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PREGAÇÃO: A ARTE DE TRANSFORMAR VIDAS

Pr. Gilberto Theiss1

Através dos séculos, as Escrituras Sagradas têm sido uma luz de sabedoria e
orientação, fornecendo uma bússola confiável para guiar as pessoas. À medida que
exploramos a Palavra de Deus, encontramos referências como Provérbios 3:5-6, que nos
exorta a confiar no Senhor de todo o coração e a não depender do nosso entendimento,
reconhecendo-O em todos os nossos caminhos.
Vai além da mera troca de compartilhamento teológico; ela se apresenta como
uma oportunidade de conduzir as pessoas a uma experiência que vai além do terreno,
elevando-as à esfera celestial. Ao explorarmos as Escrituras, encontramos em
Colossenses 3:1-2 uma exortação para buscar as coisas lá do alto, onde Cristo está
assentado à direita de Deus. Isso destaca a relevância de elevar nossas perspectivas e
focar nas realidades celestiais durante a pregação. Além disso, em João 12:32, Jesus
afirma que, quando Ele for levantado na cruz, atrairá todos a Si mesmo, sinalizando, por
que não, que Ele seria o foco de toda a pregação.
Essa compreensão mais profunda da pregação bíblica é reforçada ainda mais por
2 Timóteo 4:2, onde Paulo instrui a pregar a palavra, estar preparado a tempo e fora de
tempo, buscando corrigir, repreender e encorajar. Isso destaca não apenas a urgência,
mas também a abrangência da pregação e regeneração, afinal, como disse Matheus
Moreno, “a pregação bíblica fervorosa não traz apenas emoções fortes; acima de tudo,
promove uma transformação de vida”.
No Salmo 19:14, o salmista ora para que as palavras de sua boca e as reflexões
do seu coração sejam agradáveis a Deus, evidenciando a necessidade de alinhar a
comunicação verbal com a verdade e a bondade divinas. Além disso, em Jeremias 1:9,
Deus capacita o profeta Jeremias, tocando seus lábios e conferindo-lhe autoridade para
proclamar Sua mensagem. A busca diária pela plenitude da presença divina como
mencionada na premissa encontra respaldo em passagens como Tiago 4:8, que exorta a
nos aproximarmos de Deus, prometendo que Ele se aproximará de nós. Essa
proximidade é crucial para que as palavras proferidas durante a pregação ecoem com a
autenticidade e a autoridade da presença de Deus. Sobre proximidade, como descreveu
Matheus Cardoso, “o lema de todo pregador deve ser: joelhos no chão; verdade nos
lábios; fogo no coração”. Uma situação atrai naturalmente a outra.
Outro pensamento que possui o mesmo princípio é o de Carlos Novais que
afirma, “o maior pregador não é aquele que vive pregando, antes, porém, aquele que
prega vivendo.” Viver a mensagem é prerrogativa de viver na presença do autor da
mensagem. Considere que a chave para transmitir uma mensagem avivada reside em
uma pessoa que luta diariamente para ter um caráter avivado. Essa conexão entre o
avivamento pessoal e a eficácia da mensagem encontra respaldo nas Escrituras. Em
Gálatas 5:22-23, o apóstolo Paulo fala sobre o fruto do Espírito, destacando
características como amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio próprio. Cultivar essas qualidades no caráter é fundamental para
que a pregação reflita a natureza transformadora do avivamento. Mas isso só é possível
se houve conexão com o autor desse fruto.
No Salmo 51:10, o salmista clama: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro e
renova em mim um espírito reto." Este é um apelo para transformação interna, um
1
Pastor Ministerial na Associação Cearense.
avivamento pessoal que impacta diretamente a comunicação da mensagem divina.
Assim, ao buscar o avivamento pessoal, permitindo que o Espírito Santo transforme o
coração e característica do pregador, a mensagem compartilhada adquire um eco
poderoso, impactando aqueles que a ouvem. O caráter avivado não apenas adiciona
vigor à pregação, mas também reflete a autenticidade do relacionamento com Deus,
tornando a mensagem uma expressão vívida do poder e da graça divina.
É válido lembrar que a pregação mais significativa, capaz de tocar e converter
uma multidão, tem suas raízes profundas no silêncio do quarto do pregador, um lugar de
comunhão íntima com Deus. Essa ligação entre a vida devocional e o impacto da
mensagem encontra apoio em princípios bíblicos. Jesus, não poderia haver exemplo
melhor, retirava-se frequentemente para lugares solitários para orar e buscar a vontade
do Pai (Lc 5:16). Essa prática demonstra a importância da intimidade com Deus na
preparação para o ministério e a pregação.
O Salmo 119:105 destaca a relevância da Palavra de Deus como uma” lâmpada
para os nossos pés e uma luz para o nosso caminho”. O estudo da Palavra, muitas vezes
realizados no silêncio do quarto, proporcionam a base para uma pregação
profundamente inspiradora.
Os heróis da fé, como George Müller e Charles Spurgeon, eram conhecidos por
dedicar tempo considerável em oração e estudo silencioso antes de se envolverem em
seus ministérios públicos. Suas vidas testificam da relação entre o retiro silencioso e a
eficácia da pregação. Assim, o silêncio do quarto não é apenas um local de preparação,
mas um terreno sagrado onde a mensagem é moldada, refinada e enriquecida pela
comunhão com Deus. O resultado será, inevitavelmente, uma pregação que tocará
corações e transformará vidas.

TIPOS DE OUVINTES E PREGADORES

Conforme afirma Marinho (2008, p. 21), “as pessoas são diferentes. Os ouvintes
são diferentes. Os pregadores são diferentes. Cada ouvinte tem um estilo diferente de
aprender e de absorver a mensagem”. Por essa razão, é inapropriado comparar-se com
outras pessoas ou tentar ajustar-se a um estilo que não seja genuinamente da própria
pessoa. A importância da diversificação na pregação do ministério é destacada por
princípios bíblicos. Paulo, ao discutir a diversidade de dons espirituais na igreja, enfatiza
que "há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (1 Co 12:4). Essa diversidade é
celebrada como parte do plano divino para a eficácia do corpo de Cristo.
Ellen White (2021, p. 55), em seus escritos, também destaca a importância da
diversidade de dons e estilos na obra do ministério cristão. Em "Ciência do bom viver",
ela ressalta que cada indivíduo possui um lugar e uma missão específicos na obra de
Deus.
A ideia central é que a diversidade de estilos, dons e experiências, não é apenas
aceitável, mas essencial para o agir do Espírito Santo na proclamação do Evangelho. Se
todos adotassem exatamente o mesmo estilo, muitas pessoas poderiam ficar
inalcançadas, já que diferentes estilos ressoam com diferentes audiências e
necessidades espirituais.
Assim, ao abraçar a diversificação, reconhecemos a riqueza da obra do Espírito
Santo em capacitar uma variedade de estilos e abordagens no ministério, garantindo que
a mensagem do Evangelho alcance e toque corações de maneiras diversas.
Essa compreensão é respaldada pela Escritura. Paulo, ao discutir a diversidade de
dons na igreja, destaca que "há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo" (1
Co 12:5). Os dons são esqueletos de princípios ainda maiores. A diversidade de estilos
de pregação também é evidenciada pelos exemplos bíblicos de diferentes pregadores,
como Pedro, Paulo, João e outros, cada um contribuindo com sua própria abordagem na
proclamação do Evangelho. A multiplicidade de estilos é uma expressão da riqueza da
obra do Espírito Santo em nós. Na prática, essa diversidade oferece estímulo constante
aos ouvintes, mantendo suas mentes envolvidas e abertas a diferentes formas de
comunicação.
Ellen White, diversas vezes, enfatizou a importância de adaptar a mensagem às
necessidades e características específicas dos ouvintes, reconhecendo que diferentes
estilos e métodos são necessários para alcançar um público diversificado. Por exemplo,
Ellen White argumenta que a busca por uniformidade entre as pessoas “não é um plano
divino, mas humano”. Ela ressalta que Deus possui flores distintas em Seu jardim (WHITE,
2021, p. 70). Ela também escreveu que “Em todas as disposições do Senhor, não existe
nada mais belo do que Seu plano de dar aos homens e às mulheres uma diversidade de
dons. A igreja é Seu jardim, adornado de uma variedade de árvores, plantas e flores”
(WHITE, 1999, p. 191). Tal ensinamento não é “whiteano”, mas bíblico: “Ora, os dons são
diversos, mas o Espírito é o mesmo”. E há “diversidade nos serviços, mas o Senhor é o
mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em
todos” (1Co. 12:1, 4-6).
Ellen White também enfatiza que, independentemente do nível de capacidades,
Deus reserva uma obra singular para todas as classes de pessoas. O propósito divino
abraça a diversidade de características, habilidades, experiências e preparo distinto,
atendendo a necessidades também diversas. Assim, cada indivíduo é convocado a
desempenhar um papel valioso na obra divina, contribuindo de maneira única para o
cumprimento dos desígnios celestiais2. Ela também escreveu que, “uma pessoa “pode
ser um bom orador, outro um bom escritor, outro ainda pode possuir o dom da oração
sincera, fervorosa, outro o de cantar, e ainda outro a capacidade de expor com clareza a
Palavra de Deus. E cada um desses dons se deve tornar numa força em favor de Deus,
pois Ele opera por meio do obreiro. A uns dá o Senhor a palavra de sabedoria, a outro
conhecimentos, a outro fé; todos, porém, devem trabalhar sob a mesma direção, isto é,
tendo Cristo por Cabeça. A diversidade de dons conduz à diversidade de operação; “mas
é o mesmo Deus que opera tudo em todos”. 1 Coríntios 12:6” (WHITE, 2023, p. 70).
Reforçando: A diversidade não ocorre apenas na diversificação dos dons. Em cada dom
também há diversidade com características que atenderão propósitos diferentes.

TIPOS DE PREGAÇÃO

Robison Marinho destaca uma rica diversidade de classificações para os sermões,


refletindo a amplitude de abordagens e propósitos na pregação. Vamos ampliar cada
uma dessas categorias com referências e insights adicionais:

2
. Cf. WHITE, Ellen G. Signs of the Times, 15 de março de 1910; Evangelismo, p. 99.
INTERPRETATIVOS:
Esses sermões buscam aprofundar a compreensão das Escrituras, fornecendo
explicações detalhadas e contextuais. O foco está na interpretação precisa e contextual
do texto bíblico.
ÉTICOS:
Sermões éticos concentram-se em orientar a conduta moral e comportamental
dos ouvintes. Abordam questões éticas, princípios morais e oferecem direcionamento
prático para a vida diária.

DEVOCIONAIS:
Com ênfase na espiritualidade e na devoção, esses sermões visam inspirar um
relacionamento mais profundo com Deus. Eles frequentemente destacam a importância
da adoração, oração e comunhão pessoal.

DOUTRINÁRIOS:
Centrados na explanação e ensino de doutrinas fundamentais da fé, esses
sermões buscam fortalecer a compreensão teológica dos ouvintes. Eles podem abordar
temas como a Trindade, a salvação e outros aspectos doutrinários.

FILOSÓFICOS OU APOLOGÉTICOS:
Estes sermões envolvem a defesa da fé cristã e a exploração de princípios
filosóficos subjacentes à crença. Eles buscam responder a questionamentos críticos e
fortalecer a base intelectual da fé.

SOCIAIS (FAMÍLIA, EDUCAÇÃO ETC.):


Focados em questões sociais e práticas, esses sermões exploram aplicações
bíblicas para as esferas da família, educação e outros aspectos da vida cotidiana.

EVANGELÍSTICOS:
Com o objetivo primário de proclamar o Evangelho, os sermões evangelísticos
buscam conduzir os ouvintes a uma decisão de fé em Jesus Cristo. Eles frequentemente
incluem apelos para aceitar a salvação oferecida por meio de Cristo.
Essas classificações oferecem uma visão abrangente da variedade de sermões,
destacando a flexibilidade e a adaptabilidade da pregação para atender às diversas
necessidades congregação. Ao compreender essas abordagens, os pregadores podem
escolher a categoria que melhor se alinha ao propósito específico de sua mensagem e
ao contexto e realidade da audiência3.
Leve em consideração que o que importa não é a classificação, mas ter um
método simples e prático de construir o sermão com base na Bíblia. Entre as várias
abordagens, o método mais eficaz divide os sermões em:
• Temáticos
• Textuais
• Expositivos

3
Para mais detalhes conferir MARINHO, Robison. A arte de pregar, c. 16
Um sermão temático se concentra em um tema específico, reunindo passagens
bíblicas de diferentes partes da Escritura para explanar o tema proposto.
Para organizar o sermão temático, após escolher o tema, o pregador deve
organizar os subtemas e buscar os textos adequados.

EXEMPLOS SUGERIDOS DE PRÉ-ESBOÇO DE SERMÕES TEMÁTICOS

TEMA: OS JUÍZOS DE DEUS4


SUBTEMA 01: Torre de babel (Textos bíblicos)
SUBTEMA 02: Dilúvio (Textos Bíblicos)
SUBTEMA 03: Sodoma e Gomorra (Textos bíblicos)
SUBTEMA 04: Segunda vinda de Cristo (Texto bíblico)
C0NCLUSÃO: Fechamento (Textos bíblicos)

TEMA: OBEDECER A DEUS


SUBTEMA 01: Os profetas obedeceram (Textos bíblicos)
SUBTEMA 02: Os apóstolos obedeceram (Textos Bíblicos)
SUBTEMA 03: Jesus obedeceu (Textos bíblicos)
SUBTEMA 04: Muitos gentios obedeceram (Texto bíblico)
C0NCLUSÃO: Fechamento (Textos bíblicos)

TEMA: O GRANDE EU SOU


SUBTEMA 01: Eu sou o bom pastor (Textos bíblicos)
SUBTEMA 02: Eu sou a videira (Textos Bíblicos)
SUBTEMA 03: Eu sou o Pão do Céu (Textos bíblicos)
SUBTEMA 04: Eu sou o caminho (Texto bíblico)
C0NCLUSÃO: Fechamento (Textos bíblicos)

TEMA: JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ


SUBTEMA 01: Salvação no AT (Textos bíblicos)
SUBTEMA 02: Salvação no NT (Textos Bíblicos)
SUBTEMA 03: Não por obras (Textos bíblicos)
C0NCLUSÃO: Fechamento (Textos bíblicos)5

EXEMPLO DE ESBOÇO DE SERMÃO TEMÁTICO

I. INTRODUÇÃO
a. Ilustração (Algo que ilustre o tema proposto)
b. Transição (Algo que justifique o que será falado a partir desse momento.

II. SALVAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO


a. O ritual no santuário da Terra (Texto bíblico)
1. O cordeiro o santuário (Textos bíblicos)
2. O pecador no santuário ( Textos bíblicos)

4
Boa parte dos exemplos extraídos foram extraídos do livro “A arte de pregar”, de Robson Marinho.
5
(Outros exemplos: Cf. MARINHO, Robson. A arte de pregar, p. 195)
b. A justificação oferecida pela fé (Texto bíblico)
1. Jacó foi justificado pela fé (Texto bíblico)
2. Abraão foi justificado pela fé (Texto bíblico)
3. Davi foi justificado pela fé (Texto Bíblico)

III. A SAVAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO


a. O ritual no santuário do Céu
1. O Cordeiro de Deus (Texto bíblicos)
2. A obediência perfeita de Cristo (Texto bíblico)
3. Está consumado (Texto bíblico)

b. A justificação oferecida pela fé


1. Pedro foi justificado (Texto bíblico)
2. Paulo foi justificado (Texto bíblico)
3. Muitos gentios foram justificados (Texto bíblico)

c. Não por obras


1. Jesus e as obras (Texto bíblico)
2. Paulo e as obras (Texto bíblico)

CONCLUSÃO
a. Síntese em uma frase
b. Apelo

PONTOS POSITIVOS DO SERMÃO TEMÁTICO

• Flexibilidade: Aborda diversos temas relevantes.


• Relevância: Favorece escolher um tema de acordo com a necessidade
atual.
• Múltiplos textos: Explora diferentes partes da Bíblia.
• Facilidade na Comunicação: Facilita a compreensão do tema principal.

PONTOS NEGATIVOS DO SERMÃO TEMÁTICO

• Limitação: Corre o risco de ignorar o contexto de cada texto diluindo a


compreensão abrangente.
• Superficialidade: Pode ser raso se não for cuidadosamente elaborado.
• Falta de Sequência Lógica: Devido a mistura de diversos textos, pode ser
difícil manter a coerência e sequência lógica.
• Texto prova: Corre o risco de fazer afirmações contundentes com base em
textos isolados.
SERMÃO TEXTUAL

Um sermão textual é uma abordagem que se baseia na exposição e exploração


de um único texto bíblico. Ao contrário do sermão temático, o pregador se concentra em
desdobrar as ideias contidas em um único verso da Bíblia.
O primeiro passo para preparar um sermão a partir de um texto da Bíblia é definir
a ideia central do texto. O passo seguinte é definir a sequência das divisões principais
convergindo para o clímax do sermão.

EXEMPLOS SUGERIDOS DE PRÉ-ESBOÇO DE SERMÕES TEXTUAIS

IDEIA CENTRAL: O PROPÓSITO DOS DONS (Ef 4:11-12)


A: Propósitos dos dons
B: Propósito de edificar a igreja
C: Propósito missionário
C0NCLUSÃO: Fechamento

IDEIA CENTRAL: A MISSÃO DO SALVADOR (Lc 19:10)


A: Veio ao mundo
B: Buscou o perdido
C: Salvou os que creem
CONCLUSÃO: Fechamento

IDEIA CENTRAL: CRISTO É TUDO PARA O CRENTE (Jo 14:6)


A: Cristo é o caminho para o Céu
B: Cristo é a verdade que orienta
C: Cristo é a vida que salva
CONCLUSÃO: Fechamento

IDEIA CENTRAL: OS CRITÉRIOS DE JESUS (Lc 5:32)


A: Os justos rejeitados por Jesus
B: Os pecadores convidados por Jesus
C: Os arrependidos transformados por Jesus
CONCLUSÃO: Fechamento
Outros exemplos: Cf. MARINHO, Robson. A arte de pregar, p. 199, 200

EXEMPLO DE ESBOÇO DE SERMÃO TEXTUAL

I. INTRODUÇÃO
a. Ilustração (Algo que ilustre o tema proposto)
b. Transição (Algo que justifique o que será falado a partir desse momento.

II. CRISTO É TUDO PARA O CRISTÃO (Jo 14:6)


a. Cristo é o caminho
1. Caminho para o Céu
2. Caminho estreito
b. Cristo é a verdade
1. Verdade que ensina
2. Verdade que liberta
c. Cristo é a vida
1. Vida que restaura
2. Vida que salva
3. Vida que é abundante

CONCLUSÃO
a. Síntese em uma frase
b. Apelo6

PONTOS POSITIVOS DO SERMÃO TEXTUAL

• Respeito ao texto: É o texto que dirá o assunto ou o tema e não o contrário;


• É fácil de ser preparado: As ideias estão visíveis no texto;
• Ajuda na compreensão das ideias: Facilita o ensino sistemático destacando as
relações dentro do próprio texto;

PONTOS NEGATIVOS DO SERMÃO TEXTUAL

• Limitação Temática: Pode limitar a variedade de tópicos tratados em um único


sermão;
• Limitação textual: O sermão textual limita-se em um ou dois versos da Bíblia.
• Risco de artificialismo: Se o texto não tem as ideias bem divididas, há o perigo
de o pregador tirar lições que o texto não ensina;
• Texto pequeno ou com poucas ideias: Se as ideias não forem suficientes e
atraentes para aquele momento, o pregador corre o risco de tornar o sermão
cansativo e redundante.

SERMÃO EXPOSITIVO

Um sermão expositivo se concentra em explicar e apresentar um trecho completo


da Bíblia, ajudando os ouvintes a entenderem o significado do texto, contexto e como
aplicá-lo à vida sem perder a essência exposta pelo escritor.
No sermão expositivo, todas as ideias saem do texto e do contexto. A ideia
central, as divisões principais e todas as subdivisões originam-se de uma passagem
maior da Bíblia. Esse estilo é o preferido dos eruditos bíblicos por propiciar uma análise
mais minuciosa do texto e contexto7. A vantagem, que para alguns pode soar como
desvantagem, é a importância do tempo que se gasta na construção do sermão
expositivo.
Bryan Chapell (2005) elaborou uma lista de perguntas que podem ser usadas
como suporte para a construção desse estilo de sermão:

6
Cf. MARINHO, Robson. A arte de pregar, p. 199, 200
7
(Cf. “Pregação expositiva”, c. 38)
1. O que o texto significa:
2. Como posso saber o que o texto significa?
3. Quais as circunstâncias que levaram o texto a ser escrito?
4. O que nós temos em comum com as personagens do texto?
5. Como as pessoas de hoje deveriam reagir á verdade do texto?
6. Qual a maneira mais eficiente de comunicar a mensagem do texto? 8

EXEMPLOS SUGERIDOS DE PRÉ-ESBOÇO DE SERMÕES EXPOSITIVOS

IDEIA CENTRAL: A CONVERSÃO DO CENTURÃO (Lc 7:1-9)


A: A reputação do centurião (v. 4)
B: A humildade do centurião (v. 6)
C: A fé do centurião (v. 7)
CONCLUSÃO: Fechamento

TEMA: A URGÊNCIA DO PREPARO ESPIRITUAL


(Mt 24:29-36)
A: Por que os sinais se cumprem (v. 33)
B: Por que ninguém sabe o dia e a hora (v. 36)
C: Por que Deus nos quer entre os escolhidos (v. 31)
CONCLUSÃO: Fechamento
TEMA: A FORMA DA VOLTA DE JESUS (Mt 24)
A: Uma volta visível (v. 27)
B: Uma volta repentina (v. 42-44)
C: Uma volta gloriosa (v. 30-31)
CONCLUSÃO: Fechamento

TEMA: As duas faces da justiça (Lc 18:9-14)


A: A justiça do orgulho fariseu (v. 11-12)
B: A justiça do humilde publicado (v. 13)
C: A justiça do pecador arrependido (v. 14)
CONCLUSÃO: Fechamento

9EXEMPLO DE ESBOÇO DE SERMÃO EXPOSITIVO

I. INTRODUÇÃO
a. Ilustração (Algo que ilustre o tema proposto)
b. Transição (Algo que justifique o que será falado a partir desse momento.

II. A CONVERSÃO DO CENTURIÃO (Lc 7:1-9)


a. A reputação do centurião (v. 4)
1. “Ele é digno”
2. Edificou a sinagoga

8
(Cf. CHAPBELL, Bryan. Redimindo o sermão expositivo, 2005)
9
(Outros exemplos: Cf. MARINHO, Robson. A arte de pregar, p. 210, 211)
b. A humildade do centurião (v. 6)
1. “Não sou digno”
2. Não queria incomodar o Mestre

c. A fé do centurião (v. 7)
1. Pediu apenas “uma palavra”
2. Tinha certeza da cura
3. Vida que é abundante

CONCLUSÃO
a. Síntese em uma ou duas frases
b. Apelo10

PONTOS POSITIVOS DO SERMÃO EXPOSITIVO

• Fidelidade à Bíblia: Garante que a interpretação do texto seja MAIS fiel


ao seu contexto original;
• Compreensão Profunda: Permite uma exploração detalhada do texto e
subtexto para melhor compreensão;
• Revelação Gradual: Revela gradualmente as verdades do texto ao longo
da explanação;
• Mais tempo com a Bíblia: O sermão textual trabalha poucos textos,
enquanto que o expositivo usa uma narrativa, um parágrafo, uma história ou
capítulos inteiros.

PONTOS NEGATIVOS DO SERMÃO EXPOSITIVO

• Fator Tempo: Um ponto negativo. Exige-se tempo considerável para


prepará-lo.
• Preparo adequado: Por ser um estilo que exige estudo minucioso, é
necessário conhecimento de áreas diversas de pesquisa. Quanto maior for o
domínio de recursos teológicos como exegese, hermenêutica e línguas originais,
maior será a capacidade de aprofundamento. Mas há outras formas de, até certo
ponto, contornar esse obstáculo, o que veremos em outro estudo.

TEMPO NÃO DEVE SER UM IMPECÍLIO

Ellen White (2021, p. 207) escreveu que “devemos tomar um versículo, e


concentrar a mente na tarefa de averiguar o pensamento nele posto por Deus para nós.
Convém demorar-se sobre esse pensamento até que nos apoderemos dele, e saibamos
“o que diz o Senhor”. Portanto, se o tempo é necessário para ter uma experiência ainda
mais profunda com a verdade de Deus, então, tempo deve ser um investimento
inegociável no estudo da Bíblia. Se há uma compreensão radical da relevância da
pregação para quem está preparando-a, mais ainda relevante será para quem a ouvirá.
Tal necessidade justifica o tremendo sacrifício, afinal, como descreveu Lopes (2008, p.

10
(Cf. MARINHO, Robson. A arte de pregar, p. 212)
13)), “a pregação expositiva é um dos melhores instrumentos para produzir o
crescimento sadio da igreja”.
A pregação expositiva é amplamente reconhecida como uma das formas mais
abrangentes de comunicar a mensagem. Este estilo de sermão destaca-se em diversos
aspectos, atribuindo-lhe uma importância especial em comparação com outros
métodos, pelas razões a seguir:

POR QUE O SERMÃO EXPOSITIVO É TÃO IMPORTANTE?

1. O sermão expositivo é o que mais de perto reflete o pensamento do texto


bíblico.
2. A pregação expositiva ensina a Palavra contexto escolhido pelo Espírito Santo.
O risco de colocá-lo no contexto errado torna-se menor.
3. Por ser essencialmente bíblica, evita necessidades imaginárias.
4. A pregação expositiva pode funcionar como poderosa proteção contra a
interpretação impropria das Escrituras.
Embora o estilo expositivo seja altamente recomendado, isso não implica que
outros estilos sejam inadequados. O que importa, independentemente do método
escolhido, é garantir uma preparação cuidadosa, visando sempre apresentar a
mensagem de Deus conforme foi genuinamente revelada.

PARA REFLETIR

“Ponha fogo no seu sermão ou ponha o seu sermão no fogo” (John Wesley)
“A pregação bíblica é a comunicação de um conceito bíblico, derivado e
transmitido por meio de um estudo histórico, gramatical e literário de uma passagem no
seu contexto, que o Espírito Santo aplica à personalidade e experiência do pregador, e
depois, por meio dele, aos seus ouvintes” (Haddon Robinson)

SUGESTÕES DE LEITURA E PESQUISA

1. “A arte de pregar”, por Robson Marinho


2. “Da exegese à exposição”, por Robert Chisholm Jr
3. “Hermenêutica Adventista, por Adenilton Aguiar, Jônatas Leal e Clacir Virmes
4. “Interpreto, logo prego”, por Carlos Olivares, Karl Boskamp e Diogo Cavalcanti
5. “Texto, pré-texto e pós-texto”, por Jônatas Leal
6. “Como ler a Bíblia livro por livro”, por Gondon Fee e Douglas Stuart
7. “Entendes o que lês”, por Gordon Fee e Douglas Stuart
8. “Há um significado nesse texto?”, por Kevin Vanhoozer
9. “Compreendendo as Escrituras”, Por George Reid
10. “Como preparar mensagens bíblicas”, por James Braga
11. “Pregação expositiva”, por Hernandes Dias Lopes

REFERÊNCIAS

LOPES, Hernandes Dias. Pregação expositiva, São Paulo: Hagnos, 2008


MARINHO, Robson. A arte de pregar. São Paulo: Vida Nova, 2008
WHITE, Ellen G. O desejado de todas as nações. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2023.
WHITE, Ellen G. A ciência do bom viver. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2021
WHITE, Ellen G. E recebereis poder. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, CDrom
WHITE, Ellen G. Evangelismo. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2023

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