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DO NORTE
ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS ASSERTIVAS EM DIDÁTICA E GESTÃO DA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS –
EJA/PROEJA
NATAL / RN
2020
DENISE PEREIRA DA SILVA
NATAL / RN
2020
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AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 06
2 NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA 08
3 REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO E RELATO DA 12
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL NA EJA
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 18
REFERÊNCIAS 20
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1 INTRODUÇÃO
2 NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA
substituir, como monitora, os professores. Nesta época eu tinha 10 anos, e jurava que
jamais seria professora, queria ter uma clínica em um bairro pobre e outra em um rico,
seria uma espécie de Robin Hood da saúde, e este desejo me fez estudar cada vez mais.
Entretanto, aos 17 anos, por conta de muitos problemas financeiros de minha
família, fui trabalhar dentro do condomínio que morava em uma pequena escola, onde
era praticada a escola multisseriada, e eu nem sabia o que era isso! Tinha desde uma aluna
de 4 anos, até um aluno, vindo da Ilha de Itaparica, que aos 12 anos ainda não sabia ler e
escrever! Eram 15 alunos de idades variadas, e nosso livro para alfabetizá-los chamava-
se “Casinha Feliz”. Aquele desafio, já que havia concluído o ensino médio como Técnica
em Mercado de Capitais, foi a luz para minha verdadeira vocação, ser PROFESSORA!
Sem nenhum conhecimento de técnicas e práticas pedagógica, minha vivência
como aluna colaboradora e minha intuição foram o norte. Desenvolvi minhas próprias
técnicas, e a afetividade foi o fio condutor desta parceria entre os alunos e eu, e cujo
resultado foi, em dezembro de 1984, formava-se a minha turma com todos lendo e
escrevendo. Hoje ainda acompanho a história de alguns deles: uma é veterinária, outro
deputado estadual, uma bióloga, tem professora também, e tem quem optou por parar no
ensino médio.
A superação daquele desafio foi crucial para que eu entendesse que havia nascido
exatamente para aquilo, ser professora, onde cuidaria não das feridas do corpo, mas as da
alma. Ministraria não doses de antibióticos, mas de conhecimento, e desta forma eu não
tiraria dos ricos para dar aos pobres, senão que, apresentaria os meios para atingir todas
as mudanças almejadas.
Fiz vestibular em 1985 para o curso de Letras (Língua Estrangeira - Inglês, que
logo foi trocado por Espanhol!), começava assim minha formação acadêmica, e ao longo
dos anos na academia participei de inúmeros congressos, seminários, greves, passeatas, e
fiz todas as disciplinas possíveis, ficando no Instituto de Letras por sete anos e não quatro,
isto porque eu era a única aluna do curso de espanhol, o que inviabilizava a oferta das
disciplinas: metodologia do ensino e estágio!
Durante este longo período dirigi uma creche do Governo do Estado da Bahia,
também abri uma escola, a qual acabei por fechar, por questões financeiras e para concluir
minha licenciatura.
Após os longos sete anos, atravessados por greves, paralizações, falta de
disciplinas, mas também de muito aprendizado, formei em maio de 1993. Nesta época eu
já dava aulas em um curso de idiomas, trabalhei em eventos como tradutora/interprete,
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dei aula para cantor da Axé Music, comecei a dar aulas de literatura em escolas
particulares na cidade de Feira de Santana, e naquele mesmo ano fui aprovada em
concurso pública para ensinar língua espanhola na Universidade Estadual de Feira de
Santana, onde um ano depois fui eleita coordenadora do colegiado do curso de Letras, e
nesta função fui mantida por meio do votos dos alunos e professores por cinco anos.
Período de muito aprendizado.
Mas, jamais me afastei da sala de aula, tanto como professora, como aluna. Fiz
uma pós na Espanha, outra na própria UEFS, e ministrei aulas em diversas escolas
privadas e cursos (idioma, concurso e pré-vestibular), e o tempo foi passando! A jovem
idealista não se perdeu, mas tinha agora uma vida preenchida por outras três vidas, meus
filhos. E com os mesmos o aprendizado dos erros e acertos na tarefa de ser mãe.
Acredito que meu maior orgulho é saber que fui mãe e pai de meus filhos, mas
também fui, e continuo sendo, uma professora inquieta, pois é esta inquietude que me
move e me faz buscar sempre aprender para ser a cada dia um pouco melhor.
O mestrado, por exemplo, nasceu no âmbito da sala de aula, pois enquanto
professora do ensino médio e do pré-vestibular conseguia perceber que para determinados
conteúdos nossos alunos da Universidade, ou seja, nossos futuros professores, não
estavam sendo preparados. Por meio de meu currículo, na UFBA, aprendi muitas coisas,
mas o mundo é dinâmico, e “tudo muda o tempo todo no mundo”, como diz Lulu Santos,
e assim como fui aprender a ser professora de EAD, pela Universidade Aberta do Brasil
(UAB), também fui aprender sobre as competência e habilidades cobradas no Enem,
muitas das quais demandam certos conhecimentos sobre textos multimodais, sobre
educação visual, temas que não aprendi na Universidade, mas que precisava dominar para
ensinar aos meus alunos da educação básica e aos meus futuros professores, e é esta
necessidade que desenha o título de minha dissertação As imagens presentes nas questões
de língua espanhola do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), na qual investigo
caminhos para a leitura de imagens, tão presentes em todas as avaliações.
O meu aprendizado no mestrado transformou minhas aulas, minhas discussões e
reflexões. Inclusive sobre processo avaliativo, pois me fez pensar sobre as muitas lacunas
em nossos currículos, no que tange aos métodos, conteúdos e público. As leituras e
resultados de minhas investigações me apontavam a necessidade de melhorar enquanto
formadora, pois de minha sala, a cada semestre saem pelo menos 20 novos professores,
despreparados sob certos aspectos, tal qual aconteceu comigo, portanto, é minha
responsabilidade identificar estes espaços que nosso currículo não têm alcançado. Tal
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[...]o indivíduo humano vive cada instante de sua vida como o momento
de uma história: história de um instante, história de uma hora, de um
dia, história de uma vida.
Christine Delory-Momberge
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e
médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos
adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular,
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características
do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência
do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares
entre si.
§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
preferencialmente, com a educação profissional, na forma do
regulamento.
docente, certamente transformará não apenas minhas aulas, mas também as propostas e
reflexões no âmbito da sala de aula.
Na disciplina de Noções de Didática me senti revisitando a faculdade no papel de
discente, foi um reviver conhecimentos adquiridos na Faculdade de Educação, da
Universidade Federal da Bahia, já a segunda trouxe uma abordagem sob uma outra
perspectiva, mas que em muitos momentos dialogava com meus estudos no mestrado,
posto que, avaliação/exame foi o alvo de minha investigação científica, quando, naquela
ocasião, meu foco foi o Exame Nacional do Ensino Médio.
Hoje alargo minhas reflexões e meu público, e penso na avaliação de uma
modalidade de ensino (EJA) que traz em seu bojo variantes e variáveis que devem ser
consideradas quando da elaboração e construção de todo o processo avaliativo. De acordo
com Cruz (2018) “Na EJA, a avaliação deve buscar a inclusão do educando, a valorização
do Ser humano, dando ao processo de aprendizagem mais produtividade e tornando as
aferições melhor aceitáveis do ponto de vista do alunado”.
Portanto, pensar avaliação significa pensar em múltiplos instrumentos de
verificação, que impliquem na análise não apenas do resultado final, mas sim, de todo o
processo que levará ao produto final. Segundo Nascimento; Bassani; Pinel (2009, p. 5),
Tal concepção é fruto da didática empregada, e que para Silva (2012, p.07) , em
seu trabalho de pós-graduação, intitulado “A didática Solidária na Educação de Jovens e
Adultos”
Para tanto, é papel do professor, oportunizar aos seus alunos um contato direto
com múltiplos textos. Logo, de acordo com Linhares (2012) surge o desafio na escolha
deste materiais, que deverá ter como premissa básica questionamentos, tais como: o que
é ler, como se lê, sobre ser ou tornar-se leitor, o que pode ser lido e que tipos de materiais
e textos são valorizados socialmente.
Por meio da disciplina de Práticas de Letramento conheci muitos autores, que
discutem o papel da leitura na formação cidadã, bem como a necessidade da oferta de
textos multimodais, presentes no cotidiano de todos, e que por seu caráter mais
pragmático possuem maior probabilidade de atingirem os objetivos do ensino das leituras
múltiplas. Ademais desta importante função, a disciplina de Práticas de Letramentos
também apresentou-me à autores que certamente irão corroborar com meus estudos em
multiletramento, parte fundamental de meu projeto de pesquisa no doutorado em
Educação, onde investigo por meio de narrativas autobiográficas a prática pedagógica dos
egressos do curso de Letras com Espanhol, da Universidade Estadual de Feira de Santana,
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizar este curso não significa esgotar um tema, tampouco fechar um ciclo, mas
sim traçar novas rotas, desenhar novos percursos e buscar contribuir com a construção de
um currículo que tenha olhos para além das séries ditas regulares, lembrando que vivemos
em um país onde o número de jovens e adultos que não foram alfabetizados, ou são
analfabetos funcionais, é muito alto.
No entanto, ainda que exista uma modalidade voltada a este público (a EJA),
dentro das academias segue o mesmo invisível, e por isso, cursos de graduação, como o
curso no qual atuo como docente, a quase vinte e oito anos, não contemplam em seu
currículo o ensino de jovens e adultos.
Entendo que um dos objetivos da escola é oportunizar a todos o direito ao
conhecimento, arma fundamental para o pleno exercício da cidadania. Assim, cabe à
escola potencializar o diálogo multicultural, as práticas que reconheçam e valorizem as
culturas locais, populares e de massa, os saberes múltiplos, e para tanto, as academias
precisam difundir uma educação que leve em conta os letramentos multissemióticos,
críticos, protagonistas e autônomos, como foi proposto por esta especialização.
Dentre as muitas reflexões provocadas ao longo deste curso, três posso pontuar
como molas propulsoras, que deverão impulsionar novas práticas no exercício de minha
profissão. Primeiro lutar por um currículo de formação docente que contemple o ensino
de jovens e adultos; segundo, criar um grupo de pesquisa que tenha por objetivo analisar
e produzir um material didático voltado especificamente para este público, considerando
sua heterogeneidade etária, social, laboral, e regional, um material que os contemple
como sujeitos ativos e representativos. E terceiro, rever minha prática docente, testar
metodologias onde meus discentes assumam definitivamente o protagonismo, e eu figure
cada vez mais como mediadora.
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REFERÊNCIAS
CRUZ, Antônio Carlos dos Santos. Avaliação e prática pedagógica EJA. Revista
Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 11, Vol. 01, pp. 05-26
novembro de 2018. Disponível em:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/pedagogia/avaliacao-e-pratica. Acesso em:
02/07/2020
MORAN, José. Como transformar nossas escolas: Novas formas de ensinar a alunos
sempre conectados. Educação 3.0: Novas perspectivas para o Ensino. CARVALHO, M.
(Org). Porto Alegre, Sinepe/RS/Unisinos, 2017, p. 63 Disponível em:
http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2017/08/transformar_escolas.pdf
Acesso em 16/07/2020
OLIVEIRA, Diego Greinert de. A mediação pedagógica como prática docente: uma
análise da pedagogia histórico-crítica e demais correntes pedagógicas. Revista
Eletrônicas: LENPES – PIBID de Ciências Social – UEL Edição Nº. 2, Vol. 1, jul-dez.
2012. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/lenpespibid/pages/arquivos/2%20Edicao/DIEGO%20-
%20para%20publicar%20revista%20lenpes.pdf. Acesso em: 17/06/2020
SILVA, Paulo Luiz Pereira da. A Didática Solidária na Educação de Jovens e Adultos.
UFABC. Disponível em: http://proec.ufabc.edu.br/ejaecosol/a-didatica-solidaria-na-
educacao-de-jovens-e-adultos/. Acesso em: 20/07/2020.