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FACULDADE ANHANGUERA DE BELO HORIZONTE

SISTEMA DE ENSINO A DISTÂNCIA


LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

ARISTON MIKE FERREIRA GALDINO

PROJETO DE ENSINO
EM LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

BELO HORIZONTE
2023
PROJETO DE ENSINO
EM PEDAGOGIA

Tema: A Educação de Jovens e Adultos: São trabalhadores que


estudam e não alunos que trabalham.

Projeto de Ensino apresentado à FACULDADE


ANHANGUERA DE BELO HORIZONTE, como
requisito parcial à conclusão do Curso de
Licenciatura em Pedagogia.

Docente supervisor: Prof. Daniel Sebe

BELO HORIZONTE
2023
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................3
1 TEMA....................................................................................................................4
2 JUSTIFICATIVA....................................................................................................5
3 PARTICIPANTES.................................................................................................7
4 OBJETIVOS......................................................................................................... 8
5 PROBLEMATIZAÇÃO..........................................................................................9
6 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................11
7 METODOLOGIA.................................................................................................19
8 CRONOGRAMA.................................................................................................21
9 RECURSOS....................................................................................................... 22
10 AVALIAÇÃO....................................................................................................... 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................24
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 25
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INTRODUÇÃO

Na busca de melhor atendimento ao processo ensino-aprendizagem, a EJA


(Educação de Jovens e Adultos) representa hoje uma possibilidade de acesso ao
direito a educação sob uma nova opção legal, acompanhada de garantias nas leis
de nosso país. Na Constituição Federal de 1988, juntamente com a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (Lei Federal 9394/96) determinam que a EJA seja
entendida como um direito - uma vez que “a educação é um bem real social e
simbolicamente importante”, que dá a esses indivíduos a oportunidade de estudar,
aprender a ler, escrever e calcular, possibilitando uma formação ampla e integral.

Por tais razões este trabalho tem como objetivos principais conhecer o perfil desses
alunos e analisar quais as metodologias adequadas para esta realidade. O interesse
pelo tema em questão surgiu a partir do estudo em uma disciplina do Curso de
Pedagogia, que destacou a trajetória da educação de jovens e adultos, desde a sua
origem até os dias de hoje, conhecendo dessa forma as diferentes dificuldades e
suas necessidade.

Sabemos que o público da EJA é diferenciado, abrange desde jovens que estão
irregulares na escola, alunos com a idade avançada e ambos os casos, vão desde
se alfabetizar, se recompor no mundo da educação ou até se aprofundar para
conhecimento também não podemos deixar de relatar aqueles que por ambição
pessoal buscam o tão sonhado diploma. Então, visto que fazem parte de um público
diferenciado, como eles são, como devem ser vistos e como ensiná-los?
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1 TEMA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA REALIDADE PARA ALUNOS


TRABALHADORES

A EJA no Brasil veio para promover a melhoria escolar na vida do indivíduo e


tem um papel fundamental que é a inserção da pessoa na sociedade em que se
vive. Nesta nova oportunidade, a volta do aluno será mediada com mais cautela
e com alguns cuidados, pois estes alunos se tratam de um público seleto para o
ensino aprendizagem.

A EJA deve considerar aspectos peculiares da identidade dos seus alunos que
retoma a escolarização, a maioria são jovens e adultos, que apesar das
dificuldades estão ali para terem domínio da leitura e da escrita e para aprender
as matérias básicas para vida. Esses alunos regressos, querem atuar na
cidadania e fazer valer seus direitos constitucionais, que estão garantindo aos
mesmos uma formação integral e ampla de homens e mulheres e de acesso a
profissionalização e a empregabilidade, fazendo com que essas pessoas
transformem sua velha situação opressora em uma nova, de libertação

Ressaltando que a educação deve ser de fácil acesso e ter como objetivo incluir
a população no mercado de trabalho, os educadores da EJA consideram a
bagagem de experiência e conhecimento que seu aluno traz da sua vida, e
sendo assim, transforma as informações já adquiridas por esse aluno em
conhecimento útil para aprendizado. O professor mediador também considera
que a origem de nossos alunos é diversa, pois cada um apresenta alguma
dificuldade, preocupação e vontade de superar os empecilhos e vê na escola
essa possibilidade de enfrentar os seus obstáculos e de consequentemente
vencê-los.

Com tudo isso em mente, consideremos que o conjunto cultural formado pelas
pessoas que se encontram numa mesma série, numa sala de aula, é, então,
extremamente rico, e com suas peculiaridades, a aprendizagem acontece!
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2 JUSTIFICATIVA

É fundamentalmente importante lembrar que o jovem e adulto analfabeto é um


trabalhador, às vezes em condição de subemprego ou até desempregado. Pode
também ter vindo de camadas populares, filhos de trabalhadores não
qualificados, com baixo ou nenhum grau de instrução e com uma curta
passagem pela escola. Não podemos esquecer também que esses homens,
mulheres, jovens, adultos ou idosos que buscam a escola pertencem todos a
uma mesma classe social: são pessoas com baixo poder aquisitivo, que
consomem, de modo geral, apenas o básico à sua sobrevivência: aluguel, água,
luz, alimentação, remédios para os filhos (quando os têm).

O lazer fica por conta dos encontros com as famílias ou dos festejos e eventos
das comunidades das quais participam, ligados, muitas vezes, às igrejas ou
associações, ou a televisão que é apontada como principal fonte de lazer e
informação. Uma característica frequente do (a) aluno (a) é sua baixa
autoestima, muitas vezes reforçada pelas situações de fracasso escolar, pois
conforme Ribeiro (2001) a sua eventual passagem pela escola, muitas vezes, foi
marcada pela exclusão e/ou pelo insucesso escolar.

Com um desempenho pedagógico anterior comprometido, esse aluno volta à


sala de aula revelando uma autoimagem fragilizada, expressando sentimento de
insegurança e de desvalorização pessoal frente aos novos desafios que se
impõem. Em diversos olhares sobre a vida, geralmente esse indivíduo encontra-
se defasado, então, o programa de Educação de Jovens e Adultos, tem o
objetivo de facilitar, sem comprometimento de conteúdo, a vida de tais, fazendo
assim que que conquistem o tão sonhado diploma, porém passem pelo processo
escolar e tenham o orgulho de dizer que frequentaram as aulas.

A EJA não deve ser uma reposição da escolaridade perdida, como


normalmente se configuram os cursos acelerados nos moldes do que tem
sido o ensino supletivo. Deve sim construir uma identidade própria, sem
concessões à qualidade de ensino e propiciando uma terminalidade e acesso
a certificados equivalentes ao ensino regular. (GADOTTI, 2008, p.121)
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Conforme diz Gadotti (2001) esses lutam para superar suas condições precárias
de vida que estão na raiz do problema do analfabetismo. O desemprego e os
baixos salários comprometem o processo de alfabetização desses jovens e
adultos, fazendo-os muitas vezes desistir de frequentar as aulas. Por isso de
acordo com Maia (2001) o educador que vai trabalhar com os alunos da EJA
deve relacionar os conteúdos com a vida dos alunos, com sua realidade
existencial, pois na maioria dos casos eles sofrem com questões familiares,
profissionais, conjugais, preconceito entre outras.

A alfabetização e a educação de base de adultos devem partir sempre de um


exame crítico da realidade existencial dos educandos, da identificação das
origens de seus problemas e das possibilidades de superá-los. (RIBEIRO,
2001, p.23)

Diante disso é indispensável que o professor além de mediador de informação


também seja um estimulador a prática escolar para que a evasão não seja
encarada de maneira normal e não aconteça com tanta frequência. No entanto a
Educação de Jovens e Adultos veio para oferecer a esses jovens e adultos
benefícios que devem ser garantidos à classe trabalhadora, promovendo dessa
forma não só a inclusão educacional como também social de um grande
contingente de jovens e adultos trabalhadores que não concluiu o ensino médio

Já temos muitos temas relacionados a esse assunto, também temos muitas literaturas e
autores de qualidade, porem essa reflexão se dá justamente no meu processo de
amadurecimento como educador, então, assim sendo, elaboro esse arquivo/manual
onde procuro traçar o perfil dos estudantes EJA e a melhor forma de mediar os
conteúdos, visto que eu, logo breve pedagogo, serei formador de pessoas
pensantes e alfabetizador de todos os graus e idades. Meu objetivo, como já
mencionado, é trazer mais reflexões sobre o artigo e mostrar a realidade vista com
meus próprios olhos, bem como explanar um pouco mais sobre as diversas
dificuldades sociais do estudante e a falta de apoio ao professor formador, visto que
somente ser um replicador de conteúdo não é suficiente para educar que já está
formado pela vida.
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3 PARTICIPANTES

Alunos jovens e adultos são homens e mulheres que chegam à escola com
crenças e valores já constituídos. As escolas para jovens e adultos recebe em
suas salas uma pessoa com traços de vida, origens, idades, vivências
profissionais, históricos escolares, ritmos de aprendizagem e estruturas de
pensamento completamente variados.

Qualquer pessoa com mais de 15 anos pode fazer o EJA de nível Fundamental
e a partir de 18 anos, de nível Médio. Além disso, o EJA é voltado para quem
ainda não conseguiu terminar os estudos, logo a pessoa deve estar com o
Fundamental ou o Médio incompletos para se inscrever., neste estudo,
usaremos este público como nossa referência.

Criou o ensino supletivo, previsto na lei da reforma do ensino de 1º e 2º grau, de


1971, com o objetivo básico de suprir a escolarização regular para adolescente e
adulto que não tinham conseguido concluir na idade própria. (LEITE, 2013, p.22).
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4 OBJETIVO GERAL

O Objetivo deste presente artigo para conclusão do curso é entendemos a vida do


jovem adulto já formado fisicamente e que após estabelecer uma vida em sociedade
decide regressar a escola. Como este estudante precisa ser atendido, acompanhado
e no final, como ser avaliado? Afinal, ele não está no ensino regular.

OBJETIVO ESPECIFICO

Procuraremos entender os desafios do trabalhador que é estudante, bem como suas


dificuldades, suas lutas diárias, seu esforço além do normal para regressar as aulas,
e qual a sua motivação em retornar a escola. Discutiremos sobre sua defasagem
estudantil e como ela o afeta no mercado de trabalho. Daremos atenção também a
autoestima desse estudante, que após perder tanto tempo fora da escola tenta se
erguer com sua autoestima e busca ser concluinte e diplomado.
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5 PROBLEMATIZAÇÃO

A visão de mundo dos alunos que voltam para a sala de aula depois de adultos, ou
mesmo aqueles que iniciam sua trajetória escolar nesta fase da vida é bastante
peculiar. Estes alunos EJA são seres humanos diversificados; são pessoas que
chegam à escola, formam grupos de amigos e estes grupos com uma grande
diversidade cria sua própria personalidade e identidade. São homens e mulheres,
adultos e idosos que chegam na escola com crenças e valores já constituídos,
porém com um mesmo objetivo - conseguir recuperar o tempo perdido e assim se
sentirem pessoas inseridas em uma sociedade totalmente exigente

As escolas recebem esses alunos e alunas e entende que cada um tem uma
realidade, Ao passo que uma jovem aluna abandonou seus estudos para criar seu
filho devido uma gestação na adolescência, temos outro adulto que abandonou os
estudos para ajudar seus pais na criação de seus irmãos... Também temos a dona
Maria Helena, idosa, já aposentada, mas que nunca frequentou o ambiente escolar.
Agora, já com filhos criados e viúva, quer realizar seu sonho de escrever seu próprio
nome e saber investir sua pequena aposentadoria.

São pessoas que vivem no mundo adulto, com trabalhos e responsabilidades sociais
e familiares, com valores éticos e morais formados, com diversos símbolos religiosos
e que agora, então dentro do ambiente escolar em busca de um mesmo objetivo – a
diplomação e a realização de um sonho. É necessário ressaltar que o acesso à
educação era mais restrito há algumas décadas atrás, tanto pela quantidade de
vagas ofertadas, tanto pelo difícil acesso às escolas. Isso também pode ter sido um
fator decisivo Para Joao da Silva, que desce cedo, aprendeu a pegar num cabo de
inchada e não numa caneta e um papel, justificando assim a entrada tardia no
sistema de ensino ou até mesmo a nunca entrada na porta de uma escola

Então, tendo tudo isso em mente e sabendo que são um grupo peculiar,
diferenciado, específico e com todas as outras exceções possíveis de citar, procurei
métodos de abordar o assunto - que é delicado - porém bem relevante e assim
analisar criticamente o embasamento desse grupo especifico de estudantes.
Procuraremos abordar durante o artigo, técnicas de educação para o ensino da EJA,
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o cuidado que o professor regente deve ter ao buscar o equilíbrio entre lidar com um
aluno regresso da última década, ou a delicadeza em alfabetizar o Senhor João da
Silva, caipira do mato, que não assina nem eu nome. Ao nos aprofundarmos neste
temos, vamos ampliar o entendimento da postura do profissional professor mediador
diante de uma turma não regularizada, quais os métodos de ensino e avaliação e
por fim, um diagnóstico da auto estima e satisfação desses alunos ao conseguir o
tão sonhado diploma

Saber que ensinar não é transferir conhecimento é fundamentalmente pensar


certo – é uma postura exigente, difícil, às vezes penosa, que temos de
assumir diante dos outros e com os outros, em face do mundo e dos fatos,
ante nós mesmos. (...) É difícil, entre outras coisas, pela vigilância constante
que temos de exercer sobre nós próprios para evitar os simplismos, as
facilidades, as incoerências grosseiras (FREIRE, 2009, p. 49).
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6 REFERENCIAL TEÓRICO

O DIREITO A EDUCAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A declaração do Direito à Educação aparece no artigo 6º: “São direitos sociais - a


educação, [...] na forma desta Constituição”. No artigo 205, afirma-se: “A educação,
direito de todos é dever do Estado e da família.” No 206, especifica-se que: “O
ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] IV gratuidade do
ensino público nos estabelecimentos oficiais”, e já inciso I, depois de reger toda a lei
educacional, - é dever do Estado para com o ensino que este estende-se mesmo
aos que “a ele não tiveram acesso na idade própria” . A ideia era ampliar o período
de gratuidade/obrigatoriedade, tornando-o parte do Direito à Educação.

De acordo com a LDB 9394/96 (art. 32), as exigências de um ensino da EJA –


educação de jovens e adultos, deverá ter por objetivo a formação básica do cidadão,
mediante:
I. o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como
meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
IV. o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
O ensino médio, conforme a LDB, tem como finalidades:

I. a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no


ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II. a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com
flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento
posteriores;
III. o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico; e prática. - (BRASIL, 1996,pg 23).

A educação é essencial ao ser humano, principalmente nos dias de hoje, em que se


depara com um ambiente de competitividade nas empresas e meios sociais.
Diversos documentos assim como a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) diz claramente
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o objetivo do conhecimento escolar na vida do cidadão – “a preparação básica para


o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser
capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou
aperfeiçoamento posteriores”.

Onde se investe em educação é notória a contribuição do crescimento econômico,


do desenvolvimento social e cultural da sociedade e país. A Educação de Jovens e
Adultos no Brasil, cabe aqui ressaltar, surgiu como alternativa à qualificação de mão
de obra, com vistas ao atendimento da demanda industrial, onde sua principal
função era a de formar indivíduos que agissem como “máquinas”, sem nenhum
senso crítico. Nesse período a única proposta de educação que formasse cidadãos
críticos foi desenvolvida pelo educador Paulo Freire que colocava o aluno como ser
pensante, porém, foi dilacerada pelo regime militar.

Durante muito tempo, a psicologia esteve centrada nos processos de


desenvolvimento das crianças, pois entendia-se que a partir da idade adulta até a
velhice seus neurônios iam se deteriorando. Estudos recentes contrariam esta
concepção porque indicam que o desenvolvimento psicológico é um processo que
dura toda a vida. Então, é possível e importante que esse adulto, de qualquer idade,
retome o seu processo de ensino aprendizagem.

Apesar das subjetividades inerentes a vidas de cada indivíduo, alguns aspectos se


tornam comuns entre a maioria dos evadidos ou dos não alfabetizados. Estes
grupos de alunos são compostos de indivíduos que, em grande parte, desde suas
infâncias e adolescências tiveram sobre si responsabilidades familiares junto a
criação de seus irmãos, apoio ao sustento da família em ajuda aos pais e as vezes,
por mais que quisessem estudar, não foram incentivados a isso, pois sua família
pode ter vindo de um longo histórico de pessoas que sempre deram extrema
atenção ao trabalho e não podiam perder tempo estudando.

6.2 A EJA É PARA O TRABALHADOR QUE ESTUDA E NÃO


PARA O ESTUDANTE QUE TRABALHA
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Os alunos do povo pedem que a escola lhes fale deles


mesmos, e do seu tempo, do seu mundo e das suas lutas – o que implica
uma conexão diretamente entre movimentos sociais e o que lhe passa na
escola (...) com isto, é dentro dos limites que lhe são atribuídos, escola luta
contra a segregação, torna-se menos seletiva. (SNYDERS, 1981, pp .395)

Quando os sujeitos que evadiram das escolas reingressam na vida adulta, já estão
comprometidos com seus trabalhos, geralmente de baixa remuneração. Na maior
parte dos casos, estes trabalhadores só retomam os estudos quando há obrigação
dos patrões, ou quando verdadeiramente desejam mudar de ramo de trabalho e
reconhecem que os estudos fizeram falta.

A Educação, para o homem, é um salto para a liberdade! A


educação escolar na vida do ser humano é importante, não só pelo fato de poder ser
alfabetizado, mas porque a escola é um lugar privilegiado para construção do
pensamento. Para Paulo Freire, a educação é vista como prática de liberdade, ao
contrário do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também a
negação do mundo como uma realidade ausente dos homens (FREIRE, 1999, p.40)

Ao pensar sobre quem é o aluno ou a aluna da EJA, é importante


que nos perguntemos: O que a escola representa para eles? Partindo do que nos
mostra a realidade, podemos pensar a escola sob diferentes perspectivas: a escola
como espaço de sociabilidade, de transformação social, a escola como espaço de
construção do conhecimento. Os alunos buscam a escola para satisfazer
necessidades particulares, para se integrar à sociedade letrada da qual fazem parte
por direito, mas da qual não pode participar plenamente quando não domina a leitura
e a escrita. Quais são, então, nossos principais desafios? Construir uma escola na
qual professores e alunos encontrem-se como sujeitos com a tarefa de provocar e
produzir conhecimentos.

Os jovens e adultos buscam na escola, sem dúvida, mais do que


conteúdos, eles querem se sentirem sujeitos ativos, participativos e crescer cultural,
social e economicamente. Os conteúdos que você elege para trabalhar com seus
alunos correspondem as necessidades reais deles? Que participação têm seus
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alunos no planejamento que você faz para o trabalho com eles? O que seus alunos
aprendem, de alguma maneira, transforma seu modo de ver e atuar na comunidade
que vivem?

A adaptação dos conteúdos, metodologias de ensino e avaliação à realidade da


clientela escola; a criação de recursos de ensino adequados ás demandas
especificas de cada unidade; a participação nas decisões mais amplas sobre
planejamento currículo e avaliação e muitas outras atividades que ainda cabe ao
professor requerem preparo e senso crítico. (MELLO,1983 , p.71)

6.3 A DIFICULDADE DOS TRABALHADORES FUNCIONAIS

De acordo com a Unesco, alfabeto funcional é toda a pessoa que:

“Apesar de reconhecer e escrever o código, o próprio


nome e ler e grafar algumas frases é incapaz de interpretar o que lê, pois não
consegue extrair o sentido das palavras e nem escrevê-las. (PRIETO, 2008)

E em virtude desses resultados é urgente a formação ou reformulação do ensino


para estes cidadãos, visto que a exigência é muito grande, inclusive no mercado de
trabalho. No Brasil, a realidade desse problema é alarmante, e as consequências
são nítidas em relação aos grandes números de desempregados. Portanto, para
evitar maiores constrangimentos e dificuldades a esses cidadãos, tanto na vida
social quanto âmbito profissional, pensa-se sobre a necessidade de otimização na
educação desde a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental, no
que diz respeito à escrita e principalmente à leitura com compreensão.

“Essa preocupação deveria ser uma questão principal para os


governantes, pois, preocupando-se com a formação adequada e de qualidade dos
indivíduos (fazendo com que os mesmos se tornem capazes de realizar suas
atividades como cidadãos), automaticamente serão participantes efetivos da
sociedade, sabendo-se que o analfabeto funcional é aquela pessoa que não
consegue “funcionar” nas práticas letradas de sua comunidade, embora seja
alfabetizado”. PRIETO, Andrea Cristina Sória- Analfabetismo funciona l- Uma triste
realidade de nosso país. 2008. Disponível em: Acesso em 19 de setembro. 2023.
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6.4 O QUE A ESCOLA REPRESENTA PARA OS JOVENS E ADULTOS

A convivência dentro da sala de aula pode ser favorável aos jovens, pois a
sabedoria e as experiências vividas pelos mais velhos podem servir de exemplo
podendo até inspirá-los em sua vida estudantil. Alguns desses alunos iniciaram sua
vida estudantil na EJA, outros já veem na EJA, a oportunidade de continuar seus
estudos de onde por algum motivo, tiveram que parar. A história pessoal desses
jovens e desses adultos é marcada pelas diferentes vivências na sociedade que
participam, e sua identidade tem múltiplas fontes de referências a partir das quais
foram construídos os conhecimentos, os valores, as crenças. Pois cada um desses
alunos e alunas da EJA, pensam de forma diferente. Como diz Scortegagna e
Oliveira (2006):

“Freire, trazendo este novo espírito da época acabou por


se tornar um marco teórico na Educação de Adultos, desenvolvendo uma
metodologia própria de trabalho, que unia pela primeira vez a especificidade
dessa Educação em relação a quem educar, para que e como educar, a
partir do princípio de que a educação era um ato político, para a libertação do
povo.” (SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2006, p.5).

6.5 A ESCOLA COMO ESPAÇO DE INSERÇÃO SOCIAL

6.5.1 EJA: FAIXA ETÁRIA E SEXO

“EJA é composta, predominantemente, por alunos com menos de 30 anos, que


representam 61,3% das matrículas.” (BRASIL, 2021) Além disso nessa mesma faixa
de idade, os alunos do sexo masculino são maioria, representando 56,8%. Constata-
se que as matrículas de estudantes acima de 30 anos são majoritariamente
compostas pelo sexo feminino, representando 59,0%. Com isso, é possível
ressaltarmos que inegavelmente o estudante da EJA no Brasil já entra ou retorna a
sala de aula certeiramente cansado, afinal de contas, em razão da idade esse
estudante já carrega sobre os ombros demasiadas experiências sociais, algumas
positivas, outras negativas.
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6.5.2 NOVOS AMIGOS LEITORES

Cada um desses alunos e alunas da EJA, são pessoas que


trabalham o dia inteiro e ainda têm disposição para enfrentar uma sala de aula
durante a noite; pais e mães de família, jovens que tiveram que abrir mãos dos
estudos para poder trabalhar e ajudar no sustento da família, outros porque
desperdiçaram a chance de ter um ensino regular e que hoje retornam para a sala
de aula por que continuam desempregados e vislumbram na EJA uma oportunidade
de qualificação e crescimento profissional. O trabalho tem um significado para além
da retribuição financeira, ele está aliado também ao ganho de autonomia,
reconhecimento da família e realização pessoal e profissional. A conquista de um
bom emprego não tem um valor social reduzido, mas culminará na melhoria das
condições de vida e oportunidades futuras. A escola portanto é um espaço que
permite a socialização entre amigos com os mesmos objetivos. Como descrito
anteriormente, esses se tornam amigos da leitura, da escrita e após isso, podem
dizer eternamente que fizeram amizade na escola. A EJA, ao proporcionar formação
escolar, propicia não só o preparo para o mercado de trabalho como também
colabora para uma satisfação pessoal e para as relações interpessoais inerentes ao
espaço escolar (GOUVEIA; Silva, 2015; SANTOS; Pereira; AMORIM, 2018 p.145).

6.6 PERFIL DO PROFESSOR EJA

Quando se fala “sou professor”, deve ter em mente que precisa ser muito mais que
aquele sujeito em sala de aula. Ele tem participação na vida das pessoas, levando
conceitos, posições sociais, educação e cidadania em sociedade. O professor é
visto como referência no quesito educação e exemplo aos alunos;

“Compreende-se o sujeito professor como atuante


para além do âmbito da sala de aula. No entanto, a centralidade do
seu trabalho encontra-se na relação que estabelece com os sujeitos
junto aos quais realiza seu trabalho, seus alunos, motivo primeiro da
ação docente”. (LAFFIN, 2006, p. 168)
18

Cabe ao professor perceber o que os alunos almejam com os estudos e com base
nessa informação ele deve construir uma prática para atender as diferentes
necessidades de aprendizagens. Um plano de aula desafiador, especifico para cada
turma, pensado em cada aluno e sempre lembrando que aquele estudante será
submetido a testes profissionais e que precisará de um mínimo de habilidades para
superá-lo, este professor deve entender que é um profissional, porém, tem que
exercer sua função com amor social;

[...] Nesse caso deve-se priorizar o que é relevante de


fato para a turma e ao mesmo tempo repensar as formas de mediação dos
conteúdos e de avaliação da EJA, sempre em mente a necessidade do aluno
que não está no ensino regular (NOGUEIRA, p .02, 2009).

Assim, Freire defende que é necessário ao professor este saber; “ensinar não é
transferir conhecimento”. Este saber deve estar presente diariamente na sua prática,
de forma intrínseca, como se já fosse algo do próprio ser do professor. E o mesmo
deve estar se avaliando e vivenciado constantemente suas práticas, afim de
encontrar resultados positivos ou negativos, para ajustá-las.

Deve saber que ensinar não é transferir conhecimento, é


fundamentalmente pensar certo – é uma postura exigente, difícil, às vezes
penosa, que temos de assumir diante dos outros e com os outros, em face do
mundo e dos fatos, ante nós mesmos. (...) É difícil, entre outras coisas, pela
vigilância constante que temos de exercer sobre nós próprios para evitar os
simplismos, as facilidades, as incoerências grosseiras e a repetição diante da
individualidade de cada um (FREIRE, 2009, p. 49).

6.6.1 RELAÇÃO PROFESSOR X ALUNO

Para toda educação ser válida, ela deve necessariamente estar precedida de uma
reflexão sobre o homem e de uma análise do meio de vida do homem a quem
queremos educar. (FREIRE, 1980, pp. 33-34). É importante que qualquer
modalidade de ensino conheça o perfil dos seus alunos para ter condições de ofertar
uma educação voltada a realidade deles, também devemos considerar que a escola
não é o único espaço de aprendizagem, mas é a referência entre todos e assim
19

sendo, o professor também será.

“O professor autoritário, o professor licencioso, o professor


competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da
vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das
pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar
sua marca”. (FREIRE, 1996; p.73)

Não se pode ignorar a importância de tal interação entre professor/aluno, mesmo


sendo essas relações complexas são peças fundamentais na realização de
mudanças no âmbito profissional e comportamental.

6.7 ALEGRIA DE SER DIPLOMADO

Os jovens que passaram por uma sala de aula da EJA e hoje estão na faculdade, se
sentem vencedores por tal façanha, pois às vezes são desacreditados e
discriminados por serem alunos da EJA e por não terem terminado o ensino médio
em uma sala de aula do ensino regular, portanto, esses alunos, cada um com seu
perfil, conquistaram seu espaço, mostrando que mesmo com tantas dificuldades,
pessoas diferentes podem conviver em um mesmo espaço escolar, trocando
experiências de vida que podem ajudar o professor em sala de aula.

“As pessoas analfabetas não deveriam ser vistas como


imaturas e ignorantes, pois o desenvolvimento educativo deveria acontecer
conforme as necessidades desses alunos e alunas da EJA”. Paulo Freire
(1987).

Sabemos que o sucesso escolar produz autoestima e um grande efeito de


segurança no(a) aluno(a), enquanto o fracasso causa grandes estragos na relação
consigo mesmo.
“(...) não podemos nos colocar na posição do ser superior que ensina um
grupo de ignorantes, mas sim na posição humilde daquele que comunica um
saber relativo a outros que possuem outro saber relativo. É preciso saber
reconhecer quando os educandos sabem mais e fazer com que eles também
saibam com humildade.” (FREIRE, 1986; p.29)
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7 METODOLOGIA

Partindo das minhas inquietações como futuro pedagogo, as vivência nas salas da
EJA resultantes das disciplinas de estágio, propus nesse trabalho apresentar o perfil
dos alunos da EJA – Educação de Jovens e Adultos - para além das aulas teóricas
no Curso de Pedagogia, tendo como ponto de partida a visão do sujeito analfabeto
ou não letrado apresentada por Freire, na qual o indivíduo é concebido como ser
social dotado de saberes e capacidade de aprendizagem, capaz de ler e
compreender o mundo que o cerca, e que sua transformação ocorre na interação e
troca de saberes, se apoderando da consciência de seu papel como cidadão e
libertando-se da opressão do não saber ou não fazer parte.

A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos


romperem o que chamou de "cultura do silêncio" e transformar a
realidade, como sujeitos da própria história (FREIRE, 2005, p.16).

Com o tema central - Uma breve discussão sobre quem são os sujeitos da EJA e
quais suas expectativas na sala de aula - surgiu a partir das minhas vivencias e
interesse em conhecer um pouco mais sobre quem eram aquelas pessoas e o que
as levou a procurar a escola tanto tempo depois e quais eram suas dificuldades
atuais.

Esta pesquisa nos possibilitou conhecer um pouco sobre a Educação de Jovens e


Adultos, bem como a relação destes alunos com os demais elementos da escola e
como é o seu desenvolvimento e seu aprendizado. Em concordância com a
pesquisa realizada, entendemos que não há dúvidas de que a escola deve ser um
espaço de formação do aluno, mesmo que eles já tenham um conhecimento de
mundo e do seu dia-a-dia. Neste trabalho percebemos que este aluno que estuda
nesta modalidade de ensino, voltou a estudar para serem inseridos na sociedade,
pois por algum motivo na sua vida já foram discriminados e excluídos pela falta de
habilidade necessária.

Para tanto, os profissionais que atuam na EJA precisam ter clareza e segurança quanto
aos objetivos e conteúdos educativos que integram um projeto pedagógico,
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definindo as melhores estratégias para prestar uma ajuda eficaz aos alunos. Devem
ter uma especial sensibilidade para trabalhar com a diversidade, já que numa turma
poderá encontrar educandos em vários estágios da vida. É por isso que muitas
delas, mesmo tendo outras responsabilidades no trabalho e em casa decidem
estudar, com a vontade de regressar aonde parou e tomar impulso para um voo
mais longe.

De acordo com Kuenzer (2006) há uma pluralidade de saberes e vivências na


modalidade de Jovens e Adultos e, para tanto faz se necessária a utilização de
metodologias que impulsionem os alunos a aprendizagem eficaz como também
continuidade nos estudos. Em contrapartida exige dos profissionais que atuam
nessa modalidade refletir inúmeras estratégias que serão mais adequadas para
utilizar em sala de aula, levando em consideração vários fatores, um deles é que
esses alunos estudam e trabalham, portanto faz se necessário a organização do
tempo e espaço adequado a cada realidade.

A metodologia utilizada para a construção do estudo se deu através de uma revisão


narrativa de cunho qualitativo, pois a mesma ofereceu meios que auxiliaram na
definição e resolução dos problemas já conhecidos, consistiu na construção de uma
análise ampla da literatura, o que contribuiu para discussões sobre métodos e
resultados de pesquisas, bem como, uma análise pessoal sobre o conhecimento do
tema, visto que eu estou dentro da realidade dos alunos, pois leciono numa turma de
EJA a noite na cidade de Belo Horizonte MG.
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8 CRONOGRAMA

A produção desse trabalho foi além das formalidades exigidas pela academia. Investigar
sobre o perfil dos alunos da EJA era um desejo desde que comecei a frequentar as
salas durante os Estágios Supervisionados, eu achava que minha vida era dura pelo
fato de trabalhar durante o dia e estudar a noite, porém ao conhecer aquelas
pessoas vi que meus problemas eram mínimos perto do deles, pois a rotina frenética
e sua vontade de estar ali era o combustível que usavam como única forma de
vencer na vida, e eles estavam com a vida bem atrasada, ansiosos para recuperar o
tempo perdido, e isso é bem impactante!

Escolher meu público, meditar nas informações e levantar pesquisar bibliográficas foram
os primeiros passos. Após isso, pessoalmente conversei com alguns alunos e foi
muito gratificante e enriquecedor. Por vários dias, diálogos com pessoas buscando
entender suas origens e alguns desses, inclusive citadas aqui com variações no
nome, pude entender suas vidas e seus projetos de vida. Também aproveitei minhas
aulas com o turno da noite na escola que atualmente leciono e com isso, consegui
elaborar um escopo e um raciocínio da qual desenvolvi neste trabalho acadêmico.

Para guia de conclusão, essa pesquisa buscou evidenciar a importância da EJA, como
um meio para inserir aqueles alunos que foram segregados ou marginalizados da
escola, sendo impedidos de concluir os estudos em idade própria. Busquei
contextualizar, embora de forma aligeirada, o cotidiano da vida dos estudantes e por
fim, após a pesquisa pronta, pude tanto contemplar meu trabalho, por meditar em
tudo que foi escrito e internalizar no coração, tanto me sentir grato por estar
concluindo mais uma etapa da minha vida com minha diplomação – creio que tudo é
metodologia.
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9 RECURSOS

Outro método de Paulo Freie era a confecção de materiais adequados a realidade


dos adultos, utilizando as experiências dos próprios alunos; fugindo completamente
do material didático usado para a alfabetização de crianças. Tendo como base os
conceitos formulados e usados por Paulo Freire, entende-se que o professor que
pretende atuar na EJA deve estar sempre conversando com o educando de forma
natural, usando uma linguagem facilmente compreensível por ele.

Deve também perceber o aluno como ele é e não como gostaria que fosse, com
suas qualidades e defeitos, potencialidades e limitações. O educador deve ser ético,
sincero, organizado, simpático e bondoso. Convencer o aluno de que o aprender é
bom, é possível em qualquer idade, que faz diferença, essas são características
imprescindível do educador da EJA.

Programar aulas dinâmicas e criativas sempre voltadas ao crescimento cognitivo e


pessoal do aluno, priorizando sempre as possibilidades de inclusão. O ensino deve
ser embasado no diálogo e na empatia, lembrando-se que as atitudes deste
profissional são de suma importância na vida dos alunos, mesmo que seja num curto
espaço de tempo dividido em sala de aula; pois o nível de concentração, atenção e
percepção desses alunos não estão mais tão ágeis como antes.
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10 AVALIAÇÃO

Ao término deste trabalho, apurou-se que Educação de Jovens e Adultos enquanto


modalidade educacional abrange não só o direito de acesso à educação jovens,
adultos e idosos, mas também o direito de acesso a liberdade, direito de ser
incluído, de poder ser citado e de conseguir ler e escrever uma carta e de ser
compreendido. O que retornam aos bancos escolares almejando resgatar o tempo
perdido, desde escreverem um bilhete de amor, até entrar numa universidade e
realizar seu sonho profissional.

Os alunos que compõem esse público são múltiplos, obrigando assim os espaços
aonde ocorre o EJA a serem lugares no qual se prevaleça os diálogos abertos,
trocas de experiências e saberes trazidos com os próprios alunos adquiridos ao
longo de suas vidas. No entanto, percebe-se que ao se tratar da metodologia de
Paulo Freire, não devemos centrar somente na utilização dos temas geradores, ou
ter como ponto de partida a realidade dos alunos para perceber seu progresso, pois
existem muitas áreas de conhecimento... não ter desenvoltura na escola, não
restringe o aluno de ser um ótimo negociador, vendedor de casas ou um motorista
habilidoso. Entendi que até mesmo em nossas avaliações devemos ser subjetivos,
afinal, o que quero avaliar nos alunos, se até nós mesmos, não somos bons em
tudo! Claro que há habilidades a serem desenvolvidas, porém o equilíbrio é a
palavra correta quando se trata de avaliar quem já se amoldou a vida e somente
tenta sobreviver.

Percebe-se que elementos dessa metodologia estão presentes na relação entre


professor e alunos e na intensa expressão de afetividade envolvida nesse processo.
É muito interessante perceber que o aluno se abre ou se fecha ao professor, não
somente às disciplinas, isso fica claro quanto às impressões dos alunos ao serem
questionados quanto a postura ou sobre o que achavam do professor X, cujas
respostas expressavam relações de empatia ou de repudio diante de sua postura.
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11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo possibilitou refletir sobre o ensino de EJA, a sua prática educativa,
considerando a metodologia do educador Paulo Freire, que coloca o aluno como
participante do ensino aprendizagem, e não somente como receptor do
conhecimento. Neste trabalho fui observador se é realmente assim na EJA, se há
incorporação do método de Paulo Freire. E ao final, percebemos que sim! O aluno é
o protagonista de sua aprendizagem e cabe ao educador dessa modalidade de
ensino refletir sua prática pedagógica.

A EJA tem papel fundamental no impulso do conhecimento, tendo um grande potencial


de tornar o espaço de aprendizagem em um ambiente propício para sanar dúvidas,
medos e questões, o que permite ampliar o desenvolvimento intelectual. Através do
reconhecimento da vivência dos alunos pelo professor, o mesmo pode fazer com
que a educação tenha sentido para seu aluno, através da mediação do
conhecimento. Ao educador cabe a construção e socialização dos conhecimentos,
tornando-os os sujeitos da EJA críticos com valores e atitudes formadas, partindo de
uma postura ética e transformadora. A literatura aqui exposta revelou que toda
prática não está somente fundamentada no curso de formação, ou formação
continuada e busca pelo saber, mas a formação teórica e transformadora do objetivo
da EJA.

Ficou explícito que em algum momento de sua vida os sujeitos dessa pesquisa foram
excluídos da escola. Nesse sentido a EJA tem a função reparadora e equalizadora
de trazer os reflexos da transformação social, na possibilidade de construir uma
sociedade emancipada. Por isso não é possível negar que a educação é um ato
político.

De acordo com a atual situação, devemos sempre procurar tecer um diagnóstico e a


partir daí procurar soluções viáveis e metas alcançáveis e tentar melhorar aos
poucos, visando o futuro. O professor mediador deve ter uma análise crítica, tanto
política, quando educacional e ensinar de maneira assertiva e sabendo que ele tem
grande influência em cima das massas e sendo assim questionar os limites e elevar
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as mudanças, afinal, ele é só um mediador do ensino aprendizagem, o protagonista


sempre será o aluno, não importa a idade.
12 REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF:


Senado Federal, 1988.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 20 de agosto de 2023.

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Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394consolida-Dados.
Acesso em 10 setembro de 2023

ALMEIDA, A. A EJA: uma educação para o trabalho ou para a classe


trabalhadora? Revista Brasileira de Educação de Jovens e Adultos, Salvador, v. 4, n.
8, 2016.

ALTHOF, F.; Martins Filho. O mapeamento do estudante para o ensino médio da


educação de jovens e adultos na rede estadual de ensino do estado de Santa
Catarina: cenários e perspectivas. Revista Brasileira de Educação de Jovens e
Adultos, Salvador, v. 4, n. 8, 2016.

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CAPORALINI, Maria Bernadete S.C. A Transmissão do conhecimento e o ensino


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FRANCO D. S. A gestão de Paulo Freire à frente da Secretaria Municipal de


27

Educação de São Paulo. Pro-Posições, Campinas, p 25, n. 3, p. 103-121, 2014.


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GADOTTI, Moacir; ROMÃO José E. (org.). Educação de Jovens e Adultos:


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RIBEIRO, Vera Maria Mosagão. Educação de Jovens e Adultos: ensino


Rede de educação fundamental - proposta curricular. São Paulo: Ação Educativa.
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PRIETO, Andrea Cristina Sória- Analfabetismo funcional- Uma triste realidade de


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HADDAD, Sérgio. Educação de Jovens e Adultos: Promoção da Cidadania e


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