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A

PRÁTICA
DE
PROFETIZAR

Witness Lee

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CONTEÚDO

1. O Conhecimento Básico

2. Os Modelos

3. Os Constituintes Básicos da Profecia

4. O Obstáculo Básico para Profetizar

PREFÁCIO

Este livro é composto de mensagens dadas pelo irmão Witness Lee em Maio
e Junho de 1990 no treinamento de tempo integral em Anaheim, California.

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CAPITULO UM
O CONHECIMENTO BÁSICO

Leitura bíblica: 1Co 14:3; 23-24, 4-5, 12, 31, 1, 39

A Bíblia é grande, profunda, misteriosa, espiritual e divina. Depois que fui


salvo, comecei a amar a Bíblia e estudá-la. Quanto mais a estudava, mais
percebia que a Bíblia é excessivamente profunda e que ninguém pode
compreendê-la complete-mente.

No final do primeiro século, depois da partida dos apóstolos que escreveram


o Novo Testamento, a segunda geração de cristãos começou a estudar o Novo
Testamento. Esse foi o início da história do estudo do Novo Testamento. Desde
então ao longo dos séculos, o estudo do Novo Testamento nunca cessou. Desse
estudo muitos escritos espirituais foram produzidos. Entre a humanidade,
nenhuma outra escola de pensamento tem produzido tantos escritos como o
cristianismo. Os escritos cristãos podem ser agrupados em quatro principais
categorias: a Bíblia, exposições da Bíblia (que também retratam a história do
estudo da Bíblia), a história da igreja, e biografias e autobiografias dos santos.

Muito tem sido escrito sobre certas porções da Palavra, como por exemplo
os capitulos de três à seis de Romanos, e Gálatas, mas antes que os Irmãos
Unidos fossem levantados há cerca de cento e cinquenta anos, pouquíssimas
exposições foram escritas sobre 1 Coríntios. Os Irmãos Unidos tocaram muito em
1 Coríntios. Eles tocaram especialmente os capítulos de doze à quatorze, que
constituem a seção dos dons espirituais. O capítulo doze diz respeito aos dons de
maneira geral, enquanto que o capítulo quatorze diz respeito aos dons de maneira
particular, comparando profetizar com falar em línguas. No capítulo quatorze
Paulo indicou que profetizar é um dom excelente, a “cabeça” dos dons, enquanto
falar em línguas é o “rabo” dos dons espirituais.

Depois dos Irmãos Unidos, o movimento pentecostal foi levantado. O


movimento Pentecostal começou no meio do século dezenove na Inglaterra e se
moveu primeiro para Massachussets no inicio do século vinte e então, depois
para a Rua Azuza em Los Angeles. Na rua Azuza o movimento Pentecostal
“queimou” como um fogo selvagem e muitos dos cristãos buscadores e espirituais
por todo o país foram atraidos a ele, incluindo A.B. Simpson, fundador da Aliança
Cristã Missionária. Os pentecostais desenvolveram a compreensão de 1 Coríntios
12-14. Contudo, cometeram diversos erros em sua interpretação desses
capítulos. Eles interpretaram profetizar no capítulo quartoze como uma predição,
e praticavam esse tipo de profecia em suas reuniões. Habitualmente, suas
profecias começavam da mesma maneira e terminava com “Assim diz o Senhor”,
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no estilo dos profetas do Antigo Testamento. Enquanto estava na China, ouvia
esse tipo de profecia, e depois que vim para os Estados Unidos, visitei vários
grupos pentecostais e ouvi os membros profetizando no mesmo tom e estilo que
ouvia na China. Nos anos sessenta, muitas profecias foram dadas predizendo que
um grande terremoto aconteceria em Los Angeles em determinado tempo,
entretanto essas profecias não foram cumpridas.

O SIGNIFICADO DO PROFETIZAR EM 1 CORÍNTIOS 14

Falar por Deus e Cristo, Expressar Deus e Cristo, e Ministrar


e Dispensar Deus e Cristo às Pessoas

No princípio, com o irmão Nee, há sessenta anos, tivemos o entendimento


claro de que profetizar em 1 Coríntios 14 não significa predizer ou prever. O
sentido de profetizar de 1 Coríntios 14 significa falar por Deus e Cristo e
expressar Deus e Cristo. Expressar Deus e Cristo é ministrar e dispensar Deus e
Cristo às pessoas. Ministra-mos Deus e Cristo às pessoas da mesma maneira que
um garçom ministra comida. Dispensar Deus e Cristo às pessoas pode ser um
pouco diferente de ministrar para elas. É possível que um garçom ofenda as
pessoas de tal maneira que elas não comerão a comida que ele ministra. Tal
garçom ministra o alimento, mas não o dispensa às pessoas. Assim também, um
ministro da Palavra pode ministrar Cristo para as pessoas, mas não dispensar
Cristo nelas. Uma mãe que nutre, por outro lado, não somente dispensa alimento
para seus bebês, mas o dispensa neles. Algumas vezes, os bebês não querem
comer o alimento que lhes é dado, mas as mães tem uma maneira de compeli-los
a comer. Devemos não apenas aprender falar Deus e Cristo, mas também
expressar Deus e Cristo. Além disso, ao expressar Deus e Cristo, não devemos
apenas ministrá-Los às pessoas, mas também dispensar neles o que estamos
expressando.

Os médicos experientes são hábeis para dispensar remédio aos seus


pacientes. Muitas vezes, pela misericórdia do Senhor, tenho a certeza de que
quando as pessoas ouvem as minhas mensagens, recebem uma dispensação.
Mesmo se elas forem embora se opondo, criticando e rejeitando, receberam uma
“injeção”. Tenho certeza de que, por fim, verei o resultado desse dispensar.

Expressar implica dispensar. Paulo foi o principal despenseiro. Ele sabia


que enquanto estava falando para as pessoas, estava dispensando algo dentro
delas. Em Efésios 3:2 ele disse que o “mordomado da graça de Deus” lhe fora
dado. Em grego, a palavra para “mordomado” em Efésios 3:2 é a mesma para
“dispensação” em 3:9. A palavra grega aqui, oikonomia, denota um arranjo para
dispensar. A palavra “dispensação” refere-se a esse arranjo, enquanto que a
palavra “mordomado” refere-se ao serviço do dispensar de Deus. Quando lemos
qualquer porção dos escritos de Paulo, alguma coisa é dispensada a nós. Ele
tinha uma habilidade particular em dispensar por meio de expressar Cristo.
Enquanto estava expressando Cristo, ele O estava dispensando às pessoas. O
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ministério do Senhor hoje também é um ministério de dispensar. Quando lemos
uma página do ministério não podemos evitar receber uma “injeção” de Cristo.

Prever—Predizer

Profetizar também é prever, dizer de antemão, predizer. No Antigo


Testamento, Isaias, com sessenta e seis capítulos, e Jeremias, com cinquenta e
dois capítulos, são dois longos livros de profecia. Porém, apenas uma pequena
percentagem desses livros consiste em predição. Muitos dos capítulos consistem
do falar por Deus e expressar Deus. Com outros livros profeticos é a mesma
coisa. Há algumas predições no livro de Zacarias, mas ele contém principalmente
o expressar de Cristo. Nos escritos de Paulo, há algumas predições. A maior parte
dos escritos de Paulo consiste no falar por Deus e expressar Deus, isto é, falar
para dispensar Deus e Cristo aos crentes.

Em 1 Coríntios 14, Predizer Não Está Incluído

Em 1 Coríntios 14, profetizar não inclui predizer. Isso é provado pelos


versículos 3 e 24. O versículo 3 diz, “Mas o que profetiza fala aos homens,
edificação, encoraja-mento e consolação”. Edificar, encorajar e consolar não é
predizer. Edificar é para a igreja, encorajar é para a obra, e consolar é para a
nossa vida diária. Para a igreja precisamos de edificação, para a obra precisamos
de encorajamento, e para a nossa vida diária precisamos de consolação. Essas
coisas definitivamente não são predições.

O versículo 24 diz, “Mas se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo ou


não instruído, será convencido por todos e examinado por todos”. Nesse versículo
profetizar não é predizer, mas convencer e julgar as pessoas, esclarecendo-lhes a
sua situação. Quando um incrédulo ou pessoa não instruída vem à reunião, pode
estar confuso, pensando erroneamente que ele está correto com Deus; mas ao
ouvir o profetizar, ele é esclarecido. O profetizar o convence e o julga.

PROFETIZAR NA MANEIRA DE 1 CORÍNTIOS 14 É LEVADO A CABO


NAS REUNIÕES DA IGREJA E É PARA EDIFICAÇÃO DA IGREJA

Profetizar à maneira de 1 Coríntios 14 é levado a cabo nas reuniões da


igreja (vv. 23-24). O versículo 23 diz, “Se, portanto, toda a igreja se reunir no
mesmo lugar…” Isso se refere à reunião da igreja, não uma reunião de casa ou de
pequeno grupo. Além disso, o profetizar à maneira de 1 Coríntios 14 é para a
edificação da igreja (vv. 4-5). Segundo a nossa experiência e observação, a melhor
maneira para edificar a igreja é profetizar, isto é, falar por Cristo e expressar
Cristo, ministrando e dispensando Cristo nas pessoas. O falar de uma pessoa
enquanto todos os outros ouvem é uma forma de profetizar, mas é executado de
maneira errada. O profetizar adequado deve ser levado a cabo por cada pessoa
presente nas reuniões da igreja.

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PROFETIZAR À MANEIRA DE 1 CORÍNTIOS 14 FAZ COM QUE O BUSCADOR
SE SOBRESSAIA PARA A EDIFICAÇÃO DA IGREJA

Profetizar à maneira de 1 Coríntios 14 faz com que o buscador se


sobressaia para a edificação da igreja. O versículo 12 diz, “Assim também vós,
visto que sois zelosos por espíritos, procurai alcançar a excelência, para a
edificação da igreja”. É bom falar em línguas, mas não é excelente. No entanto,
alguém dar uma pequena mensagem como profecia é excelente. Profetizar é o
dom mais elevado, faz com que o orador se sobressaia. Devemos aprender a falar
não apenas para alcançar a excelência, mas também para que a igreja seja
edificada.

TER A CAPACIDADE, A OBRIGAÇÃO E O DESEJO


SINCERO DE PROFETIZAR

Todos os Crentes Têm a Capacidade de Profetizar

Primeira Coríntios 14:31 diz, “Porque todos podeis profetizar, um de cada


vez”. Esse versículo é um dos versículos mais claros de toda a Bíblia. Ele diz que
todos os crentes têm a capacidade de profetizar. Capacidade denota uma
habilidade nata. Os cachorros não têm a capacidade de falar a linguagem
humana; eles apenas têm capacidade de latir. Os seres humanos, entretanto,
têm a capacidade de falar. Nós, membros do Corpo de Cristo, podemos todos
profetizar um de cada vez. Romanos 12:6-8 menciona sete dons, incluindo
profecia, e diz que esses dons diferem segundo a graça dada a cada membro.
Esses versículos, todavia, referem-se ao exercício dos dons fora das reuniões. No
Corpo de Cristo, temos funções e dons diferentes fora das reuniões. Os dons de
Romanos 12 não são os dons exercitados nas reuniões. Nas reuniões todos os
membros podem profetizar (1Co 14:24, 31).

Muitos santos entre nós sentem que todos podem profetizar, exceto eles.
Todavia, não há nenhuma exceção. Podemos não ser eloquentes, mas ainda
podemos profetizar. O versículo 31 não diz, “Todos podeis profetizar eloquente-
mente”. Não existe tal advérbio nesse versículo. Ele simplesmente diz, “Todos
podeis profetizar”. Não importa a maneira que falamos, é suficiente que simples-
mente falemos. O Senhor quer que todos nós falemos. Por cerca de cinco anos
temos ministrado na nova maneira de reunir e servir, mas nosso progresso tem
sido lento porque nem todos nós falamos. Se todos falassem, imediatamente a
prática da nova maneira estaria entre nós.

Em minha observação, apenas uma pequena percentagem dos santos


expressam Cristo regularmente. Em cada reunião do dia do Senhor, muitos
santos não falam, mas depois da reunião eles têm muito a dizer. Não precisamos
ficar preocupados se falamos bem; simplesmente precisamos falar. Mesmo se
nossa gramática é pobre, as pessoas nos entenderão. Muitas vezes gostamos de
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“manter as aparências”. Se falamos, queremos ser o principal orador. Contudo,
não precisamos de oradores principais; precisamos simplesmente de oradores.
Todos nós podemos profetizar um por um.

Não é difícil praticar a nova maneira. Se formos visitar as pessoas para


evangelizar e não sabemos como falar bem, simplesmente podemos dizer, “Amo
Jesus porque Ele é tão bom, Jesus é bom para você, então eu vim aqui para
passá-Lo para você.” Cada um pode ao menos dizer isso. Se formos as pessoas e
dermos a elas uma mensagem de vinte e cinco minutos, elas poderão não não nos
ouvir, mas se formos com uma palavra simples como esta, elas poderão receber o
nosso falar. Todos podemos falar às pessoas. Primeiro, todos nós precisamos sair
para ganhar as pessoas; então, precisamos sair para alimentar aqueles que
ganhamos. Terceiro, todos nós precisamos trazer os novos juntos para formar um
grupo de comunhão, cuidado mutuo, apascentar e ensino mutuo. Quando uma
pessoa em tal grupo não entende alguma coisa, todos os outros o ensinarão ao
falar a ele. Quase cinquenta vezes em um ano todos os membros daquele grupo
virao para ouvir o testemunho um do outro. Cada um sera ensinado e todos
aprenderão a se levantar para profetizar. Se formos às pessoas dessa maneira,
executaremos a nova maneira.

Todo Aquele que Crê Tem a Obrigação de Profetizar

Os versículos 23-24 dizem, “Se, portanto, toda a igreja, se reunir no mesmo


lugar…se todos profetizarem…” A frase “se todos profetizarem” indica que todos
aqueles que crêem não apenas têm a capacidade, mas também a obrigação de
profetizar. Nós devemos algo ao Senhor, a graça de Deus, e a todos os santos. Por
muitos anos o ministério tem falado aos santos, mas muitos santos não tem
respondido ao falar. Nós recebemos o benefício do falar dos outros, mas
frequentemente esquecemos que nós também somos obrigados a falar para o
benefício dos outros. Todos nós devemos muito. Temos o evangelho e a salvação,
e há muitos pecadores a nossa volta, mas nós ainda podemos não ir a eles.
Também devemos algo para eles (Rm 1:14-15). Devemos algo para Cristo, para
Deus, os servos do Senhor, e até mesmo para os pecadores.

Todos os Crentes Necessitam Seguir, Buscar,


e Desejar Sinceramente Profetizar

Todos os crentes devem seguir, buscar e desejar sinceramente profetizar


(1Co 14:1, 12, 39). Amados santos, o falar do Senhor com respeito a nova
maneira tem continuado na restauração nos últimos cinco anos. Depois de ouvir
todo esse falar, você esta seguindo, buscando e desejando sinceramente
profetizar? Todos nós temos a capa-cidade e a obrigação de profetizar, e todos
devemos seguir, buscar e desejar sincera-mente profetizar.

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A COMPOSIÇÃO DE UMA PROFECIA DE ACORDO
COM A MANEIRA EM 1 CORINTIOS 14

O Conhecimento e Experiência de Deus, Cristo e as Coisas Espirituais

A composição da profecia de acordo com a maneira em 1 Corintios 14


compre-ende, primeiro, o conhecimento e a experiência de Deus, Cristo e as
coisas espirituais. Se formos profetizar, temos de ter algum conhecimento e
experiência de Deus, Cristo, e as coisas espirituais.

A Maneira de Expressar o Que Conhecemos e Experimentamos


de Deus, Cristo e as coisas Espirituais

Segundo, a composição da profecia compreende a maneira de expressar o


que conhecemos e experimentamos de Deus, Cristo e as coisas espirituais.
Primeiro, precisamos do conhecimento e a experiência; depois, precisamos da
declaração, isto é, a palavra e a expressão. Podemos compor uma pequena
profecia e então praticar falar para nós mesmos em casa. Podemos falá-la para
nós mesmos dez vezes. Depois que falamos várias vezes, saberemos como corrigi-
la e melhorá-la. Por meio desse tipo de prática, teremos uma maneira de falar
adequada.

A Visão Sob a Iluminação Divina Concernente à


Situação e o Ambiente no Qual Estamos

A composição de uma profecia também compreende a visão conforme a


iluminação divina com respeito a situação e o ambiente no qual estamos. Muitos
entre nós não tem clareza sobre o conteúdo intrínseco da rebelião atual na
restauração do Senhor, e alguns preferem não ter clareza. Sua atitude é que
outros devem ter clareza sobre a situação, mas eles devem se preocupar em
desfrutar Cristo. Tal atitude é errada. A igreja é a nossa casa e nossa família. Se
há uma rebelião em nossa casa, entre a nossa família, não podemos dizer: “Não
quero saber sobre isso. Quero desfrutar”. Temos que ter a visão para ver as
coisas que estão acontecendo entre nós e a situação de todos os santos. Se não
pudermos ver claramente, precisamos orar, “Senhor, mostra-me a situação real.
Resplandeça sobre mim e ilumina-me. Dá-me a iluminação plena para que eu
possa conhecer o conteúdo intrínseco da situação atual.” Temos de conhecer o
que está acontecendo na igreja, não para que tomemos partido de um grupo de
santos contra outros, mas para que então possamos conhecer a situação real.

A Inspiração Instantânea do Espírito que Habita em


Nós Que Estimula Nosso Espírito a Falar

O conhecimento e a experiência de Deus, Cristo, e as coisas espirituais, a


maneira de expressar o que conhecemos e experimentamos, e uma visão clara
concernente a nossa situação e ambiente são a preparação básica para o nosso

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falar. Além disso, precisamos que a inspiração instantânea do Espírito que habita
em nós estimule o nosso espírito para falarmos. Somos diferentes dos profetas do
Antigo Testamento. Os santos no Antigo Testamento, não tinham o Espírito
habitando dentro deles. Tinham que esperar até que o Espírito viesse sobre eles
antes que pudessem falar pelo Senhor (2Cr 15:1; Ez 11:5). Porém, o Novo
Testamento diz, “O Senhor seja com o teu espírito” (2Tm 4:22). Não precisamos
que o Espírito venha sobre nós, porque sempre O temos em nosso espírito
humano. Portanto, não devemos esperar que o Espírito venha sobre nós; antes,
devemos exercitar o nosso espírito. Quando exercitamos o nosso espírito, o
Espírito Santo que habita em nosso espírito se moverá em nós, e teremos a
inspiração. Não é Ele quem se move em nós, mas nós que nos movemos no
Espírito que habita interiormente. Se permanecermos transparentes com o
Senhor por confessar nossas falhas, teremos uma comunhão direta e aberta com
Ele. Ele está em nosso espírito, e nós estamos Nele. Quando formos à reunião,
apenas precisamos exercitar o nosso espírito e dizer, “Senhor Jesus, quero falar”.
Então Ele se levantará, e podemos falar segundo a nossa experiência com a
expressão que temos ganhado e com a iluminação que temos. Se fizermos isso,
todos terão algo para falar na reunião do dia do Senhor.

Precisamos praticar compor uma profecia de acordo com a maneira de 1


Corintios 14. Para nos ajudar nessa questão, preparamos o livro A Palavra
Sagrada para o Reavivamento Matinal. Se usarmos o conteúdo desse livro com o
conhecimento e experiência de Deus, Cristo, e as coisas espirituais, a maneira de
expressar o que sabemos e experienciamos, a visão conforme a iluminação divina
concernente a nossa situação, e a inspiração instantânea do Espírito que habita
em nós por meio de uma comunhão transparente e aberta com o Senhor no
exercitar do nosso espírito, facilmente poderemos compor uma profecia e falá-la
nas reuniões da igreja.

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CAPITULO DOIS
OS MODELOS

Leitura bíblica: Lc 1:39-45, 46-55

Oração: Senhor, Te agradecemos que sempre que vimos a Tua Palavra, encontra-
mos-Te na Tua presença. Apreciamos a Tua presença ao máximo. Senhor,
agradecemos-Te que Tu nos reunistes no Teu nome. Adoramos-Te pelo Teu nome,
que é todo-inclusivo, grande, elevado e rico. Nos ocultamos e nos mantemos
nesse nome. Senhor, abra os segredos da Tua palavra, para que possamos
aprender a como profetizar para que as igrejas possam ser edificadas. Derrota o
inimigo nesses dias. Tu estás trabalhando e continuando conosco. Desejamos ver
a derrota do inimigo. Envergonha-o, e até mesmo esmaga-o sob nossos pés.
Senhor, seja conosco nessa reunião triunfantemente, e nos cubra com Seu
sangue prevalecente. Amém.

Como vimos na mensagem anterior, profetizar é falar por o Senhor e


expressar o Senhor. O irmão Nee viu em 1937 a revelação de 1 Coríntios 14 com
relação a todos os santos profetizarem nas reuniões da igreja. Em uma série de
mensagens publicadas em “Church Affairs”, ele condenou a prática de uma
pessoa que fala para a congregação, enquanto todos os outros ouvem, chamando-
a de uma tradição que era de acordo com o costume das nações (2Rs 17:8). Ele
exortou todas as igrejas a praticarem 1 Coríntios 14 sempre que se reunissem.
Primeira Coríntios 14:26 diz, “Quando vos reunis, cada um tem…” Sempre que
nos reunimos, cada um deve ter algo. O irmão Nee nos disse que necessitávamos
substituir o “serviço” tradicional do domingo pela manhã com alguma outra
coisa, mas naquela época não encontramos uma maneira para fazer isso. Nós
começamos a fazer reuniões com irmãos da igreja no sábado pela manhã para
encorajá-los a aprender a falar. Naquela reunião não havia um líder designado
para pedir um hino ou orar; a reunião era aberta para todos. Contudo, aquela
maneira de reunir não foi um sucesso, por fim nos a abandonamos.

A restauração do Senhor veio para América em 1962, mas naquela época


não tivemos clareza concernente a questão de profetizar nas reuniões. Somente
nos anos 1970 que a prática de profetizar começou a ser restaurada. Naquela
época as reuniões na restauração do Senhor ascendiam às alturas. Desde então,
a questão de profetizar no sentido escritural tem sido muito clara a nós. Contudo,
ainda não praticamos o profetizar de maneira adequada.

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DOIS MODELOS DE PROFETIZAR

Lucas 1:39-45 e 46-55 retratam dois modelos de profetizar—o profetizar de


Isabel e de Maria. Na época de Lucas 1, os santos ainda estavam na atmosfera do
Antigo Testamento: Jesus ainda não tinha nascido, os discípulos ainda não
tinham sido escolhidos, e não havia crentes do Novo Testamento. Contudo,
mesmo naquela época havia dois modelos muito bons de profetizar. Muitos de
nós não podem tentar superar o padrão elevado do profetizar de Isabel e Maria.
Elas ainda não tinham entrado na economia neotestamentaria de Deus. Como
descendentes dos santos do Antigo Testamento, elas ainda estavam na atmosfera
do Antigo Testamento, mas profetizavam segundo um padrão elevado. Isso é uma
vergonha para muitos de nós.

A restauração do Senhor tem estado neste país por quase 28 anos, e o


Senhor liberou muitas coisas da Sua palavra para nós, especialmente nos
últimos sessenta anos. Muitos dos itens que foram liberados são novos para os
cristãos, tais como a economia neotestamentaria de Deus, o dispensar divino da
Trindade divina, o mesclar da divindade com a humanidade, e o Espírito como a
consumação do Deus Triúno. Temos ouvido esses itens muitas vezes, mas a
nossa oração e nosso louvor ainda são tradicionais e velhos. Os itens desses
feitos divinos não foram introduzidos em nosso falar, e comumente não o
ouvimos em nossa oração e serviço. Por essa razão, ainda somos forçados a
publicar livros contendo os “ABCs”, as coisas elementares, da Palavra santa. O
conteúdo dos modelos do profetizar em Lucas 1, contudo, não são elementares.

O MODELO DO PROFETIZAR DE ISABEL

Viver na Presença de Deus e na Comunhão com o Senhor

O modelo do profetizar de Isabel é visto em Lucas 1:39-45. O conteúdo


desses sete versículos implicam que Isabel, a mãe de João Batista, vivia na
presença de Deus e na comunhão com o Senhor, em comunicação constante e
continua com o Senhor. Sem viver na presença de Deus e na comunhão com o
Senhor, ninguém poderia expressar tal louvor, tal benção, com um profetizar de
predição. Isabel era um pessoa que estava pronta para falar pelo Senhor. Quando
Maria veio e a saudou, o bebê de Isabel pulou no seu ventre, e ela começou a
profetizar. Se não tivesse pronta a falar pelo Senhor, ela se voltaria para uma
conversa natural.

Porque Isabel vivia em comunhão com o Senhor, não creio que ela fosse
capaz de falar de maneira solta ou especulatória. Contudo, na vida da igreja hoje
há muita fofoca, especialmente no telefone. Alguns podem dizer que estão muito
ocupados e cansados para orar, mas são capazes de gastar um longo tempo
fofocando no telefone. Alguns podem até alegar que não tem vinte minutos para
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visitar as pessoas para alimentá-las com Cristo, mas tem um tempo adequado
para fofocar. A razão que muitos santos não poderem profetizar nas reuniões é
que eles gastaram muito tempo fofocando. Até mesmo brigar com nossa esposa
por um curto tempo pode nos impeder de falar nas reuniões por muitos dias.

Romanos 6:19 diz, “Pois assim como apresentastes à impureza e à


iniquidade os vossos membros como escravos para a iniquidade, assim
apresentai agora, à justiça, os vossos membros como escravos para a
santificação”. Muitos de nós necessitam tomar uma decisão para apresentar
nossa língua e lábios para o Senhor, com um voto para falar Dele e restringir
nosso falar de qualquer fofoca. Tal voto nos liberará de qualquer fofoca. Sempre
que uma palavra de fofoca vier a nossa boca, nos lembraremos que a nossa boca
foi apresentada ao Senhor para falar Dele. Se a nossa fofoca parar dessa maneira,
não apenas nós, mas também toda a igreja sera reavivada. Se a fofoca pudesse
ser parada em todas as igrejas, todas elas seriam reavivadas.

Possuir o Conhecimento Espiritual e com


Relação ao Mover do Senhor

O profetizar de Isabel também mostra claramente que ela possuia muito


conhecimento espiritual. Todas as suas palavras e expressões eram muito
espirituais. Ela também possuia uma preocupação genuina com o mover do
Senhor. Ela era tão preocupada com o mover do Senhor na terra na sua época
que não se importava com o seu próprio bem estar. Quando o bebê pulou em seu
ventre (Lucas 1:44), ela não tinha nenhuma preocupação quanto a sua saúde ou
sua gravidez. Antes, ela estava completamente preocupada com o interesse do
Senhor.

Se formos profetizar nas reuniões da igreja, devemos obter muito conheci-


mento espiritual e assimilarmos muitos termos espirituais, e devemos ter uma
preocupação adequada com o mover do Senhor hoje. Quando formos à reunião do
dia do Senhor, talvez não tenhamos nada a dizer porque a nossa preocupação
não é pelo interesse do Senhor, mas para a nossa própria segurança e bem estar.
Quando formos à reunião, nada dessa terra deve ainda permanecer em nós.
Devemos ir com uma preocupação com o mover do Senhor, Seus interesses, e
Seu reino. Se fizermos isso, certamente teremos algo a dizer.

Ser Despertado em Seu Espírito com a Saudação de Maria

Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebê saltou dentro dela, ela foi
despertada em seu espírito (vv. 41, 42). É evidente pela sua declaração e expres-
sões que ela estava em seu espírito, não na sua mente. Se não estivesse em seu
espírito, ela falaria alguma coisa da sua mente ou exercitaria suas emoções. Em
vez disso, ela disse: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu
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ventre!” Tal expressão de benção mostra que Isabel estava cheia em seu espírito,
não dando atenção para as coisas da mente.

Receber a Inspiração Instantânea do Espírito Santo e


Ter a Declaração por Exercitar Seu Espírito

Ao ser despertada em seu espírito, Isabel imediatamente recebeu a inspi-


ração instantânea do Espírito Santo (v. 41b), e ela exclamou ao exercitar seu
espírito (v.42a). O versículo 42 diz, “E exclamou em alta voz”. Falar em alta voz
dessa maneira é exercitar o espírito. Nas reuniões, frequentemente os irmãos e
irmãs não falam com ousadia; isto é, eles não falam alto com o exercício do seu
espírito. Falar sem exercitar nosso espírito traz morte para nós mesmos e para
aqueles que nos ouvem. Ao falar pelo Senhor, precisamos colocar nós mesmos de
lado e falar alto com o exercitar do nosso espírito.

Para Abençoar Maria

Na profecia de Isabel, ela abençou Maria, aquela que tinha vindo a ela. O
versículo 42 diz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu
ventre!” O fruto do ventre de Maria era Cristo. A Bíblia nos diz que Cristo é a
semente (Gn 3:15; 17:8; Gl 3:16), a raiz (Is 11:10; 53:2; Ap 5:5; 22:16), a árvore
(Jo 15:1; Ap 2:7; 22:2), e o ramo (Is 4:2; Jr 23:5), mas sem a benção de Isabel não
saberiamos que Cristo também é o fruto; faltaria uma das figuras que descrevem
o que Cristo é. A profecia de Isabel, a única porção da Palavra que nos diz que
Cristo é um fruto, completa as figuras com respeito a Cristo. Ele é a semente, a
raiz, a árvore e o fruto. A semente, a raiz, a árvore e o ramo são todos para o
fruto.

A benção de Isabel à Maria implica em muitas coisas. Para Isabel dizer,


“Bendito o fruto do teu ventre!” não foi uma declaração comum. Maria veio à
Isabel no sexto mês da gravidez de Isabel, logo depois que Maria tinha concebido
(vv. 26, 39-40). Ela percebeu que Maria estava grávida e que o fruto do seu ventre
era Cristo. Esse era o preconhecimento de Isabel. Então, seu falar com respeito a
Cristo como o fruto do ventre de Maria era uma profecia de predição.

Isabel também abençou Maria ao dizer, “Bem-aventurada a que creu” (v.


45a). Essa foi a percepção de Isabel da fé de Maria no Senhor. Abençoar Maria
dessa maneira indica que Isabel tinha uma visão sob a iluminação divina com
rspeito a situação de Maria.

Reconhecer os Feitos do Senhor

Ao exercitar o seu espírito, Isabel foi capaz de reconhecer os feitos do


Senhor. No versículo 43 ela disse: “E de onde me provém isto, que venha a mim a
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mãe do meu Senhor?” Isabel percebeu que o bebê no ventre de Maria era o seu
Senhor, Cristo, o único fruto para alimentar a humanidade. Isso deve ter sido
uma revelação espiritual ou uma visão. Para compor uma profecia adequada,
devemos ter discernimento sob a iluminação divina para conhecer a situação e o
ambiente no qual estamos. Sem tal visão sob a iluminação divina, Isabel não
seria capaz de reconhecer que o bebê no ventre de Maria era Cristo como o
Senhor e como o único fruto para alimento da humanidade. Antes, ela poderia ter
perguntado, “Como vai você? O que aconteceu com você?” Na verdade perguntar
a alguém como ele está indica que estamos na escuridão sobre a sua situação. Se
estivermos sob a luz e tivermos a visão para ver por meio do ambiente, saberemos
qual é a situação de cada pessoa. Podemos saudar um irmão dizendo, “Irmão, eu
sei que você teve alguns problemas”. Esse tipo de palavra indicará ao irmão que
alguém conhece a situação dele, e poderá ser um verdadeiro conforto para ele.
Para profetizar precisamos desse tipo de revelação espiritual. Por meio de tal
revelação, conheceremos nossa própria situação, a situação dos santos e da
igreja, a situação das pessoas a nossa volta, e até mesmo a situação do mundo e
do país que vivemos. Precisamos ser aqueles que tem esse tipo de percepção com
relação ao ambiente a nossa volta. Isso nos ajudará a profetizar.

Predizer a Completação das Coisas Ditas pelo


Anjo a Maria, Confirmando-As

No versículo 45, Isabel disse com relação a Maria, “Porque serão cumpridas
as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor”. Ao exercitar seu espírito,
Isabel tinha a declaração para predizer a completação das coisas ditas pelo anjo a
Maria nos versículos 30-37, confirmando-as. A percepção de Isabel ajudou-a
confirmar, ao predizer sua completação, as coisas que o Senhor tinha ditto a
Maria por meio do anjo.

Ao ler a profecia de Isabel podemos ver que tipo de pessoa ela era. Sua
profecia abrangeu todos os elementos de uma profecia adequada.

O MODELO DO PROFETIZAR DE MARIA

A profecia de Maria em Lucas 1:46-55 é mais profunda e elevada do que a


de Isabel. Apesar de Isabel ser mais velha e mais experiente que Maria, o conte-
údo espiritual no falar de Maria é mais elevado e profundo.

Primeiro Seu Espírito Exulta em Deus Seu Salvador,


Então Sua Alma Engrandece o Senhor

Nos versículos 46-47 Maria disse, “A minha alma engrandece o Senhor, e o


meu espírito rejubilou-se em Deus, meu Salvador”. O tempo verbal usado nessa
sentença indica que primeiro o espírito de Maria rejubilou em Deus, seu
14
Salvador; então sua alma seguiu para engrandecer o Senhor. Rejubilar é mais do
que meramente estar feliz ou alegre. É regozijar com gritos e exaltação. Engran-
decer o Senhor é mostrar ou declarar o Senhor que é grande, exaltado ou
glorificado. A expressão poética de Maria indica que ela tinha uma experiência
espiritual adequada.

A Declaração da Profecia de Maria

Baseada no Seu Conhecimento das Escrituras─


É Composta de Citações do Antigo Testamento

A declaração da profecia de Maria foi baseada, primeiro, no seu conheci-


mento das Escrituras. Toda sua profecia foi composta de citações do Antigo
Testamento. Por meio disso podemos ver que Maria, como uma jovem mulher,
estava muito familiarizada com o Antigo Testamento. Maria era a pessoa correta,
um vaso adequado, selecionado por Deus para ser o canal da encarnação do
Salvador. Nos tempos antigos, as mulheres não eram tão instruidas como os
homens. Contudo, apesar de Maria e Isabel serem mulheres, elas tinham ganho
uma grande porção de conhecimento do Antigo Testamento.

Espero que alguns, especialmente os jovens, componham um louvor ou


uma oração ao citar todos os termos especiais do atual ministério da restauração
do Senhor, como por exemplo, “a economia neotestamentária de Deus”, “o sacer-
dórcio do evangelho do Novo Testamento”, “o dispensar divino da Trindade
divina” e “ o mesclar da divindade com a humanidade”. Ao fazer isso, todos deve-
remos estar bem familiarizados com todos esses termos espirituais. Muitos
cristãos podem cantar músicas a respeito da bondade e misericórdia de Deus,
mas quem tem compost uma canção a respeito do sacerdócio do evangelho de
Deus no Novo Testamento para cumprir Sua economia neotestamentária? A
bondade e misericórdia de Deus são questões elementares; o sacerdócio do
evangelho do Novo Testamento para cumprir Sua economia neotestamentária é
muito mais elevada.

Baseada no Seu Conhecimento e Experiência de Deus

A declaração da profecia de Maria foi baseada também no seu conheci-


mento e experiência de Deus, isto é, no que Deus tinha feito a ela e por ela. Os
versículos 48-50 se referem ao lidar de Deus com Maria em particular. No
versículo 48, Maria disse, “Porque atentou na condição humilde de Sua serva”.
Maria não se considerava meramente uma virgem, mas uma escrava de Deus.
Além disso, ela considerava sua situação humilde porque era pobre. Maria era
uma descendente de Davi, mas naquela época ela era uma virgem humilde, não
em Jerusalém ou em Belém, a cidade de Davi, mas em Nazaré, uma cidade
desprezada numa região desprezada. Não obstante, Deus a cobriu em sua
15
posição humilde, em sua situação humilde, e a escolheu para ser o vaso para Sua
encarnação.

No versículo 48, Maria profetizou, dizendo, “Pois eis que desde agora todas
as gerações me considerarão bem-aventurada”. Todas as gerações consideram
Maria bem-aventurada. Deus a elevou da sua condição humilde a uma posição
elevada, para ser “a mãe do meu Senhor” (v. 43). Uma jovem mulher de Nazaré foi
elevada por Deus para ser a mãe do Senhor. No versículo 49, Maria continuou,
“…Porque o Poderoso me fez grandes coisas; santo é o Seu nome”. Essa é uma
indicação que Maria creu na palavra que o anjo disse a ela nos versículos 30-37.
No versículo 50, ela continuou, “A Sua misericórdia vai de geração em geração
sobre os que O temem”. Maria era uma jovem mulher que temia a Deus. Por isso,
a misericórdia de Deus veio a ela assim também às gerações e gerações daqueles
que O temem. O pensamento aqui é maravilhoso, e a composição, a expressão é
muito poética. Maria não era um professora universitária, mas uma “camponesa”
de Nazaré, ainda assim ela pode declarar tal profecia poética. Isso é uma
vergonha para nós. Não somos “camponesas”; muitos de nós tem nível universi-
tário, e alguns tem doutorado. Contudo, não muitos podem compor tal profecia
significativa e poética.

Baseada no Seu Conhecimento do Lidar de Deus com o Povo

A profecia de Maria também foi baseada no seu conhecimento do lidar de


Deus com o povo em geral. Os versículos 47-50 falam do lidar de Deus com Maria
em particular, enquanto que os versículos 51-53 são concernentes aos princípios
pelos quais Deus lida com Seu povo em geral. Os versículos 51-52 Maria disse,
“Com o Seu braço exerceu poder; dispersou os que são soberbos no pensamento
de seus corações. Derrubou dos tronos os poderosos e exaltou os humildes.”
Deus é capaz de lidar com cada um. Na visão dos princípios revelados nesses
versículos concernente ao lidar de Deus com o povo, não devemos ser orgulhosos.
Em sua arrogância, Mussolini, o ditador da Itália, invadiu a Etiópia em 1935.
Assim também, Hitler em sua arrogância, quebrou sua promessa ao primeiro
ministro britânico e invadiu a Checoslovaquia e a Polonia em 1939. Esses eventos
começaram a Segunda Guerra Mundial. Por fim, Deus dispersou esses dois
homens excessivamente arrogantes. Até o dia de hoje ninguém sabe onde está o
cadáver de Hitler. Deus derrubou as potências, incluindo Mussolini e Hitler, dos
seus tronos e exaltou os humildes. Na história Deus frequentemente faz isso.

No versículo 53 Maria continuou, “Encheu de bens os famintos e despediu


vazios os ricos”. Dar boas coisas é exterior e objetivo, mas encher é interior e
subjetivo. Deus tem nos enchido com boas coisas, e o rico Ele despediu vazio—
não simplesmente de mãos vazias, mas vazios interior e subjetivamente. Se nos
considerarmos ricos, seremos pobres; devemos ser vazios em tudo. Mas se formos

16
pobres e famintos, seremos enchidos. Em Mateus 5:3 e 6 o Senhor Jesus falou
segundo esse princípio: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o
reino dos céus… Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque
serão fartos.”

Baseada no Seu Conhecimento dos Feitos Misericordiosos


de Deus aos Seus Ancestrais

A profecia de Maria também foi baseada no seu conhecimento dos feitos


misericordiosos de Deus aos seus ancestrais. Em Lucas 1:54-55 ela disse,
“Amparou Israel, Seu servo, a fim de lembrar-se da misericórdia para com Abraão
e sua descendência para sempre como falara a nossos pais.” Deus exercitou Sua
misericordia para com Abraão e para com o seu descendente, incluindo Maria.
Ela herdou as bençãos do lidar de Deus com os seus ancestrais.

Os versículos 46-55 constituem um profetizar completo e significativo. Em


seu falar, Maria abordou sua própria experiência de Deus, o lidar de Deus com o
povo de maneira geral, e os feitos misericordiosos de Deus aos seus ancestrais.
No profetizar dessa jovem irmã, há as riquezas do conhecimento da Bíblia, o
conhecimento do lidar de Deus com o povo, e o conhecimento dos feitos miseri-
cordiosos de Deus para os seus ancestrais. Depois de ver todos esses pontos
elevados com relação ao profetizar de Maria, certamente deveriamos ser humildes
e percebermos que necessitamos de muito aprendizado para sermos capazes de
falar como Maria falou.

APRENDER A FALAR, PEDIR HINOS E ORAR NAS REUNIÕES

Algumas vezes são pedidos hinos na reunião da mesa do Senhor que são
inadequados para essa reunião. O propósito da mesa do Senhor é lembrar o
Senhor. O Senhor Jesus disse, “Fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em
memória de Mim” (1Co 11:25). Contudo, alguns dos hinos pedidos na reunião da
mesa do Senhor não são para lembrança do Senhor. Um hino pode ser muito
bom, mas pode não condizer com a natureza da mesa do Senhor. Quando tal
hino é pedido, não devemos discutir, mas devemos selecionar um hino adequado
para substituí-lo. Dessa maneira todos os presentes na reunião aprenderão a
como pedir um hino apropriado.

Além disso, algumas das orações oferecidas na reunião da mesa do Senhor


não são apropriadas para essa reunião. Por isso, todos nós necessitamos
aprender a como falar, pedir hinos e orar. Maria não poderia declarar a sua
profecia em Lucas 1 sem algum aprendizado. Ela pode ter praticado falar dia
após dia em sua casa em Nazaré. Precisamos praticar nossa oferta de orações na
reunião da mesa do Senhor. Podemos aprender a dizer, “Senhor, Te agradecemos
porque estamos na Tua mesa. Na mesa o cálice é separado do pão, significando
17
que o Teu sangue foi separado do Teu corpo. Por isso, essa mesa exibe Tua morte
para nós. Obrigado por esse cálice, e obrigado por esse pão.” Então outro irmão
ou irmã pode continuar, “Senhor, esse cálice significa a aliança que Tu
decretastes para nós com Teu sangue”. Outro pode prosseguir, “Senhor, o pão
significa o Teu corpo físico que Tu destes para nós na cruz, e também significa o
Teu Corpo místico, que é a igreja, incluindo a mim e todos os santos”. Se três
santos orarem dessa maneira na reunião da mesa do Senhor, a reunião subirá ao
terceiro céu.

Se os hinos pedidos e as orações oferecidas não condizem com a reunião da


mesa do Senhor, será difícil distribuir o pão e o vinho, mesmo que um tempo
considerável tenha passado, porque a atmosfera apropriada não tera sido desen-
volvida. Por outro lado, se hinos apropriados são pedidos e orações apropriadas
são oferecidas, a atmosfera será desenvolvida, e o partir do pão poderá acontecer
muito cedo na reunião. Algumas vezes na reunião um hino apropriado é pedido,
mas depois que o hino é cantado, nenhuma oração é oferecida. A razão é que os
presentes não têm a capacidade de oferecer louvores que condigam com tal hino.
Por isso, todos nós temos muito que aprender.

Muitos de nós não percebem quão carentes somos de aprendizado espiri-


tual adequado. Essa é a razão de nossas reuniões serem deficientes, sem graça,
vazias e carentes de um conteúdo rico. Todos precisamos aprender, para que
possamos melhorar a nossa situação. Não muitos entre nós, incluindo os
presbíteros e cooperadores, tem sacrificado tempo e energia suficientes para
aprender as lições espirituais. Os presbíteros e cooperadores devem reservar mais
tempo para o aprendizado espiritual. Esse aprendizado nos constituirá com um
aproveitamento melhor para que nossas reuniões sejam mais elevadas. Todos nós
precisamos aprender a não apenas falar nas reuniões, mas também a falar algo
significativo segundo a nossa melhor capacidade.

18
CAPITULO TRÊS
OS CONSTITUINTES BÁSICOS DE UMA PROFECIA

Leitura bíblica: Mt 4:4, 7, 10; Rm 1:17; 10-18; Mt 22:31-32; Hb 2:5-9; At 13:33;


Gl 4:22-26; Ef 4:8-10; 1Co 14:26; Ap 1:11; Ef 1:10; 3:9; 1Tm 1:4; Rm 15:16; 1Pe
2:5, 9

Nesta mensagem consideraremos os constituintes básicos de uma profecia.

O CONHECIMENTO PESSOAL DAS ESCRITURAS

Estar Familiarizado com a Palavra de Deus Literalmente

O primeiro constituinte básico de uma profecia é o conhecimento pessoal


das Escrituras. Para ganhar tal conhecimento, precisamos estar familiarizados
literalmente com a Palavra de Deus. Devemos até mesmo memorizar muitos
versículos cruciais da Bíblia. Por exemplo, devemos memorizar os primeiros
versículos de livros como Gênesis, Salmos, Mateus, João e Hebreus. Também
devemos memorizar versículos tais como João 3:6, 16 e 36; João 14:26 e 15:26; e
João 15:16 e Romanos 15:16. Além disso, precisamos planejar uma maneira
particular que nos capacite lembrar o livro, capítulo e o número do versículo de
versículos cruciais.

Como o Senhor Fez em Mateus 4:4, 7, 10

Segundo Mateus 4:4, 7, e 10, o Senhor Jesus estava familiarizado com a


Palavra de Deus literalmente. Quando o Senhor repreendeu Satanás em Mateus
4, Ele recitou três versículos de Deuteronômio (8:3; 6:16, 13). Isso indica que Ele
estava bem familiarizado com aquele livro.

Como o Apóstolo Fez em Romanos 1:17; 3:4, 10-18

O apóstolo Paulo também estava familiarizado com a Palavra de Deus


literalmente. A palavra de Paulo em Romanos 1:17 e 3:4, 10-18 são citações do
Antigo Testamento. Quer Paulo tivesse o Antigo Testamento diante dele ou
memorizado esses versículos, ele estava bem familiarizado com eles.

Conhecer as Denotações e os Significados


Profundos da Palavra de Deus

Para ter o conhecimento pessoal das Escrituras, não devemos meramente


conhecer o texto na letra, mas as denotações e significados espirituais profundos
da Palavra de Deus. Muitas pessoas podem entender certos versículos como, por
exemplo, João 3:16, superficialmente; mas não conhecem as denotações
profundas desses versículos. Quase todos podem entender um versículo literal-
19
mente, nas letras pretas no papel branco, mas devemos ter uma percepção, uma
visão profunda, para ver as denotações profundas. Quase todos os versículos da
Bíblia carregam uma denotação profunda. Versículos como João 3:16 não apenas
carregam uma denotação superficial, mas também contém algo mais profundo. A
Bíblia é profunda, e ninguém pode entendê-la completamente. Sob sua superfície
estão muitos segredos e mistérios. Se tentarmos entender a Bíblia de maneira
superficial, não chegaremos a uma compreensão adequada. A profundidade da
Bíblia é infinita.

Conhecer as Denotações Profundas

O entendimento do Senhor de Êxodo 3:6, revelado em Mateus 22:31-32, é


uma ilustração do conhecimento das denotações profundas da palavra de Deus.
Êxodo 3:6 diz, “Eu sou… o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó.”
É fácil ver a denotação superficial desse versículo, mas ninguém foi capaz de ver
a denotação mais profunda até que o mais Sábio, o Senhor Jesus, viesse. Em
Mateus 22:31-32 o Senhor disse, “E, quanto à ressurreição dos mortos, não
lestes o que vos foi dito por Deus: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o
Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos.” Segundo a
interpretação do Senhor desse versículo, Deus é o Deus de vivos e não é Deus dos
mortos; por isso, ainda que Abraão, Isaque e Jacó estivessem mortos e
sepultados, eles serão ressuscitados. Eles estão vivos, e Deus é o seu Deus. Por
essa curta palavra podemos ver que o Senhor Jesus compreendia a Palavra de
Deus em sua denotação profunda.

O entendimento do apóstolo Paulo do Salmo 8:4-6, revelado em Hebreus


2:5-9, é uma outra ilustração do conhecimento das denotações profundas da
palavra de Deus. O salmo 8:4-6 diz, “Que é o homem, que dele te lembres? E o
filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do
que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da
tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste.” Podemos pensar que entendemos
esses versículos. Contudo, “de glória e de honra o coroastes” implica em algo
muito elevado e profundo que é dificil compreender. Deus deu domínio sobre
todas as coisas a Adão, mas Ele não corou Adão com glória e honra. Além disso,
Deus não sujeitou todas as coisas sob os pés de Adão. Esses versículos falam
Daquele cuja cabeça é coroada de glória e honra e debaixo dos pés nos quais
todas as coisas estão sujeitas. Paulo entendeu esses versículos mais
profundamente que os mestres judeus. Eles podem ter dito que esses versículos
se referem a Adão, mas, Paulo percebeu que deviam ter um significado mais
elevado. Então em Hebreus 2 ele interpretou essa porção da Palavra de Deus
segundo sua denotação mais profunda. Segundo a interpretação de Paulo, esses
versículos referem-se a Cristo e Sua ascensão, em Sua segunda vinda, o reino
milenar e a eternidade. Em Sua ascensão Cristo foi coroado com glória e honra, e
em Seu reino e na eternidade Deus sujeitará todas as coisas debaixo dos Seus
20
pés. Paulo entendeu essa porção da palavra de Deus em sua denotação mais
profunda.

Podemos também ver o conhecimento de Paulo das denotações profundas


da Palavra de Deus em seu entendimento do Salmo 2:7, como é revelado em Atos
13:33. O Salmo 2:7 diz, “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és
meu Filho, eu, hoje, te gerei”. Aparentemente essa foi a palavra de Deus falada a
Davi, rei de Israel. Contudo, Atos 13:33 diz, “Que Deus cumpriu plenamente a
nós, filhos deles, ressuscitando Jesus, como também está escrito no Salmo
segundo: Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei.” Segundo sua denotação profunda, o
Salmo 2:7 se refere a ressurreição de Cristo. Paulo nos diz claramente que a
ressurreição de Cristo foi o Seu nascimento. Cristo foi gerado por Deus em Sua
ressurreição. Cristo era o Primogênito Filho de Deus (Jo 3:16) quando Ele veio
para ser encarnado, mas Ele nasceu como o primogênito Filho de Deus em Sua
ressurreição. Cristo nascer como primogênito Filho de Deus indica que muitos
outros O seguiriam para nascer de Deus e se tornarem os muitos filhos de Deus
(Rm 8:29). Por essa interpretação podemos ver quão profundo era o entendimento
do apóstolo da Bíblia. Comparado com o seu, nosso entendimentoe da Bíblia é
muito superficial.

A denotação profunda das Escrituras pode ser também encontrada em


João 3:16, que tem sido superficialmente entendida por muitos crentes por
séculos. João 3:16 é um dos versículos mais profundos na Bíblia. Para entender
qualquer versículo da Bíblia, devemos atentar ao contexto daquele versículo. João
3:16 é um capítulo de trinta e seis versículos. Então, para entender esse
versículo, devemos atentar ao capítulo todo.

O tema de João 3 é a regeneração. Para ser regenerado, precisamos de


duas coisas—a cruz e o Espírito. Os versículos 14-15 neste capítulo dizem, “E
como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do
Homem seja levantado, para que todo o que Nele crê tenha a vida eterna.”
Podemos ser regenerados porque o Senhor Jesus foi crucificado por nós. Por ter-
-nos tornado serpentes ao sermos picados pela velha serpente, o diabo, Satanás
(Gn 3:1, 13-15; Ap 12:9a), o Senhor Jesus morreu na cruz na forma de uma
serpente, isto é, na nossa forma. Ele morreu como nosso substituto para que
pudéssemos ter a vida eterna. O versículo 6 deste capítulo diz, “E o que é nascido
do Espírito é Espirito”. O Espírito mencionado aqui é o Espírito que dá vida.
Então, somos regenerados por meio da crucificação de Cristo e por meio do
Próprio Cristo se tornando o Espírito que dá vida (1Co 15:45b).

João 3 também nos diz claramente que a regeneração é para o aumento de


Cristo. Os versículos antes do versículo 16 nos diz a maneira pela qual podemos
ser regenerados, e os versículos depois do versículo 16 nos diz que aqueles

21
regenerados são o aumento de Cristo, e que esse aumento é o complemento de
Cristo, Sua noiva. Então, esses versículos revelam que o Senhor Jesus veio na
forma de uma serpente, isto é, na “semelhança da carne do pecado” (Rm 8:3),
para morrer por nós, e depois de morrer e ser ressuscitado, Ele é agora o Noivo
nos esperando para ter-nos como Sua noiva. O casamento do Noivo e da noiva
será em Apocalipse 19, mas a preparação para o casamento é vista em João 3.

João 3:16 diz que Deu deu Seu Filho Primogênito não para o homem, mas
para o mundo. Esse versículo diz que Deus amou o mundo, não que Ele amou o
homem. O mundo não é composto de homens, mas de “serpentes.” Cada nação
na terra é uma nação de “serpentes”. O mundo mencionado em João 3:16 não
significa a terra, mas o homem caido que foi engolido por Satanás, a serpente, e
se tornou um sistema satânico. Essa é a razão porque o Senhor Jesus disse que
Ele seria levantado e morreria como uma serpente, como nosso Substituto.
Então, Deus amou as “serpentes” e Ele deu Seu Filho para essas “serpentes”.
Além disso, Seu Filho se tornou uma serpente para que todas essas serpentes
sem vida pudessem ser vivificadas para ter a vida eterna. Essa vida eterna produz
os crentes em Cristo, constitui e edifica o Corpo de Cristo como Sua noiva.

João 3:16 indica ainda que o Deus que amou o mundo serpentino é triúno.
O fato de o Filho ser mencionado nesse versículo é uma indicação do Deus
Triúno. O Deus simples não tem um Filho; é o Deus Triúno que tem um Filho.

Essa é a mais profunda denotação em João 3:16. Em resumo, essa


denotação é que o Deus Triúno, revelado em Gênesis 1, que amou tanto o povo
serpentino do mundo satânico que Ele deu Seu Filho Primogênito, o Segundo da
Sua trindade Divina, por eles em encarnação para morrer por eles na forma de
uma serpente como Seu substituto e se tornar o Espírito que dá vida para que
aqueles que Nele cressem como seu Redentor pudessem ser regenerados com Sua
vida eterna por Si mesmo como o Espírito que dá vida, para serem os muitos
filhos de Deus (Jo 1:12; Hb 2:10) e Seus muitos irmãos (Rm 8:29) para constituir
Seu Corpo, a igreja (Ef 1:23), como Seu aumento e Sua noiva, para O satisfazer e
O expressar, isso será consumado na Nova Jerusalém, como é revelado em
Apocalipse 21 e 22, para manifestar o Deus Triúno consumado e processado para
o cumprimento da Sua eterna economia. Então, tal denotação não é apenas
profunda, mas profundamente abrangente em seu período, um período que
abrange toda a Bíblia desde o primeiro capítulo, Gênesis 1, até o último capítulo,
Apocalipse 22.

Conhecer os Significados Espirituais

Para ter o conhecimento pessoal das Escrituras, devemos também conhecer


os significados espirituais da Palavra de Deus. O conhecimento de Paulo dos

22
significados espirituais da Palavra de Deus pode ser visto em sua interpretação
de Gênesis 16:15 e 21:2, como revelado em Gálatas 4:22-26. De acordo com o
texto de Gênesis 16:15 e 21:2, podemos ver duas mulheres: Sara, a esposa de
Abraão, e Hagar, sua concubina. Entretanto, em Gálatas 4:22-26 Paulo disse que
essas duas mulheres são figuras: Hagar, significa a antiga aliança, que produz
filhos para a escravidão, enquanto Sara significa a nova aliança, que produz
filhos para a liberdade. Com essas duas mulheres há um significado profundo.

O conhecimento de Paulo dos significados espirituais da Palavra de Deus


também pode ser visto em sua interpretação do Salmo 68:18 em Efésios 4:8-10.
O Salmo 68:18 diz, “Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro.” Superficial-
mente, esse versículo diz que alguém que é poderoso ascendeu às alturas e levou
cativo os cativos. O significado espiritual desse versículo, contudo, é mais difícil
de ver. Em Efésios 4:8-10 Paulo interpretou o Salmo 68:18 como referindo-se a
ascensão de Cristo ao pico mais elevado do universo, o terceiro céu, simbolizado
pelo monte Sião (Sl 68:15-16). Além disso, em Sua ascensão Cristo capturou
todos os cativos de Satanás e os fez Seus cativos. A Amplified New Testament
traduz Efésios 4:8, “Ele conduziu um trem de inimigos vencidos”. Isso significa
que Cristo venceu, derrotou, e capturou Seus inimigos e os conduziu aos céus
como Seus cativos. Nos céus Ele ofereceu esses cativos ao Seu Pai como um dom,
uma oferta. O Pai se agradou e os retornou a Cristo como dons. Então Cristo deu
esses dons, incluindo todos nós, para a igreja. Que significado profundo o
apóstolo Paulo viu no Salmo 68!

Receber a Iluminação Espiritual e Ver a Visão


Espiritual na Palavra de Deus

Ao ganhar o conhecimento pessoal das Escrituras, também precisamos


receber iluminação espiritual e ver uma visão espiritual na Palavra de Deus.

Receber Iluminação Espiritual

Há mais de cinquenta e sete anos, o irmão Nee recebeu iluminação


espiritual da reunião de mutualidade em 1 Coríntios 14:26, e deu muita ênfase a
essa verdade. Ele viu que segundo 1 Coríntios 14:26, quando nos reunimos, cada
um tem alguma coisa. Em Janeiro de 1937, em Xangai o irmão Nee compartilhou
isso em uma conferência especial para um pequeno grupo de cooperadores, e
aquelas mensagens estão compiladas no livro A Vida Cristã Normal da Igreja.
Quase todo o cristão que lê 1 Coríntios 14 não vê nada naquele capítulo com
relação a reunião de mutualidade. Contudo, o irmão Nee recebeu iluminação
espiritual. Ele também recebeu iluminação espiritual concernente a base local da
igreja em Apocalipse 1:11.

23
Ver a Visão Espiritual

Também devemos ver a visão espiritual na Palavra de Deus, por exemplo a


visão da economia de Deus, a dispensação de Deus, em Efésios 1:10; 3:9; e 1
Timóteo 1:4. A palavra oikonomia nesses três versículos indicam uma adminis-
tração familiar em uma grande familia para a distribuição ou o dispensar das
necessidades diárias para os membros da familia. José executou tal distribuição
ou dispensação para Faraó. José era um dispenseiro designado para executar a
economia de Faraó ao dispensar a rica abundância das necessidade diárias para
seu povo (Gn 41:55-57). Começamos a ver a visão da economia de Deus há
menos de vinte anos.

Em Abril de 1989 vimos a visão espiritual dos sacerdotes do evangelho de


Deus. Isso é mencionado em Romanos 15:16 e é confirmando e reforçado em 1
Pedro 2:5 e 9. Lemos esses versículos na Bíblia por muitos anos, e os temos
exposto muitas vezes, mas nunca vimos os sacerdotes do evangelho de Deus até
esse momento. Essa é uma visão espiritual.

Ao ler a Bíblia devemos sempre manter-nos abertos para ver as denotações


e significados profundos e receber iluminação e visão espiritual. Isso pode ser
difícil, mas com tudo que é significante há alguma dificuldade. Devemos fazer o
possível para aprendermos e não ficarmos desapontados com nossa condição
atual. Não devemos esquecer que estamos na restauração do Senhor. Muitas
verdades na Bíblia foram perdidas, mas desde o segundo século, o Senhor tem
restaurado o que foi perdido. Devemos crer que hoje o Senhor ainda continua
restaurando muitas verdades. Nossa tradução do Novo Testamento é chamada de
a Versão Restauração, porque na tradução e notas dessa versão muitas verdades
da Palavra de Deus foram restauradas. Os jovens entre nós, especialmente,
devem ser encorajados a prosseguir para receber iluminação espiritual e visão
espiritual da Palavra de Deus.

A EXPERIÊNCIA PESSOAL DE VIDA

O segundo constituinte básico de uma profecia é a experiência pessoal de


vida. Devemos ter uma experiência de vida pessoal. Conhecimento por si mesmo
é vazio; nosso conhecimento deve ser enchido com nossa experiência.

In the Christian life there are two categories of experience. The first is the
personal experiences of the Lord's doings and blessings in physical things and
environmental occurrences. In the Lord's Day morning meeting, many of the
testimonies given are related to this category of experiences. Many saints
experience the Lord's merciful doings and the Lord's blessings to them in physical
or material things. These merciful doings and blessings, however, are not grace.

24
Grace is not something in the physical realm. Grace is the Triune God Himself
embodied in Christ and given to us as life for our enjoyment.

Na vida cristã há duas categorias de experiências. Na primeira temos as


experiências pessoais dos feitos e bênçãos do Senhor em coisas físicas e
ocorrências no ambiente. Na reunião do dia do Senhor, muitos dos testemunhos
dados estão relacionados à essa categoria de experiências. Muitos santos
experienciam os feitos misericordiosos do Senhor e as Suas bênçãos para eles
nas coisas físicas ou materiais. Esses feitos misericordiosos e bênçãos, contudo,
não são graça. Graça não é algo na esfera física. Graça é o próprio Deus Triúno
corporificado em Cristo e dado a nós como vida para o nosso desfrute.

Precisamos ter a segunda categoria de experiências, que são as


experiências pessoais da redenção e salvação de Deus, Cristo e a igreja, pregação
o evangelho, nutrimento dos novos crentes (alimentar os cordeiros) nas reuniões
de casa, aperfeiçoamento dos santos nas reuniões de grupo, profetizar para a
edificação da igreja, e outras experiências, pelo exercício do nosso espírito em fé.
Devemos ter muitos testemunhos com respeito à essa categoria de experiências,
as experiências em vida. Até mesmo a cura de nosso corpo físico é algo na esfera
física. É melhor ouvir um testemunho de um irmão que estava na morte
espiritual por muitos anos, mas que agora foi reavivado na Palavra santa, ficou
entusiasmado, e foi visitar pessoas para salvá-las. Tal irmão pode testificar que
antes de ser reavivado ele não podia ajudar outros a ser vivificados, mas desde
que foi reavivado, todo aquele que ele contata também é reavivado. Essa profecia
é segundo a experiência pessoal de vida.

Não se Prender às Experiências, Testemunhos, Sentimentos,


Pensamentos, Opiniões, Afeições e Reações Pessoais a
Qualquer Pessoa, Questões e Coisas

Para expressar uma profecia adequada, não devemos prender-nos as


nossas experiências, testemunhos, sentimentos, pensamentos, opiniões, afeições
e reações pessoais a qualquer pessoa, questões e coisas. Quando profetizarmos,
devemos rejeitar nossos sentimentos, pensamentos, opiniões e até mesmo
afeições pessoais. Também devemos manter distância de nossas reações para
com nossa esposa, nossos vizinhos, os presbíteros e os irmãos e irmãs. Em
princípio, profetizar não é falar nem expressar a si mesmo e, mais que isso, não é
dispensar a si mesmo nas pessoas. Muitas vezes podemos dispensar a nós
mesmos para as pessoas em nosso falar a fim de impressioná-las com nossas
experiências e afeições. Esse tipo de falar não é o falar do Senhor, mas o falar de
nós mesmos, e não está relacionado a Cristo, mas a nós mesmos. Isso não é
profetizar, mas nos promover.

Profetizar é principalmente falar por Deus e Cristo, expressar Deus e Cristo


e dispensar Deus e Cristo nas pessoas para o nutrimento e suprimento delas.
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Algumas vezes podemos usar nossa experiência para ilustrar o que estamos
falando. Na realidade, profetizar é liberar alguma visão espiritual como uma
revelação e alguma iluminação espiritual como uma luz para resplandecer sobre
outros, ou levar certas coisas de Deus à luz, isto é, tornar certas coisas
conhecidas às pessoas, ou levar as pessoas à iluminação de Deus. Esses são os
princípios primordiais que governam o nosso profetizar. Devemos fazer o nosso
melhor para falar por Deus e Cristo, e quanto menos falarmos de nós mesmos,
melhor.

Os constituintes básicos de uma profecia compõem um padrão muito


elevado para o nosso profetizar. Por essa razão, hoje, quase nenhum grupo no
cristia-nismo pratica o profetizar de acordo com 1 Coríntios 14. Contudo, se não
pudermos praticar o profetizar, é uma vergonha. Nós somos os crentes do Novo
Testamento na economia neotestamentária de Deus. Isabel, Maria e Zacarias
eram santos na parte final da era do Antigo Testamento, ainda assim eles
profetizaram de maneira maravilhosa. Suas profecias em Lucas 1:42-45, 46-55, e
68-79 tinham todos os constituintes adequados de uma profecia. Nas profecias
dos santos nos Salmos, também, podemos ver os constituintes adequados.

É difícil profetizar com os constituintes básicos da profecia. Porém,


devemos fazer nosso melhor para falar. As mensagens liberadas por meio desse
ministério estão impressas em publicações e gravadas em fitas (hoje em dvd).
Creio que todas essas mensagens permanecerão e um dia todos os cristãos
praticarão o que estamos falando aqui. Antes de 1960, as pessoas riam com a
idéia de os homens pousarem na lua. Contudo, por meio do seu poder, tempo,
conhecimento, tecnologia, dinheiro e paciência, os americanos pousaram na lua
em 1969. Da mesma maneira, devemos ter muita paciência e fazer o nosso
melhor. Por fim, chegaremos ao padrão da profecia com os constituintes básicos
como revelado na Palavra Santa.

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CAPITULO QUATRO
O OBSTÁCULO BÁSICO PARA PROFETIZAR

Leitura bíblica: 2Sm 23:2; At 6:10; Ap 2:7; 22:17

Por muitos os cristãos tem lido 1 Coríntios 14, mas não tiveram um
caminho para praticarem o que é falado nesse capítulo. Como resultado, os
mestres cristãos por séculos, em sua maior parte, negligenciaram esse capítulo.
Contudo, alguns deram uma definição adequada para a palavra profetizar
dizendo que profetizar é falar por, expressar e predizer. Mas eles não viram que
em 1 Coríntios 14, profetizar denota apenas falar por Deus e expressar Deus.
Nesse capítulo ele não carrega a denotação de predizer. Isso é provado pelos
versículos 3 e 24. O versículo 3 diz, “Mas o que profetiza fala aos homens,
edificação, encorajamento e consolação.” Profetizar em 1 Coríntios 14 é falar
edificação para a igreja, encorajamento para a obra do Senhor, e consolação para
a nossa vida diária. Edificação, encorajamento e consolação nada tem a ver com
predizer. O versículo 24 diz “Mas se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo
ou não instruído, será convencido por todos e examinado por todos.” Convencer e
julgar as pessoas, expor suas condições, não é predizer. Muitos cristãos não
viram isso claramente, então, eles não tem a prática adequada de profetizar. Os
crentes pentecostais prestam muita atenção a 1 Coríntios 14, mas eles o
entendem erroneamente, ensinando que profetizar nesse capítulo significa
predizer.

O irmão Nee em 1937 viu a visão a respeito do profetizar como falar por
Deus e Cristo e expressar Deus e Cristo. Ele viu que profetizar é o fator báscio da
reunião da igreja em mutualidade e que não deve haver apenas um que fala na
reunião. Primeira Coríntios 14:31 diz, “Porque todos podeis profetizar”, e no
versículo 24 diz, “Mas se todos profetizarem”. Todos podemos falar, e todos
devemos falar. O versículo 26 diz, “Quando vos reunis, cada um tem”. Baseado
em todos esses versículos, o irmão Nee viu que 1 Coríntios 14 se refere a reunião
de mutualidade na qual todos falam e todos ouvem. Contudo, naquela época não
encontramos a maneira para substituir o “serviço” tradicional da manhã do dia
do Senhor no qual uma pessoa falava e todas as outras ouviam. Assim, nós
também de alguma maneira colocamos essa questão de lado em nossa prática.

Em 1984, quase cinquenta anos mais tarde, começamos a considerar essa


questão, e desde essa época temos falado a respeito disso por mais de cinco anos.
Temos estudado essa questão por muitas vezes, e creio que o Senhor tem sido
misericordioso para conosco e tem nos mostrado a verdadeira denotação da
profecia segundo de 1 Coríntios 14 e a maneira de praticar esse tipo de profetizar.
De todas as mensagens que dei sobre essa questão nos últimos cinco anos e
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meio, as primeiras três mensagens dessa série, entituladas “O Conhecimento
Básico”, “Os Modelos”, e “Os Constituintes Básicos da Profecia”, são muito
cruciais. Espero que todos os santos gastem muito tempo para cavar nessas três
mensagens e pratiquem o que está escrito nelas. Se aprendermos a profetizar de
maneira adequada e satisfatória segundo 1 Coríntios 14 daremos um grande
passo pela restauração do Senhor. Temos o conhecimento básico com relação ao
profetizar, e temos visto os modelos do profetizar e os constituintes da profecia.
Contudo, há um obstáculo básico que todos nós precisamos lutar para vencer.

PROFETIZAR É COOPERAR COM O FALAR


DO ESPÍRITO DE DEUS E CRISTO

Como temos visto, profetizar é falar por Deus e Cristo e expressar Deus e
Cristo. Falar dessa maneira é cooperar com o falar do Espírito de Deus e Cristo
(2Sm 23:2; At 6:10). A Bíblia nos revela que Deus é um Deus que fala. Hebreus
1:1-2 diz, “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes e de muitas maneira aos
pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu
Herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”. Deus não é um
Deus mudo; Ele está sempre falando. A Bíblia é o maior e mais elevado falar no
universo, a qual contém sessenta e seis livros do falar de Deus. A Bíblia é o livro
dos livros porque ela é o falar de Deus.

O Espírito Está Sempre Pronto e Esperando


para Falar Conosco e por meio de Nós

Temos um Deus que fala, e esse Deus que fala deseja ter um povo que fala.
Deus deseja falar, e o Seu Espírito está esperando por nós para falar. Se todos os
milhões de cristãos nos Estados Unidos falassem por Deus e Cristo a cada dia,
toda a terra seria revirada. Contudo, nos seus escritórios e escolas, poucos
cristãos falam por Deus e Cristo. O cristianismo tradicional leva os santos a se
tornarem mudos. Cada domingo pela manhã nas catedrais e nas capelas apenas
uma pessoa está falando, e todas as outras pessoas estão em silêncio. Isso tem
continuado por muitos anos que se tornou uma tradição, costume, e hábito dos
cristãos irem à igreja simplesmente para ouvir uma pessoa falar. Todos
precisamos nos levantar e derrubar esse costume.

Quando formos às reuniões da igreja devemos falar. Há mais de uma


maneira para falar. Gritar, cantar, louvar e orar todos são diferentes tipos de
falar. Quando formos à reunião, devemos ir cantando e louvando. Não devemos
começar a reunião no local de reunião, mas em nossa sala de jantar, sala de
visitas ou banheiro. Quando estamos nos preparando para ir as reuniões,
devemos começar a cantar, e no caminho para a reunião, devemos ir cantando,
louvando, orando e gritando. Devemos ser ouvidos cantando e louvando não

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apenas no local de reunião, mas também nas ruas e no estacionamento. Esse é o
falar adequado. Não há nada errado com gritar e clamar. O Salmo 100:1 diz,
“Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.” A nossa vida deve ser um júbilo
para o Senhor. Temos ensinado essas coisas por muitos anos, mas hoje ainda
carecemos da prática adequada de falar.

O Espírito está sempre pronto e espera para falar conosco e por meio de
nós. O Espírito do Deus que fala está esperando ansioso que falemos. No Novo
Testamento, Deus opera por meio do princípio da encarnação. Deus não faz nada
por Si mesmo, especialmente na questão do falar. Ele prefere falar por meio de
nós e falar dentro de nós. Ainda mais, o princípio da encarnação não é
meramente que Deus opera com o homem. É Deus que opera dentro do homem, e
os dois operam como um só. Quando falamos, o próprio Deus que expressamos
está falando conosco e dentro de nós. Se não falarmos, Deus não terá caminho
para falar, mas sempre que nos abrirmos para falar, o Espírito que espera para
falar imediatamente nos segue e se une com o nosso falar. Por fim, é dificil dizer
se é Ele ou nós que estamos falando.

Nem Sempre Cooperamos com o Espírito para Falar

O Espírito está sempre pronto e espera para falar conosco e por meio de
nós, mas nem sempre cooperamos com o Espirito para falar. Sempre que formos
às reuniões, devemos tentar falar. Num bom sentido, não importa se falamos de
maneira correta ou não, de maneira satisfatória ou deficiente. Enquanto falamos,
Deus está feliz. Os pais sempre gostam de ouvir seus filhos pequenos falarem. Se
uma criança estiver quieta durante todo o dia, os pais ficam aborrecidos e
preocupados com ela, mas quando ela começa a falar, os pais ficam alegres. Por
muitos anos nosso Pai celestial não nos ouve falar muito nas reuniões e isso deve
aborrecê-Lo. Se formos às reuniões e falarmos, mesmo de maneira incorreta, Ele
ficará feliz. Falar incorretamente é muito melhor do que não falar. Quando
alguém fala, mesmo incorretamente, ele está aprendendo a ministrar aos outros.

NOSSO OBSTÁCULO EM COOPERAR PARA FALAR COM O ESPÍRITO—


NOSSO HOMEM NATURAL COM NOSSO HÁBITO E DISPOSIÇÃO

Nosso obstáculo ao cooperar para falar com o Espírito é o nosso homem


natural com nosso hábito e disposição. Nosso homem natural, nossa disposição e
nosso hábito formam uma “trindade” enganosa que trabalha dentro de nós para
anular nossa função e nossa utilidade. Temos sacrificado muito e deixamos
muitas coisas para trás para estar na igreja. Entretanto, podemos estar aqui de
maneira silenciosa. Isso é devido ao nosso homem natural com nossa disposição
e hábito.

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Nosso obstáculo em cooperar para falar com o Espírito é visto em nossa
mudez. De certa maneira, é notável que muitos de nós estão há tanto tempo sem
falar. Nosso obstáculo é também o nosso temor. Podemos temer falar numa
reunião por causa da presença de certos irmãos. Tal temor é desnecessário.
Nossos obstá-culos são também as nossas preocupações e considerações. Um
irmão pode estar preocupado que se ele falar de certa maneira, sua esposa pode
repreendê-lo. Muitas vezes as nossas considerações anulam o nosso falar.
Devemos esquecer as nossas preocupações e considerações e falar seja qual for o
resultado.

Nosso obstáculo em cooperar para falar com o Espírito é também para


manter as aparências. Podemos sentir que devemos falar apenas se pudermos ser
o orador principal; então, nos abstemos de falar porque não gostamos de ser
expostos. Nosso obstáculo também é hesitação. Também é que não estamos
dispostos a falar. Pode não haver problemas ou considerações que não nos deixe
falar, mas podemos simplesmente não estar dispostos a falar.

Mesmo se vencermos todos os fatores anteriores, nosso obstáculo em


cooperar para falar com o Espírito pode ser o nosso falar inaudível. Quando
falamos inaudivelmente, é como se não estivêssemos falando para os outros, mas
para nós mesmos. Nosso obstáculo em falar está também em nosso falar solto.
Pode não haver lógica, razão ou propósito em nosso falar. Falar de maneira solta
dessa maneira é o mesmo que não falar. Quando falamos, precisamos ser sérios
para falar de maneira lógica.

Nosso obstáculo em cooperar com o Espírito é também falar sem exercitar o


espírito. Quando falamos de maneira inexpressiva e monótona na reunião, não
estamos exercitando nosso espírito. Quando falamos, devemos exercitar nosso
espírito. Nosso obstáculo é também falar sem significado espiritual. Um falar sem
significado espiritual é vazio, como uma casca sem conteúdo. O conteúdo do
nosso falar deve ser algo com significado espiritual. Nosso obstáculo em falar está
também em nosso falar muito prolongado. Mesmo se falarmos na reunião, nosso
falar poderá ser anulado por todos os fatores anteriores. Se nosso falar for
anulado, então não haverá falar adequado na reunião, e a reunião será vazia.

A MANEIRA PARA VENCER NOSSO OBSTÁCULO

A maneira para vencer nosso obstáculo é ser contra o nosso homem


natural com nossa disposição e hábito. Se somos pessoas quietas, devemos ser
contra nosso homem natural com sua quietude; isto é, devemos ser contra nós
mesmos. A maneira para vencer nosso obstáculo é também aprender a tomar a
cruz. Fomos crucificados na cruz (Rm 6:6; Gl 2:20), e devemos permanecer nela.

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A maneira de vencer nosso obstáculo é também exercitar nosso espírito e
aprender a como declarar o que queremos falar pelo Senhor. Podemos ter algo
para falar aos outros com relação ao Senhor, mas podemos não saber como
expressá-lo. Quando isso acontece, devemos voltar para casa, e praticar falar.
Podemos orar, “Senhor, eu quero aprender a falar por Ti, qual palavra Tu darias a
mim, e qual tipo de expressão eu preciso? Podemos não falar algo pelo Senhor
porque não sabemos como falar, mas se não voltarmos para casa e aprendermos
a falar, também não falaremos na próxima semana. Se tivermos algo para falar
pelo Senhor, mas não temos a expressão ou terminologia, não devemos tratar
disso levianamente. Você deve gastar algum tempo para buscar a maneira para
falar e devemos até mesmo jejuar e orar. Se ainda não pudermos aprender a
como falar o que queremos falar, devemos ir a um irmão experiente e pedir ajuda.

Alguns podem sentir que aprender a falar dessa maneira levará muito
tempo. Contudo, educar um criança leva pelo menos dezoito anos, e ainda mais
se ele estuda na universidade, tem um mestrado ou Ph.D. Os Estados Unidos é
um país lider no mundo por causa do seu sistema educacional. Nesse país, a
educação da criança tem vários estágios: a educação em casa com sua família, a
educação na sociedade e a educação nas escolas. Assim também, as pessoas na
igreja também têm uma familia espiritual e um ambiente espiritual na vida da
igreja, então todos nós devemos ser educados e devemos aprender constant-
mente. Não é correto alguém estar na igreja por muitos anos e ainda assim não
saber como falar pelo Senhor nas reuniões. A única maneira para ganhar uma
expressão adequada para falar pelo Senhor é praticar e aprender.

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