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DESOBSESSÃO POR CORRENTE MAGNÉTICA

Pesquisa Bibliográfica, Relatos, Interpretações e Manual de Aplicação


Desobsessão por corrente magnética : pesquisa bibliográfica, relatos, in-
terpretações e manual de aplicação / [editor] Colegiado dos Vínculos
Fraternais ; coordenação : Maurício Neiva Crispim. 2. ed. -
Brasília : Sociedade de Divulgação Espírita "Auta de Souza", 1998.
v.l: il.; 23 cm

1. Espiritismo. 2. Espiritismo - Desobsessão. I. Colegiado dos Víncu-


los Fraternais. II. Crispim, Maurício Neiva. III. Título.

CDD 133.9
CDU 133.9
DESOBSESSAO POR CORRENTE MAGNÉTICA

Pesquisa Bibliográfica, Relatos, Interpretações e Manual de Aplicação

Colegiado dos Vínculos Fraternais


Coordenação:
Maurício Neiva Crispim

Volume I

Brasília
Sociedade de Divulgação Espírita "Auta de Souza"
1998
Copyright © 1996

Sociedade de Divulgação Espírita "Auta de Souza"

Capa e Ilustrações: Adauto Gonçalves Pereira

Revisão: Leda Borges de Moura Faria


Wanda de Lourdes Moura Maciel
Adail Alves Martins...(2. ed.)

Revisão Metodológica: Christine Garrido Marquez

Todo o produto desta obra é destinado


à manutenção dos serviços assistenciais e de divulgação da
Sociedade de Divulgação Espírita "Auta de Souza"
QSD Área Especial n° 17 , Taguatinga Sul - Distrito Federal.

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Havia na sinagoga um homem possesso dum espíri-
to impuro. Pôs-se a gritar: "Fora! Que temos nós contigo
Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o
Santo de Deus!'
Jesus ordenou-lhe: "Cala-te e sai dele!" Ao que o es-
pírito o arrojou ao meio, e saiu dele, sem lhe fazer mal.
Todos se encheram de estupefação e diziam uns aos
outros: "Que palavra, essa! Manda com grande autoridade
aos espíritos impuros, e eles saem!"
E sua fama correu por todas as regiões circunvizinhas
(Lucas, 4:33-37).
PREFÁCIO

Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade


para com os homens (Lucas, 2:14).
Atingimos, na atualidade, o momento previsto e denominado por Allan Kar-
dec de "Luta das Idéias". Prevê o mestre lionês que na seqüência da transição
planetária em que a Terra já havia penetrado há quase um século, quando escre-
veu o Cap. XVIII de A Gênese, chegaria uma época em que o Espiritismo estaria
na base de todas as crenças e seria o ponto de apoio de todas as instituições. Mas,
esta época seria precedida de luta inevitável entre as idéias.
Ainda estamos distanciados da adesão geral em torno da Terceira Revelação
cujos resultados benéficos serão a compreensão da Fraternidade Universal e a fé
nos princípios fundamentais - Deus, a alma, o futuro, o progresso individual e
indefinido e a perpetuidade das relações entre os seres, - que decorrem da fé que
o Espiritismo proporciona. Afirmação de Kardec no supracitado capítulo de A
Gênese.
Atualmente, estamos mesmo é em pleno período da Luta das Idéias. Mas a
grande surpresa que colhe os menos atentos aos planos divinos é que a luta que
ora se deflagra se delineia muito vigorosa e extremamente acirrada como "luta
interna" de consolidação de princípios e de limpeza das idéias e ideais carcomidos
pelas velhas fraquezas humanas: o orgulho, a vaidade e o egoísmo. Este aspecto
atinge as pessoas individualmente, suas crenças e as instituições em geral.
E dentro deste quadro, o Espiritismo também sofre as conseqüências do aba-
lo geral. O seu Movimento, formado por diferentes grupos de homens e espíritos,
cumpre o seu papel no grande momento da Transição Planetária. Discute, compa-
ra, analisa. E assim deve ser, pois a razão é a base, o fundamento da fé na visão
espírita. E desta luta, o movimento sairá fortalecido, depurado. Sabe-se que isto
se realiza freqüentemente com sacrifícios pessoais. Isto aprendemos na própria
doutrina.
Na sua Revista Espírita de março de 1858, no artigo Magnetismo e Espiri-
tismo, onde Kardec fez sua "profissão de fé" reconhecendo publicamente a ne-
cessidade e o valor científico das experiências do magnetismo, referiu-se o Codi-
ficador às divergências entre alguns espiritistas e magnetistas. Os primeiros, su-
puseram que o aparecimento dos fenômenos espíritas iria desferir um golpe de
morte no magnetismo. Os magnetistas pensavam que tudo podiam explicar pela
só ação do fluido magnético. E escreve: (...) Esperemos que os sectários do Mag-
netismo e do Espiritismo, melhor inspirados (que os sábios da ciência humana),
não dêem ao mundo o escândalo de discussões muito pouco edificantes e sempre
fatais à propagação da verdade, seja qual for o lado que esteja. Podemos ter
nossa opinião, sustentá-la e discuti-la: mas o meio de nos esclarecermos não é nos
estraçalhando, processo pouco digno de homens sérios e que se torna ignóbil des-
de que entre em jogo o interesse pessoal.
O livro DESOBSESSÃO POR CORRENTE MAGNÉTICA chega no momento
azado em que dentro das nossas fronteiras se discute com interesse o valor das
correntes magnéticas, que nasceram da ciência do magnetismo, aplicadas ao
tratamento da obsessão. O autor, o médico Dr. Maurício Neiva Crispim, após
sucessivos anos de experimentação e observação, resolveu pesquisar os funda-
mentos em que se apoiam as forças que atuam no processo. Encontrou precioso
filão tanto na literatura técnica do magnetismo, como na revelação espírita. Par-
tindo de procedimentos fundamentados na experiência alheia, abriu novos cam-
pos de observação com detalhes e técnicas próprias, expostas em parte nessa
obra para a investigação pública. Ao caminhar em suas demonstrações, o autor
refaz, passo a passo, os múltiplos aspectos da obsessão e da desobsessão, trans-
formando o livro numa obra de caráter mais geral que, sem sair do assunto (a
obsessão), transcende os limites a que o título se propõe.
O livro é também um legado fraternal e uma herança muito útil, do esforço,
aqui na Terra, de ilustres vanguardeiros, que dedicaram suas melhores forças e
seus mais nobres sentimentos, à causa do espiritismo kardecista cristão. Falo de
Eurípedes Barsanulfo, Jerônimo Cândido Gomide (Jerônimo Candinho) e Gilson
de Mendonça Henriques - todos já no mundo espiritual. Estou entre as muitas
pessoas que foram por eles beneficiadas e conduzidas ao ideal de espiritualização.
Por eles guardo um sentimento de profunda gratidão. O trabalho dos nossos
vanguardeiros merece o nosso respeito! No momento em que a razão busca a
lógica dos procedimentos, alguém precisava mostrar, em detalhes, o valor, a ri-
queza, a beleza, a força e a realidade da prática que eles adotaram - as correntes
magnéticas aplicadas na desobsessão. Eu me sinto feliz com o resultado alcança-
do pelo autor, permitindo a divulgação pública de suas minuciosas pesquisas sobre
o assunto.
Sentimentos à parte, a obra vem para estudo e análise. Não é por acaso que
vem no momento da Luta das Idéias. Ainda bem. Assim o seu conteúdo será
purificado "no fogo sagrado" do pensamento vigoroso dos que são fiéis ao Saber.
E poderá ser mais uma ferramenta útil oferecida pelo Espiritismo para o bem
comum. Para isto foi escrita.

Gilson de Mendonça Henriques Junior


SUMÁRIO

Ora, resolvi também eu investigar cuidadosamente os


fatos, desde a sua primeira origem, e escrever-te segundo a
ordem, excelentíssimo Teófilo, para que te convenças de quan-
ta confiança é merecedora a doutrina em que fostes instruído
(Lucas, 1:1-4).
INTRODUÇÃO 17
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA ORGANIZAÇÃO
DESTA PESQUISA 19
UM ESFORÇO DE EQUIPE 19
A BUSCA DA UNIDADE E BASES BIBLIOGRÁFICAS 19
METODOLOGIA 20
APRESENTAÇÃO DA PESQUISA E JUSTIFICATIVA
DAS CITAÇÕES ESCOLHIDAS 20
DAS NORMAS TÉCNICAS 21
RESPONSABILIDADE 22
EXPLICAÇÕES E OBJETIVOS 23
JESUS E KARDEC 25
A QUEM NOS DIRIGIMOS 25
UMA PALAVRA AOS CRÍTICOS 25
A VERDADEIRA CRÍTICA 26
UM PASSO A MAIS 27
COM JESUS E POR JESUS 28
AGRADECIMENTOS 31

Capítulo I
ORIGEM DESSE NOSSO APRENDIZADO 35
Capítulo II
EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA-CRISTÃ E DESOBSESSÃO
POR CORRENTE MAGNÉTICA 43
Capítulo III
AS MULTIDÕES 49
Capítulo IV
OBSESSÃO E DESOBSESSÃO POR CORRENTE MAGNÉTICA 57
4.1) INTRODUÇÃO 59
4.2) HISTÓRICO 61
4.3) DEFINIÇÃO 64
4.4) SINONÍMIA 66
4.5) CLASSIFICAÇÃO 68
4.6) ETIOLOGIA 73
4.7) EPIDEMOLOGIA 87
4.8) QUADRO CLÍNICO 88
4.9) DIAGNÓSTICO 92
4.10) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 98
4.11) PATOGENIA E PATOLOGIA 101
4.12) TRATAMENTO 113
Capítulo V
TERAPÊUTICA BÁSICA E CORRENTE MAGNÉTICA 119
Capítulo VI
JUSTIFICATIVA E MECANISMOS DE AÇÃO
DA CORRENTE MAGNÉTICA 129

6.1) O PORQUÊ E COMO REALIZAR A PRECE E A VIBRAÇÃO 131


6.2) A CORRENTE MAGNÉTICA APLICADA À DESOBSESSÃO 135
6.3) CONCLUSÃO 160
Capítulo VII
A EQUIPE MEDIÚNICA NA DESOBSESSÃO
POR CORRENTE MAGNÉTICA 163
7.1) O DIRIGENTE GERAL 165
7.2) MÉDIUNS PSICOFÔNICOS 171
7.3) MÉDIUNS PASSISTAS 183
7.4) MÉDIUNS VIDENTES OU CLARIVIDENTES 193
7.5) A CORRENTE MAGNÉTICA COMO UM TODO 196
7.6) O PACIENTE 198
Capítulo VIII
MECANISMOS DA OBSESSÃO E DA DESOBSESSÃO
POR CORRENTE MAGNÉTICA 203
8.1) MECANISMO DA AÇÃO OBSESSIVA 206
8.2) MECANISMO DA AÇÃO MEDIÚNICA 213
8.3) MECANISMO DA AÇÃO DESOBSESSIVA POR CORRENTE
MAGNÉTICA 219
Capítulo IX
OBSESSÕES EPIDÊMICAS 229
9.1) DEFINIÇÃO 231
9.2) HISTÓRICO 231
9.3) ETIOLOGIA 235
9.4) MECANISMOS DA OBSESSÃO COLETIVA 237
9.5) TRATAMENTO DAS OBSESSÕES COLETIVAS 240
9.6) OBSESSÃO COLETIVA E DESOBSESSÃO COLETIVA 244
9.7) A CORRENTE MAGNÉTICA 249
Capítulo X
AMBIENTES 253
10.1) POLUIÇÃO MENTAL 255
10.2) AMBIENTES DOS CENTROS ESPÍRITAS 259
10.3) MEDIDAS TERAPÊUTICAS: SANEADORAS E PREVENTIVAS 261
10.4) EM BUSCA DA ANALOGIA 272
10.5) A CORRENTE MENTO-ELETROMAGNÉTICA 274
10.6) CONCLUSÃO 278
Capítulo XI
DESOBSESSÃO POR CORRENTE MAGNÉTICA E AÇÃO
DOS ESPÍRITOS SUPERIORES 281
11.1) A EQUIPE ESPIRITUAL 283
11.2) OS DESENCARNADOS SOFREDORES 287
11.3) OS ARQUITETOS ESPIRITUAIS 290
11.4) OS APARELHOS UTILIZADOS PELA EQUIPE ESPIRITUAL 293
11.5) AS DIVERSAS CORRENTES MAGNÉTICAS FORMADAS 296
11.6) VISUALIZANDO O AMBIENTE DA DESOBSESSÃO 299
11.7) ADVERTÊNCIAS 300
Capítulo XII
DESOBSESSÃO POR CORRENTE MAGNÉTICA
X
DESOBSESSÃO POR DOUTRINAÇÃO VERBAL 303
12.1) DIRETRIZES GERAIS 305
12.2) DIFERENÇAS 312
Capítulo XIII
MAGNETISMO E DESOBSESSÃO POR CORRENTE MAGNÉTICA 337
13.1) MAGNETISMO E ESPIRITISMO 339
13.2) A CORRENTE MAGNÉTICA APLICADA À DESOBSESSÃO 361
Capítulo XIV
CORRENTE MAGNÉTICA DOS MAGNETIZADORES
X
CORRENTE MAGNÉTICA DESOBSESSrVA 367
14.1) MAGNETISMO E ESPIRITISMO, DUAS CIÊNCIAS GÊMEAS . 369
14.2) ESPÍRITOS SUPERIORES E CORRENTE MAGNÉTICA 370
14.3) COMPARANDO AS CADEIAS MAGNÉTICAS 383
Capítulo XV
PASSE ESPÍRITA E CORRENTE MAGNÉTICA DESOBSESSIVA 393
15.1) COMO DEVE SER RECEBIDO E DADO O PASSE? 395
15.2) O EXEMPLO DE JESUS 399
15.3) O EXEMPLO DOS ESPÍRITOS 402
15.4) CONCLUSÃO 407
Capítulo XVI
CHOQUE ANÍMICO 409
16.1) JESUS E O CHOQUE ANÍMICO 412
16.2) OS DISCÍPULOS DE JESUS E O CHOQUE ANÍMICO 414
16.3) OS ESPÍRITOS SUPERIORES E O CHOQUE ANÍMICO 416
16.4) OS ESPIRITISTAS E O CHOQUE ANÍMICO 419
16.5) O CHOQUE ANÍMICO 420
16.6) O CHOQUE ANÍMICO NA CORRENTE DESOBSESSIVA ....429
16.7) ALGUMAS OUTRAS ELUCIDAÇÕES 439
Capítulo XVII
SENSAÇÕES E PERCEPÇÕES DOS MÉDIUNS 443
17.1) FASE DE EXPULSÃO 445
17.2) FASE DE ABSORÇÃO 447
17.3) FASE DE EMISSÃO 442
17.4) FASE DE RECEPÇÃO 450
17.5) RESUMO DAS SENSAÇÕES DOS MÉDIUNS 455
17.6) CORRELACIONANDO.. 455
17.7) OUTRAS PERCEPÇÕES 456
Capítulo XVIII
CONTRADIÇÕES, DÚVIDAS E ESCLARECIMENTOS 457
18.1) O PASSE - SEU ESTUDO, SUA TÉCNICA, SUA PRÁTICA 459
18.2) A QUESTÃO ANÍMICA 482
18.3) MISTIFICAÇÕES 489
18.4) CONSIDERAÇÕES 490
ANEXO 493
PALAVRAS DE DESPEDIDA 569

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 573


SINGELA HOMENAGEM 581
INTRODUÇÃO

E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas


o que tenho isso te dou (Atos dos Apóstolos, 3:6).
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA ORGANIZAÇÃO
DESTA PESQUISA

UM ESFORÇO DE EQUIPE

A presente pesquisa bibliográfica é fruto do esforço diário, há vários anos,


na prática e nos estudos doutrinários de um grupo de companheiros, dirigentes e
trabalhadores de vários centros espíritas dos estados de Goiás, Minas Gerais,
São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Distrito Federal,
que pelo menos uma vez ao ano realizam um encontro denominado "Vínculos
Fraternais". Este elo de amizade e fraternidade nasceu da troca de experiênci-
as no campo do estudo sistematizado da Doutrina Espírita e da Desobsessão,
assuntos de magna importância em nossas fileiras.
Há mais de vinte anos temos nos dedicado ao atendimento de obsidiados de
vários matizes, não só pelas atividades de doutrinação, rotineiramente aplicadas
em nossas organizações, mas igualmente pela cadeia ou corrente magnética
ou corrente de força ou corrente mento-eletromagnética.
Atualmente, é enorme o número de pessoas que tem procurado as casas
espíritas em busca de alívio para as suas dores físicas e morais. Enquanto o
esclarecimento evangélico e os cursos regulares fazem o trabalho fundamental,
o passe espírita e a desobsessão auxiliam os nossos irmãos a se desligarem das
amarras mentais que os prendem. O problema reside justamente aí: - Como
atender, na prática desobsessiva, a um grande número de pessoas? Foi
essa pergunta que nos levou à descoberta de novos horizontes e métodos, ini-
ciou a nossa feliz convivência e ampliou as possibilidades de assistência das
nossas instituições.

A BUSCA DA UNIDADE E BASES BIBLIOGRÁFICAS

Após todos esses anos, onde juntos atendemos a mais de quinhentas mil pes-
soas, comprovando a eficiência do método desobsessivo, resolvemos publicar os
resultados de nossos estudos e considerações com a finalidade de unificar e aper-
feiçoar o processo já empregado, dirimir dúvidas, esclarecer fraternalmente e
passar a outros irmãos, que porventura estejam à procura das mesmas respostas
ou diante das mesmas dificuldades, que outrora fomos chamados a resolver, este
singelo e despretensioso trabalho que está integralmente calcado nas diversas
orientações e ensinos das Obras Kardequianas e nas que lhe são subsidiárias, em
sua maioria editadas pela Federação Espírita Brasileira.

19
METODOLOGIA

Procuramos manter as expressões textuais contidas nessas obras e acres-


centar, tão somente, pequenos ensaios de interpretação, realçando pela repetição
e por perguntas as afirmações que favoreçam a assimilação dos princípios, dire-
trizes e mecanismos de ação da corrente magnética aplicada à desobsessão.
Acreditamos que o somatório de nossos esforços possibilitará a avaliação e a
análise criteriosa do assunto apresentado.
Nos últimos quinze anos, relemos a quase totalidade das obras espíritas edi-
tadas, que tratam de assuntos mediúnicos, retirando as melhores e as mais sinté-
ticas citações para a fundamentação da "tese" aqui apresentada, que visa com-
provar, confirmar e demonstrar a eficiência, a utilidade, a praticidade e até a
necessidade da assistência desobsessiva pelo emprego da cadeia magnética, ca-
deia essa utilizada pelos magnetizadores e que, graças aos fundamentos da Dou-
trina Espírita, pode ser associada à mediunidade, e aplicada nos trabalhos de vi-
bração, de cura física e psíquica, além dos de desobsessão.
As fontes estão todas citadas, incluindo os autores, as páginas e as respec-
tivas edições. Apesar da monotonia de tal metodologia, preferimos colocá-las
antes ou após as citações, a fim de facilitar o estudo e não deixar dúvidas quan-
to às nossas intenções, evitando críticas que porventura possam surgir, na esco-
lha de textos doutrinários, com interpretação à nossa conveniência. Não! O
objetivo aqui proposto e a metodologia empregada são sérios e responsáveis.
Aliamos apontamentos, confrontamos textos, trouxemos os nossos comentários,
mas, em momento algum, buscamos distorcer o conteúdo ou as afirmações de
seus autores.
Optamos por discorrer o mínimo possível, sobre o tema proposto. Agrupa-
mos os ensinamentos, tecendo uma rede segura para nossa compreensão. Estamos
em um momento único, no que se refere ao desenvolvimento do movimento espí-
rita e, neste momento, faz-se necessário realçar e relembrar os ensinos e consi-
derações de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores, antes de trazer ao edifício a
nossa contribuição pessoal que, no nosso caso, é inexpressiva.

APRESENTAÇÃO DA PESQUISA E JUSTIFICATIVA


DAS CITAÇÕES ESCOLHIDAS

A pesquisa está dividida em dois volumes. O primeiro traz as considerações


gerais, comprovações e explicações a respeito dos princípios da cadeia magnética
aplicada à desobsessão, a partir dos conceitos fundamentais da obsessão,
desobsessão, mediunidade e magnetismo. O segundo estuda, com maior detalhe,
os mecanismos de ação da corrente relacionando-os aos postulados científicos
atuais, à visão espírita e espiritual do processo.

20
Ambos destacam a parte prática e a forma adequada para a implantação e
utilização do método desobsessivo.
O predomínio de citações das obras de Allan Kardec, dos Espíritos André
Luiz, Manoel Philomeno de Miranda, Emmanuel e alguns outros autores com
obras editadas pela Federação Espírita Brasileira não retrata qualquer sectaris-
mo ou particularismo de nossa parte. Existem inúmeras outras obras espíritas
ou espiritualistas de autores encarnados ou desencarnados, através de médiuns
dedicados, com edições efetuadas por respeitabilíssimas instituições, que tra-
zem conceitos semelhantes aos aqui expostos. A sua não aplicação se deve
apenas à facilidade de aceitação e entendimento, por nossa parte, desses auto-
res, que formam a base doutrinária e seu complemento lógico, facultando-nos a
melhor noção desse procedimento na área desobsessiva que, para alguns, pode-
rá ser novo, mas, na verdade, é apenas um novo-velho trabalho, empregado há
séculos, com conceitos e praticidade muito bem definidos, desde os primeiros
escritos da Codificação.

DAS NORMAS TÉCNICAS

Na organização e apresentação da pesquisa procuramos observar, nos limi-


tes possíveis, as diretrizes estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), incluindo as disposições mais recentes, quanto à metodologia
científica.
Levando em consideração a destinação do trabalho, não aplicamos de forma
acadêmica e com absoluto rigor as orientações técnicas. Chegamos inclusive a
desobedecer algumas normas.
Tudo fizemos para facilitar a leitura e o acesso às fontes citadas.
As principais variações adotadas e as opções por uma determinada conduta
em detrimento de outra foram as seguintes:

Quanto às Citações da Referência Bibliográfica

Ao nos referirmos às fontes originais de cada texto, na seqüência da pesqui-


sa, substituímos o ano pelo número da edição, registrando o nome da obra de
forma completa e com todas as iniciais em maiúsculo. Ao final, listamos todas as
referências, de acordo a ABNT.

Quanto à Citação de Textos

Os textos citados, mesmo os menores de cinco linhas, em sua maioria, foram


colocados em parágrafos distintos. Raros foram inseridos no próprio contexto a
que se referiam.

21
Utilizamos Aspas somente nas citações até cinco ou seis linhas, independen-
te de sua localização.
Empregamos o mesmo tipo de letra para as transcrições e para os nossos
relatos e anotações. Buscamos identificar as citações pelos espaços dados em
relação à margem e aos parágrafos, bem como pelo nome dos autores e respec-
tivas obras colocados antes ou imediatamente após.
Todas as transcrições foram realizadas de forma literal, ou seja, conservando
a grafia, a pontuação, e os destaques dos originais.

Omissões nas Citações

Ao omitirmos trechos ou parágrafos completos dos textos citados, optamos


pela usual reticência entre colchetes e por linhas contínuas pontilhadas.

Grifos e Negritos

Abusamos desses destaques, visando dar ênfase às expressões contidas nas


citações, ou para chamar a atenção para determinados aspectos que julgamos
essenciais.

Notas de Rodapé

Por motivos já apresentados, fugimos ao máximo das notas de rodapé.

Quando ao Sistema de Numeração

Os capítulos receberam números romanos maiúsculos, enquanto os tópicos


foram numerados em algarismos arábicos obedecendo ao seguinte critério: o pri-
meiro número sempre indica o capítulo e o restante o item ou sub-item propria-
mente dito. Ex: 14.3.1 (indica o item 3.1 do capítulo XIV).

No mais, utilizamos os textos selecionados e elaboramos nossas considera-


ções de forma normalizada. A visão mais livre, por assim dizer "doméstica", nas-
ceu da preocupação com alguns companheiros que poderiam vir a apresentar
dificuldades durante a leitura, ou posteriormente, na comprovação doutrinária do
trabalho.
Esperamos que os pecados, deliberadamente cometidos no que tange à apre-
sentação e ao desenvolvimento do conteúdo, não venham a ser tão graves ou
prejudiquem o manuseio, aplicação e entendimento da obra.

RESPONSABILIDADE

A responsabilidade dos conceitos, ensaios, idéias e orientações aqui expres-


sos é do Colegiado dos "Vínculos Fraternais". A pesquisa foi apenas coordenada

22
pelo companheiro Mauricio Neiva Crispim e retrata, como já dissemos, em todos
os sentidos, um esforço de equipe.
Antes que surjam inquietações ou críticas construtivas em relação às ex-
pressões "Vínculos Fraternais", "Colegiado", gostaríamos de esclarecer aos con-
frades de nossas sociedades espíritas ou de outras agremiações, que porventura
venham a ler este trabalho, que "Vínculos" é um encontro de amigos, em reuniões
de estudos, e não um movimento que desrespeite qualquer orientação do "Pacto
Áureo" ou outra diretriz da "Casa Mater do Espiritismo" no Brasil. É apenas uma
ação conjunta de esclarecimento. Como toda ação pede organização e direção,
criamos o "Colegiado" para esse fim.
Durante anos o conteúdo deste livro foi estudado, debatido e confirmado
nessas reuniões. Quando organizamos todo o material na forma atual, achamos
por bem fazê-lo em nome desse encontro, sob a responsabilidade desse "Colegiado".

EXPLICAÇÕES E OBJETIVOS

Segundo Aurélio Buarque de Holanda, o vocábulo pesquisar geralmente ex-


pressa: "busca com diligência, perquirição, investigação, inquirição". Fazer pes-
quisa, dentre vários outros sentidos, é manter a chama acesa da vontade em
"querer informar-se a respeito de": um tema, um fato, um método, e t c . É a "inda-
gação minuciosa para averiguação da realidade". "Investigação e estudo minudente
e sistemático, com o fim de descobrir ou estabelecer fatos ou princípios relativos
a um campo qualquer do conhecimento."
O significado do vocábulo define em todas as linhas o nosso trabalho. Essa é
a razão pela qual o denominamos de pesquisa. Temos por objetivo, desde as pri-
meiras linhas, estabelecer fatos e princípios em relação ao campo de conheci-
mento que envolve a desobsessão por corrente mento-eletromagnética. Sem os
padrões científicos ou universitários, mas com a determinação do ideal espírita-
cristão, procuramos, apesar de nossas limitações, inquirir, investigar, estudar de
forma sistemática e detalhada todas as nuanças que o tema oferece.
Por vários anos, mesmo entre nós, inúmeras perguntas pertinentes à
desobsessão por corrente magnética ficaram sem respostas. Por diversas vezes
ouvimos companheiros de ideal tecerem críticas ao método, alegando não haver
livros, textos doutrinários que referendassem e explicassem o processo. Investi-
gando, chegamos à conclusão que a realidade é bem outra, tão outra que nos foi
possível descer aos fatores mínimos.
A indagação minuciosa, averiguando a realidade, tem no entanto um preço. Este
preço maior, infelizmente, ficará a cargo do leitor amigo. O estudo minudente, por nós
realizado, obrigou-nos a várias citações, na maioria bem longas. Tivemos de optar
entre a facilidade da leitura e a fidelidade aos ensinos Kardequianos e dos Espíri-
tos Superiores, para a comprovação da tese que esta obra também representa.

23
Preferimos ficar com a segunda escolha. Naturalmente que outros irmãos, mais
habilitados e preparados, poderiam perfeitamente harmonizar as duas opções.
Esíorçamo-nos ao máximo. No entanto, reconhecemos que não atingimos inte-
gralmente o objetivo. Nossas escusas.
Além das citações, corriqueiramente lançamos mão dos recursos da citação
indireta, das condensações e especialmente da paráfrase. Conduzimo-nos na ten-
tativa de tornar o conteúdo deste livro o mais íntegro e coerente com os postula-
dos e ensinos doutrinários.
Diligenciamos os nossos esforços, na simplificação das expressões empre-
gadas, facilitando a compreensão de todas as questões propostas. Empregamos o
menos possível os termos técnicos, e comparamos várias situações com os acon-
tecimentos do dia a dia, ou com áreas que estão diretamente relacionadas com a
vida humana, como por exemplo: a área da saúde. Nem sempre nos foi possível
usar a melhor manifestação gráfica para exprimir fielmente os nossos raciocínios,
tivemos de adaptar palavras e usar vocábulos que não correspondiam exatamente
aos nossos desejos. Frases ou palavras como: trabalhos de cura, doutrinação
de mesa ou verbal, tratamentos, pacientes, foram empregadas, ou para facilitar
a exposição ou por ausência de terminologia que veiculasse as idéias que buscá-
vamos definir.
As analogias apresentadas, em relação às ações magnéticas e mediúnicas,
não possuem nada de absoluto. Para esse fim, firmamo-nos na visão apresentada
pelo Espírito André Luiz, no livro Mecanismos da Mediunidade (8. ed., p.33):
"Nossos apontamentos sintéticos objetivam apenas destacar a analogia do que se
passa no mundo íntimo das forças corpusculares que entretecem a matéria física
e daquelas que estruturam a matéria mental."
Alguns parágrafos após, na página sessenta e quatro: "Cabe considerar que
as analogias de circuitos apresentadas aqui são confrontos portadores de justas
limitações, porquanto, na realidade, nada existe na circulação da água que
corresponda ao efeito magnético da corrente elétrica, como nada existe na cor-
rente elétrica que possa equivaler ao efeito espiritual do circuito mediúnico."
No desenvolvimento de vários princípios em que se estrutura a desobsessão
por corrente de força, aplicamos conceitos divulgados pela ciência contemporâ-
nea. Neste particular, com igual teor e conduta, seguimos as ponderações do au-
tor espiritual no prefácio do livro anteriormente citado (p.19):

Prevenindo qualquer observação da crítica construtiva, lealmente de-


claramos haver recorrido a diversos trabalhos de divulgação científica
do mundo contemporâneo para tornar a substância espírita deste livro
mais seguramente compreendida pela generalidade dos leitores, como
quem se utiliza da estrada de todos para atingir a meta em vista, sem
maiores dificuldades para os companheiros de excursão. Aliás, quanto
aos apontamentos científicos humanos, é preciso reconhecer-lhes o

24
caráter passageiro, no que se refere à definição e nomenclatura, atentos
à circunstância de que a experimentação constante induz os cientistas de
um século a considerar, muitas vezes, como superado o trabalho dos cien-
tistas que os precederam.

JESUS EKARDEC

Todos os capítulos iniciam-se e encerram-se com trechos do Novo Testamento.


Unimos os ensinos do Mestre Jesus a Kardec, e deste aos Mensageiros
Amoráveis, que dão continuidade à revelação Espírita-Cristã. Colocamos em prá-
tica os conceitos superiores que o nobre Espírito Emmanuel desenvolve no prefá-
cio do livro Seara dos Médiuns:

Mais uma vez, asseguramos de público que o único móvel a inspirar-nos,


no serviço a que nos empenhamos, é apenas o de encarecer o impositivo
crescente do estudo sistematizado da obra de Allan Kardec - construção
basilar da Doutrina Espírita, a que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus-
Cristo oferece cobertura perfeita -, a fim de que mantenhamos o ensina-
mento espírita indene da superstição e do fanatismo que aparecem, fatal-
mente, em todas as fecundações do exotismo e fantasia.

A QUEM NOS DIRIGIMOS

Falamos em uníssono com Kardec: "Dirigimo-nos aos que vêem no Espiritis-


mo um objetivo sério, que lhe compreendem toda a gravidade e não fazem das
comunicações com o mundo invisível um passatempo." (O Livro dos Médiuns,
48. ed., FEB, p. 13).

UMA PALAVRA AOS CRÍTICOS

A Corrente Magnética tem sido criticada por dirigentes, trabalhadores, escri-


tores e oradores espíritas, a nosso ver, em sua maioria, por falta de experiência,
vivência, estudo especializado e pesquisa voltada especificamente para o assun-
to. Dentre os críticos, existem aqueles que assim procedem por incredulidade, por
negação, por má vontade, por oposição sistemática, por decepção, por falta de
dados, etc.
Há, sem sombra de dúvidas, os de boa vontade, ou mesmo aqueles que
querem preservar dentro de sua compreensão a pureza da prática e dos ensinos
doutrinários, vendo a Corrente Magnética como ameaça a este patrimônio.

25
A maioria dos que hoje defendem ardorosamente o emprego das cadeias
mento-eletromagnéticas na desobsessão, em algum momento, excetuando-se a
crítica por oposição sistemática, comportaram-se ou fizeram avaliações seme-
lhantes. Mas, o amadurecimento adquirido na prática diária e na verificação dos
frutos, que a atividade criteriosamente desenvolvida é capaz de oferecer, leva-
ram-lhes à mudança de determinadas crenças e afirmações.
O véu se ergueu, as escamas foram removidas, a visão tornou-se mais am-
pla.
Quem quer que tenha acompanhado a recuperação fisio-psíquica de inúme-
ros irmãos encarnados que dias antes encontravam-se em desespero, ou que re-
ceberam informes ou perceberam pelas próprias faculdades mediúnicas a assis-
tência efetiva a falanges de sofredores desencarnados, não permanecerá jamais
na negação superficial, na indiferença ou na dúvida. A árvore repleta de frutos
passará a ser um convite ao trabalho, à exemplificação, ao aperfeiçoamento e à
mudança dos paradigmas pessoais.
Como o peixinho vermelho da lenda egípcia, do prefácio do livro Liberta-
ção, não poderá jamais deixar de anunciar o que viu, percebeu e verificou pela
própria experiência. Ao mesmo tempo, compreendera todos os irmãos de ideal
que, por este ou aquele motivo, façam afirmações contrárias ou que permaneçam
inamovíveis em seus pontos de vista. Saberá esperar, sem ferir. Não irá digladiar
com palavras. Não utilizará a razão revestida pelo intelectualismo para sobrepor
argumentos procurando a vitória transitória deste ou daquele ponto de vista. Ser-
virá apenas, aguardando o amanhã, esclarecendo, informando e dando o seu tes-
temunho quando possível, na certeza de que o poço imenso da seara do Cristo
jamais secará.

A VERDADEIRA CRÍTICA

A crítica abalizada e a dúvida em um coração sincero são caminhos para a


verdade. Caminhos para todos, porque a ponderação criteriosa leva à correção,
ao estudo e ao aprimoramento. As perguntas em busca real de esclarecimento
descortinam novos rumos.
Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns (Edição Especial, LAKE, cap. 2, item
12), ao comentar a respeito, fala-nos assim: "A verdadeira crítica deve produzir pro-
vas não somente de erudição como também de um saber profundo acerca do objetivo
de que trata, de um julgamento são e de uma imparcialidade a toda prova;[...]."
Adverte-nos quanto à necessidade do estudo: "mas então, quando não se tem
tempo de estudar uma coisa, que não se fale dela e ainda menos não a julguem se
não querem ser acusados de leviandade; ora, se ocuparmos um grande lugar na
ciência, menos seremos desculpados por tratar levianamente de um assunto que
não conhecemos."

26
Recorda-nos, na Revista Espírita (mar. 1858, p.96), da importância da
fraternidade, acima de qualquer fator: "Podemos ter nossa opinião, sustentá-la e
discuti-la: mas o meio de nos esclarecermos não é nos estraçalhando, processo
pouco digno de homens sérios e que se torna ignóbil desde que entre em jogo o
interesse pessoal."
Entre os corações sinceros poderão existir aqueles que, de alguma forma,
venham se assombrar com a leitura de nossa pesquisa, no que toca às citações
dos Mensageiros do Bem, ou com a observação e prática do método desobsessivo
em si. Para esses, recorremos às palavras abalizadas de Emmanuel (Missionári-
os da Luz, prefácio): "Se a leitura te assombra, se as afirmativas do Mensageiro
te parecem revolucionárias, recorre à oração e agradece ao Senhor o aprendiza-
do, pedindo-lhe te esclareça e ilumine, para que a ilusão não te retenha em suas
malhas. Lembra-te de que a revelação da verdade é progressiva [...]."

UM PASSO A MAIS

Este livro, como já mencionamos, é o resultado do somatório de atividades


práticas, por mais de meio século, e de estudos, análises, debates, questionamentos
e cursos nos últimos quinze anos. Por conseguinte, não é iniciativa precipitada, ou
esforço nascido unicamente do entusiasmo passageiro. É, antes, colheita em esta-
ção adequada na seara que a assistência desobsessiva nos leva a desenvolver.
Acresçam-se a esses fatores os textos selecionados, oriundos de inúmeras
obras de diversos autores e, poderemos compreender a opção por nós escolhida
de publicar este livro, não em nome deste ou daquele confrade, por maior que
tenha sido a sua participação, mas em nome de uma equipe.
Em nenhum momento essa escolha significa fuga às responsabilidades que
sustentamos para com a obra, mas a despersonalização, em todos os aspectos,
com a conscientização de que nada seria possível se não fosse a contribuição de
todos.
A pesquisa não está pronta, completa. Pelo contrário, estamos dando apenas
o passo inicial que necessitará da colaboração e participação de outros compa-
nheiros, seja na correção de erros ou no aperfeiçoamento geral dessa iniciativa.
Dado o assunto que envolve em suas bases a mediunidade e o magnetismo, acre-
ditamos que jamais será completa. À medida que os fundamentos doutrinários se
ampliarem e os conhecimentos científicos se desenvolverem, novos aspectos de-
verão ser considerados e, antigas interpretações revistas.
Quando falamos em passo inicial, não queremos dizer que estamos dando a
primeira palavra e, mais ainda, nem a última. Empenhamo-nos para comentar
alguma coisa, partindo dos ensinos de quem realmente tem autoridade, sem ter a
pretensão de concluir, definir ou elucidar todos os pormenores, reconhecendo in-
clusive a falibilidade de nossas avaliações e interpretações.

27
COM JESUS E POR JESUS

Allan Kardec, ao escrever (Revista Espírita, jul. 1866, p.194) a respeito das
grandes idéias, diz: "Mas não basta que uma idéia seja grande, bela e generosa,
antes de tudo seja praticável."
Com essa diretriz é que compomos todas as nossas considerações a respeito
desta grande idéia, hoje uma realidade prática, que é o emprego da corrente mag-
nética na desobsessão. Visamos nos menores itens à demonstração efetiva de
sua praticidade, enaltecendo a gama imensa de benefícios que podem ser alcan-
çados com seu emprego. Procuramos mostrar, mesmo de maneira repetitiva, que
os fundamentos teóricos que sustentam o método não são devaneios, sonhos ou
elucubrações de mentes crédulas, mas conhecimento sólido, que a experimenta-
ção metódica comprovará e a razão nobremente constituída, alicerçada e
direcionada poderá conceber.
Ao empreender toda a tarefa, não deixamos de considerar as palavras do
Codificador, na seqüência do texto anterior: "Antes de empreender uma coisa, é
preciso friamente calcular-lhe o pró e o contra, a fim de evitar choques sempre
desagradáveis, que não deixariam de ser explorados por nossos adversários. O
Espiritismo só deve marchar com passo firme e quando põe o pé num lugar, deve
estar seguro de pisar terreno firme. Nem sempre a vitória é do mais apressado,
mas muito mais seguramente do que sabe aguardar o momento propício."
Não representamos, sob qualquer ponto de vista, o Espiritismo. O seu desen-
volvimento independe do nosso menor esforço, mas de alguma maneira contribu-
ímos nas ações de seu movimento, mesmo de forma diminuta. Essa contribuição,
apesar de pequena, é responsável.
Ao publicarmos a pesquisa, só a fizemos após verificar, durante anos, que o
terreno em que pisávamos era firme e fértil, e que o momento em que nos situá-
vamos era propício à divulgação. Não nos precipitamos nem sequer em relação a
algumas ponderações a respeito do método. Só descrevemos o que poderá ser
facilmente comprovado na prática ou nos textos doutrinários.
Não aguardamos vitória. Se ela vier na aceitação e enriquecimento da
metodologia, no emprego generalizado em benefício de quem sofre, certamente
não nos pertencerá.
Em nossa abordagem, mesmo nesta introdução, analisamos sempre os prós e
os contras, procurando esclarecer e dar respostas diretamente. Não desprezamos
nenhuma opinião, mesmo as antagônicas. Doamos o que possuíamos com objetivo
de esclarecer e auxiliar, convencidos de nossa insignificância. Mas se algum ad-
versário dentro ou fora de nossas fileiras surgir, certamente não será nosso ad-
versário. Evitaremos qualquer choque, esclarecidos pelo Espírito Emmanuel (Fonte
Viva, prefácio) que: "A morte a todos nos reunirá para a compreensão da verda-

28
deira vida...E, sabendo que a justiça definir-nos-á segundo as nossas obras,
abracemos a Codificação Kardequiana, prosseguindo para a frente, com Jesus e
por Jesus."

Taguatinga, 25 de Dezembro 1995 .


Fraternalmente,
Colegiado dos "Vínculos Fraternais"

Quando, porém, vier aquele, o Espírito da Ver-


dade, iniciar-vos-á em toda a verdade (João, 16:13).

29
Ao receber a incumbência de coordenar a pesquisa que os companheiros dos
"Vínculos Fraternais" por deliberação unânime nos outorgou, não esperávamos
tamanha demonstração de carinho e colaboração no desenrolar dos meses em
que íamos concretizando os nossos propósitos comuns. Inúmeros amigos surgi-
ram dedicando com entusiasmo horas a fio às diversas frentes de trabalho que
obras como esta requerem. Datilógrafos, digitadores, revisores, desenhistas, pes-
quisadores organizaram-se em comissões, vencendo qualquer obstáculo, para que
pudéssemos em conjunto realizar o melhor.
A todos, os nossos mais sinceros agradecimentos. Perdoem-nos a impossibi-
lidade de nominá-los, porque seria impossível, dado o tamanho da lista. Foram tantos
e em tantos momentos, que as frases por mais adjetivos que pudessem conter, não
retratariam perfeitamente as nossas mais íntimas emoções de reconhecimento.
Se, ao término de nossas ações, alguém surgisse e perguntásse-nos: "Qual é
o vosso nome?" responderíamos com imensa alegria: Equipe!
Mas grupos se formam nos variados quadrantes da Terra, ostentando propó-
sitos diversos. Os nossos, foram os de servir na seara Espírita-Cristã, munindo-
nos das luzes que nos vêm do mais alto. São exatamente para estes focos de
amor, dedicação, sabedoria, que queríamos deixar grafados os nossos agradeci-
mentos especiais.
Agradecemos à Codificação Kardequiana, da qual nos servimos para orien-
tar de maneira firme os nossos passos ineptos.
Agradecemos aos Mensageiros do Bem, que por diferentes médiuns em vá-
rios livros, com antecedência de décadas, anteciparam respostas às perguntas,
que somente agora, somos capazes de formular.
Agradecemos o sacrifício e a renúncia de veículos mediúnicos da expressão
de um Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco, Yvonne A. Pereira e
Hernâni T. Sant'Anna que no silêncio interior souberam dar passagem às forças
criadoras da vida, que a todos têm fecundado.
Agradecemos aos escritores como Michaelus, Zeus Wantuil, Francisco
Thiesen, Alphonse Bué, Martins Peralva, Suely Caldas Schubert, dentre outros,
que habilmente interpretaram ensinos superiores, dosando a energia luminosa da
verdade às condições de recepção em que nos encontramos.
Agradecemos às editoras: LAKE, EDICEL, ALVORADA, IDE e, principal-
mente, à FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Sem elas, a mensagem
enobrecedora não chegaria à outra margem do abismo onde nos situamos.
Agradecemos à assistência dos servidores anônimos da espiritualidade, que
velaram pela obra, intuindo-nos, corrigindo-nos e sobretudo dulcificando-nos.

33
Agradecemos ao Mestre Jesus. Quando nele pensamos, algo vibra, freme no
nosso interior, parecendo-nos ouvir as suas palavras imortais: "Assim também
rós, depois de cumprirdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inú-
teis: fizemos apenas o que era da nossa obrigação" (Lucas, 17:10).

Muito Obrigado, Senhor!

Muito Obrigado, Amigos!

Maurício Neiva Crispim

34
CAPÍTULO I

ORIGEM DESSE NOSSO APRENDIZADO

Na verdade, na verdade te digo que nós dize-


mos o que sabemos e testificamos o que vimos; e
não aceitais o nosso testemunho (João, 3:11).
Há vinte e cinco anos, o confrade Gilson de Mendonça Henriques, então
Diretor-Presidente e um dos fundadores do Centro Espírita Fraternidade Allan
Kardec - Taguatinga/DF, visitou a cidade de Palmelo-GO, onde um dos bandei-
rantes do movimento espírita goiano, Jerônimo Cândido Gomide, realizava os seus
admiráveis esforços, em busca de aliviar os males de milhares de pessoas, que
procuravam a Cidade Espírita, vindos das mais diferentes localidades do Brasil
e do exterior. Lá chegando, ficou surpreso ao verificar reuniões de desobsessão
realizadas com Corrente Magnética. Vejamos as suas considerações:

- Ao adotarmos esse método de trabalho para a desobsessão coletiva,


isto é, atendendo a um só tempo, ilimitado número de pacientes, em grupos
de 20, 50 ou 100 de cada vez, em períodos que variam de 30 a 90 minutos,
somente a isso nos decidimos, depois de termos presenciado a sua prática
eficiente, no Centro Espírita "Luz da Verdade", na cidade de Palmeio, esta-
do de Goiás.
Dirigimo-nos àquela cidade goiana a título de nosso tratamento espiritu-
al, bem como de outras pessoas de nossa família. Lá, ficamos conhecendo
mais de perto, o Sr. Jerônimo "Candinho" Gomide, o Sr. Bartolo Damo, o
Sr. Gentil e outras expressões locais, de ativos trabalhadores da Doutrina.
Aproximamo-nos mais do Sr. Jerônimo Candinho de quem nos tornamos
amigos e grandes admiradores.
Certa tarde, após presenciarmos alguns atendimentos no seu próprio ga-
binete, convidou-nos para assistir ao tratamento, às 17:00 horas, que diaria-
mente era prestado aos internos do Sanatório Espírita "Eurípedes Barsanulfo".
Ao aceitarmos, jamais poderíamos supor as grandes surpresas que nos
aguardavam: grande salão, tendo, à parede da frente, retratos de Eurípedes
Barsanulfo e Dr. Bezerra de Menezes. Ao longo, internamente, da parede
da direita e da parede de frente ao salão, viam-se fileiras de bancos; no
vértice, ou seja, no encontro dessas paredes, tomou lugar o Sr. Jerônimo.
Ao seu lado esquerdo, médiuns do sexo feminino em número aproximado
de quarenta e, ao lado direito, médiuns do sexo masculino, em número apro-
ximado de trinta, aguardavam atentos, o término da leitura de trecho do
Evangelho para o início das atividades mediúnicas.
Mas, um pouco desses detalhes, presenciamos, preocupados e até sur-
presos, à entrada dos pacientes: obsidiados dos graus mais diversos; mulhe-
res e homens desfigurados, exteriorizando nas fácies, angústia e desespe-
ro; alguns imobilizados por ajudantes fortes e preparados; mulheres rasgan-
do peças de suas vestes; vozerio de lamentações; inquietação desconcertante
por parte dos doentes.
Jerônimo recomendou a uma jovem a leitura de texto de O Evangelho
Segundo o Espiritismo, na hora, por ele escolhido.

37
Com o início da leitura do Evangelho, o ambiente turbilhonado modifi-
cara-se surpreendentemente. Tudo entrou em silêncio. Os obsidiados tran-
qüilizaram-se. Podia-se ouvir o voar de uma mosca! Impressionante!
Jerônimo segura a mão da médium à sua esquerda e a do médium à sua
direita. Dá início ao comando magnético de passagens dos espíritos sofre-
dores, articulando as seguintes expressões: "passem, passem", e adiante,
finalizando as passagens, "sigam, sigam, sigam", sem que fosse necessária
a doutrinação verbal das entidades sofredoras.
Os médiuns, de mãos dadas, emitem fluidos energéticos, em mani-
festações inequívocas de ato mediúnico abençoado, de vez que, às 17:30
horas, meia hora após, o atendimento era encerrado com uma prece agra-
decendo ao Pai e a Jesus os benefícios recebidos. Os loucos ou os semi-
loucos, emudecidos, aliviados, reconfortados, silenciosos, disciplinadamente,
voltaram às suas acomodações. A um ou outro mais exaltado da hora inici-
al, que manifestavam reação leve, bastara a voz do vigilante recomendando
silêncio e cuidado para que se aquietassem.
Ficamos profundamente admirados!
Profundamente emocionados!
Desejara adotar esse processo que denominamos de Desobsessão Cole-
tiva, observando que, nos tradicionais trabalhos de mesa, ou doutrinação
verbal, não seriam alcançados aqueles resultados em apenas trinta minutos
de atividades mediúnicas.
Possivelmente, os centros espíritas diversos, cujos dirigentes presencia-
ram os trabalhos de desobsessão em Palmeio, pelo Jerônimo ou pelo Damo,
tenham adotado esse excelente sistema de trabalho em suas respectivas
casas.
Antes de conhecer Jerônimo Candinho, colhera eu preciosos ensinamen-
tos de dois grandes conhecedores e trabalhadores nos setores da
desobsessão: o Dr. Alcides de Castro, médico, então presidente do Grupo
Espírita "Regeneração" - A Casa dos Benefícios, com sede na cidade do
Rio de Janeiro. O Dr. Alcides, portador da mediunidade definida por clari-
vidência, dirigia, aos sábados, uma sessão de desobsessão, com uma espe-
cialidade singular: o esclarecimento do clero desencarnado. Durante quatro
anos pertenci ao grupo que dirigia. Muito aprendi.
E, Abel Mendonça, personagem invulgar, profundo conhecedor da Dou-
trina dos Espíritos. Jornalista, pesquisador e estudioso dos fenômenos
psicossomáticos. Metapsiquista. Presidente e fundador do Centro Espírita
"Emmanuel" de Salvador na Bahia. Aqui em Brasília, demonstrou a sua
valiosa experiência em sessões realizadas na então incipiente "Fraternidade
Allan Kardec". Nos seus trabalhos de desobsessão no "Emmanuel", aten-
dia dezenas de pacientes em duas horas.
Mas, foi com Jerônimo Candinho, em Palmeio, que esse extraordinário
cenário espiritual se abriu à nossa mente.

38
Passados alguns meses, a desobsessão coletiva pela corrente magnética foi
implantada nas atividades do Centro Espírita Fraternidade Allan Kardec, onde o
método foi sendo paulatinamente aperfeiçoado e inclusive serviu de referência
para várias casas espíritas do Distrito Federal e outros estados. Há esse tempo,
apesar dos esforços, ainda eram pequenas as bases teóricas que facultassem a
compreensão da corrente magnética, cujos frutos na desobsessão eram inequívo-
cos.
Por volta de 1975, o companheiro Maurício Neiva Crispim, após ter implanta-
do essa metodologia no Grupo Espírita Regeneração de Goiânia, resolveu iniciar
um estudo a respeito. E foram assim os seus primeiros passos:

- Havíamos conhecido a corrente magnética para tratamento na


desobsessão de irmãos encarnados e desencarnados, na Fraternidade Allan
Kardec. Foi com espanto e certo descrédito, logicamente devido à nossa
ignorância no assunto, que assistimos às primeiras reuniões. A nossa mente
fervilhava em questionamentos diversos: - Como entender o processo? Por
que a ausência de doutrinação? E a rapidez? Como era possível atender a
tantas pessoas? O que sentiam os médiuns? E os espíritos sofredores? e t c .
A inquietação era natural, porque, até então, só conhecíamos na área
desobsessiva, os trabalhos de doutrinação, conforme ensina André Luiz no
livro Desobsessão, com psicografia de Waldo Vieira e Francisco Cândido
Xavier.
Freqüentamos inúmeras vezes as mesmas reuniões e, através do diálogo
fraterno, começamos a perguntar e a ouvir pacientes, médiuns e dirigentes
que participavam das correntes magnéticas ou eram por elas beneficiados.
Os pacientes afirmavam, em sua maioria, a melhora rápida e eficiente do
seu estado psíquico. Os médiuns e dirigentes detalhavam sensações com
incrível similitude.
A ânsia por respostas nos levou a inúmeras conversas com o Dr. Gilson,
que pacientemente nos dava as primeiras explicações mais substanciais e,
nos informava sobre o conteúdo de algumas mensagens recebidas por mé-
diuns da Fraternidade, a respeito do tema tão fascinante. Sabedor da fonte
inicial de tal iniciativa, deslocamo-nos à cidade de Palmelo-GO, onde, de
gravador em punho, entrevistamos, por quase dois meses, pacientes, inclu-
sive de outros países, médiuns psicofônicos, clarividentes, passistas, diri-
gentes etc. A universalidade das respostas de pessoas diferentes, de locais
diferentes, diante das mesmas perguntas, era impressionante. Os frutos eram
inquestionáveis.
Vimos várias vezes o funcionamento da corrente, seja no sanatório ou
nas dependências do Centro Espírita "Luz da Verdade". Acompanhamos os
cenários de tratamento nas pensões, em particular na Pensão Palmeio (hoje
hotel), onde fizemos amizades de profundo significado para nossa alma.

39
Com o passar dos dias, fomos recebidos pelo Sr. Jerônimo Candinho para
uma entrevista. Duas de suas respostas foram inesquecíveis e bastante sig-
nificativas:

la. Pergunta: - Sr. Jerônimo, onde o Senhor viu ou aprendeu o método


da corrente magnética?
A resposta foi-nos dada mais ou menos assim:
"- Ah, meu filho, eu vi a corrente lá em Sacramento, no Colégio Allan
Kardec, e aprendi com o professor Eurípedes Barsanulfo!"

Lá pela metade da entrevista, a resposta mais interessante:

2a. Pergunta: - Sr. Jerônimo, quais são os princípios, as diretrizes e os


mecanismos de ação, da corrente magnética?
"- Ah, meu filho, isso eu não sei não! Se o professor Eurípedes, que era
o homem mais inteligente e bom que eu conheci, fazia, eu faço também.
Esse negócio de princípios, diretrizes, mecanismos, não é pra mim não. É
pra você. Eu sei é fazer!"

Depois de rirmos muito, saímos, meditando na grandeza das pessoas que


sabem fazer, por reconhecerem os frutos, que aliviam as dores alheias sem
perguntarem como, de que forma, por quê.
Estivemos logo após, com o Sr. Bartolo Damo que nos narrou um pouco
de sua experiência e, graças à sua mediunidade, ouvimos os amigos espiri-
tuais que nos orientaram, carinhosamente, a respeito destas e de outras
perguntas.
O tempo passou trazendo-nos experiências de vulto. Os estudos nos es-
clareciam e davam-nos respostas, cada vez mais amplas. O trabalho conti-
nuava, dando resultados cada vez maiores. Mas foi com o início das nossas
reuniões nos "Vínculos Fraternais" que esses horizontes se desdobraram.
Imbuídos do desejo de responder, conhecer, aprimorar, nos unimos forman-
do uma equipe de pesquisa, que nos últimos quinze anos palmilhou, passo a
passo, as Obras Kardequianas e complementares, formando um acervo de
informações, muito além do que esperávamos, dando-nos todas as respos-
tas e explicações dos princípios, mecanismos de ação e funcionamento da
cadeia ou corrente magnética ou corrente de força ou corrente mento-ele-
tromagnética.
Hoje somos convictos em afirmar, que a abençoada Doutrina dos Espí-
ritos, que a todos nos acolhe em suas fileiras de ação e renovação, tem
respostas para todo e qualquer questionamento. E, a nosso ver, não foi por
acaso que o primeiro livro da Codificação, em sua segunda edição, já trazia
1019 respostas importantes e fundamentais, às questões referentes ao des-
tino humano.

40
Com o decorrer da pesquisa encontramos o relato do Dr. Tomaz Novelino, no
livro Eurípedes, o Homem e a Missão, de Corina Novelino (7. ed., p. 98) que, em
parte, confirma as informações de Jerônimo Candinho, anteriormente citadas, a
respeito da utilização, pelo nobre Eurípedes Barsanulfo, da corrente magnética:

Os trabalhos espíritas se realizavam duas vezes por semana e à noite.


Após a leitura de um trecho de uma obra da Doutrina, Eurípedes saía de
sua mesinha e vinha ocupar o seu lugar na corrente de concentração
e dos médiuns, que formavam círculo, no centro do Salão. De pé, o
mestre dirigia profunda e sentida prece, iniciada sempre pelo Pai Nosso e
rematada por oração improvisada de adoração e evocação. Terminada a
oração, sentava-se de mãos dadas, formando a corrente; do lado es-
querdo, repousando sobre uma mesa muitas garrafas de água a serem
fluidificadas.
Cabeça tombada para trás, corpo em abandono e que logo se aprumava,
olhos para cima, deixando apenas a esclerótica à vista, declarado estar em
transe mediúnico e que logo era completo. Espíritos de escol se apresenta-
vam, através de sua mediunidade sonambúlica.
Era de ver-se o gigante Lutero, Espírito que se apresentava com fre-
qüência, em longas dissertações, que retumbavam por toda Sacramento.
Manifestavam-se quatro ou cinco Espíritos seguidos, rematando sem-
pre com a ternura de Vicente de Paulo ou Bezerra de Menezes. (Grifos
nossos).

Graças à exemplificação do missionário da Caridade e da Educação, Eurípe-


des Barsanulfo, e o pioneirismo de Jerônimo Cândido Gomide, a desobsessão por
corrente magnética surgiu entre nós como método extraordinário de auxílio às
multidões, propiciando a possibilidade daDesobsessão Coletiva. Já vai para mais
de meio século, tendo como marco os esforços de Candinho, que os frutos sazo-
nados desta iniciativa podem ser vistos, confirmados, avaliados, nos inúmeros grupos
espíritas de todo o Brasil, que a partir de Palmeio, igualmente, vêm desenvolvendo
essa terapia singular.
Muitos puderam testificar ou mesmo chegaram a participar com Jerônimo e
seus continuadores de trabalhos mediúnicos desenvolvidos pelas correntes mag-
néticas. Se existiram aqueles que souberam ver além do formalismo e senso co-
mum, antevendo amplo campo de serviço e pesquisa, também se fizeram presen-
tes os indiferentes e mesmo os que através de palavras, gestos e atitudes criaram
obstáculos, formulando conceitos errôneos, ou mesmo de fundo pejorativo.
Sempre foi assim nos avanços do conhecimento humano. A própria Doutrina
dos Espíritos é uma realidade desse procedimento. Quando todos riam e se diver-
tiam com as Mesas Girantes, Kardec soube extrair dali os subsídios que possibili-
taram a vinda da Terceira Revelação.
Os que se atribuem títulos de sábios ou conhecedores de determinado ramo
do saber, ocupando posição de destaque ou autoridade científica, filosófica ou

41
religiosa, geralmente como nos confirma a história, sempre dificultaram os avan-
ços reais em nosso planeta.
Jerônimo e seus amigos, ontem e hoje, tiveram de albergar análises e
conceituação de "conhecedores" da Doutrina Espírita que, sem terem investiga-
do, estudado, praticado, se dedicado ao mister desobsessivo pela corrente magné-
tica, eram capazes de emitir longas dissertações, procurando mostrar a impropri-
edade do método ou seu aspecto "anti-doutrinário". Doutores de mentes claras e
frontes sem suor. Expositores de mãos não calejadas, mas de verbo fácil.
Por outro lado, quantos não se empolgaram e passaram a aplicá-la de manei-
ra precipitada, sem critério, criando "inovações" e disseminando dúvidas e incoe-
rências?
Não parte de nós nenhuma crítica ou condenação a quem quer que seja.
Apenas descrevemos fatos que este histórico não poderia deixar de mostrar.
Kardec, ao comentar as dúvidas e os diferentes sistemas que buscavam dar
explicações aos fenômenos das manifestações espíritas, escreve em O Livro dos
Médiuns (Edição Especial, LAKE, p. 14, cap. 1, item 06): "Eles nos dirão sem
dúvida que nós é que devemos provar a realidade das manifestações; nós lhas
provamos pelos fatos e pelo raciocínio; se não admitem nem um nem outro, se
negam mesmo o que vêem, eles é que devem provar que nosso raciocínio é falso
e que os fatos são impossíveis."
O levantamento bibliográfico, os relatos, os ensaios de interpretação e o ma-
nual de aplicação, que ambos os volumes representam dentre os objetivos já ex-
postos, procuram provar pelos fatos e raciocínios a realidade da desobsessão por
Corrente Magnética e, ao mesmo tempo, é um tributo de carinho e reconhecimen-
to ao Timoneiro e Desbravador Jerônimo Candinho. Os fatos vistos durante
décadas, os milhares de sofredores aliviados e recuperados comprovaram, junto
com a teoria, que o método não só é possível, como não existe doutrinariamente
nenhuma objeção filosófica, científica, religiosa ou técnica ao seu emprego.
Impossível será apagar de nossas memórias, mentes e corações o que obser-
vamos, testemunhamos, pesquisamos e estudamos.
Inadmissível deixar de reconhecer que Jerônimo, com sua energia e simplici-
dade, desdobrou novos horizontes, abrindo um novo cenário espiritual de socorro
e bênção a obsessores e obsidiados.

Meus irmãos, quando fui ter convosco, para vos


dar testemunho de Deus não me apresentei com ares
de sábio nem palavras altissonantes. Pois entendia que
não convinha ostentar entre vós outra ciência a não ser
Jesus Cristo - o Crucificado (I Coríntios, 2:1-3).

42
CAPÍTULO II

EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA-CRISTÃ
E
DESOBSESSÃO POR CORRENTE MAGNÉTICA

Quando o espírito impuro sai do homem, va-


gueia por lugares sem água em busca de repouso;
mas, não acha, pelo que diz: "Voltarei para minha casa
donde saí." E, chegando, encontra-a varrida e posta
em ordem. Vai então e toma consigo mais sete espíri-
tos, piores que ele e, entrando, se estabelecem nela;
e vem o último estado deste homem a ser pior que o
primeiro (Lucas, 11:24-26).
A desobsessão por corrente magnética não difere, em linhas gerais e funda-
mentos básicos, da desobsessão nos moldes por nós comumente conhecida, onde
utilizamos a doutrinação verbal para o esclarecimento do espírito obsessor. Deve-
mos deixar claro que a assistência pela corrente não invalida ou mesmo substitui
a doutrinação verbal. São dois trabalhos complementares, porém distintos. Duas
atividades que obedecem a princípios e a diretrizes idênticas, mas com especiali-
zações e metas, em certos aspectos, diferentes. Geralmente nos Centros Espíri-
tas, desenvolvemos o passe no atendimento público e a desobsessão por doutrina-
ção, sem que um substitua o outro ou impeça a sua prática. Da mesma forma, em
nossas instituições, temos e podemos ter os recursos terapêuticos do passe, da
desobsessão por doutrinação verbal e pela cadeia magnética. Apenas os objetivos
de cada um desses trabalhos devem ser muito bem estabelecidos, definidos e
delimitados.
Devemos salientar que a corrente magnética tanto pode ser utilizada na
desobsessão, como nas atividades de vibração, desenvolvimento mediúnico e nas
doações fluídicas dos chamados trabalhos de cura espiritual. Fato esse que me-
recerá futuramente outra pesquisa, com novas considerações, pois, no presente,
pretendemos apenas traçar algumas orientações a respeito da prática da corrente
magnética nos serviços psíquicos da desobsessão.
Antes porém, devemos destacar os pré-requisitos ou os fatores essenciais
que devem anteceder qualquer iniciativa nesta área.
Emmanuel, diante da questão 371 do livro O Consolador: "Devem ser inten-
sificadas no Espiritismo as sessões de fenômenos mediúnicos?"

Responde: - São muito poucos, ainda, os núcleos espiritistas que se


podem entregar à prática mediúnica com plena consciência do serviço que
têm em mãos; motivo por que é aconselhável a intensificação das reuniões
de leitura, meditação e comentário geral para as ilações morais imprescin-
díveis no aparelhamento doutrinário, a fim de que numerosos centros bem-
intencionados não venham a cair no desânimo ou na incompreensão, por
causa de um prematuro comércio com as energias do plano invisível.

Somente após obtidas as primeiras condições é que devemos nos preocupar,


como observamos, com a intensificação das reuniões de fenômenos mediúnicos
em que a desobsessão está inclusa. A corrente magnética não foge desses
parâmetros e, inclusive, pede maior consciência, estudo e responsabilidade da-
queles que se propõem a implantá-la e desenvolvê-la.
O segundo fator de suma importância é o que se refere à prevalência de toda
e qualquer iniciativa de esclarecimento ou divulgação doutrinária, em relação à
assistência mediúnica. O mesmo autor espiritual, no mesmo livro, em um trecho
da resposta à pergunta 219, assinala: "Aliás, o Espiritismo em seus valores cris-
tãos não possui finalidade maior que a de restaurar a verdade evangélica para os

45
corações desesperados e descrentes do mundo. [...]. Só o trabalho de auto-evan-
gelização, porém, é firme e imperecível."
Fica registrado aqui, antes de qualquer digressão, que somos a favor e com-
partilhamos da opinião, que os esforços na Evangelização Espírita Cristã, seja nas
reuniões públicas, seja nos estudos sistematizados da Doutrina Espírita, seja em
qualquer outra forma de esclarecimento do indivíduo, sobrepõem aos que a tera-
pêutica desobsessiva propriamente dita pode oferecer. Prova disso são os inúme-
ros ensinos doutrinários a este respeito, que nos afiançam, sem deixar dúvidas,
que está no próprio obsidiado as condições indispensáveis para a sua cura. Con-
firmamos tais assertivas, em uma das orientações do Codificador (Revista Espí-
rita, dez. 1862, p.363):

Antes de esperar dominar o mau Espírito, é preciso dominar-se a si mes-


mo. De todos os meios para adquirir a força de o conseguir, o mais eficaz é
a vontade, secundada pela prece, entendida a prece de coração e não aque-
las nas quais a boca participa mais que o pensamento. É necessário pedir a
seu anjo de guarda e aos bons Espíritos que nos assistam na luta. Mas não
basta lhes pedir que expulsem o mau Espírito: é necessário lembrar-se da
máxima: "Ajuda-te, e o céu te ajudará"; e lhes pedir, sobretudo, a força
que nos falta para vencer nossas más inclinações, que para nós são piores
que os maus Espíritos, pois são essas inclinações que os atraem, como a
podridão atrai as aves de rapina. Orando também pelo Espírito obsessor,
pagamos com o bem pelo mal, mostramo-nos melhor que ele, o que já é uma
superioridade. Com a perseverança a gente acaba, na maioria dos casos,
por conduzi-lo a melhores sentimentos, transformando o obsessor em
reconhecido. (Grifos Originais).

Há, no entanto, ponderações, argumentos e opiniões de companheiros espíri-


tas bem intencionados, desprezando as bênçãos da assistência mediúnica, do so-
corro às chagas alheias, do consolo, substituindo e realizando apenas a evangeli-
zação e a divulgação doutrinária. É certo que existem especializações nesse cam-
po muito justas, mas, em se referindo aos Centros Espíritas, esta supervalorização,
em detrimento de outras iniciativas, não condiz, a nosso ver, com os objetivos e
ensinos básicos. Muitos justificam os seus pontos de vista com o popular dito:
Não devemos dar o peixe, mas sim ensinar a pescar. Concordamos com tal
afirmativa, mas desde que, durante a aprendizagem, não nos esqueçamos de dar
também o peixe, a fim de que o aluno não morra de inanição. Isso, na área
desobsessiva, significa criar condições e aplicar o passe espírita, a conversação
fraterna, a desobsessão, o tratamento pelas correntes magnéticas (na nossa ex-
periência), auxiliando o paciente a se equilibrar, obtendo das lições evangélicas os
meios indispensáveis para vencer suas más inclinações e realizar o trabalho firme
e imperecível da auto-evangelização.

46
Não podemos esquecer que as sessões de tratamento mediúnico nos permi-
tem auxiliar, dentro do mesmo contexto, os irmãos que já ultrapassaram a barreira
do túmulo a encontrarem o mesmo salutar caminho.
Sintetizando, afirmamos que o trabalho de Evangelização Espírita-Cristã, ex-
presso pela divulgação doutrinária, pelos cursos regulares de Doutrina Espírita,
pelas Reuniões Públicas, aliado ao incentivo à prática da caridade por todos os
meios, e à desobsessão são, em conjunto, a melhor forma de auxiliar o obsidiado e
o obsessor a encontrarem o real caminho da cura.
Nos próximos capítulos iremos mostrar como, por quê, de que forma e em
quê nos baseamos na aplicação desses recursos, notadamente a desobsessão por
corrente magnética, sem que tenhamos a pretensão de sobrepor ou servir de mo-
delo a qualquer outra agremiação espírita, mas sim, aperfeiçoar o que temos, e
"dar de graça o que de graça recebemos." E não cultivamos a ilusão de achar que
a metodologia da corrente magnética desobsessiva seja o único método capaz de
atender a um grande número de pessoas, que batem às portas dos Centros Espí-
ritas, em busca de alívio para as suas chagas mentais e psíquicas. André Luiz no
seu Missionários da Luz (21. ed., p.63) não deixa dúvidas a esse respeito: "Há
diversos processos de medicação espiritual contra o vampirismo, os quais podere-
mos desenvolver em direções diversas; [...]."

E o apóstolo Paulo já ensinara:

São diversos os dons espirituais, mas o espíri-


to é um só (I Coríntios, 12:4).

47
CAPÍTULO III

AS MULTIDÕES

Partindo daí, encaminhou-se J e s u s para as


margens do lago da Galileia. Subiu a um monte e sen-
tou-se ali. Reuniram-se em torno dele numerosas
muliidões, trazendo consigo coxos, aleijados, cegos,
mudos e outros muitos; colocavam-nos aos pés de
Jesus, e êle os curava. Pasmava a gente e glorificava
o Deus de Israel, ao ver que os mudos falavam, os
aleijados recobravam saúde, os coxos andavam e os
cegos viam (Mateus, 15:29-31).
A cada dia que passa, é enorme o número de irmãos nossos que buscam as
instituições espíritas, motivados pela dor, na ânsia de encontrarem lenitivo para
as suas perturbações psíquicas. As antigas e reduzidas assembléias do passado
hoje crescem assustadoramente, levando ao aparelhamento indispensável dos
centros espíritas, que nos tempos atuais, já não assistem a alguns e sim a multi-
dões. Salas, salões, que há poucos anos atrás permaneciam vazios, hoje lotam
rapidamente, exigindo esforços muitas vezes sacrificiais, para que a casa possa
acolher a todos.
A obsessão, nas suas mais variadas formas, se alastra ao nosso derredor,
gerando epidemias facilmente detectáveis no nosso dia a dia. E casos graves, de
difícil solução, que surgiam vez ou outra, hoje tornaram-se comuns, exigindo de
todos que laboram nas nossas fileiras estudo, preparo, esforço e dedicação ao
próximo. E não poderia ser diferente, pois Jesus e seus discípulos andavam cer-
cados por multidões. Não devemos esquecer que a Doutrina Espírita é o
Consolador Prometido, que busca reviver os primeiros dias do Cristianismo.
Com o crescimento das sociedades espíritas e diante de tanta procura e ne-
cessidade, sentimos que os antigos métodos utilizados, apesar de respeitáveis, não
conseguem adequar-se aos dias atuais. Na desobsessão, sabemos ser impossível
atender pela doutrinação verbal a um grande número de pessoas ou entidades. Se
os passes espíritas auxiliam a resolver inúmeros casos, deixam outros tantos sem
soluções, muitas vezes pela gravidade do processo. Faz-se mister procurar outros
caminhos. A nosso ver, a corrente magnética vem justamente preencher esta
lacuna, facilitando a assistência, possibilitando a agilidade e a eficiência necessá-
rias ao atendimento de múltiplos casos, sem deixar contudo que esses outros pro-
cessos sejam esquecidos ou superados. Não, eles ganham novas dimensões prá-
ticas e, junto com os passes e as correntes magnéticas, formam um tripé indispen-
sável na luta que travamos na jornada diária de auxiliar a libertação de encarna-
dos e desencarnados, que vivem em parasitismo psíquico.
Esta preocupação não é nova como possa parecer. Já em 1867, portanto há
129 anos atrás, Allan Kardec publicava na Revista Espírita, de junho daquele
ano (p.182), um relatório enviado a ele pelo presidente da Sociedade Espírita de
Bordeaux. Em determinado trecho, assim se expressa o presidente:

A nossa [tarefa] é espalhar o Espiritismo nas massas e a experiência


nos provou que o melhor meio, depois da prática da sublime moral que dele
decorre, e as comunicações dos Espíritos, é fazê-lo pela palavra. [...].
Aliás há em Bordeaux muitos casos de obsessão e uma sessão por se-
mana, especialmente consagrada à evocação e à moralização dos obsessores
está longe de ser suficiente, [...].

Kardec, na seqüência (p.185), comenta o programa da Sociedade: "Não po-


demos senão aplaudir ao programa da Sociedade de Bordeaux e felicitá-la por
seu devotamento e pela inteligente direção de seus trabalhos."

51
O Espiritismo para as massas ou multidões, e a ineficiência de apenas uma
reunião de desobsessão por semana, já eram fatos verificados naquela época.
Tanto é verdade que algumas instituições como a de Bordeaux já buscavam novas
soluções, através de atividades que foram, inclusive, elogiadas pelo Codificador.
O que, após um século, não poderíamos dizer?
Os magnetizadores, que bem antes da Codificação já vinham buscando auxi-
liar e encontrar formas de tratamentos para as dores alheias, haviam de igual
modo deparado com as multidões e com a necessidade de estabelecerem méto-
dos que possibilitassem atender a vários casos.
Os principais meios por eles desenvolvidos foram os Baquet e as Cadeias
Magnéticas.
Passemos a palavra a Michaellus (Magnetismo Espiritual, 4. ed., p.117)
para conhecermos algo a respeito:

Todos sabem que se dava o nome de baquet a uma caixa circular de


madeira, em que se encontravam pilhas de vidro, limalhas de ferro e garra-
fas cheias de água magnetizada, simetricamente dispostas. Através de ori-
fícios feitos na caixa, saiam hastes de ferro, as quais se uniam por meio de
uma corda passada em torno da cintura.
Medeiros e Albuquerque assim descreve como eram tratados os doen-
tes: "Todos tomavam lugar em torno do baquet, e, ou se sentiam logo de-
pois perfeitamente bons, ou entravam em convulsões: verdadeiros ataques
de que freqüentemente saíam curados. Estas convulsões eram as crises,
que se consideravam salutares. O fluido, penetrando no organismo em
desequilíbrio, produzia aquele abalo, mas acabava por fazer o seu efeito
curativo." (Grifos Originais).

Quanto à corrente magnética - diz Michaellus (p. 113): "Trataremos agora da


cadeia magnética, que, na opinião de Deleuze, é o meio mais poderoso para au-
mentar a força do magnetismo e para pôr em circulação o fluido."
Das duas soluções apresentadas, a que mais nos interessa é a corrente mag-
nética. O pequeno trecho refletindo a opinião de Deleuze é sem sombra de dúvida
de fundamental importância. Quase a totalidade dos magnetizadores eminentes
como Mesmer, Cahagnet, Bué, dentre outros, não só afirmaram a mesma coisa,
como aplicaram freqüentemente este meio em benefício dos inúmeros doentes
que os procuravam. Dentre as diferentes modalidades ou atividades magnéticas,
como o passe, baguet etc, é a cadeia a que possibilita a mais ampla circulação
fluídica, sendo o meio mais poderoso para aumentar a força do magnetismo.
Os Espíritos Reveladores, ao responderem a questão 388 no O Livro dos
Espíritos (74. ed.,FEB), afirmaram: "Entre os seres pensantes há ligação que
ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que mais tarde
compreendereis melhor."

52
Em nível terreno, uma das ligações mais comuns entre os seres pensantes é
a obsessão. Estando o magnetismo na base dessa relação e, sendo a corrente
magnética o meio mais poderoso para aumentar a força do magnetismo e para por
em circulação o fluido, porque não utilizá-la como método desobsessivo? O "mais
tarde" de ontem é o nosso presente. Inúmeras mensagens, orientações com no-
vos conceitos, têm-nos possibilitado conhecer com muito maior propriedade o Mag-
netismo e o poder das Vibrações Mentais. A Doutrina Espírita há muito vem
ampliando as bases científicas do Magnetismo. O mesmo não poderá ocorrer com
os métodos? - Acreditamos e testemunhamos que sim. A corrente magnética
desobsessiva nada mais é que a corrente magnética dos magnetizadores, alicerçada
pelas diretrizes e práticas mediúnicas e aplicada, como o método já havia sido
comprovado, a benefício das multidões, no nosso caso, de encarnados e desen-
carnados.
Solução viável para os momentos atuais, quando a síndrome obsessiva tem
se tornado epidêmica, coletiva.
Muitos dos nossos confrades afirmam não se preocuparem com essas ques-
tões e com a busca de novos métodos, por ser pequeno o número de freqüentadores
nos centros onde participam ou dirigem. Que possuem poucos médiuns, para uma
atividade desta ordem e envergadura. É razoável tal afirmativa, mas não podemos
compreendê-la. A corrente não se destina apenas ao atendimento de encarnados,
ou se justifica somente nas agremiações espiritistas de grande freqüência e de
inúmeros médiuns. Esse processo fundamenta-se igualmente na assistência aos
desencarnados em estado de desequilíbrio. Diante de um obsidiado, poderemos
estar diante de uma multidão: "E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome?
E êle disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios" (Lucas, 8:30).
Existem outros que, como dirigentes, desejam que os centros espíritas per-
maneçam pequenos, evitando as multidões, procurando realizar o que diz Allan
Kardec em O Livro dos Médiuns (Edição Especial, LAKE, itens 334-335): "[...],
no interesse dos estudos e para o bem do próprio assunto, as reuniões espíritas
devem visar a se multiplicarem em pequenos grupos antes que procurarem cons-
tituir-se em grandes aglomerações. [...]. Mais a reunião é numerosa, mais é difícil
de contentar todo mundo; [...]; ora, vinte grupos de quinze a vinte pessoas obterão
mais e farão mais para a propagação, do que uma assembléia de trezentas a
quatrocentas pessoas."
Apesar das pequenas assembléias não invalidarem a utilização das correntes
magnéticas, como dissemos no parágrafo anterior, poderá ser justa tal preocupa-
ção somente se o programa traçado pelos encarnados e sobretudo pelos mentores
que dirigem ou velam pelos destinos da instituição estabelecer como objetivo ou
finalidade tal proposição. Advogamos, entre as interpretações possíveis do texto,
que Kardec, ao dar este caminho, estava entre outros pontos prevendo o futuro,
porque a Doutrina Espírita, fazendo parte das leis naturais, fará com que cada
lar terreno, cada assembléia de amigos se transforme em célula viva de estudo,

53
assistência, esclarecimento e contato com o plano maior. Além do mais, o
Codificador, ao dar esta opinião, preocupava-se, sobretudo, com a harmonia ou
homogeneidade das reuniões, como ele deixa claro no mesmo capítulo do mesmo
livro, itens 331 e 332:

Uma reunião é um ser coletivo cujas qualidades e propriedades são a


resultante de todas aquelas de seus membros e formam como um feixe;[...].
O recolhimento e a comunhão de pensamentos sendo as condições es-
senciais de toda reunião séria, compreende-se que um muito grande núme-
ro de assistentes deve ser uma das mais contrárias causas da homo-
geneidade. Certamente não há nenhum limite absoluto a este número e con-
cebe-se que cem pessoas, suficientemente recolhidas e atentas, estarão em
melhores condições do que dez que estiverem distraídas e barulhentas; mas
é evidente também que quanto maior é o número, mais estas condições são
difíceis de preencher. É, aliás, um fato provado pela experiência, que os
pequenos círculos íntimos são sempre mais favoráveis às boas condições e
isto pelos motivos que desenvolvemos.

Devemos considerar que, mesmo nos grupos de grande freqüência, nada im-
pede que as observações tão sensatas do Codificador deixem de ser colocadas
em prática, bastando que, diante da necessidade de assistir a muitos, formem-se,
como no nosso caso, subgrupos em pequenas assembléias, guardando, no entanto,
a unidade de princípios na execução das tarefas que lhe são pertinentes.
Quanto a assistir um maior ou menor número de encarnados, um maior ou
menor número de espíritos em desequilíbrio, ampliar ou não o raio de ação dos
centros espíritas onde damos a nossa cota de participação, não nos esqueçamos,
para isso, de meditar nas expressões de André Luiz, no livro Nos Domínios da
Mediunidade (12. ed., p.23): "- Em nosso esforço de supervisão, podemos clas-
sificar sem dificuldade as perspectivas desse ou daquele agrupamento de servi-
ços psíquicos que aparecem no mundo. Analisando a psicoscopia de uma perso-
nalidade ou de uma equipe de trabalhadores, é possível anotar-lhes as possibilida-
des e categorizar-lhes a situação. Segundo as radiações que projetam, planeja-
mos a obra que podem realizar no tempo." (Grifos nossos).
Indubitavelmente, tais reflexões nos levam a buscar, antes de tudo, este pla-
nejamento previamente elaborado pelo Mundo Maior, para que não venhamos a
constituir núcleos espiritistas, voltados apenas para as nossas expressões pesso-
ais, como no dizer do Espírito Humberto de Campos, no seu livro Brasil, Cora-
ção do Mundo, Pátria do Evangelho (16. ed., p.228):

A essas forças, que tentam a dissolução dos melhores esforços de Ismael


e de suas valorosas falanges do Infinito, deve-se o fenômeno das excessi-
vas edificações particularistas do Espiritismo no Brasil, particularismos que
descentralizam o grande labor da evangelização. [...]. Construídas essas

54
obras, que se levantam com pronunciado sabor pessoal, o grande mensagei-
ro do Divino Mestre as assinala imediatamente com o selo divino da carida-
de, que, de fato, é o estandarte maravilhoso a reunir todos os ambientes do
Espiritismo no país,[...].

O que é o "selo divino da caridade", senão o trabalho ativo em torno do


próximo. Assistência em todos os níveis e forma, incluindo as multidões, seja de
encarnados ou desencarnados. É o Espiritismo sendo levado às massas. É o es-
forço conjunto na edificação de obras cristãs que não compactue com constru-
ções particularistas, elitização e formalismo de qualquer espécie. Como bem diz o
médium Francisco Cândido Xavier (Adelino da Silveira, Chico, De Francisco, 3.
ed.,p. 83):

É preciso que nós, os espíritas, compreendamos que não podemos nos


distanciar do povo, porque o Espiritismo veio para o povo e com ele dialo-
gar. É indispensável que estudemos a Doutrina Espírita junto com as mas-
sas, que amemos todos os companheiros, mas sobretudo, aos mais humildes
social e intelectualmente falando e deles nos aproximemos com real espíri-
to de compreensão e fraternidade. E preciso fugir da elitização que ameaça
o movimento espírita.

Para que consigamos nos distanciar dessas ameaças, é indispensável com-


preender com Emmanuel (Vinha de Luz, lição 06): "Os espíritos verdadeiramente
educados representam, em todos os tempos, grandes devedores à multidão."
Meditando nos pontos essenciais da leitura, recordamos a palavra do Divino
Mestre, nos comentários do evangelista Marcos (8:2): "Tenho compaixão da mul-
tidão."

E os seus exemplos, na narração de Mateus (14:14):

E J e s u s , saindo, viu uma grande multidão, e


possuído de íntima compaixão para com ela, curou
os seus enfermos.

55
CAPÍTULO IV

OBSESSÃO
E
DESOBSESSÃO POR CORRENTE MAGNÉTICA

Afluía também muita gente das cidades vizinhas


a Jerusalém, trazendo doentes e vexados de espíritos
impuros, e eram todos curados (Atos, 5:16).
4.1) INTRODUÇÃO

Na maioria dos artigos, ensaios e compêndios médicos que tratam de tera-


pêutica, seja preventiva ou curativa, em relação às doenças físicas e mentais, as
orientações, cuidados e medicações a serem prescritos, são derivados do estudo
detalhado, da pesquisa e experimentação dos aspectos fundamentais que envol-
vem o hospedeiro, o ambiente propício, o agente, etc. Nesse esforço, procura-se
a definição, a etiologia, a classificação, a etiopatogenia, o quadro clínico, etc, das
alterações orgânicas passíveis de serem diagnosticadas, pela observação acurada,
partindo do conjunto de sinais e sintomas, até o desenvolvimento de parâmetros e
técnicas laboratoriais que confirmam a patologia, auxiliando a definir as medidas
curativas a serem tomadas. Em outros termos, é a partir das condições e aspectos
do doente como um todo e da doença, caracterizada pelo seu quadro de manifes-
tações, que se torna viável a terapêutica devida.
A medicação corretamente aplicada, levando à cura e aos cuidados preven-
tivos, é conduta que nasce do diagnóstico exato, do amplo levantamento e conhe-
cimento das causas e conseqüências da enfermidade.
A Obsessão, como patologia grave e de longo curso, não pode fugir à regra.
Não poderemos falar de terapia desobsessiva, seja como procedimento curativo
ou preventivo, sem conhecer pormenorizadamente o processo obsessivo. Conhe-
cimento que leve em consideração todas as variáveis envolvidas: obsessor,
obsidiado, ambiente, contágio etc, causas e conseqüências, visão geral e global.
Somente após, é que teremos condições de formular as orientações, cuidados,
medidas ou medicação mais indicada.
A condição sine qua non para o tratamento da obsessão passa a ser o seu
diagnóstico correto. Allan Kardec em O Livro dos Médiuns (48. ed., FEB, item
249) já antecipava essa realidade: "Os meios de se combater a obsessão variam,
de acordo com o caráter que ela reveste."
Os meios de tratar ou prevenir a obsessão variam de acordo com o seu cará-
ter. Se não conhecemos as suas características como por exemplo: os fatores
desencadeantes, o diagnóstico diferencial entre casos agudos, crônicos, insidiosos
ou sutis, os seus sinais de manifestações, jamais saberemos tratá-la conveniente-
mente .
Quantas vezes a nossa boa vontade nos leva a auxiliar sem que tenhamos o
preparo adequado ou pelo menos as condições básicas para dirigir seguramente
os nossos esforços?
Os nossos esforços, porém, quando conscientemente aplicados, isto é, com
conhecimento de causa, na direção correta, revestem-se de efeitos inimagináveis.
Temos por obrigação e devemos sem sombra de dúvida estudar. Conhecer para
melhor e bem servir.

59
Conhecendo, veremos que os meios, como diz Kardec, para combater a ob-
sessão podem variar. Portanto, não existe método único, definitivo ou universal. O
que é imutável são as condições para a imunização e os princípios, das quais
derivam os métodos.
A vacinação contra a obsessão é a evangelização e o conhecimento de si
mesmo. Como o indivíduo irá realizar esta tarefa, dependerá de vários caminhos:
religiosos, filosóficos e interiores.
Os princípios para tratar a obsessão são todos estruturados nos ascendentes
fluídicos, mentais, mediúnicos e morais. Como estes recursos serão utilizados de-
penderá dos métodos a serem escolhidos.
Normalmente o passe, a prece e a desobsessão por doutrinação verbal, isola-
damente ou em conjunto, são os meios terapêuticos mais aplicados em nossas
instituições espíritas.
Mas, não poderemos dizer que são os únicos, e que fora deles ou junto a eles
não existirão outros.
Raciocinando, veremos que os três possuem como denominador comum o
magnetismo. Do magnetismo, o humano-espiritual.
Há outras maneiras de empregá-lo? Esgotar-se-ia em três processos a sua
aplicabilidade?
Decerto que não!
Kardec fala em meios e na citação de André Luiz, ao final do segundo capítulo,
aprendemos que: "Há diversos processos de medicação espiritual contra o vampirismo,
os quais poderemos desenvolver em direções diversas, [...]."
Diversos processos e direções diversas não são apenas três. Diversos
significa diferentes, distintos, vários, variados...
O Magnetismo é como a eletricidade. Desde que sejam observados os princí-
pios que norteiam o seu emprego, milhares de métodos poderão ser desenvolvidos.
A corrente mento-eletromagnética é um deles.
Porém, se visamos falar, descrever, demonstrar, confirmar e explicar a
desobsessão por corrente magnética, é indispensável, pelas razões inicialmente
apresentadas, o estudo da obsessão. Somente compreendendo-a em seus
caracteres multiformes é que poderemos entender as suas bases funcionais, a
razão e os mecanismos em que se fundamenta.
Veremos na seqüência de nossa pesquisa que este processo desobsessivo
é o remédio similar da doença obsessiva, dinamizado pelas vibrações amoro-
sas e aplicado em benefício das multidões, seja de encarnados ou
desencarnados.
Partindo dessa premissa, passemos à discussão da obsessão como enfer-
midade da alma, destacando as características gerais de que se reveste e
relacionando-as com a desobsessão, notadamente à desobsessão por corrente
magnética.

60
4.2) HISTÓRICO
A síndrome obsessiva pode ser diagnosticada desde que o mundo é mundo.
Nos mais diferentes registros históricos, encontramos personagens envolvi-
das em situações que refletem desajustes psíquicos que podem ser caracterizados
como de fundo obsessional.
Na própria lenda de Adão e Eva, verificamos as influências negativas repre-
sentadas pela figura da serpente, que atrai, induz e corrompe graças à afinidade e
identidade de propósitos.
O Elo que possibilita a integração das intenções comuns é a correspondência
vibratória.
Em um, o apelo, o desejo, a vontade. No outro, a resposta, a concessão, o
interesse correspondido.
O fenômeno mediúnico ou de sintonia está na base tanto da doença, como da
medicação.
A obsessão é o fenômeno em sombra. A desobsessão é o fenômeno ilumina-
do.
Com base nos ascendentes mediúnicos, passemos a palavra ao mentor Emma-
nuel (Religião dos Espíritos, 3. ed., p.149), que esclarece magistralmente a questão
histórica:

O fenômeno mediúnico é de todos os tempos e ocioso seria mostrar, num


estudo simples o papel que lhe cabe na gênese de todos os caminhos religi-
osos.
Importa anotar, porém, que os povos primitivos, sentindo a influência
dos desencarnados a lhes pesar no orçamento psíquico, promovem medi-
das com que supõem garantir-lhes segurança e tranqüilidade no reino da
morte.
Egípcios, assírio-caldeus, gregos, israelitas e romanos prestam-lhes ho-
menagens e considerações.
E para vê-los e ouvi-los conservam consigo certa classe de iniciados
característicos.
Eqüivalendo aos médiuns modernos, havia sacerdotes em Tebas, magos
em Babilônia, oráculos em Atenas, profetas em Jerusalém e arúspices em
Roma. [...].
Contudo, quase todas as manifestações de intercâmbio, entre os vivos
da Terra e os vivos da Espiritualidade, evidenciavam-se mescladas de som-
bra e luz.
No delírio de símbolos e amuletos, em nome dos mortos, estimulavam-se
preces e libações, virtudes e vícios, epopéias e bacanais.

61
Com Jesus, no entanto, recolhe o homem o necessário crivo moral para
definir responsabilidades e objetivos.
Em sua luminosa passagem, o fenômeno mediúnico, por toda parte, é
intimado à redenção da consciência.

Jesus é o grande divisor do oceano da vida. Com Ele nasce a psicoterapia


sublime e a redenção da consciência pelo Verbo da Criação.
Os Apóstolos, em todos os tempos, são seus continuadores.
Kardec repete Jesus e os Apóstolos, estabelecendo dentro de um critério
científico, condições propícias para a assistência adequada.
Com o Codificador, a terapia desobsessiva, curativa ou preventiva se estabe-
lece e o diagnóstico da obsessão aclara, fundamenta-se e fica acessível a todos,
como atesta o Espírito Manoel P. Miranda (Nos Bastidores da Obsessão, 2. ed.,
p.09): "Com Allan Kardec, no entanto, tiveram início os eloqüentes testemunhos
da imortalidade, da comunicabilidade dos Espíritos, da reencarnação e das obses-
sões, cabendo ao insigne mestre lionês a honrosa tarefa de apresentar convenien-
te terapêutica para ser aplicada nos obsidiados como também nos obsessores."
Devido a esses fatores históricos, ainda hoje existem aqueles que acreditam
que foi com a Doutrina Espírita e com a prática da mediunidade que o problema
da obsessão teve origem. Engano, ignorância, desconhecimento, que o nobre
Emmanuel busca desfazer na lição Obsessão e Jesus, do livro Seara dos Mé-
diuns (3. ed., p.59), cujos trechos destacamos:

Cristãos eminentes, em variadas escolas do Evangelho, asseveram na


atualidade que o problema da obsessão teria nascido no culto da mediunida-
de, à luz da Doutrina Espírita, quando a Doutrina Espírita é o recurso para
a supressão do flagelo.
Malham médiuns, fazem sarcasmo, condenam a psicoterapia em favor
dos desencarnados sofredores e, por vezes, atingem o disparate de afirmar
que a prática medianímica estabelece a loucura.
Esquecem-se, no entanto, de que a vida de Jesus, na Terra, foi uma
batalha constante e silenciosa contra obsessões, obsidiados e
obsessores. [...].
À vista disso, ante os escarnecedores de todos os tempos, eduquemos a
mediunidade na Doutrina Espírita, porque só a Doutrina Espírita é luz bas-
tante forte, em nome do Senhor, para clarear a razão, quando a mente se
transvia, desgovernada, sob o fascínio das trevas.

Para o tratamento das mais variadas enfermidades, a ciência médica cons-


truiu centros especializados de pesquisa e terapêutica, postos de referência,

62
hospitais, universidades. No entanto, a mais comum de todas as patologias - A
OBSESSÃO - com a conotação que a Doutrina Espírita lhe dá, nem sequer ainda
é citada nos compêndios médicos.
A Doutrina Espírita continua sendo um dos únicos recursos para a extinção
do "flagelo".
Em pleno final do século XX, somente o Consolador Prometido constitui "luz
bastante forte" para enfrentar, tratar e "clarear as mentes desgovernadas, sob o
fascínio das trevas".
A diretriz terapêutica segura, que a Doutrina Espírita possui, foi a que Allan
Kardec instituiu desde os primórdios da Codificação, conforme explica Manoel P.
de Miranda (Nos Bastidores da Obsessão, 2. ed., p.19):

[...] Allan Kardec, convidado à liça da cultura e da informação, empu-


nhando o bisturi da investigação, clareou, com uma Filosofia Científica - o
Espiritismo, calcada em fatos devidamente comprovados, os escaninhos do
obscurantismo, oferecendo uma terapêutica segura para as alienações tor-
turantes, repetindo as experiências de Jesus-Cristo junto aos
endemoninhados e enfermos de toda ordem.
Classificou como obsessão a grande maioria dos distúrbios psíquicos e
elaborou processos de recuperação do obsidiado, estudando as causas an-
teriores das aflições à luz das reencarnações, através de linguagem condi-
zente com a razão, e demonstrável experimentalmente. (Grifos Originais).

4.2.1) Implicações Terapêuticas

Os relatos históricos destacam a importância da terapêutica Kardequiana que,


segundo o Espírito Manoel P. Miranda, é calcada em fatos, demonstráveis experi-
mentalmente e condizentes com a razão.
Nos momentos atuais os fatos nos indicam que a obsessão em todo o mundo é
epidêmica.
Sendo os núcleos espíritas os mais indicados para o tratamento, necessário
será desdobrar a terapêutica Kardequiana em novos métodos, permitindo o so-
corro a multidões de enfermos.
Métodos que sejam demonstráveis experimentalmente, condizentes com
a razão e alicerçados nos postulados espíritas.
A Corrente Magnética preenche todos os requisitos.
Como terapia fluídica ou magnética, há séculos vem demonstrando sua eficá-
cia.
Como atividade desobsessiva, experimentalmente, há mais de cinqüenta anos,
mostrou-se de uma utilidade, praticidade e eficiência a toda prova, firmando-se
como um dos mais completos meios de socorro a obsidiados e obsessores.
63
4.3) DEFINIÇÃO

A palavra obsessão geralmente significa: "Impertinência, perseguição, vexa-


ção. Preocupação com determinada idéia, que domina doentiamente o espírito, e
resultante ou não de sentimentos recalcados; idéia fixa; mania."
Observando detalhadamente a definição do dicionário Aurélio, exprime de-
terminadas situações que caracterizam o quadro clínico da síndrome obsessiva.
Doutrinariamente o termo tem um significado bem mais vasto, englobando
causas e conseqüências e é assim conceituado:

a) Allan Kardec

"A obsessão é a ação persistente de um mau Espírito sobre uma pessoa.


Apresenta características muito diversas, desde a simples influência de or-
dem moral, sem sinais exteriores perceptíveis, até a completa perturbação
do organismo e das faculdades mentais. Oblitera todas as faculdades medi-
. únicas." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, 4. ed., FEESP, p.356, item
81).

Quanto à obliteração da mediunidade, esclarece o Codificador:

Entre os escolhos que apresenta a prática do Espiritismo, cumpre se


coloque na primeira linha a obsessão, isto é, domínio que alguns Espíritos
logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espí-
ritos inferiores, que procuram dominar. Os bons Espíritos nenhum constran-
gimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não
os ouvem, retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem
podem fazer suas presas. Se chegam a dominar algum, idêhtfficam-sê com
o Espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança. (O Livro
dos Médiuns, 48. ed., FEB, item 237). (Grifo Original)..

b) Manoel Philomeno de Miranda

"A obsessão é resultado de um demorado convívio psíquico entre os dois


Espíritos afins, seja pelo amor que desatrela as paixões inferiores ou atra-
vés do ódio que galvaniza os litigantes, imanando-os um ao outro com vi-
gor." (Painéis da Obsessão, p.157).

4.3.1) Implicações Terapêuticas

Vamos unir as duas definições anteriores, através das palavras-chaves e


correlacioná-las com a terapia desobsessiva:
64
OBSESSÃO DESOBSESSÃO

1 - De igual forma a desobsessão tem


1 - Ação persistente. Demorado de ser uma ação contínua, demorada.
convívio. 0 tempo não pode ser esquecido na
solução do problema.

2 - Não basta que a terapia


desobsessiva se destine apenas a um
2 - Convívio psíquico entre dois dos Espíritos envolvidos. Há de se cui-
espíritos afins. Mau Espírito sobre dar de ambos, sejam encarnados ou
uma pessoa. desencarnados. Caso contrário, a me-
dicação será unilateral, insuficiente, in-
completa.

3 - Se existem características diver-


sas, necessário se faz o desenvolvimen-
3 - Apresenta características to de métodos que possibilitem o diag-
muito diversas: nóstico. No caso do encarnado, é indis-
Influência moral, sem sinais ex- pensável conhecer sua história, queixas,
teriores, pertubações orgânicas e problemas e dificuldades, porque sem
mentais, obliteração das faculdades esses dados não saberemos determinar
mediúnicas. em que nível estará ocorrendo o conví-
vio psíquico e, conseqüentemente, não
iremos aplicar terapia conveniente.

4 - Paixões inferiores, ódio, 4 - A educação e Evangelização dos


imanando-os um ao outro com vi- litigantes (encarnados e desencarnados)
gor. é a pedra angular da desobsessão.

5 - De forma similar, a desobsessão


deve ocupar a primeira linha entre as
5 - Entre os escolhos à pratica atividades práticas dos Centros Espíri-
do Espiritismo, cumpre se coloque tas, destinando-se não só ao tratamen-
na primeira linha a Obsessão. to dos que lhe batem à porta, mas tam-
bém aos ambientes psíquicos das insti-
tuições.

65
A terapêutica desobsessiva por Corrente Magnética segue todas as orienta-
ções que a análise rápida das definições estudadas sugerem. Nenhuma delas é
esquecida ou menosprezada. Todas estão inclusas em sua prática.
O tempo necessário para a recuperação dos sofredores; a possibilidade
de tratamento tanto de encarnados, quanto de desencarnados, seja em peque-
no ou grande número; o diagnóstico correto das diferentes características que
envolvem o processo obsessivo, para o adequado direcionamento terapêutico;
a educação e evangelização dos litigantes; a condição de prevenir e tratar a
obsessão que envolve médiuns, auxiliando igualmente na melhoria dos ambi-
entes psíquicos; são medidas que o método em questão aplica, desenvolve e
torna viável.

4.4) SINONÍMIA
A síndrome obssessiva recebe inúmeras denominações, desde as populares
até as acadêmicas. No entanto, no nosso meio, a mais comumente usada é o
vampirismo.
André Luiz ao tratar do assunto, com propriedade, no livro Missionários da
Luz (21. ed., p.36), define o termo a partir do seu agente:

Sem nos referirmos aos morcegos sugadores, o vampiro, entre os ho-


mens é o fantasma dos mortos, que se retira do sepulcro, alta noite, para
alimentar-se do sangue dos vivos. Não sei quem é o autor de semelhante
definição, mas, no fundo, não está errada. Apenas cumpre considerar que,
entre nós, vampiro é toda entidade ociosa que se vale, indèbitamente, das
possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encar-
nados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a
qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos ho-
mens.

Vampiro e obsessor. Obsessão e vampirismo têm o mesmo significado.


Obsessores existem, tanto encarnados quanto desencarnados, perturbando
em regime de sintonia os que ainda vivem no mundo dos chamados vivos, como
aqueles que já ultrapassaram a barreira do túmulo.
O Espírito Emmanuel (Seara dos Médiuns, lição Obsessores), com seu po-
der de síntese, aborda a questão, mostrando o verdadeiro significado do termo:

"Obsessor, em sinonímia correta, quer dizer "aquele que importuna".


E "aquele que importuna" é, quase sempre, alguém que nos participou a
convivência profunda, no caminho do erro, a voltar-se contra nós, quando
estejamos procurando a retificação necessária."

Vampiro é toda entidade que se vale das possibilidades alheias. Obsessor


corretamente definido é aquele que importuna.

66
4.4.1) Implicações Terapêuticas

Habitualmente, as nossas atividades desobsessivas giram em torno da assis-


tência aos espíritos sofredores e, raramente atendem aos encarnados, no sentido
de uma ação desobsessiva. São poucos os casos que metodicamente damos se-
guimento. Geralmente oferecemos os tratamentos gerais como o passe, a vibra-
ção e a evangelização em reuniões públicas. Ao confrontarmos as orientações de
Emmanuel e André Luiz, verificamos que realizamos muito pouco.
Quantos dos que importunam ficam sem a mínima condição de assistência,
pela superficialidade de nossos esforços? Não podemos nos contentar em realizar
esta ou aquela reunião desobsessiva semanal, na maioria das vezes destinada à
evangelização de espíritos sofredores, em medicação unilateral, esquecidos de
que, na atualidade, somente os centros espíritas possuem os recursos
medicamentosos reais para prevenção e cura dos flagelos psíquicos.
Com isso, não queremos tirar a respeitabilidade dos métodos conhecidos e a
necessidade de sua aplicação. Queremos é avançar, questionar a nossa paralisia
diante de tanta necessidade e buscar a conscientização conjunta para aplicar toda
a teoria que temos acesso, em nossa tarefa diária.
Conhecemos hoje, muito mais que os primeiros espiritistas, a respeito de
pensamento, irradiação mental, fluido, obsessão e desobsessão, graças às infor-
mações que nos vêm do mais alto. No entanto, pouco avanço tivemos em rela-
ção às medidas práticas. Aliás, muito do que nos foi legado foi esquecido, dei-
xado à margem.
O que diríamos do cientista que, após ter descoberto o primeiro antibiótico,
contenta-se em repetir a fórmula, enquanto epidemias se alastrassem ao seu der-
redor? O que falaríamos do filósofo que deitasse nos louros das primeiras ilações
a respeito da dinâmica da vida? O que iríamos pensar do religioso que permane-
cesse imóvel após auxiliar a alguns?
Repetimos displicentemente que a Doutrina Espírita é Ciência, Filosofia e
Religião, esquecidos de que, como adeptos de seus postulados, deveríamos ter um
pouco do verdadeiro cientista, filósofo e religioso em nossas vidas. A inquietação,
perquirição e experimentação do cientista. A racionalidade, intuição e pondera-
ção do filósofo. A doação sem esperança de recompensa, na humildade silencio-
sa do religioso.
Na desobsessão, todos estes aspectos assumem caráter de essencialidade,
porque até o momento, como por várias vezes repetimos, somos os únicos a poder
desenvolver conscientemente e corretamente ações compatíveis com a patologia,
tratando vampiros e vampirizados, obsessores e obsidiados. Cuidando de todos
aqueles que se valem das possibilidades alheias ou que vivem a importunar.
A Corrente Magnética como meio desobsessivoTêflete todas essas preocupa-
ções. Em sinonímia correta, significa a ação do pensamento coletivo, em benefício
de encarnados e desencarnados. É um novo passo de um antigo método, esquecido,
mas novamente redimensionado, graças às orientações doutrinárias para a
desobsessão coletiva, possibilitando o atendimento a multidões, no momento mais
grave das epidemias psíquicas, com segurança, discernimento e responsabilidade.

67
4.5) CLASSIFICAÇÃO

O Codificador, assim classifica a obsessão:

A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que


resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz.
A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se
designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a ob-
sessão simples, a fascinação, e a subjugação. (O Livro dos Médiuns,
48. ed., FEB, item 237). (Grifos Originais).

Na Revista Espírita (out. 1858, p.277), o mestre lionês explica cada uma das
variedades mencionadas:

O grau de constrangimento e a natureza dos efeitos que produz marcam


a diferença entre a obsessão, a subjugação e a fascinação.
A obsessão é a ação quase que permanente de um Espírito estranho,
que leva a pessoa a ser solicitada por uma necessidade incessante de agir
desta ou daquela maneira e de fazer isto ou aquilo.
A subjugação é uma ligação moral que paralisa a vontade de quem a
sofre, impelindo a pessoa às mais desarrazoadas ações e, por vezes, às
mais contrárias ao seu próprio interesse.
A fascinação é uma espécie de ilusão produzida, ora pela ação direta de
um Espírito estranho, ora por seus raciocínios capciosos; e esta ilusão pro-
duz um logro sobre as coisas morais, falseia o julgamento e leva a tomar-se
o mal pelo bem. (Grifos nossos).

Allan Kardec, no mesmo texto, faz algumas restrições ao vocábulo


possessão:

Antigamente dava-se o nome de possessão ao império exercido pelos


maus Espíritos, quando sua influência ia até à aberração das faculdades.
Mas a ignorância e os preconceitos, muitas vezes, tomaram como posses-
são aquilo que não passava de um estado patológico. Para nós, a possessão
seria sinônimo de subjugação. Não adotamos este termo por dois motivos:
primeiro porque implica a crença em seres criados para o mal e a êle vota-
dos, perpetuamente, quando apenas existem seres mais ou menos imperfei-
tos e todos podem melhorar; segundo, porque êle implica igualmente a idéia
de tomada de posse do corpo pelo Espírito estranho, uma espécie de coabi-
tação, ao passo que existe apenas uma ligação. O vocábulo subjugação dá
uma idéia perfeita. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar da
palavra; há simplesmente obsedados, subjugados e fascinados. (Grifos
Originais).

68
4.5.1) Implicações Terapêuticas

Vamos conferir as implicações práticas, que a simples classificação da ob-


sessão desencadeia:

a) "A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir."

Se queremos tratar obsessores e obsidiados, é imperioso fazer a diferença


entre os diversos caracteres que envolvem o processo obsessivo.
É determinante esta conduta. É preciso, necessário.
Surge a pergunta: - Como proceder?

a.j) Triagem

A Corrente Magnética não é uma terapia isolada. Quando assim afirmamos,


não queremos apenas dizer em relação ao passe, à desobsessão por doutrinação
verbal, ou a toda e qualquer atividade de socorro fluídico. Referimo-nos do mes-
mo modo às reuniões de evangelização espírita-cristã, aos cursos sistematizados
de doutrina espírita, à assistência social espírita etc. Mas há um trabalho de suma
importância, de aspecto prioritário que integra necessariamente este método
desobsessivo: A Triagem.
Triagem é o nome que adotamos para representar a conversação fraterna ou
a anamnese físico-psíquica, que realizamos com todas as pessoas que buscam as
nossas instituições para tratamento.
Processo simples de ouvir o irmão necessitado ou carente, e orientá-lo, con-
forme os postulados espíritas, dentro de nossas próprias limitações. É realizado
com médiuns treinados e aptos para esse fim, de preferência, os mesmos que
atuam nos trabalhos de desobsessão propriamente ditos.
Durante a entrevista, o paciente recebe as recomendações fundamentais
para o tratamento, e preenche-se uma ficha com todos os seus dados, incluindo
uma pequena história de seus problemas e dificuldades. Quando necessário e
conveniente, enriquece-se as informações com comentários dos familiares e
amigos.
O levantamento obtido através da ficha permite a distinção dos diversos pro-
cessos mento-físico-psíquico, obsessivos, que porventura o paciente esteja envol-
vido, levando ao diagnóstico seguro. Auxilia no encaminhamento e evolução do
tratamento, além de ser profundamente útil na vibração, que realizamos em prol
dos mesmos. Permite-nos ainda a análise e avaliação dos fatores de melhora,
tornando mais efetiva e prática as orientações dadas no retorno, para possível alta
ou continuidade do tratamento.
Na seqüência de nossa pesquisa daremos, com minúcias, todos os passos
para quem deseja implantar e aperfeiçoar tal serviço, que exige, pede de quem se
candidata a realizá-lo, paciência, renúncia, estudo e abnegação.

69
a. ) "A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico."
2

O mesmo não poderíamos dizer em relação à Desobsessão?


Todas as vezes que no movimento espírita falamos em Desobsessão, o que
geralmente nos vem à mente são os trabalhos de doutrinação verbal.
Esquecemos das inúmeras formas, meios, processos de medicação espiritual
que o vocábulo com efeito representa.
Desobsessão, como a palavra obsessão, é apenas um termo genérico que
pode designar uma variedade enorme de métodos, voltados para as mesmas me-
tas e objetivos. Indo desdt auto-desobsessão até o auxílio de terceiros na evan-
gelização e educação de obsidiados e obsessores, utilizando-se, para este fim, as
comunicações mediúnicas, as doações fluídicas, magnéticas etc.

a. ) "As principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a


3

subjugação."

Para atender convenientemente cada uma das principais variedades da Ob-


sessão, não poderíamos estabelecer métodos desobsessivos específicos e ade-
quados, racionalizando e objetivando o socorro aos irmãos em sofrimento? O quanto
não lucraríamos com essa iniciativa?
Recorrendo aos exemplos dados pela ciência médica, podemos verificar que
a busca da terapêutica específica é uma conduta usual em qualquer de suas áre-
as.
Na homeopatia, quanto mais exclusiva for a indicação do medicamento, mai-
ores sucessos alcançar-se-ão.
Na alopatia, por exemplo, na prescrição de um quimioterápico, quanto maior
sua especificidade em relação ao agente causador da doença, mais conveniente
será a sua indicação.
O trabalho de Desobsessão por Corrente Magnética se preocupa e deve
preocupar-se com estas questões. O atendimento geral, especializado ou super-
especializado, faz parte de suas ações desobsessivas.

A Terapêutica básica inclui:

1) Reunião Pública de Evangelização e passes espíritas;

2) Triagem ou conversação fraterna;

3) Aulas e estudos em grupos para os pacientes, com informações gerais


sobre o tratamento, a partir de temas como obsessão, problemas familia-
res e pessoais, auto-cura etc;

4) Aulas e estudos em grupos, sistematizados com turmas formadas a partir


de seus problemas comuns, detectados pela ficha de triagem, com abor-
dagem à luz da Doutrina Espírita;

70
5) Passes de desobsessão e Corrente Magnética de atendimento geral;

6) Grupos de vibração, em benefício dos pacientes e seus familiares;

7) Grupos de diagnóstico psíquico;

8) Correntes magnéticas especiais, destinadas a tratamento de casos graves


ou de difícil solução;

9) Trabalhos de desobsessão por doutrinação verbal;

10) Encaminhamento pela triagem a diversas atividades mediúnicas, magnéti-


cas, sociais, educativas, desenvolvidas pela casa espírita, conforme indi-
cação, necessidade e interesse do paciente;

11) Caravanas de culto no lar, visitas e orientações aos familiares e ao próprio


paciente.

Cada uma dessas etapas e atividades serão explicadas e justificadas nos capí-
tulos vindouros.
O que agora nos interessa é chamar a atenção para o fato de que, através da
triagem, nos é possível diagnosticar as fases, graus ou variedades do processo
obsessivo, determinando as condições em que o paciente se encontre, conduzin-
do-o à terapia mais adequada.
A terapêutica básica aqui relacionada permite tratar desde a auto-obsessão,
passando pela influenciação espiritual sutil, até a subjugação e possessão (enten-
dendo este vocábulo como um quadro mais grave da subjugação).

a
- 4 ) "O grau de constrangimento e a natureza dos efeitos que produz
marcam a diferença entre a obsessão, a subjugação e a fascinação."

Ressaltamos este trecho, porque ele representa a viga mestra, a coluna ver-
tebral do trabalho de triagem ou conversação fraterna.
É justamente através do "grau de constrangimento" e a "natureza dos efei-
tos" que se torna possível o diagnóstico diferencial entre as variedades do fenô-
meno obsessivo.
Os desejos, pensamentos e atos dos pacientes comentados ou observados
durante a entrevista é que irão_pejmitir a caracterização desses parâmetros.
Obtido o diagnóstico fica mais fácil a avaliação, prognóstico, orientação, en-
caminhamento e tratamento de cada caso.
Há de enaltecer que a dinâmica da desobsessão por Corrente Magnética
possibilita o atendimento a múltiplos casos, sem perder a visão individual e a ne-
cessidade intrínseca de cada um deles.
71
a. ) Principais Características do Fenômeno Obsessivo
5

Obsessão Simples Subjugação Fascinação

Ação permanente de Ligação moral que É uma espécie de ilu-


um Espírito estranho. paralisa a vontade. são.

Produzida:
Necessidade inces- Impelindo a pessoa às - Por ação direta de
sante de agir desta ou mais desarrazoadas um Espírito estranho;
daquela maneira. ações. - Ora por seus racio-
cínios capciosos.

Esta ilusão produz


logro:
Por vezes, mais con-
Fazer isto ou aquilo. - Coisas morais;
trárias ao seu próprio
interesse. -Falseia o julgamento;
- Leva a tomar-se o mal
pelo bem.

O quadro revela claramente a "natureza dos efeitos" e o "grau de constran-


gimento", permitindo não só o diagnóstico, mas também o que devemos fazer
para auxiliar na recuperação, melhora ou cura.
Compreendendo-o, veremos que a desobsessão para ser adequada, deve de-
senvolver uma ação educativa, aliada à fluídica e mediúnica. Caso contrário, como
já falamos, não será completa.
Na maioria dos textos Kardequianos que tratam do processo obsessivo, os
exemplos dados sempre se estruturaram na relação entre um espírito estranho^
uma pessoa, mostrando as causas e conseqüências da obsessão a partir do encar-
nado. No entanto, como já ressaltamos em vários comentários, na quase totalida-
de das casas espíritas que conhecemos, a desobsessão se volta particularmente
para o desencarnado. Oferece-se aos encarnados apenas as reuniões públicas, os
passes no atendimento geral e quando muito a vibração.
Algumas vezes, procura-se atender entidades ligadas a este ou àquele irmão,
favorecendo-as pela doutrinação, sem dar ao encarnado nenhum atendimento mais

72
especializado, adequado, compatível com suas necessidades reais. Quando assim
se faz, não se desenvolve ação metódica e contínua. E, quando as ações
desobsessivas têm estas características, faltam condições e meios para atender a
vários casos simultaneamente.

Diz Allan Kardec:

"Por sua vontade pode sempre o homem sacudir o jugo dos Espíritos
imperfeitos, porque em virtude de seu livre arbítrio, hâ escolha entre o
bem e o mal. Se o constrangimento chegou a ponto de paralisar a vonta-
de e se a fascinação é tão grande que oblitera a razão, então a vontade
de uma terceira pessoa pode substituí-la." (Revista Espírita, out. 1858,
p.277)."

Hoje, graças ao materialismo reinante e às condições vibratórias do planeta,


até nos casos mais simples, o homem, como podemos julgar a partir de nós mes-
mos, tem necessitado, se não da substituição de sua vontade, pelo menos de auxí-
lio, para que o seu querer possa renovar-se e afirmar-se.
Por essas razões, se um necessita, todos ou quase todos necessitarão.
A terceira pessoa que melhor pode substituir, auxiliar ou educar a vontade de
fluem sofre ou faz sofrer, com conhecimento de causa, tratando os aspectos
fluídicos, ambientais, mentais e espirituais do fenômeno obsessivo, é a Equipe
Espírita.
Esta equipe precisa encontrar métodos seguros que viabilizem o tratamento
das multidões, dando no mesmo patamar assistência ao desencarnado e ao encar-
nado, educando, doutrinando, orientando, evangelizando, empregando os manan-
ciais da terapêutica espírita em benefício de ambos.
A corrente magnética, ou corrente de força, ou corrente mento-eletromag-
nética, representa um dos meios e faculta as condições.
É o único? - Não.
Substitui os outros? - Não.
É o melhor? - Certamente e mais uma vez, Não.
A cadeia magnética desobsessjva é u m elo da imensa corrente de amor que
a Doutrina Espírita vem construindo no mundo procurando libertar mentes e cora-
ções das amarras do ódio e do desequilíbrio.
Como elo, cumpre apenas o seu papel!

4.6) ETIOLOGIA

Sabemos que no campo moral, no pretérito escabroso e na sintonia mental


residem as condições propícias para o desenvolvimento das obsessões. Nunca

73
será uma ação externa ou uma via única, mas uma mão dupla de correspondência
e reciprocidade:

A etiologia das obsessões é complexa e profunda, pois que se origina


nos processos morais lamentáveis, em que ambos os comparsas da aflição
dementante se deixaram consumir pelas vibrações degenerescentes da
criminalidade que passou, invariavelmente, ignorada da coletividade onde_
viveram como protagonista do drama ou da tragicomedia em que se consu-
miram.
Reencontrando-se, porém, sob o impositivo da Lei inexorável da Divina.
Justiça, que estabelece esteja o verdugo jugulado à vítima, pouco importan-
do o tempo e a indumentária que os distancia ou caracteriza, tem início o
comércio mental, às vezes aos primeiros dias da concepção fetal, para cres-
cer em comunhão acérrima no dia-a-dia da caminhada carnal, quando não
precede à própria concepção...
Simples, de fascinação e de subjugação, consoante a classificação do
Codificador do Espiritismo, é sempre de difícil extirpação, porquanto o
obsidiado, em si mesmo, é um enfermo do espírito. (Manoel P. de Miranda,
Nos Bastidores da Obsessão, 2. ed., p.30).

O conhecimento das causas das patologias inclui, necessariamente^o estudo


dos agentes etiológicos.
No caso da Obsessão, o agente pode estar representado não só pelo
desencarnado mas também pelo encarnado.
A síndrome obsessiva é acima de tudojjm fenômeno de espírito a espírito,
independente das condições em que se encontrem. A indumentária, como diz
Manoel Philomeno, pouco importa. "Aquele que importuna" ou que "se vale das
possibilidades alheias", assim procede, não levando em consideração o veículo
que lhe caracteriza as manifestações.

4.6.1) Identificando os Agentes Etiológicos da Obsessão

4.6.1.1) Desencarnado x Encarnado

"Espíritos desencarnados e encarnados de condição enfermiça sintoni-


zam-se uns com os outros, criando prejuízos e perturbações naqueles que
lhes sofrem a influência vampirizadora, lembrando vegetais nobres quejpa-
rasitos arrasam, depois de solapar-lhes todas as resistências." (André Luiz,
Desobsessão, 6. ed., p. 18).

Esta relação enfermiça é a mais comum entre todas as existentes no processo


obsessivo sendo freqüentemente a mais estudada e comentada.

74
As causas variam enormemente:

As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É,


às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda
queixas do tempo de outras existências. Muitas vezes, também, não hâ mais
do que o desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que
os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os
vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba,
porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a
cansar-se. Com o irritar-se e mostrar-se despeitado, o perseguido faz exa-
tamente o que quer o seu perseguidor. Esses Espíritos agem, não raro por
ódio e inveja do bem; daí o lançarem suas vistas malfazejas sobre as pesso-
as mais honestas.[...].
Há Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa mesmo denotam
de bom, mas dominados pelo orgulho do falso saber. Têm suas idéias, seus
sistemas sobre as ciências, a economia social, a moral, a religião, a filoso-
fia, e querem fazer que suas opiniões prevaleçam. Para esse efeito, procu-
mm médiuns bastante crédulos para os aceitar de olhos fechados e que eles^
fascinam, a fim de os impedir de discernirem o verdadeiro do falso. (O
Livro dos Médiuns, 48. ed., FEB, item 245-246).

É importante fixar a regra geral enunciada por Kardec: "As causas da obses-
são variam, de acordo com o caráter do espírito."
Independente da expressão do processo obsessivo, esta regra se aplica. Daí
podermos imaginar a quantidade de fatores, condições e as características que a
patologia envolve. Gama imensa dos agentes e causas etiológicas.

4.6.1.2) Encarnado x Desencarnado

A relação contrária também é verdadeira:

Via de regra, quando se fala em obsessão, ocorre-nos logo o seguinte


conceito:
Espírito ou Espíritos menos esclarecidos influenciando, prejudicialmente,
a vida dos encarnados.
Quase ninguém, ou melhor, ninguém admite o lado inverso da realidade,
isto é, o encarnado influenciando, prejudicialmente, o desencarnado.
Ninguém se lembra desse estranho e aparentemente paradoxal tipo de
obsessão, em que os "vivos" do mundo envolvem os "mortos" na teia dos
seus pensamentos desequilibrados e enfermiços, exercendo sobre os que já
partiram para o Além terrível e complexa obsessão.
Pois esse tipo de obsessão não é tão insólito, como erroneamente pensa-
mos.

75
Há muitos Espíritos sofrendo a influenciação dos encarnados e lutando,
tenazmente, para se livrarem dessa influenciação.
Quem se familiariza com trabalhos práticos, sem dúvida já presenciou
desesperadas reclamações de Espíritos, de que Fulano ou Beltrano (en-
carnado) não lhe dá trégua, não deixa, um instante sequer, de atraí-lo para
junto de si. (Martins Peralva, Estudando a Mediunidade, 10. ed., p.106).
(Grifos Originais).

Exemplificando, Martins Peralva cita uma passagem do livro Nos Domínios da


Mediunidade:

Tem a palavra Abelardo, cooperador de boa vontade do plano espiritual,


que se dirige ao Assistente Áulus:
"- Meu caro Assistente - continuou, inquieto -, venho rogar-lhe auxílio
em favor de Libório. O socorro do grupo mediúnico melhorou-lhe as dispo-
sições, mas agora é a mulher que piorou, perseguindo-o..."
Qualquer um de nós, ante esse apelo, faria logo o seguinte raciocínio:
Libório é o encarnado amparado pelo grupo mediúnico, e "a mulher que
piorou" é a entidade que o persegue.
Tal entretanto não se dá. Libório é o Espírito perseguido por Sara, criatu-
ra ainda encarnada e a quem se ligou, no mundo, por descontrolada paixão.
Sintonizados na mesma faixa vibracional deprimente, estão ligados um ao
outro, acusando dolorosa e complexa simbiose obsessional. (p.107).

Na continuidade do texto, Peralva traz a avaliação do Assistente a respeito do


caso:

"Áulus auscultou-o, paternalmente, e, em seguida, informou:


- O pensamento da irmã encarnada que o nosso irmão vampiriza está
presente nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma
onda. É um caso de perseguição recíproca." (p.108).

A principal causa desse tipo de interação obsessiva "é a sintonização na


mesma onda", por aqueles que se deixam arrastar pelas paixões aviltantes ou os
que não compreendem a importância de deixar "aos mortos o cuidado de enterrar
os seus mortos".

4.6.1.3) Desencarnado x Desencarnado

Nas regiões umbralinas é comum a influência nefasta de determinados es-


píritos que assumem a posição de "comandantes" ou "chefes", escravizando

76
através da hipnose, submetendo outras mentes desencarnadas às suas decisões
e interesses.
Manoel P. de Miranda nos dá notícia a respeito no livro Nos Bastidores da
Obsessão (2. ed., p.161):

Cercado por acólitos paramentados estranhamente, que se faziam secre-


tários e selecionavam os casos para o Chefe, também se apresentava res-
guardado por entidades ferozes, em cujos semblantes, sulcados por fundos
sinais de perturbação íntima, a hipnose produzira estados de alucinação e
truculência. Incapazes de qualquer raciocínio, tais seres exteriorizavam a
acuidade do animal que resguarda o amo e agride os menos vigilantes. Den-
tre eles se destacavam os que foram vítimas de transformações nas sedes
do perispírito, ali presentes possivelmente com a finalidade de criarem con-
dicionamentos psicológicos de medo, nos consulentes menos avisados.

O magnetismo tanto pode algemar mentes, como libertá-las, dependendo da


motivação e da forma de aplicação.
O Espírito doente que se torna escravo dos próprios erros, cria condições
predisponentes a imantação de ordem inferior, das quais aproveitam antigos desafetos,
adversários fortuitos, aproveitadores infelizes e vampirizadores ferozes.
A obsessão entre desencarnados é fato corriqueiro.
Os motivos são os mesmos dos quadros anteriores e variam conforme a re-
gra apresentada: "segundo o caráter dos espíritos envolvidos".

4.6.1.4) Encarnado x Encarnado

4.6.1.4.1) Opinião do Espírito E. Quinemant

"Encontro no caso mesmo da obsessão uma confirmação, uma prova em


apoio de minha teoria, lembrando que a obsessão se exerce também de
incarnado a incarnado, e que se tem visto magnetizadores aproveitando
o domínio que exerciam, para levar seus sonâmbulos a cometer ações cen-
suráveis." (Revista Espírita, jun. 1867, p.192). (Grifos Originais).

4.6.1.4.2) Opinião de Emmanuel

"Observando-se a mediunidade como sintonia, a obsessão é o equilíbrio


de forças inferiores, retratando-se entre si.
Fenômeno de reflexão pura e simples, não ocorre tão-somente dos cha-
mados mortos para os chamados vivos, porque, na essência, muita vez
aparece entre os próprios Espíritos encarnados a se subjugarem recipro-
camente pelos fios invisíveis da sugestão." (Pensamento e Vida, 8. ed.,
p.123). (Grifos Originais).

77
4.6.1.4.3) Opinião de Manuel P. de Miranda

Obsessões especiais também identificamos, que são produzidas por en-


carnados sobre encarnados.
O pensamento é sempre o dínamo vigoroso que emite ondas e que regis-
tra vibrações, em intercâmbio ininterrupto nas diversas faixas que circulam
a Terra.
Mentes viciadas e em tormento, não poucas vezes escravas da monoideia
o.bsessiva, sincronizam com outras mentes desprevenidas e ociosas, geran-
do pressão devastadora. (Nos Bastidores da Obsessão, 2. ed., p.34).

Hipnose, sugestão recíproca, intercâmbio pelo dínamo vigoroso do pensa-


mento, determinados pelos laços do aproveitamento ilícito, pelos devaneios das
paixões e desalinho das emoções, em clichês mentais permanentemente criados e
mantidos em subjugações comuns, explicam a obsessão entre os encarnados.
A extensão e variedade das interelações existentes dificilmente poderão ser
quantificadas, dado o atraso mental e moral que domina a vida na Terra.
A maioria de nossas relações afetivas são cultivadas no terreno do ciúme,da
inveja, da prepotência, do orgulho e da invigilância. Naturalmente, os frutos que
daí procedem são nefastos e doentios, causando não só enfermidades em nós
mesmos, como nos outros.
A obsessão entre encarnados tem na convivência familiar um dos seus prin-
cipais focos e campo de manifestação, irmãos que se influenciam mutuamente,
pais que obsidiam filhos, esposos que subjugam esposas, e vice-versa.
As manifestações das paixões inferiores, reinantes na quase totalidade dos
lares, têm origem quase sempre no pretérito, e a reencarnação apenas os reaviva,
facilitando aos envolvidos a lapidação necessária ou a lavagem comum das rou-
pas íntimas, que juntos enlamearam em passado recente.

Considerando, desse modo, que o presente continua o pretérito, encon-


tramos obsessores reencarnados, na experiência mais íntima.
Muitas vezes, estão rotulados com belos nomes.
Vestem roupa carnal e chamam-se pai ou mãe, esposo ou esposa, filhos
ou companheiros familiares na lareira doméstica.
Em algumas ocasiões, surgem para os outros na apresentação de santos,
sendo para nós benemerentes verdugos.
Sorriem e ajudam na presença de estranhos e, a sós conosco, dilaceram
e pisam, atendendo, sem perceberem, ao nosso burilamento. (Emmanuel,
Seara dos Médiuns, 3. ed., lição Obsessores).

O fogo doméstico espalha-se igualmente na sociedade, por mecanismos na-


turais. Apagâ-lo, diminuir progressivamente a lenha imprópria que o mantém e
ttansformar-lhe as cinzas, dando-lhe vida nova, é função primordial das ativida-
des desobsessivas:

78
A melhor maneira de extinguir o fogo é recusar-lhe combustível. A fra-
ternidade operante será sempre o remédio eficaz, ante as perturbações dessa
natureza. Por isso mesmo, o Cristo aconselhava-nos o amor aos adversári-
os, o auxílio aos que nos perseguem e a oração pelos que nos caluniam,
como atitudes indispensáveis à garantia de nossa paz e de nossa vitória.
(André Luiz, Nos Domínios da Mediunidade, 12. ed., p.187).

4.6.1.5) Auto-Obsessão

Cumpre também dizer que amiúde se atribuem aos Espíritos maldades de


que eles são inocentes. Alguns estados doentios e certas aberrações que se
lançam à conta de uma causa oculta, derivam do Espírito do próprio indiví-
duo. As contrariedades que de ordinário cada um concentra em si mesmo,
principalmente os desgostos amorosos, dão lugar, com freqüência, a atos
excêntricos, que fora errôneo considerar-se fruto da obsessão. O homem
não raramente é o obsessor de si mesmo. (Allan Kardec, Obras Póstumas,
23. ed., FEB, p.72).

O livro Libertação (12. ed., p.139), ditado pelo espírito André Luiz com
psicografia de Francisco Cândido Xavier, exemplifica esta etiologia obsessiva,
contando a história de um investigador de polícia que abusou de suas prerrogati-
vas para humilhar e ferir:

- Este amigo, no fundo, está perseguido por si mesmo, atormentado pelo


que fêz e pelo que tem sido. Só a extrema modificação mental para o bem
poderá conservá-lo no vaso físico; uma fé renovadora, com esforço de re-
forma persistente e digna da vida moral mais nobre, conferir-lhe-á diretri-
zes superiores, dotando-o de forças imprescindíveis à auto-restauração. Per-
manece dominado pelos quadros malignos que improvisou em gabinetes iso-
lados e escuros, pelo simples gosto de espancar infelizes, a pretexto de
salvaguardar a harmonia social. A memória é um disco vivo e milagroso.
Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e
ouvimos... Por intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de
nós mesmos.

Além dos erros conscienciais, os desgastes amorosos, os atos excêntricos e a


hipocondria respondem pela maioria dos quadros auto-obsessivos que rotineira-
mente podemos encontrar e diagnosticar:

Dirija um homem a sua vontade para a idéia de doença e a moléstia lhe


responderá ao apelo, com todas as características dos moldes estruturados
£elo pensamento enfermiço, porque a sugestão mental positiva determina a_

79
sintonia e receptividade da região orgânica, em conexão com o impulso
havido, e as entidades microbianas, que vivem e se reproduzem no campo
mental dos milhões de pessoas que as entretém, acorrerão em massa, ab-
sorvidas pelas células que as atraem, em obediência às ordens interiores,
reiteradamente recebidas, formando no corpo a enfermidade idealizada. [...],
o doente que se compraz na aceitação e no elogio da própria decadência
acaba na posição de excelente encubador de bactérias e sintomas mórbi-
dos, [...]. (Libertação, 12. ed., p. 30).

A imersão no passado reencarnatório, através da cristalização mental,


induzida ou não por um obsessor desencarnado, pode caracterizar uma auto-
obsessão de difícil diferenciação em relação aos agentes etiológicos anterio-
res.
No capítulo 22, do livro Nos Domínios da Mediunidade (André Luiz, 12.
ed., p. 211), encontramos um caso de uma senhora enferma, presente a uma reu-
nião de desobsessão por doutrinação verbal, que em certo momento passa por um
transe em tudo compatível com uma verdadeira incorporação, refletindo uma pos-
sível influência obsessiva entre desencarnado e encarnado. Mas, a explicação do
instrutor Aulus mostra que a verdadeira causa do desajuste derivava do espírito
da personagem, ao reviver uma de suas existências:

Estamos diante do passado de nossa companheira. A mágoa e o azedu-


me, tanto quanto a personalidade supostamente exótica de que dá testemu-
nho, tudo procede dela mesma... Ante a aproximação de antigo desafeto,
que ainda a persegue de nosso plano, revive a experiência dolorosa que lhe
ocorreu, em cidade do Velho Mundo, no século passado, e entra em seguida
a padecer insopitável melancolia. [...].
- Isso quer dizer que nossa irmã imobilizou grande coeficiente de forças
do seu mundo emotivo, em torno da experiência a que nos referimos, a
ponto de semelhante cristalização mental haver superado o choque biológi-
co do renascimento no corpo físico, prosseguindo quase que intacta. Fixan-
do-se nessa lembrança, quando instada de mais perto pelo companheiro que
lhe foi irrefletido algoz, passa a comportar-se qual se estivesse ainda no
passado que teima em ressuscitar. É então que se dá a conhecer como
personalidade diferente, a referir-se à vida anterior.

Muitas vezes achamos que a auto-obsessão é um fenômeno raro. Quase


sempre, atribuímos aos desencarnados as responsabilidades e ações nos distúrbi-
os psíquicos que somos chamados a colaborar na solução precisa. De maneira
simplista e superficial analisamos os agentes, sem atinar que "o homem não rara-
mente é obsessor de si mesmo".

80
O método de vida que a sociedade moderna tem desenvolvido vem suscitan-
do, de maneira bem mais freqüente, esta condição obsessiva:

Pensar demais em si mesmo e nos próprios problemas, determina uma


auto-obsessão.
O indivíduo passa a ser o "obsessor de si mesmo".
Não haverá um perseguidor: ele é, ao mesmo tempo, obsessor e obsidiado.
Obsessão sui generis - reconhecemos, mas que existe, sem dúvida al-
guma, quer entre encarnados, quer entre desencarnados.
É muito difícil de ser removida ... (Martins Peralva, Estudando a Me-
diunidade, 10. ed., p.195). (Grifo Original).

A auto-obsessão na verdade engloba uma série de outras síndromes e carac-


teriza distúrbios da personalidade que devem ser precisamente diagnosticados e
convenientemente tratados.

4.6.1.6) Obsessão Recíproca

Suely Caldas Schubert, no livro Obsessão - Desobsessão - Profilaxia e


Terapêutica Espírita, menciona a obsessão recíproca como uma expressão da
síndrome obsessiva.
Apesar de não discordarmos, porque a sua argumentação parte do texto de
André Luiz, anteriormente citado, quando discutimos a relação entre encarnado e
desencarnado, não iremos adotar esta etiologia por achar que todo processo ob-
sessivo é de alguma forma recíproco. Do ódio às paixões, a simbiose é marca
comum, imprimindo à obsessão sempre o aspecto de relação mútua:

Não há, por isto, obsessão unilateral. Toda ocorrência desta espécie se
nutre à base de intercâmbio mais ou menos completo. Quanto mais susten-
tadas as imagens inferiores de um Espírito para outro, em regime de permu-
ta constante, mais profundo o poder da obsessão, de vez que se afastam da
justa realidade para o circuito de sombra em que se entregam a mútuo
fascínio. (Emmanuel, Pensamento e Vida, 8. ed., p. 124).

Compartilha da mesma opinião o Espírito Manoel P. de Miranda:

Sempre que há obsessão convém analisar em profundidade a questão da


perfeita sintonia que mantém o obsidiado com a entidade obsidente.
Todo problema obsessivo procede sempre da necessidade de ambos os
espíritos em luta aflitiva, vítima e algoz, criarem condições de superação
das próprias inferioridades para mudar de clima psíquico, transferindo-se
emocionalmente para outras faixas do pensamento (Nos Bastidores da
Obsessão, 2. ed., p.39).

81
Obsessão recíproca a nosso ver é um pleonasmo.
A reciprocidade é parte interativa da própria definição da patologia.
A obsessão é um parasitismo que se exprime no contexto simbiótico, onde
não existe beneficiado, mas complementação inferior.

4.6.1.7) Obsessão Mista

Na prática, dificilmente iremos encontrar apenas uma das interações anteri-


ormente comentadas. A caracterização dos agentes etiológicos chega a ser muito
mais uma realidade teórica, que uma condição que possa ser facilmente identifi-
cada.
Tomemos o exemplo de um encarnado vivendo uma auto-obsessão. A conti-
nuidade do desequilíbrio poderá fazê-lo associar-se a um desencarnado em sofri-
mento, constituindo uma auto-obsessão seguida por um fenômeno obsessivo entre
encarnado e desencarnado de forma simultânea. Este desencarnado poderá estar
sendo obsidiado por outro, ou por uma mente encarnada mais poderosa, ou mes-
mo sofrendo um processo auto-obsessivo.
Por outro lado, o encarnado envolvido em tal quadro ainda poderá estar
obsidiando ou sendo obsidiado por outro encarnado.
Em apenas um caso, poderiam estar presentes todos os agentes que caracte-
rizam a síndrome obsessiva.
Na maioria das vezes iremos detectar duas ou mais expressões do fenôme-
no. As possibilidades interativas ou combinações diversas são quase infinitas.
Qual a explicação para o fato?
A explicação é simples. Todo mecanismo da ação obsessiva se fundamenta
nos alicerces mentais:

Se o homem pudesse contemplar com os próprios olhos as correntes de


pensamento, reconheceria, de pronto, que todos vivemos em regime de co-
munhão, segundo os princípios da afinidade.
A associação mora em todas as coisas, preside a todos os acontecimen-
tos e comanda a existência de todos os seres. [...].
Assimilamos os pensamentos daqueles que pensam como pensamos.
É que sentindo, mentalizando, falando ou agindo, sintonizamo-nos com as
emoções e idéias de todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas, da
nossa faixa de simpatia.
Estamos invariavelmente atraindo ou repelindo recursos mentais que se
agregam aos nossos, fortificando-nos para o bem ou para o mal, segundo a
direção que escolhemos.

82
Em qualquer providência e em qualquer opinião, somos sempre a soma
de muitos.
Expressamos milhares de criaturas e milhares de criaturas nos expres-
sam. (Emmanuel, Pensamento e Vida, 8. ed. lição 08).

A obsessão mista é a doença comum, resultante destas associações mentais,


quando a assimilação, em regime de comunhão foi fortificada e direcionada para
as esferas inferiores da alma. É a soma de muitos, encarnados e desencarnados,
na mesma faixa de desequilíbrio.

4.6.1.8) Obsessão Epidêmica ou Coletiva

A obsessão epidêmica ou coletiva merece destaque em nossa pesquisa. Inú-


meros acontecimentos infelizes que a imprensa mundial tem relatado com fre-
qüência, envolvendo grupos ou multidões, refletem esta condição interativa.
O tema é de suma importância, por isso, reservamos um capítulo à parte
(cap. IX), somente para o estudo detalhado, diagnóstico, identificação e trata-
mento desse processo obsessivo.

4.6.2) Implicações Terapêuticas

A partir dos trabalhos de desobsessão por doutrinação verbal ou evange-


lização pela palavra, procuremos estudar o tratamento dos principais agentes
etiológicos da obsessão, verificando se é viável o atendimento de todos os proces-
sos anteriormente mencionados:

4.6.2.1) Desencarnado x Encarnado

É perfeitamente possível o atendimento direto do desencarnado, em pequeno


número. Segundo André Luiz no livro Desobsessão (lição 20): "Todos os compo-
nentes da equipe assumirão funções específicas. Num grupo de 14 integrantes,
por exemplo, trabalharão 2 a 4 médiuns esclarecedores; 2 a 4 médiuns passistas e
4 a 6 médiuns psicofônicos."
Segundo o mesmo autor, no mesmo livro (lição 40): "Só se devem permitir, a
cada médium, duas passividades por reunião, [...]." Conseqüentemente teremos
no máximo 8 a 12 comunicações.
Sabemos que existe o atendimento indireto de vários outros desencarnados,
situados na mesma faixa vibratória da entidade a que venha ser doutrinada, mas
por ação direta, somente doze poderão ser orientados. Muito pouco, tendo em
vista a quantidade de obsessores presentes em apenas um processo obsessivo^

83
Quanto aos encarnados, as possibilidades são muito mais reduzidas. Orienta
o livro já citado que os obsessos apenas influenciados ou fixados em fase inicial
de perturbação devem receber socorro breve, retirando-se do recinto em seguida,
sendo que somente diante dos processos obsessivos indiscutivelmente instalados
é que o grupo deve e pode "acolher o obsidiado e seus acompanhantes, acomo-
dando-os no banco ou nas cadeiras, colocados à retaguarda, onde receberão a
assistência precisa." (lição 23).
A maioria das interações se situa na faixa das influenciações sutis como
veremos nos próximos tópicos, condição que, em virtude da especialidade da tera-
pia desobsessiva por doutrinação verbal, não permite a presença do enfermo du-
rante todo o desenrolar da atividade, mesmo nos casos graves a freqüência ocor-
re em condições mínimas.

4.6.2.2) Desencarnado x Desencarnado

Em relação a esta etiologia, o atendimento é integral, ficando à margem ape-


nas a questão numérica.

4.6.2.3) Encarnado x Desencarnado

Dadas as considerações anteriores e a ausência de procedimentos diagnósti-


cos, é muito mais comum o socorro ao desencarnado, do que ao encarnado, prin-
cipal agente dessa relação obsessiva.

4.6.2.4) Encarnado x Encarnado

Aqui as possibilidades de socorro são extremamente reduzidas, em razão das


finalidades, dinâmica e desenvolvimento da terapia desobsessiva por doutrinação
verbal.

4.6.2.5) Auto-Obsessão

Mesmo enfoque anterior. Em relação aos desencarnados, os recursos


terapêuticos são inteiramente compatíveis; já em relação ao encarnado, nem sem-
pre ou muito raramente, constatamos na prática, o socorro por este método, a
essa classe de enfermos da alma.

4.6.2.6) Obsessões Mistas

Como esta interação é um conjunto ou a configuração de todos os processos


84
anteriores, as condições de tratamento se esbarram na questão numérica, na im-
possibilidade de atendimento de múltiplos casos e no socorro mais amplo aos en-
carnados.

4.6.2.7) Obsessões Epidêmicas

Seguindo orientação do Espírito André Luiz (lição 73): "[...], ultrapassada a


quota de quatorze partícipes do conjunto, o diretor da casa auxiliará os companhei-
ros excedentes na formação de nova equipe [...]." Mesmo que várias equipes movi-
das pelo mesmo intento e método viessem a se formar, acreditamos que não seria
possível atender convenientemente aos inúmeros casos que esta relação obsessiva
implica.
Suponhamos que 10 grupos de quatorze médiuns se constituíssem na mesma
organização espírita. O número máximo de desencarnados a serem atendidos, se-
manalmente, iria variar entre 80 a 120 entidades, e com muito otimismo 1/8 a 1/4
desse número em relação aos encarnados. Mais uma razão para compreendermos o
relato do Presidente da Sociedade de Bordeaux que há 129 anos atrás dizia a Kardec:
"Aliás, há em Bordeaux muitos casos de obsessão e uma sessão por semana, espe-
cialmente consagrada à evocação e à moralização dos obsessores está longe de ser
suficiente."

4.6.2.8.) Quadro Geral

O tratamento de uma patologia tão complexa como a obsessão não pode, como
mais uma vez observamos, ser desenvolvido por um único processo ou por um conjun-
to de pequenas iniciativas.
Admitir que uma reunião semanal consagrada à moralização de espíritos enfer-
mos é representativa ou significativa no real combate das causas e conseqüências do
flagelo obsessivo, é fugir espontaneamente da realidade ou enganar-se, contribuindo
para facilitar a posição cômoda da grande maioria.
Vez por outra, surgem iniciativas pessoais ou de grupos na tentativa edificante de
desdobrar a terepêutica Kardequiana em novos métodos, que venham a contribuir e
somar. Mas imediatamente sofrem as reações da ortodoxia, fixada em análises, per-
guntas e questionamentos diversos, tentando sempre, obstaculizar antes de contribuir
para o crescimento. Insistem que os meios já empregados ou conhecidos são suficien-
tes, esquecendo-se da teoria e encastelando-se em opiniões pessoais.
Se sintetizarmos as anotações dos itens anteriores em um quadro geral, veremos
que este tipo de conduta e abordagem não procede:

85
DESOBSESSÃO POR DOUTRINAÇÃO VERBAL

AGENTES ETIOLÓGICOS CONDIÇÕES DE ATENDIMENTO

Desencarnado Atende-se ao desencarnado em pequeno nú-


X mero e ao encarnado em número reduzidís-
Encarnado simo.

Desencarnado Atendimento integral não sendo possível po-


X
rém, o socorro a um grande número de sofre-
Desencarnado dores.

Encarnado Trata-se mais comumente a vítima [o desen-


X
carnado] mas pouco se faz em relação ao
Desencarnado principal agente [o encarnado].

Encarnado
Aqui são quase nulas as possibilidades de
X
assistência.
Encarnado

Os cuidados em relação aos encarnados são ra-


Auto-Obsessão ros; quanto aos desencarnados a questão numé-
rica dificulta uma ação mais ampla.

Depende muito do processo interativo mas, o


Obsessões Mistas certo é que pouco se faz em relação aos encar-
nados.

Os múltiplos casos que esta etiologia encerra,


Obsessões Epidêmicas inviabiliza o seu tratamento por esse meio te-
rapêutico.

86
Não queremos, com o levantamento de todos esses pontos, dizer que a
Desobsessão por Doutrinação Verbal é imprópria ou inadequada à prática
desobsessiva. Queremos chamar a atenção que o método por nós mais conheci-
da, divulgado e praticado, não tem emprego universal e, inviabiliza-se, quando o
objetivo e necessidade nos impulsionam ao socorro de multidões de sofredores,
particularmente aos encarnados.
Há variáveis para o emprego do método em discussão, mas freqüentemente
na maioria das instituições espíritas, o trabalho é desenvolvido segundo as normas
especificadas anteriormente.
Conseqüentemente, se não é possível atendermos todos os agentes e causas
da obsessão, como poderemos ficar imóveis sem buscar novos métodos comple-
mentares para a solução de processos tão graves? De que forma haveremos de
defender em trincheiras de palavras soluções antigas, que apesar de primorosas
não cobrem terapéuticamente falando os principais agentes e causas da síndrome
obsessiva?

4.7) EPIDEMOLOGIA

4.7.1) Distribuição Geográfica

A freqüência e distribuição do processo obsessivo como comentamos anteri-


ormente é mundial. Pode ser diagnosticado em todos os continentes e países, em
se referindo aos encarnados e, além das fronteiras físicas, nos planos mais den-
sos, como as regiões umbralinas, é universal.

"O estudo da obsessão, conjugado à mediunidade, se realizado em maior


amplitude, abrangeria o exame de quase toda a Humanidade terrestre."
(André Luiz, Mecanismos da Mediunidade, 8. ed., p.169).

4.7.2) Portas de Entrada

A invigilância moral e a associação mental são as portas ou condições propícias


que permitem a penetração, instalação e disseminação da enfermidade obsessiva.

Em toda obsessão, mesmo nos casos mais simples, o encarnado conduz


em si mesmo os fatores predisponentes e preponderantes - os débitos mo-
rais a resgatar - que facultam a alienação.
Descuidado quase sempre dos valores morais e espirituais - de-
fesas respeitáveis que constroem na alma um baluarte de difícil trans-
posição -, o candidato ao processo obsessivo é irritável, quando não nos-
tálgico, ensejando pelo caráter impressionável o intercâmbio, que também

87
pode começar nos instantes de parcial desprendimento pelo sono, quando,
então, encontrando o desafeto ou a sua vítima dantanho, sente o espicaçar
do remorso ou o remorder da cólera, abrindo as comportas do pensamento
aos comunicados que logo advirão, sem que se possa prever quando termi-
nará a obsessão, que pode alongar-se até mesmo depois da morte...
Estabelecido o contacto mental em que o encarnado registra a interfe-
rência do pensamento invasor, soa o sinal alarmante da obsessão em pleno
desenvolvimento... (Manoel P. de Miranda, Nos Bastidores da Obsessão,
2. ed., p.31). (Grifos Originais). (Negritos nossos).

4.7.3) Implicações Terapêuticas

Insistindo em raciocínios anteriores, não podemos deixar de ver: se a obsessão


conjugada à mediunidade abrange o exame de quase toda a humanidade; se o
obsessor em sinomínia correta é aquele que importuna; se o obsidiado encarnado
traz em si mesmo os fatores predisponentes e preponderantes que facultam a
alienação; se o contato mental é o fio que permite a relação obsidente; se somen-
te os centros espíritas na atualidade possuem conveniente terapêutica; então e,
necessariamente, deveremos desenvolver e aplicar métodos voltados para as
multidões. Métodos que incluam em seus procedimentos terapêuticos, tanto o
desencarnado como o encarnado, em qualquer número e independente dojgrau
em que a interação obsessiva se manifeste. Caso contrário, estaremos atuando
em determinado seguimento das relações obsessivas, mesmo que esta atuação
seja eficiente e revestida de frutos.

4.8) QUADRO CLÍNICO

As manifestações clínicas da síndrome obsessiva são extremamente variá-


veis e extensas. Das enfermidades mentais às físicas, dos desajustes do compor-
tamento aos estados ansiosos, identificamos sintomas que caracterizam clara-
mente a interação psíquica de cunho inferior.
A obsessão produz desde quadros aparentemente assintomáticos ou ocultos
até as formas extremamente graves ou complexas, podendo levar o obsidiado ao
suicídio e ao crime.
O período de incubação ou sinal alarmante da obsessão em desenvolvimento
nem sempre é facilmente percebido, quer pelo sofredor em desequilíbrio ou por
aqueles que convivem com ele. A dificuldade se deve ao fato de ser o processo
todo mental e a sintomatologia que surge a partir daí, efeitos de causas ou estados
vibratórios interativos e profundos.
Apesar da dificuldade em definir quando a obsessão tem início, poderíamos
classificar as formas clínicas em agudas e crônicas:

88
- AGUDA: quando a enfermidade irrompe de um momento para o outro, a
partir de desequilíbrios vividos intimamente e não rotineiramente demonstráveis;

- CRÔNICA: quando o início se manifesta de forma arrastada, bem como a


sua evolução.

Há obsessões de tão difícil solução que a própria encarnação do obsidiado já


é em si uma desobsessão. Por outro lado, ocorrem as formas por assim dizer
inaparentes ou oligossintomáticas, definidas como "meio-obsessões de quase
obsidiados" por André Luiz. Ambas causam danos sérios aos seres humanos dos
dois planos da existência.
A gama imensa de sintomas que fazem parte do quadro clínico da doença
obsessiva pode ser dividida em Mentais e Físicos. A mente é a matriz; o físico,
o elemento de ressonância.
Procurando dissecar os principais aspectos clínicos da enfermidade, estu-
dando inclusive a sua origem, destacaremos, nos tópicos seguintes, os comentári-
os do Espírito Manoel P. de Miranda e de Allan Kardec, a respeito do tema.

4.8.1) Quadro Mental e Fatores Predisponentes

Idéia negativa que se fixa, campo mental que se enfraquece, dando ense-
jo a idéias negativas que virão.
Da mesma forma que as enfermidades orgânicas se manifestam onde há
carência, o campo obsessivo se desloca da mente para o departamento
somático onde as imperfeições morais do pretérito deixaram marcas pro-
fundas no perispírito.
Tabagismo - O fumo, pelos danos que ocasiona ao organismo, é, por
isso mesmo, perigo para o corpo e para a mente.
Hábito vicioso, facilita a interferência de mentes desencarnadas também
viciadas, que se ligam em intercâmbio obsessivo simples a caminho de dolo-
rosas desarmonias...
Alcoolofilia - Embora necessário para organismo sujeito a climas frios,
o álcool em dosagens mínimas acelera a digestão, facilitando a diurese. No
entanto, pelas conseqüências sócio-morais que acarreta, quando se perver-
te em viciação criminosa, simples em começo e depois aberrante, é veículo
de obsessores cruéis, ensejando, a alcoólatras desencarnados, vampirismo
impiedoso, com conseqüentes lesões do aparelho fisiopsíquico.
Sexualidade - Sendo porta de santificação para a vida, altar de preser-
vação da espécie, é, também, veículo de alucinantes manifestações de mentes
atormentadas, em estado de angústia pertinaz. Através dele, sintonizam

89
consciências desencarnadas em indescritível aflição, mergulhando, em hos-
pedagem violenta nas mentes encarnadas, para se demorarem em absor-
ções destruidoras do plasma nervoso, gerando obsessões degradantes...
Estupefacientes - À frente da ação deprimente de certas drogas que
atuam nos centros nervosos, desbordam-se os registros da subconsciencia,
e impressões do pretérito ressurgem, misturadas às frustrações do presen-
te, já em depósito, realizando conúbio desequilibrante, através do qual de-
sencarnados em desespero emocional se locupletam, ligando-se aos ator-
mentados da Terra, conjugando à sua a loucura deles, em possessão selva-
gem...
Alienação mental - Sendo todo alienado, conforme o próprio verbete
denuncia, um ausente, a alienação mental começa, muitas vezes, quando o
espírito retoma o corpo pela reencarnação em forma de limitação punitiva
ou de corrigenda, ligado a credores dantanho, em marcha inexorável para o
aniquilamento da razão, quando não se afirma nas linhas do equilíbrio mo-
ral...
Glutoneria, maledicência, ira, ciúme, inveja, soberba, avareza, medo, ego-
ísmo, são estradas de acesso para mentes desatreladas do carro somático
em tormentosa e vigilante busca na Erraticidade, sedentas de comensais,
com os quais, em conexão segura, continuam o enganoso banquete do pra-
zer fugido... (Manoel Philomeno de Miranda, Nos Bastidores da Obses-
são, 2. ed., p.28). (Grifos Originais).

4.8.2) Enfermidade Física e Ação Obsessiva

Escreve o Codificador na Revista Espírita de Abril de 1862 (p. 109): "Está


demonstrado pela experiência que os Espíritos perversos não só agem sobre o
pensamento, mas, também, sobre o corpo, com o qual se identificam e do qual se
servem como se fosse o próprio;[...]."

4.8.2.1) Gênese das Doenças Físicas

- Os atos infelizes, deliberadamente praticados, em razão da força men-


tal de que necessitam, destroem os tecidos sutis do perispírito que, se res-
sentindo do desconcerto, deixarão matrizes na futura forma física, na qual
se manifestarão as deficiências purificadoras, e a queda do tom vibratório
específico permitirá que os envolvidos no fato, no tempo e no espaço, pró-
ximos ou não, se vinculem pelo processo de uma sintonia automática de que
não se furtarão. Aí estabelecem-se as enfermidades de qualquer porte. Os
fatores imunológicos do organismo, padecendo a disritmia vibratória que os
envolve, são vencidos por bactérias, vírus e toda a sorte de micróbios pato-

90
lógicos que logo se desenvolvem, dando gênese às doenças físicas. Por sua
vez, na área mental, os conflitos e mágoas, os ódios acerbos, as ambições
tresvariadas e os tormentosos delitos ocultos, quando da reencarnação, por
estarem ínsitos no Espírito endividado, respondem pelas distonias psíquicas
e alienações mais variadas. Acrescentemos a essas predisposições a pre-
sença dos cobradores desencarnados, cuja ação mental encontra perfeito
acoplamento na paisagem psicofísica dos a quem persegue, e teremos a
presença da constrição obsessiva. Eis porque é rara a enfermidade que não
conte com a presença de um componente espiritual, quando não seja direta-
mente esta o seu efeito. O corpo e a mente refletem a realidade espiritual
de cada criatura. (Manoel P. de Miranda, Painéis da Obsessão, p.48).
(Grifo Original).

4.8.2.2) Enfermidades Fantasmas

- Há enfermidades - aclarou - e enfermidades. As primeiras, já se


conhecem várias patogêneses ou psicopatogêneses, isto é, são sabidas e
estudados os seus inumeráveis fatores propiciatórios. As segundas, são
aquelas nas quais os enfermos, dotados de mais aguçada sensibilidade
mediúnica, absorvem fluidos desarmonizados e destrutivos de Espíritos
desencarnados com os quais se vinculam, dando campo a uma sintonia vi-
gorosa que permite a transmissão das sensações e dores dos segundos para
os que lhes sofrem a ação, afligindo e submetendo nestes as resistências
que, se não atendidas em tempo, se convertem em enfermidades reais, face
às razões já expostas. Tornam-se verdadeiros fenômenos de incorpora-
ção, qual ocorre na psicofonia atormentada e consciente. O mais lamentá-
vel, porém, é que esta ocorrência faz-se mais habitual do que se imagina.
(Manoel P. de Miranda, Painéis da Obsessão, p.49). (Grifos Originais).

4.8.3) Explicações e Implicações Terapêuticas

As enfermidades fantasmas, classificadas em sua maioria pela ciência oficial


no rol dos distúrbios neuro-vegetativos e das doenças psicossomáticas, merecem
de nossa parte um estudo mais detalhado. Avaliando as suas manifestações pela
anamnese psíquica ou triagem, poderemos melhor conhecer as condições dos pa-
cientes que se candidatam ao tratamento desobsessivo. Mesmo as patologias fa-
cilmente diagnosticáveis, com causas definidas pela medicina, por este ou aquele
agente material, encontram na Doutrina Espírita uma explicação mais abrangente.
A causa verdadeira reside no campo mental, associada a componentes espiritu-
ais. A realidade íntima, a atmosfera psíquica de cada indivíduo desenham a partir
do pensamento desajustes nos corpos sutis que se impregnam no corpo físico,
constituindo mapas enfermiços a caracterizarem roteiros livremente estabeleci-
dos. As patologias de todos os matizes, quando percebidas, já são efeitos, geral-

91
mente efeitos em somação. Quanto maior a sintonia, maior a identidade ou igual-
dade entre a doença do obsessor e do obsidiado, mesmo quando habitam moradas
de densidades diversas.
Até mesmo as doenças infecto-contagiosas, na maioria das vezes, encontram
nesse mecanismo o terreno propício para o seu desenvolvimento. Eis porque afir-
ma Manoel P. de Miranda: "É raro a enfermidade que não conte com a presença
de um componente espiritual, quando não seja diretamente este o seu efeito."
Os desajustes espirituais não curam com injeçõescomprimidos. Os laços
psíquicos não se rompem com ação química orgânica.
Indispensável o aparelhamento dos núcleos espiritistas para o auxílio real, utili-
zando-se da química espiritual na terapia desobsessiva, direcionando-a a milhares
de pacientes que jornadeiam de consultório em consultório, de hospital em hospi-
tal, trocando de diagnóstico aqui e ali, consumindo dezenas de medicamentos, sem
encontrarem a cura verdadeira de seus males.
O combate metódico, racional e cristão aos vícios de todas as origens, torna-se
preponderante nessa terapia. As conseqüências do tabagismo, glutonaria,
sexualismo, ira, ciúme, inveja, medo etc, vão muito além do que geralmente per-
cebemos. Estabelecem estradas de acesso para a conexão obsessiva, geram dis-
túrbios psíquicos de vulto, sendo responsáveis pela formação da matéria mental
fulminatória e das larvas psíquicas, que estudaremos nos próximos itens, e, que
têm gerado inúmeras enfermidades do corpo e da alma.
Educar as mentes, evangelizar corações, movimentar as energias físico-psíqui-
cas em benefício de obsessores e obsidiados é tarefa inadiável de equipes espíri-
tas que colaboram na seara do bem.

4.9) DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da síndrome obsessiva é suspeitado a partir das manifestações


clínicas, mentais e físicas, que o paciente, através do estudo silencioso e sincero
de si mesmo, pode determinar e a anamnese psíquica, ou conversação fraterna,
ou triagem, realizada com segurança, irá revelar. A base do diagnóstico, como
sempre, é a observação.
As formas em que estão presentes graves desajustes como a fascinação e
subjugação são facilmente determinadas, porém, as formas sutis e as obsessões
em que os médiuns estão envolvidos, nem sempre são percebidas e diagnosticadas.
Contudo, as informações anamnésicas dadas pelos obsidiados em referência aos
seus hábitos de vida (mentais, emocionais e morais), bem como os vícios que
porventura cultivam, são de extremo valor para sugerir a patologia.
Ainda não temos o diagnóstico laboratorial no trato da doença obsessiva,
mas pelos dons medianímicos como a clarividência, clariaudiência, desdobramen-

92
to e tato magnético nos é possível confirmar ou mesmo ampliar o diagnóstico, que
os dados da história clínica nos forneçam. No segundo volume de nossa pesquisa
discutiremos como realizar este levantamento psíquico.

4.9.1) Como Identificar a Obsessão

As condições fundamentais para o perfeito diagnóstico são:

Quando você escute nos recessos da mente uma idéia torturante que
teima por se fixar, interrompendo o curso dos pensamentos; quando consta-
te, imperiosa, atuante força psíquica interferindo nos processos mentais;
quando verifique a vontade sendo dominada por outra vontade que parece
dominar; quando experimente inquietação crescente, na intimidade mental,
sem motivos reais; quando sinta o impacto do desalinho espiritual em fran-
co desenvolvimento, acautele-se, porque você se encontra em processo im-
perioso e ultriz de obsessão pertinaz.
Transmissão mental de cérebro a cérebro, a obsessão é síndrome alar-
mante que denuncia enfermidade grave de erradicação difícil. (Manoel
P. de Miranda, Nos Bastidores da Obsessão, 2. ed., p.27). (Grifo Ori-
ginal).

4.9.1.1) Influenciações Espirituais Sutis

O diagnóstico mais difícil, como por inúmeras vezes nos referimos anterior-
mente, reside nas formas sutis ou inaparentes.
Em virtude da relevância do tema e, visando à definição de parâmetros seguros
voltados para a atividade de triagem, é que transcrevemos abaixo uma síntese
primorosa a respeito do tópico em questão, realizada pelo Espírito André Luiz,
constante no livro Estude e Viva em sua lição 35:

Sempre que você experimente um estado de espírito tendente ao


derrotismo, perdurando há várias horas, sem causa orgânica ou moral de
destaque, avente a hipótese de uma influenciação espiritual sutil.
Seja claro consigo para auxiliar os Mentores Espirituais a socorrer você.
Essa é a verdadeira ocasião da humildade, da prece, do passe.
Dentre os fatores que mais revelam essa condição da alma, incluem-se:
- dificuldade de concentrar idéias em motivos otimistas;
- ausência de ambiente íntimo para elevar os sentimentos em oração
ou concentrar-se em leitura edificante;
93
- indisposição inexplicável, tristeza sem razão aparente e pressenti-
mentos de desastre imediato;
- aborrecimentos imanifestos por não encontrar semelhantes ou as-
suntos sobre quem ou o que descarregá-los;
- pessimismos sub-reptícios, irritações surdas, queixas, exageros de
sensibilidade e aptidão a condenar quem não tem culpa;
- interpretação forçada de fatos e atitudes suas ou dos outros, que
você sabe não corresponder à realidade;
- hiperemotividade ou depressão raiando na iminência de pranto;
- ânsia de investir-se no papel de vítima ou de tomar uma posição
absurda de automartírio;
- teimosia em não aceitar, para você mesmo, que haja influenciação
espiritual consigo, mas, passados minutos ou horas do acontecimento, vêm-
lhe a mudança de impulsos, o arrependimento, a recomposição do tom men-
tal e, não raro, a constatação de que é tarde para desfazer o erro consuma-
do.
São sempre acompanhamentos discretos e eventuais por parte do
desencarnado e imperceptíveis ao encarnado pela finura do processo.
O Espírito responsável pode estar tão inconsciente de seus atos que os
efeitos negativos se fazem sentir como se fossem desenvolvidos pela pró-
pria pessoa.
Quando o influenciador é consciente, a ocorrência é preparada com ante-
cedência e meticulosidade, às vezes, dias e semanas antes do sorrateiro as-
salto, marcado para a oportunidade de encontro em perspectiva, conversa-
ção, recebimento de carta, clímax de negócio ou crise imprevista de serviço.
Não se sabe o que tem causado maior dano à Humanidade: se as
obsessões espetaculares, individuais e coletivas, que todos percebem e
ajudam a desfazer ou isolar, ou se essas meio-obsessões de quase-
obsidiados, despercebidas, contudo bem mais freqüentes, que minam as
energias de uma só criatura incauta, mas influenciando o roteiro de legi-
ões de outras.
Quantas desavenças, separações e fracassos não surgem assim?
Estude em sua existência se nessa última quinzena você não esteve em algu-
ma circunstância com características de influenciação espiritual sutil. Estude e
ajude a você mesmo. (4. ed., p. 202). (Grifos nossos).
94
4.9.1.2) Unindo os Pontos Essenciais Para o Diagnóstico

PRINCIPAIS PARÂMETROS

Mundo Mental Pessoas e Fatos

1. Idéia torturante. 1. Aborrecimento imanifestos.

2. Atuante força psíquica interferindo. 2. Irritações surdas.

3. A vontade sendo dominada. 3. Aptidão a condenar quem não tem


culpa.

4. Inquietação crescente. 4. Interpretação forçada de fatos e ati-


tudes.

5. Desalinho espiritual em desenvolvi- 5. Papel de vítima.


mento.

6. Dificuldade de concentrar idéias 6. Indisposição inexplicável.


otimistas.

7. Ausência de ambiente íntimo. 7. Pessimismo, aversões e tristeza.

8. Pressentimento de desastre imediato. 8. Desavenças, separações, fracassos.

9. Hipersensibilidade, depressão e pran- 9. Teimosia em não aceitar que haja


to eminente. influenciação espiritual.

10. Automartírio. 10. Mudança de impulsos, arrependi-


mento e constatação de erro
consumado.

Todos os médiuns que participam da triagem devem observar minuciosamente


este quadro e o referente ao grau de constrangimento e a natureza dos efeitos
constante no item 4.5.1, para realizarem com segurança o diagnóstico da síndro-
me obsessiva.

95
Através de relatos espontâneos, perguntas indiretas e gerais dentro dos itens
sugeridos, dificilmente os medianeiros deixarão de determinar, pela conversação
fraterna o tipo de interação obsessiva e o grau de influenciação que o paciente
poderá estar sofrendo ou mesmo causando.
O diagnóstico de alguns casos é difícil, mas a observação e o estudo constante,
com sincero desejo de auxiliar, removerão os obstáculos naturais.
Não haverá necessidade de constatação de todos os itens para que o diagnós-
tico seja firmado. A presença de alguns fatores, analisados com bom senso, pode-
rão levantar ou mesmo firmar a hipótese diagnostica, objetivando as orientações e
encaminhamentos.

4.9.1.3) Obsessão e Mediunidade

A obsessão envolvendo médiuns representa outra dificuldade diagnostica. No


entanto, a ocorrência desse tipo de ação obsessiva é bem mais freqüente do que
se imagina:

A obsessão, como dissemos, é um dos maiores escolhos da mediunidade


e também um dos mais freqüentes. Por isso mesmo, não serão demais to-
dos os esforços que se empreguem para combatê-la, porquanto, além dos
inconvenientes pessoais que acarreta, é um obstáculo absoluto à bondade e
à veracidade das comunicações. A obsessão, de qualquer grau, sendo sem-
pre efeito de um constrangimento e este não podendo jamais ser exercido
por um bom Espírito, segue-se que toda comunicação dada por um médium
obsidiado é de origem suspeita e nenhuma confiança merece. Se nelas al-
guma coisa de bom se encontrar, guarde-se isso e rejeite-se tudo o que for
simplesmente duvidoso. (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 48. ed., FEB,
item 242).

4.9.1.3.1) Como Reconhecer

Reconhece-se a obsessão pelas seguintes características:

a
I . Persistência de um Espírito em se comunicar, bom ou mau grado, pela
escrita, pela audição, pela tiptologia, etc, opondo-se a que outros Espíritos
o façam;
a
2 . Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reco-
nhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe;
a
3 . Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se
comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas
ou absurdas;
96
4ª. Confiança do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que
por ele se comunicam;

a
5 . Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões
aproveitáveis;

a
6 . Tomar a mal a crítica das comunicações que recebe;

a
7 . Necessidade incessante e inoportuna de escrever;

a
8 . Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade e forçan-
do-o a agir ou falar a seu mau grado;

a
9 . Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de
tudo a causa, ou o objeto. (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 48. ed.,
FEB, item 243). (Grifos nossos).

4.9.2) Comentários e Implicações Terapêuticas

Os exemplos transcritos, indicando-nos as bases diagnósticas, foram todos


estruturados na relação obsessiva entre encarnado e desencarnado por ser mais
freqüente. Já sabemos que outras formas existem e, variável é a etiologia e os
agentes etiológicos da síndrome obsessiva. Porém, as diretrizes fornecidas podem
ser estendidas, desdobradas para qualquer outra relação. Podemos notar que todo
o fenômeno é mental e de Espírito a Espírito. Desta forma, basta que apliquemos
os mesmos conceitos para saber se o paciente que busca o tratamento desobsessivo,
ou nós mesmos, estamos influenciando negativamente a alguém, seja encarnado
ou desencarnado, ou nos auto-obsediando.
A transmissão mental é de cérebro a cérebro, dentro do parâmetro de uma
vontade que domina e outra que se deixa dominar. O constrangimento, a persis-
tência da ação, a ilusão, a fuga dos preceitos e condutas elevadas, a permanência
de idéias torturantes no campo íntimo, a hiperemotividade, etc, representam da-
dos que, ao serem conhecidos em sua essência, determinando-se a direção e o
objetivo, revelarão o tipo de ocorrência obsessiva.
Diz Kardec - "Que nunca será demais os esforços que se empregam para
combater a obsessão." A corrente magnética é um desses esforços. Como tera-
pia, tanto previne, como oferece condições de cura. Todas as suas ações
estruturam-se nas potencialidades do pensamento, combatendo a obsessão em
qualquer nível e grau, utilizando-se da relação vibratória de Espírito a Espírito,
para promover a desobsessão, na base de uma vontade que auxilia e outra que se
deixa ou queira ser auxiliada.

97
4.10) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

4.10.1) Loucura e Obsessão

O principal diagnóstico diferencial da síndrome obsessiva é a loucura patológi-


ca. É difícil traçar um plano nítido, entre as duas enfermidades, mas há um enor-
me número de livros, mensagens e textos que estudam pormenorizadamente o
assunto, facilitando a diferenciação.
O livro do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes: A Loucura sob Novo Prisma, é um
tratado a respeito da questão, de profundo significado para as tarefas
desobsessivas.
Allan Kardec, na Revista Espírita de Abril de 1862 (p.110), faz a distinção
entre a loucura patológica e a obsessional. Transcrevemos alguns parágrafos do
artigo dando início ao estudo do tema:

Na loucura obsessional não há lesão orgânica. É o próprio Espírito que se


acha afetado pela subjugação de um Espírito estranho que o domina e co-
manda. No primeiro caso é preciso tentar curar o órgão doente; no segundo
basta livrar o Espírito doente do hóspede importuno, a fim de lhe restituir a
liberdade. Casos semelhantes são muito freqüentes e comumente tomam
como loucura o que não passa de obsessão, para a qual deveriam empre-
gar-se meios morais e não duchas. Pelo tratamento físico, e sobretudo pelo
contacto dos verdadeiros alienados, muitas vezes tem sido determinada uma
verdadeira loucura onde esta não existia.
Abrindo novos horizontes a todas as ciências, o Espiritismo vem, tam-
bém, esclarecer a questão muito obscura das doenças mentais, assinalando
uma causa que, até agora, não era levada em conta: causa real, evidente,
provada pela experiência e cuja verdade mais tarde será reconhecida. Mas
como levar a admitir-se tal causa pelos que estão sempre dispostos a man-
dar para o hospício quem quer que tenha a fraqueza de acreditar que temos
alma e que esta representa um papel nas funções vitais, sobrevive ao corpo
e pode atuar sobre os vivos? Graças a Deus, e para o bem da humanidade,
as idéias espíritas fazem maior progresso entre os médicos do que era dado
esperar e tudo leva a crer que, em futuro não muito remoto, a medicina
sairá enfim da rotina materialista.

4.10.2) Epilepsia, Psicoses Variadas e Obsessão

É muito comum portadores de doença epiléptica procurarem os Centros Espíri-


tas, na ânsia de encontrarem lenitivo para os seus males. Geralmente são orienta-
dos para desenvolverem sua mediunidade e, muitas vezes, chegam ao disparate
de suspenderem a medicação que porventura estejam usando, sem nenhum crité-
rio, a título que o fenômeno epiléptico seja apenas de fundo obsessivo.

98
Nas páginas do livro Grilhões Partidos (3. ed., p.102-108) ditado pelo Espírito
Manoel P. de Miranda, com psicografia de Divaldo Pereira Franco, o renomado e
dedicado Espírito Bezerra de Menezes dá algumas orientações que esclarecem e
auxiliam, sobremaneira, a nossa conduta em relação aos nossos irmãos que pas-
sam por este aflitivo problema.

- Este é importante capítulo da Neuropatologia que merece acurada aten-


ção, particularmente dos estudiosos do Espiritismo, tendo em vista a
parecença das síndromes epilépticas com as disposições medianímicas, no
transe provocado pelas Entidades sofredoras ou perniciosas. Mui
freqüentemente, diante de alguém acometido pela epilepsia, assevera-se
que se trata de "mediunidade a desenvolver", qual se a faculdade mediúnica
fora uma expressão patológica da personalidade alienada. Graças à dispo-
sição simplista de alguns companheiros pouco esclarecidos, faz-se que os
pacientes enxameiem pelas salas mediúnicas, sem qualquer preparação moral
e mental para os elevados tentames do intercâmbio espiritual.
Não desconhecemos que toda enfermidade procede do Espírito endivida-
do, sendo a terapêutica espiritista de relevante valia. Convém, porém, con-
siderar, que antes de qualquer esforço externo se há que predispor o paci-
ente à renovação íntima, intransferível, ao esclarecimento, à educação es-
piritual, a fim de que se conscientize das responsabilidades que lhe dizem
respeito, dando início ao tratamento que melhor lhe convém, partindo de
dentro para fora. Posteriormente, e só então, se fará lícito que participe dos
labores significativos do ministério mediúnico, na qualidade de observador,
cooperador e instrumento, se for o caso.
Não obstante suas causas reais e remotas estejam no Espírito que res-
sarce débitos, há fatores orgânicos que expressam as causas atuais e pró-
ximas, nas quais se fundamentam os estudiosos para conhecer e tratar a
epilepsia com maior segurança, através dos anticonvulsivos. (Grilhões Par-
tidos, p.102). (Grifos Originais).

Alguns parágrafos após, inquire o autor:

- Seria, então, de supor-se que não ocorrem manifestações de epilepsia


simulacro, isto é: obsessões cruéis, produzindo aparentes estados epilépti-
cos?
- Indubitavelmente há processos perniciosos de obsessão, que fazem lem-
brar crises epilépticas, tal a similitude da manifestação. No caso, porém,
em pauta, o hóspede perturbador exterioriza a personalidade de forma ca-
racterística, através da psicofonia atormentada, diferindo da epilepsia ge-
nuína. Nesta, após a convulsão vem o coma; naquela, à crise sucede o
transe, no qual o obsessor, nosso infeliz irmão perseguidor, se manifesta.

99
Ocorrência mais comum dá-se quando o epiléptico sofre a carga obses-
siva simultaneamente, graças aos gravames do passado, em que sua antiga
vítima se investe da posição de cobrador, complicando-lhe a enfermidade,
então, com caráter misto.
Conveniente, nesse como noutros casos, cuidar-se de examinar as
síndromes das enfermidades psiquiátricas, a fim de as não confundir com
os sintomas da mediunidade, no período inicial da manifestação, quando o
médium se encontra atormentado.
Nesse sentido é mister evitar-se a generalidade, isto é, a simplificação do
problema com arremetidas simplistas, como é de hábito muitos fazerem.
A contribuição fluidoterápica, nas diversas expressões em que se apre-
senta, é de valor inconcusso, de indiscutível benefício, desde que o paciente
se disponha realmente a ajudar-se. (Grilhões Partidos, p.104). (Grifos Ori-
ginais).

E conclui o autor espiritual:

Estávamos fascinados. Realmente, também nós, quando no corpo físico,


supúnhamos que, na epilepsia, defrontávamos invariavelmente o fenômeno
obsessivo, sem logicar que no organismo vêm impressas as necessidades
de cada um, a se traduzirem como deficiências, limitações, coarctações,
problemas de saúde...
Idiotia, oligofrenia, mongolismo, epilepsia, psicoses várias, esquizofrenia,
demência são terapêuticas de que se utiliza a Justiça Divina para alcançar
os Espíritos doentes, que tentam fugir à Verdade, mancomunados com o
crime e a ilusão.
Para que tais cometimentos se realizem, entram em jogo os programas
cromossomáticos e genéticos tão bem estudados por Gregório Mendel, no
século passado, encarregados de expressarem durante a reencarnação os
impositivos redentores. (Grilhões Partidos, p.108). (Grifo Original).

4.10.2.1) O Uso de Hipnóticos

- Nos casos em que o processo obsessivo simula a crise epiléptica, ou nos


casos mistos, quando usar ou deixar de usar os anticonvulsivantes ?
A resposta vem do livro No Mundo Maior (André Luiz, 12. ed., p.l 14), graças
às orientações que o instrutor Calderaro dá a um jovem encarnado de nome Mar-
celo, portador da síndrome epiléptica:

Os hipnóticos são úteis só na áspera fase de absoluta ignorância mental,


quando é preciso neutralizar as células nervosas ante os prováveis atritos

100
da organização perispirítica. Em teu caso, Marcelo, para tua consciência
que já acordou na espiritualidade superior, o remédio mais eficaz consiste
na fé positiva, na autoconfiança, no trabalho digno em pensamentos
enobrecedores. Permanecendo na zona mais alta da personalidade, vence-
rás os desequilíbrios dos departamentos mais baixos, competindo-te, por
isto mesmo, atacar a missão renovadora e sublime que te foi confiada no
setor da própria iluminação e no bem do próximo. Os elementos
medicamentosos podem exercer tutela despótica sobre o cosmo orgânico,
sempre que a mente não se disponha a controlá-la, recorrendo aos fatores
educativos.

4.10.3) Conclusão e Implicações Terapêuticas

Fizemos questão de destacar e discorrer um pouco mais sobre a epilepsia, em


detrimento de outras patologias, não só pelo número de pacientes portadores da
doença que buscam tratamento nas instituições espíritas, mas também visando
estabelecer novos parâmetros, para adequada orientação, durante os atendimen-
tos a serem realizados na triagem ou conversação fraterna.
Estas orientações deverão ser, necessariamente, moduladas na experiência, no
conhecimento lógico aliado ao sentimento. Não devemos e não podemos suspen-
der medicações prescritas por profissionais que se prepararam para este fim, a
pretexto das atividades de assistência fluídica ou desobsessiva e, muito menos,
devemos prometer cura ou induzir as mentes alheias a acreditarem que a epilep-
sia tenha apenas um fundo obsessivo.
Comparando e estudando os textos dos dois autores espirituais veremos que a
realidade é bem outra. A conduta correta para obtenção da melhora ou cura é a
união de vários processos, em particular, a reforma íntima, a conscientização e a
evangelização do paciente.

4.11) PATOGENIA E PATOLOGIA

O mecanismo, a via de invasão, os fenômenos, as alterações funcionais e


estruturais, as lesões decorrentes da obsessão, tanto em relação ao obsidiado
como ao obsessor, são de importância capital para o entendimento e aplicação
correta da terapia desobsessiva, principalmente a desobsessão por corrente mag-
nética.
Iniciando, voltemos a nossa lente de observação, para o obsessor, no caso,
um espírito desencarnado. Vejamos os seus desequilíbrios e desencontros, e as
situações aflitivas em que pode estar envolvido.

101
4.11.1) O Obsessor

4.11.1.1) Ovoides

No segundo volume da nossa pesquisa, estudaremos com detalhe o que são os


ovoides. No momento, destacaremos alguns relatos a respeito, para futuras con-
clusões, envolvendo a corrente mento-eletromagnética.
No livro Libertação, André Luiz discorre sobre um caso grave de vampirização
psíquica, em que uma paciente encarnada de nome Margarida está envolvida. Em
determinado trecho da narrativa, descreve o autor espiritual:

Evidentemente, as "formas ovóides" haviam sido trazidas pelos


hipnotizadores que senhoreavam o quadro.
Com a devida permissão, analisei a zona física hostilizada. Reparei que
todos os centros metabólicos da doente apareciam controlados. A própria
pressão sangüínea demorava-se sob o comando dos perseguidores. A re-
gião torácica apresentava apreciáveis feridas na pele e, examinando-as,
cuidadoso, vi que a enferma inalava substâncias escuras que não somente
lhe pesavam nos pulmões, mas se refletiam, sobremodo, nas células e fibras
conjuntivas, formando ulcerações na epiderme.
A vampirização era incessante. As energias usuais do corpo pareciam
transportadas às "formas ovóides", que se alimentavam delas,
automaticamente, num movimento indefinível de sucção. (Libertação, 12.
ed.,p.H5).

Algumas páginas após:

Por volta de vinte horas, um automóvel recebia o casal, que se fêz acom-
panhado por nós e pelo grande número de "ovóides", ainda ligados à cabe-
ça da enferma, sob processo de imantação. (Libertação, 12. ed., p.197).
(Grifos Originais).

a) - Sinteticamente, o que são os ovóides?

A resposta segundo o instrutor Gúbio no mesmo livro, mesmo autor espiritual,


em sua página 95, é:

- São entidades infortunadas, entregues aos propósitos de vingança e


que perderam grandes patrimônios de tempo, em virtude da revolta que lhes
atormenta o ser. Gastaram o perispírito, sob inenarráveis tormentas de
desesperação, e imantam-se, naturalmente, à mulher que odeiam, irmã esta
que, por sua vez, ainda não descobriu que a ciência de amar é a ciência je
libertar, iluminar e redimir.

102
b) - Como se gasta o perispírito ?

Passemos a palavra ao Espírito Áureo (Universo e Vida, 3. ed., p.80) que


destaca com propriedade as razões desta ovoidização:

Quando a revolta se cristaliza no monoideísmo, onde as idéias fixas fun-


cionam como escoadouros de energia, em excessivo dispêndio de forças
vitais, pode o espírito chegar facilmente à perda do psicossoma, ovoidizando-
se, caso em que se reveste tão-só da túnica energética mental, à maneira
de semente em regime de hibernação.

c) - Existem parasitas ovóides vampirizando desencarnados?

Sim, nos processos degradantes da obsessão vindicativa, nos círculos in-


feriores da Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre dolorosos e
comoventes pela ignorância e paixão que os provocam. (André Luiz, Evo-
lução em Dois Mundos, p.215).

4.11.1.2) Outros Desequilíbrios

a) - O espírito sofredor, em uma ação obsessiva, seja em que nível for,


poderá também, e ao mesmo tempo, estar sendo obsidiado ?

O esclarecido Gúbio nos socorre mais uma vez, dizendo a respeito:

- [...], há obsessores marcadamente endurecidos de coração que se pe-


trificam quando sob a influência de perseguidores ainda mais fortes e mais
perversos que eles mesmos. Inteligências temíveis das trevas absorvem
certos centros perispiríticos de determinadas entidades, que se revelam
pervertidas e ingratas ao bem e utilizam-nas como instrumentalidade na
extensão do mal que elegeram por sementeira na vida. (Libertação, p.192).

b) - Como ocorre essa absorção de Centros Perispirituais de uma entida-


de por outra?

Continua Gúbio:

Hipnotizado por senhores da desordem, anestesiado pelos raios entorpe-


centes, perdeu transitoriamente a capacidade de ver, ouvir e sentir com
elevação. Demora-se em aflitivo pesadelo, à maneira do homem comum,
dentro do qual a dilaceração de Margarida se lhe torna a idéia fixa, obce-
cante. (Libertação, p.192).

103
c) - O que se pode fazer para a cura ou restabelecimento do obsessor que,
além de tudo, ainda esteja sendo obsidiado em regime de hipnose?

Conclui Gúbio:

O magnetismo é uma força universal que assume a direção que lhe ditar-
mos. Passes contrários à ação paralisante restituí-lo-ão à normalidade. Tal
operação, contudo, exige momento adequado. Há necessidade, no feito, de
recursos regeneradores intensivos, suscetíveis de serem encontrados junto
a serviços de grupo, em que a colaboração de muitos se entrosa a favor de
um só, quando necessário. (Libertação, p.192).

4.11.1.3) Número de Entidades Envolvidas

No capítulo As Multidões, destacamos algumas considerações a respeito das


legiões de espíritos sofredores, que podem estar presentes em um único processo
obsessivo.
O livro já citado (Libertação), na continuidade do estudo do caso Margarida,
confirma as considerações anteriores, demonstrando com fatos esta realidade:

Margarida, pelo corpo perispirítico, jazia absolutamente presa, não só aos


truculentos perturbadores que a assediavam, mas também à vasta falange
de entidades inconscientes, que se caracterizavam pelo veículo mental, a se
lhe apropriarem das forças, vampirizando-a em processo intensivo.
Em verdade, já observara, por mim, grande quantidade de casos violen-
tos de obsessão, mas sempre dirigidos por paixões fulminatórias. Entretan-
to, ali verificava o cerco tecnicamente organizado. (Libertação, p.l 15).

A imagem real surge nos parágrafos subseqüentes:

Decorridos alguns minutos, notei, apalermado, que os cônjuges, acompa-


nhados por extensa súcia de perseguidores, tomavam um táxi na dire-
ção de um templo católico.
Seguimo-los sem detença.
O veículo, a meu ver, transformara-se como que num carro de festa car-
navalesca. Entidades diversas aboletavam-se dentro e em torno dele, desde
os pára-lamas até o teto luzente. (Libertação, p.l 17). (Grifos nossos).

4.11.1.4) Implicações Terapêuticas

A ovoidização, a obsessão ou domínio hipnótico do obsessor, e o número de


entidades que podem estar presentes numa relação obsessiva, nos mostra, mais
uma vez, a complexidade que a obsessão e o seu tratamento possuem.

104
Os aspectos patogênicos e patológicos acrescentam novos dados e alertam-
nos para a importância da associação de métodos e a busca de vários recursos, de
forma esclarecida e segura, para o verdadeiro combate e prevenção.
O tratamento pelas correntes mento-eletromagnéticas não é uma metodologia
ou ação terapêutica isolada. É na verdade, se assim pudermos exprimir, uma op~
ção medicamentosa ou mais um processo de medicação espiritual, que não se
deve aplicar sem o conhecimento e condições necessárias. Em associacão-com
outras ações magnéticas como o passe ou educativas como a doutrinação verbal,
exprime-se em regime de especialização, sendo amplo o seu mecanismo de ação
e em decorrência, o seu raio de ação e serviço. Por elas podemos tratar o encar-
nado em regime obsessivo e o desencarnado em desequilíbrio, auxiliando emca-
sos simples ou complexos, atuando em relação a um paciente ou a vários, a uma
entidade ou a falanges e, é o único meio que conhecemos, capaz de auxiliar na
terapia dos ovóides, seja na liberação de suas ações funestas em relação aos
encarnados e desencarnados, que por eles estejam sendo induzidos e vampirizados,
ou em seu próprio auxílio, preparando-os, ou secundando a ação dos espíritos
amigos na condução desses irmãos infelizes, em condições tão deploráveis, para
as colônias ou postos de tratamento, para posterior imersão na carne que é a
conduta prioritária nesses casos.
Não deve causar estranheza tal informação, porque na atividade de doutrina-
ção verbal não podemos atender em regime de orientação tais entidades, porque
elas estão em monoideísmo ou, em outras palavras, estão presas, fixadas em ape-
nas uma idéia e, como ficou claro, gastaram o perispírito, estando revestidas
apenas pela túnica energética mental.
Já sabemos que as comunicações, segundos os Espíritos Reveladores e Allan
Kardec, processam-se de perispírito a perispírito pela sintonia e fluxo mental. No
caso dos ovóides, torna-se impossível tal intercâmbio que possibilite a evangeliza-
ção pela perda das condições básicas. Porém, as correntes magnéticas aplicadas
à desobsessão podem atrair ou dar passagem a estas formas ovóides, porque
elas se alimentam energeticamente, imantando-se ao campo mental.
As cadeias magnéticas são formadas de correntes mentais e correntes
energéticas variáveis, em regime de vibração amorável e associação em todos os
níveis com os servidores do plano maior da vida. A conjugação das formas ovóides,
imantando-as transitoriamente ao campo mento-eletromagnético da corrente for-
mada por tal associação, permite a energização superior e o choque vibratório
necessários ao início da recuperação espiritual e a conseqüente libertação dos
vampirizados, sejam encarnados ou desencarnados.
Este mesmo campo doa os raios energéticos e permite a ligação dos centros
perispirituais de entidades obsessoras, em regime de igual obsessão hipnótica, aos
centros perispirituais dos médiuns que as compõem, ou a ligação à cadeia como
um todo, dando assim a colaboração de muitos que, dessa forma, entrosam-se a
favor de uma entidade ou de várias, facultando a ação precisa dos magnetizadores

105
espirituais, que podem operar em momento adequado, através de passes contrári-
os à ação entorpecente e paralisante, restituindo a normalidade psíquica ao algoz-
vítima. Ação esta que pode e deve ser exercida pelos médiuns passistas que atu-
am sobre a corrente, tornando-se assim um coadjuvante importante, sempre que
se dispuserem ao estudo das técnicas e ações mentais necessárias e, a qualifica-
ção vibratória, advinda de sua reforma moral.
Outra grande vantagem da corrente é a sua aplicabilidade no caso de obsessão
entre encarnados, onde se torna difícil a atuação das atividades de desobsessão
por doutrinação verbal. Aqui, através de passes, vibração e corrente magnética,
como ou à semelhança de uma usina energética, eletroímã, bateria ou condensador,
é possível o atendimento desses casos complexos quebrando ou drenando es-
ses laços fluídico-mentais e atuando, isso como regra geral para todos os casos,
em seus ambientes psíquicos, realizando a melhoria vibracional e, a higienização
energética, pela destruição de formas pensamentos ou clichês mentais e, pelo
tratamento subseqüente das entidades ou falanges que invariavelmente são
partícipes, nesses conúbios simbióticos de baixo teor.
Para os irmãos que possam ficar perplexos, desconfiados ou cépticos da des-
crição até aqui, pálida e incompleta, das possibilidades terapêuticas da desobsessão
por corrente magnética, gostaríamos de recordar as seguintes expressões:

"O magnetismo é uma força universal que assume a direção que lhe
ditarmos."

"O pensamento é sempre o dínamo vigoroso que emite ondas e registra


vibrações, em intercâmbio ininterrupto nas diversas faixas que circulam a
Terra."

"Estamos invariavelmente atraindo ou repelindo recursos mentais que se


agregam aos nossos, fortificando-nos para o bem ou para o mal, segundo a
direção que escolhemos."

4.11.2) O Obsidiado

Agora o nosso foco de observação se volta para o obsidiado. Os desequilíbrios


mentais, emocionais e físicos, que as injunções vibratórias decorrentes da obsessão
desenvolvem, são também de significativa importância. Esta relação enfermiça gera,
no campo psíquico dos obsidiados, matéria mental de baixo teor, capaz de desenvol-
ver desde doenças psíquicas e físicas até a contaminação de ambientes e pessoas.
As imperfeições morais, materializando-se nos vícios como a glutonaria,
alcoolofilia e desvios ou excessos sexuais, servem de campo formativo a

106
determinados bacilos psíquicos, que irão alimentar os vampirizadores, mantendo o
ciclo obsessivo.
Tanto existe a microbiologia física como a psíquica. Conhecê-la e descobrir os
meios de prevenção e combate à sua proliferação são condutas indispensáveis à
terapêutica desobsessiva.
Podemos conferir todos estes aspectos no livro Missionários da Luz (André
Luiz - Francisco Cândido Xavier) nos capítulos 3, 4 e 19. Os seus principais
tópicos são agrupados a seguir.

4.11.2.1) Bacilos Psíquicos

a) Sexuais

Dirigindo-se, de maneira especial, para circunstantes, o instrutor reco-


mendou:
- Observemos.
Postara-se ao lado de um rapaz que esperava, de lápis em punho, mergu-
lhado em fundo silêncio. [...].
- Repare no aparelho genital - aconselhou-me o instrutor, gravemente.
Fiquei estupefato. As glândulas geradoras emitiam fraquíssima
luminosidade, que parecia abafada por aluviões de corpúsculos negros,
a se caracterizarem por espantosa mobilidade. Começavam a movimenta-
ção sob a bexiga urinária e vibravam ao longo de todo o cordão esper-
mático, formando colônias compactas, nas vesículas seminais, na prósta-
ta, nas massas mucosas uretrais, invadiam os canais seminíferos e luta-
vam com as células sexuais aniquilando-as. As mais vigorosas daquelas
feras microscópicas situavam-se no epidídimo, onde absorviam, faméli-
cas, os embriões delicados da vida orgânica. Estava assombrado. Que
significava aquele acervo de pequeninos seres escuros? Pareciam
imantados uns aos outros, na mesma faina de destruição. Seriam expres-
sões mal conhecidas da sífilis? (Missionários da Luz, 21. ed., p.28).
(Grifos nossos).

b) Alcoólicos

- Observe este amigo - disse-me, com autoridade -, não sente um odor


característico?
Efetivamente, em derredor daquele rosto pálido, assinalava-se a existên-
cia de atmosfera menos agradável. Semelhava-se-lhe o corpo a um tonel de
configuração caprichosa, de cujo interior escapavam certos vapores muito
leves, mas incessantes. Via-se-lhe a dificuldade para sustentar o pensa-
mento com relativa calma. Não tive qualquer dúvida. Deveria ele usar alco-
ólicos em quantidade regular.

107
Vali-me do ensejo para notar-lhe as singularidades orgânicas.
O aparelho gastrintestinal parecia totalmente ensopado em aguardente,
porquanto essa substância invadia todos os escaninhos do estômago e, co-
meçando a fazer-se sentir nas paredes do esófago, manifestava a sua influ-
ência até no bolo fecal. Espantava-me o fígado enorme. Pequeninas figu-
ras horripilantes postavam-se, vorazes, ao longo da veia porta, lutando
desesperadamente com os elementos sangüíneos mais novos. Toda a estru-
tura do órgão se mantinha alterada. Terrível ingurgitamento. Os lóbulos ci-
líndricos, modificados, abrigavam células doentes e empobrecidas. O baço
apresentava anomalias estranhas. (Missionários da Luz, p.30). (Grifos
nossos).

ç) Glutônicos

O instrutor colocou-me, em seguida, ao lado de uma dama simpática e


idosa. Após examiná-la, atencioso, acrescentou:
- Repare nesta nossa irmã. É candidata ao desenvolvimento da mediuni-
dade de incorporação.
Fraquíssima luz emanava de sua organização mental e, desde o primeiro
instante, notara-lhe as deformações físicas. O estômago dilatara-se-lhe
horrivelmente e os intestinos pareciam sofrer estranhas alterações. O fíga-
do, consideravelmente aumentado, demonstrava indefinível agitação. Des-
de o duodeno ao sigmóide, notavam-se anomalias de vulto. Guardava a idéia
de presenciar, não o trabalho de um aparelho digestivo usual, e, sim, de
vasto alambique, cheio de pastas de carne e caldos gordurosos, cheirando a
vinagre de condimentação ativa. Em grande zona do ventre superlotado de
alimentação, viam-se muitos parásitos conhecidos, mas, além deles, divisa-
va outros corpúsculos semelhantes a lesmas voracíssimas, que se agru-
pavam em grandes colónias, desde os músculos e as fibras do estômago até
a válvula íleo-cecal. Semelhantes parásitos atacavam os sucos nutritivos,
com assombroso potencial de destruição. (Missionários da Luz, p.31).
(Grifos nossos).

4.11.2.1.1) Explicações

a) - O que são esses aluviões de corpúsculos negros, pequenas figuras


horripilantes ou lesmas voracíssimas ?

Resp.: A resposta é dada a partir dos desequilíbrios sexuais:

Não temos sob os olhos o espiroqueta de Schaudinn, nem qualquer nova


forma suscetível de análise material por bacteriologistas humanos. São
bacilos psíquicos da tortura sexual, produzidos pela sede febril de prazeres
inferiores.

108
O dicionário médico do mundo não os conhece e, na ausência de termi-
nologia adequada aos seus conhecimentos, chamemo-lhes larvas, simples-
mente.
Têm sido cultivados por este companheiro, não só pela incontinência no
domínio das emoções próprias, através de experiências sexuais variadas,
senão também pelo contacto com entidades grosseiras, que se afinam com
as predileções dele, entidades que o visitam com freqüência, à maneira de
imperceptíveis vampiros. (Missionários da Luz, p.29).

b) - Em relação ao obsessor ou vampirizador, para que servem estes


bacilos ou larvas psíquicos?

Resp.: Absolutamente sem preparo e tendo vivido muito mais de sensa-


ções animalizadas que de sentimentos e pensamentos puros, as criaturas
humanas, além do túmulo, em muitíssimos casos prosseguem imantadas aos
ambientes domésticos que lhes alimentavam o campo emocional. Dolorosa
ignorância prende-lhes os corações, repletos de particularismos, encarce-
radas no magnetismo terrestre, enganando a si próprias e fortificando suas
antigas ilusões. Aos infelizes que caíram em semelhante condição de
parasitismo, as larvas que você observou servem de alimento habitual. (Mis-
sionários da Luz, p.40).

c) - Como os obsessores se alimentam dessas larvas ?

Resp. - Semelhantes larvas são portadoras de vigoroso magnetismo ani-


mal. [...]
- Naturalmente que a fauna microbiana, em análise, não será servida em
pratos; bastará ao desencarnado agarrar-se aos companheiros de ignorân-
cia, ainda encarnados, qual erva daninha aos galhos das árvores, e sugar-
lhes a substância vital. (Missionários da Luz, p.40).

4.11.2.2) Matéria Mental

a) - Quais são os efeitos, sobre o nosso corpo físico e perispiritual das


vibrações advindas da cólera, da intemperança e da viciação de vári-
os matizes ?

Resp.: [...], meu amigo, as doenças psíquicas são muito mais deplorá-
veis. A patogênese da alma está dividida em quadros dolorosos. A cólera,
a intemperança, os desvarios do sexo, as viciações de vários matizes,
formam criações inferiores que afetam profundamente a vida íntima.

109
Quase sempre o corpo doente assinala a mente enfermiça. A organização
fisiológica, segundo conhecemos no campo de cogitações terrestres, não vai
além do vaso de barro, dentro do molde preexistente do corpo espiritual. Atin-
gido o molde em sua estrutura pelos golpes das vibrações inferiores, o vaso
refletirá imediatamente. (Missionários da Luz, p.37). (Grifos nossos).

b) - À visão espiritual, além dos bacilos psíquicos já estudados, como se


apresentam essas criações inferiores ?

Resp.: No capítulo 19, do livro Missionários da Luz, André Luiz, sob a


assistência do instrutor Anacleto observa alguns irmãos encarnados, envolvi-
dos em desequilíbrios mento-emotivos, esclarecendo-nos a respeito da ques-
tão proposta.

- Vejamos esta irmã - exclamou Anacleto, prontificando-se ao auxílio


afetuoso -, observe-lhe o coração e, principalmente, a válvula mitral.
Detive-me em acurado exame da região mencionada e, efetivamente,
descobri a existência de tenuíssima nuvem negra, que cobria grande exten-
são da zona indicada, interessando ainda a válvula aórtica e lançando
filamentos quase imperceptíveis sobre o nódulo sino-auricular. (Missioná-
rios da Luz, p.325).

Mais à frente;

Postávamo-nos, agora, ao lado de um cavalheiro idoso, para cujo orga-


nismo Anacleto me reclamou atenção.
Analisei-o acuradamente. Com assombro, notei-lhe o fígado profundamente
alterado. Outra nuvem, igualmente muito escura, cobria grande parte do
órgão, compelindo-o a estranhos desequilíbrios.
Toda vesícula biliar permanecia atingida. E via-se, com nitidez, que os
reflexos negros daquela pequena porção de matéria tóxica alcançavam o
duodeno e o pâncreas, modificando o processo digestivo. Alguns minutos
de observação silenciosa davam-me a conhecer a extrema perturbação de
que o órgão da bile se sentia objeto. As células hepáticas pareciam presas
de perigosas vibrações. (Missionários da Luz, p.328).

b.l) - O que são essas nuvens negras"!

Resp.: Assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que
lhe intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual pode absorver
elementos de degradação que lhe corroem os centros de força, com refle-
xos sobre as células materiais. (Missionários da Luz, p.325).

110
Em relação ao primeiro caso:

Esta amiga, na manhã de hoje, teve sérios atritos com o esposo, entrando
em grave posição de desarmonia íntima. A pequena nuvem que lhe cerca o
órgão vital representa matéria mental fulminatória. A permanência de se-
melhante resíduo no coração pode ocasionar-lhe perigosa enfermidade. (Mis-
sionários da Luz, p.326).

Em relação ao segundo caso:

Este irmão, [...]. Tem atravessado inúmeras experiências em lutas pas-


sadas e aprendeu a dominar as coisas e as situações com invejável energia.
Agora, porém, está aprendendo a dominar a si mesmo, a conquistar-se para
a iluminação interior. Em semelhante tarefa, contudo, experimenta choques
de vulto, porquanto, dentro de sua individualidade dominadora, é compelido
a destruir várias concepções que se lhe figuravam preciosas e sagradas.
[...]. No círculo dos conflitos dessa natureza, vem lutando, desde ontem,
dentro de si mesmo, para acomodar-se a certas imposições de origem hu-
mana que lhe são necessárias ao aprendizado espiritual, e, no esforço men-
tal gigantesco, ele mesmo produziu pensamentos terríveis e destruidores,
que segregaram matéria venenosa, imediatamente atraída para o seu ponto
orgânico mais frágil, que é o fígado. (Missionários da Luz, p.329).

Finalizando o tópico, não podemos nos furtar a uma pergunta essencial às nos-
sas conclusões, que inclusive pode nos mostrar o mecanismo básico da obsessão
entre os encarnados:

c) - A matéria mental fulminatória e os bacilos psíquicos podem ser


agentes de contaminação ou contágio ?

Resp.: Se a mente da criatura encarnada ainda não atingiu a disciplina


das emoções, se alimenta paixões que a desarmonizam com a realidade,
pode, a qualquer momento, intoxicar-se com as emissões mentais daqueles
com quem convive e que se encontram no mesmo estado de desequilíbrio.
As vezes, semelhantes absorções constituem simples fenômenos sem mai-
or importância; todavia, em muitos casos, são suscetíveis de ocasionar pe-
rigosos desastres orgânicos. Isto acontece, mormente quando os interessa-
dos não têm vida de oração, cuja influência benéfica, pode anular inúmeros
males. (Missionários da Luz, p.325).

c l ) - Como se processa esta contaminação?

Resp.: Nas moléstias da alma, como nas enfermidades do corpo físico, an-
tes da afecção existe o ambiente. As ações produzem efeitos, os sentimentos

111
geram criações, os pensamentos dão origem a formas e conseqüências de
infinitas expressões. E, em virtude de cada Espírito representar um univer-
so por si, cada um de nós é responsável pela emissão das forças que lança-
mos em circulação nas correntes da vida. A cólera, a desesperação, o ódio
e o vício oferecem campo a perigosos germens psíquicos na esfera da alma.
E, qual acontece no terreno das enfermidades do corpo, o contágio aqui é
fato consumado, desde que a imprevidência ou a necessidade de luta esta-
beleçam ambiente propício, entre companheiros do mesmo nível. (Missio-
nários da Luz, p.38). (Grifos nossos).

4.11.2.3) Implicações Terapêuticas

"As doenças psíquicas são muito mais deploráveis", afirma o instrutor


Alexandre. Como atuar na desobsessão, sem estabelecermos meios que ve-
nham combater a patogênese da alma? Como atender apenas aos espíritos
sofredores, esquecendo-se dos obsidiados encarnados que invariavelmente
estão envolvidos em situações semelhantes aos exemplificados nos parágra-
fos anteriores?
Bacilos e matéria mental fulminatória não fazem parte apenando cosmo psíqui-
co dos espíritos desencarnados que obsediam ou são obsidiados. Proliferam da
mesma forma entre os obsessores e obsidiados encarnados. Desenvolvem contá-
gio e epidemias psíquicas. Alteram as organizações fisiológicas gerando enfermi-
dades do corpo.
Atender a um ou a alguns dos vampirizadores em reuniões de desobsessão,
deixando sem socorro outros tantos, apesar de fazerem parte do mesmo quadro
obsessivo; abandonar o obsidiado encarnado à própria sorte ou oferecer-lhe me-
dicação como o passe e a vibração, sem um caráter contínuo, metódico e efetivo,
na destruição, por exemplo: da matéria mental fulminatória e dos bacilos psí-
quicos decorrentes dos vícios; buscar a evangelização do encarnado, sem que
seus problemas sejam equacionados fraternalmente e a sua vontade fortalecida,
seria semelhante ao médico que diante de uma epidemia e de vários casos, cui-
dasse apenas deste ou daquele, oferecendo assim, terapia parcial e medicação
insuficiente à causa do mal.
Quantas vezes não temos comportado dessa forma, em nossas atividades
desobsessivas ?
A corrente mento-eletromagnética alicerçada em uma série de condutas, em
ações comuns, inclusas em uma terapia básica, permite fazer um atendimento
holístico, amplo. Socorre a um ou a falange de espíritos obsessores ou obsidiados.
Favorece de igual forma a um ou a vários pacientes encarnados. Combate efeti-
vamente não só a microbiologia psíquica como a matéria mental fulminatória
evitando doenças e prevenindo contagios-
os trilhões de raios ou partículas mentais emitidos pela corrente magnética
desobsessiva, conjugados ao passe magnético em uma ação humano-èspiritual,

112
possibilitam a destruição dos bacilos psíquicos e a drenagem, deslocamento ou
retirada da matéria mental degradante, do campo físico-perispirítual dos pacien-
tes em tratamento, sejam encarnados ou desencamados.
O manancial magnético, criador e vivificante, como um verdadeiro oceano
de forças curativas, doados pelos focos irradiantes de energia que cada médium
representa, tem aplicações variadas de profundo efeito, bastando que se direcione
o pensamento coletivo para os fins que se pretenda alcançar. No caso, fins
desobsessivos.

4.12) TRATAMENTO
A terapêutica desobsessiva mais efetiva será aquela que tenha emprego univer-
sal, seja de fácil aplicação e se fundamente em princípios decorrentes do estudo metó-
dico da obsessão, tais como: a definição,a etiologia, a epidemiologia.o quadro clínico,a
patogenia,a patologia etc.

As implicações terapêuticas que cada tópico deste sugere, necessariamente,


deverão fazer parte de suas ações, que preferencialmente devem incluir tanto
medidas curativas como preventivas.
Existem métodos que, apesar de não cobrirem todas as manifestações da
síndrome obsessiva, são efetivos em determinados aspectos, especializando-se
em áreas restritas de atendimento, porém de forma adequada.
Em um breve resumo, decorrente dos estudos realizados até aqui, podemos
dizer que a terapêutica mais eficiente é aquela que leva em consideração as se-
guintes diretrizes:

1) Esclarecimento ou doutrinação do obsidiado e do obsessor, estejam encar-


nado ou desencarnado, incluindo os quadros de auto-obsessão;

2) Ação fluídica em torno de ambos, renovando-lhes o campo psíquico;

3) Tratamento real das causas e conseqüências da obsessão, das físicas às


espirituais.

Para que se possa atingir todas essas metas, os métodos desobessivos,


quaisquer que sejam, deverão estar atentos para:

1) O caráter de que se reveste cada processo obsessivo;

2) O grau de constrangimento e a natureza dos efeitos, da obsessão simples


à subjugação, adequando e racionalizando o atendimento, objetivando o
ganho máximo e o desperdício mínimo de energia;

113
3) Ação persistente e contínua até a solução ou melhora possível de cada_
caso;

4) Possibilidade de atendimento aos diversos e complexos fatores etiológicos e


patogênicos como por exemplo: os espíritos em estado de ovoidização, hip-
nose obsidente e as falanges que podem estar envolvidas em um único caso;

5) Possibilitar a terapia adequada às manifestações dos desequilíbrios mento-


emotivòs, quase sempre presentes na obsessão, como os bacilos psíqui-
cos e a matéria mental fulminatória;

6) Permitir ou desenvolver condições para o favorecimento a múltiplos ca-


sos, dado o caráter epidêmico em nossos dias, da enfermidade obsessiva;

7) Tratar, prevenir, renovar, defender e conservar o equilíbrio dos ambientes


psíquicos, tanto da casa espírita, quanto dos lares dos sofredores em trata-
mento, estendendo a assistência aos familiares dos obsidiados ou
obsessores, conforme a natureza e grau da obsessão.

4.12.1) Histórico

Arthur Conan Doyle, em História do Espiritismo (p.55), afirma que o atendi-


mento aos espíritos necessitados, em relação ao espiritualismo moderno, teria ini-
ciado com os shakers [comunidades oriundas da Inglaterra]. Em 1837 já existiam
nos Estados Unidos mais de 70 grupos dessa comunidade, que se dedicavam aos
fenômenos psíquicos. Escreve Conan Doyle:

Os "shakers" chegaram à conclusão inesperada de que os índios, não


tinham vindo ensinar, mas aprender. Assim, catequizaram-nos como foi pos-
sível, exatamente como o teriam feito em vida. Uma experiência semelhan-
te ocorreu desde então em muitíssimos centros espíritas, onde humildes
espíritos muito primitivos vieram aprender aquilo que deveriam ter aprendi-
do neste mundo, se tivesse havido professores. Certamente perguntarão
por que Espíritos mais elevados do além não cuidam desse ensino? A res-
posta dada ao autor, numa notável ocasião, foi a seguinte: "Essa gente está
muito mais próxima de vocês do que de nós. Vocês podem alcançá-los
onde nós não podemos. " (Grifos Originais).

Bem antes da Codificação, grupos espiritualistas já se empenhavam em ativi-


dades desobsessivas, através da doutrinação evangélica. No entanto, foi com Allan

114
Kardec que não só estes horizontes se ampliaram, como os fundamentos de uma
terapêutica segura se instituiu; não apenas no que concerne a métodos, mas so-
bretudo em relação a princípios e diretrizes, capazes de alicerçar meios em dire-
ções diversas, porém voltados para os mesmos fins.

4.12.2) As Equipes de Servidores da Desobsessão

Nenhuma instituição de Espiritismo pode, a rigor, desinteressar-se desse


trabalho imprescindível à higiene, harmonia, amparo ou restauração da mente
humana, traçando esclarecimento justo, seja aos desencarnados sofredo-
res, seja aos encarnados desprovidos de educação íntima que lhes sofram a
atuação deprimente, conquanto, às vezes, involuntária.
Cada templo espírita deve e precisa possuir a sua equipe de servidores
da desobsessão, quando não seja destinada a socorrer as vítimas da desori-
entação espiritual que lhe rondam as portas, para defesa e conservação de
si mesrna.(André Luiz, Desobsessão, prefácio).

Notemos que as expressões usadas por André Luiz são bastante significativas:
nenhuma deve e precisa. O texto não deixa a menor dúvida da necessidade de
formação, conservação e aprimoramento de equipes na casa espírita, preparadas
para a assistência desobsessiva.
Assistência que inclua o desencarnado, o encarnado, bem como a própria pro-
teção da instituição, segundo as orientações Kardequianas.

4.12.3) Métodos Desobsessivos

Assinalamos em vários trechos anteriores que a prece, o passe espírita, a vi-


bração, a água fluidificada, a meditação, a evangelização, a reforma e disciplina
moral, constituem meios propícios ao tratamento da obsessão, desde a auto-ob-
sessão até as obsessões entre encarnados e desencarnados.
A doutrinação verbal, pelo esclarecimento do obsessor, em reuniões mediúnicas,
é colaboração fraterna e necessária que vem sendo desenvolvida pelo movimento
espírita há mais de um século.
Mas, como já perguntamos, seriam estes os únicos meios de combate à obses-
são?
É claro que não. A evidência e as inúmeras orientações doutrinárias descartam
estas exclusividades. Se novamente avaliarmos o conteúdo de determinados tex-
tos, alguns já citados, poderemos reafirmar e compreender a extensão das possi-
bilidades existentes:

"Há diversos processos de medicação espiritual contra o vampirismo, os


quais poderemos desenvolver em direções diversas." (André Luiz, Missio-
nários da Luz, 21. ed., p.63).

115
"O magnetismo é uma força universal que assume a direção que lhe
ditarmos." (André Luiz, Libertação, 12. ed., p.192).

"Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O magne-


tismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor." (O
Livro dos Espíritos, perg. 388).

"Existem, no entanto, outras manifestações da luz, da eletricidade, do


calor e da matéria, desconhecidas nas faixas da evolução humana, das quais,
por enquanto, somente poderemos recolher informações pelas vias do espí-
rito." (André Luiz, Mecanismos da Mediunidade, 8. ed., p.19).

4.12.4) A Corrente Magnética

"Na opinião de Deleuze, é o meio mais poderoso para aumentar a força


do magnetismo e para pôr em circulação o fluido." (Michaelus, Magnetis-
mo Espiritual, 4. ed., p. 113).

Este meio mais poderoso, instituído como método desobsessivo, desenvolve to-
das as diretrizes anteriormente selecionadas, possibilitando a desobsessão coleti-
va pela força do pensamento coletivo.
A mediunidade e o magnetismo são suas colunas mestras e, o pensamento, sua
base de expressão.

A corrente magnética desobssessiva permite tratar:

1) Qualquer processo obsessivo, independente do caráter de que se reveste;

2) Todas as causas etiológicas da obsessão;

3) Todos os agentes da síndrome obsessiva, quer sejam: encarnados ou desen-


carnados; e as suas múltiplas e variáveis interações;

4) Os diferentes graus em que se apresenta a obsessão; da obsessão simples à


subjugação;

5) As conseqüências da síndrome obsessiva, auxiliando como meio principal, ou


coadjuvante, na solução das enfermidades físicas, psíquicas e espirituais;

6) Os espíritos obsessores, independente do número ou das formas em que se


apresentem: de um espírito à de uma falange, dos espíritos hipnotizados,
com lesões perispirituais, aos ovóides;

116
7) As formações vibratórias de baixo teor, tais como: bacilos psíquicos e
matéria mental fulminatória;

8) Os ambientes psíquicos das instituições espíritas e dos lares dos sofredores


atendidos;

9) Os encarnados, em pequeno ou grande número, sejam obsidiados, obsessores


ou estejam vivendo diferentes síndromes caracterizadas, de uma forma ge-
ral, como auto-obsessão.

10) As obsessões epidêmicas;

11) As obsessões a que os médiuns estão sujeitos. Tratando-as ou prevenindo-as.

Um método de tal envergadura não pode existir, sem uma série de ações
correlatas. Estas ações sob o título de Terapêutica Básica e Corrente Magné-
tica, é o que descreveremos no próximo capítulo.

Depois destas palavras, soprou sobre ele, di-


zendo: Recebeis o Espírito Santo; a quem vós
perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; a quem
vós os retiverdes, são-lhes retidos (João, 20:21-23).

117
CAPÍTULO V

TERAPÊUTICA BÁSICA E CORRENTE MAGNÉTICA

E, tendo feito o povo sentar-se na relva, tomou


os cinco pães e os dois peixes; levantou os olhos ao
céu e os abençoou. Em seguida, partiu os pães e os
entregou aos discípulos; e os discípulos os serviram
ao povo. Comeram todos e ficaram fartos, e enche-
ram ainda doze cestos com os pedaços que sobra-
ram. Ora, o número dos que comeram era de uns cin-
co mil homens, sem contar mulheres e crianças
(Mateus, 14:18-21).
A corrente mento-eletromagnética aplicada à desobsessão é um verdadeiro
multiplicador de bênçãos espirituais. Com poucos médiuns e em um breve espaço
de tempo, é possível saciar a fome espiritual de uma multidão de espíritos, sejam
encarnados ou desencarnados.

Baseando-nos em anteriores e novas citações, procuremos definir,


explicar e apresentar o método terapêutico desobsessivo que inclui:

1) Triagem ou conversação fraterna;

2) Reunião pública de evangelização e passes;

3) Aulas e estudos em grupos para os candidatos ao tratamento;

4) Passes de desobsessão e corrente magnética de atendimento geral;

5) Grupos de vibração em benefício dos pacientes e seus familiares;

6) Grupos de diagnóstico psíquico;

7) Correntes magnéticas especiais destinadas ao tratamento de casos graves


ou de difícil solução;

8) Grupos de desobsessão por doutrinação verbal;

9) Encaminhamento pela triagem, às diversas atividades mediúnicas, magné-


ticas, sociais e educativas desenvolvidas pela casa espírita, conforme in-
dicação, necessidade e interesse do paciente;

10) Caravanas de culto no lar, visitas e orientações aos familiares e aos pró-
prios pacientes.

Logicamente que todas estas atividades são implantadas passo a passo, con-
forme o número de trabalhadores da instituição, o preparo prévio, a especializa-
ção e o número de pacientes que buscam a casa espírita.
Inicialmente, através dos cursos (estudos sistematizados da doutrina espíri-
ta), é realizada a formação doutrinária geral e oferecida a possibilidade da refor-
ma e conscientização ao futuro trabalhador ou médium. Após, pelo desenvolvi-
mento mediúnico, faz-se o treinamento, a especialização, o esclarecimento e a
formação dos diversos grupos, desde os de médiuns passistas até os médiuns da
corrente magnética; dos grupos de vibração aos de desobsessão por doutrinação
verbal. Não nos é possível descrever o método, a maneira e a dinâmica da forma-

121
ção dessas equipes no presente volume, mas segue o que tradicionalmente conhe-
cemos em nossa prática doutrinária, aliado a conceitos e modelos de ações que
paulatinamente vamos desenvolvendo na nossa pesquisa.
Também através de cursos, formam-se trabalhadores para a realização da
triagem ou conversação fraterna, permitindo uma melhor entrevista e conseqüen-
te diagnóstico dos problemas psíquicos, em que poderão estar envolvidos os paci-
entes, possibilitando a adequada orientação.
Preenchidos todos os requisitos básicos de formação e treinamento das equi-
pes, inicia-se a implantação de cada uma dessas atividades.
Recomenda-se que a triagem e a reunião pública (juntamente com o passe e
as aulas especializadas aos pacientes) sejam realizadas em dias distintos. Caso
não seja possível e desde que se tenha espaço e trabalhadores suficientes, pode-
mos unir essas atividades, até que o número de freqüentadores e candidatos ao
tratamento inviabilize tal iniciativa. Já a desobsessão, por razões sobejamente co-
nhecidas, deve ser realizada em dia próprio.
Podemos ter o seguinte esquema, que aqui citamos como exemplo, apenas
para facilitar a compreensão daqueles que nunca participaram ou viram algo a
respeito desse método desobssessivo:

- Triagem ou conversação fraterna, às segundas-feiras;

- Reunião pública, passes e aulas especializadas aos pacientes, às terças-


feiras.

- Desobsessão, incluindo nesse termo: o passe, a corrente magnética geral,a


especial, a vibração e a doutrinação verbal, às quartas-feiras.

O método que empregamos pede a presença do paciente no grupo espírita,


no mínimo por três semanas consecutivas, perfazendo um total inicial de oito reu-
niões, assim distribuídas:

a) Duas Reuniões de Triagem

A reunião inicial, onde é feita a primeira entrevista, dadas as orientações e


encaminhamento, e a de retorno, para a finalização do tratamento ou reinício,
conforme a necessidade.

Esta reunião em linhas gerais é dividida em duas partes:


a
I - De esclarecimento ou orientações evangélicas (de trinta a cinqüenta
minutos). Os pacientes são recebidos no salão à semelhança de uma reunião pú-
blica ou em salas menores, divididas em turmas. A segunda opção tem se mostra-
do mais eficiente. Nessas turmas além dos comentários evangélicos, procura-se

122
enfatizar as principais diretrizes a respeito do tratamento, tais como: sua dinâmi-
ca, disciplina, importância, necessidade do esforço próprio e da reforma íntima,
etc. Ainda nesta reunião, procura-se desenvolver uma campanha em prol da im-
plantação do Culto do Evangelho no Lar, detalhando a sua forma de realização
e os benefícios que esta prática metodicamente desenvolvida oferece.
Os pacientes que estão retornando, após cumprirem a primeira etapa do trata-
mento, são localizados em turmas distintas, e da mesma forma, recebem desde as
orientações evangélicas até os esclarecimento a respeito de dúvidas, sejam elas
relacionadas ao tratamento realizado ou a determinados aspectos doutrinários.
a
2 - De triagem propriamente dita (de setenta a noventa minutos). Cada paci-
ente é recebido individualmente e a entrevista ou conversação fraterna dura o tempo
que for necessário, logicamente, levando-se em consideração a disciplina do trabalho,
a disponibilidade de entrevistadores e o número de freqüentadores. Preenche-se a
ficha com o resumo dos problemas, orientações e encaminhamento, para que seja
possível o acompanhamento real de todos aqueles que iniciam o tratamento.
Quando o paciente retorna, após as três semanas, constará em sua ficha , o
número de presenças e faltas ao tratamento. Com base em sua freqüência, seu
estado atual em relação à anamnese inicial, sua auto-avaliação, a gravidade do
seu caso, a avaliação do entrevistador, é dada alta ou outro encaminhamento para
uma nova etapa de tratamento.
Não só na triagem, mas em todos os trabalhos, as equipes de recepção e
secretaria são de suma importância para o bom desenvolvimento das ações
assistenciais. O encaminhamento e orientação dos pacientes, o levantamento de
sua freqüência, o controle adequado das fichas de entrevista, etc, constituem
atribuições de relevância e prioridade.
Entre a primeira e segunda parte, poderá haver atividades de passes, benefici-
ando de forma mais ampla os pacientes que irão iniciar ou finalizar o tratamento.

b) Três Reuniões de Estudos Sistematizados e Tratamento pelo Passe

A partir das fichas recebidas na triagem, os pacientes são localizados em


salas de aulas, onde se estuda de forma crescente e ordenada temas referentes à
obsessão e à desobsessão, aos vícios, aos problemas familiares, à conduta moral
e mental, à prece etc. Procura-se formar as turmas a partir de seus núcleos ou
problemas comuns, detectados pelos registros, anotados nas fichas de entrevis-
tas. A abordagem é realizada de forma simples e participativa, com textos e estu-
dos em grupos, voltando as explicações e ilustrações para os problemas individu-
ais e causais, desencadeadores dos processos psíquicos.
A união pelos núcleos ou problemas básicos comuns possibilita a maior
eficiência do tratamento, desperta o interesse e auxílio mútuo, permitindo a troca
de experiência e ainda oferecendo, a cada indivíduo oportunidade de acesso às
fontes superiores da vida, para que, a partir daí, possa realizar a própria cura.
Dessa forma, há uma verdadeira terapia de grupo à luz da doutrina espírita,

123
onde medos, receios, dores, dúvidas, sofrimentos, etc, são intercambiados em
regime de experiência e aprendizagem.
Nessas reuniões, são efetuados estudos, por módulos, durante três semanas
consecutivas. Quando o paciente repete o tratamento e é encaminhado para a
mesma sala, poderá encontrar o mesmo tema, porém com abordagem diversa e
sequenciada.
Aplicamos essa metodologia de estudo, baseando-nos em várias orientações
doutrinárias. Dentre elas, destacamos:

"As reuniões espíritas podem proporcionar grandes vantagens permitin-


do esclarecimentos pela troca recíproca de idéias, pelas perguntas e obser-
vações que cada um pode fazer e das quais todos aproveitam; [...]." (Allan
Kardec, O Livro dos Médiuns, Edição Especial, LAKE, item 324).

Neste dia, existem ainda grupos de estudos mais específicos ou especializados


destinados à recuperação de viciados, sejam alcoólatras, drogados, tabagistas,
etc. Muitas vezes, mesmo que o paciente encerre o tratamento, poderá freqüen-
tar esses cursos, dando continuidade à sua recuperação.
Além de todos esses grupos de estudos mais específicos ou especializados,
são realizadas, simultaneamente, reuniões públicas para os freqüentadores habi-
tuais da instituição, que não estejam em tratamento, mas que podem vir a fazê-lo.
Ao final, ou no intervalo dos estudos, que duram em torno de quarenta a
noventa minutos, conforme a sua destinação e objetivo, o paciente é conduzido ao
passe espírita, que deve e é realizado com conhecimento de causa, utilizando-se
de técnicas magnéticas e, quando possível, de água fluidificada.
No desenrolar das atividades de esclarecimento e estudos, alguns médiuns
da instituição fazem, em local apropriado, prece e vibração em torno dos pacien-
tes e freqüentadores das reuniões públicas, incluindo os seus lares e entes queri-
dos.

c) Três Reuniões de Desobsessão

Os pacientes são recebidos em salas formando novos grupos de estudos ou


conjuntamente no salão, participando de palestras. Como falamos anteriormente,
os estudos em salas de aula, com grupos menores, também aqui, têm se mostrado
de uma maior eficiência. Os temas escolhidos, geralmente, prendem-se aos as-
pectos básicos ou fundamentais da Doutrina Espírita (lei de causa e efeito, reen-
carnação, vida além túmulo, processo de auto-cura, etc.). A forma de aplicação e
abordagem é a mesma referida nos parágrafos anteriores, mas um dos principais
objetivos é permitir que o paciente, adquirindo maior compreensão, venha a auxi-
liar pela vontade e pensamento o próprio tratamento, conscientizando-se e apro-
veitando ao máximo as oportunidades oferecidas.
Após os estudos, que devem durar entre trinta a quarenta minutos, os pacien-
tes são encaminhados ao passe espírita.

124
Os passes são ministrados de forma mais demorada e com técnica adequada
para a área desobsessiva. Tanto poderão ser realizados em sala contígua ao local
onde são efetuadas as ações da corrente magnética de atendimento geral, como
também, na mesma sala. Hoje damos preferência à primeira opção, não só para
evitar impressões desnecessárias aos irmãos em tratamento, devido aos fenôme-
nos magnéticos e mediúnicos que ocorrem durante as manifestações da corrente,
como igualmente, para agilizar o funcionamento desta, evitando as interrupções
que a entrada e saída dos pacientes provocam.

c.1) Outros Grupos

Além do atendimento geral pela corrente magnética, estarão sendo realiza-


das, no dia reservado à desobsessão, outras ações terapêuticas, a saber:

c.1.1) Grupo de Vibração

Segue as mesmas diretrizes do trabalho anteriormente mencionado, realizado no


dia das reuniões de estudo. Procufa-se apenas atender de forma mais direta os paci-
entes, através de vibrações amorosas e preces voltadas para as suas necessidades,
problemas pessoais ou núcleos. Visa-se ainda ao atendimento de seus lares e fortale-
cimento do ambiente psíquico do centro espírita, auxiliando e doando energias que
serão utilizadas durante todo o desenrolar da atividade desobsessiva.

c.1.2) Grupo de Diagnóstico Psíquico

Seguindo metodologia que explicaremos nos capítulos pertinentes à segunda


parte da pesquisa, os pacientes que tenham realizado uma, duas ou mais etapas
completas de tratamento (cada etapa de três semanas consecutivas) e não apre-
sentaram melhoras ou tiveram discreta modificação de seus quadros psíquicos,
são encaminhados a este grupo, para uma visualização mais adequada de suas
condições e melhor direcionamento de seu tratamento.
O paciente é avaliado pelo tato magnético, vidência, clarividência, desdobra-
mento, etc, ou mesmo quando útil e possível, o dirigente da atividade poderá
receber, em ambiente adequado, orientações dos mentores, através da psicofonia
ou psicografia, a respeito deste ou daquele processo obsessivo mais grave. Gravi-
dade que possa refletir, por exemplo, risco de vida (suicídio, aborto, etc.) ou mes-
mo quadros caracterizados por um cerco hipnótico tecnicamente organizado (vide
o caso Margarida descrito no capítulo 4), ou distúrbios da personalidade inclusos
nos processos auto-obsessivos.

c.1.3) Grupo de Correntes Magnéticas Especiais

Uma das opções de encaminhamento para os pacientes que foram avaliados


pelo grupo de diagnóstico psíquico, são as correntes magnéticas especiais. Espe-

125
ciai aqui, não tem nenhuma conotação de melhor ou superior às outras, adotamos
apenas para diferenciá-la da corrente magnética de atendimento geral. São for-
madas por menor número de médiuns, porém mais experientes e preparados, e
destinam-se ao atendimento de casos graves ou de difícil solução.

c.14) Grupo de Desobsessão por Doutrinação Verbal

Grupo em especialização, segundo as inúmeras orientações doutrinárias a


esse respeito, fundamentando-se no livro Desobsessão de André Luiz:
O trabalho destina-se à doutrinação, pela conversação fraterna, de entidades
em interação obsessiva com determinados pacientes, envolvidos em processos
psíquicos de extrema gravidade, ou ligados à própria instituição, podendo ainda
serem socorridos desencarnados trazidos pela equipe espiritual sem nenhuma des-
sas ligações. Na nossa experiência atual, temos atendido mais rotineiramente os
denominados Chefes de Falanges que atuam em determinados casos ou que
tentam desestruturar os trabalhos da agremiação espírita. Conjugamos a esta ati-
vidade a corrente magnética, facilitando demasiadamente a solução dos proble-
mas, permitindo que os outros espíritos componentes da falange sejam atendidos,
quebrando os laços hipnóticos a que estão submetidos, enquanto os chefes ou
obsessores pertinazes são doutrinados.
Cada um dos grupos, até aqui mencionados, utiliza-se do tempo necessário
para o desenvolvimento de suas obrigações, não devendo o trabalho desobsessivo,
como um todo, ultrapassar de duas horas.
Os pacientes encarnados são liberados após os estudos, passes, avaliação
(quando necessária) e atendimento nos grupos diversificados, enquanto os mé-
diuns, nos diferentes subgrupos, dão continuidade às suas tarefas.

d) Encaminhamento pela Triagem a Diversas Outras Atividades do


Centro Espírita

O paciente quando retorna à triagem, após ter freqüentado os trabalhos


descritos, por três semanas consecutivas, poderá ser encaminhado para outras
atividades mediúnicas e magnéticas (como os chamados trabalhos de cura),
sociais (trabalhos de assistência social espírita) e educativos (curso sistemati-
zado de doutrina espírita) e t c , conforme condições, indicação, necessidade e
interesse.
Os cursos são uma das principais atividades de encaminhamento, porque,
como o paciente participa em uma única etapa de tratamento de oito ciclos de
estudos, voltados para os seus problemas pessoais, surge, na maioria das vezes,
um forte interesse em conhecer mais amplamente a Doutrina Espírita. Devido
aos programas dos cursos serem estruturados de forma gradativa e seqüencial,
conjugados às atividades práticas e assistenciais, permitem que no decorrer do
tempo o ex-paciente venha a se tornar um trabalhador ou médium da instituição.
Aliás, em nossa experiência, são poucos os integrantes de nossas agremiações
que não passaram por esta via de aquisição, formação e aprendizagem.

126
Aplicando e desenvolvendo esta metodologia, procuramos dar cumprimento
a algumas orientações doutrinárias de suma importância para os servidores das
lides desobsessivas:

"[...]. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de


fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as idéias espíritas e de
desenvolver grande número de médiuns." (Allan Kardec, Obras Póstu-
mas, 23. ed., FEB, p.342).

"O que caracteriza um estudo sério é a continuidade." (Allan Kardec, O


Livro dos Médiuns, Edição Especial, LAKE, p.43).

"Justo, assim, que as instituições espíritas, revivendo agora o Cristianis-


mo puro, sustentem estudos sistemáticos, destinados a clarear o pensamen-
to religioso e traçar diretrizes à vida espiritual." (Emmanuel, Estude e Viva,
prefácio).

"[...] mediante a evangelização do paciente - fator preponderante para


qualquer empreendimento socorrista -, a oração conjunta e o ministério
fluidoterápico pelo passe podem-se conseguir resultados opimos." (Manoel
P. de Miranda, Tramas do Destino, 2. ed., p.223).

"Divulgar não significa catequizar, exigindo mudanças de superfície. É,


informar, elucidar e transmitir, aguardando que o tempo favoreça os racio-
cínios sólidos que cooperam na transformação individual." (Guillon Ribeiro
/ Júlio C. Grandini, Reformador, jan. 1973).

e) Caravanas de "Cultos nos Lares"

Estas caravanas são formadas, em sua maioria, por médiuns que integram a
equipe da desobsessão e objetivam apoiar, orientar e auxiliar os pacientes e seus
familiares. Uma das metas principais é a implantação do Culto do Evangelho no Lar.
Procura-se atender os pedidos de visita, a partir do interesse do próprio paci-
ente, sendo que os casos de extrema gravidade ganham, por motivos óbvios, a
preferência.

f) Algumas Palavras

Ao descrever um dos métodos possíveis, não queremos, como já dissemos em


capítulos anteriores, servir de modelo ou sobrepor-nos a qualquer outro, similar ou
não. O intuito é mostrar que a desobsessão por corrente magnética não pode, não
deve e não está separada das demais terapêuticas de socorro, ações educativas e
assistenciais, rotineiramente desenvolvidas nas agremiações espíritas. Desejamos deixar
claro, mais uma vez, que a desobsessão por corrente mento-eletromagnética se
alicerça na vivência prática dos postulados básicos da Doutrina Espírita.

127
Convém ressaltar, que o processo aqui descrito, não possui nada de absoluto
e imutável. Não nos esqueçamos de que os métodos, geralmente, são transitórios,
sendo prioritários e essenciais, apenas os princípios. Dessa forma, a organização,
funcionamento, diretriz, prática, etc, das reuniões, poderão ser alteradas confor-
me a necessidade, realidade, evolução, condições e experiências desenvolvidas.

g) Esquema Sintético da Terapêutica Básica

Estudos Tratamento Passe e


Triagem Palestras Total
sistematizados pelo passe desobsessão

2 3a5
2 (antecedem a 6 (com passe na 3 16al8
triagem) triagem)

Chamou a si o seus doze discípulos e deu-lhes


o poder de expulsarem os espíritos impuros e cura-
rem toda a moléstia e enfermidade ( Mateus, 10:1-2).

128
CAPÍTULO VI

JUSTIFICATIVA E MECANISMOS DE AÇÃO


DA
CORRENTE MAGNÉTICA

Em seguida, voltando-se especialmente aos


seus discípulos, disse: "Ditosos os olhos que vêem o
que vós vedes: Pois, declaro-vos que muitos profetas
e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram;
desejaram ouvir o que vós ouvis, e não ouviram" (Lu-
cas, 10:23-24).
No presente capítulo, desejamos justificar os pontos principais da terapêutica
básica e, ao mesmo tempo, descrever os mecanismos de ação, as bases funcio-
nais da corrente magnética aplicada à desobsessão.
Em todos os capítulos anteriores, enaltecemos e relatamos as grandes possi-
bilidades que a corrente magnética oferece. Partindo da obsessão, inicialmente
analisamos o que a terapêutica desobsessiva deveria ter ou fazer para o verdadei-
ro combate e apontamos em cada item o que realiza a cadeia de força. Agora
necessário se faz mostrar como e por quê.
Temos dito, afirmado, reafirmado e repetido, que a desobsessão por corrente
magnética é um método oriundo dos magnetizadores, aperfeiçoado e
redimensionado pelos princípios Kardequianos e pelos que lhe são complementa-
res. Nada mais lógico que venhamos a legitimar a nossa prática através desses
princípios.
A terapêutica básica é um conjunto de ações esclarecedoras, evangélicas,
mediúnicas e magnéticas, realizadas em conjunto e harmoniosamente distribuí-
das. As ações mediúnicas e magnéticas são expressas pela prece, vibração, pas-
se, reuniões de doutrinação e corrente magnética. Todas elas possuem um tronco
comum e se sustentam nos mesmos princípios, diversificando as suas ações e
emprego, mas completando-se em um conjunto único.
Este conjunto de meios similares e interativos tem mecanismos próprios, mas
a forma de colocá-los em prática pode obedecer às mesmas diretrizes. Isso signi-
fica que uma conduta a ser seguida durante a prece, pode ser a mesma a ser
praticada em determinada etapa de funcionamento da corrente magnética. Um
momento do passe ou da vibração pode corresponder a uma fase da corrente, e
assim por diante. É o que pretendemos demonstrar.
Os comentários dos textos escolhidos se voltam o tempo todo para a prática
e justificativas das afirmações mencionadas nos capítulos passados. Utilizamos
de inúmeras perguntas para facilitar a exposição de todos os princípios.
Gostaríamos de dizer que a maioria das perguntas não foram formuladas a
esmo, mas são contribuições de vários confrades que durante anos freqüentaram
os cursos que ministramos a respeito do assunto. Apenas preferimos dar as res-
postas a partir de citações de Kardec e dos Espíritos Superiores, guardando as
nossas ponderações para a união dos princípios formulados, correlacionando-os
com os mecanismos da corrente mento-eletromagnética.

6.1) O PORQUÊ E COMO REALIZAR A PRECE E A VIBRAÇÃO

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou


dever interrogar um Espírito superior, que respondeu: "A idéia fixa dessa
senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos
maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impe-
dindo que lhe cheguem as boas influências. Os Espíritos dessa natureza

131
abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à
cura dos doentes. Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário
uma força moral capaz de vencer a resistência; e tal força não é dada a um
só. Cinco ou seis Espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns
instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam;
que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental; para
tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário. Pelo pensamento podeis
levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa
intenção, aumentada pelo número. Por tal meio podereis neutralizar o mau
fluido que a envolve. Fazei isto: tende fé em Deus e esperai." (Allan Kar-
dec, Revista Espírita, jan. 1863, p.05).

Vamos destacar os principais itens da resposta:

a) "A idéia fixa dessa senhora..."

b) "Atrai uma porção de Espíritos maus..."

c) "Que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias..."

d) "Impedindo que lhe cheguem as boas influências..."

A evangelização, na forma que praticamos, dividindo os pacientes em grupos


de estudos, visa justamente atender à pessoa em relação às suas idéias fixas, ou
problemas básicos, ou núcleos, como definimos. Porque, se houver mudança
das idéias, não haverá atração de Espíritos maus, conseqüentemente, cessará o
envolvimento fluídico, a alimentação mental, e será possível ao obsidiado receber
as boas influências.
Notemos mais uma vez que não era apenas um Espírito Obsessor, mas uma
porção.

Para curar é necessário:

e) "uma força moral capaz de vencer a resistência..."

f) "tal força não é dada a um só..."

g) "cinco ou seis Espíritas sinceros se reúnam..."

h) "durante alguns instantes..."

i) "peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos..."

132
Assim são realizadas as vibrações, durante os trabalhos de desobsessão por
corrente magnética, que anteriormente mencionamos. Reunião de alguns, por pou-
cos instantes, com suficiente força moral, pedindo a Deus e aos bons Espíritos
pelos doentes; no nosso caso, não para um único sofredor, mas para vários.

Continuemos:

j) "Que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental..."

l) "Não necessitais estar junto à ela, ao contrário..."

m) "Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica..."

n) "Cuja força estará na razão de vossa intenção aumentada pelo número..."

o) "Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que envolve..."

Outra grande utilidade do levantamento dos dados do paciente pela triagem,


priorizando seus problemas mais graves ou idéias fixas, é facilitar a magnetização
mental que a prece a ele dirigida durante a vibração, deve também representar.
A magnetização mental realizada pelos médiuns, através da vontade e desejo
sincero de auxiliar, alcança o paciente, independente da região espacial onde ele
se encontre. Por esse motivo, não há necessidade do doente estar localizado na
sala onde se realiza a vibração, bastando estar nas dependências do grupo espírita
para ser beneficiado. Por essa mesma razão, torna-se possível o atendimento aos
lares dos sofredores, bem como os tratamentos à distância.
A força da salutar corrente fluídica é diretamente proporcional à intenção,
sinceridade de propósitos e número de médiuns (ou espíritas) que participam da
atividade. Entende-se a importância do preparo individual e da equipe, o estudo e
o aperfeiçoamento contínuo para obtenção de resultados superiores e satisfatórios.
A corrente fluídica é capaz de neutralizar os maus fluidos que envolvem o
obsidiado, sem usar uma única palavra, apenas empregando de forma coletiva o
poder da mente em prece. Entendendo a prece como uma ação magnético-
mental.

6.1.1) Os Resultados

Vejamos os resultados alcançados pelos comentários de Kardec, na seqüên-


cia do texto:

"Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês


não faltaram à missão aceita. Depois de alguns dias a doente estava sen-
sivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta
e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignoran-

133
do ainda, como seu marido de onde lhe veio a cura." (Revista Espírita,
jan. 1863, p.05).

O tempo não pode ser desprezado na solução dos problemas individuais. Daí,
a vibração e todos os outros recursos desobsessivos da Terapêutica Básica se
desenvolverem no mínimo por três semanas consecutivas, perfazendo oito reuni-
ões e dezesseis ou dezoito atividades (contando apenas as que o paciente partici-
pa direta e ativamente).
A diferença em relação aos comentários de Kardec, é que, no nosso caso, gra-
ças à triagem, aos estudos sistematizados, às caravanas de culto no lar, etc, não só os
pacientes mas também os seus familiares conhecem e podem, inclusive, participar,
auxiliar e facilitar a cura e o restabelecimento próprio ou de seus entes queridos.

6.1.2) O Método

Continua Kardec:

"A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acres-


centar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito. A prece não tem
apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer
uma ação magnética." (Revista Espírita, jan.1863, p.06).

As orientações de como realizar a vibração, utilizando-se da prece em bene-


fício dos pacientes em tratamento, como diz Kardec, estão aqui claramente
indicadas. Não necessitamos nada mais acrescentar. Chamamos apenas a aten-
ção de que essa mesma salutar corrente fluídica pode também ser utilizada em
torno do próprio trabalho desobsessivo, ampliando os recursos magnéticos de to-
das as outras atividades desenvolvidas, conforme explicamos no capítulo 5.

6.1.3) O Elemento Espiritual

Conclui Kardec:

"Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece! Infelizmente certos


magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do ele-
mento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de po-
deroso auxiliar. Esperamos que os verdadeiros Espíritas vejam no fato mais
uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes." (Re-
vista Espírita, jan. 1863, p.06).

Na desobsessão por corrente magnética o elemento espiritual é profundamen-


te considerado. O Trabalho de Vibração que compõe as suas ações é realizado nos

134
moldes prescritos por Kardec e, a existência e funcionamento da corrente de forma
concomitante mostra a preocupação com o atendimento e tratamento não só do
obsidiado como do obsessor.É o magnetismo auxiliado pela prece, distanciando-se
das ações mecânicas e tornando-se um poderoso auxiliar das ações desobsessivas.
A mesma salutar corrente fluídica da atividade de vibração com fim
desobsessivo é de igual modo formada e emitida pela cadeia mento-eletromagné-
tica, com a diferença de sua ação não consistir apenas em neutralizar o mau
fluido que envolve o obsidiado, mas igualmente atrair, tratar e auxiliar o espírito ou
espíritos sofredores envolvidos.
A conjugação de Vibração e Corrente Magnética tem-nos provado, realmen-
te, que o magnetismo aliado à prece com consciência do elemento espiritual, seja
superior ou inferior, sustentado pelos conceitos e práticas mediúnicas que a Dou-
trina Espírita desenvolve, pode ajudar muito. Os fatos por nós percebidos, nos
vários anos de nossa experiência, são uma constatação do bem que podemos
fazer em circunstâncias semelhantes.

6.2) A CORRENTE MAGNÉTICA APLICADA À DESOBSESSÃO

Como falamos, em igualdade de condições e dentro do mesmo raciocínio, meca-


nismo de ação e pequena variação do método, atua a corrente magnética desobsessiva.
A corrente magnética nada mais é que o trabalho de vibração ou magnetização
mental em prol dos obsidiados, comentado por Kardec, apenas que em vez de ser
somente uma corrente de vibração e emissão, é também, e ao mesmo tempo, uma
corrente de recepção, pois os espíritas que se agrupam na formação de uma
salutar corrente fluídica são médiuns devidamente treinados e preparados.
Como todo trabalho magnético e mediúnico, tem suas regras, disciplina e
meios adequados de aplicação. No entanto, guarda o mesmo princípio de ação: o
pensamento iluminado pela prece em ação conjunta ou coletiva, formando uma
salutar corrente fluídica, direcionada aos sofredores, promovendo a neutralização
dos maus fluidos e indo mais além, ao permitir a passagem ou incorporação rápida
e transitória dos espíritos necessitados, beneficiando obsidiados e obsessores ao
mesmo tempo, graças aos recursos infindáveis da mente.

6.2.1) Como Atua a Corrente Magnética Desobssessiva

O funcionamento da corrente se dá em quatro níveis ou momentos distintos,


com imensas possibilidades de auxílio:

1. Expulsão

Os médiuns psicofônicos, passistas, dirigente com auxílio da prece, expulsam


do mundo íntimo e dos seus halos energéticos os remanescentes vibratórios que

135
trazem do círculo diário e, com o auxílio do autopasse e das passagens iniciais,
reajustam-se para o início da atividade ou se renovam, na continuidade do atendi-
?
mento.

2. Absorção

Momento em que os médiuns da corrente, do passe e o dirigente absorvem


as substâncias renovadoras do plano espiritual, casando os fluidos da corrente
com as irradiações dos trabalhadores do Plano Maior da Vida e, de todos os mé-
diuns entre si, formando uma bateria mento-eletromagnética, onde cada partici-
pante funciona como uma pilha ou tomada, gerando e dando passagem às forças
que não lhes pertencem e que serão dirigidas aos pacientes, tanto encarnados
como desencarnados.

3. Emissão

Com a formação da salutar corrente fluídica, pelo pensamento dos mé-


diuns unidos entre si e com a espiritualidade superior, origina-se uma força mento-
eletromagnética, um manancial de fluidos curativos, que é sustentado pela vonta-
de consciente, intenção superior e atenção permanente, gerando múltiplas ações
que são ampliadas pelo número de médiuns, por suas qualidades morais e pela
homogeneização do ambiente.
Os múltiplos raios ou partículas assim emitidos podem, por exemplo, auxiliar
os médiuns passistas a atuarem sobre os pacientes encarnados, realizando a lim-
peza psíquica, drenando ou retirando a matéria mental fulminatória ou os bacilos
psíquicos de suas auras, sem que haja a necessidade da presença dos mesmos, ao
lado da corrente, porque tal ação é mental. Explica-se, por essa mesma razão, a
possibilidade da realização de tratamentos à distância, seja de outras pessoas ou
do próprio ambiente onde residem os doentes psíquicos.
Em identidade de circunstâncias, essa mesma salutar corrente fluídica pode
atingir os espíritos desencarnados distantes, ou presentes ao ambiente do grupo
espírita.

4. Recepção

Momento em que a corrente atua à semelhança de um eletroímã, permitindo^,


a passagem, em seu campo de força, dos espíritos sofredores, atraindo-os ern__
blocos ou em falanges, agrupados pelas vibrações similares. Como tais entidades
não possuem o corpo físico, além de receberem os raios ou a salutar corrente
fluídica, podem mergulhar ou se ligarem, como um plugue, às tomadas
energéticas representadas pelos centros perispirituais dos médiuns psicofônicos
em ação, ou se imantarem à corrente como um todo. As vibrações de ódio ou de

136
desequilíbrios que trazem, recebem por alguns momentos a reação benfazeja das
partículas luminescentes, emitidas pelos médiuns, gerando dessa forma uma ver-
dadeira reação físico-química de natureza espiritual, libertando-as das formas
psíquicas, bacilos, ovoides, fluidos degradantes que as envolvem, etc..
Os médiuns, ao se ligarem aos espíritos obsessores, realizam uma
magnetização mental positiva, que automaticamente é corroborada pelos
mentores, através de imagens emitidas por aparelhos e refletidas pelos fluidos
ectoplasmâticos da corrente, levando-os à visualização de fatos de suas próprias
vidas, à visão panorâmica, ao sono reparador, à identificação de entes queridos
presentes, ao reajustamento mental, liberando-os da hipnose obsidente, remode-
lando-lhes o corpo perispiritual e auxiliando a mudança do peso específico do
perispírito, permitindo-lhes a troca de domicílio espiritual e o encaminhamento
para postos emergenciais, colônias, etc.
Neste nível ou momento, é possível, da mesma forma, atrair e auxiliar a
destruição de formas pensamentos, bacilos psíquicos, matéria mental fulminatória,
etc, ligados ou gerados pelos pacientes encarnados.
Isso exposto, podemos imaginar o que ocorre quando unimos prece, passe,
vibração e corrente magnética ao mesmo tempo.

6.2.2) Mecanismos de Ação da Corrente Desobsessiva

Passemos à discussão e comprovação de cada uma dessas fases, níveis ou


momentos. Para melhor entendimento, apresentaremos os conceitos e textos com-
pilados, a partir das perguntas selecionadas e ordenadas de forma seqüencial e
concatenadas.
Detalharemos, sempre que possível e necessário, os argumentos escolhidos.

Pergunta nº 1 - Explique os momentos de Expulsão e Absorção da corrente


magnética desobsessiva. Como ocorrem, graças à oração sincera, estes dois pe-
ríodos ou fases?

Resp.: André Luiz, no livro Nos Domínios da Mediunidade (12. ed., p.163
cap. 17) ao observar uma atividade de passes, ministrada por dois médiuns encar-
nados, de nome Clara e Henrique, refere-se a esse mecanismo, caracterizando
ambas as fases citadas.
A corrente magnética, aplicada à desobsessão é uma atividade magnética e
mediúnica, necessitando observar os mesmos princípios que regem ambos os tra-
balhos.
Com a palavra André Luiz:

"A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental


que atrai. Por ela, Clara e Henrique, expulsam do próprio mundo interior

137
os sombrios remanescentes da atividade comum que trazem do círculo diá-
rio de luta e sorvem do nosso plano as substâncias renovadoras de que se
repletam, a fim de conseguirem operar com eficiência, a favor do próxi-
mo." (Grifos nossos).

É fundamental este banho de forças dividido em dois momentos distintos,


para que a corrente magnética possa atuar com a devida eficiência em favor do_
próximo. O autopasse pode vir a auxiliar estas ações, mas necessário se faz sali-
entar que é a oração como vibração, energia e poder, o fator preponderante e
indispensável.

Pergunta nº 2 - A interação energética entre os médiuns e o plano espiritu-


al, que permite a absorção de substâncias renovadoras, ocorre baseada em que
princípio?

Resp.: Continua o autor espiritual, no mesmo livro e capítulo (p.164):

"A oração, com o reconhecimento de nossa desvalia, coloca-nos na po-


sição de simples elos de uma cadeia de socorro, cuja orientação reside no
Alto. Somos nós aqui, neste recinto consagrado à missão evangélica, sob a
inspiração de Jesus, algo semelhante à singela tomada elétrica, dando pas-
sagem à força que não nos pertence e que servirá na produção de energia
e luz."

Os médiuns que integram a corrente mento-eletromagnética podem, da mes-


ma forma, ser comparados a singelas tomadas elétricas, em associação, forman-
do e dando passagem a determinadas forças, vindas do mais alto. A base dessa
interação, tanto entre os médiuns e destes com o plano espiritual, é a humildade, o
reconhecimento verdadeiro de nossa desvalia.
Cada médium que participa da corrente magnética é um elo, e a corrente
como um todo forma um grande elo pertencente a uma cadeia de socorro, cuja
orientação e trabalho maior residem no mais alto.
A consideração do elemento espiritual, tanto em relação aos mentores ou
servidores da pátria maior, como aos espíritos necessitados, é uma das grandes
diferenças entre a corrente magnética aplicada à desobsessão e a corrente mag-
nética dos magnetizadores. No primeiro caso, visa-se à aplicação dos recursos
magnéticos, fluídicos e mentais, em benefício de doentes encarnados e desencar-
nados, contando com o auxílio dos espíritos superiores. No segundo, na maioria
das vezes, constituía a aplicação desses recursos com a abstração dos espíritos,
de forma mecânica, voltada apenas para a recuperação física dos pacientes en-
carnados.

138
A produção de energia e luz, advinda da associação dos médiuns e da
integração com os servidores espirituais é imensa, com possibilidades variadas de
aplicações e benefícios.

Pergunta nº 3 - Compreendemos que há produção de energia e luz através


da oração. No passe, como na vibração e na corrente magnética, esta produção
deve ser de enorme potencial. Como poderemos visualizar tal quadro?

Resp.: Continuando a nossa pesquisa, no livro já citado, em sua página 26,


iremos encontrar a descrição perfeita das Correntes de Forças:

Detive-me na contemplação dos companheiros encarnados que agora


apareciam mais estreitamente associados entre si, pelos vastos círculos ra-
diantes que lhes nimbavam as cabeças de opalino esplendor.
Tive a impressão de fixar, em torno do apagado bloco de massa semi-
obscura a que se reduzira a mesa, uma coroa de luz solar, formada por dez
pontos característicos, salientando-se no centro de cada um deles o sem-
blante espiritual dos amigos em oração.
Desse colar de focos dourados alongava-se extensa faixa de luz violeta,
que parecia contida numa outra faixa de luz alaranjada, a espraiar-se em
tonalidades diversas que, de momento, não pude identificar, de vez que a
minha atenção estava presa ao círculo dos rostos fulgurantes, visivelmente
unidos entre si, à maneira de dez pequeninos sóis, imanados uns aos outros.
Reparei que sobre cada um deles se ostentava uma auréola de raios qua-
se verticais, fulgentes e móveis, quais se fossem diminutas antenas de
ouro fumegante. Sobre essas coroas que se particularizavam, de compa-
nheiro a companheiro, caíam do Alto abundantes jorros de luminosidade
estelar que, tocando as cabeças ali irmanadas, pareciam suaves correntes
de força a se transformarem em pétalas microscópicas, que se acendiam e
apagavam, em miríades de formas delicadas e caprichosas, gravitando, por
momentos, ao redor dos cérebros em que se produziam, quais satélites de
vida breve, em torno das fontes vitais que lhes davam origem.
Custodiando a assembléia, permaneciam os mentores espirituais presen-
tes, cada qual irradiando a luz que lhe era própria. (Nos Domínios da Me-
diunidade). (Grifos nossos).

A descrição de André Luiz parte de uma reunião em torno de uma mesa,


visando à atividade de desobsessão por esclarecimento evangélico. No entanto, o
fenômeno registra a associação fluídica e mental entre os médiuns e a absorção
de energia psíquica vinda do mais alto, exatamente como ocorre durante a segun-
da fase, fase de absorção, da corrente mento-eletromagnética. A única diferença
é que não utilizamos na formação da corrente magnética "o apagado bloco de

139
massa semi-obscura", preferindo a formação desenvolvida hâ séculos pelos
magnetizadores, que facilita enormemente o desenvolvimento das ações da cor-
rente, aplicada à desobsessão.

Pergunta nº 4 - Como poderemos formar, emitir, captar ou ampliar o teor


de nossas radiações mentais?

Resp.: Comenta o autor espiritual:

"Procuram disciplinar-se, exercitam a renúncia, cultivam a bondade cons-


tante e, por intermédio do esforço próprio no bem e no estudo nobremente
conduzido, adquiriram elevado teor de radiação mental." (Nos Domínios
da Mediunidade, 12. ed., p.27).

O trabalho de desobsessão por corrente magnética é todo estruturado no


poder das radiações mentais
Os médiuns que integram suas diversas e múltiplas ações, devem, pelo esfor-
ço próprio no bem através da disciplina, da renúncia, da bondade constante e dos
estudos nobremente constituídos adquirir passo a passo, dia a dia, elevado teor de
radiação, sob pena de nada ou muito pouco realizar.

Pergunta nº 5 - O que são os raios, as pétalas, absorvidos e emitidos pela


Corrente de Força formada pela integração da equipe encarnada com os mentores
espirituais? Podem tais raios ou partículas destruir os bacilos psíquicos descritos
no capítulo 4, que parasitam encarnados e desencarnados? O que é, e o que ocor-
re durante a terceira fase ou momento de emissão da corrente magnética?

Resp.: Novamente é André Luiz que nos dá o esclarecimento necessário,


graças ao livro Missionários da Luz (21.ed., p.65). No seu capítulo 4, ao descre-
ver os efeitos da oração, de uma irmã de nome Cecília, desligada provisoriamente
do corpo físico, em prol do seu esposo, portador dos bacilos psíquicos da tortura
sexual (vide item 4.11.2.1 da nossa pesquisa), o autor mostra-nos o que podemos
realizar quando realmente oramos e, deixa-nos entrever o poder de ação e
aplicabilidade da atividade de Vibração e Corrente Magnética.

Cecília, acariciando-lhe a cabeleira com as mãos, elevava os olhos ao


Alto, revelando-se em fervorosa prece. Luzes sublimes cercavam-na toda
e eu podia sintonizar com as suas expressões mais íntimas, ouvindo-lhe a
rogativa pela iluminação do companheiro a quem parecia amar infinita-
mente.
Comovido com a beleza de suas súplicas, reparei com assombro que o cora-
ção se lhe transformava num foco ardente de luz, do qual saíam inúmeras

140
partículas resplandecentes, projetando-se sobre o corpo e sobre a alma do
esposo com a celeridade de minúsculos raios. Os corpúsculos radiosos pene-
travam-lhe o organismo em todas as direções e, muito particularmente, na zona
do sexo, onde identificara tão grandes anomalias psíquicas, concentravam-se
em massa, destruindo as pequenas formas escuras e horripilantes do vampirismo
devorador. Os elementos mortíferos, no entanto, não permaneciam inativos.
Lutavam, desesperados, com os agentes da luz. O rapaz, como se houvera
atingido um oásis, perdera a expressão de angustioso cansaço. Demonstrava-
se calmo e, gradativamente, cada vez mais forte e feliz, no momento em curso.
Restaurado em suas energias essenciais, enlaçou devagarinho a esposa amoro-
sa que se conservava maternalmente ao seu lado e adormeceu jubiloso. (Mis-
sionários da Luz, p.65). (Grifos nossos).

Na seqüência esclarece o instrutor de André Luiz:

"A criatura que ora, mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos de


inexprimível significação. Semelhante estado psíquico descortina forças ig-
noradas, revela a nossa origem divina e coloca-nos em contacto com as
fontes superiores. Dentro dessa realização, o Espírito, em qualquer for-
ma, pode emitir raios de espantoso poder." (Missionários da Luz,
p.66). (Grifos nossos).

A salutar corrente fluídica formada pela prece em magnetização mental, re-


ferida por Kardec, nada mais é que a emissão de raios de espantoso poder anota-
da por André Luiz.
Na fase de Emissão da corrente magnética, após o período de Expulsão e
Absorção, os médiuns coordenados pelo dirigente emitem e direcionam estes rai-
os em benefício dos pacientes encarnados e desencarnados.
A quantidade de partículas emitidas é imensurável, bem como a rapidez com
que se deslocam e atingem os seus fins. Estes minúsculos raios tanto agem sobre
o corpo físico quanto sobre a alma, e são capazes, como deixa claro o exemplo, de
destruírem os bacilos psíquicos ou formas escuras e horripilantes do vampirismo.
Não só Cecília mas todos nós, quando oramos, mobilizando as próprias for-
ças, poderemos realizar estes trabalhos de inexprimível significação. Se o faze-
mos em grupo, com método e disciplina, aumentando a força de emissão pelo
número, qualidades morais e razão de nossas intenções, destinando nossos esfor-
ços em prol dos obsidiados, conseguiremos afastar os maus fluidos, destruir for-
mas psíquicas e iluminar consciências, promovendo a desobsessão coletiva pela
força e união do pensamento em prece.
A corrente magnética em suas fases de Expulsão, Absorção e Emissão nada
difere dos Trabalhos de Passe e Vibração, por isso, unimos, integramos e
complementamos estas atividades graças à metodologia desenvolvida pela Tera-
pêutica Básica já detalhada.

141
Pergunta nº 6 - Qual a quantidade, qualidade, densidade e diversidade des-
ses raios ou partículas que recebemos e emitimos? A absorção ou a penetração
dessas partículas em nosso complexo físico-psíquico possuem direção e sentido
diversificados? Esses raios podem realmente curar ou restabelecer corpos físi-
cos, renovar almas e iluminar consciências?

Resp.: Os comentários às questões propostas são dados pelo Espírito Ale-


xandre, instrutor de André Luiz, no livro Missionários da Luz:

a) Sentido vertical, pela fronte

"Descem sobre a fronte humana, em cada minuto, bilhões de raios cós-


micos, oriundos de estrelas e planetas amplamente distanciados da Terra,
sem nos referirmos aos raios solares, caloríficos e luminosos, que a ciência
terrestre mal começa a conhecer." (Missionários da Luz, 21.ed., p.67).

b) Sentido vertical pelos pés

"Os raios gama, provenientes do radium que se desintegra inces-


santemente no solo, e os de várias expressões emitidos pela água e pelos
metais, alcançam os habitantes da Terra pelos pés, determinando conside-
ráveis influenciações." (Missionários da Luz, 21.ed., p.67).

c) Sentido horizontal

"E, em sentido horizontal, experimenta o homem a atuação dos raios


magnéticos exteriorizados pelos vegetais, pelos irracionais e pelos próprios
semelhantes." (Missionários da Luz, 21.ed., p.67).

d) Quantidade de partículas e regiões de atuação

"E as emanações de natureza psíquica que envolvem a Humanidade,


provenientes das colônias de seres desencarnados que rodeiam a Terra?
Em cada segundo, [...], cada um de nós recebe trilhões de raios de vária
ordem e emitimos forças que nos são peculiares e que vão atuar no plano
da vida, por vezes em regiões muitíssimo afastadas de nós." (Missionários
da Luz, 21.ed., p.67). (Grifos nossos).

e) Cura do corpo, renovação da alma e iluminação da consciência

"Nesse círculo de permuta incessante, os raios divinos, expedidos pela oração


santificadora, convertem-se em fatores adiantados de cooperação eficiente e

142
definitiva na cura do corpo, na renovação da alma e iluminação da cons-
ciência. Toda prece elevada é manancial de magnetismo criador e vivificante e
toda criatura que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do sentimento, trans-
forma-se, gradativamente, em foco irradiante de energias da Divindade." (Mis-
sionários da Luz, 21.ed., p.67). (Grifos nossos).

A resposta do instrutor Alexandre representa um dos fundamentos básicos


da desobsessão por corrente magnética.
A corrente nada mais representa do que a reunião de médiuns em regime de
prece, movimentando pela vontade e intenção trilhões de raios ou partículas. Rai-
os que são absorvidos, metabolizados e emitidos por cada consciência. Este oce-
ano de substâncias forma uma salutar corrente fluídica composta de partículas de
densidade, diversidade, quantidade e qualidades diferentes, como os raios cósmi-
cos, solares, caloríficos, luminosos, gama e os de variadas expressões absorvidos
a partir da emissão da água, metais, vegetais, animais e do próprio homem encar-
nado ou desencarnado. Raios mentais e vitais. O conjunto desses raios ou partí-
culas, santificados pela oração, quando emitidos, convertem-se em fatores adian-
tados de cooperação eficiente e definitiva na cura do corpo, renovação da alma e
iluminação de consciências. Isso significa que esse manancial de magnetismo
criador é capaz de restabelecer a saúde física e psíquica, harmonizando as fun-
ções dos corpos densos como o físico e os mais sutis como o perispiritual, destru-
indo bacilos psíquicos e formas pensamentos, neutralizando fluidos doentios e li-
bertando consciências.
Procuremos notar que todas essas ações possíveis, incluindo a iluminação de
consciências, são alcançadas sem que seja necessário o uso de uma única pala-
vra, mas apenas a oração sincera, em magnetização mental.
A corrente magnética desobsessiva é um método onde estes fundamentos
são aplicados de forma clara, disciplinada e consciente. Representa um múltiplo e
grande "foco de irradiações de energias divinas", capaz, portanto de agir a peque-
nas ou a grandes distâncias, porque os raios ou partículas emitidos são passíveis
de atuar em "regiões muitíssimas afastadas de nós". Dessa forma e por esse
motivo, entende-se e esclarece, definitivamente, o porquê da possibilidade que a
desobsessão por corrente magnética oferece, no sentido de atendimentos à dis-
tância e a não necessidade ou obrigatoriedade, de localizar o paciente em trata-
mento, na mesma sala, onde são desenvolvidas as suas ações.
A direção e sentido de propagação das partículas absorvidas e emitidas, nos
foram apresentadas com notável clareza. É possível compreender agora a descrição
e
anterior de André Luiz (pergunta n 3) quando, ao comentar a absorção das cor-
rentes de forças, falou em raios quase verticais. A partir dessas conclusões, po-
demos começar a visualizar a disposição dos campos magnéticos da corrente
mento-eletromagnética. As diferentes camadas ou densidades fluídicas existentes
em sua constituição, e a possibilidade de atendimento dos espíritos sofredores na

143
fase de recepção, em determinadas faixas fluídicas ou vibratórias dependendo da
necessidade, circunstâncias e objetivos do tratamento. Por essa razão é que fala-
mos no item 4.11.1.4 que as cadeias magnéticas são formadas de emanações
mentais e correntes fluídicas variáveis e diversificadas, permitindo a ligação,
passagem ou mergulho das entidades, em diferentes níveis e localizações, com
efeitos específicos modulados à diretriz terapêutica pretendida.

Pergunta nº 7 - Nos comentários à pergunta anterior, foi falado rapidamen-


te em raios mentais e vitais. O que são esses raios?

Resp.: Voltemos ao livro Nos Domínios da Mediunidade (12. ed., p.27):

Em nos reportando aos nossos companheiros, possuímos neles almas


regularmente evolutidas, em apreciáveis condições vibratórias pela sincera
devoção ao bem, com esquecimento dos seus próprios desejos. Podem, desse
modo, projetar raios mentais, em vias de sublimação, assimilando correntes
superiores e enriquecendo os raios vitais de que são dínamos comuns.
- Raios vitais? - redarguiu meu colega, faminto de esclarecimento.
- Sim, para maior limpidez da definição, chamemo-lhes raios
ectoplásmicos, unindo nossos apontamentos à nomenclatura dos espiritistas
modernos. Esses raios são peculiares a todos os seres vivos. É com eles
que a lagarta realiza suas complicadas demonstrações de metamorfose e é
ainda na base deles que se efetuam todos os processos de materialização
mediúnica, porquanto os sensitivos encarnados que os favorecem libertam
essas energias com mais facilidade. Todas as criaturas, porém, guardam-
nas consigo, emitindo-as em freqüência que varia em cada uma, de confor-
midade com as tarefas que o Plano da Vida lhes assinala.
E, otimista, acrescentou:
- O estudo da mediunidade repousa nos alicerces da mente com o seu
prodigioso campo de radiações. A ciência dos raios imprimirá, em breve,
grande renovação aos setores culturais do mundo. Aguardemos o porvir.

Os médiuns que compõem a corrente magnética projetam, em conjunto, es-


ses raios mentais, assimilando correntes superiores, enriquecendo os raios vitais
de que são dínamos, formando o manancial de magnetismo criador de infindáveis
aplicabilidades.
Quanto maior for a possibilidade de liberação dessas energias pelos sensitivos
que integram a corrente, maiores as possibilidades de auxílio e mais amplas as
condições assistenciais da cadeia magnética desobsessiva.
A base de inúmeros processos que ocorrem nas diversas fases da corrente
magnética desobsessiva tem na emissão e utilização dos raios vitais a sua explica-
ção. Graças a essas energias, emitidas em freqüência que variam de médium a
médium, é possível o tratamento dos corpos físicos dos pacientes encarnados em

144
tratamento, a remodelagem perispiritual dos espíritos obsessores e principalmente
a doutrinação mental que é efetuada durante a fase de recepção. Por emitir flui-
dos ectoplasmáticos em abundância, a corrente transforma-se em um grande
condensador ectoplasmático, permitindo aos espíritos superiores a formação de
imagens próprias a cada entidade socorrida, alterando assim o seu estado psíqui-
co e iluminando-lhe a consciência, através de uma doutrinação ou magnetização
mental, que é ratificada pelos médiuns.
Todo processo é mental. A corrente magnética desobsessiva cujo alicerce
é a mente mediúnica é, desde já, a aplicação consciente da ciência dos raios. É o
desenvolvimento prático de conceitos expressos pela ciência espírita em seus pos-
tulados magnéticos, mediúnicos e desobsessivos. É a força do pensamento coleti-
vo, em ação desobsessiva coletiva em prol das multidões.

Pergunta nº 8 - O que é a quarta fase, momento de recepção, da corrente


magnética desobsessiva?

Resp.: Acreditamos que as três primeiras fases da corrente mento-eletromag-


nética: Expulsão, Absorção e Emissão, pelo menos em seus aspectos fundamen-
tais, estão explicadas e desenvolvidas e, são facilmente assimiladas, porque essas
etapas são expressões magnéticas, mediúnicas e mentais de atividades rotineira-
mente aplicadas em nossos grupos espíritas, como o passe e a vibração.
A última, fase de Recepção, da qual já comentamos alguns aspectos, não
foge à regra. Representa o período, onde é possível o atendimento dos espíritos
necessitados, através de incorporações rápidas e transitórias, ou imersão destes,
nos fluidos da corrente, nas diferentes faixas vibratórias que a compõe. Por ser o
fenômeno estruturado nas potencialidades do pensamento, pelo emprego dos rai-
os mentais e vitais de cada médium, expressos em conjunto, de forma coletiva,
secundado pela ação dos Espíritos Superiores, entende-se o porquê da rapidez e o
número ou falanges de espíritos passíveis de serem atendidos durante essa fase.
Para detalharmos de uma melhor forma o período de recepção da corrente
magnética desobsessiva, faz-se necessário o estudo antecipado de alguns aspec-
tos da corrente magnética dos magnetizadores, dos fenômenos mentais e
psicofônicos.
Daremos continuidade às perguntas, para facilitar o entendimento e demons-
trar que a Fase de Recepção, como as demais, não representa nenhuma novida-
de doutrinária, mas desenvolvimento de princípios conhecidos, em um método já
comprovado: a Corrente Magnética.

Pergunta nº 9 - Como compor, denominar, formar e colocar em ação a


corrente magnética desobsessiva?

a) Composição

Os médiuns que formam a corrente são divididos em ações especializadas a


saber:

145
a.1) Dirigente: Responsável por toda a tarefa de desobsessão por corrente
magnética. Médium intuitivo, ponto de apoio fundamental da espiritualidade supe-
rior, que em conjunto, desenvolve a atividade. Dinamizador, coordenador de todas
as fases. Modulador das ações mentais. Unificador do campo mental. Direcionador
dos feixes de raios mentais e vitais expressos pelo pensamento coletivo.

a.2) Médiuns Psicofônicos: São os principais integrantes da corrente mag-


nética desobsessiva. Doadores de fluidos vitais e raios mentais que formam o
manancial magnético terapêutico que se destina aos sofredores, graças à vontade
consciente, ativa e determinante de cada um deles, unificada pelas expressões
simples do dirigente encarnado. Mesa cirúrgica que sustenta transitoriamente o
enfermo, banhando-o em energias positivas e possibilitando a ação dos médicos
espirituais. Primeiros socorristas e doutrinadores dos sofredores.
Forma-se a cadeia magnética com o maior número de médiuns psicofônicos
possível, podendo partir por exemplo de dois a cinqüenta médiuns, dependendo do
espaço físico, destinação da corrente, homogeneidade e qualidade vibratória.

a.3) Médiuns Passistas: Colaboradores prestimosos de todas as ações mag-


néticas, fluídicas e mentais da corrente de força. Dividem-se em médiuns passis-
tas que atuam sobre a corrente e os que atendem os pacientes encarnados.

a.3 1) Passistas da Corrente: Agem em benefício dos médiuns psicofônicos,


auxiliando-os energeticamente, evitando a exaustão e ampliando os recursos mag-
néticos que lhes são próprios. Servidores da desobsessão que assistem os espíri-
tos sofredores, graças à ação do passe amigo, durante as ligações transitórias que
estes efetuam com os médiuns psicofônicos ou com a corrente magnética em
suas diversas faixas vibratórias, na fase de recepção.
O número de médiuns passistas varia conforme o dos psicofônicos (geral-
mente 1/4). No exemplo anterior de um a quinze médiuns.

a.3.2) Passistas que atendem os encarnados: Em ambiente contíguo à


sala da corrente magnética, estes médiuns aplicam passes nos pacientes encarna-
dos, com técnicas adequadas à desobsessão. São igualmente coordenados por um
dirigente, facilitando a ação conjunta.
O número de médiuns irá variar conforme o ambiente físico, o tempo dispo-
nível para a atividade e quantidade de pacientes em tratamento.

a.4) Médiuns Videntes ou Clarividentes: Completam a equipe, atuando


na corrente magnética como passistas e auxiliares da direção, ajudando a coorde-
nação e orientação das diversas fases em que se estrutura o seu funcionamento.

b) Denominação

Segundo Michaelus no livro Magnetismo Espiritual (4. ed., p.l 14):

146
A cadeia se forma de pessoas sãs, interessadas, ou que se possam inte-
ressar pela cura do doente, ou, então, pela reunião dos próprios enfermos,
que se agrupam para seu comum tratamento.
No primeiro caso, quando as pessoas se reúnem com o fim de aliviar um
doente, a cadeia se diz comunicativa; no segundo caso, ela se denomina
ativa.
Parece-nos, entretanto, mais acertado denominá-las, respectivamente,
de cadeia comunicativa, quando muitos indivíduos comunicam sua força
em benefício de alguém, e de cadeia receptiva, quando diversos recebem
a influência magnética para o tratamento em comum. (Grifos Originais).

Adaptando a denominação aos efeitos e ações da corrente magnética aplica-


da à desobsessão, podemos dizer que ela é ao mesmo tempo uma Cadeia Comu-
nicativa e Receptiva. Comunicativa porque é formada por pessoas, no caso
médiuns psicofônicos que se reúnem com a finalidade de aliviar doentes encarna-
dos e desencarnados, comunicando-lhes suas forças ou energias psíquicas. Re-
ceptiva porque, na fase de recepção da corrente, os espíritos que se ligam aos
médiuns ou à corrente como um todo se caracterizam-se como doentes a recebe-
rem influência magnética, quer seja dos médiuns psicofônicos e passistas, quer
seja dos espíritos superiores que participam das ações magnéticas e mediúnicas.
Pelas considerações e estudos realizados, evidencia-se a caracterização da
corrente magnética desobsessiva, como a união e desdobramento lógico das ca-
deias comunicativas e receptivas (ativa) dos magnetizadores, por considerar o
elemento espiritual.

c) Tipos e Formação

Os grandes magnetizadores, contemporâneos de Kardec, ou mesmo aqueles


que empregaram bem antes da Codificação as correntes magnéticas para benefi-
ciar enfermos do corpo, adotaram diferentes formas de disposição para facilitar a
ação magnética: cadeia em fila, em semicírculo, em círculo, fechada, aberta, com
contato, sem contato, etc. Todas essas formas visavam a determinados efeitos
em diferentes sistemas de magnetização.
Na formação da corrente magnética desobsessiva, buscamos igualmente fa-
cilitar a ação magnética, alcançando determinados efeitos e possibilitando o tra-
balho harmonioso de toda a equipe. A sua disposição pode ser realizada de três
formas distintas:

1) Série ou Longitudinal;

2) Paralela ou Perpendicular;

3) Circular ou Rotatória.

147
A explicação para a utilização deste sistema advém de um melhor conheci-
mento da circulação e propriedade da energia mento-eletromagnética. Relaciona-
se diretamente com a técnica empregada no passe magnético e seus efeitos, con-
siderando meios, forma de propagação e polarização dos campos energéticos pre-
sentes no trabalho da corrente magnética.
Cada modelo, ao ser empregado, produzirá um maior ou menor efeito
dispersivo, com maior ou menor força de atuação, devendo ser adequado aos
objetivos a que se pretenda alcançar, aos casos em tratamento, evitando o gasto
desnecessário e o ganho máximo de energia. Melhores e mais completas informa-
ções no segundo volume da nossa pesquisa.
O contato na corrente magnética desobsessiva é realizado apenas por duas
maneiras:

1) Pela necessária aproximação dos médiuns, em distância regular que


leve a interseção ou interpenetração do campo áurico ou halo vital, formando o
meio que permite a movimentação e deslocamento das partículas mentais e vitais.
Este tipo de contato é essencial, fundamental e básico.

2) Pelo contato das mãos. Esta ligação é um ato material que deve ser
acompanhado de uma atitude mental correspondente, sob pena de perder quase
totalmente o seu valor. Destina-se à circulação e integração de determinadas
formas de energia, mais densas, presentes na corrente, levando à permuta
energética, em regime de mútua assistência espiritual, com troca de valores mag-
néticos.
Naturalmente a ligação das mãos não é causa ou fator primordial, prescrição
rigorosa para o funcionamento da corrente magnética na desobsessão. Pertence
mais ao método do que aos princípios, mas tem a sua aplicação quando se deseja
a produção de efeitos que este contato permite e facilita. Nas diferentes fases,
momentos, ou etapas da corrente, poderemos ou não realizá-lo, dependendo da
intensidade da ação magnética pretendida.

d) Ação ou Funcionamento

"Nessa altura, com as mãos já ligadas, levante alguém, com sinceridade


e fervor, uma breve rogativa ao Alto, para que a assistência espiritual se
faça sentir em toda a sua plenitude. E só então a magnetização terá come-
ço, devendo terminar depois de vinte a trinta minutos." (Michaelus, Mag-
netismo Espiritual, p. 114).

"Convém repetir que, formada a cadeia, e antes de iniciar a ação, qual-


quer dos presentes fará a prece rogando a assistência espiritual. É neces-
sário considerar que a prece já é um princípio de magnetização. Quando se

148
dirige o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou no Espaço, uma
corrente fluídica se estabelece entre um e outro. A energia da corrente
guarda proporção com a do pensamento e da vontade. E a medida dessa
energia está na simplicidade e na sinceridade." (Michaelus, Magnetismo
Espiritual, p.l 17).

A prece, como princípio de magnetização, seguida por uma ação contínua de


magnetização mental, sustentada pelo pensamento coletivo e pela vontade, é o
pilar de todos os momentos da corrente magnética desobsessiva.
Na fase de Expulsão e Absorção é graças à oração que se realiza a mais
importante ação magnética, que permite o desdobrar e a formação da benéfica
corrente fluídica, que na fase de Emissão é dirigida aos pacientes encarnados e
desencarnados, estabelecendo laços fluídicos entre a cadeia magnética e os do-
entes psíquicos, doando raios de profundo poder que atuarão próximos ou a gran-
des distâncias. Em seguida, na fase de Recepção, a corrente se transforma em
um grande eletroímã, ou mento-eletroímã, graças à vontade , atenção e sentimen-
to de adesão e passividade dos médiuns psicofônicos, permitindo a atração de
entidades em sofrimento, passando a beneficiá-las através de ligações ou incor-
porações rápidas e transitórias, onde a doutrinação mental é fator indispensável.
Todos os efeitos ou benefícios são diretamente proporcionais ao número de mé-
diuns e ao desenvolvimento moral, porque a medida da energia da corrente, ou sua
qualidade, guarda relação com a simplicidade e sinceridade de atitudes e propósitos.

Pergunta nº 10 - Como devemos realizar a prece em grupo?

Resp.: A prece coletiva, como princípio e meio de magnetização mental, é


um dos aspectos de suma importância em todas as ações da corrente magnética.
A equipe de desobsessão por corrente é formada por vários médiuns, torna-se
imprescindível saber como realizá-la, direcioná-la e executá-la de maneira coe-
rente, objetiva e própria.
No livro Os Mensageiros (17. ed., p.l30), André Luiz, seguindo orientação
do instrutor Aniceto, durante prece coletiva realizada em reunião no plano espiri-
tual, nos ensina:

"Ismália, então, num gesto de indefinível delicadeza, começou a orar,


acompanhada por todos nós, em silêncio salientando-se, porém, que lhe se-
guíamos a rogativa, frase por frase, atendendo a recomendações do nosso
orientador, que aconselhou repetir, em pensamento, cada expressão, a fim
de imprimir o máximo ritmo e harmonia ao verbo, ao som e à idéia, numa só
vibração."

Uma só vibração alcançada pela repetição em pensamento de cada expres-


são verbal, imprimindo o máximo de ritmo e harmonia à palavra, ao som e à idéia.

149
Na desobsessão por corrente magnética, esta orientação de André Luiz não
é só importante para a prece coletiva, mas também para todas as ações mentais,
desenvolvidas nas fases de expulsão, absorção, emissão e recepção. Cabe ao
dirigente coordenar essas ações, buscando a unidade da vibração, o ritmo e a
harmonia. Quanto maior a unidade vibratória, maiores os efeitos e resultados,
bem como, os benefícios aos sofredores de ambos os planos da existência.

Pergunta nº 11 - Até aqui muito se falou a respeito do Pensamento Coleti-


vo. O que é, e quais os efeitos da união e adição das irradiações mentais na
desobsessão por corrente magnética?

Resp: Kardec escreve a respeito dos efeitos do Pensamento Coletivo em


vários artigos. Escolhemos as anotações constantes na Revista Espírita, de de-
zembro de 1868 (p.353):

A esses efeitos da comunhão dos pensamentos junta-se um outro que é


a sua conseqüência natural, e que importa não perder de vista: é o poder
que adquire o pensamento ou a vontade, pelo conjunto de pensamentos ou
vontades reunidas. Sendo a vontade uma força ativa, esta força é multipli-
cada pelo número de vontades idênticas, como a força muscular é multipli-
cada pelo número dos braços.
Para os Espíritas a comunhão de pensamentos tem um resultado ainda
mais especial. Vimos o efeito dessa comunhão de homem a homem; o Espi-
ritismo nos prova que não é menor dos homens para os Espíritos, e
reciprocamente. Com efeito, se o pensamento coletivo adquire força pelo
número, um conjunto de pensamentos idênticos, tendo o bem por objetivo,
terá mais força para neutralizar a ação dos maus Espíritos; assim, vemos
que a tática destes últimos é impelir para a divisão e para o isolamento. Sozinho,
o homem pode sucumbir, ao passo que se sua vontade fôr corroborada por
outras vontades, poderá resistir, segundo o axioma: A união faz a força,
axioma verdadeiro no moral quanto no físico.
Por outro lado, se a ação dos Espíritos malévolos pode ser paralisada
por um pensamento comum, é evidente que a dos bons Espíritos será se-
cundada. Sua influência salutar não encontrará obstáculos; não sendo os
seus eflúvios fluídicos detidos por correntes contrárias, espalhar-se-ão sobre
todos os assistentes, precisamente porque todos os terão atraído pelo pen-
samento, não cada um em proveito pessoal, mas em proveito de todos, con-
forme a lei da caridade. Descerão sobre eles em línguas de fogo, para nos
servir uma admirável imagem do Evangelho.
Assim, pela comunhão de pensamentos, os homens se assistem entre si, e
ao mesmo tempo assistem os Espíritos e são por estes assistidos. As relações
entre o mundo visível e o mundo invisível não são mais individuais, são coletivas,

150
e, por isso mesmo, mais poderosas para o proveito das massas, como para o
dos indivíduos. Numa palavra, estabelece a solidariedade, que é a base da fra-
ternidade. Ninguém trabalha para si só, mas para todos, e trabalhando por todos
cada um aí encontra a sua parte. É o que não compreende o egoísmo.
Graças ao Espiritismo, compreendemos, então, o poder e os efeitos do pen-
samento coletivo; explicamo-nos melhor o sentimento de bem-estar que se ex-
perimenta num meio homogêneo e simpático; mas sabemos, igualmente, que há
o mesmo com os Espíritos, porque eles também recebem os eflúvios de todos
os pensamentos benevolentes que para eles se elevam, como uma nuvem de
perfume. Os que são felizes experimentam uma maior alegria por esse concerto
harmonioso; os que sofrem sentem um maior alívio. (Grifos Originais).

Gostaríamos de realçar do texto, algumas diretrizes básicas:

1) "O poder que adquire o pensamento ou a vontade, pelo conjunto de pen-


samentos ou vontades reunidas."

2) "Esta força é multiplicada pelo número de vontades idênticas, como a


força muscular é multiplicada pelo número dos braços."

3) "Com efeito, se o pensamento coletivo adquire força pelo número, um


conjunto de pensamentos idênticos, tendo o bem por objetivo, terá mais
força para neutralizar a ação dos maus Espíritos."

4) "A união faz a força, axioma verdadeiro no moral quanto no físico."

5) "Não sendo os seus eflúvios detidos por correntes contrárias, espalhar-se-ão


sobre todos os assistentes, precisamente porque todos os terão atraído
pelo pensamento, não cada um em proveito pessoal, mas em proveito de
todos, conforme a lei da caridade."

6) "Pela comunhão de pensamentos, os homens se assistem entre si, e ao


mesmo tempo assistem os espíritos e são por estes assistidos."

7) "As relações entre o mundo visível e o mundo invisível não são mais
individuais, são coletivas e por isso mesmo, mais poderosas para o pro-
veito das massas, como para o dos indivíduos."

8) "Graças ao Espiritismo, compreendemos, então, o poder e os efeitos do


pensamento coletivo."

9) "Os que são felizes experimentam uma maior alegria por esse concerto
harmonioso, os que sofrem sentem um maior alívio."

151
Em toda reunião onde os propósitos se voltam para as questões superiores, é
possível sentir e presenciar a produção e os efeitos do pensamento coletivo.
Nas reuniões de desobsessão por doutrinação verbal, em razão das finalida-
des e objetivos, estes efeitos são igualmente passíveis de ocorrer. Porém, muito
do que se realiza não se tem consciência. Ora, não se tendo consciência, torna-se
impossível ampliar a vontade pelo conjunto de pensamentos ou vontades reunidas.
A corrente magnética desobsessiva é um conjunto de ações estruturadas em
um método de fácil aplicação, totalmente voltado para a união e efeitos do pensa-
mento coletivo.
A vontade consciente de cada médium, identificada em objetivos comuns,
unificada pelo dirigente ou orientador da corrente, produz a comunhão mental
entre os encarnados e destes com os Espíritos Superiores, formando uma interação
vibratória pelo conjunto de pensamentos idênticos, passíveis de neutralizar a ação
dos maus espíritos, aliviando aos que sofrem.
A fase de Expulsão da cadeia magnética leva à eliminação das correntes
mentais contrárias às intenções do trabalho desobsessivo, permitindo na fasede
Absorção o espalhar das emanações superiores, sem resistência, sobre toda a
equipe, porque todos os médiuns terão atraído, pelo pensamento, eflúvios benéfi-
cos, não em proveito próprio, mas em proveito de todos, conforme a lei de carida-"
de. Estes eflúvios descem sobre a corrente mento-eletromagnética à semelhança
das línguas de fogo das imagens evangélicas.
Estabelecida a comunhão de pensamentos, os médiuns se assistem entre si, e
ao mesmo tempo, assistem aos espíritos e são por estes assistidos, iniciando~ã
fase de Emissão, pelo direcionamento dos trilhões de raios ou partículas mentais
ou vitais, aos pacientes encarnados e desencarnados, porque a relação entre o
mundo visível e o invisível não é mais individual, é coletiva e, por isso mesmo,
mais poderosa para o proveito das massas e dos indivíduos.
Os raios mentais e vitais direcionados aos sofredores os alcançam graças a
uma corrente fluídica que_se_estabelece entre os doentes e a cadeia magnética.
Estes raios, como vimos, são capazes de curar corpos, renovar almas, neutralizar
a ação dos obsessores, aliviar os espíritos necessitados, destruir bacilos psíquicos
e sobretudo iluminar consciências.
Nesta busca de iluminação no quarto momento ou fase de Recepção, os
médiuns psicofônicos, como ímã e a corrente como um poderoso mento-
eletroímã, atraem os espíritos necessitados, ligando-os aos seus centros
perispirituais ou à cadeia como um todo (em suas diversas faixas vibratórias),
promovendo uma transitória enxertia neuro-psíquica, levando-os a um banho
de forças, ou choque anímico, impregnando-os de vibrações superiores. Esse
conjunto de medidas resulta na mudança do conteúdo mental das entidades aten-
didas, alterando-lhes as idéias fixas ou cristalizações, permitindo a doutrinação
mental, o tratamento fluídico-perispiritual, facilitando o encaminhamento aos
postos, colônias espirituais ou ao próprio ambiente dos grupos espíritas, para a
continuidade do tratamento.

152
Graças ao Espiritismo, compreendemos e podemos aplicar o poder do pensa-
mento coletivo, obtendo efeitos incalculáveis.

Pergunta nº 12 - Os médiuns na corrente magnética desobsessiva atuam


uns sobre os outros e, recebem a ação dos Espíritos Superiores. De que forma se
dá esta interação? Que meio é utilizado?

Resp.: Sabemos que os Espíritos são revestidos de um envoltório vapo-


roso, que lhes forma um verdadeiro corpo fluídico, ao qual damos o nome
de perispírito, e cujos elementos são tirados do fluído universal ou cósmi-
co, princípio de todas as coisas. Quando o Espírito se une a um corpo, aí
vive com seu perispírito, que serve de ligação entre o Espírito, propriamente
dito, e a matéria corpórea: é o intermediário das sensações percebidas pelo
Espírito. Mas esse perispírito não é confinado no corpo, como numa caixa.
Por sua natureza fluídica, êle irradia exteriormente e forma em torno
do corpo uma espécie de atmosfera, como o vapor que d e l e se des-
prende. Mas o vapor que se desprende de um corpo malsão é igualmente
malsão, acre e nauseabundo, o que infecta o ar dos lugares onde se reúnem
muitas pessoas malsãs. Assim como esse vapor é impregnado das qualida-
des do corpo, o perispírito é impregnado das qualidades, ou seja do pensa-
mento do Espírito e irradia tais quais qualidades em torno do corpo.
Por sua natureza fluídicajjessencialmente móvel e elástica, se assim se
pode dizer, como agente direto do Espírito, o perispírito é posto em ação
ejprojeta raios pela vontade do Espírito^Por esses raios êle serve à
transmissão do pensamento, porque, de certa forma, está animado pelo
pensamento do Espírito. [...]. Suponhamos agora duas pessoas próximas,
cada qual envolvida por sua atmosfera perispirital. Deixem passar o neo-
logismo. Esses dois fluidos põem-se em contacto e se penetram. Se
forem de natureza simpática, interpenetram-se; se de natureza antipática,
repelem-se e os indivíduos sentirão uma espécie de mal-estar, sem se da-
rem conta; se, ao contrário, forem movidos por sentimentos de benevolên-
cia, terão um pensamento benevolente, que atrai. É por isso que duas pes-
soas_s£ compreendem e se adivinham sem falar. Um certo quê por vezes
diz que a pessoa que defrontamos é animada por tal ou qual sentimento.
Ora, esse certo quê é a expansão do fluido perispirital da pessoa em contacto
conosco, espécie de fio elétrico condutor do pensamento. Desde logo com-
preende-se que os Espíritos, cujo envoltório fluídico é como mais livre do
que no estado de incarnação, não necessitam de sons articulados para
se entenderem.
O fluido perispirital é, pois, acionado pelo Espírito. Se, por sua vontade,
o Espírito, por assim dizer, dardeja raios sobre outro indivíduo, os rai-
os o penetram. Daí a ação magnética mais ou menos poderosa, conforme
153
a vontade, mais ou menos benfazeja, conforme sejam os raios de natureza
melhor ou pior, mais ou menos vivificante. Porque podem, por sua ação
penetrar os órgãos e, em certos casos, restabelecer o estado normal. Sabe-
se da importância da influência das qualidades morais do magnetizador. '
Aquilo que pode fazer um Espírito encarnado, dardejando seu próprio
fluido sobre uma pessoa, pode, igualmente, fazê-lo um desincarnado, desde"
que tenha o mesmo fluido. Assim, pode magnetizar e, sendo bom ou mau,
sua ação será benéfica ou malfazeja. (Allan Kardec, Revista Espírita, dez.
1862, p.357). (Grifos Originais). (Negritos nossos).

Nos comentários da pergunta número 9, falamos ao final que o contato es-


sencial, fundamental ou básico na formação da corrente magnética desobsessiva
é a interação ou interpenetração do campo áurico ou Halo Vital.
Aura ou Halo Vital é justamente a irradiação em torno do corpo, como espé-
cie de atmosfera vaporosa, desprendida do perispírito, à qual se refere Kardec.
Quando os médiuns são colocados próximos uns dos outros, geralmente em
torno de 30 a 45 centímetros, essa proximidade auxilia o contato e interpenetração
dos fluidos perispirituais. A vontade consciente e ativa de cada medianeiro, pela
ação do perispírito, projeta raios que servem à transmissão do pensamento.
A transmissão dos raios mentais, que já estudamos, graças às descrições de
André Luiz, encontra no perispírito uma espécie de fio elétrico condutor. O fluido
perispiritual em expansão permite que mutuamente os médiuns dardejem raios
uns sobre os outros, surgindo uma poderosa ação magnética e uma salutar cor-
rente fluídica, que na fase de Emissão é projetada sobre os encarnados e desen-
carnados.
Da mesma forma que o médium dardeja o seu próprio fluido sobre outros
médiuns, os Espíritos Superiores fazem o mesmo em relação a cada médium e à
corrente como um todo. Sendo idêntica ou de mesma natureza a ação magnética,
nada impede que na fase de Recepção os integrantes da corrente, auxiliados pe-
los Espíritos possam dardejar, emitir ou transmitir seus fluidos [partículas mentais
e vitais], às entidades sofredoras que são atraídas e se ligam transitoriamente aos
médiuns ou à cadeia como um todo. Como os sofredores desencarnados não pos-
suem o entrave do corpo físico, estando por assim dizer mais livres, receberão,
perceberão e beneficiar-se-ão de forma mais ampla.
Como todas as ações, incluindo o auxílio aos obsidiados desencarnados, são
mentais, não se necessitarão de sons articulados para atingir os seus fins, porque
o perispírito é o fio condutor do pensamento.
As qualidades morais, a vontade, os pensamentos de benevolência e afinida-
de dos médiuns são preponderantes para o adequado desenvolvimento da corren-
te. Quando estas qualidades guardam proporções com o número, maiores serão
os efeitos. Podemos avaliar os danos que a desatenção, a falta de vontade, o
desinteresse e sobretudo a antipatia ou sentimentos anti-fraternos entre os mé-
diuns, podem causar.

154
A natureza dos fluidos da corrente é diametralmente oposta às emanações
dos espíritos sofredores em atendimento. Para vencer as resistências e evitar que
os fluidos venham a repelir-se, necessária a vontade de auxiliar, o interesse e a
benevolência para com o irmão carente. Os médiuns passistas que atuam sobre a
corrente, no momento da recepção, colaboram no sentido de quebrar esta resis-
tência, eliminando ou drenando as emanações malsãs que os perispíritos dos
sofredores irradiam.
Baseando-nos no texto de Kardec, podemos afirmar que o meio que permite
a integração, formação e propagação da corrente fluídica na cadeia magnética é
o perispírito.
A permanência e a força de interação ou interpretação dos fluidos perispirituais
são dadas pela vontade e sobretudo pelo pensamento iluminado pela prece, con-
forme nos falara André Luiz, no texto da questão número 3: "Detive-me na con-
templação dos companheiros encarnados que agora apareciam mais estreitamen-
te associados entre si, pelos vastos círculos radiantes que lhes nimbavam as cabe-
ças de opalino esplendor."

Pergunta nº 13 - Compreendemos que o perispírito é o fio condutor que


permite a interação entre os médiuns e destes com os espíritos. Mas em relação
aos pacientes encarnados presentes ao tratamento em sala contígua, aos seus
lares e a determinados espíritos obsessores que possam estar a grandes distânci-
as das emanações da corrente magnética, como e através de que meio as partícu-
las ou raios mentais e vitais projetados vão atingir os seus objetivos?

Resp.: Para compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imagi-


nar todos os seres encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido uni-
versal que preenche o espaço, assim como na terra estamos envolvidos
pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do
pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as
vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampli-
am ao infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum ser, na
terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma
corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento,
como ar transmite o som.
A energia da corrente está na razão direta da energia do pensamento e
da vontade. (Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, 4. ed.,
FEESP, cap. 27, item 10).

O fluido universal é o veículo do pensamento. Os trilhões de partículas emi-


tidas pela cadeia magnética na forma de uma salutar corrente fluídica, graças à
vontade e pensamentos superiores e similar dos médiuns, vão atingir seus objeti-
vos, seja a que distância for por esse meio. O fluido cósmico é o agente de condu-
ção, da mesma forma que o ar o é do som. Porém, não é limitado, nem circunscri-
to; ao contrário, amplia-se ao infinito.

155
Outra diferença básica é que a velocidade de propagação do som é infinita-
mente menor que a velocidade do pensamento, permitindo uma ação rápida e
eficiente em frações de segundo, estabelecendo quase instantaneamente a cor-
rente fluídica entre o emissor [no nosso caso a cadeia magnética] e o receptor
[desencarnados, encarnados ou ambientes].
A energia da corrente vibratória, resultado da ação e do pensamento coletivo
da cadeia magnética desobsessiva, guarda relação direta, como já havíamos afir-
mado por diversas vezes, com a energia e vontade de cada médium.

Pergunta nº 13-a - Os raios mentais emitidos pela cadeia magnética não


sofrem interferências ou se confundem com outras partículas vibratórias ao se
propagarem no fluido cósmico universal?

Resp.: O pensamento age sobre os fluidos ambientes, como o som age sobre
o ar; esses fluidos nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode,
pois, dizer-se com toda verdade que há nesses fluidos ondas e raios de pensa-
mentos que cruzam sem se confundir, como há no ar ondas e raios sonoros.
Uma assembléia é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é uma
orquestra, um coro de pensamentos em que cada um produz a sua nota.
Resulta daí uma porção de correntes e de eflúvios fluídicos, cada um dos
quais recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro de música
cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição. (Allan Kar-
dec, Revista Espirita, dez. 1868, p.352).

A cadeia magnética desobsessiva é um foco de irradiações mentais, à seme-


lhança de uma orquestra, cujo maestro é o dirigente encarnado, orientado pelo
dirigente espiritual. Nessa orquestra, cada médium produz e emite uma nota, de
conformidade com sua vontade e qualidades morais. O conjunto das notas
vibratórias, unificado pelo maestro, secundado pela partitura de objetivos e propó-
sitos comuns, ao ser emitido, se propaga no fluido universal, sem jamais se con-
fundir com outras emissões similares ou mesmo contrárias.
Resulta, desse enunciado, que todas as vezes que os médiuns da corrente se dispo-
rem a emitir vibrações salutares em benefício de encarnados e desencarnados, este
conjunto de vibrações irá atingir os receptores e será percebido não pela audição, como
ocorre na transmissão do som, mas pelo sentido espiritual. Contudo, cada espírito (en-
carnado ou desencarnado) absorverá as emissões mentais conforme as suas obras ou
condições pessoais, compreendendo, no entanto, que o amor, em qualquer forma de
expressão, em qualquer latitude, sempre beneficia, ampara, ergue, modifica e conduz.

Pergunta nº14 - Quase todos os comentários e textos compilados falam da impor-


tância da vontade, nas ações da cadeia mento-eletromagnética. O que é a vontade?

Resp.: O livro Pensamento e Vida, em sua lição número 2, traz uma mensagem de
Emmanuel, intitulada Vontade. Pedimos licença para transcrevê-la integralmente:

156
Comparemos a mente humana - espelho vivo da consciência lúcida - a
um grande escritório, subdividido em diversas seções de serviço.
Aí possuímos o Departamento do Desejo, em que operam os propósitos
e as aspirações, acalentando o estímulo ao trabalho; o Departamento da
Inteligência, dilatando os patrimônios da evolução e da cultura; o Departa-
mento da Imaginação, amealhando as riquezas do ideal e da sensibilidade; o
Departamento da Memória, arquivando as súmulas da experiência, e ou-
tros, ainda, que definem os investimentos da alma.
Acima de todos eles, porém, surge o Gabinete da Vontade.
A Vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os
setores da ação mental.
A Divina Providência concedeu-a por auréola luminosa à razão, depois da
laboriosa e multimilenária viagem do ser pelas províncias obscuras do instinto.
Para considerar-lhe a importância, basta lembrar que ela é o leme de
todos os tipos de força incorporados ao nosso conhecimento.
A eletricidade é energia dinâmica.
O magnetismo é energia estática.
O pensamento é força eletromagnética.
Pensamento, eletricidade e magnetismo conjugam-se em todas as mani-
festações da Vida Universal, criando gravitação e afinidade, assimilação e
desassimilação, nos campos múltiplos da forma que servem à romagem do
espírito para as Metas Supremas traçadas pelo Plano Divino.
A Vontade, contudo, é o impacto determinante.
Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a inércia
da máquina.
O cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a capa-
cidade de reflexão que lhe é própria; no entanto, na Vontade temos o con-
trole que a dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que coman-
dam os problemas do destino.
Sem ela, o Desejo pode comprar ao engano aflitivos séculos de reparação e
sofrimento, a Inteligência pode aprisionar-se na enxovia da criminalidade, a
Imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra, e a Memória, não obstante
fiel à sua função de registradora, conforme a destinação que a Natureza lhe
assinala, pode cair em deplorável relaxamento.
Só a Vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia do espírito.
Em verdade, ela não consegue impedir a reflexão mental, quando se
trate da conexão entre os semelhantes, porque a sintonia constitui lei
inderrogável, mas pode impor o jugo da disciplina sobre os elementos que
administra, de modo a mantê-los coesos na corrente do bem. {Pensamento
e Vida, lição 02).

Separemos os trechos mais significativos, correlacionando-os com as ações,


desenvolvimento e mecanismos da cadeia magnética desobsessiva:

157
a) "A vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os
setores da ação mental."

"Para considerar-lhe a importância, basta lembrar que ela é o leme


de todos os tipos de força incorporados ao nosso conhecimento."

Se a vontade não comandar o leme das ações mentais na corrente magnéti-


ca, não alcançaremos os efeitos desejados. Em cada fase (Expulsão, Absorção,
Emissão, Recepção) será a vontade, o querer agir, o interesse em ser útil, a gran-
de propulsora das forças eletromagnéticas presentes na corrente desobsessiva.

b) "A eletricidade é energia dinâmica.


O magnetismo é energia estática.
O pensamento é força eletromagnética.
Pensamento, eletricidade e magnetismo conjugam-se em todas as
manifestações e afinidades, assimilações e desassimilações, nos
campos múltiplos da forma que servem à romagem do espírito para
as Metas Supremas, traçadas pelo Plano Divino."

A denominação da corrente magnética aplicada à desobsessão como corren-


te ou cadeia mento-eletromagnética se deve à natureza eletromagnética do pen-
samento. Em todas as fases, seja de assimilação ou desassimilação, presentes no
desenrolar da corrente, a mente acionada e comandada pela vontade, se expressa
e conjuga as manifestações de Espírito a Espírito. Todo processo é mental.

c) "Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a


inércia da máquina."

A corrente pode ser comparada a uma poderosa máquina mento-eletromag-


nética a absorver e emitir raios mentais e vitais. Os médiuns seriam singelas to-
madas elétricas a darem passagem a forças que não lhes pertencem. O interrup-
tor dessas tomadas é a vontade. Botão poderoso que irá decidir o movimento e
conseqüente emissão das partículas vibratórias que, graças ao fio condutor do
perispírito, deslocam-se provocando a interação fluídica e, a formação da salutar
corrente de força. Se os interruptores íntimos não forem acionados, a inércia será
o resultado triste e inútil. Se somente alguns interruptores agirem, as correntes
contrárias nascidas dessa conduta irão aumentar a resistência e diminuir a força e
a propagação dos raios mentais e vitais.
Para evitar que cada interruptor, representado pela vontade, seja acionado
em momentos diferentes, é que existe o coordenador ou dirigente da corrente
magnética, que poderá, dentro do mesmo enfoque, ser comparável a uma chave
geral ou quadro, gerando o impacto que irá direcionar todas as manifestações em
cada fase, promovendo a ação conjunta e unificada do manancial energético formado.

158
No entanto, este dirigente em relação aos Espíritos Superiores deve representar
tão somente uma tomada com seu respectivo interruptor.

d) "O cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a


capacidade de reflexão que lhe é própria, no entanto, na vontade
temos o controle que o dirige nesse ou naquele rumo, estabele-
cendo causas que comandam os problemas do destino."

A energia mental, produzida por cada cérebro dos médiuns que integram a
corrente, tem a sua capacidade de reflexão própria, em relação às energias ab-
sorvidas e emitidas. Por esse motivo, cada individualidade representa uma nota
distinta neste concerto vibratório.
Cada fase da corrente magnética desobsessiva pede uma conduta e um
direcionamento adequado ao conjunto das ações fluídicas e, somente a vontade
consciente dos medianeiros poderá controlar e dirigir a energia mental neste ou
naquele rumo.

e) "Só a vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia


do espírito."

Sem harmonia não é possível promover e levar a efeito os resultados do


Pensamento Coletivo. Sendo a vontade o elemento que sustenta a harmonia, é
indispensável que ela possa vir a disciplinar a mente, direcionando-a à sintonia e
reflexões superiores, mantendo a corrente do bem expressa pela cadeia magnéti-
ca desobsessiva.

6.3) CONCLUSÃO

Fazendo uma rápida revisão do capítulo, podemos dizer:

1 - A corrente magnética desobsessiva nada mais é que a corrente magné-


tica dos magnetizadores, onde se leva em consideração o elemento espiritual,
tanto em relação ao mentores como aos espíritos necessitados.

2 - Pode ser denominada de Cadeia Comunicativa e Receptiva (ou Ativa) ao


mesmo tempo. Comunicativa, porque comunica forças psíquicas aos doentes en-
carnados e desencarnados. Receptiva, porque permite a interação ou ligação dos
espíritos sofredores às suas diferentes faixas, levando a um processo de
magnetização mental, passível de reestruturar seus corpos perispirituais e ilumi-
nar-lhes a consciência.

3 - A equipe que forma a cadeia magnética desobsessiva deve ser composta por:
a) Dirigente geral;
159
b) Dirigente dos passes aos pacientes encarnados;
c) Médiuns de incorporação;
d) Médiuns passistas que atuam sobre a corrente;
e) Médiuns passistas que beneficiam os doentes encarnados;
f) Médiuns videntes ou clarividentes, quando houver.

4 - A corrente pode ser formada de três principais maneiras, seguindo a


diretriz da técnica do passe, com dois tipos de contato.

Ás disposições podem ser:

a) Série ou Longitudinal;
b) Paralela ou Perpendicular;
c) Circular ou Rotatória.

Já o contato:

a) Interação ou Interpenetração da aura ou halo vital: essencial, indispensá-


vel, básico.
b) Contato das mãos dos médiuns: secundário, devendo ser realizado quando
necessário.

5 - 0 funcionamento da corrente deve ser estruturado em quatro momentos


distintos, com funções específicas a serem desenvolvidas. As fases são:

a) Expulsão;
b) Absorção;
c) Emissão;
d) Recepção.

6 - As três primeiras seguem as mesmas diretrizes dos trabalhos de passe e


vibração. A última reflete a continuidade do processo, beneficiando pela
magnetização mental os espíritos, que passam ou ligam-se à corrente através de
incorporações rápidas ou transitórias.

7 - A corrente magnética é a expressão do pensamento coletivo, emitido em


forma de raios ou partículas mentais e vitais, capaz de atuar a pequenas ou a
grandes distâncias. Os meios que permitem a interação dos médiuns e a propaga-
ção são respectivamente: o fio condutor representado pelo perispírito e o fluido
cósmico universal.

8 - A prece realizada em grupo como uma magnetização mental, a humildade, o


reconhecimento verdadeiro de nossa desvalia, aliados à renovação moral, são fatores
imprescindíveis ao bom e adequado desenvolvimento da corrente mento-eletromagnética.
160
9 - A corrente magnética desobsessiva é denominada:

a) Corrente ou Cadeia Magnética: porque o método foi desenvolvido pelos


magnetizadores e somente após, adaptado à desobsessão.

b) Corrente ou Cadeia de Força: pelo resultado ou somatório das vibrações


nela presentes, advindas do mecanismo de absorção e emissão.

c) Corrente ou Cadeia Mento-eletromagnética: porque todas as ações nela


presentes são mentais, e o pensamento se expressa como ou à semelhança das
forças eletromagnéticas.

10 - A vontade é o interruptor poderoso que coloca a máquina representada


pela corrente desobsessiva em funcionamento. O cérebro de cada médium é o
dínamo que produz a energia mental, cabendo, no entanto, à vontade consciente
de cada medianeiro a determinação do rumo ou direcionamento das vibrações.

11 - Todo o processo de ação em que se expressa a corrente magnética é


mental. A mente é o gerador poderoso a absorver e emitir trilhões de partículas
ou raios, capazes de destruírem formas pensamentos, bacilos psíquicos, maté-
ria mental fulminatória, doutrinar, elevar e iluminar consciências. O canal que
permite esta relação de doutrinação e iluminação não reside nos fatores físicos,
não é veiculado pela voz, mas é percebido pelo sentido espiritual, através dos
eflúvios ou correntes fluídicas.

12 - A força do pensamento coletivo é multiplicada pelo número de vontades


idênticas. E um conjunto de pensamentos idênticos, tendo o bem por objetivo, tem
muito maior força para neutralizar a ação dos maus espíritos.
A corrente pode ser formada por inúmeros médiuns em ações especializadas.
Mas a sua força é diretamente proporcional à harmonia reinante entre eles. A
comunhão de pensamentos gerados pela harmonia leva à assistência mútua entre
os médiuns, assistindo-se ao mesmo tempo aos Espíritos e sendo por eles assisti-
dos.

Tornou-lhe o centurião: Senhor, eu não sou dig-


no que entres em minha casa; mas fala tão somente
ao verbo, e meu servo será curado.
E disse Jesus ao centurião: "Vai-te, e faça-se
contigo assim como credes." E na mesma hora o ser-
vo recuperou a saúde ( Mateus, 8:8-9, 13 ).

161
CAPÍTULO VII

A EQUIPE MEDIÚNICA NA DESOBSESSÃO POR


CORRENTE MAGNÉTICA

Nas vossas reuniões tenha um algum cântico,


outro uma doutrina, outro uma revelação, um dom de
línguas, uma interpretação; mas sirva tudo isto para a
edificação ( I Coríntios, 14:26).
O que compete fazer cada integrante da equipe desobsessiva por corrente
magnética? Como participar convenientemente dos trabalhos e o que realizar em
cada fase [expulsão, absorção, emissão, recepção]? Como dirigi-la? São pergun-
tas que surgem naturalmente após a leitura dos capítulos precedentes. Para
respondê-las, adotaremos a mesma metodologia anterior, esforçando-nos para
realçar a parte prática.
Quanto ao procedimento moral, e à preparação, nada temos a acrescentar às
ponderações amigas de André Luiz, no livro Desobsessão. Apesar das caracte-
rísticas distintas de ambas as atividades desobsessivas, a conduta e a disciplina
interior não diferem. Modificam-se as atribuições, mas não a forma de participa-
ção.
O trabalho é igualmente de equipe, cabendo pois, a cada um, uma parcela de
responsabilidade, para o sucesso de todas as ações. Não existe trabalhador mais
importante. Todos devem colaborar para que o grupo possa atingir os objetivos de
auxiliar, curar, aliviar as patologias físicas, psíquicas e espirituais dos pacientes
encarnados e desencarnados para que tudo, como alerta o apóstolo Paulo, possa
servir para a edificação.

7.1) O DIRIGENTE GERAL

É atribuição do dirigente geral a coordenação, orientação, condução e disci-


plina de todo o trabalho.
Como a desobsessão por corrente magnética pede e permite a presença de
encarnados, deve ele, com antecedência de horas, verificar todos os procedimen-
tos; da adequação dos ambientes aos recepcionistas, dos coordenadores de salas
de estudos aos passistas, dos diversos grupos de trabalho - se a terapêutica bási-
ca já houver sido implantada - à avaliação posterior de todas as ações educativas,
magnéticas e mediúnicas empreendidas.
No caso da terapêutica básica, cada grupo deverá ter um coordenador espe-
cífico, unificados, porém, pela "direção, discernimento, bondade e energia" do
dirigente geral.
Quanto à direção da corrente magnética propriamente dita, poderá esta ser
efetuada pelo coordenador geral dos trabalhos ou por um dirigente de grupo, de-
vendo, seja quem for que venha exercê-la, conscientizar-se e adequar-se ao pleno
exercício de suas funções.

Surge a primeira pergunta:

1) - Qual o papel do dirigente da corrente magnética ?

Resp.: Voltando à comparação anterior, é o dirigente da corrente mento-ele-


tromagnética uma chave geral ou um quadro a acionar as diferentes tomadas

165
(médiuns) que a compõe. Unificando, direcionando, auxiliando e sensibilizando a
todos. Deve ser um verdadeiro moderador e modelador das doações energéticas,
veiculadas pelo conjunto de irradiações dos médiuns psicofônicos e passistas. Um
autêntico maestro a conduzir a orquestra na emissão das diferentes notas
vibratórias, que irão formar a melodia composta pela força do pensamento cole-
tivo.
Esteio, apoio indispensável da Espiritualidade Superior, onde deve haurir as
recomendações e orientações dos dirigentes espirituais, praticando-as ou trans-
mitindo-as ao grupo no desenrolar dos atendimentos.
A palavra quando por ele usada deve expressar simplicidade, objetividade e
energia, indicando esta ou aquela diretriz necessária, reforçando a conduta men-
tal e emocional dos médiuns, adequando-a a cada momento ou fase da corrente
(expulsão, absorção, emissão, recepção). Reforçando a intenção, vontade e de-
terminação.
Quando necessário, chamar a atenção dos médiuns passíveis de indisciplina
mediúnica ou desatenção vibratória. Pedir, orientar aos colaboradores do passe espí-
rita que atuam sobre a corrente magnética a assistência mais individualizada a deter-
minados médiuns ou às entidades em maiores desajustes durante a fase de recepção.
Se possível, intuitivamente ou por outros recursos medianímicos, determinar
com antecedência, a vibração predominante das falanges de entidades que na
fase de recepção irão receber o influxo energético, facilitando a magnetização
mental realizada pelos médiuns psicofônicos.
Ouvir em momento próprio, se necessário, as orientações ou quadros
mediúnicos percebidos pelos médiuns videntes ou clarividentes, transformando-os
em ações auxiliares ou meios de elucidações e instruções a todos.
Integrar de maneira salutar, todos os pensamentos enobrecidos pela prece e
pelo desejo sincero de ser útil ao próximo.
Enfim, conduzir com conhecimento de causa a reunião do seu início ao final,
de maneira especial a cada um dos níveis, fases ou momentos da cadeia mento-
eletromagnética.

2) - Como dirigir bem uma cadeia magnética ?

Resp.: A faculdade de se concentrar e radiar não é dada a todos, no


mesmo grau. Para dirigir bem uma cadeia, é preciso possuir essa qualidade
em supremo grau.
O homem que sabe querer com energia, com perseverança, com tei-
mosia mesmo, é o melhor dotado para organizar uma cadeia.
Todo o sucesso depende da força moral com que êle condensa em seus
focos nervosos as emanações radiadoras que deve projetar para o exterior,
por onde quiser, acender a faísca da vida. Assim se ateia um incêndio sob
os raios convergentes dum foco lenticular.

166
Esta energia não deve ser a da cólera, mas a de uma vontade intensa,
sem violência, nem rigidez; toda rigidez neutraliza os efeitos, consumindo o
princípio que os deve produzir. (Alphonse Bué, Magnetismo Curativo,
p.138). (Grifo Original).

Quanto ao poder de irradiação acionado pela vontade, tão indispensável a


todos os médiuns e ao dirigente, acresce Allan Kardec:

Mas se a vontade fôr ineficaz quanto ao concurso dos Espíritos, é onipo-


tente para imprimir ao fluído, espiritual ou humano, uma boa direção e uma
energia maior. No homem mole e distraído, a corrente é mole, a emissão é
fraca; o fluído espiritual para nele, mas sem que o aproveite; no homem de
vontade enérgica, a corrente produz o efeito de uma ducha. Não se deve
confundir vontade enérgica com a teimosia, porque esta é sempre resultado
do orgulho ou do egoísmo, ao passo que o mais humilde pode ter a vontade
do devotamento. (Revista Espírita, set. 1865, p.253). (Grifos Originais).

Para bem dirigir é de suma importância saber querer com energia, perseve-
rança, com teimosia mesmo, não teimosia no sentido do orgulho e egoísmo, mas
da vontade intensa, devotada, sem cólera e rigidez.
Estes fatores, na cadeia magnética, irão desencadear uma boa direção ao
fluido e uma maior doação energética de todos os médiuns.
Nas diversas fases da cadeia desobsessiva existe uma inter-relação entre os
médiuns e destes com o plano maior, mantendo de forma constante um fluxo
fluídico, seja na absorção ou na emissão das partículas mentais e vitais. Se o
médium permanece distraído, alheio, ou não participa de forma ativa, com vonta-
de, irá criar resistência ao fluxo energético, enfraquecendo a emissão ou absor-
ção, paralisando o fluido espiritual.
Daí a importância da ação consciente do dirigente. A sua vontade e força
moral projetadas por ordens e orientações verbais e mentais irão dinamizar, acen-
der a faísca da vida adormecida neste ou naquele médium, modulando, fortale-
cendo, induzindo, incendiando, convergindo, unificando a corrente fluídica, produ-
zindo o efeito de uma verdadeira ducha.

3) - Como o dirigente deve utilizar a palavra ?

Resp.: [...], a palavra, qualquer que ela seja, surge invariavelmente do-
tada de energias elétricas específicas, libertando raios de natureza dinâmi-
ca. A mente, como não ignoramos, é o incessante gerador de força, através
dos fios positivos e negativos do sentimento e do pensamento, produzindo o
verbo que é sempre uma descarga electromagnética, regulada pela voz.
Por isso mesmo, em todos os nossos campos de atividade, a voz nos tonaliza
a exteriorização, reclamando apuro de vida interior, de vez que a palavra,

167
depois do impulso mental, vive na base da criação; é por ela que os homens
se aproximam e se ajustam para o serviço que lhes compete e, pela voz, o
trabalho pode ser favorecido ou retardado, no espaço e no tempo. (André
Luiz, Entre a Terra e o Céu, 12. ed., p.137).

Como podemos observar, a palavra tem a mesma natureza de todas as de-


mais forças utilizadas na corrente magnética: é dotada de energia elétrica, libera
raios dinâmicos e é sempre uma descarga eletromagnética regulada pela voz. E
pela voz o trabalho pode ser favorecido ou retardado.
Se a palavra, depois do impulso mental, vive na base da criação, conforme as
expressões veiculadas pelo dirigente, o gerador de forças representado pela men-
te dos médiuns irá absorver, criar e emitir energias nesta ou naquela direção,
produzindo ações específicas, próprias ou não, a cada fase da corrente mento-
eletromagnética.
O dirigente deve utilizar a palavra com sobriedade, reconhecendo que não
existirá formulações verbais sem efeitos.

4) - Como o dirigente deve conduzir cada fase ou momento da corrente


desobssessiva?

a) Fase de Expulsão

Todos os médiuns passistas e psicofônicos buscarão e serão auxiliados pelo


dirigente a atingir a reflexão mental, em análises rápidas e criteriosas dos seus
estados íntimos, para a realização da limpeza psíquica, expulsando os remanes-
centes vibratórios do seu dia, auxiliados pelo prodigioso banho de forças oferecido
pela prece e autopasse, colocando-se assim em condições de serem úteis.

b) Fase de Absorção

Com o concurso da prece e da mentalização, concentrando-se nas frases e


orientações ditas com envolvimento e carinho pelo dirigente, os médiuns atrairão
a vigorosa corrente mental, nascida da integração, sintonização com os servido-
res espirituais, interligando-se em seguida pelo fio constituído pelo perispírito, for-
mando uma poderosa bateria mento-eletromagnética a expressar a força do pen-
samento coletivo. Uma só vibração, imprimindo o máximo de ritmo e harmonia à
palavra, ao som e à idéia.

c) Fase de Emissão

O dirigente coordena e auxilia a direcionar o potencial energético, presente neste


momento na corrente, induzindo os médiuns a acionar pela vontade a emissão dos
raios mentais e vitais, destinando-os aos pacientes encarnados e desencarnados,

168
que se encontram nos ambientes da instituição ou nos seus locais de origem. Uma
verdadeira magnetização mental.
Estabelece-se com esta ação conjunta um poderoso envolvimento, levando
aos obsessores e obsidiados, pelo pensamento, uma salutar corrente fluídica, es-
tabelecendo laços fluídicos entre a corrente e os enfermos psíquicos.

d) Fase de Recepção

Sendo esta fase a que predomina nas ações da corrente mento-eletromagné-


tica, o dirigente deve estar atento para todos os fenômenos que ocorrem neste
momento, para conduzir cada etapa.
As passagens iniciais e finais devem ser destinadas aos próprios médiuns, à
equipe, aos recintos psíquicos do grupo espírita, geral ou localizado, auxiliando o
reajuste vibratório dos medianeiros e a adequação criteriosa dos ambientes. Es-
ses cuidados não só preparam, mas também tratam os médiuns, prevenindo ob-
sessões e desequilíbrios, além de favorecer a higienização, livrando a todos de
certos princípios destruidores, exercidos pelo vigoroso contágio do pensamento
oriundo das mentes enfermas.
No desenvolvimento, atende-se os espíritos obsessores ou obsidiados, liga-
dos direta ou indiretamente aos pacientes encarnados em tratamento, com conse-
qüente destruição das formas ou clichês mentais, bacilos psíquicos, matéria men-
tal fulminatória.
Geralmente, na nossa experiência, o dirigente da cadeia magnética comanda
as passagens rápidas do sistema, usando as expressões: passe, passe, passe.
Essa atitude do coordenador deve estar em perfeita sintonia com a direção e
equipe espiritual, que por sua vez atuam em ação sincronizada com os trabalhado-
res encarnados, seja transmitindo fluidos em benefício dos sofredores ou emitindo
imagens sustentadas por aparelhos ou pelas emanações vitais da corrente, à se-
melhança de um grande condensador ectoplasmático, buscando inverter o estado
de hipnose e degradação mental em que se situam as entidades atendidas.
No desdobrar dos acontecimentos, o dirigente, auxiliado pelo médium vidente
ou clarividente, volta a atenção para o efeito das passagens, isto é, as reações
desencadeadas pelas ligações transitórias dos espíritos à corrente como um todo,
ou aos médiuns psicofônicos individualmente, chamando a atenção, corrigindo,
orientando, colaborando na magnetização ou doutrinação mental que os médiuns
neste momento realizam, através de vibrações em doses homeopáticas de igual
intensidade e contrárias ao conteúdo mento-fluídico detectado, visto ou percebido
pela sensibilidade mediúnica de cada medianeiro.
As expressões: passe, passe, passe, são proferidas obedecendo a ligeiro
intervalo entre elas, podendo o dirigente formular pequenas frases de reconforto
aos espíritos em atendimento, não se esquecendo, porém, de que os bons pensa-
mentos dirigidos ao alto valem muito mais.
Com a destruição das formas pensamentos, bacilos psíquicos, matéria mental

169
fulminatória e atendimentos dos sofredores, incluindo as formas ovóides durante
a passagem, ou por mergulhos e interrelações subseqüentes, contínuas ou não, o
dirigente determinará a retirada das entidades do sistema com as expressões:
siga, siga, siga.
Resultará dessa operação energético-magnética a condução dos espíritos en-
fermos aos postos de emergência, às câmaras de retificação das colônias espiri-
tuais, aos núcleos de doutrinação da Pátria Maior ou na esfera da crosta, podendo
ainda permanecerem na própria instituição para continuidade do tratamento.
Ressaltamos que não existe nada de absoluto em qualquer uma dessas ex-
pressões.
Cada uma das etapas, momentos e fases são repetidos na seqüência do tra-
balho, nessa ou em outra ordem, conforme a diretriz necessária ao atendimento.

5) - Como e qual a melhor ordem para se repetir as fases ou momentos


da corrente magnética ? Em que fase encerrar ?

Resp.: A experiência tem-nos indicado que o esquema mais propício é o se-


guinte:

1. Expulsão
2. Absorção
3. Emissão
4. Recepção

Devemos iniciar pelas fases 1, 2, 3 e 4 em seqüência. Após, no momento 4


ou de recepção, através das expressões passe e siga, repetir por vários minutos
a passagem das falanges em atendimento, paralisando esta ação mento-eletro-
magnética, quando indicado, voltando a fases anteriores, mas mantendo a ordem
que a seta acima sugere:(3 e 4 ou 2, 3 e 4 ou 1, 2, 3 e 4) conforme a necessidade
de reajustamento energético dos médiuns ou a dinâmica do atendimento.
Nunca eliminar fases ou inverter ações. Evitar os procedimentos: 1 e 4 ou 1,
2 e 4 ou 1, 3 e 4 ou 1, 3 e 2 ou 1, 2, 3 e 1 etc.
Por quê?
Se voltarmos às explicações do significado de cada uma das fases, veremos
que elas representam ações mentais, fluídicas e magnéticas complementares, além
de corresponderem a atitudes sincronizadas entre os servidores encarnados e
desencarnados.
Subentende-se que a ordem auxilia o desenvolvimento e a harmonia do tra-
balho.
Recomenda-se sempre encerrar toda a atividade de desobsessão por corren-
te magnética, na fase de Absorção, para que seja possível o necessário reajusta-
mento fluídico de todos os médiuns, seguindo-se a prece final em regime coletivo.

170
7.2) MÉDIUNS PSICOFÔNICOS

Em números variáveis, conforme a destinação da corrente magnética, o lo-


cal, a quantidade de pacientes a serem atendidos e principalmente a homogeneidade
e qualidade vibratória, os médiuns psicofônicos ao integrarem a cadeia mento-
eletromagnética realizam ações especializadas e diretas em cada fase ou momen-
to, todas baseadas nas potencialidades do pensamento.
Não existe e não há necessidade de transmissão de mensagem, viva voz,
porque essa terapia desobsessiva não se utiliza da doutrinação verbal para atingir
seus fins, mas de ações mentais, fluídicas e magnéticas.
Magnetização e doutrinação mental, vibração igual e contrária, emissão
de uma salutar corrente fluídica que atinge o alvo independente da distância,
sendo percebido pelos sentidos espirituais. Ligações rápidas, transitórias, de
entidades sofredoras em uma verdadeira enxertia neuro-psíquica, são as-
pectos fundamentais desenvolvidos pela ação sincronizada dos médiuns e destes
com os servidores espirituais, tendo no pensamento coletivo sua força de ex-
pressão.

1) - Sabendo que todas as ações da corrente magnética desobsessiva


são mentais, perguntamos: qual a correlação entre mente e fenô-
meno mediúnico?

Resp.: Discorrendo sobre o tema no livro Nos Domínios da Mediunidade


(12. ed., p.17), o espírito André Luiz escreve:

"Nossa mente é, dessarte, um núcleo de forças inteligentes, gerando


plasma sutil que, a exteriorizar-se incessantemente de nós, oferece recur-
sos de objetividade às figuras de nossa imaginação, sob o comando de nos-
sos próprios desígnios."

Ao virarmos a página do livro citado:

"Achando-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas, quais-


quer que sejam os característicos em que se expressem, é imprescindível enri-
quecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais, os únicos
que nos possibilitam fixar a luz que jorra para nós, das Esferas Mais Altas, atra-
vés dos gênios da sabedoria e do amor que supervisionam nossas experiências."

"A mente é a base de todas as manifestações mediúnicas, quaisquer


que sejam as características em que se expressem."
A corrente magnética desobsessiva é uma das expressões das manifesta-
ções mediúnicas; portanto, a mente é a sua base. Essa afirmação, como por várias

171
vezes repetimos, assume conotação de essencialidade, prioridade, razão e expli-
cação de todos os seus fenômenos. Graças ao plasma sutil exteriorizado inces-
santemente pela união, em uma só vibração, dos núcleos de forças inteligentes,
representados pelos médiuns, formam-se os recursos objetivos que são utilizados
no tratamento psicofísico de encarnados e desencarnados.
As sugestões, orientações e diretrizes, articuladas pelo dirigente encarnado,
ao serem assimiladas pelos médiuns, ganham formas em seus pensamentos e
impulsionadas pela vontade individual, adquirem movimento e direção. Do conjun-
to de todas as idéias comuns, resulta o manancial de raios ou partículas que, asso-
ciados à luz que jorra das esferas mais altas, através dos gênios da sabedoria e do
amor, que atuam e colaboram em todas as ações, destinam-se às multidões de
enfermos.
É essencial que os servidores encarnados enriqueçam o próprio pensamento,
incorporando-lhe os tesouros morais e culturais, dilatando a sintonia não só para
com os espíritos superiores, mas também entre si, facilitando a integração vibratória,
diminuindo a resistência e qualificando as doações.

2) - Quais as ações mentais que os médiuns psicofônicos, que formam a


corrente magnética desobsessiva, devem realizar em cada uma das
fases ou momentos?

a) Fase de Expulsão

No início, acatando as orientações do dirigente, os médiuns psicofônicos devem


fazer uma rápida visualização interior, uma espécie de visão panorâmica do seu dia e
do seu estado mental e, através da prece individual e posteriormente coletiva, expul-
sarem de seus mundos íntimos os sombrios remanescentes que por ventura estejam
fixados em seus cosmos físico-psíquicos. O autopasse poderá ser utilizado, facilitando
a retirada de energia degradante ou normalizando o fluxo fluídico.
Quando no desenvolvimento do trabalho o dirigente voltar a esta fase, repe-
tir-se-á o mesmo procedimento, concentrando agora toda a atenção nos fatores,
idéias ou sentimentos, que estejam provocando desatenção ou resistência ao fluxo
natural da corrente. O mesmo deve ocorrer em relação a determinadas vibrações
oriundas do contato com os sofredores e que, por este ou aquele motivo, tenham
gerado contágio desequilibrante levando a desajustes.
No final do trabalhos, todas essas ações devem ser meticulosamente repeti-
das, evitando que os servidores da desobsessão deixem o ambiente consagrado à
atividade assistencial portando qualquer tipo de mal-estar, seja orgânico, fluídico
ou vibratório.

b) Fase de Absorção

Dando continuidade, deverão voltar a atenção para a mentalização em torno de


si mesmos, procurando sorver do plano maior da vida as substâncias renovadoras

172
que, após metabolizadas, irão constituir em regime de somação o manancial fluídico
da corrente. Uma automagnetização mental.
Geralmente, para facilitar e direcionar o pensamento, utilizamos a descrição
de André Luiz constante no capítulo 6, pergunta número 06, quanto aos planos
verticais e horizontais, pelos quais os raios cósmicos, gama, os oriundos das colô-
nias espirituais, dos semelhantes e dos próprios espíritos, atingem-nos e pene-
tram.
Integra ainda esta fase, como procedimento indispensável, a natural inter-
cessão do campo áurico dos médiuns que, movidos pela vontade em vibração
amorosa, devem dardejar os seus fluidos, partículas ou raios, uns sobre os ou-
tros, ligando-se mais fortemente entre si, sustentando-se mutuamente, formando
uma unidade a expressar recursos psíquicos de múltiplos e infindáveis empregos e
benefícios.
Na seqüência da atividade, quando o dirigente achar necessário o retorno a
esta fase, a conduta dos médiuns não deverá ser alterada. Cada medianeiro pro-
curará apenas verificar as suas necessidades psíquicas, recuperando pela absor-
ção os fluidos que permitirão a continuidade dos atendimentos.
No final, como os trabalhos de desobsessão nesta fase se encerram, todos
deverão criteriosamente harmonizar-se, absorvendo forças psíquicas que irão evitar
exaustão, desajustes e perdas.

c) Fase de Emissão

Junto à fase de recepção, a Fase de Emissão, é a mais freqüentemente


utilizada; aliás, deve sempre antecedê-la.
Direciona-se nesta fase a salutar corrente fluídica aos enfermos encarna-
dos, desencarnados e aos ambientes. Os médiuns psicofônicos devem mentalizar
os sofredores de uma forma geral, seguindo as orientações do dirigente, magneti-
zando-os pela onda mental, em clichês ou formas pensamentos superiores a ex-
pressarem generosidade, assistência e proteção.
Vamos supor que a corrente desobsessiva de atendimento geral esteja, por
exemplo, atendendo a cem pacientes encarnados, que em pequenos grupos se
revezem na sala de assistência fluídica pelo passe espírita, enquanto em sala pró-
xima à cadeia magnética desenvolve as suas ações. De posse dos principais da-
dos desses pacientes, vindo do levantamento realizado pelas fichas de triagem, o
dirigente direciona, em cada etapa da fase de emissão, a vibração dos médiuns
para os problemas psíquicos ou núcleos comuns a eles pertinentes, fornecendo
características que facilitem a magnetização mental.
Imaginemos que dos cem pacientes, quarenta e cinco estejam envolvidos em
quadros de influenciação espiritual sutil ou obsessão simples; dez em quadros de
fascinação; dez em subjugação; quinze em situações que caracterizem um cerco
obsessivo tecnicamente organizado, com risco de vida (enfermidades graves, abor-
to, suicídio, assassinato, etc); dez em auto-obsessão; cinco em relações obsessi-
vas de encarnado para encarnado e cinco de encarnado para desencarnado.

173
Seguindo as características gerais tanto dos espíritos sofredores quanto dos
obsidiados ou obsessores encarnados, conforme ensina Allan Kardec (vide capí-
tulo 4), o dirigente associa os principais problemas ou núcleos vibratórios de-
tectados pela triagem (desequilíbrios familiares, depressão, temores, tensão, idéi-
as suicidas, vícios, cólera, etc.) ao grupo a ser assistido e, alternando a fase de
emissão e recepção, realiza o atendimento pela cadeia desobsessiva.
Os médiuns psicofônicos estabelecem laços fluídicos tanto com os encarna-
dos como com os desencarnados a eles associados, emitindo raios ou partículas
mentais estruturados em formas pensamentos com imagens contrárias e superio-
res aos desequilíbrios rapidamente mencionados pelo dirigente.
Lembramos que todo processo é mental e que o pensamento possui velocida-
de superior à da luz.
No início e ao final dos trabalhos, todas as ações vibratórias dos médiuns
devem se voltar para a equipe, ambiente da desobsessão e para si mesmos, faci-
litando o equilíbrio mental, prevenindo obsessões e adequando-se como verdadei-
ros beneficiários que recebem para doar.
Nas atividades de desobsessão por correntes magnéticas especiais, a
magnetização na Fase de Emissão, pode ser mais detalhada, porque como se atende
poucos pacientes, apesar de graves, é possível aos médiuns psicofônicos conhe-
cerem pormenorizadamente cada caso, facilitando as ações e fortalecendo os
laços fluídicos.
Não é necessária a mudança de procedimento para o atendimento à distân-
cia e aos lares dos pacientes. O mesmo ocorre em relação às doações fluídicas
que podem ser realizadas pela corrente magnética aos médiuns passistas que atu-
am diretamente sobre os pacientes encarnados.
Se, concomitantemente, é realizado o trabalho de vibração (vide terapêutica
básica), o potencial mental será muito maior, tanto em relação ao auxílio mútuo
entre os médiuns em atividades diversificadas (corrente, passes, etc), como aos
pacientes encarnados e desencarnados, ampliando os efeitos que se pretenda al-
cançar.
Existem outras maneiras ou formas de conduzir e atuar nessa fase. Nada é
absoluto. Escolhemos a que nos parece mais indicada, de fácil aplicação e que
está de pleno acordo com os postulados até aqui desenvolvidos e demonstrados.

d) Fase de Recepção

O estabelecimento de laços fluídicos é um dos principais efeitos da fase pre-


cedente. Dando seqüência, os médiuns psicofônicos mantendo a atenção e a von-
tade conjugadas às diretrizes vindas do dirigente, com desejo sincero de serem
úteis, atraem como verdadeiros ímãs as entidades em desequilíbrio, já previamen-
te tríadas e localizadas no ambiente desobsessivo pela Espiritualidade Superior,
ligadas, em sua maioria, aos pacientes encarnados em tratamento. O impacto
vibratório provocado pela oração como magnetização mental, desenvolvido na

174
fase de emissão, permite a transferência dos espíritos sofredores, levando ao es-
tabelecimento de conjugações vibratórias entre os médiuns e os desencarnados,
através de incorporações rápidas e transitórias, ou de ligações em faixas energéticas
próprias, representadas pelo conjunto de emissões fluídicas da corrente mento-
eletromagnética.
Ocorrendo a incorporação pela ligação dos centros perispirituais dos mé-
diuns aos das entidades em atendimento, como um sutil processo de enxertia
neuropsíquica, os espíritos revivem os seus sentidos e os médiuns, pela corrente
nervosa, passam a registrar os impulsos mentais ou palavras que os sofredores
mentalizam. Graças a esse processo, podem os medianeiros realizar a magnetização
mental ou doutrinação dos desencarnados, pelo pensamento, emitindo vibrações
iguais e contrárias às intenções, sensações e desejos dos espíritos percebidos em
seu nascedouro. Este conjunto de ações é corroborado pela espiritualidade supe-
rior, seja pelo passe ou pela emissão de imagens através de aparelhos. Imagens
estas que, na maioria das vezes, são refletidas pelo manancial fluídico da Cadeia
Magnética, à semelhança de um grande condensador ectoplasmático. Como re-
sultado, haverá a destruição de clichês mentais degradantes e a drenagem da
matéria mental fulminatória do campo psíquico dos espíritos, com conseqüente
alteração de suas vibrações e peso específico dos perispíritos, permitindo-lhes a
visão panorâmica, a identificação de entes queridos presentes, o sono reparador
etc. Em seguida, poderão ser retirados do circuito mediúnico e encaminhados aos
postos, colônias, ambientes do grupo espírita, etc, para a continuidade do trata-
mento.
As expressões Passe e Siga ditas pelo dirigente funcionam como verda-
deiros interruptores do circuito mediúnico, individualmente (médium por mé-
dium) ou coletivamente (a corrente como um todo), fechando ou abrindo o cir-
cuito, por indicar ou direcionar a atenção e a vontade dos médiuns para os obje-
tivos propostos. O pensamento constante de aceitação ou adesão entre as per-
sonalidades mediúnicas e os sofredores, que permite o fluxo contínuo de ener-
gia e troca dos valores mentais, será mantido no estreito intervalo indicado pelo
dirigente.
A destruição de formas pensamentos, drenagem da matéria mental
fulminatória e eliminação dos bacilos psíquicos, ocorrem também em relação aos
encarnados pelas vibrações emitidas nas fases de emissão, pela assistência dos
médiuns passistas que atuam sobre os pacientes, pela colaboração dos servidores
da atividade de vibração e pela retirada das entidades obsessoras ou obsidiadas.
Tanto no início, quanto no final, as passagens referentes à fase de recepção
devem ser dirigidas em favor dos próprios médiuns psicofônicos e ambientes do
grupo. Conseqüentemente, os desencarnados a serem beneficiados serão aqueles
que se ligam ou influenciam mais diretamente os médiuns ou a casa espírita. Por
essa razão, graças às várias atitudes semelhantes realizadas nas outras fases, é
que temos afirmado ser o trabalho de desobsessão por corrente magnética tam-
bém um processo de prevenção e tratamento de possíveis obsessões que estejam
ocorrendo, ou possam vir a ocorrer com os servidores da instituição.

175
d.1) Explicando a fase de recepção

Dada a importância da fase de recepção, vamos separar por tópicos cada


uma de suas etapas, desenvolvendo-as com textos pertencentes ao acervo doutri-
nário, buscando confirmar e esclarecer melhor as colocações anteriores:

d.1.1) Transferência e Recepção de Entidades Depravadas ou Sofredoras

O círculo de oração projeta o impacto de energias balsâmicas e constru-


tivas, sobre perseguidores e perseguidos que se conjugam na provação
expiatória, e a incorporação medianímica efetua a transferência das entida-
des depravadas ou sofredoras, desalojando-as do ambiente ou do corpo de
suas vítimas e fixando-as, a prazo curto, na organização fisiopsíquica dos
médiuns de boa vontade, para entendimento e acerto de pontos de vista, em
favor da recuperação dos enfermos, com a cessação da discórdia, do
desequilíbrio e do sofrimento.

A narração do Espírito Francisco de Menezes Dias da Cruz (Instruções


Psicofônicas, 4. ed., p.228) é uma síntese primorosa que nos esclarece quanto
aos fenômenos assistenciais pertinentes à desobsessão por doutrinação verbal e
nos mostra o mecanismo intrínseco desenvolvido na fase de recepção da corrente
magnética desobsessiva.

Os pontos de contato e de pequenas diferenças são:

1. O impacto de energias balsâmicas e construtivas projetadas sobre os per-


seguidores e perseguidos que efetua a transferência das entidades, permitindo as
incorporações mediúnicas, é efetuado na desobsessão por corrente magnética na
fase de emissão, quando se estabelece as ligações fluídicas entre os médiuns
psicofônicos e os sofredores, através da prece como magnetização mental.

2. O desalojar das entidades do ambiente ou dos corpos de suas vítimas que


ocorre na desobsessão por corrente mento-eletromagnética, causado pelos efei-
tos vibratórios das fases de emissão e recepção, é extremamente facilitado pelos
servidores da Pátria Maior, que desde os trabalhos de triagem ou conversação
fraterna, iniciam tratamentos e cuidados, abençoando encarnados e desencarnados,
quebrando laços, preparando, adequando e favorecendo a sintonia entre os mé-
diuns e os sofredores.

3. O prazo de fixação das entidades na organização fisiopsíquica dos mé-


diuns de boa-vontade é na desobsessão por corrente magnética ainda mais curto,
devido ao processo de atendimento ser todo mental. Cabe-nos ainda ressaltar que
as ligações ou fixações poderão ocorrer, tanto em relação aos médiuns, como à
cadeia eletromagnética, em suas diversas faixas fluídicas.

176
4. O acerto de pontos de vista em favor da recuperação dos enfermos com a
cessação da discórdia, do desequilíbrio e do sofrimento, efetua-se na corrente
magnética desobsessiva não pela palavra, mas pela ação fluídica e a doutrinação
mental, imagens pensamentos formuladas pelos médiuns e mentores, favorecen-
do perseguidores e perseguidos, encarnados ou desencarnados.

d.1.2.) Os Médiuns como ímãs

Voltando ao livro Nos Domínios da Mediunidade, em seu capítulo 9 (12.


ed., p.72), veremos uma descrição do momento de uma incorporação realizada
através de uma médium em transe sonambúlico. Guardadas as proporções, finali-
dades e nível de consciência, o fenômeno se assemelha profundamente com a
etapa de atração desenvolvida no início da fase de recepção.
Um dos principais pontos de diferença é que na corrente magnética
desobsessiva a atração será muito mais vigorosa, porque a corrente funciona como
um conjunto de ímãs (médiuns) ou mento-eletroímãs.

A médium desvencilhou-se do corpo físico, como alguém que se entre-


gava a sono profundo, e conduziu consigo a aura brilhante de que se coro-
ava.
Clementino não teve necessidade de socorrê-la. Parecia afeita àquele
gênero de tarefa. Ainda assim, o condutor do grupo amparou-a, solícito.
A nobre senhora fitou o desesperado visitante com manifesta simpatia e
abriu-lhe os braços, auxiliando-o a senhorear o veículo físico, então em som-
bra.
Qual se fora atraído por vigoroso imã, o sofredor arrojou-se sobre a
organização física da médium, colando-se a ela, instintivamente. (Grifos
nossos).

d.1.3) O Sutil Processo de Enxertia Neuropsíquica

No capítulo 6 (p.54), do livro citado no item anterior, o autor espiritual mostra


a incorporação de um espírito vampirizador, assistido por uma médium de nome
Eugênia:

Notamos que Eugênia-alma afastou-se do corpo, mantendo-se junto dele,


a distância de alguns centímetros, enquanto que, amparado pelos amigos
que o assistiam, o visitante sentava-se rente, inclinando-se sobre o equipa-
mento mediúnico ao qual se justapunha, à maneira de alguém a debruçar-se
numa janela.
Ante o quadro, recordei as operações do mundo vegetal, em que uma
planta se desenvolve à custa de outra, e compreendi que aquela associação
poderia ser comparada a sutil processo de enxertia neuropsíquica.
(Grifos nossos).

177
Na corrente magnética desobsessiva, o afastamento do espirito do médium
em relação ao seu corpo poderá ser ainda menor, pois não havendo a necessidade
de transmissão de mensagens ou formulações verbais por parte dos sofredores,
as ligações pelos centros perispirituais e a conseqüente justaposição ao equipa-
mento mediúnico não necessitará de ser total, completa, ou absolutamente afim.
Porém, o processo sutil de enxertia neuropsíquica na corrente é bem maior, por-
que a abundância de fluidos ou raios emitidos e em circulação, particularmente os
vitais, é enorme.

d.1.4) O controle e a capacidade de percepção por parte dos médiuns,


dos impulsos mentais dos sofredores em atendimento

Continuemos com André Luiz (Nos Domínios da Mediunidade, p.55):

Embora senhoreando as forças de Eugênia, o hóspede enfermo do nosso


plano permanece controlado por ela, a quem se emana pela corrente nervo-
sa, através da qual estará nossa irmã informada de todas as palavras que
ele mentalize e pretenda dizer. [...], mas Eugênia comanda, firme, as réde-
as da própria vontade, agindo qual fosse enfermeira concordando com os
caprichos de um doente, no objetivo de auxiliá-lo. [...]. Pela corrente ner-
vosa, conhecer-lhe-á as palavras na formação, apreciando-as previa-
mente, de vez que os impulsos mentais dele lhe percutem sobre o pensa-
mento como verdadeiras marteladas. (Grifos nossos).

Estando o médium, pela corrente nervosa, controlando o hóspede enfermo e,


sendo informado de todas as palavras que ele mentalize e pretenda dizer, nada
mais natural que ele, igualmente, venha a ser o doutrinador do comunicante, atra-
vés de vibrações iguais e contrárias que, em lhe penetrando, possam mudar a sua
onda mental, permitindo o socorro efetivo. É o que denominamos de Doutrinação
Mental. É rápida e dinâmica, por ser o pensamento e não a palavra o recurso
empregado.
O controle mediúnico nas ações da corrente desobsessiva é ainda maior,
porque o médium comandando firmemente as rédeas da própria vontade pode
perfeitamente frustrar as expressões vindas das entidades em atendimento. Como,
durante as passagens, os sofredores recebem um choque vibratório e fluídico,
gerados pela natureza dos raios ou partículas em emissão presentes na corrente,
é compreensível que ocorra uma reação igual e contrária que será manifestada,
por movimentos rápidos ou outras reações sensitivas, por parte dos médiuns
psicofônicos. Variáveis de médium a médium conforme a sensibilidade mediúnica.
Nada que fuja às linhas da lógica e à respeitabilidade e harmonia do ambiente.
Como os impulsos mentais dos espíritos percutem sobre o pensamento dos
medianeiros como verdadeiras marteladas, o médium pode não só frustrar qual-
quer abuso, mas também agir de forma semelhante, influenciando positivamente a
entidade, sendo-lhe útil, elevando-lhe o nível vibratório, controlando-a pela vonta-
de, porque os sofredores lhe são moral e mentalmente inferiores.

178
A maioria dos médiuns que participam dos trabalhos desobsessivos por cor-
rente magnética são portadores da psicofonia consciente, na qual foi estruturada
a metodologia de atuação. No entanto, não existem diferenças muito acentuadas
em relação aos psicofônicos sonambúlicos, principalmente, levando-se em consi-
deração que não há necessidade de um transe mais profundo ou um afastamento
maior da alma ou espírito do médium em relação ao seu corpo físico. E mesmo
quando este ocorrer, não nos esqueçamos de que o médium nesta condição é um
instrumento passivo no exterior, mas ativo nas profundezas do ser, controlando o
comunicante pelas qualidades morais positivas, atingindo assim, por vias seme-
lhantes, os mesmos propósitos ou finalidades da cadeia desobsessiva.

d.1.5) Á magnetização e doutrinação mental

Em todas as fases, a preceé utilizada como magnetização mental. Nas fases


de Emissão e de Recepção, ela é acrescida de ações mais detalhadas, num verda-
deiro processo de doutrinação.
Na fase de Emissão, através de pensamentos direcionados aos desencarnados
e principalmente aos encarnados, estruturados nos dados oferecidos pelo coorde-
nador da corrente. Na fase de Recepção, por uma verdadeira conversação pelo
fio do pensamento, entre os médiuns e as entidades em atendimento.

d.1.6) Pensamento - Á linguagem universal

Estudemos a opinião dos Espíritos Reveladores a respeito do papel do pensa-


mento em qualquer tipo de manifestação mediúnica:

Qualquer que seja a natureza dos médiuns escreventes, quer eles sejam
mecânicos, semi-mecânicos ou simplesmente intuitivos, nossos processos
de comunicação com eles não variam essencialmente. Com efeito,
comunicamo-nos com os próprios Espíritos encarnados, como os desencar-
nados, pela simples irradiação de nosso pensamento.
Nossos pensamentos não precisam da vestimenta da palavra para se-
rem compreendidos pelos Espíritos, e todos os Espíritos percebem o pensa-
mento que lhes desejamos comunicar, pelo simples fato de dirigirmos este
pensamento para eles e em virtude de suas faculdades intelectuais. (O Li-
vro dos Médiuns, Edição Especial, LAKE, item 225).

No mesmo livro, no capítulo 25, item 285, respondem:

Duas pessoas, evocando-se reciprocamente, poderiam transmitir-se seus


pensamentos e se corresponderem?
"Sim e esta telegrafia humana será um dia o meio universal de cor-
respondência." (Grifos Originais).

179
Também no capítulo 25, item 282 (pergunta nº 5):

O que lhes posso dizer é que o Espírito que vocês evocam, por mais
longe que esteja, recebe, por assim dizer, o contragolpe do pensa-
mento como uma espécie de choque elétrico que chama a sua aten-
ção para o lado de onde vem o pensamento a êle dirigido. Podemos
dizer que êle ouve o pensamento, como na terra vocês ouvem a voz.
(Grifos nossos).

Anteriormente no capítulo 17 (item 220, pergunta nº 8), comentam:

O médium pode, então, e mesmo deve, continuar a conversar pelo pen-


samento com seus amigos familiares e estar certo de que é ouvido. Se a
falta da mediunidade pode privar-nos das comunicações materiais com al-
guns Espíritos, não pode privar-nos das comunicações morais.

Exatamente assim, ocorre e deve ser realizada a doutrinação mental,


durante os atendimentos da cadeia desobsessiva:

1. Comunicação entre os espíritos dos médiuns e dos sofredores (encarna-


dos e desencarnados) pelo simples processo de irradiação do pensamento. Não
há necessidade da vestimenta da palavra verbalizada.

2. Todos os espíritos (encarnados e desencarnados) perceberão os pensa-


mentos que os médiuns individualmente e a cadeia como um todo desejarem co-
municar, pelo simples fato de dirigirem estes pensamentos a eles e em virtude de
suas faculdades intelectuais.

3. A Fase de Recepção é a telegrafia humana, meio universal de correspon-


dência que permite atrair os espíritos sofredores, por mais longe que estejam,
atuando na atração, e durante a conjugação mediúnica, pelo contra golpe do pen-
samento, uma espécie de choque elétrico que chama a atenção das entidades e
estas ouvem o pensamento como na terra ouvimos a voz.

4. Durante a rápida interação entre os médiuns e os espíritos necessitados


assistidos, devem os medianeiros conversarem pelo pensamento com as entida-
des, como se estes fossem seus amigos ou familiares, estando certos que serão
ouvidos.
Mesmo quando os recursos sensitivos ou perceptivos, deste ou daquele mé-
dium, forem diminutos, não haverá razões para que não venha participar ou dar a
sua cota de colaboração, pois o meio utilizado é universal, de fácil emprego e,
mesmo quando existe a suspensão das faculdades mediúnicas, é possível de ocor-
rer, o que não se dirá quando se pode e queira ser útil?

180
Portanto, fica claro que na corrente mento-eletromagnética não existem as
comunicações materiais, via palavra articulada, mas comunicação fluídica, comu-
nicação mental, comunicação moral.
Ao mesmo tempo, graças à informação dos Espíritos Reveladores de que as
entidades encarnadas por mais longe que estejam, recebem o chamamento e ou-
vem os pensamentos, como na terra ouvimos a voz, alcançaremos de forma supe-
rior a visão de como a cadeia desobsessiva, atuando como um conjunto de ímãs,
pode atrair, mesmo a distância, as entidades desequilibradas.
Na desobssessão por corrente, não existe a necessidade de evocação direta.
O trabalho iniciado desde a conversação fraterna, pela atuação do Mundo Maior;
o vibrar em torno dos pacientes encarnados; o seu esclarecimento e participação,
incluindo aí a sua presença no dia do tratamento desobsessivo; a colaboração dos
entes queridos e mentores de perseguidores e perseguidos, que buscam a recupe-
ração de ambos; o tratamento fluídico do cosmo físico-psíquico dos doentes, quando
são destruídas as formas pensamentos, os bacilos psíquicos e drenada a matéria
mental fulminatória, elementos vivos de manutenção, atração e contato com os
obsessores ou obsidiados desencarnados, ao serem removidos ou tratados, vão
atraí-los inexoravelmente, quando já não tenham sido triados e localizados no
ambiente pelos servidores espirituais.
Patenteia-se da mesma forma a nossa afirmação em alguns itens dos capítu-
los anteriores, quando mencionamos que os espíritos sofredores, ao passarem ou
mergulharem nas energias da corrente magnética, recebem o choque anímico.
O choque anímico nada mais é do que o resultado decorrente das ligações
entre os médiuns e os desencarnados. É, na verdade, esta espécie de choque
elétrico mental, somado ao choque fluídico, oriundos dos trilhões de raios ou
partículas em níveis e densidades energéticas diversas, emitidos pela cadeia mento-
eletromagnética, quando em funcionamento.

d.1.7) Como se deve realizar a magnetização e doutrinação mental, o


contragolpe do pensamento

Na Revista Espírita de fevereiro de 1867 (p.56) encontramos uma disserta-


ção mediúnica do Espírito Dr. Morel Lavallée, que nos mostra detalhadamente a
forma ideal de efetuar a contento este procedimento:

Não é, pois, vestindo a camisa de força num louco, ou lhe dando pílulas
ou duchas, que se conseguirá repô-lo no estado normal. Apenas acalmarão
seus sentidos revoltados; acalmarão os seus acessos, mas não destruirão o
germe senão o combatendo por seus semelhantes, fazendo homeopatia es-
piritual e fluidicamente, como se faz materialmente, dando ao doente, pela
prece, uma dose infinitesimal de paciência, de calma, de resignação, con-
forme o caso, como se lhe dá uma dose infinitesimal de brucina, de digitalis
ou de acónito.

181
Para destruir uma causa mórbida, há que combatê-la em seu terreno.

Homeopatia espiritual e fluídica, dando ao doente encarnado (fase de emis-


são) e desencarnado (fases de emissão e recepção) pela prece como magnetização
mental uma dose infinitesimal de paciência, calma, resignação, conforme o caso.
Esta conduta é o ponto diretor de todas as ações mentais na desobsessão por
corrente magnética. E útil não somente aos médiuns psicofônicos, se não ainda
aos passistas, aos dirigentes e ao próprio trabalho de vibração.

d-1.8) O papel ativo do médium psicofônico

Além de todas as ações já mencionadas, na fase de recepção, o médium


ainda atua como uma verdadeira mesa cirúrgica, permitindo e facilitando o am-
paro dos servidores espirituais, em benefício das entidades desequilibradas:

Nas sessões de caridade, qual a que presenciamos, o primeiro socorrista


é o médium que o recebe, mas, se esse socorrista cai no padrão vibratório
do necessitado que lhe roga serviço, há pouca esperança no amparo efici-
ente. [...].
- Um médium passivo, em tais circunstâncias, pode ser comparado à
mesa de serviço cirúrgico, retendo o enfermo necessitado de concurso
médico. Se o móvel especializado não possuísse firmeza e humildade, qual-
quer intervenção seria de todo impossível. (André Luiz, Nos Domínios da
Mediunidade, 12. ed., p.56-57).

A terapia de magnetização e doutrinação mental é, como por várias vezes


comentamos, conduta compartilhada pelos mentores.
O médium e a corrente mento-eletromagnética como um todo, ao reter o en-
fermo espiritual, permitem a participação da espiritualidade que, através de passes
contrários às emanações entorpecentes e paralisantes, construção e emissão de
imagens compatíveis com a percepção de cada individualidade sofredora, dentre
inúmeras e complexas ações mentais, fluídicas e magnéticas, pode em regime de
mútua colaboração auxiliar a normalização dos estados psíquicos dos espíritos em
atendimento.
O controle mediúnico é de fundamental importância para que as interven-
ções programadas não venham a se tornar impossíveis. O médium como primeiro
socorrista, doutrinador e doador fluídico não deve cair no mesmo padrão vibratório
do necessitado, sob pena de anular o amparo eficiente. Vontade, comando firme,
ação mental igual e contrária numa espécie de contragolpe do pensamento à se-
melhança de verdadeiras marteladas, devem constituir compromissos materializa-
dos em vibrações amorosas, persistentes, contínuas, eficientes, alicerçadas na
atenção, com sentimento de adesão e aceitação, seja em torno da entidade, da
espiritualidade superior ou do próprio dirigente da corrente.

182
d. 1.9) Os efeitos da magnetização e doutrinação mental

0 pequeno relato de um personagem já desencarnado, do livro Os Mensa-


geiros (17. ed., p.141), pode nos mostrar como os espíritos em atendimento na
corrente desobsessiva percebem e sentem os efeitos da magnetização e doutrina-
ção mental:

À noite, quando me concentro nas preces habituais, sinto, em torno de


mim, os seus pensamentos. Esses pensamentos me penetram fundo,
atraindo-me toda a atenção para a Terra. Às vezes, consigo repousar um
pouco, mas com muita dificuldade. Sei que a esposa e os filhos estão cha-
mando, dolorosamente, por mim. Esta certeza me perturba de algum
modo.(Grifos nossos).

As doses vibratórias e infinitesimais de paciência, calma, resignação, amor,


emitidos pelos médiuns e trabalhadores do mundo maior, vão chamar a atenção
dos espíritos sofredores, penetrando-lhes, levando-os à reflexão em torno das pró-
prias necessidades e potencialidades adormecidas de suas almas, alterando as
suas ondas mentais, renovando e iluminando suas consciências.

7.3) MÉDIUNS PASSISTAS

Já sabemos que os médiuns passistas que atuam nas atividades de desobsessão


por corrente magnética são divididos em dois grandes grupos:

1 - Passistas da corrente;

2 - Passistas que atendem os encarnados.

Os primeiros, seguindo orientação do dirigente, auxiliam vibratoriamente e


energeticamente os médiuns psicofônicos e as entidades que durante a fase de
recepção se ligam, passam ou mergulham nos fluidos da corrente.
Os segundos, também com a colaboração de um coordenador, prestam assis-
tência, em sala própria e próxima à corrente, aos pacientes encarnados presentes
ao tratamento.
Antes porém de discutirmos a participação de ambos os grupos, gostaríamos
de relacionar alguns fenômenos que ocorrem durante o passe espírita, com os
decorrentes do funcionamento da corrente mento-eletromagnética. Declaramos
em alguns trechos de capítulos passados que a atividade de desobsessão por ca-
deia magnética é em tudo semelhante ao trabalho de vibração comentado por
Kardec, à desobsessão por doutrinação verbal e ao passe magnético e espírita.
Correlacionamos vários aspectos. Quanto ao passe, desejamos destacar mais al-
guns pontos afins.

183
No capítulo 17 do livro Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz faz
notar os principais processos humano-espirituais decorrentes do serviço de assis-
tência fluídica, dos quais já transcrevemos alguns parágrafos. Agora façamos a
união dos mais importantes fundamentos práticos:

Clara e Henrique, agora em prece, nimbavam-se de luz.


Calmos e seguros, pareciam haurir forças revigorantes na intimidade de
suas almas. Guardavam a idéia de que a oração lhes mantinha o espírito em
comunicação com invisível e profundo manancial de energia silenciosa. [...].
Enfermos de variada expressão entravam esperançosos e retiravam-se,
depois de atendidos, com evidentes sinais de reconforto. Das mãos de Cla-
ra e Henrique irradiavam-se luminosas chispas, comunicando-lhes vigor e
refazimento.
Na maioria dos casos, não precisavam tocar o corpo dos pacientes, de
modo direto. Os recursos magnéticos, aplicados a reduzida distância, pene-
travam assim mesmo o "halo vital" ou a aura dos doentes, provocando
modificações subitâneas.
Os passistas afiguravam-se-nos como duas pilhas humanas deitando rai-
os de espécie múltipla, a lhes fluírem das mãos, depois de lhes percorrerem
a cabeça, ao contacto do irmão Conrado e de seus colaboradores. (Nos
Domínios da Mediunidade, 12. ed., p.162-164). (Grifos Nossos).

Observemos detidamente. A corrente mento-eletromagnética é um meio


de assistência desobsessiva, que se estrutura nos mesmos princípios descritos.
Diferencia-se quanto ao método, mas é expressão de idênticos fenômenos. Da
mesma forma envolve: luz, manancial energético, irradiações de luminosas chis-
pas ou partículas, médiuns como "pilhas humanas", emissão de trilhões de raios
de espécies múltiplas [ou de diferentes densidades, como explicamos], partici-
pação dos servidores espirituais e o mesmo sentido de recepção e propagação
energética.
Sendo os fenômenos idênticos e obedecendo aos mesmos princípios ou leis,
compreende-se como e porque os trabalhos de vibração, somados à irradiação da
corrente magnética em sua fase de emissão, podem auxiliar, aumentando em de-
zenas ou centenas de vezes as condições de doação dos médiuns passistas que
atuam sobre os encarnados.
No passe, não há necessidade do uso da palavra para que ocorra a melhora
do paciente, por ser a ação curadora, fluídica e mental. Pelo mesmo motivo, a
corrente magnética desobsessiva não emprega a doutrinação direta ou verbal e,
nem por isso, deixa de transmitir vigor e refazimento aos pacientes encarnados e
desencarnados que, ao serem atendidos, saem, em sua maioria, com sinais de
evidente reconforto.

184
Os passistas não necessitam tocar os corpos dos pacientes de modo direto,
porque os recursos magnéticos aplicados a reduzidas distâncias penetram assim
mesmo o "halo vital ou aura" dos doentes. Em identidade de circunstâncias, inú-
meras entidades sofredoras podem ser atendidas na corrente magnética, sem li-
gações diretas aos médiuns psicofônicos, pois a pequena distância, desde que se
coloquem ou sejam colocadas em seu raio de ação, podem perfeitamente receber
os recursos magnéticos emitidos que irão, por processo semelhante, penetrar-lhes
o "halo vital ou aura".
No texto analisado, André Luiz mostra que a ação magnética desenvolvida pelos
servidores do passe espírita provocam modificações subitáneas. Segundo O Novo
Dicionário Aurélio, o vocábulo subitáneo significa: "súbito". E súbito: "Repenti-
no". Não há, pois, razão para se estranhar a rapidez com que a corrente magnética
realiza as suas ações. Se a doação de apenas um passista, assistido por um espírito,
provoca modificações mentais, energéticas e físicas, súbitas ou repentinas, o que não
ocorrerá e, com que rapidez, quando inúmeros médiuns assistidos por vários espíritos
realizarem ações semelhantes, com base nos mesmos princípios?

7.3.1) Passistas da Corrente

Todos os médiuns passistas, independentes da área de atuação, devem seguir


as orientações referentes aos serviços de passe até aqui formulados, procurando
enriquecer a sua participação através do estudo de inúmeras obras publicadas a
respeito do assunto.
Disciplina, conhecimento, elevação moral são pontos essenciais para o bom
desempenho da tarefa.
O emprego da técnica magnética do passe, a aplicação correta das bioenergias
através dos centros perispirituais, a vontade ativa e operante são aspectos neces-
sários a serem conhecidos e praticados.
Quanto à colaboração junto à cadeia desobsessiva, deve o médium assim
conduzir-se:

a) Fase de Expulsão

Acatando a orientação do dirigente da corrente, devem realizar as mesmas


ações dos outros médiuns. Inicialmente, uma rápida visão panorâmica do seu dia,
seguida de prece individual, coletiva e autopasse. Este é o período em que se
prepara a fim de tornar-se útil.
Da mesma forma que os médiuns psicofônicos, todas as vezes que o dirigen-
te retornar a esta fase, devem repetir os procedimentos, voltando a própria aten-
ção para os fatores que porventura estejam prejudicando a sua participação:
desatenção, cansaço, inquietação, etc.

185
b) Fase de Absorção

Com o auxílio da prece e da mentalização, à semelhança do que fazem os


médiuns psicofônicos, devem sorver do plano maior as substâncias renovadoras
que serão veiculadas durante as doações fluídicas. Logo após, ainda nesta fase,
procurarão emitir vibrações de amor, harmonia e fraternidade em torno dos mé-
diuns que formam a corrente, estabelecendo assim laços fluídicos, interagindo
com todos os integrantes da equipe, afinizando-se para a tarefa a ser desenvol-
vida.

c) Fase de Emissão

Os passes devem ser ministrados a partir desta fase. Enquanto os médiuns


psicofônicos emitem fluidos e imagens superiores, dirigindo o manancial energético
aos sofredores encarnados e desencarnados, os passistas, utilizando-se de técni-
cas magnéticas dispersivas e após, de concentração energética, colaboram para o
equilíbrio dos medianeiros, ampliando as condições fluídicas da corrente, apoian-
do vibratoriamente as ações que neste momento são executadas.
Os passistas tanto devem atender os médiuns individualmente como a cor-
rente como um todo.
Disciplina aliada à intuição para a doação precisa.

d) Fase de Recepção

No momento das passagens, quando as entidades se ligam individualmente


aos médiuns ou a determinadas faixas energéticas da corrente, os passistas de-
vem atuar através de passes dispersivos, removendo, destruindo determinadas
cargas magnéticas, doando fluidos em benefício dos espíritos, auxiliando a
magnetização, a doutrinação mental, a transmissão de imagens e os passes em
direção contrária aos efeitos hipnóticos que os servidores espirituais ministram
nesta etapa.
Os centros perispirituais dos médiuns psicofônicos naturalmente irão refletir
os desajustes dos desencarnados, graças à interação ou enxertia neuropsíquica.
Sabedores desse processo, devem os médiuns passistas aplicar corretamente ener-
gias através desses centros (coronário, cerebral, laríngeo, gástrico ou solar, etc),
beneficiando diretamente os espíritos.
Logo após as passagens, quando as entidades são retiradas do circuito medi-
único, antes de novas ligações ou início de outra fase, os passistas devem agir
rapidamente em torno dos médiuns de incorporação, por passes dispersivos e, em
seguida, concentrando energia para o reajuste e equilíbrio necessários.
0 ciclo se refaz no retorno a cada uma das fases.

186
7.3.2) Passistas que Atendem os Encarnados

De preferência em ambiente próprio, coordenados por um dirigente, a equipe


de médiuns passistas que atua em benefício dos pacientes encarnados deverá se
preparar e seguir a mesma metodologia, com discreta alteração.
As fases de expulsão e absorção são idênticas. O expulsar e o sorver ener-
gia através da prece individual, coletiva e autopasse, à semelhança de um verda-
deiro banho de forças, não fogem às orientações comentadas. Somente ao final
da fase de absorção, deve vibrar e mentalizar não só os companheiros em ação
conjunta, mas da mesma forma a corrente magnética e os médiuns da vibração
(no caso da terapêutica básica já ter sido implantada) estabelecendo laços fluídicos
e recebendo a salutar corrente fluídica que essas outras equipes enviam para o
fortalecimento e enriquecimento do trabalho.
Ao final da fase de absorção, o dirigente deve autorizar a entrada dos paci-
entes em número compatível ao de passistas.
Enquanto o coordenador orienta os pacientes, preparando-os para a prece e
recepção adequada, os passistas devem emitir vibrações fraternas e amorosas,
iniciando o passe no momento em que o dirigente iniciar a prece conjunta formu-
lada em torno dos pacientes. Uma só vibração, imprimindo em equipe o máximo
de ritmo, harmonia e disciplina.
O passe é ministrado empregando-se técnica adequada. Passes transversais,
transversais cruzados, longitudinais, rotatórios, etc, conforme o caso e os objeti-
vos a serem atingidos.
Não nos é possível descrever os procedimentos de cada um dos passes men-
cionados, não só pelo limite do nosso trabalho, outrossim, por não acharmos ne-
cessário, pelo número de livros espíritas que tratam minuciosamente do assunto.
O final da prece deve coincidir com o final da transmissão do passe, quando
os pacientes deixam a sala, retornando ao ambiente de estudo e, um novo grupo
será chamado, repetindo-se a metodologia.
Quando todos os encarnados em tratamento tiverem sido beneficiados, antes
de encerrar o trabalho, deve o dirigente permitir que os passistas, através da pre-
ce individual, coletiva e autopasse se equilibrem pela absorção de energia, da
mesma forma como ocorre com os médiuns da corrente desobsessiva, evitando
que os medianeiros deixem o recinto de assistência portando qualquer tipo de
desgaste ou desajuste.
O passe na desobsessão por corrente magnética é de fundamental impor-
tância, pois aliado à vibração e à cadeia desobsessiva promove a recuperação
do enfermo encarnado pela destruição das formas pensamentos ou clichês
mentais, dos bacilos psíquicos e da matéria mental fulminatória, além de
permitir o afastamento dos fluidos doentios das entidades obsessoras ou
obsidiadas.

187
7.3.3) Detalhando a Atuação dos passistas

Visando dar os parâmetros indispensáveis a cada uma dessas ações prioritá-


rias, procuremos ver pelos exemplos dos Espíritos Superiores, através de pergun-
tas, o que compete aos passistas fazerem, para que os pacientes encarnados pos-
sam ser realmente beneficiados e, como devem agir os passistas da corrente,
para auxiliar corretamente aos médiuns psicofônicos e aos espíritos sofredores
em atendimento.

1) - Como se dá a destruição das formas pensamentos ou clichês mentais?

Resp.: Observando a atitude do espírito Anacleto (Missionários da Luz, 21.


ed., p.332), o relato de Manoel P. de Miranda (Loucura e Obsessão, 2. ed., p.35)
e o tratamento aplicado por Bezerra de Menezes, constante no livro Grilhões
Partidos (3. ed., p.97), poderemos obter a conduta que os passistas devem tomar
para auxiliar ou possibilitar a destruição dos processos ideoplásticos.

a) Atitude de Anacleto

"Estupefato ante os novos ensinamentos, reparei que Anacleto chamou


um dos auxiliares, recomendando-lhe alguma coisa.
Logo após, muito cuidadosamente, atuou por imposição das mãos sobre
a cabeça da enferma, como se quisesse aliviar-lhe a mente." (Missionári-
os da Luz, p.332)

O médium, ao iniciar o passe pela imposição das mãos sobre a cabeça do


doente, pode fazê-lo do mesmo modo que Anacleto: "como se quisesse aliviar-lhe
a mente". Esta atitude interativa, comandada pela vontade ou intenção, é um
passo preponderante para a destruição dos clichês mentais.

b) Relato de Manoel P. de Miranda

Nesse comenos, a comunicante ergueu o médium e pôs a destra sobre a


cabeça da desconsolada mulher. Após descarregar-lhe energias refazedoras
e interromper a compressão perturbadora que lhe impunha o vulgar perse-
guidor, conseguiu, também, através da aplicação correta de bionergia nos
centros coronário e cerebral, diluir as ideoplastias que o outro fomentava,
transmitindo um pouco de renovação à enferma que, momentaneamente
livre das influências terríveis, por pouco não foi acometida por um vagado.
(Loucura e Obsessão, p.35)

Somente conhecendo os nossos principais centros perispirituais e aplicando


corretamente a bioenergia, é que os processos ideoplásticos serão diluídos ou
destruídos pela ação dos passistas, conjugada à assistência espiritual.

188
O enriquecimento dos valores morais e a prática permanente do estudo não
podem ser desprezados pelo médium, sob pena de relegar-se a atividades incom-
pletas ou ineficientes.

c) Tratamento aplicado pelo espírito Bezerra de Menezes

Fazendo significativa pausa, na qual aplicou passes cuidadosos, longitu-


dinais, a iniciar-se do centro coronário, qual se o desatrelasse de forças
densas, em baixo teor magnético, percebemos, a pouco e pouco, que o com-
plexo núcleo se clarificava, irrigando com opalina tonalidade o centro cere-
bral, igualmente envolto em sombrias cargas fluídicas, onde imagens vigo-
rosas e fixas nas telas da memoria se diluíam, sem que, contudo, se desfi-
zessem totalmente.
A energia vitalizadora que era infundida na enferma passou a percorrer-lhe
os vários centros de fixação físico-espiritual. E como recebendo ignota carga
magnética, revigorante e anestésica simultaneamente, esta proporcionava à or-
ganização física melhor funcionamento com mais eficaz intercâmbio metabóli-
co, de que se beneficiava o cérebro todo transformado, agora, em um corpo
multicolorido, no qual miríades de grânulos infinitesimais ou fascículos lumino-
sos se movimentavam, penetrando neurônios e os ligando, quais impulsos de
eletricidade especial enviando ordens restauradoras e mantenedoras da har-
monia vibratória indispensável ao tônus do reequilibro.
Percebemos que a respiração da doente se fez mais tranqüila, os mús-
culos tensos por todo o corpo relaxaram, com admiráveis resultados no apa-
relho digestivo, particularmente desgovernado... (Grilhões Partidos, p.97).
(Grifos Originais).

Técnica de passe (passes longitudinais), aplicação de fluidos a partir dos


centros perispirituais (coronário, cerebral) são novamente destacadas, mostrando
que essas ações, veiculando energias vitalizadoras, como coadjuvantes da vibra-
ção amorosa, podem desatrelar forças densas, diluir ou destruir clichês mentais .
No tratamento pela Corrente Magnética Desobsessiva, todos esses procedi-
mentos e os que serão mencionados a seguir ganham dimensões muito mais vas-
tas, pela interação de várias atividades magnéticas, fluídicas e doutrinárias desen-
volvidas ao mesmo tempo e com a mesma finalidade. O passe espírita ministrado
aos doentes encarnados não é um trabalho assistencial isolado, mas peça inte-
grante de um conjunto de atitudes similares ou idênticas.

2) - E a matéria mental fulminatória, como pode ser retirada ou


destruída?

Resp.: No item 4.11.2.2, transcrevemos do livro Missionários da Luz, (p.325-


326) o caso de uma senhora que havia entrado em desequilíbrio emotivo, gerando
matéria mental de baixo teor que se acumulara no coração, afetando a válvula mitral.

189
Agora, vejamos o tratamento aplicado pelo Espírito Anacleto que oferece aos
médiuns passistas a diretriz adequada, diante de situações semelhantes:

Sempre sob minha observação, Anacleto assumiu nova atitude, dándo-


me a entender que ia favorecer suas expansões irradiantes e, em seguida,
começou a atuar por imposição. Colocou a mão direita sobre o epigastro da
paciente, na zona inferior do esterno e, com surpresa, notei que a destra,
assim disposta, emitia sublimes jatos de luz que se dirigiam ao coração da
senhora enferma, observando-se nitidamente que os raios de luminosa vita-
lidade eram impulsionados pela força inteligente e consciente do emissor.
Assediada pelos princípios magnéticos, postos em ação, a reduzida porção
de matéria negra, que envolvia a válvula mitral, deslocou-se vagarosamente
e, como se fora atraída pela vigorosa vontade de Anacleto, veio aos tecidos
da superfície, espraiando-se sob a mão irradiante, ao longo da epiderme.
Foi então que o magnetizador espiritual iniciou o serviço mais ativo do pas-
se, alijando a maligna influência. Fêz o contacto duplo sobre o epigastro,
erguendo ambas as mãos e descendo-as, logo após, morosamente, através
dos quadris até aos joelhos, repetindo o contacto na região mencionada e
prosseguindo nas mesmas operações por diversas vezes. Em poucos ins-
tantes, o organismo da enferma voltou à normalidade. (Missionários da
Luz, p.326).

Salientamos do texto:

a) Novamente o conhecimento e a aplicação de recursos fluídicos através de


técnicas magnéticas adequadas;

b) A emissão de raios luminosos ou jatos de luz que sobejamente estudamos e


que, no nosso caso, é multiplicada pelas doações à distância do trabalho de vibra-
ção conjugadas às irradiações da corrente magnética;

c) A direção desses raios, graças à força inteligente e consciente do emissor.


Fato de extrema importância para os passistas, para os dirigentes (do passe e da
corrente) e para os médiuns psicofônicos;

d) A ação dos princípios magnéticos deslocando a matéria negra, devido à


vigorosa vontade de Anacleto. A emissão e atração como ímã realizadas pela
corrente magnética e todas as ações fluídicas desenvolvidas pelos médiuns pas-
sistas têm na vontade sua expressão fundamental;

e) A não utilização da palavra para devolver mesmo assim em poucos instantes


a normalidade fisiopsíquica do enfermo. Não nos esqueçamos de que a quase
totalidade de todas as ações que compõem a desobsessão por corrente magnética
é mental.

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3) - Como ocorre o afastamento dos espíritos obsessores ou obsidiados?

Resp.: Podemos dividir a ação magnética em duas etapas distintas:

a) Desligamento dos obsessores

"Obsidiados ganhavam ingresso no recinto, acompanhados de frios ver-


dugos, no entanto, com o toque dos médiuns sobre a região cortical, depres-
sa se desligavam, postando-se, porém, nas vizinhanças, como que à espera
das vítimas, com a maioria das quais se reacomodavam, de pronto." (André
Luiz, Nos Domínios da Mediunidade, 12. ed., p.167).

Na desobsessão por corrente magnética graças à existência da triagem, os


servidores espirituais com antecedência de horas ou mesmo de dias, já desligam
os obsessores ou obsidiados, em condições de serem socorridos do cosmo psíqui-
co dos pacientes encarnados, localizando-os em campos propícios e afins, dentro
do próprio ambiente da desobsessão, facilitando o atendimento na fase de recep-
ção da corrente.
Mas, pode ocorrer que determinado paciente adentre a sala de passe acom-
panhado de frios verdugos espirituais ou de vítimas de suas fixações mentais. Os
médiuns passistas, com um simples toque fluídico na região cortical, por imposi-
ção das mãos ou por passes transversais, longitudinais, etc, podem desligá-los
da conjugação mental que os mantém imantados. A diferença é que estas entida-
des não ficarão nas vizinhanças à espera dos pacientes para se reacomodarem de
pronto, porque serão atraídas pela corrente magnética, tratadas, e, quando possí-
vel, encaminhadas aos locais apropriados de reeducação e refazimento. Na fase
de emissão a corrente emite princípios magnéticos, estabelecendo laços fluídicos
que, pela vontade consciente e inteligente de todos os seus integrantes, irão per-
mitir a atração mencionada.

b) Expulsão dos fluidos e restabelecimento da saúde do obsidiado

Por vezes, entretanto, acontece que a subjugação chega a ponto de pa-


ralisar a vontade do obsedado e que deste não se pode esperar nenhum
concurso valioso. É sobretudo então que a intervenção de um terceiro se
torna necessária, quer pela prece, quer pela ação magnética. Mas o
poder dessa intervenção também depende do ascendente moral que o
interventor possa ter sobre os Espíritos. Porque, se não valerem mais, sua
ação será estéril. Neste caso a ação magnética terá por efeito penetrar o
fluido do obsedado por um fluido melhor e desprender o fluido do Espírito
mau. Ao operar, deve o magnetizador ter o duplo objetivo de opor uma
força moral a outra força moral e produzir sobre o paciente uma espécie
de reação química, para usar uma comparação material, expulsando um

191
fluido por outro fluido. Assim, não só opera um desprendimento salutar,
mas dá força aos órgãos enfraquecidos por uma longa e, por vezes, vigoro-
sa dominação. Aliás, compreende-se que o poder da ação fluídica não só
está na razão da força de vontade, mas, sobretudo, da qualidade do fluído
introduzido e, conforme dissemos, tal qualidade depende da instrução e
das qualidades morais do magnetizador. Daí se segue que um magnetizador
comum, que agisse maquinalmente para magnetizar pura e simplesmente,
produziria pouco ou nenhum efeito. É de toda necessidade um magnetizador
Espírita, que age com conhecimento de causa, com a intenção de produ-
zir, não o sonambulismo ou a cura orgânica, mas os efeitos que acabamos
de descrever. Além disso, é evidente que uma ação magnética dirigida
neste sentido não deixa de ser útil nos casos de obsessão ordinária, por-
que então, se o magnetizador fôr secundado pela vontade do obsedado, o
Espírito será combatido por dois adversários, em vez de por um só. (Allan
Kardec, Revista Espírita, dez. 1862, p.364). (Grifos Originais). (Negritos
nossos).

O mecanismo descrito pelo Codificador é útil não só para explicar e facilitar


a ação fluídica do passista sobre o paciente encarnado, mas também para mostrar
os fundamentos de todas as ações que ocorrem no desenvolvimento da atividade
de desobsessão por corrente magnética.
A dupla ação de expulsar e substituir um fluido por outro, relizando uma
espécie de reação química, ocorre tanto em relação ao paciente encarnado como
ao sofredor desencarnado, que na fase de recepção se imanta à corrente, rece-
bendo os eflúvios da salutar corrente mento-fluídica.
Podemos afirmar que da mesma forma ocorre uma reação física, uma espé-
cie de reação nuclear, devido ao choque dos trilhões de partículas emitidas pela
corrente, secundada pelos passistas, com as partículas emitidas pelos obsessores
e obsidiados encarnados ou desencarnados.

"O pensamento, que provoca uma emissão fluídica pode operar certas
transformações moleculares e atômicas, como se vêem ser produzidas sob
a influência da eletricidade, da luz ou do calor." (Allan Kardec, Revista
Espírita, set. 1865, p.253).

Reação físico-química é a base ou corolário de todas as ações mentais, mag-


néticas e fluídicas expressas pelos médiuns que integram a cadeia magnética e
pelos passistas, quer seja os que beneficiam os encarnados, quer seja os que
atuam sobre a corrente.
Confirmamos mais uma vez que todas essas ações dependem da força de
vontade, da qualidade do fluido e inevitavelmente da instrução e qualidades mo-
rais dos magnetizadores espíritas ou médiuns.

192
7.4) MÉDIUNS VIDENTES OU CLARIVIDENTES

Já dissemos que os médiuns videntes ou clarividentes devem, sempre que


possível, atuar como passistas da corrente ou dos pacientes, sendo, quando ne-
cessário, um auxiliar da direção.
Junto à direção da corrente, devem prestar esclarecimentos quando solici-
tados, evitando descrições longas a respeito de determinados quadros ou a inter-
ferência sistemática, buscando conduzir a atividade. Não podemos esquecer que
o "êxito do trabalho reclama esforço de equipe" e, para tanto, cada um dos parti-
cipantes tem de desempenhar a sua função da melhor forma possível, sem
superposição ou negligência.
Caso este ou aquele médium psicofônico seja também portador da mediuni-
dade de clarividência, deve se restringir à primeira função, não desempenhando
dupla atribuição.
Se o dirigente tiver outros canais de percepção, como a vidência, deve dela
se utilizar como complemento das ações diretivas e não como condição básica e
única para o seu bom desempenho.
Cabe lembrar que nos diferentes gêneros de mediunidade, há diferentes fai-
xas de percepções e filtragem, e que esta ou aquela observação pode representar
apenas uma parcela do todo e não a real ou total manifestação fenomênica. A
este respeito diz André Luiz (Nos Domínios da Mediunidade, 12. ed., p.109):

O círculo de percepção varia em cada um de nós. Há diferentes gêneros


de mediunidade; contudo, importa reconhecer que cada Espírito vive em
determinado degrau de crescimento mental e, por isso, as equações do es-
forço mediúnico diferem de indivíduo para indivíduo, tanto quanto as inter-
pretações da vida se modificam de alma para alma. As faculdades
medianímicas podem ser idênticas em pessoas diversas, entretanto, cada
pessoa tem a sua maneira particular de empregá-las. Um modelo, em mui-
tas ocasiões, é o mesmo para grande assembléia de pintores, todavia, cada
artista fixa-lo-á na tela a seu modo. Uma lâmpada exibirá claridade lirial,
em jacto contínuo, mas, se essa claridade for filtrada por focos múltiplos,
decerto estará submetida à cor e ao potencial de cada um desses filtros,
embora continue sendo sempre a mesma lâmpada a fulgurar em seu campo
central de ação. Mediunidade é sintonia e filtragem. Cada Espírito vive
entre as forças com as quais se combina, transmitindo-as segundo as con-
cepções que lhe caracterizam o modo de ser.

7.4.1) Trio Essencial

Todos os comentários e citações anteriores buscam definir o papel do dirigente


e do médium vidente ou clarividente, bem como a correta utilização dessa faculdade
nas diversas e múltiplas ações mento-eletromagnéticas expressas pela corrente

193
desobsessiva. Por inúmeras vezes, em nossa experiência, observamos a má inter-
pretação, ou emprego inadequado desses recursos. Para resumir, ampliar e colocar
um ponto final a respeito da melhor conduta a ser adotada, não só pelo dirigente e
médiuns videntes, mas por todos os integrantes da equipe, rogamos licença à Fede-
ração Espírita Brasileira para transcrever a mensagem do Espírito Emmanuel,
intitulada Trio Essencial constante no livro Instruções Psicofônicas (lição 59):

Meus amigos.
O êxito da reunião mediúnica, como corpo de serviço no plano terrestre,
exige três elementos essenciais:
O orientador.
O médium.
O assistente.
Nesse conjunto de recursos tríplices, dispomos de comando, obediência
e cooperação.
O primeiro é o cérebro que dirige.
O segundo é o coração que sente.
O terceiro é o braço que ajuda.
Sem a segurança e a ponderação do cérebro, seremos arremessados,
irremediavelmente, ao desequilíbrio.
Sem o carinho e a receptividade do coração, sofreremos o império do
desespero.
Sem o devotamento e a decisão do braço, padeceremos a inércia.
Contudo, para que o trio funcione com eficiência, são necessários três
requisitos na máquina de ação em que se expressam:
Confiança.
Boa-vontade.
Harmonia.
Harmonia que traduza disciplina, ordem e respeito.
Confiança que signifique fé, otimismo e sinceridade.
Boa-vontade que exprima estudo, compreensão e serviço espontâneo ao
próximo.
Não podemos esquecer, ainda, que essa máquina deve assentar-se em
três alicerces distintos:
Aperfeiçoamento interior.
Oração com vigilância.
Dever bem cumprido.
Obtida a sintonia nesse triângulo de forças, poderá, então, a Espirituali-
dade Superior, através de fatores humanos, empreender entre os homens
encarnados a realização dos seus três grandes objetivos:
A elevação moral da ciência.
O esclarecimento da filosofia.
194
A liberdade da religião.
Com a ciência dignificada, não trairemos no mundo o ritmo do pro-
gresso.
Com a filosofia enobrecida, clarearemos os horizontes da alma.
Com a religião liberta dos grilhões que lhe encadeiam o espírito glorioso
às trevas da discórdia e do fanatismo, poderemos distender o socorro e a
beneficência, a fraternidade e a educação.
Reunamo-nos nas bases a que nos referimos, sob a inspiração do Cristo,
Nosso Mestre e Senhor, e as nossas reuniões mediúnicas serão sempre um
santuário de caridade e um celeiro de luz. (Instruções Psicofônicas, p.255).

7.4.1.1) Requisitos Para o Êxito da Reunião

Façamos um resumo da mensagem de Emmanuel:

Os Elementos As Funções Os Requisitos Os Alicerces Os Objetivos

Aperfeiçoamento A elevação
O cérebro que
O orientador Confiança moral da
dirige interior
ciência

Oração 0 esclareci-
0 coração que
O médium Boa-vontade com mento da
sente
vigilância filosofia

0 braço que Dever bem A liberdade


0 assistente Harmonia
ajuda cumprido da religião

195
7.5) A CORRENTE MAGNÉTICA COMO UM TODO

Visando recordar e reafirmar conceitos, façamos uma analogia entre os


integrantes da equipe de desobsessão por corrente e determinadas ações por
ela desenvolvidas, às peças dos circuitos eletromagnéticos e a alguns outros
aparelhos:

a) Equipe de servidores espirituais

Verdadeiros transformadores de energia advindas das usinas cósmicas, for-


mada pelo oceano de emanações divinas.

b) Médiuns Psicofônicos

Tomadas, condensadores, eletroímãs, estações de recepção, aparelhos de


emissão, mesa cirúrgica que retém transitoriamente os sofredores, sendo-lhes pela
percussão mental o seu primeiro socorrista e doutrinador.

c) Médiuns Passistas

Tomadas a dar passagens a forças que não lhes pertencem. Exaustores


fluídicos, doadores energéticos, circuitos auxiliares.

d) Dirigentes

Quadro ou chave geral em relação aos trabalhadores encarnados.

e) Vontade

Botão ou interruptor que aciona o funcionamento da máquina ou circuito.

f) Atenção

Elemento mantenedor do circuito mento-eletromagnético.

g) Perispírito

Fio condutor que permite a integração fluídica e mental dos médiuns entre si
e destes com os servidores espirituais.

h) Centros de Força

Plugues por onde se efetivam as ligações e emissões mais abundantes.

196
i) Fluido Cósmico Universal

Veículo do pensamento. Agente condutor dos trilhões de raios ou partículas emi-


tidas pela cadeia mento-eletromagnética, em forma de uma salutar corrente fluídica,
que vai atingir os seus objetivos, independente da distância a ser percorrida.

j) Raios ou Partículas Mentais e Vitais

Átomos ou Fótons capazes de produzir reações físico-químicas, transforma-


ções moleculares e atômicas, resultando na substituição, drenagem ou quebra de
determinados compostos fluídicos, expulsando o mau fluido da constituição
perispiritual dos sofredores encarnados e desencarnados, destruindo formas psí-
quicas e clichês mentais degradantes.

1) Choque Anímico

Conseqüência, efeito das fases de emissão e recepção da corrente magnéti-


ca. Conjunto do choque fluídico e vibratório, resultante da reação físico-química
provocada pelos raios ou partículas mentais e vitais.

m) Faixas Magnéticas

Com relação à corrente - campos de forças por onde circulam partículas


mentais e vitais, energia ou fluidos em diferentes densidades ou qualidades, per-
mitindo inúmeras e diversificadas ligações, dosando a intensidade da Rede Vibratória
à necessidade de cada sofredor.

Em relação ao ambiente - campos de setorização dos espíritos obsessores,


reunindo-os pelas vibrações comuns, facilitando o tratamento e atendimento pela
corrente desobsessiva.

n) Produção de Luz

Efeito visível das emissões mentais e fluídicas em variadas cores, represen-


tando freqüências diversas, próprias, inerentes a cada médium e servidor espiritu-
al, que em regime de somação expressam a força do pensamento coletivo.

o) Pacientes Encarnados e Desencarnados

Razão da existência e funcionamento de todo o circuito. Objetivo maior a ser


iluminado. Sombras totais ou parciais a serem tocadas pela luz da dedicação, do
amor, da doação e do esclarecimento, em processo de reeducação e aprendiza-
gem mútua.

197
p) A corrente desobsessiva

Diante de toda estas correlações, a Cadeia Mento-Eletromagnética seria


então:

Se se considerar o corpo humano no tipo de uma pilha composta de


infinito número de elementos nervosos, que, por sua ação recíproca, desen-
volvem correntes e radiação, compreende-se o que uma tal máquina, for-
mada de várias pilhas deste gênero, postas em atividade por um impulso
dado, possa produzir em potência de tensão. A cadeia aparece, então, no
papel de verdadeira bateria magnética, onde a energia das trocas aumenta
com o número dos elementos compostos que a formam. (Alphonse Bué,
Magnetismo Curativo, FEB, p. 140).

Essa bateria magnética, ou melhor, mento-eletromagnética, deve permane-


cer em funcionamento não mais do que 40 minutos, excetuando-se o tempo gasto
no preparo inicial e final, leitura, prece, orientação, avaliações, comentários, cor-
reções etc.
O número de elementos que a formam, desde que sejam mantidas a
homogeneidade e a harmonização do ambiente, só aumenta sua potência e possi-
bilidades de auxílio.

7.6) O PACIENTE

Logicamente, o paciente não integra a equipe de atendimento da desobsessão


por corrente magnética. Mas compete a ele uma série de atribuições e responsa-
bilidades para que venha a ser realmente beneficiado, ajustando-se para uma melhor
compreensão e atuação na vida.
Todas as diretrizes devem ser passadas aos pacientes encarnados, através
das aulas, cursos, palestras, triagem, etc. Quanto ao desencarnado, os servidores
espirituais, naturalmente, devem desenvolver atividades semelhantes com os mes-
mos objetivos.

a) Prece e Reforma Interior

Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la


contra a obsessão, tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a
necessidade de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das
vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de terceiros.[...].
- O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua
situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não suce-
de quando, seduzido pelo espírito que o domina, se ilude com relação às

198
qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque,
então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da
fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta sub-
jugação.
Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que
se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor. (Allan
Kardec, A Gênese, 21. ed., FEB, cap. 14, item 46).

Fortalecer a vontade, enaltecer e explicar o mecanismo da prece tornando-a


um hábito salutar e contínuo; esclarecer quanto ao processo obsessivo, ajudando
o paciente a compreender a atuar em benefício próprio e dos espíritos aos quais
se liga pelos laços obsessivos, são aspectos prioritários, fundamentais e essenci-
ais na desobsessão por corrente mento-eletromagnética.

b) No passe e durante o atendimento da corrente magnética

Em fotografia precisamos da chapa impressionável para deter a ima-


gem, tanto quanto em eletricidade carecemos do fio sensível para a trans-
missão da luz. No terreno das vantagens espirituais, é imprescindível que o
candidato apresente uma certa "tensão favorável". Essa tensão decorre da
fé. Certo, não nos reportamos ao fanatismo religioso ou à cegueira da igno-
rância, mas sim à atitude de segurança íntima, com reverência e submissão,
diante das Leis Divinas, em cuja sabedoria e amor procuramos arrimo. Sem
recolhimento e respeito na receptividade, não conseguimos fixar os recur-
sos imponderáveis que funcionam em nosso favor, porque o escárnio e a
dureza de coração podem ser comparados a espessas camadas de gelo
sobre o templo da alma.
A lição fora simples e bela. (André Luiz, Nos Domínios da
Mediunidade, 12. ed., p.168).

Uma das funções do dirigente do passe ao paciente encarnado, geralmente


realizado em salas contíguas ao atendimento da corrente desobsessiva é, além da
coordenação e unificação das ações fluídicas e espirituais, o auxílio ao paciente,
no sentido de que ele venha a criar esta "tensão favorável", decorrente da fé,
recolhimento íntimo e respeito na receptividade. Utilizando-se de pequenas orien-
tações, prece coletiva, disciplina e silêncio, o dirigente cria um campo receptivo
próprio e adequado à fixação dos recursos imponderáveis que irão funcionar em
favor de cada individualidade.

Não nos esqueçamos que:

"Nossas emoções, pensamentos e atos - diz Emmanuel - são elementos


dinâmicos de indução." {O Pensamento de Emmanuel, p. 29).

199
E que:

"A força do pensamento, e sua conseqüente influenciação no próprio


destino humano, constitui realidade que ninguém pode, nem deve ignorar."
(Martins Peralva, O Pensamento de Emmanuel, p.29).

c) No auxílio ao atendimento, à distância, de seus entes queridos ou


aos ambientes onde vivem

"Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também o está,


pois é a alma que pensa. O pensamento é um atributo." (O Livro dos Espí-
ritos, Edição Especial, LAKE, questão 89-a).

"O pensamento, em vibrações sutis, alcança o alvo, por mais distante


que esteja." (André Luiz, Nosso Lar, 25. ed., p. 164).

"A criatura atingida pelo nosso pensamento recebe o fruto mental por
nós elaborado." (Martins Peralva, O Pensamento de Emmanuel, p.32).

"O bom pensamento - pensamento de amor e solidariedade, de eleva-


ção e pureza - influencia não só do ponto de vista psíquico, como do físi-
co." (Idem, p.33).

A vibração e a corrente magnética, como já foi mencionado em capítulos


anteriores, realizam o atendimento à distância, quer seja em benefício dos ambi-
entes onde vivem os pacientes encarnados, quer em relação aos seus entes que-
ridos. A contribuição que o próprio paciente pode dar nesse particular é imensa.
Basta que nos momentos de análise e reflexõe íntimas, do passe, da prece indivi-
dual e coletiva, venha a emitir pensamentos de amor, solidariedade, elevação e
pureza em prol de quem ama e deseje abençoar.
Desnecessário dizer, ou repetir, que a triagem ou conversação fraterna, os
estudos sistematizados, as orientações dadas durante o período de tratamento,
irão gradativamente elucidando o paciente, levando-o a adotar o comportamento
ideal e necessário à própria recuperação.
Os estudos e esclarecimentos devem conduzi-lo à compreensão e à aceita-
rão do seu problema básico, núcleo ou fator principal de desequilíbrio, para que, a
partir daí, possa iniciar a sua reforma moral com imediata libertação psíquica. O
conhecimento dos postulados básicos da Doutrina Espírita e os decorrentes de
sua aiual condição, fortalecidos pela vontade e a prática diária, deverão ser
enfatizados em todas as exposições, estudos em grupos e orientações, dando ao
paciente as condições necessárias para que, através do próprio esforço, venha
vencer suas más tendências e inclinações que, em última análise, geram os pro-
cessos obsessivos.

200
Não devemos permitir ou aceitar que o paciente transfira à equipe desobsessiva
o esforço que lhe compete realizar, e nem induzi-lo a acreditar que ações meno-
res, sem continuidade, serão suficientes para o seu pronto restabelecimento.

"O homem poderia sempre vencer as suas más tendências pelos seus
próprios esforços?
- Sim, e às vezes com pouco esforço; o que lhe falta é a vontade. Ah,
como são poucos os que se esforçam!" (O Livro dos Espíritos, Edição
Especial, LAKE, questão 909).

E acrescenta Manuel P. de Miranda:

"Só a radical mudança de comportamento do obsidiado resolve, em defi-


nitivo, o problema da obsessão." (Painéis da Obsessão, p.9).

A respeito das diretrizes que competem aos integrantes da equipe desobsessiva


por corrente magnética realizarem, incluindo aí o paciente, recordemos o Mestre
Jesus, que há séculos nos respondeu carinhosamente:

Respondeu-lhes: "Esta casta não se expulsa


senão à força de oração" ( Marcos, 9: 29).

Respondeu-lhe Jesus: "Minha filha, a tua fé te


salvou; vai-te em paz e sê curada do teu mal" ( Mar-
cos, 5:34).

201
CAPÍTULO VIII

MECANISMOS DA OBSESSÃO
E DA DESOBSESSÃO POR CORRENTE MAGNÉTICA

Que há de comum entre a luz e as trevas?


(II Corintios, 6:14)
Em nossa pesquisa, muito já estudamos a respeito da obsessão e suas impli-
cações terapêuticas, correlacionando as ações patológicas com as soluções que a
desobsessão por corrente magnética oferece.
Transcrevemos alguns trechos de orientações espirituais, que nos confirma-
ram estar o fenômeno mediúnico ou de sintonia, tanto na base da doença, como da
medicação. Fomos um pouco mais além e, no capítulo 4, chegamos a afirmar: a
desobsessão por corrente mento-eletromagnética é o remédio similar da
síndrome obsessiva, dinamizado pelas vibrações amorosas e aplicado em
benefício das multidões.
Acreditamos que no capítulo referido e nos subseqüentes, esta nossa afirma-
ção foi devidamente esclarecida e demonstrada, mas não esgotada, visto que muito
ainda se tem a dizer.
Estudar o mecanismo da obsessão e a partir daí demonstrar, explicar e desta-
car o mecanismo da desobsessão por corrente magnética tem sido o nosso
desiderato, desde as primeiras linhas de nossas anotações. Ampliar o estudo com
este capítulo e continuar a discussão do tema no próximo, quando estudaremos as
obsessões epidêmicas ou coletivas, é o nosso objetivo imediato.
O que pode haver de comum entre a luz e as trevas? Que correlação
existe entre a obsessão e a desobsessão por corrente magnética?
A única forma de sabermos é verificar, mais detalhadamente, como se pro-
cessam ambos os mecanismos, que bases os sustentam, como se desenvolvem e
se interagem.
Por isso, voltemos à estaca zero, ao ponto de partida. Vamos novamente,
provar os mecanismos de ação da cadeia mento-eletromagnética frente aos me-
canismos da obsessão e da mediunidade.

Para facilitar, perguntaríamos?

1. - Poderíamos ter um método desobsessivo que atuasse nas mesmas bases


do fenômeno obsessivo, ou seja, mente e sintonia, sem a necessidade da palavra
para alcançar seus efeitos, apenas aplicando estes mesmos recursos em sentido
contrário e superior?

2. - Poderíamos ter uma medicação espiritual que utilizasse dos mesmos


princípios, somente que, sublimando-os pela prece e ação coletiva no bem?

3. - Poderíamos ter uma integração e uma interpretação fluídica e mental


superior, que atuasse pela vontade coletiva, generosa, amiga e cristã, em prol dos
irmãos encarnados e desencarnados envolvidos em simbioses parasitárias, as quais
subsistem, graças aos mesmos critérios, apenas que degenerados, degradados e
inferiores?

Sim? Não? Procuremos as respostas.

205
8.1) MECANISMO DA AÇÃO OBSESSIVA

8.1.1) Ação Mental

O texto a seguir é de Manoel P. de Miranda, extraído do livro Painéis da


Obsessão, com psicografia de Divaldo Pereira Franco (p.8):

No caso específico das obsessões entre encarnados e desencarnados,


estes últimos, identificando a irradiação enfermiça do devedor, porque são
também infelizes, iniciam o cerco ao adversário pretérito, através de ima-
gens, mediante as quais fazem-se notados, não necessitando de palavras
para serem percebidos, insinuando-se com insistência até estabelecerem o
intercâmbio que passam a comandar...
De início, é uma vaga idéia que assoma, depois, que se repete com insis-
tência, até insculpir no receptor o clichê perturbante que dá início ao desajuste
grave.
Em razão disso, não existe obsessão apenas causada por um dos litigan-
tes, se não houver sintonia perfeita do outro.
Quanto maior for a permanência do intercâmbio com o hospedeiro
domiciliado no corpo - e entre encarnados o fenômeno é equivalente -
mais profunda se tornará a indução obsessiva, levando à alucinação total.
É nessa fase, em que a vítima se rende às idéias infelizes que recebe, a
elas se convertendo, que se originam os simultâneos desequilíbrios orgâni-
cos e psíquicos de variada classificação.
A mente, viciada e aturdida pelas ondas perturbadoras que capta do
obsessor, perde o controle harmônico, automático sobre as células, facul-
tando que as bactérias patológicas proliferem, dominadoras. Tal inarmonia
propicia a degenerescência celular em forma de cánceres, tuberculose,
hanseníase e outras doenças de etiopatogenias complexas, que a Ciência
vem estudando. (Grifos Originais)

Vejamos os dez principais pontos da mensagem

1. O devedor encarnado emite "irradiação enfermiça" que é detectada pelo


algoz desencarnado;

2. O cerco obsessivo inicia-se após a identificação "através de imagens";

3. Não há necessidade de palavras para serem percebidos;

4. Insinuam-se com insistência até estabelecerem o intercâmbio que passam


a comandar;

206
5. O desajuste grave surge quando os clichês perturbantes são gravados ou
insculpidos no receptor;

6. A obsessão ocorre somente se houver sintonia perfeita dos litigantes;

7. Quanto maior a permanência do intercâmbio, mais profunda se tornará a


indução obsessiva;

8. Quando a vítima se rende às idéias infelizes que recebe, a elas se conver-


tendo, originam-se os simultâneos desequilíbrios orgânicos e psíquicos;

9. A mente, viciada e aturdida pelas ondas perturbadoras que capta do


obsessor, perde o controle harmônico, automático sobre as células;

10. Tal inarmonia propicia o desenvolvimento das doenças de etiopatogenia


complexas.

O exemplo, mostrando a relação enfermiça entre encarnados e desencarna-


dos, é aplicável em outros processos obsessivos, de diferente etiologia onde atu-
am diferentes agentes: encarnado para encarnado, desencarnado para
desencarnado, obsessões mistas, etc.
Irradiação enfermiça, afinidade, sintonia, identificação através de imagens
mentais, intercâmbio sem a necessidade do uso da palavra, formam o esboço ou
traços gerais da síndrome obsessiva.
O que ensina Manoel Philomeno de Miranda não diverge de várias afirma-
ções como as de Allan Kardec, Emmanuel, André Luiz e outros instrutores espi-
rituais, a respeito do tema em questão.
No livro Sexo e Destino (14. ed., p.51-54), André Luiz exemplifica clara-
mente, informando como se processa esse intercâmbio. O relato, apesar de ex-
tenso, é primoroso, pois caracteriza muito bem as sugestões mentais em interações
obsessivas, reforçando o perigo que significam os vícios, de uma maneira geral,
na gênese das doenças do corpo e da mente.

Detínhamo-nos, curiosos, na inspeção, quando sobreveio o inopinado.


Diante de nós, ambos os desencarnados infelizes, que surpreendêramos à
entrada, surgiram de repente, abordaram Cláudio e agiram sem-cerimônia.
Um deles tateou-lhe um dos ombros e gritou, insolente:
- Beber, meu caro, quero beber!
A voz escarnecedora agredia-nos a sensibilidade auditiva. Cláudio, po-
rém, não lhe pescava o mínimo som. Mantinha-se atento à leitura. Inalterá-
vel. Contudo, se não possuía tímpanos físicos para qualificar a petição, tra-
zia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o apelante.

207
O assessor inconveniente repetir, a solicitação, algumas vezes, na atitu-
de do hipnotizador que insufla o próprio desejo, reasseverando uma ordem.
O resultado não se fez demorar. Vimos o paciente desviar-se do artigo
político em que se entranhava. Ele próprio não explicaria o súbito desinte-
resse de que se notava acometido pelo editorial que lhe apresara a atenção.
Beber! Beber!.
Cláudio abrigou a sugestão, convicto de que se inclinava para um trago
de uísque exclusivamente por si.
O pensamento se lhe transmudou, rápido, como a usina cuja corrente se
desloca de uma direção para outra, por efeito da nova tomada de força.
Beber, beber!... e a sede de aguardente se lhe articulou na idéia, ga-
nhando forma. A mucosa pituitária se lhe aguçou, como que mais fortemen-
te impregnada do cheiro acre que vagueava no ar. O assistente malicioso
coçou-lhe brandamente os gorgomilos. [...].
O amigo sagaz percebeu-lhe a adesão tácita e colou-se a ele. De come-
ço, a carícia leve; depois da carícia agasalhada, o abraço envolvente; e
depois o abraço de profundidade, a associação recíproca.
Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica. [...].
Cláudio-homem, absorvia o desencarnado, à guisa de sapato que se ajusta
ao pé. Fundiram-se os dois, como se morassem eventualmente num só cor-
po. Altura idêntica. Volume igual. Movimentos sincrónicos. Identificação
positiva.
Levantaram-se a um tempo e giraram integralmente incorporados um ao
outro, na área estreita, arrebatando o delgado frasco.
Não conseguiria especificar, de minha parte, a quem atribuir o impulso
inicial de semelhante gesto, se a Cláudio que admitia a instigação ou se ao
obsessor que a propunha.
A talagada rolou através da garganta, que se exprimia por dualidade
singular. Ambos os dipsómanos estalaram a língua de prazer, em ação si-
multânea.
Desmanchou-se a parelha e Cláudio, desembaraçado, se dispunha a sentar,
quando o outro colega, que se mantinha a distância, investiu sobre ele e
protestou: "eu também, eu também quero!"
Reavivou-se-lhe no ânimo a sugestão que esmorecia.
Absolutamente passivo diante da incitação que o assaltava, reconstituiu,
mecanicamente, a impressão de insaciedade.
Bastou isso e o vampiro, sorridente, apossou-se dele, repetindo-se o fe-
nômeno da conjugação completa.
Encarnado e desencarnado a se justaporem. Duas peças conscientes,
reunidas em sistema irrepreensível de compensação mútua. [...].
Efetuava-se a ocorrência na base da percussão. Apelo e resposta. Cor-
das afinadas no mesmo tom. O desencarnado alvitrava, o encarnado aplau-
dia. Num deles, o pedido; no outro, a concessão.

208
Condescendendo em ilaquear os próprios sentidos, Cláudio acreditou-se
insatisfeito e retrocedeu, sorvendo mais um gole.
Não me furtei à conta curiosa. Dois goles para três. (Sexo e Destino,
p.51-54).

Se destacarmos, com o mesmo critério, os principais itens da narração de


André Luiz, chegaremos às mesmas conclusões anteriores.

Os dez principais pontos

1. "[...] abordaram Cláudio e agiram sem-cerimônia."

2. "[...] trazia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o apelan


te."

3. O assessor inconveniente tomou a "atitude de um hipnotizador que insufla


o próprio desejo reasseverando uma ordem."

4. "O pensamento se lhe transmutou, rápido, como a usina cuja corrente se


desloca de uma direção para outra, por efeito da nova tomada de força."

5. "[...] percebeu-lhe a adesão tácita e colou-se a ele. De começo, a carícia


leve; depois da carícia agasalhada, o abraço envolvente; e depois do abra-
ço de profundidade, associação recíproca."

6. "Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica."

"Claudio-homem, absorvia o desencarnado, à guisa de sapato que se ajus-


ta ao pé."

"[...] e giraram integralmente incorporados um ao outro [...]"

7. "[...], a quem atribuir o impulso inicial de semelhante gesto, se a Cláudio


que admitia a instigação ou se ao obsessor que a propunha."

8. "Duas peças conscientes, reunidas em sistema irrepreensível de compen-


sação mútua."

9. "Efetuava-se a ocorrência na base de percussão. Apelo e resposta. Cor-


das afinadas no mesmo tom. O desencarnado alvitrava, o encarnado aplau-
dia. Num deles, o pedido; no outro a concessão."

10. "Não me furtei à conta curiosa. Dois goles para três."

209
Antes dos nossos comentários, vamos colher a opinião de Emmanuel sobre o
tema.

8.1.1.1) Opinião de Emmanuel

a) Sintonia e Imagens mentais

A mente que se dirige a outra cria imagens para fazer-se notada e com-
preendida, prescindindo da palavra e da ação para insinuar-se, por-
quantOi ambientando a repetição, atinge o objetivo que demanda, projetan-
do-se sobre aquela que procura influenciar. E, se a mente visada sintoniza
com a onda criadora lançada sobre ela, inicia-se vivo circuito de força,
dentro do qual a palavra e a ação se incumbem de consolidar a correspon-
dência, formando o círculo de encantamento em que o obsessor e o obsidiado
passam a viver, agindo e reagindo um sobre o outro. {Pensamento e Vida,
8. ed., p.124). (Grifos nossos).

b) Gravação Mental

Lembremo-nos, ainda, do disco comum, em cujas reentrâncias sutis per-


manecem os sons fixados para repetição à nossa vontade. Muita vez a
mente obsidiada se assemelha à chapa de ebonite, arquivando ordens e
avisos do obsessor (notadamente durante o sono habitual, quando liberamos
os próprios reflexos, sem o controle da nossa consciência de limiar), ordens
e avisos que a pessoa obsessa atende, de modo quase automático, qual o
instrumento passivo da experiência magnética, no cumprimento de suges-
tões pós-hipnóticas.
Quanto mais nos rendamos a essa ou àquela idéia, no imo de nós mes-
mos, com maior força nos convertemos nela, a expressar-lhe os desígnios
E assim que se formam estranhos desequilíbrios que, em muitas circuns-
tâncias, concretizam moléstia e desalento, aflição e loucura, quando não
plasmam a crueldade e a morte. {Pensamento e Vida, p.125).

8.1.1.2) Comentando

As expressões quase chegam a ser as mesmas: projeção mental, através de


imagens, em sistema de compensação mútua. Em um o pedido, no outro a concessão.
Sintonização pela onda criadora iniciando um vivo circuito de força, a transmutar-lhe
rapidamente o pensamento. A mente obsidiada grava ordens e avisos à semelhança
de um disco comum. Inicialmente uma vaga idéia, depois a repetição com insistência,
até insculpir ou arquivar no receptor clichês perturbantes, na forma de ordens e avi-
sos, dando início a desajustes graves. Efetua-se a ocorrência na base de percussão.
Apelo e resposta. Formado o círculo de encantamento, o obsessor e o obsidiado passam

210
a viver, agindo e reagindo um sobre o outro. Associação recíproca. Sintonia perfeita.
A pessoa obsessa atende, de modo quase automático, qual instrumento passivo da
experiência magnética, no cumprimento de sugestões pós-hipnóticas. Assim se for-
mam estranhos desequilíbrios. A mente viciada e aturdida perde o controle harmôni-
co, automático sobre as células. Concretizam-se moléstias e desalentos, aflições e
loucuras, quando não plasmam a crueldade e a morte. Tal inarmonia propicia a
degenerescência celular em forma de câncer, tuberculose, hanseníase, etc.
Todo processo é mental, não necessitando de palavras para ser percebido.
Prescinde-se do verbo e da ação para insinuar-se. As palavras são secundárias;
na mente reside o fator causal.

8.1.2) Os clichês mentais

Apesar da síntese que mostra minuciosamente o mecanismo obsessivo, pro-


curemos visualizar um pouco mais a questão da transmissão de imagens ou clichês
mentais.
Nos capítulos anteriores, já aprendemos, graças às citações de textos de
iminentes instrutores, até como destruí-los ou tratá-los. Agora, novamente, veja-
mos como se apresentam, formam e são transmitidos.

Dei-me conta de que dois seres perversos lhe dominavam o compor-


tamento quase por inteiro. Um deles, de aspecto repelente pela vulgaridade
em que se apresentava, excitava-lhe o desejo, comprimindo-lhe, habilmen-
te, certa região do aparelho genésico, enquanto o outro lhe transmitia clichês
mentais, muito bem elaborados, em que ela se via nos braços do eleito,
sendo expulsa pela esposa que lhe surgia bruscamente, interrompendo o
idílio licencioso... A pobre debatia-se em sofreguidão entre as duas sensa-
ções, de lubricidade e de frustração, entregando-se ao tresvario... (Manoel
P. de Miranda, Loucura e Obsessão, 2. ed., p.35). (Grifo Original).

Absolutamente concordante e explicativo é, a respeito, o ensino do Espírito


Áureo, em seu livro Universo e Vida (3. ed., p.78):

Nem tudo o que fazemos num plano repercute visivelmente, de imediato,


noutro plano, mas ninguém se engane quanto à natureza das forças vivas
que alguém move quando anseia, deseja ou quer seja o que for, porque a
vida, através dos mecanismos automáticos de sua justiça, jamais deixará de
entregar-nos o resultado de nossas ações, ainda que sejam ações apenas
mentais, pois a mente é que comanda a vida.

Anteriormente na página 68, do livro referido, já afirmara:

É também ela o fulcro de que se origina a energização das idéias,


corporificando-as em formas-pensamentos, suscetíveis, como já sabem

211
os pesquisadores do psiquismo, de serem temporárias, mas poderosamente
vivificadas, dirigidas e até mesmo materializadas, através de processos de
densificação bem mais comumente utilizados do que vulgarmente se presu-
me. (Grifos Originais).

As formas-pensamentos podem ser vivificadas, dirigidas e até mesmo mate-


rializadas; sendo transmitidas em clichês muito bem elaborados, através de pro-
cessos bem mais comumente utilizados do que vulgarmente se presume.
Esta última afirmação é de suma importância. O que os exemplos estão a nos
mostrar não são processos de exceções, mas ações vulgares, comuns, facilmente
desenvolvidas quando os nossos desejos, anseios, mesmo os de origens apenas
mentais, movem-se em direção aos desequilíbrios, afirnando-se com propósitos
semelhantes de seres perversos, que por esse mecanismo passam a dominar o
nosso comportamento.
A mente comanda a vida.

8.1.3) Ação Fluídica

Algumas páginas atrás, André Luiz, ao comentar a interação obsessiva do


personagem Cláudio, do livro Sexo e Destino, com seus frios verdugos narra:
"Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica". Mostrando que
além da ação mental existe simultaneamente uma ação fluídica no mecanismo
obsessivo.
Se voltarmos ao caso Margarida, do livro Libertação (12. ed., p.124), do
mesmo autor espiritual, poderemos verificar mais uma vez o mecanismo da trans-
missão dos clichês mentais e o concomitante envolvimento fluídico.

Um dos insensíveis magnetizadores presentes, à insinuação de Saldanha,


começou a aplicar energias perturbadoras ao longo dos olhos, torturando as
fibras de sustentação. Não somente o cristalino, em ambos os órgãos visu-
ais, denunciava fenômenos alucinatórios, mas também as artérias oculares
revelavam-se sob fortes modificações.
Percebi a facilidade com que os seres perversos das sombras hipno-
tizam as suas vítimas, impondo-lhes os tormentos psíquicos que desejam.

Ação mental, conseqüentemente fluídica, utilizando-se de recursos magnéti-


cos em operações hipnóticas. Tal atitude não é difícil de ser realizada; é facilmen-
te desenvolvida ou mais comumente utilizada do que vulgarmente se presume.

Resultados da ação hipnótica:

Margarida, ainda que o desejasse, agora não conseguiria erguer-se. Com-


pacta emissão de fluidos tóxicos misturava-se à linfa dos canais semicircu-
lares.

212
Terminada a esquisita intervenção, Saldanha dispensou os terríveis cola-
boradores, à exceção da dupla que se incumbia do hipnotismo, alegando
que havia serviço em outra parte da cidade. Outros casos aguardavam a
legião de Gregório, e Margarida, no parecer do chefe de tortura, já recebe-
ra suficiente material de prostação para trinta horas consecutivas. (Liber-
tação, p.124).

No caso, os desajustes provocados pela ação mento-fluídica vão desde fenô-


menos alucinatórios até distúrbios físicos, causando desconforto capaz de durar
por trinta horas consecutivas.
Um obsessor, agindo sem articular uma só palavra, atuando mental e
fluidicamente, pode, de maneira rápida, dinâmica e eficiente (em relação aos
seus propósitos), causar desequilíbrios em suas vítimas que persistem por mais
de um dia.
O que não pensar a respeito de nossas possibilidades quando, em regime de
auxílio mútuo, atuarmos em prol de encarnados e desencarnados, tendo por base
pensamentos, sentimentos, doações fluídicas e atitudes nobres ?

8.2) MECANISMO DA AÇÃO MEDIÚNICA

Esclarecido o mecanismo básico da síndrome obsessiva, faz-se mister de-


senvolvermos conceitos que expliquem a desobsessão a partir dos fenômenos
medianímicos direcionados para o bem. Exemplos que possam nos mostrar a
influenciação espiritual mútua, através de clichês mentais e ação fluídica, de for-
ma nobre e superior, possibilitando-nos a comparação com os processos de baixo
teor anteriormente relatados.

8.2.1) Àção Mental

8.2.1.1) Sintonia

No livro Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz descreve o fenômeno


de assimilação de correntes mentais, quando o Espírito Clementino, dirigente res-
ponsável pelas atividades de um Centro Espírita, atua sobre o dirigente encarnado
de nome Raul Silva.
Poderemos verificar que a ligação e inter-relação vibratória entre os perso-
nagens é, em tudo, semelhante à relação enfermiça dos Vampirizadores e Cláu-
dio, comentada nos parágrafos anteriores. O que realmente diferencia ambas as
ações é o sentido, a qualidade e a superioridade do intercâmbio.

213
Nesse instante, o irmão Clementino pousou a destra na fronte do amigo
que comandava a assembléia, mostrando-se-nos mais humanizado, quase
obscuro.
- O benfeitor espiritual que ora nos dirige - acentuou o nosso instrutor -
afigura-se-nos mais pesado porque amorteceu o elevado tom vibratório em que
respira habitualmente, descendo à posição de Raul, tanto quanto lhe é possível,
para benefício do trabalho começante. Influencia agora a vida cerebral do con-
dutor da casa, à maneira dum musicista emérito manobrando, respeitoso, um
violino de alto valor, do qual conhece a firmeza e a harmonia.
Notamos que a cabeça venerável de Clementino passou a emitir raios
fulgurantes, ao mesmo tempo que o cérebro de Silva, sob os dedos do ben-
feitor, se nimbava de luminosidade intensa, embora diversa. (Nos Domínios
da Mediunidade, 12. ed., p.46).

A emissão e recepção com base na sintonia se dão quando o Espírito Superi-


or desce, tanto quanto possível, à posição de Raul Silva iluminando-lhe a vida
cerebral.
O método de transmissão é semelhante à atuação dos vampirizadores de
Cláudio. Clementino pousa a destra na fronte do amigo, influenciando-lhe à ma-
neira de um musicista emérito, manobrando um violino de alto valor. Já os
obsessores iniciam suas ações com carícias leves, após, um abraço envolvente,
até a associação recíproca, resultando o mesmo efeito. Um ilumina-se, o outro
consome-se na sombra. Mas a transmissão efetua-se por ações e mecanismos
idênticos.

8.2.1.2) Intercâmbio do Pensamento

Em todos os exemplos descritos, a sintonia por processo de aceitação mútua


e convivência, formava a estrutura básica da transmissão e recepção mento-
fluídica. Vejamos se é possível ocorrer o mesmo fenômeno sem que exista neces-
sariamente uma longa convivência entre a fonte receptora e emissora.
O trecho, a seguir, é do livro Missionários da Luz (12. ed., p.46), quando o
instrutor Alexandre auxilia uma jovem encarnada a transmitir noções superiores
aos seus familiares.

Nesse instante, o orientador murmurou, desveladamente:


- Ajudemos a este amigo através da conversação.
Sem perda de tempo, colocou a destra na fronte da menina, mantendo-a
sob vigoroso influxo magnético e transmitindo-lhe suas idéias generosas.
Reparei que aquela mão protetora, ao tocar os cabelos encaracolados da
jovem, expedia luminosas chispas, somente perceptíveis ao meu olhar. A
menina, a seu turno, pareceu mais nobre e mais digna em sua expressão
quase infantil [...].

214
8.2.1.2.1) Explicações de Alexandre

- Aqui, André, observa você o trabalho simples da transmissão mental e


não pode esquecer que o intercâmbio do pensamento é movimento livre no
Universo. Desencarnados e encarnados, em todos os setores de atividade
terrestre, vivem na mais ampla permuta de idéias. Cada mente é um verda-
deiro mundo de emissão e recepção e cada qual atrai os que se lhe asseme-
lham. Os tristes agradam aos tristes, os ignorantes se reúnem, os crimino-
sos comungam na mesma esfera, os bons estabelecem laços recíprocos de
trabalho e realização. Aqui temos o fenômeno intuitivo, que, com maior ou
menor intensidade, é comum a todas as criaturas, não só no plano constru-
tivo, mas também no círculo de expressões menos elevadas. Temos, sob
nossos olhos, uma velha irmã e seu filho maior completamente ambientados
na exploração inferior de amigos desencarnados, presas de ignorância e
enfermidade, estabelecendo perfeito comércio de vibrações inferiores. Fa-
lam sob a determinação direta dos vampiros infelizes, transformados em
hóspedes efetivos do continente de suas possibilidades fisicopsíquicas. Per-
manece também sob nossa análise uma jovem que, presentemente, atingiu
dezesseis anos de nova existência terrestre. Suas disposições, contudo, são
bastante diversas. Ela consegue receber nossos pensamentos e traduzi-los
em linguagem edificante. Não está propriamente em serviço técnico da
mediunidade, mas no abençoado trabalho de espiritualização. (Missionári-
os da Luz, p.57).

8.2.1.3) Comentando e Correlacionando

1) Alexandre esclarece que o fenômeno de recepção de correntes


vibratórias pela faculdade intuitiva é comum a todas as criaturas,
não só no plano construtivo, mas também no círculo de expres-
sões menos elevadas.

Isso quer dizer que todos nós podemos emitir e receber vibrações, não dife-
rindo a forma de transmissão, mas a disposição íntima de cada individualidade em
sintonia.

2) "Cada mente é um verdadeiro mundo de emissão e recepção."

Tal afirmativa é de importância capital, por nos permitir a compreensão mais


vasta do nosso mundo mental, e nos levar a entender mais facilmente os mecanis-
mos da mediunidade, da obsessão e da desobsessão.
Não é por acaso que no desenvolvimento do método desobsessivo por cor-
rente magnética, temos a fase de emissão e recepção, tornando consciente pro-
priedades intrínsecas da mente mediúnica, favorecendo ao próximo pela disciplina
e utilização de faculdades comuns a todos nós.

215
3) "Desencarnados e encarnados, em todos os setores de atividade
terrestre, vivem na mais ampla permuta de idéias."

A doutrinação mental efetuada pelos médiuns durante a fase de recepção da


corrente é o emprego desse conceito em benefício de irmãos em sofrimento. Per-
muta de idéias em circuitos mentais de alto teor vibratório, em conjugação, que
envolve todos os médiuns e servidores espirituais, destinando os recursos advindos
dessa associação aos desencarnados e encarnados em desequilíbrio.

4) Tanto Alexandre como Clementino utilizaram o mesmo processo


de transmissão, que incluiu o contato da mão na fronte, tanto da
menina como de Raul Silva.

Bastou a sintonização pela caixa acústica da mente, a vontade e a emissão


vibratória e fluídica (os mesmos raios ou chipas que já estudamos), para ocorrer a
influenciação superior. Nos dois exemplos, a melhora psíquica dos encarnados se
deu praticamente de forma quase instantânea: "O cérebro de Silva [...] se nimbava
de luminosidade intensa [...]", "A menina, a seu turno, pareceu mais nobre e mais
digna". [...].
O uso da palavra não foi necessário em nenhum desses momentos, mas so-
mente a permuta de idéias.
Insistimos nesses exemplos e afirmações para mostrar que a doutrinação
mental efetuada pela corrente desobsessiva não é um procedimento ilógico, fora
de propósito, mas emprego de nossas possibilidades devidamente justificadas nos
postulados doutrinários.

5) "Observa você o trabalho simples da transmissão mental."

Muitos podem achar que a doutrinação mental realizada na fase de recepção


da corrente, ou a emissão de raios ou partículas da fase que a antecede, é proces-
so complicado, difícil, complexo. Mas tanto agora como em trechos anteriores, os
mentores o qualificam de trabalho simples, que poderá ser aplicado em serviço
técnico da mediunidade, no abençoado trabalho de espiritualização ou mesmo nas
interações obsessivas.
A desobsessão é um trabalho de espiritualização e um serviço técnico da
mediunidade; não há porque não utilizarmos da transmissão mental para auxiliar
multidões.

8.2.1.4) Formas Pensamentos

Permutar idéias é transmitir clichês mentais. Será que essa interação, su-
periormente falando, obedece aos mesmos princípios do mecanismo obsessivo?

216
A transmissão de formas pensamentos realizada por um obsessor, em ações
alucinatórias, efetua-se semelhante à transmissão, por exemplo, de quadros de
vidência numa comunicação mediúnica superior?

O livro Nos Domínios da Mediunidade nos traz a resposta:

Dona Celina rogou licença para notificar que vira surgir no recinto um
ribeiro cristalino, em cuja corrente muitos enfermos se banhavam, e Dona
Eugênia seguiu-a, explicando que chegara a contemplar um edifício repleto
de crianças, entoando hinos de louvor a Deus.
Registramos semelhantes comunicados com surpresa.
Nada víramos ali que pudesse recordar sequer de longe um córrego de
águas curativas ou algum pavilhão de serviço à infância.
A sala era demasiado estreita para comportar tais cenários.
Fitando-me, intrigado, Hilário parecia perguntar se as duas médiuns não
estariam sob o influxo de alguma perturbação momentânea.
Assinalando-nos a estranheza, o Assistente considerou, prestimoso:
- Importa não esquecer que ambas se encontram reunidas na faixa mag-
nética de Clementino, fixando as imagens que a mente dele lhes sugere.
Viram-lhe os pensamentos, relacionados com a obra de amparo aos doen-
tes e com a formação de uma escola, que a instituição pretende, em breve,
mobilizar no socorro ao próximo. Idéias, elaboradas com atenção, geram
formas, tocadas de movimento, som e cor, perfeitamente perceptíveis por
todos aqueles que se encontrem sintonizados na onda em que se expres-
sam. Não podemos olvidar que há fenômenos de clarividência e clariaudiência
que partem da observação ativa dos instrumentos mediúnicos, identificando
a existência de pessoas, paisagens e coisas exteriores a eles próprios, qual
acontece na percepção terrestre vulgar, e existem aqueles que decorrem
da sugestão que lhes é trazida pelo pensamento criador dos amigos desen-
carnados ou encarnados, estímulos esses que a mente de cada médium tra-
duz, segundo as possibilidades de que dispõe, favorecendo, por isso mesmo,
as mais díspares interpretações.
- Oh! - exclamou Hilário, entusiasmado - temos aí a técnica dos
obsessores quando improvisam para as suas vítimas variadas impressões
alucinatórias...
- Sim, sim... - confirmou o Assistente. - E' isso mesmo. No entanto,
evitemos a conversação agora. O trabalho da reunião vai terminar. (Nos
Domínios da Mediunidade, p. 114).

Hilário chega à conclusão que estamos buscando: a técnica ou método de


transmissão de alguns quadros mediúnicos é a mesma dos obsessores, quando
estes improvisam para suas vítimas variadas impressões alucinatórias. Isto por-
que, as idéias elaboradas com atenção geram formas, tocadas de movimento, som
e cor, perfeitamente perceptíveis por todos aqueles que se encontrem sintoniza-
dos na onda em que se expressam.

217
Se os mecanismos são os mesmos, nada nos impede de utilizá-los igualmente
para o tratamento de espíritos encarnados e desencarnados. Se os princípios fo-
ram mantidos, poderemos perfeitamente traduzir em ação conjunta esforços no
campo mental e fluídico, enriquecidos em sintonia com os servidores espirituais,
que venham a beneficiar irmãos nossos escravizados aos laços obsessivos.
A união pelo pensamento; entre os médiuns que integram a corrente
desobsessiva, na mesma faixa magnética dos espíritos auxiliares, irá permitir a
formação de imagens que, por processos fluídicos, serão percebidos pelos desen-
carnados durante o atendimento. Clichês mentais que irão fixar-se em suas telas
íntimas, alterando-lhes a freqüência vibratória, renovando-lhes o modo de ser e
sentir. Enfim, doutrinação por imagens mentais, tão ou mais efetiva do que aque-
las que possam ser transmitidas por diálogo verbal.
O irmão Clementino emitia idéias expressas em formas pensamentos que
eram percebidas ao mesmo tempo por Dona Eugênia e Dona Celina. Da mesma
forma, a corrente desobsessiva formada por vários médiuns poderá, dentro da
mesma diretriz, auxiliar a vários sofredores, simultaneamente. Cada um irá rece-
ber e traduzir estes estímulos sugeridos pelo pensamento criador e coletivo da
corrente, segundo as possibilidades de que dispõe e conseguir alcançar, no mo-
mento das passagens, sendo em qualquer condição sempre favorecido e benefici-
ado.

8.2.2) Ação Fluídica

Resta-nos ver, se a ação fluídica, nas atividades mediúnicas, é semelhante à


ação exercida pelos obsessores em mecanismos já expressos. Caso se confirme
esta proposição, poderemos então concluir que é possível ter um método
desobsessivo, utilizando-se dos mesmos recursos empregados na obsessão, so-
mente que em sentido contrário e superior. Método a ser desenvolvido pelas pos-
sibilidades mentais, como até aqui ficou caracterizada a desobsessão por corrente
mento-eletromagnética.

8.2.2.1) Explicações de Kardec

Se um Espírito quiser agir sobre uma pessoa, dela se aproxima, envolve-


a com o seu perispírito, como num manto; os fluidos se penetram, os dois
pensamentos e as duas vontades se confundem e, então, o Espírito pode
servir-se daquele corpo como se fora o seu próprio, fazê-lo agir à sua von-
tade, falar, escrever, desenhar, etc. Assim são os médiuns. Se o Espírito fôr
bom, sua ação será suave e benéfica e só fará boas coisas; se fôr mau, fará
maldades; se fôr perverso e mau, ele o constrange, até paralisar a vontade
e a razão, que abafa com seus fluidos, como se apaga o fogo sob um lençol
d'água. Fá-lo pensar, falar e agir por êle, leva-o contra a vontade a atos

218
extravagantes ou ridículos; numa palavra o magnetiza e o cataleptiza mo-
ralmente e o indivíduo se torna um instrumento cego de sua vontade. Tal é
a causa da obsessão, da fascinação e da subjugação, que se mostram em
diversos graus de intensidade. O paroxismo da subjugação é geralmente
chamado possessão. Deve notar-se que, neste estado, muitas vezes o indi-
víduo tem consciência do ridículo daquilo que faz, mas é constrangido a
fazê-lo, como se um homem mais vigoroso que êle fizesse, contra a vonta-
de, mover os braços, as pernas, a língua. (Revista Espírita, dez. 1862, p.359).
(Grifo Original).

Kardec confirma também na ação fluídica o que já constatamos quanto à


ação mental. Independente da evolução do espírito o mecanismo de atuação é
sempre o mesmo, diferindo o sentido: se o espírito for bom, a influenciação será
boa, sucedendo o contrário será maléfica.
Através da vontade ("quiser agir"), aproximando-se da pessoa, o espírito por
ação mental e perispiritual (como um manto) pode influenciar, causando sensa-
ções benéficas ou más. Fazendo boas coisas ou constrangendo, até paralisando a
vontade e a razão. Como na transmissão de quadros mentais muda-se o conteúdo
da ação, os propósitos, objetivos e finalidades, não o método e o mecanismo que
possibilitam a interação.

8.3) MECANISMO DA AÇÃO DESOBSESSIVA POR CORRENTE


MAGNÉTICA

As três perguntas iniciais podem de forma positiva e afirmativa se-


rem agora respondidas:

1. - Poderíamos ter um método desobsessivo que atuasse nas mesmas bases


do fenômeno obsessivo, ou seja, mente e sintonia, sem a necessidade do uso da
palavra para alcançar os seus efeitos, apenas aplicando estes mesmos recursos
em sentido contrário e superior?

Resp.: Não resta a menor dúvida que, após a comparação entre o mecanismo
da obsessão e da mediunidade, tal método desobsessivo se evidencia.
A palavra é fator secundário em todos os mecanismos descritos, sendo a
vibração mental em sintonia o fator causal de todos os fenômenos.
Sendo a mente a causa, materializando diversos efeitos, das moléstias físicas
à loucura, da aflição à crueldade, do desalento à morte, não existe razão para que
as suas potencialidades não venham a ser aplicadas na cura física e psíquica, na
prevenção e tratamento das doenças mentais e, na recuperação de irmãos em
desequilíbrios, prestes a caírem no resvaladouro do suicídio e do crime.

219
2. - Poderíamos ter uma medicação espiritual que utilizasse dos mesmos princí-
pios, diferenciados somente pela sublimação da prece e da ação coletiva do bem?

Resp.: Na maioria dos exemplos anteriores, observamos que vários obsessores


agiam pela aplicação dos recursos mentais e fluídicos ao mesmo tempo, ou de
forma conjunta e sincronizada, sobre suas vítimas. Da mesma forma, ficou de-
monstrado que os espíritos superiores podem igualmente atuar sobre vários mé-
diuns simultaneamente, iluminando-lhes a casa mental, desde que os medianeiros
se reunam na faixa magnética que caracteriza as suas emissões.
Portanto, não existem limitações ou entraves que não permitam uma ação
coletiva de inúmeros médiuns, unidos em vibrações comuns, harmônicas, sublima-
das pela prece, sintonizados com os servidores espirituais e que venham a direcionar,
pela vontade, estes princípios, a diversos espíritos, encarnados ou desencarnados.

3. - Poderíamos ter uma integração e interpenetração fluídica e mental, su-


perior que atuasse pela vontade coletiva, generosa, amiga e cristã, em prol dos
irmãos encarnados e desencarnados, envolvidos em simbiose parasitária, a qual
subsiste graças aos mesmos critérios, apenas que degenerados, degradados e in-
feriores?

Resp.: Ocorrendo a ação coletiva mental, na seqüência, os encarnados são


beneficiados pela doação fluídica do passe espírita, quando os médiuns passistas
aproximam-se dos pacientes, envolvendo-os com o seu perispírito, como um man-
to, dardejando sobre eles os seus fluidos, causando efeitos suaves, benéficos e
curativos.
Em identidade de circunstância, a vontade coletiva, expressa pelo pensa-
mento coletivo dos médiuns em associações recíprocas, em processo de somação
com a espiritualidade, atrai os espíritos necessitados, previamente preparados para
o atendimento e, da mesma forma, os envolve pelo perispírito, como um manto.
Resultará desta ação que os fluidos dos desencarnados e dos médiuns irão
interpenetrar-se e os dois pensamentos e as duas vontades confundir-se-ão. Nes-
te momento, o médium, de forma consciente, sustentando psiquicamente o enfer-
mo, atua por vibração igual e contrária, como um verdadeiro doutrinador, levando
pelo fio, representado pelo perispírito, clichês mentais, que serão ampliados e indi-
vidualizados pela participação dos espíritos superiores, renovando-lhes os pensa-
mentos, iluminado-os de forma quase instantânea, devido à qualidade e à veloci-
dade das emissões mentais. As mentes dos médiuns que se dirigem às mentes dos
sofredores criam imagens para se fazerem notadas e compreendidas, prescindin-
do das palavras, gravando amorosamente, nas reentrâncias sutis de suas almas
avisos, convites, sugestões, que serão fixados pela colaboração dos mentores.
Neste circuito vivo de forças, à medida que os irmãos infelizes vão sendo influen-
ciados, rendendo-se a novas idéias, à aplicação de energias saneadoras por parte
dos médiuns passistas que colaboram na ação da espiritualidade e do envolvimento

220
perispiritual, abafam os fluidos dos doentes, como se apaga o fogo sob um lençol
d'água.
A mudança mental e fluídica leva à alteração da densidade perispiritual, que-
brando os laços que mantinham a simbiose parasitária, permitindo a remoção
para ambiente propício, dos antigos obsessores ou obsidiados, possibilitando,
concomitantemente, que os encarnados possam renovar-se, melhorando ou cu-
rando seus distúrbios físicos e psíquicos.

8.3.1) A Corrente Magnética

Utilizando das mesmas expressões, procuremos fazer uma síntese de todos


os mecanismos da desobsessão por corrente magnética, ações mentais e fluídicas,
passo a passo, revisando conceitos e reafirmando finalidades, aclarando, mais
uma vez, todas as suas possibilidades.
A corrente desobsessiva é, na verdade, um conjunto de faixas magnéticas a
exprimir vibrações de diferentes médiuns, unidos em propósitos e idéias superio-
res, em regime de vontade ativa e pensamento coletivo, a projetar recursos men-
tais em forma de partículas e raios, caracterizando-se como uma grande bateria
mento-eletromagnética.
Estação de emissão, recepção e interação. Médiuns que pelo controle, atua-
ção, sentimento de aceitação e adesão, sintonizam-se com servidores espirituais,
criando campo de auxílio a tratar encarnados e desencarnados. Doação e atra-
ção. Associação mútua, humano-espiritual. Fonte de energias balsamizantes.
Em seu desenvolvimento, a exprimir-se em diversas e complementares fa-
ses, é possível atrair, à semelhança de um eletroímã, entidades sofredoras previ-
amente triadas e preparadas para o atendimento. Em um, o convite, o chamamen-
to, a concessão. No outro, o pedido, o desajuste, o desequilíbrio.
Sintonizando-se em faixas próprias ou a corrente como um todo, os espíritos
necessitados realizam ligações transitórias, espécie de enxertia neuropsíquica,
mergulhos rápidos, a estabelecerem vivos circuitos de força. Os médiuns, por
sua vez, envolvendo-os com seus perispíritos, tal qual como um manto, dardejam
sobre eles os seus fluidos, magnetizando-os.
Sabedores, graças à corrente nervosa, de todos os pensamentos que as enti-
dades mentalizam e pretendam realizar, agem em sentido contrário, beneficiando-
os pela doutrinação mental, provocando um contragolpe do pensamento, uma es-
pécie de choque elétrico.
Os médiuns, controlando a ação e o movimento dos hóspedes enfermos, co-
mandando firmemente as rédeas da própria vontade, são os primeiros socorristas
e doutrinadores das entidades. Nesse consórcio momentâneo é natural que os
medianeiros, sendo os elementos superiores, sejam responsáveis pela direção dos
inferiores e, por suas emoções e pensamentos, passem a gerar induções dinâmi-
cas que rapidamente alterem as vibrações dos doentes espirituais, como uma usi-
na, cuja corrente se desloca de uma direção para outra, por efeito de uma nova
tomada de força.

221
Ao elaborarem imagens contrárias às percepções que identificam, os inte-
grantes da corrente magnética desobsessiva passam, com o auxílio dos servido-
res espirituais e espíritos amigos dos obsessores e obsidiados que com eles tam-
bém se sintonizam pelos laços amorosos, a fixarem em suas mentes, quadros a
expressarem formas e movimentos de conteúdos superiores, adaptados às ne-
cessidades e realidades de cada um. Inicialmente, uma vaga idéia, depois a
repetição com insistência amiga, até arquivarem nos receptores, clichês em for-
ma de recordações, ordens, sugestões e lembranças afetivas. Um verdadeiro
curso superior e cristão de natureza rápida e dinâmica, graças à velocidade do
pensamento.
Quando o enfermo infeliz se rende às idéias superiores que recebe, a elas se
convertendo, originam-se os simultâneos ajustes perispirituais e mentais. Esta trans-
formação é subitânea, pois o sofredor, ao receber e absorver as irradiações dos
médiuns e da corrente como um todo, em forma de ducha energética, imediata-
mente parecerá mais nobre e digno. Tal ocorrência se dá com base na percussão
mútua. Ação e reação. Apelo e resposta.
Formado o circuito mediúnico, a entidade assistida passa a reviver os própri-
os sentidos, desequilíbrios e dores, agindo e recebendo a reação do médium. As-
sociação recíproca. Sintonia relativa em transmissão mental pelo intercâmbio do
pensamento, que é movimento livre no universo. Trabalho técnico da mediunidade
a serviço da espiritualização do Ser Eterno. Um, pelos impulsos mentais, percute
no outro, pensamentos como verdadeiras marteladas. O outro, por ser mais vigo-
roso, responde no mesmo tom, mas em sentido inverso, concedendo-lhe onda
amorosa, de freqüência elevada, a possibilitar o controle harmônico e automático
de seu cosmo-psíquico. Duas peças conscientes que, em conjunto a outras peças,
simultaneamente, são auxiliadas pela força do pensamento coletivo e pela interação
mútua com o plano espiritual.
Reunidos em regime de compensação e incorporados, desencadeiam condi-
ções propícias capazes de devolver aos visitantes, o controle imediato de suas
células perispirituais e dos seus mundos mentais. Assim se formam benditas opor-
tunidades de reequilíbrio.
Este circuito vivo de forças mento-fluídicas gera um campo de transforma-
ção, através da lei de ação e reação vibratória, que não necessita de palavras
articuladas para ser mutuamente ou coletivamente percebido e, conseqüentemen-
te, beneficiado, bastando que a mente queira, pois é ela que comanda a vida. Todo
processo é mental.
Se recordarmos que as formas pensamentos podem ser poderosamente
vivificadas, dirigidas e até materializadas, compreenderemos não só como agem
os Espíritos Superiores na criação e transmissão de clichês aos sofredores, sus-
tentados temporariamente pelos médiuns, mas também entenderemos que os qua-
dros criados e mantidos pelos obsessores e obsidiados poderão, por processos
contrários, ser poderosamente desvitalizados, redirigidos e desmaterializados na
fase de emissão e recepção da corrente desobsessiva.

222
Os fluidos emitidos pelos médiuns psicofônicos, pelos passistas da corrente e
pelos espíritos assistentes, formam um campo mento-eletromagnético de freqüên-
cia diversa, ou manto de textura e densidade própria, permitindo a atração e tra-
tamento dos sofredores em diferentes faixas, conforme suas necessidades. Atra-
vés de passes contrários às ações parausantes que por processos de hipnose es-
tejam sendo vítimas os espíritos doentes, podem os servidores espirituais restituir-
lhes a normalidade, levando a efeito, influenciações mentais e fluídicas. Terapia
completa, dinâmica, rápida, eficiente.
Essa compacta emissão fluídica pode beneficiar, ao mesmo tempo, inúmeros
desencarnados e corroborar na ação mental e energética, desenvolvida pelos pas-
sistas, junto aos encarnados.
Concluindo, poderemos dizer que, à semelhança de "dois goles para três", da
descrição de André Luiz, a corrente mento-eletromagnética formada por alguns
ou vários médiuns, integrados aos servidores da Pátria Maior, pode a um mesmo
tempo auxiliar, abençoando e equilibrando, não a três, mas a multidões, em uma
única ação direcionada para o bem.

8.3.1.1) Ação Fluídica

Destacamos tanto no mecanismo da obsessão como da mediunidade a ação


fluídica. Façamos o mesmo em relação à desobsessão por corrente magnética,
enriquecendo os argumentos até aqui desenvolvidos.

8.3.1.1.1) Envolvimento Fluídico Como um Manto

Na Revista Espírita de junho de 1867 (p.191), o Codificador publica uma


dissertação do Espírito E. Quinemant, comparando o Magnetismo e o Espiritismo.
Em certo trecho da comunicação podemos ler:

Que é, definitivo, o Espiritismo, ou antes, que é a mediunidade, essa faculda-


de até aqui incompreendida, e cuja extensão considerável estabeleceu sobre
bases incontestáveis os princípios fundamentais da nova revelação? E pura e
simplesmente uma variedade da ação magnética exercida por um ou vários
magnetizadores desincarnados, sobre um paciente humano agindo no estado
de vigília ou no estado estático, consciente ou inconscientemente. [...].
Enfim, como procedeis relativamente aos Espíritos obsessores ou sim-
plesmente inferiores, que desejais moralizar? Agis sobre eles por atração
fluídica; magnetiza-os, as mais das vezes inconscientemente, para os reter
em vosso círculo de ação; algumas vezes conscientemente, quando
estabeleceis em torno deles uma toalha fluídica, que eles não podem pene-
trar sem vossa permissão, e agis sobre eles pela força moral, que não é
outra coisa senão uma ação magnética quintessenciada. (Grifo Original).

223
Comentários de Kardec:

"A justeza das apreciações e as profundezas do novo ponto de vista, que


encerra esta comunicação, a ninguém escapa. Posto que partido há bem
pouco tempo, o Sr. Quinemant se revela, logo de saída, e sem a menor
hesitação, como um Espírito de incontestável superioridade." (p.193).

Com o beneplácito e a autorizada avaliação de Kardec, vamos estudar a


mensagem, destacando ambos os parágrafos aqui descritos que explicam o que é
e, como deve ser realizado o envolvimento fluídico durante as ações da corrente
desobsessiva.
Primeiramente, a afirmação do Espírito, que a mediunidade "é pura e sim-
plesmente uma variedade da ação magnética" nos é importante, porque na
desobsessão por corrente mento-eletromagnética é justamente assim que a me-
diunidade é exercida: vontade, pensamentos direcionados aos objetivos pretendi-
dos, auxiliando vibratória e fluidicamente a encarnados e desencarnados. Magne-
tismo humano-espiritual, individual e coletivo, expresso em ações mentais.
Outro ponto é que, nesta ação magnética ou mediúnica, vários espíritos ou
"magnetizadores desincarnados" podem agir sobre um paciente humano em esta-
do estático ou de vigília. Da mesma forma, nada impede que vários servidores
espirituais associados a vários médiuns venham a exercer a mesma ação sobre
inúmeras entidades sofredoras, ao mesmo tempo, quer estas estejam conscientes
ou inconscientes de suas condições psíquicas.
Finalmente, a descrição da atração fluídica dos espíritos sofredores, magne-
tizando-os e estabelecendo ao redor deles uma toalha fluídica, agindo sobre eles
pela força moral, que não é outra coisa senão uma ação magnética quintessenciada,
de forma consciente ou inconsciente visando a sua moralização, nos é
esclarecedora, porque em outros termos nos vem reafirmar o envolvimento
perispiritual como um manto, seguido de uma doutrinação mental, realizada de
forma consciente, ativa e superior pelos médiuns, durante as fases de emissão e
recepção da corrente desobsessiva.
Toalha fluídica, ação moral, magnética, mental, são a síntese de todos os
esforços realizados para a moralização ou doutrinação dos espíritos obsessores,
ou simplesmente inferiores, que são atraídos pela força mento-fluídica da cadeia
magnética.

a) Visualizando o Envolvimento Fluídico

O exemplo que nos possibilitará a visão do envolvimento fluídico, como um


manto ou uma toalha, vem da Revista Espírita de Dezembro de 1862 (p.361).
Nesta edição, Kardec descreve um desenho que mostra este processo a partir de
um médium obsidiado.

224
A descrição nos é propícia, seja em relação aos pacientes encarnados em
tratamento, seja em relação aos médiuns de incorporação, na fase de recepção,
quando atraem e magnetizam os sofredores, levando ao fenômeno de
interpenetração fluídica.

Reportemo-nos ao que dissemos, de começo, da maneira por que age o


Espírito e figuremos um médium envolvido e penetrado do fluido perispirital
de um mau Espírito. Para que o do bom possa agir sobre o médium, é ne-
cessário que penetre esse envoltório e sabe-se que dificilmente a luz pene-
tra um nevoeiro espesso. Conforme o grau da obsessão, o nevoeiro será
permanente, tenaz ou intermitente e, conseqüentemente, mais ou menos
fácil de dissipar.
Nosso correspondente em Parma, Sr. Superchi, enviou-nos dois dese-
nhos feitos por um vidente, representando perfeitamente esta situação. Num
vê-se a mão do médium envolta numa nuvem escura, imagem do fluido
perispirital dos maus Espíritos, atravessada por um raio luminoso que vai
clarear a mão. É o bom fluido que a dirige e se opõe à ação do mau. No
outro, a mão está na sombra; a luz está em volta do nevoeiro, que não pode
penetrar. Aquilo de que o desenho circunda a mão deve entender-se de
todas as pessoas.

No momento do passe espírita, transmitido ao paciente encarnado, a


interação fluídica se dá exatamente como mostra o desenho comentado por
Kardec. Basta generalizar e ampliar para compreendermos o que ocorre na
corrente magnética desobsessiva. E o mesmo processo, somente que não ape-
nas a mão, mas toda a aura do médium e do espírito em atendimento estará
envolvendo e sendo envolvida, refletindo e assimilando os bons fluidos emitidos
pela espiritualidade superior. Fluidos em associação, que atravessam o mais
"espesso nevoeiro".
Para nosso melhor esclarecimento, recorramos a André Luiz, no livro Nos
Domínios da Mediunidade (12. ed., p.72), no relato citado no capítulo anterior,
quando o autor estuda a mediunidade sonambúlica de Dona Celina.

Enquanto se nos alongava o entendimento, o infeliz foi situado junto de


Dona Celina.
A medida impressionou-me desfavoravelmente.
Logo Dona Celina, o melhor instrumento da casa, é quem deveria aco-
lher o indesejável comunicante? !
Reparei-lhe a luminosa auréola, contrastando com a vestimenta
pestilencial do forasteiro, e deixei-me avassalar por incoercível temor.
Semelhante providência não seria o mesmo que entregar uma harpa de-
licada às patas de uma fera?

225
Áulus, porém, deu-se pressa em explicar-nos:
- Acalmem-se. O amigo dementado penetrou o templo com a supervi-
são e o consentimento dos mentores da casa. Quanto aos fluidos de nature-
za deletéria, não precisamos temê-los. Recuam instintivamente ante a luz
espiritual que os fustiga ou desintegra. E' por isso que cada médium possui
ambiente próprio e cada assembléia se caracteriza por uma corrente mag-
nética particular de preservação e defesa. [...]. Os raios luminosos da men-
te orientada para o bem incidem sobre as construções do mal, à feição de
descargas elétricas.

Um pouco mais à frente:

"Dela partiam fios brilhantes a envolvê-lo inteiramente e o recém-che-


gado, em vista disso, não obstante senhor de si, demonstrava-se
criteriosamente controlado. [...].
Projetava de si estiletes de treva, que se fundiam na luz com que Celina-
alma o rodeava, dedicada." (Nos Domínios da Mediunidade, p.73).

Na corrente magnética desobsessiva, independente da expressão mediúnica, o


fenômeno sempre ocorrerá à semelhança da descrição de Kardec e André Luiz,
incluindo a desintegração dos fluidos deletérios, pelos raios luminosos da mente
orientada para o bem que, como já temos repetido incansavelmente, é a base de
todo o processo. A diferença é que os raios luminosos ou fios brilhantes não irão
partir somente do médium a quem a entidade se liga transitoriamente, mas de
todos os outros e dos servidores espirituais que atuam em uníssono com os encar-
nados. Uma verdadeira ducha de luz, rica em valores mentais e fluídicos.

b) Efeito do Envolvimento Fluídico e da Magnetização Mental

Por último, vejamos os efeitos que podem ser alcançados pelas ações priori-
tárias da corrente desobsessiva em relação aos sofredores desencarnados.
O que ocorre e os benefícios que os espíritos recebem poderão ser entendi-
dos, através de testemunhos de entidades infelizes que, após terem sido socorri-
das em atividades de assistência mediúnicas, deixaram grafado, em mensagens
publicadas na Revista Espírita, o seu novo estado.

Agradecimentos do Espírito Germaine:

[...]; a prece que derramaram sobre mim tornou-me a alma mais limpa:
extinguiu-se minha sede de vingança. A lembrança de meu infame passado
será minha expiação. Minha prece, junta à vossa, adoçará o remorso que
me tortura. Obrigado a vós todos, que me chamastes ao caminho da verda-
de e do bem, quando eu estava perdido nas profundezas do vício e da
impenitência. (Revista Espírita, jan. 1865, p.16).

226
Do mesmo teor é o relato do Espírito Júlio:

Eu, o Espírito obsessor, o Espírito mau, astucioso e perverso; eu que,


ainda há poucos dias, atolava-me no mal e nisso tinha prazer, vou, com o
auxílio do anjo, vos pregar moral. Eu mesmo me encontro surpreendido por
esta mudança; pergunto-me se sou eu quem fala.
Cria extinto em minh'alma todo sentimento; uma fibra ainda vibraria; o
anjo a adivinhou e a tocou; começo a ver e a sentir. O mal me causa
horror. Lancei um olhar sobre o meu passado e só vi crimes. Uma voz
suave me disse: Espera; contempla a alegria e a felicidade dos bons Espí-
ritos; purifica-te; perdoa em vez de odiar. Também te amarei, eu, se que-
res amar, se te tornas melhor. Senti-me enternecido. (Revista Espírita,
jun. 1864, p. 175).

A prece, a emissão de raios, partículas ou chispas de luz, a magnetização


mental e o envolvimento fluídico como toalha ou manto, em ações comuns,
alicerçadas pelo pensamento coletivo, produzem igualmente os efeitos superiores
acima mencionados, porque, ao derramar sobre os sofredores uma salutar cor-
rente fluídica em forma de uma verdadeira ducha, a corrente desobsessiva per-
mite a limpeza psíquica das entidades, extinguindo-se-lhes a sede de prazeres
inferiores, levando-os a recordações de fatos atuais e passados, ao remorso, cha-
mando-os ao caminho da verdade e da vida.
O toque dado pela ação consciente e vigorosa dos médiuns, seguida de
magnetização e emissão de quadros individualizados realizados pelos Espíritos
Superiores que integrem a equipe de desobsessão por corrente magnética, leva-
rão as entidades a ver, sentir e lançar o olhar sobre seus crimes, permitindo-lhes
ouvir, pela voz suave do pensamento, o convite à mudança de suas intenções,
propósitos e atos.
A mudança será súbita pela nova tomada de força, determinada pela usina
mental do sofredor, em sintonia com o médium, à corrente como um todo e, aos
servidores espirituais, surpreendendo não só a entidade, mas todos os que dese-
jam e buscam a sua recuperação.

c) A Magnetização Mental do Encarnado

Quanto ao paciente encarnado, a ação não difere, porque as aulas em grupo,


a triagem, os passes, a emissão da corrente magnética em seu benefício e a
magnetização mental realizada pela vibração, irão desencadear efeitos bem se-
melhantes aos referidos.
Em relação a esta magnetização, vejamos uma correspondência enviada pe-
los membros da Sociedade Espírita de Marmande a Allan Kardec:

Com o auxílio dos bons Espíritos, em cinco dias livramos de uma obses-
são muito violenta e muito perigosa, uma jovem de treze anos, do poder de

227
um mau Espírito, desde 8 de maio último. Diàriamentente, às cinco da tar-
de, sem faltar um só dia, ela tinha crises terríveis, de causar piedade.[...]. A
11 deste mês, às 8 horas da noite, reuniões começaram por evocar o Espírito,
moralizá-lo, orar pelo obsessor e pela vítima e a exercitar sobre esta uma
magnetização mental. As reuniões eram feitas todas as noites e na sexta-
feira, 15, a menina sofreu a última crise. {Revista Espírita, fev. 1864, p.46).

Comenta o Codificador a respeito:

"Assim, puderam convencer-se da força da ação coletiva, quando dirigida


por uma fé sincera e uma ardente caridade." {Revista Espírita, fev. 1864,
p.46).

Esperamos que os nossos leitores, igualmente, tenham se convencido da for-


ça do pensamento coletivo nas ações da corrente magnética e da importância
deste método no combate à obsessão; que nada mais representa, como ficou fir-
memente evidenciado, do que um remédio similar à síndrome obsessiva, dinami-
zado pelas vibrações amorosas e aplicado em benefícios das multidões.

"Vós sois o sal da terra."

"Vós sois a luz do mundo."

"Assim brilhe diante dos homens a vossa luz,


para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a
Vosso Pai Celeste" (Mateus, 5:13,14,16).

228
CAPÍTULO IX

OBSESSÕES EPIDÊMICAS

O quinto anjo tocou a trombeta - e vi uma estre-


la cair do céu sobre a terra. Foi-lhe entregue a chave
para a caverna do abismo. Abriu a caverna do abismo,
e da caverna subiu fumaça como a fumaça duma gran-
de fornalha. Escureceram com a fumaça da caverna o
sol e o ar. Do interior da fumaça saíram gafanhotos,
que se foram pela terra. E foi-lhes dado um poder
igual aos dos escorpiões da terra. Mas tiveram ordem
de não fazer mal à grama da terra, nem à verdura,
nem a árvore alguma, senão somente aos homens
que não l e v a s s e m na fronte o sigilo de D e u s
(Apocalipse, 9:2-5).
O que são obsessões epidêmicas? Quais as causas que a desencadeiam? Exis-
tem fatos na história humana que podem ser citados como exemplos deste tipo de
obsessão? Quais os seus mecanismos? Como devemos tratá-la? Que correlação pode
ser feita entre obsessões coletivas e desobsessão por Corrente Magnética?
Estas são algumas perguntas que não formulamos e tampouco não respondemos,
quando no Capítulo 4, estudamos a síndrome obsessiva. Naquele momento, dada a
importância e a extensão do tema, não foi possível penetrar no âmbito destas ques-
tões, daí termos reservado o presente capítulo para fazê-lo.
Adotaremos metodologia semelhante ao estudo anterior, porém, sem detalhar-
mos todas as características desta modalidade obsessiva, por acharmos que nos capí-
tulos precedentes, já desenvolvemos inúmeros aspectos a ela atinentes.
Para iniciar, vamos consultar os escritos do Codificador.

9.1) DEFINIÇÃO

São as mais das vezes individuais a obsessão e a possessão; mas, não raro
são epidêmicas. Quando sobre uma localidade se lança uma revoada de maus
Espíritos, é como se uma tropa de inimigos a invadisse. Pode então ser muito
considerável o número dos indivíduos atacados. (Allan Kardec.A Gênese, 21.
ed.,FEB,cap.l4, item 49).

Nos dias atuais, "a localidade" referida por Kardec é o Mundo. Hoje, estão se
cumprindo as profecias Apocalípticas de João Evangelista. Espíritos atraídos pela
indisciplina mental e moral da humanidade deixam as regiões inferiores do plano espi-
ritual e descem à Terra - à semelhança das nuvens de gafanhotos -, em uma verda-
deira revoada de maus espíritos, a causar danos profundos, como picadas de escorpi-
ões, ferindo e associando-se aos homens que na fronte não levam o sigilo de Deus, ou
seja, as aspirações, condutas e vibrações superiores. Daí, o número considerável de
obsessos ao nosso derredor. Epidemia, obsessões coletivas.

9.2) HISTÓRICO

Allan Kardec escreveu inúmeros artigos a respeito das obsessões epidêmicas,


trazendo a opinião dos espíritos e suas impressões, além do relato de suas viagens a
comunidades que, naquela época, passavam por processos coletivos de influenciação
psíquica.
No volume 2, da pesquisa biográfica realizada por Zeus Wantuil e Francisco
Thiesen (p. 168-170), encontramos uma síntese das observações Kardequianas:

Na RS de 1862, pp. 321/322, o Codificador noticia a sua viagem de mais de


seis semanas (na RS, 1863, p. 154, diz que partira de Paris em fins de agosto e
voltara em 20 de outubro), num percurso total de 693 léguas.

231
Em sua rota, foi visitar os possessos de Morzine (também está escrito
Morzines), na Alta Sabóia. As observações que fez, os dados que recolheu
sobre a obsessão coletiva ou epidêmica que desde 1857 abatia sobre a comuna
de Morzine, não lhe deixaram dúvidas quanto à causa, apoiando sua opinião
em casos idênticos, isolados ou também epidêmicos, vistos em outras loca-
lidades, e nos quais se reconhecia a participação e a ação de maus Espíri-
tos.
Num artigo na RS, intitulado "Estudo acerca dos possessos de Morzine"
(RS, 1862, pp. 353/363), Kardec realizou longa e profunda análise das cau-
sas da obsessão e dos meios de combater esse mal, aduzindo algumas con-
siderações novas que facilitavam ainda mais o entendimento do assunto,
que já havia sido tratado em vários artigos da RS e em "O Livro dos Mé-
diuns". O referido "Estudo" continua na RS de janeiro de 1863, pp. 1 a 9,
com múltiplos e variados esclarecimentos e citação de fatos que permitem
enquadrar a epidemia de Morzine entre as obsessões coletivas. "O que um
Espírito pode fazer a um indivíduo, vários podem fazê-lo sobre diferentes
indivíduos, simultaneamente, e dar à obsessão caráter epidêmico."
Em fevereiro (pp. 33/41), abril (pp. 101/113) e maio (pp. 133/142), Kardec
realiza, afinal, o estudo circunstanciado da singular "afecção" que atingira
muitos habitantes de Morzine. Analisa demoradamente os relatórios dos
médicos que a observaram, entre outros o Dr. Constant, enviado pelo go-
verno francês, o Dr. Chiara, o Dr. Arthaud, médico-chefe do Hospital de
Alienados de Lião, bem assim os meios curativos empregados quer pela
medicina, quer pelos exorcismos. Após longo estudo comparativo e deta-
lhado exame dos fatos, Kardec estabeleceu o caráter essencialmente ob-
sessivo dos doentes de Morzine.
Tanto o assunto lhe interessou, que escreveu cinco artigos, com um total
de 41 páginas em formato grande.
Na RS de agosto de 1864, volta a dar novos detalhes quanto à "epidemia
demoníaca" de Morzine, que reapareceu em 1864 com nova intensidade.
Conforme escreveu Ch. Lafontaine no seu jornal "Magnétiseur", de Gene-
bra, baldos todos os meios para conjurar "a terrível doença", ali esteve
o
Monsenhor Maguin, bispo de Annecy, em 30 de abril e I . de maio. À che-
gada do bispo, a epidemia tomou proporções assustadoras, e o prelado, após
horroroso escândalo na igreja local, confessou não ser bastante forte para
debelar a praga que tinha vindo curar.
Novamente se falou no envio de "médicos especialistas" para estudar a
enfermidade, e do êxito deles se duvidava, à vista do fracasso daqueles que
anteriormente tinham sido ali encaminhados. Lembra Kardec que um estu-
do atento dos sintomas demonstra com toda a evidência que a verdadeira
causa está na ação do mundo invisível, "ação que é a fonte de mais afecções
do que se pensa, e contra as quais a ciência não tem êxito, pela razão de ela
opor-se ao efeito e não à causa. Em suma, é o que o Espiritismo designa

232
pelo nome de obsessão levada ao mais alto grau, isto é, de subjugação e
possessão. As crises são efeitos consecutivos; a causa é o ser obsessor, e
é então sobre este que se deve agir, assim como nas convulsões ocasiona-
das por vermes se age sobre os vermes" (RS, 1864, p. 229). A seguir, apon-
ta as várias razões por que os espíritas não foram a Morzine tentar a cura
daqueles obsidiados, com isso se antecipando aos críticos que porventura
poderiam levantar a pergunta, muito natural, aliás. (Grifos Originais).

Aqueles que se interessarem por um estudo mais completo, poderão se valer


da bibliografia analisada por Thiesen e Wantuil. O importante, para todos nós, são
as observações gerais e conclusivas que o texto menciona em pequenas transcri-
ções:

1) "O que um espírito pode fazer a um indivíduo, vários podem fazê-lo


sobre diferentes indivíduos, simultaneamente, e dar à obsessão
caráter epidêmico."

2) A verdadeira causa está na ação do mundo invisível, "ação que é a fonte


de mais afecções do que se pensa, e contra as quais a ciência não
tem êxito, pela razão de ela opor-se ao efeito e não à causa."

3) "As crises são efeitos consecutivos, a causa é o ser obsessor, e é


então sobre este que se deve agir, assim como nas convulsões oca-
sionadas por vermes se age sobre os vermes."

Mecanismo, causa e efeito das obsessões coletivas estão definidos, incluindo


o princípio terapêutico de como e sobre quem devemos agir, diante de casos se-
melhantes. Resta-nos o verificar de fatos na trajetória humana, antes ou após a
missão do Codificador, para completar o nosso pequeno histórico.

9.2.1) Jesus e Obsessões Epidêmicas

A mensagem abaixo é do Espírito Erasto, publicada na Revista Espírita de


Abril de 1862 (p.109):

Os casos de demoniomania, que agora ocorrem na Sabóia, já ocorre-


ram em muitos outros lugares, notadamente na Alemanha, mas muito prin-
cipalmente no Oriente. Esse fato anormal é mais característico do que
pensais. Realmente ao observador atento revela uma situação análoga à
que se manifestou nos últimos anos do paganismo. Ninguém ignora que
quando o Cristo, nosso muito amado Mestre, incarnou-se na Judéia, sob os
traços do carpinteiro Jesus, aquela região havia sido invadida por legiões de
maus Espíritos que, pela possessão, como hoje, se apoderavam das classes

233
sociais mais ignorantes, dos Espíritos incarnados mais fracos e menos adi-
antados, numa palavra, dos indivíduos que guardavam os rebanhos ou vaga-
vam nas ocupações rurais. Não percebeis uma grande analogia entre a
reprodução desses fenômenos idênticos de possessão? Ah! nisso existe um
ensinamento muito profundo! e disso deveis concluir que cada vez mais se
aproximam os tempos preditos e que o Filho do Homem em breve virá ex-
pulsar de novo a turba de Espíritos impuros que se abateram sobre a Terra,
e reavivar a fé cristã, dando a sua alta e divina sanção às consoladoras
revelações e aos regeneradores ensinamentos do Espiritismo. Voltando aos
casos atuais de demoniomania, é preciso lembrar que os cientistas, os mé-
dicos do século de Augusto trataram, conforme os processos hipocráticos,
os infelizes possessos da Palestina e que toda a sua ciência esbarrou ante
esse poder desconhecido. Ora! ainda hoje todos os vossos inspetores de
epidemias, os vossos mais notáveis alienistas, sábios doutores em materia-
lismo puro, fracassam do mesmo modo ante essa doença exclusivamente
moral, diante dessa epidemia que é só espiritual. Mas, que importa! meus
amigos, vós, que fostes tocados pela graça nova, sabeis quanto esses males
passageiros são curáveis pelos que têm fé. Esperai, pois, esperai com con-
fiança a vinda daquele que já resgatou a humanidade. A hora se aproxima;
o Espírito precursor já está incarnado. Em breve, pois, o desenvolvimento
completo desta doutrina, que tomou por divisa: "Fora da Caridade não há
salvação ¡"(Grifos nossos).

Destacamos da mensagem

1. "Os casos de demoniomania, [...], já ocorreram em muitos outros luga-

res[...]."

2. "Esse fato anormal é mais característico do que pensais."

3. "Não percebeis uma grande analogia entre a reprodução desses fenômenos


idênticos de possessão? Ah! Nisso existe um ensinamento muito profundo."
4. "[...] deveis concluir que cada vez mais se aproximam os tempos preditos
e que o Filho do Homem em breve virá expulsar de novo a turba de
espíritos impuros[...]."

5. "[....], ainda hoje todos os vossos inspetores de epidemias, os vossos mais


notáveis alienistas, sábios doutores em materialismo puro, fracassam do
mesmo modo ante essa doença exclusivamente moral, diante dessa epi-
demia que é só espiritual."

6. "[...] vós, que fostes tocados pela graça nova, sabeis quanto esses males
passageiros são curáveis pelos que têm fé."

234
Exemplos históricos comprovando a existência das obsessões coletivas não
nos faltam, sejam antes, durante ou após a passagem do Codificador. Haja vista
as guerras, os suicídios, os assassinatos de multidões, além dos grandes desajustes
mentais e morais de nossa era, provocando tragédias refletidas diariamente em
nossos noticiários. A diferença é a proporção, a não localização, mas a universa-
lidade do fenômeno epidêmico. Porém, a terapêutica aplicada, mesmo diante dos
avanços científicos realizados, não difere da conduta de todos os tempos: os
epidemiologistas, os sábios doutores, continuaram aplicando o mesmo tratamento
de materialismo puro, às causas essencialmente espirituais desse tipo de epide-
mia.
Somente o Filho do Homem, retornando ao mundo pelos abençoados esfor-
ços do Consolador Prometido, poderá expulsar, de novo, a turba de espíritos impu-
ros que se abatem sobre a multidão de encarnados onde, raramente, não nos
incluímos.
A questão, como dissemos no início dos nossos apontamentos, reside justa-
mente aí: Como atender, na prática desobsessiva, a um grande número de
pessoas?
Os princípios básicos e o desenvolvimento completo da Doutrina dos Espíri-
tos estão praticamente materializados por sacrifícios e doações de almas que,
com dedicação, souberam grafar para a posteridade as mensagens de ensino e
consolo enviadas pelo Mundo Maior, faltando-nos, porém, os métodos lógicos,
derivados desses princípios que nos compete desenvolver.
A corrente mento-eletromagnética aplicada à desobsessão significa um des-
ses esforços coletivos, na busca de permitir, à Luz do Mundo, expulsar, doutrinar
e reeducar a turba de encarnados e desencarnados envolvidos em simbiose ob-
sessiva. E a fé consciente, raciocinada, somando doações comuns pela vontade
coletiva em integração mútua, mentais e fluídicas, para a cura desses males pas-
sageiros, porém epidêmicos.

9.3) ETIOLOGIA

9.3.1) Epidemia Moral

Os casos isolados de obsessão física ou de subjugação, foram verifi-


cados. Compreende-se que, semelhantes a uma nuvem de gafanhotos,
um bando de maus Espíritos pode cair sobre um certo número de cria-
turas, delas se apoderar e produzir uma espécie de epidemia moral. A
ignorância, a fraqueza das faculdades, a falta de cultura intelectual natu-
ralmente lhes oferece maiores facilidades. Por isso eles atuam de prefe-
rência sobre certas classes, embora as pessoas inteligentes e instruídas

235
nem sempre estejam isentas. Como diz Erasto, foi provavelmente uma
epidemia que ocorreu ao tempo do Cristo, da qual por vezes se fala no
Evangelho. (Allan Kardec, Revista Espírita, abr. 1862, p.110).

A imagem utilizada pelo Codificador é a mesma dos ensinamentos simbólicos


de João Evangelista, no Apocalipse: "uma nuvem de gafanhotos", um bando de
maus espíritos, caindo sobre um certo número de criaturas, delas se apoderando e
produzindo uma espécie de epidemia moral.
Como qualquer outro processo obsessivo, a Obsessão Coletiva tem a
sua origem no campo moral, gerando etiologia complexa, profunda e
diversificada.
Este tipo de obsessão, apesar de estarmos estudando a ação de desencarna-
dos para encarnados, também poderá ocorrer de desencarnados para desencar-
nados, de encarnados para encarnados, como nos casos de inúmeros grupos hu-
manos, que agem influenciando-se mutuamente de forma desequilibrada. Mais
rara, mas não impossível, é a interação de encarnados para desencarnados, bas-
tando verificar a conduta de inúmeras pessoas que se unem, formando grupos, a
idolatrar determinadas figuras históricas, ou de destaque, em algum seguimento
social, transformando-os em santos milagreiros e, exigindo-lhes, rotineiramente,
auxílio para os seus problemas individuais.

9.3.2) Os Espíritos Obsessores

Ora, é comparando a analogia dos fenômenos de Morzine com aqueles


que diariamente a mediunidade põe aos nossos olhos, que, nos parece
evidente a participação de Espíritos malfeitores naquelas circunstâncias;
e não o será menos para quantos hajam meditado os numerosos casos
isolados, referidos na Revista Espírita. A única diferença está no caráter
epidêmico da afecção. Mas a História registra vários fatos semelhantes,
entre os quais o das religiosas de Loudun, dos convulsionarios de Saint-
Médard, dos da Cévenes e dos possessos do tempo de Cristo. Estes últi-
mos, sobretudo, apresentam notável analogia com os de Morzine. E é dig-
no de nota que, em qualquer parte onde se produzissem, a idéia de que
fossem devidos aos Espíritos era dominante e como que intuitiva nos por
eles afetados. (Allan Kardec, Revista Espírita, jan. 1863, p.2). (Grifo
Original).

A única diferença entre as obsessões coletivas e as obsessões individuais é o


caráter epidêmico das primeiras. No mais, todos os outros aspectos: epidemiologia,
quadro clínico, diagnóstico, diagnóstico diferencial, patogenia, patologia, etc, as-
semelham-se.

236
9.4) MECANISMOS DA OBSESSÃO COLETIVA

9.4.1) Ação do Perispírito

Em nosso artigo precedente (de dezembro último), foi exposta a maneira


por que se exerce a ação dos Espíritos sobre o homem, ação, por assim
dizer, material. Sua causa está inteiramente no perispírito - princípio não só
de todos os fenômenos espíritas propriamente ditos, mas de uma porção de
efeitos morais, fisiológicos e patológicos, incompreendidos antes do conhe-
cimento desse agente, cuja descoberta, se assim se pode dizer, abrirá hori-
zontes novos à ciência, quando esta se decidir a reconhecer a existência do
mundo invisível. Como vimos, o perispírito representa importante papel em
todos os fenômenos da vida: é a fonte de múltiplas afecções, cuja causa é
em vão buscada pelo escalpelo na alteração dos órgãos, e contra as quais é
impotente a terapêutica. Por sua expansão explicam-se, ainda, as reações,
de indivíduo a indivíduo, as atrações e repulsões instintivas, a ação magné-
tica, etc. No Espírito livre ou desencarnado substitui o corpo material. É o
agente sensitivo, o órgão através do qual êle age. Pela natureza fluídica e
expansiva do perispírito, o Espírito atinge o indivíduo sobre o qual quer agir,
rodeia-o, envolve-o, penetra-o e o magnetiza. O homem que vive em meio
ao mundo invisível está incessantemente submetido a essas influências, do
mesmo modo que às da atmosfera que respira. E aquelas se traduzem por
efeitos morais e fisiológicos, dos quais não se dá conta e, que,
freqüentemente, atribui a causas inteiramente contrárias. Essa influência
difere, naturalmente, segundo as boas ou más qualidades do Espírito, como
ficou explicado no artigo precedente. Se êle fôr bom e benevolente, a influ-
ência será agradável e salutar; é como as carícias de uma terna mãe, que
toma o filho nos braços. Se fôr mau e perverso, será dura, penosa, de ânsia
e por vezes perversa: não abraça - constringe. Vivemos num oceano fluídico,
incessantemente a braços com correntes contrárias, que atraímos, ou repe-
limos, e às quais nos abandonamos, conforme nossas qualidades pessoais,
mas em cujo meio o homem sempre conserva o seu livre arbítrio, atributo
essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o cami-
nho.
Com se vê, isto é inteiramente independente da faculdade mediúnica, tal
qual esta é vulgarmente compreendida. Estando a ação do mundo invisível
na ordem das coisas naturais, ela se exerce sobre o homem, abstração feita
de qualquer conhecimento espírita. Estamos a elas submetidos como o es-
tamos à ação da eletricidade atmosférica, mesmo sem saber física, como
ficamos doentes, sem conhecer medicina. Ora, assim como a física nos
ensina a causa de certos fenômenos e a medicina a de certas doenças, o
estudo da ciência espírita nos ensina a dos fenômenos devidos às influências

237
ocultas do mundo invisível e nos explica o que, sem isto, parecerá
inexplicável. A mediunidade é o meio direto de observação. O médium -
permitam-nos a comparação - é o instrumento de laboratório pelo qual a
ação do mundo invisível se traduz de maneira patente. E, pela facilidade
oferecida de repetição das experiências, permite-nos estudar o modo e as
nuanças desta ação. Destes estudos e observações nasceu a ciência espíri-
ta. (Allan Kardec, Revista Espírita, jan. 1863, p.l).

Como não poderia deixar de ser, é o perispírito o principal agente em todo o


mecanismo obsessivo, seja individual ou coletivo, porque, como vimos, ele repre-
senta importante papel em todos os fenômenos da vida:

a) É a fonte de múltiplas afecções;

b) É o princípio não só de todos os fenômenos espíritas, mas também de uma


porção de efeitos morais, fisiológicos e patológicos;

c) Por sua expressão explicam-se as reações de indivíduo a indivíduo, as


atrações e repulsões instintivas, a ação magnética, e t c ;

d) No espírito livre ou desencarnado substitui o corpo material. É o agente


sensitivo, o órgão através do qual ele age;

e) Por sua natureza fluídica e expansiva o espírito atinge o indivíduo sobre o


qual quer agir, rodeia-o, envolve-o, penetra-o e magnetiza-o.

Isto porque:

a) O Homem, que vive em meio ao mundo invisível, está incessantemente


submetido a essas influências, do mesmo modo que as da atmosfera que
respira. E aquelas se traduzem por Efeitos Morais e Fisiológicos;

b) Estando a ação do mundo invisível na ordem das coisas naturais, ela se exerce
sobre o homem, abstração feita de qualquer conhecimento espírita;

c) Vivemos num oceano fluídico, incessantemente a braços com correntes


contrárias, que atraímos ou repelimos e às quais nos abandonamos, con-
forme nossas qualidade pessoais, mas em cujo meio o Homem sempre
conserva o seu Livre Arbítrio, em virtude do qual pode sempre escolher o
caminho.

Quanto à qualidade das correntes que atraímos ou repelimos:

a) Difere naturalmente, segundo as boas ou más Qualidades do Espírito;

238
b) Se ele for Bom e Benevolente, a influência será agradável e salutar, é
como as carícias de uma terna mãe, que toma o filho nos braços;

c) Se for Mau e Perverso, será dura, penosa, de ânsia e por meios perversos,
não abraça, constringe.

9.4.2) Reação Entre os Dois Planos

Em nossa opinião, o mal se deve a uma causa absolutamente diversa e


requer meios curativos diferentes. Tem a sua fonte na reação incessante
que existe entre o mundo visível e o invisível, que nos cerca, e em cujo meio
vivemos, isto é, entre os homens e os Espíritos que não passam de almas
dos que viveram e entre os quais há bons e maus. Esta reação é uma das
forças, uma das leis da natureza, e produz uma porção de fenômenos psico-
lógicos, fisiológicos e morais incompreendidos, porque a causa era desco-
nhecida. O Espiritismo nos deu a conhecer esta lei, e, desde que os efeitos
são submetidos a uma lei da natureza, nada têm de sobrenatural. Vivendo
no meio desse mundo, que não é tão imaterial quanto o imaginam, uma vez
que esses seres, embora invisíveis, têm corpos fluídicos semelhantes aos
nossos, nós sentimos a sua influência. A dos bons Espíritos é salutar e be-
néfica; a dos maus é perniciosa como o contacto das criaturas perversas na
sociedade.
Assim, dizemos que em Morzine abateu-se, de momento, uma nuvem de
Espíritos malfazejos; abateu-se sobre a localidade como aconteceu sobre
muitas outras; e não será com duchas nem alimentos suculentos que serão
expulsos. Uns o chamam diabos ou demônios; nós os chamamos apenas
maus Espíritos e Espíritos inferiores, o que não implica uma melhor qua-
lidade, mas o que é muito diferente pelas conseqüências, visto como a idéia
ligada aos demônios é a de seres a parte, enquanto eles não passam de
almas de homens que foram maus na terra, mas que acabarão por se me-
lhorarem um dia. Vindo a essa localidade como Espíritos, fazem o que teri-
am feito como se vindos em vida, isto é, o mal que faria um bando de mal-
feitores. É, pois, necessário expulsá-los, como se expulsaria uma tropa ini-
miga. (Allan Kardec, Revista Espírita, maio 1863, p.136). (Grifos Origi-
nais).

A reação existente entre o mundo visível e o invisível que nos cerca e em cujo
meio vivemos, é uma das leis da natureza que produz uma porção de fenômenos
psicológicos, fisiológicos e morais, outrora desconhecidos, mas que o Espiritismo
nos deu a conhecer.
As obsessões epidêmicas representam uma nuvem de espíritos malfazejos,
que abatem sobre uma localidade; espíritos que não passam de almas de homens
que foram maus na terra, mas que acabarão por se melhorarem um dia. Fazem o

239
que teriam feito quando em vida, isto é, o mal que faria um bando de malfeitores.
É, pois, necessário expulsá-los como se expulsaria uma tropa inimiga.
Seguindo a mesma linha de raciocínio do Codificador, poderíamos acrescen-
tar que a melhor forma de expulsar uma tropa inimiga é com uma outra tropa,
que no caso deve ser amiga e benévola ao bando malfeitor, por compreender que
eles um dia foram homens e que, mais cedo ou mais tarde, melhorarão.
Basta-nos apenas verificar quais seriam as armas que esta boa tropa deveria
usar, para coroar os seus esforços de êxito salutar.

9.5) TRATAMENTO DAS OBSESSÕES COLETIVAS

Vejamos o que os Espíritos Superiores, os Magnetizadores e Kardec falam a


respeito do tratamento das obsessões epidêmicas:

9.5.1) Ação do Magnetismo

Mensagem do Espírito Georges:

Não são médicos, mas magnetizadores, espiritualistas ou espíritas que


deveriam ser mandados para dissipar a legião de Espíritos malévolos, ex-
traviados no vosso planeta. Digo extraviados, porque eles apenas passarão.
Muito tempo a infeliz população, manchada ao seu impuro contacto, sofrerá
moral e fisicamente. Onde o remédio? - perguntais. Surgirá do mal, porque
os homens, apavorados por essas manifestações, acolherão com transporte
o benéfico contacto dos bons Espíritos que os sucederão, como a aurora
sucede a noite. (Revista Espírita, abr. 1862, p.108).

Se não são médicos, mas magnetizadores espiritualistas ou espíritas que de-


vem tratar os processos obsessivos epidêmicos, não resta a menor dúvida que, na
atualidade, os Centros Espíritas representam a principal unidade terapêutica de
referência, devendo, no entanto, aparelharem-se para cuidar de múltiplos casos,
porque o processo é coletivo, epidêmico, envolvendo, portanto, multidões.

9.5.2) Exemplo de Ação Magnética

Parecer de CH. Lafontaine:

Os enviados do governo francês fizeram relatórios, num dos quais o sr.


Constant, entre outras coisas, declarava que o pequeno número de curas
realizadas naquela população eram devidas ao magnetismo por mim em-
pregado em Genève, em moças e senhoras que me haviam trazido em
1858e 1859.

240
Nossos leitores sabem que o flagelo, atribuído pelos bons camponeses
de Morzine e, o que é mais desagradável, por seus guias espirituais, ao
poder do demônio, se manifesta naqueles que são tomados por convulsões
violentas, acompanhadas de gritos, de perturbações do estômago e gestos
da mais impressionante ginástica, sem falar dos juramentos e de outros
processos escandalosos, de que os doentes se tornam culpados, quando os
obrigam a entrar numa igreja.
Conseguimos curar vários desses doentes, que não sofreram outros ata-
ques, enquanto moravam longe das influências prejudiciais do contágio
e dos Espíritos feridos de sua terra. Mas em Morzine o horrível mal não
cessou de fazer devastações entre essa população infeliz: ao contrário, o
número das vítimas foi crescendo. Em vão prodigalizaram preces e exor-
cismos; em vão levaram os doentes para hospitais de várias cidades distan-
tes; o flagelo, que, em geral, ataca mocinhas, cuja imaginação é mais viva,
se encarniça contra a sua presa, e as únicas constatadas são as operadas
por nós, das quais fizemos um relato em nosso jornal. (Revista Espírita,
ago. 1864, p.225). (Grifos Originais). (Negritos nossos).

A questão do contágio, em outra oportunidade estudada por nós, é aqui nova-


mente exemplificada pelo relato de CH. Lafontaine, transcrito por Kardec do
Magnétiseur, Jornal do Magnetismo Animal, de 15 de Maio de 1864.
Lafontaine conseguiu curar vários dos doentes acometidos pelo mal obsessi-
vo, através da ação magnética, destacando que as preces e os exorcismos reali-
zados pelos membros da Igreja, nenhum efeito salutar obtiveram, bem como os
tratamentos hospitalares.
Demonstrou, ao referir-se aos sintomas do flagelo a que a população de
Morzine estava submetida, que a obsessão realmente pode causar, desde
sintomatologia física até psicológica e moral, como há pouco Kardec mencionou
nos textos por nós compilados.

9.5.3) Tríplice Aspecto da Cura

Não nos propomos descrever o tratamento das afecções desse gênero,


porque já foi indicada alhures; limitar-no-emos a lembrar que consiste numa
tríplice ação: a ação fluídica, que liberta o perispírito do doente da pressão
do Espírito malévolo, o ascendente exercido sobre este último pela autori-
dade que sobre êle dá a superioridade moral, e a influência moralizadora
dos conselhos que se lhes dá. A primeira é simples accessório das duas
outras; apenas é insuficiente, porque se, momentaneamente, se chega a
afastar o Espírito, nada o impede de voltar à carga. É a fazê-lo renunciar
voluntariamente a seus maus propósitos que a gente se deve aplicar, mora-
lizando-o. É uma verdadeira educação a fazer, que exige tacto, paciência,

241
devotamento e, acima de tudo, fé sincera. Prova a experiência, pelos resul-
tados obtidos, o poder deste meio; mas, também, demonstra que, em certos
casos, o concurso simultâneo de várias pessoas unidas na mesma intenção,
é necessário. (Allan Kardec, Revista Espírita, ago. 1864, p.230).

Destaquemos a Tríplice Ação:

1 - Ação fluídica que liberte o perispírito do doente da pressão do Espirito


Malévolo;

2 - Ascendência moral exercida sobre o espírito obsessor, pela autoridade


que sobre ele dá a superioridade moral;

3 - A influência moralizadora dos conselhos que se lhes dá.

A primeira é simples acessório das duas outras. É uma verdadeira educação


a fazer que exige:

1 - Tato;

2 - Paciência;

3 - Devotamento;

4 - E, acima de tudo, Fé Sincera.

Prova a experiência, pelos resultados obtidos, o poder deste meio, mas tam-
bém demonstra que, em certos casos, o concurso simultâneo de várias pessoas
unidas na mesma intenção é necessário.

9.5.4) O Poder da Prece e da Ação Magnética

O Sr. A..., de Moscou, que não havia lido o nosso relato, contava-nos, há
poucos dias, que nas suas propriedades os habitantes de uma aldeia foram
atingidos por um mal em tudo semelhante ao de Morzine. Mesmas crises,
mesmas convulsões, mesmas blasfêmias, mesmas injúrias contra os padres,
mesmo efeito do exorcismo, mesma impotência da ciência médica. Um de
seus tios, o Sr. R..., de Moscou, poderoso magnetizador, homem de bem por
excelência, de coração muito piedoso, tendo vindo visitar aqueles infelizes,
parava as convulsões mais violentas pela simples imposição das mãos, acom-
panhada de fervorosa prece. Repetindo o ato, acabou curando quase todos
radicalmente.

242
Este exemplo não é único. Como explicá-lo, senão pela influência do mag-
netismo, secundada pela prece, remédio pouco usado pelos nossos materialis-
tas, porque não se encontra no codex nem nas farmácias? Contudo, remédio
poderoso quando parte do coração e não dos lábios, e que se apoia numa fé
viva e num ardente desejo de fazer o bem. Descrevendo a obsessão em nossos
primeiros artigos, explicamos a ação fluídica que se exerce em tal circunstân-
cia e daí concluímos, por analogia, que teria sido um poderoso auxiliar em Morzine.
(Allan Kardec, Revista Espírita, maio 1863, p.138).

Naturalmente, para ter ocorrido a cura dos diversos casos que o Sr. R. de
Moscou obteve pelo emprego do Magnetismo e da Prece, não resta dúvida que os
Bons Espíritos devem tê-lo secundado, ampliando a sua ascendência moral, forta-
lecendo a sua autoridade e, completando o tratamento pela influência moralizado-
ra dos conselhos que, evidentemente, devem ter sido transmitidos aos sofredores,
em uma verdadeira ação educativa.

9.5.5) Outros Exemplos

Ensina-nos o Espírito Erasto:

Serei breve. Será muito fácil curar essa infeliz possessa. Os meios esta-
vam implicitamente contidos nas reflexões há pouco emitidas por Allan
Kardec. Não só é necessária uma ação material e moral, mas ainda uma
ação puramente espiritual. O Espírito incarnado que, como Júlia, se acha
em estado de possessão, necessita de um magnetizador experimentado e
perfeitamente convicto da verdade espírita. É necessário que seja, além
disso, de uma moralidade irreprochável e sem presunção. Mas, para agir
sobre o Espírito obsessor, é necessária a ação não menos enérgica de um
bom Espírito desincarnado. Assim, pois, dupla ação: terrena e extraterrena;
incarnado sobre incarnado; desincarnado sobre desincarnado; eis a lei. Se
até agora tal ação não foi realizada, foi justamente para vos trazer ao estu-
do e à experimentação desta interessante questão. É por isto que Júlia não
se livrou mais cedo: ela devia servir para os vossos estudos.
Isto vos demonstra o que deveis fazer d'agora em diante, nos casos de
possessão manifesta. E indispensável chamar em vossa ajuda o concurso
de um Espírito elevado, gozando ao mesmo tempo de força moral e fluídica,
como o excelente cura d'Ars; e sabeis que podeis contar com a assistência
desse digno e Santo Viahney. Além disso, nosso concurso é dado a todos os
que nos chamarem em auxílio, com pureza de coração e fé verdadeira

Resumindo: Quando magnetizarem Júlia, será preciso começar pela


fervorosa evocação do cura d'Ars e outros bons Espíritos que se comunicam
habitualmente entre vós, pedindo-lhes que hajam contra os maus Espíritos

243
que perseguem essa moça, e que fugirão ante suas falanges luminosas.
Também não esquecer que a prece coletiva tem uma força muito grande,
quando feita por certo número de pessoas agindo de acordo, com uma fé
viva e um ardente desejo de aliviar. (Revista Espírita, jan. 1864, p.16).
(Grifo nosso).

Alguns outros requisitos para a cura da obsessão (no caso uma pos-
sessão) dados pelo Espírito Erasto:

1 - Não só é necessária uma ação material e moral, mas ainda uma ação
puramente espiritual;

2 - Necessário um magnetizador experimentado e perfeitamente convicto da


verdade espírita. Necessário que seja, além disso, de uma moralidade
irreprochável e sem presunção;

3 - Para agir sobre o espírito obsessor, é necessária a ação não menos enér-
gica de um bom espírito desencarnado;

4 - Assim, pois, dupla ação: terrena e extraterrena; encarnado sobre o en-


carnado; desencarnado sobre desencarnado; Eis a Lei.

Quanto ao Concurso dos Espíritos Superiores:

- Nosso concurso é dado a todos os que nos clamarem auxílio, com pureza
de coração e fé verdadeira.

Não esquecer:

- Que a prece coletiva tem uma força muito grande, quando feita por certo
número de pessoas de acordo, com uma fé viva e um ardente desejo de aliviar.

9.6) OBSESSÃO COLETIVA E DESOBSESSÃO COLETIVA

Impossível, mais uma vez, deixar de reconhecer que a corrente mento-ele-


tromagnética se evidencia em todos os textos apresentados.
Nenhum dos quesitos mencionados a respeito da ação terapêutica deixa de
ser observado em suas ações práticas. Ela representa a união de certo número de
pessoas, harmonizadas no mesmo desejo ardente de aliviar, exercendo a força do
pensamento coletivo, sublimado pela prece coletiva, e amparadas tanto nas maio-
res como nas menores intenções pela Espiritualidade Superior. Conseqüentemen-
te, gerarão uma ação magnética coletiva, podendo realizar a desobsessão coleti-
va, atendendo simultaneamente a múltiplos casos.

244
Procuremos separar de todos os relatos anteriores os principais tópicos e,
façamos a correlação entre as obsessões epidêmicas e a desobsessão coletiva
por corrente magnética.

9.6.1) Regra Básica

Diz Kardec: "O que um Espírito pode fazer a um indivíduo, vários podem
fazê-lo sobre diferentes indivíduos, simultaneamente, e dar a obsessão caráter
epidêmico."

Da mesma forma poderíamos dizer: "O que um médium, auxiliado pelos


Espíritos Superiores, pode fazer a um Obsidiado ou a um Espírito Obsessor, vários
médiuns unidos a uma falange luminosa, podem fazê-lo sobre diferentes sofredo-
res (encarnados ou desencarnados), simultaneamente, dando à desobsessão o ca-
ráter coletivo."

9.6.2) O Meio

O Perispírito é o principal agente no mecanismo obsessivo, seja individual ou


coletivo. Igualmente ele representa o papel mais importante na desobsessão cole-
tiva:

a) É a fonte de múltiplos tratamentos desenvolvidos, tanto em relação aos


encarnados, quanto aos desencarnados;

b) É o princípio não só de todos os fenômenos manifestos na corrente mag-


nética, mas também de uma porção de efeitos morais, fisiológicos e curativos,
beneficiando a inúmeros sofredores;

c) Por sua expansão, explicam-se as reações dos médiuns sobre os médiuns


e destes sobre os espíritos desequilibrados, as atrações conscientes por eles rea-
lizadas no momento da recepção e todas as ações fluídicas ou magnéticas;

d) Sendo o perispírito o agente sensitivo, o órgão através do qual o espírito


desencarnado age, é também através dele que o sofredor receberá a reação pro-
movida pelo médium ou a corrente como um todo, passando a perceber e sentir a
magnetização fluídica e mental;

e) Graças à sua natureza energética e expansiva, os médiuns atingirão, pela


salutar corrente vibratória e fluídica, os espíritos obsidiados ou obsessores sobre
os quais pretendam ou se ofereçam a agir, rodeando-os, envolvendo-os, penetran-
do-os e magnetizando-os.
245
Isto Porque:

a) Os médiuns e todos nós vivemos em meio ao mundo invisível e, incessan-


temente, estamos sofrendo ou causando influência. Esta ação e reação estão na
ordem natural das coisas.
Portanto, nada impede que esta lei natural seja utilizada de forma consciente
por medianeiros esclarecidos em atividades desobsessivas, possibilitando o trata-
mento de encarnados e desencarnados, mesmo que estes não tenham a menor
consciência dos benefícios que recebam, ou dos mecanismos salutares que lhes
favoreçam a recuperação;

b) Os médiuns, pelo livre arbítrio, escolhendo o caminho da caridade, man-


tendo a boa vontade e a atenção, formam pelo pensamento coletivo um grande
mento-eletroímã, que atrairá os desencarnados em sofrimento, mesmo que estes
estejam mantendo em seus circuitos íntimos correntes contrárias às doações amo-
rosas. As irradiações formadas e qualificadas pelos valores morais dos servido-
res de ambos os planos da vida incidirão sobre as contradições mentais dos sofre-
dores, levando-os a deixarem-se abandonar aos convites fraternos, formulados
pela mentes em prece, imbuídas por um ardente desejo de auxiliar.
Graças ao oceano fluídico em que vivemos, os espíritos desajustados recebe-
rão as emanações, mesmo que estejam à grande distância do foco emissor, repre-
sentado pela corrente desobsessiva.

Quanto à Qualidade da Corrente que os Médiuns Emitem e Atraem:

a) Diferem naturalmente de médium para médium, segundo as boas ou más


qualidades que possuam.

b) Se ele for bom e benevolente, receberá influência semelhante, agradável


e salutar e poderá não só perceber como transmitir aos espíritos em atendimento,
à semelhança de uma carícia de uma terna mãe, sentindo-se como filho nos bra-
ços maternais e, envolvendo os sofredores em igual teor vibratório.

c) Se ele for mau ou estiver em desajuste, aumentará a resistência ao fluxo


vibratório natural da corrente, diminuindo as suas possibilidades de socorro e
favorecimento.
Mas, mesmo quando estiver em condições morais, fluídicas e mentais equili-
bradas, sofrerá, pela ação de emissão e atração desenvolvida, a pressão dura e
penosa, algumas vezes perversa, como um abraço que constringe, dos espíritos
em atendimento. Tal reação não deve ser temida pelos médiuns, porque "os flui-
dos de natureza deletéria recuam instintivamente ante a luz espiritual que os fus-
tiga ou desintegra".

246
9.6.3) Os Principais Aspectos da Cura

9.6.3.1) A Tríplice Ação

Todas as ações descritas por Kardec são, como não poderiam deixar de ser,
desenvolvidas pela terapia desobsessiva por corrente magnética.

1 - Ação fluídica que liberte o perispírito do doente da pressão do


Espírito Malévolo.

É realizada pelos passes espíritas transmitidos aos pacientes, por várias ve-
zes, durante todo o tratamento.

2 - Ascendência moral exercida sobre o Espírito Obsessor, pela auto-


ridade, que sobre ele dá a superioridade moral.

Esta ascendência deriva da atuação dos médiuns psicofônicos, passistas e dirigen-


tes que compõem a equipe desobsessiva somada à atuação dos servidores espirituais.

3 - A influência moralizadora dos conselhos que se lhes dá.

Estes conselhos são transmitidos na corrente magnética pela doutrinação mental


ou magnetização vibratória, enriquecidos pelas imagens emitidas pela Espiritualidade
Superior e refletidas pelos fluidos ectoplasmáticos que circulam na corrente.
Agora fica mais fácil entender, aceitar e visualizar esta magnetização, por-
que fomos informados que o Perispírito é o fio que transmite o pensamento, sendo
o princípio de uma porção de EFEITOS MORAIS, FISIOLÓGICOS E PSICO-
LÓGICOS. Através dele que os desencarnados sentem e agem.
A primeira é simples acessório das duas outras. É uma verdadeira educação
a fazer, que no caso da terapia desobsessiva por corrente magnética inclui tam-
bém o paciente encarnado, que será levado pelos cursos, triagens e orientações a
mudar o conteúdo do seu mundo mental, alterando, juntamente com os espíritos
obsessores que recebem a influência moralizadora dos conselhos, a sua freqüên-
cia vibratória, suas crenças, atitudes e atos.

Este esforço educativo exigirá de toda a equipe:

1 - Tato;

2 - Paciência;

3 - Devotamento;

4 - E, acima de tudo, Fé Sincera.

247
Prova-nos a experiência, estudo e prática, que os resultados obtidos e o po-
der deste método desobsessivo é extraordinário, demonstrando que o concurso
simultâneo de vários médiuns em ação lógica e criteriosa, unidos na mesma inten-
ção, é adequado e necessáriao aos casos graves, podendo também ser utilizado
no tratamento dos processos de menor gravidade com extrema eficiência.

9.6.3.2) Outros Requisitos Para a Cura

1 - Não só é necessária uma ação material e moral, mas igualmente


uma ação puramente espiritual.

Estas ações são desenvolvidas pelos médiuns e pela equipe dos trabalhado-
res espirituais que compõem a desobsessão por corrente magnética.

2 - Necessário um magnetizador experimentado e perfeitamente con-


victo da verdade espírita. Necessário que seja, além disso, de uma
moralidade irreprochável e sem presunção.

Na corrente magnética, não temos apenas um magnetizador, mas vários; to-


dos eles médiuns espíritas, devidamente preparados para a tarefa (desde os cur-
sos ao desenvolvimento mediúnico), cabendo-lhes, no entanto, o cuidado pessoal
com o seu campo moral, aperfeiçoando-se a fim de tornarem-se úteis.

3 - Para agir sobre o espírito obsessor é necessária a ação não menos


enérgica de um bom espírito desencarnado.

A desobsessão por corrente magnética não se desenvolve sem a assistência


dos Espíritos Superiores. Os médiuns representam apenas a mesa cirúrgica per-
mitindo-lhes a atuação segura e amorosa.

4 - Assim pois, dupla ação: terrena e extraterrena, encarnado sobre


encarnado, desencarnado sobre desencarnado; Eis a Lei.

Esta lei realmente é exercida nos atendimentos da corrente magnética.


Os encarnados obsidiados ou obsessores, não são entregues à própria sorte
ou aos cuidados apenas dos servidores do Mundo Maior, mas são tratados, orien-
tados e educados por trabalhadores encarnados em ações humano-espirituais.
Os desencarnados recebem por sua vez, além do auxílio dos bons espíritos, a
colaboração dos médiuns psicofônicos e passistas, beneficiando-se desta dupla
ação conjunta, complementar, simultânea.

Quanto ao concurso dos Espíritos Superiores:

- Na corrente magnética desobsessiva não existe necessidade de evocação


deste ou daquele espírito, basta que sejam criadas as condições receptivas, pela

248
pureza e fé verdadeira, que eles se fazem presentes, manifestando em atos de
amor e bondade a sua contribuição.

Não Esquecer:

- Que a corrente mento-eletromagnética é um dos métodos desobsessivos


que nos permite tratar as multidões, tendo no pensamento coletivo, sublimado pela
prece, a sua grande força. Prece realizada em conjunto, por um certo número de
médiuns, de acordo com uma fé viva e um ardente desejo de aliviar.

9.7) A CORRENTE MAGNÉTICA

Finalizando o estudo e comprovação da corrente magnética desobsessiva a


partir do conhecimento do processo obsessivo, quer seja individual ou coletivo,
faremos novamente um resumo, procurando recordar e reafirmar as possibilida-
des desse método:

1 - A corrente mento-eletromagnética é um recurso da terapêutica magnéti-


ca, como o passe e que aliada à mediunidade sob os auspícios da ciência espírita,
é utilizada na desobsessão, na vibração e na cura espiritual.
Na desobsessão, possibilita o atendimento rápido e eficiente de múltiplos ca-
sos, atuando tanto no equilíbrio do obsidiado, como do obsessor, em qualquer nível
em que se manifeste a obsessão, e, independente de sua etiologia e do estado dos
agentes etiológicos que a promovem.

2 - Uma atividade mediúnica que pede o ambiente simples do Centro Espíri-


ta para se desenvolver com segurança, mas que torna possível o tratamento à
distância de doentes e seus familiares, da atmosfera psíquica de seus lares, onde
geralmente ocorre o contágio psíquico agravando situações.

3 - Um método dinâmico que gera a emissão, circulação e canalização da


energia mento-eletromagnética, mantida, sustentada e fortalecida pela intenção,
vontade consciente e prece dos médiuns que a formam, integrados aos servidores
espirituais que qualificam, ampliam e direcionam este manancial em prol de ir-
mãos que vivem em simbiose psíquica. Simbioses que em nosso meio, são respon-
sáveis pela maioria das causas das enfermidades simulacros, das patologias men-
tais e físicas, incluindo grande parte das infecciosas.

4 - Um campo de força de amplo raio de atuação que se utiliza dos recur-


sos morais, vitais, fluídicos e mentais, movimentando-os em regime de doação
amorosa.

249
Este campo de força tem no pensamento coletivo, e na velocidade de deslo-
camento das partículas ou ondas mentais, a sua existência e base de indução e
influenciação, explicando-se assim o porquê de sua dinâmica, rapidez, eficiência e
enormes possibilidades terapêuticas, seja debelando ou minorando os efeitos, seja
extinguindo ou amenizando as causas das afecções espirituais.

5 - Um processo que se expressa nos reinos das vibrações, conjugando ação


fluídica e mental, sublimado pela prece coletiva, formando uma bateria mento-
eletromagnética a emitir múltiplos raios, trilhões de partículas que irão atuar na
destruição ou desvitalização de formas psíquicas, clichês mentais, matéria mental
fulminatória, reajustando o campo psíquico, físico e perispiritual de encarnados e
desencarnados que vivem em regime de interação obsessiva.
Este processo tem na dedicação e desempenho dos trabalhadores da Pátria
Maior, junto à disciplina, vontade, intenção e atenção dos servidores encarnados,
enriquecidas pelos valores morais superiores, as suas condições essenciais ou
bases de atuação, possibilitando a formação e manipulação de substâncias curati-
vas que são prescritas e aplicadas, tendo por parâmetro a "química espiritual" e
as "leis físicas das emissões mentais ", possibilitando desfazer conúbios vibratórios
doentios, sanar deficiências funcionais do corpo perispiritual e físico, além de vá-
rias outras ações.
Reajustando o cosmo mento-físico-psíquico dos obsidiados ou obsessores en-
carnados, podem estes haurir, das lições evangélicas, os recursos indispensáveis
para suas transformações morais, auxiliando-os a vencer suas más inclinações,
ponto inicial de todos os desajustes. Quanto aos obsidiados ou obsessores desen-
carnados, estes, assimilando as correntes mentais advindas da ação conjugada de
médiuns e auxiliares espirituais, principalmente no momento da doutrinação men-
tal ou magnetização pelo pensamento, podem alterar a natureza íntima de suas
próprias emissões, passando a entrar em contato com reminiscências pessoais ou
quadros mentais formados, visando recuperá-los. O conjunto dessas ações leva-
os à mudança do peso específico do perispírito, ao equilíbrio emotivo e vibratório,
permitindo entrarem em contato com entes queridos que laboram por libertá-los,
facilitando as suas transferências para postos, colônias, centros de recuperação
situados no plano espiritual, ou encaminhamento a outras atividades terapêuticas
desenvolvidas pelos Centros Espíritas.

6 - Uma solução adequada para a desobsessão individual e coletiva. Solução


que atua tanto no mundo das causas, como na dissipação dos múltiplos efeitos.
Um trabalho que certamente materializa um, dentre inúmeros outros méto-
dos existentes no plano espiritual destinados à profilaxia e tratamento do vampirismo
e que não despreza, substitui ou é melhor do que qualquer um dos existentes no
plano terreno e que fazem parte do arsenal ou medidas terapêuticas contra a
obsessão, desenvolvidos nos núcleos evangélicos que adotam, estudam e prati-
cam os postulados espíritas.

250
7 - Uma atividade que pede e se integra a várias outras, obrigatoriamente, a
triagem ou conversação fraterna, por onde se inicia e termina o tratamento, resul-
tando nos dados que favorecem o diagnóstico, prognóstico e encaminhamento do
encarnado.
Dentro da inter-relação necessária com outros trabalhos, que juntos formam
a terapêutica básica, a corrente magnética desobsessiva tem na evangelização
espírita-cristã a sua prioridade e essencialidade, seja pelas reuniões gerais ou
públicas, ou pelos estudos sistematizados e individualizados.

8 - Um antídoto similar, superior e contrário ao processo obsessivo, que se


baseia nas potencialidades do pensamento em somação, a exprimir-se em quatro
momentos ou fases distintas de ação (Expulsão, Absorção, Emissão, Recepção),
coordenadas por um dirigente encarnado sob a proteção e orientação de um diri-
gente espiritual responsável direto por toda a atividade.
Na fase de emissão e com maior ênfase no momento da recepção, os espíri-
tos sofredores passam, ligam-se ou mergulham nas faixas magnéticas distintas
da corrente, banhando-se ou recebendo uma ducha fluídica rica em recursos
mentais e vitais, seguida de uma indução vibratória desenvolvida pelos médiuns
que os rodeiam, envolvem-nos, penetram-nos e magnetizam-nos pela força do
pensamento transmitida pelo perispírito, agente pelo qual os desencarnados sen-
tem, agem e sofrem ações.
Os bons espíritos por sua vez, durante a magnetização pelo pensamento, plas-
mam imagens superiores em fenômenos ideoplásticos voltados para cada indivi-
dualidade, utilizando para esse fim os fluidos ectoplasmáticos existentes em abun-
dância na corrente desobsessiva.
A doutrinação pela palavra não é empregada na desobsessão por corrente
mento-eletromagnética, não por menosprezo ou por não lhes reconhecer os no-
bres e fecundos efeitos, mas pelo simples fato de ser esta terapêutica desobsessiva
toda baseada nas potencialidades do pensamento, que se movimenta em velocida-
de superior à da luz, possibilitando desenvolver uma homeopatia espiritual e
fluídica, que dinamiza, através do choque anímico, as consciências de irmãos em
conflitos obsessionais, despertando-os para a realidade maior, mudando de forma
substancial a sua maneira de pensar e agir. A palavra fica, portanto, em plano
secundário e é utilizada pelo dirigente apenas como emissão eletromagnética, re-
gulada pela voz, para orientar, sanar distúrbios possíveis de ocorrerem, chamar a
atenção, unificar, dirigir e integrar a ação mental em regime de pensamento cole-
tivo, promovendo dessa forma, a desobsessão coletiva.

9 - Uma oportunidade de sermos úteis, assistindo e sendo assistidos, doando


e recebendo, auxiliando na desobsessão de inúmeros irmãos em sofrimento e re-
alizando em nós mesmos a auto-desobsessão ou a prevenção de desequilíbrios
mentais a que todos estamos sujeitos.

251
Uma enorme seara de socorro e auxílio que nos pede, no entanto, a discipli-
na, a responsabilidade, o exercício constante no bem, através da renúncia, dedica-
ção, estudo e aperfeiçoamento íntimo, adquiridos no cultivo da bondade, elevando
assim o teor de nossas irradiações mentais, em cujas bases ela se expressa e
atua.

10 - Um remédio para quem sofre, preso nas malhas da obsessão, da doen-


ça física e psíquica, mas, para que se torne eficiente, necessita do concurso men-
tal e da renovação moral daqueles que lhe recebem os benefícios, fortalecendo a
alma, trabalhando em torno da própria libertação e compreendendo a sua situação
para concorrer, em prol de sua cura, com vontade, participação, reeducação, es-
tudo e prece.

Vi então um novo céu e uma nova terra. O pri-


meiro céu e a primeira terra lá se foram; e o mar já
não existe. E eu vi a cidade santa, a nova Jerusalém,
descendo do céu da parte de Deus, preparada como
uma noiva adornada para seu noivo. E, do trono, ouvi
uma voz forte dizer: "Eis o habitáculo de Deus entre os
homens! Habitará no meio deles; eles serão seu povo
e ele, Deus, estará com eles. Enxugará dos seus
olhos toda a lágrima; já não haverá morte, nem luto,
nem lamento, nem dor; porque passaram as coisas
de outrora." E disse aquele que estava sentado no
trono: "Eis que renovo todas as coisas!" (Apocalipse,
21:2-5).

252
CAPÍTULO X

AMBIENTES

Quando entrardes numa casa, saudai-a. E, se


essa casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se,
porém, fôr indigna, torne a vós a vossa paz. Mas onde
não vos receberem nem ouvirem as vossas palavras,
deixai essa casa ou cidade e sacudi o pó dos vossos
pés. Em verdade vos digo que melhor sorte caberá,
no dia do juízo, à terra de Sodoma e Gomorra do que
uma cidade dessas (Mateus, 10:11-15).
Uma das grandes preocupações do mundo moderno é a questão da poluição
ambiental. Diversas conferências, simpósios e reuniões são realizados em quase
todos os países, em busca de soluções que possam integrar o desenvolvimento e a
preservação do meio ambiente.
Levando-se em consideração a visão que a Doutrina Espírita nos oferece,
veremos que existe uma poluição, bem mais grave e de conseqüências bem mais
funestas, que é a poluição oriunda do pensamento desvairado.
O pensamento é força viva a expraiar-se no ambiente, causando contamina-
ção ou indução superior, auxiliando ou dificultando o nosso próprio desenvolvi-
mento.
Da mesma forma que são tomadas medidas saneadoras, profiláticas e
educativas em relação ao meio ambiente, é mister promovermos a profilaxia, edu-
cação e meios de tratamento no que se refere à poluição mental, pois é justamen-
te esta poluição que favorece as epidemias obsessivas.
Como conseqüência da poluição ambiental, temos a destruição ou alteração
dos ecossistemas, provocando patologias nos diferentes reinos da natureza. Em
igualdade de condições, a poluição vibratória causa desde desequilíbrios individu-
ais, até doenças sociais, que desencadeiam ódios coletivos, gerando entre nós, os
efeitos dantescos da guerra.
O tema merece meticuloso estudo e está profundamente ligado às ações
saneadoras que a corrente magnética desobsessiva pode oferecer, no momento
em que todo este processo entra em sua fase mais crítica. Os benefícios que este
método pode prestar são inúmeros.

10.1) POLUIÇÃO MENTAL

10.1.1) Atmosfera Moral

Sendo a Terra um mundo inferior, isto é, pouco adiantado, resulta que a


imensa maioria dos Espíritos que a povoam, tanto no estado errante, quanto
incarnados, deve compor-se de Espíritos imperfeitos que fazem mais mal
que bem. Daí a predominância do mal na Terra. Ora, sendo a Terra, ao
mesmo tempo um mundo de expiação, é o contacto do mal que torna os
homens infelizes, pois se todos os homens fossem bons, todos seriam feli-
zes. É um estado ainda não alcançado por nosso globo; e é para tal estado
que Deus quer conduzi-lo. Todas as tribulações aqui experimentadas pelos
homens de bem, quer da parte dos homens, quer da dos Espíritos, são con-
seqüências deste estado de inferioridade. Poder-se-ia dizer que a Terra é a
Botany-Bay dos mundos: aí se encontram a selvageria primitiva e a civiliza-
ção, a criminalidade e a expiação.

255
É, pois, necessário imaginar-se o mundo invisível como formando uma po-
pulação inumerável, compacta, por assim dizer, envolvendo a Terra e se agitan-
do no espaço. É uma espécie de atmosfera moral, da qual os Espíritos incarnados
ocupam a parte inferior onde se agitam como num vaso. Ora, assim como o ar
das partes baixas é pesado e malsão, esse ar moral é também malsão, porque
corrompido pelas emanações dos Espíritos impuros. Para resistir a isso são
necessários temperamentos morais dotados de grande vigor.
Digamos, entre parênteses, que tal estado de coisas é inerente aos
mundos inferiores. Mas estes seguem a lei do progresso e, atingindo a
idade precisa, Deus os saneia, deles expulsando os Espíritos imperfeitos,
que não mais se reincarnam e são substituídos por outros mais adianta-
dos, que farão reinar a felicidade, a justiça e a paz. É uma revolução
deste gênero que no momento se prepara. (Allan Kardec, Revista Espíri-
ta, dez. 1862, p.356).

Já em 1862, o Codificador escrevia a respeito da população inumerável, com-


pacta, que envolve a Terra, formando uma espécie de atmosfera moral, corrompi-
da pelas emanações dos espíritos impuros.
E hoje? Como seria vista esta mesma atmosfera a partir do plano espiritual?
O Espírito Aniceto, em mensagem ditada ao médium Hernâni T. Sant'anna e
publicada no livro Correio Entre Dois Mundos (p.124), dá-nos a visão atual, a
dimensão e as conseqüências do problema:

Entretanto, os irmãos encarnados talvez entrassem em pânico se pudes-


sem ver e sentir os efeitos infinitamente mais nocivos do terrível acréscimo
de poluição mental a que vêm sendo submetidas, em pavoroso crescendo,
as regiões umbralinas que circundam a Crosta Planetária. A carga veneno-
sa, de indescritível agressividade e de aspecto assustador, que o pensamen-
to humano desvairado atira incessantemente à atmosfera psíquica do orbe,
se constitui em formidável caldo de cultura de horripilantes monstros bacte-
riológicos, de inacreditável virulência, que assediam, cada vez com mais
fúria, a Humanidade encarnada e desencarnada que se situa e vive nas
regiões menos elevadas.
Agora, as camadas mais baixas da atmosfera terrestre já são perma-
nentemente sombrias e miasmáticas, tornando-se o ar quase francamente
irrespirável.
Aí proliferam, ao lado do perigoso arsenal das piores inspirações crimi-
nosas, os campos genesíacos de males inimagináveis, a corromper não ape-
nas as organizações psicofísicas das criaturas, mas a perturbar as mentes e
aliená-las de maneira dificilmente remediável a médio prazo.
Nunca antes se soube, no mundo, como agora, de numerosos suicídios
de crianças, como os que já preocupam os poderes públicos da Alemanha,

256
nem de explorações sistemáticas, a nível de grande indústria, da perversão
infantil, para alimentar o comércio norte-americano de cinema de baixa
espécie.
A qualidade dos delitos que se multiplicam agora, na Terra, atinge uma
conotação satânica, pelo grau de frieza e perversidade de que se reveste.

Os efeitos, conforme a descrição, são bem mais nocivos do que possamos


imaginar. E o contágio "é fator consumado, desde que a imprevidência ou a ne-
cessidade de luta estabeleçam ambiente propício, entre os companheiros do mes-
mo nível", como já havíamos aprendido com o Espírito Anacleto, instrutor de André
Luiz, no livro Missionários da Luz.
O pensamento desvairado atira carga venenosa capaz de gerar desde o as-
sédio psíquico, até a perturbação e alienação das mentes encarnadas e
desencarnadas, com conseqüências que vão, desde o suicídio, até a multiplicação
dos delitos de perversidade e frieza inacreditáveis.

10.1.2) Horripilantes Monstros Bacteriológicos

A mensagem anterior fala-nos a respeito de determinados monstros que cres-


cem e desenvolvem-se, graças ao meio de cultura oferecido pelo pensamento
humano em desequilíbrio.
Como poderiam ser visualizados, descritos e classificados estes bacilos de
inacreditável virulência que assediam encarnados e desencarnados?
André Luiz, no livro Os Mensageiros (17. ed., p.210-212), dá-nos a respos-
ta, através de uma pequena aula a ele transmitida pelo Espírito Aniceto:

- Estão vendo aquelas manchas escuras na via pública? - indagava nos-


so orientador, percebendo-nos a estranheza e o desejo de aprender cada
vez mais.
Como não soubéssemos definir com exatidão, prosseguia explicando:
- São nuvens de bactérias variadas. Flutuam, quase sempre também,
em grupos compactos, obedecendo ao princípio das afinidades. Reparem
aqueles arabescos de sombra...
E indicava-nos certos edifícios e certas regiões cidadinas.
- Observem os grandes núcleos pardacentos ou completamente obscu-
ros!... São zonas de matéria mental inferior, matéria que é expelida inces-
santemente por certa classe de pessoas. Se demorarmos em nossas inves-
tigações, veremos igualmente os monstros que se arrastam nos passos das
criaturas, atraídos por elas mesmas...
Imprimindo grave inflexão às palavras, considerou:
- Tanto assalta o homem a nuvem de bactérias destruidoras da vida
física, quanto as formas caprichosas das sombras que ameaçam o equilíbrio
mental. Como vêem, o "orai e vigiai" do Evangelho tem profunda impor-
tância em qualquer situação e a qualquer tempo. Somente os homens de

257
mentalidade positiva, na esfera da espiritualidade superior, conseguem so-
brepor-se às influências múltiplas de natureza menos digna.

Quando estudamos, no capítulo 4, a patogenia e patologia da síndrome


obsessiva, já havíamos visto que a matéria mental inferior pode desenvolver
doenças diversas, incluindo a formação de bacilos psíquicos, oriundos dos vá-
rios desequilíbrios provocados pelo uso de alcóolicos, abusos sexuais e ali-
mentares.
Agora voltamos ao assunto, para mostrar a extensão do processo e a impor-
tância do Orai e Vigiai, dos ensinos evangélicos, porque "tanto assalta o homem
a nuvem de bactérias destruidoras da vida física, quanto as formas caprichosas
das sombras, ameaçando o equilíbrio ambiental."

10.1.2.1) As Larvas Mentais

Continua André Luiz:

Interessado, contudo, em maior esclarecimento, perguntei:


- Mas a matéria mental emitida pelo homem inferior tem vida própria
como o núcleo de corpúsculos microscópicos de que se originam as enfer-
midades corporais?
O mentor generoso sorriu singularmente e acentuou:
- Como não? Vocês, presentemente, não desconhecem que o homem
terreno vive num aparelho psicofísico. Não podemos considerar somente,
no capítulo das moléstias, a situação fisiológica propriamente dita, mas tam-
bém o quadro psíquico da personalidade encarnada. Ora, se temos a nuvem
de bactérias produzidas pelo corpo doente, temos a nuvem de larvas men-
tais produzidas pela mente enferma, em identidade de circunstâncias. Des-
se modo, na esfera das criaturas desprevenidas de recursos espirituais, tan-
to adoecem corpos, como almas. (Os Mensageiros, p.211).

O texto não deixa dúvida a respeito da possibilidade das mentes enfermas


produzirem larvas mentais, que têm vida própria, à semelhança das nuvens de
bactérias ou outro núcleo de corpúsculo microscópico qualquer, produzido pelo
corpo doente.
Isso posto, poderíamos repetir com o personagem Vicente na seqüência da
narrativa:

"- Deus meu! - exclamou Vicente, espantado - a que perigos está


submetido o homem comum!"

258
10.2) AMBIENTES DOS CENTROS ESPÍRITAS

São justamente estes homens comuns, portadores e geradores de cargas men-


tais viciadas, a expressarem-se em formas de larvas mentais, que assistem às
reuniões das instituições espíritas, quer sejam eles encarnados ou desencarnados.
Estes homens recebem em nossos grupos o nome de espíritos sofredores,
freqüentadores, assistentes, pacientes, médiuns, dirigentes etc.

Pergunta-se portanto:

1) - Podendo o pensamento produzir cargas venenosas e possuir vida


própria, como os núcleos de corpúsculos microscópicos, como
ficam os ambientes dos nossos centros espíritas, que diariamen-
te são freqüentados por irmãos, em sua grande maioria, portado-
res de desequilíbrios íntimos? O que fazem os Bons Espíritos a
respeito?

Resp.: André Luiz no livro Obreiros da Vida Eterna (21. ed., p. 188) aborda
a questão, ao visitar, junto com outros companheiros, um Centro Espírita na crosta
terrena:

O padre Hipólito, Luciana e eu, em companhia de Irene, jovem colabo-


radora espiritual da casa, pusemo-nos em ação.
Em todos os compartimentos havia luz de nosso plano, indicando a abun-
dância dos pensamentos salutares e construtivos de todas as mentes que ali
se entrelaçavam na mesma comunhão de ideal.
Chegados à sala das reuniões populares, nossa nova amiguinha explicou:
- Esta é a região do abrigo que nos força a serviço mais árduo. Recep-
táculo das emanações mentais e dos pedidos silenciosos de toda gente que
nos visita, em assembléias públicas, somos obrigados, depois de cada ses-
são, a minuciosas atividades de limpeza. Como sabem, os pensamentos
exercem vigoroso contágio e faz-se imprescindível isolar os prestimosos
colaboradores de nossa tarefa, livrando-os de certos princípios destruidores
ou dissolventes.
Tentando intensificar a conversação esclarecedora, aduzi:
- Imagino a extensão dos afazeres... Há suficiente pessoal na cooperação?
- Sim - respondeu -, a legião dos colaboradores não é pequena. Somos
levados a servir, dia e noite, em turmas alternadas. Temos seções de assis-
tência aos adultos e às criancinhas. (Grifos nossos).

O pensamento tanto pode produzir luz como sombra, influenciando ambien-


tes e pessoas, levando à indução salutar ou a vigoroso contágio degradante. E, os
efeitos se fazem sentir, mesmo após a saída dos indivíduos das assembléias que o

259
geraram, merecendo da espiritualidade superior cuidados especiais em serviços
de limpeza, isolando os colaboradores da obra de certos princípios destruidores ou
dissolventes.
Os afazeres neste campo são enormes, pedindo a contribuição de legião de
colaboradores, dia e noite.
Sendo nós, os servidores encarnados, que nos beneficiamos de todos estes
cuidados, temos, no mínimo, o dever de questionar: - O que temos feito para
auxiliar? Se somos conscientes dessa realidade, não basta que permaneçamos
imóveis, passivos, aguardando que os outros desenvolvam ações que poderíamos
ajudar, direta ou indiretamente, estabelecendo desde a vigilância mental, ameni-
zando efeitos, até a atuação conjunta com os espíritos, facilitando a limpeza e
evitando o contágio.
Alguns poderão dizer que não sabem como proceder. Nós responderíamos
que, inicialmente, deveríamos estudar mais, para que, conhecendo os mecanismos
geradores de influenciação e indução deletéria, viéssemos colaborar de forma
consciente.

Continuemos...

2) - Qual é a via e o mecanismo que possibilita o contágio?

Resp.: A resposta vem do livro Missionários da Luz (21. ed., p.239), tam-
bém de André Luiz, quando o autor recebe elucidações de um instrutor de nome
Apuleio, durante acompanhamento de um processo reencarnatório.

- Eles se alimentam, diariamente, de formas mentais, sem utilizarem a


boca física, valendo-se da capacidade de absorção do organismo perispirítico.
mas ainda não sentem a extensão desses fenômenos em suas experiências
diárias. No lar, na via pública, no trabalho, nas diversões, cada criatura
recebe o alimento mental que lhe é trazido por aqueles com quem convive,
temperado com o magnetismo pessoal de cada um. Dessa alimentação de-
pendem, na maioria das vezes, mormente para a imensa percentagem de
encarnados que ainda não alcançaram o domínio das próprias emoções, os
estados íntimos de felicidade ou desgosto, de prazer ou sofrimento. Segun-
do você pode observar, também o homem absorve matéria mental, em to-
das as horas do dia, ambientando-a dentro de si mesmo, nos círculos mais
íntimos da própria estrutura fisiológica.
O chefe dos Construtores fixou-me, bem humorado, a expressão de sur-
presa, ao lhe receber elucidações tão simples, em assunto tão complexo, e
acrescentou:
- Em sua experiência última na Crosta, quando envergava os fluidos
carnais, nunca sentiu a perturbação do fígado, depois de um atrito ver
Jamais experimentou o desequilíbrio momentâneo do coração, recebendo

260
uma notícia angustiosa? Porque a desarmonia orgânica, se a hora em curso
era, muitas vezes, de satisfação e felicidade? E' que, em tais momentos, o
homem recebe "certa quantidade de força mental" em seu campo de pen-
samento, como o fio recebe a "carga de eletricidade positiva". O ponto de
recepção está efetivamente no cérebro, mas se a criatura não está identifi-
cada com a lei de domínio emotivo, que manda selecionar as emissões que
chegam até nós, ambientará a força perturbadora dentro de si mesma, na
intimidade das células orgânicas, com grande prejuízo para as zonas vulne-
ráveis. (Grifos Originais).

O contágio é realizado, não pela boca, ou qualquer outra via orgânica, mas
pela capacidade de absorção do organismo perispiritual. Alimentamo-nos de for-
mas mentais, temperadas com o magnetismo pessoal de cada um, diariamente,
em todas as horas do dia, em qualquer ambiente que estejamos: no lar, na via
pública, no trabalho e, sem dúvida, também nos Centros Espíritas ou outras insti-
tuições que venhamos a freqüentar.
O fenômeno se explica, porque o homem, em determinados momentos, rece-
be "certa quantidade de força mental" em seu campo de pensamento, como o fio
recebe a "carga de eletricidade positiva".
Esta matéria mental poderá ser absorvida, independente dela ter como substrato
de transmissão a palavra, bastando que existam condições ou ambiente propício
entre companheiros de um mesmo nível ou, em outros termos: Sintonia.
A ambientação de forças perturbadoras absorvidas irão propiciar desde distúr-
bios mentais, até os orgânicos, possibilitando patologias da alma e do corpo, favo-
recendo interações vibratórias, gerando obsessões.
O que fazer?
Diante das possibilidades de contágio mental, do assalto das formas capricho-
sas da sombra, que atitudes deveríamos tomar em relação a nós mesmos, aos nos-
sos lares, às casas espíritas, onde nos situamos e ainda, em relação ao planeta?
O que fazem os Espíritos Superiores, diante de quadro tão grave? Que pro-
cessos empregam para auxiliar individualidades ou coletividades que se influenci-
am mutuamente? Quais os mecanismos divinos instituídos como leis amoráveis,
que possibilitam o combate à Poluição Mental, de efeitos tão nocivos?

Vejamos...

10.3) MEDIDAS TERAPÊUTICAS: SANEADORAS E PREVENTIVAS

Procuremos achar as respostas para cada uma das questões levantadas, di-
vidindo-as por tópicos.

261
10.3.1) Em Relação ao Indivíduo

No futuro, por esse mesmo motivo, a medicina da alma absorverá a


medicina do corpo. Poderemos, na atualidade da Terra, fornecer trata-
mento ao organismo de carne. Semelhante tarefa dignifica a missão do
consolo, da instrução e do alívio. Mas, no que concerne à cura real, somos
forçados a reconhecer que esta pertence exclusivamente ao homem-es-
pírito. [...].
- Por isso - tornou Aniceto, cuidadoso -, a existência terrestre é uma
gloriosa oportunidade para os que se interessam pelo conhecimento e ele-
vação de si mesmos. E, por esta mesma razão, ensinamos a necessidade da
fé religiosa entre as criaturas humanas. Desenvolvendo essa campanha,
não pretendemos intensificar as paixões nefastas do sectarismo, mas criar
um estado positivo de confiança, otimismo e ânimo sadio na mente de cada
companheiro encarnado. Até agora, apenas a fé pode proporcionar essa
realização. As ciências e as filosofias preparam o campo; entretanto, a fé
que vence a morte, é a semente vital. Possuindo-lhe o valor eterno, encon-
tra o homem bastante dinamismo espiritual para combater até à vitória ple-
na em si mesmo.
Compreendendo que precisaria completar o esclarecimento, exclamou,
depois de pausa mais longa:
- Todos precisamos saber emitir e saber receber. Para alcançarem a
posição do equilíbrio, neste mister, empenham-se os homens encarnados
e nós outros, em luta incessante. E já que conhecemos alguma coisa da
eternidade, é preciso não esquecer que toda queda prejudica a realização,
e todo esforço nobre ajuda sempre. (André Luiz, Os Mensageiros, 17.
ed., p. 212).

As atitudes que devemos tomar em relação a nós mesmos, para evitar ou não
provocar o contágio vibratório, podem ser resumidas em uma única ação: auto-
conscientização - a realização íntima através da fé religiosa; o bom combate;
persistência até a vitória plena; a cura real exclusivamente pelo homem-espírito,
aprendendo a emitir e a receber, evitando quedas e empreendendo esforços no-
bres, sempre.
Todas as doenças humanas são causadas pelo próprio homem. Igualmente,
somente ele poderá ser o remédio para todas as suas patologias. Remédio único,
capaz de curar plenamente todas as enfermidades e prevenir todos os males.
No futuro, a medicina da alma absorverá a medicina do corpo.
As terapias desenvolvidas nos templos espíritas, tendo na evangelização es-
pírita cristã a sua essência, são um dos elos que devem ligar o presente a este
futuro, permitindo o esclarecimento, o auxílio, a proteção e a conscientização,
para que o homem possa automedicar-se.
262
10.3.2) Em Relação ao Lar

Nunca poderemos enumerar todos os benefícios da oração. Toda vez


que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada
prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo po-
der. Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão só um curso
de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior,
pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora traz
consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece transforma-se em
fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam cho-
ques de vulto, em contacto com as vibrações luminosas deste santuário
doméstico, e é por isso que se mantêm a distância, procurando outros ru-
mos... (André Luiz, Os Mensageiros, 17. ed., p.197). (Grifos nossos).

Durante o tratamento desobsessivo pela corrente magnética, a campanha de


implantação do Culto do Evangelho no Lar é contínua, sendo formulada em todas
as palestras, aulas ou orientações que o paciente receba.

Isto porque:

a) Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico;

b) Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder;

c) O culto familiar do Evangelho não é tão só um curso de iluminação interi-


or, mas também processo avançado de defesa exterior;

d) O homem que ora traz consigo inalienável couraça;

e) O Lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza;

f) As entidades da sombra experimentam Choques de Vulto, em contato


com as Vibrações Luminosas.

10.3.3) Em Relação aos Templos Espíritas

As orientações, a seguir, foram retiradas do livro Dramas da Obsessão (6.


ed., p. 145-147), ditado pelo Espírito Bezerra de Menezes à médium Yvonne A.
Pereira. Subdividimos a transcrição em tópicos e inserimos pequenas abordagens:

10.3.3.1) As Vibrações no Ambiente de Um Centro Espírita

As vibrações disseminadas pelos ambientes de um Centro Espírita, pelos


cuidados dos seus tutelares invisíveis; os fluidos úteis, necessários aos variados

263
quão delicados trabalhos que ali se devem processar, desde a cura de en-
fermos até a conversão de entidades desencarnadas sofredoras e até mes-
mo a oratória inspirada pelos instrutores espirituais, são elementos essenci-
ais, mesmo indispensáveis a certa série de exposições movidas pelos obrei-
ros da Imortalidade a serviço da Terceira Revelação. Essas vibrações, es-
ses fluidos especializados, muito sutis e sensíveis, hão-de conservar-se
imaculados, portando, intactas, as virtudes que lhe são naturais e indispen-
sáveis ao desenrolar dos trabalhos porque, assim não sendo, se mesclarão
de impurezas prejudiciais aos mesmos trabalhos, por anularem as suas pro-
fundas possibilidades. Daí porque a Espiritualidade esclarecida recomenda,
aos adeptos da Grande Doutrina, o máximo respeito nas assembléias espíri-
tas, onde jamais deverão penetrar a frivolidade e a inconsequência, a male-
dicência e a intriga, o mercantilismo e o mundanismo, o ruído e as atitudes
menos graves, visto que estas são manifestações inferiores do caráter e da
inconsequência humana, cujo magnetismo, para tais assembléias e, portan-
to, para a agremiação que tais coisas permite, atrairá bandos de entidades
hostis e malfeitoras do invisível, que virão a influir nos trabalhos posterio-
res, a tal ponto que poderão adulterá-los ou impossibilitá-los, uma vez que
tais ambientes se tornarão incompatíveis com a Espiritualidade iluminada e
benfazeja. (Dramas da Obsessão, p.145).

As advertências de Bezerra de Menezes são de profunda responsabilidade e


significação para todos aqueles que atuam como servidores nos Templos Espíritas.
Os fluidos disseminados nos ambientes das Casas Espíritas são sutilíssimos,
e indispensáveis a todas as tarefas que desenvolvemos em conjunto com a espiri-
tualidade.
O desrespeito, a frivolidade, a inconsequência, a malevolencia, a intriga, o
mercantilismo, o ruído, as atitudes menos graves alteram a qualidade desses flui-
dos especializados, mesclando-os de impurezas, prejudicando os trabalhos e anu-
lando profundas possibilidades.
Além dos efeitos funestos em relação aos fluidos, o magnetismo oriundo des-
tes comportamentos, em assembléia, atraem bandos de entidades hostis, malfeitoras
do invisível que irão influirnos trabalhos posteriores, adulterando-os ou impossibi-
litando-os.
A prevenção pelo esclarecimento e disciplina são indispensáveis.
Os cuidados da Espiritualidade Superior, destacados em tópico anterior, não
são passíveis de evitar os distúrbios e os contágios que deliberadamente provoca-
mos.
A desobsessão por corrente mento-eletromagnética, como já temos visto in-
cansavelmente, é toda baseada em ações mentais e fluídicas, sendo primordial o
cuidado com as vibrações presentes, em cada ambiente, onde sua prática é
estabelecida. Caso contrário, as suas possibilidades serão reduzidíssimas, quando
não forem quase nulas ou adulteradas.

264
10.3.3.2) Templos do Amor e da Fraternidade x Meros Clubes

Um Centro Espírita onde as vibrações dos seus freqüentadores, encar-


nados ou desencarnados, irradiem de mentes respeitosas, de corações
fervorosos, de aspirações elevadas; onde a palavra emitida jamais se des-
loque para futilidades e depreciações; onde, em vez do gargalhar diverti-
do, se pratique a prece; em vez do estrépito de aclamações e louvores
indébitos se emitam forças telepáticas à procura de inspirações felizes; e
ainda onde, em vez de cerimônias ou passa-tempos mundanos, cogite o
adepto da comunhão mental com os seus mortos amados ou os seus guias
espirituais, um Centro assim, fiel observador dos dispositivos recomenda-
dos de início pelos organizadores da filosofia espírita, será detentor da
confiança da Espiritualidade esclarecida, a qual o elevará à dependência
de organizações modelares do Espaço, realizando-se então, em seus re-
cintos, sublimes empreendimentos, que honrarão os seus dirigentes dos
dois planos da Vida. Somente esses, portanto, serão registados no Além-
Túmulo como casas beneficentes, ou templos do Amor e da Fraternidade,
abalizados para as melindrosas experiências espíritas, porque os demais,
ou seja, aqueles que se desviam para normas ou práticas extravagantes
ou inapropriadas, serão, no Espaço, considerados meros clubes onde se
aglomeram aprendizes do Espiritismo em horas de lazer. {Dramas da Ob-
sessão, p.146).

Nem todos os Centros Espíritas são considerados, nas organizações superi-


ores do Além-Túmulo, como casas beneficentes, ou Templos do Amor e da Fra-
ternidade. Muitos são considerados como meros clubes onde se aglomeram apren-
dizes do Espiritismo em horas de lazer.
Nesses clubes, atividades de desobsessão por corrente magnética são inviáveis,
por falta de condições mínimas ao seu desenvolvimento.
Como dirigentes, médiuns, trabalhadores e auxiliares das instituições espíri-
tas, cabe-nos um enorme trabalho a desenvolver e preservar: o cuidado com os
ambientes de nossas casas, que sofrem enormemente com nossas atitudes, sejam
elas mentais, verbais ou físicas.
A fiel observação de todos os ensinamentos filosóficos, religiosos e científi-
cos, decorrentes das instruções dos Espíritos Superiores, é o meio básico ou a
única condição para que possam ser realizados, em seus recintos, sublimes em-
preendimentos, que honrarão os dirigentes dos dois planos da vida.
Um desses empreendimentos, dentro de nossa visão e experiência, é a
desobsessão por corrente magnética.

10.3.4) Em Relação ao Planeta

Sequioso de ensinamentos, tornei ao assunto:

265
- A lição para mim tem valores incalculáveis. E quando penso no alto
poder reprodutivo da flora microbiana...
Aniceto, contudo, não me deixou terminar. Conhecendo, de antemão,
minha pergunta natural, cortou-me a frase, exclamando:
- Sim, André, se não fosse o poder muito maior da luz solar, casada ao
magnetismo terrestre, poder esse que destrói intensivamente para selecio-
nar as manifestações da vida, na esfera da Crosta, a flora microbiana de
ordem inferior não teria permitido a existência dum só homem na superfície
do globo. Por esta razão, o solo e as plantas estão cheios de princípios
curativos e transformadores.
E, abanando significativamente a cabeça, concluiu:
Nada obstante esse poder imenso, recurso divino, enquanto os homens,
herdeiros de Deus, cultivarem o campo inferior da vida, haverá também
criações inferiores, em número bastante para a batalha sem tréguas em que
devem ganhar os valores legítimos da evolução. (André Luiz, Os Mensa-
geiros, 17. ed., p.213).

Se as larvas mentais têm vida própria como a flora microbiana comum, nada
mais lógico o conceito dedutivo de suas possibilidades reprodutivas, reconhecen-
do-se que a grande maioria dos seres humanos, ainda residem nas faixas primári-
as da evolução.
O perigo e as possibilidades de contágio, que daí decorrem, são enormes.
A Providência Divina não poderia deixar o homem entregue a si mesmo,
apesar de ser merecedor de seus próprios atos.
As larvas mentais, os bacilos, a matéria mental fulminatória, formados, culti-
vados e emitidos pelas mentes em desequilíbrios diversos, encontram, na energia
solar, nos princípios curativos e transformadores do solo e das plantas, casados ao
magnetismo terrestre, o remédio e a vacina superior, permitindo a destruição e a
prevenção, possibilitando as manifestações da existência na esfera da crosta ter-
restre. A energia solar, em qualquer plano em que se expresse, é a grande
dinamizadora da vida.
O Verbo Divino providenciou a medicação, milênios antes da doença.

10.3.5) Em Relação aos Planos Inferiores

Aniceto, instrutor de André Luiz, diz ao final do último texto que, nada obstante
esse poder imenso, haverá também criações inferiores, em número bastante, para
a batalha sem tréguas.
Quais seriam então os recursos utilizados pela Espiritualidade Superior nes-
tas batalhas? Como atuam os Mecanismos Divinos em relação aos espíritos doen-
tes e ignorantes, que se unem por afinidades, em regiões espirituais mais próxi-
mas ao homem encarnado? Como agem os Espíritos em relação ao acúmulo de

266
matéria mental inferior, nas regiões umbralinas, causadoras de poluição mental
tanto no mundo físico como no extrafísico?

10.3.5.1) Os Desintegradores Etéricos

No capítulo 10, do livro Obreiros da Vida Eterna (21. ed., p.158, 161, 162),
André Luiz fala a respeito de "uma das armas" utilizadas pelos Bons Espíritos,
nas regiões umbralinas, contra o acúmulo de matéria mental inferior.

Separamos alguns trechos que nos passem a idéia e as possibilidades


de seu uso:

Como você não ignora, as descargas elétricas do átomo etérico, em nos-


sa esfera de ação, ensejam realizações quase inconcebíveis à mente huma-
na. Nos círculos carnais, para atendermos aos nossos enigmas evolutivos
ou redentores, somos fracos prisioneiros do campo sensorial, prisioneiros
que se comunicam com a Vida Infinita pelas estreitas janelas dos cinco
sentidos. Não obstante o progresso da investigação científica entre as cria-
turas terrenas, o homem comum apenas conhece, por enquanto, uma oitava
parte do plano onde passa a existência. A vidência e a audição, as duas
portas que lhe podem dilatar a pesquisa intelectual, permanecem excessi-
vamente limitadas. (Obreiros da Vida Eterna, p.158).

Os desintegradores etéricos têm na descarga elétrica do átomo etérico sua


base de ação. Tais aparelhos ainda nos são desconhecidos pelo limitado avanço
científico terrestre e, o desconhecimento de 7/8 da realidade que nos cerca.

10.3.5.1.1) O Seu Emprego

Entregávamo-nos, tranqüilos, ao trabalho, quando indescritível choque


atmosférico abalou o escuro céu. Clarão de terrível beleza varou o nevoei-
ro de alto a baixo, oferecendo, por um instante, assombroso espetáculo.
Não era bem o relâmpago conhecido na Crosta, por ocasião das tempesta-
des, porquanto as descargas elétricas da Natureza, sobre o chão denso, são
menos precisas no que se refere à orientação técnica de ordem invisível.
Observava-se, ali, o contrário: a tormenta de fogo ia começar, metódica e
mecanicamente.
Dominou-me angustioso pavor, mas o Assistente Jerônimo revelava-se
tão calmo que a sua serenidade era contagiante.
- É o primeiro aviso da passagem dos desintegradores - explicou-nos,
solícito.
A distância de muitos quilômetros, víamos os clarões da fogueira ateada
pelas faíscas elétricas na desolada região. (Obreiros da Vida Eterna, p.161).

267
As descargas elétricas dos desintegradores etéricos agem à semelhança das
descargas elétricas da natureza durante as tempestades, porém, de forma metódi-
ca e mecanicamente elaborada.
As faíscas elétricas promovem clarões como as da fogueira, e destroem os
resíduos inferiores de matéria mental.

10.3.5.1.2) As Suas Possibilidades

"Buscando talvez tranqüilizar-me, o Assistente afiançou:


- O trabalho dos desintegradores etéricos, invisíveis para nós, tal a den-
sidade ambiente, evita o aparecimento das tempestades magnéticas que
surgem, sempre, quando os resíduos inferiores de matéria mental se amon-
toam excessivamente no plano." (Obreiros da Vida Eterna, p.162).

Da mesma forma que o acumulo de partículas no ar atmosférico, em razão


da poluição ambiental, pode provocar chuvas ácidas e tóxicas, o acumulo de ma-
téria mental pode gerar tempestades magnéticas.
Os desintegradores etéricos evitam essas tempestades, destruindo os resídu-
os inferiores e saneando a atmosfera psíquica, atuando como elemento preventivo
das variadas formas de contágio.
Notemos que a emissão dos raios mentais alteram a densidade ambiente.

10.3.5.2) Os Ataques das Trevas e as Defesas Magnéticas

Não é novidade, para nenhum de nós, que as Instituições de Socorro erguidas


nos planos inferiores sofrem constantemente ataques de nossos irmãos desencarnados
menos esclarecidos, e que alimentam o ódio, a revolta e a destruição.
A Espiritualidade Superior desenvolve aparelhos capazes de permitir a defe-
sa desses lares de assitência, como os existentes na Casa Transitoria dirigida por
Irmã Zenobia, e descrita no livro Obreiros da Vida Eterna (p.159):

Todo o pessoal disponível fora convocado ao trabalho dos motores e,


quando me entregava a transportes admirativos, diante da maquinaria com-
plexa, indescritível na técnica humana, a Irmã Zenobia, através de Jerôni-
mo, nos pediu colaboração nas defesas magnéticas, em vista da necessida-
de de empregar maior número de cooperadores na preparação ativa do
vôo.
Não tínhamos tempo a perder. O próprio Assistente que nos orientava,
num belo exemplo de renúncia fraternal, tomou a dianteira, encaminhando-
se para as faixas de defesa.

268
Não eram, essas, altas e verticais como as muralhas das fortificações
terrestres, mas horizontalmente estendidas, formadas de substância escura,
e emitiam forças elétricas de expulsão num raio de cinco metros de largura,
aproximadamente, circulando toda a casa. Diversos focos de luz permane-
ciam acesos e, em rápidos minutos, determinado responsável pela tarefa
colocava-nos ao corrente do trabalho a executar.
Velaríamos pelo funcionamento regular de certos aparelhos geradores
de energia electromagnética, destinados à emissão constante de forças de-
fensivas, e vigiaríamos o setor que nos fora confiado, de modo a sanar
qualquer anormalidade.

As defesas magnéticas no plano espiritual são efetivadas por aparelhos ge-


radores de energia eletromagnética, que emitem forças elétricas de expulsão, no
exemplo, por um raio de cinco metros. Assemelham-se aos desintegradores
etéricos, porém de menor proporção.

10.3.5.2.1) Efeitos Alcançados por Estes Aparelhos

Indefiníveis ruídos alcançaram-nos o ouvido, e Zenobia, pálida, calou-se


igualmente. Em poucos segundos, tornaram-se mais nítidos. Eram gritos
aterradores, como se a curta distância devêssemos afrontar hordas de en-
raivecidos animais ferozes. [...].
Em dado momento, ouvimos explosões ensurdecedoras. Quase no mes-
mo instante, certo auxiliar penetrou o recinto e comunicou:
- Atacam-nos com petardos magnéticos.
A diretora resoluta ouviu, serena, e determinou:
- Emitam raios de choque fulminante, assestando baterias.
As farpas elétricas deviam ser atiradas em silêncio, porque as explosões
diminuíram até à extinção total, percebendo-se que a horda invasora se
desviara noutro rumo, pelo ruído a perder-se distante. (Obreiros da Vida
Eterna, p.60-61).

Os raios de choque emitidos pela bateria formada por aparelhos geradores


de energia eletromagnética são capazes de evitar ataques e desviar falanges de
espíritos invasores.

10.3.5.2.2) Outras Ações

O novo companheiro que o dirigente da casa nos apresentou como sen-


do o Assistente Barreto, exibindo recôndita aflição a sombrear-lhe os olhos,
comunicou:

269
- Instrutor Druso, na Enfermaria Cinco, três dos irmãos recém-acolhi-
dos entraram em crise de angústia e rebeldia...
- Já sei - replicou o interpelado -, é a loucura por telepatia alucinatória.
Ainda não se encontram suficientemente fortes para resistir ao impacto das
forças perversas que lhes são desfechadas, a distância, pelos companhei-
ros infelizes.
- Que fazer?
- Retire os enfermos normais e aplique na enfermaria os raios de cho-
que. Não dispomos de outro recurso. (André Luiz, Ação e Reação, 6. ed.,
p.33).

As emissões eletromagnéticas em forma de raios de choque, não só atuam


diretamente contra as entidades, mas também desfazem resíduos mentais, inclu-
indo ações telepáticas desenvolvidas à distância.

10.3.5.2.3) Aparelhos Manuais

Quase imperceptível estalido partiu da destra da Irmã Zenobia, e dez


auxiliares, aproximadamente, utilizaram minúsculos aparelhos, emitindo rai-
os elétricos de choque, através de insignificantes explosões. Não obstante
ser fraca a detonação, a descarga de energia revelava vigoroso poder, tan-
to que os atacantes monstruosos recuavam, precipitados, recolhendo-se ao
pântano, em queda espetacular sobre a lama grossa. (André Luiz, Obreiros
da Vida Eterna, 21. ed., p.84).

Os recursos empregados pela Espiritualidade Maior são diversos, guardando


porém o mesmo princípio. Dos desintegradores etéricos, passando por aparelhos de
emissão eletromagnética de grande porte ou de uso manual, os Espíritos agem so-
bre as construções do mal, destruindo-as, além de não permitirem a invasão de
entidades em ambientes consagrados ao apoio e recuperação de irmãos sofredores.
Seguramente em relação aos nossos núcleos religiosos, estas iniciativas de
proteção são tomadas, principalmente, se as nossas casas forem consideradas
templos de amor e fraternidade e não meros clubes, aglomerando aprendizes do
Espiritismo em horas de lazer.
A batalha realmente é enorme, e exige esforços sacrificiais.
Necessitamos participar corretamente destas iniciativas, não só no que se
refere aos cuidados disciplinares e preventivos, mas também através de métodos
eficientes que possam atuar junto aos amigos espirituais, na higienização psíquica
dos ambientes, onde desempenhamos nossas tarefas.
270
10.3.6) Quadro Sinóptico do Combate à Poluição Mental

MEDIDAS TERAPÊUTICAS: SANEADORAS E PREVENTIVAS

1. Fé Religiosa;
2. Estado Positivo de Confiança;
EM RELAÇÃO AO INDIVÍDUO 3. Otimismo e Fé;
4. Vitória Plena em Si Mesmo;
5. Saber Emitir e Receber.

1. Oração no Lar;
EM RELAÇÃO AO LAR 2. Culto Familiar do Evangelho;
3. Curso de Iluminação e Processo
Avançado de Defesa Exterior.

1. Minuciosas Atividades de Limpeza,


Evitando Contágio;
2. Conservar as Vibrações e Huidos
EM RELAÇÃO AOS TEMPLOS Especializados;
ESPÍRITAS 3. Evitar Normas e Práticas Extrava-
gantes;
4. Constituir-se em Templo de Amor e
Fraternidade.

1. Luz Solar;
EM RELAÇÃO AO PLANETA 2. Magnetismo Terrestre;
3. Princípios Curadores do Solo e das
Plantas.

1. Prece e Assistência Fraterna;


EM RELAÇÃO AOS PLANOS 2. Desintegradores Etéricos;
INFERIORES 3. Aparelhos Geradores de Energia
Eletromagnética.

271
10.4) EM BUSCA DA ANALOGIA

A poluição mental é combatida no nosso planeta, inicialmente, pela energia


solar, pelos recursos terapêuticos do solo e das plantas, casados ao magnetismo
terrestre.
Aliados a estes fatores gerais que beneficiam e possibilitam a vida na crosta,
existem diversos aparelhos empregados que, com grande eficiência, são capazes
de destruir os resíduos inferiores de matéria mental, incluindo aí as larvas men-
tais.
Eles possuem, como princípio comum, as emissões eletromagnéticas.
Surge, então, uma pergunta natural: - A mente humana poderia ser utilizada
como aparelho ou instrumento de prevenção e tratamento dos fatores vibratórios
que causam a poluição mental?

Alguns textos já incluídos em nosso trabalho nos indicam esta possibilidade:

a) - "Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo po-


der";

b) -"O lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam?


As entidades das sombras experimentam choques de vulto, em contacto
com as vibrações luminosas..."

A nossa mente, como os aparelhos descritos, geram e emitem forças eletro-


magnéticas, e as entidades da sombra, ao contato com estas vibrações, experi-
mentam choques de vulto.
2
Se voltarmos ao item 6.2.2, perg. n 6, poderemos rever que o homem encar-
nado também absorve bilhões de raios cósmicos, raios solares, caloríficos, lumi-
nosos, gama; os raios magnéticos exteriorizados pelos vegetais, pelos irracionais
e pelo próprio semelhante. Recebemos trilhões de raios, metabolizamos e emiti-
mos forças que nos são peculiares.
Tanto em relação ao princípio geral como aos aparelhos empregados, a men-
te humana se inclui como fator que permite tratar as causas e conseqüências da
poluição vibratória.
Evitando qualquer surpresa ou dúvida, busquemos mais informações.

10.4.1) O Homem Encarnado e Suas Potencialidades

1) - O que é o homem encarnado?

Resp.: "- Nada de estranheza - falou o Assistente, bondoso -, não sabe


você que um homem encarnado é um gerador de força eletromagnética,
com uma oscilação por segundo, registrada pelo coração? Ignora, porventura,
que todas as substâncias vivas da Terra emitem energias, enquadradas nos

272
domínios das radiações ultravioletas?"(André Luiz, Nos Domínios da Me-
diunidade, 12. ed., p.27).

Como havíamos falado, o homem encarnado, como os aparelhos menciona-


dos por André Luiz, é um Gerador Eletromagnético.
Este Gerador, quando ora, emite força eletromagnética de relativo poder,
capaz de proteger ambientes, causando choques em entidades desequilibradas,
quando estas entram em contato com as irradiações luminosas por ele emitidas.

2) - E os nossos veículos físicos, como poderiam ser descritos?

Resp.: "Dessa vez, os veículos físicos apareciam quais se fossem cor-


rentes electromagnéticas em elevada tensão.
O sistema nervoso, os núcleos glandulares e os plexos emitiam
luminescência particular. E, justapondo-se ao cérebro, a mente surgia como
esfera de luz característica, oferecendo em cada companheiro determinado
potencial de radiação." (André Luiz, Nos Domínios Da Mediunidade, p.46).

O homem encarnado é um gerador eletromagnético, onde a mente represen-


ta a esfera de luz irradiando determinado potencial de radiação e o corpo físico,
uma corrente eletromagnética em elevada tensão.

3) - Este "potencial de radiação" de cada mente pode, por exemplo,


desintegrar os fluidos daninhos que envolvem entidades perversas
ou destruir as criações do mal?

Resp.: Esta pergunta j á foi respondida, quando no item 8.3.1.1.1 tratamos do


envolvimento fluídico que ocorre durante o atendimento na corrente magnética
desobsessiva.
Recordando, vamos repetir os trechos mais importantes da narrativa de An-
dré Luiz (Nos Domínios da Mediunidade, p.72):

Quanto aos fluidos de natureza deletéria, não precisamos temê-los.


Recuam instintivamente ante a luz espiritual que os fustiga ou desinte-
gra. É por isso que cada médium possui ambiente próprio e cada as-
sembléia se caracteriza por uma corrente magnética particular de pre-
servação e defesa. Nuvens infecciosas da Terra são diariamente extintas
ou combatidas pelas irradiações solares, e formações fluídicas, inquietan-
tes, a todo momento são aniquiladas ou varridas do Planeta pelas energias
superiores do Espírito. Os raios luminosos da mente orientada para o
bem incidem sobre as construções do mal, à feição de descargas

273
elétricas. E, compreendendo-se que mais ajuda aquele que mais pode, nossa
irmã Celina é a companheira ideal para o auxílio desta hora. (Grifos nossos).

0 "potencial de radiação" de cada mente incide sobre as construções do mal


à feição de "descargas elétricas".
Conseqüentemente, o Homem Encarnado é comparável aos aparelhos eletro-
magnéticos utilizados pela Espiritualidade Superior no combate à poluição mental.
Emite forças eletromagnéticas como "descargas elétricas", podendo atuar na destrui-
ção dos resíduos mentais existentes nos ambientes, desintegrar fluidos doentios aderi-
dos à organização perispiritual de entidades sofredoras, desfazer as ligações telepáti-
cas com bases obsessivas e ir um pouco mais além. Por ser de natureza idêntica a da
mente enferma, pode, da mesma forma atendê-la por atração magnética, vibratória e
amorosa, doando-lhe irradiações luminosas, magnetizando-a, doutrinando-a.

10.5) A CORRENTE MENTO-ELETROMAGNÉTICA

A Corrente Magnética Desobsessiva nada mais é que uma bateria que emite
força eletromagnética, onde o aparelho emissor é representado pela mente
mediúnica.
Pode, pois, evitar ações de ataque aos Centros Espíritas planejadas por en-
tidades grosseiras, e beneficiá-las, atraindo-as e drenando os fluidos de baixo teor
aderidos à sua organização perispiritual, agindo por ressonância vibratória em
seus campos mentais, doutrinando-as.
Igualmente, pode atuar na destruição de resíduos mentais existentes nos am-
bientes das instituições assistenciais, bem como nos lares dos pacientes em trata-
mento, além de interromper as emissões telepáticas de baixo teor, sempre presen-
tes nas interações obsessivas.
Constitui um dos métodos desobsessivos de amplo espectro de ação, contri-
buindo efetivamente no combate à Poluição Mental, não só evitando o contágio,
como possibilitando o tratamento das mentes enfermas [encarnadas e
desencarnadas] envolvidas em desequilíbrios vibratórios, que, em essência, são
responsáveis por inúmeras doenças do corpo e da alma.
Visando confirmar estas afirmações, vamos destacar, dos textos anteriores,
pequenos trechos, correlacionando-os com a desobsessão por Corrente Magnética:

1 - "Um homem encarnado é um gerador de força eletromagnética."

Vários homens encarnados unidos em um mesmo pensamento, fortalecidos


pela vontade e intenção coletiva, passam a ser um Grande Gerador de Força
Eletromagnética, ou uma Bateria Mento-Eletromagnética de expressivo poder.

274
2 - "Os veículos físicos apareciam quais se fossem correntes eletro-
magnéticas em elevada tensão."

Esta imagem corresponde exatamente ao que ocorre durante a formação da


Corrente Mento-Eletromagnética. Os veículos físicos dos médiuns assemelham-
se à corrente eletromagnética de elevadíssima tensão, onde a mente de cada inte-
grante emite determinado potencial de radiação.

3 - "Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de


relativo poder."

A prece é o fator determinante em todas as ações da Corrente Magnética


Desobsessiva. Os médiuns, durante as preces individuais ou coletivas, emitem
forças eletromagnéticas, que são direcionadas em benefícios de encarnados e
desencarnados, bem como aos ambientes de onde procedem ou vivem.

4 - "Os raios luminosos da mente orientada para o bem incidem so-


bre as construções do mal, à feição de descargas elétricas."

Os médiuns que integram a corrente desobsessiva emitem trilhões de raios


luminosos, que são orientados pela vontade e atenção de cada um, atendendo às
sugestões do dirigente. Estes raios, à feição de poderosíssimas descargas elétri-
cas, incidem sobre as construções fluídicas e mentais, criadas e mantidas por
espíritos enfermos (encarnados e desencarnados).

5 - "As entidades da sombra experimentam choques de vulto, em


contacto com as vibrações luminosas!...]."

Os trilhões de raios luminosos emitidos pela Corrente Desobsessiva são igual-


mente raios elétricos de choque, à semelhança dos emitidos por certos aparelhos
geradores de energia eletromagnética.
As entidades sofredoras que são atraídas, ao se ligarem aos médiuns ou às
diferentes faixas magnéticas da corrente, experimentam igualmente choques de
vulto. É o chamado Choque Anímico, conjunto do Choque Fluídico e Mental.

6 - É que, em tais momentos, o homem recebe "certa quantidade de força


mental" em seu campo de pensamento, como o fio recebe a "carga
de eletricidade positiva".

No momento em que ocorre o Choque Anímico, as entidades em atendimen-


to passam a absorver, graças ao organismo perispiritual, as formas mentais emiti-
das pelos médiuns ou pela equipe espiritual. A absorção de "certa quantidade de
força mental" de cunho superior atua no campo de seus pensamentos, renovando-
lhes o modo de sentir e de ser.

275
7 - "Emitiam forças elétricas de expulsão num raio de cinco metros
de largura, aproximadamente, circulando toda a casa."

O raio de ação da Corrente Magnética Desobsessiva é muito maior que os


cinco metros alcançados pelos aparelhos de defesa no plano espiritual.
As diferentes faixas magnéticas da corrente, a exprimirem diversas densida-
des de energia circulante, alcançam raios de muito maior amplitude, emitindo não
só forças mento-eletromagnéticas de expulsão, mas também de atração, de ab-
sorção, devido aos quatro momentos ou fases em que se desenvolvem.

8 - "Como você não ignora, as descargas elétricas do átomo etérico,


em nossa esfera de ação, ensejam realizações quase inconcebí-
veis à mente humana."

A Corrente Desobsessiva é igualmente um desintegrador etérico de relativo


poder. Pela presença das emissões mentais, e em virtude da circulação de partí-
culas ou fluidos oriundos dos diferentes corpos ou campos energéticos, que inte-
gram a constituição fisio-psíquica de cada médium.
Dentre as partículas circulantes, estão presentes as que têm origem no duplo
etérico ou corpo vital do médium, possibilitando inúmeras realizações em prol dos
nossos irmãos em sofrimento.

9 - "O trabalho dos desintegradores etéricos, [...] evita o apareci-


mento das tempestades magnéticas que surgem, sempre, quan-
do os resíduos inferiores de matéria mental se amontoam ex-
cessivamente no plano."

A Corrente Magnética, como um desintegrador etérico, pode auxiliar, sobre-


maneira, no combate às tempestades magnéticas, oriundas do acúmulo excessivo
de matéria mental inferior, seja no recinto dos templos espíritas, nos ambientes
domiciliares dos pacientes encarnados ou em regiões situadas no plano espiritual.
Por outro lado, da mesma forma que o acúmulo de resíduos inferiores de matéria
mental pode gerar tempestades magnéticas, o acúmulo de emissões salutares de ma-
téria mental superior poderá gerar as chuvas ou duchas magnéticas, que, ao serem
direcionadas, irão atuar como farpas ou chispas elétricas ou raios de choques fulmi-
nantes, capazes de destruir toda e qualquer construção fluídico-mental inferior.

10 - "Porquanto as descargas elétricas da Natureza, sobre o chão


denso, são menos precisas no que se refere à orientação técni-
ca de ordem invisível. Observava-se, ali o contrário: a tormen-
ta de fogo ia começar, metódica e mecanicamente."

A Corrente Mento-eletromagnética é o emprego da energia mental de forma


metódica, mecânica, amorosa, seguindo orientação técnica plenamente desenvolvida

276
e comprovada, na prática e na teoria. Daí a sua alta precisão diferir de outras
atividades mediúnicas e vibratórias, pela forma consciente e objetiva que caracte-
riza a sua atuação.

11 - "Somos obrigados, depois de cada sessão, a minuciosas ativida-


des de limpeza. Como sabem, os pensamentos exercem vigoro-
so contágio [...]."

A Corrente Magnética Desobsessiva é extremamente útil no que se refere


ao processo de minuciosa limpeza, que, ao final de cada sessão, os Bons Espíritos
desenvolvem, procurando evitar possíveis contágios vibratórios.
Esta é a razão, porque, tanto no início, como ao final dos trabalhos de
desobsessão por corrente, todos os esforços se voltam para a limpeza psíquica
dos diversos ambientes do grupo espírita, além do cuidado necessário com cada
individualidade mediúnica. Evita-se, com este procedimento, qualquer contágio
inferior, seja antes, durante ou após a atividade, além é claro, de contribuir com os
esforços da espiritualidade em relação aos pacientes, assistentes, freqüentadores,
etc, que geram certos princípios destruidores ou dissolventes.

12 - "Observem os grandes núcleos pardacentos ou completamente obs-


curos!... São formas de matéria mental inferior, matéria que é expelida
incessantemente por certa classe de pessoas. Se demorarmos em
nossas investigações, veremos igualmente os monstros que se mos-
tram nos passos das criaturas, atraídos por elas mesmas ..."

A salutar corrente fluídica ou vibratória, ao ser direcionada na fase de Emissão


para os pacientes encarnados e desencarnados, bem como para os ambientes, atua
como descarga elétrica sobre a matéria mental inferior que é expelida incessantemente
por estes enfermos. Imediatamente após, na fase de Recepção, pode-se atrair os espí-
ritos que se arrastam ou ajudam a manter estas emissões em conjugações obsessivas.
Por igual mecanismo, nos pacientes encarnados que recebem o passe espíri-
ta, o magnetismo humano-espiritual, emitido e absorvido, desintegra as formas
fluídicas e mentais de suas auras, e automaticamente as entidades infelizes a eles
ligadas são atraídas pela ação mental desenvolvida pelos médiuns, em conjunto
com os mentores. Ao passarem, ligarem-se ou mergulharem nos fluidos da Cor-
rente Magnética, recebem o choque anímico, a magnetização mental, à semelhan-
ça de limalhas de ferro quando são atraídas e induzidas por um ímã.

13 - "O homem quando ora traz consigo inalienável couraça."


"E por esta mesma razão, ensinamos a necessidade de fé religi-
osa entre as criaturas humanas."

277
"Todos precisamos saber emitir e saber receber."

Desnecessário repetir que estes preceitos são fundamentais em todas as ações


da Corrente Magnética Desobsessiva. Sem oração, sem fé e sem que saibamos
emitir e receber, nada realizaremos.

10.6) CONCLUSÃO

Ratificando os enunciados e considerações acima, gostaríamos ainda de trans-


crever a parte final da mensagem do Espírito Aniceto que iniciou este capítulo:

Quem, pois, na Terra dos encarnados, faz uma prece sincera ou pratica
um ato de amor, acende um clarão nas Trevas; e quem ora e vigia, ligado
em pensamento às regiões mais altas, funciona como usina viva, a abas-
tecer, nas linhas de frente do grande combate, os soldados de Jesus, que
avançam no meio dos destroços, para as tarefas da salvação e da graça.
Vede, pois, queridos companheiros, que, além de todos os misteres que
possais considerar objetivamente vossos, está o apoio logístico indispensá-
vel, precioso e sublime, que dais aos emissários do Cristo que operam no
Mundo em nome de Deus.
Perseverai nos vossos esforços, porquanto a gratidão dos trabalhadores
da Verdade vos acompanhará a trajetória, com preces e ternuras de muita
dedicação.
É chegado o momento em que todo bem, por menor que pareça, deve
ser obra de cooperação de alma a alma, de coração a coração, porque,
quando as sombras cobrem aparentemente a visão do Céu, as estrelas pa-
recem unir-se, no infinito, em Constelações luminosas e divinas. (Correio
Entre Dois Mundos, p.125). (Grifos nossos).

É também do lápis seguro e inspirado de Hernâni T. Sant'anna (Notações


De Um Aprendiz, pi 24) que vem o resumo, a síntese e as nossas palavras
finais:

Como se observa, caríssimo leitor, os técnicos terrestres começam a


preocupar-se seriamente com os efeitos físicos visíveis e audíveis dos fe-
nômenos da interferência eletromagnética. Nós, porém, estudantes atentos
da Doutrina Espírita, estamos muito mais preocupados com os fenômenos
da interferência eletromagnética de natureza mental, responsáveis por essa
terrível epidemia de obsessões que assola multidões de pessoas em todos
os quadrantes do mundo. O pensamento é, na verdade, a mais podero-
sa das usinas geradoras de força eletromagnética, naturalmente captável

278
pelas outras mentes, em especial por aquelas às quais se dirige, podendo
causar perturbações psíquicas sutis, porém devastadoras.
É claro que também existem as interferências benfazejas, que provêm
de fontes emissoras sublimadas da Espiritualidade Superior, e até mesmo
das vibrações mentais de amor que alguém emite. Mas as interferências
que perturbam e prejudicam são as dos pensamentos desordenados ou infe-
lizes, sempre que sua carga destruidora não seja detida ou transformada
pelos antídotos eficazes da vigilância e da oração. (Grifos nossos).

Pedi e dar-se-vos-á; procurai e achareis; batei


e abrir-se-vos-á (Mateus, 7:7-8).

279
CAPÍTULO XI

DESOBSESSÃO POR CORRENTE MAGNÉTICA


E
AÇÃO DOS ESPÍRITOS SUPERIORES

Se nem credes quando vos falo de coisas da


terra, como haveis de crer, quando vos falar de coisas
do céu? (João, 3:12-13).
Reside no plano espiritual e na participação dos servidores da Pátria Maior o
trabalho principal de triagem, tratamento, encaminhamento, auxílio, etc., dos espí-
ritos sofredores ou pacientes encarnados que são atendidos na desobsessão por
corrente mento-eletromagnética.
Se analisássemos os esforços da equipe terrena e da espiritual, veríamos que
pouco realizamos, em comparação à dedicação, empenho, cuidado e responsabi-
lidade de todos eles.
A ação, no tocante à Corrente Magnética, pouco difere das realizações que
os espíritos rotineiramente desenvolvem em outras atividades mediúnicas, como
por exemplo, a desobsessão por doutrinação verbal. O que muda muitas vezes é o
número de servidores, o emprego desta ou daquela técnica, desta ou de outra
iniciativa, em razão da especialidade, finalidades e objetivos do método
desobsessivo. Os princípios e a essência, no entanto, de todas as tarefas por eles
nobremente executadas, permanecem os mesmos.

11.1) A EQUIPE ESPIRITUAL

Para descrever este e outros aspectos pertinentes ao tema em desenvolvi-


mento, escolhemos determinados trechos da mensagem do Espírito Efigênio S.
Vitor, constante no livro Instruções Psicofônicas (lição 31). A escolha se deve
não só pela simplicidade e objetividade da mensagem, mas também, porque o
Espírito comunicante foi, durante a sua última encarnação, um ativo e dedicado
trabalhador da Seara Espírita, trazendo, graças à sua experiência, respostas pre-
cisas às nossas mais singelas perguntas em relação à participação da Espiritualidade
nas atividades mediúnicas.

Espírita militante que fui, muitas vezes, dirigindo sessões mediúnicas,


desejei que algum dos companheiros desencarnados me trouxesse notícias
do Além, tão precisas e claras quanto possível, a começar do ambiente das
reuniões que eu presidia ou das quais partilhava.
Desembaraçado agora do corpo físico, não obstante carregar ainda mui-
tas velhas imperfeições morais, tentarei comentar nossa paisagem de servi-
ço, no intuito de fortalecê-los na edificação que fomos chamados a levantar.
Como não ignoram, operamos aqui em bases de matéria noutra modali-
dade vibratória.
Por mercê de Deus, possuímos nossa sede de trabalho em cidade espiri-
tual que se localiza nas regiões superiores da Terra ou, mais propriamente,
nas regiões inferiores do céu.
Gradativamente, a Humanidade compreenderá, com dados científicos e
positivos, que há no Planeta outras faixas de vida[...].
Qual ocorre aos demais santuários de nossa fé, orientados pelo
devotamento ao bem, junto aos quais o Plano Superior mantém operosas e

283
abnegadas equipes de assistência, nossa casa, consagrada à Espiritualidade,
é hoje um pequeno mas expressivo posto de auxílio, erigido à feição de
pronto-socorro.
Com a supervisão e cooperação de vasto corpo de colaboradores em
que se integram médicos e religiosos, inclusive sacerdotes católicos, minis-
tros evangélicos e médiuns espíritas já desencarnados, além de
magnetizadores, enfermeiros, guardas e padioleiros, temos aqui diversificadas
tarefas de natureza permanente. (Instruções Psicofônicas, 4. ed., p.145).

Geralmente, os grupos espíritas estão ligados a determinadas organizações


situadas em Colônias ou Postos do plano espiritua!. Somos na verdade uma das
peças de uma engrenagem, bem mais ampla, que serve em nome do Cristo.
Em relação à desobsessão por Corrente Magnética, isto nos c muito impor-
tante. Devido ao grande número de entidades socorridas, a interligação entre os
dois planos e a dinâmica de encaminhamento tornam-se fundamentais. Várias
entidades, após o tratamento, permanecem nos ambientes dos Centros Espíritas,
mas, a grande maioria é recolhida aos hospitais, localizados em Postos ou Colôni-
as Espirituais que, por sua vez, são construídos "nas regiões inferiores do céu."
Antes, durante e após as ações mento-eletromagnéticas da corrente de
força, toda a equipe espiritual, notadamente os magnetizadores, enfermeiros,
médicos, padioleiros e guardas, atua incansavelmente, cada um em sua função
específica, em regime de especialização e hierarquia, mediada por um comando
superior.
Um dos grandes auxiliares é o grupo dos padioleiros, porque inúmeros espíri-
tos, ao receberem os raios de choques emitidos pela corrente, reagem como um
homem comum ao receber um eletrochoque. Perdem os sentidos, apresentam
convulsões, expelem fluidos malsãos ou matéria tóxica mental, podendo entrar em
sono magnético ou em visão panorâmica dos próprios atos referentes à última
encarnação. Podem, por estas manifestações, cair, logo após o término das pas-
sagens ou mergulho, nos fluidos benfazejos da Corrente Magnética. É neste
momento que os padioleiros entram em ação, amparando-os c localizando-os em
ambientes previamente preparados.

11.1.1) As Faixas Magnéticas Protetoras

Nossa reunião está garantida por três faixas magnéticas protetoras.


A primeira guarda a assembléia constituída e aqueles desencarnados
que se lhes conjugam a tarefa da noite.
A segunda faixa encerra um círculo maior, no qual se aglomeram algu-
mas dezenas de companheiros daqui, ainda em posição de necessidade, à
cata de socorro e esclarecimento.
A terceira, mais vasta, circunda o edifício, com a vigilância de sentine-
las eficientes, porque, além dela, temos uma turba compacta - a turba dos

284
irmãos que ainda não podem partilhar, de maneira mais íntima, o nosso es-
forço no aprendizado evangélico. Essa multidão assemelha-se à que vemos,
freqüentemente, diante dos templos católicos, espíritas ou protestantes com
incapacidade provisória de participação no culto da fé.
Bem junto à direção de nossas atividades, está reunida grande parte da
equipe de funcionários espirituais que nos preservam as linhas magnéticas
defensivas.
A frente da mesa orientadora, congregam-se os companheiros em luta a
que nos referimos.
E em contraposição com a porta de acesso ao recinto, dispomos em
ação de dois gabinetes, com leitos de socorro, nos quais se alonga o serviço
assistencial.
Entre os dois, instala-se grande rede eletrônica de contenção, destinada
ao amparo e controle dos desencarnados rebeldes ou recalcitrantes, rede
essa que é um exemplar das muitas que, da vida espiritual, inspiraram a
medicina moderna no tratamento pelo eletrochoque. {Instruções
Psicofônicas, 4. ed., p.147). (Grifos nossos).

Na desobsessão por Corrente Magnética, vamos encontrar não só as três


faixas magnéticas protetoras mencionadas, mas inúmeras outras. A própria cor-
rente é um conjunto de faixas magnéticas, compreendida como diferentes densi-
dades fluídicas.
A primeira grande faixa guarda todos os servidores encarnados e desencarna-
dos. Aqui se acumula o enorme manancial mento-eletromagnético da corrente.
A segunda, encerra o grande número de entidades que serão atendidas, pre-
viamente triadas e subdivididas, conforme a natureza íntima de suas intenções e
problemas. Estas subdivisões são realizadas por faixas magnéticas menores, faci-
litando enormemente os atendimentos. Geralmente, no momento das passagens,
na fase de recepção, estas faixas de contenção são liberadas e falanges ou gru-
pos afins são atraídos pelas ações fluídicas e vibratórias da corrente, possibilitan-
do a magnetização mental e a ideoplastia comum, induzida pelos médiuns e for-
mada pelos espíritos colaboradores. Esta iniciativa evita dispêndio energético e
propicia a rapidez da ação terapêutica, em virtude das emissões fluídicas, men-
tais, estarem ajustadas às necessidades dos espíritos sofredores, desde o campo
freqüencial, até à doutrinação mental.
A terceira é a mais vasta, protegendo toda a casa, com a vigilância de senti-
nelas eficientes, evitando que a turba compacta e inconseqüente de espíritos ve-
nham invadir o ambiente consagrado ao socorro espiritual, destruindo ou alteran-
do as possibilidades de atendimento.
Os trabalhos de desobsessão por Cadeia Mento-Eletromagnética como toda
iniciativa superior são previamente planejados, devendo-se evitar qualquer impro-
visação. A despeito das imensas possibilidades de atendimento da corrente, não
podemos pensar que ela ofereça oportunidade de tudo socorrer. Como dirigentes,

285
não podemos direcionar as mentes dos médiuns para objetivos não propostos an-
teriormente, sob pena de alterarmos as linhas de defesa, estabelecidas pelos ser-
vidores espirituais.
Nos ambientes preparados à desobsessão por corrente, existem na dimensão
astral não só dois, mas vários gabinetes com grande número de leitos de socorro,
reservados às entidades recolhidas pelos padioleiros e que necessitam da conti-
nuidade do atendimento, prestados, na maioria das vezes, pelos médicos e enfer-
meiros espirituais.
As redes eletrônicas de contenção são igualmente utilizadas em nossos tra-
balhos desobsessivos, destinando-se ao amparo e controle de desencarnados re-
beldes ou recalcitrantes, além de servir para recolhê-los em determinados ambi-
entes físicos ou extrafísicos e localizá-los junto à corrente magnética para pos-
teriores atendimentos.
As redes eletrônicas e o emprego do eletrochoque pela medicina contempo-
rânea ajuda-nos a compreender um pouco mais a terapêutica desobsessiva por
Corrente Magnética.
A corrente nada mais é que um mento-eletrochoque, uma fluidoterapia de
alto dinamismo, baseada no emprego das forças eletromagnéticas emitidas pelo
pensamento coletivo. De forma semelhante ao uso, cada vez mais raro, do
eletrochoque na psiquiatria, e cada vez maior na cardiologia, destina-se às
disfunções mento-psíquicas, ou às arritmias e perturbações do corpo perispiritual,
reajustando o mundo íntimo das personalidades em desequilíbrios, e auxiliando-as
na normalização orgânica ou perispiritual.

11.1.2) Os Preparativos Anteriores à Reunião

O Espírito André Luiz mostra no capítulo 43, do livro Os Mensageiros (17.


ed., p.224), os preparativos levados a efeito pela equipe espiritual, antes de uma
reunião, em um pequeno grupo espiritista situado em uma residência na esfera
terrestre.

Os preparativos espirituais para a reunião eram ativos e complexos.


Chegamos de regresso à residência de Dona Isabel, quando faltavam
poucos minutos para as dezoito horas e já o salão estava repleto de traba-
lhadores em movimento. [...].
Continuei reparando as laboriosas atividades de alguns irmãos que di-
vidiam a sala, de modo singular, utilizando longas faixas fluídicas. Aniceto
veio em socorro da minha perplexidade, explicando, atencioso:
- Estes amigos estão promovendo a obra de preservação e vigilância. Serão
trazidas aos trabalhos de hoje algumas dezenas de sofredores e torna-se im-
prescindível limitar-lhes a zona de influenciação neste templo familiar. Para
isso, nossos companheiros preparam as necessárias divisões magnéticas.

286
Observei, admirado, que eles magnetizavam o próprio ar.
Nosso instrutor, porém, informou, gentil:
- Não se impressione, André. Em nossos serviços, o magnetismo é for-
ça preponderante. Somos compelidos a movimentá-lo em grande escala.
E, sorrindo, concluiu:
- Já os sacerdotes do antigo Egito não ignoravam que, para atingir de-
terminados efeitos, é indispensável impregnar a atmosfera de elementos
espirituais, saturando-a de valores positivos da nossa vontade. Para disse-
minar as luzes evangélicas aos desencarnados, são precisas providências
variadas e complexas, sem o que, tudo redundaria em aumento de perturba-
ções. Este núcleo é pequenino, considerado do ponto de vista material, mas
apresenta grande significação para nós outros. E' preciso vigiar, não o es-
queçamos. (Os Mensageiros, p.224-225).

Quase duas horas antes do início da reunião, os servidores desencarnados já


estão atuando através de inúmeras providências. Participação ativa e complexa,
toda ela baseada no magnetismo que é "força preponderante", sendo utilizado
"em grande escala".
Na desobsessão por Corrente Magnética o emprego do magnetismo é enor-
me, seja antes, durante ou mesmo após os trabalhos.
Novamente, pudemos notar as faixas ou campos magnéticos que limitam a
zona de influenciação dos sofredores desencarnados. Estas faixas, além de deli-
mitar, permitem a localização em regime de atração por semelhança vibratória,
das diferentes falanges trazidas ao trabalho, facilitando todo o entendimento como
já descrevemos.
A magnetização do ar tem várias implicações práticas, dentre elas, a possibi-
lidade dos médiuns absorverem fluidos, recompondo-se ou adequando-se para a
continuidade dos trabalhos, utilizando-se, para este fim, de pequenos exercícios
respiratórios realizados com maior cuidado na fase de Absorção.
A obra de preservação e vigilância, executada pelo Plano Maior, deve e pode
ser secundada pela equipe encarnada através de atitudes simples, que vão, desde
a limpeza, organização e disciplina dos ambientes destinados à desobsessão, pas-
sando pelo controle, disciplina e sublimação de atitudes, palavras e pensamentos,
chegando até à cooperação direta, seja pela prece ou vibração, com emprego dos
recursos mentais, visando impregnar, juntamente com a espiritualidade, a atmos-
fera de elementos espirituais, saturando-a de valores positivos, criando campos
magnéticos de contenção, tratamento e vigilância.

11.2) OS DESENCARNADOS SOFREDORES

Ao irmão necessitado de ambos os planos da vida se destinam invariavel-


mente as atividades de desobsessão. Assisti-lo convenientemente, voltando todos
os esforços para a sua recuperação psíquica, é dever dos servidores encarnados

287
e desencarnados que se dedicam a auxiliá-lo, seja pelo emprego de recursos ver-
bais, mentais, fluídicos ou magnéticos.
A visão de suas necessidades, porém, nem sempre nos é clara, principalmen-
te em relação aos espíritos sofredores. Esquecemos por vezes que as assembléi-
as de "coxos e estropiados" nos cercam, rogando-nos auxílio imediato, de forma
silenciosa para os nossos sentidos, mas intensa para aqueles que se sintonizam
com suas dores.

Á este respeito afirma André Luiz:

Se fosse concedida à criatura vulgar uma vista de olhos, ainda que ligei-
ra, sobre uma assembléia de espíritos desencarnados, em perturbação e
sofrimento, muito se lhes modificariam as atitudes na vida normal. Nessa
afirmativa, devemos incluir, igualmente, a maioria dos próprios espiritistas,
que freqüentam as reuniões doutrinárias, alheios ao esforço auto-educativo,
guardando da espiritualidade uma vaga idéia, na preocupação de atender ao
egoísmo habitual. O quadro de retificações individuais, após a morte do
corpo, é tão extenso e variado que não encontramos palavras para definir a
imensa surpresa. (Os Mensageiros, 17. ed., p.226).

Na desobsessão por Corrente Magnética, estas assembléias são formadas


de centenas de espíritos, dada as possibilidades de atendimento, exigindo de todos
os trabalhadores a conscientização íntima, a modificação real de atitudes pelo
esforço auto-educativo.

11.2.1) Visualizando a Assembléia de Sofredores

A uma ordem de um dos superiores daquele templo doméstico, es-


palharam-se os vigilantes, em derredor da moradia singela. Nos menores
detalhes, estava a nobre supervisão dos benfeitores. Em tudo a ordem, o
serviço e a simplicidade.
Logo após alguns minutos além das dezoito horas, começaram a chegar
os necessitados da esfera invisível ao homem comum. [...].
Aqueles rostos esqueléticos causavam compaixão. Chegavam ao recin-
to aquelas entidades perturbadas, em pequenos magotes, seguidas de
orientadores fraternais. Pareciam cadáveres erguidos do leito de morte.
Alguns se locomoviam com grande dificuldade. Tínhamos diante dos olhos
uma autêntica reunião de "coxos e estropiados", segundo o símbolo evan-
gélico.
- Em maioria - esclareceu Aniceto - são irmãos abatidos e amargu-
rados, que desejam a renovação sem saber como iniciar a tarefa. Aqui,
poderemos observar apenas sofredores dessa natureza, porque o santuário

288
familiar de Isidoro e Isabel não está preparado para receber entidades
deliberadamente perversas. Cada agrupamento tem seus fins. (André Luiz,
Os Mensageiros, p.226). (Grifo Original).

Em tudo existe a supervisão e cuidado dos servidores da Pátria Maior. Nos


menores detalhes, com simplicidade e carinho, eles se fazem presentes, velando,
instruindo e protegendo.
Segundo o texto, as entidades necessitadas iam chegando ao grupo espírita,
situado na casa de Isabel, em "pequenos magotes" orientados por servidores fra-
ternais. Estes sofredores, porém, são previamente triados, porque cada agrupa-
mento tem seus fins próprios. No caso em estudo, destinavam-se àqueles que já
desejavam a própria renovação espiritual.
Transpondo esta informação para os trabalhos de desobsessão por Corrente
Magnética, devemos reconhecer que o cuidado da equipe espiritual com o enca-
minhamento dos sofredores a serem atendidos é ainda maior. À medida que a
própria instituição for se preparando e organizando-se, o número e a diversidade
dos doentes espirituais irão crescer, exigindo disciplina, vigilância e o melhor pre-
paro dos servidores encarnados.
A existência da Triagem ou Conversação Fraterna facilita a ação das equi-
pes de Além-Túmulo, porque, neste momento, os benfeitores, além de realizarem
a avaliação dos doentes físicos, fazem também a anamnese dos obsessores ou
obsidiados, localizando, selecionando e preparando, desde já, para a assistência
desobsessiva, segundo a necessidade dos sofredores de ambos os planos da vida
e a destinação, preparo e condição de atendimento da equipe de desobsessão por
corrente.
Ressalta-se de todas essas providências a importância da triagem, para evi-
tar qualquer improvisação sob qualquer ponto de vista.
Como por várias vezes afirmamos, todo o trabalho é planejado e, tanto quan-
to nos seja possível, devemos seguir este planejamento prévio, executado pela
equipe espiritual. Compete ao dirigente da corrente esta maior sintonia, para que
os atendimentos transcorram de forma adequada, metódica e eficiente.

11.2.1.1) As Divisões Especiais

Apesar do planejamento, existem entidades que são trazidas pelos encarna-


dos em tratamento sem a prévia autorização da espiritualidade, bem como, casos
que, vez por outra, são atendidos em regime de urgência, sem que haja todos os
cuidados anteriores.
Para estes casos, André Luiz, no livro já citado (Os Mensageiros, p.239),
mostra o procedimento:

"[...], agora, a assembléia estava acrescida de muitas entidades que for-


mavam o séquito perturbador da maioria dos aprendizes ali congregados.

289
Para elas, organizou-se uma divisão especial, que me pareceu constituída
por elementos de maior vigilância, visto chegarem, quase obrigatoriamente,
acompanhando os que buscavam o socorro espiritual, sem a indicação dos
orientadores em serviço nas vias públicas."

Existem, portanto, divisões especiais para as entidades não previamente


triadas. Mas, estas providências não podem ser generalizadas a título de tudo se
atender pela corrente magnética. Não podemos achar e acreditar que basta o
dirigente encarnado direcionar a mente dos médiuns para os fins desejados, para
que a tudo e a todos possam socorrer. Como diz o instrutor Aniceto: "Realizar
uma sessão de trabalhos espirituais eficiente não é coisa tão simples", e é "claro
que não podemos auxiliar atividades infantis, nesse terreno".
Devemos fugir das condutas infantis, para que não venhamos a sobrecarre-
gar os servidores encarnados e desencarnados, dificultando com isso todas as
ações terapêuticas, diminuindo as possibilidades de atendimento e êxito.

11.3) OS ARQUITETOS ESPIRITUAIS

A doutrinação mental realizada na fase de Recepção da Corrente Magnética,


quando o médium emite uma vibração igual e contrária aos estímulos fluídico-
mentais por ele percebidos, é ampliada pela projeção de imagens ou formas pen-
samentos formadas, controladas e transmitidas pelos Arquitetos Espirituais.
O Espírito Efigênio S. Vitor, também no livro Instruções Psicofônicas (4. ed.,
p.203), nos dá detalhes a respeito destes trabalhadores que são imprescindíveis às
tarefas desobsessivas por Corrente Mento-eletromagnética.

11.3.1) Centro Mental

Examinando os variados setores de nossas atividades e encarecendo o


valor da contribuição dos diversos amigos que colaboram conosco, é preci-
so salientar o esforço dos Espíritos Arquitetos em nossa equipe de traba-
lhos habituais.
Em cada reunião espírita, orientada com segurança, temo-los prestativos
e operantes, eficientes e unidos, manipulando a matéria mental necessária
à formação de quadros educativos.
Simplifiquemos o assunto, quanto seja possível, para compreendermos a
necessidade de nosso auxílio a esses obreiros silenciosos.
Aqui, como em toda parte onde tenhamos uma agremiação de pessoas
com fins determinados, existe na atmosfera ambiente um centro mental
definido, para o qual convergem todos os pensamentos, não somente nos-
sos, mas também daqueles que nos comungam as tarefas gerais.

290
Esse centro abrange vasto reservatório de plasma sutilíssimo, de que se
servem os trabalhadores a que nos referimos na extração dos recursos im-
prescindíveis à criação de formas-pensamento, constituindo entidades e pai-
sagens, telas e coisas semi-inteligentes, com vistas à transformação dos
companheiros dementados que intentamos socorrer. (Instruções
Psicofônicas, p.203).

A existência de um Centro Mental, à maneira de um vasto reservatório de


plasma sutilíssimo, do qual se servem os Arquitetos Espirituais, para, no caso da
desobsessão por Corrente Magnética, beneficiar centenas de entidades, chama-
nos a atenção, novamente, para o cuidado que devemos ter com os nossos Ambi-
entes Psíquicos e a conseqüente vigilância mental a que todo o grupo deve se
submeter, para que venhamos a doar matéria mental em condições de serem ma-
nipuladas, em favor dos companheiros dementados que buscamos igualmente au-
xiliar.

11.3.2) A Metamorfose Mental

Uma casa como a nossa será, inevitavelmente, um pouso acolhedor, abri-


gando, em nossos objetivos de confraternização, os amigos desencarnados,
enfermos e sofredores, a se desvairarem na sombra.
Para que se recuperem, é indispensável recebam o concurso de imagens
vivas sobre as impressões vagas e descontínuas a que se recolhem. E para
esse gênero de colaboração especializada são trazidos os arquitetos da Vida
Espiritual, que operam com precedência em nosso programa de obrigações,
consultando as reminiscências dos comunicantes que devam ser ampara-
dos, observando-lhes o pretérito e anotando-lhes os labirintos psicológicos,
a fim de que em nosso santuário sejam criados, temporariamente embora,
os painéis movimentados e vivos, capazes de conduzi-los à metamorfose
mental, imprescindível à vitória do bem.
É assim que, aqui dentro, em nossos horários de ação, formam-se jar-
dins, templos, fontes, hospitais, escolas, oficinas, lares e quadros outros em
que os nossos companheiros desencarnados se sintam como que tornando à
realidade pregressa, através da qual se põem mais facilmente ao encontro
de nossas palavras, sensibilizando-se nas fibras mais íntimas e favorecen-
do-nos, assim, a interferência que deve ser eficaz e proveitosa.
Delitos, dificuldades, problemas e tragédias que ficaram a distância, re-
quisitam dos nossos companheiros da ilustração espiritual muito trabalho
para que sejam devidamente revisionados, objetivando-se o amparo a todos
aqueles que nos visitam, em obediência aos planos traçados de mais alto.
É assim que as forças mento-neuro-psíquicas de nosso agrupamento são
manipuladas por nossos desenhistas, na organização de fenômenos que pos-
sam revitalizar a visão, a memória, a audição, e o tato dos Espíritos sofre-
dores, ainda em trevas mentais. (Instruções Psicofônicas, p.204).

291
No momento das passagens, a atração e fixação transitoria das entidades
provocam o envolvimento fluídico, na forma de uma toalha ou de um manto,
realizando uma verdadeira reação físico-química, afastando as emissões deletéri-
as e favorecendo uma nova tomada de consciência por parte dos sofredores. Este
conjunto de medidas leva à destruição de antigas formas pensamentos doentias,
permitindo a metamorfose vibratória pela assimilação de novas imagens, elabora-
das pelos arquitetos, baseadas em suas reminiscências, que, com antecedência,
foram amorosamente consultadas, para a interferência eficaz e proveitosa.
As forças mento-neuro-psíquicas existentes em abundância na corrente e,
naturalmente no ambiente, são manipuladas em benefício das entidades,
revitalizando-as, devolvendo em sentido superior a condição de ver, ouvir, sentir e
recordar.
O conjunto de todas essas medidas é o que denominamos de Doutrinação ou
Magnetização Mental.

11.3.3) Á Obra Assistencial

Espelhos ectoplásmicos e recursos diversos são também por eles impro-


visados, ajudando a mente dos nossos amigos encarnados, que operam na
fraseologia assistencial, dentro do Evangelho de Jesus, a fim de que se
estabeleça perfeito serviço de sintonia, entre o necessitado e nós outros.
Para isso, porém, para que a nossa ação se caracterize pela eficiência, é
necessário oferecer-lhes o melhor material de nossos pensamentos, pala-
vras, atitudes e concepções.
Toda a cautela é recomendável no esforço preparatório da reunião de
intercâmbio com os desencarnados menos felizes, porque a elas compa-
recemos, na condição de enfermeiros e instrutores, ainda mesmo quando
não tenhamos, em nosso campo de possibilidades individuais, o remédio ou
o esclarecimento indispensáveis.
Em verdade, contudo, através da oração, convertemo-nos em canais do
socorro divino, apesar da precariedade de nossos recursos, e, em vista dis-
so, é preciso haja de nossa parte muita tranqüilidade, carinho, compreensão
e amor, a fim de que a colaboração dos nossos companheiros arquitetos
encontre em nós base segura para a formação dos quadros de que nos
utilizamos na obra assistencial. (Instruções Psicofônicas, p.205).

A fraseologia assistencial empregada na desobsessão por corrente destina-


se, tão somente, a orientar o campo vibracional dos médiuns, para que as doa-
ções mentais sustentadas pela vontade consciente atuem em benefício dos de-
sencarnados infelizes. Os médiuns são, além de enfermeiros e instrutores, tam-
bém, doutrinadores a sustentarem, transitoriamente, irmãos em busca de diretri-
zes e renovações espirituais. A oração cultivada com seriedade, humildade e
simplicidade é a porta a nos transformar em canais de socorro, peças úteis de

292
uma engrenagem maior, onde os arquitetos espirituais ocupam posição de priori-
dade e destaque.
Mais do que nunca, neste método desobsessivo, toda a equipe encarnada é a
base, a mesa cirúrgica, a dar condições seguras para a atuação dos trabalhadores
da grande obra assistencial erguida no mundo em nome do Pai. Tranqüilidade,
carinho, compreensão e amor representam condutas que não devemos e não po-
demos deixar de expressar e cultivar.

11.4) OS APARELHOS UTILIZADOS PELA EQUIPE ESPIRITUAL

Na mensagem que acabamos de estudar, o Espírito comunicante fala-nos a


respeito do emprego dos espelhos ectoplasmáticos e de vários outros recursos
utilizados, com o fim de auxiliar a ação terapêutica e assistencial, desenvolvida
em nossas atividades desobsessivas.
Durante anos, ouvimos, por inúmeros médiuns, descrição de aparelhos em-
pregados pela equipe espiritual no desenrolar dos trabalhos de desobsessão por
Corrente Magnética.
Na literatura espírita, encontramos a descrição de vários desses aparelhos,
confirmando o que a experiência diária já nos havia revelado. Porém, existem
outros recursos igualmente por eles empregados que ainda não nos foi possível o
mesmo procedimento. Aguardando o tempo, descreveremos aqui somente os apa-
relhos que a literatura já menciona e que, rotineiramente, são utilizados na
desobsessão por corrente.
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda, em seu elucidativo Grilhões Par-
tidos (3. ed., p.182), descreve alguns desses aparelhos de uso freqüente, mos-
trando-nos a complexidade e os cuidados tomados pela espiritualidade durante as
nossas reuniões.

11.4.1) Aparelhos Para Assepsia

Aparelhagem especializada para a assepsia psíquica do ambiente fora


posto a funcionar, fazendo-nos lembrar os aquecedores terrestres à base de
resistências elétricas, que produziam ondas especiais de calor e simultane-
amente lâmpadas de emissão infravermelha e ultravioleta diluíam as cons-
truções mentais imperantes, vibriões resultantes das ideoplastias habituais
de alguns dos membros tanto do círculo como da enferma. (Grilhões Par-
tidos, p.182). (Grifos Originais).

11.4.2) Aparelho de Som e Imagem

Percebi delicada aparelhagem de som e imagem que era utilizada nos


dias de trabalhos normais de socorro aos desencarnados que se encarrega-

293
va de projetar os diálogos e as atividades fora dos muros de defesa da
Casa, por meio de projetores sonoros, com objetivo de despertar alguns
transeuntes da artéria em que se localizava a Sociedade. À porta, atraídos
pelo labor mediante os eficazes comentários, reuniam-se perturbadores e
enfermos desencarnados, alguns dos quais não obstante a bulha reinante e
os doestos dos mais empedernidos, se sensibilizavam, passando a meditar e
ensejando possibilidade de serem recolhidos ao recinto para posterior trata-
mento. (Grilhões Partidos, p.182).

11.4.3) Aparelho Para Percepção da Aura

O aparelho receptor de imagem dava conta de preciosas informações do


diretor espiritual, não apenas dos acontecimentos de imediata importância
como de valioso recurso utilizado para a diagnose de muitas enfermidades
dos candidatos que solicitavam orientações particulares para a saúde.
Concomitantemente, ensejava maior percepção da aura dos consulentes,
de cujo estudo decorriam as orientações para o comportamento moral e as
atividades mais compatíveis a desdobrar... (Grilhões Partidos, p.182).

11.4.4) Aparelho Para Hipnose

Engrenagens que faziam lembrar os secadores para cabelos, eram apli-


cados em operações de hipnose mais profunda, criando condicionamentos
subliminais com a fixação de imagens positivas no inconsciente atormenta-
do dos comunicantes em sofrimento, de modo a se transformarem essas
induções ideoplásticas em vindouras edificações mentais, conseguidas com
o esforço dos próprios pacientes, de verdadeiras sementes de vida, nas
paisagens turbilhonadas das mentes em tratamento. (Grilhões Partidos,
p.182). (Grifos Originais).

11.4.5) Aparelho Para Medirem a Intensidade Vibratória

Pequenas caixas, umas para medir a intensidade vibratória dos Espíritos


hospedados sob cuidados, outras para cotejo de resultados, para registro e
impressões de dados, num complexo e emaranhado mecanismo de precisão
e utilidade incontestável. (Grilhões Partidos, p.l 83).

11.4.6) Outros Aparelhos

André Luiz também descreve alguns aparelhos e recursos variados, dos quais
destacamos:

294
11.4.6.1) O Psicoscópio

- Psicoscópio? que novo engenho vem a ser esse?


- É um aparelho a que intuitivamente se referiu ilustre estudioso da
fenomenologia espirítica, em fins do século passado. Destina-se à ausculta-
ção da alma, com o poder de definir-lhe as vibrações e com capacidade
para efetuar diversas observações em torno da matéria - esclareceu Áulus,
com leve sorriso. - Esperamos esteja, mais tarde, entre os homens. Funci-
ona à base de eletricidade e magnetismo, utilizando-se de elementos radi-
antes, análogos na essência aos raios gama. (Nos Domínios da
Mediunidade, 12. ed., p.22).

11.4.6.2) Redes Luminosas Para Proteção

Os adversários gratuitos de nossa atuação não se limitaram ao vozerio


perturbador. Bolas de substância negra começaram a cair, ao nosso lado,
partindo de vários pontos do abismo de dor.
- As redes! - exclamou Zenóbia, dirigindo-se a alguns colaboradores -
estendam as redes de defesa, isolando-nos o agrupamento.
As determinações foram cumpridas rapidamente. Redes luminosas des-
dobraram-se à nossa frente, material esse especializado para o momento,
em vista da sua elevada potência magnética, porque as bolas e setas, que
nos eram atiradas, detinham-se aí, paralisadas por misteriosa força. (Obreiros
da Vida Eterna, 21. ed., p.118).

11.4.6.3) Faixas Luminosas de Salvação

Ativa, delicada, Zenóbia determinou que fossem lançadas faixas lumino-


sas de salvação ao outro lado, no propósito de retirarmos o número possível
de sofredores de tão amargurosa situação; todavia, a ordem seguiu-se de
odiosa represália. Os gênios diabólicos fizeram-se mais duros. Acorreram
míseras almas, aos magotes, buscando agarrar-se às extremidades resplan-
decentes, descidas na margem oposta, como bordos de acolhedora ponte de
luz; no entanto, multiplicaram-se golpes e pancadas. Entidades perversas,
em grande número, continham os aflitos prisioneiros, impedindo-lhes o sal-
vamento, com manifesto recrudescimento de maldade. Nosso esforço per-
sistiu por longos minutos, ao fim dos quais, observando que redundavam
inúteis, apenas favorecendo a dilatação da agressividade dos algozes, a Irmã
Zenóbia, mantendo-se em grande serenidade, determinou fosse recolhido o
material utilizado para os trabalhos de salvação. (Obreiros da Vida Eter-
na, p.132).

A desobsessão por Corrente Magnética, como método que permite o atendimen-


to a multidões de encarnados e desencarnados, não seria possível, principalmente, no

295
socorro espiritual aos irmãos sofredores, sem a participação da espiritualidade,
que encontra, em toda esta aparelhagem, a agilidade necessária para o diagnósti-
co e tratamento de múltiplos casos.
Graças ao psicoscópio, os arquitetos espirituais podem auscultar os enfer-
mos, preparando as imagens mais adequadas à doutrinação mental, desenvolvida
durante as passagens. As redes luminosas isolam e defendem os ambientes de
trabalho e as faixas servem para atrair e encaminhar mais rapidamente os espíri-
tos sofredores. Os aparelhos para hipnose podem receber os influxos mento-ele-
tromagnéticos fornecidos pela corrente, facilitando e ampliando as induções
ideoplásticas.
A aparelhagem para assepsia prepara os ambientes e auxilia a diluir e destruir
as formas pensamentos viciadas, emitidas pelas entidades e pelos encarnados.
Os aparelhos de som e imagem multiplicam as possibilidades de socorro à
distância e facilitam a doutrinação das assembléias em tratamento.
Enfim, as possibilidades são tantas que não seria viável descrevê-las
pormenorizadamente. Realçamos que os meios técnicos já existentes na pátria
espiritual, aliados à metodologia criteriosa da desobsessão por Corrente Magnéti-
ca podem tratar milhares de espíritos e beneficiar centenas de encarnados.

11.5) AS DIVERSAS CORRENTES MAGNÉTICAS FORMADAS

A Corrente Magnética é uma associação de forças fluídicas, mentais e mag-


néticas dos médiuns que a compõem, que ao mesmo tempo integra um conjunto
de outras forças advindas da atuação da equipe espiritual. Esta equipe se subdivi-
de em vários grupos, em comunhão vibratória permanente, formando um manan-
cial de energia único que é direcionado aos irmãos em sofrimento.
Estes subgrupos são outras tantas correntes magnéticas não necessariamen-
te com a formação ou disposição semelhantes à dos encarnados, mas obedecendo
aos mesmos princípios.
No livro Memórias de um Suicida (10. ed., p.149-151), o autor espiritual
narra pela médium Yvonne A. Pereira uma reunião dedicada à recuperação de
suicidas, onde as diversas correntes são minuciosamente descritas.

11.5.1) A Corrente Simpática de Atração

- Ao centro do salão destacava-se a mesa de trabalhos dos colabo-


radores encarnados. Rodeavam-na o seu presidente com a comitiva de
médiuns e afins para a corrente simpática de atração. De tosca que a notá-
ramos ao entrar, agora se tornava alvinitente, pois dos confins do Invisível
Superior despejava-se sobre ela cascata de luz resplandecente, elevando-a
ao nível de altar venerável, onde a comunhão da Fraternidade entre homens
e Espíritos se realizaria sob os divinos auspícios do Cordeiro de Deus, cujo
nome respeitável era ali invocado. (Memórias de um Suicida, p.149).

296
No caso da desobsessão por cadeia magnética, a Corrente Simpática de Atra-
ção é formada pelos médiuns e o dirigente que a integram. A diferença em rela-
ção ao relato acima é que, como já sabemos, esta disposição não se dá em torno
de uma mesa, mas nas configurações mencionadas nos capítulos passados. O
efeito, no entanto, o é o mesmo.

11.5.2) A Segunda Corrente Magnética

- Abrangendo essa primeira corrente magnética produzida pelas vibra-


ções harmoniosas dos encarnados, existia uma segunda, composta por enti-
dades translúcidas e formosas, cujas feições mal podíamos fixar, tais os
reflexos vivos que emitiam, parecendo antes silhuetas encantadas, orladas
de raios cristalinos e puros: - eram os Espíritos Guias do Centro visitado, os
protetores dos médiuns, assistentes e familiares das pessoas presentes, que,
abnegadamente, talvez desde milênios se dedicavam ao objetivo da sua re-
denção! (Memórias de um Suicida, p.150).

Esta corrente é de suma importância. Durante a fase de Expulsão e Absor-


ção da cadeia magnética formada pelos encarnados, são exatamente os espíritos
protetores dos médiuns e os orientadores do grupo espírita, os principais doadores
de energia psíquica, que auxiliam o reajuste dos medianeiros. Além dessas ações,
ainda realizam a vigilância indispensável e a contenção das entidades que se li-
gam à corrente durante a fase de Recepção.
Outro aspecto importante é a presença de familiares das pessoas presentes,
incluindo aí os dos espíritos necessitados. A vibração dessas entidades, em comu-
nhão com a dos médiuns, facilita a sintonização e atração dos sofredores, permi-
tindo a incorporação transitória, e o mergulho das entidades nos fluidos da cor-
rente. Participam igualmente da fase de doutrinação mental e muitas vezes, nes-
tes momentos, tornam-se visíveis aos espíritos em atendimento, auxiliando a recu-
peração psíquica dos doentes da alma.

11.5.3) A Terceira Corrente Magnética

"- Além desta, ocupando maior espaço no recinto e, como as duas pri-
meiras, dispostas em círculo, a super-corrente fornecida pelos visitantes e
composta, na sua totalidade, pelo pessoal especializado comissionado pelo
Departamento de Vigilância e subordinado à Seção de Relações Externas,
pessoal esse chefiado pelo nosso amigo Ramiro de Guzman." (Memórias
de um Suicida, p.150).

Da mesma forma que no plano físico, onde a corrente magnética pode assu-
mir a disposição em paralelo, longitudinal e em círculo, conforme o efeito que se

297
pretenda alcançar, no plano espiritual ocorre conduta semelhante. No caso que
estamos analisando, todas as correntes estudadas estavam dispostas em círculos.
Na terceira corrente magnética, situam-se os técnicos do plano espiritual que
atuam em diferentes situações, incluindo aí a projeção de imagens. Constitui uma
poderosíssima corrente ou uma super corrente.

11.5.4) A Quarta Corrente Magnética

Iniciaram-se, finalmente, os trabalhos sob o nome sacrossanto do Altíssimo


e a proteção solicitada do Excelso Mestre de Nazaré. Visivelmente inspira-
do pelos pensamentos vigorosos das entidades iluminadas presentes, o pre-
sidente da Casa desenvolveu ardente prece, tocante e substanciosa, a qual
predispôs nossos corações ao enternecimento e a fervoroso recolhimento.
A proporção que orava, porém, com maior vigor incidiam sobre a mesa os
arrebóis níveo-azulados emanados do Alto, quais bênçãos dadivosas
que nos levaram a imaginar lampejos do olhar caridoso de Maria norteando
seus obreiros na piedosa missão de socorro a pobres decaídos.
Supliquemos, porém, aos mentores e tutelares presentes a graça de nos
conferirem por instantes o poder da visão a distância, que neles é um dos
formosos atributos do progresso adquirido, e o qual não possuímos ainda, e
respeitosamente acompanhemos esse cascatear azulíneo que engalanou a
sede humilde da agremiação dos discípulos do grande iniciado Allan Kar-
dec, a ver se conseguiremos descobrir a sua origem...
Eis que fomos satisfeitos em nossas pretensões, sob a condição de con-
duzirmos o leitor no giro que empreendermos através das desejadas inves-
tigações... Uma vez assestado, o binóculo mágico revelou-nos que, sob as
fulgurações puríssimas que visitavam o tosco albergue, desapareceram os
limites que o encerravam no ergástulo de simples habitação terrena para
transfigurá-lo em alvo de irradiações generosas por parte dos diretores no
nosso Instituto. Víamos, refletida nas ondas pulcras daquelas dulçorosas
cintilações, a reprodução do que, no mesmo momento, se desenrolava no
gabinete secreto do Templo-santuário, onde se reuniam os responsáveis por
quantos viviam na Colônia, perante a Excelsa Diretoria da Legião. Tam-
bém esses austeros mestres, portanto, estão presentes à reunião
onde nos achamos, pois que os vemos: estão, como nós, reunidos em tor-
no a uma mesa augusta e alvinitente - a mesa da comunhão com o Mais
Alto -, altar venerável que testemunha todos os dias suas elevadas mani-
festações de idealistas, suas investigações profundas de cientistas
cristianizados, em torno da Criação Divina e dos graves problemas referen-
tes ao gênero humano; suas fervorosas vibrações de amor e respeito ao
Onipotente Pai e ao próximo! São doze varões, belos, nobres, cuja idade, à
primeira vista, se não poderia calcular, mas que exame mais circunstanciado

298
revelaria que bem poderia ser a que lhes fosse mais grata ao coração ou às
recordações! Das mentes graves e pensadoras, assim como dos corações
generosos, cintilas argênteas irradiam, testemunhando a grande firmeza dos
princípios virtuosos que os impulsionam! (Memórias de um Suicida, p.151).
(Grifos nossos).

Esta quarta corrente de força, ou terceira corrente formada tão somente


pelos Espíritos é, na verdade a grande fonte ou usina de energias sutis que, ao
serem moduladas e transformadas pelas outras correntes espirituais, são assimi-
ladas pela cadeia de atração constituída pelos encarnados e nas diferentes fases
em que a atuação da corrente magnética se manifesta, são enfim doadas aos
necessitados de ambos os planos da vida.
Razão de sobra tem o instrutor Áulus, no livro Nos Domínios da Mediuni-
dade, em afirmar que nas atividades assistenciais como o passe, somos simples
"elos de uma cadeia de socorro, cuja orientação reside no alto".
A Corrente Magnética dos encarnados é um pequeno elo de uma cadeia de
vibrações.
É o somatório das doações mentais e fluídicas de seus integrantes, associado
a idênticas doações da equipe espiritual, que possui nos Emissários da Vida Maior
o centro indutor e qualificador de todas as manifestações, que culminam na trans-
formação de obsidiados e obsessores.
Várias correntes magnéticas são formadas, baseando-se nos princípios men-
tais e na utilização do magnetismo. Juntamente com os serviços técnicos dos
especialistas do plano espiritual e a aparelhagem por eles utilizada, torna-se viável
a desobsessão coletiva, onde inúmeros irmãos podem alcançar a cura ou a melho-
ra de seus estados de inquietação e dor.

11.6) VISUALIZANDO O AMBIENTE DA DESOBSESSÃO

Diante dos detalhes descritos, que pouco a pouco vão compondo um quadro
abrangente e complexo, surgem perguntas novas, dentre elas, a dúvida a respeito
de como se acomodam em ambientes materiais tão pequenos, tantas entidades a
serem atendidas, além da equipe espiritual subdividida em várias correntes mag-
néticas e em atribuições diversas.
A dificuldade de visualização dos espaços extrafísicos respondem por esse
tipo de dúvida e, não raramente, fomos chamados a explicar em que condições
permanecem os espíritos durante o desenrolar dos trabalhos.
Buscando responder, transcreveremos a respeito uma nova página do livro
Memórias de um Suicida (10. ed., p.148):

Haviam desaparecido os limites da sala de trabalhos, como se as paredes


fossem magicamente afastadas a fim de se dilatar o recinto. Em seu lugar

299
víamos tribunas circulares, com feição de arquibancadas. Dir-se-ia anfite-
atro para acadêmicos. Nossos guias vigilantes indicaram as arquibancadas e os
lugares a nós reservados. Obedecemos sem relutância, enquanto os infelizes
companheiros, cujo estado grave dera razões ao trabalhoso recurso, eram paci-
entemente conduzidos por seus médicos assistentes e enfermeiros e colocados
no primeiro plano das arquibancadas, em local apropriado às suas condições.
Na sala já se achavam reunidos os elementos terrenos selecionados para
aquela noite, isto é, os médiuns indicados, os colaboradores homogêneos,
de boa-vontade, tomando cada um o lugar conveniente. Para estes nada
mais havia no tosco aposento além das paredes brancas e desadornadas, a
mesa que singela toalha guarnecia, livros, papéis em branco, esparsos, à
altura das mãos dos médiuns, e alguns lápis. Os dotados de vidência, toda-
via, percebiam algo inusitado e fora de rotina, e comunicavam timidamente
a seus pares, em discretas confidências, que visitas importantes do Além
honravam a Casa aquela noite, seguindo-se a descrição de alguns por-
menores, como a presença da milícia de lanceiros, dos médicos com seus
aventais e emblemas e enfermeiros azafamados, no que, em verdade, não
eram acreditados, pois, ainda no primeiro decênio deste século, mesmo muitos
dos espíritas mais convictos sentiam dificuldade em aceitar a possibilidade
de existir no Espaço necessidade de militares em ação, de enfermeiros e
médicos desdobrando os misteres de sua magna ciência em torno de enfer-
mos desencarnados... (Grifos Originais). (Negritos nossos).

Como podemos notar, a dúvida referida não procede, porque os nossos limi-
tes físicos não correspondem aos limites da dimensão espiritual. Os ambientes
são preparados com antecedência, não só nos seus aspectos fluídicos e magnéti-
cos, mas também no sentido de localizar adequadamente cada enfermo e auxiliar
o serviço a ser prestado.
Devemos esclarecer, também, que muitos dos espíritos socorridos pela Cor-
rente Magnética são trazidos ao ambiente no momento do atendimento pelas equi-
pes de vigilância e resgate, aumentando assim as condições de auxílio.

11.7) ADVERTÊNCIAS

A pequena descrição das várias atribuições desenvolvidas pela equipe espiri-


tual nem de longe retrata as reais condições e os inúmeros trabalhos que eles
incansavelmente prestam ao nosso lado, durante a desobsessão por Corrente Mag-
nética. Todos os nossos esforços visam dar apenas uma idéia, e mostrar as nossas
responsabilidades como o último elo desta imensa cadeia de amor. Como bem
anotou o autor de Memórias de um Suicida (10. ed., p.148): "A azáfama do
plano espiritual era intensa. Quanto à parte que tocava o homem executar parecia
diminuta, conforme foi fácil observar."

300
Mas ao mesmo tempo, não podemos acreditar que são eles mágicos, possui-
dores de poções e métodos capazes de a tudo suprir e resolver. A este respeito
acrescenta Manoel P. de Miranda (Grilhões Partidos, 3. ed., p.183): "Não são
os Espíritos operosos anjos detentores do conhecimento total e da total sabedoria.
Evoluem adquirindo experiências que constituem conquistas que se incorporam
ao patrimônio de que são detentores."

Concluindo, ainda recordamos Emmanuel no seu primoroso O Consolador


(perg. 226):

Os mentores do Além poderão apontar-nos os resultados dos seus pró-


prios esforços na Terra, ou, então, aclarar os ensinos que o homem já rece-
beu através da misericórdia do Cristo e da benevolência dos seus enviados,
mas em hipótese alguma poderão afastar a alma encarnada do trabalho
que lhe compete, na curta permanência das lições do mundo.
Que dizer de um professor que decifrasse os problemas comuns para os
alunos?
Além disso, os amigos espirituais não se encontram em estado beatífico.
Suas atividades e deveres são maiores que os vossos. Seus proble-
mas novos são inúmeros e cada espírito deve buscar em si mesmo a luz
necessária à visão acertada do caminho.
Trabalhais sempre. Essa é a lei para vós outros e para nós que já nos
afastamos do âmbito limitado do círculo carnal. Esforcemo-nos constante-
mente. (Grifos nossos).

E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até


agora, e eu trabalho também (João, 5:17).

301
CAPÍTULO XII

DESOBSESSAO POR CORRENTE MAGNÉTICA


X
DESOBSESSAO POR DOUTRINAÇÃO VERBAL

Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, vos rogo,


irmãos; sede todos unânimes; não haja dissensões en-
tre vós; sede perfeitamente unidos em vosso sentir e jul-
gar. Pois fui informado, meus irmãos pela gente de Cloé
de que reinam desavenças entre vós. Refiro-me ao fato
de dizer um de vós: "Eu sou de Paulo"; outro: "Eu de Apolo";
outro ainda: "Eu sou de Cefas"; e mais outro: "Eu sou de
Cristo" (Paulo, I Coríntios,!:10-12).
Devido a desobsessão por doutrinação verbal ser bem mais conhecida nos
nossos Centros Espíritas, do que a desobsessão por Corrente Magnética, torna-se
necessária uma comparação entre os dois métodos.
No desenvolvimento da nossa pesquisa, procuramos mostrar que os princípi-
os mediúnicos, magnéticos, mentais, etc, que sustentam e possibilitam a prática
desobsessiva são inteiramente respeitados e empregados na desobsessão por Cor-
rente Magnética; o que muda, como temos insistido, são os métodos, a forma
como os empregamos em benefício de obsidiados e obsessores.
Mas, mesmo as contradições, dúvidas e divergências que surgem, ao compa-
rarmos os dois trabalhos, pertencem muito mais ao plano de superfície, do que ao de
profundidade, bastando um estudo sério e metódico para que elas se desvaneçam.
A dialética evangélica que permite o esclarecimento da entidade sofredora,
como estudamos no capítulo 4, já era empregada mesmo antes da Codificação,
existindo, de lá para cá, inúmeros livros que abordam o assunto, dentre eles -
Desobsessão, ditado pelo Espírito André Luiz aos médiuns Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira, com edição FEB. Escolhemos este livro, em sua sexta
edição, para nortear a comparação que pretendemos realizar.
Recordamos que a expressão Desobsessão por Doutrinação Verbal visa ape-
nas diferenciar o trabalho da Desobsessão por Corrente Magnética que, como
vimos, tem também doutrinação dos espíritos necessitados, somente que a faz
mentalmente, sem se utilizar dos recursos da palavra pelo diálogo evangélico.
Outro ponto importante, que desde as primeiras linhas de nossa pesquisa
temos afirmado, é que o emprego da Corrente Magnética na desobsessão não
substitui ou impossibilita a desobsessão por Doutrinação Verbal, pelo contrário,
deixamos demonstrado no capítulo 5 - Terapêutica Básica e Corrente Magnética
- que os grupos de doutrinação integram os nossos esforços assistenciais, alcan-
çando inclusive novas dimensões práticas.
Dividiremos, em dois blocos distintos, o estudo comparativo entre os méto-
dos. Na primeira parte, destacaremos as diretrizes gerais necessárias a ambos os
trabalhos. Na segunda, as possíveis divergências ou diferenças.
O livro de André Luiz que nos servirá de base possui 73 lições simples e
esclarecedoras a respeito de como se deve conduzir os trabalhos de desobsessão,
desde o preparo para a reunião, até a formação de outras equipes de trabalho.
Separaremos, pelos títulos das lições, os pontos afins e divergentes entre os méto-
dos, comentando e destacando aqueles que nos pareçam mais importantes.

12.1) DIRETRIZES GERAIS

12.1.1) A Necessidade do Estudo e Preparo do Médium

"Aprender sempre e saber mais é o lema de todo espírita que se consa-


gra aos elevados princípios que abraça." (Desobsessão, p.245).

305
Estudar é um dever do médium, mas compete aos Centros Espíritas desen-
volverem o gosto pelos estudos sérios em todos aqueles que participam de suas
ações assistenciais.
A melhor experiência que vivenciamos, em relação ao estudo e preparo dos
médiuns, é o Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita através de cursos regula-
res, geralmente trimestrais ou semestrais, mas seqüenciais e metódicos, os quais,
há mais de 30 anos, empregamos nas nossas casas. Os cursos têm por propósito
a realização das diretrizes Kardequianas constantes em Obras Póstumas (23.
ed., FEB, p.342):

"Um curso regular de Espiritismo seria professado com o fim de desen-


volver os princípios da Ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios.
Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer
adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as idéias espíritas e de desenvol-
ver grande número de médiuns. Considero esse curso como de natureza a
exercer capital influência sobre o futuro do Espiritismo e sobre suas conse-
qüências."

Estabelecemos o estudo prévio e preparatório para todos aqueles que se pro-


põem a desenvolver as faculdades medianímicas nas nossas instituições. Somen-
te após os cursos básicos e mediúnicos é que o candidato ao desenvolvimento,
inicia a parte prática propriamente dita.
Na seqüência, ao continuar os cursos e, à medida que amadurecer e adquirir
experiência, é que passa a freqüentar a Desobsessão, fazendo parte dos inúmeros
grupos que compõem a terapêutica básica.
A finalidade é formar equipes de trabalhos com médiuns realmente prepara- -
dos e esclarecidos de suas responsabilidades, e, com conhecimento de causa, das
ações que passarão a exercer em prol dos doentes encarnados e desencarnados.
Dessa forma, temos os Cursos: Noções Básicas, O Livro dos Espíritos, O
Livro dos Médiuns, A Gênese, O Céu e o Inferno, Nosso Lar, Triagem, Passe,
etc. Passo a passo os médiuns trilham o caminho do conhecimento, através de
estudos em grupo, onde a parte prática é destacada, possibilitando a educação
íntima e o treinamento para as atividades em que os medianeiros passarão a cola-
borar.

12.1.2) O Culto da Assistência

"Outro aspecto de serviço que os obreiros da desobsessão não podem


olvidar, sem prejuízo, é a assistência aos necessitados." (Desobsessão, p.241).

Consideramos a freqüência aos trabalhos assistenciais nas várias atividades


de socorro ao irmão carente, de maneira especial, às dos Postos de Assistência

306
Espírita, que buscam socorrer o irmão carente em seu local de origem, tão
importante à formação dos médiuns, quanto a assiduidade aos cursos regulares de
Doutrina Espírita.
Os participantes de nossa sociedade são orientados a freqüentar o desenvol-
vimento mediúnico e, após, a desobsessão, somente se puderem estar, ao mesmo
tempo, em um curso doutrinário e em uma atividade assistencial, caso contrário,
sugerimos esperar o momento propício, e enquanto esperam, darem a sua cota de
tempo disponível à assistência e/ou aos cursos, isto porque, a nosso ver, o socorro
aos necessitados se sobrepõe a todas as outras ações.
O que importa é, acima de tudo, preparar o médium convenientemente para
as responsabilidades que implicam a desobsessão, particularmente a desobsessão
por Corrente Magnética que atua em benefício de falanges de entidades e inúme-
ros irmãos encarnados.

12.1.3) Assiduidade - Pontualidade - Disciplina

"A desobsessão, para alcançar os objetivos libertadores e reconfortativos


a que se propõe, solicita lealdade aos compromissos assumidos."
{Desobsessão, p.219).

"Muito natural que a ausência não justificada do companheiro a três


reuniões consecutivas, seja motivo para que se lhe promova a necessária
substituição." (Desobsessão, p.219).

"Pontualidade é sempre dever, mas na desobsessão assume caráter so-


lene." (Desobsessão, p. 64).

Consideramos os apreços de André Luiz tão importantes que os colocamos


em prática, não só nos trabalhos de Desobsessão, mas em todas as atividades,
incluindo os cursos regulares.
Se desde os primeiros cursos, o futuro médium, já for conscientizado da res-
ponsabilidade e seriedade que as obrigações da seara espírita, livremente assumi-
das, pedem e necessitam, evitaremos a conduta displicente ou a lei do menor
esforço, ou ainda, a secular mania do espírito humano de deixar em segundo plano
ou postergar as obrigações pertinentes à alma.
Assiduidade, pontualidade, disciplina são termos e condutas indispensáveis ao
êxito de qualquer empreendimento. "Nenhum grupo, - esclarece Leon Denis - sem
ser submetido a uma certa disciplina, pode funcionar." (No Invisível, 14. ed., p. 111).

12.1.4) O Templo Espírita

"À medida que se nos aclara o entendimento, nas realizações de caráter


mediúnico, percebemos que as lides da desobsessão pedem o ambiente do
templo espírita para se efetivarem com segurança." (Desobsessão, p.47).

307
"No templo espírita, os instrutores desencarnados conseguem localizar
recursos avançados do plano espiritual para o socorro a obsidiados e
obsessores, razão por que, tanto quanto nos seja possível, é aí, entre as
paredes respeitáveis da nossa escola de fé viva, que nos cabe situar o mi-
nistério da desobsessão." (Desobsessão, p.47).

Por razões já conhecidas, principalmente as relacionadas no capítulo anteri-


or, a desobsessão por Corrente Magnética também pede "o ambiente do templo
espírita para se efetivarem com segurança".
Esse ambiente deve ser constantemente preparado, desde o aspecto físico,
no que concerne à limpeza e adequação das salas, quanto ao psíquico, no que se
refere à vibração.
Os inúmeros grupos que compõem a terapêutica básica e o número de encar-
nados que buscam o tratamento necessitam de várias salas, sendo que os cuida-
dos com o ambiente devem ser desenvolvidos em relação à casa como um todo, e
não só em relação a esta ou àquela dependência. Existe a necessidade, inclusive,
de se desenvolver um programa educativo que informe e peça a colaboração até
dos freqüentadores ocasionais. A simplicidade e a harmonia são patrimônios a
serem alcançados e preservados, além de serem condições básicas e iniciais do
tratamento.

"Os pensamentos divergentes se chocam e formam uma espécie de caos


fluídico, que a vontade dos invisíveis nem sempre consegue dominar." (Leon
Denis, No Invisível, 14. ed., p.97).

12.1.5) A Prece

"Sobrevindo o momento exato em que a reunião terá começo, o orien-


tador diminuirá o teor da iluminação e tomará a palavra, formulando a pre-
ce inicial." (Desobsessão, p.117).

"A oração final, proferida pelo dirigente da reunião, obedecerá à conci-


são e a simplicidade." (Desobsessão, p.197).

A desobsessão por Corrente Magnética é uma terapia toda baseada nos re-
cursos do pensamento. A oração é fator preponderante, pois, como já explicamos
e graças a ela que os médiuns irão produzir elementos-força que constituirão
emissões eletromagnéticas de relativo poder, que, somadas e integradas às cor-
rentes espirituais, formarão o manancial curativo que será doado em benefício
dos sofredores encarnados e desencarnados.
Deve e pode ser utilizada, não só no início ou no final da atividade, mas
durante todo o seu desenrolar, sempre que se fizer necessária e adequada indi-
vidualmente ou em grupo, objetivando a homogeneidade vibratória, o alívio das
308
sensações dos espíritos em atendimento, a recuperação energética dos médiuns, etc.
Ensina o instrutor Aniceto no livro Mensageiros (17. ed., p.136):

"Não há prece sem resposta. E a oração, filha do amor, não é apenas


súplica. E comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o
mais poderoso influxo magnético que conhecemos."

12.1.6) A Educação Mediúnica

"O médium psicofônico deve preparar-se dignamente para a função que exerce,
reconhecendo que não se acha dentro dela à maneira de fantoche, manobrado
integralmente ao sabor das Inteligências desencarnadas, mas sim na posição de
intérprete e enfermeiro, capaz de auxiliar, até certo ponto, na contenção e na
reeducação dos Espíritos rebeldes que recalcitram no mal, afim de que o dirigen-
te se sinta fortalecido em sua ação edificante e para que a equipe demonstre o
máximo de rendimento no trabalho assistencial." (Desobsessão, p.157).

"Não se diga que isso é impossível. Desobsessão é obra de reequilíbrio,


refazimento, nunca de agitação e teatralidade." (Desobsessão, p.161).

A educação e controle das manifestações mediúnicas, durante as diferentes


fases da Corrente Magnética, devem seguir as diretrizes de André Luiz nas vári-
as lições em que o assunto é tratado no livro Desobsessão (principalmente as
lições 25 e 26). A despeito de não haver comunicação verbal dos enfermos espi-
rituais, não se deve deixar que os impulsos naturais que ocorrem durante as pas-
sagens sejam totalmente livres, sem a contenção necessária.
Na desobsessão por Corrente Magnética, o médium mais do que nunca é o
grande auxiliar dos espíritos necessitados, não devendo fugir ao dever de contro-
lar e fiscalizar devidamente as manifestações ocorridas por seu intermédio.
No entanto, deve-se igualmente evitar o excessivo controle das manifesta-
ções, quer seja por parte dos médiuns, quer em relação à direção da corrente.
Lembramos que o exagero, tanto na liberação como na contenção, são prejudici-
ais. A naturalidade aliada à lógica, à dignidade e à harmonia do ambiente são os
parâmetros necessários para evitar atitudes não condizentes com o trabalho.

12.1.7) O Horário

"Vale esclarecer que a reunião pode terminar, antes do prazo de duas


horas, a contar da prece inicial, evitando-se exceder esse limite de tempo."
(Desobsessão, p.199).

O limite de duas horas é também ideal para todas as atividades que compõem
a terapêutica básica, incluindo as ações das diversas Correntes Magnéticas.

309
A desobsessão por corrente, em termos de atuação propriamente dita, não
necessita mais que 30 a 40 minutos. Entre o preparo, prece inicial, realização do
trabalho desobsessivo, preparo final e encerramento, geralmente se gasta de 1
hora à 1 hora e 30 minutos, sendo que o restante do tempo é utilizado na avaliação
do trabalho, no estudo dos casos em atendimento, no aperfeiçoamento da equipe
através de cursos rápidos, mas esclarecedores, na conversação construtiva, etc.
Pequenas reuniões entre os trabalhadores que atuam no passe em benefício
dos pacientes encarnados, entre os passistas da corrente, entre os médiuns
psicofônicos, etc, são também úteis para o enriquecimento e progresso de todos.
Ao final, faz-se necessária uma reunião entre os vários dirigentes dos grupos
que compõem a terapêutica básica, no caso da maioria dos trabalhos já terem sido
implantados. Reuniões de vinte a trinta minutos após o encerramento, para avali-
ação dos atendimentos, dos trabalhadores, da atividade, da direção e dos proble-
mas e dificuldades surgidas. "

12.1.8) As Reuniões de Estudos Mediúnicos

"As reuniões de estudos mediúnicos, de ordem geral, no grupo, são ne-


cessárias.
Aconselha-se-lhes o estudo metódico de "O Livro dos Médiuns", de Allan
Kardec, e todas as obras respeitáveis que se relacionem com a
mediunidade."(Desobsessão, p.229).

Estas reuniões de estudos, de ordem geral, são substituídas nos nossos Centros
pelos cursos doutrinários, onde o pensamento Kardequiano e o das obras complemen-
tares são estudados em grupo, de forma metódica, dinâmica e seqüencial.

12.1.9) As Radiações

Rogando aos companheiros reunidos vibrações de amor e tranqüilidade


para os que sofrem, o diretor do grupo, terminadas as tarefas da desobsessão
propriamente ditas, suspenderá a palavra, pelo tempo aproximado de dois a
quatro minutos, a fim de que ele mesmo e os integrantes do círculo formem
correntes mentais com as melhores idéias que sejam capazes de articular,
seja pela prece silenciosa, seja pela imaginação edificante.
Todo pensamento é onda de força criativa e os pensamentos de paz e
fraternidade, emitidos pelo grupo, constituirão adequado clima de radiações
benfazejas, facultando aos amigos espirituais presentes os recursos preci-
sos à formação de socorros diversos, em benefício dos companheiros que
integram o círculo, dos desencarnados atendidos e de irmãos outros, neces-
sitados de amparo espiritual a distância. (Desobsessão, p.179).

A desobsessão por Corrente Magnética já é o exercício pleno da assertiva


de que "todo pensamento é onda de força criativa", facultando aos amigos

310
espirituais "os recursos precisos à formação de socorros diversos". Não apenas
por 2 a 4 minutos, mas por 40 ou mais, metodicamente utilizados nas diferentes
fases [expulsão, absorção, emissão e recepção] em que se expressa.
As melhores idéias que os médiuns são capazes de formular, induzidas pela
ação do dirigente, seja através da prece ou da imaginação edificante, são as pe-
dras angulares de todo o trabalho.
As Correntes Mentais em associação humano-espiritual formam os recursos
utilizados em benefício dos encarnados e desencarnados, próximos ou distantes,
incluindo a própria equipe.
A orientação de André Luiz, no sentido do dirigente suspender a palavra
durante a formação das correntes mentais, é a mesma conduta que tomamos
durante todo o trabalho desobsessivo por Corrente Magnética, onde a palavra não
é empregada para esclarecer as entidades através do diálogo evangélico, mas
apenas para nortear, dirigir e integrar os pensamentos dos médiuns e associá-los à
emissão dos espíritos presentes, possibilitando a formação de um manancial mento-
eletromagnético a expressar a força do Pensamento Coletivo.
Se nos trabalhos de desobsessão por doutrinação direta se emprega, em de-
terminado momento, as radiações mentais em benefício dos sofredores, o que
pode então impedir o emprego por um tempo maior destes mesmos recursos, des-
de que existam meios e métodos para esse fim?
A Corrente Magnética associada à mediunidade e aos princípios da
desobsessão, como temos demonstrado, faculta os meios e representa um dos
métodos possíveis. Nenhuma orientação doutrinária ou princípio científico, filosó-
fico ou religioso é desrespeitado na adequação e no seu emprego, pelo contrário,
a nossa pesquisa tem exaustivamente comprovado a importância, a simplicidade,
a praticidade e a coerência do método.
Além desses fatores, não podemos esquecer que faz parte da Terapêutica
Básica o Trabalho de Vibração, todo estruturado nas radiações mentais dirigidas
aos pacientes e às entidades em tratamento, ampliando e fortalecendo as corren-
tes mentais, utilizadas no desenrolar da atividade desobsessiva.

12.1.10) Outros Aspectos

O preparo para a reunião - despertar, alimentação, repouso físico e mental,


prece e meditação -, a superação de impedimentos (chuva, visitas, contratempos,
etc.), a chegada e saída dos companheiros, a conversação anterior e posterior à
reunião, a ausência justificada, a leitura preparatória, os imprevistos, os comentá-
rios domésticos, as reuniões mediúnicas especiais, a visita a hospitais e enfermos,
o culto do evangelho no lar, em termos de atuação e conduta não sofrem diferen-
ciação na desobsessão por Corrente Magnética. Seguimos as ponderações de
André Luiz, da forma como está apresentada no livro que nos serve de base à
comparação proposta.

311
12.2) DIFERENÇAS

12.2.1) A Doutrinação

"O dirigente do grupo, que contará habitualmente com dois ou três assesso-
res em exercício para o trabalho do esclarecimento e do amparo reeducativo
aos sofredores desencarnados, assumirá o comando da palavra, seja falando
diretamente com os irmãos menos felizes, através dos médiuns psicofônicos,
seja indicando para isso um dos auxiliares." {Desobsessão, p.143).

Uma das principais, ou senão, a mais importante diferença entre os dois mé-
todos desobsessivos, consiste na forma pela qual a doutrinação do espírito neces-
sitado é realizada.
A eficiência de ambos os métodos é inquestionável, basta a prática e a verifica-
ção dos resultados para confirmá-la. Mas a dinâmica e as possibilidades de atendi-
mento variam enormemente. Enquanto na desobsessão por corrente é possível aten-
der, em poucos minutos, centenas de desencarnados e encarnados, na desobsessão
por doutrinação verbal, diretamente, somente 8 a 12 entidades, em uma equipe pa-
drão, que tenha de 4 a 6 médiuns psicofônicos, dando no máximo duas passividades
por reunião, conforme orienta André Luiz. Em relação aos encarnados, as condições
são menores ainda, porque a sua freqüência à reunião é limitada.
Surgem por estas razões dois grupos de irmãos bem distintos. O primeiro que
advoga a desobsessão tão somente pelo método das correntes magnéticas. O
segundo que não acha possível o socorro aos sofredores a não ser pela dialética,
nos moldes tradicionais.
Para o primeiro grupo apresentamos como argumento a nossa própria expe-
riência, que ao somar os dois métodos e aplicá-los em associação, dando a cada
um uma nova dimensão prática, tem alcançado resultados significativos.
Sem considerar a nossa vivência, que é um fato menor, não podemos deixar de
reconhecer que a desobsessão por doutrinação verbal é atividade plenamente
estruturada, e que há século vem beneficiando e, sendo o suporte de inúmeras casas
espíritas, seja na formação de médiuns e trabalhadores, seja na assistência criteriosa
aos sofredores de ambos os planos da vida. Atividade já sancionada pela experiência,
prática e ensinos dos Espíritos Superiores, que não deve ser desprezada a título de
modernidade ou entusiasmo exagerado, mas associada aos avanços naturais do co-
nhecimento e das necessidades atuais na seara desobsessiva.

Quanto ao segundo grupo, pediríamos que nos respondesse a três per-


guntas:

1 - A doutrinação verbal dos espíritos necessitados, através dos encarnados,


é uma atividade imprescindível?

312
2 - O que modifica o sofredor? As palavras utilizadas pelo doutrinador ou as
vibrações emitidas por ele?

3 - 0 pensamento, independente da palavra articulada, é ou não uma força


real atuante e criativa?

Obviamente, se perguntamos, temos o dever de responder.

12.2.1.1) Respondendo a Primeira Pergunta

André Luiz formula e responde esta questão no livro Missionários da Luz


(21.ed.,p.280):

- Porque a doutrinação em ambiente dos encarnados? - indaguei. -


Semelhante medida é uma imposição no trabalho desse teor?
- Não - explicou o instrutor -, não é um recurso imprescindível.
Temos variados agrupamentos de servidores do nosso plano, dedicados ex-
clusivamente a esse gênero de auxílio. As atividades de regeneração em
nossa colônia estão repletas de institutos consagrados à caridade fraternal,
no setor de iluminação dos transviados. Os postos de socorro e as organiza-
ções de emergência, nos diversos departamentos de nossas esferas de ação,
contam com avançados núcleos de serviço da mesma ordem. Em determi-
nados casos, porém, a cooperação do magnetismo humano pode influir mais
intensamente, em benefício dos necessitados que se encontrem cativos das
zonas de sensação, na Crosta do Mundo. Mesmo aí, contudo, a colaboração
dos amigos terrenos, embora seja apreciável, não constitui fator absoluto e
imprescindível; mas, quando é possível e útil, valemo-nos do concurso de
médiuns e doutrinadores humanos, não só para facilitar a solução desejada,
senão também para proporcionar ensinamentos vivos aos companheiros en-
volvidos na carne, despertando-lhes o coração para a espiritualidade.
O mentor fixou um sorriso e prosseguiu:
- Ajudando as entidades em desequilíbrio, ajudarão a si mesmos; dou-
trinando, acabarão igualmente doutrinados.

Façamos a análise do texto, por tópicos, facilitando o estudo:

a) "Temos variados agrupamentos de servidores do nosso plano dedi-


cados exclusivamente a esse gênero de auxílio."

A doutrinação, no ambiente dos encarnados, não é um auxílio indispensável.


Existem nas colônias, postos e organizações emergenciais do plano espiritual, vá-
rios institutos, departamentos, núcleos dedicados ao setor de iluminação dos espí-
ritos rebeldes e transviados. Setores com trabalhadores muito mais preparados

313
que os servidores encarnados e com avanços e condições bem maiores do que os
parcos recursos que possamos oferecer em nossas reuniões.
Deriva desta informação, que a doutrinação não realizada ou iniciada entre
nós, poderá ser efetivada como labor eficiente e educativo no plano espiritual.
A doutrinação mental realizada durante as fases de emissão e recepção da
Corrente Mento-Eletromagnética inicia a transformação psíquica do sofredor; dre-
nando os fluidos doentios; destruindo as imagens pensamento que se fixaram em
seu campo emocional; restituindo-lhe os sentidos e a memória; alterando-lhe o
peso específico do perispírito; remodelando-lhe a forma; permitindo enfim o con-
tato com imagens, recordações e pessoas que o influenciam; modificando o seu
modo de sentir e de ser, possibilitando uma nova tomada de consciência que lhe
permitirá a continuidade do tratamento nas organizações do plano espiritual, onde
o próprio centro espírita se inclui.

b) "Em determinados casos, porém, a cooperação do magnetismo hu-


mano pode influir mais intensamente, em benefício dos necessita-
dos que se encontram cativos das zonas de sensação, na Crosta do
Mundo."

O que a Corrente Magnética oferece, de forma mais preponderante, é justa-


mente o magnetismo humano, na forma de emissões mentais e fluídicas, a influir
intensamente em benefício dos necessitados de ambos os planos da existência,
libertando-os da escravidão aos sentidos, que inadvertidamente se deixaram fixar.
Os trilhões de raios emitidos pelos médiuns, constituindo uma salutar corrente,
alcançam os sofredores, onde estiverem, levando-lhes a cooperação magnética.

c) "Mesmo aí, contudo, a colaboração dos amigos terrenos, embora


seja apreciável, não constitui fator absoluto e imprescindível."

Nem mesmo a cooperação tão ampla prestada pela Corrente Magnética é


fator absoluto e imprescindível à assistência aos desencarnados sofredores. Po-
rém, esta terapia desobsessiva auxilia também os encarnados em desajustes psí-
quicos, onde, se a colaboração não é igualmente imprescindível, torna-se sem
dúvida nenhuma, necessária, porque diante dos mecanismos da vida "Deus assis-
te a Alma pela Alma e o Homem pelo Homem".
Além de facilitar a solução desejada de múltiplos casos, voltada para os espí-
ritos necessitados, a desobsessão por corrente socorre diretamente os encarna-
dos e trata os ambientes de origem dos doentes, proporcionando alívio, recupera-
ção e cura aos pacientes e oportunidade de despertamento para os trabalhadores
que se dedicam a beneficiar a quem sofre.

314
d) "Ajudando as entidades em desequilíbrio, ajudarão a si mesmos;
doutrinando, acabarão igualmente doutrinados."

Se uma das principais finalidades da doutrinação através da palavra é a pró-


pria evangelização dos médiuns que buscam ajudar as entidades em desequilíbrio,
na desobsessão por Corrente Magnética, estas condições e oportunidades são
maiores. Primeiramente, o contato com o paciente encarnado através da Triagem
ou Conversação Fraterna permite ao médium: ouvir, sensibilizar-se diante da dor
alheia e orientar, terminando da mesma forma por espiritualizar-se. Segundo, ao
entrar em sintonia com as entidades sofredoras durante as passagens, o médium
sente na intimidade do próprio ser todo o drama e dor do espírito, retirando, desta
percepção, lições de vida eterna que podem ser convenientemente reflexionada,
direcionando melhor os rumos de sua existência.

12.2.1.1.1) Outras Opiniões

Compartilham da opinião de André Luiz, outros autores como o Espírito Be-


zerra de Menezes e o próprio Codificador. Bezerra, no livro Dramas da Obses-
são (6. ed., p.141), ditado à médium Yvonne A. Pereira, cita e comenta os três
principais fatores que levam a permanência, pela Espiritualidade Superior, das
atividades de desobsessão no ambiente dos encarnados:

Em verdade ser-nos-ia dispensável aquela reunião. Resolveríamos, sim,


o lamentável drama espiritual, dispensando o concurso humano. Mas três
fatores existiam, poderosos, que nos animavam ao feito: - ensinamento e
aprendizado para os próprios homens, que urgentemente necessitam co-
nhecer os grandes dramas da Humanidade distendidos para o Além-Túmulo;
ensejo de progresso para os médiuns e cooperadores terrestres nos setores
da Fraternidade, que assim se habilitariam à prática de inestimável feição
da Beneficência, e mais facilidade para a conversão dos endurecidos Espí-
ritos diante do fenômeno mediúnico-espírita, cujo aspecto impressionante é
de grande importância para um desencarnado.

Allan Kardec na Revista Espírita de Janeiro de 1865 (p. 13) completa e con-
firma as diretrizes anteriores:

"Tal a razão pela qual a intervenção dos homens, muitas vezes é requerida
para a melhora e o alívio dos Espíritos sofredores, sobretudo nos casos de
obsessão. Certamente a dos bons Espíritos lhes poderia bastar, mas a cari-
dade dos homens para com seus irmãos da erraticidade é para eles próprios
um meio de avanço que Deus lhes reservou."

A desobsessão por doutrinação dos espíritos necessitados pelos encarnados,


não só não é imprescindível como seria dispensável, se não nos fosse um meio de
avanço evolutivo determinado pelas leis sábias e magnânimas de Deus.

315
Ensinamento e aprendizado, ensejo de progresso para médiuns e cooperadores
terrestres nos setores da fraternidade, e mais facilidade para a conversão dos
endurecidos espíritos diante do fenômeno mediúnico-espírita, formam a tríade que
justifica a manutenção do concurso humano. Somos dispensáveis, porém úteis.
A metodologia terapêutica das Correntes Magnéticas desobsessivas se in-
clui nas diretrizes relacionadas, mas associa de uma forma mais ampla e dinâ-
mica as nossas possibilidades de auxílio à ação absolutamente necessária da
Espiritualidade Superior. Une o que temos de bom e útil à atuação especializada
dos servidores da Pátria Maior. Esta interação permite a assistência a um uni-
verso maior de pacientes, estendendo os laços de fraternidade e os limites da
beneficência. Não apenas a alguns desencarnados, mas às falanges. Não so-
mente a entidades em condições de articular palavras, mas também as que per-
deram a forma perispiritual, ovoidizando-se. Não simplesmente a alguns encar-
nados mas a dezenas, centenas. Não meramente ao equilíbrio psíquico das ins-
tituições e da equipe desobsessiva, mas também à recuperação e tratamento
dos lares e ambiente dos doentes da alma. Não unicamente ao tratamento desta
ou daquela causa etiológica da obsessão, mas à terapia completa e possível de
todas as suas causas e conseqüências.

12.2.1.2) Respondendo a Segunda Pergunta

Nada melhor, para que a segunda questão seja respondida, do que um exem-
plo direto. Nas páginas do sempre citado Nos Domínios da Mediunidade (12.
ed., p.63-64), André Luiz descreve um doutrinador encarnado de nome Raul Silva
em serviço ativo de auxílio a um desencarnado, e comenta:

"Jactos de energia mental, partidos de Silva, alcançavam-no agora


em cheio, no tórax, como a lhe buscarem o coração."

Na seqüência:

"Raul avançou para ele, impondo-lhe as mãos, das quais jorrava lumi-
noso fluxo magnético, e convidou:
- Vamos orar!"

E finalmente, o comentário mais significativo:

"O visitante chorava.


Via-se, porém, com clareza, que não eram as palavras, a força que o
convencia, mas sim o sentimento irradiante com que eram estruturadas."
(Grifos nossos).

316
A palavra é um veículo, e não a força que convence e comove as entidades
durante a doutrinação verbal. O sentimento irradiante, o luminoso fluxo magnéti-
co e os jatos de energia mental é que alcançam, atingem e modificam a entidade
sofredora.
Exemplos que evidenciam e aclaram esta realidade não nos faltam. Neste mesmo
livro (p.81) outro atendimento semelhante é narrado, quando a médium de nome
Celina socorre um encarnado de nome Pedro, em transe mediúnico e obsessivo:

Nesse ínterim, percebendo a dificuldade para atingir o obsessor com a


palavra falada, Dona Celina, com o auxílio de nosso orientador, formulou
vibrante prece, implorando a Compaixão Divina para os infortunados com-
panheiros que ali se digladiavam inutilmente.
As frases da venerável amiga libertavam jactos de forças
luminescentes a lhe saltarem das mãos e a envolverem em sensações de
alívio os participantes do conflito.
Vimos que o perseguidor, qual se houvesse aspirado alguma substância
anestesiante, se desprendeu automaticamente da vítima, que repousou
enfim, num sono profundo e reparador.
Guardas e socorristas conduziram o obsessor semi-adormecido a um
local de emergência. (Grifos nossos).

Também no livro Nos Domínios da Mediunidade (p.37), encontramos outro


exemplo que nos mostra esta mesma ação, sendo realizada em torno de uma
falange de Espíritos:

Dir-se-ia que se aglomeravam, em derredor dos amigos encarnados em


prece, quais mariposas inconscientes, rodeando grande luz.
Vinham bulhentas, proferindo frases desconexas ou exclamações menos
edificantes, entretanto, logo que atingidas pelas emanações espirituais
do grupo, emudeciam de pronto, qual se fossem contidas por forças que
elas próprias não conseguiam perceber. (Grifos nossos).

Dona Celina não consegue atingir o obsessor com a palavra falada, mas ao
orar, libera jactos de forças luminescentes que envolvem em sensações de alívio
tanto ao encarnado quanto ao desencarnado. O obsessor aspira uma espécie de
substância anestesiante e desprende-se AUTOMATICAMENTE da vítima. Guar-
das e socorristas do plano espiritual completam o atendimento conduzindo-o a um
local de emergência.
O mesmo acontece com as entidades bulhentas, quando atingidas pelas irra-
diações mentais do grupo, emudecem de PRONTO qual se fossem contidas por
forças que desconhecem.
O que é a desobsessão por Corrente Magnética senão a emissão destes jactos
de forças luminescentes ou fluxos de energia mental que, em processo de asso-

317
ciação humano-espiritual, são emitidos por vários médiuns em benefício de inú-
meros pacientes encarnados e desencarnados? Ação conjunta, assistida, desen-
volvida e completada pela equipe espiritual. Processo de ação rápida, automática
e de efeitos imediatos. Vontade consciente e ativa a aliviar, sem que haja neces-
sidade da palavra articulada. Emanações mentais e espirituais a conter, assistir e
transformar falanges ou multidões.
Chegamos à conclusão que a desobsessão por doutrinação verbal e por Corrente
Magnética aplicam os mesmos princípios - As emissões mentais e fluídicas -. As
bases reais de auxílio, as fontes de atuação são as mesmas, o que muda é o uso da
palavra, maior em uma, do que em outra. Se conjugarmos e compararmos as
ações de Raul Silva e Celina, veremos que elas correspondem em identidade a
todas as explicações e descrições dos mecanismos de ação da Corrente Magné-
tica desobsessiva.
Esta diferença é capital no que diz respeito ao dinamismo e condições de
atendimento. A explicação é simples e, tangencia os domínios da física. A veloci-
dade do som é em torno de 340 m/s, a da luz de 300.000 km/s e a do pensamento
é muito superior à da luz:

"Recordemos, ainda, o pensamento, atuando à feição de onda, com veloci-


dade muito superior à da luz, e lembremo-nos de que toda mente é dínamo
de força criativa." (André Luiz, Ação e Reação, 6. ed., p.70). (Grifos nossos).

Ao pensar, já agimos.
A palavra atua em uma velocidade muito menor, dessa forma, um trabalho de
desobsessão que se estrutura na velocidade da energia mental reveste-se de um
dinamismo surpreendente. A rapidez oferece oportunidades de socorro a vários e
múltiplos casos. A eficiência do atendimento é diretamente proporcional à quali-
dade da emissão vibratória, e não ao tempo, maior ou menor de exposição. No
caso do auxílio prestado pela médium Celina, toda a assistência e seus efeitos, da
absorção fluídica realizada pelo obsessor ao sono reparador da vítima, com con-
seqüente desligamento automático dos litigantes e encaminhamento do sofredor,
durou apenas o intervalo de uma prece, realizada com verdadeiro sentimento de
compaixão divina.
A Corrente Magnética é um método desobsessivo que emprega "O dínamo
gerador de forças criativas", representado pela nossa mente, somando e unifican-
do vibrações, não apenas de um doutrinador e médium, mas de todos os seus
componentes. Em clima adequado de prece, disciplina, recolhimento e i n t e r e s s e
fraterno geram-se "forças luminescentes" em forma de "jactos de energia" que
alcançam e beneficiam automaticamente vários enfermos encarnados e desen-
carnados, doando a todos substâncias reparadoras e renovadoras. Magnetismo
humano a influir na recuperação de obsidiados e obsessores. Magnetização men-
tal como campo inicial de doutrinação e transformação. Ponto de partida de uma

318
cadeia de socorro e auxílio, que permite o encaminhamento das entidades atendi-
das a postos, núcleos especializados, colônias, hospitais e institutos do plano espi-
ritual para a continuidade da ação regeneradora.
Por outro lado, a doutrinação verbal em determinados casos facilita a solu-
ção desejada, além de proporcionar exemplos vivos que despertam os nossos
corações."Doutrinando acabaremos igualmente doutrinados". Daí a necessidade,
que pela centésima vez repetimos, de não substituirmos a desobsessão por doutri-
nação verbal pela desobsessão por Corrente Magnética. Devemos especializar,
objetivar e delimitar a atuação de cada uma das atividades, completando-se mutu-
amente. Aliás, a especialização nas tarefas mediúnicas é defendida pelo nobre
Espírito Emmanuel (O Consolador, perg.388):

"A especialização na tarefa mediúnica é mais que necessária e somente


de sua compreensão poderá nascer a harmonia na grande obra de vulgari-
zação da verdade a realizar."

Especializar e não conflitar. A entidade desequilibrada que, após o atendi-


mento da corrente desobsessiva, necessitar ainda de uma atenção individualizada,
voltada para o diálogo esclarecedor e educativo, poderá perfeitamente ser enca-
minhada pelos servidores espirituais às reuniões de doutrinação verbal efetuadas
por um dos grupos da instituição, com especialização nesta área. A terapêutica
básica reflete esta preocupação e possibilidade.

12.2.1.3) Respondendo a Terceira Pergunta

A terceira questão está praticamente respondida. A energia mental não ne-


cessita da palavra para irradiar-se. Allan Kardec já expressava no livro A Gênese
(21. ed., FEB, cap.14, p.286, iteml9) esta realidade:

"Ora, para isso, não se faz mister que o pensamento se exteriorize por
palavras; quer ele se externe, quer não, a irradiação existe sempre."

O fluxo de energia mental existindo sempre, independente da exteriorização


verbal, basta que seja orientado corretamente para objetivos e fins terapêuticos
assistenciais, para que as suas manifestações se façam sentir. A palavra é veícu-
lo acessório, e não determinante.

"Por que meio - pergunta Leon Denis - poremos em movimento as po-


tências internas e as orientaremos para um ideal elevado? Pela vontade! O
uso persistente, tenaz, desta faculdade soberana permitir-nos-á modificar a
nossa natureza, vencer todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a
morte." (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, 17. ed., 312).

319
A vontade individual de cada medianeiro, direcionada e unificada pelo diri-
gente, é a mola propulsora da desobsessão por Corrente Magnética. Por ela e
através dela torna-se possível a formação da salutar Corrente Fluídica a vencer a
matéria, a doença, a morte, a obsessão. Ação pessoal e coletiva beneficiando
multidões.
Muitos encontram enorme dificuldade em realizar e promover as ações men-
tais pela vontade, chegando a questionar e a desacreditar os trabalhos de
desobsessão conduzidos sobre estas bases. Mas, seja o que for que fizermos, o
resultado só virá se o pensamento conduzido pela vontade consciente e ativa for
força atuante; caso contrário, produziremos apenas som em uma caixa vazia.

"Os Espíritos elevados - continua Leon Denis - vêem e ouvem os pen-


samentos uns dos outros, com os quais são harmonias penetrantes, ao pas-
so que os nossos são, as mais das vezes, somente discordâncias e confu-
são. Aprendamos, pois, a servir-nos de nossa vontade e, por ela, a unir
nossos pensamentos a tudo que é grande, à harmonia universal, cujas vibra-
ções enchem o espaço e embalam os mundos." (Idem, p.313).

Antes, no mesmo livro citado (p. 99) de forma eloqüente, Leon Denis repe-
tia-nos:

"O pensamento e a vontade são a ferramenta por excelência, com a qual


tudo podemos transformar em nós e à roda de nós. Tenhamos somente
pensamentos elevados e puros; aspiremos a tudo que é grande, nobre e
belo. Pouco a pouco sentiremos regenerar-se o nosso próprio ser e, com
ele, do mesmo modo, todas as camadas sociais, o Globo e a Humanidade!"

O pensamento e a vontade são as peças vivas a transformar e regenerar o mé-


dium, a equipe, os assistidos encarnados e desencarnados, os ambientes, na desobsessão
por Corrente Magnética. Realidade que pouco a pouco aprendemos a unir às fontes
superiores da vida, à harmonia universal, embalando almas em novas e nobres vibra-
ções. Poucas palavras, mas jatos de energia mental partindo de nós e alcançando
sofredores, penetrando-os, transformando-os. Força real, atuante e criativa.

12.2.1.4) Conclusão

Nada mais temos a acrescentar ao estudo da diferença básica entre a


desobsessão por doutrinação verbal e por corrente magnética. Resta apenas a
argumentação rígida dos negadores por espírito de sistema e dos irmãos que,
mesmo compreendendo toda a nossa exposição, sentem dificuldades em partici-
par de atividades que fogem à rotina de anos de dedicação, onde honestamente
vêm servindo às almas envolvidas em obsessões cruéis. Para ambos, evocamos
as palavras sensatas de León Denis, no livro O Problema do Ser, do Destino e
da Dor (17. ed., p.52):

320
O que o Espiritismo mais toma a peito é evitar as funestas conseqüênci-
as da ortodoxia.
A sua revelação é uma exposição livre e sincera de doutrinas, que nada
têm de imutáveis, mas que constituem um novo estádio no caminho da Ver-
dade Eterna e Infinita. Cada um tem o direito de analisar-lhe os princípios,
que apenas são sancionados pela consciência e pela razão. Mas, adotando-
os, deve cada um conformar com eles a sua vida e cumprir as obrigações
que deles derivam. Quem a ele se esquiva não pode ser considerado como
um adepto verdadeiro.
Allan Kardec pôs-nos sempre de sobreaviso contra o dogmatismo e o
espírito de seita; recomenda-nos sem cessar, nas suas obras, que não dei-
xemos cristalizar o Espiritismo e evitemos os métodos nefastos, que arrui-
narão o espírito religioso do nosso país.

12.2.2) Os Componentes da Reunião

"Os componentes da reunião, que nunca excederão o número de


quatorze,[...]." (Desobsessão, p.85).

"Num grupo de 14 integrantes, por exemplo, trabalharão 2 a 4 médiuns


esclarecedores; 2 a 4 médiuns passistas e 4 a 6 médiuns psicofônicos."
(Desobsessão, p.85).

"Baseado em "O Livro dos Médiuns"(Item 332), ultrapassada a quota


de quatorze partícipes do conjunto, o diretor da casa auxiliará os compa-
nheiros excedentes na formação de nova equipe que, temporariamente, pode
agir e servir sob a orientação do agrupamento em que nasceu."
(Desobsessão, p.247).

Na desobsessão por Corrente Magnética, este número (14) poderá perfeita-


mente ser obedecido, em termos da equipe básica que atua diretamente com os
desencarnados, porque existem também os médiuns passistas que beneficiam os
encarnados e conforme o número destes, a equipe de passistas deverá ser maior.
Em relação às correntes especiais, não há nenhuma impropriedade em se manter
esta orientação, e é até bom que se faça, para favorecer a harmonia necessária.
Modificar-se-iam apenas as funções dos participantes: 1 médium dirigente, de 2 a
4 passistas da corrente magnética e de 9 a 11 médiuns psicofônicos.
No que diz respeito às correntes magnéticas de atendimento geral, não há
porém inconvenientes em se formar uma equipe com o maior número possível de
médiuns, conforme as condições do ambiente e as exigências do trabalho em
termos de atendimento. Deve-se, no entanto, ter sempre em mente a necessidade
absoluta da harmonia, para o bom andamento de todas as ações assistenciais.

321
Não há de nossa parte nenhuma incoerência. Entendemos que, dada a espe-
cialidade da desobsessão por doutrinação verbal, o número de 14 médiuns não
deve ser "nunca" ultrapassado.
As razões que fundamentam esta orientação podem ser divididas em dois
itens, que serão mencionados e comparados com a desobsessão por corrente
magnética.

12.2.2.1) As Razões Técnicas

Seguindo as ponderações de André Luiz, numa equipe que tenha de 4 a 6


médiuns psicofônicos, dando duas passividades por reunião, com doutrinações
que podem durar até 10 minutos cada uma, gastar-se-ia, só em diálogo evangéli-
co, aproximadamente, de 80 a 120 minutos. Atendendo a 2 comunicantes, simul-
taneamente, o tempo limite cairia para 40 a 60 minutos. Vê-se que o número
máximo de 6 médiuns de incorporação não é aleatório. A dinâmica do trabalho
seria prejudicada se ele fosse maior, porque além das doutrinações, existem, ain-
da, o momento da prece de abertura e encerramento, a manifestação inicial e
final do mentor, os passes, as radiações, etc. As manifestações dos enfermos,
segundo o próprio autor espiritual (lição 32), não devem ultrapassar o limite de
uma hora à uma hora e meia.
A equipe sendo formada a partir dos médiuns psicofônicos, razoavelmente,
chega-se a 14 integrantes; mas, além dos participantes habituais, é permitida a
presença de visitantes ocasionais e de alguns enfermos em processos obsessivos
indiscutivelmente instalados; aumentando o número de pessoas no ambiente da
desobsessão.
Em relação à corrente magnética desobsessiva, como não ocorre doutrina-
ções verbais, todo o tempo pode ser utilizado no socorro aos enfermos espirituais,
não havendo inconvenientes em aumentar o número de médiuns, desde que a
harmonia seja preservada. O doente encarnado raramente permanece na sala,
onde a corrente é formada, sendo atendido em ambiente próximo ou contíguo ou,
no máximo, aí ficando por poucos minutos. Estes cuidados permitem aumentar o
número de médiuns, ajudando a dinâmica do trabalho e possibilitando um número
maior de atendimentos.

12.2.2.2) O Livro dos Médiuns - Item 332

É baseado neste item que André Luiz sugere a formação de uma nova equi-
pe, quando se ultrapassar a quota de quatorze participantes.
Estudamos este mesmo trecho no capítulo 3, quando discutimos o crescimen-
to das obrigações e responsabilidades dos núcleos espíritas, no momento atual.
Vamos repeti-lo para auxiliar o desenvolvimento dos nossos raciocínios:

322
O recolhimento e a comunhão de pensamentos sendo as condições es-
senciais de toda reunião séria, compreende-se que um muito grande núme-
ro de assistentes deve ser uma das mais contrárias causas da
homogeneidade. Certamente não há nenhum limite absoluto a este número
e concebe-se que cem pessoas, suficientemente recolhidas e atentas, esta-
rão em melhores condições do que dez que estiverem distraídas e barulhen-
tas; mas é evidente também, que quanto maior é o número, mais estas con-
dições são difíceis de preencher.

León Denis também partilha da opinião do Codificador:

Os grupos pouco numerosos e de composição homogênea são os que


reúnem as maiores probabilidades de êxito. Se já é difícil harmonizar as
vibrações de cinco ou seis pessoas entre si e com os fluidos do Espírito, é
evidente, "a fortiore", que as dificuldades aumentam com o número dos
assistentes. É prudente não exceder o limite de dez a doze pessoas, de um
e outro sexo, quando possível sempre as mesmas, sobretudo no começo das
experiências. (No Invisível, 14. ed., p.101).

O menor número de médiuns em uma reunião é, sem sombra de dúvidas, um


fator de harmonia e homogeneidade. Por essa razão, aconselhamos que as atividades
mais especializadas que compõem a Terapêutica Básica sejam desenvolvidas por gru-
pos pequenos e uniformes. Mas, em relação à corrente magnética de atendimento
geral, não existem problemas maiores em ampliá-la, à semelhança do que ocorre com
o passe espírita em nossas reuniões rotineiras de atendimento ao público. O número,
no dizer de Allan Kardec, não é uma condição absoluta; cem pessoas suficientemente
recolhidas e atentas estarão em melhores condições que dez distraídas e barulhentas.
A questão é preparar, educar e unir as cem pessoas. "Se já é difícil harmonizar as
vibrações de cinco ou seis pessoas", imagine cem!
Dificuldade não quer dizer impossibilidade. A corrente magnética desobsessiva
beneficia-se à semelhança das correntes dos magnetizadores, do número maior
de seus componentes:

"A cadeia aparece, então, no papel de verdadeira bateria magnética,


onde a energia das trocas aumenta com o número dos elementos compos-
tos que a formam." (Alphonse Bué, Magnetismo Curativo, p.140).

Mas a advertência, quanto à harmonia é absoluta:

"Além disso, mister se faz grande cuidado, afim de não se introduzir na


cadeia nenhum elemento heterogêneo, suscetível de perturbar as corren-
tes." (Alphonse Bué, Magnetismo Curativo, p.138).

323
"Idêntica advertência faz Cahagnet, acrescentando que a harmonia pro-
duz a harmonia e a desarmonia produz a desarmonia." ( Michaellus, Mag-
netismo Espiritual, 4. ed., p.115).

A única condição possível para contarmos com a contribuição de vários mé-


diuns na corrente mento-eletromagnética é procurar desenvolver e manter, du-
rante as suas ações, o recolhimento, a atenção e a harmonia, evitando toda e
qualquer heterogeneidade. Essa tarefa é facilitada, quando os servidores encar-
nados são treinados e educados antes de participarem dos trabalhos de
desobsessão. Os cursos sistematizados, o desenvolvimento mediúnico criterioso,
passam a ser, então, meios obrigatórios, ou no mínimo, necessários. Somente o
preparo prévio, a disciplina, a seleção na formação da equipe, possibilitarão as
probabilidades de êxito.

12.2.2.3) Outras Razões

Em nível espiritual, as equipes de servidores e os enfermos desencarnados pre-


sentes às nossas reuniões não se resumem a quatorze elementos. Pelo contrário, às
vezes este número chega ao dobro, triplo, quíntuplo ou mais dos colaboradores do
plano físico. Ora, recordamos que não existe diferença substancial entre uma mente
desencarnada e uma encarnada. Ambas vibram, emitem, induzem, contagiam, harmo-
nizam ou desequilibram qualquer ambiente, pessoa ou grupo. A energia mental é pa-
trimônio do espírito eterno e não substância bioquímica do cérebro físico.
Não podemos dizer que junto a nós se fazem presentes apenas os mentores,
técnicos e vigilantes da Pátria Maior, com suas vibrações sublimadas e puras. A
quantidade de doentes espirituais irradiando pensamentos desajustados e desarmônicos,
a interferir no ambiente, é também enorme. A diferença é que os cuidados, a especi-
alização prévia e a conscientização dos servidores que já ultrapassaram a barreira do
túmulo, permitem o bom andamento de qualquer uma de nossas atividades, em plena
e perfeita harmonia. Devemos seguir o exemplo fazendo o mesmo, seja em relação à
equipe mediúnica ou à presença de pacientes encarnados na desobsessão. Recursos
e diretrizes não nos faltam. Podem existir dificuldades, mas não limitações absolutas.

Busquemos algumas descrições da realidade que estamos a comentar:

"Reuniam-se ali, para olhos humanos, trinta e cinco individualidades


terrestres e, no entanto, em nosso círculo, o número de necessitados exce-
dia de duas centenas, [...]." (André Luiz, Os Mensageiros, 17. ed., p.239).

"Logo após, um colaborador de nosso plano franqueou acesso a numero-


sas entidades sofredoras e perturbadas, que se postavam, diante da assem-
bléia, formando legião." (Nos Domínios da Mediunidade, 12. ed., p.37).

324
"A essa altura, diversas entidades do nosso plano colocaram-se junto
dos médiuns que estariam de serviço." (André Luiz, Nos Domínios da
Mediunidade, p.45).

"Antes do ingresso dos companheiros encarnados, já era muito grande a


movimentação. Número considerável de trabalhadores. Muito serviço
de natureza espiritual." (André Luiz, Missionários da Luz, 21. ed., p.26).
(Todos os grifos são nossos).

As citações evidenciam o grande número de entidades que, geralmente, com-


parecem às nossas reuniões públicas, de desobsessão, de desenvolvimento
mediúnico, e t c , como vínhamos afirmando. No entanto, apesar das dificuldades,
nenhuma sofre desajustes pelo grande número de espíritos presentes; pelo con-
trário, pois a ordem, a simplicidade e a harmonia são mantidas.
Nada impede que contando com a colaboração do tempo em ações ativas de
formação, educação, conscientização e afinização dos médiuns consigamos reali-
zar o mesmo.
Concluindo, reafirmamos que na desobsessão por corrente magnética, o nú-
mero de componentes da equipe não é absoluto como na desobsessão por doutri-
nação verbal. Podemos formar as correntes com número ilimitado de médiuns,
desde que haja necessidade e o ambiente físico permita, mas ressaltamos que a
harmonização deve e precisa ser sempre o propósito maior. O melhor caminho
para a conquista das condições necessárias é o preparo e a educação prévia. Por
outro lado, compreendemos que na desobsessão tradicional e nas atividades de
maior especialização é justa, coerente e racional a limitação dos servidores, con-
forme ensina André Luiz.

12.2.3) O Mobiliário

"O mobiliário no recinto dedicado à desobsessão não apenas necessita


estar escoimado de objetos e apetrechos que recordem rituais e amuletos,
símbolos e ídolos de qualquer espécie, mas também deve ser integrado por
peças simples e resistentes." (Desobsessão, p.67).

"Evitarmos tapetes, jarros, telas e enfeites outros, porquanto o recinto é


consagrado, além de tudo, ao alívio de Espíritos sofredores ou alienados
mentais autênticos, necessitados de ambiente limpo e simples, capaz de
auxiliá-los a esquecer ilusões ou experiências menos felizes vividas na Ter-
ra." (Desobsessão, p.67).

Em relação às orientações, o mobiliário próprio para a desobsessão por cor-


rente magnética muda apenas no que concerne ao número de cadeiras e ao não
uso da mesa para a reunião dos médiuns.

325
Empregamos apenas uma pequena mesa ao canto para os recipientes com
água que após fluidificada, será utilizada pelos médiuns no desenrolar dos traba-
lhos.
Os cuidados com os recintos destinados aos diferentes grupos da terapêutica
básica e aos pacientes encarnados são os mesmos. Nada de objetos e apetrechos
que recordem rituais, amuletos, símbolos e ídolos de qualquer espécie. Ambientes
simples, sem tapetes, jarros, telas, enfeites, etc. "Peças simples e resistentes".
As cadeiras principalmente devem ser, principalmente, objetos de maior atenção,
devido à movimentação maior dos médiuns durante a passagem das entidades.
Agitação natural, resultante do reflexo do choque anímico percebido e sentido
pelas entidades e transmitida aos médiuns pelas ligações fluídico-perispirituais.
Evitem-se - diz André Luiz - as cadeiras desconjuntadas ou rangedoras que só
ruídos desnecessários e perturbações outras provocam no ambiente.

12.2.4) A Iluminação

"A iluminação no recinto será, sem dúvida, aquela de potencialidade nor-


mal, na fase preparatória das tarefas, favorecendo vistorias e leituras.
Contudo, antes da prece inicial, o dirigente da reunião graduará a luz no
recinto, fixando-a em uma ou duas lâmpadas, preferivelmente vermelhas,
de capacidade fraca, 15 watts, por exemplo, de vez que a projeção de raios
demasiado intensos sobre o conjunto prejudica a formação de medidas
socorristas, mentalizadas e dirigidas pelos instrutores espirituais, [...]."
(Desobsessão, p.73).

A iluminação não constitui uma diferença entre os dois métodos desobsessivos.


Este item foi aqui colocado para chamar a atenção de sua importância, porque a
desobsessão por corrente magnética, mais do que outras terapias, utiliza-se das
mentalizações e projeções fluídicas, emitidas e dirigidas, não só pelo instrutores
espirituais como por todos os médiuns.
As lâmpadas de fraca capacidade, vermelhas ou azuis, por exemplo, devem
ser preferidas durante os atendimentos, incluindo os passes aos pacientes encar-
nados. Há de se ter cuidados especiais, nas entradas e saídas das salas de passes,
para evitar atropelos, pelo fato da baixa luminosidade.
Nos recintos destinados às correntes magnéticas, quanto menor a ilumina-
ção, menores prejuízos existirão para as medidas socorristas promovidas por ambas
as equipes em atividade. Leon Denis, No Invisível (14. ed., p.lOO), fala-nos:

"A luz geralmente exerce uma ação dissolvente sobre os fluidos. Em


todos os casos em que não seja indispensável, como para obter-se a escrita
semi-mecânica, será conveniente diminuir-lhe a intensidade e mesmo supri-
mi-la inteiramente, [...]."

326
A regra é esta: diminuir ou suprimir, quando não houver necessidade da sua
potencialidade normal, tanto no socorro aos encarnados, quanto aos desencarna-
dos.

12.2.5) Os Visitantes

"Ainda assim, há casos em que companheiros da construção espírita-


cristã, quando solicitem permissão para isso, podem ter acesso ao serviço,
em caráter de observação construtiva; [...].
[...]. E antes da admissão necessária é imperioso que os mentores espi-
rituais do grupo sejam previamente consultados, [...].
Compreende-se que os visitantes não necessitem de comparecimento
que exceda de 3 a 4 reuniões." (Desobsessão, p.89).

Devido à corrente magnética desobsessiva ser ainda pouco conhecida, mui-


tos são os pedidos de visitas às instituições que já a utilizam em suas atividades
assistenciais.
Graças ao grande número de solicitações de admissão, torna-se impossível a
consulta sistemática aos mentores espirituais. A decisão deve partir então do di-
rigente encarnado. Bom senso, aliado à avaliação criteriosa dos pedidos. Acolher,
como orienta a lição, em pequeno número e não mais por duas ou no máximo três
reuniões.
É de bom alvitre que um dos médiuns mais experientes da instituição, se
possível, possa acompanhar os visitantes, dando em cada sala de atendimento as
explicações necessárias, facilitando a visão e compreensão de todo o método.

12.2.6) A Chegada Inesperada de Enfermos

"Em algumas ocasiões aparece um problema súbito: a chegada de en-


fermos ou de obsidiados sem aviso prévio, sejam adultos ou crianças.
Necessário que o discernimento do conjunto funcione, ativo.
Na maioria dos acontecimentos dessa ordem, o doente e os acompa-
nhantes podem ser admitidos por momentos rápidos, na fase preparatória
dos serviços programados, recebendo passes e orientação para que se diri-
jam a órgãos de assistência ou doutrinação competentes, trabalho esse que
será executado pelos componentes que o diretor da reunião designará."
(Desobsessão, p.95).

A chegada imprevista de doentes aos trabalhos de desobsessão por


corrente magnética é assim solucionada:
a
I - Quando o caso não for emergencial, faz-se o encaminhamento do enfer-
mo para o dia da semana reservado à triagem ou conversação fraterna, para que,
de forma adequada e disciplinada, possa vir a iniciar o tratamento.

327
e
2 - Nos casos graves, pode-se admitir e atender o doente junto com os
outros pacientes já previamente triados e, ao final, orientá-lo a procurar a triagem
ou conversação fraterna.

Quando a instituição já possui vários médiuns, pode-se formar uma pequena


equipe que fica integrada aos grupos da terapêutica básica e, quando houver ne-
cessidade, em casos gravíssimos e inesperados, poderá ser destacada, e em am-
biente próprio, formar uma pequena corrente magnética para o atendimento do(s)
paciente(s).
Quanto a orientar os obsidiados e familiares a procurarem órgãos de assistên-
cia ou doutrinação competentes, na desobsessão por corrente magnética, só ha-
verá esta necessidade quando o doente estiver em fase obsessiva severa e agres-
siva; uma vez que as possibilidades do método e o seu amplo raio de atuação
torna possível tratar a maioria dos casos, seja em que grau ou em que fase se
apresentem. Mesmo na impossibilidade da presença física dos doentes, os seus
familiares podem ser convidados a fazer o tratamento, iniciando-o pela triagem e,
podendo o paciente ser atendido à distância, ajudando assim, direta e ativamente
na solução do problema.

12.2.7) A Presença do Paciente Encarnado

"Nesses casos se enquadram igualmente os obsessos apenas influencia-


dos ou fixados em fase inicial de perturbação, para os quais o contacto com
os comunicantes, menos felizes ou francamente conturbados, sem a devida
preparação, é sempre inconveniente ou prejudicial, pela suscetibilidade e
pelas sugestões negativas que apresentam na semilucidez em que se en-
contram.
Diante, porém, dos processos da obsessão indiscutivelmente instalada, o
grupo deve e pode acolher o obsidiado e seus acompanhantes, acomodan-
do-os no banco ou nas cadeiras, colocados à retaguarda, onde receberão a
assistência precisa." (Desobsessão, p.95).

"Impedir a presença de crianças nas tarefas da desobsessão." (


Desobsessão, p.100).

Outra grande diferença entre os dois trabalhos de desobsessão é a presença


do paciente encarnado. Enquanto o método tradicional só permite a presença de
alguns enfermos, assim mesmo em processo de obsessão indiscutivelmente instala-
do, a terapia das correntes desobsessivas assiste e trata número ilimitado, em qual-
quer fase da doença obsessiva. Para este fim, faz-se necessária a implantação de
atividades afins e complementares como a triagem, a evangelização dos enfermos
através de palestras, cursos sistematizados, aulas dirigidas aos seus problemas bá-
sicos ou núcleos, assistência fluídico-magnética pelo passe espírita, etc.

328
O paciente nunca irá permanecer durante todo o trabalho na sala, onde os
integrantes da corrente magnética se situam. De preferência, em sala contígua ou
próxima, receberá o tratamento pelo passe sendo, em momento próprio, encami-
nhado aos ambientes de estudos e comentários evangélicos, conforme já explica-
mos no capítulo 5.
No dia reservado à desobsessão, só terão acesso, excetuando-se os casos já
comentados no item anterior, os pacientes cujos nomes constarem nas fichas de
freqüência preparadas pela equipe de recepção e encaminhamento. Somente os
enfermos que anteriormente tiverem participado das atividades de Triagem ou
Conversação Fraterna poderão freqüentar os trabalhos de desobsessão propria-
mente ditos.
A desobsessão por corrente magnética é um conjunto de medidas
harmonicamente integradas, desenvolvidas pelos servidores encarnados e desen-
carnados, que pede ordem e disciplina para alcançar os efeitos desejados. Deve-
se evitar toda e qualquer precipitação, improvisação e medidas de última hora. A
atividade, por sua complexidade, é prévia e meticulosamente programada, e mu-
danças imprevistas no roteiro já estabelecido podem criar problemas de difícil
solução, notadamente, para os trabalhadores do plano espiritual. Exceções devem
ser tratadas com discernimento e bom senso. Inclusive dentro das possibilidades,
algumas situações que se incluam nas exceções, mas que são previsíveis, mere-
cerão soluções antecipadas, com orientações a toda equipe, para que muito rara-
mente se necessite da intervenção direta do dirigente geral.
A entrada de acompanhante, junto com os pacientes, só deve ser permitida
para os casos em que haja real necessidade. A avaliação e autorização que per-
mitirão a freqüência de acompanhantes devem ser feitas e dadas no dia da Tria-
gem ou Conversação Fraterna. Uma sala especial será reservada e, durante o
espaço de tempo em que os enfermos estiverem em tratamento, os acompanhan-
tes poderão participar de palestras ou estudos dirigidos, realizados por um dos
membros da equipe, evitando-se que venham a receber as medidas terapêuticas
destinadas aos pacientes previamente triados mas, ao mesmo tempo, permitindo a
todos eles oportunidade de esclarecimento evangélico, que possa, inclusive, auxi-
liar na recuperação de seus entes queridos.
Não se deve permitir a entrada de crianças, sejam como acompanhantes ou
como pacientes, nas reuniões noturnas de triagem, estudos ou de desobsessão. A
corrente magnética desobsessiva permite também o tratamento de crianças com
problemas psíquicos e espirituais, mas em dia próprio, com metodologia seme-
lhante destinada às condições de participação, entendimento e compreensão das
mentes infantis. São cuidados especiais e adequados a esta fase da vida.
Os dirigentes dos grupos espíritas, que vagarosamente forem implantando
a terapêutica básica, devem preocupar-se no momento certo, quando houver o
crescimento da equipe, em implantar igualmente todas as medidas socorristas,

329
da triagem à assistência pela corrente desobsessiva para os pequenos enfermos.
Não podemos esquecer que a criança é um Espírito Eterno Reencarnado e muitas
vezes com problemas espirituais muito mais complexos que de um adulto. Temos
o dever de desenvolver atividades de assistência psíquica aos nossos irmãozinhos,
nos primeiros e muitas vezes difíceis passos de uma nova vida.
A despeito das possibilidades do método desobsessivo, não podemos iniciar
as tarefas assistenciais atendendo grande número de pacientes. As condições são
ilimitadas, mas a conquista deve se dar passo a passo. Após a implantação da
triagem e da corrente magnética, o ideal é que seja estabelecido um número de
vagas à semelhança de uma agenda médica e, somente após a alta de um pacien-
te é que outro será admitido. Quando o grupo estiver fortalecido e os médiuns
adequadamente preparados, o trabalho poderá, então, acolher a todos os sofredo-
res que lhe batam à porta. A seara é grande, o trabalho intenso, os necessitados
inúmeros, mas sem paciência, preparo e experiência não conseguiremos ser úteis
verdadeiramente. A pressa, muitas vezes, pode nos conduzir a atividades de
subnível. Saibamos aguardar o momento certo.

12.2.8) A Participação dos Benfeitores Espirituais

"Feita a oração inicial, o dirigente e a equipe mediúnica esperarão que o


mentor espiritual do grupo se manifeste pelo médium psicofônico indicado.
Essa medida é necessária, porquanto existem situações e problemas,
estritamente relacionados com a ordem doutrinária do serviço, apenas visí-
veis a ele, [...]." (Desobsessão, p. 119).

"Em algumas ocasiões, tarefa em meio, aparece um ou outro


desencarnado em condições de quase absoluto empedernimento.
[...]. Assim sendo, o mentor espiritual, se considerar oportuno, ocupará
espontaneamente o médium responsável e partilhará o serviço do esclare-
cimento, [...]." (Desobsessão, p.155).

"[...] e solicitará da assembléia a continuidade da atenção e do silêncio,


para que o médium indicado observe se o orientador espiritual da reunião ou
algum outro instrutor desencarnado deseja transmitir aviso ou anotações
edificantes para estudo e meditação do agrupamento." (Desobsessão, p. 189).

Todas estas providências podem ser perfeitamente executadas na desobsessão


por corrente magnética. Mas na nossa experiência, a comunicação dos instrutores
espirituais, quando necessária, ocorre mais ao final das reuniões, porque o trabalho
se desenvolve geralmente dentro de um cronograma semelhante, não havendo, na
maioria das vezes, necessidade de novas orientações ou cuidados em relação a este
ou aquele caso, como ocorre na desobsessão por doutrinação verbal.

330
A ação dos benfeitores espirituais na desobsessão por corrente magnéti-
ca é fundamental, ampla e diversificada, sobretudo na área de coordenação,
inspiração e orientação do dirigente encarnado, auxiliando-o na planificação,
na determinação do ritmo, dinâmica e tempo das diferentes fases da corrente
magnética. A interferência direta, raramente, ou quase nunca ocorre, porque
não sucedendo a comunicação verbal e conseqüentemente a doutrinação pela
palavra, os deslizes vibratórios e comportamentais deste ou daquele médium
podem ser perfeitamente sanados pelo dirigente, sem a necessidade da inter-
ferência direta dos mentores. Mas o auxílio magnético, mental, fluídico dos
benfeitores e técnicos espirituais presentes é indispensável, principalmente na
fase de expulsão e absorção, visando à homogeneização das mentes e assimi-
lação energética para o melhor e mais adequado funcionamento da corrente.
A comunicação ao final, após as ações da corrente magnética, é mais
indicada, seja dos mentores ou de algum visitante da Espiritualidade Maior.
Quando ocorrer, a gravação da mensagem é condição essencial, não só para
reouvi-la, mas para incentivar o estudo, avaliação e aprendizagem de toda a
equipe.

12.2.9) As Manifestações Simultâneas

"Isso, porque, na reunião, é desaconselhável se verifique o esclareci-


mento simultâneo a mais de duas entidades carecentes de auxílio, para que
a ordem seja naturalmente assegurada." {Desobsessão, p.151).

"Só se devem permitir, a cada médium, duas passividades por reunião,


eliminando com isso maiores dispêndios de energia e manifestações suces-
sivas ou encadeadas, inconvenientes sob vários aspectos." {Desobsessão,
p.153).

"A palestra reeducativa, ressalvadas as situações excepcionais, não per-


durará, assim, além de dez minutos." (Desobsessão, p.143).

Na desobsessão por doutrinação verbal, o esclarecimento simultâneo a mais


de duas entidades é desaconselhável, a fim de se manter e assegurar a ordem.
Cada médium deve dar no máximo duas passividades por reunião, com o tempo
limite para cada uma das comunicações de 10 minutos; evitando-se, com isso,
maior dispêndio de energia e outros aspectos inconvenientes.
Concebe-se perfeitamente a necessidade de tais orientações, porque numa
equipe de 14 pessoas, num ambiente com a presença de 4 a 6 médiuns psicofônicos
dando passividade ao mesmo tempo e todos recebendo esclarecimentos evangéli-
cos simultaneamente, teríamos uma verdadeira Torre de Babel, alterando assim a
harmonia e quebrando a ordem tão necessária.
Além da questão tempo, já discutida anteriormente, mais de duas passivida-
des por médium levaria ao dispêndio de energia, porque o servidor da desobsessão

331
por doutrinação verbal, além de oferecer possibilidade de manifestação aos so-
fredores, participa de várias outras atividades na seqüência do trabalho, como a
cooperação mental, as radiações, a concentração devida à manifestação do mentor,
etc, por duas horas consecutivas.
Em relação à corrente magnética, estes fatores tão essenciais à dialética
evangélica, sofrem algumas modificações, a saber:

lº - Como não existe passividade na corrente, visando à doutrinação ver-


bal, não haverá esclarecimento simultâneo. A incorporação na corrente é um
processo rápido e dinâmico, existente somente na fase de Recepção, durando
apenas alguns segundos para cada grupo de entidades, tempo necessário para
ocorrer o choque anímico, que é o conjunto do choque fluídico e mental. A
ordem é mantida pela harmonização e homogeneização das mentes que a inte-
gram e pelo controle mediúnico realizado pelos médiuns, observado e orientado
pelo dirigente encarnado.
Não havendo transmissão de mensagem e nem diálogo, a tranqüilidade e
calma no ambiente, tão necessárias à assistência, são mantidas e asseguradas.

2° - Em uma reunião de desobsessão verbal, o médium pode permanecer em


contato com os fluidos perispirituais do espírito sofredor, pelo fenômeno psicofônico,
em torno de 10 minutos. Ocorrendo duas passividades, este tempo limite sobe
para 20 minutos, somando o período de duas comunicações consecutivas ou não.
O desgaste energético do médium, só em nível de interação direta com o
sofredor, seria então o correspondente a vinte minutos de atuação, sem contar
todas as outras ações que ele realiza durante o trabalho.
Já em uma atividade de desobsessão por corrente mento-eletromagnética, o
tempo máximo de funcionamento não ultrapassa os 40 minutos. Destes 40 minu-
tos, o momento da recepção, apesar de predominar nas ações da corrente, não
chegaria, somados, a 20 minutos, porque todas as outras fases são de igual impor-
tância. Só por este raciocínio, podemos perceber que não há sobrecarga ou des-
gaste excessivo dos médiuns; apesar dos atendimentos múltiplos, os períodos de
interação correspondem-se.
Mas a corrente atua em bloco como uma bateria magnética, constituída pela
somatória dos fluidos e das emissões mentais de cada um de seus integrantes.
Não há uma atuação individual, solitária. Pelo contrário, todo o processo se ca-
racteriza por uma somação. Desta forma, desprezando os vinte minutos que
corresponderia a fase de recepção, somados, mas raciocinando em termo do tem-
po máximo de 40 minutos que deve e geralmente duram as ações desenvolvidas
pela corrente, teríamos:

a) Suponhamos uma corrente formada, por exemplo por 10 (dez) médiuns.


Ao dividirmos o tempo limite (40 minutos) pelo número de médiuns (10),

332
encontraremos o tempo real de contato ou desgaste energético, sofrido por cada
um dos componentes, igual a quatro minutos.
Quatro minutos, ou dezesseis minutos a menos, quando comparamos
o tempo de contato ou desgaste energético entre um servidor da corrente
magnética desobsessiva e um médium da desobsessão por doutrinação
verbal.

b) Aumentando o número de médiuns, este número cairia ainda mais.

Não há, portanto, nenhum inconveniente ou dispêndio de energia excessivo


como poderíamos pensar à primeira vista. Apesar de ampliarmos as possibilida-
des e condições de auxílio, não ocorrem proporcionalmente desgastes por parte
dos médiuns; pelo contrário, a união em uma ação única e adequadamente dirigida
leva a uma perda bem menor do que imaginávamos.
A ordem é mantida, porque não há esclarecimentos verbais, e o atendimento
de múltiplos casos não leva a dispêndio energético ou a qualquer outro inconveni-
ente.

12.2.10) A Cooperação Mental

"Forçoso compreender que, de outro modo, o serviço assistencial en-


frentaria perturbações inevitáveis, pela ausência do concurso mental im-
prescindível.
O dirigente assumirá a iniciativa de qualquer apelo à cooperação mental,
no momento em que a providência se mostre precisa, e ativará o ânimo dos
companheiros que, porventura, se revelem desatentos ou entorpecidos, desde
que o conjunto em ação é comparável a um dínamo em cujas engrenagens
a corrente mental do amparo fraterno necessita circular equilibradamente
na prestação de serviço." (Desobsessão, p.147).

Este tópico não constitui uma diferença, mas poderíamos dizer que é
uma síntese do que é, e como atua a corrente magnética desobsessiva: con-
junto de servidores como um dínamo em cujas engrenagens a corrente men-
tal do amparo fraterno circula; o dirigente assumindo o comando, ativando o
ânimo dos médiuns, direcionando, chamando a atenção nos momentos de des-
lizes, coordenando todas as ações mentais. A única diferença é que, no mé-
todo tradicional, estas ações são requisitadas durante o esclarecimento ende-
reçado ao sofredor desencarnado pelo diálogo evangélico, enquanto na cor-
rente magnética, em todos os momentos, principalmente, durante a doutrina-
ção mental.

333
12.2.11) Os Médiuns Como Pilhas ou Lâmpadas

"Imprescindível reconhecer que todos os participantes do conjunto são


equiparáveis a pilhas fluídicas ou lâmpadas, que estarão sensibilizadas ou
não para os efeitos da energia ou da luz que se lhes pede em auxílio dos que
jazem na sombra de espírito." (Desobsessão, p.86).

Igualmente, nenhuma modificação entre os dois trabalhos, no que toca à com-


paração dos médiuns como uma pilha ou lâmpada sensibilizadas, para os efeitos
da energia ou da luz, voltadas para o auxílio aos sofredores. A distinção está em
como estas pilhas ou lâmpadas são utilizadas.
No caso da corrente magnética, as pilhas se unem formando uma bateria mento-
eletromagnética, atuando pela força do pensamento coletivo. As lâmpadas, à seme-
lhança dos circuitos elétricos, ligam-se em série, em paralelo ou de forma circular,
dando diferentes efeitos à corrente mental assimilada e emitida.
Princípios idênticos; métodos, em alguns aspectos, diferentes.

12.2.12) O Centro de Interesse dos Sofredores

"Observando, ainda, que a parte essencial no entendimento é atingir o


centro de interesse do Espírito preso a idéias fixas, para que se lhes
descongestione o campo mental, devem abster-se, desse modo, de qualquer
discurso ou divagação desnecessária." (Desobsessão, p.134).

O centro de interesse do espírito sofredor é atingido na desobsessão por


corrente magnética, pela percepção de suas idéias fixas através da mente
mediúnica, que imediatamente, em silêncio verbal, por ação mental coadjuvada
pela espiritualidade superior, age à semelhança de um contra golpe do pensa-
mento, realizando a doutrinação mental. "Nenhum discurso ou divagação des-
necessária."
Procedimento semelhante é tomado em relação aos pacientes encarnados. A
separação das turmas, por núcleos ou problemas comuns, visa trabalhar, pelo es-
tudo dirigido, as suas idéias fixas, descongestionando-lhes o campo mental, favo-
recendo a cura ou alívio de suas sensações.

12.2.13) Outros Aspectos

12.2.13.1) A Freqüência dos Trabalhos de Desobsessão

Como o desgaste energético do médium é bem menor que o sofrido pelos


servidores das atividades de desobsessão tradicional, não há inconvenientes que a
mesma equipe participe de mais de um trabalho por semana, do mesmo modo que
ocorre em relação ao passe espírita.

334
Sabemos, com Allan Kardec (O Livro dos Médiuns, 48. ed., FEB, p.255,
item 221), que "o exercício muito prolongado de qualquer faculdade acarreta fadi-
ga; a mediunidade está no mesmo caso principalmente a que se aplica aos efeitos
físicos, ela necessariamente ocasiona um dispêndio de fluido, que traz a fadiga,
mas que se repara pelo repouso."
Na desobsessão por corrente magnética o dispêndio fluídico é menor em
razão da interação entre os médiuns e o emprego do magnetismo humano-espiri-
tual, onde os fluidos espirituais predominam. A fadiga é quase nula, porque os
medianeiros se colocam como beneficiários que recebem antes de doar. Os flui-
dos que veiculam em prol dos pacientes encarnados e desencarnados são os mes-
mos que antes lhe são doados pela espiritualidade. Porém, não podemos, pelos
motivos apresentados, vir a desrespeitar as linhas da lógica. A conduta mais ade-
quada também nos é sugerida pelo Codificador na seqüência do item acima: "Há
casos em que é prudente, necessária mesmo, a abstenção, ou, pelo menos, o exer-
cício moderado, tudo dependendo do estado físico e moral do médium. Aliás, em
geral, o médium o sente e, desde que experimente fadiga, deve abster-se."

12.2.13.2) A Água Fluidificada

Água fluidificada é um dos recursos que geralmente e rotineiramente empre-


gamos para auxiliar o reajuste energético dos servidores encarnados nos traba-
lhos de desobsessão por corrente magnética. Naturalmente, não é de uso obriga-
tório; é um elemento acessório ou complementar que, quando utilizado, torna-se
útil. Lemos no livro Nosso Lar (André Luiz, 25. ed., p.61):

"Conhecendo-a mais intimamente, sabemos que a água é veículo dos


mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. Aqui, ela é emprega-
da sobretudo como alimento e remédio."

A justificativa do seu uso, auxiliando na recuperação energética dos médiuns


e como remédio para os pacientes em tratamento, é baseada no fato da extrema
facilidade de sua magnetização e por ser um dos veículos dos mais poderosos
para os fluidos de qualquer natureza.

12.2.13.3) A Música

"A música, os cantos graves e religiosos podem também contribuir po-


derosamente para determinar a harmonia dos pensamentos e dos fluidos.
Isto não é, porém, suficiente. Nas sessões, à união dos pensamentos é ne-
cessário acrescentar a união dos corações." (Leon Denis, No Invisível,
14. ed., p.100).

Também como recurso auxiliar, quando posível, empregamos a música, nas


atividades de desobsessão por corrente magnética. Música clássica, adequada,

335
que auxilie a harmonia dos pensamentos e dos fluidos. Como a palavra é muito
pouco utilizada, a música ao fundo é um elemento indutor, propício ao trabalho.
Mas, como diz León Denis, isto não é suficiente. O que realmente importa, e é
fundamental, é a união dos pensamentos e dos corações.

Porquanto, se um diz: "Eu sou de Paulo", e ou-


tro: "Eu de Apolo", não é isto muito humano?
Pois, quem é Apolo? Quem é Paulo? Servos
apenas, que vos levaram à fé, cada qual segundo o
modo que o Senhor lhe deu. Eu plantei. Apolo regou,
mas quem deu o crescimento foi Deus (1 Coríntios,
3:4-7).

336
CAPÍTULO XIII

M A G N E T I S M O E D E S O B S E S S Ã O POR
CORRENTE MAGNÉTICA

Não deixeis de aspirar aos dons superiores.


Entretanto, eu vos mostrarei um caminho ainda mais ex-
celente (1 Coríntios, 12:31, 13:1).
Historicamente, a desobsessão por corrente magnética tem nas figuras res-
peitáveis de EURÍPEDES BARSANULFO, JERÔNIMO CANDINHO e
GILSON DE MENDONÇA HENRIQUES os seus baluartes, seja na implanta-
ção ou na divulgação do método entre nós. Mas, as suas raízes se estendem ao
final do século XVIII, há mais ou menos duzentos e cinqüenta anos atrás, quando
os magnetizadores tornaram a revelar ao mundo as possibilidades da cura de inú-
meras enfermidades através das doações fluídicas. Portadores de patologias di-
versas, muitas delas sem tratamento nos arsenais terapêuticos oficiais, renova-
ram as suas esperanças, encontrando alívio e muitas vezes o restabelecimento
integral da saúde nas assistências incansáveis dos magnetizadores que se espa-
lharam pelo mundo. Logo, as multidões se formaram em busca de auxílio. O que
fazer? - Deve ter sido a pergunta natural na intimidade de muitos deles - A
resposta não tardaria. Soluções, formas de transmissão adequadas ao atendimen-
to das multidões começaram a surgir e foram desenvolvidas por eminentes
magnetizadores. Dentre elas, a cadeia magnética, que aos poucos se tornou o
mais importante e o mais poderoso meio para aumentar a força do magnetismo.
Os magnetizadores, incluindo os contemporâneos de Kardec, permaneceram
nos limites da diagnose e terapêutica das doenças. A Ciência Magnética, apesar
de renovar e abalar as bases do conhecimento não soube avançar mais. Porém,
logo após, surgiria a Ciência Espírita revelando ao mundo horizontes vastos, modi-
ficando conceitos, dimensionando ações, definindo novas variáveis, descortinando
a eternidade e a sobrevivência do Espírito, a Pátria Espiritual.
A Ciência Espírita, porém, não veio destruir ou negar a Ciência Magnética;
pelo contrário, veio cumpri-la e ampliá-la, demonstrando que tanto na vida como
no universo "Tudo é magnetismo". Diferentes formas, diferentes maneiras, num
princípio único. Magnetismo humano, humano-espiritual e espiritual. O Espiritis-
mo estendeu os limites do Magnetismo que poderia ser colocado como o Precur-
sor, de forma coletiva, da Terceira Revelação, igual como fora João Batista para
o Mestre Jesus.
Hoje, os avanços continuam. A corrente magnética de ontem, com as diretri-
zes e orientações desenvolvidas pelos Espíritos Superiores, ganha novo e adequa-
do emprego: a Desobsessão.
Este é o desafio do presente capítulo. Voltar ao ponto inicial e, da mesma
forma que fizemos diante dos conceitos fundamentais da obsessão, da desobsessão,
da mediunidade, etc; novamente comprovar, correlacionar e analisar as possibili-
dades e os mecanismos de ação da corrente desobssesiva, tendo agora como
base o magnetismo.

3.1) MAGNETISMO E ESPIRITISMO

13.1.1) Allan Kardec e o Magnetismo

Esboçava Kardec uma nova obra sobre as relações entre o Magnetis-


mo e o Espiritismo, quando lhe chegou a ordem de partida. Muito já havia

339
trabalhado e a sua missão neste mundo estava plenamente cumprida. Não
lhe seria dada outra tarefa, mesmo porque a revelação continuaria a pro-
cessar-se dentro dos altos desígnios, à medida que os conhecimentos pu-
dessem ser ministrados ao homem. A resposta n. 388 d' "O Livro dos Espí-
ritos", [...], talvez fosse a advertência de que não lhe seria dado prosseguir
nos trabalhos sobre assunto que somente mais tarde poderíamos melhor
compreender.
Como quer que seja, Kardec deixou desbravado o caminho, tendo
coligido observações preciosas e estabelecido os princípios norteadores da
nova ciência através de artigos e notas, algumas das quais foram posterior-
mente publicadas em "Obras Póstumas". (Michaelus, Magnetismo Espiri-
tual, 4. ed., p.07).

Textos que reafirmam a ligação do Codificador com a Ciência Magné-


tica não nos faltam, são inúmeros. A própria obra que Kardec iniciou mos-
tra a sua preocupação e interesse para com o tema. A Revista Espírita,
em quase todos os seus exemplares, traz artigos a esse respeito, assinados
pelo Mestre Lionês.
Kardec - nas expressões felizes de Michaellus - deixou desbravado o caminho!
Que caminho é este? - Para conhecê-lo, temos de dar alguns passos.

13.1.1.1) Comparando

O Espiritismo e o Magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de


fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um cem-número de fábulas,
em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O conheci-
mento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única,
mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o
melhor preservativo contra as idéias supersticiosas, porque revela o que é
possível e o que é impossível, o que está nas leis da natureza e o que não
passa de ridícula crendice. (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 74. ed.,
FEB, comentários à questão 555).

Magnetismo e Espiritismo - Duas ciências que se completam, formando uma


única, mostrando-nos a realidade das coisas, revelando-nos o que é possível e o
que é impossível. O que está nas Leis da Natureza e o que não passa de ridícula
crendice. Eis o primeiro passo.
Por mais que queiram alguns espiritistas, nos tempos atuais, separar o Mag-
netismo do Espiritismo, por razões nem sempre aceitáveis e compreensíveis, dian-
te de comentários taxativos como este, é inaceitável tal procedimento. Não há
argumentação que se sustente, quando o próprio Codificador da Doutrina dos
Espíritos afirma que o Magnetismo e o Espiritismo, a bem dizer, formam uma
única ciência.

340
Esta comparação não deve, a nosso ver, ser interpretada no sentido que o
Magnetismo e o Espiritismo são uma e a mesma coisa. Há várias diferenças.
Mas, no campo científico, elas se aproximam, tocam-se, completam-se, fundem-
se. Compete-nos estudá-las, colocando em prática as suas diretrizes teóricas.

13.1.1.2) O Magnetismo Como Precursor do Espiritismo

O magnetismo preparou o caminho do Espiritismo, e os rápidos progres-


sos desta última doutrina são incontestavelmente devidos à vulgarização
das idéias sobre a primeira. Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo
e do êxtase às manifestações espíritas há apenas um passo; sua conexão é
tal que, por assim dizer é impossível falar de um sem falar do outro. Se
tivermos que ficar fora da Ciência do magnetismo, nosso quadro ficará in-
completo e poderemos ser comparados a um professor de Física que se
abstivesse de falar da luz. Contudo, como o magnetismo já possui entre nós
órgãos especiais justamente acreditados, seria supérfluo insistirmos sobre
um assunto tratado com superioridade de talento e de experiência. A êle
não nos referiremos, pois, senão acessoriamente, mas de maneira suficien-
te para mostrar as relações íntimas das duas Ciências que, na verdade, não
passam de uma. (Allan Kardec, Revista Espírita, mar. 1858, p.96).

Há aspectos essenciais a serem destacados:

a) Kardec novamente afirma a relação íntima entre as duas ciências: "Na


verdade, não passam de uma";

b) O Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo;

c) Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifesta-


ções espíritas há apenas UM PASSO;

d) Se o Espiritismo tiver de ficar fora da Ciência do Magnetismo, o nosso


quadro ficará incompleto;

e) Tão incompleto, que seria comparável ao professor de Física que se abs-


tivesse de falar da luz.

Os irmãos de ideal que insistem em separar o Espiritismo do Magnetismo são


os professores de Física que nada sabem a respeito da luz.
Não precisamos andar muito para reconhecer e perceber a união, afinidade e
interação entre o Magnetismo e o Espiritismo. Basta darmos UM PASSO.
Um passo além significa uma ação natural, lógica e conseqüente. Daí, se-
gundo Kardec, a necessidade da compreensão clara e lúcida destas duas Ciências,

341
não só para entendermos os fenômenos que nos rodeiam, bem como, para afastar
e negar racionalmente as idéias supersticiosas e crendices ridículas.

13.1.1.3) Dando o Passo

De toda ciência há, conseqüentemente, uma derivação prática. As formula-


ções teóricas levam à experimentação e a experimentação, incansavelmente re-
petida, à comprovação. Da comprovação nascem os métodos, e os métodos fo-
mentam a mudança da realidade e do meio.
A Ciência do Magnetismo permitiu a redescoberta do passe magnético, ex-
plicou-o sobre certa ótica, e muito se utilizou do sonambulismo, desdobrou em
ações úteis o êxtase, dentre vários outros esforços a benefício da humanidade.
A Ciência Espírita com um passo além, partindo dos mesmos princípios, en-
grandeceu, acrescentou e até poderíamos dizer, corrigiu e esclareceu, transmitin-
do-nos uma visão mais vasta dos mecanismos e da praticidade dos fenômenos
magnéticos, além de explicar outros tantos fatos pertencentes ao mundo físico e
extra-físico.
Em relação ao passe magnético, por exemplo, a Doutrina dos Espíritos am-
pliou as suas possibilidades e emprego, demonstrando que tal ação pode ser cor-
roborada pelos Espíritos que nos rodeiam que, em clima de prece e afinidade, se
associam a nós, fortalecendo e qualificando as doações fluídicas. Relatou a utili-
zação do passe no plano espiritual e nos procedimentos assistenciais, desenvolvi-
dos pelos Espíritos junto aos encarnados. Poderíamos dizer que, partindo do Pas-
se Magnético, o Espiritismo deu um passo a mais e legou-nos o Passe Espírita.
O mesmo aconteceu em relação ao sonambulismo, ao êxtase, ao sono mag-
nético, etc. Partindo das sementes e das bases do Magnetismo, demonstrou a
veracidade das Manifestações Físicas e Inteligentes, definiu e classificou a me-
diunidade e os médiuns; abriu as lápides dos túmulos enriquecendo a Filosofia e a
Religião. Nunca, em tempo algum da História da Humanidade, tivemos tantas
informações a respeito da vida e da morte, do que somos, de onde viemos e para
onde iremos....
Materializou, pelos esforços dos missionários encarnados e desencarnados,
vários métodos, tornando-nos úteis, veiculando faculdades inerentes à nossa cons-
tituição psíquica, aproximando não só os chamados vivos dos vivos como estes
dos denominados mortos, unindo a todos pelos laços da Fraternidade e da Carida-
de. Chamou novamente as multidões, como outrora fizera o Cristianismo.
Hoje, como os magnetizadores, perguntamos: O que fazer? Como assistir a
tantos e a todos? Como amenizar as dores físicas, morais e espirituais de sofredo-
res sem conta que nos buscam e nos cercam?
A resposta é simples: Basta darmos um passo!
Se magnetizadores da envergadura de um Deleuze nos afiançam que "a ca-
deia magnética é o mais poderoso meio para aumentar a força do magnetismo e

342
para pôr em circulação o fluido", sendo um dos métodos de escolha para o trata-
mento das multidões de enfermos e os postulados espíritas demonstram que doen-
tes existem dos dois lados da vida, e é a mediunidade, aliada à vibração amorosa,
a forma ideal de tratá-los; basta que unifiquemos conceitos e condutas, e, trans-
formaremos a Cadeia Magnética em Cadeia Magnética Desobsessiva. Em outras
palavras, da mesma forma que partindo do Passe Magnético chegamos ao Passe
Espírita, podemos e devemos partir das Correntes Magnéticas e constituir as
Correntes Espíritas com múltiplas e variadas possibilidades de assistência e so-
corro a quem sofre. Da vibração aos trabalhos de cura, da assistência fluídica à
desobsessão; em todas estas áreas é possível a atuação satisfatória da Corrente
Magnética.
Um passo é muito pouco para tantos benefícios!

13.1.1.4) Kardec Praticava o Magnetismo

O Codificador foi um praticante, durante anos, da terapêutica magnética,


conforme as anotações de Zeus Wantuil e Francisco Thiesen, no volume 2, da
biografia de Allan Kardec (p.148-150).

O Codificador do Espiritismo afirmou em 1858 (RS, junho, 1858, pp.175/


176) que, havia 35 anos, professava a ciência magnética, tendo-se iniciado,
assim em 1823. [...].
Os magnetizadores dessa época tendiam principalmente para os traba-
lhos de cura, concentrando quase todos os esforços na diagnose e terapêu-
tica das doenças. [...].
Ao que tudo indica, Kardec seguia a mesma orientação aceita pelo mag-
netismo de então, ou seja, a que acabamos de nos referir, muito embora
entre seus adeptos houvesse naturais divergências. [...].
Eram extensos os conhecimentos do Codificador quanto ao Magne-
tismo, e ele mesmo disse possuir, igualmente, grande número de livros
contra o Magnetismo, escritos por homens em evidência. (RS, 1858,
p.277).

Allan Kardec, desde 1823, trinta e quatro anos antes do lançamento do O


Livro dos Espíritos, já conhecia, estudava, praticava e lia os prós e contras a
respeito da Ciência Magnética, exemplificando o que nos indica e ensina a fazer,
em relação a qualquer ciência, no capítulo 3 do O Livro dos Médiuns.
Graças aos estudos contínuos, por mais de três décadas, deveria conhecer a
fundo todos os fenômenos e processos de magnetização, incluindo aí a Cadeia
Magnética.
Quando o Codificador escreve sobre o Magnetismo e de sua união com o
Espiritismo, como sempre, falava com conhecimento de causa e com a autoridade
do qual invariavelmente se revestiam suas palavras.

343
3.1.1.5) Allan Kardec e os Pioneiros do Magnetismo

Nomes como Mesmer, Deleuze, Barão DuPotet, La Fontaine, e t c , têm sur-


gido em nossa pesquisa e por várias vezes serão citados nos textos a seguir; seja
do primeiro ou do segundo volume. No entanto, qual era a opinião do Codificador
a respeito destes magnetizadores?

Devíamos aos nossos leitores esta profissão de fé, que terminamos com
uma justa homenagem aos homens de convicção que, enfrentando o ridícu-
lo, o sarcasmo e os dissabores, dedicaram-se corajosamente à defesa de
uma causa tão humanitária. Seja qual for a opinião dos contemporâneos
sobre o seu proveito pessoal, opinião que é sempre mais ou menos o reflexo
das paixões vivazes, a posteridade far-lhes-á justiça: ela colocará os nomes
do Barão Du Potet, diretor do Journal du Magnétisme, do Sr. Millet, dire-
tor da Union Magnétique, ao lado de seus ilustres pioneiros, o Marquês de
Puységur e o sábio Deleuze. Graças aos seus esforços perseverantes, o
magnetismo, popularizado, fincou pé na Ciência oficial, onde já se fala dele
aos cochichos. Este vocábulo passou à linguagem comum: já não afugenta
e, quando alguém se diz magnetizador, já não lhe riem no rosto. (Revista
Espírita, mar. 1858, p.96). (Grifos Originais).

Kardec demonstra conhecer perfeitamente o trabalho desses pioneiros, che-


gando a exaltar a contribuição deles por uma causa tão humanitária. Diz que a
posteridade lhes fará justiça.
A posteridade somos nós. Fazer justiça é pesquisá-los, estudá-los, unir a con-
tribuição que eles deixaram após sacrifícios e dores, aos postulados e orientações
da Doutrina Espírita. Fundir as duas ciências e praticá-las, com rigor e critério, é
a nossa tarefa.
Kardec chama Deleuze de SÁBIO. Esta opinião nos é muito importante,
porque é justamente este sábio, que diz ser a corrente magnética o meio mais
poderoso para aumentar a força do magnetismo e colocar em circulação o fluido.
Quem despreza a opinião de um sábio, que segundo o dicionário Aurélio
significa: "Que tem profundos conhecimentos numa dada matéria ou especialida-
de; conhecedor, perito, versado", é ignorante ou louco!

13.1.1.6) A Contribuição dos Magnetizadores

Após o desencarne, os pioneiros do magnetismo continuaram as suas ações


junto aos homens através da seara espírita-cristã. Várias são as mensagens dita-
das por eles e publicadas por Kardec na Revista Espírita. Recentemente, André
Luiz, pela abençoada mediunidade de Chico Xavier, vem mostrando a extensão e
o uso do magnetismo no Plano Maior da Vida, além de revelar instrutores benevo-
lentes e sábios que em existências passadas, foram grandes magnetizadores, e

344
hoje, distribuem os tesouros da riqueza cultural e da experiência adquiridos em
reencarnações laboriosas, entre as paredes simples de nossos Centros Espíritas,
contribuindo através do livro mediúnico para a melhor compreensão e vivência
dos fundamentos doutrinários, alicerçando os nossos pálidos e pequenos esforços.
E o caso do instrutor Áulus, personagem marcante do livro Nos Domínios da
Mediunidade (12. ed., p.14), cuja história nos é resumidamente apresentada:

Interessava-se pelas experimentações mediúnicas, desde 1779, quando


conhecera Mesmer, em Paris, no estudo das célebres proposições lançadas
a público pelo famoso magnetizador. Reencarnando no início do século pas-
sado, apreciara, de perto, as realizações de Allan Kardec, na codificação
do Espiritismo, e privara com Cahagnet e Balzac, com Théophile Gautier, e
Victor Hugo, acabando os seus dias na França, depois de vários decênios
consagrados à mediunidade e ao magnetismo, nos moldes científicos da
Europa. No mundo espiritual prosseguiu no mesmo rumo, observando e tra-
balhando em seu apostolado educativo. Dedicando-se agora à obra de
espiritualização no Brasil, e isto há mais de trinta anos, comentava, otimista,
as esperanças do novo campo de ação, dando-nos a conhecer a primorosa
bagagem de memórias e experiências de que se fazia portador.

Mediunidade e Magnetismo, nos moldes científicos terrenos e segundo ob-


servações do mundo espiritual, devem também ser um dos nossos maiores inte-
resses. Assim fazendo, compreenderemos definitivamente que não há como e
nem porque separar o Espiritismo do Magnetismo, nem na teoria, na prática e
nem mesmo em relação aos seus iniciados, divulgadores, instrutores e eminentes
pesquisadores.

13.1.2) A Ação Magnética

Continuando a nossa caminhada, vamos dar mais alguns passos no sentido de


compreendermos não só a relação e interação do Espiritismo e o Magnetismo,
mas também a ação magnética em si, vista sob o ângulo espírita.
Tendo Allan Kardec professado a Ciência Magnética e codificado a Doutri-
na dos Espíritos, ninguém melhor e mais preparado do que ele para nos fazer uma
síntese a respeito:

A ação magnética pode produzir-se de muitas maneiras:

lª. pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente


dito, ou magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e, sobre-
tudo, à qualidade do fluido;
a
2 . pelo fluido dos Espíritos atuando diretamente e sem intermediário
sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para
provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo

345
uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual cuja
qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito;

3º. pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que


serve de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semi-
espiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o flui-
do humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em
tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é amiúde espontâneo, porém,
as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador. (Allan Kar-
dec, A Gênese, 21. ed., FEB, cap. 14, p.295, item33). (Grifos Originais).
(Negritos nossos).

Diante do tríplice aspecto da ação magnética, o que mais nos interessa em


relação ao mecanismo das Correntes Magnéticas Desobsessivas é a de número
três - o Magnetismo Misto, Semi-Espiritual ou Humano-Espiritual. Esta
ação é a que predomina, quer na assistência aos desencarnados, quer no socorro
aos encarnados. O magnetismo espiritual igualmente é muito utilizado, porque
os mentores, técnicos e servidores do mundo extrafísico, em alguns momentos,
atuam sem intermediários sobre os pacientes encarnados e desencarnados seja
para curar, acalmar um sofrimento, provocar a visão panorâmica ou exercer uma
influência física ou moral qualquer.

13.1.2.1) Magnetismo Misto ou Humano-Espiritual

Segundo Kardec, neste tipo de ação magnética, os Espíritos derramam os


fluidos sobre o magnetizador que passa a servir de veículo. O fluido humano com-
bina com o fluido espiritual que lhe imprime qualidades das quais carece.
Evidencia-se que neste tipo de ação os espíritos não derramam diretamente
os fluidos sobre as pessoas que estão sendo magnetizadas, mas sobre os
magnetizadores. Estes veiculam a combinação fluídica em prol dos pacientes.
A corrente magnética desobsessiva é, em essência, uma forma coletiva do
Magnetismo Misto ou Humano-Espiritual. Os médiuns que a compõem são, na
verdade, veículos fluídicos que agem primeiramente uns sobre os outros e após
recebem "o derramamento" das energias espirituais. Há uma combinação fluídica
entre os médiuns e destes com os espíritos que qualificam os fluidos.
Metabolizados e transformados, são emitidos pela ação da vontade ativa aos
sofredores encarnados e desencarnados. É o magnetismo semi-espiritual em
prol das multidões.
A fase de absorção da Corrente Desobsessiva reflete a preocupação com a
existência deste mecanismo. Neste momento, a interação fluídica é mais intensa,
e a combinação e a qualificação ocorrem. Segue-se a fase de emissão e recep-
ção, completando-se o ciclo, racional e adequadamente estabelecido, objetivando
o tratamento espiritual.

346
13.1.2.2) Médiuns, Magnetizadores e Ação Magnética

A partir da descrição das três principais maneiras pelas quais a ação magné-
tica é produzida, começamos a pensar se os magnetizadores, em todos os tempos,
não seriam na realidade médiuns; e os médiuns, não seriam magnetizadores em
ações magnéticas humano-espiritual.
Para saber, voltemos a Kardec, mais precisamente, em O Livro dos Mé-
diuns (48. ed., FEB, item 176):

Eis aqui as respostas que nos deram os Espíritos às perguntas que lhes
dirigimos sobre este assunto:
a
I . Podem considerar-se as pessoas dotadas de força magnética como
formando uma variedade de médiuns?

"Não há que duvidar."


a
2 . Entretanto, o médium é um intermediário entre os Espíritos e o ho-
mem; ora, o magnetizador, haurindo em si mesmo a força de que se utiliza,
não parece que seja intermediário de nenhuma potência estranha.

"É um erro; a força magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é


aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio. Se mag-
netizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom Espírito
que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua força e a tua
vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias."
a
3 . Há, entretanto, bons magnetizadores que não crêem nos Espíritos?

"Pensas então que os Espíritos só atuam nos que crêem neles? Os que
magnetizam para o bem são auxiliados por bons Espíritos. Todo homem que
nutre o desejo do bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo que,
pelo desejo do mal e pelas más intenções, chama os maus."
a
4 . Agiria com maior eficácia aquele que, tendo a força magnética, acre-
ditasse na intervenção dos Espíritos?

"Faria coisas que consideraríeis milagre."

13.1.2.2.1) Correlacionando

a) "Não há que duvidar que as pessoas dotadas de força magnética


formam uma variedade de médiuns."

347
Não há como separar magnetizador de médium. Todos nós somos portadores
de força magnética em maior ou menor grau e, da mesma forma, todos somos
médiuns. Conseqüentemente, independente das possibilidades e sensibilidades pes-
soais, podemos atuar em benefício do próximo com maior ou menor intensidade.
Esta regra é válida para a nossa participação nas atividades desobsessivas
por Corrente Magnética, bastando que nos situemos na posição mais adequada às
nossas possibilidades.

b) "É um erro pensar que o magnetizador não seja intermediário de


nenhuma potência estranha."

Unindo pergunta e resposta, confirmamos mais uma vez que, sob qualquer
aspecto que venhamos a analisar, não há como afastar a Ciência Magnética do
Espiritismo.
Quando agimos para o bem, somos invariavelmente intermediários, porque o
Amor e a Fraternidade é uma cadeia de solidariedade extensa e infinita, cujo
centro é o coração paternal de Deus.

c) "A Força Magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é aumen-


tada pela ação dos Espíritos que chamam em seu auxílio."

Todos os médiuns que integram a corrente desobsessiva são portadores de


Força Magnética que é aumentada não só pela ação dos Espíritos, mas também
pela interação entre eles. Ao formarem um organismo único, uma espécie de
bateria mento-eletromagnética, chamam em seu auxílio, com muito maior intensi-
dade, os bons Espíritos, graças à força do Pensamento Coletivo.

d) "Se magnetizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas


um bom Espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele
aumenta a tua força e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as
qualidades necessárias."

A ação fluídica e mental provocada por todos os médiuns que participam da


cadeia desobsessiva, em benefício dos encarnados e desencarnados, faz-se me-
recedora da assistência de vários servidores espirituais: mentores, técnicos,
magnetizadores e familiares que se interessam pela cura dos enfermos das duas
dimensões da existência; organizam-se em outras correntes, aumentando a força
magnética e vibratória de todos os médiuns, fortalecendo a vontade dos compo-
nentes do trabalho, que é a propulsora de todas as ações.
Os Espíritos ainda dirigem os fluidos e lhes dão as qualidades necessárias, e
estas ações são fundamentais e essenciais. Ao dirigirem os trilhões de partículas
emitidas pelos médiuns, a corrente pode atuar próxima ou à distância, de forma
rápida, dinâmica e eficiente, graças a este comando espiritual. Ao qualificarem os
fluidos, dois fenômenos principais ocorrem:

348
a
I - Passamos a ter certeza que cada entidade socorrida e cada encarnado
assistido receberá segundo as suas necessidades, dentro dos parâmetros da Lei
de Justiça e Misericordia.
2
2 - A presença de entes familiares, espíritos que se interessam pela cura
dos enfermos (encarnados e desencarnados), qualifica as doações energéticas
permitindo não só a atração, como a interação das entidades, em passagens
rápidas e transitorias pelos fluidos da corrente magnética desobsessiva. A in-
corporação, para os que necessitam, é facilitada, porque o campo de sintonia,
tão necessário à manutenção do circuito mediúnico, ganha a qualificação das
vibrações dos seres que verdadeiramente amam e querem a recuperação dos
espíritos sofredores.

e) "Os que magnetizam para o bem são auxiliados por bons Espíritos.
Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por
isso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas más inten-
ções chama os maus."

Ao iniciarmos os trabalhos de desobsessão por corrente magnética, não há


por que duvidar da assistência espiritual. Basta que os servidores encarnados
desejem o bem e serão auxiliados pelos bons espíritos. A regra é muito simples,
não existe motivos para qualquer temor.
Concluímos que qualquer pessoa que venha a magnetizar, nutrindo o bem ou
o mal, será assistida. Dessa forma, a maioria das ações magnéticas, no nosso
meio, é semi-espiritual ou humano-espiritual, sendo muito pequeno o emprego do
magnetismo humano, propriamente dito.

f) "Aquele que tendo a força magnética, acreditasse na intervenção


dos Espíritos, faria coisas que consideraríeis milagre."

Se uma pessoa portadora de força magnética, quando assistida pelos bons


espíritos, pode fazer coisas que seriam consideradas milagres, imagine o que vá-
rios médiuns, nutrindo o mesmo desejo do bem, unidos por uma mesma vibração,
secundados por uma equipe espiritual, não podem realizar!
Muito dos fatos ou possibilidades consideradas surpreendentes ou milagro-
sas, que rotineiramente podemos constatar na prática criteriosa da desobsessão
por corrente, devem-se a esta crença na ação dos Espíritos junto a nós. Quando a
crença se transforma em certeza, crescem os resultados e as bênçãos que pode-
mos veicular.

13.1.3) A Mediunidade Curadora

A Mediunidade Curadora representa entre nós, o canal pelo qual aplica-


mos o magnetismo humano-espiritual. Unindo emanações mentais e fluídicas

349
dos médiuns em regime de associação com a espiritualidade é que consegui-
mos desenvolver todo o gênero de assistência psíquica, tão comum em nossas
instituições.
Enriquecendo e aprofundando a nossa análise, vamos abordar os vários as-
pectos atinentes a esta faculdade, verificando em primeiro plano se é possível
tratar a obsessão através dela.
Na Revista Espírita de Setembro de 1865 (p.250), Allan Kardec faz uma
longa dissertação a respeito. Já citamos alguns trechos deste texto anteriormente
e o faremos também nos próximos capítulos. Agora, iremos separar pequenas
anotações que versem sobre a qualidade dos fluidos e destaquem as característi-
cas principais dos médiuns curadores. Imediatamente após cada citação, faremos
os comentários e as correlações com a desobsessão por corrente mento-eletro-
magnética.

13.1.3.1) A Mediunidade Curadora e o Magnetismo

"A mediunidade curadora deveria ter a sua vez; posto que parte inte-
grante do Espiritismo, ela é, por si só, toda uma ciência, porque se liga ao
magnetismo, e não só abarca as doenças propriamente ditas, mas todas as
variedades, tão numerosas e complexas, de obsessões que, também estas
influem no organismo." (Revista Espírita, set.1865, p.250).

Pela mediunidade curadora, podemos tratar não só as doenças propria-


mente ditas, mas todas as variedades, tão numerosas e complexas de obses-
sões. Por si só é uma ciência revelada pelo Espiritismo, ligando-se ao Mag-
netismo.
Todos os médiuns de incorporação, passistas e dirigentes da corrente
magnética desobsessiva são também médiuns curadores, porque veiculam
energias humano-espirituais, dentro dos processos magnéticos. Sabemos que
a mediunidade curadora conforme ensina Kardec, em seu maior grau, é rara
na face da Terra, mas comum, se a analisarmos sob o aspecto das doações
fluídicas que todos nós, quando nos associamos aos Bons Espíritos, podemos
realizar. Ora, se esta variedade de mediunidade pode tratar todas as doen-
ças, incluindo os casos numerosos e complexos de obsessões, se a associar-
mos aos mais potentes métodos dentre todos os processos do magnetismo -
A Corrente Magnética -, formando-a com médiuns que, além de curadores,
sejam psicofônicos e associando-os entre si, e a todos os servidores do Mun-
do Maior, poderemos tratar, então, enfermidades físicas e espirituais, de en-
carnados e desencarnados, simples ou complexas, em número e variedade de
dimensões infinitas.
A corrente magnética desobsessiva é o método que, associando possibilida-
des, permite, facilita e desenvolve todas estas ações.

350
13.1.3.2) O Fluido Humano x O Fluido Espiritual

"Sendo o fluido humano menos ativo, exige uma magnetização continua-


da e um verdadeiro tratamento, por vezes muito longo. Gastando o seu pró-
prio fluído, o magnetizador se esgota e se fatiga, pois dá de seu próprio
elemento vital. Por isso deve, de vez em quando, recuperar suas forças. O
fluído espiritual, mais poderoso, em razão de sua pureza, produz efeitos
mais rápidos e, por vezes, quase instantâneos. Não sendo esse fluído do
magnetizador, resulta que a fadiga é quase nula." (Revista Espírita, set.
1865, p.252). (Grifos nossos).

A rapidez dos efeitos produzidos pela corrente magnética desobsessiva se


explica também pela presença dos fluidos espirituais que abundantemente são
emitidos pelos espíritos e assimilados por todos os médiuns. Efeitos rápidos, ins-
tantâneos. Os médiuns não se esgotam, porque doam apenas pequena parcela de
seus próprios elementos vitais, veiculando em maior quantidade os fluidos espiri-
tuais, resultando dessa forma uma fadiga quase nula.
Outro fator que contribui para o menor desgaste energético é que mesmo
esta pequena parcela, dos próprios elementos vitais dos médiuns, é doada em
somação, em interação coletiva, formando um organismo único. Uma bateria a
gerar e a emitir fluidos magnéticos de origem humana e espiritual, sendo a segun-
da fonte, a mais importante, porque qualifica, potencializa e dinamiza a primeira.
É dever de todos os integrantes da corrente desobsessiva de trabalhar por
sua própria depuração, por seu melhoramento moral, limpando o vaso íntimo,
retirando as impurezas que podem tornar inadequados os fluidos que veiculam, ou
impróprias as energias que doam.

13.1.3.3) A Potência dos Fluidos Espirituais

"Todo magnetizador pode tornar-se médium curador, se souber fazer-se


assistir por bons Espíritos. Neste caso os Espíritos lhe vêm em ajuda, derra-
mando sobre êle seu próprio fluído, que pode decuplicar ou centuplicar a
ação do fluído puramente humano." (Revista Espírita, set. 1865, p.253).

Kardec repete o mecanismo do Magnetismo Misto ou Humano-Espi-


ritual: os Espíritos derramam sobre o médium os fluidos que podem decuplicar ou
centuplicar a ação do fluido puramente humano.
A formação da corrente magnética desobsessiva, por si só, já decuplica ou
centuplica os fluidos emitidos pelos médiuns, considerando-se apenas o magnetis-
mo humano. Esta fonte já potencializada, ao receber as emissões dos bons Espí-
ritos, novamente, decuplica ou centuplica a ação fluídica, dando-nos uma idéia
numérica de suas enormes possibilidades assistenciais.

351
Ao compararmos a doação solidária de um magnetizador, poderemos dizer
que a corrente magnética espírita representa 10 a 100 vezes esta mesma
ação.

13.1.3.4) A Importância da Prece

"A prece, que é um pensamento, quando fervorosa, ardente, feita com


fé, produz o efeito de uma magnetização, não só chamando o concurso dos
bons Espíritos, mas dirigindo ao doente uma salutar corrente fluídica." (Re-
vista Espírita, set. 1865, p.254).

Em capítulos passados, já comentamos a respeito da importância da oração


fervorosa e ardente como veículo de magnetização. Repetimos nova citação, com
o mesmo conteúdo, para renovar as considerações anteriores, mostrando-nos mais
uma vez que a oração como magnetização mental é imprescindível às ações da
corrente desobsessiva, seja favorecendo o concurso dos bons Espíritos, harmoni-
zando e integrando a equipe de servidores encarnados e desencarnados, seja diri-
gindo aos doentes do corpo e da alma uma salutar corrente fluídica.

13.1.3.5) Como Desenvolver a Mediunidade Curadora

"A mediunidade curadora é uma aptidão, como todos os gêneros de


mediunidade, inerente ao indivíduo, mas o resultado efetivo dessa aptidão
independe de sua vontade. Incontestavelmente ela se desenvolve pelo exer-
cício, sobretudo, pela prática do bem e da caridade; [...]." (Revista Espíri-
ta, set. 1865, p.254). (Grifo Original).

Este mesmo conceito é expresso por Kardec no livro A Gênese (21. ed.,
FEB, cap. 14, p.296, item 34):

"É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode


desenvolver-se por meio do exercício; mas, a de curar instantaneamente,
pela imposição das mãos, essa é mais rara e o seu grau máximo se deve
considerar excepcional."

Os participantes da corrente magnética, na sua quase totalidade, não são


médiuns curadores em alto grau obtendo resultados excepcionais. São médiuns
que buscam curar pela influência fluídica, desenvolvendo os próprios recursos por
meio do exercício, quer seja a partir do desenvolvimento mediúnico, quer pela
prática permanente na assistência desobsessiva. A prática do bem e da caridade
são condutas essenciais para o crescimento pessoal e aperfeiçoamento da apti-
dão inerente, em grau menor, a todos nós.

352
13.1.4) A Mediunidade Curadora Como Ciência

Retomando aos apontamentos iniciais de Kardec, no item anterior, vamos


dar mais alguns passos objetivando a melhor compreensão desta faculdade que
juntamente com outras aptidões explicam as possibilidades e mecanismos da cor-
rente magnética.
A mediunidade curadora - esclarece Kardec - deveria ter a sua vez, posto
que parte integrante do Espiritismo ela é, por si só, toda uma ciência.
No mesmo texto, linhas acima, afirma:

"O conhecimento da mediunidade curadora é uma das conquistas que


devemos ao Espiritismo; mas o Espiritismo, que começa, ainda não pode ter
dito tudo; não pode, de um só golpe, mostrar-nos todos os fatos que abarca;
diariamente os mostra novos, dos quais decorrem novos princípios, que vêm
corroborar ou completar os já conhecidos, [...]." (Revista Espírita, set.
1865,p.250)

Este artigo foi publicado por Kardec em Setembro de 1865, portanto, há pou-
cos anos do término de sua missão na Terra. Novos princípios surgiram, comple-
tando e desenvolvendo os já existentes.
Dentro destes princípios, está o emprego da mediunidade curadora na
desobsessão, de forma coletiva, graças ao redirecionamento do método das
correntes magnéticas. Os Espíritos Reveladores, ao responderem a questão
388 em O Livro dos Espíritos (74. ed., FEB), já antecipavam a necessidade
de contarmos com a colaboração do tempo para a compreensão de todos os
princípios:

"Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O mag-


netismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor."

Destacaquemos por tópicos a mensagem:

1 - "Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis."

2 - "O magnetismo é o piloto desta ciência."

3 - "Mais tarde compreendereis melhor."

A seguir, vamos analisar cada item, mostrando meticulosamente o significa-


do da resposta dos Espíritos. Chamamos a atenção, antes de iniciar, para a impor-
tância das mensagens que serão citadas, porque elas esclarecem os fundamentos
básicos da Corrente Desobssessiva e confirmam a união do Magnetismo e do
Espiritismo.

353
13.1.4.1) Ás Ligações Entre os Seres Pensantes

Na Revista Espírita de Outubro de 1860 (p.343-344), encontramos duas


comunicações ditadas pelo espírito Delphine Girardin sobre o tema A eletricida-
de e o pensamento. As mensagens em foco mostram-nos como ocorrem as liga-
ções entre os seres pensantes.

13.1.4.1.1) Á Eletricidade do Pensamento

Falarei do estranho fenômeno que se passa nas reuniões, seja qual fôr
o seu caráter. Quero falar da eletricidade do pensamento, que se espalha,
como que por encanto, nos cérebros menos preparados para recebê-la. Tal
fato, por si só, poderia confirmar o magnetismo aos olhos dos mais incrédu-
los. Surpreende-me sobretudo a coexistência dos fenômenos e a maneira
por que se confirmam reciprocamente. Sem dúvida direis: O Espiritismo os
explica a todos, porque dá a razão dos fatos até então relegados ao domínio
da superstição. É preciso crer no que ele vos ensina, porque transforma a
pedra em diamante, isto é, eleva incessantemente as almas que se aplicam
a compreendê-lo e lhes dá, nesta Terra, a paciência para suportar os males,
e lhes proporciona, no céu, a elevação gloriosa que aproxima do Criador.
Volto ao ponto de partida, do qual me afastei um pouco: a eletricidade que
une o Espírito dos homens em reunião, e os faz a todos compreender, todos ao
mesmo tempo, a mesma idéia. Essa eletricidade também será um dia em-
pregada tão eficazmente entre os homens reunidos, quanto o é para as comu-
nicações afastadas. (Revista Espírita, out. 1860, p.343). (Grifos nossos).

Ao denominarmos a corrente desobsessiva de corrente mento-eletromagné-


tica, queremos chamar a atenção para a natureza eletromagnética das irradiações
mentais. Ao compararmos, como fazem os Espíritos, os fenômenos elétricos e
magnéticos à energia mental, compreendemos melhor como ocorre e como se dá
as interações entre os espíritos encarnados e desencarnados. Não resta dúvida
que o pensamento é um processo bem mais complexo que a eletricidade e o mag-
netismo, vulgarmente conhecidos, mas servem de base e correlação, incentivan-
do-nos ao estudo e a descobertas de novos horizontes.
A corrente magnética é o emprego da eletricidade do pensamento, de forma
eficaz, entre homens ou médiuns reunidos para tratamento próximo ou à distân-
cia. União realizada em torno de uma mesma idéia, que se espalha, por emissões
recíprocas de cérebro a cérebro, confirmando o Magnetismo e colocando em prá-
tica os fundamentos do Espiritismo.

13.1.4.1.2) A Rapidez da Ação Mental

Vou completar meu pensamento, incompleto na última comunicação.


Eu falava da eletricidade do pensamento e dizia que um dia ela seria

354
empregada como o é a sua irmã, a eletricidade física. Com efeito, reunidos,
os homens desprendem um fluido que lhes transmite, com a rapidez do
relâmpago, as menores impressões. Por que jamais se pensou nesse meio,
por exemplo, para descobrir um criminoso, ou fazer que as massas com-
preendam as verdades da religião ou do Espiritismo? Nos grandes proces-
sos criminais ou políticos os assistentes dos dramas judiciários puderam,
todos, constatar a corrente magnética que, pouco a pouco, forçava as pes-
soas mais interessadas a ocultar o pensamento, a descobri-lo, até mesmo a
se acusar, pois não mais podiam suportar a pressão elétrica que, malgrado
seu, fazia brotar a verdade, não de sua consciência, mas do seu coração.
Fora dessas grandes emoções, o mesmo fenômeno ocorre nas idéias inte-
lectuais, que se comunicam de cérebro a cérebro. O meio já foi, pois,
encontrado. Trata-se de aplicá-lo: reunir num mesmo centro homens
convictos, ou homens instruidos, e lhes opor a ignorância ou o vício. Essas
experiências devem ser feitas conscientemente, e são mais importantes
que os debates sobre palavras. (Revista Espírita, out.1860, p.344).
(Grifos nossos).

No dizer do Espírito Delphine Girardin, as ações mentais de homens convic-


tos e instruídos opondo-se à ignorância e ao vício de forma consciente, empregan-
do a eletricidade do pensamento, é uma experiência mais importante que os deba-
tes sobre palavras.
O que é a corrente magnética desobsessiva senão um dos métodos que per-
mite colocar em prática, de forma criteriosa, essa realidade? A diferença é que
esses homens, além das qualidades mencionadas, possuem aptidões mediúnicas,
podendo atuar tanto em relação aos encarnados, quanto aos desencarnados, com-
batendo a ignorância e os vícios em ambas as dimensões da existência, sem que
haja necessidade dos debates evangélicos em doutrinações verbais.
As reuniões dos médiuns em ações vibratórias levam à emissão de fluidos
que lhes transmitem, com a rapidez do relâmpago, as menores impressões. Expli-
ca-se mais uma vez, o porquê da dinâmica, rapidez e eficiência da corrente mag-
nética desobsessiva.
Segundo a mensagem, este meio pode ser utilizado de várias maneiras. Da des-
coberta de um criminoso à ação sobre as massas, levando-as a perceberem as verda-
des da religião e do Espiritismo. A corrente magnética vibratória formada age, por
exemplo, sobre os criminosos forçando-os a revelarem os pensamentos mais ocultos
ou transmitindo de cérebro a cérebro as idéias intelectuais.
A doutrinação mental, realizada a partir da fase de emissão, e principalmen-
te, no momento da recepção da cadeia desobsessiva, é a expressão do uso supe-
rior dessa realidade inconteste. A salutar corrente emitida alcança os
desencarnados, forçando-os, pela potência e qualidade das emissões, a revela-
rem os mais íntimos pensamentos e, ao mesmo tempo, a perceberem as imagens
preparadas pelos técnicos e arquitetos espirituais, conduzindo-os a uma nova

355
tomada de consciência, passando a receber, pela comunicação de cérebro a cére-
bro, as idéias amorosas e generosas emitidas pelos servidores encarnados e
desencarnados. O mesmo fenômeno ocorre com o paciente encarnado, que ao re-
ceber o passe espírita e as irradiações da corrente magnética, renova os fluidos e os
pensamentos, permitindo a reflexão mental e a mudança de hábitos e condutas.
A corrente mento-eletromagnética exerce uma espécie de pressão vibratória
ou elétrica, indução mental, agindo na área emocional e intelectual de quem a
recebe, levando-o a revelar-se; revelando-se, permite o socorro espiritual, abrin-
do as portas da recuperação moral.
"Um dia a eletricidade do pensamento será empregada como é a sua irmã, a
eletricidade física". A corrente magnética desobsessiva é a concretização dessa
previsão. Um dia é o nosso Hoje.

13.1.4.2) O Magnetismo Como Piloto Desta Ciência

As propriedades eletromagnéticas do pensamento não foram aspectos cita-


dos apenas em textos, na época da Codificação. Ditados mediúnicos atuais des-
dobram em novas e proveitosas comparações esta característica das irradiações
mentais, mostrando novos ângulos e justificando os inúmeros métodos que podem
ser empregados à partir desses conhecimentos.

Com a palavra André Luiz:

a) A Eletricidade do Pensamento

"O espírito humano lida com a força mental, tanto quanto maneja a ele-
tricidade, com a diferença, porém, de que se já aprende a gastar a segunda,
no transformismo incessante da Terra, mal conhece a existência da primei-
ra, que nos preside a todos os atos da vida." (Libertação, 12. ed., p.14).

"O pensamento elevado santifica a atmosfera em torno e possui pro-


priedades elétricas que o homem comum está longe de imaginar." (Mis-
sionários da Luz, 21. ed., p.46). (Grifos nossos).

b) Eletricidade e Magnetismo

Para que se faça mais clareza em nosso tema, é imperioso incluir o


magnetismo, de modo mais profundo, em nossas observações de limiar.
Sempre que nos reportamos ao estudo de campos magnéticos, o ímã é
recordado para marco inicial de qualquer anotação.
Nele encontramos um elemento com a propriedade de atrair limalhas de
ferro ou de aço e que, com liberdade de girar ao redor de um eixo, assume
posição definida, relativamente ao meridiano geográfico, voltando
invariavelmente a mesma extremidade para o pólo norte do Planeta.

356
Estabelecendo algumas idéias, com respeito ao assunto, consignaremos que
a corrente elétrica é a fonte de magnetismo até agora para nós conhecida na
Terra e no Plano Espiritual.
Nessa mesma condição entendemos a corrente mental, também corrente
de natureza elétrica, embora menos ponderável na esfera física.
Em tomo, pois, da corrente elétrica, através desse ou daquele condutor, sur-
gem efeitos magnéticos de intensidade correspondente, e sempre que nos pro-
ponhamos à produção de tais efeitos é necessário recorrer ao apoio da corrente
referida. (Mecanismos da Mediunidade, 8. ed., p.68). (Grifos nossos).

c) O Efeito Imã

Contudo, para gravar as linhas básicas de nosso estudo, recordemos a pro-


pagação indeterminada dos elétrons nas faixas da Natureza.
De semelhante propagação, qualquer pessoa pode retirar a prova evidente
com vários objetos como, por exemplo, com a experiência clássica da caneta-
tinteiro que, friccionada com um pano de lã, nos deixa perceber que as bolhas
de ar existentes entre as fibras do pano fornecem os elétrons livres a elas
agregados, elétrons que se acumulam na caneta mencionada, por suas qualida-
des dielétricas ou isolantes.
Efetuada a operação, elementos leves, portadores de cargas elétricas posi-
tivas ou, mais exatamente, muito pobres de elétrons, como sejam pequeninos
fragmentos de papel, serão atraídos pela caneta, então negativamente carrega-
da. {Mecanismos da Mediunidade, 8. ed., p.109).

13.1.4.2.1) Á Cadeia Desobssessiva

Relacionemos mais esses conceitos à prática da desobsessão por corrente mag-


nética:

1) A corrente mental sendo uma corrente de natureza elétrica, embora menos


ponderável na esfera física, é igualmente a fonte do magnetismo. Ao se deslocar,
forma em torno do campo áurico dos médiuns, e em outros meios propícios à sua
propagação, efeitos magnéticos de intensidade correspondente à atenção, à vontade e
à potência mental do emissor, capaz de ter propriedades semelhantes ao ímã comum.

2) A atmosfera elevada e santificada dos ambientes de desobsessão por corren-


te magnética está carregada de emanações mentais, de propriedades elétricas, resul-
tantes da emissão e concentração dos elétrons ou fótons mentais, trilhões de partícu-
las emitidas pelos médiuns e os Bons Espíritos que, pela indução consciente e recípro-
ca, passam a atuar como um ser coletivo, em bloco, semelhante a uma verdadeira
bateria mento-eletromagnética, a expressar a força do pensamento coletivo.

357
3) Essa bateria, por pulsos energéticos, em diferentes fases, emite raios de
profundo poder, constituindo-se pelo deslocamento dos elétrons mentais em um
mento-eletroímã, que por estar invariavelmente voltado às fontes superiores da
vida, atrairá, em regime de interação, sintonia e ressonância vibratória, em pro-
cessos rápidos e transitórios de enxertia neuro-psíquica as entidades sofredoras,
como faz o ímã ao atrair limalhas de ferro ou de aço.

4) Dessa integração, a definir ações magnéticas humano-espirituais em ações


mento-eletromagnéticas conjuntas, unificadas e mistas, por reunir servidores en-
carnados e desencarnados, haverá uma formação de uma rede de forças superi-
ores, após a fricção ou expulsão de resíduos vibratórios por parte dos médiuns e
conseqüente absorção dos elétrons mentais fornecidos pela espiritualidade. Nas-
cerá dessas ações um conjunto ou aparelho negativamente carregado de apetites
maléficos ou de qualquer outro sentimento humano inferior.

5) Esta rede de forças positivas ou conjunto negativamente carregado de


cargas vibratórias inferiores, atrairá, à semelhança da caneta-tinteiro, as entida-
des doentias, pobres em elétrons mentais nobres ou positivamente carregadas de
cargas mentais de baixo teor.
Os espíritos necessitados passam a receber, em regime de circuito fechado,
ação e reação, a pressão elétrica do pensamento, que em regime coletivo, é emi-
tido pela corrente. Com a rapidez de um relâmpago, os fluidos veiculados, carre-
gados da impregnação pessoal de cada médium, qualificados pelos bons Espíritos,
atuam sobre os sofredores, levando-os à renovação mental e emocional.

13.1.4.3) Mais Tarde Compreendereis Melhor

No início da nossa pesquisa o Espírito Emmanuel nos asseverava que "a


revelação da verdade é progressiva". Progressiva e poderíamos dizer dinâmica,
sólida, constante, ao confirmar antigos conceitos, acrescentando novas variáveis
ou relembrando orientações esquecidas, mas diligenciando sempre a melhor com-
preensão dos fatos e de nós mesmos.
Como temos enormes dificuldades quanto ao entendimento, não podemos
desprezar a colaboração do tempo, pois, geralmente, somente mais tarde é que
compreendemos melhor tudo aquilo que nos ensinam.
O Magnetismo como piloto da Ciência Espírita, as propriedades do pensa-
mento, a união do Espiritismo e do Magnetismo não fogem à regra. Crescem os
postulados à respeito, mas não a nossa condição de aprendizes. A ilusão quase
sempre nos retém em suas malhas.
No entanto, é necessário avançar, prosseguir, estudando e servindo sempre.
A leitura e as afirmações dos Mensageiros do Bem, nos são essenciais...
Continuemos, portanto, com André Luiz:

358
a) O Cérebro Humano como Gerador

Com alguma analogia, encontramos no cérebro um gerador auto-excita-


do, acrescido em sua contextura íntima de avançados implementos para a
geração, excitação, transformação, indução, condução, exteriorização, cap-
tação, assimilação e desassimilação da energia mental, qual se um gerador
comum desempenhasse, não apenas a função de criar força eletromotriz e
conseqüentes potenciais magnéticos para fornecê-los em certa direção, mas
também todo o acervo de recursos nos modernos emissores e receptores
de radiotelefonia e televisão, acrescidos de valores ainda ignorados na Ter-
ra. (Mecanismos da Mediunidade, 8. ed., p.75).

b) Mecanismo de Ação de Cérebro a Cérebro

"Nos transmissores dessa espécie, é imperioso conjugar a aparelhagem


necessária à captação, transformação, irradiação e recepção dos sons e
das imagens de modo simultâneo.
De igual maneira, até certo ponto, o pensamento, a formular-se em on-
das, age de cérebro a cérebro, quanto a corrente de elétrons, de transmis-
sor a receptor, em televisão."(Mecanismos da Mediunidade, 8. ed., p.85).

c) Á Organização da Cabine de Manifestação do Espírito

Com muito mais primor de organização, o cérebro ou cabine de manifes-


tação do Espírito, tanto quanto possamos conhecer-nos, do ponto de vista
da estrutura mental, em nossa presente condição evolutiva, possui nas célu-
las e implementos que o servem aparelhagens correspondentes às peças
empregadas em televisão para a emissão e recepção das correntes eletrô-
nicas, exteriorizando as ondas que lhe são características, a transportarem
consigo estímulos, imagens, vozes, cores, palavras e sinais múltiplos, atra-
vés de vias aferentes e eferentes, nas faixas de sintonia natural.
As válvulas, câmaras, antenas e tubos destinados à emissão dos elé-
trons, ao controle dos elétrons emitidos, à formação dos feixes corpusculares
e respectiva deflexão vertical e horizontal e a operações outras para que o
mosaico ou espelho elétrico forneça os sinais de vídeo, equivalentes à me-
tamorfose da cena em corrente elétrica, e para que a tela fluorescente
converta de novo os sinais de vídeo na própria cena óptica, a exprimir-se
nos quadros televisionados, - configuram-se, admiravelmente, nos recursos
sensíveis do cérebro, sistema nervoso, plexo, e glândulas endócrinas, enri-
quecidos de outros elementos sensoriais no veículo físico e psicossomático,
cabendo-nos, ainda, acentuar que a nossa comparação peca demasiado pela
pobreza conceptual, porquanto, em televisão, na atualidade, há conjuntos
distintos para emissão e recepção, quando o Espírito, na engrenagem

359
individual do cérebro, conta com recursos avançados para serviços de emis-
são e recepção simultâneos. (Mecanismos da Mediunidade, 8. ed., p.87).

Sendo o Cérebro Humano aparelho adequado e muito superior aos modernos


emissores e receptores de radiotelefonia e televisão, acrescido de valores ainda
ignorados na Terra, contando com recursos avançados para serviço de emissão e
recepção simultâneos; compreende-se hoje, bem melhor do que ontem, porque o
Magnetismo é o piloto desta ciência e os mecanismos de como ocorrem a trans-
missão e recepção das correntes mentais.
Recebendo e emitindo, simultaneamente, os médiuns da corrente magnética
desobsessiva podem absorver as irradiações superiores dos técnicos, arquitetos,
mentores do plano espiritual e ao mesmo tempo doá-las, acrescidas do próprio
magnetismo, aos irmãos sofredores. Serviço desobsessivo, onde ocorre os fenô-
menos de geração, excitação, transformação, indução, condução, exteriorização,
captação, assimilação e desassimilação da energia mental. O pensamento, formu-
lando-se em onda, conjugado aos objetivos comuns, age de cérebro a cérebro,
médium a médium, e esses, em correntes interativas, recebem os elétrons mentais
livres e nobres doados pelos Espíritos.
Conhecedores dessa realidade, basta-nos um processo adequado para por
em funcionamento tal engrenagem, para ser possível a realização de "coisas" que
poderiam ser consideradas milagres.

Esse processo é a união prática e racional:

1. Da cadeia magnética desenvolvida pelos magnetizadores;

2. Da mediunidade curadora e de incorporação;

3. Da prece individual e coletiva, entendida como uma magnetização mental;

4. E de ações mentais dirigidas e disciplinadas, alicerçadas pela reforma e


aperfeiçoamento moral dos participantes.

Todos esses itens devem ser desenvolvidos em um contexto assistencial que


inclui várias outras atividades como o passe espírita, a evangelização cristã por
palestras e estudos dirigidos, a triagem ou conversação fraterna, etc. Em síntese,
um conjunto de ações em somação, desenvolvidas pelo conhecimento de princípi-
os novos e antigos, passos de ontem, caminhada perseverante e contínua de hoje,
possibilitando a assistência física, moral, mental, psíquica e espiritual às multidões
de encarnados e desencarnados.
Denominamos este método que torna possível a totalidade das ações anteri-
ormente referidas de corrente magnética desobsessiva ou corrente magnética es-

360
pirita ou corrente de força ou corrente mento-eletromagnética ou, ainda, corrente
magnética humano-espiritual.

13.2) A CORRENTE MAGNÉTICA APLICADA À DESOBSESSÃO

Historicamente temos comentado que a corrente magnética aplicada à


desobsessão foi inicialmente estabelecida por Jerônimo Candinho, a partir da
sua experiência junto ao exemplar educador espírita Eurípedes Barsanulfo. Devido
aos resultados, vários grupos espiritistas passaram a se utilizar do método em
suas atividades desobsessivas, e aí, surge a figura de Gilson de Mendonça
Henriques como um dos grandes divulgadores do novo processo, aperfeiçoan-
do-o e auxiliando a vários dirigentes a implantar com sucesso, tal metodologia.
Mas como sempre, vem-nos à mente uma pergunta: - Será que os espíritas
contemporâneos de Allan Kardec não vislumbraram esta possibilidade?
A pergunta procede, porque naquela época, o Magnetismo e os seus processos
eram muito mais conhecidos, e não podemos esquecer que a Espiritualidade
sempre esteve presente, e orientando, tanto em relação aos princípios, quanto
aos métodos.
Em nossa opinião, com base em vários exemplos encontrados na Revista
Espírita, podemos afirmar que sim! Alguns grupos, através de seus dirigentes
chegaram a escrever ao Codificador a respeito. É o caso da Sociedade Espírita
de Bordeaux. Kardec publica trecho do relatório anual desta sociedade, na Revis-
ta Espírita de Junho de 1867 (p.l 83), e dentre os relatos, dos quais já citamos
parte no capítulo 3, ainda encontramos:

Eis, acrescenta o sr. Peyranne, os principais ensinamentos que saíram


para nós das sessões consagradas aos Espíritos obsessores:
Para agir eficazmente sobre um obsessor, é preciso que os que o mora-
lizam e o combatem pelos fluidos, valham mais que êle. Isto se compreende
tanto melhor quanto o poder dos fluidos está em relação direta com o adian-
tamento moral daquele que o emite. Um Espírito impuro chamado a uma
reunião de homens morais aí não se sente à vontade; compreende a sua
inferioridade, e se tentar enfrentar o evocador, como por vezes acontece,
ficai persuadidos de que logo abandonará o papel, sobretudo se as pessoas
componentes do grupo onde se comunica se unem ao evocador pela vonta-
de e pela fé.
Creio que ainda não compreendemos bem tudo quanto podemos sobre
os Espíritos impuros, ou antes, que ainda não sabemos servir-nos dos tesou-
ros que Deus nos pôs nas mãos.
Sabemos ainda que uma descarga fluídica feita sobre um obse-
dado por vários espíritas, por meio da cadeia magnética, pode rom-
per o laço fluídico que o liga ao obsessor e tornar-se p a r a este
último um remédio moral muito eficaz, provando-lhe a sua impo-
tência.

361
Sabemos igualmente que todo encarnado, animado pelo desejo de aliviar
o seu semelhante, agindo com fé, pode, por meio de passes fluídicos, senão
curar, ao menos aliviar sensivelmente um doente.
Termino as sessões de quinta-feira fazendo notar que nenhum Espírito
obsessor continuou rebelde. Todos aqueles de que nos ocupamos termina-
ram reconhecendo os seus erros, abandonaram as suas vítimas e entra-
ram em melhor caminho. (Revista Espírita, jun. 1867, p.183). (Grifos
nossos).

Como podemos verificar, os irmãos da Sociedade de Bordeaux já sabiam,


naquela época, muita coisa a respeito das ações magnéticas aplicadas à cura e à
desobsessão. Pela experiência, chegaram a definir ensinamentos e princípios, de-
senvolvendo métodos e alcançando excelentes resultados.

Kardec, ao final da exposição, comenta a respeito do tratamento desobsessivo:

"A maneira por que procede para o tratamento das obsessões é ao mes-
mo tempo notável e instrutiva, e a melhor prova que essa maneira é boa, é
que dá resultado." (Revista Espírita, jun. 1867, p.185).

Hoje como ontem, o argumento inicial para implantação da corrente magnética


desobsessiva foi este: "A maneira é boa, porque dá resultados". Mas os avan-
ços do conhecimento e das diretrizes espirituais nos permitem, atualmente, explicar
porque os resultados são bons e de que forma o método pode se aperfeiçoar.

13.2.1) As Razões do Êxito

Voltando ao relatório de Bordeaux, vamos dissecá-lo, estudando os principais


ensinamentos apresentados pelo Sr. Peyranne, correlatando-os aos avanços con-
quistados:

a) "Isto se compreende tanto melhor quanto o poder dos fluidos está


em relação direta com o adiantamento moral daquele que o emite."

Temos repetido exaustivamente este princípio. Se os médiuns que participam


da desobsessão por corrente magnética não se aperfeiçoarem, o poder dos fluidos
estarão prejudicados e as possibilidades de socorro bastante diminuídas. É funda-
mental a reforma íntima, a união dos participantes e a atuação consciente pela
vontade e pela fé.

b) "Creio que ainda não compreendemos bem tudo quanto podemos


sobre os espíritos impuros, ou antes, que ainda não sabemos ser-
vir-nos dos tesouros que Deus nos pôs nas mãos."

362
Esta afirmação é de uma modernidade a toda prova. Apesar de tudo que
recebemos e sabemos, graças ao trabalho incansável dos Espíritos Superiores e
dos médiuns dedicados, ainda não compreendemos bem tudo quanto podemos
sobre os espíritos sofredores e, mais do que isso, não sabemos utilizar e temos
desprezado recursos inestimáveis, dentre eles a corrente magnética.

c) "Sabemos ainda que uma descarga fluídica feita sobre um obseda-


do por vários espíritos, por meio da cadeia magnética, pode rom-
per o laço fluídico que o liga ao obsessor e torna-se para este
último um remédio muito eficaz, provando-lhe a sua impotência."

Quando o Sr. Peyranne comenta no relatório que se utilizava das cadeias


magnéticas no tratamento das obsessões, o Codificador sabia naturalmente que
ele se referia ao método empregado e desenvolvido pelos magnetizadores. Em
nenhum momento, em suas observações, discorda, escreve algo contrário, mostra
inconvenientes ou despreza; pelo contrário, analisando a terapêutica desobsessiva
empregada, em sentido global, ele comenta que a maneira era notável e instrutiva,
chamando a atenção para os resultados, dizendo inclusive que ulteriormente, em
artigo especial, voltaria ao assunto.
Está aí mais uma comprovação direta e clara do emprego das cadeias mag-
néticas na terapêutica desobsessiva.
O método não é novo. Há mais de dois séculos está materializado entre nós
com resultados inquestionáveis.
A diferença é que hoje sabemos também que se os espíritas reunidos forem
igualmente médiuns de incorporação, auxiliados por passistas em ações humano-espi-
rituais, coordenados por um dirigente consciente do seu dever, unificados em uma
mesma vibração, poderão, além de romper por descarga fluídica os laços que unem
obsessor e obsidiado, tratar a ambos, não só a um, mas a vários, quebrando laços,
reajustando corpos físicos e perispirituais, doutrinando e evangelizando, dando um
remédio moral eficaz e adequado aos sofredores de ambas as dimensões da vida.

d) "Sabemos igualmente que todo o encarnado, animado pelo desejo


de aliviar o seu semelhante, agindo com fé, pode por meio de pas-
ses fluídicos, senão curar, ao menos aliviar sensivelmente um do-
ente."

O atendimento dedicado aos pacientes encarnados, em vários momentos, prin-


cipalmente na hora do passe a ele ministrado durante os trabalhos, corresponde
às mesmas conclusões detectadas pelos dirigentes da sociedade de Bordeaux.
Acrescentando, sabemos que a gama de enfermidades passíveis de tratamento,
inclui a doença obsessiva.
Da mesma forma, nem sempre podemos auxiliar na cura completa, mas sem-
pre poderemos aliviar.

363
e) "Termino as sessões de quinta-feira fazendo notar que nenhum es-
pírito obsessor continuou rebelde. Todos aqueles de que nos ocu-
pamos terminaram reconhecendo seus erros, abandonaram as suas
vítimas e entraram em melhor caminho."

Na desobsessão por corrente magnética, resultados semelhantes poderão ser


alcançados. O número de beneficiados é que irá variar enormemente pela ausên-
cia da doutrinação verbal e pela presença da doutrinação mental.
Os espíritos em falanges acabarão reconhecendo os seus erros e as
suas condições, abandonando as suas vítimas ou algozes, entrando em me-
lhor caminho, sendo conduzidos a postos ou colônias espirituais, ou perma-
necendo nos ambientes psíquicos das casas espíritas para continuidade do
tratamento.
Os encarnados aliviados poderão, em melhor condição, mudar os seus hábi-
tos morais, mentais e espirituais, reajustando-se para novos e úteis passos, buri-
lando e enriquecendo a existência.

13.2.2) Confirmando o Passo

Estamos chegando ao fim da nossa caminhada, restando uma síntese conclu-


siva de todo o processo frente aos conceitos analisados neste capítulo.
Depois de tudo que estudamos ou para muitos recordamos, acreditamos que à
semelhança de João Batista, poderia igualmente o Magnetismo dizer ao Espiritismo:
"Eu não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias do conhecimento" e o
Espiritismo, da mesma forma poderia responder: "Eu não vim destruir as leis, mas
dar-lhes cumprimento."
A lei das ações magnéticas, aliada à existência e à intervenção dos Espíritos
em nosso meio, é corolário de todos os princípios e métodos aplicados e desenvol-
vidos nas nossas Casas Espíritas. A corrente magnética desobsessiva não foge à
regra, pelo contrário, é o exercício pleno desta realidade.

13.2.2.1) Um Grande Passo

Revendo, confirmando os passos dados e unindo diretrizes, reafirma-


ríamos:

1) Se a força magnética é inerente ao homem, conseqüentemente todos nós


podemos magnetizar;

2) Se todos, em maior ou menor grau, podem magnetizar, igualmente to-


dos nós podemos ser médiuns curadores, desde que saibamos, queiramos e
busquemos pelo desenvolvimento moral e pelo exercício a assistência dos bons
Espíritos;

364
3) Conquistando as condições básicas, estaremos aplicando o magnetismo
misto, semi-espiritual ou humano-espiritual. Mediunidade curadora racional que
está intimamente ligada ao Espiritismo, desde que repousa, essencialmente, no
concurso dos Espíritos;

4) Advindo o concurso dos Espíritos Superiores, eles derramarão sobre nós


os seus fluidos que passaremos a veicular. Este auxílio poderá decuplicar ou
centuplicar a nossa força magnética, qualificando os fluidos propriamente huma-
nos, dirigindo e aumentando a nossa vontade;

5) Ao magnetizar, buscando curar ou aliviar o sofrimento de alguém, estare-


mos sendo também magnetizados. Esta dupla ação poderá, perfeita, compreensí-
vel e racionalmente, ser desenvolvida conforme os processos magnéticos, porque
a Ciência Magnética e a Ciência Espírita "na verdade, não passam de uma";

6) Dentre todos os processos magnéticos, como por exemplo o passe, nenhum


é mais eficiente e poderoso que a magnetização comum pelo método das cadeias
magnéticas. Segundo o "Sábio Deleuze", a Cadeia Magnética: "É o meio mais po-
deroso para aumentar a força do magnetismo e para por em circulação o fluido";

7) Agora, se aplicarmos este meio mais poderoso - Cadeia Magnética - não


só nos utilizando do magnetismo humano, mas empregando também a mediunidade
curadora, associando ação mental dos seus integrantes ao concurso dos Bons
Espíritos, teremos, então, o máximo de efeito possível que a ação magnética, na
sua forma mista ou semi-espiritual, pode produzir - A Cadeia Humano-Espiritu-
al ou Corrente Espírita.
Quanto mais predominar os fluidos espirituais em relação às emissões dos
magnetizadores ou médiuns que formam a corrente, mais potentes, rápidos e efi-
cientes serão os efeitos que se pretenda produzir;

8) Este mais poderoso meio, ampliado de dez a cem vezes pela assistência
dos servidores espirituais, tornar-se-á uma fonte poderosíssima capaz de realizar
verdadeiros milagres, tendo múltiplos empregos, da vibração às curas físicas, das
curas espirituais à desobsessão;

9) Para aplicá-la na desobsessão, basta que os servidores que venham formá-


la, sejam, além de médiuns curadores, também médiuns de incorporação, e desen-
volvam ações humano-espirituais, dirigindo-as a obsidiados e obsessores, quer
encarnados ou desencarnados;

10) Esta associação recíproca de médiuns e a mútua interação com o mundo


espiritual torna-se possível graças às propriedades eletromagnéticas do pensa-
mento.

365
O conjunto das emissões energéticas formado pela conjugação dos servido-
res encarnados e desencarnados gera uma salutar corrente fluídica, que expres-
sa, com a rapidez, de um relâmpago as menores impressões das emissões em
associação.
Esta salutar corrente, ao ser derramada sobre os obsidiados e obsessores,
rompe os laços fluídicos existentes entre ambos, permitindo a assistência, enca-
minhamento, recuperação e alívio dos envolvidos em ligações simbióticas e para-
sitárias;

11) A salutar corrente nada mais é que o conjunto de trilhões de raios ou


partículas emitidas pelos médiuns e pelos Espíritos. Elétrons ou fotos mentais a se
comunicarem de cérebro a cérebro, gerando uma espécie de pressão elétrica
capaz de exercer sobre os sofredores uma renovação mental, fluídica e emocio-
nal;

12) A corrente ou cadeia humano-espiritual é, na verdade, uma bateria mento-


eletromagnética desempenhando também o papel de um mento-eletroímã, a atrair
em regime de interação, sintonia e ressonância vibratória, em processos rápidos e
transitórios de enxertia neuro-psíquica, os enfermos desencarnados.
O cérebro dos médiuns, como verdadeiros aparelhos de emissão e recepção
simultâneas, absorvem as irradiações superiores e doam aos sofredores,
potencializando toda a assistência pela doutrinação mental; ação dinâmica, efeti-
va e rápida;

13) Todo processo é natural, simples, instrutivo e notável. É o passo além,


dado pelo Espiritismo em relação aos métodos magnéticos. É a união dos postula-
dos mediúnicos aos conceitos da obsessão, da desobsessão e do magnetismo.
A melhor prova de que este processo é bom, é que dá resultados. Resultados
que podem ser compreendidos e estudados à luz da Doutrina Espírita. Prática que
respeita de forma integral os preceitos defendidos por Allan Kardec e seus
continuadores legítimos.

Convém que ele cresça, e que eu diminua (João, 3:30).

366
CAPÍTULO XIV

CORRENTE MAGNÉTICA DOS MAGNETIZADORES


X
CORRENTE MAGNÉTICA DESOBSESSIVA

Inquiriram eles: "Que foi, pois, que te fez? Como


te abriu os olhos?" ( João, 9:26).
Da mesma forma que comparamos os dois métodos de desobsessão, preten-
demos realizar agora, uma análise entre as duas correntes magnéticas, mostrando
os pontos de contato e as diferenças.
Parte dessa tarefa já foi realizada no capítulo 6, quando estudamos a partir
das formulações dos magnetizadores a denominação, tipo e formação, ação ou
funcionamento. Agora, repetindo alguns itens já analisados e, acrescentando no-
vos tópicos, iremos destacar as semelhanças e as desigualdades, dilatando a nos-
sa visão, buscando abrir os nossos olhos para o valor dos processos iniciados
pelos magnetizadores e que podem e devem ser continuados e aperfeiçoados pe-
los espiritistas.

14.1) MAGNETISMO E ESPIRITISMO, DUAS CIÊNCIAS GÊMEAS

O magnetismo e o Espiritismo são, com efeito, duas ciências gêmeas, que


se completam e explicam uma pela outra, e das duas, a que não quer imobi-
lizar-se não pode chegar ao seu complemento sem se apoiar na sua congênere;
isoladas uma da outra, detêm-se num impasse; são reciprocamente como a
Física e a Química, a Anatomia e a Fisiologia. A maioria dos magnetistas
compreende de tal modo por intuição a relação íntima que deve existir entre
as duas coisas, que geralmente se prevalecem de seus conhecimentos em
magnetismo, como meio de introdução junto aos espíritas.
Em todos os tempos os magnetistas se dividiram em dois campos: os
espiritualistas e os fluidistas. Estes últimos, muito menos numerosos, pelo
menos fazendo abstração do princípio espiritual, quando não o negam absolu-
tamente, atribuindo tudo à ação do fluido material, estão por conseqüência,
em oposição de princípios com os espíritas. Ora, é de notar que, se todos os
magnetistas não são espíritas, todos os espíritas, sem exceção, admitem o
magnetismo. Em todas as circunstâncias, fizeram-se seus defensores e balu-
artes. (Revista Espírita, jan. 1869, p.ll). (Grifos Originais).

Voltamos ao assunto com um texto publicado por Kardec em janeiro de 1869,


portanto há dois meses do seu desencarne. Em um dos seus últimos escritos, o
Codificador mantivera inabalável a sua convicção que o Magnetismo e o Espiritis-
mo são duas ciências gêmeas. Compara-os à Física e à Química, à Anatomia e à
Fisiologia, dizendo que das duas, a que não quisesse se imobilizar, não poderia
chegar ao seu complemento sem se apoiar na sua congênere.
Acreditamos que não pretendemos, não queremos e não desejamos nos imo-
bilizar. O Magnetismo como introdução; o Espiritismo como meta, deve ser o
nosso desiderato. Não só admitir o Magnetismo, mas defendê-lo em todas as
circunstâncias, desenvolvendo-o a partir dos postulados espíritas. Nunca procu-
rar argumentos e motivos para isolar uma ciência da outra, evitando a todo custo
o impasse que esta infeliz conduta geraria.

369
14.1.1) Como Devemos Desenvolver o Magnetismo

Há pouco, dissemos que o Magnetismo deve ser desenvolvido a partir dos


postulados espíritas. Esta opinião reflete diretrizes dos espíritos, como a do Espí-
rito E. Quinemant:

"De tudo isto concluo que o magnetismo, desenvolvido pelo Espiritismo,


é a chave da abóbada da saúde moral e material da humanidade futura."
(Revista Espírita, jun. 1867, p.193).

A corrente magnética desobsessiva, como método advindo da prática mag-


nética, prova que realmente, a união das duas ciências, segundo as orientações
dos Espíritos, é a "chave da abóbada" da saúde moral e material da humanidade.
Graças a este processo, é possível tratar inúmeras enfermidades, sejam físicas ou
espirituais, dos distúrbios orgânicos às patologias obsessivas, dos desequilíbrios
pessoais aos flagelos que acometem as multidões de seres encarnados e desen-
carnados.

14.2) ESPÍRITOS SUPERIORES E CORRENTE MAGNÉTICA

Se os princípios que sustentam o Magnetismo devem ser desenvolvidos pelo


Espiritismo, da mesma forma, os métodos devem ser por ele aperfeiçoados.
O Espiritismo é a doutrina derivada dos ensinos e exemplos dos Espíritos
Superiores. Os relatos de milhares de livros existentes nos dias atuais, possibili-
tam-nos verificar a forma como agem os Espíritos e conhecer os princípios mo-
rais, filosóficos, religiosos e científicos, que direcionam as suas ações junto a nós
ou nas diversas dimensões do plano espiritual.

Antes de compararmos as duas correntes, necessário se faz verificar:



Se existem princípios dados pelos Espíritos ou pelo Codificador que
viabilizem o emprego de ações coletivas, seja na desobsessão, na cura, na
vibração ou em outra atividade socorrista;

2º Se os Espíritos empregam estes recursos nas diferentes atividades que


participam;

3º Se nos orientam a fazê-lo em ações mútuas e complementares;

Só após, é que poderemos resgatar os processos magnéticos, movimentado-


os em múltiplas direções, melhorando-os e aumentando as suas possibilidades
assistenciais.

370
Para transformar a corrente magnética dos magnetizadores em corrente mag-
nética desobsessiva é necessário o beneplácito dos Bons Espíritos.
A nossa pesquisa já respondeu e demonstrou todos os itens levantados aci-
ma, mas como de outras vezes, vamos fazê-los novamente, para que exaustiva-
mente possamos responder e tornar a esclarecer todos os questionamentos e dú-
vidas existentes.

14.2.1) Participação Coletiva e Ação Magnética

Esclarecimentos do Espírito Erasto:

"Também não esquecer que a prece coletiva tem uma força muito
grande, quando feita por certo número de pessoas agindo de acordo,
com uma fé viva e um ardente desejo de aliviar." (Revista Espírita, jan.
1864, p.16).

Opinião de Kardec:

"Felicitamos os nossos irmãos de Marmande pelo resultado que obtive-


ram no caso e somos felizes de ver que aproveitaram os conselhos contidos
na Revista, por ocasião de casos análogos, relatados ultimamente. Assim,
puderam convencer-se da força da ação coletiva, quando dirigida por uma
fé sincera e uma ardente caridade." (Revista Espírita, fev. 1864, p.46).
(Grifo Original).

"Prova a experiência, pelos resultados obtidos, o poder deste meio: mas,


também, demonstra que, em certos casos [obsessivos], o concurso simultâ-
neo de várias pessoas unidas na mesma intenção, é necessária." (Revista
Espírita, ago. 1864, p.230).

Recordar é aprender duas vezes.


A repetição das citações faz-nos ver que as ações magnéticas podem ser
desenvolvidas de forma coletiva, com a participação de várias pessoas, desde que
ajam de acordo com uma fé viva e um ardente desejo de aliviar.
O concurso simultâneo de várias pessoas, em certos casos, é necessário, e a
força da ação coletiva pode ser verificada e atestada pelos fatos e resultados
alcançados.

14.2.2) A Ação dos Espíritos e A Cadeia Magnética

Demonstrada a possibilidade das ações magnéticas coletivas, vamos verifi-


car se os Espíritos as utilizam. E, mais do que isso, se ao empregá-las, o fazem
através do processo das cadeias magnéticas.

371
O primeiro exemplo vem do livro Missionários da Luz ( 21. ed., p.289):

Em breves minutos, penetrávamos o conhecido recinto de orações e tra-


balhos espirituais.
Observei que muitos servidores de nossa esferamantinham-se de mãos
dadas, formando extensa corrente protetora da mesa consagrada aos ser-
viços da noite. O quadro era para mim uma novidade.
Alexandre, porém, explicou-me, discreto:
- Trata-se da cadeia magnética necessária à eficiência de nossa ta-
refa de doutrinação. Sem essa rede de forças positivas, que opera a vigilân-
cia indispensável, não teríamos elementos para conter as entidades perver-
sas e recalcitrantes.
O instrutor, porém, fêz-me perceber que a hora não comportava conver-
sações e, auxiliando Necésio, localizou Marinho dentro do círculo magnéti-
co, onde, com surpresa, verifiquei a presença de vários desencarnados so-
fredores, trazidos por outros pequenos grupos de amigos espirituais e que,
por sua vez, aguardavam a oportunidade de doutrinação.
Sentindo, agora, o ambiente em que se achava, Marinho quis recuar,
mas não pôde. A fronteira vibratória estabelecida pelos nossos colaboradores,
a reduzida distância da mesa de fraternidade, impedia-lhe a fuga. (Grifos
nossos).

Analisemos meticulosamente o texto:

1) André Luiz mostra, claramente, o emprego da Cadeia Magnética formada


pelos Espíritos nas atividades de desobsessão por doutrinação verbal.
Os colaboradores do plano espiritual se uniram conforme um dos processos
ou técnica do Magnetismo - A Cadeia Magnética. No caso, uma cadeia magné-
tica formada com contato, porque as entidades davam-se as mãos.
A cadeia constituída era extensa, com disposição circular e destinava-se a
proteção vibratória. Portanto, é um exemplo da utilização da corrente magnética
nos trabalhos de vibração.
Por diversas vezes já comentamos que a corrente magnética pode ser em-
pregada nos trabalhos de cura, desobsessão e vibração. O exemplo confirma as
nossas palavras. Não podemos nos esquecer que "o magnetismo é força universal
que assume a direção que lhe ditarmos".

2) Alguns companheiros nossos, ao dar interpretação a esse texto, dizem que


a cadeia ou corrente é formada de mãos dadas para conter a saída das entidades
recalcitrantes, como se agisse uma espécie de cordão de isolamento de ação físi-
ca (em relação aos Espíritos).

Apesar da infantilidade da interpretação, não deixaremos de analisá-la:

372
a) Alexandre explica a André Luiz que a cadeia formada era Magnética e
não Física.

b) André Luiz descreve que o Espírito a ser atendido, foi colocado dentro do
círculo magnético e quando este quis recuar, não pôde, não porque o
xmçeàixamfisicamente, mas porque a fronteira vibratória estabelecida pelos
colaboradores impossibilitou-lhe a fuga.

Aqui não há margem, mesmo forçando para outras interpretações. O autor


espiritual nada mais descreve que a utilização da cadeia magnética pelos Espíritos
no campo vibracional.

3) Outros advogam que a cadeia magnética funciona como um cordão de


isolamento, uma barreira fluídica.
Tal interpretação não deixa de ser verdadeira, porque um dos objetivos des-
tacados pela narração foi justamente este. Só que o cordão ou barreira não foi
formado a esmo, mas utilizando-se de um método oriundo do Magnetismo.
Quando se fala, por exemplo, em passe longitudinal, circular ou perpendicu-
lar, qualquer um de nós não necessitará realizar elucubrações mentais para saber
o que significa. Basta um pequeno manual ou livro que aborde o assunto, para
descobrirmos que se trata de uma técnica de transferência fluídica, desenvolvida
pelos magnetizadores.
Alexandre, ao explicar que a corrente protetora formada pelos Espíritos era
uma Cadeia Magnética, não está falando tão somente em um cordão, barreira ou
seja lá o que for. Descreve com duas palavras um processo, um método. Tanto é
verdade que a descrição chega a mencionar que os servidores espirituais estavam
de mãos dadas, fornecendo, dessa forma, detalhes a respeito de como este méto-
do estava sendo aplicado - A Cadeia Magnética com Contato.

4) Para explicar a razão dos Espíritos darem-se as mãos - "Que absurdo!


Espíritos dando-se as mãos! Isto é ritual" -, diriam alguns, preocupados com a
"pureza da prática doutrinária", sem considerar a diferença abismal que existe
entre um ritual e uma técnica. Argumentam que, possivelmente, os Espíritos que
assim procediam não eram superiores, eram apenas de "boa vontade", com deter-
minados conhecimentos especializados, mas deixando se levar por hábitos condi-
cionados, exteriorizando determinadas limitações.
Não queremos ferir ninguém ao realizar esta análise. Apenas não concorda-
mos que se tente encobrir uma realidade inconteste, que é a utilização da cadeia
magnética pelos Espíritos em nossas reuniões de desobsessão por doutrinação
verbal, com argumentos que não se sustentam, quer seja em nível de interpreta-
ção literal ou no sentido racional e espiritual.
Alexandre frisa que a cadeia magnética era necessária à eficiência das tare-
fas de doutrinação e que, sem essa rede de forças positivas que opera a vigilância

373
indispensável, não se teria elementos para se conter as entidades perversas e
recalcitrantes. Segundo o Novo Dicionário Aurélio, "necessário" significa: "que
não se pode dispensar, que se impõe, essencial, indispensável". Como deixar uma
tarefa essencial, e indispensável entregue a servidores sem as condições morais,
mentais e espirituais necessárias? Seria imprudência e irresponsabilidade dos di-
rigentes maiores. Por outro lado, a cadeia magnética é uma atividade de assistên-
cia magnética e o próprio Alexandre, a respeito, nas páginas do mesmo livro cita-
do anteriormente (p.321), lista as condições mínimas para que um Espírito venha
a participar de um trabalho de doações fluídicas: "[...], na execução da tarefa que
lhes está subordinada, não basta a boa vontade, como acontece em outros seto-
res de nossa atuação. Precisam revelar determinadas qualidades de ordem
superior e certos conhecimentos especializados." E completa afirmando: "que
semelhantes requisitos, em nosso plano, constituem exigências a que não se pode
fugir." (Grifos nossos).
A cadeia magnética "é o meio mais poderoso para aumentar a força do mag-
netismo e para pôr em circulação o fluido", portanto, subentende-se que de todos
os processo magnéticos, o mais poderoso é a cadeia magnética. Se aos técnicos
em auxílio magnético no plano espiritual, na execução de suas tarefas não basta
ter apenas boa vontade, necessitando revelar determinadas qualidades de ordem
superior; o que não se pedirá para os que venham a participar da mais poderosa
ação magnética que se conhece?
Nem com muita boa vontade dá para aceitar que os Espíritos que formavam
a corrente magnética descrita eram limitados, apenas movidos pelo desejo de
serem úteis. Pelo contrário, tinham qualidades morais e conhecimento para sabe-
rem exatamente como e por que procediam daquela forma.

5) O texto ainda mostra mais um ponto de contato entre a desobsessão por


doutrinação verbal e por corrente magnética.
A tarefa de doutrinação, para ocorrer com eficiência, necessita da cadeia
magnética espiritual a fim de conter, estabelecendo fronteira vibratória, as entida-
des perversas e recalcitrantes.
Não podemos dizer se sempre ocorrerá nos moldes descritos o mesmo pro-
cedimento em todos os trabalhos, mas entendemos que algo que é necessário,
seja de emprego natural, rotineiro e generalizado.

6) No círculo magnético formado, André Luiz observou a presença de vários


desencarnados aguardando a oportunidade de doutrinação. Esta imagem pode nos
auxiliar a visualizar o que ocorre durante a desobsessão por corrente mento-ele-
tromagnética.
Substituindo a disposição dos médiuns em torno de uma mesa para a forma-
ção clássica de uma cadeia magnética, teremos uma poderosíssima ação magné-
tica integrada por dupla corrente humano-espiritual, e os sofredores, localizados

374
entre ambas, não só serão contidos vibratoriamente, como também receberão o
derramamento dos fluidos, podendo ainda se ligarem aos médiuns em incorpora-
ções rápidas e transitórias, beneficiando-se de ações vibratórias simultâneas, como
a doutrinação mental.
Teríamos assim não só uma rede de forças positivas expressando vigilância,
mas também, ação terapêutica curativa de renovação moral e mental. Atendi-
mento rápido, dinâmico, de vários necessitados, através de diversos médiuns, as-
sistidos por inúmeros Espíritos.

14.2.2.1) Outros Exemplos

Além da vibração, os Espíritos também se utilizam da corrente magnética


durante a volitação.
Destaquemos alguns exemplos:

a) Exemplo 1

"Mostrando a renovação de que se achavam possuídos, incorporaram-


se, de pronto, à nossa pequena caravana e, atendendo à recomendação de
Silas, os dois, de mãos entrelaçadas com as nossas, conseguiram volitar
com certa facilidade e segurança." (André Luiz, Ação e Reação, 6. ed.,
p.132).

b) Exemplo 2

"Silas aconselhou-lhe a volta ao lar terreno, como lhe fosse possível, e,


dando-nos as mãos, promoveu a viagem rápida para o objetivo a que devía-
mos atender." (Idem, p.167).

c) Exemplo 3

Utilizando a volitação, com maestria, Hipólito interrogou-me, bem


humorado:
- Já participara você de serviço igual ao de hoje?
Confessei que não, rogando-lhe esclarecimento.
- É fácil - tornou. Os que se aproximam da desencarnação, nas molés-
tias prolongadas, comumente se ausentam do corpo, em ação quase mecâ-
nica. Os familiares terrestres, por sua vez, cansados de vigílias, tudo fazem
por rodear os enfermos de silêncio e cuidado. Desse modo, não é difícil
afastá-los para a tarefa de preparação. Geralmente, estão hesitantes, en-
fraquecidos, semi-inconscientes, mas nosso auxílio magnético resolverá o
problema. Conservar-nos-emos nas extremidades, segurando-lhes as mãos
e, impulsionados por nossa energia, volitarão conosco, sem maiores impedi-
mentos.

375
Recebi a explicação com interesse e, em breve, penetrávamos a modes-
ta residência de Dimas. Aliviado por injeção repousante, não encontramos
dificuldade para subtraí-lo à atenção dos parentes. [...].
O ex-sacerdote recomendou-me tomar a dianteira e, de mãos dadas os
três, rumamos para o Rio, em busca da moradia de Fábio. (André Luiz,
Obreiros da Vida Eterna, 21. ed., p.192).

d) Exemplo 4

Com aquiescência de Jerônimo, alguns amigos dos enfermos acompa-


nhar-nos-iam à Casa Transitória. Dos cinco doentes, Adelaide e Fábio
eram os únicos que revelavam consciência mais nítida da situação. Os
demais titubeavam, enfraquecidos, baldos de noção clara do que ocor-
ria.
O Assistente organizou a corrente magnética, tomando posição
guiadora. Cada irmão encarnado localizava-se entre dois de nós outros,
almas libertas do plano físico, mais experimentadas no campo espiritual. De
mãos entrelaçadas, para permutar energias em assistência mútua, utiliza-
mos intensivamente a volitação, ganhando alturas. (André Luiz, Obreiros
da Vida Eterna, 21. ed., p.194). (Grifos nossos).

Examinemos as colocações apresentadas:

1) A multiplicidade do emprego das cadeias ou correntes magnéticas é inu-


merável. Aqui verificamos a sua utilização na assistência aos recém
desencarnados e aos espíritos ainda não adaptados ao plano espiritual,
nos processos de volitação.

2) Os princípios que norteiam a prática das correntes magnéticas são manti-


dos, apesar de seu emprego se destinar à volitação:

2.1. Novamente verificamos uma ação magnética coletiva;

2.2. A corrente não é formada a esmo, sem critério, mas com orientações
seguras quanto à sua organização e disposição;

2.3. Em todas elas ocorre o entrelaçamento das mãos. Novamente corrente


magnética formada com contato, à semelhança da citação do item ante-
rior;

2.4. No terceiro e quarto exemplos, verificamos que André Luiz e o instrutor


Jerônimo tomam a posição guiadora, ou seja, diretiva, de coordenação,
semelhante ao dirigente encarnado de uma cadeia magnética
desobsessiva.
376
3) O dar-se as mãos não é um procedimento infantil, ritualístico ou reflete
uma ação condicionada, pelo contrário, André Luiz, Silas, Jerônimo, Pa-
dre Hipólito, espíritos conscientes, fazem e orientam os integrantes da
corrente a fazê-lo com finalidades bem definidas:

3.1. Facilitar e dar segurança à volitação em grupo (exemplo 1);

3.2. Agilizar o deslocamento, viajando de um ponto a outro rapidamente (exem-


plo 2);

3.3. Diminuir resistências, afastando impedimentos pela impulsão energética


recíproca (exemplo 3);

3.4. Para permutar energias em assistência mútua (exemplo 4).

Não podemos dizer que o entrelaçar das mãos foi uma conduta efetivada tão
somente porque os espíritos assistidos eram frágeis, sem conhecimentos e expe-
riências, ou que a conduta tivesse uma finalidade física, objetivando a formação
de um cordão para facilitar o deslocamento. As exemplificações de André Luiz
são diametralmente opostas a estas hipóteses.

Primeiro: não podemos conceber que Espíritos da elevação de um Jerônimo,


Silas ou Hipólito não saibam que a ação magnética se dá de perispírito a perispírito
e de cérebro a cérebro. Ou que, ao coordenarem diversas ações assistenciais,
concordem e ensinem práticas ritualísticas, reflexas, etc. Existem inúmeras con-
dutas que poderiam ser tomadas para evitar ações tidas como impróprias, desne-
cessárias. Se assim não ocorre, é evidente que o contato das mãos tem seu sen-
tido, sua finalidade e sua explicação. O emprego da corrente magnética com con-
tato, na volitação, obedece aos mesmos parâmetros de qualquer outra destinação
(vibração, cura, desobsessão) e algumas foram destacadas por André Luiz.

Segundo: em momento nenhum se dá importância a ação física, sendo evi-


denciada, como de outras vezes, a questão energética e magnética.

Na mais importante dentre as razões apresentadas para explicar o contato


das mãos, André Luiz comenta que as mãos interligadas destinavam-se à permuta
energética em assistência mútua.
Voltando ao Novo Dicionário Aurélio, veremos que permuta significa "tro-
ca", "comunicação recíproca".
Em qualquer cadeia magnética, quando se faz o contato das mãos, procura-
se, dentre vários fatores, ampliar a troca energética, permutar valores magnéti-
cos, diminuir as resistências fluídicas e vibratórias, agilizar o fluxo das energias
mais densas, facilitar a associação e a interação entre os participantes, assegurar
a comunicação recíproca entre os servidores.

377
Exemplos de volitação ou formação de correntes vibratórias, sem que ocorra
qualquer tipo de contato "físico" entre os emissores, também não nos faltam. Os
próprios magnetizadores empregavam a cadeia magnética ora com contato, ora
sem contato. Daí podermos concluir que o contato das mãos pertence muito mais
ao campo dos efeitos pretendidos do que ao mundo das causas.
Ao darmos um passe, aplicando técnica de transferência fluídica, o movi-
mento dos braços, a distância, a dinâmica resultarão em efeitos diversos. A impo-
sição das mãos, o passe longitudinal, o rotatório, os transversais, etc, são utiliza-
dos justamente porque permitem alcançar resultados diferentes, apesar do em-
prego dos mesmos princípios. O primordial é a ação mental, a vontade, a movi-
mentação dos fluidos, tendo o perispírito como intermediário. A técnica é um
elemento secundário, que só tem o seu valor se os requisitos básicos forem cum-
pridos.
O mesmo ocorre em relação à corrente magnética: o contato das mãos é
uma ação técnica. A sua existência ou não, produzirá determinados efeitos que
pouco a pouco, a experiência e a prática vão demonstrando. Todas as correntes
magnéticas espirituais, até aqui analisadas, foram formadas com este contato,
naturalmente, porque esta técnica era necessária para os efeitos que se pretendi-
am alcançar.
Em qualquer técnica, se a mente não estiver presente, ela por si só de nada
vale. Mesmo em uma técnica, por exemplo, cirúrgica, se a mente do médico não
estiver atenta, se for simplesmente uma ação mecânica, não resolverá o problema
do paciente; deslizes poderão ocorrer, porque em essência: "A mente é que co-
manda a vida". Mas, quando os fatores causais e complementares são associados
em uma ação única, formando um todo orgânico, os melhores resultados poderão
ser facilmente alcançados. Adequar técnica a cada situação significa obter efei-
tos com o máximo de ganho e dispêndio mínimo de energia.

4) Nas ações práticas da corrente magnética, observamos o mesmo fenôme-


no descrito nos exemplos 3 e 4. Quando se localizam os médiuns menos experien-
tes entre os servidores mais experientes, constatamos uma circulação mais efeti-
va dos fluidos. Diminui-se a resistência, facilitando os procedimentos magnéticos,
sem maiores impedimentos.
Esta conduta tem a sua aplicação principalmente no desenvolvimento mediú-
nico, mas pode ser observada na formação de qualquer corrente magnética.

14.2.3) Orientações dos Bons Espíritos e Cadeia Magnética

Na Revista Espírita de setembro de 1865 (p.256), Kardec dando prosseguimen-


to ao estudo da cura quase instantânea de uma entorse em uma paciente encarnada
de nome Sra. Maurel, graças à intervenção do espírito Dr. Demeure, publica uma
nova correspondência de Montouban, datada de 14 de julho daquele ano, que entre os
inúmeros relatos de significativa importância diz o seguinte:

378
Na noite de 27 para 28, tendo a sra. Maurel desarranjado o braço, em
conseqüência de uma posição falsa, tomada durante o sono, declarou-se
uma febre alta, pela primeira vez. Era urgente remediar esse estado de
coisas. Assim reuniram-se novamente no dia 28 e, uma vez declarado o
sonambulismo foi formada a cadeia magnética, a pedido dos bons Es-
píritos. Após diversos passes e manipulações, em tudo como as acima
descritas, o braço foi recolocado em bom estado, não sem ter a pobre se-
nhora experimentado dores muito cruéis. [...]. A 4 de junho, dia fixado pelos
bons Espíritos para a redução da fratura complicada de distensões, reunimo-
nos à noite. A sra. Maurel, apenas em sonambulismo, pôs-se a desenrolar
as faixas ainda enroladas no braço, imprimindo-lhe um movimento de rota-
ção tão rápido que dificilmente o olho seguia os contornos da curva descri-
ta. A partir desse momento, servira-se do braço como habitualmente. Esta-
va curada.
No fim da sessão houve uma cena tocante, que merece ser relatada. Os
bons Espíritos, em número de trinta, no começo formavam uma ca-
deia magnética, paralela à que nós próprios formávamos. Tendo-se
levantado, a sra. Maurel, pela mão direita, punha-se em comunicação dire-
ta, sucessivamente, com cada dois Espíritos, colocada no interior das duas
cadeias, recebia a ação benéfica da dupla corrente fluídica enérgica.
Radiosa de satisfação, aproveitava a ocasião para agradecer com efusão o
poderoso concurso que tinham prestado à sua cura. Por sua vez, recebia
encorajamento a perseverar no bem. Terminado isto, ela experimentou suas
forças de mil modos; apresentando o braço aos assistentes, fazia-os tocar
nas cicatrizes da soldadura dos ossos; apertava-lhes a mão com força, indi-
cando com alegria a cura operada pelos bons Espíritos. Ao despertar, ven-
do-se livre em todos os movimentos, desfaleceu, dominada por profunda
emoção!
Quando se foi testemunha de tais fatos não se pode deixar de os procla-
mar alto e bom som, pois merecem atrair a atenção de gente séria.
Porque, então, no mundo inteligente se encontra tanta resistência em
admitir a influência do Espírito sobre a matéria? Porque se encontram pes-
soas que crêem na existência e na individualidade do Espírito, mas lhes
recusam a possibilidade de se manifestar? É porque não se dão conta das
faculdades físicas do Espírito, que se lhes afigura imaterial de maneira ab-
soluta. Ao contrário, a experiência demonstra que, por sua própria nature-
za, êle age diretamente sobre os fluídos imponderáveis e, por conseguinte,
sobre os fluídos ponderáveis, e mesmo sobre os corpos tangíveis.
Como procede um magnetizador ordinário? Suponhamos que queira agir,
por exemplo, sobre um braço. Concentra sua atenção sobre esse membro
e, por um simples movimento dos dedos, executado à distância e em todos
os sentidos, agindo absolutamente como se o contacto da mão fosse real,
dirige uma corrente fluídica sobre o ponto desejado. O Espírito não age

379
diversamente. Sua ação fluídica se transmite de perispírito a perispírito, e
deste ao corpo material. O estado de sonambulismo facilita consideravelmente
essa ação graças ao desprendimento do perispírito, que melhor se identifica
com a natureza fluídica do Espírito, e sofre, então, a influência magnética
espiritual, elevada ao seu maior poder. (Revista Espírita, set. 1865, p.256).
(Grifos nossos).

Observações de Allan Kardec:

Alguém perguntava, a respeito, se na cura dessa fratura, o Espírito


do dr. Demeure teria agido com ou sem concurso da eletricidade e do
calor.
A isto respondemos que a cura foi produzida, no caso, como em todos
os casos de cura pela magnetização espiritual, pela ação do fluido emana-
do do Espírito; que esse fluido, posto que etéreo, não deixa de ser maté-
ria; que pela corrente que lhe imprime, o Espírito pode com ele impregnar
e saturar todas as moléculas da parte doente; que pode modificar suas
propriedades, como o magnetizador modifica as da água, dando-lhe uma
virtude curativa adequada às necessidades; que a energia da corrente
está na razão do número da qualidade e da homogeneidade dos elemen-
tos que constituem a corrente das pessoas chamadas a fornecer seu con-
tingente fluídico. Essa corrente provavelmente ativa a secreção que deve
produzir a soldadura dos ossos e assim produz a cura mais rápida do que
quando entregue a si mesma.
Agora a eletricidade e o calor representam um papel no fenômeno? Isto
é tanto mais provável quanto o Espírito não curou por milagre, mas por
uma aplicação mais judiciosa das leis da natureza, em razão de sua clarivi-
dência. Se, como a ciência é levada a admitir, a eletricidade e o calor não
são fluídos especiais, mas modificações ou propriedades de um fluído ele-
mentar universal, devem fazer parte dos elementos constitutivos do fluido
perispirital. Sua ação, no caso vertente, está implicitamente compreendida,
absolutamente como quando se bebe vinho, necessariamente se bebe água
e álcool. (Revista Espírita, set. 1865, p.260). (Grifos Originais).

O texto da Revista Espírita nos traz diretrizes essenciais para o adequado


emprego das cadeias magnéticas, neste caso, dirigidas à cura física, mas que,
guardados os princípios, diretrizes e métodos, podem perfeitamente vir a ser utili-
zadas na desobsessão.

Analisemos os pontos essenciais da correspondência

1) A cadeia magnética, por duas oportunidades, foi formada a partir do pedi-


do dos bons Espíritos, demonstrando que não só eles a empregam na vibração, na
volitação, como nos orientam a fazê-la nos trabalhos de cura física.

380
2) Os Espíritos, como no exemplo de André Luiz, formaram igualmente uma
cadeia magnética, com a participação de 30 elementos.
Quando a carta enviada a Kardec fala em cadeia magnética, todos, inclusive
o Codificador, sabiam perfeitamente que o autor se referia ao método desenvolvi-
do pelo Magnetismo.

3) As correntes magnéticas integradas pelos médiuns e pelos espíritos fica-


vam paralelas uma em relação à outra. Esta formação não foi por acaso, por
capricho ou por ignorância. Certamente havia uma razão útil, uma finalidade e
deveria se constituir em um procedimento lógico e coerente.
Anteriormente, em André Luiz, vimos a cadeia magnética ser disposta de
forma circular, na mesma configuração das correntes relatadas no livro Memóri-
as de um Suicida (vide capítulo 11). Agora, notamos uma formação paralela. Na
volitação uma formação longitudinal. Estas disposições não devem ser aleatórias;
deve haver alguma razão que as sustente e as explique. Voltaremos ao assunto.

4) A paciente encarnada colocou-se entre as duas cadeias, recebendo o be-


nefício da dupla corrente fluídica energética. Portanto, ação magnética mista ou
humano-espiritual.
A Sra. Maurel, colocada no interior das duas cadeias, punha-se em comuni-
cação direta sucessivamente com cada dois Espíritos. Ora, se até um encarnado
pode se colocar entre as duas cadeias e, por contato direto, receber benefícios
que desencadearam a recuperação de uma entorse, o que impede de se tomar o
mesmo procedimento em relação a um desencarnado? E se pode um, por que não
poderiam vários?
Não tendo o desencarnado o corpo físico, a comunicação ou contato direto
poderá ser realizado não só em relação às emanações fluídicas, mas igualmente
por interação perispiritual, mente a mente, em processos rápidos de enxertia neuro-
psíquica, incorporações transitórias que possibilitarão benefícios bem mais am-
plos, facilitando, inclusive, a assimilação energética proveniente da dupla corrente
fluídica.
O autor da carta deixa claro que "o estado sonambúlico facilita,
consideravalmente, essa ação graças ao desprendimento do perispírito, que me-
lhor se identifica com a natureza fluídica do Espírito, e sofre, então, a influência
magnética espiritual, elevada ao seu maior poder". Partindo do mesmo raciocínio,
não podemos deixar de admitir que o desencarnado, pela ausência do corpo físico,
diante de ações fluídicas geradas por duas cadeias magnéticas, como no caso
estudado, se beneficiará em grau muito mais elevado.

5) "Quando se foi testemunha de tais fatos não se pode deixar de os procla-


mar alto e bom som, pois merecem atrair a atenção da gente séria." É o que
também diríamos ao observar que a cadeia magnética em ações humano-espiritu-
ais podem beneficiar não só a encarnados, mas igualmente aos desencarnados.

381
Comentando as observações de Kardec

1) Em nenhum momento, o Codificador discorda ou chama a atenção para


algum erro de interpretação ou conduta que o autor do texto possa ter cometido,
pelo contrário, ele completa e explica detalhadamente a cura da Sra. Maurel.

2) Refere que "a cura foi realizada pelo fluido emanado do Espírito, e que
este fluido, posto que é etéreo, não deixa de ser matéria, e que pela corrente que
lhe imprima, o Espírito pode com ele impregnar e saturar todas as moléculas da
parte doente."
Se tal fato pode ocorrer de um Espírito para um encarnado, nada impede que
o mesmo seja realizado de um encarnado para um Espírito. E se esta ação é
viável, não existirá obstáculo para que ela venha a ser coletiva e mista, ou seja,
vários encarnados assistidos por vários servidores espirituais, beneficiando não só
doentes do corpo, mas, igualmente, desencarnados sofredores. Haverá, da mes-
ma forma, a impregnação e saturação de todas as moléculas, no caso dos espíri-
tos necessitados, tanto da parte doente, como de todo o perispírito.
Seria interessante que voltássemos aos capítulos anteriores e recordássemos
o que já mostramos a respeito das reações fisico-químicas que as emanações
fluídicas da cadeia magnética pode produzir e dos efeitos do átomo etérico, para
melhor compreendermos as observações de Kardec.

3) Esclarece ainda: "a energia da corrente está na razão do número, da qua-


lidade e da homogeneidade dos elementos que constituem a corrente das pessoas
chamadas a fornecer seus contingentes fluídicos."
Kardec nada mais afirma o que, por várias vezes, já comentamos a partir das
conclusões dos magnetizadores. A energia da corrente está na razão direta do
número, desde que exista a qualidade e a homogeneidade dos elementos que a
constituem. Quantas vezes já não repetimos este conceito? Importante sempre é
a "qualidade" e a "homogeneidade", mas se o número aumentar dentro destes
critérios, a energia da corrente potencializar-se-á.

4) Quando a correspondência enviada de Montauban fala que tanto os en-


carnados quanto os desencarnados (em número de 30) formaram uma cadeia
magnética, Kardec não condena, critica ou faz advertências em relação ao méto-
do; pelo contrário, ele busca explicar o mecanismo da ação magnética mista, que
provocou a cura da entorse. Em nenhum momento discordou do procedimento
realizado a partir do pedido feito pelos bons Espíritos.
Quando o Codificador fala em corrente, ele está a explicar o resultado da
atuação da cadeia magnética, ressaltando, inclusive, as condições essenciais para
aumentar a sua energia e conseqüentemente os efeitos, sem, no entanto, despre-
zar a forma utilizada. Não há nenhuma indicação nas observações que mostre o
contrário, e Kardec, como estudioso do magnetismo, sabia perfeitamente o que
era uma cadeia magnética.

382
5) Ao dizer que o Espírito não curou por milagre, e que a eletricidade e o
calor não são fluidos especiais, mas modificações ou propriedades de um fluido
elementar universal, que devem fazer parte dos elementos constitutivos dos flui-
dos perispirituais, isso nos chama a atenção para os aspectos elétricos em dimen-
sões que não conhecemos, que devem estar presentes nas ações desenvolvidas
pela cadeia magnética. Não é por acaso, como já explicamos, que a denominamos
também por corrente mento-eletromagnética. Isso equivale a dizer que devemos
levar em consideração os ascendentes elétricos (comparativamente), mentais e
magnéticos, com as suas respectivas leis, para que venhamos entendê-la e aplicá-
la de maneira correta.

14.3) COMPARANDO AS CADEIAS MAGNÉTICAS

Agora podemos, com autoridade e respaldo, realizar a comparação proposta


desde as primeiras linhas deste capítulo.

Verificamos que:

lº. São viáveis as ações magnéticas coletivas;


l
2º . Que os Espíritos empregam a cadeia magnética em inúmeras atividades
das quais participam.

3º. Que igualmente nos orientam a fazê-lo, não existindo qualquer diretriz
que negue ou impossibilite a utilização deste método em nossos trabalhos.

A partir da corrente magnética aplicada na vibração, na volitação e na cura,


constatamos que é também possível o seu emprego na desobsessão. Basta partir-
mos de um conjunto de medidas já exaustivamente testadas e comprovadas pelos
magnetizadores, enriquecendo-as com as orientações dos Espíritos para alcan-
çarmos um meio curativo de alta potência, dinâmica e eficiência: a corrente mento-
eletromagnética.

Ouçamos os magnetizadores.

14.3.1) Formação

14.3.1.1) A Cadeia em Fila

Colocam-se cadeiras, umas atrás das outras, o mais próximas possível,


e fazem-se nelas sentar os enfermos em fila; o operador conserva-se de
pé na frente do primeiro doente, e atua daí por meio de imposições e
passes à distância, sobre a fila toda. (Alphonse Bué, Magnetismo Cura-
tivo, p.135).

383
A corrente magnética desobsessiva não se utiliza desse tipo de formação,
devido às dificuldades que surgiriam durante o desenvolvimento de suas variadas
e múltiplas funções. Empregamos a disposição em série ou longitudinal, paralela
ou perpendicular, circular ou rotatória.
No nosso caso, o operador é o dirigente encarnado da corrente que necessa-
riamente, por processo intuitivo, deve se associar ao dirigente espiritual.
A proximidade entre os integrantes da cadeia já era fato verificado pelos
magnetizadores, mesmo na cadeia em fila. A medida se explica pela necessidade
de se formar um corpo contínuo, uma grande bateria mento-eletromagnética,
condensador energético, possibilitando e facilitando a emissão, integração e a cir-
culação dos fluidos.

Como nos ensina André Luiz {Mecanismos da Mediunidade, 8. ed., p.83):

"A alma encarnada ou desencarnada está envolvida na própria aura ou


túnica de forças eletromagnéticas, em cuja tessitura circulam as irradia-
ções que lhe são peculiares."

Esta aura, segundo alguns pesquisadores humanos, é, na verdade, o conjunto


de radiações provenientes de diferentes campos ou corpos que integram o ho-
mem. De uma maneira geral estão de 0,5 a 90 centímetros do corpo físico, sendo
que o conjunto de emanações mais densas se situam entre 0,5 a 60 centímetros.
Dessa forma, quanto menor a distância entre os médiuns, maior a facilidade de
influenciação e indução mútua e, conseqüentemente, maior facilidade à circula-
ção e emissão conjunta dos raios mentais e vitais. A distância ideal é aquela que
não venha causar perturbações à acomodação e à concentração de cada media-
neiro e ao mesmo tempo possibilite a máxima integração das túnicas de forças
eletromagnéticas.
Kardec, ao se referir ao fenômeno de interação perispiritual entre um encar-
nado e um desencarnado, já havia dito:

"Se um espírito quiser agir sobre uma pessoa, dela se aproxima, envol-
ve-a com o seu perispírito, como num manto, os fluidos se penetram, os dois
pensamentos e as duas vontades se confundem e, [...]." (Revista Espírita,
dez. 1862, p.359). (Grifos nossos).

Os médiuns da cadeia magnética desobsessiva são igualmente Espíritos cons-


cientes, que agem pela vontade uns sobre os outros, e em conjunto sobre os en-
fermos encarnados e desencarnados, sofrendo, simultaneamente, a ação similar
dos servidores espirituais. A proximidade entre os médiuns e destes com as enti-
dades agiliza, permite e facilita o envolvimento perispiritual, a associação dos cam-
pos áuricos, a formação de um corpo único e contínuo.

384
Voltando ao texto inicial, o dirigente, igualmente, pode atuar como passista,
por meio de imposições e passes à distância ou favorecendo este ou aquele mé-
dium, não se esquecendo, porém, que sua maior atribuição é a coordenação segu-
ra das quatro fases em que a corrente desobsessiva se estabelece.

14.3.1.1.1) A Cadeia Longitudinal, Paralela e Circular

A prática desobsessiva por corrente magnética foi aos poucos nos levando à
compreensão e ao emprego destas três diferentes disposições, que causam efei-
tos diversos quando aplicadas.
Algumas páginas atrás, ressaltamos que os próprios Espíritos também a utili-
zam. A razão desta diversidade se deve a determinadas leis pertinentes às doa-
ções fluídica e mentais. Somente no segundo volume de nossa pesquisa, ser-nos-
á possível desenvolver argumentação mais sólida a respeito, mas de uma maneira
geral e superficial não nos é difícil entender o porquê dessas formações.
Na técnica de transmissão fluídica, os magnetizadores e hoje os espiritistas
sabem, por comprovação prática, que diferentes efeitos podem ser alcançados
quando se aplica o passe longitudinal, circular, perpendicular e transversal. O mesmo
se dá com a cadeia magnética.
A cadeia em formação longitudinal corresponde ao passe magnético de lon-
go curso, o mesmo ocorrendo nas disposições circular e paralela. Como a corren-
te forma um corpo único, a maneira como é constituída leva a efeitos diversos que
podem ser comparados às técnicas do passe. Michaellus (Magnetismo Espiritu-
al, 4. ed, p.78) nos diz:

"Todos os processos magnéticos são mais ou menos eficientes, desde


que se respeitem os princípios essenciais do magnetismo."

Alphonse Bué (Magnetismo Curativo, p. 59) acrescenta:

"Toda ação magnética se resume em imposições e passes; os outros


processos são apenas acessórios e complementares.
Imposições e passes são em realidade uma só e mesma cousa; a impo-
sição representa a fixidez da ação; o passe uma imposição em movimento.
A ciência do magnetizador reside, portanto, na arte de combinar as im-
posições e os passes, para fazer nascer e drenar as correntes: a imposição
acumula e concentra, o passe arrasta e divide." (Grifos Originais).

No caso das cadeias desobsessivas, qualquer processo utilizado, desde que


respeitem os princípios, é eficiente. As diferentes formações corresponderiam às
imposições, acumulando e concentrando, com características próprias os fluidos e
permitindo forma di /ersificada de circulação das energias humano-espirituais, mo-
vimentando-as, provocando o arrastamento das emanações doentias dos pacientes,

385
drenando e destruindo formas pensamentos, atraindo as entidades, provocando a
maior ou menor emissão dos fluidos, levando a um maior ou menor efeito dispersivo,
conseqüentemente, potencializando em diferentes graus a ação mento-eletromag-
nética coletiva oriunda da associação dos médiuns entre si e destes com a
espiritualidade.
A disposição circular leva a um maior efeito atrativo, dispersivo e de emissão
fluídica. A longitudinal é de menor efeito e a paralela corresponderia a uma forma
intermediária entre ambas. O objetivo de se usar uma ou outra formação, deve-se
à busca de adequar o método às diferentes situações de atendimento com o ganho
máximo e o dispêndio mínimo de energia. A regra geral, ditada por Michaellus
(Magnetismo Espiritual, p. 68) para o passe, no caso das cadeias magnéticas
desobsessivas, também é válida:

"[..] a prática, segundo as circunstâncias, é a melhor conselheira, princi-


palmente para aqueles que, sempre bem assistidos, recebem as melhores
intuições."

14.3.2) A Cadeia Formada Com Contato

Colocam-se cadeiras em círculo, junto uma da outra, e fazem-se sentar


os doentes, dando-se as mãos mutuamente e tocando-se com o joelho e a
extremidade dos pés.
Nesta posição, Mesmer afirma, os doentes formam, por assim dizer, um
corpo contínuo, no qual circula sem interrupção a corrente magnética.
O operador conserva-se no centro do círculo, atuando nos doentes, con-
juntamente ou em cada um por sua vez, quer por meio das ações a distân-
cia, quer com uma varinha de madeira, de aço ou de vidro. (Alphonse Bué,
Magnetismo Curativo, p.136).

André Luiz e o autor do livro Memórias de um Suicida descrevem as cor-


rentes formadas em círculos, em ação coletiva de vibração, assistindo aos nossos
trabalhos desobsessivos. Os magnetizadores também as utilizavam na cura física
de vários doentes. Por nossa vez, igualmente as empregamos na desobsessão por
corrente magnética, quando desejamos uma ação energética dispersiva e atrativa
mais intensa. Funciona do mesmo modo que os passes rotatórios ou circulares.
Quando dispomos a corrente nesta configuração, estaremos dando aos fluidos
movimento e propagação semelhantes aos que se obtêm nos passes referidos,
porque, como já explicamos, a cadeia magnética funciona como um campo contí-
nuo, como se fosse a mão de um passista que, ao invés de ser formada por vários
dedos, viesse a ser constituída por inúmeros médiuns, várias mentes integradas
em uma ação coletiva. Como os passes rotatórios são, dentre outros, os que pro-
porcionam o maior poder de dispersão e concentração energética, o mesmo se
dará com a corrente.

386
A menor distância entre os médiuns, nesta formação, possibilita e facilita a
maior aproximação dos campos áuricos. Quando ainda ocorre o contato das mãos,
teremos então o máximo de potencialização; os circuitos fluídicos, mentais e ações
eletromagnéticas estarão em todos os níveis "fechados", permitindo a circulação
mais ativa do manancial energético.
Em relação ao contato, os únicos que realizamos é o das mãos (quando indi-
cado) e o dos campos áuricos, levando à interação perispiritual. Não achamos
necessário e adequado o toque dos joelhos e das extremidades dos pés.
O dirigente da corrente poderá conservar-se dentro ou fora do círculo, e não
precisará usar qualquer objeto (varinha de madeira, de aço, de vidro, etc.) para
transmitir fluidos, lembrando sempre, que os verdadeiros coordenadores ou ope-
radores são os técnicos, os auxiliares e os dirigentes espirituais.

14.3.3) Á Cadeia Aberta Sem Contato

As cadeias em fila ou fechadas, com contacto, apresentam nas suas


disposições certos inconvenientes: em fila, só se podem admitir, no máxi-
mo, uma dezena de doentes, e o operador fica mal colocado para exercer a
sua ação e vigilância; em círculo, acontece o mesmo, por isso que o opera-
dor volta forçosamente as costas a uma parte da cadeia. Além disso, esse
contacto muito íntimo das mãos e dos joelhos (inteiramente inútil, aliás, para
a provocação do fenômeno) pode inspirar às pessoas chamadas a formar a
cadeia um sentimento de constrangimento ou repulsão. A melhor disposi-
ção para uma cadeia é, portanto, a cadeia aberta sem contacto.
Colocam-se assentos na distância de 25 a 30 cm uns dos outros, em
linha curva; o operador de pé, no centro desse semi-círculo, se mantém à
boa distância, de modo a poder abranger num golpe de vista a linha dos
doentes, de uma ponta à outra. Embora nenhum ponto de contacto exista
entre os diferentes elos de tal cadeia, as correntes se propagam rapidamen-
te de uma extremidade a outra, de igual modo que na cadeia em fila. Pode-
se, entretanto, se isto aprouver, estabelecer um laço entre os diferentes
elos. De vez que as cordas do fio de cânhamo e, principalmente, de lã são
excelentes condutores de força magnética, instala-se diante dos doentes,
na altura de apoio, um forte torçal de lã, mantido, a intervalos, por suportes
de madeira ou de vidro, fixos ao assoalho, e cada uma das pessoas que
compõem a cadeia deve apoiar as duas mãos sobre esse balaustre improvi-
sado. Tal disposição, estabelecendo inteiramente uma comunicação mais
completa entre os anéis da cadeia, tem principalmente a vantagem de satis-
fazer mais plenamente ao espírito dos doentes, os quais, por esse laço apa-
rente e material, sentem, de algum modo, mais união entre si. (Alphonse
Bué, Magnetismo Curativo, p.136). (Grifos Originais).

387
Detalhemos os conceitos emitidos:

1) Não utilizamos a cadeia em fila pelos inconvenientes apresentados, mas


empregamos rotineiramente a cadeia em círculo, aberta ou fechada, com contato
ou sem contato.
A formação em círculo, no nosso caso, não é inadequada porque o dirigente
da corrente não assume o papel do operador ou magnetizador, a cadeia não é
formada de doentes, mas de médiuns, e a ação magnética é coletiva e humano-
espiritual. Não existe, portanto, a necessidade da "vigilância" mencionada e des-
tacada por Alphonse Bué.

2) O contato na corrente magnética desobsessiva é realizado pela interação


da túnica eletromagnética ou auras e pelas mãos. O primeiro é fundamental, es-
sencial para a provocação do fenômeno. O segundo é acessório, podendo ou não
ser realizado. Quando utilizado, gera efeitos e benefícios úteis às diversas ações
magnéticas desenvolvidas durante o trabalho. Não é, no entanto, obrigatório. Como
os médiuns estudam, trabalham e participam da mesma equipe durante meses e
anos, não ocorrerá o constrangimento ou repulsão que o texto menciona, porque o
dar as mãos torna-se um ato de fraternidade e de assistência magnética mútua.
Os integrantes da cadeia desobsessiva não são enfermos, portadores de patologi-
as diversas, não estão se vendo pela primeira vez e sabem porque e quando apli-
car este contato.
A melhor disposição é aquela que obedeça aos princípios anteriormente men-
cionados, podendo ser realizada de forma aberta ou fechada, com ou sem contato,
dependendo dos objetivos a serem alcançados, obedecendo às regras gerais já
citadas: "ganho máximo e dispêndio mínimo de energia" e "a prática, segundo as
circunstâncias, é a melhor conselheira."

3) A distância entre os integrantes da corrente em torno de 25 a 30 cm já foi


explicada, apenas gostaríamos de realçar e comprovar que os magnetizadores já
haviam detectado esta realidade, bem como a visão prática de que a cadeia pode
ser formada aberta ou fechada, com contato ou sem contato, em círculo ou em
semi-círculo, em fila, etc.

4) Além das disposições que já discutimos, utilizamos com freqüência a for-


mação paralela ou perpendicular. Os médiuns se colocam um em frente ao outro,
em uma distância variável entre 60 a 80 cm, mantendo lateralmente a proximida-
de de 20 a 40 cm. Na verdade, são duas cadeias longitudinais paralelas formadas
pelo mesmo número de médiuns.
A sua ação seria semelhante, como no caso da corrente circular, ao passe
perpendicular. Os médiuns, nessa formação, representariam os dois braços do
passista, promovendo uma dupla ação fluídica, que é ampliada e fortificada por
igual ação da espiritualidade.

388
5) Desnecessário repetir que não utilizamos a ligação entre os médiuns atra-
vés de cordão de cânhamo, fios de lã ou qualquer outro meio material. A união
deve e precisa ser vibratória, emocional, perispiritual. O único contato físico é o
das mãos, quando indicado, e dentro das orientações já estudadas detalhadamente.

14.3.4) Outros Aspectos

14.3.4.1) Os Integrantes da Cadeia

A formação de uma cadeia comunicativa apresenta algumas dificu-


ldades, e todos os que a compõem devem estar sinceramente animados do
desejo de praticar o bem, profundamente devotados ao enfermo e unidos de
intenção e de coração com aquele que os dirige.
Para tais condições essenciais não se pode, de maneira alguma, contar
com mercenários ou pessoas de fé vacilante, cujo o cepticismo, sempre
pronto à crítica ou à negação dos factos, entravaria a ação magnética, em
vez de a desenvolver.
A cadeia comunicativa se forma com o mesmo cuidado que a cadeia
ordinária. Somente depois de haver estabelecido a relação, o dirigente re-
comenda a cada componente da cadeia o darem-se as mãos.
Em seguida, liga-se à extremidade inicial da fila, a fim de atuar por meio
de imposição e passes, com a mão que se conserva livre, sobre o doente, a
exemplo da magnetização isolada, recebendo de todos os elementos da
cadeia um reforço, que duplica a potência da sua corrente individual.
(Magnetismo Curativo, p.141). (Grifos nossos).

O preparo e a educação do médium que participa da corrente magnética


desobsessiva são fundamentais. Os servidores encarnados devem estar sincera-
mente animados do desejo de praticar o bem, profundamente devotados aos en-
fermos encarnados e desencarnados e unidos de intenção e de coração, entre si,
com a espiritualidade e a direção de ambos os planos da vida. Propósitos meno-
res, fé vacilante, dúvidas permanentes, má vontade, desatenção, crítica, cepticismo,
negação, são fatores de resistência e entraves que dificultarão seriamente a ação
mento-eletromagnética coletiva.
A cadeia desobsessiva é, ao mesmo tempo, comunicativa e receptiva, atuan-
do em benefício de doentes físicos e espirituais.
Não há necessidade do dirigente estabelecer relação magnética com cada
um dos componentes da corrente. A fase de preparo (prece inicial, autopasse,
etc.) já é fator de harmonização e integração, além do que são os Espíritos os
verdadeiros operadores ou magnetizadores.
Da mesma forma, não é necessária a ligação do dirigente à cadeia magnética
com a conseqüente magnetização dos enfermos encarnados; esta ação é realiza-
da à distância, na fase de emissão, e é dirigida ao passista que, em sala contígua,
beneficia os pacientes em tratamento.

389
No nosso caso, também é verdadeira a informação de que a cadeia magnéti-
ca duplica a potência da corrente individual de cada médium passista. Poderíamos
dizer que até triplica ou quadruplica, em virtude da contribuição simultânea da
atividade de Vibração.

14.3.4.2) Os Auxiliares da Cadeia Magnética

É útil, no tratamento em comum, fazer-se ajudar, por um ou mais auxilia-


res, principalmente se a cadeia fôr numerosa. Mas esses ajudantes, escolhi-
dos com critério,devem compenetrar-se bem de que precisam renunciar a
qualquer iniciativa pessoal, cingirem-se cegamente às instruções do mestre a
quem secundam, só empregarem os processos deste, nulificarem-se diante
da sua soberana vontade. Um acólito que não se conformasse com essas
regras absolutas, seria mais um impecilho do que um auxílio útil; seria prefe-
rível dispensá-lo. (Magnetismo Curativo, p.139). (Grifo Original).

Na desobsessão por corrente magnética, os auxiliares são os médiuns pas-


sistas que atuam por ação mental, fluídica e magnética, sobre a cadeia como um
todo, ou assistindo a cada médium em particular, nas diferentes fases ou etapas,
visando, principalmente, os enfermos espirituais que transitoriamente se ligam à
corrente, no momento da recepção.
A disciplina deve ser mantida conforme orientação do dirigente, para que se
possa alcançar por ação coletiva os objetivos propostos, não havendo necessida-
de tão rigorosa dos servidores do passe nulificarem-se diante do coordenador
encarnado, que no caso não é e nem será nenhum mestre. Mas todos devem estar
integrados à equipe espiritual e às fontes superiores do bem maior, evitando tudo
aquilo que possa prejudicar a ação coletiva.

14.3.5) Considerações Finais

Diante de todos os aspectos debatidos e comparados, não devemos esquecer


que os "princípios são imutáveis, enquanto os processos ou métodos são variá-
veis". Deve-se no dizer de Deleuze {Magnetismo Curativo, p. 119):

"Sempre respeitar os princípios e deles nunca nos afastarmos; da sua


aplicação depende o poder e a eficácia do magnetismo. Quanto aos proces-
sos, o mesmo não se dá; a experiência é tudo, e a prática pode, a cada
momento, retificar o que se fazia na véspera."

A partir dos princípios magnéticos, descrevemos por comparação, o proces-


so por nós utilizado na desobsessão. Nada inventamos ou inovamos, só recorda-
mos, insistindo que a união das experiências e conceitos antigos com os novos,

390
ensinos dos magnetizadores e dos Bons Espíritos, é a verdadeira chave da saúde
espiritual, mental, psíquica e física da humanidade encarnada e desencarnada.
Certamente, novos horizontes, novas práticas alicerçadas no estudo e na ex-
periência irão surgir, levando-nos inclusive à retificação do que fazíamos na vés-
pera; mas nada poderá mudar o princípio inconteste que "o Espiritismo e o Mag-
netismo são, com efeito, duas ciências gêmeas."

Tornou-lhes ele: Se é pecador, não sei; uma


coisa, porém, sei: que eu era cego e agora vejo (João,
9:25).

391
CAPÍTULO XV

PASSE ESPÍRITA
E
CORRENTE MAGNÉTICA DESOBSESSIVA

Estendeu Jesus a mão, tocou nele e disse: Eu


quero, sê limpo (Mateus, 8:3).
Devido ao número de obras espíritas que abordam as questões do passe, não
haveria necessidade de tecermos comentários a respeito, nesta nossa pesquisa.
Acontece, no entanto, que a aplicação do passe na corrente magnética é uma
atividade de suma importância, e geralmente a fazemos com os recursos das téc-
nicas de transmissão fluídica, inicialmente desenvolvidas pelos magnetizadores.
Não é nosso interesse discutirmos as técnicas em si, mas realçar e mostrar a
sua utilidade quando aliada à retidão de caráter, à vontade ativa de fazer o bem, à
prece, à confiança nas fontes superiores da vida etc.
Já ouvimos inúmeras vezes companheiros de ideal repetirem a velha frase
que: "O passe deve ser dado apenas com a imposição das mãos, sem ritualismo
ou gesticulação, porque Jesus fazia assim". Apesar de respeitarmos tal argumen-
tação, não concordamos e nem reconhecemos que seja ela consistente; somos da
opinião que, diante de um estudo sério, contínuo e metódico, definições como
essas e expressões similares não se sustentam. Tanto é que confundem ritualismo
com técnica, quando na verdade a técnica é condição apropriada ou facilitadora
para a transmissão.
Todos nós achamos correto e exigimos mesmo que determinados profissio-
nais, como os da área de saúde, ao exercerem as suas funções, o façam utilizan-
do-se de determinadas técnicas, e em momento algum, seja em uma transfusão
sangüínea, em um curativo, ou em um ato cirúrgico, as dispensamos; pelo contrá-
rio, chegamos a exigir que sejam corretamente aplicadas, e nem sequer passa
pela nossa cabeça que recursos técnicos empregados, oriundos do estudo e da
experiência, sejam desnecessários, ou o interpretamos como um ritualismo, ou
uma gesticulação improdutiva e inadequada.
Não desejamos criar nenhum tipo de polêmica, mas apenas mostrar a impor-
tância de determinados procedimentos.
A técnica do passe corresponde a todas as outras aplicadas no nosso dia a dia.
Não é fator primário e essencial para se alcançar resultados. De nada vale se o
coração e a mente estiverem sintonizados em faixas de desatenção e inferioridade,
mas é útil, quando a consciência se doa em amor, buscando aliviar a dor de outrem.
Tudo que nos é útil, nos convém. Não há por que deixarmos relegados aos livros,
empoeirados pela displicência e indiferença, processos magnéticos de extrema utili-
dade, de fácil uso e de resultados promissores e superiores. Temos, pelo contrário, a
obrigação de atualizá-los e empregá-los em nossas tarefas assistenciais.

15.1) COMO DEVE SER RECEBIDO E DADO O PASSE?

Emmanuel responde a essa pergunta no livro O Consolador (perg. 99):

"O passe poderá obedecer à fórmula que forneça maior porcentagem de


confiança, não só a quem o dá, como a quem o recebe. Devemos esclarecer,
todavia, que o passe é a transmissão de uma força psíquica e espiritual,
dispensando qualquer contacto físico na sua aplicação."

395
A transmissão do passe deve, no dizer de Emmanuel: "Obedecer à fórmula
que forneça maior porcentagem de confiança, [...]." Acreditamos que para o
médium que estuda, analisa e busca aperfeiçoar-se, a fórmula que mais lhe dará
confiança é a que nasce da aprendizagem teórica e prática, das conclusões que
possa realizar, alicerçadas na razão e na assistência rotineira. O próprio Emmanuel,
no mesmo livro (perg.392), é peremptório, ao se referir à necessidade do estudo
por parte dos médiuns:

"O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e


trabalhar em todos os instantes pela sua própria iluminação."

Estudar muito, observar intensamente, trabalhar em todos os instantes, cons-


tituem obrigações para o médium que se conscientizou de suas responsabilidades.
Quem estuda, sabe por que faz.
Quem observa, avalia e confirma resultados.
Quem trabalha, não permanece cristalizado.
Essa tríade leva ao desenvolvimento das melhores fórmulas para o adequa-
do desempenho de suas tarefas. Ao transmitir, por exemplo, forças psíquicas e
espirituais, procurará fazer e doar o melhor de si mesmo através dos meios mais
adequados. E é aí que irão surgir as técnicas de transferências fluídicas. Saberá,
como ensina Alphonse Bué (item 14.3.1.1.1), que: "Toda ação magnética se re-
sume em imposições e passes, [...]. Imposições e passes são em realidade uma
só e mesma cousa, a imposição representando a fixidez da ação; o passe uma
imposição em movimento. A ciência do magnetizador reside, portanto, na arte de
combinar as imposições e os passesf...]."
Não há, portanto, razão nenhuma para permanecer fixo, estático, porque a
própria imposição não difere dos movimentos que a técnica ensina; pelo contrário,
a combinação de ambos constitui uma ciência e uma arte que a Doutrina Espírita,
pelos exemplos e ensinos dos Espíritos, também desenvolve, orienta, demonstra e
aplica.

15.1.1) Os Estudos Especiais

Alguns, dada a argumentação apresentada, poderão inquirir à semelhança do


que faz André Luiz no livro Nos Domínios da Mediunidade (12. ed., p.166):
"Entretanto, para o esforço desse tipo precisaremos de pessoas escolhidas, com a
obrigação de efetuarem estudos especiais?" O instrutor Áulus nos socorrendo
responde:

- Importa ponderar - disse Áulus, convicto - que em qualquer setor de


trabalho a ausência de estudo significa estagnação. Esse ou aquele
cooperador que desistam de aprender, incorporando novos conhecimentos,
condenam-se, fatalmente às atividades de subnível, todavia, em se tratando

396
do socorro magnético, tal qual é administrado aqui, convém lembrar que a
tarefa é de solidariedade pura, com ardente desejo de ajudar, sob a invoca-
ção da prece. [...]. Analisada a questão nestes termos, todas as pessoas
dignas e fervorosas, com o auxílio da prece, podem conquistar a simpatia
de veneráveis magnetizadores do Plano Espiritual, que passam, assim, a
mobilizá-las na extensão do bem.

Evidenciemos a resposta com cuidado, somando conceitos já expostos:

1) "A transmissão do passe deve obedecer à fórmula que forneça maior por-
centagem de confiança [...]."

2) "O médium tem a obrigação de estudar muito [...]."

3) "A ausência de estudo significa estagnação."

4) "Esse ou aquele cooperador que desistam de aprender, incorporando novos


conhecimentos, condenam-se fatalmente às atividades de subnível [...]."

5) "A imposição representa a fixidez da ação; o passe uma imposição em


movimento."

6) "As pessoas dignas e fervorosas, com o auxílio da prece, podem conquis-


tar a simpatia de veneráveis magnetizadores do Plano Espiritual."

7) "Todavia, em se tratando do socorro magnético, tal qual é administrada


aqui [...]."

15.1.1.1) O Trabalho Assistencial Observado

Com base na última frase, poderemos novamente perguntar:

- Como eram realizados os trabalhos de socorro magnéticos narrados por


André Luiz?

Resp.: O autor descreve os aspectos espirituais do serviço de passe, onde


atuavam dois médiuns de nome Clara e Henrique, atendendo pacientes encarna-
dos, sendo assistidos por veneráveis magnetizadores, obedecendo todos os requi-
sitos básicos de um trabalho superior.
Em determinado momento, ele nos conta:

A senhora, aguardando o concurso de Clara, sustentava-se dificilmente


de pé, com o ventre volumoso e o semblante dolorido.

397
- Observem o fígado! [...].
- E como será socorrida?
Conrado [orientador espiritual dos trabalhos], impondo a destra sobre a
fronte da médium, comunicou-lhe radiosa corrente de forças e inspirou-a a
movimentar as mãos sobre a doente, desde a cabeça até o fígado enfermo.
Notamos que o córtex encefálico se revestiu de substância luminosa que,
descendo em fios tenuíssimos, alcançou o campo visceral. (Nos Domínios
da Mediunidade, 12. ed., p. 168-169).

A médium, atendendo solicitação espiritual por via inspirativa, movimentou


as mãos sobre a doente, à semelhança dos passes longitudinais, sem que essa
atitude, em momento algum, fosse tida como imprópria, ritualística ou expressas-
se gesticulação desnecessária. Pelo contrário, o Espírito que dirigia os trabalhos é
que a orientou a tomar tal conduta, que se revestiu em medida lógica, eficiente,
necessária e adequada.
A intuição foi o elo de ligação entre a médium e o magnetizador. Sabe-
mos que quando aliamos conhecimentos, enriquecendo o campo cerebral, as
possibilidades inspirativas crescem e revelam-se em condições superiores de
auxílio.
André Luiz confirma o que estamos a falar, no livro Mecanismos da Mediu-
nidade (8. ed., p.160):

"O investimento cultural ampliar-lhe-à os recursos psicológicos, facili-


tando-lhe a recepção das ordens e avisos dos instrutores que lhe propici-
em amparo, e o asseio mental lhe consolidará a influência, purificando-a,
além de dotar-lhe a presença com a indispensável autoridade moral, ca-
paz de induzir o enfermo ao despertamento das próprias forças de rea-
ção."

Realmente, a ausência de estudos significa estagnação. Como Clara atende-


ria à solicitação do mentor, se achasse que sua função fosse apenas impor as
mãos sobre a enferma? Como movimentaria as mãos até o fígado em desajuste,
se não tivesse pelo menos a noção mínima de sua localização?
A boa vontade é o primeiro passo. Qualquer pessoa digna e fervorosa imbu-
ída do desejo de auxiliar pode através da prece conquistar a colaboração de vene-
ráveis magnetizadores, beneficiando irmãos em sofrimento. Mas, se ficar nesse
passo, desistindo de aprender, incorporando novos conhecimentos, fatalmente se
condenará a atividades de subníveis.
Essa incorporação de novos conhecimentos deve ser direcionada a vários
campos, dos aspectos morais aos científicos, dos estudos e análises das próprias
fraquezas às fórmulas mais adequadas de transmissão de energia fisio-psíquica.
Investimento cultural, com asseio mental e autoridade moral, facilitando a recep-
ção das ordens e avisos dos instrutores espirituais.
398
15.1.1.2) O Estudo da Constituição Humana

Falamos que Clara, para atender a solicitação do mentor, deveria ter a noção
mínima da localização do órgão em desajuste da senhora enferma. Será que seria
conveniente dentro deste investimento cultural o estudo da constituição humana?

Como sempre a resposta vem de André Luiz:

"Decerto, o estudo da constituição humana lhes é naturalmente aconse-


lhável, tanto quanto ao aluno de enfermagem, embora não seja médico, se
recomenda a aquisição de conhecimentos do corpo em si." (Mecanismos
da Mediunidade, p.159).

O estudo que o médium passista deve realizar inclui também o conhecimento


de determinados aspectos anatômicos e fisiológicos do corpo humano. Não que a
ausência deste estudo o impeça de atuar e beneficiar, mas auxilia e facilita o
desempenho de suas funções e a recepção das ordens e avisos emanados das
fontes veneráveis do Mundo Maior.

15.2) O EXEMPLO DE JESUS

Há ainda a questão da "Imposição das mãos" como única fórmula de doação


fluídica, porque "Jesus fazia assim."
O Mestre Amado não curava somente através da imposição das mãos, mas
por todos os meios:

"Então lhes tocou os olhos e disse: "Faça-se convosco assim como


credes!"" (Mateus, 9:29).

"Jesus teve pena deles e tocou-lhes os olhos. E no mesmo instante viam,


e o foram seguindo" (Mateus, 20:34).

"Mestre - suplicou o cego - faze com que eu veja!" Disse-lhe Jesus:


"Vai que a tua fé te curou." No mesmo instante via, e o foi seguindo pelo
caminho" (Marcos, 10:51-52).

"Jesus inclinou-se sobre ela e deu ordem à febre: e a febre deixou-a"


(Lucas, 4:39).

"Jesus punha as mãos sobre cada um deles e curava-os" (Lucas, 4:41).

"Chegou-se a ele por detrás e tocou-lhe a borla do manto - e no mesmo


instante cessou o fluxo de sangue" (Lucas, 8:44).

399
"Impôs-lhe as mãos, e logo ela se aprumou, glorificando a Deus" (Lucas,
13:13).

"Dito isto, cuspiu na terra, fez um lodo com a saliva, untou com o lodo os
olhos do cego e disse-lhe: "Vai e lava-te no tanque de Siloé: que quer dizer
Enviado." Foi; lavou-se e voltou vendo" (João, 9:6-7).

Jesus curava impondo as mãos, dando ordem, tocando e ao ser tocado e


até passando lodo. Se fôssemos interpretar essas passagens ao pé da letra
como: "Transmitir fluidos apenas por imposição das mãos, porque Jesus fazia
assim", deveríamos igualmente ficar quietos para que os nossos irmãos en-
carnados nos tocassem e curassem-se; dar ordens às doenças; tocar os en-
fermos ou mesmo cuspir na terra e passar o barro nas feridas ou órgãos
afetados.
A razão não pode aceitar estas interpretações e condutas, e muito me-
nos poderemos nos comparar à sublimidade e respeitabilidade do meigo Rabi
da Galileia.
Da leitura dos versículos, compreendemos que Jesus não necessitava de ne-
nhum desses meios, queria apenas nos dar exemplos de amor, solidariedade, com-
paixão, carinho.
Emmanuel expressa bem essa realidade na resposta número 100 de O Con-
solador:

"Jesus nos deu a primeira lição nesse sentido, impondo as mãos divinas
sobre os enfermos e sofredores, no que foi seguido pelos apóstolos do Cris-
tianismo primitivo.
"Toda boa dádiva e dom perfeito vêm do alto" - dizia o apóstolo, na
profundeza de suas explanações."

A Doutrina Espírita não é uma doutrina de letras mortas e estanques, mas


Filosofia, Religião e Ciência alicerçada na razão, visando sempre "O Espírito que
vivifica".

Fala-nos Allan Kardec e O Espírito da Verdade:

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face,
em todas as épocas da humanidade." {O Evangelho Segundo o Espiritis-
mo, 4. ed., FEESP, p.242).

"Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento, instruí-vos, eis o segun-


do. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se
enraizaram são de origem humana; [...]." (Idem, p.94).

400
No dizer de Emmanuel, Jesus nos deu a primeira lição. Estudando e pratican-
do chegaremos a outras lições; hoje, a nós ministradas pelos Espíritos, ou às "gran-
des vozes do céu."
O Espiritismo, revivendo o Cristianismo, busca retirar os erros de origem
humana que se enraizaram no Cristianismo, "iluminando caminhos, abrindo os olhos
aos cegos".

15.2.1) As Lições que Jesus nos Deu

15.2.1.1) Jesus Curava os Doentes Tocando-os

Os Espíritos, como podemos observar pela resposta de Emmanuel no início


desse capítulo, asseguram-nos que o passe é uma transmissão de força psíquica e
espiritual, dispensando qualquer contato físico na sua aplicação.
Várias são as ponderações espirituais a este respeito. André Luiz, Nos Do-
mínios da Mediunidade (12. ed., p.164), compartilha a mesma opinião: "Na mai-
oria dos casos, não precisavam tocar o corpo dos pacientes, de modo direto. Os
recursos magnéticos, aplicados à reduzida distância, penetravam assim mesmo o
"halo vital" ou a aura dos doentes, provocando modificações subitáneas."
Se o Mestre Jesus, em alguns casos, tocava os doentes curando-os, e os
bons Espíritos nos orientam a não fazê-lo "rotineiramente", é porque conforme
também nos ensina Emmanuel (O Consolador, perg.327): "Não julgamos acerta-
do trazer a figura do Cristo para condicioná-la aos meios humanos, num paralelismo
injustificável, porquanto em Jesus temos de observar a finalidade sagrada dos
gloriosos destinos do espírito."

15.2.1.2) Jesus Curou o Cego Untando os Seus Olhos Com Lodo

Os Espíritos nos esclarecem: "A prática do bem pode assumir as fórmulas


mais diversas. Sua essência, porém, é sempre a mesma diante do Senhor." (Emma-
nuel, O Consolador, perg.100).

15.2.1.3) Jesus Curava Instantaneamente Impondo as Mãos

O Codificador nos ensina:

"É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode


desenvolver-se por meio do exercício; mas, a de curar instantaneamente,
pela imposição das mãos, essa é mais rara e o seu grau máximo se deve
considerar excepcional." (A Gênese, cap. 14, item 34).

Depois de todas essas citações, analisadas à luz da Doutrina Espírita,


compreendemos que no Cristo está o exemplo e não o paralelismo.

401
No Mestre está a lição que não deve ser tomada ao pé da letra, mas inter-
pretada segundo o espírito. Jesus representa a influência fluídica máxima, excep-
cional e divina, enquanto todos nós através da boa vontade representamos a influ-
ência magnética relativa, dimensionada ao patamar evolutivo em que nos situa-
mos.
Jesus não necessitava e não necessita de fórmulas, meios e métodos. Mas
nós, na prática do bem que intentamos realizar, quando buscamos direcionar me-
lhor os nossos esforços, poderemos encontrar técnicas facilitadoras a nortear de
forma segura as nossas ações. Conjunto de medidas acessórias, mas úteis, secun-
dárias, mas adequadas, auxiliando no êxito de nossas doações, enriquecendo as
nossas faculdades radiantes.

15.3) O EXEMPLO DOS ESPÍRITOS

"Toda boa dádiva e dom perfeito vêm do Alto". Sendo assim, perguntaría-
mos:

1) - Basta a boa vontade para que um espírito venha a participar de


atividades de auxílio magnético?

Resp.: O livro Missionários da Luz, em seu capítulo 19, traz todas as


diretrizes a esse respeito. André Luiz descreve o trabalho realizado por seis
entidades, técnicos em auxílio magnético, atendendo a encarnados e
desencarnados.
Alexandre, orientador espiritual dos trabalhos, enumera os requisitos especi-
ais, necessários e indispensáveis à participação desses técnicos:

[...], na execução da tarefa que lhes está subordinada, não basta a boa
vontade, como acontece em outros setores de nossa atuação. Precisam
revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos
especializados. O servidor do bem, mesmo desencarnado, não pode satisfa-
zer em semelhante serviço, se ainda não conseguiu manter um padrão su-
perior de elevação mental contínua, condição indispensável à exteriorização
das faculdades radiantes. O missionário do auxílio magnético, na Crosta ou
aqui em nossa esfera, necessita ter grande domínio sobre si mesmo, espon-
tâneo equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta com-
preensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança no Poder Divino. Cum-
pre-me acentuar, todavia, que semelhantes requisitos, em nosso plano, cons-
tituem exigências a que não se pode fugir, quando, na esfera carnal, a boa
vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência, o
que se justifica, em virtude da assistência prestada pelos benfeitores de
nossos círculos de ação ao servidor humano, ainda incompleto no terreno
das qualidades desejáveis. (Missionários da Luz, p.321).

402
Em nível de plano espiritual não basta a boa vontade, é necessário determi-
nadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos especializados.
Na esfera carnal, a boa vontade sincera, em muitos casos, em virtude da
assistência espiritual, pode suprir essa ou aquela deficiência.
A boa vontade supre deficiências. Naturalmente, quanto menores elas fo-
rem, maiores os resultados. Sabemos das nossas dificuldades mentais e morais,
mas não podemos compreender a ausência de estudos em relação a certos co-
nhecimentos especializados, envolvendo doações magnéticas igualmente já exis-
tentes no plano terreno. Muitas vezes, acomodamo-nos em frases como essas:
"Eu estendo as mãos e os Espíritos atuam." Ora, nem necessitamos fazer a impo-
sição das mãos, para que ocorra a atuação dos bons Espíritos auxiliando a quem
sofre. Necessitamos, isto sim, perguntar de que forma, com quais conhecimentos,
com que condições morais nos candidatamos a ser instrumentos desses técnicos
que se preparam em padrões de elevação mental e moral contínuos, para
exteriorizarem as suas faculdades radiantes.
A lei das afinidades espirituais é a lei que rege a sintonia entre duas mentes
que se propõem a beneficiar. Não pode haver interação vibratória entre um ser
que se dedica ao próprio aperfeiçoamento e um outro que se justifica em plano
inferior e displicente de acomodação intelectual, mental e moral. A Boa Vontade
há de ser sincera para cobrir deficiências. Boa Vontade sincera é aquela que nos
ajuda a avançar. Paralisia, desculpismo, justificação sistemática é campo de oci-
osidade a nos conduzir a atividades de subníveis.

2) - Na seqüência do texto anterior, pergunta André Luiz: "Os ami-


gos encarnados, de um modo geral, poderiam colaborar em se-
melhantes atividades de auxílio magnético?"

Resp.: Todos, com maior ou menor intensidade, poderão prestar concur-


so fraterno, nesse sentido - respondeu o orientador -, porquanto, revelada
a disposição fiel de cooperar a serviço do próximo, por esse ou aquele tra-
balhador, as autoridades de nosso meio designam entidades sábias e bene-
volentes que orientam, indiretamente, o neófito, utilizando-lhe a boa vonta-
de e enriquecendo-lhe o próprio valor. São muito raros, porém, os compa-
nheiros que demonstram a vocação de servir espontaneamente. Muitos,
não obstante bondosos e sinceros nas suas convicções, aguardam a
mediunidade curadora, como se ela fosse um acontecimento miraculoso em
suas vidas e não um serviço do bem, que pede do candidato o esforço labo-
rioso do começo. Claro que, referindo-nos aos irmãos encarnados, não po-
demos exigir a cooperação de ninguém, no setor de nossos trabalhos nor-
mais; entretanto, se algum deles vem ao nosso encontro, solicitando admis-
são às tarefas de auxílio, logicamente receberá nossa melhor orientação, no
campo da espiritualidade. (Missionários da Luz, p.321).

403
Revelada a disposição fiel de cooperar, as autoridades do plano espiritual
designam entidades sábias e benevolentes que passam a orientar o neófito. Neófito
segundo o Novo Dicionário Aurélio é: "Indivíduo admitido há pouco em uma
corporação, principiante, novato."
Quantos de nós continuamos a ser eternos novatos, principiantes, repetindo
velhos erros e ainda justificando-os ou transferindo as nossas responsabilidades
para os benfeitores espirituais? Alexandre evidencia que "são muito raros, porém,
os companheiros que demonstram a vocação de servir espontaneamente" e que
"muitos aguardam a mediunidade curadora, como se ela fosse um acontecimento
miraculoso em suas vidas."
Na verdade, o que permanentemente necessitamos é do milagre do estudo e
do esforço pessoal de aperfeiçoamento íntimo: espiritualização.

3) - E novamente, André Luiz faz a interpelação que gostaríamos de


fazer: "Quando na crosta, envolvidos pelos fluidos mais densos,
como poderemos desenvolver a capacidade radiante, depois da
edificação de nossa vontade real, a serviço do próximo?"

Resp.: Conseguida a qualidade básica, o candidato ao serviço preci-


sa considerar a necessidade de sua elevação urgente, para que as suas
obras se elevem no mesmo ritmo. Falaremos tão-só das conquistas mais
simples e imediatas que deve fazer, dentro de si mesmo. Antes de tudo,
é necessário equilibrar o campo das emoções. Não é possível fornecer
forças construtivas a alguém, ainda mesmo na condição de instrumento
útil, se fazemos sistemático desperdício das irradiações vitais. Um sis-
tema nervoso esgotado, oprimido, é um canal que não responde pelas
interrupções havidas. A mágoa excessiva, a paixão desvairada, a
inquietude obsidente, constituem barreiras que impedem a passagem
das energias auxiliadoras. Por outro lado, é preciso examinar também
as necessidades fisiológicas, a par dos requisitos de ordem psíquica. A
fiscalização dos elementos destinados aos armazéns celulares é indis-
pensável, por parte do próprio interessado em atender as tarefas do
bem. O excesso de alimentação produz odores fétidos, através dos po-
ros, bem como das saídas dos pulmões e do estômago, prejudicando as
faculdades radiantes, porquanto provocam dejeções anormais e desar-
monias de vulto no aparelho gastrintestinal, interessando a intimidade
das células. O álcool e outras substâncias tóxicas operam distúrbios
nos centros nervosos, modificando certas funções psíquicas e anulando
os melhores esforços na transmissão de elementos regeneradores e
salutares. (Missionários da Luz, p.322-323).

A partir da edificação real de nossa boa vontade, muito ainda nos competi-
rá fazer: da disciplina emocional à fiscalização dos elementos destinados aos

404
armazéns celulares; da eliminação dos tóxicos advindos dos vícios ao estudo con-
tínuo e metódico. Desenvolver faculdades irradiantes, assistidos convenientemente,
está longe de ser uma atividade simples a nos pedir apenas o esforço inicial de
participação. Elevação pessoal urgente com imediata e direta elevação das obras
que realizamos é a meta a ser desenvolvida por todos nós.
Para aqueles que possam achar a lista longa e difícil, recordamos as expres-
sões de Alexandre: "Falaremos tão-só das conquistas mais simples e imediatas
que deve fazer dentro de si mesmo."

4) - Utilizam-se os Espíritos de técnicas e processos magnéticos, du-


rante os trabalhos que desenvolvem?

Resp.: Esta pergunta se reveste de importância capital aos comentários e


análises que estamos fazendo. Estabelecidas as condições básicas para a partici-
pação, listados os requisitos mais simples e imediatos que o candidato ao serviço
de assistência fluídica deve realizar, falta-nos confirmar se os veneráveis
magnetizadores do plano espiritual empregam as técnicas de transmissões fluídicas
na assistência que prestam. Porque, se as utilizarem, não há por que por não as
empregarmos também.
Parte dessa questão já nos foi esclarecida, graças às transcrições e às conside-
rações anteriores. Estudemos e nos certifiquemos de vários outros exemplos.

Iº. "[...], Anacleto assumiu nova atitude, dando-me a entender que ia favore-
cer suas expansões irradiantes e, em seguida, começou a atuar por impo-
sição.[...]. Foi então que o magnetizador espiritual iniciou o serviço mais
ativo do passe, alijando a maligna influência. Fêz o contacto duplo sobre o
epigastro, erguendo ambas as mãos e descendo-as, logo após, morosa-
mente, através dos quadris até os joelhos, repetindo o contacto na região
mencionada e prosseguindo nas mesmas operações por diversas vezes."
(Missionários da Luz, 21. ed., p.326).

2º. "Anacleto continuou de pé e aplicou-lhe um passe longitudinal sobre a


cabeça, partindo do contacto simples e descendo a mão, vagarosamente,
até à região do fígado,[...]." (Missionários da Luz, p.330).

3º. "Logo após, muito cuidadosamente, atuou por imposição das mãos sobre
a cabeça da enferma, como se quisesse aliviar-lhe a mente. Em seguida,
aplicou passes rotatórios na região uterina." (Missionários da Luz,
p.332).

4º. "Clarêncio, porém, submeteu-a a passes magnéticos de longo curso,


prometendo que a medida se faria seguir das melhoras necessárias." (En-
tre a Terra e o Céu, 12. ed., p.189).

405
5º. "Jerônimo, [...]. Começou aplicando passes de restauração ao sistema
de condução do estímulo, [...]. Em seguida, forneceu certa quantidade de
forças ao pericárdio, [...]. Logo após, meu orientador magnetizou,
longamente, a zona em que se localizava o tumor [...]." (Obreiros da
Vida Eterna, 21. ed., p.262).

6º. "A Entidade compassiva, utilizando-se da técnica do passe longitudinal


com pequenas variações, demonstrando, porém, profundo conhecimen-
to dos centros captadores de força, no corpo e no perispírito, operou, dis-
persando, a princípio, as construções mentais perniciosas e
desencharcando-lhe o psiquismo de fluidos prejudiciais, para, logo após,
recompor-lhe o equilíbrio, mediante a doação de energia, facilmente assi-
milada pelo organismo." (Loucura e Obsessão, 2. ed., p.65).

7º. "A Benfeitora [Irmã Angélica] aplicou-lhe passes longitudinais, deten-


do-se mais na área do epigastrio e, em poucos segundos, ele se exteriorizara,
denotando as sensações traumatizantes que o ato produzira no corpo, al-
cançando os tecidos sutis do Espírito pelo processo automático da ação-
reação." (Painéis da Obsessão, p.41).

8º. "Atentos às instruções do Orientador Espiritual, acercamo-nos do sofre-


dor em desvario e aplicamos-lhe passes cuidadosos, anestesiantes."
(Grilhões Partidos, 3. ed., p.143).

9º. "Como o passe, que pode ser movimentado pelo maior número de pessoas,
com benefícios apreciáveis, também o sopro curativo poderia ser utiliza-
do pela maioria das criaturas, com vantagens prodigiosas." (Os Mensa-
geiros, 17. ed., p.105).

10º. "Quando oportuno, adicionar o sopro curativo aos serviços do passe


magnético, bem como o uso da água fluidificada, do autopasse, ou da
emissão de forças socorristas, a distância, através da oração.
O Bem Eterno é bênção de Deus à disposição de todos." (Conduta Es-
pírita, 12. ed., p.104). (Todos os grifos são nossos).

As técnicas de transmissões fluídicas, os processos magnéticos, são, rotinei-


ramente, empregados no plano espiritual. Passes longitudinais ou de longo curso,
passes rotatórios, sopro curador, etc, são utilizados por mentores veneráveis e
técnicos de serviço magnético. Se essas entidades com condições morais, espiri-
tuais, mentais, bem superiores às nossas, com conhecimentos especializados, ser-
vem-se destes recursos, por que não poderíamos deles nos servir, se todos os
aspectos necessários à sua utilização já foram por mais de 200 anos comprovados
e desenvolvidos ?
Na desobsessão por corrente magnética, deveremos, sempre que possível,
empregar os diversos processos magnéticos, as técnicas do passe, aplicando-os

406
corretamente, como elementos coadjuvantes das emissões fluídicas que têm na
elevação moral e mental a sua essencialidade.

15.4) CONCLUSÃO

Apesar das citações e argumentações apresentadas, sabemos que é difícil a


mudança de hábitos e condutas cristalizadas, como o dar o passe somente por
imposição das mãos.
Alguns irmãos, muitos de boa vontade, ainda questionam, duvidam e buscam
orientações espirituais, tentando igualmente fundamentar os seus pontos de vista.
Dentre os textos mais rotineiramente apresentados, está um pequeno trecho
do livro Conduta Espírita (André Luiz, lição 28):

"Lembrar-se de que na aplicação de passes não se faz precisa gesticula-


ção violenta, a respiração ofegante ou o bocejo de contínuo, e de que nem
sempre há necessidade do toque direto no paciente.
A transmissão do passe dispensa qualquer recurso espetacular."

Essa orientação só vem reforçar as afirmações anteriores. Como falamos,


estamos à busca das técnicas adequadas para a transmissão do passe, como ele-
mento auxiliar das doações fluídicas, nas diferentes atividades que somos chama-
dos a servir, e não de gesticulações violentas, respiração ofegante, bocejos ou
recursos espetaculares.
Gesticulação segundo o Novo Dicionário Aurélio é: "ação de gesticular,
gesticulado, gesto". Gesto por sua vez é: "movimento do corpo em especial da
cabeça e dos braços, ou para exprimir idéias ou sentimentos, ou para realçar a
expressão, mímica". Agora, técnica, segundo o mesmo dicionário é: "A parte
material ou o conjunto de processos de uma arte: [...]. Maneira, jeito ou habilida-
de especial de executar ou fazer algo. Prática."
Buscamos aprimorar as doações energéticas, executando e nos baseando no
conjunto de processos da arte ou ciência magnética, como fazem os Espíritos nas
nossas reuniões ou nas atividades assistenciais que realizam no plano espiritual. E
não apenas movimentar os nossos corpos ou membros, para exprimir as nossas
idéias e sentimentos, ou fazer mímica. Quem assim procede, atesta as suas limita-
ções, denunciando a falta de estudo e a ausência de preparo.
Ao dar a nossa opinião, não queremos diminuir, acusar ou depreciar a quem
quer que seja, pelo contrário, desejamos mostrar apenas a importância do prepa-
ro, do estudo, das condições morais e de certos conhecimentos especializados,
sem desencorajar ninguém. Objetivamos alcançar o que, muito apropriadamente,
defende Manoel Philomeno de Miranda no livro Grilhões Partidos (3. ed., p.181):

"Quando os métodos de qualquer mister, na Terra, estiverem sob a dire-


triz segura da técnica e o inspirador amparo, simultâneo dos braços de

407
Jesus, muitos males serão evitados e frutos opimos recolhidos." (Grifos
nossos).

Queremos evitar os males e colher os frutos, sob a égide divina e o inspirador


amparo de Jesus.

Cumpria-se, destarte, o que dissera o profeta


Isaías: Ele mesmo toma sobre si as nossas enfermi-
dades e carrega com as nossas doenças (Mateus,
8:17).

408
CAPÍTULO XVI

CHOQUE ANÍMICO

O r a , achava-se justamente nessa sinagoga um


homem possesso dum espírito impuro, que gritava: "Que
temos nós contigo, J e s u s de Nazaré? Vieste para nos
perder? Sei quem és: o santo de Deus!"
Ameaçou-o Jesus, dizendo: "Cala-te e sai dele."
Ao que o espírito impuro o agitou violentamente e
saiu dele, soltando um grito estridente ( Marcos 1:23-26).
Recordando os efeitos advindos das múltiplas ações da corrente magnética
desobsessiva, poderíamos resumi-los nos seguintes itens:

1) Em relação aos encarnados

A cadeia desobssessiva, a partir de sua fase de emissão, amplia as possibilida-


des dos médiuns passistas que atuam sobre os pacientes encarnados, aumentan-
do-lhes a força magnética, qualificando juntamente com os Espíritos Superiores,
os fluidos. Desse conjunto de ações, resulta uma potente e salutar corrente
energética, que age sobre os doentes, renovando-lhes os fluidos, drenando a ma-
téria mental fulminatória e destruindo as formas ou bacilos psíquicos, que porventura
estejam presentes em seus cosmos psíquicos, além de facilitar o afastamento das
entidades que habitualmente os acompanham.

2 ) Em relação aos ambientes

A corrente magnética, nas fases de emissão e recepção, auxilia na destruição


das formas psíquicas, clichês mentais, matéria mental fulminatória, seja do ambi-
ente psíquico dos pacientes, seja dos locais de onde provêm, quebrando o ciclo
que possibilita o contágio entre pessoas que respiram na mesma faixa vibratória.
Essa mesma ação é realizada em prol dos ambientes espirituais dos grupos
espíritas, favorecendo a harmonização de toda a equipe de servidores.

3) Em relação aos desencarnados

Em virtude das ações anteriores, a corrente desobsessiva, direcionando na fase


de emissão, as irradiações fluídicas e mentais de seus integrantes, associadas às
outras cadeias magnéticas formadas pelos bons Espíritos, atrairá, à semelhança
de um grande mento-eletroímã, os sofredores desencarnados, já previamente triados
ou que se constituam em séquito familiar dos pacientes encarnados. Estes, na
fase de recepção, por incorporações transitórias, verdadeiras enxertias neuro-
psíquicas, interagem com os fluidos da corrente como um todo, ou se ligam a cada
médium em particular.
Mergulhando ou passando nos fluidos da corrente, sofrendo a ação do pensa-
mento coletivo, absorvendo os raios vitais e mentais, enriquecidos pela participa-
ção da espiritualidade que os qualificam, decuplicam ou centuplicam, as entidades
obsessoras ou obsediadas são amplamente beneficiadas. O envolvimento
perispiritual que são objetos, a doutrinação mental realizada pelos médiuns e por
emissões de imagens formuladas pelos arquitetos espirituais, levam-nas a uma
nova tomada de consciência, libertando-as das amarras ou teias emocionais,
fluídicas e mentais que as prendem.
Todos estes procedimentos repercutem nas entidades que sofrem, por assim
dizer, um duplo choque, dessa forma caracterizado:

411
a) Um choque fluídico, pela diferença dos fluidos que as envolvem e o manan-
cial energético da corrente;

b) Um choque mental, pela diferença de suas vibrações e as irradiações nobres


emitidas pelos médiuns em associação com a Espiritualidade Superior.

Esse duplo choque, fluídico e vibratório, é o que denominamos de Choque


Anímico.

16.1) JESUS E O CHOQUE ANÍMICO

O choque anímico, da forma como compreendemos e empregamos, pode ser


perfeitamente deduzido de algumas passagens evangélicas, como a que inicia o
nosso capítulo.
Jesus, em suas ações sublimes de assistência amorosa aos aflitos do mundo,
agia de maneira semelhante, em quase todas as situações em que foi chamado a
auxiliar obsidiados dos mais diferentes matizes. Geralmente, não utilizava de diá-
logos extensos, doutrinações pela palavra; pelo contrário, o evangelista Mateus
chega a dizer no seu Evangelho (8:16) que: "Ele expulsava os espíritos com
uma palavra."

Esse procedimento pode ser confirmado por nós, através de algumas narra-
ções:

"Pediram, pois, os demônios a Jesus: "Se nos expulsares daqui, manda-


nos entrar na manada de porcos."
"Entrai!" - Disse-lhes Jesus" (Mateus, 8:31-32).

"Vendo Jesus que o povo se aglomerava cada vez mais numeroso, ame-
açou ao espírito impuro, dizendo: "Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai
dele e não tornes a entrar nele!" Por entre gritos e violentas convulsões
saiu dele" (Marcos, 9:25-26). (Grifos nossos).

Segundo Kardec (vide item 9.5.3), para que ocorra o tratamento das afecções
obsessivas (individuais ou coletivas), é necessária uma tríplice ação:

1. A ação fluídica - que liberta o perispírito do doente da pressão do Espírito


Malévolo;

2. O ascendente moral - exercido sobre este último pela autoridade que


sobre ele dá a superioridade moral;

3. A influência moralizadora dos conselhos que se lhes dá.

412
Certamente, em todas as ações desobsessivas realizadas pelo Mestre Jesus,
esse tríplice aspecto também ocorria, porém de maneira imediata, rápida, instan-
tânea, simultânea (em relação às legiões) e divina.
Se ocorria uma ação fluídica, uma ascendência e autoridade moral do Cristo
em relação aos espíritos, onde podemos inferir a ação moralizadora dos conselhos
que certamente haveria de ser dada às entidades sofredoras? Kardec chega a
dizer que a primeira ação é simples acessório das outras duas. Ora, não podemos
imaginar que Jesus, ao libertar os obsidiados, não cuidasse, igualmente dos
obsessores. E se cuidava, como se dava o processo?
Este processo, sem dúvida, deveria ser mental. Jesus ao explicar aos discípu-
los a razão deles não expulsarem determinados espíritos malévolos disse: "Esta
casta não se expulsa senão à força de oração" (Marcos, 9:29).
Já sabemos que a oração é uma magnetização mental. Podemos, a partir
desses raciocínios, inferir que na desobsessão desenvolvida pelo Mestre Nazareno
ocorria uma ação fluídica, moral e mental, advinda da sua vontade enérgica e
sublime. Esta ação mental certamente era divinamente dirigida com conhecimen-
to total das necessidades dos espíritos.
Os evangelistas Lucas (5:22) e João (2:25) falam-nos das possibilidades que
o Cristo possuía:

"Jesus, porém, conhecia os pensamentos deles."

"Sabia por si mesmo o que vai no íntimo do homem."

Conhecendo o que vai no íntimo dos homens, incluindo logicamente os desen-


carnados, certamente Jesus poderia dar a cada um, através da força do pensa-
mento, na velocidade inúmeras vezes superior à da luz, "doses infinitesimais de
paciência, de calma, de resignação, conforme o caso", "combatendo a causa
mórbida das patologias espirituais em seu próprio terreno."
Agindo pela ação fluídica, pela força do pensamento e pela força moral
("que não é outra coisa senão uma ação magnética quintessenciada"), Jesus li-
bertava os obsidiados, devolvendo-lhes a saúde fisio-psíquica e provocando, devi-
do ao efeito da emissão de uma salutar e poderosíssima corrente fluídica, um
verdadeiro Choque Anímico, pois este nada mais é que o conjunto da ação
energética e mental, secundado pela vontade e pela força moral.
A certeza de que este fenômeno ocorria, pode ser visualizada a partir da
reação apresentada pelos obsidiados, logo após as ordens verbais de Jesus: "Ao
que o espírito impuro o agitou violentamente e saiu dele, soltando um grito estri-
dente" e "Por entre gritos e violentas convulsões saiu dele". Como toda ação
corresponde a uma reação igual e contrária, podemos concluir que as reações
apresentadas pelos obsidiados, que nada mais eram que médiuns em desequilíbrio,
espelhavam a ação dos obsessores, ao sentirem o toque das virtudes ou força
magnética em grau incomparável emitidas pelo Divino Mestre.

413
No livro Memórias de um Suicida (10. ed., p.441), o autor espiritual se
refere assim a Jesus:

"O Nazareno, compassivo e amoroso, senhor de poderes psíquicos incalcu-


láveis para nós outros, dono da maior força mental que já nos foi dado conce-
ber, expondo suas formosas lições criava cenas e corporificava-as, dando
aos ouvintes maravilhados o esplendor de visões interiores, que o seu pen-
samento fecundo e poderoso não se cansava de distribuir." (Grifos nossos).

Como Jesus é taxativo em dizer que viera para os doentes e não para os
sãos, fica claro que nas ações desobsessivas, o Mestre certamente corporificava
quadros, formações que tocavam os espíritos, obsessores e obsidiados, levando-
os a visões interiores, à semelhança e em grau superlativo às ações dos arquitetos
espirituais e dos médiuns em nossas reuniões de desobsessão por corrente mag-
nética.
Mais uma vez, podemos confirmar que até diante de condutas simples como
o fenômeno - Choque Anímico - tal qual o entendemos hoje, as expressões sábi-
as de João Evangelista (1:2-3) estão perfeitamente corretas:

"Por ele foram feitas todas as coisas; e nada do que foi feito, foi feito
sem ele."

16.2) OS DISCÍPULOS DE JESUS E O CHOQUE ANÍMICO

Se Jesus realizava ações como estas, poderiam também realizá-las os seus


discípulos?
A este respeito disse o Mestre (João, 14:12):

"Em verdade, em verdade, vos digo: Quem crê em mim fará as obras que
eu faço, e fará obras maiores que esta."

Quanto à ação desobsessiva propriamente dita, completa o Evangelista Mar-


cos (3:14):

"Escolheu doze que fossem companheiros seus e que pudesse enviar a


pregar: e deu-lhes o poder de expulsarem demônios."

Vejamos alguns exemplos de como os discípulos exerciam este poder:

lº "Deus operava milagres extraordinários por meio de Paulo. Até lenços e


aventais que êle usara eram aplicados aos enfermos, e as moléstias
fugiam deles e os espíritos malignos saíam" (Atos, 19:11-13).

414
a
2 "Crescia cada vez mais o número dos homens e das mulheres que abra-
çavam a fé no Senhor, a ponto de se trazerem os doentes para as ruas,
estendidos em leitos e macas, para que, ao passar Pedro, cobrisse ao
menos sua sombra alguns deles. Afluía também muita gente das cida-
des vizinhas a Jerusalém, trazendo doentes e vexados de espíritos im-
puros, e eram todos curados" (Atos, 5:14-16).
a
3 "De caminho para o lugar de oração deparou-se-nos uma escrava que
tinha espírito de adivinha, e com as suas adivinhações dava grande
lucro a seus senhores. Deitou a correr no encalço de Paulo e de nós,
gritando: "Estes homens são servos do Deus altíssimo e vos anunciam
o caminho da salvação." Fazia isto por muitos dias. Paulo, aborrecido,
voltou-se e disse ao espírito: "Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo
que saias dela!" E na mesma hora saiu" (Atos, 16:16-18).
a
4 "Também alguns dos exorcistas judeus, que percorriam o país, tentaram
invocar o nome do Senhor Jesus sobre os endemoninhados, dizendo:
"Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo anuncia." Quem isto pratica-
va eram os sete filhos de um tal Scevas, sumo-sacerdote judeu. O
espírito maligno, porém, replicou-lhes: "Conheço a Jesus, e sei quem é
Paulo; mas vós quem sois?" E com isto o homem possesso do espírito
maligno investiu contra eles, subjugou dois deles e a tal ponto lhes fêz
sentir o seu poder que, nus e feridos, tiveram de fugir daquela casa"
(Atos, 19:13-16).
a
5 "A propósito dos dons espirituais, meus irmãos, não quero deixar-vos na
ignorância. Sabeis que, quando pagãos, vos deixáveis levar cegamente
aos ídolos mudos. Ora, faço-vos saber que ninguém que fala pelo espí-
rito de Deus diz mal de Jesus; e ninguém pode proclamar a Jesus como
Senhor, senão pelo Espírito Santo" (I Coríntios, 12:1-3).

Os apóstolos realizavam ações desobsessivas de maneira idêntica e utili-


zando-se dos mesmos meios pelos quais agia o Mestre Jesus. Ação fluídica e
mental com ascendência moral sobre as entidades, com diminutas expressões
verbais.
Da mesma forma que nos referimos ao Mestre, não podemos conceber que
estas ações só beneficiassem os obsidiados encarnados, sem que os desencarnados
fossem igualmente socorridos. Não é aceitável que o Cristo e os Apóstolos reali-
zassem a desobsessão incompleta, sem a moralização das entidades envolvidas
na simbiose obsessiva. Não dá para aceitar que nós, falhos como somos, viésse-
mos nos dias atuais agir de maneira mais adequada em relação a obsessores e
obsidiados do que Jesus e os seus Apóstolos. A razão não nos deixa acreditar
nessa hipótese absurda.

415
Daí voltarmos a afirmar que a ação moralizadora dos conselhos a serem
dados aos obsidiados e obsessores era realizada pelo campo mental, em um
processo imediato, rápido, instantâneo, simultâneo e no caso dos Apóstolos, se-
cundada pelo Espírito Santo ou dentro da nomenclatura e ensinos da Doutrina
Espírita: Bons Espíritos ou Espíritos Superiores. Não podemos deixar de reco-
nhecer, também, que essas falanges superiores deveriam, após a assistência
prestada por Jesus, auxiliar, à semelhança do que acontece em nossas reuniões,
os sofredores desencarnados em fase inicial de recuperação, encaminhando-os,
certamente, para as colônias, postos e núcleos espirituais em condições de recebê-
los e tratá-los.
No momento em que não havia força mental e ascendência moral, que não só
qualificam os fluidos, mas igualmente atraem os Espíritos Superiores, a ação era
ineficaz e os obsessores, como no exemplo, reagiam verbalmente e até fisicamen-
te, chegando ao ponto de agredir os pretensos doutrinadores ou exorcistas.
Todas essas situações nos levam a acreditar que tanto Jesus, quanto os Após-
tolos teriam utilizado o choque anímico nas oportunidades que tiveram diante de si
os enfermos envolvidos em processos obsessivos. Alguns poderão discordar, por
diversos motivos, dentre eles que o choque anímico é uma expressão praticamen-
te recente. Sim, a expressão é atual, mas não o ato.
A Doutrina Espírita, conforme as promessas de Jesus, veio ao mundo para
nos iniciar em todas as verdades e dar testemunho do Cristo ou, em outras pala-
vras, erguer o véu que cobre os mistérios, explicando os milagres de forma lógica
e natural e todos os fenômenos, incluindo aí o poder de Jesus e dos Apóstolos em
expulsarem os espíritos malignos ou demônios.
Se o choque anímico faz parte das leis que regem as relações psíquicas,
naturalmente, ele terá sido utilizado em todos os tempos, sob diferentes formas,
mas dentro dos mesmos princípios. O Cristianismo não poderia fugir à regra, por-
que conforme nos assegura o Espírito da Verdade: "No Cristianismo encontram-
se todas as verdades..."

16.3) OS ESPÍRITOS SUPERIORES E O CHOQUE ANÍMICO

Sendo os Espíritos Superiores os verdadeiros discípulos de Jesus, utilizariam


eles igualmente o choque anímico em suas ações de assistência às entidades ne-
cessitadas?

Resp.: Da mesma forma que comprovamos a utilização das corrente magné-


ticas e das técnicas de transferência fluídica pelos Espíritos, procuremos verificar
se igualmente eles empregam o choque anímico, para que não nos faltem exem-
plos e diretrizes seguras às nossas práticas doutrinárias.

416
Passemos a palavra ao Espírito Manoel P. de Miranda:

16.3.1) Prece e Choque

Quando fomos vistos pelos Espíritos estúrdios, doestos e imprecações absur-


das choveram sobre nós. Éramos quatro servidores em nome do Bem, enquan-
to os agressores formavam uma horda expressiva, ruidosa e agressiva.
O amigo induziu-nos, mentalmente, à harmonia íntima e à confiança inte-
gral, de que nos revestimos, evitando qualquer sintonia com os rebeldes,
que nos incitavam a reações indevidas.
- Chegaram os salvadores! - baldoou atrevido perseguidor de fácies
patibular, retratando todo o infortúnio que fingia não sofrer. - Vêm em nome
do Crucificado, que a si mesmo, sequer, não se salvou.
Um coro de blasfêmias estrugiu no ar. Punhos se levantaram cerrados e
as agressões verbais sucederam-se, ameaçadoras.
- Formemos uma muralha em torno deles - rosnou ímpio verdugo, que se
aproximou de nós, denotando as suas intenções maléficas - e impeçamos
que se intrometam em nossos direitos. Esmaguemos os impostores, não
convidados.
Percebi o semblante do Instrutor, que orava, quanto fazíamos nós outros
e, subitamente, ele se transfigurou. Uma luz irradiante dele se exteriorizou,
débil a princípio e forte a seguir, envolvendo-nos aos quatro, enquanto co-
meçaram a cair leves flocos de delicadíssima substância, igualmente lumi-
nosa, que parecia provocar choques na malta irreverente, graças às
desencontradas reações que eclodiam, no desespero que os assaltou de
repente.
- São feiticeiros perigosos - pontificaram alguns, que se afastaram, as-
sustados. - Desencadeiam o fogo do céu, que nos está a queimar. Fujamos
daqui!
- São anjos de Deus, que nos podem socorrer - expressaram os mais
infelizes, caindo de joelhos e mãos postas, recordando as atitudes dos seus
cultos antigos. - Socorrei-nos e retirai-nos desta vida purgatorial!
- São apenas mágicos, utilizando-se de forças mentais, que nos não inti-
midam - exclamaram os mais pertinazes malfeitores, que teimavam em
permanecer. - Os desgraçados que acabam de morrer são nossos e daqui
não arredaremos pé... (Nas Fronteiras da Loucura, 2. ed., p.78-79). (Grifos
Originais).

Observemos que a resposta à prece formulada pelo espírito Bezerra de


Menezes desencadeou uma espécie de choque na malta irreverente, que se com-
portou conforme as condições íntimas de cada espírito, de diferentes maneiras, da
aceitação à rebeldia, do espanto à fuga.

417
A ação ocorreu não só em relação a uma entidade, mas a todo o grupo, de
forma simultânea, sem que houvesse a necessidade da utilização de uma única
palavra. Todo o processo foi mental.
A luz irradiada pelo mentor, ao se exteriorizar, envolveu inicialmente os qua-
tro companheiros que formavam junto a Bezerra a caravana assistencial, da mes-
ma forma que, após a prece, ocorre na corrente magnética a interação psíquica
dos médiuns e, do conjunto formado com os Espíritos Superiores, desencadeando,
a seguir, efeitos semelhantes aos aqui descritos.
O choque narrado por Manoel Philomeno nada mais é que uma reação fluídica
desenvolvida pela força do pensamento, fato este de conhecimento até dos mal-
feitores mais pertinazes. A diferença em relação à cadeia desobssesiva é que no
caso da corrente, ele é completado por uma doutrinação mental, ação conjunta
dos médiuns e dos arquitetos espirituais, visando não apenas dispersar as falanges
obsessoras, mas tratá-las no campo perispiritual, vibratório, moral e emocional.

16.3.2) Passe e Choque Anímico

A Benfeitora, sem delongas, exorou a proteção de Deus para o empreen-


dimento socorrista, depois do que o nosso abençoado técnico em passes
aplicou recursos magnéticos especiais, desenovelando dos fluidos mais den-
sos o Espírito perverso, que se não dava conta, conscientemente da ocor-
rência, embora experimentasse os choques da corrente de energia com
que o especialista o desligava da situação constritora que impunha a Valtércio.
Não o liberou, porém, totalmente, deixando que permanecesse uma certa
imantação perispiritual com o enfermo, que foi, a seu turno, semidesligado
da forma física, a fim de serem conduzidos sob sono profundo à Colônia
Espiritual onde o carinho do venerando Hêber contribuiria para o cometi-
mento da caridade. (Painéis da Obsessão, p.91). (Grifos nossos).

Notemos que os técnicos em passes, inicialmente, aplicaram os recursos mag-


néticos especiais, desenovelando os fluidos mais densos, possibilitando ao espírito
experimentar os choques da corrente de energia.
O mesmo ocorre nos trabalhos de desobsessão por corrente magnética. As
entidades, previamente selecionadas, triadas e separadas por faixas magnéticas,
recebem o concurso dos técnicos do plano espiritual, preparando-as para o aten-
dimento. Na fase de recepção, as entidades são atraídas e passam a sentir os
choques da corrente de energia, no caso não somente de um doador, mas de um
conjunto, que desencadeia uma ação humano-espiritual de alto potencial vibratório.
Durante o mergulho das entidades nos fluidos da cadeia magnética, ainda ocorre
a colaboração dos médiuns passistas que atuam sobre a corrente que, assistidos
por técnicos do plano maior, ajudam a dispersar os fluidos mais densos, que ainda
imantam o perispírito dos sofredores. Graças a esta ação global é possível a dou-
trinação mental, favorecendo por todos os meios os espíritos necessitados. Um
verdadeiro e amplo acontecimento coletivo voltado para a caridade.

418
16.3.3) Mediunidade e Choque anímico

Ainda no livro Nas Fronteiras da Loucura (2. ed., p.184), Manoel P. de


Miranda, ao narrar um caso obsessivo entre um espírito de nome Ricardo e uma
irmã encarnada de nome Julinda, mostra o venerável Espírito Bezerra de Menezes
providenciando junto ao médium de nome Jonas, durante uma reunião desobsessiva
por doutrinação verbal, o choque anímico em benefício da entidade obsessora:

Impossibilitado de levar a cabo o intento, estertorou, blasfemando...


Compreendendo que mais nada poderia ser feito naquela conjuntura e
inspirado por Dr. Bezerra que acompanhava a tarefa sob controle, passou a
aplicar passes no médium, enquanto o Mentor desprendia Ricardo, que se
liberou, partindo na direção de Julinda, sob a força da imantação demorada
a que se fixara, não se dando conta de como sequer retornava.
- A etapa inicial do nosso trabalho, no problema Julinda-Ricardo, coroa-
se de bênçãos.
Desejávamos produzir um choque anímico em nosso irmão, para co-
lhermos resultados futuros. Que o Senhor abençoe nossos propósitos! (Gri-
fo Original).

O choque anímico na corrente magnética também poderá ser utilizado com


este propósito: uma conduta inicial visando a uma ação mais completa no futuro.
Esta é uma das razões pelas quais, os Espíritos Orientadores localizam em dife-
rentes faixas os sofredores que são atraídos pela corrente magnética. Conforme
a diretriz assistencial, busca-se a ação magnética correspondente e mais adequa-
da.
Mais uma vez por este exemplo, podemos igualmente avaliar a importância
da Terapêutica Básica, ao oferecer diversos recursos voltados para as necessida-
des individuais dos encarnados e desencarnados.

16.4) OS ESPIRITISTAS E O CHOQUE ANÍMICO

Exemplos do emprego do choque anímico na área desobsessiva não nos fal-


tam, quer seja nos Evangelhos, nos Atos dos Apóstolos ou sobretudo na literatura
espírita.
Não existem razões que impossibilitem a sua utilização. Naturalmente, ne-
cessitamos de meios adequados para aplicá-lo convenientemente. A corrente mag-
nética além de ser um excelente método, ainda permite assistência às multidões,
beneficiando centenas de sofredores.
Os Espíritos Reveladores nos asseveram em O Evangelho Segundo o Es-
piritismo (4. ed., FEESP, p.248-250):

419
"Bons espíritas, meus bem-amados, todos vós sois trabalhadores de últi-
ma hora." (p.248).

"[...] novos apóstolos da crença revelada pelas vozes proféticas superio-


res, ides pregar [...]."(p.250).

"Deixai de temores! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças"


(p.250).

Como os obreiros da última hora, os novos apóstolos da crença superior,


assistidos e inspirados pelas "línguas de fogo", compete-nos o amparo aos doen-
tes do corpo e do espírito.
Devemos dar continuidade ao tratamento de obsidiado e obsessores, "expul-
sando os demônios" que, como sabemos, nada mais são que os espíritos dos ho-
mens que abandonaram os seus corpos pela porta da desencarnação em condi-
ções infelizes. Protegê-los, elevá-los e curá-los faz parte de nossas obrigações.
Assim como os Apóstolos e o próprio Cristo, podemos auxiliar através de
uma ação fluídica e mental, secundada pela vontade e força moral, utilizando-nos
de poucas ou apenas uma palavra, em um processo rápido, instantâneo, simultâ-
neo e de resultados surpreendentes.
Se ainda não possuímos as condições adequadas para realizar ações tão sig-
nificativas sozinhos, não devemos esquecer da força do pensamento coletivo, ho-
mogêneo e integrado às fontes superiores da vida.

16.5) O CHOQUE ANÍMICO

Após, por assim dizer, o histórico e a comprovação do uso do choque anímico,


principalmente, pelos Espíritos Superiores, passemos a estudá-los o assunto de
uma forma mais pormenorizada, integrando, no entanto, os conceitos à prática da
desobsessão por corrente magnética.

16.5.1) O QUE É

Não se surpreenda o amigo Miranda. Da mesma forma que, na terapia


do eletrochoque, aplicada a pacientes mentais, os Espíritos que se lhes
imantam recebem a carga de eletricidade, deslocando-se com certa vio-
lência dos seus hospedeiros, aqui o aplicamos, através da psicofonia ator-
mentada, que preferimos utilizar com o nome de incorporação, por pare-
cer-nos mais compatível com o tipo de tratamento empregado, e colhemos
resultados equivalentes.
Não ignora o amigo que, do mesmo modo que o médium, pelo perispírito,
absorve as energias dos comunicantes espirituais que, no caso de estarem

420
em sofrimento, perturbação ou desespero, de imediato experimentam me-
lhora no estado geral, por diminuir-lhes a carga vibratória prejudicial, a re-
cíproca é verdadeira... Trazido o Espírito rebelde ou malfazejo ao fenôme-
no da incorporação, o perispírito do médium transmite-lhe alta carga fluídica
animal, chamemo-la assim, que bem comandada aturde-o, fá-lo quebrar
algemas e mudar a maneira de pensar...
E não se trata de violência, como a pessoas precipitadas pode parecer. É
um expediente de emergência para os auxiliar, pois que os nossos propósi-
tos não são os de socorrer apenas as criaturas humanas, sem preocupação
com os seus acompanhantes espirituais. A caridade é uma estrada de duas
mãos: ida e volta. (Loucura e Obsessão, 2. ed., p.135).

Se Felinto, orientador e assistente das atividades desobsessivas, acom-


panhado por Manoel P. de Miranda em um ambiente simples, longe ainda das
condições que na atualidade podemos desenvolver em nossos grupos espíri-
tas, chega a dizer que não poderia socorrer apenas as criaturas humanas,
sem se preocupar com os seus acompanhantes espirituais, porque a caridade
é uma estrada de duas mãos: ida e volta; mais uma vez, não podemos conce-
ber que Jesus e os Apóstolos não realizassem a volta, ou seja, assistência
direta aos espíritos sofredores.

Quanto ao choque anímico descrito, na corrente magnética


desobsessiva, ele sofre algumas variações:

a) No caso da corrente, os médiuns não são portadores de processos


psicofônicos atormentados, pelo contrário, preparam-se convenientemente pelo
estudo e prática, adquirindo experiências para a realização correta de suas obri-
gações.

b) Os espíritos atendidos não se ligam apenas aos médiuns, mas também à


corrente como um todo, beneficiando-se do manancial energético existente.

c) Ocorrem igualmente incorporações, porém elas são rápidas, transitórias,


durando apenas o tempo suficiente para a realização do atendimento a que se
destina a ação magnética pretendida e, anteriormente planejada.

d) A correlação entre o eletrochoque e o choque anímico também pode ser


realizada, objetivando a compreensão do mecanismo de atendimento e as reações
sofridas pelas entidades e médiuns. Lembramos, porém, que é somente uma com-
paração que não deve ser levada ao pé da letra, porque na corrente magnética, as
ações são bem mais complexa, pois, além do choque fluídico, existirá também o
choque mental, dentre outros fatores. É importante recordar neste momento a
advertência de André Luiz, na introdução de nossa pesquisa:

421
"Cabe considerar que as analogias de circuitos apresentadas aqui são
confrontos portadores de justas limitações, porquanto, na realidade, nada
existe na circulação da água que corresponda ao efeito magnético da cor-
rente elétrica, como nada existe na corrente elétrica que possa eqüivaler ao
efeito espiritual do circuito mediúnico." (Mecanismos da Mediunidade,
10. ed., p.64).

e) Constitui uma realidade, igualmente no nosso caso, a questão dos


perispíritos dos médiuns absorverem as energias dos comunicantes, diminuin-
do-lhes a carga vibratória e, por sua vez, as entidades receberem dos servi-
dores encarnados e desencarnados a alta carga fluídica emanada da corrente
magnética. Conhecedores desse mecanismo, é que empregamos as fases de
expulsão e absorção, não só no início e final dos trabalhos, mas durante todo
o seu desenrolar, além de contarmos com a cooperação dos médiuns passis-
tas que atuam sobre a corrente.
Porém, a carga fluídica da corrente não se circunscreve a "alta carga fluídica
animal", mas também, se assim pudermos nos exprimir, a outras densidades
energéticas, não só emissões de raios vitais, mas raios vitais, mentais, trilhões de
partículas a beneficiar integralmente os espíritos em atendimento.

f) Do enunciado acima, decorre uma das mais importantes ações da corrente


magnética, que é a doutrinação mental. Se existe a interação fluídica, onde a
troca recíproca é o mecanismo básico, não há porque deixar de existir a inter-
relação vibratória, através de uma ação mental igual e contrária.
A corrente desobsessiva não se destina apenas aos atendimentos
emergenciais, mas uma ação mais completa, visando à renovação psíquica de
encarnados e desencarnados, em todos os sentidos, munindo-se de todos os mei-
os, associados e desenvolvidos a partir de um método já sobejamente conhecido
que é a corrente magnética.
Claro que existem trabalhos similares, com maiores possibilidades. A ativida-
de descrita por Manoel P. de Miranda está dentro desse parâmetro. As suas ob-
servações nos servem de base à comparação, com diferenças que, pelo menos no
sentido geral, estamos procurando mostrar.

g) Chamamos a atenção para o fato do orientador Felinto ter afirmado que o


choque anímico, quando bem comandado, atende a entidade, quebrando as alge-
mas e mudando a sua maneira de pensar.
A questão do comando, tanto em relação à concentração, vontade conscien-
te e controle dos médiuns, quanto à participação do dirigente, que associa e unifi-
ca as ações mentais, no caso da desobssessão por corrente é, da mesma forma,
de fundamental importância. Depende de como e de que maneira é realizado,
para que os efeitos venham a ser integrais, profundos e duradouros, ou incomple-
tos e superficiais.
422
h) Somente as pessoas precipitadas e com total desconhecimento do meca-
nismo do choque anímico, podem considerá-lo violento. Se o fosse, todas as nos-
sas atividades desobsessivas, incluindo a desobsessão por doutrinação verbal, tam-
bém seriam.
No caso da dialética evangélica para o esclarecimento do sofredor, a violên-
cia seria maior ainda, porque o tempo que geralmente dura a incorporação e con-
seqüentemente as trocas energéticas é bem mais amplo que os acontecimentos
semelhantes ocorridos durante os atendimentos na corrente desobsessiva.
Violência é um ato de agressão. Agora, auxílio, fraternidade, cooperação e
dedicação, são atos de amor. Não existem maneiras lógicas de correlacioná-los.

16.5.2) Explicações

Após ligeiras reflexões, voltou a explicar:


- Consideremos o médium como sendo um ímã e os Espíritos, em deter-
minada faixa vibratória, na condição de limalhas de ferro, que lhe sofrem a
atração, e após se fixarem, permanecem, por algum tempo, com a imantação
de que foram objeto. Do mesmo modo, os sofredores, atraídos pela irradia-
ção do médium, absorvem-lhe a energia fluídica, com possibilidade de de-
morar-se por ela impregnados. Sob essa ação, a teimosia rebelde, a osten-
siva maldade e o contínuo ódio diminuem, permitindo que o receio se lhes
instala no sentimento, tornando-os maleáveis às orientações e mais acessí-
veis à condução para o bem. (Loucura e Obsessão, p.135).

A opinião de Felinto é compartilhada pelo Espírito Efigênio S. Vitor na lição


64, do livro Vozes do Grande Além:

"Não podemos esquecer que o desencarnado dessa condição, transpor-


tando imensos conflitos em si próprio, é assim como a pilha ressecada, com
perda quase absoluta de potência elétrica, acolhendo-se numa pilha nova,
carregada de energia - o médium a que se ajusta -, fazendo retinir a cam-
painha das manifestações sensoriais, de modo a reequilibrar-se com a efici-
ência possível."

Por diversas vezes, em capítulos passados, fizemos ambas as comparações,


do médium como um ímã, ou como uma pilha nova carregada de energia. Fizemos
questão de repeti-las, para novamente mostrar o mecanismo de ação da corrente
magnética desobsessiva e, tornar compreensível, de forma simples, o choque
anímico.
Se um médium pode ser comparado a uma pilha, vários médiuns poderão
naturalmente ser comparados a uma bateria. Bateria esta com elevado potencial
energético, vibratório ou mental. Poderíamos dizer, como por várias vezes repeti-
mos, uma bateria mento-eletromagnética, tentando com este termo mostrar as

423
"correntes" ou "cargas" nela existentes, enfatizando a importância das irradia-
ções mentais, entendidas como força eletromagnética.
Da mesma forma, se um médium pode ser considerado como um ímã e os espí-
ritos sofredores como limalhas de ferro, vários medianeiros reunidos em uma mesma
faixa vibratória, homogênea e harmônica, poderão ser definidos como um grande e
potente ímã, ou melhor um mento-eletroímã, que conforme o potencial poderia atrair
uma quantidade considerável de limalhas de ferro (falanges de espíritos sofredores),
que fixados temporariamente passariam a receber em regime de circuito fechado as
emanações fluídicas e, conseqüentes induções mentais, imantando-se energeticamente,
absorvendo as doações, "carregando-se" e sofrendo, por assim dizer, uma espécie de
choque, devido às suas condições de "pilhas ressecadas" com perda absoluta de "po-
tência elétrica" (mental, energética, psíquica e espiritual).
Ao contato com essas forças psíquicas de alto potencial, os sofredores reto-
mam com mais segurança as próprias faculdades sensoriais, incluindo a melhora
do estado emocional e mental, tornando-se maleáveis às orientações transmitidas
por formas pensamento, por processo de doutrinação mental, levando-os a uma
nova tomada de consciência, ficando acessíveis à condução para o bem,
reequilibrando-se com a eficiência possível.

16.5.3) Energia e Choque Anímico

Continua Felinto:

Por fim, elucidamos que, em nosso campo de trabalho, lidamos com as


formas mais condensadas da energia, próximas da matéria, ao que chama-
ríamos de expressões mais grosseiras do fluido, capazes de produzir, num
primeiro tentame, resultados favoráveis a futuros cometimentos. Sem des-
cer à beligerância ou à usança de forças iguais, não devemos desconsiderar
que a aplicação de recursos equivalentes, porém direcionados com objeti-
vos superiores, logra o resultado almejado, que é despertar o infrator, a fim
de que se disponha à recuperação para o seu próprio benefício. (Loucura e
Obsessão, p.136).

Na cadeia magnética desobsessiva não lidamos tão somente com as formas


mais condensadas de energia. Não utilizamos apenas as expressões mais grossei-
ras do fluido. Dada a especialização do trabalho e as suas múltiplas finalidades,
são empregados desde os fluidos mais densos até os mais sutis. Emissão de raios
de naturezas diversas, manancial energético a refletir a força do pensamento co-
letivo. Forças positivas, de extrema utilidade, diversidade e aplicabilidade.
O instrutor de Manoel Philomeno nos confirma, uma vez mais, os enunciados
desenvolvidos nos capítulos 4, 6 e 7, a respeito da utilização pela corrente magné-
tica de recursos equivalentes, direcionados com objetivos superiores - ação igual
e contrária, a despertar falanges de infratores, predispondo-os à recuperação em
benefício próprio.
424
16.5.4) Como se Aplica o Choque Anímico

Os mais perversos, que exibiam caratonhas apavorantes, atiravam dar-


dos que se diluíam no ar ou arremetiam contra a barreira impeditiva, inten-
tando rompê-la, sem que o lograssem. Era um campo de batalha, onde as
forças mentais se enfrentavam. Podíamos perceber alguns Exus, conforme
esclarecera Felinto, que iriam experimentar os choques anímicos, liberan-
do-se das pesadas ideoplastias que os transformaram exteriormente, em
razão do cultivo malsão das idéias extravagantes e hediondas.
A Diretora Espiritual, que se encontrava no centro do círculo em movi-
mento, chamou uma das médiuns e, segurando-lhe a cabeça, soprou-lhe aos
ouvidos.
Tratava-se de uma jovem de aparência frágil e pálida, porém dotada de
grande sensibilidade. Ao receber o jato de ar, aturdiu-se e teve ligeira con-
vulsão, sendo atendida carinhosamente. Percebi, então, que da rede saiu
um Espírito - Exu, como se houvesse conseguido romper a defesa, e, sem
delonga, incorporou-a de forma brusca, contorcendo-se, com olhar
esgazeado, como se caísse numa armadilha. A união fluídica era de tal
forma que parecia ter havido uma quase fusão, ser-a-ser, que se harmoni-
zavam. O rosto pálido da médium adquiriu um tom vermelho-escuro, conse-
qüência da aceleração sangüínea, e uma transfiguração modelou-lhe um
quase símile do comunicante. Quando pôde, com a voz rouquenha, semi-
audível, passou a um vocabulário para mim incompreensível, na verbalização
de que se utilizava, evocando a língua-mãe e nela se expressando. Captá-
vamos a idéia, a forma-pensamento, carregada de horror, na qual expelia
ódio selvagem, em tal dose, que me surpreendi.
A irmã Emereciana, que prosseguia contendo a médium em transe, dialo-
gou no mesmo dialeto, com inusitado vigor, e girando-a repetidamente, como
se a desenovelasse de ataduras fortes que a cobriam, parou-a de chofre e
aplicou-lhe movimentos longitudinais, impondo sua vontade firme. (Loucu-
ra e Obsessão, p. 138). (Grifos Originais).

Façamos as correlações necessárias:

1) A contenção das falanges de entidades que são tríadas previamente pela


espiritualidade, ou atraídas no momento da assistência no trabalho de desobsessão
por corrente magnética, ocorre igualmente por barreiras magnéticas, linhas de
força a delimitarem e a associarem os espíritos, agrupando-os por tendências
comuns, facilitando o socorro espiritual, através da racionalização das ações com
ganho máximo e perda mínima de energia.

2) Na corrente desobsessiva há também uma direção espiritual que atua


associada ao dirigente encarnado, auxiliada por vários outros espíritos, como os
técnicos de serviços magnéticos, os arquitetos espirituais, os vigilantes etc.

425
Não existe, porém, a necessidade da incorporação do dirigente, apenas liga-
ção intuitiva pelos laços mentais, gerando ressonância vibratória superior.

3) A atividade é desenvolvida não apenas com a colaboração de um médium,


mas de vários que atuam simultaneamente, integrados psiquicamente uns aos ou-
tros em associação com a espiritualidade maior. De igual forma, em cada passa-
gem não é liberada e atraída apenas uma entidade, mas falanges afins, permitindo
o choque anímico em diferentes níveis e maneiras, atendimento múltiplo voltado
para os núcleos ou para a similitude vibratória dos sofredores.

4) A união fluídica ou enxertia neuro-psíquica dos espíritos em desequilíbrio


com os médiuns se dá, muitas vezes, tal qual descreve Manoel P. de Miranda,
uma quase fusão. Mas ao mesmo tempo, outras entidades podem mergulhar ou
se ligar nas diferentes faixas energéticas, que as emissões da corrente como um
todo constituem.
A forma de ligação e sua intensidade vão depender do estado psíquico e das
necessidades de cada um dos espíritos em atendimento. O socorro é simultâneo,
sem no entanto se descuidar das condições e exigências de cada individualidade.

5) Como temos insistido, não existe e nem é adequada a transmissão de


qualquer expressão por parte dos médiuns, com conseqüente doutrinação verbal
pelo dirigente. Já sabemos que na corrente todas as ações são mentais, e a pala-
vra é usada pelo coordenador encarnado, apenas para direcionar, associar e in-
tensificar as emissões vibratórias.
Da mesma forma que o autor espiritual foi capaz de captar a idéia, a forma
pensamento, carregada de horror e ódio selvagem, os espíritos assistentes tam-
bém o fazem e transmitem imagens próprias, adequadas aos sofredores, em ver-
dadeiro processo de diálogo mental. Os médiuns, por sua vez, auxiliam este modo
eficiente de doutrinar, emitindo vibrações iguais e contrárias que passam a perce-
ber, durante o curto espaço de tempo em que dura a união fluídica entre eles e as
falanges em atendimento.
Conforme a sensibilidade e sintonização do médium, esta percepção será mai-
or ou menor, menos ou mais exata, não impedindo porém que todos possam doar
"doses homeopáticas" de amor, ternura, paciência e carinho, conforme o caso.

6) As expressões com que Manoel Philomeno destaca a atuação da irmã


Emerenciana são bem próprias e dignas de meditação por parte dos dirigentes de
corrente magnética em trabalhos desobsessivos: "Inusitado Vigor" e "Vontade
Firme". Tanto os médiuns como os coordenadores devem estar imbuídos desse
desejo, atuação segura e consciente, com conhecimento exato das ações neces-
sárias a serem desenvolvidas.

426
16.5.5) Efeitos do Choque Anímico

Vamos ver esses efeitos, inicialmente, em relação aos espíritos necessitados


e, após, estudaremos as reações sofridas pelos servidores encarnados.
Voltemos ao livro Nas Fronteiras da Loucura (p.186) e verifiquemos as
reações apresentadas pelo Espírito Ricardo após o choque anímico dirigido por
Bezerra de Menezes (item 16.3.3):

O choque anímico, decorrente da psicofonia controlada, debilitou-o, fa-


zendo-o adormecer por largo período. Não era, todavia, um sono repousante,
senão o desencadear das reminiscências desagradáveis impressas no in-
consciente profundo, que ele vitalizava com o descontrole das paixões infe-
riores exacerbadas.
Sonhava, naquele momento, com os acontecimentos passados, ressus-
citando os clichês mentais arquivados. O ódio era-lhe um comportamento
agora habitual, sem que procurasse logicar diante das causas. Enfurecido
pela frustração, deixava-se consumir.
Aquele estado, no entanto, fora previsto pelo Mentor, ao conduzi-lo à
psicofonia, de modo a produzir-lhe uma catarse inconsciente com vistas à
futura liberação psicoterápica, que estava programada. (Grifo Original).

Anteriormente, o autor espiritual assim se expressara:

"A partir daquele momento, Ricardo passou a experimentar sensações


agradáveis, a que se desacostumara.
O mergulho nos fluídos salutares do médium Jonas propiciou-lhe uma
rápida desintoxicação, modificando-lhe, por um momento embora, a densa
psicosfera em que se situava." (idem, p.185). (Grifo Original).

Sem perda de tempo, vamos igualmente ao caso dirigido pela irmã


Emerenciana:

Vimos que a face espiritual passou a sofrer uma metamorfose, e qual se


fora anteriormente plasmada em cera, ora aquecida, começou a desfazer-
se, ao mesmo tempo em que a alegoria que o vestia, gerada pelas imposi-
ções ideoplásticas, passou a experimentar a mesma transformação, permi-
tindo que surgisse um homem de trinta anos, cansado prematuramente, com
marcas de chicote no rosto e nas costas, recordando os suplícios a que fora
repetidamente submetido.
Despertando e desembaraçando-se da constrição que prosseguia pade-
cendo pelo ódio que o minava, pôs-se a chorar, em ímpar desesperação
agónica, a todos nos confrangendo. (Loucura e Obsessão, p.139).

427
Os efeitos do choque anímico em relação aos sofredores atendidos na
corrente magnética são profundamente variáveis, podendo ser assim re-
sumidos:

a) Sono magnético com o desencadear de reminiscências - Catarse Incons-


ciente;

b) Desintoxicação fluídica e mental pelo mergulho nos fluidos salutares da


corrente;

c) Reajustamento perispiritual, com metamorfose das próprias formas e des-


truição das alegorias geradas por imposições ideoplásticas;

d) Retorno a antigas personalidades do passado reencarnatório, com


conscientização do estado psíquico atual;

e) Imantação em suas constituições psíquicas das energias da corrente, le-


vando-os ao bem estar e ampliando as percepções sensoriais;

f) Assimilações de novas idéias, visualização de entes queridos presentes


esquecidos na esteira do desequilíbrio, arrependimento, choro e mudança;

g) Despertar, passando a experimentar sensações agradáveis há muito es-


quecidas, desembaraçando-se das contrições fluídicas, emocionais e men-
tais por eles sofridas ou geradas;

h) Visão panorâmica dos atos pertinentes à última encarnação, com a


conscientização da realidade de além-túmulo;

i) Libertação de laços hipnóticos.

Enfim, um leque enorme de manifestações.


O choque anímico decorrente da psicofonia controlada, associada em
interações fluídicas e mentais que a corrente desobsessiva permite, leva a efeitos
incalculáveis. O preparo e planejamento anterior, com ações previstas e
pormenorizadamente calculadas, materializam uma psicoterapia de alta eficiência
e abrangência. Efeitos que apesar de serem complexos, não deixam de ser rápi-
dos e duradouros. Assistência efetiva a falanges de necessitados, reequilibrando-
os para novas e superiores dimensões da vida.

16.5.5.1) O Que Acontece ao Espírito Sofredor Após o Choque Anímico

Chorando de sadia emoção, derivada do despertar da consciência, o Espí-


rito foi retirado e conduzido a uma sala contígua.

428
Prestamente Felinto me acudiu, esclarecendo:
- Ele irá ouvir uma ligeira palestra de orientação, que lhe consolidará os
propósitos nascentes, permitindo-lhe fixá-los no imo do ser, a fim de levá-
los a bom termo. Ao terminar os serviços será conduzido ao tratamento das
chagas morais, refletidas no corpo perispiritual, em lugar apropriado, em
nossa Esfera. A sua resolução positiva é débil e deve ser ajudada, a fim de
que não retroceda. (Loucura e Obsessão, p.143).

Após o atendimento na corrente magnética, onde os sofredores são benefici-


ados pelo choque anímico, incluindo no nosso caso não só a ação fluídica, mas
também a doutrinação mental, os orientadores do plano espiritual encaminham-
nos aos postos de socorro, a colônias situadas no plano extra-físico ou a outras
atividades de tratamento: palestra de orientação, assistência em trabalhos
desobsessivos por doutrinação verbal, novo atendimento na corrente (incluindo as
correntes especiais), ou a outros serviços que sejam apropriados às necessidades
das entidades em início de recuperação.
Quanto maior for o número de trabalhos especializados que a instituição de-
senvolva, maiores serão as condições de auxílio e, naturalmente, maior será o nú-
mero de espíritos que poderão ser amparados, dando continuidade ao tratamento.

16.6) O CHOQUE ANÍMICO NA CORRENTE DESOBSESSIVA

Até o momento, temos comparado diversos trabalhos que empregam o cho-


que anímico, com o mesmo procedimento na corrente magnética, destacando os
pontos de concordância e divergência, em relação ao modo ou forma de aplicá-
los, já que o princípio em que os métodos se sustentam não divergem em momento
algum.
Destacamos, o máximo possível, todas as particularidades de que se reveste
o choque anímico quando realizado pela corrente desobsessiva, mas, gostaríamos
de reafirmá-las para que as dúvidas ainda existentes possam ser desfeitas, atra-
vés de novos subsídios.
Poderíamos afirmar que todas as quatro fases (Expulsão, Absorção, Emis-
são e Recepção) da corrente magnética, isoladamente ou em conjunto, represen-
tam momentos voltados para o preparo e atuação consciente, visando ao choque
anímico.
O choque anímico entendido como um choque fluídico e mental, através de
ações meticulosa e antecipadamente preparadas, representa, por assim dizer, a
alma da corrente desobsessiva.
Procurando uma divisão didática para facilitar o nosso entendimento, diría-
mos que principalmente no momento da emissão e da recepção é que o choque
anímico na corrente se concretiza. Quando os médiuns associam forças psíquicas,

429
recebendo da espiritualidade fluidos que qualificam o manancial energético for-
mado, direcionando a "salutar corrente fluídica" em benefício dos sofredores, atra-
indo-os, permitindo que os espíritos mergulhem, passem ou se liguem à corrente
como um todo, ou aos médiuns em particular, é que o choque anímico se caracte-
riza, ocorrendo com toda a intensidade possível.
Querendo novamente mostrar o que acontece espiritualmente nestas duas
fases (emissão e recepção), relacionando-as agora ao mecanismo do choque
anímico, é que escolhemos mais um texto do livro Memórias de um Suicida (10.
ed., p.163) que foi dividido nos dois itens a seguir. A descrição é feita a partir de
um trabalho desobsessivo por doutrinação verbal, mas em tudo, nos mínimos deta-
lhes, mostra o que ocorre durante as fases mencionadas.

16.6.1) Vibrações Mentais, Fluidos e Choque Anímico

Após a prece seguiu-se silêncio impressionante, como só existiria sobre


a Terra outrora, durante a prática dos mistérios, nos santuários dos antigos
templos de ciências orientais. Todos concentrados, apenas a médium se
estorcia e chorava, traduzindo o assombro da entidade comunicante.
Pouco a pouco, sem que única palavra tornasse a ser proferida, e enquanto
apenas as forças mentais de desencarnados conjugadas com as de encarna-
dos mourejavam, efetivou-se a Divina Intervenção... e não desdenharemos
descrevê-la, digno que é o seu transcendentalismo da nossa apreciação.
As vibrações mentais dos assistentes encarnados, e particularmente da
médium, cuja saúde físico-material, físico-astral, moral e mental, encontra-
va-se em condições satisfatórias, pois que fora anteriormente examina-
da pelos provedores do importante certame espiritual, reagiam contra
as do comunicante, que, viciadas, enfermas, positivamente descontroladas,
investiam violentamente sobre aquelas, como ondas revoltas de imensa tor-
rente que se despejasse abruptamente no seio esmeraldino do oceano, for-
moso e sobranceiro refletindo os esplendores do firmamento ensolarado.
Estabeleceu-se, assim, luta árdua, na realização de sublime operação psí-
quica, uma vez que influenciações saudáveis, fluidos magnéticos mesclados
de essências espirituais aconselháveis no caso, fornecidos pela médium e
pelos guias assistentes, deveriam impor-se e domar as emitidas pela entida-
de sofredora, incapaz de algo produzir distante do inferior. A corrente po-
derosa pouco a pouco apresentou os frutos salutares que era de esperar,
dominando suavemente as vibrações nefastas do suicida depois de passar
pelo áureo veículo mediúnico, o qual, materializando-a, adaptando-a em
afinidades com o paciente, tornava-a assimilável por este, cujo envol-
tório astral fortemente se ressentia das impressões animalizadas dei-
xadas pelo corpo carnal que se extinguia sob a pedra do sepulcro! Eram
como que compressas anestesiantes que se aplicassem na organização
fluídica do penitente, suavizando-lhe o efervescer das múltiplas excitações,

430
a fim de torná-la em condições de suportar a verdadeira terapêutica requi-
sitada pelo melindroso caso. Era como sedativo divino que piedosamente
gotejasse virtudes hialinas sobre suas chagas anímicas, através do filtro
humano representado pelo magnetismo mediúnico, sem o qual o infeliz
não assimilaria, de forma alguma, nenhum benefício que se lhe desejasse
aplicar! E era como transfusão de sangue em moribundo que voltasse à
vida após ter-se encontrado às bordas do túmulo, infiltração de essências
preciosas que a médium recebia do Alto, ou dos mentores presentes, em
abundância, transmitindo em seguida ao padecente. {Memórias de um Sui-
cida, p. 163-164). (Grifos Originais).

Procuremos avaliar a mensagem tópico por tópico:

a) "[...] sem que uma única palavra tornasse a ser proferida, e enquanto
apenas as forças mentais de desencarnados conjugadas com as de encar-
nados mourejavam, efetivou-se a Divina Intervenção."

Todas as intervenções em benefício das falanges de sofredores, assistidas pela


corrente magnética desobsessiva, são realizadas dessa forma: forças mentais de
encarnados e desencarnados conjugadas, sem a necessidade de palavras.

b) "As vibrações mentais dos assistentes encarnados, e particularmen-


te da médium, [...] reagiam contra as do comunicante [...]. Estabeleceu-
se, assim, luta árdua, na realização de sublime operação psíquica, uma vez
que influenciações saudáveis, fluidos magnéticos mesclados de essências
espirituais aconselháveis no caso, fornecidos pela médium e pelos guias
assistentes, deveriam impor-se e domar os emitidos pela entidade sofre-
dora, [...]."

A partir da fase de emissão, os fluidos magnéticos doados pelos médiuns mes-


clam-se de essências espirituais aconselháveis aos diferentes casos em atendi-
mento, estabelecendo uma luta árdua entre as irradiações da corrente e as ema-
nações dos sofredores. Esta luta, ou magnetização coletiva e simultânea, que al-
cançará o seu clímax na fase de recepção, é, em essência, o que denominamos de
choque anímico.

c) "A corrente poderosa pouco a pouco apresentou os frutos salutares


que era de esperar, dominando as vibrações nefastas do suicida depois de
passar pelo áureo veículo mediúnico[...]."

Se colocarmos no plural a expressão veículo mediúnico, e trocarmos o vocábu-


lo suicida por sofredores, teremos o quadro nítido da assistência prestada pela
corrente magnética.

431
d) "O qual, materializando-a, adaptando-a em afinidades com o pacien-
te, tornava a assimilável por este, cujo envoltório astral fortemente se
ressentia das impressões animalizadas deixada pelo corpo canal que se
extinguia sob a pedra do sepulcro."

Os médiuns adaptam, materializam e favorecem a assimilação dos fluidos em


conjugação, por parte dos espíritos desequilibrados, cujos perispíritos encontram-
se desvitalizados, pobremente carregados de energias positivas.

e) "Eram como que compressas anestesiantes que se aplicasse na or-


ganização fluídica do penitente [...]. Era como sedativo divino que piedo-
samente gotejasse virtudes hialinas sobre suas chagas anímicas através
do filtro humano representado pelo magnetismo mediúnico, [...]."

Os médiuns atuam como ímãs, pilhas ou filtros, a receberem da espiritualidade


fluidos, que após metabolizados e adaptados, são emitidos ou transfundidos aos
sofredores no momento da recepção. Verdadeiras compressas anestesiantes, se-
dativo divino a tratar chagas anímicas.

f) "[...] sem o qual o infeliz não assimilaria, de forma alguma, nenhum


benefício que se lhe desejasse aplicar! E era como transfusão de sangue
em moribundo [...] infiltração de essências preciosas que a médium rece-
bia do Alto, ou dos mentores presentes, em abundância, transmitindo em
seguida ao padecente."

O choque fluídico constitui esta transfusão energética ou infiltração de essên-


cias preciosas que os médiuns recebem do alto e dos mentores presentes, trans-
mitindo em seguida aos sofredores.
A corrente magnética não paralisa a ação socorrista a esse nível; na seqüência
ou simultaneamente, ocorrerá o choque mental, que é a verdadeira terapêutica
por ela desenvolvida.
A doutrinação mental por imagens e vibrações iguais e contrárias formadas
pelos arquitetos espirituais e sustentadas pelos médiuns completa o tratamento,
atuando mais profundamente e de forma holística.

16.6.2) Os Benefícios Alcançados

Lentamente a médium se aquietou, porque o desgraçado "retalhado" se


acalmara. Já não via os reflexos mentais do ato temerário, o que eqüivale
adiantar que desaparecera a satânica visão dos fragmentos do próprio cor-
po, que em vão tentara recolher para recompor.
Grata sensação de alívio perpassava suas fibras perispirituais doloridas
pelos amargores longamente suportados... Continuava o silêncio augusto

432
propício às dulçorosas revelações imateriais do amparo maternal de Maria,
da misericórdia inefável de seu Filho Imaculado. Pelo recinto repercutiam
ainda as tonalidades blandiciosas da melodia evangélica, quais cavatinas
siderais harpejando esperanças:
"- Vinde a mim, vós que sofreis e vos achais sobrecarregados, e eu
vos aliviarei..."
enquanto ele chorava em grandes desabafos, entrevendo possibilidade de
melhor situação. Suas lágrimas, porém, já não traduziam os estertores vio-
lentos do início, mas expressão agradecida de quem sente a intervenção
beneficente... {Memórias de um Suicida, p.164). (Grifos Originais).

Não há diferença entre os outros relatos. O ajustamento psíquico, o reequilíbrio


das energias perispirituais, a destruição dos clichês mentais, longamente gerados
e suportados, levam à modificação fluídico-mental dos sofredores, que passam a
sentir sensações de alívio, choram, desabafam, elevam-se, modificam-se enfim.

16.6.3) Pensamento Coletivo e Choque Anímico

A corrente magnética, como sabemos, reflete a força do pensamento coleti-


vo, onde o coletivo significa a interação vibratória entre os encarnados e destes
com os servidores espirituais, em benefício dos sofredores. Como conseqüência,
o choque anímico resultante será de alto potencial, devido ao manancial fluídico
formado, aliado à exteriorização dos raios mentais.
A maioria dos conceitos e explicações do mecanismo da corrente desobsessiva
tem sido mencionada a partir de exemplos em que encontramos a atuação de um
médium junto a uma equipe auxiliar (encarnados e desencarnados). Mas, no livro
Missionários da Luz (21. ed., p.12), André Luiz mostra a ação mental de vários
médiuns que se unem vibratoriamente aos trabalhadores espirituais e, após a for-
mação de uma vigorosa corrente fluídica, passam a beneficiar inúmeros irmãos
em sofrimento. Esse exemplo evidencia o que ocorre principalmente na fase de
emissão da cadeia magnética:

Entrei cauteloso, sem despertar atenção na assembléia que ouvia,


emocionadamente, a palavra generosa e edificante de operoso instrutor da
casa.
Grande número de cooperadores velavam, atentos. E, enquanto o devo-
tado mentor falava com o coração nas palavras, os dezoito companheiros
encarnados demoravam-se em rigorosa concentração do pensamento, ele-
vado a objetivos altos e puros. Era belo sentir-lhes a vibração particular.
Cada qual emitia raios luminosos, muito diferentes entre si, na intensidade e
na cor. Esses raios confundiam-se à distância aproximada de sessenta cen-
tímetros dos corpos físicos e estabeleciam uma corrente de força, bastante
diversa das energias de nossa esfera. Essa corrente não se limitava ao

433
círculo movimentado. Em certo ponto, despejava elementos vitais, à manei-
ra de fonte miraculosa, com origem nos corações e nos cérebros humanos
que aí se reuniam. As energias dos encarnados casavam-se aos fluidos
vigorosos dos trabalhadores de nosso plano de ação, congregados em vasto
número, formando precioso armazém de benefícios para os infelizes, extre-
mamente apegados ainda às sensações fisiológicas.
Semelhantes forças mentais não são ilusórias, como pode parecer ao ra-
ciocínio terrestre, menos esclarecido quanto às reservas infinitas de possi-
bilidades além da matéria mais grosseira. (Missionários da Luz, p.12).

Relacionemos os principais pontos da mensagem aos trabalhos de


desobsessão por corrente magnética:

a) A rigorosa "concentração do pensamento" observada por André Luiz é de


importância fundamental à formação da corrente vibratória. Com a mente disper-
sa, dificilmente os efeitos visualizados seriam alcançados.

b) A corrente magnética desobsessiva recebe igualmente o nome de corren-


te de forças, justamente por essa passagem. O fluxo energético advindo da con-
centração, emissão e união dos raios luminosos é de enorme potencial e de extre-
ma aplicabilidade e utilidade.

c) Cada médium, como mostra o autor espiritual, emite raios luminosos


muito diferentes entre si. O manancial fluídico, na verdade, reflete a diversi-
dade das condições morais e mentais dos servidores encarnados. A sintonia
e a interação não uniformizam as emissões. Em qualquer fase da corrente
desobsessiva, cada individualidade irá contribuir com os recursos que possui
e desenvolveu; o conjunto irá se enriquecer com a disciplina, atenção e qua-
lidades pessoais, ou se empobrecer com a desatenção, indisciplina e ausência
de aperfeiçoamento íntimo.

d) Os raios luminosos emitidos pelos médiuns se confundiam a uma distância


aproximada de 60 cm dos corpos físicos, estabelecendo uma corrente de força.
Esta distância se explica graças à existência do campo áurico.
Na cadeia magnética, esta corrente de força é formada dentro dos mesmos
parâmetros, porém existindo em diferentes densidades ou qualidades, podendo
ser notada a partir dos 60 cm mencionados, mas estendendo-se além, em faixas
distintas, onde são situados os sofredores.

e) Os elementos vitais doados pelos encarnados casam-se aos fluidos vigo-


rosos dos trabalhadores do mundo maior, formando um precioso armazém de be-
nefícios, fato esse inúmeras vezes mencionado e estudado por nós em relação à
corrente magnética.

434
As energias dos servidores do plano físico são bem distintas das emitidas
pelos trabalhadores do mundo maior, mostrando que a interação das duas equipes
é necessária para se alcançar os efeitos desejados, além de demonstrar a impor-
tância da equipe de encarnados em atividades semelhantes.

f) Conforme descrição, no recinto destinado aos trabalhos havia 18 encarna-


dos, grande ou vasto número de cooperadores do plano espiritual, além dos sofre-
dores infelizes. O número não resultou em problemas, distonias e desarmonias.
Pelo contrário, a contribuição somada de cada individualidade possibilitou a assis-
tência efetiva aos desencarnados. Da mesma forma, nas atividades de desobsessão
por corrente magnética, desde que sejam mantidas a disciplina, a harmonia e a
homogeneidade das mentes presentes, o número passa a ser fator secundário,
não se fazendo necessário limitar a participação do mesmo modo do que ocorre
na desobsessão por doutrinação verbal.

g) Na corrente desobsessiva, o "precioso armazém de benefícios" destina-se


na fase de emissão tanto aos encarnados quanto aos desencarnados, desde que
se direcione a mente mediúnica para os fins que se pretenda alcançar. Não nos
esqueçamos que o magnetismo assume a direção que lhe ditarmos. Mas a assis-
tência não paralisa nessa fase. Na seqüência, os espíritos desequilibrados são
atraídos e passam a receber o choque anímico, ligando-se à corrente como um
todo ou a cada médium em particular. Lógico que o choque anímico se inicia na
fase de emissão, quando a corrente de força alcança os sofredores, mas ganha
intensidade e se completa no momento da recepção, por unir a ação fluídica à
doutrinação mental.

h) Finalizando, não podemos deixar de destacar a advertência de André Luiz:


"Semelhantes forças mentais não são ilusórias, como pode parecer ao raciocínio
terrestre, menos esclarecido quanto às reservas infinitas de possibilidades além
da matéria mais grosseira."
Todas as ações da corrente magnética desobsessiva, incluindo o choque
anímico, são ações mentais em processo de interação, somação, complementação
e doação, portanto, não são ilusórias como possa parecer a determinados irmãos
menos esclarecidos quanto às possibilidades e reservas infinitas de nossas men-
tes integradas às fontes miraculosas do bem.

16.6.4) Ação Mental e Choque Anímico

Em capítulos anteriores, comentamos que durante a assistência prestada pela


corrente magnética desobsessiva ocorre, por assim dizer, uma verdadeira reação
físico-química, modificando o cosmo psíquico dos sofredores socorridos. Os raios
mentais e vitais emitidos atuam sobre a constituição perispiritual dos necessitados,
renovando-lhes o campo íntimo, permitindo uma nova tomada de consciência.

435
No livro Vozes do Grande Além (lição 09), o Espírito F. Labouriau explica
este mecanismo minuciosamente:

Comentemos a importância de um círculo de oração nos serviços de as-


sistência medianímica, como um aparelho acelerador de metamorfose espi-
ritual.
Imaginemo-lo assim como um ciclotrón da ciência atomística dos tempos
modernos.
Os companheiros do grupo funcionam como eletroímãs, carregados de
força magnética positiva e negativa, constituindo uma corrente alternada
de alta freqüência, através da qual o socorro do Plano Superior, transmitido
por intermédio do dirigente físico, exterioriza-se como sendo um projétil de
luz sobre o desencarnado em sobra que, simbolizando o núcleo atômico a
ser atingido, permanece justaposto ao alvo mediúnico.
No bombardeio nuclear, sabemos que um próton, arremessado sobre o
objetivo, imprime-lhe transformação compulsória à estrutura essencial.
Um átomo elevar-se-á na escala do sistema periódico, na medida das
cargas dos corpúsculos que lhe forem agregados.
Assim sendo, a projeção de um próton sobre certa unidade química de-
termina a subida de um ponto em sua posição na série estequiogenética.
A carga do único próton do núcleo do átomo de Hidrogênio, de número
atômico 1, arrojada sobre o Lítio, cujo número atômico é 3, modificá-lo-á
para Berílio, que tem número atômico 4; ou, sobre o Alumínio, de número
atômico 13, alterá-lo-à para Silício, cujo número atômico é 14.
Nesse mesmo critério, a injeção de um núcleo de átomo de Hélio com
seus dois prótons, de número atômico 2, sobre Berílio, de número atômico
4, adicionar-lhe-á dois pontos acima, convertendo-o em Carbono, cujo nú-
mero atômico é 6.
Recorremos a figurações elementares do mundo químico para dizer que
também no círculo de oração o impacto das energias emitidas de nosso
plano, através do orientador encarnado, em base de radiações por enquanto
inacessíveis à perquirição terrestre, provoca sensíveis alterações na mente
perturbada, conduzida à assistência cristianizadora.
Consciências estagnadas nas trevas da ignorância ou da insânia perver-
sa, são trazidas à retorta mediúnica para receberem o bombardeio controla-
do de forças e idéias transformadoras que lhes renovam o campo íntimo, e,
daí, nasce a guerra franca e sem quartel, declarada a todos os grupos res-
peitáveis do Espiritismo pelas Inteligências que influenciam na sombra e
que fazem do vampirismo a sua razão de ser. (Vozes do Grande Além,
lição 09).

A cadeia magnética nada mais é que um grande acelerador de metamorfose


espiritual, destinada a tratamento coletivo e simultâneo de inúmeros irmãos en-
carnados e desencarnados em sofrimento.

436
Os médiuns que a integram funcionam como verdadeiros eletroímãs carrega-
dos de força magnética positiva e negativa, constituindo uma corrente alternada
de alta freqüência. Sob o comando e a assistência do Plano Superior, o dirigente
encarnado conduz as mentes participantes e em interação a exteriorizarem ver-
dadeiros projéteis de luz (partículas mentais ou raios luminosos) sobre os desen-
carnados em sombra que, à semelhança de um núcleo atômico, são bombardea-
dos, quer na fase de emissão ou no momento da recepção, quando permanecem
justapostos ao alvo mediúnico ou dentro do circuito vibratório da cadeia
desobsessiva.
Esse bombardeio imprime transformações compulsórias, rápidas, dinâmicas
e imediatas à estrutura mental e perispiritual dos espíritos em atendimento, ele-
vando-lhes espiritualmente, à medida que forem assimilando ou absorvendo a car-
ga dos corpúsculos mentais e vitais, que naturalmente lhe vão agregando a cons-
tituição.
Sobre o impacto das energias emitidas pelo plano espiritual, somadas às ema-
nações dos médiuns, sob a coordenação do dirigente da cadeia magnética, con-
tando com a doutrinação mental por imagens em vibrações iguais e contrárias, em
base de radiações por enquanto inacessíveis à perquirição terrestre, as entidades
sofrem sensíveis alterações mentais, inclinando-se à modificação pelas vias
cristianizadoras.
As consciências estagnadas nas trevas da ignorância são trazidas previa-
mente ou atraídas no momento da assistência, quando recebem o bombardeio
controlado de forças e idéias transformadoras que lhes renovam o campo íntimo.
Este bombardeio de forças fluídicas e idéias renovadoras é o que de-
nominamos de choque anímico.

16.6.4.1) Absorção e Choque Anímico

O autor do texto anterior compara a emissão da mente mediúnica a um pro-


jétil de luz. Analisando sob este prisma, devemos considerar a questão da absor-
ção, quer seja em relação aos sofredores, quer em relação aos médiuns. Da mes-
ma forma que cada servidor emite raios luminosos, muito diferentes entre si, a
absorção também não será idêntica. Os médiuns em relação aos Espíritos Superi-
ores e as entidades desequilibradas em relação aos médiuns ou à corrente como
um todo, só a assimilarão conforme à capacidade individual de cada um.
O Espírito Áureo (Universo e Vida, 3. ed., p.69), a respeito, diz o seguinte:

Mesmo que potentes radiações luminosas, que são ondas eletromagnéticas,


incidam sobre um corpo, delas este somente reterá a quantidade que lhe
permitir o seu próprio poder de absorção, embora também seja verdade que
parte do poder absorvente de qualquer material depende igualmente do com-
primento de onda da radiação incidente.

437
No campo psicoperispirítico, prevalece realidade similar, pois o poder de
atuação energética de um espírito sobre outro subordina-se a dupla condi-
ção, isto é, ao comprimento de onda da radiação luminosa do atuante e à
capacidade de absorção do atuado, sendo fundamental não perdermos de
vista que em todos os fenômenos desse tipo o regime inelutável é o das
trocas, cujo escopo natural é sempre o do equilíbrio.

O poder de atuação energética de um espírito sobre outro, no caso da cor-


rente magnética desobsessiva: médiuns sobre os sofredores, Espíritos Superiores
em relação aos médiuns e aos necessitados, e dos médiuns entre si, depende, em
termos gerais, de dois fatores básicos:
a
I - Comprimento de onda da radiação luminosa do atuante;

2ª - Capacidade de absorção do atuado.

Decorre do primeiro item que quanto maior a concentração e atenção dos


médiuns, sustentada pelo equilíbrio das emoções e pela retidão do caráter, mais
sutis e mais potentes serão as suas emissões mentais. A sintonia com a equipe
espiritual dar-se-á em freqüência mais elevada e, os medianeiros emitirão radia-
ções de menor comprimento de onda, com possibilidades bem mais vastas de
beneficiarem os irmãos em sofrimento.
Da mesma forma, em relação ao segundo item, os servidores encarnados só irão
reter a quantidade que os seus estados psíquicos ou as suas capacidades de absorção
permitirem. Como o escopo natural de todo o processo é sempre o regime inelutável
das trocas, entende-se que quanto maior forem as suas doações em relação aos espí-
ritos necessitados, maiores também serão as suas assimilações energéticas.
Em relação às entidades em atendimento, a potência das radiações mentais
dos médiuns em associação, sobre elas incidentes, a partir da fase de emissão,
permitirá, pelo poder de penetração, uma maior ou menor transformação
psicoperispirítica, com a conseqüente absorção maior ou menor das emanações
vibratórias.

Ás implicações práticas desses princípios são enormes:

lª Conforme a fixação e poder mental das falanges de espíritos a serem


socorridos, maiores e mais potentes deverão ser as radiações da corrente; caso
contrário, o atendimento não ocorrerá ou não se processará com a eficiência
devida.

2ª O estudo antecipado das condições psíquicas dos sofredores, realizado


pelos técnicos espirituais, indicará de que forma e em que limites eles poderão ser
beneficiados. Dentro de certos parâmetros, serão localizados nas diferentes fai-
xas energéticas da corrente ou farão ligações rápidas e transitórias com este ou
aquele médium.

438
3ª O poder e a qualidade das radiações da corrente magnética sofrerão enor-
memente com a falta de preparo e desatenção dos médiuns. Quanto maior a
invigilância mental e moral, maior a resistência e menor as condições de auxílio.

Inúmeras observações poderiam ainda ser listadas. Os espíritos em desajustes,


por exemplo, conforme as suas condições de absorção, poderão receber vários
tratamentos em diferentes passagens pela corrente magnética, até o estado de
relativo equilíbrio. Segundo o número de médiuns e suas condições psíquicas, cada
corrente formada poderá ser bem diferente da outra, mesmo aquela composta dos
mesmos participantes (dependendo do dia, das condições vibratórias etc).

O choque anímico, portanto, é extremamente variável e depende de vários


fatores. Quanto maior a fraternidade, a homogeneidade, a vontade de auxiliar, a
integridade do mundo íntimo, a sintonia dos médiuns e o poder de absorção dos
sofredores, maiores os seus efeitos.

16.7) ALGUMAS OUTRAS ELUCIDAÇÕES

16.7.1) Primitividade

Dando continuidade à comparação que temos feito do choque anímico de-


senvolvido pela corrente magnética e a descrição de Manoel P. de Miranda no
livro Loucura e Obsessão, chama-nos a atenção a seguinte ponderação do
orientador Felinto (p.140):

Felinto, que nos percebia a perplexidade, sem que indagássemos, elucidou:


- Um tanto primitivo, sim, porém, eficiente. Talvez grotesco, no entanto,
portador de excelentes resultados. O tratamento para a exuantropia foi
demorado, por causa da imposição da monoidéia deformante e instilação
exterior do ódio, além do que lhe jazia em gérmen no ser atordoado, logo
deixara o corpo, pela morte infamante, na punição que lhe aplicaram por
coisa de pequena monta... A desimantação teria que receber uma técnica
de choque, através de vibrações dissolventes que atuassem no paciente, de
dentro para fora, pelo despertar da consciência, e de fora para dentro,
desregulando a construção física da aparência que lhe foi colocada por
modelagem do psiquismo do agente e pelo paciente aceito. Agora ele dor-
mirá para o necessário reequilíbrio do perispírito, sendo recambiado pelos
automatismos da Leis à reencarnação, que o reajustará plenamente. (Grifos
Originais).

Existem diferenças bem distintas, já realçadas, entre a metodologia do cho-


que anímico pela corrente magnética desobsessiva e os trabalhos observados pelo
autor do livro em questão. Mas mesmo assim, a pecha de primitividade poderá ser

439
levantada como argumento contrário à desobsessão por corrente magnética. Para
refutá-lo, vamos aproveitar os esclarecimentos oferecidos pelo instrutor:

lº A benzedura é também um passe. No dizer de Emmanuel, é a sua expres-


são humilde. O método utilizado difere e muito das doações energéticas efetuadas
por passistas que se dedicam ao estudo e aperfeiçoamento, mas nem por isso
podemos desprezá-la como imprópria, porque os princípios que sustentam tanto
uma como a outra prática são absolutamente semelhantes.
O mesmo se dá em relação ao choque anímico. Podemos aplicá-lo de forma
primitiva e às vezes até grotesca, dependendo do ambiente, dos médiuns e dos
objetivos, ou poderemos executá-lo com conhecimento de causa, critério e eleva-
ção. Tudo dependerá do discernimento da equipe e da forma pela qual os traba-
lhos são conduzidos.
Não foge à regra a desobsessão por doutrinação verbal, conforme o ambien-
te e os trabalhadores poderá ser desenvolvida nesta ou naquela direção.
O certo, porém, é que observados os princípios de qualquer uma dessas ativi-
dades: passe, choque anímico e desobsessão por doutrinação verbal, os resultados
superiores não se fazem esperar. Mesmo que o método seja primitivo, será efici-
ente; se grotesco, poderá ser portador de excelentes resultados.
A corrente magnética desobsessiva busca aplicar o choque anímico não só
de forma eficiente, almejando excelentes resultados, mas também de forma lógi-
ca, clara e criteriosa, para isso, une os fundamentos do magnetismo, da mediunidade,
da obsessão e desobsessão, segundo as diretrizes seguras da Doutrina dos Espíri-
tos.

2º O princípio do choque é o mesmo: vibrações dissolventes que atuam no


sofredor de dentro para fora através da sua sensibilização, que a doutrinação
mental possibilita, permitindo-lhe o despertar da consciência, e de fora para den-
tro desregulando as construções físicas da aparência, destruindo as formas
mentais, os bacilos psíquicos e t c . Processo simples, rápido, sem necessidade de
diálogos verbais, rituais ou qualquer outro meio que não seja condizente com a
prática doutrinária.
Em síntese, princípios iguais, métodos diferentes, com resultados semelhan-
tes.

16.7.2) Necessidade de Estudo

Continuemos com a descrição de Manoel P. de Miranda ao final dos traba-


lhos (p.151):

Os companheiros encarnados mais chegados ao labor reuniram-se numa


sala interior, para ligeiro lanche e comentários proveitosos em torno do tra-
balho.
Vindo até nós, a Amiga Espiritual aludiu:

440
- Este encontro dos trabalhadores é muito útil para eles mesmos, tanto quan-
to para as nossas atividades. Não se aprofundando pelo estudo, na realidade e
mecânica das Leis, ficam na periferia do fenômeno mediúnico, repetindo atos
sem conhecer-lhes a função ou a estrutura, desarmados para ocorrências dife-
rentes ou eventualidades inesperadas. Temo-los estimulado à conversação,
porquanto, ainda sob a inspiração dos seus Protetores, logram penetrar, a pou-
co e pouco, no funcionamento das técnicas de que nos utilizamos, bem como na
razão que nos leva a aplicá-las, adquirindo consciência de si mesmos e da fina-
lidade superior da vida. Os mais esclarecidos opinam e sugere, interrogam e
discutem, abrindo espaço para o raciocínio que desperta e o interesse de saber
que se lhes instala. É um primeiro passo para o estudo que oferece o conheci-
mento e a libertação da ignorância.

A permanência na periferia do fenômeno, desconhecimento da realidade e


mecanismos das leis, é que podem levar à prática de excelentes métodos à
primitividade, desenvolvendo-os por determinadas ações inconcludentes.
O estudo é a chave fundamental do aperfeiçoamento e da elevação. A nossa
pesquisa, buscando demonstrar pormenorizadamente a desobsessão coletiva por
corrente magnética, dentre os seus objetivos, almeja esclarecer, tanto quanto pos-
sível, as funções e os mecanismos, deste ou daquele procedimento, mostrando ou
não a sua utilidade, explicando a razão de seu emprego, confirmando-o pelas li-
nhas da lógica, com base nos postulados espíritas.

16.7.3) Desconhecimento e Choque Anímico

Ao encerrar mais este capítulo, não poderíamos deixar de abordar esse tema.
O desconhecimento da técnica do choque anímico, independente se pelo método
da corrente magnética ou não, ainda é um dos obstáculos ao desenvolvimento de
certos meios, que facilitariam enormemente a desobsessão de irmãos nossos em
desequilíbrio.
Alguns relatos do Espírito Manoel P. de Miranda expressam esta realidade.
Como todos sabemos, foi ele, quando encarnado, abnegado trabalhador das lides
espíritas, dedicando-se à tarefa da divulgação doutrinária como verdadeiro missi-
onário do Espiritismo nas terras da Bahia. Segundo a sua biografia, o seu conhe-
cimento evangélico e seu aprofundamento no estudo do Espiritismo, dele fizeram
um verdadeiro discípulo de Allan Kardec e um legítimo espiritista. Mas, ao se
deparar com o processo de desobsessão no plano maior da vida pelo choque
anímico, surpreende-se e diz:

"- Choque anímicol\ - interroguei, admirado."


"- Desconhecíamos o método referido..."
"Tínhamos os olhos umedecidos pela emoção. Eram experiências novas
e abençoadas, demonstrando a presença do Pai em todo lugar, impulsionan-

441
do o homem para a sua destinação gloriosa e amparando a vida nas suas
variadas expressões. Havia muito que aprender, observando e meditando.
Dr. Bezerra acompanhava, em silêncio e reconhecimento, as técnicas
de socorro que ali se realizavam." (Loucura e Obsessão, p.135, 137, 144
respectivamente.).

Assim também, ocorre com inúmeros companheiros nossos, dedicados e es-


tudiosos, quando se deparam com a metodologia da corrente magnética
desobsessiva. Surpreendem-se, admiram-se e, vários chegam a dizer que nada
leram a respeito do assunto ou que desconhecem totalmente o processo. Outros
emitem opiniões, a nosso ver, precipitadas e superficiais, contestando o método.
Nós, como dissemos no início da pesquisa, também já nos comportamos as-
sim, para somente depois sentir, perceber e entender como Manoel Philomeno,
que eram experiências novas e abençoadas; que nos competia estudar e praticar,
permanecendo em silêncio e recolhimento, para adquirirmos a noção exata dessa
técnica de socorro espiritual.
Falando assim, não queremos nos sobrepor ou nos mostrar superiores a quem
quer que seja, pelo contrário, queremos chamar a atenção para o fato, de que,
enorme ainda é a seara onde nos situamos, e que necessitamos estar atentos a
outras realidades, que ainda não fomos chamados a servir ou a que não nos foi
possível dedicar.

Vem a propósito o ditado: Um semeia e outro


colhe. E n v i e i - v o s para c o l h e r d e s onde não tra-
balhastes; foram outros os que trabalharam, e vós
entrastes no seu trabalho ( João, 4:38).

442
CAPÍTULO XVII

SENSAÇÕES E PERCEPÇÕES DOS MÉDIUNS

Mais uma vez deu Jesus um grande brado -


entregou o espírito (Mateus, 27:50).
São bastante variáveis as sensações e percepções dos médiuns durante as qua-
tro fases do desenvolvimento da corrente magnética. As reações mais visíveis
são notadas no momento da recepção, quando os sofredores se "ligam", "pas-
sam" ou "mergulham" nos fluidos da corrente. A manifestação rotineira nessa
fase são pequenos tremores, abalos, com maior ou menor intensidade dependendo
dos aspectos fluídicos, vibratórios, mediúnicos, etc, que predominam durante a
assistência aos nossos irmãos em sofrimento.
De forma imprecisa, poderíamos classificar as sensações dos servidores en-
carnados em subjetivas e objetivas:

- As primeiras, referem-se à interação fluídica e mental nos vários momentos


da corrente, levando ao registro por parte do medianeiro, de pensamento, emo-
ções e percepções outras, geralmente não muito bem definidas.

- As segundas, seriam ocorrências perfeitamente detectáveis por todos, como


aumento da freqüência cardíaca, sudorese, congestão vascular, tremores, etc.

Ambas possuem gradações que estão diretamente relacionadas com a sensibi-


lidade e flexibilidade mediúnica de cada um dos integrantes da cadeia desobsessiva.
Os aspectos subjetivos mudam a cada atendimento, enquanto os objetivos são
muito semelhantes, notadamente os abalos.
Na desobsessão por doutrinação pela palavra, o processo de aproximação, in-
corporação e transe mediúnico são também semelhantes entre si, mudando-se o
conteúdo emocional, mental e verbal das comunicações. Como na desobsessão
por cadeia magnética não se tem diálogos verbais, todos os fenômenos se restrin-
gem ao campo fluídico e mental, a esfera subjetiva, diferenciando-se conforme as
falanges de entidades que são atraídas e assistidas, enquanto as manifestações
externas ou objetivas estabelecem-se dentro de um mesmo padrão, variando so-
mente de intensidade, conforme a sensibilidade dos participantes e o controle
mediúnico.
Passemos ao detalhamento das principais sensações dos médiuns, nas diferen-
tes fases em que a corrente magnética se expressa.

17.1) FASE DE EXPULSÃO

Voltando ao livro Loucura e Obsessão (2. ed., p.150) encontraremos uma


passagem que nos ajudará a entender e a visualizar as principais sensações dos
médiuns neste período:

A mesma providência feita com o anterior foi aplicada ao médium que


lhe facultou a incorporação e, ato contínuo, a enérgica e bondosa irmã
Emerenciana convidou os Protetores Espirituais a trazerem a sua palavra
amiga, através de cada sensitivo.

445
- É a operação limpeza - acrescentou-me judiciosamente Felinto. -
Após a absorção de fluidos de teor vibratório diferente, caracterizados pela
densidade material que tipifica este gênero de trabalho, vêm os Espíritos
Protetores liberar os médiuns e renová-los sob a ação de diversa carga de
energia, permitindo-lhes o bem-estar e a satisfação do serviço realizado.
Aplicando-se o autopasse eram retiradas as cargas fluídicas perniciosas, en-
quanto outras, de qualidade superior, vitalizavam os cooperadores encarnados.
Não foram trazidas mensagens mais amplas ou feitas quaisquer conside-
rações adicionais. Tratava-se de saudação, por cada um dos Amigos
desencanados, com brevíssimas palavras de contentamento e gratidão a
Deus pela oportunidade de agirem em favor do próximo em nome do Bem.
A Mentora, por fim, entreteve conversação mais demorada, endereçando
expressões de estímulo e conforto a cada um dos participantes mais ativos,
e estendendo-as a uns e outros, membros da Casa.
Logo depois, seguindo a praxe, foi encerrada a reunião. (Grifos Origi-
nais).

Na desobsessão por corrente magnética, a fase de expulsão ocorre tanto no


início, como no desenvolvimento e no final dos trabalhos. As principais sensações
são causadas pela aproximação dos Espíritos Protetores que, no momento da pre-
ce coletiva, da prece individual e do auto-passe, auxiliam os médiuns a retirarem
as cargas fluídicas perniciosas, renovando-lhes, sob a ação de diversas energias
sublimadas, permitindo-lhes o bem-estar, a satisfação pessoal, o equilíbrio
energético, mental e emocional.
Porém, não se faz necessária a incorporação propriamente dita com trans-
missão de qualquer tipo de mensagem, apenas aproximação com interação fluídica
e vibratória, vitalizando a todos os servidores encarnados.

17.1.1) O Controlador Mediúnico

Na verdade, a expressão que melhor define a atuação dos Espíritos Proteto-


res em relação aos médiuns é a de Controlador Mediúnico. Durante todo o
trabalho, a atuação e supervisão dessas entidades são fundamentais para o êxito
da atividade.
Esta expressão é do livro Missionários da Luz (André Luiz, 21. ed., p. 112-113):

Sentindo-me a insopitável curiosidade, o orientador esclareceu:


- O controlador mediúnico é o Irmão Alencar, que também foi médico
na Terra. Calimério é o dirigente legítimo, encarregado da supervisão dos
trabalhos, em nosso círculo.
Como notasse minha estranheza, Alexandre reinterou:
- Alencar é orientador do aparelho mediúnico para as atividades de
materialização propriamente ditas. Aproximemo-nos dele.

446
De igual forma, para cada médium que integra a corrente magnética, haverá
um Espírito que exercerá a função de Controlador Mediúnico, orientador do medi-
aneiro, auxiliando-o em todos os momentos, da mesma maneira que o dirigente
espiritual dos trabalhos, pelos laços intuitivos, coordena e ajuda o dirigente encar-
nado a melhor e a bem conduzir o trabalho desobsessivo.

17.2) FASE DE ABSORÇÃO

Na seqüência ou completando a fase anterior, os médiuns passam a absorver


os jatos de forças fluídicas e mentais emitidos pela Espiritualidade Superior. Esta
assimilação é assim caracterizada:

Terminada a oração, acerquei-me de Silva.


Desejava investigar mais a fundo as impressões que lhe assaltavam o
campo físico, e observei-lhe, então, todo o busto, inclusive braços e mãos,
sob vigorosa onda de força, a eriçar-lhe a pele, num fenômeno de doce
excitação, como que "agradável calafrio". Essa onda de força descansava
sobre o plexo solar, onde se transformava em luminoso estímulo, que se
estendia pelos nervos até o cérebro, do qual se derramava pela boca, em
forma de palavras.
Acompanhando-me a análise, o Assistente explicou:
- O jacto de forças mentais do irmão Clementino atuou sobre a organiza-
ção psíquica de Silva, como a corrente dirigida para a lâmpada elétrica.
Apoiando-se no plexo solar, elevou-se ao sistema neuro-cerebrino, como a
energia elétrica da usina emissora que, atingindo a lâmpada, se espalha no
filamento incandescente, produzindo o fenômeno da luz. (André Luiz, Nos
Domínios da Mediunidade, 12. ed., p.47).

Todos os médiuns da cadeia magnética, nesta fase, passam ou sentem este


fenômeno descrito por André Luiz. A diferença poderá existir no que se refere à
intensidade, devido ao maior número de servidores espirituais presentes e por
ainda ocorrer a influenciação mútua entre os medianeiros.
O "fenômeno de doce excitação", como que "agradável calafrio" a "eriçar-
lhe a pele" poderá ser percebido por todos, com maior ou menor força, dependen-
do da sensibilidade mediúnica do servidor.
Como o processo de transmissão e assimilação apóia-se no plexo solar, os
médiuns ainda poderão sentir uma suave pressão na zona inferior do externo,
região epigástrica, além, é claro, das repercussões do envolvimento emocional,
fluídico e mental.
Este luminoso estímulo recebido pelo médium estende-se dos nervos até ao
cérebro, levando-o a mentalizações superiores, adequando o seu campo mental
para a assistência vibratória aos sofredores, sem que haja a necessidade de

447
transformá-lo em palavras, excetuando-se o dirigente que antecipa, unifica e co-
ordena as ações mentais, levando a efeito a força do Pensamento Coletivo.

17.3) FASE DE EMISSÃO

No livro Os Mensageiros, em seu capítulo 24 (17. ed., p.130), André Luiz


tece comentários a respeito da Prece de Ismália, quando um grupo de espíritos se
reúne em determinado posto de assistência, situado na Pátria Maior, para orar em
benefício de algumas entidades sofredoras presas temporariamente ao sono como
verdadeiras múmias, paralisadas em pesadelos infelizes. O relato, além de nos
ajudar a recordar os principais fenômenos da Fase de Emissão e Absorção da
cadeia magnética desobsessiva, destaca as possíveis sensações que os médiuns
podem sentir durante a emissão da salutar corrente fluídica.

17.3.1) O Fenômeno Luminoso

A voz de Ismália penetrava-me o recesso do coração.


Observando-a, por um momento, reparei que a esposa de Alfredo
se transfigurara. Luzes diamantinas irradiavam de todo o seu corpo,
em particular do tórax, cujo âmago parecia conter misteriosa lâmpada
acesa.
Em vista da ligeira pausa que imprimira à oração, observei a nós outros,
verificando que o mesmo fenômeno se dava conosco, embora menos inten-
samente. Cada qual parecia, ali, apresentar uma expressão luminosa,
gradativa. As senhoras que acompanhavam Ismália estavam quase seme-
lhantes a ela, como se trajassem soberbos costumes radiosos, em que pre-
dominava a cor azul. Depois delas, em brilho, vinha a luz de Aniceto, de um
lilás surpreendente. Em seguida, tínhamos Alfredo, cuja luz era de um ver-
de suave e sugestivo, sem grande esplendor. Depois dele, vinham alguns
servidores ostentando na fronte claridades sublimes, expressas em varia-
das cores, e, logo após, Vicente e eu, mostrávamos fraca luminosidade, a
qual, porém, nos enchia de júbilo intenso, considerando que a maioria dos
cooperadores em serviço apresentava o corpo obscuro, como acontece na
esfera carnal. (Os Mensageiros, p.130).

Os fenômenos luminosos na corrente magnética se evidenciam com caracte-


rísticas semelhantes. A equipe espiritual apresentará luminosidade distinta e
gradativa, enquanto os médiuns, geralmente, ficarão na faixa de claridades subli-
mes expressas em variadas cores, fraca luminosidade ou emissões quase obscu-
ras. Tudo dependerá da força moral, mental, atenção e concentração do servidor
encarnado, aliada ao sincero desejo de auxiliar.

448
17.3.2) Sensações e Mecanismos da Fase de Emissão

Fizera Ismália nova pausa, agora mais longa. Enxuguei os olhos ume-
decidos de pranto. Suave calor, todavia, apossava-se-me da alma. E tão
intensa era essa nova sensação de conforto, que interrompi a concentração
em mim mesmo, a fim de olhar em torno. Fixando instintivamente o alto,
enxerguei, maravilhado, grande quantidade de flocos esbranquiçados, de
tamanho variadíssimos, a caírem copiosamente sobre nós que orávamos,
exceto sobre os que dormiam. Tive a impressão de que eram derramados
do céu sobre nossa fronte, caindo com a mesma abundância sobre todos,
desde Ismália ao último dos servidores. Não cabia em mim de admiração,
quando novo fenômeno me surpreendeu. Os flocos leves desapareciam
ao tocar-nos, começando, porém, a sair de nossa fronte e do peito gran-
des bolhas luminosas, com a coloração da claridade de que estávamos
revestidos, elevando-se no ar e atingindo as múmias numerosas. Ainda aí,
reparava o problema da gradação espiritual. As luzes emitidas por Ismália
eram mais brilhantes, intensas e rápidas, alcançando muitos enfermos de
uma só vez. Em seguida, vinham as fornecidas pelas senhoras do seu
círculo pessoal. Depois, tínhamos as de Aniceto, de Alfredo e dos de-
mais. Os servos de corpo obscuro emitiam vibrações fracas, mas visivel-
mente luminosas. Cada qual, naquele instante de contacto com o plano
superior, revelava o valor próprio na cooperação que podia prestar. (Os
Mensageiros, p.132).

As sensações da fase de emissão podem ser resumidas como um suave calor


apossando-se da alma com enorme conforto espiritual.
Em relação aos aspectos objetivos, iremos notar apenas a atitude de concen-
tração dos servidores encarnados, mas um médium clarividente poderá registrar
os fenômenos luminosos com gradação natural de médium para médium, segundo
o valor próprio de cada um na cooperação que pode prestar.
Observemos que os flocos que em abundância caíam como resposta à prece
não atuavam diretamente sobre os sofredores, mas sobre os espíritos que busca-
vam socorrê-los, sendo que cada um absorvia segundo as condições pessoais,
emitindo-os logo após com características próprias. O mesmo se dá em relação à
corrente magnética; os seus integrantes absorvem primeiro as emanações espiri-
tuais e, só após, emitem beneficiando encarnados e desencarnados. Os raios emi-
tidos formarão um conjunto onde a intensidade, rapidez, coloração, brilho, etc,
têm as características de seus emissores.
As radiações são mais abundantemente emitidas pela fronte e tórax (chacra
frontal e cardíaco), é natural que os médiuns possam sentir, nessas regiões, sen-
sações de adormecimento, pressão, formigamento, etc.

449
17.4) FASE DE RECEPÇÃO

Esta fase, como sabemos, é a que predomina nas ações da corrente magné-
tica, como também, é aquela onde as manifestações mediúnicas são muito
mais evidentes e visíveis.

Procuremos separar, em tópicos, as possíveis sensações que os médiuns pos-


sam vir a apresentar neste momento:

17.4.1) Na Aproximação das Entidades

"Havia grande cuidado por parte do Benfeitor, no ajustamento do perse-


guidor de Julinda aos equipamentos mediúnicos de Jonas.
Ao contato mais direto da Entidade, o sensitivo recebeu mais forte des-
carga fluídica e estremeceu." (Manoel P. de Miranda, Nas Fronteiras da
Loucura, 2. ed., p.182). (Grifo nosso).

Estremecer, segundo o Novo Dicionário Aurélio é: "causar tremor, fazer


tremer, sacudir, abalar."
Na cadeia desobsessiva, estes tremores ou abalos são mais intensos e percep-
tíveis, devido ao número de entidades assistidas e à correspondente descarga fluídica
que os médiuns são objetos em cada passagem. Como a ligação do grupo de espíri-
tos a serem socorridos se dá de maneira rápida e enérgica, com atração subseqüen-
te de novas falanges; estas manifestações (abalos ou sacudidas) expressas pelos
medianeiros irão predominar durante todo o desenrolar dessa fase.

17.4.1.1) Opinião do Codificador

Allan Kardec estuda a questão das reações dos médiuns, durante o transe
mediúnico, no capítulo 24 do O Livro dos Médiuns (Edição Especial, LAKE,
item 268, perg.28):

Muitos médiuns reconhecem os bons e os maus Espíritos pela impressão


agradável ou penosa que experimentam à sua aproximação. Perguntamos
se a impressão desagradável, a agitação convulsiva, o mal-estar numa pala-
vra, são sempre indícios da má natureza dos Espíritos que se manifestam?

Resp.: "O médium experimenta as sensações do estado no qual se acha


o Espírito que se chega a êle. Quando o Espírito é feliz, seu estado é tran-
qüilo, leve, calmo; quando é infeliz, é agitado, febril, e esta agitação passa
naturalmente para o sistema nervoso do médium. De resto, assim é o
homem na terra: quem é bom é calmo e tranqüilo; quem é mau está cons-
tantemente agitado." (Grifos nossos).

450
Durante as fases de expulsão, absorção e emissão, como os espíritos que se
aproximam dos médiuns são elevados, portanto, tranqüilos, leves e calmos, os
integrantes da corrente magnética irão refletir estas sensações. Mas no momento
da recepção, como as entidades são infelizes, agitadas e febris, esta agitação
passa naturalmente para o sistema nervoso do médium, causando os tremores ou
abalos tão visíveis.

17.4.1.1.1) Agitação e Sensibilidade

Após a resposta dos Espíritos, comenta Kardec:

Há médiuns de uma impressionabilidade nervosa mais ou menos grande,


porque a agitação não pode ser encarada como uma regra absoluta; é pre-
ciso aqui como em todas as coisas, levar em conta as circunstâncias. O
caráter penoso e desagradável da impressão é um efeito de contraste, por-
que se o médium simpatiza com o mau Espírito que se manifesta, disso será
pouco ou nada afetado. De resto, não se pode confundir a rapidez da escri-
ta, que se relaciona com a extrema flexibilidade de alguns médiuns, com a
agitação convulsiva que os médiuns, mesmo os mais lentos, podem experi-
mentar ao contato dos Espíritos imperfeitos. (O Livro dos Médiuns, Edi-
ção Especial, LAKE, item 268).

A agitação convulsiva observada na Fase de Recepção da corrente magné-


tica é, ao mesmo tempo, um efeito de contraste entre os fluidos, as vibrações dos
sofredores e as emanações e mentalizações dos médiuns, além de corresponder à
reação física da ação ativa representada pelo Choque Anímico. Não é regra ab-
soluta, porque a sensibilidade de cada um dos integrantes da corrente varia enor-
memente.
É extremamente improvável que no caso da corrente a ausência de agitação
possa ainda corresponder à simpatia que o médium possa vir a ter por um Mau
Espírito, em vista do número de entidades socorridas e a conseqüente diversidade
das impressões que experimentam, sendo impossível a afinização com todos eles.

17.4.2) Os Aspectos Físicos

lº. "A união fluídica era de tal forma que parecia ter havido uma quase
fusão, ser-a-ser, que se harmonizavam. O rosto pálido da médium adquiriu
um tom vermelho-escuro, conseqüência da aceleração sangüínea, e uma
transfiguração modelou-lhe um quase símile do comunicante." (Manoel P.
de Miranda, Loucura e Obsessão, 5. ed., p. 138).

2º. "Ao receber o jato de ar, aturdiu-se e teve ligeira convulsão, sendo
atendida carinhosamente." {Loucura e Obsessão, p.138).

451
3º. "Subitamente desmaiou, provocando na médium um vagado simultâ-
neo." (Idem, p.140).

4º. "Sem qualquer perturbação, a mentora deslindou-o da sensitiva e des-


pertou-a com ligeiras tapas no rosto. Prontamente a moça acordou e foi
devolvida ao círculo." (Ibidem, p.140).

5º. Quando a Diretora espiritual informou que ele iria sofrer já o efeito
da prisão na qual se achava e cujo corpo não podia manipular, o Espírito,
que descarregava suas energias de violência no médium, que as eliminava
mediante sudorese viscosa abundante e fluídos escuros, em quantidade, co-
meçou a sentir-se debilitado. Neste momento, a ação do perispírito do en-
carnado sobre ele fez-se mais forte e começou a encharcá-lo do fluido
animal, que lhe constitui o envoltório e é retirado do "fluido universal de
cada globo", encarregado de manter o equilíbrio dos órgãos, das células e
das moléculas do organismo material. Essa energia, de constituição mais
densa, produzia no comunicante sensações que o angustiavam, como se lhe
gerassem asfixia contínua. As forças que lhe eram aplicadas pela Benfeito-
ra e a psicosfera geral incidiam sobre ele de forma desagradável, demons-
trando-lhe o limite da própria vontade e a debilidade de meios para prosse-
guir no alucinado projeto do mal a que se afervorava. {Loucura e Obses-
são, p.142). (Grifos Originais).

As citações esclarecem, não só a respeito de possíveis sensações físicas,


que os médiuns podem apresentar, como dão alguns dados sobre as sensações,
que os espíritos sofredores durante e após o choque anímico podem sentir.
Apesar da ligação das entidades com os médiuns não ser tão intensa como
no exemplo, os integrantes da corrente desobsessiva poderão, igualmente, ter li-
geiras convulsões ou abalos, vertigens, aceleração dos batimentos cardíacos,
mudança da coloração da pele, sudorese (muitas vezes abundante e viscosa), etc.
Reações naturais, reflexo da interação dos servidores encarnados e desencarnados
com a assimilação rápida dos fluidos grosseiros, emitidos pelos espíritos desequi-
librados em atendimento.

17.4.3) Os Aspectos Verbais

lº. A cena, então, atingiu a culminância mais patética e, ao mesmo tem-


po, mais sublime que imaginar se possa!
Apossando-se de um aparelho carnal que, piedosamente, por momentos
lhe emprestavam, no intuito cristão de beneficiá-lo, por ajudá-lo a conseguir
alívio, o desgraçado suicida sentiu, em toda a sua plenitude, a tragédia que
havia longos anos vinha experimentando o seu viver nas trevas do martírio
inconcebível!... pois tinha agora, ao seu dispor, outros órgãos materiais, nos

452
quais suas vibrações, ardentes e tempestuosas, esbarrando brutalmente, vol-
tavam plenamente animalizadas para produzirem no seu torturado corpo
astral repercussões minuciosas do que fora passado! Gritos lancinantes,
estertores macabros, terrores satânicos, todo o pavoroso estado mental que
arrastava, refletiu ele sobre a médium, que traduziu, tanto quanto lho permi-
tiam as forças do sublime dom que possuía, para os circunstantes encarna-
dos ali presentes -, a assombrosa calamidade que o túmulo encobria!
(Yvonne A. Pereira, Memórias de um Suicida, 10. ed., p.160).

2º. "Inesperadamente, a Entidade feminina deu um grito estridente e des-


maiou, sendo a médium segura por dois cooperadores da Casa, a postos,
certamente afeitos a estas operações espirituais." (Loucura e Obsessão,
p. 150).

Apesar do rígido controle verbal que os médiuns exercem durante as passa-


gens, na fase de recepção da corrente, poderá, vez por outra, surgir por este ou
aquele medianeiro determinados gemidos, resmungos, gritos, grunhidos, etc.
Dentro dos parâmetros do controle mediúnico desejado e desde que não ocorra
a perturbação da ordem necessária, desrespeitando as linhas da lógica, que de-
vem e precisam sustentar as diretrizes superiores do trabalho, tais ocorrências
poderão ser avaliadas como naturais, porque refletem o estado mental e as sensa-
ções registradas pelos sofredores durante o Choque Anímico.

17.4.4) Os Aspectos Mentais

lº. Os médiuns deveriam contribuir com grandes parcelas de suas


próprias energias para alívio dos desgraçados que lhes bateriam à
porta. Esgotar-se-iam, provavelmente, no caridoso afã de lhes estancar as
lágrimas. Seria até mesmo possível que, durante o tempo que estivessem
em contacto com eles, impressões de indefiníveis amarguras, mal-estar in-
quietante, perda de apetite, insónia, diminuição até mesmo do peso natural
do corpo físico viessem surpreendê-los e afligi-los. Todavia, a direção do
Instituto Maria de Nazaré oferecia garantia: suprimento das forças
consumidas, quer orgânicas, mentais ou magnéticas, imediatamente após a
cessação do compromisso, ao passo que a Legião dos Servos de Maria, a
partir daquela data, jamais os deixaria sem a sua fraterna e agradecida
observação. Se se arriscavam à solicitação de tão vultoso concurso era
porque entendiam que os médiuns educados à luz da áurea moral cristã são
iniciados modernos, e, por isso, devem saber que os postos que ocupam,
no seio da Escola a que pertencem, fatalmente terão de obedecer a dois

453
princípios essenciais e sagrados da Iniciação Cristã heroicamente
exemplificados pelo Mestre Insigne que a legou: - Amor e Abnegação!
(Memórias de um Suicida, p.140). (Grifos Originais).

a
2 . "Daí a minutos, providenciava-se a incorporação de Marinho, que
tomou a intermediária sob forte excitação. Otávia, provisoriamente desliga-
da dos veículos físicos, mantinha-se agora algo confusa, em vista de encon-
trar-se envolvida em fluidos desequilibrados, não mostrando a mesma luci-
dez que lhe observáramos anteriormente; todavia, a assistência que recebia
dos amigos de nosso plano era muito maior." (André Luiz, Missionários
da Luz, 21. ed., p.291).

a
3 . "Obsidiando Julinda, a sua era uma ação que ele provocava ao pró-
prio talante, enquanto que, imantado a um médium educado psiquicamente,
se sentia parcialmente tolhido, com os movimentos limitados e porque utili-
zando os recursos da mediunidade, recebia, por sua vez, as vibrações
do encarnado que, de alguma forma, exercia influência sobre ele."
(Manoel P. de Miranda, Nas Fronteiras da Loucura, 2. ed., p.182). (Grifo
Original). (Negritos nossos).

Nos dois primeiros exemplos, temos a gama imensa de sensações subjetivas,


registradas mental e emocionalmente pelos médiuns durante a fase de recepção:
confusão mental, diminuição da lucidez, amargura, mal-estar inquietante, dor, có-
lera, vontade de chorar, etc. E, é justamente a partir dessas percepções, que os
médiuns devem realizar a doutrinação mental, vibração igual e contrária, imantando
e tolhendo parcialmente os comunicantes, passando a influenciá-los com doses
homeopáticas de paciência, calma e resignação, dinamizadas pelas vontades cons-
cientes e amorosas. O exemplo de número três confirma a possibilidade dessa
ação.
Os aspectos referidos pelo autor de Memórias de um Suicida como perda de
apetite, insónia, diminuição até mesmo do peso natural do corpo físico, raramente
são observados nas atividades práticas de desobsessão por corrente magnética,
excetuando-se quando houver a necessidade da ligação prévia de algumas entida-
des com os médiuns, para sintonização e atração mais intensa, ou quando o traba-
lho, notadamente na fase de expulsão e absorção, for mal conduzido. Há de se
ressaltar que esses fatores poderão ocorrer por outras causas, incluindo desajustes
físicos e psíquicos a que todos estamos sujeitos.
As forças consumidas durante a atividade, quer sejam orgânicas, mentais ou
magnéticas, são supridas com a colaboração dos servidores espirituais e os cuida-
dos naturais, como repouso, alimentação, prece e t c . Não há porque temer a
exaustão.

454
17.5) RESUMO DAS SENSAÇÕES DOS MÉDIUNS

FASES PRINCIPAIS SENSAÇÕES

Retiram as cargas fluídicas perniciosas;


EXPULSÃO Bem estar e satistação pessoal;
Equilíbrio energético, mental e emocio-
nal.

Fenômeno de doce excitação;


Agradável calafrio a eriçar a pele;
ABSORÇÃO
Suave pressão geralmente na região
epigástrica.

Enorme conforto espiritual;


Emissão de trilhões de raios; Formiga-
EMISSÃO
mento, comumente nas regiões torácica
e frontal.

Tremores, abalos ou agitação febril; Ver-


tigens e aceleração dos batimentos car-
díacos;
RECEPÇÃO Sudorese e mudança da coloração da pele;
Gemidos ou resmungos;
Confusão mental e alteração do humor;
Mal-estar e dor física.

17.6) CORRELACIONANDO
As principais sensações da fase de recepção: agitação, abalos ou convul-
sões, gemidos, resmungos e gritos podem ser também observadas nas narra-
ções dos Evangelistas, durante as ações desobsessivas nos primeiros dias do
Cristianismo. Vamos repetir algumas passagens, para novamente reafirmar a
nossa tese do provável emprego do Choque Anímico pelo Mestre Jesus e seus
discípulos:

455
"Ao que o espírito impuro o agitou violentamente e saiu dele, soltando um
grito estridente" (Marcos, 1:26).

"Por entre gritos e violentas convulsões saiu dele" (Marcos, 9:26).

"Enquanto ele vinha chegando, maltratava-o e agitava-o violentamente o


demônio" (Lucas, 9:42).

Excluindo a ausência de controle mediúnico por parte dos médiuns obseda-


dos, podemos observar que os versículos dos Evangelhos retratam situações bem
semelhantes às anotações de Manoel P. de Miranda, André Luiz e Camilo Castelo
Branco (autor espiritual do livro Memórias de um Suicida).

17.7) OUTRAS PERCEPÇÕES

Existem várias outras sensações e percepções que poderiam ser detalhadas.


Fornecemos apenas um quadro geral e sintético.
Não devemos esquecer que é comum determinados médiuns portadores de
outras faculdades, além da de incorporação, sentirem, ouvirem, verem quadros
mentais, aspectos espirituais das entidades, reações dos espíritos sofredores, etc.
O servidor não deve se ater a estes registros, evitando o desempenho de múltiplas
funções. Deverá de forma consciente e ativa aproveitar dessas percepções para
melhor direcionar e potencializar sua ação mental em benefício dos irmãos em
sofrimento. Disciplina aliada ao senso prático e efetivo, evitando o desperdício de
energia, a desatenção, a curiosidade e a falta de objetividade.
Outros, principalmente no início, pouco ou nada sentirão, mas devem, mesmo
assim, serem úteis, lembrando que todas as ações de auxílio da cadeia magnética
são mentais. Com tempo, esforço, experiência e observação, poderão ampliar as
próprias condições pessoais. A respeito, adverte o instrutor Alexandre (Missio-
nários da Luz, 21. ed., p.27):

Mediunidade construtiva é a língua de fogo do Espírito Santo, luz divina


para o qual é preciso conservar o pavio do amor cristão, o azeite da boa
vontade pura. Sem a preparação necessária, a excursão dos que provocam
o ingresso no reino invisível é, quase sempre, uma viagem nos círculos de
sombra. Alcançam grandes sensações e esbarram nas perplexidades dolo-
rosas. Fazem descobertas surpreendentes e acabam nas ansiedades e dúvi-
das sem fim. Ninguém pode trair a lei impunemente, e, para subir, Espírito
algum dispensará o esforço de si mesmo, no aprimoramento íntimo...

Esforçai-vos por alcançar os dons espirituais, mor-


mente, porém, o dom da profecia ( I Coríntios, 14:2).

456
CAPÍTULO XVIII

CONTRADIÇÕES, DÚVIDAS
E
ESCLARECIMENTOS

Não penseis que vim trazer a paz à terra; não


vim trazer a paz, mas a espada. Vim para fazer sepa-
ração entre filho e pai, entre filho e mãe, entre nora e
sogra; e os inimigos do homem serão os próprios
companheiros de casa (Mateus, 10:34-36).
Ao encerrar os capítulos referentes à primeira parte do nosso trabalho, não
poderíamos deixar de discutir algumas contradições a respeito do método da cor-
rente magnética, procurando esclarecer algumas dúvidas, fortalecendo alguns pon-
tos que porventura possam ainda permanecer obscuros.
Para este fim, deveremos voltar a determinados conceitos, repeti-los e nova-
mente desenvolvê-los, procurando dentro dos nossos limites, aclarar ao máximo
todos os aspectos mais polêmicos.
Escolhemos, para facilitar a nossa tarefa, o livro O Passe: Seu Estudo, Suas
Técnicas, Sua Prática de autoria de Jacob Melo (2. ed., FEB), pelos argumentos
contrários à corrente magnética nele contidos, buscando completar as suas obje-
ções, com avaliações de outros aspectos que, constantemente, nos são apresenta-
dos, seja como dúvidas, limitações ou obstáculos ao emprego da cadeia magnética
desobsessiva.

18.1) O PASSE - SEU ESTUDO, SUA TÉCNICA, SUA PRÁTICA

Como sabemos, a nossa pesquisa se divide em dois volumes praticamente


iguais em termos de capítulos e número de páginas. As nossas obrigações diárias
nem sempre nos permitiram empenhar, como desejaríamos à coordenação deste
trabalho. Tivemos de contar com a compreensão e a paciência dos amigos que
esperavam ansiosamente a sua publicação.
Por diversas vezes reiniciamos toda a tarefa até atingir os objetivos que ha-
víamos proposto, fazendo e tornando a fazer, adequando ao máximo os conceitos
formulados até chegarmos à forma atual, que a nosso ver, ainda não é a ideal,
mas, pelo menos, fundamenta doutrinariamente o método, adequando-o à realida-
de de nossas casas espíritas e permitindo o seu aperfeiçoamento.
Por volta de 1992, em um destes ciclos de revisão, veio a lume o livro O
Passe: Seu Estudo, Suas Técnicas, Sua Prática de Jacob Melo. Como temos,
igualmente, grande interesse pelo assunto, imediatamente passamos a estudá-lo e
tivemos inúmeras surpresas agradáveis, à medida que íamos lendo metodicamen-
te o seu conteúdo.
Primeiramente, o método utilizado pelo autor se assemelha muito ao que já
estávamos empregando na realização do nosso trabalho. Partindo de citações e
argumentações de várias obras de nosso acervo doutrinário, Jacob Melo leva-nos
a raciocínios e conclusões admiráveis a respeito das doações fluídicas. A diferen-
ça em relação a nós é o brilhantismo com que o autor atinge os seus objetivos.
Vários textos por ele escolhidos haviam sido por nós utilizados, mudando-se em
alguns, o ângulo de abordagem, devido à destinação do seu livro e os objetivos de
nossa pesquisa.
A questão da utilização das técnicas magnéticas no passe espírita é aborda-
da de maneira bem mais ampla e conveniente do que as nossas referências ao
assunto. No seu trabalho de garimpagem, vai separando verdadeiras pedras
preciosas que são enriquecidas pelo seu pensamento lógico, sintético e claro,

459
tomando a obra de leitura obrigatória para todos aqueles que se dedicam, de manei-
ra sincera e responsável, à assistência fluídica aos nossos irmãos em sofrimento.
No entanto, como geralmente acontece com qualquer obra, torna-se impossí-
vel a concordância integral com todos os conceitos e conclusões que estão nela
contidos, principalmente com relação ao item que se refere às correntes.
Devido à forma com que o autor aborda o assunto se adequar perfeitamente
as nossas discussões referentes às contradições, achamos por bem refazer este
capítulo e alguns trechos de capítulos anteriores, para analisarmos a sua argu-
mentação, contrapondo raciocínios, procurando mostrar o outro lado das questões
por ele suscitadas. Queremos esclarecer, no entanto, que não nos move qualquer
sentido de crítica a quem quer que seja, e nem estamos aqui na posição de avali-
adores de uma obra espírita de tal envergadura. Não possuímos autoridade para
tal. Apenas movidos pelo desejo de sermos úteis e de apresentarmos com segu-
rança doutrinária a nossa tese, advinda de uma prática de longos anos, é que nos
dispomos a este mister.
Efetivado esses esclarecimentos, passemos à discussão de item por item das
objeções apresentadas no livro O Passe: Seu Estudo, Suas Técnicas, Sua Prá-
tica.

18.1.1) Kardec e Corrente

Com a palavra Jacob Melo:

As correntes que aqui trataremos não são, como já dissemos antes, as


que mencionamos quando definíamos os campos energéticos dos pacientes
e médiuns no item 2.1.2.1. - "la. Regra Geral" deste capítulo, mas sim uma
prática com a qual, em tese, não concordamos.
Comecemos por Kardec. Perguntou ele:
"Será conveniente a precaução de se formar cadeia, dando-se todos as
mãos, alguns minutos antes de começar a reunião?" Ao que obteve a se-
guinte resposta dos Espíritos: "A cadeia é um meio material, que não esta-
belece entre vós a união, se esta não existe nos pensamentos; mais conve-
niente do que isso é unirem-se todos por um pensamento comum, chamando
cada um, de seu lado, os bons Espíritos. Não imaginais o que se pode obter
numa reunião séria, de onde se haja banido todo sentimento de orgulho e de
personalismo e onde reine perfeito o de mútua cordialidade."
Se limitássemos toda nossa argumentação baseando-nos apenas na cita-
ção acima, acreditamos já seria suficiente. Mas, não ficaremos só aí. Ana-
lisemos, inicialmente, aquelas palavras de Kardec.
1. Cremos estar evidente que, no caso, "cadeia" e "corrente" são sinôni-
mos entre si; portanto, "dar as mãos" passa a ter um significado muito
próprio, ou seja: estabelecer "cadeia", "corrente".

460
2. Por ser um "meio material", a corrente não tem a condição intrínseca
de, por seu intermédio, vencer uma situação sobremaneira moral. Sua ação,
portanto, é apenas material e, se quisermos exceder seu alcance, chegare-
mos à evidência de que ela se dá nos limites dos "reflexos condicionados"
mas não efetivamente "direcionados".
3. A verdadeira "cadeia se dá pelo pensamento, sem qualquer sentimen-
to de orgulho ou personalismo, onde reine com perfeição a mútua cordiali-
dade". Isto quer dizer que nos grupos mediúnicos não vale alimentar senti-
mentos negativos, de qualquer ordem, pois eles rompem a "verdadeira cor-
rente" que é a mental, a psíquica, a moral." (p.246). (Grifo Original).

18.1.1.1) Contra-argumentando

A pergunta realizada por Kardec é de cunho geral e não específico. O Codi-


ficador não pergunta se "o dar as mãos" é conveniente na formação da cadeia
magnética como processo magnético de atendimento, mas sim como procedimen-
to inicial de uma reunião de evocação.
Os Bons Espíritos, ao responderem, chamam a atenção para a importância
dos aspectos mentais que são, em essência, o que une a todos, e que o dar as
mãos, simplesmente, não estabelece a união entre nós se não houver a ligação
mental a que, por inúmeras vezes, através de outros enunciados, já deixamos
claro em capítulos passados.
Vejamos que, mesmo diante de uma pergunta geral, os Espíritos não afirmam
que tal procedimento é inconveniente; dizem simplesmente que mais conveniente
é a união pelo pensamento.
Não concordamos e não acreditamos que seja necessário dar as mãos ao iniciar
qualquer uma de nossas reuniões. Mas daí a generalizar para os procedimentos, inclu-
indo as ações magnéticas, existe uma distância muito grande. Seria a mesma coisa de
perguntarmos aos Espíritos Superiores se é conveniente, ao iniciarmos uma reunião,
movimentarmos as nossas mãos à semelhança do que fazemos ao aplicarmos um
passe longitudinal, circular ou perpendicular. Claro que a resposta seria negativa e,
poderíamos ser igualmente chamados a atenção para as questões essenciais da men-
te. Em sendo negativa, nós concluirmos que as Técnicas Magnéticas do Passe são
inadequadas, seria ir muito além do âmbito da resposta.
Há ainda a afirmação destacada que "a cadeia é um meio material". Ora, a
Técnica Magnética do Passe, que o autor descreve e concorda, é também um
meio material de doações energéticas, que só é útil se a mente estiver presente na
sua execução. Dar o passe espírita com técnica adequada, mas com a mente
distante ou desligada é tão inadequado quanto formar a cadeia magnética com o
contato das mãos, sem que exista a comunhão pelo pensamento.

18.1.1.1.1) A Verdadeira Corrente

Jacob Melo escreve que a "verdadeira corrente" é a mental, psíquica, moral; fato
aliás, já plenamente destacado e explicado em quase todos os capítulos precedentes.

461
Mas nem por isso podemos concluir que fazer o contato das mãos na formação ou
durante os seus procedimentos funcionais, quando indicado, não tenha a sua razão
de ser, a sua explicação coerente e lógica, porque, como já afirmamos, esse con-
tato pertence muito mais ao campo dos efeitos pretendidos do que ao mecanismo
causal do fenômeno em si.

18.1.1.1.2) Todo o Cuidado é Pouco

Falamos no início que Kardec fez uma pergunta de cunho geral e não especí-
fico.
A esse respeito, o Mestre Lionês, no O Livro dos Médiuns (Edição Especi-
al, LAKE, item 286), diz:

"Todo o cuidado é pouco quanto ao modo de se fazerem as perguntas e


mais ainda quanto à natureza das perguntas. Duas coisas devem ser consi-
deradas nas perguntas que se dirigem aos Espíritos: a forma e o fundo."

Quanto à forma, o fundo e os limites de cada pergunta, esclarece o Codifica-


dor (itens 286/287):

1. "Sob o aspecto da forma, elas devem ser redigidas com clareza e precisão,
evitando-se as perguntas complexas."

2. "O fundo da pergunta requer uma atenção ainda mais séria, porque é mui-
tas vezes a natureza da pergunta que provoca uma resposta justa ou falsa;
[..]."

3. "As perguntas, longe de terem o menor inconveniente, são de uma grande


utilidade sob o ponto de vista da instrução, quando sabemos formulá-las
dentro dos limites desejados."

Conseqüentemente, o limite desejado por Kardec à pergunta que inicia a


nossa discussão está definido no aspecto geral das reuniões de evocação, e
não das cadeias magnéticas como forma de tratamento ou terapia. A respos-
ta é adequada dentro desse limite, mas falsa a nosso ver, quando extrapolamos
dando a ela interpretações que vão muito além do seu conteúdo. Daí não
concordarmos com a opinião do autor ao dizer que basta esta citação para
descartar ou discordar da formação da cadeia ou corrente magnética com o
contato das mãos. Na nossa visão, os Espíritos Reveladores apenas destaca-
ram os fatores essenciais, principais, que devem reger toda reunião espírita
séria, e em nenhum momento afirmaram que "o dar as mãos", na formação
da cadeia magnética, objetivando determinados efeitos, seja inconveniente,
inadequado ou desnecessário.

462
18.1.1.2) Continuando o Estudo das Opiniões do Codificador

Dando prosseguimento, Jacob Melo (p.247) traz a citação que consta no ca-
pítulo 14 da nossa pesquisa:

Busquemos Kardec mais uma vez e observemos quando ele comenta a


cura de uma fratura óssea: "(...) A cura foi produzida, no caso, como em
todos os casos de cura pela magnetização espiritual, pela ação do fluido
emanado do Espírito; que esse fluido, posto que etéreo, não deixa de ser
matéria; que pela corrente que lhe imprime, o Espírito pode com ele im-
pregnar e saturar todas as moléculas da parte doente; que pode modificar
suas propriedades, como o magnetizador modifica as da água, dando-lhe
uma virtude curativa, adequada às necessidades; que a energia da corren-
te está na razão do número, da QUALIDADE e da HOMOGENEIDADE
dos elementos que constituem a corrente das pessoas chamadas a forne-
cer seu contingente fluídico. Essa corrente provavelmente ativa a secre-
ção que deve produzir a soldadura dos ossos (...).
Notemos agora que em nenhum momento Kardec se refere a "dar as
mãos", mesmo porque a ação foi de magnetismo espiritual e não animal;
depois, ele foi explícito quando grifou "qualidade e homogeneidade", deixan-
do de grifar "número" na mesma frase, com isso representando que não é o
número de participantes, nem a maneira como são eles dispostos, que importa
na "corrente", mas outros valores. Depois, na primeira vez que ele emprega
o termo "corrente" fácil perceber que é no sentido de "campo fluídico" que
ele se refere e não do que estamos tratando neste item. (Grifos Originais).

Os argumentos por nós apresentados, no capítulo 14, demonstram que a nos-


sa opinião é totalmente contrária às ilações que o autor faz da opinião de Kardec.
O fato do Codificador destacar a "qualidade" e "homogeneidade" não significa
que as questões do número, ligação e disposição dos médiuns e dos Espíritos, que
o texto comentado se referia, são inadequados ou antidoutrinários. Pelo contrário,
em nenhum momento Kardec condena ou critica a formação da cadeia que a
carta a ele enviada comentava. O Codificador, como naquela oportunidade afir-
mamos, deveria saber perfeitamente o que significava formar "cadeia magnética"
conforme pedidos dos Bons Espíritos. É a partir daí que ele explica o fenômeno
da cura.
Se o número, a disposição, a interação na cadeia magnética não fossem tam-
bém importantes (desde que se obedeça o princípio fundamental de "qualidade e
homogeneidade"), porque os Bons Espíritos haveriam de pedir a sua formação e
ainda por cima, fazê-la paralela, conforme descreve a correspondência de
Montouban?
O fato de se grifar um item não significa que os outros aspectos não sejam
importantes ou necessários. Se assim o fosse, somente o que está destacado na
obra Kardequiana é que teria valor.

463
Não resta dúvida que o termo "corrente" empregado por Kardec se refere
ao "campo fluídico" ou à "salutar corrente fluídica" formada, porém, não a partir
de uma ação descoordenada, mas através de um método que o Codificador deve-
ria perfeitamente conhecer: a Cadeia Magnética.
Por outro lado, a correspondência de Montauban não esclarece se a cadeia
magnética formada pelos encarnados e pelos desencarnados foi realizada com
contato das mãos ou não. Mas Jacob Melo, como muitas vezes acontece com
outros confrades, reduz todo o processo ao simples "dar as mãos", confundindo
efeito com causa, aspecto secundário com prioritário.
Todas as vezes que se fala em cadeia magnética, a questão das mãos sempre
surge como se fosse algo peremptório e essencial, transformando todo o processo
ao simples dar as mãos, como se a corrente se reduzisse a esse quadro. Já tive-
mos a oportunidade de afirmar e reafirmar que o dar as mãos na cadeia magnéti-
ca desobsessiva não é causa ou fator absoluto, mas sim condição para determina-
dos efeitos que se possa desejar, podendo ser realizada com ou sem este contato.
A principal pecha atribuída à cadeia magnética a este respeito é que o "dar
as mãos" é um ritualismo e que a doutrina espírita não compactua com rituais,
concluindo a partir daí que o método não é adequado à prática doutrinária.
Em nosso ver tais raciocínios são semelhantes a este: "Todo elefante é um
animal superior", "O homem é um animal superior", portanto "Todo elefante é um
homem." E a partir daí, cria-se uma enorme batalha, onde inúmeros argumentos e
citações são apresentadas para justificar a não aceitação ou condenar o método,
sem a devida fundamentação doutrinária, ou experiência prática que contribua
para o esclarecimento real da questão.
Sentimos como nos primeiros dias do Cristianismo, quando a questão da cir-
cuncisão era abordada com veemência e colocada como fator central nos encon-
tros ou concílios realizados pelos Apóstolos.
Da mesma forma, guardadas as proporções, a questão de dar as mãos na
formação ou no desenvolvimento da corrente magnética vem se tornando um fa-
tor de discussão capital, esquecendo-se de todos os outros aspectos nela contidos,
principalmente a grande possibilidade de assistência e socorro aos necessitados
de medicação espiritual, sejam encarnados ou desencarnados. Discutir o assunto
é semelhante a entrar em um labirinto, onde parece ser impossível achar o fio
racional que nos leve à saída superior.
Ao nos dispormos a voltar ao tema, rediscutindo-o e aprofundando-o, não
nos move qualquer sentimento de querer colocar um ponto final na questão que
julgamos secundária e acessória ou vir a desrespeitar, com esta ou aquela argu-
mentação, irmãos de ideal que possam ser refratários ou que tenham convicções
contrárias às nossas. O objetivo é buscar esclarecer e contribuir para o entendi-
mento tão necessário e, sobretudo, mostrar que a ligação das mãos, quando efetu-
ada, não representa nenhum ritualismo ou desrespeito aos ensinos doutrinários
que nos sustentam a prática espírita, notadamente, na desobsessão.

464
18.1.1.3) As Manifestações Físicas

Segue Jacob Melo (p.247):

Continuemos com Kardec. Estudando ele as manifestações físicas (não


esqueçamos que as curas, em grande número de casos, são verdadeiros efei-
tos físicos), chegou à seguinte conclusão: "A princípio, como se ignorassem
as causas do fenômeno, recomendavam muitas precauções, que depois se
verificou serem absolutamente inúteis .Tal, por exemplo, a alternação dos
sexos; tal, também, o contato entre os dedos mínimos das diferentes pessoas,
de modo a formar uma cadeia ininterrupta. Esta última precaução parecia
necessária, quando se acreditava na ação de uma espécie de corrente
elétrica. Depois, a experiência lhe demonstrou a inutilidade."
"A única prescrição de rigor obrigatório é o recolhimento, absoluto
silêncio e, sobretudo, a paciência (...)."
Mesmo reconhecendo que aqui o Codificador não tratava especificamente
da cura, podemos inferir que a prática dos médiuns darem-se as mãos, de
se intercalar os sexos, de se tocarem os dedos, não encontra substância se
não na ignorância do fenômeno, isto é, são práticas não só passadas como
superadas pela própria verificação experimental de homens do labor e qui-
late de um Kardec. Em síntese: são práticas superadas há, no mínimo, um
século e meio. (Grifos Originais).

Partindo dos argumentos apresentados, poderíamos também dizer que a não


consideração dos aspectos de dar as mãos ou de formar a cadeia com ou sem
contato, descartando os outros fatores como intercalação de sexos, os toques de
dedos, que igualmente não achamos necessários, parte da ignorância do fenôme-
no ou desconhecimento do mecanismo intrínseco da corrente magnética.
De forma alguma podemos generalizar e dizer que, em síntese, são práticas
superadas há no mínimo século e meio. Novamente, o que ocorre é uma conclu-
são geral a partir de uma questão específica e limitada.
Iniciemos pelo fato de que os Fenômenos de Efeitos Físicos comentados por
Kardec, de modo algum, são iguais aos decorrentes da formação e desenvolvimento
da cadeia magnética. Podem partir dos mesmos princípios, mas não são iguais quanto
aos mecanismos e nem sequer na qualidade dos fluídos e das entidades presentes.
Ao inferir determinados conceitos que possam estreitar os métodos ou fenômenos
como comuns, é cometer, em nossa opinião, erro grave. Senão, vejamos:

18.1.1.3.1) Mecanismos das Manifestações Físicas

1) Ação dos espíritos

"Quando uma mesa se move sob suas mãos, o Espírito evocado vai tirar
do fluido universal o que anima a mesa com uma vida artificial. A mesa

465
assim preparada, o Espírito a atrai e a move sob a influência de seu próprio
fluido irradiado por sua própria vontade." (O Livro dos Médiuns,Edição
Especial, LAKE, item 74, perg.9).

2) Os espíritos que produzem este fenômeno

"Os Espíritos que produzem estas espécies de fenômenos são sempre


Espíritos inferiores que não estão ainda inteiramente libertados de toda in-
fluência material." (O Livro dos Médiuns, Edição Especial, LAKE, item
74, perg.ll).

3) O papel dos médiuns

"Eu já disse, o fluido próprio do médium se combina com o fluido uni-


versal acumulado pelo Espírito; é preciso a união desses dois fluidos, isto
é, do fluido animalizado com o fluido universal, para dar vida à mesa. Mas
note que esta vida é apenas momentânea; extingue-se com a ação e mui-
tas vezes antes do fim da ação, logo que a quantidade de fluido não é
suficiente para animá-la." (O Livro dos Médiuns, Edição Especial, LAKE,
item 74, perg.14).

4) A ação dos espíritos, sem o conhecimento do médium

"Pode agir sem o médium saber; isto é, muitas pessoas servem de auxili-
ares aos Espíritos para certos fenômenos, sem o perceberem. O Espírito
tira delas, como de uma fonte, o fluido animalizado do qual tem necessida-
de; é assim que o concurso de um médium tal como você o entende não é
sempre necessário, o que acontece principalmente nos fenômenos espon-
tâneos." (O Livro dos Médiuns, Edição Especial, LAKE, item 74, perg.15).

5) Vontade do médium

5.1) Papel

"Atrair os Espíritos e secundá-los no impulso dado ao fluido." (O Livro


dos Médiuns, Edição Especial, LAKE, item 74, perg.18).

5.2) Ação da vontade

"Aumenta a força, mas não é sempre necessária, porque o movimento


pode ter lugar contra e apesar dessa vontade, e aí está uma prova de que há
uma causa independente do médium." (O Livro dos Médiuns, Edição Es-
pecial, LAKE, item 74, perg.18).

466
6) Magnetismo como princípio, mas não como o entendemos

"O magnetismo é sem dúvida o princípio destes fenômenos, mas não tal
como o entendemos geralmente; a prova é que há magnetizadores muito
fortes que não fariam mover-se uma mesinha e pessoas que não podem
magnetizar; crianças mesmo, às quais basta pousar os dedos sobre um pe-
sada mesa para fazê-la agitar-se; logo, se a força mediúnica não está em
proporção da força magnética, é porque há uma outra causa." (Allan Kardec,
O Livro dos Médiuns, Edição Especial, LAKE, item 74, perg.19).

O próprio Kardec, nas suas observações, chega a dizer que o magnetismo é,


sem dúvida, o princípio dos Fenômenos de Efeitos Físicos, mas ressalta que não
tal qual o entendemos.
Já a corrente magnética possui no Magnetismo não só os seus princípios como
a sua própria expressão. Emprega nos seus processos todos os conceitos do Mag-
netismo e, no caso da cadeia desobsessiva, amplia-os pelos postulados espíritas.
Se voltarmos aos capítulos passados e compararmos item por item, podere-
mos identificar que o mecanismo da corrente magnética chega em determinados
aspectos a ser contrário às ocorrências verificadas durante os fenômenos de Efei-
tos Físicos.
No caso das manifestações físicas, o Espírito atrai os fluidos dos médiuns,
combinando-os com os seus para atuar, por exemplo, sobre a mesa, podendo rea-
lizar esta ação com a participação ativa dos médiuns ou até contrária a ela.
Nas ações magnéticas humano-espirituais, nas quais a cadeia magnética
desobsessiva está inclusa, o Espírito derrama sobre os médiuns os seus fluidos e
estes passam a servir de veículo, sendo que a vontade do medianeiro é de impor-
tância capital para a perfeita interação e associação fluídica.
No primeiro fenômeno, o médium, mesmo que não saiba, é a fonte. No se-
gundo, o espírito é que é a fonte, e o médium quanto mais se dispuser a associar-
se a esta fonte, maiores e melhores resultados obterá.
Nos Fenômenos de Efeitos Físicos, o Espírito pode atrair ou absorver os
fluidos de um ou vários médiuns, independente da disposição, associação, distân-
cia dos médiuns entre si e destes para os Espíritos. No caso da ação magnética
humano-espiritual, os Espíritos quando querem atuar sobre o encarnado, geral-
mente dele se aproximam e emitem ou despejam os seus fluidos. O mesmo deve
ocorrer se um encarnado quiser influenciar o outro. Daí a importância que estes
aspectos (disposição, distância, interação) passam a ter na formação da corrente
magnética, pois facilitam a influenciação mútua, favorecem a formação de um
todo orgânico, onde cada servidor poderá ser comparado a uma tomada elétrica
dando passagem às forças que não lhe pertencem.
Portanto, podemos concluir que ambos os fenômenos se expressam ou obe-
decem, a princípios iguais, porém, em bases por assim dizer diametralmente opos-
tas. Conseqüentemente, não se pode inferir que o que é inútil e desnecessário a
um, não venha a ser útil ou necessário a outro.

467
18.1.1.3.2) Comparando

Para facilitar o exame das diferenças, voltemos aos capítulos passados (prin-
cipalmente ao item 9.5.5) e através das palavras chaves, vamos analisar os méto-
dos e os mecanismos das Manifestações Físicas, comparando-os aos da Cura e
da Corrente Magnética.

Aspectos Manifestações Físicas Cura e Cadeia magnética

Atuam com o próprio flui- Derramam os fluidos sobre


Ação dos Espíritos o Magnetizador que serve
do e a própria vontade.
de veículo.

Hierarquia São sempre Espíritos Infe- É necessário a ação de um


riores. Bom Espírito.

0 fluido do Médium com- A Força Magnética reside


Papel do Médium bina com o Fluido Univer- no homem, mas é aumen-
sal acumulado pelo Espíri- tada pela ação dos Espíri-
to. tos.

0 Espírito pode agir sem o Dupla ação: terrena e ex-


Espírito e Médium Médium saber. traterrena.
Muitos são auxiliares sem 0 Espírito dardeja raios so-
o perceberem. bre o indivíduo.

A Vontade é sempre uma


Atrair os Espíritos e secun- força ativa. A Vontade é o
A Vontade do Médium dá-los. impacto determinante.
Aumenta a força mas não A energia da corrente esta
é sempre necessária. na razão direta do pensa-
mento e da vontade.

Necessário um Magnetiza-
O Magnetismo É o princípio, mas não qual dor experimentado e perfei-
o entendemos. tamente convicto da verda-
de Espírita.

468
18.1.1.3.3) Meio que Dá Bom Resultado

Um meio que freqüentemente dá bom resultado consiste em empregar


como auxiliar momentâneo um bom médium escrevente flexível já desen-
volvido. Se êle pousa a mão ou seus dedos na mão que deve escrever, é
raro que esta não o faça imediatamente; compreendemos o que se passa
nesta circunstância: a mão que segura o lápis torna-se um como apêndice
da mão do médium, como o seria uma cestinha ou uma prancheta; mas isto
não impede que este exercício seja muito útil quando o podemos empregar,
pois que, freqüente e regularmente repetido, ajuda a superar o obstáculo
material e provoca o desenvolvimento da faculdade. Basta ainda algumas
vezes magnetizar fortemente, com esta intenção, o braço e a mão daquele
que quer escrever; freqüentemente, mesmo o magnetizador se limita a co-
locar sua mão na espádua e temos visto quem escreve prontamente sob
esta influência. O mesmo efeito pode igualmente se produzir sem nenhum
contato e somente pelo fato único da vontade. Concebe-se sem dificuldade
que a confiança do magnetizador em sua própria força, para produzir este
resultado deve desempenhar aqui um grande papel e que um magnetizador
incrédulo teria pouca, senão nenhuma ação. (Allan Kardec, O Livro dos
Médiuns, Edição Especial, LAKE, item 206).

Se no texto anterior, Kardec em relação aos Fenômenos de Efeitos Físicos


diz que o contato das mãos entre os encarnados ou médiuns é absolutamente
inútil, pelas razões anteriormente apresentadas, aqui observamos exatamente o
contrário. O Codificador afirma que o contato freqüentemente dá bons resultados
e que tal procedimento é muito útil.
Allan Kardec sabia que a ação fluídica ocorre de perispírito a perispírito, de
mente a mente, e chega a dizer que o mesmo efeito pode se produzir sem nenhum
contato, somente pelo fato único da ação da vontade. Mas nem por isso o contato
das mãos ou da mão sobre a espádua é tido como prática ultrapassada, ritualística,
desnecessária, inútil. Explica que este exercício é muito útil quando se pode
empregá-lo, pois, quando freqüentemente repetido, ajuda a superar obstáculo ma-
terial e provocar o desenvolvimento da faculdade.
Destaca o mecanismo, dizendo que compreendia o que se passa nesta cir-
cunstância: "a mão que segura o lápis torna-se um como apêndice da mão do
médium , como o seria uma cestinha ou uma prancheta."
A cadeia magnética pode ser formada com ou sem o contato das mãos. Quando
este contato é utilizado, visa-se, dentre vários outros fatores, (vide capítulo 14):
ampliar as trocas energéticas; permutar valores magnéticos; diminuir as resistên-
cias fluídicas, vibratórias e materiais; agilizar o fluxo das energias mais densas;
facilitar a associação e a interação entre os participantes; assegurar a comunica-
ção recíproca entre os servidores e auxiliar inclusive no treinamento e adequação
dos médiuns iniciantes.

469
Um dos mecanismos básicos é que a mão de cada médium passa a ser um
"apêndice" da mão do outro, integrando-os, formando um todo orgânico, uma ver-
dadeira bateria.
Concebe-se que existindo ou não o contato, a vontade consciente e ativa de
cada integrante da cadeia é preponderante. O contato das mãos auxilia, é útil,
ajuda a superar obstáculos, mas é a confiança na própria força, em interações
humano-espirituais, que desempenha, também aqui, um grande papel.

18.1.1.3.4) Outras Razões

Por fim, encerrando a nossa discussão a respeito das opiniões do Codificador,


em análises desenvolvidas por Jacob Melo, ainda podemos acrescentar que outra
razão pela qual Kardec discordava de qualquer contato entre os encarnados ou de
auto-contato, durante os Fenômenos de Efeitos Físicos, era a fraude:

Basta pousar as duas mãos espalmadas na mesa e bastante juntas para


que as unhas dos polegares se apoiem fortemente uma contra a outra; en-
tão, por um movimento circular perfeitamente imperceptível, faz-se com
que experimentem um atrito que produz um leve ruído seco, tendo uma
grande semelhança com a tiptologia íntima. [...].
Uma vez prevenido, o meio de reconhecer a fraude é bem simples. Ela
não é possível, se as mãos estiverem separadas uma da outra, e se se asse-
gurar que nenhum outro contato pode produzir o ruído. (O Livro dos Mé-
diuns, Edição Especial, LAKE, item 319).

Desnecessário dizer que, em relação à cadeia magnética, estes cuidados e


os inconvenientes destacados não existem.

18.1.2) Outras Obras

Na seqüência, Jacob Melo fala a respeito das obras de Mesmer, Deleuse,


Reichenbach, Edgard Armond, voltando a mostrar que a verdadeira corrente mag-
nética é fluídica e mental e não a que se forma com a mão, insistindo assim na
ineficiência deste procedimento. Mais uma vez confunde princípio com método,
causa com efeito, ação principal com secundária. Como já discutimos por várias
vezes esta questão, deixaremos ao leitor a escolha de voltar aos itens e/ou capítu-
los anteriores para melhor esclarecimento.

18.1.3) André Luiz e a Questão das Mãos

No livro que inicialmente nos serve de base para o estudo das contradições
referentes à cadeia magnética, o autor traz duas citações das obras de André
Luiz, fundamentando a sua análise, destacando a inutilidade do contato das mãos
e, conseqüentemente, da corrente magnética.

470
O primeiro texto vem do livro Obreiros da Vida Eterna, quando André Luiz
descreve uma série de entidades, formando corrente, dando-se as mãos a fim de
fugir das regiões de sofrimentos e atingir a Casa Transitória, comentando que
"esse processo de troca instintiva dos valores magnéticos infundia-lhes prodigiosa
renovação de poder, porquanto levantavam, sobrepondo-se ao desvairado ajunta-
mento."
Ao analisar, Jacob Melo conclui que "como se tratava de Espíritos recém saídos
do umbral", que mal vislumbravam o imenso paraíso a se lhes descortinar, "a corrente
magnética" carecia do "condicionamento instintivo das mãos dadas", ou em outras
palavras, os Espíritos só se utilizaram desse procedimento, porque eram inferiores e
sem conhecimento.
O fato das entidades estarem em condição inferior, não significa que o méto-
do ou a ação instintiva, por elas empregado, visando à sua elevação conjunta,
também o seja. Ora, esses mesmos Espíritos utilizaram da prece e da elevação do
pensamento, para conseguirem sair das regiões infelizes em que se situavam e,
nem por isso, podemos concluir que orar e iluminar a mente sejam ações condici-
onadas e provenientes de entidades inferiores e ignorantes.
No XIV, verificamos por várias citações que André Luiz, Hipólito, Jerônimo,
Silas também utilizaram este mesmo recurso, realizando ações similares, sendo
que a principal explicação para este procedimento foi que esta medida destinava-
se à permuta energética em regime de assistência mútua.
Se dar as mãos, ao formar uma corrente magnética, é expor limitações na
maneira de agir e pensar, acreditamos que tais limitações também fazem parte da
prática assistencial realizada por Espíritos de comprovado saber e bondade.

18.1.3.1) O Segundo Texto

O segundo texto de André Luiz, citado e comentado pelo autor do livro O


Passe: Seu Estudo, Suas Técnicas, Sua Prática, vem da obra Missionários da
Luz e, igualmente, já foi analisado por nós, no capítulo 14, onde inclusive, refuta-
mos alguns argumentos apresentados por ele. Vamos voltar à citação e discutir
novamente as ponderações de Jacob Melo (p.251).

Na outra obra, André Luiz nos apresenta uma reunião de desobsessão


quando serão atendidos vários Espíritos rebeldes, difíceis, violentos alguns.
Assim descreve ele seu espanto: "Observei que muitos servidores de nossa
esfera (espiritual) mantinham-se de mão dadas, formando extensa cor-
rente protetora da mesa consagrada aos serviços da noite. O quadro era
para mim uma novidade.
Alexandre, porém, explicou-me, discreto:
"-Trata-se da cadeia magnética necessária à eficiência de nossa tarefa
de doutrinação. Sem essa rede de forças positivas, que opera a vigilân-
cia indispensável, não teríamos elementos para conter as entidades per-
versas e recalcitrantes ."

471
"(...) Sentindo, agora, o ambiente em que se achava, Marinho quis recu-
ar, mas não pôde. A fronteira vibratória estabelecida pelos nossos cola-
boradores, a reduzida distância da mesa de fraternidade, impedia-lhe a fuga."
Trocaremos, igualmente, em itens, esta citação.
1. Aqui vemos alguns colaboradores do Plano Espiritual dando-se as
mãos para formar uma "extensa corrente protetora". Sabemos que os
colaboradores do plano espiritual não são todos Espíritos Superiores;
muitos são Espíritos com especialidade em determinados trabalhos, mas
que não alcançaram ainda um nível de elevação moral suficiente para
serem classificados como superiores. Depois, é igualmente universal a
informação de que os trabalhos espirituais mais "pesados" são entre-
gues, quase sempre, a Espíritos de "boa vontade" e não, precipuamente,
aos Espíritos Superiores.
2. Como já frisado pelo Espírito Bezerra de Menezes, lembremos
que para determinadas atividades, a polícia impõe mais respeito que a
gravidade de homens sérios, ou seja: a aparência muitas vezes é
requerida para conter, mesmo psiquicamente, Espíritos bem inferiores.
3. A "cadeia magnética" de que fala Alexandre tem a função primordial
de favorecer um clima de segurança à doutrinação e não de congregar
fluidos para simplesmente aplicá-los nos Espíritos; funciona, no caso, como
um "cordão de isolamento".
4. Com barreiras fluídicas dessa natureza, no Plano Espiritual, se evita a
evasão dos perturbados que vêm para serem atendidos, ou o assédio direto
dos outros que, de fora, ficam tentando perturbar os trabalhos mediúnicos.
5. Como no caso anterior, não dá para inferir que nem André Luiz nem a
Espiritualidade estejam sugerindo demo-nos as mãos para procedermos o
atendimento pelos passes ou ainda que correntes de mãos sejam condições
indispensáveis ao atendimento dos necessitados das intervenções magnéti-
cas. (p.251).

Analisemos as objeções, item por item:

1. Já respondemos as objeções do primeiro tópico, no capítulo 14, item 14.


6.2.2, parte 4, quando procuramos mostrar que os Espíritos que formavam a ca-
deia magnética não eram simplesmente de "Boa Vontade", realizando trabalhos
mais "pesados" sem terem alcançado ainda um nível de elevação moral suficiente
para serem classificados como superiores.
Pelo contrário, deveriam ser técnicos com qualidades de ordem superior, pos-
suindo certos conhecimentos especializados.

2. A questão não é de simples aparência ou de ação psicológica. A cadeia


formada com o contato das mãos era uma rede de forças positivas que operava a
vigilância indispensável para conter, segundo André Luiz, entidades rebeldes, difí-
ceis e violentas.

472
Notemos que em momento algum foi comentado o emprego pelos Espíritos
de aparelhos ou apetrechos magnéticos à semelhança dos descritos no capítulo
XI, quando se torna possível contar com a colaboração de entidades movidas
apenas de boa vontade. Aqui não, os Espíritos que integram a cadeia magnética
realizavam uma fronteira vibratória.
Fronteira vibratória é uma ação mental, moral. Ninguém poderá realizar esta
ação se não for superior, principalmente no caso em estudo, onde as entidades
assistidas eram rebeldes, difíceis e violentas. Kardec, a respeito, diz o seguinte:

"Exerce-se o ascendente sobre os Espíritos inferiores pela superiorida-


de moral unicamente." (O Livro dos Médiuns, Edição Especial, LAKE,
item 279). (Grifo Original).

"Ora, quando dois homens lutam corpo a corpo, é o de músculos mais


fortes que vencerá o outro. Com um Espírito não se luta corpo a corpo, mas
de Espírito a Espírito; e ainda o mais forte será o vencedor. Aqui a força
está na autoridade que se pode exercer sobre o Espírito e tal autoridade
está subordinada à superioridade moral." (Revista Espírita, dez. 1862,
p.362).

Podemos mais uma vez confirmar que não bastava aos Espíritos que integra-
vam a cadeia magnética em foco, terem apenas "Boa Vontade", pelo contrário,
devido à inferioridade das entidades socorridas, tornava-se indispensável a supe-
rioridade e autoridade moral, além de conhecimentos especializados como já foi
demonstrado e comentado.
Se Espíritos dessa ordem, ao formarem uma cadeia magnética, davam-se as
mãos, é porque este contato tem a sua razão de ser, uma utilidade prática, uma
explicação lógica, e não simplesmente reflete uma ação condicionada de Espíritos
de "Boa - Vontade", realizando trabalhos mais "pesados", infundindo respeito por
ação psicológica à semelhança de policiais terrenos, como acredita o autor nas
ponderações em estudo.

3. Não resta dúvida que os Espíritos formaram uma fronteira vibratória de


contenção, uma espécie de "cordão de isolamento" de ação mental e moral, uma
rede protetora estruturada na superioridade moral e na elevação do pensamento.
Porém, esta "fronteira", "cordão" ou "rede" veio a efeito a partir de um método:
"cadeia magnética formada com contato das mãos".

4. Os Espíritos formam inúmeras barreiras fluídicas durante os nossos traba-


lhos assistenciais. A descrita por André Luiz era destinada à proteção e à eficiên-
cia da tarefa de doutrinação, e foi formada "a reduzida distância da mesa de
fraternidade". Esta rede protetora, estruturada a partir de uma cadeia magnética,
equivale à corrente vibratória descrita no livro Memórias de um Suicida (p.150):

473
"Abrangendo essa primeira corrente magnética produzida pelas vibra-
ções harmoniosas dos encarnados, existia uma segunda, composta por
entidades translúcidas e formosas, cujas feições mal podíamos fixar,
tais os reflexos vivos que emitiam..." (Grifos nossos).

Essa segunda corrente, referida no texto, corresponde em todos os aspectos


a cadeia magnética comentada por Alexandre. Se compararmos detalhadamente,
veremos que ambas se destinam à mesma ação. Mais uma vez, podemos confir-
mar que os Espíritos que realizam esta tarefa são de ordem superior.
Essa segunda corrente não é responsável pela vigilância externa, nem se
destina diretamente a evitar o assédio de entidades que buscam perturbar os tra-
balhos mediúnicos. Essa tarefa é geralmente realizada por outra categoria de
servidores espirituais que se postam na entrada das agremiações espiritistas ou
religiosas, usando, rotineiramente, aparelhos de ação magnética.
As barreiras fluídicas realmente são formadas, mas cada uma tem uma
destinação e qualidade, sendo executadas com métodos distintos, por diferentes
categorias de entidades. A não compreensão da função e das especializações de
cada grupo de servidores é que pode nos levar a generalizações e a atribuir a um
grupo tarefas que não lhe pertencem, ou achar que basta ao Espírito ter "boa
vontade" para realizar qualquer uma delas.
A realidade é bem outra. "Exerce-se o ascendente sobre os Espíritos inferi-
ores unicamente pela superioridade moral". A cadeia magnética descrita que exer-
cia esta superioridade apoiava-se não somente na boa vontade de seus integran-
tes, como na força que a superioridade moral dá. Não era simplesmente uma
barreira fluídica, mas uma ação vibratória e magnética desenvolvida por Espíritos
de categoria superior.

5. Não achamos que para transmitirmos um passe seja necessário darmos as


mãos, ou que a corrente magnética venha a ser condição indispensável para o
atendimento de irmãos em sofrimento. Não. Desde o início advogamos que a
cadeia magnética é um dos meios de assistência, seja na "cura espiritual", na
vibração ou na desobsessão. Método que deve ser empregado em regime de es-
pecialização, obedecendo procedimentos específicos, assim como o passe espírita
e a desobsessão por doutrinação verbal.
A questão das mãos na realização ou não do contato entre os médiuns é um
aspecto secundário, pertencendo muito mais ao mundo dos efeitos do que ao das
causas; sendo útil em alguns momentos, quando utilizado com ação mental cor-
respondente.
Do texto estudado, não dá para inferir que André Luiz ou a espiritualidade
esteja nos orientando no sentido de darmos as mãos, nas diversas atividades de
assistência magnética que já desenvolvemos nas nossas casas espíritas. Mas dá
não só para inferir, como confirmar o emprego da cadeia magnética no plano
espiritual, incluindo os nossos trabalhos de doutrinação verbal, onde, segundo Ale-
xandre, ela é necessária.

474
Confirmamos ainda, que mesmo no plano espiritual, a cadeia magnética pode
ser utilizada com contato, à semelhança do que já nos ensinavam os magnetizadores
há mais ou menos duzentos anos atrás.
A grande polêmica que se forma em torno deste tipo de contato vai muito
mais pela inadequação de seu uso ou pelo extremismo do seu não uso, do que da
real compreensão do motivo e momento adequado para o seu emprego, como
fator, por exemplo, de assistência mútua, troca ou permuta energética. É exata-
mente dentro deste e de outros parâmetros já mencionados que aceitamos, con-
cordamos e o empregamos.

18.1.4) Outras Opiniões

Todas as vezes que discutimos o contato das mãos na formação ou durante o


desenvolvimento da cadeia desobsessiva, sempre surgem ponderações tendo por
base textos de autoria do prof. Herculano Pires, como aliás, também o faz Jacob
Melo ao encerrar as suas observações a respeito da corrente magnética.
Para discutirmos um pouco mais o assunto, escolhemos um outro texto do
prof. Herculano, constante no livro Mediunidade (6. ed., p.50):

"Se quisermos deformar e ridicularizar a prática espírita, basta exigirmos


a toalha branca na mesa, vestir os médiuns de vestes brancas e rituais,
obrigá-los a formar a corrente de mãos dadas e outras muitas tolices dessa
espécie. E o que fazem os espíritos mistificadores, através de dirigentes
superticiosos e simplórios."

De forma alguma somos partidários de qualquer prática que expresse ritualismo


ou mistificação, como igualmente não somos partidários de qualquer generaliza-
ção ou extremismo, principalmente aqueles oriundos da defesa da "pureza doutri-
nária" como se fôssemos senhores e guardiões de um patrimônio que acima de
tudo deve existir dentro de nós mesmos, devendo se expressar nos limites da
Tolerância, da Igualdade e da Fraternidade.
Como o próprio Herculano Pires diz no texto citado por Jacob Melo, "O Espiri-
tismo é simplicidade e bom senso". Sendo bom senso, aceitar determinados méto-
dos ou desenvolver determinadas práticas, está muito mais na esfera da lógica,
das explicações, das razões e dos porquês, do que na simples referência de que
tal atitude é ritualística, simplória ou supersticiosa.
Ritual, segundo o Novo Dicionário Aurélio é: "Conjunto de práticas consa-
gradas, pelo uso e ou por normas, e que se deve observar de forma invariável em
ocasiões determinadas; cerimonial."
Partindo dessa definição, podemos ter um ritual simplesmente por repetir
uma prática consagrada pelo uso, em obedecer cega e invariavelmente uma nor-
ma ou regra pré-estabelecida. Esta regra ou prática tanto poderá ser positiva
como negativa. Por exemplo, dar as mãos ou não dar as mãos são duas regras

475
contrárias que obedecidas normalmente ou praticadas rotineiramente, devido a
consagração pelo uso, poderão exprimir da mesma forma um cerimonial ou um
ritualismo. O ritual de dar as mãos e o ritual de não se dar as mãos.
É o que temos visto acontecer no movimento espiritista. A pretexto de não
compactuarmos com práticas ritualísticas, temos através de palestras, textos, en-
trevistas, comentários, etc, estabelecido os Rituais do Não.
Para fugirmos de um, como de outro, os estudos orientados nas bases sólidas
da lógica é que devem nortear as diretrizes práticas por nós exercidas nas casas
espíritas. Segundo Kardec (O Livro dos Médiuns, Edição Especial, LAKE, p.6,
introdução):

"A prática do Espiritismo é rodeada de muitas dificuldades e nem sempre


está isenta de inconvenientes que somente um estudo sério e completo pode
evitar."

Não basta que o estudo seja sério, necessário é que também seja completo.
E é aí, a nosso ver, que entra a questão do contato das mãos. Este contato poderá
ser inconveniente e desnecessário em várias ocasiões, mas se fizermos um estu-
do completo sobre a questão, poderemos ver que ele também é freqüentemente
útil em algumas situações, como no exemplo citado pelo Codificador e sobretudo
no nosso caso, quando desejamos determinados efeitos no desenrolar da assistên-
cia prestada pela cadeia desobsessiva.
Outro fator de suma importância é a questão do verdadeiro ensino espírita.
Na opinião de Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, Edição Especial, LAKE,
introdução, item 17):

"A verdadeira doutrina espírita está no ensinamento dado pelos Espí-


ritos, e os conhecimentos que esse ensinamento encerra são muito sérios
para serem adquiridos por outro modo que não por um estudo profundo e
continuado, feito no silêncio e no recolhimento." (Grifos nossos).

Se a verdadeira doutrina espírita está no ensinamento dado pelos Espíritos, é


com eles e através de seus exemplos que devemos aprender, em silêncio e reco-
lhimento.

18.1.4.1) Utilização Pelos Espíritos do Contato das Mãos

A maioria dos argumentos que visam demonstrar a impropriedade do contato


das mãos, durante a formação e desenvolvimento da corrente magnética, se
estruturam na afirmação de que o processo de transmissão fluídica se dá de
perispírito a perispírito e de mente a mente; concluindo-se, a partir daí, que tal
conduta expressa ritualismo, limitação, desconhecimento, ignorância.

476
Nós já repetimos e estudamos, incansavelmente, através de inúmeras cita-
ções, o mecanismo básico das doações energéticas. Mas o conhecimento dos
princípios fundamentais não descartou a possibilidade de haver o contato em cer-
tas situações, quando dependendo do momento e da forma como é aplicado pode
se tornar tremendamente útil.
André Luiz nos dá inúmeros exemplos a respeito, mostrando Espíritos de
ordem superior empregando o contato das mãos em ações fluídico-mentais. Veja-
mos algumas narrações:

Exemplo 1

"Conrado, [orientador espiritual dos trabalhos], impondo a destra sobre


a fonte da médium, comunicou-lhe radiosa corrente de forças e inspirou-a a
movimentar as mãos sobre a doente, desde a cabeça até o fígado enfer-
mo." (Nos Domínios da Mediunidade, 12. ed., p.169).

Exemplo 2

"Nesse instante, o irmão Clementino pousou a destra na fronte do ami-


go que comandava a assembléia, mostrando-se-nos mais humanizado, qua-
se obscuro.
Notamos que a cabeça venerável de Clementino passou a emitir raios
fulgurantes, ao mesmo tempo que o cérebro de Silva, sob os dedos do
benfeitor, se nimbava de luminosidade intensa, embora diversa." (Nos Do-
mínios da Mediunidade, p.46).

Exemplo 3

"Sem perda de tempo, colocou a destra na fronte da menina, manten-


do-a sob vigoroso influxo magnético e transmitindo-lhe suas idéias genero-
sas. Reparei que aquela mão protetora, ao tocar os cabelos encaracolados
da jovem, expedia luminosas chispas, somente perceptível ao meu olhar.
[...].
- Nesse momento, Alexandre colocou novamente a destra sobre a fron-
te da jovem, que lhe traduziu o pensamento, em tom de respeito e carinho."
(Missionários da Luz, 21. ed., p. 51,52,56).

Exemplo 4

"Observei, então, um fenômeno curioso. Um amigo espiritual, que reco-


nheci de nobilíssima condição, pelas vestes resplandecentes, colocou a des-
tra sobre a fronte da generosa viúva. [...].

477
Notei que a viúva de Isidoro entrara em profunda concentração por alguns
momentos, como se estivesse absorvendo a luz que a rodeava. Em seguida,
revelando extraordinária firmeza no olhar, iniciou o comentário." (Os Men-
sageiros, 17. ed., p. 185-186).

Exemplo 5

"Notando minha estranheza, Aniceto colocou-me a destra na fronte,


transmitindo-me vigoroso influxo magnético, [...].
A cooperação magnética do querido mentor modificara a cena e fui com-
pelido a concentrar todas as minhas energias, a fim de não inutilizar a ob-
servação pelo golpe do espanto." (Os Mensageiros, p.254).

Exemplo 6

"Nesse instante, o médico transpôs o limiar e Maurício colocou sobre a


fronte dele a destra generosa, buscando fornecer-lhe intuições exatas, re-
ferentes ao caso de Margarida." (Libertação, 12. ed., p.133). (Todos os
grifos são nossos).

Poderíamos aqui listar mais de cem situações como essas, não só das obras de
André Luiz, como de Manoel P. de Miranda e outros autores. Acreditamos, porém,
que só essas que aqui estão nos bastam para completar os nossos raciocínios.
Em todas as cenas descritas, Espíritos de hierarquia superior, apesar de sa-
berem que a transmissão fluídica se dá de mente a mente e de perispírito a
perispírito, podendo, portanto, ser utilizada somente a magnetização pela vontade,
fazem o contato das mãos com a fronte não só de encarnados como dos próprios
desencarnados, como atesta o exemplo em que André Luiz foi beneficiado. Tal
contato não expressou ritualismo, limitações, reflexo condicionado, sortilégio, ig-
norância, superstição ou mistificação. Pelo contrário, foram ações coerentes e
simples com resultados extremamente adequados, onde ocorreram, segundo as
expressões do autor espiritual: "comunicação de radiosa corrente de força", "emis-
são de raios fulgurantes", "vigoroso influxo magnético, transmitindo idéias" e "co-
operação magnética".
Podendo este contato existir de Espírito para Espírito e desses para os en-
carnados, por que não poderá existir entre os encarnados, quando no desenvolvi-
mento de ações magnéticas sob o influxo fluídico dos servidores desencarnados,
necessitarem de promover a assistência mútua, a cooperação magnética ou a
comunicação de radiosa corrente de força, agindo em bloco, buscando promover
de maneira rápida, simples e eficiente a permuta energética?
Se as mãos podem agir como veículo de transmissão, por que não servirão,
igualmente, como aparelhos de recepção, permitindo a permuta e assistência mag-
nética recíproca?

478
18.1.4.1.1) As Mãos Como Aparelho de Recepção

Voltando ao livro Nos Domínios da Mediunidade, ao capítulo várias vezes


referido, "Assimilação de Correntes Mentais" (capítulo 5), poderemos verificar a
possibilidade das mãos não só transmitirem, como também servirem de aparelhos
de recepção, à semelhança do que ocorre com a região frontal dos personagens
das citações anteriores:

"Desejava investigar mais a fundo as impressões que lhe assaltavam o


campo físico, e observei-lhe, então, todo o busto, inclusive braços e mãos,
sob vigorosa onda de força, [...]." (p.47).

Mais à frente, o instrutoAulus conclui:

"Tais estímulos [recepção vibratória] se expressam ainda pelo mecanis-


mo das mãos e dos pés ou pelas impressões dos sentidos e dos órgãos, que
trabalham na feição de guindastes e condutores, transformadores e analis-
tas, sob o comando direto da mente." (p.50).

Braços, mãos e até pés, são comparados a "guindastes" e "condutores", a


receberem e a transmitirem vigorosas ondas de forças, durante os fenômenos de
assimilação de correntes mentais.
Quando utilizamos o contato das mãos durante a formação ou desenvolvi-
mento da cadeia magnética desobsessiva, colocamos em prática esses princípios,
visando a determinados efeitos, simples e imediatos, promovendo a cooperação
magnética em regime de permuta energética e assistência mútua.
Vale ressaltar, mais uma vez, que o contato por si só nada vale, se não ocor-
rer "sob o comando direto da mente."
Há ainda um pequeno raciocínio que gostaríamos de fazer antes de concluir
este item. Quando se afirma que a transmissão fluídica se dá de perispírito a
perispírito, não podemos esquecer que tanto em relação aos Espíritos desencar-
nados, como aos encarnados, que a "mão também é perispírito", estando o conta-
to dessa forma incluso no princípio básico de atuação, transmissão e recepção.
A questão polêmica que se forma em relação ao contato das mãos, entre os
médiuns que integram a corrente magnética é facilmente resolvida, principalmen-
te, se buscarmos os exemplos e ensinos dados pelos Espíritos sem superestimar-
mos questões, a nosso ver menores e secundárias, voltando todos os nossos es-
forços para as questões essenciais ou fundamentais, como aliás nos chama aten-
ção o Codificador ao final dos Prolegómenos. {O Livro dos Espíritos, Edição
Especial, LAKE, tradução de J. Herculano Pires):

A vaidade de certos homens, que crêem saber tudo e tudo querem expli-
car à sua maneira, dará origem a opiniões dissidentes; mas todos os que
tiverem em vista o grande princípio de Jesus se confundirão no mesmo

479
sentimento de amor ao bem, e se unirão por um laço fraterno, que envolve-
rá o mundo inteiro; deixarão de lado as mesquinhas disputas de palavras,
para somente se ocuparem das coisas essenciais. E a doutrina será sempre
a mesma, quanto ao fundo, para todos os que receberem as comunicações
dos Espíritos superiores.

18.1.5) Uma Infiltração Indevida

Não poderíamos terminar a nossa análise das objeções apresentadas por Jacob
Melo, a respeito da corrente magnética, sem discutirmos mais uma de suas pon-
derações:

Aliada à inutilidade, ainda pesa contra as correntes o fato de elas serem


uma "infiltração" indevida; afinal, seu uso é oriundo das escolas maçónicas
(que por sua vez se fundou no esoterismo egípcio antigo), as quais têm seus
rituais e motivos próprios - que não nos compete julgá-los -, mas que não
são nem poderiam ser espíritas já que esta Doutrina não tem rituais. Como
verificação, consultemos Rizzaro Camino, em sua obra maçónica: "As Lo-
jas (Maçónicas)", em sua grande maioria, realizam a "Cadeia de União"
(...) por ocasião das cerimônias de iniciação.
"(...) Há vários modos de realizar uma "Cadeia de União", modos vá-
lidos todos, se considerarmos a inexistência de uma determinação estatutária
(...).
"(...) O modo mais comum é aquele em que todos os presentes se dão
as mãos em círculo, unindo as pontas dos pés uns aos outros, sem a
preocupação de número. (Rito Escocês Antigo e Aceito).
"Porém a "Cadeia de União Triangular" deve obedecer a um rito
determinado, que nos vem do antigo Egito.
"(...) Os egípcios faziam a sua "Cadeia" com os pés descalços; hoje, a
evolução, a moda, a higiene e o conforto exigem que os pés estejam
calçados (...).
"(...) O tato, através do aperto das mãos, tem sido, sempre, desde os
primórdios da civilização quando o homem estendeu sua mão ao semelhan-
te, a manifestação do calor humano.
"(...) Essas sensibilidades, obviamente, são de caráter positivo e criam
novos aspectos psicológicos, "transmitindo" e "permutando" benesses, a
todos.
"Esta seria uma das funções "física" propiciada pela "Cadeia de
União", mas surgem funções muito mais profundas, que não podem ser
vistas ou medidas, porém sentidas." (grifamos).
Pelos destaques que fizemos na transcrição, fica bastante claro que pro-
vidências como a de dar as mãos em círculo ou triângulo, remontam a um
esoterismo distante cuja ritualística não se coaduna com as práticas Espíri-
tas. (p.248).

480
A questão das mãos e da utilidade da corrente magnética, principalmente da
corrente magnética desobsessiva, foi, a nosso ver, amplamente discutida, não ha-
vendo necessidade de voltarmos ao assunto.
Mas gostaríamos de analisar a afirmação de Jacob Melo a respeito de ser a
corrente uma "infiltração indevida", por ser oriunda das escolas maçónicas que,
por sua vez, segundo o autor, se pautam no esoterismo egípcio antigo e, como
ele mesmo diz, tem seus rituais e motivos próprios e que por essa razão não
podem ser Espíritas, já que essa Doutrina não possui rituais.
Se por esse motivo fosse a corrente uma infiltração indevida, tudo que em
termos práticos realizamos em nossas casas espíritas, também o seriam. O passe,
a comunicação com os Espíritos, a desobsessão, a utilização dos dons medianímicos
e até as palestras elucidativas remontam aos primórdios da humanidade, sendo
impossível não identificar esses processos em quase todas as religiões ou escolas
de conhecimento e educação humana. Agora, como cada uma dessas seitas, es-
colas, instituições ou religiões utilizam ou empregam essas ações, acreditamos
como Jacob Melo que não nos diz respeito, pois não fazemos parte de suas fileiras
e nem servimos em suas searas.
O nosso compromisso é com a Doutrina Espírita, competindo-nos, ao aplicar
determinados métodos, só os fazer com base nos seus postulados e dentro das
orientações e exemplos dos Espíritos superiores.
É justamente dentro desses parâmetros que estamos compondo esse nosso
trabalho. Partindo das correntes magnéticas dos magnetizadores, procuramos de-
monstrar a utilidade, a importância e os benefícios da assistência desobsessiva por
esse método, depois de adequá-lo e explicá-lo conforme as diretrizes doutrinárias.
Allan Kardec, na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo (94. ed.,
FEB, p.43), faz algumas observações que neste momento, poderão ser-nos úteis:

As grandes idéias jamais irrompem de súbito. As que assentam sobre a


verdade sempre têm precursores que lhes preparam parcialmente os cami-
nhos. Depois, em chegando o tempo, envia Deus um homem com a missão
de resumir, coordenar e completar os elementos esparsos, de reuni-los em
corpo de doutrina. Desse modo, não surgindo bruscamente, a idéia, ao apa-
recer, encontra espíritos dispostos a aceitá-la. Tal o que se deu com a idéia
cristã, que foi pressentida muitos séculos antes de Jesus e dos essênios,
tendo por principais precursores Sócrates e Platão.

O mesmo podemos dizer em relação aos métodos que expressam, na prática,


as idéias e os princípios. Têm também os seus precursores e jamais irrompem de
súbito.
Antes de ser a corrente uma infiltração indevida, por ter sido utilizada por
cultos esotéricos, isso pelo contrário, pode nos demonstrar que ela está na ordem
natural das coisas, bastando que nos dias atuais venhamos a coordenar, corrigir,
completar e reunir os elementos esparsos, ampliando-os e desenvolvendo-os em
termos claros pelos postulados espíritas, promovendo a sua utilização sem as

481
formas ritualísticas ou inexatas que porventura tenham sido ou venham a ser em-
pregadas por esta ou aquela escola.
Emmanuel ao responder a pergunta 353, do livro O Consolador:

"O Espiritismo veio ao mundo para substituir as outras crenças?" - entre


outras coisas diz: - O Consolador, como Jesus, terá de afirmar igualmente:
- "Eu não vim destruir a Lei".
O Espiritismo não pode guardar a pretensão de exterminar as outras cren-
ças, parcelas da verdade que a sua doutrina representa, mas, sim trabalhar
por transformá-las, elevando-lhes as concepções antigas para o clarão da
verdade imortalista."

Os métodos, os processos e os meios também são parcelas da verdade ou de


utilidades que não nos compete exterminar a título de ritualismo ou de infiltração
indevida, mas pelo estudo, experiência e prática, levá-los ao aperfeiçoamento,
transformando-os, adequando os seus procedimentos e mecanismos ao clarão da
verdade imortal.

18.2) A QUESTÃO ANÍMICA

Dentro das objeções que rotineiramente se apresentam ao emprego da ca-


deia magnética desobsessiva inclui-se a questão anímica. Geralmente, à seme-
lhança do que ocorre em relação ao contato das mãos, busca-se reduzir toda a
assistência prestada aos encarnados e desencarnados sofredores ao puro animismo,
ou mesmo no caso dos mais exaltados, a mistificação grosseira.
Impossível abordar com profundidade essa questão, pelos limites da nossa
pesquisa, mas procuraremos responder as objeções mais comuns, encaminhando
os interessados à literatura espírita que trata do assunto, destacando os clássicos,
como a obra de Alexandre Aksakof.
Antes de iniciar as nossas ponderações a respeito, ouçamos as palavras
esclarecedoras de André Luiz, no livro No Mundo Maior (12. ed., p.123), que
tomamos a liberdade de apresentá-las em tópicos.

a) Os reflexos condicionados

"Os reflexos condicionados não se aplicariam, igualmente, a diversos fe-


nômenos medianímicos? Não elucidavam as mistificações inconscientes que,
muita vez, perturbam os círculos dos experimentadores encarnados?" (No
Mundo Maior, p.123).

b) O fantasma do animismo

Alguns estudiosos do Espiritismo, devotados e honestos, reconhecendo os


escolhos do campo do mediunismo, criaram a hipótese do fantasma anímico

482
do próprio medianeiro, o qual agiria em lugar das entidades desencarnadas.
Seria essa teoria adequada ao caso vertente? Sob a evocação de certas ima-
gens, o pensamento do médium não se tornaria sujeito a determinadas associ-
ações, interferindo automaticamente no intercâmbio entre os homens da Ter-
ra e os habitantes do Além? Tais intervenções, em muitos casos, poderiam
provocar desequilíbrios intensos. Ponderando observações ouvidas nos últi-
mos tempos, em vários centros de cultura espiritualista, com referência ao
assunto, inquiria de mim mesmo se o problema oferecia relações com os
mesmos princípios de Pavlov. (No Mundo Maior, p.123).

c) A crueldade do uso da Tese Animista

O instrutor ouviu-me, paciente, até ao fim de minhas considerações, e


respondeu, benévolo:
- A consulta exige meditação mais acurada. A tese animista é respeitá-
vel. Partiu de investigadores conscienciosos e sinceros, e nasceu para coi-
bir os prováveis abusos da imaginação; entretanto, vem sendo usada cruel-
mente pela maioria dos nossos colaboradores encarnados, que fazem dela
um órgão inquisitorial, quando deveriam aproveitá-la como elemento
educativo, na ação fraterna. Milhares de companheiros fogem ao trabalho,
amedrontados, recuam ante os percalços da iniciação mediúnica, porque o
animismo se converteu em Cerbero. Afirmações sérias e edificantes, tor-
nadas em opressivo sistema, impedem a passagem dos candidatos ao servi-
ço pela gradação natural do aprendizado e da aplicação. (No Mundo Mai-
or, p.124).

d) Os teóricos

"Reclama-se deles precisão absoluta, olvidando-se lições elementares da


natureza. Recolhidos ao castelo teórico, inúmeros amigos nossos, em se
reunindo para o elevado serviço de intercâmbio com a nossa esfera, não
aceitam comumente os servidores, que hão-de crescer e de aperfeiçoar-se
com o tempo e com o esforço. Exigem meros aparelhos de comunicação,
como se a luz espiritual se transmitisse da mesma sorte que a luz elétrica
por uma lâmpada vulgar." (No Mundo Maior, p.124).

e) Mediunidade e evolução

"Nenhuma árvore nasce produzindo, e qualquer faculdade nobre requer


burilamento. A mediunidade tem, pois sua evolução, seu campo, sua rota.
Não é possível laurear o estudante no curso superior, sem que ele tenha tido
suficiente aplicação nos cursos preparatórios, através de alguns anos de
luta, de esforço, de disciplina." (No Mundo Maior, p.124).

483
f) Apelos mais altos

"Daí, [...], nossa legítima preocupação em face da tese animista, que


pretende enfeixar toda a responsabilidade do trabalho espiritual numa ca-
beça única, isto é, a do instrumento mediúnico. Precisamos de apelos mais
altos, que animem os cooperadores incipientes, proporcionando-lhes mais
vastos recursos de conhecimento na estrada por eles mesmos perlustrada,
a fim de que a espiritualidade santificante penetre os fenômenos e estudos
atinentes ao espírito." (No Mundo Maior, p.124).

g) Respondendo as perguntas suscitadas

- Vamos à tua sugestão. Os reflexos condicionados enquadram-se, efe-


tivamente, no assunto; no entanto, cumpre-nos investigar domínio de mais
graves apreciações. Os animais de Pavlov demonstravam capacidade
mnemónica; memorizavam fatos por associações mentais espontâneas. Isto
quer dizer que mobilizavam matéria sutil, independente do corpo denso; que
jogavam com forças mentais em seu aparelhamento de impulsos primitivos.
Se as "consciências fragmentárias" do experimento eram capazes de usar
essa energia, provocando a repetição de determinados fenômenos no cos-
mo celular, que prodígios não realizará a mente de um homem, cedendo,
não a meros reflexos condicionados, mas a emissões de outra mente em
sintonia com a dele? Dentro de tais princípios, é imperioso que o intermedi-
ário cresça em valor próprio. Ocorrências extraordinárias e desconhecidas
ocupam a vida em todos os recantos, mas a elevação condiciona fervorosa
procura. Ninguém receberá as bênçãos da colheita, sem o suor da semen-
teira. Lamentavelmente, porém, a maior parte de nossos amigos parece
desconhecerem tais imposições de trabalho e de cooperação: exigem facul-
dades completas. O instrumento mediúnico é automaticamente desclassifi-
cado se não tem à felicidade de exibir absoluta harmonia com os
desencarnados, no campo tríplice das forças mentais, perispirituais e fisio-
lógicas. Compreendes a dificuldade? (No Mundo Maior, p.125).

As dificuldades são inúmeras e o tema é vasto e palpitante. No entanto, no


que se refere à cadeia magnética desobsessiva, podemos dizer que ela é, inclusi-
ve, um meio que auxilia enormemente a evolução e aperfeiçoamento da
mediunidade, por adequar recursos, permitindo a participação de todo e qualquer
servidor que tenha as condições mínimas necessárias (independente do grau de
sensibilidade, flexibilidade e fidelidade), sem utilizar-se de qualquer sistema opres-
sivo, permitindo que o medianeiro passe pela gradação natural da aprendizagem,
levando-o ao crescimento, aperfeiçoamento e enriquecimento.
Crescendo e se burilando com o tempo, o médium que integra a corrente
magnética aprende paulatinamente a empregar as próprias forças mentais e

484
fluídicas em benefício de encarnados e desencarnados, sem que lhe seja cobrado
espetáculos de precisão absoluta e sem outorgar-lhe a responsabilidade única pelo
trabalho espiritual. Pelo contrário, a desobsessão por corrente magnética é uma
atividade assistencial desenvolvida totalmente no campo mental em associações
recíprocas, em processos de sintonia e interação de almas que buscam se afinar
com as fontes superiores do bem para beneficiar multidões de sofredores do cor-
po e do espírito.
Não é meio de avaliação e comprovação de personalidades que um dia vive-
ram em organismos físicos, mas é trabalho para aqueles que já sabem do poder de
uma mente humana em sintonia mediúnica.
Não é campo de pesquisas de teóricos, mas lavoura de intensas atividades
práticas que podem ser avaliadas por todos os meios, preferencialmente pelos
padrões individuais, coletivos, concienciais, morais e notadamente pelos frutos.
Não se exige para a sua realização instrumentos mediúnicos de absoluta pre-
cisão e harmonia, médiuns de faculdades completas, mas companheiros de boa -
vontade que passo a passo se determinem à elevação com o suor do próprio es-
forço.
Enfim, é uma enorme seara para aqueles que aceitaram o compromisso mediúni-
co, mobilizando os recursos disponíveis, movimentando-os em múltiplas direções, vi-
sando ao bem geral.

18.2.1) Á Utilização dos Próprios Recursos

Nas quatro fases (expulsão, absorção, emissão, recepção) em que se ex-


pressa a corrente magnética desobsessiva, os médiuns utilizam-se dos próprios
recursos através da vontade consciente e ativa. Por empregá-los, isto não signifi-
ca que não ocorrerá a sintonização com a espiritualidade superior e as incorpora-
ções rápidas e transitórias dos desencarnados sofredores. A corrente não muda
os mecanismos das comunicações mediúnicas ou das irradiações mentais, mas
aplica-os de forma rápida, coletiva, simultânea e consciente.
Kardec ao abordar, no capítulo 19, do O Livro dos Médiuns (48. ed., FEB,
item 223), a questão do papel dos médiuns nas comunicações espíritas faz várias
perguntas aos Espíritos Reveladores, das quais destacamos:

Perg.: As comunicações escritas ou verbais também podem emanar do


próprio Espírito encarnado no médium?
Resp.: "A alma do médium pode comunicar-se, com a de qual-
quer outro. Se goza de certo grau de liberdade, recobra suas qualidades de
Espírito. Tendes a prova disso nas visitas que vos fazem as almas de pesso-
as vivas, as quais muitas vezes se comunicam convosco pela escrita, sem
que as chameis. Porque, ficai sabendo, entre os Espíritos que evocais, al-
guns há que estão encarnados na Terra. Eles, então, vos falam como
Espíritos e não como homens. Por que não se havia de dar o mesmo com
o médium?" (Grifos Originais).

485
Perg.: Não parece que esta explicação confirma a opinião dos que en-
tendem que todas as comunicações provêm do Espírito do médium e não de
Espírito estranho?
Resp.: "Os que assim pensam só erram em darem caráter abso-
luto à opinião que sustentam, porquanto é fora de dúvida que o Espírito do
médium pode agir por si mesmo. Isso, porém, não é razão para que outros
não atuem igualmente, por seu intermédio."

Perg.: Como distinguir se o Espírito que responde é o do médium, ou


outro?
Resp.: "Pela natureza das comunicações. Estuda as circunstân-
cias e a linguagem e distinguirás. No estado de sonambulismo, ou de êxta-
se, é que, principalmente, o Espírito do médium se manifesta, porque então
se encontra mais livre. No estado normal é mais difícil. Aliás, há respostas
que se lhe não podem atribuir de modo algum. Por isso é que te digo: estuda
e observa."

Essas respostas caem como luva aos mecanismos das ações mediúnicas na
cadeia magnética desobsessiva. O espírito do médium pode e deve agir por si
mesmo, seja na expulsão, na absorção, na emissão ou na fase de recepção, quan-
do realiza a doutrinação mental. Mas isto não é razão para descartar a atuação da
espiritualidade superior e o socorro fluídico, magnético e mental às entidades em
desequilíbrio. Os que assim pensam, erram ao darem à questão da participação
dos médiuns um caráter absoluto.
Na corrente, durante a fase de recepção, não há afastamento maior do espí-
rito do médium, a sua liberdade é muito relativa. Neste estado, e não havendo
comunicação verbal, os sinais objetivos e subjetivos classificados e explicados no
capítulo anterior passam a ser o meio mais adequado de distinguir e caracterizar o
transe mediúnico, principalmente na fase de recepção, quando os sofredores se
ligam em processos de enxertia neuropsíquica aos medianeiros, causando sen-
sações variadas com repercussões mentais e físicas. Basta estudar e observar.

18.2.2) Estudando e Observando

Vamos voltar ao capítulo e ao item anterior de O Livro dos Médiuns e ava-


liar a resposta dos Espíritos a mais uma pergunta do Codificador:

Perg.: O Espírito, que se comunica por um médium, transmite direta-


mente seu pensamento, ou este tem por intermediário o Espírito encarnado
no médium?
Resp.: "O Espírito do médium é o intérprete, porque está ligado
ao corpo que serve para falar e por ser necessária uma cadeia entre vós e
os Espíritos que se comunicam, como é preciso um fio elétrico para comu-
nicar à grande distância uma notícia e, na extremidade do fio, uma pessoa
inteligente, que a receba e transmita."

486
Nas comunicações mediúnicas, o médium recebe o pensamento do espírito,
interpreta-o e transmite-o, utilizando-se da palavra escrita ou falada.
A diferença em relação à cadeia desobsessiva é que os médiuns após a re-
cepção interpretam o pensamento das entidades, mas não o veicula pela palavra,
mas age em sentido igual e contrário, beneficiando direta e rapidamente o
comunicante sofredor. O processo, como temos dito, é o mesmo, mudando-se
apenas a forma de expressão. Todos os outros sinais que demonstram a interação
medianímica estarão presentes, inclusive de forma mais intensa, devido ao núme-
ro de entidades socorridas, o número de médiuns e a simultaneidade das comuni-
cações.
Quais são estes sinais?

18.2.2.1) Os Aspectos Essenciais das Comunicações dos Espíritos na


Cadeia Desobsessiva

Apesar de no capítulo 17 já termos detalhado todos esses aspectos, vamos


novamente enumerá-los e demonstrá-los, servindo-nos de textos citados anterior-
mente.

18.2.2.1.1) Aspectos Mentais

- Não será, porém, tão fácil estabelecer a diferença entre a criação mental
que nos pertence daquela que se nos incorpora à cabeça... - ponderou meu
colega intrigado.
- Sua afirmativa carece de base - exclamou o Assistente. - Qualquer
pessoa que saiba manejar a própria atenção observará a mudança, de vez
que o nosso pensamento vibra em certo grau de freqüência, a concretizar-
se em nossa maneira especial de expressão, no círculo dos hábitos e dos
pontos de vista, dos modos e do estilo que nos são peculiares.
E, bem-humorado, comentou:
- Em assuntos dessa ordem, é imprescindível muito cuidado no julgar,
porque, enquanto afinamos o critério pela craveira terrena, possuímos uma
vida mental quase sempre parasitária, de vez que ocultamos a onda de pen-
samento que nos é própria, para refletir e agir com os preconceitos consa-
grados ou com a pragmática dos costumes preestabelecidos, que são cris-
talizações mentais no tempo, ou com as modas do dia e as opiniões dos
afeiçoados que constituem fácil acomodação com o menor esforço. Basta,
no entanto, nos afeiçoemos aos exercícios da meditação, ao estudo edificante
e ao hábito de discernir para compreender onde se nos situa a faixa de
pensamento, identificando com nitidez as correntes espirituais que passa-
mos a assimilar. ( André Luiz, Nos Domínios da Mediunidade, p.50).

487
18.2.2.1.2) Aspectos Fluídicos

Tem conseqüências de importância capital e direta para os encarnados a


ação dos Espíritos sobre os fluidos espirituais. Sendo esses fluidos o veículo
do pensamento e podendo este modificar-lhes as propriedades, é evidente
que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou más dos pen-
samentos que o fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza dos
sentimentos. Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como
os miasmas deletérios corrompem o ar respirável. Os fluidos que envolvem
os Espíritos maus, ou que estes projetam são, portanto, viciados, ao passo
que os que recebem a influência dos bons Espíritos são tão puros quanto o
comporta o grau da perfeição moral destes. (Allan Kardec, A Gênese, 21.
ed., FEB, cap.14, item 16).

18.2.2.1.3) Aspectos Físicos

"Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre
o organismo material com que se acha em contacto molecular. Se os eflúvios
são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus,
a impressão é penosa." (Allan Kardec, A Gênese, 21. ed., FEB, cap. 14,
item 18).

18.2.2.1.4) Aspectos Ambientais

Tal a causa da satisfação que se experimenta numa reunião simpática,


animada de pensamentos bons e benévolos. Envolve-a uma como salubre
atmosfera moral, onde se respira à vontade; sai-se reconfortado dali, por-
que impregnado de salutares eflúvios fluídicos. Basta, porém, que se lhe
misturem alguns pensamentos maus, para produzirem o efeito de uma cor-
rente de ar gelado num meio tépido, ou o de uma nota desafinada num
concerto. Desse modo também se explica a ansiedade, o indefinível mal-
estar que se experimenta numa reunião antipática, onde malévolos pensa-
mentos provocam correntes de fluido nauseabundo. (A Gênese, cap. 14,
item 19).

O campo de observação e estudo é enorme. Inúmeros aspectos podem ser


avaliados e meios diversos podem ser empregados para a comprovação da reali-
dade da assistência mediúnica aos irmãos em sofrimento, a inexistência de men-
sagem articulada não é obstáculo.

18.2.3) A Dúvida

Como decorrência da questão anímica, surge a dúvida do servidor encarnado


em relação à sua própria participação. A este respeito comenta André Luiz:

488
- Consciente a médium, qual se encontra, e ouvindo as frases do
comunicante, que lhe utiliza a boca assim vigiado por ela, é possível que
Dona Eugênia seja assaltada por grandes dúvidas... Não poderá ser induzida
a admitir que as palavras proferidas pertençam a ela mesma? Não sofrerá
vacilações?
- Isso é possível - concordou o Assistente -; no entanto, nossa irmã
está habilitada a perceber que as comoções e as palavras desta hora não
lhe dizem respeito.
- Mas... e se a dúvida a invadisse? - Insistiu meu colega.
- Então - disse Aulus, cortês -, emitiria da própria mente positiva
recusa, expulsando o comunicante e anulando preciosa oportunidade de
serviço. A dúvida, nesse caso, seria congelante faixa de forças negativas...
(Nos Domínios da Mediunidade, 12. ed., p.60). (Grifos nossos).

A dúvida é possível, principalmente na cadeia magnética, onde não se escu-


tará as frases emitidas pelo comunicante. Poderão os médiuns sofrer vacilações,
mas o preparo adequado através do desenvolvimento mediúnico, antes de integrá-
los aos trabalhos desobsessivos propriamente ditos, irá conscientizá-los que as
emoções, pensamentos, sensações, reações etc., notadamente da fase de recep-
ção, não lhes dizem respeito.
Pela definição de suas próprias ondas mentais, pelas impressões fluídicas
que recebem, pela identificação das inúmeras sensações, incluindo as físicas, sa-
berá reconhecer e admitir que as reações do momento não são suas, não lhes
pertencem. O exercício contínuo, a experiência adquirida no tempo, o diálogo, o
estudo, a conversação e a auto-avaliação são, em conjunto, as medidas mais oportu-
nas para o esclarecimento e concientização dos médiuns.
A dúvida sistemática é faixa congelante de forças negativas, expulsando os
comunicantes pela recusa positiva das mentes não preparadas convenientemente
para o trabalho.

18.3) MISTIFICAÇÕES

A respeito da mistificação como uma das objeções possíveis à terapia desobsessiva


por corrente magnética, gostaríamos de citar apenas uma pequena mensagem do
Espírito Meimei, constante no livro Instruções Psicofônicas (4. ed., p.286):

Um grupo para sessões de caridade reclama trabalhadores devotados


à divina virtude para a produção de amor e luz nos Espíritos necessita-
dos. A caridade de quem ensina é a garantia daquele que aprende. A
caridade nos pensamentos, palavras e ações, é o processo de renovar
nossas almas. Onde há caridade não há lugar para a mistificação,
porque tudo resulta em aprendizado, cooperação, trabalho e harmonia.

489
Organizemos núcleos de assistência cristã às mentes enfermiças da Terra
e do Além, mas não nos esqueçamos de que só pela caridade fraternal
acenderemos bastante luz no coração para que o nosso agrupamento seja
uma luz, brilhando na Vida Espiritual. (Grifos nossos).

E completá-la com um comentário e uma pergunta de Kardec aos Espíritos


Reveladores:

"Se é desagradável ser-si enganado, mais ainda o é ser-si mistificado; de


resto, este é um dos inconvenientes dos mais fáceis de se evitar. Os meios
de desmascarar os ardis dos Espíritos enganadores decorrem de todas as
instruções precendentes; por isso a esse respeito diremos pouca coisa."

Perg.: As mistificações são um dos mais desagradáveis escolhos do Es-


piritismo prático; há um meio de evitá-las?
Resp.: "Parece-me que vocês podem achar a resposta em tudo o
que lhes foi ensinado. Sim, de certo, há para isso um meio muito simples
que é de não exigir do Espiritismo senão o que êle pode e deve dar-lhes; seu
fim é a melhoria moral da humanidade; se vocês não se afastarem daí, não
serão jamais enganados, porque não há duas maneiras de compreender a
verdadeira moral, aquela que pode ser admitida por todo homem de bom-
senso." {O Livro dos Médiuns, Edição Especial, LAKE, cap. 27, item 303).

18.4) CONSIDERAÇÕES

Gostaríamos de mais uma vez registrar a nossa posição diante das críticas e
objeções apresentadas em relação à prática da corrente magnética. Não nos move
qualquer sentimento de desconsideração ao analisar ponderações de companhei-
ros nossos de ideal. Ao discutirmos os pontos de vista contrários, a partir da
argumentação de Jacob Melo, só o fizemos porque ele nos apresentou de modo
geral e sintético todas as objeções que por várias vezes nos defrontamos ou fo-
mos chamados a opinar. Acreditamos, como sempre, que não estamos dando nem
a primeira nem a última palavra e que é bem possível que outros irmãos, diante
dos mesmos textos, tenham interpretações diversas. Trouxemos apenas breves
raciocínios, que esperamos sejam úteis àqueles que se dedicam ao estudo sério e
completo, bem como à prática mediúnica dentro das fileiras de nossas Instituições
Espíritas.
O interesse cristão e a busca de aperfeiçoamento são o que nos impulsiona.
O nosso trabalho visa sobretudo mostrar que a cadeia magnética é um.exce-
lente método terapêutico, podendo ser aplicada à desobsessão, beneficiando
sofredores encarnados e desencarnados em ações simultâneas e coletivas.
Para provar e desenvolver esta afirmativa é que nos apoiamos nos postulados

490
espíritas, nos princípios doutrinários que invariavelmente devem nortear a nossa
prática.
Procuramos confirmar as nossas assertivas através dos textos de Kardec e
das mensagens dos Espíritos Superiores, bem como pelos seus exemplos, que
incansavelmente vêm nos mostrar de maneira simples, fraterna e amiga como
devemos proceder em nossas ações de intercâmbio e auxílio espiritual. Por várias
vezes recorremos ao significado de determinadas expressões, a fim de melhor
interpretar o conteúdo dos ensinos apresentados, porque segundo os próprios Es-
píritos, no campo da palavra e da forma, nós, os encarnados, é que devemos nos
entender, porque para eles o pensamento é tudo, "Chamai as coisas como quiserdes,
desde que vos entendais". "E uma questão de palavras com a qual nada temos,
começai por vos entenderdes". Objetivando o início do nosso entendimento é que
assim procedemos.
Há, sem dúvida, inúmeras outras objeções e questionamentos que poderiam ser
aqui ainda discutidos. Acreditamos, porém, que os capítulos anteriores e o segun-
do volume de nossa pesquisa poderão perfeitamente dar-lhes respostas. Caso não
consigamos responder a todos, gostaríamos de pensar e agir como a Ministra
Veneranda, personagem do livro Nosso Lar (25. ed., p.206):

"- Que é isso? Acabou a reunião?


A enfermeira bondosa esclareceu, sorridente:
- A Ministra Veneranda é sempre assim. Finaliza a conversação em meio
do nosso maior interesse. Ela costuma afirmar que as preleções evangéli-
cas começaram com Jesus, mas ninguém pode saber quando e como termi-
narão."

Há-de o irmão entregar à morte o irmão, e o pai


ao filho: hão-de os filhos revoltar-se contra os pais e
tirar-lhes a vida. Por causa de meu nome sereis odia-
dos de todos; mas quem persevera até o fim será
salvo (Mateus, 10:21).

491
ANEXO

Ora, Tomé, um dos doze, chamado o gênio,


não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-
lhe, pois, os outros discípulos: "Vimos o Senhor".
Êle, porém, lhes respondeu: "Se não lhe vir nas mãos
a marca dos cravos, se não meter o dedo no lugar
dos cravos, e não lhe introduzir a mão no lado, não
acreditarei" (João, 20:24-25).
Kardec, em um dos parágrafos do item 31, de O Livro dos Médiuns, fala-
nos que: "O melhor método do ensino espírita é dirigi-lo à razão antes de dirigi-lo
à vista".
A maioria dos comentários anteriores foram dirigidos à razão. Agora, pre-
tendemos algo dirigir à vista, seguindo e praticando o método instituído pelo Codi-
ficador.
É muito natural o desejo de não só entender os mecanismos da desobsessão
por Corrente Magnética, como também visualizá-los. Movidos por esta preocupa-
ção é que organizamos vários tópicos que tentavam passar ou formar imagens
referentes às múltiplas ocorrências afeitas ao trabalho.
Ainda são raras as obras doutrinárias que trazem ilustrações a respeito dos
fenômenos psíquicos. Buscando preencher algo desse vazio, é que elaboramos as
figuras que passaremos a ver e a comentar. Imagens que tentam materializar,
tanto quanto possível, os diferentes relatos contidos no nosso livro, adaptando-os
à terapia das Cadeias Desobsessivas.
Optamos por agrupá-las em anexo, na mesma metodologia dos capítulos,
para que nos fosse possível fazer um curso visual, fixando idéias, confirmando
diretrizes e facilitando a compreensão.
Após as explicações de cada figura, relacionamos os principais itens que
lhes deram origem, integrando imagens e conteúdo.
Tanto os desenhos, como as comparações e os métodos até aqui descritos,
nada possuem de absoluto; são apenas uma tentativa esquemática de tornar pos-
sível a todos, tocar de perto as marcas deixadas pelos Missionários do Bem que
servem em nome do Cristo, amenizando e balsamizando as chagas que os cravos
da iniqüidade geram e fomentam.

495
FIGURAI

"Vem e vê... "(Joâo, 1:46).


CADEIA MAGNÉTICA DESOBSESSIVA

1. Disposição: Série ou Longitudinal (visão panorâmica).

2. Aspectos Principais

a) A Equipe

a,) Médiuns de Incorporação: Representados pelas cinco figuras sentadas.


a ) Médiuns Passistas: Representados pela figura de braços bem abertos.
2

a ) Dirigente Geral: Representado pela figura que está de frente a corrente.


3

b) Contatos Entre os Médiuns

b,) Intersecção ou Interpenetração do Campo Áurico ou Halo Vital (fundamental e essencial).


b ) Ligação das Mãos (secundário).
2

c) Note o raio de ação da cadeia magnética, caracterizado pela sua aura conjunta, configurada pelas diferentes faixas magnéticas
em expansão. Conjunto das irradiações dos servidores encarnados e desencarnados.

3. Para saber mais, leia os itens 6.2.2 (perg. 9, 10, 13 e 13a), 6.3, todo o Capítulo 7 (principalmente os itens 7.3 e 7.5),
9.6 e 14.3.
FIGURAII

"Vós, quando não vedes sinais e prodígios, não credes" (João, 4:48).
CADEIA MAGNÉTICA DESOBSESSIVA

1. Disposição: Série ou Longitudinal (visão frontal). Mesma configuração anterior sendo detalhada a atuação dos médiuns de
incorporação. Aqui não há contato das mãos.

2. Interseção ou Interpenetração dos Campos Áuricos: É através desse processo que a salutar corrente fluídica ou as
partículas mentais e vitais se movimentam ou se deslocam. É o fio elétrico condutor, representado pela expansão do corpo
perispiritual.

3. Os Setes Principais Centros de Forças estão Evidenciados: São os plugues por onde se efetivam as ligações e emissões
mais abundantes.

4. As Faixas Magnéticas em Expansão: São as diferentes emanações energéticas, fluidos densos e sutis. Emissão e propaga-
ção de raios de natureza diversa. Manancial energético a refletir a força do pensamento coletivo.

5. Para saber mais, leia todos os itens da figura anterior, acrescidos dos itens 16.5 e 16.6.
FIGURA III

"Enquanto tendes a luz crede na luz, para que sejais filhos da luz" (João, 12:36).
CADEIA MAGNÉTICA DESOBSESSIVA

1. Disposição: Paralela ou Perpendicular (visão panorâmica).

2. A cadeia magnética desobsessiva na disposição paralela é, na verdade, duas cadeias longitudinais formadas pelo mesmo número
de médiuns e colacadas uma em frente da outra.

3. Observe que a intersecção do campo áurico não só ocorre lateralmente, mas também entre os médiuns que formam as duas
cadeias longitudinais, ampliando e fortificando a ação fluídica. Podemos dizer que se desenvolve uma dupla ação, c o m maior
possibilidade de auxílio.

4. Novamente é destacado o raio de ação da corrente, as faixas magnéticas em expansão.

5. Para saber mais, leia todos os itens das figuras anteriores, em particular o item 14.3.3.
FIGURA IV

"Creste, porque me viste; bem-aventurados os que não viram e contudo crêem" (João, 20:28).
CADEIA MAGNÉTICA DESOBSESSIVA

1. Disposição: Paralela ou Perpendicular (visão panorâmica).

2. A única diferença em relação à imagem anterior são os dois médiuns colacodos nas extremidades.
Damos preferência a esta disposição na formação da Corrente Magnética de atendimento geral.

3. Chamamos a atenção, novamente, para a dupla intersecção ou interpenetração do campo áurico dos médiuns e as diferentes
faixas magnéticas que, por assim dizer, estruturam a aura conjunta da cadeia desobsessiva.

4. Para saber mais, leia todos os itens relacionados anteriormente.


FIGURA V

Já nâo é por causa das tuas falas que eremos..." (Joâo, 4:42).
CADEIA MAGNÉTICA DESOBSESSIVA

1. Disposição: Circular ou Rotatória (visão panorâmica).

2. Fizemos questão de realçar a interação dos halos vitais ou aura, porque nesta formação ela ocorre em todos os níveis.
Intersecção lateral, frontal, permitindo o contato de todos os médiuns entre si.
Damos preferência a essa disposição na formação das Correntes Magnéticas Especiais.

3. As figuras que representam os médiuns passistas (à esquerda) e o dirigente geral (à direita), também são visíveis, bem c o m o a
interação de suas auras com as dos médiuns de incorporação e a corrente como um todo.

4. As diferentes faixas magnéticas se expandem de forma concêntrica à semelhança do que observamos quando lançamos uma
pedra em um lago de água stranqüilas.

5. Para saber mais, leia igualmente todos os itens anteriores, em particular os itens 14.3.1.1.1 e 14.3.2.
FIGURA VI

"Todos eles possuíam a graça em abundância" (Atos, 4:33-34).


AS DIVERSAS CORRENTES MAGNÉTICAS FORMADAS

1. Disposição: Circular ou Rotatória (visão panorâmica).

2. As correntes formadas

a) A corrente simpática de atração: Representada pelos servidores encarnados e m formação circular.

b. A segunda corrente magnética: Abrange a primeira e é composta por várias entidades (Espíritos Guias do centro, prote-
tores dos médiuns, assistentes e familiares desencarnados das pessoas presentes).

c) A terceira corrente magnética: Além das anteriores, ocupadno maior espaço no recinto e, c o m o as duas primeiras, e m
disposição circular, a super corrente, composta pelas entidades especializadas (técnicos em serviços magnéticos, arquitetos
espirituais, médicos, enfermeiros, e t c ) .

3. O desenho ainda mostra a interação fluídica e mental entre os médiuns e os Bons Espíritos, além das diversas faixas magnéticas
em expansão.

4. Para saber mais, leia os itens: 11.3, 11.5, 14.2.2, 14.2.2.1 e 14.2.3.
FIGURA VII

"Eu sou a luz do mundo..." (João, 8:12).


AS DIVERSAS CORRENTES MAGNÉTICAS FORMADAS

1. Disposição: A mesma formação anterior, em corte lateral.

2. A quarta corrente magnética

a) Situada no Plano Maior e formada por Entidades Veneráveis, responsáveis pela reunião desobsessiva.

b) Os arrebóis níveo-azulados ou cascatear azulíneo representam as emanações vibratórias desses Espíritos, que caem sobre as
diversas correntes formadas como verdadeiras duchas.

3. A corrente magnética de atração e as duas outras formadas apenas pelos Espíritos, também estão representadas. Da mesma
forma, a interação das auras e a integração fluídico-mental, além das diversas faixas magnéticas.

4. Para saber mais, leia os itens da figura anterior, particularmente o item 11.5.4.
FIGURA VIII

"Era a luz verdadeira, que ilumina a todo homem que vem ao mundo" (João, 1:9-10).
O ATENDIMENTO AS ENTIDADES NECESSITADAS

1. Disposição: Circular ou Rotatória (visão panorâmica).

2. Compõe a imagem a corrente de atração formada pelos encarnados, e a segunda e terceira correntes, constituídas pelos
Espíritos Superiores.

3. Os sofredores se ligam às diversas faixas magnéticas da Cadeia Desobsessiva ou a cada médium em particular, através de
incorporações rápidas ou trnasitórias.

4. Em cada passagem o fenômeno se repete, sendo atraído e tratado o mesmo número de entidades ou falanges que vivem ou se
situam no mesmo padrão vibratório.

5. Para saber mais, leia os itens 6.2, 7.2 (principalmente os sub-itens á à d ), 8.3.1, 9.7, 11.2, 13.1.4.1, 13.2, 16.3,
t 17

16.5 e 16.6.
FIGURA IX

"Quando subitamente o cercou uma luz do céu" (Atos, 9:3).


O ATENDIMENTO AS ENTIDADES NECESSITADAS

1. Disposição: Paralela ou Perpendicular (corte lateral).

2. Observamos os médiuns de incorporação sendo assistidos pelos Controladores Mediúnicos, enquanto os outros servidores
espirituais localizam os sofredores junto aos medianeiros ou os ligam às diversas faixas magnéticas da corrente.

3. A luz que emana do mais alto, são os fluidos sutis, dentre eles as irradiações da quarta corrente magnética formada pelas
Entidades Veneráveis e que se situam no plano espiritual.

4. Pra saber mais, leia os itens da figura anterior acrescidos dos itens 12.2.12 e 17.11.
FIGURA X

"Não vim para chamar os justos, mas os pecadores" (Mateus, 9:13).


TERAPÊUTICA BÁSICA

1. A figura destaca três das principais atividades da desobsessão por corrente magnética:

a) A Vibração;

b) O Passe ao Paciente Encarnado;

c) A Cadeia Desobsessiva (disposição paralela, em corte lateral).

2. Os participantes do Trabalho de Vibração emitem jactos de forças luminescentes que duplicam a potência e qualificam as
emanações da cadei.i magnética e as dos médiuns passistas.

3. O mesmo fenômeno o< jrre em relação aos eflúvios que os integrantes da corrente doam, na fase de emissão, aos passistas que
atuam sobre os encarnados.
Além dessa ação é destacada a atração dos sofredores que estão ainda acompanhando os pacientes que buscam o socorro
espiritual.

4. Os passistas irradiam luminosas chispas ou raios de espécie múltipla sobre os pacientes e os seus acompanhantes espirituais.
Estes raios expressam, em conjunto, as doações da Cadeia Magnética, do Trabalho de Vibração, dos Espíritos Superiores que os
assistem e os seus Próprios Fluidos.

5. Para saber mais, leia os itens 7.3, 11.2.11, 14.3.4.


FIGURA XI

"Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho pela luz" (João, 1:8).
APARELHOS UTILIZADOS

1. Disposição: Paralela ou Perpendicular (visão lateral).

2. O aparelho representando atua à semelhança de um Condensador e um Exaustor de forma simultânea. Emite fluidos especializados
e ajuda a reitrar as emanações doentias do campo magnético da corrente. Realiza uma verdadeira assepsia psíquica, além de
auxiliar na fixação de imagens positivas no inconsciente dos comunicantes em sofrimentos, durante a doutrinação mental.

3. A interação fluídico-mental entre os médiuns e os sofredores é bem evidenciada. Podemos notar que ocorre uma verdadeira
reação físico-química pelo envolvimento perispiritual, conforme menciona Allan Kardec.

4. A luz que emana do mais alto, as faixas magnéticas da corrente e os Controladores Mediúnicos também são visíveis.

5. Para saber mais, leia os itens 8.2.2, 8.3.1.1, 10.5 E 11.4.


FIGURA XII

que apareceu um anjo do Senhor, e uma luz resplandeceu no recinto" (Atos, 12:7).
O AMBIENTE DA DESOBSESSÃO

1. A gravura mostra, de forma esquemática, o ambiente físico e espiritual da desobsessão por corrente magnética.

a) Ambiente Físico:

Podemos ver a sala de trabalhos onde se situa a cadeia magnética em formação longitudinal.

b) Ambiente Espiritual:

Notamos:

bj) Os sofredores que serão atendidos, previamente triados, agrupados por vibrações comuns e separados por faixas fluídicas
ou divisões magnéticas.

b ) Os leitos onde são localizaods a maioria dos espíritos, após os atendimentos, para seqüência do socorro espiritual.
2

b ) Os vigilantes ou sentinelas que impedem o acesso da turba compacta que ainda não pode partilhar, de maneira mais íntima,
3

os nossos esforços assistenciais.

2. As Três Principais Faixas Magnéticas protetoras que garantem as nossas reuniões estão caracterizadas pelas cores rosa,
amarela e azul.

3. Para saber mais, leia os itens 11.1, 11.2 e 11.6.


FIGURA XIII

"Ficai na cidade até que sejais munidos da força do alto" (Lucas, 24:49).
AÇÃO DOS ESPÍRITOS SUPERIORES

1. Os desenhos que mostram a cadeia longitudinal em corte lateral, e a luz que emana do mais alto, já estão plenamente explicados.
Objetivamos agora destacar a atuação dos servidores do Plano Maior da vida.

2. Os colaboradores espirituais formam uma vasta equipe, integrada por médicos, religiosos, enfermeiros, guardas, padioleiros,
arquitetos espirituais, magnetizadores e t c .

3. Na parte inferior da figura, é detalhada a participação dos padioleiros e a assistência prestada pelos médicos, enfermeiros e
magnetizadores.

4. Para saber mais, leia os itens 11.1, 11.3, 11.5 e 11.6.


FIGURA XIV

"E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor..." (Lucas
FASE DE EXPULSÃO

1. Momento em que todos os médiuns que integram a atividade de desobsessão por corrente magnética "expulsam do próprio
mundo interior os sombrios remanescentes da atividade comum, que trazem do círculo diário de luta e sorvem do plano espiritual
as substâncias renovadoras de que se repletam, a fim de conseguirem operar com eficiência, a favor do próximo".

2. Para saber mais, leia os itens 6.2, 6.2.2 e todo o Capítulo 7.


FIGURA XV

"Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo que quiserdes, e vos será feito" (João 15:7)
FASE DE ABSORÇÃO

1. Momento em que os componentes do trabalho, absorvem as substâncias renovadoras, casando os fluidos da corrente com as
irradiações dos trabalhadores do plano maior e de todos os médiuns entre si, formando uma bateria mento-eletromagnética, onde
cada participante funciona como uma pilha ou uma tomada, gerando e dando passagem às forças que não lhes pertencem e que
serão dirigidas aos pacientes, tanto encarnados como desencarnados.

2. Os médiuns absorvem Trilhões de raios ou partículas de várias ordens e, após, emitem forças que lhe são peculiares:

a) Em sentido vertical pela fronte e pelos pés, assimilam desde os raios cósmicos até os raios gamas.

b) Em sentido horizontal as emissões dos auxiliares espirituais e as dos próprios médiuns.

3. Para saber mais, leia os itens 6.2 (perg. n° 6 e 7) e todo o Capítulo 7.


FIGURA XVI

"Assim brilhe diante dos homens a vossa luz..." (Mateus, 5:16)


FASE DE EMISSÃO

1. Após o momento anterior, os médiuns através da vontade e da atenção, com o auxílio do dirigente da cadeia magnética, direcionam
mentalmente os raios ou partícularas, assimiladas e metabolizadas, aos enfermos encarnados e desencarnados, bem c o m o aos
ambientes do Grupo Espírita e aos lares dos sofredores. Desenvolve-se dessa forma uma verdadeira magnetização mental.

2. Estabelce-se c o m esta ação conjunta um poderoso envolvimento, levando aos obsessores e obsidiados pelo pensamento, uma
salutar corrente fluídica, gerando laços fluídicos entre a cadeia desobsessiva e os enfermos psíquicos.

3. Para saber mais, leia os itens anteriores, notadamente os itens 7.1 e o 7.2.
FIGURA XVII

"Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também" (João 13:15).
FASE DE RECEPCÇÃO

1. Momento em que a cadeia desobsessiva atua à semelhança de um eletroímã, permitindo a passagem, em seu campo de força,
dos espíritos sofredores, atraindo-os em bloco ou em falanges, agrupados pelas vibrações similares.

2. A s entidades desequilibradas, por assim dizer, mergulham nos fluidos, ou se ligam aosplugues energéticos representados pelol?
Centros Perispirituais dos médiuns psicofônicos em ação ou se imantam à corrente como um todo.

3. A disposição representada é a Paralela ou Perpendicular, em corte lateral, sendo novamente visualizada a atuação dos Espíritos
Superiores.

4. Para saber mais, leia todos os itens anteriores, acrescidos dos itens 8.3.1.1, 16.6 e 16.6.3.
FIGURA XVIII

"Ainda muitos outros milagres fêz Jesus aos olhos dos seus discípulos, que não se acham escritos neste livro" (João, 20:29-30).
O CHOQUE ANÍMICO

1. As duas principais ações do choque anímico são destacadas:

a) O Choque Fluídico:

As entidades sofredoras, através de incorporações rápidas ou transitórias, interagem com os fluidos da corrente como
um todo, ou se ligam a cada médium em particular. Mergulhando ou Passando nos fluidos da cadeia magnética sofrem a
ação do pensamento coletivo, absorvendo os raios vitais e mentais, que são enriquecidos pela participação da espiritualidade.

b) O Choque Mental:

Causado pela diferença de vibrações dos espíritos desequilibrados e as irradiações nobres emitidas pela corrente
desobsessiva.

As vibrações mentais dos assistentes encarnados em associação com a espiritualidade reagem contra as dos
comunicantes, por radiações e imagens ou clichês mentais, iguais e contrários, promovendo sensíveis alterações nas mentes
perturbadas. O Bombardeio controlado de forças e idéias transformadoras, à semelhança de uma Homeopatia Espiritual
(onde doses infinitesimais de paciência, calma e resignação, são veiculadas conforme o caso), renova e ilumina o mundo
íntimo de cada personalidade assistida.

As Formas Pensamentos superiores são geradas pelos Arquitetos Espirituais com a participação ativa dos medianei-
ros, revitalizando a visão, audição, tato, memória e sentimento dos espíritos sofredores ainda em trevas mentais.

2. Para saber mais, leia os itens 7.2 (d.17), 11.3 e todo o Capítulo 6.
PALAVRAS DE DESPEDIDA

Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz; não vo-la


dou assim como a dá o mundo. Não se perturbe nem se
atemorize o vosso coração (João, 14:27-28).
Chegamos ao final da primeira parte do nosso trabalho. Desejamos e procuramos
neste momento inicial, apresentar e comprovar as diretrizes básicas que devem nortear
a utilização da Cadeia Magnética nas atividades desobsessivas. Nos dezoito capítulos
que integram o primeiro volume da nossa pesquisa, evidenciamos todos os pontos
pertinentes às possibilidades do método e o seu correto emprego, comparando os seus
princípios aos postulados da Doutrina Espírita.
Dentro da nossa visão, consideramos que a nossatese está plenamente fundamentada
através de mais de quinhentas citações (incluindo as do Novo Testamento), de setenta
obras de vinte e cinco autores diferentes, predominando os textos do Espírito André
Luiz e de Allan Kardec.
Tivemos o cuidado de nada afirmar sem antes procurar o parecer do
Codificador ou os exemplos e ensinos dos Espíritos Superiores. Tecemos,
como havíamos prometido no início, uma rede segura para a nossa
compreensão. As lacunas e os erros, certamente existentes, correm por conta
das nossas limitações. Aguardamos, esperançosos, o auxílio sincero e oportuno
de todos, para as correções necessárias.
Existem inúmeros outros aspectos a serem abordados ou aprofundados como as
particularidades dos fenômenos mentais e fluídicos que ocorrem durante as ações da
corrente desobsessiva; os detalhes da constituição da Aura e as funções dos Centros
de Força; o estudo pormenorizado dos ovóides; os procedimentos práticos para a
formação de equipe pelos estudos sistematizados e pelo desenvolvimento mediúnico; a
estruturação da Triagem ou Conversação Fraterna (suas fichas, métodos, cursos e
procedimentos); o grupo de diagnóstico, etc. Um enorme campo a ser semeado...
Empreendimento para um Tempo Futuro...
Por agora, só podemos dizer, recordando o Espírito Humberto de Campos, que
"Trazemos o nosso Adeus, sem prometer voltar breve".
Gostaríamos, porém, que as nossas palavras de despedida fossem proferidas por
um poeta, para que pelo menos nas últimas páginas, esquecêssemos os raciocínios e as
análises e lembrássemos do sentimento, da intuição envolvidas na graça, elevação e
beleza.

ESPIRITISMO

Espiritismo é uma luz


Gloriosa, divina e forte,
Que clareia toda vida
E ilumina além da morte.

571
É uma fonte generosa
De compreensão compassiva,
Derramando em toda parte
O conforto d'Água Viva.

É o templo da Caridade
Em que a Virtude oficia,
E onde a bênção da Bondade
É flor de eterna alegria.

É árvore verde e farta


Nos caminhos da esperança,
Toda aberta em flor e fruto
De verdade e de bonança.

É a claridade bendita
Do bem que aniquila o mal,
O chamamento sublime
Da Vida Espiritual.

Se buscas o Espiritismo,
Norteia-te em sua luz:
Espiritismo é uma escola,
E o Mestre Amado é Jesus.

Casimiro Cunha

E foram ter com êle os discípulos, a s ó s , e


perguntaram-lhe: "Dizei-nos quando acontecerão estas
coisas, e qual será o sinal do teu advento, no fim do
mundo" (Mateus, 24:3).

572
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ainda muitas outras coisas fêz Jesus. Se todas elas


fossem escritas por miúdo - creio que nem caberiam no mundo
os livros que se deveriam escrever (João, 21:25).
01. ANDRÉ LUIZ (Espírito). Ação e reação. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier. 6. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1978.

02. . Conduta espírita. Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo


Vieira. 12. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1986.

03. . Desobsessão. Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo


Vieira. 6. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1983.

04. . Entre a Terra e o Céu. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


12. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1988.

05. . Evolução em dois mundos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier


e Waldo Vieira. Rio de Janeiro : FEB, 1959.

06. .Libertação. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 12. ed. Rio


de Janeiro: FEB, 1986.

07. . Mecanismos da mediunidade. Psicografia de Francisco Cândido


Xavier. 8. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1984.

08. . Os mensageiros. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 17. ed.


Rio de Janeiro : FEB, 1984.

09. . Missionários da luz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 21.


ed. Rio de Janeiro : FEB, 1988.

10. . No mundo maior. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 12. ed.


Rio de Janeiro : FEB, 1984.

11. . Nos domínios da mediunidade. Psicografia de Francisco Cândido


Xavier. 12. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1983.

12. .Nosso Lar. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 25. ed. Rio de
Janeiro : FEB, 1982.

13. . Obreiros da vida eterna. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


21.ed. Rio de Janeiro : FEB, 1995.

14. . Sexo e destino. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 14. ed.


Rio de Janeiro : FEB, 1989.

575
15. ÁUREO (Espírito). Universo e vida. Psicografia de Hernâni T. Sant'Anna.
3. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1990.

16. BEZERRA DE MENEZES (Espírito). Dramas da obsessão. Psicografia


de Yvonne A. Pereira. 6. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1987.

17. A BÍBLIA Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. [S. 1] : Sociedade

Bíblica do Brasil, 1966. (Série D 53).

18. BUÉ, Alphonse. Magnetismo curativo. Rio de Janeiro : FEB, 1942.

19. CALDAS, Suely Schubert. Obsessão - desobsessão. Rio de Janeiro : FEB,


1981.
20. CAMPOS, Humberto de (Espírito). Brasil, coração do mundo, pátria do

Evangelho. 16. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1986.

21. DENIS, Leon. No invisível. 14. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1992.

22. . O problema do ser, do destino e da dor. 17. ed. Rio de Janeiro :


FEB, 1993.
23. DOYLE, Arthur Conan. História do Espiritismo. São Paulo : O Pensamento,
1960.

24. EMMANUEL (Espírito). O Consolador. Psicografia de Francisco Cândido


Xavier. 8. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1980.

25. . Fonte viva. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 19. ed. Rio
de Janeiro : FEB, 1994.

26. . Pensamento e vida. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 8.


ed. Rio de Janeiro : FEB, 1987.

27. . Religião dos espíritos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 3.


ed. Rio de Janeiro : FEB, 1974.

28. . Seara dos médiuns. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 3.


ed. Rio de Janeiro : Federação Espírita Brasileira, 1978.

29. . Vinha de luz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. 3. ed. Rio


de Janeiro : FEB, 1972.

576
30. EMMANUEL e ANDRÉ LUIZ (Espíritos). Estude e viva. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. 4. ed. Rio de Janeiro : FEB,
1978.

31. ESPÍRITOS DIVERSOS. Correio entre dois mundos. Psicografia de


Hernâni T. Sant'Anna. Rio de Janeiro : FEB, 1990.

32. . Instruções psicofônicas. Francisco Cândido Xavier. 4. ed. Rio


de Janeiro : FEB, 1985.

33. ESPÍRITOS DIVERSOS. Parnaso de além túmulo. Psicografia de


Francisco Cândido Xavier. 10. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1978.

34. . Vozes do grande além. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


Rio de Janeiro : FEB, 1991.

35. HOLANDA, Aurélio Buarque de. Novo dicionário Aurélio. 2. ed. Rio de

Janeiro : Nova Fronteira, 1986.

36. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 4.ed. São Paulo :FEESP, 1988.

37. . . 94. ed. Rio de Janeiro : FEB, [19—?].

38. . A gênese. 21. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1979.

39. . O livro dos espíritos. Tradução de J. Herculano Pires. Edição

Especial. São Paulo : LAKE, [19—?].

40. . . 74. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1994.

41. . O livro dos médiuns. 48. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1983.

42. . . Tradução de Eliseu Rigonatti. Edição Especial. São Paulo :

LAKE, [19—?].

43. . Obras póstumas. 23. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1989.

44. . Revista Espírita. Sobradinho : EDICEL, mar. 1858.


577
45. . . Sobradinho : EDICEL, out. 1858.
46. KARDEC, Allan. Revista Espírita. Sobradinho : EDICEL, out. 1860.

47. . . Sobradinho : EDICEL, abr.1862.

48. . . Sobradinho : EDICEL, dez. 1862.

49. . . Sobradinho : EDICEL, jan. 1863.

50. . . Sobradinho : EDICEL, maio 1863.

51. . . Sobradinho: EDICEL,jan. 1864.

52. . . Sobradinho : EDICEL, fev.1864

53. . . Sobradinho : EDICEL, jun. 1864.

54. . . Sobradinho : EDICEL, ago. 1864.

55. . . Sobradinho : EDICEL, jan. 1865.

56. . . Sobradinho : EDICEL, set. 1865.

57. . . Sobradinho : EDICEL, jul. 1866

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60. . . Sobradinho : EDICEL, dez. 1868.

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578
62. MELO, Jacob. O passe: suas técnicas, sua prática. 2. ed. Rio de
Janeiro : FEB, 1992.

63. MICHAELLUS. Magnetismo espiritual. 4. ed. Rio de Janeiro : FEB,


1983.

64. MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito). Grilhões partidos. Psicografia


de Divaldo Pereira Franco. 3. ed. Salvador : Alvorada, 1981.

65. . Loucura e obsessão. Psicografia de Divaldo Pereira Franco. 2. ed.


Rio de Janeiro : FEB, 1990.

66. . Nas fronteiras da loucura. Psicografia de Divaldo Pereira Franco.


2. ed. Salvador : Alvorada, 1982.

67. . Nos bastidores da obsessão. Psicografia de Divaldo Pereira Franco.


2. ed. Rio de Janeiro : FEB, 1976.

68. . Painéis da obsessão. Psicografia de Divaldo Pereira Franco.


Salvador: Alvorada, 1984.

69. . Tramas do destino. Psicografia de Divaldo Pereira Franco. 2. ed.


Rio de Janeiro : FEB, 1981.

70. NOVELINO, Corina. Eurípedes: o homem e a missão. 7. ed. São


Paulo : IDE, 1986.

71. PER ALVA, Martins. Estudando a mediunidade. 10. ed. Rio de Janeiro
: FEB, 1984.

72. . O pensamento de Emmanuel. Rio de Janeiro : FEB, 1973.

73. PEREIRA, Yvonne A. Memórias de um suicida. 10. ed. Rio de


Janeiro : FEB, 1982.

74. PIRES, J. Herculano. Mediunismo. 6. ed. Sobradinho : EDICEL,


1984.

579
75. REFORMADOR. Rio de Janeiro : FEB, jan. 1973.

76. ROHDEN, Huberto. Novo Testamento. 4. ed. São Paulo : União Cultural,
[19-?].

77. SANTANNA, Hernâni T. Notações de um aprendiz. Rio de Janeiro :


FEB, 1991.

78. SILVEIRA, Adelino da. Chico, de Francisco. 3. ed. São Paulo : CEU,
1987.

79. WANTUIL, Zeus e THIESEN, Francisco. Allan Kardec. Rio de


Janeiro : FEB, 1980. v. 2.

580
SINGELA HOMENAGEM DA EDITORA AUTA DE SOUZA, A
TRÊS BALUARTES DO ESPIRITISMO NO
PLANALTO CENTRAL.

DE SACRAMENTO A PÁLMELO,

DE PÁLMELO A BRASÍLIA,

DE BRASÍLIA AO INFINITO,

E também vos darei testemunho, porque desde


o princípio estais comigo (João, 15:27).
EURÍPEDES SAIU A SEMEAR,

Estrela de poderes celestiais fulgurava em terras de Sacramento, na eleita Região


do Triângulo Mineiro. Contemplando o Sol do Consolador Prometido, absorveu, nas
trilhas da Codificação Kardequiana, as verdades da Ciência e do Amor Divino. No
precioso legado do Novo Testamento compreendeu que "Ele estava no princípio com
Deus, que a vida estava nele e a vida era a luz dos homens".
Eurípedes Barsanulfo sai a semear...
Seara grande, imensa. E, entre cascalhos e espinheiros, a terra fértil, certamente.
Durante seus anos de labor missionário houve por bem orientar aquele que deveria
abrir novos caminhos para a expansão e o progresso da Doutrina Espírita no Brasil
Central: - Jerônimo Candinho.
E foi, sob o influxo do labor missionário de Eurípedes Barsanulfo, agora Espírito,
que Jerônimo Cândido Gomide saiu de Sacramento e, como um bandeirante do Amor
e da Consolação, fundou no mais abandonado Interior do País, a cidade de Palmeio.
E Eurípedes Barsanulfo saiu a semear... E a colheita se tem tornado farta.

Gilson de Mendonça Henriques

583
o
EURÍPEDES BARSANULFO, nasceu em Sacramento - MG, a I de maio de
o
1880, e aí desencarnou a I de novembro de 1918. Emérito educador e Espírita perfeito.
O modelo de Centro Espírita e de Movimento Espírita deixados por ele, ainda não
foi superado por nenhum outro.
A seu respeito diz Zeus Wantuil:
"A obra que Eurípedes erigiu, com sacrifício e abnegação, em honra do Espiritismo,
em Sacramento, é um desses monumentos grandiosos e imperecíveis que atestam a
sua fortaleza moral e a pujança de sua fé luminosa."
Para deleite dos leitores transcrevemos a seguir em nossa singela homenagem a
Eurípedes, algumas páginas do livro EURÍPEDES O HOMEM EA MISSÃO de autoria
de Corina Novelino.

1. O educador

Estamos no Colégio Allan Kardec, numa quarta-feira. [...].


Como habitualmente, o mestre traja-se com simplicidade, mas dentro de uma
linha impecável de bom gosto e distinção. Sua camisa e colarinho brilham, a casaca de
casimira preta muito bem posta e as calças do mesmo tecido seguem a linha da época.
Traz botinas de pelica, onde ressalta o brilho do cuidado.

585
O porte mediano de Eurípedes é elegante e o conjunto fisionômico revela o
homem belo, cujos traços delicados atraem as atenções, embora todos se quedem
ante o seu olhar meditativo e profundo - comumente refletindo as belezas do
Céu. [...].
A voz sonora e vibrante de Eurípedes ergue-se na reprodução do Pai Nosso, de
Jesus, na sua opinião, a prece que traz em cada palavra um potencial magnético capaz
de transformar o mundo, porque proveio dos lábios sublimes do Cristo, derramando
nos corações a bênção do convite para as alturas.
O nome de Deus é, então motivo da exaltação comovida de Eurípedes.
Sua voz assume ressonâncias indescritíveis. Toda a cidade ouve a palavra do
moço, em todos os recantos, até os mais distantes, numa época em que não se conhecia
esse milagre da ciência, que é a eletrônica. [...].
Dir-se-ia que numerosos altos-falantes transmitem, com cristalina pureza os
conceitos sábios de Eurípedes.
As ruas apinham-se de pessoas não espíritas, também atraídas pelo fascínio daquela
palavra, ungida do poderoso magnetismo do Amor.

1.1 As aulas

Desse modo decorreram as aulas das quartas-feiras, no Colégio.


Nos primeiros tempos era focalizado um capítulo de O Evangelho Segundo o
Espiritismo, por aula.
Uma vez conhecido o conteúdo da obra, através do estudo consciencioso que já
mencionamos, Eurípedes modificara o método.
o
Dessa forma, nos três últimos anos, estudava com os alunos apenas o I capítulo
de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Nesse espaço de tempo, relativamente dilatado, Eurípedes fez magnífico estudo
sobre a evolução da idéia religiosa, através das civilizações.
Todos os sistemas religiosos conhecidos mereceram brilhante apreciação, com riqueza
de ilustrações e cores locais. A cultura avançada nas áreas da etnologia permitia-lhe
portentosas considerações, em tomo das tribos primitivas e de seu "habitat" bem como os
ritos fetichistas, que manifestam o princípio religioso em latência.
Processavam-se assim brilhantes incursões pelos diferentes horizontes da
evolução religiosa dos povos, no curso dos séculos, seguindo-se importante seqüência
de cunho altamente pedagógico - desde o horizonte tribal com seu mediunismo
primitivo até o horizonte espiritual com a mediunidade positiva, abrangendo o cenário
do século XVI.
Eurípedes - disciplinado e rigoroso na aplicação dos seus processos de autêntico
apoio criativo, seguia ordem cronológica, apesar dos constantes apelos dos alunos, que
ansiavam por chegar a vez do Espiritismo.

1.2 O currículo do Colégio Allan Kardec

O método aplicado por Eurípedes nos três cursos do Colégio, que dirigiu desde a
fundação em 1.907 até seu desencarne, em 1.918, obedecia ao sistema adotado pelo

586
Prof. Miranda, no que tange à intensividade dos cursos. A promoção de um aluno podia
fazer-se mesmo no primeiro semestre, segundo o aproveitamento registrado pelo mesmo.
Era muito comum encontrarem-se alunos com vários anos de escolaridade atrás
de outros, que se esforçaram e avançaram, conquistando as promoções almejadas, em
breve espaço de tempo.
Iniciava-se o Curso Elementar com a aprendizagem da leitura e das quatro
operações fundamentais da aritmética.
Quando o aluno já sabia 1er - muitos deles aprendiam em poucas semanas - passava
ao estudo das seguintes matérias: Aritmética Prática e Teórica, Morfologia da Língua
Portuguesa, História do Brasil e Geografia do Brasil.
A conclusão do programa estabelecido ensejava ao aluno - em qualquer época do
ano - a freqüência ao Curso Médio, que contava as seguintes disciplinas: Aritmética e
Geometria, História do Brasil e Universal, Geografia Geral, Noções de Vida Prática,
Ciências Naturais e Gramática Portuguesa (morfologia e sintaxe).
Critério idêntico de promoção efetuava-se com o Médio.
Eurípedes era o professor do Curso Superior, cujo currículo incluía as matérias
que se seguem: Português (Sintaxe e Literatura), Francês, Geometria, História Universal,
Cosmografia, Física e Química.
Eurípedes lecionava Astronomia para todo o Colégio, bem como Evangelização.

2. O médium

O momento mais emocionante da aula inesquecível vem com o seu final.


Às 14 horas e meia, soa de novo tímpano, acionado por Eurípedes.
Todos se põem de pé. Era o instante da prece de encerramento. Os alunos, em
absoluto silêncio, mantêm-se na postura propícia à receptividade das vibrações espirituais.
Eurípedes, de pé, pronuncia comovedora oração de agradecimento. E é no decorrer
desta que, em geral, ele penetra a faixa dos Mensageiros do Senhor, em transe
sonambúlico. Eis que, às vezes, sua voz possante assume o timbre infantil: - é Celina, a
pequena e luminescente intérprete de Maria quem vem trazer a palavra de estímulos
santos da própria Mãe de Jesus, cujo carinho pelo Colégio Allan Kardec jamais esmorece.
De outras vezes, comparecem ao festim espiritual outros luminares de Esferas
Superiores, tais como Jeanne D'Arc, Paulo de Tarso, Pedro, Felipe, outros discípulos
do Cristo, que se aproveitam do grande momento para endereçar à criatura terrena a
sua mensagem de luz.
O tema que abordam prende-se ao assunto estudado.
Assim termina memorável aula de moral evangélica, no Colégio Allan Kardec.
Quem quer que a ela tenha assistido, é certo que dela guardará eterna lembrança.

3. O desencarne

Eurípedes Barsanulfo tão largamente utilizou a corrente magnética como método


terapêutico, que até no momento do seu desencarne, os que estavam ao seu lado seguindo-lhe

587
o exemplo, formaram uma CORRENTE MAGNÉTICA VIBRACIONAL, auxiliando no
seu desenlace.

"Na manhã do dia anterior, anunciara a sua desencarnação para as seis horas da
o
manhã do dia I de novembro.
Realmente, naquele dia e hora, Eurípedes libertara-se dos laços fluídicos, que o
traziam preso ao veículo carnal.
D.Meca achava-se acamada com a gripe, mas chamada para junto do filho amado,
assistiu-lhe os derradeiros momentos.
Uma equipe de médiuns curadores, incluindo-se a própria secretária, rodeavam o
enfermo nas vibrações fraternas do Amor.
No momento, em que D.Meca penetrara o quarto, percebeu que o filho exalava
os derradeiros haustos de vida orgânica.
Os médiuns formavam uma corrente, dando-se as mãos.
Na sua dor, D.Meca desfez a cadeia vibratória num dos elos indo ajoelhar-se à
cabeceira do filho, deixando cair uma exclamação dolorida:
- Meu filho está morto!
Depois, amparada por invisíveis forças superiores, tomou lugar na
corrente quebrada e auxiliou os irmãos na prece pelo filho bem amado."
(Grifos da Editora).

4. Aos Companheiros

A seguir, trechos da primeira mensagem transmitida por Eurípedes Barsanulfo ao


médium Francisco Cândido Xavier, em 30/04/1950:

A nossa marcha continua e, como sempre, irmãos meus, confirmo a promessa de


seguir convosco até a suprema vitória espiritual.
Os anos correm incessantemente, a morte estabelece apreciáveis
modificações, as paisagens se transformam, todavia, nossa confiança em Deus
permanece inabalável.
Somos numerosa caravana em serviço das divinas realizações. [...].
Mas a nós, que temos sentido e recebido a bênção do Senhor, no mais íntimo
d'alma, não será lícito o repouso.
Nossas mãos continuam enlaçadas na cooperação pelo engrandecimento da
verdade e do bem, e minha saudade, antes de ser um sofrimento é um perfume do céu.
No coração vibram nossas antigas esperanças e continuamos a seguir, a seguir sempre,
no ideal de sublime unificação com o Divino Mestre.
Tenhamos para com o nossos irmãos ainda frágeis, a ternura do amor que examina
e compreende. As ilusões passam como os rumores do vento. Prossigamos, desse
modo, com a verdade, para a verdade. [...].

588
Jamais vos sintais sozinhos na luta. Estamos convosco e seguiremos ao vosso
lado. Invisibilidade não significa ausência.
O Mestre espera que façamos do coração o templo destinado à sua Presença
Divina.
Enche-vos o mundo de sombra? Verificam-se diserções, dissabores, tempestades?
Continuemos sempre. Atendamos ao programa de Cristo. Que ninguém permaneça
nas ilusões venenosas de um dia.
Deste "Outro Lado" da vida, nós vos estendemos as mãos fraternas. Jamais vos
entregueis à hesitação ou ao desalento, porque, ao nosso lado, flui a fonte eterna das
consolações como amor de Jesus Cristo.

5. Deus e o Universo

O Universo é obra inteligentíssima, obra que transcende a mais genial


inteligência humana. E, como todo efeito inteligente tem uma causa inteligente,
é forçoso inferir que a do Universo é superior a toda inteligência. É a
inteligência das inteligências, a causa das causas, a lei das leis, o princípio
dos princípios, a razão das razões, a consciência das consciências; é Deus!
Deus!... nome mil vezes santo, que Isaac Newton jamais pronunciava sem
descobrir-se.
É Deus! Deus, que vos revelais pela natureza, vossa filha e nossa mãe.
Reconheço-vos eu, Senhor, na poesia da Criação, na criança que sorri, no
ancião que tropeça, no mendigo que implora, na mão que assiste, na mãe que
vela, no pai que instrui, no apóstolo que evangeliza!
Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, no amor da esposa, no afeto do filho,
na estima da irmã, na justiça do justo, na misericórdia do indulgente, na fé do
pio, na esperança dos povos, na caridade dos bons, na inteireza dos íntegros!
Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, no estro do vate, na eloqüência do
orador, na inspiração do artista, na santidade do moralista, na sabedoria do
filósofo, nos fogos do gênio!
Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, na flor dos vergéis, na relva dos vales,
no matiz dos campos, na brisa dos prados, no perfume das campinas, no
murmúrio das fontes, no rumorejo das franças, na música dos bosques, na
placidez dos lagos, na altivez dos montes, na amplidão dos oceanos, na
majestade do firmamento!
Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, nos lindos antélios, no íris multicor,
nas auroras polares, no argênteo da Lua, no brilho do Sol, na fulgência das
estrelas, no fulgor das constelações!

589
Deus! Reconheço-vos eu, Senhor na formação das nebulosas, na origem
dos mundos, na gênese dos sóis, no berço das humanidades; na maravilha, no
esplendor, no sublime do Infinito!
Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, com Jesus, quando ora: "Pai nosso
que estais nos céus..."ou com os anjos, quando cantam: "Glória a Deus nas
Alturas..."
Aleluia!

Eurípedes Barsanulfo
Sacramento, 18 de janeiro de 1914.

590
JERÔNIMO CÂNDIDO GOMIDE

Nasceu em Sacramento-MG, no ano de


1888 e desencarnou em Goiânia-GO, no dia
20 de outubro de 1981. Aluno e discípulo de
Eurípedes Barsanulfo, foi o responsável pela
propagação do método de tratamento através
das CORRENTES MAGNÉTICAS.
Quando alguém o perguntava qual a base
científica e doutrinária do tratamento, ele
respondia simplesmente:
"S'Eurípes (Eurípedes Barsanulfo) fazia
assim e dava certo, eu também faço."
Jerônimo (E)

1. O exemplo do Mestre

"Meu dever foi o do serviço aos meus irmãos sofredores pois isto, aprendi com meu
mestre Eurípedes. Quem tem saúde deve ajudar o doente, quem tem o que comer deve
ajudar a quem tem fome. Assim tem sido o objetivo de minha existência à luz do Espiritismo."
(Jerônimo Cândido Gomide).

2. Palavras de Vicente Richinho

"De Jerônimo Candinho, como era chamado o fundador de Palmeio, quem ainda dele
não ouviu falar? Intemerato discípulo de Eurípedes, deu prosseguimento à missão de seu
mestre; sua existência constitui autêntico trabalho de desbravador em todos os sentidos,
nas viagens a terras goianas. Sua luta, seu desprendimento, sua humildade, seu bom-senso,
sua boa-fé, sua visão extraordinária, levaram-no ao desempenho de trabalho de verdadeiro
missionário, cujas conseqüências salutares permanecerão como exemplo a ser seguido por
toda a posteridade da família espírita."

3. O testemunho de Agnelo Morato

3.1 As injustiças

"Jerônimo Candinho, apesar das injustiças que sofreu e incompreensões até dos
companheiros, superou todas as barreiras com confiança nos conselhos e advertências de
seus Guias Espirituais, dos quais se destacaram constantemente: Eurípedes Barsanulfo,
Bezerra de Menezes, Vicente de Paulo, Azevedo Costa, Maria Madalena e outros
benfeitores de suas atividades."

591
3.2 Parte do trabalho realizado

"O pioneirismo do expressivo discípulo de Barsanulfo se posicionou em iniciativas


compensadoras. Deve-se-lhe a visão de homem útil, além do Centro Espírita "Luz da
Verdade", o Sanatório "Eurípedes Barsanulfo "que, conforme registros de sua secretária,
já atendeu mais de 10.000 pacientes com hospitalização; Ginásio e colégio "Eurípedes
Barsanulfo"(fundado em 1956); Dispensário "Vicente de Paulo", Lar e Creche "Hilda
Vilela" e Livraria Espírita "Dr. Bezerra de Menezes". Às suas expensas construiu o
prédio da Escola Estadual "Francisca Borges Gomide" (Grupo Escolar local)."

3.3 Companheiro valoroso

"Vários representantes de Brasília, Goiânia, Rio Verde, Ituiutaba, Itumbiara,


Araguari, Catalão, Ceres, Anápolis e outras localidades aí estiveram, quando houve
uma 'série de pronunciamentos por oradores que, à beira do túmulo, enalteceram a vida
missionária desse autêntico patriota e lídimo cristão. Assim terminou mais um ciclo de
expressivo estágio terráqueo desse valoroso companheiro que, naturalmente colocou
em seu ideal um facho de esperança, e paz em proí deste planeta conturbado e agônico..."
GILSON DE MENDON-
ÇA HENRIQUES

Deixou consolidada uma


das mais belas obras de
evangelização e regeneração
social, a se expressar em núcle-
os de fé viva e consolação aos
aflitos, plantados estes núcleos
nas mais diversas plagas do nos-
so imenso Brasil, na operosidade
dos que lhe foram beneficiários
e pupilos dedicados.
No exemplo de Paulo de
Tarso, foi carismático formador
de lideranças esclarecidas, a se
postarem hoje no comando de
Instituições veneráveis e desta-
cadas no sublime mister de
propalação do Evangelho Res-
taurado.
Grande amigo das crianças
e fervoroso protetor dos jovens.
Espírito nobre, inteiramente devotado à semeadura dos ensinos elevados.
Patriarca espiritual de uma família aguerrida de Espíritos devotados à sentinela dos
flancos avançados de disseminação da luz, nas turbulências das comoções sociais que
prenunciam a transição planetária.
Nas trilhas luminosas de Eurípedes Barsanulfo, integrou a falange humilde e destemi-
da dos seus continuadores, que alimentam, com o óleo bendito dos seus esforços, os can-
deeiros sagrados da evangelização do Brasil Central, no trato das coletividades, visando à
colheita substanciosa que dessa região é esperada, no concerto sublime da evangelização
da Pátria do Cruzeiro.
Salve! Salve! Saudações a este homem simples que pelo seu esforço fez-se digno
instrumento dos interesses de Ismael, caminhando conosco na tarefa abnegada de orien-
tação das almas. Louvado seja Jesus, pela obra bendita de redenção dos Espíritos nos
liames imortais do amor fraternal!
Na apoteose da sua obra, a imensa legião dos beneficiários e discípulos louvam o seu
carinho e o seu trabalho expressivo na seara de Jesus, saudando-o agradecidos, no seu
retorno ao lar espiritual.
Acolhe Senhor, em teus braços, aquele que nos foi o temo e seguro orientador!

593
Para conhecer mais sobre esses Missionários do Amor, sugerimos os livros:

Eurípedes o Homem e a Missão: Corina Novelino: Instituto de Difusão Espírita - SP.


Eurípedes Barsanulfo O Apóstolo da Caridade: Jorge Rizzini: Correio Fraterno - SP.
De Sacramento a Palmeio: Agnelo Morato: Edições Correio Fraterno - SP
As Correntes Mento-eletromagnéticas na Desobsessão Coletiva: Gilson de
Mendonça Henriques: Vínculos Fraternais - DF.
A Misericórdia: Gilson de Mendonça Henriques: União Espírita de Jacaraipe-ES.

Pregava, com desassombro e liberdade o reino de Deus


e a doutrina sobre o Senhor Jesus Cristo (Atos, 28:31).

594
CRÍTICAS E SUGESTÕES

Enviar para:
Sociedade de Divulgação Espírita Auta de Souza
QSD Área Especial 17 - Taguatinga-DF
CEP: 72020-000.
Fone: (061) 352-3018

Maurício Neiva Crispim


Qd. 15 Conjunto A Casa 56 - Sobradinho-DF
CEP: 73045-150.

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MAURÍCIO NEIVA CRISPIM

Nasceu em Goiânia-GO, em 18/11/1954. Médico, com residência em Clínica


Geral, Curso de pós-graduação em Homeopatia e especialização em Pneumologia.
Pesquisador, médium e orador espírita, estudioso do Magnetismo e do Espiritismo
em seus três aspectos: científico, filosófico e religioso. Atua há vários anos no
Movimento Espírita, particularmente em Goiás e Distrito Federal.
N o s últimos 15 anos, pesquisou, observou, testou e analisou a utilização da
CORRENTE M A G N É T I C A nos processos de "curas físicas'e perispirituais", no
desenvolvimento mediúnico e, principalmente, na desobsessão. N e s s e período ele
c o m p i l o u , ordenou e também gerou n o v o s c o n h e c i m e n t o s , d e d i c a n d o - s e à
coordenação da presente Obra, que busca evidenciar os mecanismos e benefícios do
emprego da CORRENTE MAGNÉTICA NA D E S O B S E S S Ã O .
D E S O B S E S S Ã O POR C O R R E N T E M A G N É T I C A é o primeiro v o l u m e
de uma série que pretende escrever, trazendo para os interessados a prática e
os fundamentos doutrinários e científicos desse fabuloso e abrangente processo
de tratamento que, quando"generalizado, aliviará a humanidade encarnada da
pior d o e n ç a de todos os tempos: A O B S E S S Ã O .

Editora Auta de Souza

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