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OS SACRIFÍCIOS
Levítico 7.28-38
Não há religião que não conceba algum tipo de sacrifício. Bastante diversificado entre
as diferentes religiões, o sacrifício reúne sempre elementos espirituais e materiais. É
um ato religioso em que o homem oferece à divindade uma doação ou uma oferta
valiosa.
A história das religiões registra, até mesmo, sacrifícios humanos praticados como
forma de expiação de males. Este fenômeno presente em diferentes cerimônias
religiosas pretende resolver os conflitos de relacionamento entre os homens e o
sagrado.
Mario Cimosa (Levítico e Números. São Paulo, Edições Paulinas), biblista italiano,
comenta que, em muitas religiões, os sacrifícios eram prerrogativa dos sacerdotes:
"somente eles sabiam como aproximar-se dos ídolos, e isso lhes concedia uma
posição de privilégio".
Porém, em Israel, a lei dos sacrifícios (Levítico) pertence a todos. E acrescenta: "não é
sem razão que neste livro se repete, continuamente, o que 'Moisés falava a todos os
israelitas".
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Em Levítico, Deus estabelece critérios e regras para o culto de seu povo. O seu
objetivo principal e conduzir o povo ao seu modelo de vida: "Sede santos, porque eu
sou santo".
1.1. Holocausto. Era o sacrifício em que se queimava a vítima sobre o altar. Daí,
subia ao céu uma fumaça com aroma "bom, suave e agradável" - um sinal visível de
aceitação do sacrifício. Comumente adotado como homenagem à divindade, era um
gesto de gratidão e súplica, como na primeira oferta de sangue oferecida por Abel
(Caim ofereceu frutos da terra - Gn 4).
1.2. Oblação. Própria da cultura agrária, a oblação era o sacrifício sem sangue, sendo
uma oferta de manjares ou cereais "torrados". Era uma mistura de farinha de trigo,
azeite, incenso e sal, frita ou assada, que era dedicada como memorial ao Senhor.
Uma parte sem assar era separada para o sacerdote, como fonte de sua renda.
1.4. O sangue. Centro do sacrifício, o sangue representa a vida, a força e o vigor. Daí,
a importância da expressão presente no livro de Levítico e Hebreus: "sem
derramamento de sangue não há remissão" (Hb 9.22).
1.5. As pessoas. Os textos falam dos envolvidos nos sacrifícios: o sumo sacerdote e
a comunidade que são sagrados, por isto os rituais são mais sofisticados; o chefe e o
cidadão pertencem ao povo comum, e os rituais são mais simples.
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2.1. Primeiro, Deus não quer mais sacrifícios ou holocaustos, e sim misericórdia
e que o conheçamos mais (Os 6.6). Lamentavelmente, há muitos ainda pregando e
exigindo sacrifício das pessoas. Após 500 anos de protesto dos reformadores, a venda
de indulgências ainda é praticada em muitas igrejas. Nessas pseudo igrejas, os
milagres só acontecem quando o "fiel" faz sacrifícios ou contribui com determinadas
quantias. Os próprios líderes parecem ignorar a mensagem libertadora do
evangelho:"pela graça sois salvos" (Rm 5.1,2; Ef 2.1-10); ou a prática do
evangelho:"Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação;
pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz" (SI 51.17; Hb 13.6).
2.2. Depois, é importante separar o melhor para Deus. Naqueles tempos, Deus
exigia o animal sem defeito, o melhor fruto, todo o cuidado possível quanto ao ritual.
Esta lição rasga o tempo e invade as nossas celebrações e atitudes. Mesmo gozando
da bênção da redenção em Cristo, não estamos isentos de separar o melhor que
temos e somos para o Senhor. Talentos, dons, recursos, tempo - tudo pertence a
Deus e deve ser colocado em seu altar, não para se obter graça de Deus, mas em
gratidão à sua maravilhosa graça. Ainda hoje, devemos dedicar a Deus "sacrifício de
louvor, que é o fruto dos lábios que confessam o nome do Senhor" (Hb 15.13;
compare com SI 50.14,23).
2.3. Devemos nos oferecer como sacrifícios vivos a Deus, através da vida de culto
e do culto da vida, em reconhecimento às misericórdias do Senhor, como recomendou
o apóstolo Paulo (Rm 12.1,2), ou através de "sacrifícios espirituais", conforme ensinou
o apóstolo Pedro (I Pe 2.5).
Ao analisar a entrega das ofertas, o Dr. Carral (Êxodo y Levitico. El Paso, Texas, Casa
Bautista de Publicacines) refere-se à Epístola aos Coríntios, em que "primeiro se
deram a si mesmos e depois deram a sua contribuição". E acrescenta: "Uma
contribuição dada, sem dar-se, antes, a si mesmo, não vale nada".
Finalmente, lembremos que "o sangue de Jesus... nos purifica de todo o pecado" (I Jo
1.7). Nenhum sacrifício é requerido do maior pecador. Jesus Cristo já pagou o preço:
"tudo está consumado". Somos salvos pela graça, mediante a fé; isto é dom de Deus!
Vivamos na perspectiva da graça: "Misericórdia quero e não sacrifício", diz o Senhor!
Aqui se abre o caminho para a busca de santidade!
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