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Paulo estava consciente de que sua missão se constituía numa batalha. A batalha
contra o pecado e contra as forças de Satanás, contra as falsas doutrinas, contra os
falsos mestres que são inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.18).
Porque Paulo a define dessa forma? Ela é espada do Espírito porque foi dada pelo
próprio Espírito. “Toda a Escritura é inspirada por Deus.” (2 Tm 3.16). Com ela os
erros de doutrina e de condutas dos crentes são repreendidos. É por meio dela que se
revela o estado de culpa do homem e fica clara sua condição pecaminosa.
Por meio dela, o homem é guiado ao Salvador, se desvanecem todas as dúvidas, por
meio dela os temores desaparecem e é alcançado a segurança da salvação. Ela é
viva e eficaz e mais cortante que qualquer espada de dois gumes. (Hb 4.12). Todos
esses efeitos ocasionados pela Palavra põem em fuga a Satanás, assim como ocorreu
por ocasião da tentação de Cristo.
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Em sua missão, por meio da Espada do Espírito, igrejas foram fundadas, gentios
abandonaram o paganismo e converteram-se a Cristo, judeus compreenderam que
Cristo é o cumprimento das profecias abraçaram a fé em Jesus; igrejas foram
instruídas, pastores (Timóteo e Tito) foram equipados, líderes como Evódia e Síntique
foram exortadas e heresias foram combatidas. Paulo então, não só fez uso da espada,
como pode testemunhar seus efeitos na vida de muitos de seus ouvintes.
John Piper afirma que a espada no NT tinha outra função a não ser matar.
Esse é o sentido dado por Paulo à palavra. Ele diz: “O modo como mortificamos
nossos pecados é pela espada do Espírito, a palavra de Deus.”
Assim como estava acessível a Paulo e a sua disposição, temos hoje o poderoso
instrumento do Espírito, a sua espada. Através dela, vemos o exercício de seu poder
assim como lemos nas escrituras. Instrumento poderoso para combater as nossas
cobiças, a Satanás, as heresias e para conduzir pecadores ao pleno conhecimento da
verdade.
Esse modo de falar está diretamente associado à relação entre o Espírito Santo e
aquele que proclama a palavra de Deus. A união do Espírito é tamanha com o servo
que este, ao falar, pronuncia aquilo que não vem dele, mas sim, de Deus.
E faz isso palavra sem temor e com grande autoridade. Portanto, o poder do Espírito
na vida de Paulo foi expresso pela ousadia e liberdade com que ele falava.
Foi com essa ousadia que Paulo, logo após a sua conversão, pregou nas sinagogas
de Damasco causando perplexidade entre judeus (At 9.20,21), chamou a Elias de
“filho do Diabo” pois enganava a muitos com seus truques (At 13.10), pregou em
Antioquia levando prosélitos e judeus à conversão (At 13.43), discursou em Atenas, a
principal cidade da Grécia e principal centro cultural e intelectual (At 17.16,31), pregou
em Corinto, Éfeso, Listra, Icônio, Derbe, e vários outros lugares,e finalmente, foi
responsável pela fundação de várias igrejas.
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Com essa mesma ousadia repreendeu a igreja de Corinto por causa de suas
desordens, advertiu o crentes da região da Galácia que estavam dando ouvidos aos
ensinos dos judaizantes, exortou os crentes de colossos para que se mantivessem
firmes na fé que abraçaram, exortou os judeus da igreja de Roma, encorajou os
crentes de tessalônica para que se mantivessem fiéis tal como eles já se encontravam.
Todo o ministério de Paulo foi executado com grande ousadia. Ou seja, não colocou
sobre si nenhum tipo de impedimento para proclamar que Jesus era o Cristo. No
exercício dessa ousadia, o Espírito, unido a Paulo converteu a muitos e estabeleceu
igreja.
O que aprendemos aqui é que ousadia da qual nos fala as Escrituras não é um
atrevimento tendo como origem a própria capacidade humana, mas está ligada
inteiramente à comunhão com Deus e com sua Palavra nos mesmos moldes do que
ocorria com os profetas no AT. Que todos nós busquemos essa comunhão a fim de
que falemos do evangelho sem nenhum desprendimento.
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo.”
(Efésios 4.11,12).
Nesse texto lemos várias funções dentro do corpo de Cristo com o objetivo de
aperfeiçoá-lo. Essas funções, de acordo com 1 Cor 12 são dons dados pelo Espírito
aos crentes. Dom é a tradução da palavra grega charisma. Seu significado básico é:
“A capacidade ou talento que o Espírito Santo concede aos servos de Deus para uso
em favor dos outros.” Exatamente por ser dado pelo Espírito é que é chamado de
espiritual. Ou seja, são coisas caracterizadas ou controladas pelo Espírito.
Esse ministério é central dentro da igreja, uma vez que através dele, a palavra ao ser
ensinada e pregada proporciona crescimento espiritual aos que ouvem. Paulo fala não
só da importância na exposição das Escrituras, como da superioridade que esse dom
exerce sobre outros, como o dom de línguas.
Assim ele diz: “O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza
edifica a igreja.” (1 Co 14.4). De acordo com Calvino, profecia aqui deve ser entendida
não como predição, mas no ato de proclamar a Palavra de Deus, ensiná-la e explicá-la
para a igreja.
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Paulo executou com zelo esse dom, ciente de que ao exercê-lo, o Espírito do Senhor
atuava poderosamente sobre através de seu ministério.
A evidência da operação eficaz do Espírito de Deus na pregação e ensino de Paulo
são as igrejas fundadas por ele, o grande número de escritos produzidos e que vieram
a se tornar parte do cânon. Acerca disso, Clemente de Roma disse:
“Verdadeiramente,sob inspiração do Espírito ele [...] escreveu.”
Conclusão
O Espírito teve uma atuação profunda e dinâmica na vida e no ministério de
Paulo. Essa influência poderosa é vista em sua experiência e expressa através de
palavras que se referem a ela. Nesse sentido, a palavra é a espada do Espírito, a
pregação efetuada pelo Espírito é ousadia e a pregação é dom central do Espírito.
Que o poder do Espírito assim como envolveu a Paulo, nos envolva também a
fim de que nossa vida e nosso serviço a Deus frutifique em abundância para o louvor
de sua glória.
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