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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO - CE
Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
Educação de Jovens e Adultos (2M123 e 4M5)
Docente Alexandre Magno Tavares da Silva

Discente: Junior A. de Farias (20190118133)

Introdução

A educação de jovens e adultos apresenta um caminho desafiante tanto para


docentes que precisam fazer com que os discentes mantenham o interesse e presença nas
aulas, como para os discentes que enfrentam “n” problemas de cunho social; e dentro
desta realidade a EJA é tida por muitos como uma possível modalidade de ensino que
visa reduzir esses problemas. Quando se tratam desses sujeitos existem diversos pontos
que estão propensos a análise, desde seu gênero até outros contextos que circundam o
meio político em que estes sujeitos se inserem.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – Lei


9.394/96 a EJA (Educação de Jovens e Adultos) é uma modalidade de ensino,
que tem por objetivo oportunizar a formação escolar para aqueles que não
tiveram acesso ao ensino fundamental ou médio nas idades apropriadas por
motivos diversos.

Embora, na Lei de Diretrizes e Bases, não ter concluído o ensino médio em “idade
própria” se apresente basicamente como regra, e de primeiro momento, apareça como
uma condição desses sujeitos, na realidade não existe um padrão exato para os estudantes
da educação de jovens e adultos no que se diz respeito a idade, grau de escolaridade ou
outros motivos que circundam o meio político por traz do retorno a escola, portanto
fazendo assim com que os alunos jovens, adultos e idosos representem-se como um grupo
de humanos múltiplos, com crenças e conhecimentos também múltiplos.
Para saber quem são esses sujeitos, é necessário saber que; “[...] as escolas para
jovens e adultos recebem alunos e alunas com traços de vida, origens, idades, vivências
profissionais, históricos escolares, ritmos de aprendizagem e estruturas de pensamentos
completamente variados.” (FERREIRA. Núbia 2008, p.3). A capacitação social, todavia,
não se limita apenas ao âmbito escolar, embora a mesma seja imprescindível, ela não
surge como ponto principal, visto que os alunos da EJA possuem outras vivências que lhe
proporcionaram experiências e aprendizados que carregam consigo para o âmbito escolar.
Esses conhecimentos, podem e devem ser utilizados em aula com metodologias que
visem valorizar o conhecimento que esses alunos já possuem, seja relacionando-o de
forma direta, ou associando com o currículo escolar; de forma inclusiva o papel do
profissional educador é criar pontes que permitam a circulação desses conhecimentos que
venham a intensificar o interesse do aluno, ao mesmo tempo que instiga-o transformando
em sujeito autônomo por esta busca do aprender.
A modalidade de EJA, é formada por adultos que não tiveram a oportunidade de
estudar no tempo dito “normal” no senso comum e também por jovens e adultos que
trabalham no período integral, e que só lhes restam a noite como tempo para estudo, ou
seja, a maioria dessas turmas são formadas por trabalhadores que se encontram tanto nos
perímetros urbanos quanto nas áreas rurais, e o que ambos procuram é justamente
melhores oportunidades de trabalho e, respeito, quanto ser social; com isso percebe-se
que além da EJA se apresentar como uma política educacional, a mesma também se
caracteriza como uma política social, e inclusiva, visto que alguns desses alunos iniciam
suas vidas acadêmicas na EJA, e outros têm a oportunidade de continuar suas vidas
acadêmicas devido a essa política. Também é formada pelo profissional educador, que
muitas vezes não tem o preparo adequado para esses desafios; pois além de preparar sua
aula, ela precisa ser lúdica, interativa e despertar interesse a esses sujeitos que já tiveram
um dia longo e cansado repleto de trabalho.
A alfabetização desses sujeitos diz respeito a muito mais do que ensinar alguém a
ler e escrever, o processo de educação permeia outras camadas socio políticas, e faz o
aluno entender que em sua condição de trabalhador ele não é e não deve se sentir isolado,
pois o mesmo faz parte de um sistema maior, mas que por muitas vezes não compreende.
Educar jovens e adultos também diz respeito a um toque de contribuição da moral e da
ética desses indivíduos que passam a compartilhar experiências vivenciadas acerca dessas
e outras relações. Segundo Edward Thompson (2002, p. 13) “o que é diferente acerca do
estudante adulto é a experiência que ele traz para a relação”, portanto seja de maneira
sutil ou radical essa experiência tem o poder de modificar o processo educacional como
um todo e diretamente influenciar a metodologia de ensino já que ela pode revelar pontos
fracos nas disciplinas acadêmicas tradicionais. Fato é que muitas vezes o ambiente escolar
além de ser um desafio para os jovens, adultos e idosos, torna-se também para a própria
escola, desde o momento que se precisa supor e reconhecer as problemáticas, e também
a especificidade, deste público múltiplo.
Considerações finais.
A modalidade de ensino da Educação de Jovens e Adultos é uma política que
perpassa os moldes educacionais, pois permeia o campo social, uma vez que promove a
educação inclusiva desses sujeitos que em sua “idade própria” não conseguiram ter
acesso ao âmbito escolar e que após o tempo “próprio” voltam a frequentar esse espaço.
Sujeitos que, trabalham e têm apenas este tempo para estudar. Moradores de centros
urbanos ou áreas rurais, que possuem seus ideais formados que carregam consigo para a
escola. Esses sujeitos são os mais múltiplos possíveis em quesitos de idade, gênero,
histórico escolar, crenças, realidades socioeconômicas e culturais, mas o que ambos
compartilham é o desejo de concluírem o ensino básico, conquistar melhores
oportunidades e respeito na esfera social; alfabetiza-los vai muito além das camadas de
um quesito escolar pois esse desejo está ligado a uma expectativa maior de novas (e
melhores) oportunidades pro futuro que sonham em construir.
Referências.
BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96. Brasília,
20 dez. 1996

FERREIRA. Núbia. O PERFIL DOS ALUNOS E ALUNAS DA EDUCAÇÃO DE


JOVENS E ADULTOS: alfabetização e diversidade. Maranhão. 2008. p. 3

THOMPSON, Edward. Educação e experiência. In: Os românticos. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 2002. p.13.

SILVA, Francisca. UMA BREVE DISCUSSÃO SOBRE QUEM SÃO SUJEITOS DA


EJA E QUAIS SUAS EXPECTATIVAS NA SALA DE AULA. Paraíba. 2017

SANTOS, P.; SILVA, G. Os Sujeitos da EJA nas Pesquisas em Educação de Jovens e


Adultos. 2018

GOMES, Ana. TRABALHADORES E ENSINO DE HISTÓRIA: NARRATIVAS E


EXPERIÊNCIAS SOCIAIS DE DISCENTES DO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS.
Uberlândia. 2017

BEZERRA, V. et al. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: MODELO INCLUSIVO


E COMPENSATÓRIO DE ENSINO. 2019

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