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A pregação tem também um caráter

escatológico no sentido de que coloca o


homem em confronto com duas possibi-
lidades para o seu futuro: a possibil i-
dade da condenação e a da salvação. A
pregação "sacode" o homem em seus
sentimentos mais íntimos e o obriga a
refletir sobre o futuro. E não só o obri-
ga a refleti r, senão a tomar uma decisão
a respeito das alternativas que há nesse
futuro.
O CARÁTER PERSUASIVO
DA PREGAÇÃO.
A pregação tem um fim persuasivo'.
Seu objetivo primordial é persuadi r os
homens, estejam estes fora ou dentro
da Igreja, a dar-se por completo ao
Senhor. Daí que Patlison define a pre-
gação como "a comunicação verbal da
verdade divina com o fim depersuadir."
Na persuasão trata-se de mudar a
atitude (ou as atitudes) ou a crença (ou
as crenças) de uma ou mais pessoas. Na
persuasão procura-se conseguir uma
decisão com respeito à mensagem que
se está comunicando. Portanto, ao dizer
que a pregação tem um caráter persua-
sivo 'queremos dizer que ela não se
satisfaz apenas com o fato de haver uma
atitude favorável para com a mensagem,
-senão que procura penetrar por todos
os meios nos ouvintes, até que estes rea-
jam pela fé e pela obediência. Em outras
palavras, a pregação procura uma trans-
ferência de significados que influa o
comportamento dos ouvintes; procura
que os ouvintes mudem de atitude com
respeito a Cristo e ao Seu Evangelho,
com tudo o que isto envolve.

Orlando Costas O CARÁTER ESPIRITUAL


DA PREGAÇÃO
A pregação tem um caráter escato- A pregação não só tem letra, mas
lógico que inferimos do fato de que ela também espírito. O caráter espiritual
pertence também, aos, últimos tempos. da pregação emana do fato de que é um
Ao falar dos últimos dias, referimo-nos ato de testemunho do Espírito Santo.
ao que Grasso chamou "a última fase da E E le quem final iza e faz penetrar a
história da salvação, na qual se convidam mensagem pregada de tal forma que os
os homens, sem acepção de raças ou na- ouvintes sejam persuadidos. Neste sen-
cional idades, a participar do reino de tido, o Espírito Santo, não somente ilu-
Deus." Esta dispensação, por assim di- mina o receptor de modo a que ele com-
zer, foi inaugurada com a morte e a res- preenda o sentido da mensagem, senão
surreição de Jesus Cristo, e será consu- que também o convence de pecado e da
mada em Sua segunda vinda. Relaciona- sua necessidade de Cristo, e faz que
-se com o reino que Jesus anunciava, essa mensagem penetre no seu coração .
porquanto convida os homens a partici- de tal forma que se real ize essa trans-
parem duma nova ordem de vida. ferência de significados e haja uma

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mudança de mente e de atitude, uma Em primeiro lugar, a pregação uni-
resposta de fé e obediência a Cristo fica a adoração públ ica no sentido de que
Jesus. torna evidente o diálogo expressado na
É por isso que a pregação necessita .adoração, entre a Palavra de Deus e a
ser feita através do Espírito Santo, se é palavra do homem, e entre a relação de
que tem que .ser eficiente. Como bem Deus com o homem e a deste com o seu
nos diz Jean Jacques Von Allmen em próximo. A pregação, entendida como a
sua obra sobre - "A Pregação e a Palavra de Deus ao homem, não se com-
Congregação" "Sem a Obra do Espírito pleta enquanto o homem não responde a
Santo, a Palavra que Deus falou ao mun- Deus. Mas como nessa palavra está
do em Seu F ilho não pode ser traduzida implícita a palavra do próximo, a res-
eficazmente nem fazer-se presente." posta humana precisa também ter uma
Daí também a importância da oração na dimensão horizontal. A pregação é,
pregação. Porque é através da oração portanto, uma ponte entre palavra e sa-
que o pregador expressa sua dependên- cramento, entre revelação e resposta.
cia da pessoa e da Obra do Espírito Na pregação se torna evidente a dinâ-
Santo. O homem, na oração, revela a mica da adoração que o. profeta Isaías
Deus, a sua fraqueza e dependência. A- nos descreve no capítulo seis do seu
quele que ora, o faz porque se sente livro: a chamada de Deus e a resposta
incapaz de atender as suas necessidades; do homem, a confissão humana e o par-
porque reconhece que o seu socorro vem dão divino, a proclamação da Palavra e
do Senhor (Salmo 121:2) .. N~ oração o a dedicação do adorador. a comissão
pregador confessa sua fraqueza e insu- para serviço e a promessa de poder
ficiência para cumprir o propósito da para o cumprimento dessa tarefa.
pregação. Em sua fraqueza ele pede a Portanto, a pregação é um ato di-
ajuda do Espírito Santo que intercede com nâmico no qual Deus se dirige aos
gemidos inexprimíveis (Romanos 8:26) homens e mulheres fora e dentro do
e torna possível a manifestação do poder Seu povo para colocá-tos frente a frente
de Deus nasua proclamação. . com as profundas impliceções da Sua
O CARATER LlTURGICO _ Obra redentora em Cristo. E um ato
DA PREGAÇAO que se dá com aspecto integral d.a ado-
S'A pregação tem também um caráter ração públ ica da Igreja. Sobretudo,
litt1rgico. Entendemos por liturgia o a pregação é um ato escatológico, por-
culto que a Igreja presta ao seu Deus, quanto pertence' aos últimos tempos e é
ou a adoração pública de Deus como o instrumento por excelência do Espí-
expressão do seu serviço ao Senhor. r ito Santo para a salvação dos homens.
Na adoração a Igreja reconhece o valor E por isso que o pregador não pode
supremo 'de Deus em cada aspecto da conceber-se a si mesmo como mero
existência humana. Na adoração a orador, nem "como um empresário a-
Igreja também comemora a vitória de present.ando uma estrela de cinema a
Deus em Cristo. Na comemoração des- uma multidão", senão como um servo,
sa vitória, a Igreja, unida a essa "nuvem um instrumento e arauto de Deus.
de testemunhas" de todos os tempos, É na base do sentido teológico da
proclama o triunfo do Evangelho e ofe- pregação que devemos julgar a nossa
rece a toda a human idade em nome de pregação. Nossa prega~ão tem um carâ-
Deus os frutos dessa vitória. Neste ter teologal, cr istolôqico. evangél ico,
sentido, é preciso ter em mente que antropológico, eclesial, escatolôqico,
todo ato de adoração públ ica constitui, persuasivo, espiritual e Iitúrgico.
por seus próprios méritos, um ato de Que aspecto temos da nossa função
proclamação e, portanto, pode-se cha- . 'como pregadores? Vemo-nos a nós'
má-Io um ato de pregação. Nada obs- mesmos como servos de Jesus Cristo,
tante , existe dentro desse ato uma parte 'como arautos do Seu Evangelho e como
que é dedicada a interpretar e apl icar instrumentos do Espírito Santo, ou sim-
o sentido dessa proclamação. Entendida plesrnente como "oradores" ou profis-
desta maneira, a pregação é um aspecto sionais? Sobre 'a resposta que dermos
integral da adoração públ ica da. Igreja. a estas perguntas descansa a eficiência
Como tal, tem uma tríplice função. da nossa pregação... •
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