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A PALAVRA DE DEUS COMO TRADIÇÃO

Giovani Geraldo de Souza


Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Campus Londrina
Curso de Bacharelado em Teologia

RESUMO. Este ensaio trata da hermenêutica bíblica na igreja Católica Apostólica Romana,
utilizando a Igreja como o local original de toda interpretação bíblica no tocante da Revelação
Divina ao povo de Deus. De tal modo que, questões da fé e razão, reforçam a interdependência da
interpretação adequada segundo a intenção dos santos, entre o Antigo e o Novo Testamento. A
relação e pontuação do alfabeto devem ser superadas, a fim de buscar a unidade interna da
Escritura, tornar os santos como interpretação. A Bíblia sugere os padres da Igreja como um bom
método de interpretação espiritual.
Palavras-chave: Palavra. Igreja. Falar. Deus.

THE WORD OF GOD AS TRADITION


ABSTRACT. The Word of God as Tradition. This essay deals with biblical hermeneutics in the
Roman Catholic Church, using the Church as the original site of all biblical interpretation regarding
Divine Revelation to God's people. In such a way that, questions of faith and reason, reinforce the
interdependence of the adequate interpretation according to the intention of the saints, between the
Old and the New Testament. The relationship and punctuation of the alphabet must be overcome, in
order to seek the inner unity of Scripture, to make the saints as interpretation. The Bible Suggests
the Church Fathers as a Good Method of Spiritual Interpretation.
Keywords: Word. Church. Speak. God

Introdução
A Dei Verbum, trata de um Deus falante, onde entra na revelação divina, distingue a
revelação pública e plena de Jesus Cristo da revelação privada, potencializa o papel do ensino da
igreja. Trazendo assim uma forma diferente de entendimento, Deus" A expressão, o caminho," vem
do caminho na essência da Trindade. Assim sendo, através da criação do mundo e dos seres
humanos, a palavra falou aos profetas, depois encarnou, habitou entre nós, comunicou-nos o Pai,
que nos falou no silêncio da cruz, depois ressuscitou, também pela bênção, pela sagrada tradição
oral dos apóstolos e discípulos e pela Bíblia. Atuar na igreja através do ensino divino até os dias de
hoje, sempre foi guiado pelo Espírito Santo. Também trata da resposta do homem a um Deus que
fala, através da fé como união de entendimento e vontade, através de questões como o pecado, a fé
em Nossa Senhora, e sempre convidando os crentes ao encontro com Cristo.
A Palavra na Igreja, trata dos diferentes significados de Palavra de Deus na vida como
Igreja, especialmente na liturgia. Reforça a contemporaneidade da Palavra de Deus, tendo a liturgia
como sua posição privilegiada, relaciona-se com os sacramentos, principalmente com a Eucaristia.
Onde se dá ênfase à liturgia da Palavra e como Palavra Santa que se comunica conosco, dando a
nós, comunhão de palavras para que participemos da vida divina. Enfatiza a natureza sacramental
da Palavra e, assim, da encarnação à Bíblia, sendo um sinal visível de uma realidade divina que
imprime um caráter e transforma a própria realidade. Ressalta a importância da pregação, como
renovação da Palavra de Deus e no modo de se viver o mistério da Eucaristia. Assim sendo,
percorrendo outros temas como discurso, liturgia de cada tempo, celebração da palavra, animação
pastoral bíblica, a leitura orante. Em conformidade com vários serviços ou ocupações como
conferencista, catequista, sacerdote, candidato às ordens sacras, vida consagrada, leigos e família. O
Verbum Mundo, ou Palavra do Mundo, trata da proclamação da Palavra de Deus, principal missão
da Igreja, reforçando o dever de todo batizado como pregador do Evangelho. De fato, alguns
conceitos relacionados, como ser "gentio missionário", a nova evangelização exige que os cristãos
deem testemunho da Palavra de Deus. Em seguida, insere a Palavra de Deus nas questões atuais do
mundo, como questões de justiça, paz entre os povos, filantropia ativa, jovens, imigrantes e doentes,
pobres, proteção da criação e, finalmente, destacando a sociedade, papel de meio de comunicação e
a tradução e divulgação da Bíblia. Termina exortando o diálogo inter-religioso a não se confundir
com o relativismo doutrinal, mas facilita a comunicação que conduz ao encontro com a verdade.
Desenvolvimento
No documento denominado Dei Verbum, pede um retorno ao Evangelho de São João, onde
ensina que a palavra de Deus é infinita. Quando que, a palavra sai de Deus e a Ele retorna, para a
nossa razão traz alegria e esperança, se torna uma comunhão nas núpcias do Cordeiro com Sua
Esposa, sendo ela a igreja que sempre nos faz um convite de amor. Deus falou e Deus fala, temos a
Revelação como mistério primeiro.

Segundo Lopes (2019, p. 9), “nos tempos antigos, muitas vezes e de muitos modos Deus
falou aos antepassados por meio dos profetas. No período final em que estamos, falou por
nós por meio de seu filho, por sua palavra poderosa, é aquele que mantém o universo”
(Hb 1,1-3).

Neste texto que inicia a carta aos Hebreus celebra a palavra, pode-se observar que: Deus
falou, falou pelo filho que é a palavra! Por três vezes se repete o termo que é específico de Deus e
das criaturas humanas, criadas a imagem e semelhança de Deus. Ou seja, falar é o verbo que indica
a ação da palavra proclamada, expressão do pensamento de quem se exprime. Similarmente,
palavra, é o dom que somente o ser humano possui. Outro assim, palavra não é expressão de um
rumor qualquer, é expressão de um pensamento que antecede sua expressão, sua colocação para
fora. Ora, o ser humano é chamado de zoon politikon por Aristóteles, pois o homem dentro da
sociedade é um ser que precisa da interação, sendo que uma das principais fontes de comunicação é
a fala. O homem é dotado em falar e agir, podendo assim ser permeada ou não pela racionalidade,
antes de tomar uma atitude, este mesmo ser humano tem a oportunidade de pensar. Por sua vez, até
mesmo uma criança não sabendo pronunciar as palavras corretamente, ela tenta exprimir o que
sente. Observamos ao longo da história, Deus sempre se revela ao homem de muitas formas, mas a
principal é a palavra de Deus.
Deus fala e os seres humanos, que também podem falar a outros seres humanos, mas há
diferença entre elas. Em momentos de crise, fala-se muito, para vender produtos, tentar ganhar
votos, entre outras. Usar a palavra pode justificar a falta de ajuda aos necessitados, podendo assim
ter palavras com o poder de caluniar ou em benefício próprio. Em vez disso, Deus construiu uma
civilização de amor com sua Palavra, que se fez carne e habitou entre nós. Em análise, a Palavra de
amor, misericórdia e exortação se tornou a própria Palavra de Deus, tal como as palavras desse
Verbo que reverberam no mundo afora através dos seres humanos que são inspirados pelo Espírito
Santo. De fato, a Palavra de Deus é como uma espada de dois gumes, corta o pecado e cura as
feridas e ao mesmo tempo repreende do mal com seus respectivos mandamentos. A grandeza da
palavra de Deus também é mostrada na carta de São Paulo aos hebreus, na qual ele a descreve como
viva e que realiza grandes milagres. A palavra de Deus é viva, porque o homem é obra das mãos de
Deus, capaz de responder a Deus e por sua vez, se comunicar com Ele. Afinal, está Palavra está no
mundo desde a criação e nos acompanhará até o fim de nossa vida. Expressa de muitas maneiras,
sua culminância está na encarnação do verbo. Na Ressurreição, este verbo torna-se o Eterno, e Sua
Palavra Eterna continua a acompanhar aqueles que aderem ou não à sua mensagem. A palavra de
Deus é afiada, ilumina a vida humana e aponta o caminho a seguir. Esta palavra tem seu código nos
Dez Mandamentos. Isto é, Jesus sintetiza estas dez frases dos mandamentos em apenas uma, no de
amar a Deus e amar o próximo como a si mesmo. Como exemplo podemos citar as bem-
aventuranças, onde estes delineiam os ideais da vida cristã, levando as pessoas a viver de acordo
com a Palavra, a escapar do pecado e a purificar-se continuamente para Deus. Já que apenas
criaturas criadas por amor precisam de redenção, Deus continua repetindo que precisamos seguir
seus preceitos.

Segundo Lopes (2019, p. 11), “a palavra de Deus é eficaz, e esta eficácia pode ser
comprovada pela ação dos patriarcas, dos profetas e do povo eleito da Antiga e da Nova
Aliança. Eficaz é a palavra de Jesus que “veio habitar no meio de nós” (Jo 1,14),
continuamente enunciado o Reino de Deus (Lc 9,2) por meio de sua igreja. A partir do
pensamento de Geraldo Lopes, observa-se que a palavra de Deus, os sacramentos, o
centro é a Eucaristia, esta que possui de maneira eficaz e salvadora o Corpo e do Sangue
de Cristo.
Há tantas maneiras de entrar em contato que as pessoas muitas vezes se sentem perdidas.
Todas as manifestações de comunicabilidade, apontam para uma grande necessidade de
comunicação entre os seres humanos e principalmente entre Deus. Uma das marcas do nosso
mundo é uma abertura apaixonada à Palavra de Deus. Esta que, serve como fonte de vida, graça e
encontro do homem com seu Senhor e seu Criador. O homem, por sua vez, responde à criatura, fala
às pessoas, conversa com elas com seu rico amor. Estamos enfrentando eventos contínuos da graça
do Espírito Santo. Através da palavra, da escuta, da meditação e da oração, esta pessoa é chamada à
conversão constante e a tornar-se mensageira do Evangelho. A revelação é a comunicação
progressiva de Deus e a manifestação de sua própria vida divina na história humana. Esses estágios
culminarão na pessoa de Jesus. Deus quer revelar-se aos homens para que eles o conheçam e afinal,
para amá-lo livremente e escolhê-lo como o bem supremo em suas vidas. Sabemos muito bem que
essa revelação foi apresentada aos nossos primeiros ancestrais através da criação. Em seguida, Deus
convida as pessoas a ter comunhão íntima com Ele e as veste com gloriosa graça. A humanidade
caiu no pecado, então Deus promete um caminho para a sua salvação, está que se dava por meio da
aliança. Assim sendo, através de Noé, uma aliança foi selada. Ele escolheu Abraão e fez uma nova
aliança, para com ele e seus descendentes. Ele os fez seu povo e lhes revelou sua lei por meio de
Moisés. Ele está continuamente preparando essas pessoas, para que através dos profetas as pessoas
possam escolher à salvação e difundir esse chamado de toda a humanidade. O centro e o ápice deste
mistério de amor é a expedição de Seu Filho, em quem ela estabeleceu uma aliança perpétua. O
Filho é a autoridade do Pai. Não haverá outras revelações depois dele.

Segundo Lopes (2019, p. 39), “a Tradição, oriunda dos apóstolos, progride na Igreja sob
a assistência do Espírito Santo. Jesus ordenou aos Apóstolos que pregassem o Evangelho
até os confins da terra. Os Apóstolos começaram pregando de forma oral. Posteriormente,
sob a inspiração do Espírito Santo, colocaram por escrito as palavras e os atos de Jesus.
Estra tradição conserva, por escrito, a memória dos Apóstolos, bem como os escritos dos
Padres Apostólicos, os Santos Padres, bispos e cristãos ilustres que conviveram com os
doze Apóstolos. A preocupação da Igreja nascente foi uma só: Guardar e defender a
Tradição dos apóstolos, a gloriosa e veneranda norma de nossa Tradição”.
Assim, a tradição católica, ou a tradição apostólica ou a Santa Tradição, reside na autoridade
e na ação contínua da Igreja por meio de seu ensinamento. Receba a mensagem apostólica e forme a
sucessão apostólica. Papas, bispos e todo o corpo da igreja para o qual servem como sacerdotes,
transmitem o que receberam e acreditam para a redenção de toda a humanidade. A tradição consiste
essencialmente na pregação oral. São, por exemplo, as declarações e ensinamentos dos apóstolos,
bem como exemplos, instituições, costumes e tradições. Eles comunicam a eles o que receberam da
boca de Cristo e o que ele fez, e o que aprenderam da revelação do Espírito Santo. A fim de manter
o evangelho intacto e vivo para sempre na igreja, eles são chamados de produtos da tradição
católica. Entre eles, esses produtos incluem Bíblias, credos, declarações ecumênicas, documentos
eclesiásticos, e são considerados importantes para difundir a fé católica e definições dogmáticas. É
importante notar que esses produtos constituem um elemento constante, pois difundem a fé de
maneira constante desde o primeiro século da Igreja até o presente. Em suma, a tradição católica é
uma realidade viva porque não apenas transmite coisas ou palavras, mas também não é uma coleção
de coisas mortas. Quando, é uma tradição viva porque o que lhe dá vida é a correta interpretação
dos vestígios da Igreja Católica no decorrer da história humana. Está hermenêutica é uma parte
formal da tradição católica. Quando esta parte formal se conjuga com a parte material, a tradição
católica é como um rio vivo, ligando-nos à origem, na qual a origem está sempre presente.
Pela primeira vez, o Concílio examinou sistematicamente a natureza e as características específicas
do livro do Apocalipse, a realidade primeira e fundamental do cristianismo.

Considerações Finais
A Dei Verbum recoloca a Bíblia e a Tradição no caminho certo, pois ambas são modos de
transmissão da revelação e se comunicam intimamente, pois têm o mesmo fundamento em Deus e
no mesmo autor. Essa constituição teve um impacto poderoso na comunidade cristã, especialmente
tornando a Bíblia disponível para uso diário na vida da igreja. Ainda há um longo caminho a
percorrer desde a Constituição até a ratificação. As campanhas e pesquisas anteriores ao evento,
tecem uma história indireta que, aliada ao trabalho desse Concílio, o torna um documento de suma
importância para a história da Igreja Católica. Deste modo, pois, com a leitura e o estudo dos Livros
Sagrados, difunde-se a Palavra de Deus e seja acolhida com honra, e cada vez mais encha os
corações dos homens o tesouro da Revelação, confiado à Igreja. Assim como a vida da Igreja cresce
com a Assídua frequência do Mistério Eucarístico, assim é lícito esperar também novo impulso de
vida espiritual, do aumento da veneração pela Palavra de Deus, que permanece para sempre. Além
disso, a teologia apoia-se na Palavra de Deus escrita juntamente na Sagrada Tradição como em seu
fundamento perene; nelas encontra toda a sua firmeza e sempre rejuvenesce, investigando, à luz da
fé, toda a verdade encerrada no mistério de Cristo.

Bibliografia
LOPES, Geraldo. Dei Verbum texto e comentário, coleção revisitar o concílio, 2º reimp. São
Paulo: Paulinas, 2019.

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