desconhecida, e que afrouxasse a língua e dissesse aquela
palavra, várias vezes, repetindo-a.

Ele continuou contando que começou a falar aquela palavra muitas vezes,
repetidamente, e então disseram: "Aleluia!, está falando em línguas". O rapaz, então,
perguntou: quer ver como falo, pastor? E então destrancou a língua e falou aquelas
palavras sem nexo que havia formado. O pastor ficou profundamente triste com
aquelas pessoas. Isso era muito diferente do que se vê no Novo Testamento. Lá era
algo dado, algo que você não pode produzir, é Deus que toma, que reveste quando
ele quer, da forma como quer.

É o Espírito que sopra onde quer, ouvimos sua voz e não sabemos de onde vem e
para onde vai. Quem conheceu o Espírito do Senhor? Ele é soberano, ele é Senhor -
mas estes pastores, quem são? Com que autoridade pretendem ter controle sobre o
Espírito de Deus? Será que é mesmo o Espírito de Deus, ou é outro espírito?

Sim, pois o Espírito de Deus não se sujeita a tempos humanos, às determinações


humanas, às coreografias inventadas pelo homem. Ele não se humilha para receber
instrução de pastor ou pregador! Ele é o Senhor da Igreja c faz como lhe apraz. Não é
possível crer nesse tipo de dominó espiritual. Não é o que se lê na Escritura. O
Espírito não está sujeito ao ministério de ninguém.

1 - A EDIFICAÇÃO DA IGREJA
O Espírito Santo tem um propósito, um fim, quando permite que os dons se
manifestem na igreja, e este é sempre proveitoso. Paulo se refere à edificação da
igreja (1 Co 14.12, 17,26). Paulo se queixa do que ora em línguas não conhecidas
porque os outros não são edificados. Isto porque o propósito do dom é edificar o
próximo. E este o fim proveitoso.

Mas, o que é edificação? Creio que aqui esteja a chave, o conceito para entender o
propósito dos dons na igreja. Ao que tudo indica na Escritura, a melhor resposta está
em Efésios 4.11-16.

Fica claro desta passagem o que Paulo entende por edificação. Várias coisas estão
presentes aqui: primeiro, o crescimento no conhecimento de Cristo; segundo, firmeza,
clareza e exatidão doutrinária, ao ponto de você ficar firme, convicto, e não ser levado
de um lado para outro, por qualquer vento de doutrina. Isso é o que significa doutrinar,
preparar, ensinar, instruir a igreja, para que ela esteja firme na verdade apostólica.

Significa usar a mente, o entendimento, significa pensar. Algumas pessoas pensam


que tudo isso é contra a fé, que é contra o Espírito Santo; pensam que raciocinar,
discernir e examinar sejam prova de intelectualismo árido. Nada mais longe da
verdade. Essa é a essência do crescimento.

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Não existe crescimento que não passe pela mente. Se não passa pela mente, não
existe avivamento. O avivamento, segundo o apóstolo Paulo, consiste na renovação
do homem interior, na renovação do espírito, da nossa mente. É o culto racional de
Romanos 12.

Atualmente a tendência é suprimir esse aspecto. Há uma tendência antidoutrina nos


movimentos onde a experiência é a ênfase. Por que isso? Se a edificação da igreja
consiste em crescer cm conhecimento de Cristo para que a igreja não seja levada por
ventos estranhos de doutrina, por que essa reação contra doutrina? Creio que a razão
pela qual muitos não gostam de estudar a Bíblia profundamente, é porque na hora de
começarem a se aprofundar, eles vão, para ser coerentes, ter que abandonar muitas
das suas práticas.

Eles dizem, "não vamos mexer com isso. Vamos ficar com estas partes práticas aqui,
que todo mundo pode fazer, utilizar, e que não nos divide teologicamente". Mas,
edificação, na Bíblia, sempre passa por instrução, por ensino, por conhecimento.
Passa pelas Escrituras.

É com base nesse critério que Paulo rejeita as línguas no culto, e prefere a profecia —
vejam especialmente 1 Coríntios 14.1-19. É por isso que o apóstolo Paulo estabelece
a profecia como um dom a ser buscado, um dom que edifica a igreja, em contraste
com as línguas, porque estas quando não traduzidas, não interpretadas, não trazem
qualquer edificação para a igreja.

Estas questões nos ajudam a definir o que seja edificar. Significa instruir na sã
doutrina, no crescimento de Deus, crescer no conhecimento das Escrituras. Esse é o
ponto. Portanto, todos os dons, mesmo sendo tão diferentes, visam, das mais diversas
maneiras, atingir as diferentes necessidades do corpo de Cristo e promover a sua
edificação. Assim, usar os dons por motivos egoístas é deturpá- los. Se você exercer
um dom espiritual, no culto ou numa atividade, em que você é o único beneficiário,
estará fugindo do propósito pelo qual o Espírito Santo deu os dons.

2 - A LISTA DE 1 CORÍNTIOS 12.8-10


Cada um dos dons nomeados existe apenas em função da igreja, para a edificação da
comunidade. A natureza dos dons mostra isso claramente. Por exemplo, "palavra de
sabedoria e palavra de conhecimento", qualquer que seja seu significado, só fazem
sentido se forem para instruir, abençoar e orientar a igreja. O dom da fé que Paulo
menciona em 1 Coríntios 12.9 é aquela confiança plena de que Deus vai fazer alguma
coisa.

O dom da fé não é a fé salvadora, uma vez que fé salvadora todos os cristãos têm.
pois foi dada por Deus (Ef 2.8). O dom da fé é para benefício da igreja, para você orar
por alguém da igreja, por uma situação difícil dela. E não se está falando de fé
individual, que você exercita em casa, quando ora por seus problemas. Vale lembrar
que o contexto aqui é de culto público, de comunidade, de edificação da igreja.

Depois Paulo fala de dons de curar, de operação de milagres, que ordinariamente são
voltados para os outros, para a comunidade. É o mesmo com o dom de profecia,
qualquer que seja a sua natureza. Ela visava sempre a edificação da igreja. Línguas e
interpretação, igualmente.

Elas são dadas pelo Espírito para edificar a comunidade, quer seja através da oração,
de cânticos ou em discursos. É claro que para isso as línguas precisavam ser
interpretadas, para que pudessem cumprir essa finalidade.

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É por esse motivo que Paulo diz que se não houver intérprete, que não se fale em
línguas Co 14.28), pois línguas sem interpretação não edificam a ninguém.

Algumas pessoas tentam passar por cima desta restrição apostólica afirmando que se
a comunidade for madura o bastante poderá falar em línguas sem interpretação, pois
cada um está falando individualmente, não aos membros da igreja. Esse é o tipo de
interpretação em que a pessoa vai ao texto disposta a torcê-lo para servir ao seu
próprio propósito.

Em lugar algum da Escritura se admite, em qualquer circunstância, que línguas sejam


utilizadas no culto sem qualquer interpretação. Alguns chegam a questionar: E se for
do Espírito Santo? Se for do Espírito Santo, vai ser de acordo com a Palavra que ele
mesmo inspirou.

Esse tipo de ingenuidade piedosa tem contribuído para o engano. Qual é então o
critério? A edificação da igreja. Línguas sem serem interpretadas não edificam a
comunidade. Assim, não se justifique no culto público dizendo: "Eu me edifico" (1 Co
14.4). É melhor edificar-se em casa, pois na igreja você usa o dom para edificara
comunidade. A Escritura é a regra de fé e prática para a igreja.

4 - OS DONS E A UNIDADE ORGÂNICA DA IGREJA


Existe variedade e unidade no corpo humano. Essa é uma excelente metáfora do que
seja a Igreja de Cristo. Ela tem muitos e variados membros, dons. ministérios e
realizações. Ao mesmo tempo, cm meio a essa imensa variedade, a Igreja encontra
sua unidade. Assim, ela é um organismo vivo, o corpo de Cristo.

Essa é uma das doutrinas características de Paulo. Frequentemente em suas cartas o


apóstolo se refere a ela, em conexão com várias questões. Com respeito a divisões na
Igreja (1 Co 1.13); para expressar dedicação indivisível no culto a Deus (1 Co 10.16-
20); para expor a necessidade de discernimento na participação da Ceia (1 Co 11.29);
e de modo mais detalhado Paulo faz uso da comparação ao falar dos dons espirituais
(1 Co 12.12-27).

Paulo aborda os 'rachas' internos, causados pelo espírito sectário dos Coríntios, a
partir da doutrina da Igreja como corpo de Cristo. Como um corpo humano, que possui
muitos membros, mas é um único corpo, a Igreja com seus muitos e variados
membros é uma unidade.

A existência e o crescimento da Igreja brotam da unidade criada por Cristo através do


Espírito (veja EÍ4.3-Ó, 11-16; Cl 2.19; 3.14,15). A pergunta é: o que faz com que os
diferentes membros sejam um? São todos tão diferentes!

Existem tantos ministérios e dons diferentes no corpo dc Cristo. São tão diferentes as
experiências c temperamentos; a procedência, raça e posição social. A resposta de
Paulo em 1 Coríntios 12.13 é que todos os crentes genuínos foram batizados por um
só Espírito; todos assim formam um só corpo; e todos bebem de um só Espírito (1 Co
10.17).

Paulo, explorando a metáfora do corpo humano, explica como todos nós precisamos
da ministração dos outros através de seus dons (1 Co 12.21 -26), assim como os
olhos e as mãos precisam dos pés e vice-versa. Todos são necessários, mesmo os
que parecem mais fracos (12.22).

Aos referir-se aos membros mais fracos e menos dignos do corpo, ele está
implicitamente atacando o sentimento de superioridade espiritual que alguns dos

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Coríntios tinham, e o consequente desprezo ou desdém pelos demais que julgavam


"fracos" ou menos "dignos", que eram possivelmente os que não tinham o dom de
línguas.

Através dessa comparação Paulo ensina que a Igreja deve dar honra c atenção aos
crentes que têm ministérios e dons absolutamente ordinários e normais, e que
raramente são notados, ao passo que não deveria dar honra especial aos que já têm
dons e ministérios mais visíveis (12.24).

A razão pela qual Deus deseja que seja assim, é para que não haja divisão no corpo
(12.25) , e para que haja uma genuína solidariedade entre os mais variados membros
da Igreja (12.26). Os dons do Espírito, portanto, ao serem exercitados na Igreja,
devem refletir a unidade intrínseca em Cristo, e não provocar divisões, como estava
ocorrendo nas reuniões dos Coríntios.

CONCLUSÃO
Todos devemos ser gratos a Deus pelo que ele tem feito no Brasil através do
movimento pentecostal, que surgiu no início do presente século. Inegavelmente,
através das igrejas pentecostais, o Evangelho se fez ouvir, de uma forma ou de outra,
praticamente no Brasil todo, inclusive em lugares onde as igrejas históricas jamais
conseguiram abrir trabalhos.

Ao mesmo tempo é de se lamentar as divisões eclesiásticas que têm acompanhado


regularmente esse movimento, que agora já está tão ramificado e dividido, que é
impossível para alguém estar atualizado quanto ao número de igrejas pentecostais,
carismáticas, neopentecostais, igrejas de libertação e outras que existem Brasil afora.
Ouvi um velho pastor que costumava dizer: "o diabo dividiu, mas Jesus abençoou!"

Não devemos duvidar que o Senhor consiga abençoar até mesmo esses 'rachas',
permitindo que mais igrejas surjam. Apesar disso, deveríamos nos perguntar se essa é
a forma correta pela qual a igreja brasileira deveria crescer. O movimento pentecostal
tem se fragmentado de modo absurdo, assim como também provocou divisões nas
igrejas históricas. Infelizmente a doutrina mais decisiva tem sido exatamente a dos
dons espirituais, particularmente línguas e profecia.

Os pentecostais. neopentecostais e carismáticos têm sido incapazes de convencer a


todos os evangélicos da contemporaneidade dos dons, e de continuar convivendo com
os discordantes.

Da mesma forma, os que têm uma posição mais restrita com relação aos dons
espirituais têm se mostrado incapazes de explicar convincentemente todos os
aspectos do fenômeno pentecostal, e ainda conviver com os não convencidos. E os
que procuram se colocar numa posição intermediária, raramente acabam
convencendo alguém dos dois extremos.

Certamente algo está errado quando os evangélicos se dividem por causa daquilo que
os deveria unir. Creio que um estudo sério em 1 Coríntios poderá promover algum
entendimento entre membros dos mais variados grupos.

APLICAÇÃO INDIVIDUAL
Escreva uma carta de intenções ao seu pastor ou ao responsável pela Escola
Dominical, baseado em suas convicções do seu dom diante de Deus, e conte em que
gostaria de estar envolvido na obra de Cristo, com vistas à edificação do seu próximo.

AUTOR: NÃO INFORMADO PELA REVISTA

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