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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTAS – EJA, NO MUNICÍPIO DE IRECÊ – BA.

Alan Seixas da Silva¹


José Jaime Paulino Silva²

Orientadora Professora Mestre Maria de Fatima Sudré

RESUMO:
Esse trabalho tem como objetivo pergunta-se como acontece a formação do professor
para atuar na EJA no município de Irecê? Em quais espaços essa formação vem sendo
oferecida? Quais são as exigências, as expectativas e os interesses colocados pelos
professores? Este trabalho mesmo que um recorte de uma pesquisa mais ampliada pretende
discorrer sobre o tema a formação do professor da Educação de Jovens e Adultos - EJA na
Escola Municipal Marcionílio Rosa situada no município de Irecê – Bahia. Com isso, iremos
analisar como a secretaria de educação vem promovendo a formação de professores para atuar
neste segmento. Fazemos observações, estudo de caso e entrevistas com professores,
coordenadores da Escola Municipal Marcionílio Rosa no intuído de compreender de que
forma o profissional em educação dar continuidade em sues estudos na área que atua como
agente direto da educação. Nossa pesquisa foi âmbito pedagógico por ser uma prática social
que atua na configuração da existência individual e coletiva para realizar nos sujeitos as
características de seres humanos. É na vertente do sócio-interacionismo por entende que o
conhecimento se dá a partir das relações sociais. A formação continuada faz-se importante,
especialmente quando a EJA não foi contemplada na formação acadêmica inicial do
professor, por isso percebemos que, mesmo com poucos incentivos do poder publico, a
possibilidade de estudar e buscar novos horizontes tem motivado esses profissionais.

PALAVRAS-CHAVE: Formação de Professores. Identidade Docente. Educação de Jovens e


Adultos.

¹ Graduando do 4º semestre do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia -


UNEB – DCHT – Campus XVI – Irecê – BA, E-mail: alanseixas.10@gmail.com - Cel. (74) 99923-4195

² Graduando do 4º semestre do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia -


UNEB – DCHT – Campus XVI – Irecê – BA, E-mail: jose.jaime@bol.com.br - Cel. (74) 99975-6405
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INTRODUÇÃO

A educação sempre foi fator principal no desenvolvimento social do país como um todo
e a cada ano essa importância vem aumentando seu espaço entre a sociedade que está se
preocupando com o seu futuro, particularmente isso nos levou a pensar como se dar a
educação dos jovens e adultos e como o profissional que atua nessa área esta sendo capacitado
e inserido neste contexto de tamanha responsabilidade social de preparar o aluno da EJA já
cheios de conceitos e experiências empíricas para a vida e para o mercado de trabalho.

Muitos obstáculos e dificuldades podem ser encontrados por pessoas que não possuem
um bom nível de escolaridade em relação não apenas aos cursos técnicos e superiores, mas
também uma educação básica no ensino fundamental e médio que são imprescindíveis para o
desenvolvimento intelectual e cívico do sujeito. Diante disto surgi em nós uma inquietação
que nos impulsiona a pesquisar como é dada a formação do professor da educação de jovens e
adultos – EJA, que cumpre um importante e fundamental papel ao atender pessoas que não
tiveram a oportunidade de estudar na idade certa tanto no ensino fundamental como o ensino
médio e diante de tantas dificuldades e concorrências que estão tendo de enfrentar no mercado
de trabalho, querem retornar os estudos. E essa oportunidade de voltar a estudar proporciona
ao aluno uma melhora na sua autoestima e uma melhor preparação para enfrentar a dura
concorrência do mercado de trabalho.

Tendo em vista esses conceitos esperamos atender as nossas expectativas de


compreender o universo da formação do professor da EJA como é dada a construção de sua
identidade docente e que faz-nos refletir que não pode isolar-se na academia como único meio
de formação. Pensar em construção de identidades docentes é pensar em desconstruções de
pensamentos de que só se aprende com os “grandes teóricos” ou que a formação docente se dá
apenas na universidade. É neste sentido que queremos compreender que esta formação se dá
na interação de conhecimentos tanto acadêmicos como empíricos vividos na pratica docente
que tornam a prática educativa e social entre professor-aluno e aluno-professor entrelaçados
por encantos e desafios em um contexto social que emergem das posturas dos diferentes
sujeitos que fazem parte deste contexto educacional.

A proposta de trazer discussões acerca das Práticas de capacitação do professor da EJA


está vinculada ao compromisso que as Universidades e Escolas têm na condução dos
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processos de formação de professores e a preocupação de que realmente o profissional que


esta atuando em sala de aula tem condições de transmitir o conteúdo com qualidade e eficácia.

DIALOGANDO COM OS TEORICOS DA EJA

Paulo Freire ressalta a importância da dignidade e da autonomia ligada à existência


humana, e que nós como educadores devemos olhar para o sujeito como um sujeito único e
com complexidades sociais, culturais, religiosas e históricas e como acreditamos que esse
pode ser o ponto de partida para nossa reflexão sobre a importância da alfabetização de jovens
e adultos com qualidade e responsabilidade resolvemos investigar como acontece a formação
do professor para atuar na EJA no município de Irecê, e como isso pode está ligado à ética e
ao sonho dos alunos e porque não de nós professores e futuros professores de ver a educação
mudando vidas e pessoas mudando o mundo. Assim como Paulo Freire diz:

A existência humana é que permite, portanto, denúncia e anúncio,


indignação e amor, conflito e consenso, diálogo ou sua negação com a
verticalidade de poder. Grandeza ética se antagonizando com as mazelas
antiéticas. É exatamente a partir dessas contradições que nascem os sonhos
coletivamente sonhados, que temos as possibilidades de superação das
condições de vida a que estamos submetidos como simples objetos para
tornar-nos todos e todas serem mais. (FREIRE, 2001, p.14).

A conscientização e o compromisso nos permite a possibilidade de escolher e decidir


por si mesmo tendo assim autonomia do que queremos e com isso podendo fazer escolhas que
venham nos acrescentar a cada dia, assim como lutar pelos sonhos para que se tornem
realidade e por uma vida com mais oportunidades. Aquele que antes era excluído, oprimido e
marginalizado pela sociedade pode converter-se num sujeito de direitos, podendo sentir-se
gente e não coisa e se torna um cidadão de direito e de fato.

Este projeto toma como base o conceito de Educação de Jovens e Adultos proposto
por Paulo Freire, em sua obra Pedagogia do Oprimido (2014). Tal conceito parte do princípio
de uma necessidade e de um direito ao estudo e de qualidade que são garantidos pela
constituição brasileira. Segundo Miguel Arroyo (2005):

“A EJA não existe somente para suprir carências, ela é um direito de


indivíduos que trazem trajetórias escolares específicas e histórias de vida
singulares. “Teimar em reduzir direitos a favores, à assistência, à suplência,
ou a ações emergenciais é ignorar os avanços na construção social dos
direitos, entre eles à educação de jovens e adultos”” (ARROYO, 2005, p.
28).
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Desse modo, a intenção desse projeto é trazer nuances conceituais da educação de


jovens e adultos visando compreender e esclarecer a importância que essa modalidade de
ensino é para a sociedade buscando sempre analisar o sujeito e suas complexidades assim
como suas experiências de vida e de contexto social, politico e religioso nos dias atuais, onde
a tecnologia está em uma plenitude grandiosa. Apresentando o sentido da EJA, os meios
atuais e passados a qual ele está/esteve configurado e inserido surge à imagem descrita a
seguir:
... quem viveu boa parte de sua vida em uma escola como
professor/professora, por certo, se lembra de como aprendeu e ensinou
na troca com seus companheiros/companheiras e de como a prática
pedagógica diária constitui um importante espaço de sua formação.
Nesse espaço, os professores partilham materiais, informações sobre
os alunos, comentários sobre trabalhos desenvolvidos. Criam
alternativas, tornam-se produtores/autores. Repartem também dúvidas,
dificuldades, impasses e saberes gerados no dia-a-dia da prática
escolar, no confronto entre as expectativas e os resultados. Discutem
iniciativas realizadas por certas escolas e professores que, imbuídos do
desejo de dar novo rumo à história pedagógica de sua turma, rompem
com prognósticos estabelecidos e revertem a situação inicialmente
configurada (VASCONCELOS, 2003, p.13).

É importante ressaltar que os conhecimentos sobre o mesmo tanto nas instituições de


ensinos formais quanto não formais devem ser analisados, certamente buscando entender
como se da a formação do professor da EJA e quais politicas publicas vão ajudar nesse
processo tão difícil que é a educação de jovens e adultos em um mundo capitalista onde
prioriza a mão de obra barata e sujeitos semianalfabetos e alunos cada vez menos críticos e
conscientes de seus direitos.

METODOLOGIA

Tendo em vista a complexidade do contexto educacional em especial a de formação de


professores que é o foco da nossa pesquisa, optamos pela abordagem qualitativa com enfoque
fenomenológico, A pesquisa qualitativa ou abordagem qualitativa tem como característica a
possibilidade de compreensão de vários modos de entendimento, buscando a descrição e
decodificação dos fenômenos da sociedade.
O pesquisador tem um contato direto com o seu objeto de pesquisa no caso os
professores da Escola Marcionílio Rosa, em uma interação direta entre ambos para a obtenção
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de dados descritivos sobre lugares e pessoas há cerca de como ocorreu sua formação e de
como buscam se aperfeiçoar para atuarem no segmento da EJA, não se trata de um método
estatístico, mas parte de interesses amplos que vão se direcionando ao longo do
desenvolvimento, visando à compreensão dos fenômenos a partir da perspectiva dos sujeitos
que estão dentro do alvo principal da pesquisa.
Por ter um enfoque fenomenológico à pesquisa nos possibilita fazer uma analise
minuciosa e critica do objeto de estudo, não julgar as respostas do sujeito, mas entender o
contexto a partir do olhar do sujeito. Que tem como principal foco compreender em que
dimensão a formação de professores é oferecida no município de Irecê - BA e se influencia na
deficiência do ensino na EJA. Que Segundo GAMBOA:

Para as pesquisas fenomenológicas, a ciência baseia-se na compreensão dos


fenômenos em suas diferentes manifestações através de uma estrutura
cognitiva ou na explicitação dos pressupostos, das implicações e dos
mecanismos ocultos que fundamentam os fenômenos. A compreensão,
portanto, se realiza a partir da captação do significado dos fenômenos para
um Eu, isto é, o fenômeno deve ser desvendado a partir da relação entre o Eu
e o fenômeno abordado. Esta abordagem não pode considerar os fenômenos
de forma isolada, já que os fenômenos só são possíveis numa perspectiva de
totalidade. A base do método fenomenológico é a interpretação-compreensão
como um caminho para conhecer o significado do fenômeno, mediação entre
sujeito-objeto, Eu-fenômeno. (GAMBOA, 1989, p. 100),

Escolhemos também a vertente do sócio-interacionismo ou Interacionismo que surge


da ênfase no social, e sobre esta trataremos de um materialismo dialético apoiando-se na
concepção do sujeito interativo que elabora seus conhecimentos sobre os objetos, em um
processo mediado pelo outro. Assim, tal concepção entende que o conhecimento se dá a partir
das relações sociais, sendo produzido na intersubjetividade e marcado por condições culturais,
sociais e históricas.

Assim, consideramos interessante destacar que o uso de instrumentos como


questionários que vão nos possibilitar uma enorme coleta de dados para dar prosseguimento
ao desenvolvimento da nossa pesquisa e da compreensão da linguagem através do dialogo e
das interações sociais que será muito importante. A preocupação primeira é descrever e
especificar o desenvolvimento dos professores quanto a sua capacitação e aperfeiçoamento de
forma que a prática e o conhecimento empírico já são de natureza especificamente humana.
Consideramos que a unidade prática e do uso de conhecimentos empíricos não seja suficientes
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para um profissional atuar na EJA, com tudo contribui para a verdadeira essência no
comportamento humano complexo e uma formação cientifica.

Segundo LOPES (2005, p. 53), metodologia “é uma investigação específica é


entendida como um conjunto de decisões e opções particulares que são feitas ao longo de um
processo de investigação”. Neste trabalho nossa intenção é tratar da formação do professor da
EJA no município de Irecê. Para isso, procuraremos desenvolver entrevistas, pesquisas em
órgãos da prefeitura, consultar os profissionais da educação.

Utilizaremos métodos e técnicas como observações em sala de aula, usamos de


quatro encontros de 3 horas cada para observarmos a atuação do professor em sala de aula
para compreendermos o seu cotidiano, entrevistas semiestruturadas, tivemos cinco encontros
de 3 horas cada, onde fizemos entrevistas e observações com o professor em planejamento,
coleta de dados ocorreu através das entrevistas e observações que nos ajudou a ter uma
compreensão do tema de estudo, que nos levou a compreender como é dada a formação dos
professores da Escola Marcionílio Rosa que nos permitirá a fazer uma analise e uma reflexão
da realidade desses profissionais e de como afeta essa modalidade.

O método de entrevista semiestruturada que nos possibilitará abranger um leque de


possibilidades ao se tratando de surgi novas questões e hipóteses em nossa pesquisa e em se
tratando da entrevista semiestruturada, atenção tem sido dada à formulação de perguntas que
seriam básicas para o tema a ser investigado (TRIVINOS, 1987; MANZINI, 2003).

Porém, uma questão que antecede ao assunto perguntas básicas se refere à definição de
entrevista semiestruturada. Autores como Triviños (1987) e Manzini (1990/1991) têm tentado
definir e caracterizar o que vem a ser uma entrevista semiestruturada. Para Triviños (1987, p.
146) “a entrevista semiestruturada tem como característica questionamentos básicos que são
apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa”.

Os questionamentos dariam frutos a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos
informantes. O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador. Complementa o
autor, afirmando que a entrevista semiestruturada:

“[...] favorece não só a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua
explicação e a compreensão de sua totalidade [...]” além de manter a
presença consciente e atuante do pesquisador no processo de coleta de
informações (TRIVIÑOS, 1987, p. 152).
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Esse tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as
respostas não estão condicionadas a uma padronização de alternativas como as respostas de
sim ou não como nos diz o autor Manzini (1990/1991, p. 154), “a entrevista semiestruturada
está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas
principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à
entrevista”.

Um ponto semelhante, para ambos os autores, se refere à necessidade de perguntas


básicas e principais para atingir o objetivo da pesquisa. Dessa forma, Manzini (2003) salienta
que é possível um planejamento da coleta de informações por meio da elaboração de um
roteiro com perguntas que atinjam os objetivos pretendidos. O roteiro serviria, então, além de
coletar as informações básicas, como um meio para o pesquisador se organizar para o
processo de interação com o informante e criar um vinculo de confiança e credibilidade das
veracidades das informações coletadas.

O projeto foi produzido e desenvolvido em na cidade de Irecê-Ba na Escola Municipal


Marcionílio Rosa, com uma carga horária de 27 horas, sendo compartilhadas em (09)
encontros sendo cinco encontros para entrevistas e quatro para observações que ocorreu no
período entre os meses de Abril a Junho no ano 2017, possuindo como início de partida as
19h00min PM e finalizando as 22h00min PM. Fizemos uso de algumas questões elaboradas
por nós com base no nosso objeto e teóricos usados em nossa pesquisa que nos ajudaram a ter
uma melhor compreensão do assunto.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Formação de Professores está relacionada à aquisição de conhecimentos fundamentais,


capacidades práticas, atitudes e formas de comportamento que constituem base indispensável
para o exercício da docência, como destaca Soares (2006), apenas recentemente a formação
do professor da EJA passou a ser reconhecida como uma modalidade ou habilitação nas
Instituições de Ensino Superior.
O delineamento do perfil do professor da Educação de Jovens e Adultos ainda está em
construção, por não conformar-se com o caráter universalista da formação de professores.
Nesse sentido, a educação inicial e continuada de professores da eja deve ter como primeiro
referencial, normas legais e recomendações pedagógicas da educação básica, uma vez que
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esse período de formação é definido como uma política pública. O objetivo da formação
inicial é possibilitar aos professores, conhecimentos básicos que lhes propiciem o
desempenho da ação docente.

Dentro deste caráter ampliado, os termos “jovens” e “adultos” indicam


que, em todas as idades e em todas as épocas da vida, é possível se formar,
se desenvolver e constituir conhecimentos, habilidades, competências e
valores que transcendam os espaços formais da escolaridade e conduzam à
realização de si e ao reconhecimento do outro como sujeito. (SOARES,
2002, p. 43).

Com oportunidades ligadas ao lazer, à expressão livre e criadora, à curiosidade, à


vontade de aprender, os conteúdos abordados pela educação escolar podem potencializar o
contexto heterogêneo e complexo da EJA, no qual as práticas como linguagem e patrimônio
sociocultural, inserem-se em um conjunto de múltiplas oportunidades educativas. Desejamos
que as metas estabelecidas possam alargar a compreensão ainda hegemônica da Educação de
Jovens e Adultos no interior das escolas.

No caso especifico do profissional da Pedagogia, que tem a responsabilidade de


trabalhar com a primeira etapa da EJA, deve ir além da sala de aula, apropriando-se de
contextos mais amplos, como é defendido por Libâneo.

Proponho que os profissionais da educação formados pelo curso de


Pedagogia venham a atuar em vários campos sociais da educação,
decorrentes de novas necessidades e demandas sociais a serem
regulados profissionalmente. (Libâneo 2004, p. 46):
Com isso, o Pedagogo/a irá atuar em campos ainda mais amplos do que apenas o
âmbito escolar, não podemos mais pensar ou crer no pedagogo como apenas um profissional
limitado. No caso da EJA, as salas de aulas são diversas: nas empresas, nos canteiros de
obras, nas escolas, nas associações, nos sindicatos... Dessa forma, seu papel é promover
mudanças no desenvolvimento e na aprendizagem, procurando formar cidadãos críticos e
conscientes para saber agir e viver em sociedade. E interligar e valorizar as atividades
pedagógicas ao mundo contemporâneo.

IDENTIDADE DOCENTE

A identidade profissional é um processo evolutivo de interpretação e reinterpretação


de experiências, uma noção que coincide com a ideia de que o desenvolvimento dos
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professores é visto como uma aprendizagem ao longo da vida. A identidade profissional


docente é composta por sub - identidades mais ou menos relacionadas entre si. São as relações
entre as pessoas que determinam o processo de construção da identidade, pois os indivíduos
necessitam uns dos outros para formarem a sua própria identidade. As identidades não são
inatas, não nascem conosco, precisam ser construídas e esta construção passa pela interação
com o outro, pois só a interação social permite viver em sociedade. Essas sub - identidades
têm relação com os diferentes contextos nos quais os professores se movimentam.

Junto ao conceito de identidade docente, falamos do profissionalismo entendido, nesse


caso, como a capacidade dos indivíduos e das instituições em que trabalham que às vezes
desenvolvem atividades de qualidade e capacitação comprometida com os docentes e em um
ambiente de colaboração.

Vivemos hoje numa sociedade altamente globalizada em que tudo é muito dinâmico,
instável e flexível, quer a nível profissional, econômico ou político, como tal as identidades
tornam-se também instáveis e susceptíveis às escolhas que cada indivíduo efetua. Ao mesmo
tempo em que surgem as mudanças sociais, a alteração de valores e padrões que regem uma
sociedade, assim também os indivíduos têm poder para moldar a sua própria identidade.

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

A conceituação da Educação de Jovens de Adultos é muito diversa. Associa-se EJA à


Educação Noturna, Educação Popular, Educação Comunitária, Educação não Formal, Ensino
Supletivo, dentre outros. Observamos que estes conceitos estão atrelados à mesma, porém não
a definem. Mas o que é EJA, qual o seu objetivo/função? A essas perguntas vamos tentar
esclarecer um pouco.
O adulto para EJA, não é aquele sujeito concursado, nem um estudante universitário, o qual
está à procura de aperfeiçoar profissionalmente seus conhecimentos, muito menos aquele com uma
escolaridade regular. São geralmente homens e mulheres desempregados, trabalhadores em busca
de uma melhor condição de vida, uma boa moradia e que lutam para superar suas condições
precárias, no qual estão nas raízes do analfabetismo. O tema "Educação de pessoas jovens e adultas",
não os remete apenas a uma questão de especificidade etária, mas, primordialmente, a uma questão
de especificidade cultural.
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Por sermos seres de cultura, nós, homens e mulheres, somos


necessariamente dependentes. Ser autônomo é ter capacidade de
assumir essa dependência radical derivada de nossa finitude, estando
assim livres para deixar cair as barreiras que não permitem que os
outros sejam outros e não um espelho de nós mesmos (FREIRE, 1997,
p. 46).

A EJA está inserida num processo educacional que contemple a dimensão


individual considerando a pessoa como um ser incompleto, que tem a capacidade de buscar
seu potencial pleno e se desenvolver, aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo; uma
dimensão profissional está incluída a necessidade de todas as pessoas se atualizarem em sua
profissão, todos precisam se atualizar e social (sendo este, a capacidade de viver em grupo),
um cidadão, para ser ativo e participativo, necessita ter acesso a informações e saber avaliar
criticamente o que acontece.

A formação Continuada do professor da EJA no município de Irecê

Como questão norteadora da nossa pesquisa a formação do professor no município de Irecê


tem ocorrido de forma não muito satisfatória quando se trata da Educação de Jovens e Adultos
– EJA. A necessidade de um curso superior ou até mesmo de aperfeiçoamento especifico para
atuação na modalidade de jovens e adultos oferecido aos professores e futuros professores da
EJA da rede municipal de Irecê é fundamental importância para uma renovação pedagógica
nessa modalidade, de forma que uma reestruturação do currículo seja voltado especificamente
para os alunos da EJA e feito por profissionais com capacitação especifica para isso, pois a
falta dessa preparação para o profissional da EJA tem deixado essa modalidade descreditada
de tal ponto que só quem acredita nela é quem esta inserido nela.

O desenvolvimento de um bom trabalho de qualidade e coerente é necessário uma boa


preparação e os professores da modalidade de jovens e adultos estão sendo esquecidos apesar
de fazer um trabalho sensacional devido a sua experiência em outras modalidades e alguns
mine cursos, palestras e discussões sobre a EJA que vão auxiliando no desempenho em sala
de aula, apesar das dificuldades diria que os professores da Escola Marcionílio Rosa estão
sendo polivalentes e que conseguem mesmo com as dificuldades aplicar o conteúdo de forma
dinâmica e objetiva para seus alunos. Observemos alguns dados da pesquisa para
compreendermos esse ambiente de trabalho na escola.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a nossa investigação na Escola Municipal Marcionílio Rosa na cidade de
Irecê – Ba, constatamos que a EJA não esta sendo tratada como deveria pela Secretaria de
Educação do nosso município pelo menos na área que abrange a formação do professor para
atuar nesse segmento. À educação de Jovens e adultos têm grande importância como reparo
social, contudo, na prática, segundo os entrevistados, a preocupação da SEC. de Educação é
mínima quando se trata da formação do professor da EJA, mas o professor esta tendo a
preocupação de dar continuidade a sua formação continuada ao longo de sua carreira com
cursos de pós-graduações, mestrados e aperfeiçoamentos, mesmo que não seja especifico
para a EJA, mas acreditam que de certa forma ajudam na atuação em sala de aula, esses
cursos não são oferecidos pela SEC, de Educação, o professor procura fazer de forma
particular.
A utilização de metodologias diferenciadas a fim de cativar, garantir o aprendizado e
a permanência do aluno da EJA é o que move esses profissionais da Escola Marcionílio
Rosa, mesmo sem a formação especifica para atuar na EJA, alguns nem mesmo na sua
graduação tiveram a oportunidade de estudar sobre essa modalidade, é importante salientar
e até mesmo questionar se o curso de pedagogia das instituições de ensino superior de Irecê
esta abordando esse tema com a importância que ele merece e se estão qualificando seus
alunos de forma que atuem com qualidade e eficiência na EJA.
Defendemos que para ter qualidade e eficiência e um bom desempenho em sala de
aula o professor da EJA precisa ter uma boa formação inicial docente e uma formação
continuada, aptos à realização de práticas diversas que amplie o processo de ensino-
aprendizagem entre aluno – professor e professor – aluno.
A partir desta vivência identificamos dificuldades presentes no dia-a-dia do professor
da EJA, tanto na estrutura como nos comportamentos de certos alunos, mas que não
impedem que o professor aplique o conteúdo imposto a ele. A necessidade de uma
metodologia diferenciada e especifica para o publico da EJA é de fundamental importância
para que os alunos se sintam motivados e cativados para permanecer na escola.
A formação de professores para atuar na EJA é essencial para que haja um estimulo e
uma esperança de melhora para a educação de jovens e adultos com qualidade, uma
perspectiva de um futuro reparador muito mais do que já esta sendo feito para esse publico,
pois somente desta maneira o educador será capaz de elaborar um plano de aula descente
que ajude no desenvolvimento de uma visão critica do mundo do aluno, além disso,
indicamos algumas medidas a Secretaria de Educação do Município de Irecê que se
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preocupe mais com os professores da EJA, que faça alguma parceria com alguma instituição
que ofereça algum tipo de formação especifica para a EJA e que seja reconhecida pela MEC
e que tenha um compromisso social de capacitar com qualidade esses profissionais e
mostrá-los a importância de continuar sua formação continuada, e que sejam exemplos para
os alunos da EJA a fim de que possa influencia-los para que se tornem cidadãos perante a
sociedade.
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Referências

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