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O significado dos dons espirituais

Não é uma tarefa fácil determinar o caráter específico de cada dom espiritual. Isso
porque o Novo Testamento não traz uma descrição detalha de cada um deles. Mas em
termos gerais, podemos certamente ter uma ideia do que cada um deles significam na
vida prática da Igreja.

Dons de ministério

Começando com os dons de ofício ou ministério, primeiro temos apóstolos, depois


profetas, evangelistas, pastores e mestres. Esses dons ministeriais dizem respeito ao
governo e liderança da Igreja. Os apóstolos foram escolhidos e comissionados por Jesus
para lançarem os fundamentos da Igreja servindo como agentes da revelação de Deus
nos tempos em que a Escritura do Novo Testamento estava sendo produzida (Efésios
2:20).

Os profetas são aqueles que proclamam a verdade de Deus com autoridade para exortar,
encorajar e advertir os crentes. Os evangelistas são pessoas que recebem um dom
especial para anunciar o Evangelho. Já os pastores e mestres são aqueles que pastoreiam
e instruem o povo de Deus. Obviamente aqueles que exercem esses ofícios também são
capacitados com outros dons espirituais como os dons de liderança, ensino, sabedoria,
conhecimento, governo etc.

Dons miraculosos, de fala e de conhecimento

Falando dos dons espirituais mais miraculosos, temos os dons da fé, cura e operação de
milagres. Não sabemos por que Paulo faz essa distinção, já que uma cura sobrenatural
também é uma operação milagrosa e implica no exercício do dom da fé. É possível que
dentro do dom de operação de milagres, Paulo tivesse em mente outras manifestações
extraordinárias do poder de Deus além da cura.

Em seguida, temos os dons de variedade de línguas e interpretação. Há muita


controvérsia sobre o caráter do dom de línguas. Alguns defendem que esse dom se
refere a habilidade especial de falar em idiomas estrangeiros de forma sobrenatural
como aconteceu no Pentecostes (Atos 2:4-11). Outros defendem que se trata de uma
habilidade para desenvolver uma fala estática que pode ser usada na oração e adoração.

O dom de profecia é outro dom espiritual sempre muito debatido. Basicamente


profetizar é falar a Palavra de Deus. Mas o Novo Testamento não apresenta uma
definição clara sobre a natureza do exercício desse dom.

Por isso alguns entendem que esse dom seja uma habilidade de predizer o futuro ou
comunicar algo revelado por Deus de forma sobrenatural. Já outros entendem que o
dom de profecia tem mais a ver com a habilidade de proclamar a vontade de Deus
através da interpretação e aplicação da verdade já revelada na Escritura. Seja como for,
é certo que a profecia resultante do exercício desse dom jamais pode ser equipara à
Escritura.
Também é difícil saber o significado dos dons que Paulo chama de “palavra de
sabedoria” e “palavra de conhecimento”. Alguns estudiosos têm sugerido que a “palavra
de sabedoria” seja o dom de se pronunciar sabiamente e poder resolver questões
espirituais difíceis; enquanto que a “palavra de conhecimento” talvez seja a habilidade
de comunicar de forma especial o conhecimento de Deus.

Por fim, o dom de discernimento de espíritos significa a habilidade de julgar e


identificar, à luz da Escritura, aquilo que procede de Deus e aquilo que é falso e
contrário a Deus. Esse é um dom espiritual importante para proteger a Igreja do erro e
do engano.

Dons de socorro, misericórdia, governo, liderança e contribuição

O dom de socorro é uma capacitação espiritual para o crente exercer a habilidade prestar
ajuda aos outros. É claro que esse dom está diretamente ligado ao dom de misericórdia,
pois aquele que socorre é aquele que se compadece da necessidade do próximo.

O dom de governo é um dom para a administração. Provavelmente esse dom também


está relacionado ao dom de liderança. Já o dom de contribuição é também um dom de
serviço à medida que o crente dispõe os seus recursos para o bom andamento da obra de
Deus na terra.

Qual é o propósito dos dons espirituais?


Os dons espirituais possuem o propósito de equipar a Igreja para o serviço de proclamar
o Evangelho e trazer glória a Deus até o retorno de Cristo (1 Coríntios 1:7). Nesse
sentido, os dons espirituais servem para a edificação da Igreja como o Corpo de Cristo.
Isso quer dizer que o propósito dos dons espirituais não é identificar qual dos crentes é o
mais espiritual.

Os dons do Espírito possuem uma finalidade coletiva, e não uma finalidade


individualista para enriquecer os indivíduos que os possuem. Por isso nenhum crente
possui todos os dons; bem como todos os crente sempre possuem algum dom (1
Coríntios 12:14-21). Então fica claro que dessa forma, os dons espirituais também
servem para revelar que os membros da Igreja precisam uns dos outros.

Outro ponto importante é que o Espírito Santo distribui os dons espirituais conforme a
sua vontade (1 Coríntios 12:11). Por esse motivo não é correto eleger um determinado
dom como sendo o sinal da operação do Espírito Santo na vida de uma pessoa. Partindo
do princípio que os dons espirituais são habilidades especiais dadas aos crentes
soberanamente pelo Espírito Santo, é injusta e incoerente qualquer abordagem nesse
sentido.

Por exemplo: não podemos dizer que apenas aqueles que profetizam ou falam em
línguas são os que possuem o poder do Espírito em suas vidas, pois a Bíblia fala que
nem todos os crentes profetizam ou falam línguas; mas ainda assim ela diz que todos os
crentes são batizados no mesmo Espírito (1 Coríntios 12:13-31).
Por fim, em certo sentido os dons espirituais também prenunciam o poder e as
maravilhas que desfrutaremos na eternidade. A Bíblia diz que o Espírito Santo é o selo
garantidor da nossa herança. Então os dons que ele concede aos crentes certamente dão
uma amostra da realidade superior da bem-aventurança eterna na presença de Deus.

Por exemplo: através do dom da cura, Deus restaura a saúde de alguém, e isso nos faz
vislumbrar o dia em que teremos um corpo glorificado não mais sujeito a qualquer
enfermidade. Portanto, cabe a nós identificar, desenvolver e usar os dons espirituais que
o Espírito Santo nos concede.

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