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ANAIS

V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS


II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS
São João del Rei, 5, 6 e 7 de novembro de 2015
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

INSTITUCIONAL
O trabalho em prol da concretização de uma sociedade pautada por padrões éticos de
existência tem convocado diferentes atores e atrizes, representantes de organizações
da sociedade civil e do Estado, na organização de espaços públicos, no qual o debate
crítico e propositivo sobre a superação dos quadros de desigualdade e injustiça social
possa de fato ocorrer.
As comissões científica e organizadora do V Congresso Internacional sobre Drogas (CID)
e do II Seminário de Pesquisa e Extensão em Álcool e Drogas (SEPEAD) se comprome-
teram com esta tarefa ao propor “Drogas e Direitos Humanos” como título para o evento
ora proposto. A temática, objeto do referido congresso, tem sido uma preocupação de
pesquisadores do Centro de Pesquisa, Intervenção e Avaliação em Álcool e Outras Dro-
gas (CREPEIA) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que organizaram os
quatro encontros internacionais que antecederam a edição vigente, sempre na cidade de
Juiz de Fora, no âmbito da UFJF.
A novidade desta 5º edição do Congresso Internacional não foi apenas o deslocamen-
to geográfico, que possibilitou adentrarmos na mineiridade setecentista de São João
del-Rei, mas a própria articulação interinstitucional do CREPEIA com o Programa de
Extensão da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) Eiras e Beiras: Atenção
Psicossocial em Álcool e Drogas, que vem realizando desde 2013 atividades de caráter
investigativo e extensionista na rede de atenção psicossocial do município.
A articulação entre grupos de pesquisa e extensão lotados na UFSJ e UFJF permitiu a
organização de um Congresso que expressou diferentes trajetórias e experiências mas,
certamente, o interesse afim em desenvolver pesquisas e intervenções que potenciali-
zem práticas sociais e políticas públicas embasadas na autonomia, ética e emancipação
de sujeitos e grupos sociais.
Neste sentido, consideramos que o V CID e II SEPEAD foram uma rica oportunidade
para aprofundar a discussão sobre os impasses éticos e políticos que interpelam as
práticas de gestores e profissionais das políticas públicas, bem como para problematizar
situações como as internações compulsórias de dependentes de álcool e outras drogas,
as pessoas em situação de rua, a persistente criminalização do uso de drogas tornadas
ilícitas e as lacunas na formação de profissionais alinhados com a Política Nacional so-
bre Drogas.
O evento configurou-se como uma oportunidade concreta para a divulgação de um co-
nhecimento científico que consolide análises e intervenções no âmbito das políticas pú-
blicas relacionadas aos processos de prevenção, promoção, reinserção e tratamento na
área. Ademais, acreditamos que a partir de iniciativas desta envergadura a Universidade
brasileira, pública e gratuita, cumpre com o seu papel: promover o debate responsável
e comprometido com a construção de uma sociedade na qual os direitos civis, políticos,
sociais e econômicos possam de fato se tornar uma realidade.

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

SOBRE O EVENTO

O V Congresso Internacional sobre Drogas (CID) e o II Seminário de Pesquisa e Exten-


são em Álcool e Drogas (SEPEAD) resultou de um esforço conjunto do Centro de Re-
ferência em Pesquisa, Intervenção e Avaliação em Álcool e Outras Drogas (CREPEIA),
da UFJF, e do Programa de Extensão Eiras e Beiras: Atenção Psicossocial em Álcool e
Drogas, da UFSJ. A conjunção nas comissões organizadora e científica de um Centro
consolidado com um Programa de Extensão em consolidação viabilizou a proposição de
uma programação científica que contemplou a temática de Drogas e Direitos Humanos
considerando a multiplicidade e amplitude de aspectos da área.
O evento ocorreu no município de São João del-Rei/MG, que é uma das maiores cida-
des setecentistas mineiras e um dos polos das regiões Sul e Sudeste de Minas Gerais.
Destaca-se pela arquitetura barroca que compõe sua parte histórica, bem como pela
pujante produção artesanal das pequenas cidades do entorno. Como forma de propor-
cionar espaços para encontros entre os participantes, a programação foi permeada por
intervenções culturais que valorizaram artistas de São João del-Rei e região.
Proporcionou-se a divulgação e o intercâmbio da produção técnico-científica e das ino-
vações acerca da prevenção, tratamento, recuperação, reinserção social, redução de
danos e redução da oferta, voltados para profissionais e gestores vinculados à rede
intersetorial de atenção às pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e
drogas, e para pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação, fomentando o
debate acerca da necessidade de garantia dos direitos humanos na implementação das
políticas públicas.
Nesse sentido, foram abordados temas como a formação para as políticas públicas so-
bre álcool e outras drogas na perspectiva dos direitos humanos, os cuidados voltados
para a população em situação de rua, as internações compulsórias para pessoas com
problemas decorrentes do uso prejudicial de álcool e drogas e a política criminal de dro-
gas, além de conferências internacionais traçando uma panorâmica acerca da relação
entre drogas e direitos humanos na América Latina.
Em seu núcleo acadêmico-científico, o evento apresentou exposições dos principais
temas relacionados ao campo dos direitos humanos nas políticas sobre drogas por
convidados de renome internacional e nacional, e com interações previstas entre os
participantes do evento. Os inscritos apresentaram trabalhos científicos e experiências
profissionais, avaliados por comissão científica na área. Os melhores trabalhos foram
agraciados com premiação. Também foram oferecidos minicursos e oportunidade para
lançamento de livros para a divulgação da produção bibliográfica da área.

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

EXPEDIENTE

UFSJ

Reitora
Valéria Heloísa Kemp

Vice-Reitor
Sérgio Augusto Araújo da Gama Cerqueira

Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários


Prof. Paulo Henrique Caetano

Chefe do Setor de Extensão Universitária


Simone Bassi Parentoni Lana Cardoso

UFJF

Reitor
Júlio Maria Fonseca Chebli

Vice-reitor
Marcos Vinício Chein Feres

Pró-reitor de Pós Graduação, Pesquisa e Inovação


Prof. Dr. Lyderson Facio Viccini

Pró-reitora Adjunta de Pesquisa e Inovação


Profª. Drª. Nádia Rezende Barbosa Raposo

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

Comissão Organizadora
Aléxa Rodrigues do Vale (UFSJ)
Amanda Soares Dias (UFSJ)
Amata Xavier Medeiros (UFJF)
Comissão Científica
Ana Carolina Moreira (UFJF) Cássia Beatriz Batista e Silva (UFSJ)
Ana Luísa Marlière Casela (UFJF) Fernando Antonio Basile Colugnati (UFJF)
Andrea Alves de Oliveira (UFSJ) Fernando Santana de Paiva (UFSJ)
Andressa de Oliveira Pego (UFSJ) Juliana Perucchi (UFJF)
Daniela Navarro Paiva Nilo (UFSJ) Laisa Marcorela Andreoli Sartes (UFJF)
Erika Pizziolo Monteiro (UFJF) Marcelo Dalla Vecchia (UFSJ)
Felippe Emanuel Dinali Sena (UFSJ) Pollyanna Santos da Silveira (UFJF)
Fernanda Gomes Palata (UFSJ) Telmo Mota Ronzani (UFJF)
Fernando Santana de Paiva (UFSJ)
Filippe de Mello Lopes (UFSJ)
Isabela Avelar Moreira (UFSJ)
Jéssica Verônica Tibúrcio de Freitas (UFJF)
Juliana Andrade Salgado (UFJF)
Laís Ramos Sanches (UFSJ) Consultores AD HOC
Leonardo Fernandes Martins (UFJF)
Lorena Dias Pinheiro (UFSJ) Adriana Eiko Matsumoto (UFF)
Luísa Ferreira Coelho (UFJF) Amanda Márcia dos Santos Reinaldo (UFMG)
Marcelo Dalla Vecchia (UFSJ) Eroy Aparecida da Silva (Unifesp)
Márcio Natali Kumaira Filho (UFSJ) Isabela Saraiva (PUC/MG)
Maria Paula Naves Vasconcelos (UFSJ) Juan Carlos Mansilla (Universidad del Museo
Mateus Almeida Gonçalves (UFSJ) Social Argentino - UMSA)
Nathália Munck Machado (UFJF) Luciana Kind (PUC/MG)
Paola Souza Dias (UFSJ) Marcelo Rossal (Universidad de la
Pedro Henrique Antunes da Costa (UFJF) Republica Uruguay)
Rafaela Ferreira Marques (UFSJ) Martinho Braga Batista e Silva (UERJ)
Raquel Lázara Alves (UFSJ) Pablo Norambuena Cárdenas (Universidad
Rita de Cássia Souza Moreira (UFSJ) de Santiago de Chile)
Rodrigo Baccarini Frigo (UFSJ) Pedro Paulo Gastalho de Bicalho (UFRJ)
Tassiana Gonçalves dos Santos (UFSJ) Sueli Terezinha Ferrero Martin (UNESP)
Taynara Dutra Batista Formagini (UFJF) Tiago Rocha Pinto (UFRN)
Telmo Mota Ronzani (UFJF) Verônica Morais Ximenes (UFC)
Thaísa Borges Gomes (UFSJ) Viviane Souza Pereira (UFJF)
Thiago Moreira de Oliveira e Souza (UFSJ) Yone Gonçalves de Moura (Unifesp)
Wanderson Maurício Duarte Silva (UFJF)

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

SUMÁRIO

Eixos Temáticos ............................................................................ 08

Modalidades das Atividades ...................................................... 09

Programação Geral ...................................................................... 10

Minicursos ....................................................................................... 13

Resumos ......................................................................................... 14

Exposições Artísticas ................................................................... 346

Trabalhos Premiados ................................................................... 348

Lançamento de Livros ................................................................. 350

Agradecimentos ............................................................................ 351

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

EIXOS TEMÁTICOS

1. Eixo “Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial”:


Pesquisas e experiências planejadas e direcionadas ao desenvolvimento
humano, ao incentivo à educação para a vida saudável, ao acesso aos
bens culturais, incluindo a prática de esportes, cultura, lazer, à socialização
do conhecimento sobre drogas, com embasamento científico, ao fomento
do protagonismo juvenil e da cultura de paz, da participação da família, da
escola e da sociedade na multiplicação dessas ações.

2. Eixo “Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos”:


Pesquisas e experiências voltadas para desenvolver e implementar diver-
sas modalidades de tratamento, reabilitação e reinserção social/ocupacion-
al; para implementar e diversificar serviços; para garantir e facilitar o acesso
à rede intersetorial; para definir e divulgar o fluxo de atendimento visando
integrar as ações desenvolvidas; e para reduzir os danos sociais e à saúde
visando diminuir o impacto dos problemas socioeconômicos, culturais e
agravos à saúde associados ao uso, abuso ou dependência de álcool e
outras drogas.

3. Eixo “Redução da Oferta”:


Pesquisas e experiências voltadas para a promoção de espaços urbanos
seguros e para o enfrentamento das causas e dos efeitos do tráfico de dro-
gas e do crime organizado, inclusive as inovações das políticas criminais,
de segurança pública, do judiciário e da sociedade civil para problematizar
as consequências do proibicionismo e do paradigma da “guerra às drogas”.

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

MODALIDADES DE ATIVIDADES

COMUNICAÇÕES ORAIS E APRESENTAÇÕES DE PÔSTERES


Apresentação de relatos de pesquisas e de experiências profissionais aprovadas
após avaliação da comissão científica e consultores ad hoc.

CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS
Ministradas por convidados internacionais de referência na área, que apresentaram
dados e inovações sobre Drogas e Direitos Humanos, tendo em vista a reflexão sobre
a realidade brasileira.

ENCONTRO DOS CENTROS REGIONAIS DE REFERÊNCIA (CRR)


Plenária aberta para discussão do andamento dos Cursos que estão sendo realizados
nacionalmente no âmbito dos CRRs cujos integrantes estiveram presentes no evento.

EXPOSIÇÕES ARTÍSTICAS
Espaços para a apresentação de obras autorais de artistas plásticos de São João del-
Rel. Foram expostos encontram-se pinturas, esculturas e outras peças elaboradas
em oficinas desenvolvidas em instituições de tratamento e reinserção social.

LANÇAMENTOS DE LIVROS
Espaço destinado na programação do evento para o lançamento de publicações que
versem sobre temáticas condizentes com o congresso.

MESAS-REDONDAS
Apresentação e discussão de temáticas relevantes na interface entre políticas sobre
drogas e direitos humanos, contando com convidados nacionais.

MINICURSOS
Cursos oferecidos por pesquisadores e professores com experiência na área,
convidados pela comissão organizadora para ministrar temáticas que contribuam
para os processos de análise e intervenção na área de álcool e drogas, em diferentes
contextos sociais e espaços institucionais.

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PROGRAMAÇÃO GERAL

Dia 05/11
Dia 05/11 Quinta
Horário Atividade Local
13h30 - 18h Credenciamento e Exposição Artística Pátio

Salas
14h30 - 18h Minicursos 2.62 / 2.63 / 2.66
2.67 / 2.68 / 2.70

19h - 19h30 Intervenção Cultural: À Rita Teatro


19h30 - 20h Mesa de Abertura Oficial Teatro

Conferência Internacional de Abertura:


20h - 21h “Os Desafios da Rede de Atenção aos Usuários de Teatro
Drogas: como considerar os direitos humanos?”
Brian Rush (Center for Addiction and Mental Health -
CAMH e Universidade de Toronto)

21h Em frente ao
Coquetel
Teatro

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PROGRAMAÇÃO GERAL

Dia 05/11
Dia 06/11 Sexta
Horário Atividade Local
Mesa Redonda 1 - Formação para os Direi-
tos Humanos de Usuários de Àlcool e Drogas
(parceria CRR/UFSJ e CRR/UFJF)
9h - 10h30 Teatro
Pedro Paulo Gastalho de Bicalho (UFRJ)
Luis Fernando Farah de Tófoli (Unicamp)
Moderadores: Telmo Mota Ronzani (CRR/UFJF) e
Marcelo Dalla Vecchia (CRR/UFSJ)

Salas
10h30 - 12h Comunicações Orais - 1ª sessão 2.62 / 2.63 / 2.66
2.67 / 2.68

13h30 - 14h30 Pôsteres - 1ª sessão Corredores do Pátio

Salas
14h30 - 16h Comunicações Orais - 2ª sessão 2.62 / 2.63 / 2.66
2.67 / 2.68

Coffee Break Corredor Externo


16h - 16h30 Pátio
Exposição Artística

Mesa Redonda 2 - Direitos Humanos no Cui-


dado à Saúde da População em Situação de
Rua
16h30 - 18h Teatro
Antonio Nery Filho (CETAD/UFBA)
Rossana Carla Rameh de Albuquerque (IFRN)
Moderador: Pollyana Santos da Silveira (UFJF)

18h - 19h30 Lançamentos de Livros Em frente ao Teatro

Encontro dos Centros Regionais de Referência


19h30 - 21h para a Formação em Políticas sobre Drogas Teatro
(CRRs)

21h Festa de Confraternização Taz Mania Drinks

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PROGRAMAÇÃO GERAL

Dia 05/11
Dia 07/11 Sábado
Horário Atividade Local
Mesa Redonda 3 - Política Criminal sobre
Drogas e os Direitos Humanos
9h - 10h30 Maria Lúcia Karam (LEAP/Brasil) Teatro
Adriana Eiko Matsumoto (UFF)
Moderador: Fernando Santana de Paiva (UFSJ)

Salas
10h30 - 12h Comunicações Orais - 3ª sessão 2.62 / 2.63 / 2.66
2.67 / 2.68

13h30 - 14h30 Pôsteres - 2ª sessão Corredores do Pátio

Salas
14h30 - 16h Comunicações Orais - 4ª sessão 2.62 / 2.63 / 2.66
2.67 / 2.68

Coffee Break Corredor Externo


16h - 16h30
Exposição Artística Pátio

Conferência Internacional de Encerramento


16h30 - 18h “A Regulamentação da Cannabis no Uruguai.
Teatro
E agora?”
Raquel Peyraube (ICEERS)
18h - 18h30 Premiação de Trabalhos Teatro

Intervenção Cultural - “Cortejo: Sonho de


18h30 - 19h Pátio
uma Noite de Verão”

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

MINICURSOS

Dia 05/11

Título Autores

“Norma de gênero e uso de drogas” Isabela Saraiva de Queiroz (PUC/Minas)

“A atenção psicossocial na clínica de Felipe Augusto Carbonário (CAPSad III de


álcool e drogas e a emergência do sujeito” Barbacena/MG e UNIPAC/Barbacena)

Cássia Beatriz Batista e Silva (Departamento de


“Análise Institucional, Saúde Coletiva e Psicologia/UFSJ) e Onézimo Tadeu D’Assunção
Políticas sobre Drogas” (Programa de Pós-Graduação em Psicologia/
UFSJ)

Ana Luísa Marlière Casela (Programa de Pós-


Graduação em Psicologia/UFJF), Érika Pizziolo
“Reduzindo o estigma entre usuários de Monteiro (Programa de Pós-Graduação em
drogas” Psicologia/UFJF) e Jéssica Verônica Tibúrcio
de Freitas (Programa de Pós-Graduação em
Psicologia/UFJF).

Pedro Henrique Antunes da Costa (Programa de


“As redes na assistência aos usuários de Pós-Graduação em Psicologia/UFJF) e Filippe
drogas: traçando caminhos possíveis” Mello Lopes (Programa de Pós-Graduação em
Psicologia/UFSJ e CRR/UFSJ)

“Desafios do viver na rua e suas Eroy Aparecida da Silva (Unifesp) e Yone


implicações com o uso de drogas: Gonçalves de Moura (Unifesp)
acolhimento e abordagens.”

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

RESUMOS

A ABORDAGEM FAMILIAR NO USO ABUSIVO DE ÁLCOOL NO PROGRAMA EIRAS E


BEIRAS
Rafaela Ferreira Marques* (Universidade Federal de São João del Rei), Thaisa Borges
Gomes* (Universidade Federal de São João del Rei), Marcelo Dalla Vecchia (Universidade
Federal de São João del Rei).

O Programa Eiras e Beiras está vinculado ao Laboratório de Pesquisa e Intervenção


Psicossocial (LAPIP) da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ). Tem como
finalidade a formação de alunos de Psicologia no campo da atenção psicossocial em álcool
e outras drogas, na perspectiva de Redução de Danos (RD), juntamente das equipes
da Estratégia de Saúde da Família (ESF), do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
e do Departamento de Desenvolvimento de Pessoas (DDP) da prefeitura do município.
Apresenta-se o processo de inserção na equipe da ESF e um dos casos acompanhados por
duas estagiárias de psicologia estudantes da UFSJ vinculadas à equipe da ESF do bairro
Bom Pastor. As estagiárias entraram em contato com o caso da Sra. N. acompanhando as
visitas domiciliares da Agente Comunitária. Isso possibilitou a abertura da rede familiar onde
à usuária está inserida, permitindo realizar um trabalho de diagnóstico familiar envolvendo
o uso abusivo de álcool. A partir do primeiro contato as visitas começaram a ocorrer
semanalmente, em um primeiro momento acompanhadas pela Agente e posteriormente
realizado apenas pelas estagiárias. Optou-se por trabalhar neste caso por detectar que
o álcool não só é um problema latente na relação interpessoal entre os membros, mas
também está no seio da formação de identidade familiar desse grupo. Foram realizadas
visitas semanais com o objetivo de acolher a família e conhecer sua cultura, linguagem
e crenças. Para isso foi utilizado como recurso uma entrevista inicial, porém o fato das
conversas informais possibilitarem um fluxo mais intenso de informações e trocas optou-
se em colocar o questionário em segundo plano, se apropriando dessas questões nas
discussões diárias realizadas sem seguir de forma rigorosa o questionário em questão.
As visitas ocorreram tanto no espaço do domicílio quanto na calçada, possibilitando o
contato como o território e a comunidade. Notou-se que um ambiente menos formalizado
propiciou um aprofundamento do vínculo, horizontalizando as relações entre as estagiárias
e os usuários. As visitas domiciliares foram se tornando rodas de conversa e desencadeou
em acompanhamento também ao Sr. J, irmão de N., após sua saída de uma comunidade
terapêutica devido ao uso abusivo de álcool. Como forma de atendimento de curto, médio
e longo prazo desta família foi utilizada a elaboração de um Projeto Terapêutico Singular.
Ao longo do trabalho pode ser notado o fortalecimento do vínculo e a importância da escuta
terapêutica e conclui-se que a abordagem familiar possibilita uma visão mais ampla para a
investigação e a intervenção diante do uso abusivo de substâncias psicoativas. O estudo
aprofundado deste caso possibilitou compreender o uso abusivo de drogas em relação ao
contexto familiar e comunitário no qual o sujeito se insere, entendendo-se que as relações
interpessoais influenciam o consumo, e analisando-se a situação sob uma ótica global, não
se restringindo apenas aos episódios de uso.

Eixo temático: “Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos


Palavras-chave: Abordagem Familiar; Redução de danos; Projeto terapêutico singular.
Modalidade de Apresentação: Comunicação Oral
Tipo de Trabalho: Relato de Experiência

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO PROBLEMA DA DROGA-MERCADORIA: POR UMA


OUTRA AGENDA TEÓRICA SOBRE DROGAS

Dayana Rosa Duarte Morais* (Mestrado em Ciências Humanas e Saúde Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva/ Instituto de Medicina Social/ Universidade do Estado do Rio
de Janeiro)

O World Drug Report (1997), do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes
(UNODC), revelou que a indústria de drogas ilícitas movimentou cerca de U$ 400 bilhões
por ano na década de 1990 – mais que a indústria do ferro e do aço, por exemplo. Por outro
lado, no que diz respeito às drogas lícitas, a receita da indústria de drogas farmacêuticas
no mundo era de cerca de U$ 300 bilhões em 1995, passando para mais de U$ 800
bilhões em 2010 (ELLIOTT, 2010). O consumo de drogas é milenar, contudo apenas nesta
sociedade capitalista foi declarada guerra às drogas, guerra alicerçada nos pilares dos
saberes e práticas médicas. Na Sociedade de Mercado (POLANYI, 2000) foi emergente
a transformação do Trabalho, da Terra e do Dinheiro em mercadorias que, a partir daí,
tendem a dominar as relações sociais - tal qual Marx (2013) argumentou que a sociedade é
constituída por trocas de mercadorias. Eduardo Viana Vargas (2001) defende que, do ponto
de vista do tráfico, drogas são mercadorias. O que diferencia a droga de outras mercadorias
é que os lucros não se dão apenas pela Mais Valia, mas também do que poderia ser
chamado de “Mais Valia terrorífica”, que potencializa o lucro convencional (VARGAS, 2001).
O mesmo autor descreve “partilha moral” como o dualismo que permeia a discussão sobre
drogas: legal, ilegal, lícita, ilícita, etc. A preocupação com a definição sobre o que seriam
drogas, ou como categorizá-las, existe por conta de que, dependendo do conceito abordado,
é possível avançar ou retroceder no debate, ou seja, trata-se de uma arena da disputa
simbólica (BOURGOIS, 2009). Nada é, naturalmente, um problema social (KITSUSE;
SPECTOR, 2002). Em parte, a construção social do problema das drogas é protagonizada
por formuladores de políticas de drogas, que exercem o processo de rotulação das pessoas
de comportamento desviante atendendo o empreendedorismo da moral de determinados
grupos de interesse (BECKER, 2009). Por um lado, a partilha engessa o debate ou se
movimenta apenas entre as jurisdições da Saúde, Justiça e/ou Polícia ao passo que, de
outro lado, a compreensão da droga enquanto mercadoria amplia o campo de análise
para além do consumo e possibilita formas de ultrapassar os dualismos. O presente relato
parcial de pesquisa desenvolvida no mestrado em Ciências Humanas e Saúde, baseado
em revisão bibliográfica, pretende colaborar para o avanço da discussão. Convidamos os
atores envolvidos na criação da atual agenda teórica sobre drogas a dialogar com outras
possibilidades epistemológicas e menos restritas, que permita considerar as relações
sociais envolvidas e seu potencial de originar culturas de usos contra hegemônicos.

Palavras-chave: Drogas; Partilha moral; Disputa simbólica; Mercadoria; Relações sociais.


Eixo temático: Eixo “Redução da Oferta”
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A CONTRIBUIÇÃO DO PET-SAÚDE REDES NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE


ACADÊMICOS PARTICIPANTES: A ATENÇÃO BIOPSICOSSOCIAL AO USO, ABUSO E
DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

Denis Fernandes da Silva Ribeiro (Universidade do Grande Rio Professor José de Souza
Herdy/PET-Saúde), Cristiane Medeiros dos Santos* (Universidade do Grande Rio Professor
José de Souza Herdy /PET-Saúde), Marcelle Coutinho Herédia dos Reis (Universidade
do Grande Rio Professor José de Souza Herdy /PET-Saúde), Amanda Souza Rodrigues
(Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias/ PET-Saúde /Escola Nacional de
Saúde Pública/Fiocruz), Mariana Pinto Marques(Secretaria Municipal de Saúde Rio de
Janeiro/ PET-Saúde), Maria Clara Wanderley Provenzano (Universidade do Estado do Rio
de Janeiro/Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias/ PET-Saúde).

O Programa de Educação pelo Trabalho Para a Saúde (PET-Saúde) é uma da estratégia


formulada pelos Ministérios da Saúde e Educação, e possui como pressuposto básico
a reorientação da formação profissional na saúde. A temática abordada no PET-Saúde
de Duque de Caxias - RJ foi a Rede de Atenção Psicossocial, na qual foram priorizadas
ações ao enfrentamento do álcool, crack e outras drogas, devido às inúmeras implicações
que este tema impõe para a atuação dos profissionais assistenciais da rede intersetorial
do município, bem como no processo de formação dos novos profissionais. Objetivos:
descrever as contribuições do PET-Saúde Rede de Atenção Psicossocial para a formação
dos acadêmicos de enfermagem e serviço social participantes; e apontar a experiência
obtida pelos acadêmicos participantes nos serviços da Rede de Atenção Psicossocial.
Metodologia: O presente estudo trata-se de um relato de experiência, descritivo e de
abordagem qualitativa. Obteve-se a experiência através da participação no PET-Saúde, na
modalidade Rede de Atenção Psicossocial – Priorizando o enfrentamento do álcool, crack
e outras drogas. As atividades foram desenvolvidas no município de Duque de Caxias - RJ,
no âmbito de dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial, onde a vivência aqui relatada
teve início em outubro de 2014 a julho de 2015 e foi adquirida na Estratégia de Saúde
da Família (ESF) de Jardim Gramacho, equipe de Consultório na Rua (CnR), Centro de
Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III (CAPS AD III). Resultados: Foi possível observar
a organização e a dinâmica dos serviços (CAPS AD, CnR e ESF) e a articulação da rede
intersetorial para a atenção aos usuários com transtornos biopsicossociais relacionados
ao uso, abuso e dependência de álcool, crack e outras drogas. Através da atuação nos
serviços, que foi em equipe multi e interdisciplinar, desenvolveu-se ações, integrando as
competências entre os profissionais, na lógica da Redução de Danos, visando à reabilitação
biopsicossocial dos usuários. Acompanhou-se também as atividades específicas dos pontos
de atenção, onde pode-se destacar: a abordagem, o acolhimento e o estabelecimento de
vínculo da população em situação de rua; a participação nos grupos terapêuticos temáticos
aos usuários e famílias; a realização de discussões temáticas entre os profissionais dos
serviços; a realização de visitas domiciliares; e a busca ativa dos usuários de álcool e
drogas na Atenção Básica. Considerações finais: A participação no PET-Saúde permitiu
a instrumentalização para a atuação na atenção ao álcool, crack e outras drogas, onde
foi possível uma maior valorização do trabalho em equipe e a ampliação do olhar e de
paradigmas para a atuação, frente à problemática das drogas no Brasil. O cuidado prestado
pelos profissionais deve ser integral, isto é, respeitando os direitos humanos dos sujeitos e
implementando uma assistência que perpasse o domínio biológico e considere as demais
demandas psicossociais dos usuários.
Palavras-chave: Cuidado; Formação profissional; Pet-saúde; Atenção psicossocial; Álcool,
crack e outras drogas.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência
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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A CRACOLÂNDIA DAS CONTROVÉRSIAS: REFLEXÕES ETNOGRÁFICAS FEITAS


POR REDUTORES DE DANOS.

Roberta Marcondes Costa* (Universidade de São Paulo/Centro de Convivência É de Lei),


Bruno Ramos Gomes (Universidade de São Paulo/Centro de Convivência É de Lei) e Thiago
Calil (Universidade de São Paulo/Centro de Convivência É de Lei).

Partindo de visões diferentes (e intermediárias) sobre a “Cracolândia” propomos olhares


para o que existe entre elas, buscando, através do olhar etnográfico, compreensões
complexas dessa realidade. A proposta é caminhar pelo ponto médio da vivência
experienciada, onde as coisas se misturam e existem de forma híbrida, na intensão de
propor compreensões mais situadas e, portanto, mais complexas e menos amarradas. As
visões intermediárias do território serão representadas por alguns dos atores que circulam
e têm diferentes influências e associações na região: usuários de crack e outras drogas em
situação de rua; trabalhadores de diferentes serviços da região; pesquisadores; agentes
da segurança pública; o diretor do programa Recomeço (do governo do Estado); e o filme
“Metanóia”, produzido por uma comunidade evangélica no local. A conclusão é que, se
a Cracolândia“tem solução”, não se chegará a ela sem a sensibilidade da compreensão
das múltiplas relações ali existentes, sem uma reflexão profunda e ampliada sobre o que
seria “tal solução”, ou para quem seria tal solução, pois a realidade ali, a transformação
e constituição daquele “pedaço”, é um alvo em meio a uma multiplicidade de atores e
agentes, humanos e não humanos, que se relacionam e se regulam em redes que se
deslocam, ultrapassam, influenciam e se retroalimentam e/ou dominam umas às outras. O
apontamento encontrado ao longo da pesquisa é a necessidade de uma “desaceleração”
da ânsia por uma “solução”. Para caminhar na compreensão das complexas questões que
envolvem esse campoé necessário se permitir a troca, a escuta e a construção conjunta com
as pessoas que ali estão. Permitir que elas nos provoquem e, portanto, nos transformem.
Essas reflexões estão situadas na vivência dos autores como Redutores de Danos pelo
Centro de Convivência É de Lei, uma ONG que, desde 1998, trabalha na perspectiva da
Redução de Danos sociais e à saúde associados ao uso de drogas e, desde 2005, atua na
região da Cracolândia. Os três autores fizeram ou fazem seus mestrados, dentro de uma
perspectiva etnográfica, sobre a questão das drogas.

Palavras-chave: Crack; Controvérsia; Redução de Danos; Antropologia; Etnografia.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A DIALÉTICA RESISTÊNCIA/ENTREGA NO USO NOCIVO DE SUBSTÂNCIAS


PSICOATIVAS POR MULHERES

Larissa Nadine Rybka* (Mestra em Saúde Coletiva pela Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas; sem vínculo institucional atual), Juliana Luporini do
Nascimento (Docente do Departamento de Saúde Coletiva/Faculdade de Ciências Médicas/
Universidade Estadual de Campinas)

Este estudo se propõe a compreender o desenvolvimento do uso nocivo de substâncias


psicoativas (SPA) na trajetória de quatro usuárias de um CAPS AD de Campinas (SP)
onde a autora principal trabalhou como médica no período de 2009 a 2014. A pesquisa
apresenta a emergência e os desdobramentos do paradigma proibicionista (que se tornou
hegemônico na abordagem da “questão das drogas” há pouco mais de um século) em torno
dos dois eixos intimamente articulados que o sustentam: a medicalização e a criminalização.
Ainda como parte do esforço de compreender as múltiplas conexões que o objeto de
estudo estabelece com a totalidade histórico-social na qual está inserido, discutimos o
processo histórico de construção das relações de gênero e de constituição dos sujeitos no
contexto analisado. Os referenciais teórico-metodológicos da pesquisa são o materialismo
histórico-dialético, o feminismo marxista crítico e a Epistemologia Qualitativa - esta última
um desenvolvimento da teoria histórico-cultural da subjetividade. O material de campo
consiste em quatro narrativas de histórias de vida, sendo a técnica utilizada para sua coleta
a entrevista individual, do tipo aberta. No processo de análise das narrativas, buscamos
apreender os sentidos subjetivos do uso de SPA na produção da existência cotidiana de
cada entrevistada, em diferentes momentos de suas vidas. A seguir, estas configurações
singulares de sentidos foram relacionadas entre si e com a realidade tomada como totalidade
histórico-social nesta pesquisa. Evidenciou-se a diversidade de configurações assumidas
por experiências ideologicamente construídas como universais e homogêneas (como a
maternidade, a prostituição e o próprio uso de SPA). As narrativas explicitam inúmeras
facetas da violência social/racial/patriarcal - cujos elementos estão entrelaçados em uma
dinâmica de coprodução e de reforço mútuo - e seus efeitos perversos sobre a subjetividade
individual e social. O uso de SPA se revelou como um recurso psicossocial importante para
enfrentar e ao mesmo tempo suportar as situações de extrema violência, exploração e
opressão que marcam as histórias de vida analisadas, compondo estratégias singulares
de resistência construídas conforme os recursos disponíveis em cada contexto particular
e acessíveis (objetiva e subjetivamente) a cada uma das entrevistadas. Simultânea e
dialeticamente, o uso nocivo de SPA assume um caráter de entrega - expressão utilizada
por uma das entrevistadas, mas cujos múltiplos sentidos (de desistência, rendição, afronta)
estão presentes em todas as narrativas. O estigma associado ao uswo nocivo de SPA
ocupa um lugar central na produção do sofrimento mental de todas as entrevistadas,
gerando sentimentos intensos de culpa, insegurança e menos valia. O modo específico
de estigmatização das mulheres usuárias de SPA, com sua histórica associação à
promiscuidade, à imoralidade e à irresponsabilidade, está diretamente relacionado ao
cumprimento insatisfatório das tarefas “femininas”.

Palavras-chave: Uso de substâncias psicoativas; Gênero; Feminismo; Saúde mental;


Atenção psicossocial.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO COMBATE AO TABAGISMO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Gabriela Morais Fernandes de Sousa* (Faculdade de Minas- Campus Belo Horizonte),


Priscila Tairine dos Santos Pio (Faculdade de Minas- Campus Belo Horizonte), Fernanda
Batista de Oliveira Santos (Faculdade de Minas- Campus Belo Horizonte)

O hábito de fumar, além de causar danos ao próprio indivíduo, pode também prejudicar
as pessoas não fumantes, denominados fumantes passivos, que ficam expostas aos
agentes tóxicos e cancerígenos presentes nas substâncias do tabaco. O tabagismo é uma
doença crônica causada pela dependência de nicotina, e está relacionado ao alto índice de
mortalidade, pois contribui na elevação dos fatores de risco de doenças cardiovasculares
e comprometendo assim a saúde do individuo. Neste sentido, os profissionais de saúde
devem fornecer informações para diminuir o consumo de tabaco. Entre os profissionais
responsáveis pela promoção da saúde destaca-se o enfermeiro, por seu relevante papel
na redução do uso e dos riscos relacionados ao tabagismo, visto que nas equipes de
saúde o enfermeiro está envolvido na promoção de ações educativas na comunidade ou
na qualificação da equipe de enfermagem. Nesse sentido, estabeleceu-se como objetivo
relatar a experiência de estudantes de graduação em Enfermagem no desenvolvimento
da campanha contra o tabagismo, enfatizando também a promoção da saúde. Trata-se de
um relato de experiência realizado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), localizada no
município de Ribeirão das Neves-MG. Em um primeiro momento visitamos a UBS com o
intuito de conhecer a população que frequenta a unidade e divulgarmos a campanha através
de cartazes e panfletos. Em outro momento, retornamos a unidade para executarmos
o projeto na população que usufrui dos serviços de saúde, reunindo-os em um espaço
destinado para a realização de palestras, distribuindo as cartilhas educativas do Ministério
da Saúde que buscam conscientizar e enfatizam a prevenção e o combate ao tabagismo.
Buscamos também relevar a importância dos hábitos saudáveis para uma melhor qualidade
de vida. Percebe-se atualmente que campanhas publicitárias sobre o cigarro estão menos
frequentes, porém o hábito de fumar ainda é considerado um grave problema de saúde
pública, devido às sérias consequências que o tabagismo pode trazer para os indivíduos e
a sociedade. Foi nos relatado pela população, ao final da visita, que os mesmos encontram
dificuldades em parar com o tabagismo, já que os mesmos usufruem do cigarro há muitos
anos. Como o objetivo do trabalho foi relatar a experiência dos discentes em Enfermagem
no desenvolvimento da campanha contra o tabagismo, podemos compreender a
importância das ações contra o tabagismo para a população, no sentido de prevenir as
possíveis consequências desse hábito, pois, além da conscientização, trouxeram consigo
o amadurecimento educacional e pessoal desses futuros profissionais da saúde. Outro
ponto relevante dessa experiência foi à diversificação das ações de promoção à saúde e
prevenção de doenças a serem desenvolvidas na atenção básica à saúde para contemplar
as políticas de saúde vigentes no país.

Palavras-chave: Tabagismo; Enfermagem; Educação; Prevenção; Saúde


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A ESCOLA DIANTE DO ALUNO QUE FAZ USO DE ÁLCOOL E DROGAS: O QUE DIZEM
OS PROFESSORES?

Isabela de Lourdes Sena Cordeiro* (Universidade Federal de São João del-Rei), Marcelo
Dalla Vecchia (Universidade Federal de São João del-Rei), Deiriely Mara de Almeida Silva
(Universidade Federal de São João del-Rei).

Introdução: A escola é um ambiente estratégico para intervenções em prevenção e


promoção de saúde em relação ao uso e abuso de drogas, pois a maioria das pessoas
em sua história de vida passam por ela em algum momento ou por muitos anos de suas
vidas. O contexto e a forma em que é trabalhado o assunto “drogas” dentro da escola, da
perspectiva da redução de danos ou da guerra às drogas, interfere na criação de vínculo
e resultados obtidos. Desta forma fica evidenciada a relevância de estudos da relação
drogas-escola, uma vez que as ações ou omissões empreendidas afetam decisivamente
o processo de desenvolvimento dos alunos. Objetivo: Este trabalho teve como objetivo
compreender como o tema drogas é tratado por professores de duas escolas públicas de
São João del-Rei/MG na relação com seus alunos no cotidiano escolar. Metodologia: Foram
realizados grupos focais, precedidos da aplicação de um questionário sociodemográfico.
Posteriormente foi feita a análise do conteúdo das falas dos professores gerando núcleos
e subnúcleos que expressam as concepções deste grupo acerca do assunto. Resultados:
Os três núcleos identificados foram: (a) os professores encontram-se em desvantagem com
relação aos deveres do estado, família e sociedade para lidar com a questão das drogas;
(b) os professores sentem-se incapazes de lidar com o problema, levando à banalização
e (c) os professores lidam com o problema do uso de drogas de forma consistente com a
visão que a escola tem do aluno e da comunidade. Percebeu-se um atravessamento de
vários setores da sociedade na escola (família, assistência social e poder judiciário), porém
não é realizada nenhuma ação em conjunto. O ideal é o trabalho intersetorial, possibilitando
a união desses e outros setores para a criação de estratégias de intervenção conjuntas.
O mesmo serve em relação à quais disciplinas devem abordar o assunto. A posição do
Ministério da Educação (MEC) nos Parâmetros Curriculares Nacionais é de que o tema deve
ser abordado em qualquer disciplina por meio de diálogos e reflexões não-discriminativas.
Apesar dessas recomendações, notou-se a dificuldade e falta de preparo dos professores.
Considerações Finais: Ficou evidenciada a necessidade da inclusão desse assunto na
formação de professores, para que estes possam se sentir mais seguros e capacitados
no agir. Além disso, devido à associação drogas-tráfico, dependendo da localidade da
escola e de que região vinham os alunos, os professores tinham medo de se envolver e se
aproximarem dos alunos que poderiam estar fazendo o uso de alguma droga. Percebeu-se
que as medidas tomadas (de intolerância ou acolhimento) foram fortemente dependentes
da escola na qual os professores estavam atuando. Assim, fica clara a estereotipia formada
a respeito dos alunos que supostamente fazem uso de drogas, ligando-os imediatamente
à violência, o que atrapalha a aproximação, criação de vínculos e aumenta a resistência/
distância entre os professores e alunos.

Palavras-chave: Álcool e outras drogas; Escola; Grupos Focais; Professores; Redução de


Danos.
Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral.
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa.

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DE DANOS EM AMBIENTES ESCOLARES DO


ESTADO DA BAHIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Claudia Oliveira Dias, Laís Mendes* - Aliança de Redução de Danos Fátima Cavalcanti
(Universidade Federal da Bahia)

Trata-se de um relato de experiência da técnica de Saúde Mental e da Supervisora de


Campo de uma das equipes (equipe 4) do Projeto Prevenção ao Uso Abusivo de Drogas em
Ambientes Escolares no Estado da Bahia, por meio da Aliança de Redução de Danos Fátima
Cavalcanti, um Serviço de Extensão Permanente do Departamento de Saúde da Família
da Faculdade de Medicina da Bahia. O objetivo consiste em descrever a experiência dessa
dupla em envolver os atores escolares na construção de um projeto de intervenção que,
posteriormente, pudesse compor o Plano Político Pedagógico da escola, por meio de um
Grupo de Trabalho (GT) responsável por pensar e multiplicar as compreensões apreendidas
durante todo o processo de acompanhamento da equipe na escola e propor o enfrentamento
às questões relativas ao consumo de substâncias psicoativas em ambientes escolares do
Estado da Bahia. As ações utilizam-se da estratégia de Redução de Danos que embasa
todo o projeto e visa estabelecer um diálogo aberto e sem julgamentos com a intenção de
intervir de acordo com a realidade de cada escola abarcando os diversos níveis de cuidado,
desde a prevenção até o tratamento e o suporte social. As profissionais puderam vivenciar
a dinâmica de diversas escolas e acompanhar a construção dos GTs e perceberam que
os aspectos mais relevantes do projeto foram as discussões para construção dos planos
de intervenção onde foi identificado que nas falas as pessoas que usam drogas ilícitas
são consideradas infratoras das normas sociais. E outros consideram o/a usuário/a um
sujeito em sofrimento por uma doença, portanto necessitando de cuidados. A execução
das atividades tomou como base quatro eixos temáticos utilizados no projeto: 1- Aspectos
socioantropológicos do uso de drogas; 2 – Políticas de Atenção ao Abuso de Drogas com
ênfase na redução de danos; 3 – Uso de drogas em ambientes escolares; 4 – Prevenção,
tratamento e suporte social ao uso abusivo de drogas em ambientes escolares. Esses eixos
permitiram às profissionais um meio de articular teoria e prática e construir coletivamente
com cada protagonista do ambiente escolar ações, a partir da realidade vivenciada por
esses atores e produzir novas possibilidades e desenhar novos modelos de prevenção.

Palavras-chave: Prevenção; Drogas; Redução de Danos; Ambiente Escolar


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A FORMAÇÃO DE RESIDENTES EM SAÚDE MENTAL E EM PSIQUIATRIA NA PRÁTICA


COM SUJEITOS PSICÓTICOS USUÁRIOS DE DROGAS NO CERSAM LESTE

Daniela Tonizza de Almeida* (Centro de Referência em Saúde Mental leste/Prefeitura de Belo


Horizonte), Maria Goreti Marques (Centro de Referência em Saúde Mental leste/Prefeitura
de Belo Horizonte), Pedro Braccini Pereira (Centro de Referência em Saúde Mental leste/
Prefeitura de Belo Horizonte); Maria Tereza Granha Nogueira (Centro de Referência em
Saúde Mental leste/Prefeitura de Belo Horizonte).

Introdução: Os Programas de Residência Multiprofissional em Psiquiatria e em Saúde Mental


do Hospital Odilon Behrens/Prefeitura de Belo Horizonte têm como objetivo a formação em
serviço de especialistas em Psiquiatria e em Saúde Mental. Os cenários de prática são os
diversos serviços que compõem a Rede de Atenção Psicossocial do município, dentre os
quais se destaca o Centro de Referência em Saúde Mental Leste, caracterizado como um
Centro de Atenção Psicossocial III, especializado no atendimento de urgência e crise para
pessoas com transtorno mental grave e persistente e/ou uso abusivo de drogas. Nesse
contexto, observa-se uma grande prevalência de sujeitos psicóticos usuários de drogas e
em situação de vulnerabilidade social, o que dificulta o manejo clínico e requer intervenções
complexas. Objetivos: Descrever quais as competências, habilidades e atitudes que são
desenvolvidas na experiência da residência e de que forma a instituição tem contribuído
para a formação de profissionais aptos a desenvolver ações de promoção, prevenção,
atenção e reabilitação com essa população. Metodologia: Trata-se de uma análise da
experiência de preceptoria a partir de atividades avaliativas desenvolvidas com residentes,
tais como, estudos de caso, relatórios e outros documentos institucionais, no período de
2012 a 2015. Resultados: Observa-se que a experiência da residência contribuiu para: o
aprendizado tanto de atividades específicas de determinada categoria profissional como de
atividades interdisciplinares pautadas no acolhimento, no vínculo e na responsabilização;
a aquisição de conhecimentos e habilidades para avaliação psiquiátrica e psicossocial,
elaboração de Projeto Terapêutico Singular e desenvolvimento de um repertório de
ações que descentralizem a contenção e medicalização e que promovam a autonomia, a
construção de laços sociais e a redução de danos; habilidade em promover a articulação
de uma rede intersetorial, através de atenção conjunta ou transferência responsável de
cuidado; a competência para articulação entre teoria e prática nos processos de raciocínio
clínico e de tomada de decisão; desconstrução de preconceitos e julgamentos morais
associados a sujeitos psicóticos usuários de drogas; a competência para o trabalho em
equipe. A contribuição da instituição nesse processo foi a disponibilidade de acolhimento do
residente pela equipe multiprofissional e da gerência, garantindo uma agenda de atividades
e supervisão e promovendo uma interlocução com a coordenação
das residências. A preceptoria contribuiu através de orientações, discussões, apoio e
avaliação das ações do residente no cenário de prática, bem como promovendo reflexões
teóricas sobre elas. Considerações finais: Considera-se que os programas de residência
analisados caracterizam-se como experiências inovadoras de formação condizentes com
os princípios da reforma psiquiátrica e as diretrizes das políticas nacionais sobre drogas, no
âmbito do Sistema Único de Saúde.

Palavras-chave: Residência Multiprofissional; Residência Psiquiátrica; Centro de Atenção


Psicossocial; Saúde Mental; Transtornos Relacionados ao uso de Substância.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência de Ensino

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A HISTÓRIA DA MACONHA EM TERRAS MÉDICAS

Luiz Fernando Petty* (UNICAMP)

Trata-se de uma pesquisa histórica sobre a análise de documentos médicos do início do


século XX que legitimaram a proibição da Canabis sativa no território brasileiro. A partir do
documento “A maconha, coletânea de trabalhos brasileiros”, publicado no ano de 1958, pela
Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes do Ministério da Educação e Saúde,
Rio de Janeiro, o presente trabalho debate a relação entre a repressão ao uso de maconha
e as políticas racialistas e higienistas nas grandes cidades, no período pós-abolição, entre
1905 e 1958. Essa análise configura o momento em que a Medicina se consolidava enquanto
uma verdade científica e que, aliada à ideologia de uma administração pública técnica e
exata, obteve a legitimidade para maquiar o sentido classista de uma série de decisões
políticas que visavam ideais de “modernidade”, “ordem” e “progresso”. Nesse contexto,
os conceitos deterministas de “raça” e “classes perigosas”, advindos do século anterior,
sustentavam as bases para que médicos e juristas, sob a crença de que a criminalidade
seria um fenômeno hereditário e físico, agissem de maneira a reprimir tudo que era cultural
da “raça inferior” nessa busca pela nação higiênica, moderna e civilizada. Assim, desde
costumes religiosos, vistos com desconfiança e como algo animalesco, até suas moradias
(cortiços) passaram a ser constantemente perseguidos e reprimidos, a fim de “limpar” essa
parte indesejada da população urbana. Dessa maneira, o costume de fumar maconha, de
origem africana, passa a ser estudado, entendido como um vício a ser evitado entre as classes
altas e, a partir do ano de 1932, a ser violentamente reprimido, tendo na figura dos negros,
seu inimigo vingativo; cabe ressaltar que o primeiro documento da coletânea analisada,
do ano de 1915, do médico, jurista e político, Rodrigues Dória concluiu que “a raça preta,
selvagem e ignorante, resistente, mas intemperante, se em determinadas circunstâncias
prestou grandes serviços aos brancos, seus irmãos mais adiantados em civilização, dando-
lhes, pelo seu trabalho corporal, fortuna e comodidades, estragando o robusto organismo
no vício de fumar a erva maravilhosa, que no êxtases fantásticos, lhe faria rever talvez as
areias ardentes e os desertos sem fim de sua adorada e saudosa pátria, inculou também o
mal nos que a afastaram da terra querida, lhe roubaram a liberdade preciosa, e lhe sugaram
a seiva reconstrutiva” (DÓRIA, 1915, p. 13), que, em outras palavras, significa que o vício da
maconha é uma vingança dos negros contra os brancos, pelos séculos em que os privaram
da liberdade, a vingança dos vencidos. Portanto, conclui-se que a origem do problema social
da maconha no país estava relacionada às transformações urbanas que, sustentadas pela
consolidação do saber médico institucionalizado e cada vez mais atuante, estabeleceram
políticas higienistas, que reprimiram e tentaram afastar os negros dos centros urbanos.
Assim, a partir de textos selecionados dessa coletânea, a pesquisa analisa esse período
com o objetivo de reconstituir tensões sociais da época, que se tornaram cada vez mais
intensas nas décadas que se seguiram.

Palavras-chave: Maconhismo; Classes Perigosas; Higienismo; Racialismo; Negros


Eixo temático: Eixo “Redução da Oferta
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A INTERAÇÃO FAMILIAR E SOCIAL DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL:


FATORES DE RISCO OU PROTEÇÃO DO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS?

Tamiris de Oliveira Scárdua* (Universidade Federal do Espírito Santo); Karine Felipe


Barbosa (Universidade Federal do Espírito Santo); Rebeca Teixeira Juveres (Universidade
Federal do Espírito Santo); Alvim Pagung de Abreu (Universidade Federal do Espírito
Santo); Fernanda Dadalto Garcia (Centro de Estudos e Pesquisas sobre o Álcool e outras
Drogas); Marluce Miguel de Siqueira (Universidade Federal do Espírito Santo; Centro de
Estudos e Pesquisas sobre o Álcool e outras Drogas)

Introdução: Convívio familiar e social de crianças e adolescentes em idade escolar está


implicado no desenvolvimento destes indivíduos. Na interação com componentes de
ordem individual, estes aspectos podem atuar como fatores de risco ou proteção para
comportamentos não saudáveis, como o abuso de Substâncias Psicoativas (SPAs). Objetivo:
Identificar o perfil familiar e social de estudantes de uma escola de ensino fundamental em
Vitória-ES, avaliando sua relação como fatores de risco ou de proteção do uso de SPAs.
Metodologia: Estudo descritivo-exploratório, transversal e de caráter quantitativo realizado
com 23 estudantes selecionados por conveniência entre os participantes de um projeto
de promoção à saúde e prevenção ao uso de drogas no ambiente escolar durante o ano
de 2013. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário com questões fechadas. Os
dados coletados foram posteriormente analisados através do programa Statistical Package
for the Social Sciences. Resultados: A idade prevalente dos estudantes que preencheram
o formulário é de 13 anos (39,1%), sendo do sexo masculino (52,2%), de 5ª e 8ª séries
(26,1%), de cor parda (39,1%) e catolicismo como religião predominante (34,8%), com
65,2% participando de atividades na igreja. Renda familiar entre 2 e 4 salários mínimos
(8,7%), sendo que 69,6% dos estudantes não contribui com as despesas. 60,9% residem
em apartamento ou casa própria, com quatro pessoas na mesma moradia (39,1%). O
nível de escolaridade prevalente entre os pais é o médio, com 30,4%. O álcool é a droga
mais utilizada pelo pai e pela mãe, com 43,5% e 17,4% respectivamente. As mães foram
definidas como muito autoritárias (39,1%), sendo que 43,5% dos filhos consideraram
ótimo o relacionamento entre eles. 21,7% consideraram que o convívio com o pai regular,
sendo definido como pouco autoritário pela maioria (39,1%). Os pais possuem um bom
relacionamento com as pessoas do bairro (43,5%) e ótimo relacionamento destes com os
amigos (26,1%). A interação dos pais com a escola e com os professores foi considerado
péssimo, com 21,7% e 8,7% respectivamente. Em relação à interação social dos estudantes,
13% relataram não ter amigos no bairro e 17,4% ter relacionamento regular com os colegas
de classe, sendo que 21,7% já deixaram de ir à escola nove ou mais dias nos últimos nove
meses. Conclusão:Devem ser consideradas as múltiplas influências no ambiente familiar e
social identificando condições de risco e implementar medidas que as minimizem, sobretudo
para o risco da experimentação precoce de SPAs.

Palavras-chave: Substâncias psicoativas; Escola, Família; Sociedade


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho:Relato de Pesquisa

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA REDUÇÃO DE DANOS: UM OLHAR


APROXIMADO ATRAVÉS DO CONSULTÓRIO NA RUA DA CIDADE DE SANTOS

Natália Koto Alves* (Universidade Federal de São Paulo)

Trata-se de um estudo que busca analisar o Consultório na Rua, serviço inserido no Plano
Integrado de Enfrentamento do Crack e outras Drogas (PIEC) e no Plano Emergencial de
Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas no Sistema
Único de Saúde – SUS (PEAD 2009-2010). Em síntese, este trabalho objetiva identificar
elementos que visem e salvaguardem a garantia de direitos da população toxicodepen-
dente em situação de rua. Para tanto, a análise proposta nesta pesquisa se sustenta na
relação de princípios correlatos de dois lugares teóricos - o Projeto Ético-Político do Serviço
Social e a Redução de Danos. Dessa maneira, os procedimentos metodológicos adotados
são predominantemente qualitativos e a identificação de categorias analíticas se deu por
intermédio de instrumentais de coleta de dados de fonte primária, a saber, questionário
direcionado à assistente social e entrevista não estruturada, realizada com uma usuária do
Consultório na Rua. A pesquisa bibliográfica evidencia que os princípios baseados na liber-
dade e na autonomia dos sujeitos estão presentes no Projeto Ético-Político e na Redução
de Danos, o que possibilita um campo fértil para o desenvolvimento de práticas teórico-criti-
cas. A pesquisa de campo ora concluída mostra através das falas dos sujeitos entrevistados
que a Redução de Danos não é discutida com os usuários do serviço, entretanto, destaco
que ações baseadas nos princípios de Redução de Danos permeiam os atendimentos; o
Consultório na Rua facilita o acesso dos usuários a outros serviços da rede pública. Como
produto deste estudo, sinalizo para a necessidade de discussão do tema “Redução de Da-
nos” com os usuários do serviço a fim de apresentar a estes possibilidades além do modelo
biomédico hegemônico para lidar com a toxicodependência, tendo quase sempre a absti-
nência como única opção. Sinalizo também a existência de confluência dos princípios da
Redução de Danos com os princípios do Projeto Ético-Político do Serviço Social, pautando
o respeito à autonomia e luta contra estigmas e preconceitos. Contudo, remonto à necessi-
dade de revisão de paradigmas referente às drogas e seu uso pautada em pesquisas sérias
sobre o assunto superando o senso comum e construindo formas mais éticas de lidar com
a questão das drogas na sociedade contemporânea.
Palavras-chave: Redução de danos; Projeto ético-político; Serviço social; Vulnerabilidade
social; Direitos humanos.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

25
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL JUNTO AOS USUÁRIOS DE SUBSTANCIAS


PSICOATIVAS NO SERVIÇO DE EMERGENCIA DO HOSPITAL FEDERAL CARDOSO
FONTES/RJ - UMA REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO INTERDISCIPLINAR

Cristiane Cavalcante da Silva* (Assistente Social do Hospital Federal Cardoso Fontes),


Francielle Gonçalves Sabino da Silva (Estagiária de Serviço Social do Hospital Federal
Cardoso Fontes e Graduanda da Universidade Federal Fluminense), Renan Rodrigues da
Silva (Estagiário de Serviço Social do Hospital Federal Cardoso Fontes e Graduando da
Universidade Federal Fluminense).

Esse estudo busca pensar os desafios da intervenção interdisciplinar do Assistente Social


no espaço da Emergência do Hospital Federal Cardoso Fontes com pacientes usuários de
Substâncias Psicoativas - SPA. É uma unidade considerada de média/alta complexidade com
serviço de Emergência 24 horas por dia. Destina-se a atender à população independente
do território de moradia. Ressaltamos que o Serviço Social da Emergência funciona 12
horas por dia, em plantões ininterruptos, portanto, no horário noturno não há Serviço Social
na unidade. O Serviço Social atua pela garantia dos direitos sociais dos usuários por meio
de ações que se esforçam para viabilização da democratização das informações através
das orientações e/ou encaminhamentos, que viabilizam o acesso a serviços institucionais,
assim como a rede; atuação dentro da Política de Humanização do SUS, reconhecendo
no usuário o seu protagonismo e fortalecendo sua autonomia como sujeito de direitos. A
partir da reflexão sobre os atendimentos realizados pelo Serviço Social da Emergência aos
usuários de SPA nos deparamos com várias demandas que motivaram esse estudo, assim
como entraves para uma ação articulada com toda a equipe. A fim de fundamentar esse
estudo, realizamos um levantamento através dos dados da pesquisa efetuada pelo Serviço
Social entre os períodos de janeiro de 2014 a maio de 2015, onde foram identificados 24
pacientes usuários de SPA que durante sua permanência na unidade foram atendidos pelo
Serviço Social. Mesmo não sendo um número expressivo, entendemos ser válido esse
estudo tendo em vista que possivelmente, o espaço da emergência pode ser o único local
de escuta e acolhimento que esse usuário irá procurar. Nessa perspectiva entendemos a
saúde em seu conceito ampliado, definido como resultante dos determinantes sociais para
além dos aportes biológicos, onde se exige a construção de uma rede de cuidado que atue
sobre a produção da saúde enquanto qualidade de vida e não a partir do viés da doença. A
unidade hospitalar possui forte potencial de produção de cuidado, enfocamos na construção
de vínculos entre sujeitos, com um olhar cuidador. Durante nosso estudo percebemos alguns
pontos relevantes de análise: alguns pacientes que procuravam a unidade, eram atendidos
pela enfermagem e equipe médica e após resolutividade de sua queixa principal, eram
liberados sem o atendimento do Serviço Social. A partir dessa realidade percebemos a
necessidade urgente de uma ação interdisciplinar, onde toda a equipe tenha compreensão
da importância de um trabalho integrado entre os profissionais. É possível pensar novas
práticas em saúde, priorizando um atendimento integral, universal, equitativo resguardando
o sujeito em suas singularidades, saindo do foco central do atendimento médico para um
trabalho valorizado na equipe multidisciplinar e na construção coletiva do saber. Diante
dessa realidade é essencial manter o espaço institucional vivo e articulado com outros
serviços e políticas.

Palavras-chave: Acolhimento; Cuidado; Interdisciplinaridade; Rede


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL JUNTO AOS USUÁRIOS DE SUBSTANCIAS


PSICOATIVAS NO SERVIÇO DE EMERGENCIA DO HOSPITAL FEDERAL CARDOSO
FONTES/RJ - UMA REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO INTERDISCIPLINAR

Cristiane Cavalcante da Silva* (Assistente Social do Hospital Federal Cardoso Fontes),


Francielle Gonçalves Sabino da Silva (Estagiária de Serviço Social do Hospital Federal
Cardoso Fontes e Graduanda da Universidade Federal Fluminense), Renan Rodrigues da
Silva (Estagiário de Serviço Social do Hospital Federal Cardoso Fontes e Graduando da
Universidade Federal Fluminense).

Esse estudo busca pensar os desafios da intervenção interdisciplinar do Assistente Social


no espaço da Emergência do Hospital Federal Cardoso Fontes com pacientes usuários de
Substâncias Psicoativas - SPA. É uma unidade considerada de média/alta complexidade com
serviço de Emergência 24 horas por dia. Destina-se a atender à população independente
do território de moradia. Ressaltamos que o Serviço Social da Emergência funciona 12
horas por dia, em plantões ininterruptos, portanto, no horário noturno não há Serviço Social
na unidade. O Serviço Social atua pela garantia dos direitos sociais dos usuários por meio
de ações que se esforçam para viabilização da democratização das informações através
das orientações e/ou encaminhamentos, que viabilizam o acesso a serviços institucionais,
assim como a rede; atuação dentro da Política de Humanização do SUS, reconhecendo
no usuário o seu protagonismo e fortalecendo sua autonomia como sujeito de direitos. A
partir da reflexão sobre os atendimentos realizados pelo Serviço Social da Emergência aos
usuários de SPA nos deparamos com várias demandas que motivaram esse estudo, assim
como entraves para uma ação articulada com toda a equipe. A fim de fundamentar esse
estudo, realizamos um levantamento através dos dados da pesquisa efetuada pelo Serviço
Social entre os períodos de janeiro de 2014 a maio de 2015, onde foram identificados 23
pacientes usuários de SPA que durante sua permanência na unidade foram atendidos pelo
Serviço Social. Mesmo não sendo um número expressivo, entendemos ser válido esse
estudo tendo em vista que possivelmente, o espaço da emergência pode ser o único local
de escuta e acolhimento que esse usuário irá procurar. Nessa perspectiva entendemos a
saúde em seu conceito ampliado, definido como resultante dos determinantes sociais para
além dos aportes biológicos, onde se exige a construção de uma rede de cuidado que atue
sobre a produção da saúde enquanto qualidade de vida e não a partir do viés da doença. A
unidade hospitalar possui forte potencial de produção de cuidado, enfocamos na construção
de vínculos entre sujeitos, com um olhar cuidador. Durante nosso estudo percebemos alguns
pontos relevantes de análise: alguns pacientes que procuravam a unidade, eram atendidos
pela enfermagem e equipe médica e após resolutividade de sua queixa principal, eram
liberados sem o atendimento do Serviço Social. A partir dessa realidade percebemos a
necessidade urgente de uma ação interdisciplinar, onde toda a equipe tenha compreensão
da importância de um trabalho integrado entre os profissionais. É possível pensar novas
práticas em saúde, priorizando um atendimento integral, universal, equitativo resguardando
o sujeito em suas singularidades, saindo do foco central do atendimento médico para um
trabalho valorizado na equipe multidisciplinar e na construção coletiva do saber. Diante
dessa realidade é essencial manter o espaço institucional vivo e articulado com outros
serviços e políticas.

Palavras-chave: Acolhimento; Cuidado; Interdisciplinaridade; Rede


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

27
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A INVARIABILIDADE DOS SENTIDOS NAS REPRESENTAÇÕES DAS DROGAS NA


IMPRENSA BRASILEIRA: AMEAÇA SOCIAL E DECADÊNCIA HUMANA

Manoel de Lima Acioli Neto*, Mariana Carvalho Pessoa, Mariana Oliveira Sobral e Maria
de Fátima de Souza Santos (Universidade Federal de Pernambuco).

As drogas se consolidam como um dos arquétipos culturais predominantes no cotidiano


das sociedades urbanas. Sua presença é ubíqua em praticamente todas as culturas. A
finalidade dos usos se diferenciam, assim como a significação que esse objeto adquire nos
mais diversos contextos sociais. Os registros históricos apresentam uma ampla variabilidade
de drogas que em um dado momento eram classificadas como o perigo social da época e
que em outro se tornavam banalizadas ou tipificadas como inofensivas, foi o caso do álcool
na década de 1920. Nessa época, essa droga se caracterizava como substância inerente
e inevitavelmente dependogênica, sendo relacionada com a violência urbana e com a
criminalidade, além da pobreza e desvinculação familiar, tal como o crack, atualmente. Em
1937, foi a vez da maconha, pelo Marijuana Tax Act. Essa lei federal proibia o consumo da
droga e se embasava em construções da mídia que apresentavam determinismo causal em
ações de violência, exemplificados por diversos crimes de homicídio ocorridos no período:
era a “erva assassina”. No Brasil, a proibição ocorreu em 1936, antecipada por diversas
campanhas de cunho racista, que apelavam à origem africana da maconha, atribuindo
aos seus efeitos uma ameaça à raça brasileira. Com isso, práticas de vigilância e controle
passaram a reger o modo de lidar com a população negra: qualquer negro era considerado
suspeito. Assim sendo, esses discursos se relacionam à construção de estereótipos, que
terminam por atuar como ferramentas de controle social informal, necessários para legitimar
o controle social formal, cuja expressão máxima no campo das drogas é a normativa jurídica.
Entretanto, para que se consolidem como modalidades de controle social, há a necessidade
de processos de legitimação, “explicações” e justificações da ordem institucional, os quais
se tornam intercedidos pelos meios de comunicação de massa. A mídia, assim, institui
realidades, a partir da evidenciação de determinados objetos em uma matriz de sentidos
culturalmente partilhada, que se conformam em regimes de verdade. Diante desses
aspectos, esse estudo teve como objetivo analisar como a droga se constitui como um
problema social em diferentes épocas, verificando o papel da mídia nessa construção. Para
isso, foram coletadas 4.227 matérias dos jornais Folha da Manhã, Folha da Noite e Folha
de São Paulo, que abordassem questões relativas ao álcool (década de 1920), maconha
(décadas de 1930 a 1960) e crack (década de 1980 a hoje) e realizada Análise Temática de
Conteúdo. Os resultados apontam que a característica central que define todas as drogas
analisadas nos distintos momentos históricos é o risco social que ela apresenta. A droga se
constitui como um risco aos usuários ao mesmo tempo que os institui enquanto uma figura
de ameaça social. Ao se referenciar uma substância como uma droga, tornam-se ativados
sentidos que remetem a um quadro de decadência e criminalidade.

Palavras-chave: Drogas; Representações sociais; Mídia


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

28
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A MÚSICA NA CLÍNICA DA FORACLUSÃO: POSSIBILIDADES DO FAZ(SER) DO


SUJEITO

Autores e instituição: Bruno Gonçalves dos Santos* (Programa de Pós-Graduação em


Psicologia e Atenção Psicossocial na Universidade Estadual Paulista).

Resumo: A pesquisa articula música e psicanálise. Estudou-se os efeitos da música na


estrutura psíquica a partir de pesquisa teórica. Notou-se que a manifestação musical está
no campo definido como protolinguagem, abrindo novas vias na clínica da foraclusão e
drogadição com relação ao laço social.

Palavras-chave: Música; Foraclusão; Faz(s)er; Psicanálise.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

29
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A NECESSIDADE DA ELABORAÇÃO DE PROTOCOLOS CLÍNICOS PARA TRATAMEN-


TO DO USO ABUSIVO DE SUBSTÂNCIAS QUE ALTERAM O HUMOR

*Adriano Carvalho da Costa (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

A presente comunicação, resultante de reflexões baseadas em pesquisa bibliográfica, tem


o objetivo de salientar a inexistência e a necessidade da produção de dados confiáveis
sobre o índice de sucesso dos diversos métodos disponíveis no sistema de saúde para
tratamento da drogadição. Na verdade, não existe sequer definição adequada do que
pode ser considerado como tratamento bem-sucedido, pelo que o conceito de sucesso na
recuperação varia como as opiniões dos que se ocupam dessa tarefa. Existe um debate
ideológico que basicamente opõe, de um lado, defensores da internação e da abstinência
como tratamento bem-sucedido, e do outro, os partidários do emprego de medidas de
redução de danos. Uns e outros usam estatísticas sem informações precisas das fontes
e apontam o sucesso da abordagem que preferem. São tão destoantes que não podem
se fundamentar em dados reais. A aleatoriedade das informações é evidente mesmo
comparando apenas as instituições que internam e têm a abstinência como sucesso. São
comuns exageros nas propagandas de clínicas e comunidades terapêuticas anunciando
recuperação próxima de 100% dos casos. Essa liberdade vem do fato de que mesmo
especialistas renomados mencionam números percentuais sem base real aparente. O fato
é que o abuso de substâncias que alteram o humor é classificado pela OMS (CID-10) como
doença mental e doenças devem ser tratadas conforme protocolos clínicos. Sinteticamente,
protocolos são orientações no tratamento de dado problema, respaldados em evidências
científicas, prescrevendo uso da técnica mais eficaz, garantindo melhor aproveitamento dos
recursos e consecução dos resultados almejados. Por isso protocolos orientam as políticas
em saúde. Protocolos são definidos com base em critérios objetivos do que é desejável em
cada caso, que pode ser cura, estabilização dos sintomas, sobrevida ou mesmo o melhor
manejo até a morte inevitável, a partir do que são pesquisados meios mais eficazes de
tratar, basicamente por estatísticas confiáveis que indicam o método com mais sucesso. É
assim com todas as doenças. A rara exceção, ou a única, é a drogadição. Por isso mesmo,
a recuperação do abuso de drogas tem recomendações de tratamento tão singulares
como o uso de alucinógenos ou a crença em Jesus. Obviamente que existem “tratamentos
alternativos” para todas as enfermidades, mas os recursos disponíveis em regra são
direcionados por critérios científicos. Com abuso de drogas não. Nesse caso inexistem
dados que permitam eleger os métodos mais eficientes. Permitindo, assim, que instituições
que baseiam o tratamento fundamentalmente na crença cristã recebam recursos públicos.
Não se está dizendo com isso que Jesus não possa ser o melhor tratamento para drogados:
o fato é que não existem dados seguros que apontem nesse sentido. Assim sendo, conclui-
se que é urgente e imperativa a necessidade da elaboração de protocolos clínicos confiáveis
para o tratamento dos usos abusivos de substâncias que alteram o humor.

Palavras-chave: Abuso de substâncias; Modalidades de tratamento; Estatísticas; Protocolos


clínicos.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

30
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A OFERTA ANALÍTICA E A CONSTRUÇÃO DE DEMANDAS NA CLÍNICA DAS


TOXICOMANIAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores e instituição: Vânia dos Santos Moreira (Universidade Federal da Bahia - UFBA)

Para refletir sobre a inserção do sintoma na contemporaneidade é preciso explorar


a subjetividade humana e contextualiza-la no espaço e tempo que lhe são próprios.
Penso que a época, o contexto cultural, social e político ao qual o homem está inserido,
influenciam a sua subjetividade que é expressa através da posição frente ao mundo.
Atualmente, a sociedade declaradamente capitalista determina a relação do sujeito com os
objetos de consumo, há aí, uma relação de adição, e o imperativo: “compre” “goze” “faça”.
Alguns teóricos da psicanálise nomeiam tais fenômenos como “novos sintomas”, ou seja,
expressões atuais do mal-estar na cultura. Neste relato, a toxicomania é escolhida como
fenômeno principal das novas formas de sintoma. Este trabalho é fruto do mal entendido
que surge a partir do encontro com sujeitos ditos toxicômanos em instituições a qual exerci
a prática enquanto psicóloga residente do Programa de Psicologia Clínica e Saúde Mental
da Universidade Federal da Bahia - UFBA. Digo mal entendido, pois naquele momento,
antes de conhecer as especificidades de tal cínica, minha concepção sobre toxicomania
tinha uma aproximação com os discursos que perpassam o fenômeno da drogadição –
jurídico, político, médico, religioso –. As questões que motivaram este relato, a priori, foram
sendo formuladas durante a prática no Pronto Atendimento Masculino – PAM do Hospital
Especializado Juliano Moreira da cidade de Salvador-BA e posteriormente no CAPSad
Gregório de Matos - CAPSadGM (Serviço docente-assistencial administrado pela Aliança
de Redução de Danos Fátima Cavalcanti – ARD- FC) a proposta foi atuar nos serviços como
um todo e nas discussões em equipe interdisciplinar; discussões estas, que na maioria das
vezes, estavam relacionadas às incessantes e diversas formas de demanda de internação
de usuários de álcool e outras drogas no Hospital. Vale salientar que tais instituições têm
propostas distintas de tratamento para usuários de álcool e outras drogas, enquanto a
primeira está pautada na lógica da abstinência, da desintoxicação; a outra está referenciada
pela lógica da redução de danos. Durante o período em que estive nessas instituições,
inquietações foram surgindo e questões foram sendo formuladas, especialmente sobre a
demanda de tratamento. A prática mostra que dificilmente o sujeito formula uma demanda
própria, esta, geralmente vem do outro – família, justiça, escola, social -, além disso, há
uma baixa adesão ao tratamento; encontramos sujeitos que anulam suas particularidades,
que não se nomeia a partir de significantes, mas a partir de um gozo: “...mas o que eu estou
fazendo no hospital de maluco? Eu sou drogado”. Tais vivências me levaram a interrogar:
“ O que pode a psicanálise aliada a proposta da redução de danos. A fim de alcançar os
objetivos deste relato, será utilizado fragmentos de casos clínicos resultante da prática
clínica juntamente com um estudo de caráter teórico.

Palavras-chave: Toxicomania; Redução de Danos; Psicanálise.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho:Relato de Experiência

31
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A PERCEPÇÃO DOS TUTORES SOBRE AS ATIVIDADES REALIZADAS NA 6ª EDIÇÃO


DO CURSO SUPERA NA SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESSOAL

Autores: Diego Eugenio Almeida* (Supervisor Bolsita do SUPERA, Doutorando em Ciências


Programa Educação e Saúde na Infância e na Adolescência, Universidade Federal de
São Paulo), Grasiela Mancilha (Universidade Federal de São Paulo, Departamento de
Psicobiologia, Unidade de Dependência de Drogas - UDED), Yone G. Moura (Universidade
Federal de São Paulo, Departamento de Psicobiologia, Unidade de Dependência de Drogas
- UDED), Monica Parente Ramos (Universidade Federal de São Paulo, Departamento de
Psicobiologia, Unidade de Dependência de Drogas - UDED), Maria Lucia O. Formigoni
(Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Psicobiologia, Unidade de
Dependência de Drogas - UDED).

O curso SUPERA (Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias


Psicoativas: Encaminhamento, Intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento)
promovido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) do Ministério da
Justiça (MJ), foi oferecido gratuitamente pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
na modalidade de Educação a Distância. O curso prevê a capacitação de profissionais
das áreas de saúde, assistência social, educação, justiça, segurança pública, entre outros,
para o uso de instrumentos de detecção do uso abusivo de álcool e outras substâncias
psicoativas e na realização de intervenções breves. O curso foi acompanhado por tutores
de conteúdo que atuaram como mediadores do processo de aprendizagem dos alunos,
por meio do telefone e da troca de mensagens individualizadas visando esclarecer dúvidas
de conteúdo, além da participação ativa em fóruns de discussão temáticos. Objetivos:
Descrever as atividades dos tutores da 6a. edição do curso SUPERA e avaliar o impacto
deste processo na sua formação acadêmica e pessoal. Método: O curso SUPERA com
carga horária de 150 horas, foi disponibilizado para acesso na internet (www.supera.
senad.gov.br) aos participantes, durante um período de quatro meses, por meio de um
ambiente virtual de aprendizagem (MoodleTM). Os tutores de conteúdo foram selecionados
mediante avaliação de seu conhecimento básico ou prático sobre a temática. Resultados
e Conclusão: A 6ª edição do SUPERA foi realizada no período setembro a dezembro de
2014. Foram selecionados 155 tutores sendo 107 (69,03%) mulheres, com idade média de
32 anos. Com relação à profissão, 41% eram psicólogos e 25,9% estudantes de áreas da
saúde. Os tutores dedicaram 10 horas semanais ao curso SUPERA, das quais 2 horas eram
destinadas à supervisão, 6 horas às atividades realizadas durante o plantão em callcenter,
para mediações sobre conteúdos, esclarecimento de dúvidas administrativas e técnicas
como de navegação no ambiente do curso, além de atendimento telefônico e realização de
ligações aos participantes; e 2 horas de acompanhamento à distância dos participantes por
meio dos espaços de interação no ambiente virtual de aprendizagem. As supervisões eram
norteadas pela metodologia de “Rodas de Conversa” para estimular a participação de todos
os tutores. Os temas das supervisões relacionavam-se ao conteúdo abordado em cada
semana, de acordo com o calendário do curso. A partir da análise dos relatórios mensais
e da avaliação contínua da tutoria, seus impactos foram categorizados em: consciência
crítica sobre a extensão universitária; competência para o trabalho em equipe; quebra de
tabus e estigmas relacionados ao tema álcool e drogas; conhecimento sobre a Rede de
Atenção em Saúde; competência para a tutoria de cursos a distância. Conclui-se, portanto
que o curso SUPERA cumpriu com os objetivos da extensão universitária beneficiando não
apenas os cursistas, mas também seus tutores de conteúdo.
Palavras-chave: Extensão universitária; Educação à distância; Formação de tutores
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de experiência

32
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A REDUÇÃO DE DANOS NA PRODUÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: UMA


CARTOGRAFIA DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE ÁLCOOL E
DROGAS E EM UM CONSULTÓRIO NA RUA.

Autores e instituição: Gizele da Costa Cerqueira* (Universidade Federal Fluminense), Túlio


Batista Franco (Universidade Federal Fluminense).

Resumo: Trata-se de um relato de pesquisa sobre a redução de danos e a produção do


cuidado em um Centro de Atenção Psicossocial álcool e drogas e em um Consultório na
Rua na cidade de Imperatriz, Maranhão. O objetivo é analisar a prática de redução de danos
como dispositivo da produção do cuidado analisando os fluxos e as dinâmicas do trabalho
das equipes no que tange à implementação da política da redução de danos. O caminho
metodológico utilizado é o da cartografia dialogando com autores das ciências sociais em
que o percurso se deu através da observação participante, entrevistas semi-estruturadas
e estudos de caso. Os resultados são parciais e produzidos através das narrativas a par
e passo de categorias como: conceito, acolhimento, vínculo, práticas instrumentalizadas,
moral que me auxiliam a compreender como a redução de danos se dá enquanto prática
da equipe e seus efeitos no cuidado dos usuários, através da observação participante e do
fluxograma descritor como ferramenta para os estudos de caso. Até o momento da pesquisa,
as etapas de observação participante, os estudos de caso assim como as entrevistas foram
produzidas e estão em análise. Pude observar como as equipes apreendem diversos
entendimentos sobre a redução de danos e como se organizam para este fim. A conclusão
da pesquisa se dará em janeiro de 2016.

Palavras-chave: Redução de danos; Produção do cuidado; Saúde mental.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho:Relato de Pesquisa

33
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A REDUÇÃO DE DANOS NAS ATIVIDADES DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL


– ÁLCOOL E DROGAS

Erika Renata Trevisan* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Adacely Ferreira


Andrade Cunha (Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba-MG), Andrea Ruzzi Pereira
(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Andreza Jacqueline de Azevedo (Aluna da
Escola de Redução de Danos SMS\CRR-UFTM), Ailton de Souza Aragão (Universidade
Federal do Triângulo Mineiro), Carmelita Fernandes de Oliveira Santos (Secretaria Municipal
de Saúde de Uberaba-MG), Daniela Bernardes Pereira do Carmo (Secretaria Municipal de
Saúde de Uberaba-MG), Jurema Ribeiro Luiz Gonçalves (Universidade Federal do Triângulo
Mineiro), Jussara Silveira de Mello Lima (Aluna da Escola de Redução de Danos SMS\
CRR-UFTM), Leandro Marques Cardoso (Aluno da Escola de Redução de Danos SMS\
CRR-UFTM), Noeme da Rocha Andrade (Aluna da Escola de Redução de Danos SMS\
CRR-UFTM), Ruthnéa Vieira (Aluna da Escola de Redução de Danos SMS\CRR-UFTM),
Sérgio Henrique Marçal (Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba-MG).

Resumo: Este trabalho aborda um Projeto de Intervenção desenvolvido no âmbito do


Programa da Escola da Redução de Danos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
(UFTM) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba – MG (SMS). A
capacitação de profissionais pelas Universidades Públicas configura-se em uma das
estratégias de ação do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas
instituído pelo Decreto nº 7.179 de 20 de maio de 2010. A Escola de Redução de Danos
de Uberaba é desenvolvida sob coordenação da Secretaria Municipal de Saúde e o Centro
Regional de Referência para Formação Permanente dos profissionais que atuam nas redes
de atenção integral à saúde e de assistência social com usuários de crack e outras drogas
e seus Familiares da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. O objetivo geral do projeto
foi desenvolver grupos de discussão sobre as ações de Redução de Danos desenvolvidas
pelos profissionais no CAPS ad do município de Uberaba - MG. As intervenções foram
realizadas com oito profissionais de nível superior que atuam no CAPS ad e que concordaram
em participar dos grupos de discussões. Os grupos foram realizados quinzenalmente e no
total foram quatro encontros com temáticas especificas e predeterminadas. Para contribuir
com as discussões foram utilizados vídeos, textos, casos clínicos, dinâmicas de grupo,
entre outros recursos pertinentes ao assunto discutido no encontro. Os resultados foram
organizados em três categorias: Atividades desenvolvidas no CAPS ad; Conceito de
Redução de Danos e A Redução de Danos nas Atividades desenvolvidas no CAPS ad. As
atividades desenvolvidas no CAPS ad têm como público alvo os adolescentes e adultos, de
ambos os sexos, que fazem uso nocivo de drogas, com atendimentos individuais e grupais,
sendo que de acordo com os profissionais do serviço, utilizam uma abordagem de pouca
exigência, com a valorização da escuta e do sujeito em atendimento e seus contextos e
relações em detrimento à doença. Os profissionais destacaram que o conceito de Redução
de Danos permeia todas as atividades do CAPS ad que tem como princípio e objetivos
maiores reduzir os riscos e os danos que a droga causa ao sujeito e as pessoas com quem
ele se relaciona. Considerações finais: A intervenção realizada com os profissionais do
CAPS ad de Uberaba permitiu a discussão sobre os critérios para realização das atividades;
a habilidade técnica e científica na execução dos grupos e a postura ética e profissional.
Através dos grupos foi possível perceber que houve um processo de sistematização de
conteúdos e propostas que poderão subsidiar e fortalecer a atuação com o referencial da
Redução de Danos com alinhamento conceitual e a articulação da rede de atenção integral
aos usuários nocivos de drogas e seus familiares.
Palavras-chave: Saúde; Serviços de Saúde Mental; Ensino; Redução de danos.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência
34
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A RELAÇÃO DO USO DE DROGAS E TROCAS SEXUAIS FEMININAS

Andrea Ruzzi-Pereira* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Érika Renata Trevisan


(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Laís Vieira Rodrigues Alves (Universidade
Federal do Triângulo Mineiro), Paulo Estevão Pereira (Universidade Federal do Triângulo
Mineiro)

A sexualidade é representada universalmente e singularmente para cada um. Envolve


aspectos individuais, sociais, psíquicos e culturais, fazendo parte da vida de todos os seres
humanos, com variações na sua expressão e vivência de acordo com a cultura. O uso
substâncias psicoativas está ligado ao inicio precoce da vida sexual, o que favorece o
comportamento sexual de risco. Um tipo de comportamento sexual de risco é o uso do
corpo como obtenção de dinheiro ou droga. O estudo teve por objetivos verificar a relação
entre o uso abusivo de álcool e outras drogas e trocas sexuais por dinheiro ou benefícios por
mulheres e adolescentes do sexo feminino. Trata-se de um estudo descritivo exploratório de
abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada no mês de julho de 2014; se deu em
abordagem individual, sendo realizada uma entrevista. Por meio da transcrição e análise
dos dados, pode-se verificar que dentre as 14 mulheres entrevistadas, cinco faziam a troca
do corpo pelas drogas e/ou dinheiro, sendo uma adolescente e quatro adultas, estudo, com
idade entre 13 e 54 anos. A categoria “motivo que atribui ao início do uso das drogas” revela
os motivos que elas atribuem para o início, sendo trazidos como fatores a desilusão familiar,
as amizades e baladas, o fato de ter curiosidade em saber como era a sensação e também
a depressão. Na segunda categoria, “a relação do uso das drogas com a troca do corpo”,
algumas mulheres, por não ter mais o dinheiro para efetuar a compra das drogas ou por ser
seu meio de obtenção de recursos financeiros mantinham atividade de troca. As mulheres
tendem a vender seus corpos para conseguirem alcançar uma satisfação pessoal, o que
pode levá-las a uma sensação de prazer, como também uma sensação de impotência, pois
se submetem a tal ato para suprir suas necessidades. A categoria “início versus interrupção
do uso do corpo como forma obtenção de dinheiro ou de droga” refere-se ao tempo em que
as participantes da pesquisa fizeram trocas sexuais para obtenção de dinheiro ou benefícios
e quais fatores levaram a escolha por essa atividade. Muitas iniciaram a atividade devido ao
uso de álcool e outras drogas, para a garantia deste. Necessidade de conforto financeiro,
atividade com potencial para ganho de dinheiro e filhos foram indicados como motivos para
a prostiuição. Quanto à interrupção, muitas vezes isso ocorre quando a mulher engravida ou
então quando o filho atinge a idade adulta, já podendo ter autonomia financeira. Considera-
se que há uma relação entre o uso abusivo de drogas e trocas sexuais por dinheiro ou
benefícios. Tem-se como comportamento de risco que nessas trocas sexuais, muitas vezes,
as mulheres não usam preservativos. Foram atribuídos diferentes motivos para usarem as
substâncias, o que nos chama atenção para o trabalho de prevenção desses fatores de
risco, pois cada vez mais está aumentando a população de dependentes químicos do sexo
feminino.

Palavras-chave: Comportamento Aditivo; Prostituição; Sexualidade.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

35
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A TUTORIA DO CURSO SUPERA 6° EDIÇÃO E A PRESENÇA DE ESTIGMA EM FÓRUNS


DE DISCUSSÃO DE UMA TURMA DE 498 ALUNOS

Autores: Larissa Padovez Gonçalves* (Universidade Federal de São Paulo), Rosiane


Lopes da Silva (Universidade Federal de São Paulo), Rafael Zeni (Universidade Federal de
São Paulo), Fabio Landi de Morais (Universidade Federal de São Paulo), Ana Paula Leal
Carneiro (Universidade Federal de São Paulo), Yone Gonçalves de Moura (Universidade
Federal de São Paulo) e Maria Lucia Oliveira Souza-Formigoni (Universidade Federal de
São Paulo)

O curso por educação à distância SUPERA (Sistema para detecção do Uso abusivo e
dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção
social e Acompanhamento) é realizado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) como parte
integrante das Políticas Públicas ligadas a prevenção, que preveem, entre outras ações,
a ampla capacitação de profissionais das áreas de saúde, assistência social e educação.
O presente trabalho teve por objetivos relatar a experiência da tutoria do curso SUPERA
6ª edição e realizar uma análise qualitativa dos fóruns de discussão de uma turma dessa
mesma edição do curso. Na 6ª edição foram disponibilizadas trinta mil vagas e a tutoria foi
oferecida ao longo de cinco meses de curso. Cada dupla de tutores foi responsável pelo
acompanhamento de uma sala com 500 alunos, sendo a sala analisada com 498 alunos.
Esse acompanhamento incluía a mediação nos fóruns de discussão, o esclarecimento
de dúvidas de conteúdo por meio de ligações telefônicas e mensagens na plataforma
Moodle. Os fóruns de cada um dos sete módulos geraram grande volume de discussão,
que foi analisado de forma qualitativa (análise de conteúdo) neste presente estudo, tendo
como perspectiva o tema estigmatização. Foram postadas mensagens com caráter
estigmatizante nos fóruns referentes aos temas: Cultura do uso, Políticas Públicas, Estigma,
Mecanismos de Ação das Drogas, Crack, Estágios Motivacionais, Prevenção de Recaída
e Atenção Integral. A participação dos tutores na mediação dos fóruns foi essencial para
evitar ou resolver conflitos entre os participantes, principalmente no que tange a conceitos
estigmatizados ou errôneos. Estas intervenções produziram mudanças significativas nas
mensagens posteriores dos participantes, contribuindo para o aprofundamento e maturidade
da discussão e para a redução dessas mensagens. Houve também discussões sobre as
diferenças regionais quanto aos tipos de serviços oferecidos e práticas realizadas. Em geral,
os participantes manifestaram mais interesse por estratégias de prevenção e tratamento do
que por discussões sobre o funcionamento das redes SUS (Sistema Único de Saúde) e
SUAS (Sistema Único da Assistência Social). Houve redução da participação dos alunos
nos fóruns com o decorrer do curso, o que poderia ser atribuído tanto ao esgotamento
das discussões como às temáticas dos módulos finais, relacionadas ao funcionamento da
rede. Os resultados mostram a importância do acompanhamento dos participantes durante
o curso e a necessidade de se abordar o tema estigma, a despeito destes profissionais
já estarem atuando no atendimento a usuários de drogas, e terem formação na área,
justificando a necessidade de capacitações contínuas.

Palavras-chave: Tutoria; Educação à distância; Fórum de discussão; Substâncias


psicoativas; Estigma.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

36
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

A VISITA DOMICILIAR COMO ESTRATÉGIA DE ACOLHIMENTO A FAMÍLIAS DE


DEPENDENTES QUÍMICOS

Kellyn Christina Borges Vargas* (Universidade do Planalto Catarinense), Secretaria


Municipal de Saúde Lages- SC), Amábile Kichner(Universidade do Planalto Catarinense),
Luciana Genuíno(Universidade do Planalto Catarinense), Larissa Rizzi (Universidade do
Planalto Catarinense).

Introdução: a visita domiciliar é uma forma de acompanhamento/intervenção muita


utilizada, principalmente pela Estratégia de Saúde da Família e consiste em ir até o
domicilio com objetivo definido e de maneira sistemática; normalmente o acompanhamento
realizado pelos Agentes Comunitários de Saúde juntamente com a equipe técnica.
Objetivo: Acompanhar familiares de dependentes de substâncias psicoativas e motivá-
los para adesão ao tratamento, visto que a família é de grande importância no processo
de tratamento. Metodologia: As visitas foram realizadas por bolsistas do PET REDES-
Programa de Educação para o Trabalho para a Saúde- Rede de atenção Psicossocial, as
visitas eram previamente agendadas pela preceptora, as famílias foram selecionadas por
meio de sorteio, tendo como critérios de inclusão: ter um familiar de convívio direto, ou seja,
morando na mesma casa; ser maior de 18 anos e aceitar receber as visitas. Nessas visitas
os bolsistas serviam como elo de ligação entre os atendimentos prestados pela Unidade de
Saúde (USF) e o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS Ad). Resultado:
em um primeiro momento era realizada uma escuta qualificada sobre os medos, receios
e dificuldades apontadas pelos familiares; os bolsistas ofereciam os serviços da rede. Os
bolsistas puderam por meio de relatos explorar as relações e vivenciaram a dificuldade dos
serviços de saúde em acolher e auxiliar esses familiares. Além disso, serviram como elo
entre os serviços que são ofertados, pois muitos dos entrevistados não sabiam exatamente
qual era o trabalho do CAPS e de que forma a USF pode auxiliar. Alguns encontros puderam
ser realizados dentro da Unidade e dessa forma os bolsistas puderam acolher estas famílias.
Considerações finais: é importante a vivência dos universitários ainda dentro da graduação
com as redes de atenção, entender e poder sugerir melhoras, o que futuramente, terá
reflexo na atuação da rede para dependentes químicos e seus familiares.

Palavras-chave: Visita Domiciliar; Famílias; Usuários de Substâncias psicoativas.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade: pôster
Tipo de trabalho: relato de experiência

37
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS ENTRE ÍNDIGENAS NA AMAZÔNIA


OCIDENTAL: A DRAMATIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO E
PREVENÇÃO.

Leila Gracieli da Silva* (Programa de Pós-graduação em Psicologia pela Universidade


Federal de Rondônia - UNIR), Itamar Félix Júnior (Programa de Pós-graduação em Psicologia
- UNIR), Thaís Najara de Souza Sá (Programa de Pós-graduação em Psicologia - UNIR),
Paulo Renato Vitória Calheiros (Departamento de Psicologia e Prof. Dr. no Programa de
Pós-graduação em Psicologia – UNIR), Paulo Rogério Morais (Departamento de Psicologia
e Prof. Ms. do curso de Psicologia da UNIR).

As populações indígenas mostram-se vulneráveis a uma série de agravos, como o


uso de álcool e outras drogas, que colocam em risco sua saúde e qualidade de vida
(VENDRUSCOLO et al., 2014). O presente relato apresenta potencialidades e desafios
de uma capacitação sobre “Álcool e outras Drogas”, realizada pelo Centro de Referência
Regional (CRR/RO), que objetivou provocar o diálogo e a aproximação entre Universidade
e lideranças indígenas em Porto Velho, RO. Método: As práticas incluíram 1) explicações
sobre substâncias psicoativas e 2) aplicação da técnica de dramatização, que foi escolhida
devido sua capacidade de ultrapassar a barreira da linguagem através da expressão do
conhecimento aprendido em forma de “encenação”. As ações desenvolvidas apoiaram-se
no modelo de dramatização proposto por González e Padilla (1995). A técnica interventiva é
eficaz na construção da ideia de “juízo moral”, que se ocupa das noções de comportamento
correto/incorreto, saudável ou prejudicial à saúde. Sujeitos: A atividade foi conduzida por três
professores do CRR/RO - discentes do mestrado em Psicologia da Universidade Federal
de Rondônia e autores do presente trabalho – e contou com a participação de 38 indígenas,
representantes das etnias Suruís e Cinta Larga. Procedimentos: Essa capacitação foi
realizada em junho de 2015, através de dois encontros, onde foram problematizados os
temas: abuso de álcool, tabaco e outras substâncias, formas de prevenção às drogas na
aldeia, posturas adotadas em situações-problema com drogas e busca por tratamento
para o índio usuário. Os temas foram dramatizados pelos índios, divididos em três
grupos, e, posteriormente, realizaram-se discussões acerca das intervenções e práticas
cabíveis. Resultados: Os participantes sinalizaram que o abuso de álcool gera violência
nas aldeias, dificuldades de interação social e que o excesso de tabaco causa problemas
respiratórios - principalmente nas crianças. O uso de outras drogas, como maconha e
cocaína, também foi relatado, embora em menor frequência. Além disso, esta experiência
agregou novos conhecimentos e produziu reflexões nos profissionais ministrantes, pois a
interação com a cultura indígena revela a necessidade de adaptação e reformulação da
práxis. Considerações finais: Intervir com indígenas mostrou-se um desafio no que tange
a efetivação de práticas dialógicas por requerer manejo e didática da equipe profissional.
Houve grande aceitabilidade das lideranças indígenas aos ensinamentos ofertados e
carência de intervenções que contemplem o abuso de álcool e outras drogas. Dada à
vulnerabilidade da população em questão, faz-se necessário a realização de estudos que
fomentem propostas aplicáveis à promoção da saúde indígena, através do desenvolvimento
de políticas públicas mais contextualizadas e eficazes, que respeitem a subjetividade e os
direitos do Ser Humano indígena, para então agir de maneira focal e instrumental.

Palavras-chave: Saúde de Populações Indígenas; Abuso de Drogas; Dramatização;


Prevenção; Tratamento.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho:Relato de Experiência

38
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ACOLHIMENTO: FERRAMENTA INDISPENSÁVEL NA ADESÃO AO TRATAMENTO

Poliane Moreira Gomes* (Consultório na Rua de Anápolis - GO), Marcos André de Matos
(Universidade Federal de Goiás - Faculdade de Enfermagem); Camila Cardoso Caixeta
(Universidade Federal de Goiás - Faculdade de Enfermagem); Paulie Marcelly R. dos
Santos Carvalho (Universidade Federal de Goiás - Faculdade de Enfermagem).

O objetivo do trabalho é relatar o percurso de tratamento de um usuário, E.S.F. 38anos,


do Consultório na Rua, que permitiu à equipe a compreensão de que o acolhimento é uma
ação que deve permear todo o serviço. Acolher, tratar com responsabilidade e relacionar-se
de forma respeitosa com o outro são instrumentos valiosos para a produção de mudanças
significativas na vida das pessoas, principalmente na área da saúde. Considerando a
PSR, esses são instrumentos capazes de resgatar o desejo pela vida, pois promove a
cidadania na promoção de cuidados essenciais para se sentirem parte dessa sociedade,
que quase não a enxerga. A Vinculação ocorreu de forma gradativa e teve como base a
responsabilidade com que foi tratada as suas necessidades e a clareza das ações, que
eram sempre decididas com ele. Ao se responsabilizar pelo seu tratamento diminui o uso
da maconha e começou a fazer uso apenas de forma ocasional do crack, geralmente em
momentos que antecediam alguma situação geradora de ansiedade para ele. O Acolhimento
possibilitou ao usuário uma mudança na forma de se relacionar. Construir uma relação de
confiança com a equipe foi primordial para que ele questionasse alguns de seus delírios
de perseguição, o que resultou na melhora do vinculo com a família. Uma de suas irmãs
providenciou um quarto para ele morar, veio visitá-lo e liga constantemente. Saiu da situação
de Rua, mas ainda precisa melhorar as condições de higiene e os cuidados pessoais. A
relação de proximidade, de escuta e acolhimento permitiu maior flexibilidade nas ações e,
assim, as propostas terapêuticas se modificaram a partir das mudanças que apareceram
no percurso do atendimento.

Palavras-chave: População em Situação de Rua; Acolhimento; Vinculo; Consultório na


Rua.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho:Relato de Experiência

39
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ACOMPANHAMENTO AO DEPENDENTE QUÍMICO EM UMA INSTITUIÇÃO


TERAPÊUTICA: EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO

Katia Helena Pereira Gall* (Universidade Candido Mendes)

Resumo: Este trabalho é um relato de experiência de estágio realizado em uma Instituição


Terapêutica para adultos dependentes químicos e população em situação de rua no Estado do
Rio de Janeiro. A Instituição é filantrópica, sem fins lucrativos e atua com conjunto de ações e
iniciativas das esferas pública e privada, através das ofertas e sistematização de programas,
projetos com articulações de proteção social básica, de média e alta complexidade. Conta
com a contribuição de outros setores sociais das áreas da saúde, educação, geração de
renda e trabalho, cultura, lazer, esporte e justiça para interagir no processo de recuperação
do ator social. Objetivos: Descrever como se dá o acompanhamento do assistente social
aos usuários de uma Instituição Terapêutica do Estado do Rio de Janeiro. Metodologia:
Abordagem qualitativa com aporte do diário de campo, instrumento esse de reflexão e
registros das intervenções frente a equipe multidisciplinar. As experiências vivenciadas
ocorreram entre os meses de Abril e Julho de 2014, no bairro da Freguesia, localizado
no Rio de Janeiro, onde a Instituição atende 24 horas. Resultados: O acompanhamento
pelo Assistente Social nesta Instituição ocorre por meio de abordagem direta e individual,
preservando Código de Ética Profissional, que exige o sigilo e a escuta qualificada. O
assistente social, por meio dessa escuta possibilita ao usuário expor suas reflexões e
indagações, quanto a sua iniciativa em transformar sua realidade, através de sua própria
vontade, projetando reavaliação do seu projeto de vida. A percepção deste processo, de
suma importância, caracteriza-se por avaliar uma abordagem individual para em nível
macro de uma temática própria de uma sociedade que ainda separa e exclui o dependente
químico. Contudo, a interação das políticas sobre drogas, os acessos aos diretos sociais,
e consequentemente redução de danos e reinserção social, reluz uma nova perspectiva
de objetivo de vida, do qual cabe a este profissional a luta pela efetivação dos direitos
dos cidadãos. Considerações finais: Esta experiência de estágio foi enriquecedora para
minha formação como assistente social, sendo este um campo no qual esse profissional
se depara com uma infinidade de desafios. No entanto, conclui-se que as legislações e
políticas públicas de atenção a dependência química devem atuar de forma mais efetiva
nessa população estigmatizada por um problema social, causado por uma sociedade
desigual.

Palavras-chave: Instituição terapêutica; Dependência química; Serviço social


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

40
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ACOMPANHAMENTO AO FAMILIAR EM UM CAPS AD: UMA EXPERIÊNCIA DE


ESTÁGIO

Jamile dos Santos Andrade* (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

Resumo: Este é um relato de experiência de estágio em um Centro de Atenção Psicossocial:


Álcool e Drogas (CAPS AD) e o acompanhamento de famílias. Os CAPS AD são pontos de
atenção a saúde, que realizam acompanhamento interdisciplinar das pessoas com sofrimento
ou transtornos mentais por necessidades decorrentes do uso de drogas. Considerando
como as relações familiares podem influenciar no uso abusivo de substâncias psicoativas e
também nas conseqüências negativas que esse abuso produz nos membros familiares, os
CAPS realizam o trabalho de acompanhamento familiar. Objetivos: Descrever e como se dá
o acompanhamento aos familiares de usuários de um CAPS AD do Estado do Rio de Janeiro
e analisar a importância deste suporte a família no tratamento do dependente. Metodologia:
Utilizou-se de abordagem qualitativa, empregando-se a técnica do diário de campo como
instrumento de coleta de dados, para análise das intervenções frente ao acompanhamento
dos familiares. O cenário de pesquisa foi um CAPS AD, localizado no bairro Engenho de
Dentro da cidade do Rio de Janeiro, com funcionamento 24horas. O período de coleta dos
dados se deu entre os meses de março a junho de 2015, considerando-se as experiências
diretas com familiares. Resultados: O acompanhamento da família no CAPS AD se dá por
meio de consultas e interconsultas individuais. Essas modalidades de assistência permitem
ao familiar rever sua posição subjetiva e também objetiva frente ao tratamento de seu
parente. Contudo, esse espaço de escuta e reflexão que é oferecido a família, ultrapassa as
questões do dependente, possibilitando o olhar sobre suas próprias indagações. Realiza-
se ainda, terapia de grupo de família. Essa ótica de trabalho, permite além do que já foi
exposto, um sentimento de maior compreensão, como relataram os participantes, pois ao
conhecer outras pessoas na mesma situação que elas, sentem que não estão sozinhas.
Este é um achado importante e característico de grupos de ajuda mútua, uma vez que
permite maior vinculação do familiar ao serviço, tendo como conseqüência menos abandono
do tratamento pelo dependente e maior otimização do tratamento do usuário. A percepção
de que a relação com a família melhorou e motivou mais os pacientes no seu tratamento,
após a inclusão desta, foi relatada por vários usuários, profissionais e parentes. Pode-se
observar nos discursos dos familiares menores expectativas sobre o parente, o que por sua
vez, sentia-se menos angustiado, por não conseguir corresponder a demanda estabelecida,
ficando assim, mais apto a construção de seus projetos de vida. Considerações finais: O
estágio em um CAPS AD tem sido enriquecedor a minha formação enquanto enfermeira.
Conclui-se, que o acompanhamento ao familiar é potente no tratamento do dependente e
também da própria família, que fica fragilizada pelos problemas causados pelo abuso de
drogas de um de seus membros.

Palavras-chave: Caps ad; Acompanhamento familiar; Grupo de família


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho:Relato de Experiência (de estágio)

41
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ACOMPANHAR: ESTRATÉGIA POSSÍVEL NO CUIDADO AO ADOLESCENTE EM USO


ABUSIVO DE DROGAS E CONFLITO COM A LEI

Giovanna Mara de Aguiar Borges* (Psicóloga, técnica na Equipe de Saúde do Núcleo de


Atendimento às Medidas Socioeducativas e Protetivas da Prefeitura de Belo Horizonte –
NAMSEP) Danielle Vassalo Cruz (Assistente Social, técnica na Equipe de Saúde do Núcleo
de Atendimento às Medidas Socioeducativas e Protetivas da Prefeitura de Belo Horizonte
– NAMSEP).

Relato da experiência vivida pela Equipe de Saúde do NAMSEP - Núcleo de Atendimento às


Medidas Socioeducativas e Protetivas da Prefeitura de Belo Horizonte que compõe o CIA –
Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional. Esta experiência
consiste no acompanhamento a um adolescente que praticou atos infracionais, com um
quadro de uso abusivo de drogas e sofrimento mental, com trajetória de vida nas ruas,
laços familiares e comunitários fragilizados, ameaça de morte e em acolhimento institucional
Num rearranjo de fluxos praticados pela rede de atendimento e compreendendo a situação
de vulnerabilidade na qual o adolescente está inserido, o NAMSEP passou a acompanhar o
adolescente, ofertando um cuidado construído junto a ele. O NAMSEP, apesar de funcionar
no espaço institucional do CIA, onde se encontra a Vara de Atos Infracionais da Infância de
Juventude de Belo Horizonte, Promotoria Infracional da Infância e Adolescência, Defensoria
Pública e Polícia Civil, foi eleito pelo adolescente como o espaço possível de cuidado.
Diante das demandas do adolescente passamos a dispensar um olhar ocupado em articula
a rede de atendimento para acolhimento do adolescente e propiciamos, no espaço de
execução da lei, um lugar seguro de escuta e elaboração - uma possibilidade de vínculo. O
NAMSEP não só se apropriou deste espaço demandado pelo adolescente, como passou a
provocar os serviços de atendimento quanto a necessidade de flexibilização e criação de
protocolos de atendimento que não só organizem os serviços, mas garantam os direitos
deste adolescente. Apesar de sua entrada na rede de atendimento se dar pelo uso abusivo
de drogas, observamos que este uso era um sintoma de uma vida permeada por abandonos,
abusos, violências e negligência. Diante disto, o NAMSEP deslocou sua intervenção e olhar
sobre o adolescente do objeto “droga”. Apoiados nas premissas da política de Redução
de Danos, as intervenções necessárias se voltaram não apenas ao adolescente, mas aos
serviços de atendimento que se comportavam de forma rígida e, muitas vezes, fechavam
suas portas lançando estes adolescentes à morte, seja através do uso abusivo de drogas,
seja através da criminalidade. Avaliamos que a prática de “acompanhar” – no sentido de
estar
junto - possibilita o emergir do sujeito, além de ser uma estratégia possível de cuidado em
saúde de adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Deslocar o olhar do objeto
droga e propiciar um espaço seguro de escuta para que o sujeito se apresente, reduz
as atuações do adolescente na prática do ato infracional. O estar junto é uma forma de
suporte para que estes adolescentes com histórias de tantas violências e violações possam
construir outras trajetórias de vida. De vida em liberdade.

Palavras chave: Adolescência; Uso abusivo de drogas; Conflito com a lei; Redução de
danos; Cuidado em saúde.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

42
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ACOMPANHAMENTO DE PTS COMO ESTRÁTEGIA DE MATRICIAMENTO E


FORMAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PET PSICOSSOCIAL

Autores e instituição: Deane Barbosa de Jesus* (Universidade Federal da Bahia), Camila


Sena Uzêda (Universidade Federal da Bahia), Jeane Freitas de Oliveira (Universidade
Federal da Bahia), Marcia Rebeca Rocha de Souza (Universidade Federal da Bahia).

O Plano Terapêutico Singular (PTS) é um dispositivo de trabalho na assistência que reúne


um conjunto de propostas e condutas terapêuticas preconizadas a partir do trabalho
interdisciplinar. A experiência aqui relatada configurou-se no período de março a junho
de 2014, no Programa de Educação pelo Trabalho (PET) Rede de Atenção Psicossocial,
com um grupo de campo, composto por uma preceptora e três estudantes. Teve como
objetivo, através do acompanhamento de PTS, facilitar e fortalecer o matriciamento na
RAPS, especificamente entre a Unidade de Saúde da Família Terreiro de Jesus (unidade
de referência) e o CAPS ad Gregório de Matos (unidade especializada), e favorecer a
reorientação da formação profissional a partir das reflexões sobre atenção a saúde à pessoa
que usa droga. A escolha de PTS foi feita pelos seguintes critérios: 1) estar sob a referência
da preceptora; 2) ser de usuário ativo no CAPS ad; 3) ser de usuário pertencente ao mesmo
território da USF; 4) ser um caso em que a equipe encontrava-se com dificuldade para
condução. Em primeiro momento, foi feita a leitura dos prontuários, com elaboração de
caso, atentando para a trajetória na rede e a ocorrência de trabalho conjunto entre os dois
serviços; Seguindo da elaboração de plano estratégico para aproximação dos serviços em
torno dos casos e dar resolutividade para estes, com a execução desse e as adaptações
conforme mudanças no campo. Das atividades desenvolvidas, foram feitas reuniões com
as equipes dos dois serviços para definir a construção, partilha e responsabilidade dos
PTS - tendo em vista que a USF até então não atendia pessoas usuárias do CAPS ad,
principalmente as que se encontravam em situação de rua – e de como se daria a atuação
de cada serviço no cuidado. Emergiu como demanda a formação crítica dos profissionais e
trabalhadores de saúde e necessidade de debate e diferenciação da conduta profissional
e a moral, e desmistificação dos estereótipos da pessoa que usa droga, do que é a droga,
fundamental para condução do trabalho clínico. A parceria com os redutores de danos do
CAPS ad foi fundamental para este debate, principalmente na tentativa de diálogo com os
agentes comunitários de saúde. Dos entraves, pode-se destacar a estrutura hierárquica
e enrijecida que estão os serviços de saúde, estes se encontram dentro da centenária
Faculdade de Medicina da Bahia, e as limitações de autonomia territorial que a USF – divide
espaço com o ambulatório infantil da Faculdade. Dos resultado alcançados, destacam-se a
realização de trabalho conjunto entre as duas equipes em dois dos três PTS tomados nesta
experiência; a realização de trabalho no território pelos ACS e Redutores em conjunto; o
acesso a USF pelos usuários do CAPS; a aproximação das estudantes com o campo de
atenção a saúde à pessoa que usa droga; favorecimento do pensar e fazer crítico destas a
respeito do consumo de substâncias psicoativas e atenção psicossocial.

Palavras-chave: Matriciamento; Formação; Raps; Pet


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho:Relato de Experiência

43
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ACOMPANHAMENTO PÓS-CURSO DOS PARTICIPANTES DO CURSO SUPERA:


ESTRATÉGIA FACILITADORA DE AÇÕES EDUCATIVAS, DE PREVENÇÃO PARA
USUÁRIOS DE DROGAS.

Autores: José Kleber Silva dos Santos* (Universidade Federal de São Paulo), Eliane
Assunção Castro* (Universidade Federal de São Paulo), Amanda Ribeiro Pasqualini
(Universidade Federal de São Paulo), Monaliza Mendes da Silva (Universidade Federal de
São Paulo), Ana Paula Leal Carneiro (Universidade Federal de São Paulo), Yone Gonçalves
de Moura (Universidade Federal de São Paulo) e Maria Lucia Oliveira Souza-Formigoni
(Universidade Federal de São Paulo)

O suporte pós-curso foi recentemente incorporado ao curso por Educação à Distância


SUPERA (Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas:
Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento), dirigido a
profissionais de saúde e assistência social, realizado pela Universidade Federal de São
Paulo em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Os profissionais
que participaram do curso atendem pessoas com problemas associados ao uso de álcool e
outras drogas em serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), do Sistema Único de
Saúde (SUS) e do Sistema Único da Assistência Social (SUAS). O acompanhamento pós-
curso é realizado por uma equipe multiprofissional, com experiência nas áreas de atenção
ao uso de drogas e pesquisa/ensino e visa complementar as informações disponibilizadas
durante o curso e estimular a aplicação dos conhecimentos adquiridos na prática dos
profissionais. Este relato de experiência tem por objetivo descrever este acompanhamento
e analisar seus resultados preliminares. A divulgação do serviço de acompanhamento
foi realizada no site do curso SUPERA e por e-mails enviados aos profissionais que o
concluíram, nas sete edições ofertadas entre 2006 e 2014. O atendimento foi realizado
por telefone (0800) e/ou por e-mail de 2ª a 6ª feira das 8 às 19h e aos sábados das 8 às
13h. Foram realizadas orientações sobre os fluxos de atendimento das redes de saúde
e assistência social no território de atuação dos profissionais, para facilitar a articulação
entre os diversos serviços locais. Observou-se um significativo interesse na implementação
de ações de promoção de saúde, prevenção e intervenção junto a usuários de álcool e
outras drogas. Os profissionais atendidos solicitaram orientação sobre: a aplicação de
instrumentos de triagem (AUDIT, ASSIST, T-ASI, CAGE, etc.); o uso da intervenção breve
em diferentes contextos (hospitais, ambulatórios, centros de atenção psicossocial, conselho
tutelar, comunidades terapêuticas, unidades básicas de saúde e escolas); a condução
de levantamentos quanto ao uso de substâncias entre funcionários de estabelecimentos
de ensino; o encaminhamento de jovens usuários sujeitos a medidas socioeducativas; o
atendimento de populações específicas; atuação em casos envolvendo violência contra
mulheres; e indicação de materiais para atualização científica no tema. Durante os quatro
meses iniciais de oferecimento do serviço foram atendidos cerca de 200 profissionais.
Considerando o grande potencial de abrangência em território nacional e a facilidade de
acesso, o pós-curso caracteriza-se como uma ferramenta facilitadora da implementação de
atividades de triagem de usuários de drogas e intervenções. O suporte oferecido pela equipe
multiprofissional aos profissionais capacitados pelo curso SUPERA que atuam em diversos
tipos de serviços de assistência pode contribuir para a ampliação de ações coordenadas e
assim aumentar sua efetividade.

Palavras-chave: Educação à distância; Dependência; Substâncias Psicoativas; Tutoria;


Suporte.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

44
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ADESÃO AO TRATAMENTO EM CAPS AD POR USUÁRIOS COM MEDIDA DE


INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA

Andreia da Silva Stenner* (Preceptora do Programa de Educação pelo Trabalho para a


Saúde / Universidade Federal de Juiz de Fora), Juliana Perucchi* (professora pesquisadora
do Programa de Pós-graduação em Psicologia e tutora do Programa de Educação pelo
Trabalho para a Saúde / Universidade Federal de Juiz de Fora), Vanusa Amaral Portela
Oliveira e Arielle Aparecida Marco (Monitoras do Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde/ Universidade Federal de Juiz de Fora).

Este artigo traz um relato de experiência realizado pelo Programa de Educação pelo
Trabalho para a Saúde PET-Saúde/Redes de Atenção à Saúde Psicossocial: Priorizando o
enfrentamento do álcool, crack e outras drogas - 2013-2015, que objetiva promover o contato
com a realidade da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no município de Juiz de Fora. O
estudo teve como base o mapeamento das informações e registros dos prontuários ativos e
inativos abertos no período de janeiro de 2012 a janeiro de 2015, com foco em usuários que
passaram por medida de internação compulsória, verificando que tipo de inserção esses
usuários tiveram no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD). Trata-se
de um estudo cuja finalidade foi dar visibilidade ao itinerário dos usuários que chegam para
tratamento por medida de internação compulsória e saber se a internação compulsória
contribuiu para a adesão do usuário ao tratamento. Foram utilizados dados levantados a
partir de informações contidas em prontuários e documentos expedidos ao município pelos
fóruns da cidade com as ordens de internação compulsória buscando identificar a partir do
cruzamento de informações registradas o itinerário do usuário na rede, com o recorte da
relação desse usuário com o serviço CAPS. Nesse mapeamento inicial, levantou-se que
muitos desses usuários possuem registros no CAPS, mas não se endereçam ao serviço
na perspectiva de tratamento, com recorrentes abandonos, provocando descontinuidade.
Levantou-se também impasses em se produzir cuidado continuo a esses usuários por
parte da equipe. Verificou-se também a necessidade urgente de fortalecimento da rede de
atenção a saúde para evitar a recorrência à medida de internação pela via judicial que se
revela ineficaz. Pretende-se com os resultados desse estudo apresentar reflexões iniciais
que possam subsidiar e fomentar estudos posteriores para qualificar o desenvolvimento
de estratégias de enfrentamento dirigidas ao tratamento dos usuários de álcool e outras
drogas no município de Juiz de Fora.

Palavras-chave:Pet; Caps ad; Internação Compulsória.


Eixo temático:Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência.

45
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ADOLESCÊNCIA E PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO DE DROGAS: DA


PREVENÇÃO AO ACOMPANHAMENTO

Cristine Lucila Schwengber* (Universidade Federal do Rio Grande), Cristina Tondolo


(Universidade Federal do Rio Grande), Cristiane Barros Marcos (Universidade Federal do
Rio Grande), Priscila Soares Pepe (Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr.).

Neste trabalho se discutirá as possíveis nuances do trabalho com adolescentes em


diferentes níveis de atuação, com foco preventivo aos problemas relacionados ao uso de
drogas, e no acompanhamento de adolescentes que já tenham feito uso de substâncias
psicoativas. Essa discussão foi baseada no trabalho desenvolvido no Centro de Estudos,
Prevenção e Recuperação de Dependentes Químicos – CENPRE, que é um programa
permanente da Universidade Federal do Rio Grande - FURG. No centro, são realizados
trabalhos de prevenção aos problemas relacionados ao uso de drogas, bem como o
tratamento da dependência química. A atuação do CENPRE não está voltada a um público-
alvo específico, de modo que são realizadas atividades com indivíduos adultos, idosos
e também com adolescentes. Assim, neste estudo objetiva-se discutir as implicações do
trabalho em saúde voltado a prevenção dos problemas relacionados ao uso de drogas em
atividades de prevenção e acolhimento de adolescentes no CENPRE e as possibilidades
e desafios do acompanhamento em casos de dependência química. Serão apresentadas
reflexões a partir da experiência como bolsista de psicologia e será feita revisão de literatura
associada à temática. Em seu trabalho, Papalia, Olds e Feldman (2006, p. 476) afirmam que
“a adolescência é uma época de oportunidades e de riscos”. Nesse sentido, é possível que
o jovem passe a repensar os valores adquiridos na família e podendo estes não se adaptar
às novas funções que são exigidas nessa fase do desenvolvimento (BOCK, FURTADO,
TEIXEIRA, 2002, p. 297). A busca por substâncias psicoativas pode se apresentar como
uma alternativa ao adolescente. Entretanto, é sabido que o uso precoce de álcool e
outras drogas pode interferir negativamente no desenvolvimento saudável dos mesmos,
afastando-os de atividades importantes dessa etapa da vida. Além disso, ainda não há como
avaliar efetivamente a predisposição de adolescentes para passar do uso experimental de
alguma substância para a dependência (DIEHL; CORDEIRO; LARANJEIRA, 2011, p. 359).
Em se tratando da atuação como bolsista do CENPRE, percebe-se, por meio do relato
de pacientes, que muitos iniciaram o consumo de drogas na adolescência. Entretanto,
é possível notar que o número de pacientes adolescentes que buscam atendimento na
instituição é relativamente baixo quando comparado a adultos e idosos. Isso requer, dentre
outras aspectos, que os profissionais da área saibam acolher esse indivíduo, para que
assim ele possa se beneficiar desses serviços. Além disso, como apontam Paiva e Ronzani
(2009) é imprescindível que se considere a família no trabalho com adolescentes, visto que
é comprovada a relação entre uso de substâncias, estilos parentais e práticas educativas.
Assim, faz-se necessário analisar o alcance do trabalho desenvolvido com adolescentes,
tanto em nível preventivo como em relação ao acompanhamento, considerando que são
variados os fatores de risco e proteção para uso ou não uso de substâncias (SCHENKER
E MINAYO, 2005).
Palavras-chave: Adolescência; Uso de drogas; Prevenção; Acompanhamento.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho:Relato de Experiência

46
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ADOLESCENTES, USO DE DROGAS E ATO INFRACIONAL: A EXPERIÊNCIA DE


ATENÇÃO COMPARTILHADA ENTRE A 2ª VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
DA SERRA, CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E DROGAS II
LARANJEIRAS E CASA SOL NASCENTE

Isabel Cristina Santos* (Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo)

Introdução: O município da Serra está na Região Metropolitana da Grande Vitória/ES, tem


uma população de mais de 400 mil habitantes, e aparece no cenário nacional como um dos
municípios mais violentos do país, apresentando altos índices de homicídios. A 2ª Vara da
Infância e Juventude da Serra é especializada em atender os casos de adolescentes em
conflito com a lei, e conta com uma equipe de assistentes sociais e psicólogos que compõem o
Serviço Sócio Técnico Jurídico. Na maioria dos processos, o ato infracional está relacionado
ao uso de drogas, e envolve adolescentes oriundos dos bairros mais empobrecidos da cidade,
excluídos da educação formal, de famílias com dificuldade de acesso aos serviços e bens
públicos, e de baixo rendimento econômico. A atuação da equipe da 2ª Vara da Infância e
Juventude se dá de forma articulada com os serviços da rede socioassistencial como forma
de garantir o processo socioeducativo, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Assim a equipe atua de forma conjunta com o Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e
Drogas II Laranjeiras e a Casa Sol Nascente que é a instituição responsável pela execução
das medidas socioeducativas em meio aberto de liberdade assistida e prestação de serviços
à comunidade. Objetivos: Discutir e acompanhar conjuntamente os casos dos adolescentes
em conflito com a lei; encaminhar as intervenções mais adequadas para a atenção integral
aos adolescentes e familiares; potencializar os recursos institucionais de acordo com sua
área de intervenção. Metodologia: Trata de uma experiência de intervenção em rede onde
a equipe do Poder Judiciário atua horizontalmente com as equipes do Poder Executivo na
discussão das problemáticas da adolescência, dentre elas o envolvimento com o uso de
drogas e o ato infracional. Resultados: A abertura do espaço coletivo de discussão permite
a capacitação em serviço das equipes envolvidas , assim como amplia a compreensão dos
temas pertinentes à adolescência e juventude, trazendo para a cena do campo judiciário
os recursos institucionais capazes de interver positivamente no processo socioeducativo
no viés da garantia de direito. A aproximação dos serviços permite a intervenção conjunta
na realização de visitas domiciliares e institucionais, grupos de adolescentes e familiares,
reuniões mensais, e produção de relatórios e orientações técnicas. Considerações finais:
A criação do espaço coletivo para discussão e acompanhamento dos casos potencializa o
trabalho com adolescentes em conflito com a lei na medida em que contextualiza a vivência
das famílias e dos adolescentes, transformando meros processos em possibilidades de
inserção social. A desmistificação do uso de drogas por parte dos adolescentes e da
internação como única forma de tratamento, tem se mostrado como o grande desafio da
proposta de atuação em rede, principalmente porque exige outras formas de intervenção
que não aquelas que comumente, mas segregam que garantem direitos.

Palavras-chave: Adolescente; Ato Infracional; Uso de drogas.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

47
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

AS ESTRATÉGIAS E O USO DOS CONCEITOS DA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO À


SAÚDE NO PLANO NACIONAL SOBRE DROGAS

O presente trabalho busca entender de que forma as estratégias ofertadas em saúde


pelo PNAD no atendimento ao usuário de substância psicoativa podem ser aplicadas em
substituição ao tratamento tradicional, considerado repressor. O objetivo geral é analisar
as estratégias e o uso dos conceitos da Promoção e Prevenção à Saúde do usuário de
substância psicoativa no Plano Nacional sobre Drogas. E os específicos: Identificar na
legislação vigente (PNAD) as práticas indicadas aos profissionais no atendimento ao
usuário de drogas no que concerne à promoção e prevenção à saúde; Analisar de que
forma as estratégias ofertadas em saúde pelo PNAD no atendimento ao usuário de drogas
podem ser aplicadas em substituição ao tratamento repressor; Identificar no discurso da
PNAD o significado da Política de Redução de Danos para o fortalecimento do processo
de autonomia dos usuários de substâncias psicoativas e explorar por meio da análise do
discurso da política sobre drogas (PNAD) os direcionamentos dados no atendimento ao
usuário de drogas. Este trabalho partirá do pressuposto apresentado pelos autores Bauer e
Gaskell (2013, p. 247) sobre a Análise do Discurso para a metodologia, abordando “quatro
temas principais” que servirão de eixos para analisar o documento proposto por este
trabalho: Preocupação com o discurso em si mesmo; Visão da linguagem como construtiva
e construída; Ênfase no discurso como uma forma de ação; Convicção na organização
retórica do discurso. Será utilizado como fonte de pesquisa a Política Nacional sobre
Drogas. Na discussão serão analisados apenas dois eixos para essa apresentação: O eixo
Prevenção e o eixo Redução dos Danos Sociais e à Saúde. No primeiro a promoção à saúde
é citada de forma indireta e não conta com nenhum conceito ou menção particular. No eixo
Redução dos Danos Sociais e à Saúde a orientação geral parte do pressuposto de que a
promoção de estratégias e ações de redução de danos, ações essas canalizadas para a
saúde pública e os direitos humanos, devem ser articuladas de forma inter e intra-setorial.
Conclui-se que a saúde e a repressão parecem estar em extremos absolutamente opostos
e com finalidades distintas. Construir uma mesma linguagem pode ser um primeiro passo
para quebrar preconceitos enraizados. Criminalizar, aprisionar e excluir o usuário de drogas
não contribui para diminuir o consumo e muito menos que ele deixe de fazer uso da droga.
As abordagens tradicionais ainda estão bastante impregnadas na cultura da sociedade e
dificultam na creditação de que outras abordagens mais amplas, coerentes e resolutivas na
atenção às pessoas que usam drogas possam realmente mostrar-se efetivas.

Palavras-chave: Promoção; Prevenção à Saúde; Política Nacional sobre Drogas


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

COMUNIDADE COM INDICADORES ELEVADOS DE VIOLÊNCIA RELACIONADOS AO


USO DE DROGAS DE ABUSO: PERCEPÇÃO DOS MORADORES

Lúcia Margarete dos Reis (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Alan Henrique
De Lazari* (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Laís Fernanda Ferreira da Silva
(Universidade Estadual de Maringá – UEM), Bruno Maschio Neto (Universidade Estadual
de Maringá – UEM), Beatriz Ferreira Martins (Universidade Estadual de Maringá – UEM),
Ieda Harumi Higarashi (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Magda Lucia Félix de
Oliveira (Universidade Estadual de Maringá – UEM).

O uso de drogas de abuso provoca impactos diretos na saúde do indivíduo, na vida da família,
no trabalho e na comunidade de convivência. O objetivo do presente estudo é analisar a
percepção social da presença de drogas de abuso e violência em uma comunidade do
Noroeste do Paraná. Trata-se de uma pesquisa transversal utilizando inquérito domiciliar
de base populacional. Os dados foram coletados por meio de questionário estruturado,
aplicado a uma amostra aleatória de 358 moradores de uma comunidade que possui
indicadores elevados de violência relacionados ao uso de drogas de abuso. Os entrevistados
possuíam idade média de 44,1 ±14,9 anos, a maioria era mulheres (68,2%), de raça/cor
branca (57,5%) e 36,3% apresentavam de nove a 11 anos de estudo. A renda familiar média
per capita correspondeu a 534 reais, 12,9% não tinham ocupação remunerada e 5,6%
desenvolviam atividade autônoma como fonte de renda. Das 244 mulheres entrevistadas,
29,9% declararam-se do lar. O tempo médio de residência era 14,3 anos e apenas cinco
(1,4%) entrevistados referiram desconhecer o uso de drogas de abuso na comunidade.
O uso de drogas foi encontrado em 18,2% dos entrevistados e 19,8% referiram uso
na família, sendo o uso de crack referido por 2,5%. A maioria (82,4%) considerou que
as drogas estão presentes em elevada intensidade, situação considerada ‘preocupante’
para 56,1% e motivo de sofrimento para 61,5% dos entrevistados. Duzentos e sessenta
entrevistados (72,6%) apontaram restrições em suas atividades habituais pelo medo de
sofrer atos violentos. O principal motivo da circulação e consumo de drogas de abuso na
comunidade, foram relacionados à ausência de policiamento (31,4%). A maioria (90,2%)
percebeu a presença de violência na comunidade e a relacionaram com o uso de drogas de
abuso. Três fenômenos foram relevantes: o número de mulheres desempregadas ou que
informaram permanência nos domicílios; a percepção elevada sobre a presença de drogas
de abuso na comunidade; e a evidência de uma cultura de expansão do uso de drogas de
abuso na família, com a inclusão do crack no âmbito familiar.

Palavras-chave: Drogas de abuso; Violência; Relações Familiares.


Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho:Pesquisa.

49
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

EFEITOS DE DROGAS DE ABUSO PELA VIGILÂNCIA E EVENTO SENTINELA

Cleiton José Santana (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Alan Henrique De Lazari*
(Universidade Estadual de Maringá – UEM), Marcelo da Silva (Universidade Estadual de
Maringá – UEM), Érica Gomes de Almeida (Universidade Estadual de Maringá – UEM),
Magda Lúcia Félix de Oliveira (Universidade Estadual de Maringá – UEM).

Em países onde não existe um processo de vigilância epidemiológica para mensuração


da intoxicação e dos efeitos das drogas de abuso na saúde da população, o sistema de
vigilância por eventos sentinela, poderia ser utilizado para o monitoramento do impacto
das drogas de abuso em espaços locorregionais, que aplicam-se à detecção de doença
prevenível, incapacidade ou morte inesperada, cuja ocorrência sirva como sinal de que
a qualidade da atenção deva ser questionada. A detecção do evento e a investigação do
caso determinariam como prevenir eventos similares. O objetivo do estudo foi caracterizar
usuários de drogas investigados a partir do evento sentinela internação hospitalar com
diagnóstico de trauma associado à intoxicação por drogas de abuso, segundo critérios
epidemiológicos e clínicos. Estudo exploratório-descritivo, com 30 eventos sentinela
originários de cadastro de um centro de informação e assistência toxicológica do Paraná,
no período de abril a setembro de 2014. Foram realizadas análise da ficha epidemiológica
de ocorrência toxicológica de intoxicação alcoólica e/ou outras drogas e do prontuário do
paciente, e entrevista com familiares, seguindo a metodologia de investigação de eventos
sentinela, ampliada com avaliação clínica dos casos - escalas de avaliação neurológica
de Glasgow e de Reed, e Escore de Avaliação da Severidade das Intoxicações. Todos os
aspectos éticos envolvidos na pesquisa foram cumpridos rigorosamente. A caracterização
dos eventos sentinela apontou predomínio do sexo masculino, baixa escolaridade e
desemprego, e idade média de 40,1 anos. A droga mais utilizada foi o álcool (93,3%) e
metade usava a bebida alcoólica diariamente, mas o padrão de poliuso e o uso de drogas
adquiridas com atos ilícitos foi marcante. Em nove casos a família teve o conhecimento do
uso após 10 anos ou mais, e a abstinência por mais de cinco anos foi registrada em apenas
três casos. Os traumas físicos ocorreram em ambiente externo (73,4%), com predominância
de acidentes de trânsito, quedas e agressão física. A avaliação clínica apontou cinco (16,6%)
casos com sintomas visíveis a sintomas graves de intoxicação, e um caso fatal. O motivo
relatado para início do uso de drogas foi a influência de amigos - 18 casos (60%), e a família
suspeitou do uso de drogas pela mudança de comportamento do usuário - 17 (56,8%).
Violência na infância, comportamento aditivo nas famílias e uso de drogas no domicílio,
traumas físicos anteriores, crimes e prisões, e violência doméstica, foram informados. As
características e os contextos de vida dos casos e das famílias, a relação indivíduo/droga
de abuso e a influência das drogas no cotidiano familiar, permitem inferir a gravidade dos
casos e a morosidade de políticas públicas intersetoriais para acessá-los.

Palavras-chave: Drogas de abuso, Relações familiares, Vigilância de Evento Sentinela.


Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Pesquisa.

50
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PROTEÇÃO AO USO DE DROGAS: ESTUDO EM UMA COMUNIDADE VULNERÁVEL

Anai Adario Húngaro (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Alan Henrique De


Lazari* (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Patricia Suguyama (Universidade
Estadual de Maringá – UEM), Sara Cristina Fogaça Duartes Garcia (Universidade
Estadual de Maringá – UEM), Bruno Maschio Neto (Universidade Estadual de Maringá –
UEM), Ieda Harumi Higarashi (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Magda Lucia
Félix de Oliveira (Universidade Estadual de Maringá – UEM).

Embora exista um número expressivo de estudos que contemplem fatores de risco ao uso
de drogas, há escassez daqueles que discutem os fatores de proteção, especialmente
no Brasil. O objetivo do presente estudo foi analisar os fatores para proteção ao uso de
drogas de abuso em famílias de uma comunidade com indicadores elevados de violência
associados às drogas, com vistas a refletir sobre políticas de prevenção. Pesquisa
descritiva e transversal, utilizando inquérito domiciliar e amostragem intencional por cadeia
de referência, a partir de uma sequência de referências fornecidas pelos moradores de um
bairro considerado da periferia do município de Maringá - Paraná. Foram entrevistados 90
moradores, com utilização de um roteiro de entrevista semi-estruturado, complementado
por um roteiro de observação da comunidade. A coleta de dados foi realizada no período de
julho a setembro de 2014. Os dados foram compilados em planilha eletrônica no Microsoft
Office Excel 10.0 e foram importados para o Statistical Software Analisys, processamento
e análise dos dados. Todos os preceitos éticos foram obedecidos e os participantes da
pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os entrevistados
possuíam idade média de 50,5 anos, 77 (85,5%) eram do sexo feminino, e 53 (58,9%)
eram casados, com predominância do ensino fundamental incompleto como escolaridade -
55 (62%). O tempo médio de residência na comunidade foi de 10,5 anos, acompanhada de
reconhecimento da vizinhança, 58 (64,4%) entrevistados disseram que o uso de drogas por
pessoas da vizinhança não interferia na vida pessoal; e 81 (90%) afirmaram que “poderiam
contar com os vizinhos”, confirmando a inserção/participação de uma rede social de
confiança na comunidade. Como fatores protetores para o não uso de drogas as relações
intrafamiliares e a religiosidade, foram os principais aspectos considerados, onde 84 (93,3%)
dos entrevistados afirmaram ter religião. Em referência às relações intrafamiliares, foi citado
o modo de educação familiar, o espelhamentos nos pais e o diálogo, no sentido de conversar
e orientar sobre droga. Com relação as redes de apoio às famílias, consideradas indutoras
de proteção, os entrevistados apontaram: 84 (94%) relataram atividades na comunidade,
como grupos de estudos e atividades na igreja; a procedência dos amigos era do próprio
bairro - referido por 67 (74,4%), seguido por amizades na igreja 38 (42,2%); os próprios
familiares da família extensa 24 (26,6%). Os dados permitem refletir sobre políticas de
prevenção para os problemas relacionados ao uso de drogas em nosso país e em nossas
comunidades e pautar o desenvolvimento de ações que contemplem as necessidades de
saúde loco-regionais para o enfrentamento à epidemia das drogas de abuso.

Palavras-chave: Drogas de abuso; Proteção; Apoio social; Populações vulneráveis;


Enfermagem em saúde pública.
Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa.

51
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

RECONHECENDO O CONTEXTO FAMILIAR DE USUÁRIOS DE DROGAS A PARTIR DA


INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS SENTINELAS

Michele Cristina Santos Silvino (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Alan


Henrique de Lazari* (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Lúcia Margarete dos
Reis (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Camila Formaggi Sales (Universidade
Estadual de Maringá – UEM), Natalina Maria da Rosa (Universidade Estadual de Maringá
– UEM), Marcia Regina Jupi Guedes (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Tuanny
Kitagawa (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Magda Lucia Félix de Oliveira
(Universidade Estadual de Maringá - UEM).

Resumo:
Os poucos estudos no Brasil que avaliam as famílias de usuários de drogas demonstram
evidências consistentes do impacto causado particularmente aos familiares mais próximos.
Considerando a investigação de eventos sentinela como um método inovador de vigilância
epidemiológica e monitoramento locorregional dos efeitos sociosanitários das drogas de
abuso na saúde da população, o objetivo desta pesquisa foi analisar o contexto familiar de
jovens após a internação hospitalar com diagnóstico médico de efeitos secundários do uso de
drogas de abuso. O estudo constitui-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, utilizando
a investigação do evento sentinela internação hospitalar de jovens com diagnóstico médico
de efeitos secundários do uso de drogas de abuso como ferramenta para acessar a família
do usuário de drogas. Foram investigados sete eventos sentinela - independentes de sexo,
com idades entre dez e 24 anos, mas com vínculo familiar, moradia definitiva e residente no
município de Maringá- Paraná, notificados ao Centro de Controle de Intoxicações, do Hospital
Universitário Regional de Maringá, e um familiar de cada jovem, eleito pela família como
informante-chave. Utilizou-se análise documental, da Ficha de Ocorrência Toxicológica de
Intoxicação Alcoólica e/ou outras Drogas de Abuso e do prontuário do jovem, e entrevista
domiciliar com o familiar. A faixa etária dos jovens variou entre 16 e 23 anos, porém não
reflete a idade de iniciação do uso de drogas - em um dos casos o jovem apresentava 17
anos, e havia iniciado o uso de drogas aos 13 anos de idade. Encontrou-se uso associado
de múltiplas drogas - álcool, crack, e maconha. Dos sete jovens, apenas um continuava
estudando, embora o nível de escolaridade não fosse compatível com a idade. Das quatro
jovens, três eram multíparas e começaram a ter filhos com idade entre 15 e 17 anos, sendo
que duas dessas jovens, aos 22 anos tinham quatro filhos, e todas abandonaram os estudos.
Em uma família encontrou-se envolvimento do jovem com tráfico de drogas e abuso de
drogas dentro do próprio domicílio. Quanto ao relacionamento intrafamiliar das sete famílias
entrevistadas, seis relataram relacionamento conflitante entre os membros, e a ocorrência
de violência intrafamiliar foi referida por cinco familiares, com relato de episódios recorrentes
de agressão física intradomiciliar. Encontrou-se comportamento aditivo familiar em cinco
famílias. Evidenciaram-se, nos casos investigados, iniciação precoce do uso de drogas, uso
associado de múltiplas drogas, evasão escolar, gravidez precoce, envolvimento do jovem
com o tráfico, rompimento dos vínculos relacionais na família, e comportamento aditivo. A
investigação permitiu acessar casos graves de jovens usuários de drogas em situação de
vulnerabilidade, e famílias com comprometimento em diversas esferas, passíveis de ações
de políticas públicas.

Palavras-chave: Drogas de abuso; Relações familiares; Juventude; Vigilância de Evento


Sentinela.
Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação:Pôster.
Tipo de trabalho: Pesquisa.

52
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

USO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO COM O ÓBITO

Alan Henrique De Lazari* (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Lucia Margarete dos
Reis (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Aroldo Gavioli (Universidade Estadual de
Maringá – UEM), Flávia Antunes (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Michele Cristina
Santos (Universidade Estadual de Maringá – UEM), Mirella Machado Ortiz (Universidade
Estadual de Maringá – UEM), Rosangela Christophoro (Universidade Estadual de Maringá
– UEM), Magda Lucia Félix de Oliveira (Universidade Estadual de Maringá – UEM).

O uso de drogas é considerado um grave problema social e de saúde pública em todo o


mundo e constitui fator de risco para traumas e agravos decorrentes de violências, para
doenças crônicas não transmissíveis, e perdas funcionais temporárias e permanentes. O
objetivo do estudo foi caracterizar o perfil de usuários de drogas notificados a um centro de
informação e assistência toxicológica da região Noroeste do Paraná e relacionar à ocorrência
de óbitos. Estudo descritivo e transversal, com casos notificados no biênio 2010-2011. Os
dados foram compilados das fichas epidemiológicas de ocorrência toxicológica, arquivadas
no centro, e submetidos à análise estatística univariada, com teste qui quadrado. Encontrou-
se 339 casos, a maioria homens (87,3%), com nível de escolaridade fundamental (61,0%) e
faixa etária de 60 anos ou mais (37,2%). A droga mais consumida foi o álcool (83,8%), e a
maioria apresentava intoxicação alcoólica crônica (89,9%). A análise estatística demonstrou
associação estatisticamente significativa entre o uso de bebida alcoólica e a ocorrência
de óbitos. Verificou-se predomínio de quedas (12,4%) e agressão física (12,4%), porém
a maior letalidade estava relacionada aos casos de ferimento por arma branca e arma de
fogo (p<0,05), com proporção de um óbito para cada internação. Cirrose hepática (33,3%)
e varizes esofagianas sangrantes (30,1%), foram responsáveis por mais da metade dos
casos de óbito, com associação significativa entre óbito e o diagnóstico médico de cirrose
hepática (p= 0,01). A maioria dos indivíduos (63,1%) permaneceu internada por período de
até dez dias, e o setor de internação mais frequente foi a unidade de atenção às urgências
(67,0%), embora fosse encontrado número elevado de internações em unidade de terapia
intensiva (15,6%), onde ocorreu a maioria dos óbitos (53,5%). Observou-se associação
significativa entre a ocorrência de óbitos e internações de curtas permanência e em unidade
de atenção às urgências, sendo que esta associação foi no sentido de proteção (p= 0,0).
Os óbitos foram associados ao tempo de internação prolongado (≥21 dias) e internação em
unidade de terapia intensiva. Apesar de ser um estudo documental, os dados apresentados
reforçam que o consumo de drogas de abuso influencia a morbimortalidade, principalmente
em homens, na faixa etária de 60 anos ou mais e com menor nível de escolaridade. A
mortalidade teve correlação significativa com o uso de álcool, com os ferimentos por arma
branca e arma de fogo, e cirrose hepática, internação prolongada, e internamento em
unidade de terapia intensiva.

Palavras-chave: Drogas de abuso; Relações familiares; Morte.


Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Pesquisa.

53
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ALINHANDO AS PEÇAS E CONSTRUINDO NOVOS QUADROS: AS EXPERIÊNCIAS


DO PET-SAÚDE “REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: ATIVIDADES COLETIVAS/
OFICINAS TERAPÊUTICAS” NA REALIZAÇÃO DE OFICINAS DE MOSAICO NA REDE
DE SAÚDE MENTAL DE BETIM/MG

Autores e instituição:
Allisson Vasconselos Oliveira (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Ana
Claudia Leite da Silva Ferreira * (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Samara
Lozane Pacifico de Souza (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Cláudia
Maria Generoso (Prefeitura Municipal de Betim), Valmir Braz da Silva (Prefeitura Municipal
de Betim).

Resumo:
Este trabalho trata-se de um relato de experiência que tem como objetivo abordar as
atividades de inserção social de usuários da saúde mental envolvidos com álcool e outras
drogas, vinculadas ao Projeto de Educação pelo trabalho em Saúde, que acontece numa
parceria entre PUC Minas, Governo Federal e Prefeitura de Betim/MG. A eleição de serviços
de saúde mental de Betim como cenário de práticas se apoia na experiência de uma rede
consolidada há mais de 20 anos, bem como sua parceria com a PUC Minas. A escolha
por atividades coletivas se baseia na necessidade de ampliar ações que contemplem a
inserção social de pessoas com sofrimento mental e dependência química, sendo as oficinas
terapêuticas poderoso recurso ancorado nos princípios do SUS e da Reforma Psiquiátrica,
em curso no Brasil. As oficinas terapêuticas são práticas de atenção coletiva, ainda que
singularizadas, desenvolvidas nas três últimas décadas nos diversos serviços da rede de
atenção à saúde mental substitutiva aos manicômios e que tem papel de reformulação
da assistência. São atividades variadas como cerâmica, culinária, marcenaria, bordados,
mosaicos, entre outras. Neste relato, destacaremos a experiência da oficina de mosaico, no
Centro de Convivência Estação dos Sonhos (CCES) e CAPSad em Betim, configurando-se
em um trabalho em rede. A oficina de mosaico foi criada há 10 anos no CCES, atendendo
a alguns princípios das oficinas em saúde mental: incentivar a criação, com vistas a seu
possível efeito terapêutico, este complementar à clínica; possibilitar a circulação social e a
convivência; e promover a geração de trabalho e renda para os usuários da saúde mental,
façam eles uso abusivo de álcool e outras drogas ou não. A oficina se tornou também
espaço de formação, com práticas coletivas para estagiários e residentes de cursos
diversos oferecidos por instituições do município. Nessa perspectiva, a oficina de mosaico
pôde realizar ações de integração entre ensino e serviços em rede. Ao realizar oficinas
de mosaico no CCES, os alunos aprenderam a condução e a técnica empregada nessa
atividade e perceberam as várias possibilidades criadas por ela; daí o desejo de ampliar
a oficina para o CAPSad. É fundamental que práticas em saúde junto a toxicômanos
levem em consideração o sujeito como implicado na sua forma de lançar mão da droga,
viabilizando novas relações que possam ser estabelecidas a partir do saber que o próprio
sujeito constrói sobre si mesmo e sobre outras possibilidades na vida. A oficina de mosaico
funciona então como instrumento para tal atitude. Constitui estratégia emancipatória por
possibilitar que o sujeito seja protagonista de seu tratamento e permitir que ele aprenda
um ofício, o qual, inclusive, pode ter alguma valia após sua recuperação. A participação
dos usuários não se dá com intuito primordial de produzir um objeto, mas pelo fato de
tais lugares serem espaços de estabelecimento de relações sociais, troca de experiências,
criação e expressão da subjetividade.

Palavras-chave: Reinserção social; Oficinas terapêuticas; Ensino-serviço


Eixo temático:Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação oral
Tipo de trabalho:Relato de experiência
54
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

AMPLIANDO OS ARGUMENTOS DA REDUÇÃO DE DANOS: RELATO DE


EXPERIÊNCIAS NA ATENÇÃO BÁSICA

Magda Costa Barreto (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas/


especializanda-Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Anelise da Silva Muniz (Centro
de Saúde- município do Rio de Janeiro), Solanne Gonçalves Alves* (Núcleo de Apoio à
Saúde da Família/mestranda- Universidade Estadual de Campinas).

Resumo: Com a criação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), instituída pela portaria
nº 3.088 de 2011, a ampliação do cuidado às pessoas que fazem uso prejudicial de drogas
tende a ser legitimada. Esta portaria apresenta como um de seus componentes a Atenção
Básica, tendo como pontos de atenção as Unidades Básicas de Saúde (UBS), com
denominações distintas em cada município; Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF);
e serviços de Saúde Mental, todos articulados. Desta forma, o matriciamento é pensado
como estratégia de discussão das intervenções e debate em conjunto, onde as equipes
denominadas “especializadas” contribuem com a construção do cuidado aos usuários no
território, trazendo para linha do cuidado as particularidades da atenção psicossocial. Trata-
se de um estudo de caso tipo simples, com a unidade-caso matriciamento, cujo nível de
análise é a narrativa dos profissionais/autores. Assim, objetiva-se discutir as produções do
apoio matricial na clínica e cotidiano dos trabalhadores. Para tal, relata-se a experiência de
três categorias profissionais diferentes (enfermeira do Centro de Saúde; assistente social
do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) – ambas do estado do
Rio de Janeiro; terapeuta ocupacional do NASF – estado de São Paulo), com a mesma
formação em saúde mental e atuações distintas na atenção básica, envolvidas no cuidado
aos usuários que fazem uso abusivo de drogas. Discutiu-se sobre a abordagem da
redução de danos (RD) como política e estratégia de intervenção, e seus impactos na
clínica da atenção básica; apresenta-se as dificuldades do cuidado do usuário no território,
considerando as intempéries do narcotráfico. As reflexões indicam a necessidade de ampliar
a discussão das temáticas matriciamento, RD, cuidado integral do usuário de drogas na
atenção básica e difundir as práticas a fim de fortalecê-las, assim como as políticas públicas
que as subsidiam.

Palavras-chave: Saúde mental; Atenção primária à saúde; Redução do dano.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

55
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ANÁLISE DO PROCESSO DE METAMORFOSE OU REPOSIÇÃO DA IDENTIDADE DE


UM DEPENDENTE QUÍMICO

Luciane Suélen Gonçalves* (Centro Universitário de Lavras), Andréa Cabral Rios (Centro
Universitário de Lavras).

O presente estudo propõe-se a realizar uma análise do processo de metamorfose ou


reposição da identidade de sujeitos usuários de álcool e/ou outras drogas e suas relações
com a instauração e manutenção da abstinência ou do uso a partir da teoria da identidade
de Ciampa. Considera-se o uso, abuso e dependência química, com destaque a seus
aspectos psicossociais, numa relação de causa e efeito com as relações que o indivíduo
estabelece com o seu meio, incluindo as dimensões relacionadas a grupos de pertença,
a sociedade e cultura em que ele vive. Sabe-se que o uso desenfreado de substâncias
psicoativas gera inúmeros problemas sociais, de saúde pública e, principalmente, produz
uma alterização na identidade do sujeito usuário. Na perspectiva de Ciampa, a identidade
é construída a partir das relações sociais em que o indivíduo está inserido, sendo um
processo de constante metamorfose ou reposição que ocorre a partir dos papéis que o
sujeito desempenha nos diversos grupos em que participa. A partir do referencial teórico
norteador desse estudo, considera-se que, quando o sujeito inicia o uso e este passa a
fazer parte do seu cotidiano, ocorre uma série de modificações das suas relações que
criam condições para o desenvolvimento e/ou manutenção do papel de usuário e aumento
do consumo, ao mesmo tempo, como consequência, pode haver uma mudança de papéis,
de acordo com o padrão de consumo. O mesmo processo ocorre na busca por abstinência:
as relações que o indivíduo estabelece e os papéis que desenvolve têm influência direta
na instauração e manutenção da abstinência ou continuidade do uso de drogas, mas
também sofrem influência da forma com que este é visto pelo outro. A primeira fase do
estudo consistiu na revisão bibliográfica e aprofundamento do referencial teórico. Para
a produção dos dados, serão entrevistados, no mínimo, dependentes de álcool e outras
drogas: que se encontrem em fase de consumo ou com histórico de recentes recaídas e
outros que estejam em abstinência há mais de seis meses. As entrevistas seguirão em
uma perspectiva semiestruturada e posteriormente serão analisadas por meio do uso da
narrativa da história de vida dos entrevistados articulada com o arcabouço teórico da teoria
da identidade formulada por Ciampa. Objetiva-se identificar dimensões psicossociais e
interacionais que influenciem uma metamorfose ou reposição na identidade dos sujeitos
que serão analisados de modo a compreender melhor a influência das interações sociais
no processo de recuperação ou da recaída. Espera-se assim, que a identificação de tais
processos psicossociais possam contribuir para o tratamento, recuperação e reinserção
social dos sujeitos. Justifica-se tal estudo, devido à escassez dos mesmos sob uma
perspectiva da Psicologia Social, principalmente sob o marco teórico da identidade.

Palavras-chave: Identidade; Dependência de álcool e outras drogas; Psicologia Social.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa (parcial).

56
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ANÁLISE DO TRABALHO DE UMA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL EM UM CENTRO


DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E DROGAS

Daniela Tonizza de Almeida* (Universidade Federal de Minas Gerais), Eliza Helena de


Oliveira Echternacht (Universidade Federal de Minas Gerais)

Os Centros de Atenção Psicossocial álcool e drogas (CAPS ad) caracterizam-se como um


serviço especializado na atenção ao usuário abusivo de álcool e outras drogas no âmbito da
Rede de Atenção Psicossocial. Trata-se de um dispositivo onde o trabalho deve se organizar
de forma interdisciplinar e horizontalizada no intuito de oferecer uma atenção integral sob
a ótica do Modelo de Redução de Danos. O objetivo do estudo foi compreender como se
caracteriza o trabalho coletivo num CAPS ad, no que se refere à organização do processo
de trabalho e à articulação dos profissionais entre si e com a rede assistencial, identificando
os debates de normas e valores que permeiam a gestão do trabalho. A pesquisa empírica
foi realizada em um CAPS II ad da região metropolitana de Belo Horizonte, a partir de uma
abordagem qualitativa e ergológica. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com
trabalhadores e usuários, observação participante e pesquisa documental no período de
setembro a novembro de 2011. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa
da UFMG. Na análise dos dados buscou-se descrever o processo de trabalho através de
narrativas e fluxos, estabelecendo relações entre condições de exercício da atividade, a
atividade realizada e os resultados, identificando dificuldades e impedimentos. Procedeu-
se com a análise de conteúdo, procurando estabelecer temáticas a partir das entrevistas e
observações. Elencou-se as seguintes categorias temáticas: A Construtividade do Projeto
Terapêutico; Os desafios do Trabalho Interdisciplinar e a Penosidade da Clínica de Redução
de Danos. Identificou-se como fatores que dificultam a condução dos casos: a presença de
co-morbidade psiquiátrica, a situação de vulnerabilidade social e a falta de demanda do
usuário para o tratamento, além de uma insuficiência das condições sócio-técnicas para
realização do trabalho. Observou-se que o compromisso com a própria formação e com os
pressupostos teóricos e políticos do projeto institucional pela maior parte dos trabalhadores
e da gestão, bem como a manutenção de espaços de comunicação e cooperação entre
os diversos saberes favorecem a criação de estratégias individuais e coletivas para o
enfrentamento de adversidades. Entretanto, persistem alguns desafios a serem enfrentados:
a reorganização do trabalho de modo a diminuir a sobrecarga para algumas categorias
profissionais e a hierarquia entre os saberes; o equacionamento da demanda da população
atendida pelo serviço com a quantidade de trabalhadores disponível e ampliação dos
dispositivos de cuidado em situações de urgência no serviço. Considera-se que apesar do
esforço de articulação com a rede de atenção psicossocial, a deficiência de dispositivos
de urgência/emergência, reabilitação psicossocial e processos de comunicação entre as
equipes que a compõem potencializa o sofrimento na gestão cotidiana do trabalho.

Palavras-chave: Processo de Trabalho; Transtornos relacionados ao uso de substância/


tratamento; Centro de Atenção Psicossocial álcool e drogas; Políticas Públicas.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de pesquisa concluída

57
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ANÁLISE TEMÁTICA QUALITATIVA DAS ESTRATÉGIAS E INTERVENÇÕES


UTILIZADAS PARA TRATAMENTO DE ADOLESCENTES EM USO DE SUBSTÂNCIAS
PSICOATIVAS INSERIDOS NO CAPS AD III INFANTO JUVENIL DO MUNICÍPIO DE
BAURU.

Ana Leticia San Juan* (Secretaria Municipal de Saúde de Bauru), Juliane Aparecida Rocia
Lobregat (Secretaria Municipal de Saúde Bauru).

O CAPS AD III Infanto Juvenil atende crianças e adolescentes em sofrimento psíquico


decorrente do uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas (SPA) e em situação
de vulnerabilidade social. Tem finalidade terapêutica, promove acesso a ações e serviços
de promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde em ambiente estruturado
e acolhedor, produzindo junto à família, um Projeto Terapêutico que acompanhe o
adolescente em seu cotidiano, contribua com sua reinserção social, mudança de hábitos
e relações sociais baseando-se no ECA. Objetivou evidenciar a importância da articulação
de todos os atores da rede no tratamento e assistência ao adolescente em uso de SPA
inserido no serviço. Realizamos análise documental qualitativa de intervenções obtidas em
prontuários, mediante análise temática (MINAYO, 2004) de dois adolescentes atendidos e
com características psicossociais semelhantes: família monoparental/ matriarcal, história
de fracasso e desinteresse escolar, dificuldades de interação social, baixa tolerância à
frustração, comportamento de risco, história de tratamento psíquico, uso de maconha,
comércio ilegal de SPA e a intervenção da rede de apoio sociofamiliar. As categorias
analisadas como critério de evolução terapêutica foram motivação para o tratamento,
inserção escolar, fortalecimento de vínculos familiares, inserção em projetos sociais, adesão
medicamentosa. As intervenções ocorreram através de atendimentos psicoterapêuticos e
socioterapêuticos, oficinas e grupos terapêuticos, consulta médica, atendimentos familiares
de orientação e suporte. O serviço procurou reinserir os adolescentes no ambiente escolar,
fortalecer os vínculos familiares e de convívio, inserir em projetos sociais objetivando a
interação social e estímulo à adesão a práticas de esportes e lazer. Diante das intervenções
propostas a ambos os casos, o adolescente A obteve resultados positivos pela sua adesão
a todas as categorias de evolução terapêutica supracitadas, optando por romper com o uso
de SPA no decorrer do acompanhamento, saindo da zona de vulnerabilidade. No caso B,
as intervenções propostas não promoveram mudanças de hábitos cotidianos e de convívio.
Observou-se resistência das instituições educacionais e sociais em reinseri-lo na rede,
demonstrando a existência de estigmas e marginalização além de dificuldades técnicas
em lidar com os problemas comportamentais apresentados. Consideramos que para uma
efetiva ação do tratamento em romper/reduzir o uso e abuso de substancias e promover
inserção e pertencimento social do adolescente enquanto ser social é imprescindível o
trabalho articulado com a rede e o envolvimento de todos os atores sociais no tratamento.
O trabalho deve compreender as peculiaridades de cada adolescente e suas reais
necessidades biopsicossociais, levando em conta sua motivação para o tratamento, maior
desafio do serviço já que o seu efetivo envolvimento só é possível com o seu desejo em ser
agente ativo e protagonista de sua vida.

Palavras-chave:substâncias psicoativas; adolescente; intervenções psicossociais.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

58
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

AS ARTES PLÁSTICAS E A TERAPIA OCUPACIONAL NO PROCESSO


TERAPÊUTICO DE USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

Larissa Soares de Melo (Hospital Espírita de Marília - HEM)*

Sabe-se que o uso problemático de substâncias psicoativas acarreta em diversas perdas


sociais e emocionais contribuindo para intenso sofrimento psíquico em que a individualidade,
identidade e autonomia do sujeito sofrem constantes rupturas, comprometendo
significativamente o processo de recuperação. Pensando nesse contexto, desenvolveu-
se uma oficina terapêutica de artes plásticas como recurso terapêutico ocupacional com
objetivo de dar vazão ao inconsciente, de reconstruir, ressignificar e valorizar habilidades
e emoções dos usuários do serviço de saúde. Trata-se de um relato de experiência sobre
um trabalho desenvolvido com pacientes de um hospital psiquiátrico do interior paulista,
Hospital Espírita de Marília (HEM), os quais se encontravam internados para desintoxicação
de álcool e/ou outras drogas. Foram realizadas 10 oficinas no período entre os meses de
abril a maio de 2015, sendo um total de cinco pacientes participantes, todos do gênero
masculino. As 11 telas produzidas resultantes do processo terapêutico compuseram uma
mostra de artes plásticas a qual integrou a III Semana Cultural da Luta Antimanicomial de
Marília/SP e em seguida se tornou uma exposição itnerante percorrendo oficinas culturais,
galerias de artes e espaços de alcançe público, contribuindo para o debate sobre o tema,
para conscientização e sensibilização social, e principalmente para a desconstrução de
estigmas e reinserção social e ocupacional dos sujeitos em tratamento.

Palavras-chave: Arte; Substâncias psicoativas; Terapia ocupacional, Reabilitação


psicossocial.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

59
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

AS DROGAS E SEUS CENÁRIOS: RELATOS DE UM PROJETO DE EXTENSÃO

Angela Maria Araujo ( Faculdade União de Campo Mourão), Aline Fernanda Cordeiro
(Faculdade União de Campo Mourão), Andressa Trianna Barbosa (Faculdade União de
Campo Mourão), Claudia Raquel Padovani (Faculdade União de Campo Mourão), Emily
Carla Milani Gonçalves (Faculdade União de Campo Mourão), Fernanda Pagan Pereira
(Faculdade União de Campo Mourão), Flavia Daniela de Souza (Faculdade União de
Campo Mourão), Gabrielly Tavares Botelho (Faculdade União de Campo Mourão), Griziele
Martins Feitosa* (Faculdade União de Campo Mourão), Janaína Letícia da Silva (Faculdade
União de Campo Mourão), Marilene Teixeira Gomes (Faculdade União de Campo Mourão),
Nayara Lopes Silva (Faculdade União de Campo Mourão), Karen Kobayashi (Faculdade
União de Campo Mourão), Renan de Oliveira (Faculdade União de Campo Mourão), Sandra
Regina Fava (Faculdade União de Campo Mourão), Tayanara Larissa S. Endo (Faculdade
União de Campo Mourão), Vanessa Shirley (Faculdade União de Campo Mourão), Valdelyse
Francyni Killer de Jesus (Faculdade União de Campo Mourão), Izailda Lucio (Faculdade
União de Campo Mourão)

Este trabalho objetiva relatar as experiências do projeto de Extensão da Faculdade União


de Campo Mourão (UNICAMPO) cujo titulo é “As Drogas e seus cenários”. O projeto surgiu
da necessidade de instrumentalizar estudantes de psicologia em relação às mudanças no
cenário político e de atendimento aos usuários de drogas. Com o intuito de compreender
o fracasso da Guerra às Drogas e a Proposta de Redução de Danos, o projeto teve início
em 2014, com encontros semanais, visando pesquisar o histórico do uso das drogas,
compreendendo sua universalidade e existência ao longo do tempo, além de estabelecer
um olhar humanizado sobre o usuário, compreendendo as interfaces sócio-culturais
envolvidas. Para tanto, foram abordados temas como a descriminalização ao uso de drogas,
os serviços de atendimento ao usuário de drogas; a guerra às drogas e a redução de danos.
Foi viabilizado acesso ao material científico, elaborado produção acadêmica referente à
temática e viabilizado atuação prática no CAPSad da cidade. Em 2015, a parceria com o
CAPSad foi retomada, proporcionando mais vagas para que os alunos atuem mediante
oficinas oferecidas aos usuários do serviço de saúde mental. Estas oficinas têm como
objetivo construir com os usuários um espaço de novos laços, e novas possibilidades de
existir para os sujeitos. Pretende-se ainda, estender o projeto para a sociedade, através
de apresentação e discussão de filmes (intitulado: Cinema, Drogas e sociedade), no
cinema da cidade de Campo Mourão. Desta forma, entende-se que o projeto vem atingindo
e motivando os alunos a discutirem a temática, possibilitando novas discussões junto à
sociedade, atingindo os objetivos de um projeto de extensão.

Palavras-chave: Redução de danos; Projeto de Extensão; Oficinas.


Eixo temático:Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

60
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

AS REDES DE ATENÇÃO AOS USUÁRIOS DE DROGAS: O QUE DIZEM OS


PROFISSIONAIS?

Pedro Henrique Antunes da Costa* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Ana Luísa
Marilère Casela (Universidade Federal de Juiz de Fora), Daniela Cristina Belchior Mota
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Érika Pizziolo Monteiro (Universidade Federal de
Juiz de Fora), Fernando Santana de Paiva (Universidade Federal de São João del-Rei),
Jéssica Verônica Tibúrcio de Freitas (Universidade Federal de Juiz de Fora), Nathália Munck
Machado (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Telmo Mota Ronzani (Universidade
Federal de Juiz de Fora)

Visando abarcar a complexidade do uso de drogas, as políticas sobre o tema no Brasil


postulam a construção de redes de atenção intersetoriais e integradas aos usuários de
drogas. Entretanto, existem entraves para a consolidação desses arranjos, como o
desconhecimento sobre a própria rede pelos profissionais, insuficiências na formação,
no estabelecimento da integralidade e intersetorialidade e consideração dos usuários e
comunidade como atores passivos no processo de cuidado. Logo, são necessários estudos
que auxiliem na compreensão do que seriam essas redes de atenção aos usuários de
drogas, procurando também modificar pressupostos históricos da saúde, onde profissionais
são os principais componentes das políticas e a comunidade é tomada como agente
passivo, mera recebedora de ações. Nesse sentido, a Psicologia Comunitária aparece
enquanto possibilidade de reversão desse olhar tradicional, direcionando-o aos sujeitos e
suas relações com o meio, e tomando-os como atores ativos no processo de construção
e implementação das políticas e ações na área. Assim, o presente trabalho objetivou
compreender, fundamentando-se na psicologia comunitária, como se conforma a rede de
atenção aos usuários de drogas pelas experiências dos próprios profissionais, bem como
as implicações para um trabalho em nível comunitário. Seis grupos focais foram conduzidos
com 42 profissionais da saúde e assistência social integrantes de redes de atenção aos
usuários de drogas de quatro municípios de pequeno, médio e grande porte do Estado de
Minas Gerais. Os dados foram analisados através da análise de conteúdo temática. Os
resultados foram sistematizados em quaro eixos temáticos: concepções gerais sobre a rede;
estrutura operacional; modelo assistencial; e atenção centrada na população. Observou-
se a necessidade de aprimoramentos na estrutura operacional, mas principalmente na
consolidação de um modelo de cuidado abrangente e contínuo, enfocando também a
promoção de saúde e prevenção. Também foi constatado um cenário de muitas críticas
e desafios, limitando os profissionais de verem o potencial de suas próprias ações e dos
usuários e comunidade enquanto atores ativos da rede. Por outro lado, a rede também
é vista de forma reificada e naturalizada, a partir de objetivos generalistas que são de
antemão inalcançáveis. Apesar disso, as visões críticas desses profissionais levantam uma
série de contribuições, com a necessidade de ações em nível comunitário e uma abordagem
sobre o tema focada nos recursos existentes. Deve-se trabalhar para a centralização do
cuidado na comunidade, abarcando suas necessidades e concebendo-a, assim como os
usuários de drogas, como os principais elementos das redes de atenção aos usuários de
drogas. Considera-se as redes de atenção aos usuários de drogas enquanto arranjos em
construção contínua e que, apesar dos obstáculos apresentados, trazem consigo uma série
de avanços históricos, que poderão ser potencializados através da reflexão crítica.

Palavras-chave: Redes de atenção aos usuários de drogas; Atenção à saúde; Transtornos


relacionados ao uso de substâncias; Políticas Públicas; Pesquisa qualitativa
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa
61
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

AS REDES SOCIAIS NO TRATAMENTO AOS USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS


DROGAS: REVISÃO SISTEMÁTICA

Bárbara Pereira Loures* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Pedro Henrique Antunes
da Costa (Universidade Federal de Juiz de Fora), Telmo Mota Ronzani (Universidade
Federal de Juiz de Fora)

No Brasil, o uso de drogas foi associado à criminalidade e a práticas antissociais, com


sua abordagem sendo direcionada essencialmente a partir de visões criminalizatórias e/
ou segregatórias. Somente no final do século XX, através de movimentos da sociedade
civil, como a Reforma Sanitária e Psiquiátrica, o uso e dependência de álcool e outras
drogas passaram a ser permeados também pelo viés da saúde pública. Diante das atuais
configurações de sociedade, é importante pensar o cuidado ao usuário de drogas por
uma ótica ampliada, com um contato dinâmico, onde não se enxerga apenas a pessoa
isoladamente, mas a partir das relações que ela estabelece. Nesse sentido, as políticas
apontam para a importância de trabalhos com enfoque nas redes sociais (RS) dos usuários,
a partir de abordagens comunitárias que favoreçam a ação cidadã, especialmente diante
das consequências de vulnerabilidade e exclusão social, que aumentam a complexidade
do problema e favorecem o uso abusivo. As RS podem ser entendidas como amplas e
dinâmicas estruturas formadas por nós (pessoas, instituições, serviços, etc.) que se inter-
relacionam. Na atenção aos usuários de álcool e outras drogas as RS caracterizam-se
como o conjunto de relações estabelecidas entre estes sujeitos e o seu contexto de vida,
estabelecendo influência mútua, através de suas crenças, valores, e podendo estabelecer
um papel de apoio/suporte social. Sendo assim, o presente estudo visa compreender a
utilização das RS no cuidado aos usuários de álcool e outras drogas no contexto brasileiro.
Trata-se de uma revisão sistemática, realizada nas bases de dados MEDLINE, LILACS,
IBECS e Scielo. Ao todo, nove artigos preencheram os critérios de inclusão, compondo a
amostra da revisão. Os estudos ficaram concentrados nas regiões Sul e Sudeste, sendo a
maioria de natureza qualitativa, agregando métodos participativos através de grupos focais,
ecomapa, observação participante, entrevistas, dentre outros. Os resultados indicam um
recente uso dessa estratégia no cuidado aos usuários de drogas, com a predominância dos
seguintes pontos: 1) conceituações heterogêneas sobre a RS; 2) importância dos serviços
prestadores de assistência (em especial o CAPSad), seus funcionários e as famílias dos
usuários; e 3) necessidade de integração e trabalho em conjunto dos diferentes níveis de
atenção da rede assistencial e o contexto comunitário, numa perspectiva ampliada das RS.
A revisão possui relevância por se tratar de uma primeira iniciativa de compreensão da
utilização das RS na assistência aos usuários de drogas no Brasil. Aponta-se a necessidade
de mais estudos sobre as RS e sua implementação na atenção aos usuários de drogas,
indo desde a prevenção até o tratamento e com uma maior sistematização conceitual e
prática desta estratégia, já que é possível compreender as contribuições para a melhoria
da organização dos serviços, oferta de tratamento e, consequentemente, para os próprios
usuários, seus familiares e contextos de vida.

Palavras chave: Redes sociais; transtornos relacionados ao uso de substâncias; droga


(abuso); pesquisa; revisão de literatura.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

62
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ASSEMBLEIA: DISPOSITIVO POTENTE NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA


QUÍMICA EM UMA UNIDADE DE ACOLHIMENTO.

Aline Maria Gonçalves Dias Ferreira Carvalho(Associação Paulista para o Desenvolvimento da


Medicina), Fabiana Cristina Amaral da Fonseca(Associação Paulista para o Desenvolvimento
da Medicina), Guilherme Gregório(Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina),
Isadora Rodrigues Lindenbah Gomes(Associação Paulista para o Desenvolvimento da
Medicina), Jorge José Neto(Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina),
Livia Barbieri Scandiuzzi, (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina)
Marcelo Melo* (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), Maria das
Graças Lopes Belizario(Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), Marina
di Napoli Pastori(Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), Nádia Fragoso
Pereira Cardia(Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina).
Introdução: O Brasil vem passando por um processo de reestruturação do seu modelo de
assistência psiquiátrica sob influência da redemocratização do país, da implantação do
Sistema Único de Saúde (SUS) e incorporação de mudanças nas políticas e práticas da
saúde mental e dos direitos humanos no movimento conhecido como Reforma Psiquiátrica.
Uma das estratégias adotada pelo SUS para operacionalizar as mudanças no modelo de
atenção, preconizadas pela Reforma, foi a Rede de Atenção Psicossocial que pretende
garantir com a implementação de serviços substitutivos, a prevenção de direitos civis,
o fortalecimento de laços sociais e a melhoria das condições subjetivas e materiais do
sujeito, a partir de um ambiente humanizado, afetivo e com propostas de projeto terapêutico
individual e coletivo. A partir da Portaria 121 de 25 de janeiro de 2012 foi instituída a Unidade
de Acolhimento (UA) para pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool
e outras drogas, no componente de atenção residencial de caráter transitório. Dentro da
política atual do Ministério da Saúde tem-se assembléia como um importante dispositivo
para organizar o funcionamento dos equipamentos da Saúde Mental, entendendo-a como
um lugar de convivência e espaço democrático, de co-gestão e responsabilização pela
construção de novas ações e diretrizes, aumentando a capacidade de agir e existir dos
sujeitos envolvidos. Objetivo: Contribuir com a discussão sobre Reabilitação Psicossocial
refletindo criticamente sobre a potencialidade terapêutica do dispositivo da assembléia em
uma UA no município de São Paulo. Metodologia: Observação participante com registro em
atas, assinadas por equipe e acolhidos, e posterior análise de documentos e anotações no
período entre maio 2013 e janeiro 2015. Discussão: A partir da análise dos documentos e
conceitos colocados na introdução desse trabalho separamos uma vinheta clínica que nos
trouxe a potencia de trabalhar com os acolhidos, questões referentes a um processo de
apropriação e ressignificação, como acordos, contratos, cuidados, modos de conviver em
grupo, entre outros, no qual o cotidiano sai do aspecto do círculo da drogadição e passa a
interagir em um ambiente partilhado e que regras sociais passam a fazer sentido, em que
diferentes vivências são possibilitadas e outras relações são permitidas. Considerações
finais: A assembléia na UA é um potente dispositivo utilizado no tratamento da dependência
química, pois a partir de situações do cotidiano é possível refletir com os acolhidos como o
uso abusivo de substâncias psicoativas pode interferir nas questões do dia-a-dia, reduzindo
possibilidades. Assim, esse espaço para além do tratamento, proporciona encontros em
diversos aspectos vivenciados e age de maneira terapêutica nas várias dimensões da vida
dos acolhidos que passaram por esse equipamento.
Palavras- chave: Reforma Psiquiátrica; Assembléia; Dependência Química; Unidade de
Acolhimento.
Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral.
Tipo de trabalho: Relato de Experiência.
63
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ATENDIMENTO PSICOLÓGICO A USUÁRIOS/AS DE DROGAS EM UM CAPS AD:


PERCEPÇÕES E VIVÊNCIAS

Claudia Oliveira Dias* - Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Gregório de


Matos.

O papel do psicólogo em um CAPS AD assume diversas funções por ser um trabalho


exercido no âmbito multiprofissional e compartilhado com outros profissionais. Esse trabalho
relata a experiência de uma psicóloga realizada com usuários e familiares matriculados em
um Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas com o objetivo de apresentar a
percepção e as vivências das habilidades de relacionamento entre técnico e usuário na
inserção do serviço. O objetivo é contribuir no melhoramento do exercício da psicologia
no serviço e suscitar a ressignificação do olhar desse profissional sobre sua atuação. A
partir de escutas, diálogos informais e atendimentos foram feitas observações e análises
das ideias levantadas sobre como o usuário entende o papel do psicólogo e como esse
profissional é demandado e responde as solicitações feitas. Conclui-se que cada abordagem
exerce variados efeitos em diferentes usuários/as e o fato do/a psicólogo/a perceber essa
diferenciação torna o cuidado mais estimulante e proporciona um melhor resultado no
tratamento e na reabilitação do/a usuário/a.

Palavras-chave: Papel do psicólogo; CAPS AD; Tratamento; Reabilitação.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho:Relato de Experiência

64
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DOS USUÁRIOS DO CENTRO DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL – ALCOOL E DROGAS: EXPERIÊNCIA DO INTERDICIPLINAR DO
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO TRABALHO.

Erika Renata Trevisan* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Andrea Ruzzi Pereira
(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Daniela Tonizza de Almeida (Secretaria
Municipal de Saúde de Belo Horizonte), Jurema Ribeiro Luiz Gonçalves (Universidade
Federal do Triângulo Mineiro), Paulo Estevão Pereira (Hospital de Clínicas da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro).

Introdução: O Programa de Educação pelo Trabalho (PET) Atenção Psicossocial da


Universidade Federal do Triângulo Mineiro em parceria com a Secretaria Municipal de
Saúde de Uberaba – MG foi desenvolvido no período de agosto de 2012 a dezembro
de 2014. Participam alunos dos seguintes cursos de graduação da UFTM: Enfermagem,
Fisioterapia Medicina, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. Um
dos cenários de prática do PET Atenção Psicossocial foi o CAPS AD III de Uberaba –
MG que oferece tratamento ao dependente químico com a abordagem da Reabilitação
Psicossocial e Redução de Danos, com equipe interdisciplinar, focado na atenção
integral e contínua, durante 24h, com foco no exercício da cidadania e inclusão social.
O PET foi um projeto financiado pelo Ministério da Saúde. Objetivos: Os objetivos deste
Programa foram: desenvolver ações de prevenção e tratamento da dependência química,
com ênfase na clínica psicossocial, na atenção interdisciplinar substitutiva à internação
psiquiátrica; estimular atividades acadêmicas e profissionais, com qualificação técnica
e científica; articular ensino-serviço-comunidade, valorizando as demandas regionais;
auxiliar na formação crítica do acadêmico e profissional de saúde; desenvolver pesquisas
científicas com base na realidade do serviço. Materiais e Método: as atividades realizadas
buscaram vinculação terapêutica, reflexão e conscientização sobre a importância da
adesão ao tratamento ambulatorial pós-período de crise/desintoxicação. Os atendimentos
foram realizados individualmente e em grupo, através de oficinas terapêuticas, visitas
domiciliares, grupos de famílias e assistência integral à saúde do adolescente a partir de 14
anos. Resultados e Discussões: As atividades desenvolvidas estimularam as habilidades
e motivaram os usuários do CAPS AD III para o tratamento. Através da construção do
vínculo terapêutico sólido, o desenvolvimento de diferentes modalidades interdisciplinares
de tratamento, como a farmacoterapia, psicoterapia, oficinas terapêuticas e de artes, cursos
de formação contínua, capacitação profissional, intersetorialidade, prevenção de recaídas e
estratégias psicossociais foi possível à busca pela inclusão social, pelo acesso ao trabalho,
lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

Palavras-chave: Ensino; Saúde; Serviços de Saúde Mental; Redução de danos.


Eixo temático:Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho:Relato de Experiência

65
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ATITUDES DOS PROFISSIONAIS DA JUSTIÇA FRENTE AOS USUARIOS DE


SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS AVALIAÇAO POS-CAPACITAÇAO

Autores e instituição: Laerson da Silva de Andrade* (Centro de Estudos e Pesquisas sobre


Álcool e outras Drogas da Universidade Federal Espírito Santo), Rayane Cristina Faria
de Souza (Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas da Universidade
Federal Espírito Santo), Marluce Miguel de Siqueira (Centro de Estudos e Pesquisas sobre
Álcool e outras Drogas da Universidade Federal Espírito Santo).

Introdução: Este resumo é a proposta de Iniciação Científica aprovada no processo seletivo


2015-2016 da Universidade Federal do Espírito Santo. O contexto de criminalidade, no
qual as drogas estão inseridas, vem se configurando como uns dos grandes desafios
nacionais e os impactos são observados de forma mais intensa na Segurança Pública.
Diante disto, estudos enfatizam a necessidade de treinamento para uma abordagem
com maior eficácia nas intervenções preventivas aos problemas decorrentes do uso de
drogas. Objetivo: Assim, este estudo objetiva avaliar as práticas de atenção ao usuário de
drogas adotadas por profissionais da justiça capacitados em curso oferecido pelo Centro
Regional de Referência sobre Drogas do Espírito Santo (CRR-ES). Metodologia: Trata-se
de um estudo exploratório e descritivo, com amostragem intencional e definição a priori
dos participantes da pesquisa a partir da capacitação em álcool e outras drogas oferecida
pelo CRR-ES aos profissionais da segurança pública. Será utilizado um questionário sócio-
demográfico, um roteiro semiestruturado para entrevista, seguido da análise de conteúdo
de Bardin (2011). Considerações Preliminares: Pretende-se com a pesquisa, estimular
a discussão sobre a temática, com a finalidade de melhorar a qualidade assistencial aos
portadores de transtornos mentais advindos do consumo de drogas.

Palavras-chave: Avaliação em saúde; Drogas; Segurança pública, Educação permanente.


Eixo temático:Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

66
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ATUAÇÃO EM PREVENÇÃO TERCIÁRIA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA


DEPENDÊNCIA QUÍMICA

*Cristina Tondolo (Universidade Federal do Rio Grande), Cristine Lucila Schwengber


(Universidade Federal do Rio Grande), Cristiane Barros Marcos (Universidade Federal do
Rio Grande).

Apresentamos aqui o projeto “Prevenção Terciária”, desenvolvido no Centro de Estudos,


Prevenção e Recuperação de Dependentes Químicos (CENPRE). De acordo com Castro
e Rosa (2010) existem múltiplos fatores que influenciam uma pessoa a começar a usar
e abusar das drogas. A família, a escola, os pares e a comunidade podem ser fatores
de proteção ou de risco, dependendo das circunstâncias. Considerando a complexidade
da dependência de drogas, processo biopsicossocial, e a relevância da continuidade no
cuidado e atenção aos sujeitos que buscam diminuir seus sofrimentos relacionados ao
uso de substâncias, o grupo de Prevenção Terciária busca prevenir problemas futuros
relacionados ao uso de drogas, acompanhando os sujeitos que já obtiveram alta de seus
tratamentos. O desenvolvimento de um grupo com esse público permite a reflexão sobre os
fatores de risco e proteção relacionados ao uso de drogas, troca de experiências, diálogo
sobre as dificuldades encontradas no dia a dia e alternativas viáveis para lidar com situações
geradoras de conflitos. Neste trabalho, pretende-se descrever e discutir sobre o projeto
de Prevenção Terciária desenvolvido no CENPRE, seu método e aspectos relevantes.
Os encontros acontecem quinzenalmente, com duração de uma hora, nas dependências
do CENPRE e são conduzidos por duas bolsistas, estudantes do curso de psicologia.
Atualmente, os participantes do grupo são quatro, do sexo masculino, na faixa etária de 50
anos. A seleção dos mesmos ocorreu após uma busca no banco de dados do CENPRE,
por pacientes que já receberam alta de seu tratamento e desejam acompanhamento. O
desenvolvimento de dinâmicas e atividades possuem temática específica, previamente
definida pelas bolsistas ou sugeridas pelos participantes. Observou-se que durante a
execução das atividades independentemente da temática abordada, os participantes
relatam suas experiências com o uso de drogas e mencionam a importância da família
e atividades do dia a dia. Relatam a presença de drogas licitas e ilícitas nos contextos
familiares e comunitários, especialmente em ocasiões festivas, e manifestam dificuldade
para agir nestes momentos. Entende-se que é de fundamental importância que após a alta
os indivíduos tenham suporte de uma equipe que ofereça um espaço para pensar sobre
o manejo positivo de situações problemáticas. Para isso, se faz necessário que a equipe
seja, dentre outras coisas, flexível quanto ao seu planejamento, pois deve ser respeitada
a singularidade de cada participante e suas demandas. Considera-se necessário investir
na realização de atividades grupais para pacientes após o término de seu tratamento da
dependência de substâncias, uma vez que se trata de um processo contínuo. Além disso,
acredita-se que o foco em promoção de saúde e características positivas proporciona ao
paciente/participante um maior bem estar em diversos aspectos de sua vida e não somente
em relação ao uso de substâncias.

Palavras-chave: Grupo; Prevenção de recaída; Dependência química.


Eixo temático:Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

67
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

AVALIANDO O CONSUMO DE ÁLCOOL POR FUMANTES COM MÚLTIPLAS CONDIÇÕES


CRÔNICAS

Bárbara Any Bianchi Bottaro de Andrade* (UFJF), Marinéia Vicentina da Cruz (UNIVERSO),
Kelly Fabiane de Freitas Miranda (Imepen), Roberta Costa Gonçalves Valente (Imepen),
Marilda Aparecida Ferreira (Imepen), Tatiane da Silva Campos (Imepen), Jéssica Viana
Hinkelmann (Imepen), Luciana Fantini Salles (Imepen), Marcela Melquíades (Imepen),
Eliane Ferreira Carvalho Banhato (CES JF)), Marcus Gomes Bastos (UFJF); Arise Garcia
de Siqueira Galil (UFJF); Fernando Antonio Basile Colugnati (UFJF).

Introdução: O consumo de álcool e o tabagismo, juntamente com o sedentarismo e a dieta


inadequada, são fatores de risco modificáveis causadores da maioria das doenças crônicas
não transmissíveis (DCNT), que constituem um dos problemas de saúde pública de maior
magnitude no Brasil. A intervenção nestes fatores em portadores de DCNT pode reduzir
tanto agravos quanto a morbimortalidade e ainda proporcionar a melhora da qualidade
de vida destes sujeitos. Objetivo: Analisar as associações do consumo de álcool com
características biopsicossociais de fumantes com DCNT. Método: Estudo longitudinal,
avaliando fumantes da Unidade de Assistência Integral ao Fumante (UAI-T/ Fundação
IMEPEN), destinada à assistência a fumantes hipertensos, diabéticos e portadores de
doença renal crônica, de alto e muito alto risco cardiovascular, no período de maio/2012
a maio/2015, referente a 24 grupos consecutivos de tratamento para cessação do tabaco.
Estes usuários foram avaliados e acompanhados por equipe multidisciplinar em sessões
de sensibilização e de abordagem cognitivo comportamental (ACC), da 1ª à 4ª semana, e
na 8ª semana. O consumo ou não consumo de álcool foi relatado pelos usuários durante
a anamnese inicial; definiu-se como alta dependência nicotínica, o Teste de Fagerstrom
(TF)≥5 pontos; como depressão, o PHQ-2 ≥3 pontos; índice de cessação (IC, padrão
INCA de cessação), como a porcentagem de indivíduos em tratamento e abstênicos na
4ª sessão de ACC, circunferência abdominal aumentada (CAa), como a medida >88 cm,
para mulheres e >102 cm, para homens. Resultados: Amostra de 170 usuários, com idade
de 55,9±8,9 anos, sendo a maioria feminina (59,6%), com baixa escolaridade (79,9%) e
sedentária (58,2%). Dos 170 participantes, 26,8% afirmou consumir álcool. Comparando-
se estes usuários com aqueles que relataram não ingerir álcool, observamos que ser
do sexo masculino (p=0,032); apresentar maior prevalência de obesidade (p=0,020) e
CAa (p=0,050); ter menor prevalência de comorbidades psiquiátricas (p=0,015); e maior
IC (p=0,042), se associou significativamente àqueles que relataram ingestão de álcool.
Estes usuários também apresentaram maior tendência a ter maior dependência à nicotina
(p=0,065) e menor prevalência de sintomas depressivos (p=0,075). A cessação observada
na 8ª semana de acompanhamento não apresentou diferenças significativas entre os
grupos. Considerações finais: Nesse estudo, o relato do uso de álcool esteve associado
ao sexo masculino, à CAa e obesidade, assim como a menor presença de comorbidades
psiquiátricas. Tais características não interferiram no significativo maior IC apresentado por
estes usuários, mas a tendência à menor prevalência de sintomas depressivos pode ter
colaborado, como uma fortaleza para a maior cessação. É válido o rastreamento do uso de
álcool no processo de cessação do tabagismo, para a melhor construção das ferramentas
e treinamento de habilidades que poderão favorecer o maior alcance de cessação nesta
população.

Palavras-chave: Cessação tabágica; consumo de álcool; doenças crônicas.


Eixo-temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Sessão de pôsteres
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

68
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA INTERVENÇÃO BREVE PARA PROBLEMAS


RELACIONADOS AO USO DE ÁLCOOL NO AMBIENTE DE TRABALHO

*Maira Leon Ferreira (Universidade Federal de Juiz de Fora), Laisa Marcorela Andreoli
Sartes (Universidade Federal de Juiz de Fora)

Introdução: O uso do álcool impõe às sociedades vários danos e agravos indesejáveis


que acometem os indivíduos em todas as esferas de sua vida. O consumo de álcool
configura-se como um dos principais problemas de saúde no ambiente de trabalho e gera
consequências como absenteísmo, baixa produtividade, acidentes de trabalho e aumento
de custos para empregados e empregadores. Objetivos: Avaliar os efeitos da Intervenção
Breve (IB) no ambiente de trabalho para problemas relacionados ao consumo de álcool
através da medição do padrão de uso e do número de doses consumidas. Também
configurou-se como objetivos averiguar o estágio de motivação para a mudança no ato
de beber, comparar os setores de produção e administração quanto ao padrão de uso do
álcool e verificar a prevalência das queixas físicas entre os trabalhadores. Método: Trata-se
de um ensaio clínico randomizado não controlado, com desenho quase experimental de
natureza quantitativa. O estudo contou com 120 participantes. Após a leitura e assinatura do
TCLE, a entrevista teve início com a aplicação do Questionário sociodemográfico, seguido
pela Área “Médica” do ASI 6, AUDIT, outras questões sobre o álcool e a escala URICA.
Os participantes receberam diferentes estratégias de acordo com o AUDIT: Educação
para o álcool (0 a 7 pontos); Aleatorização para os grupos 01 e 02 (08 a 19 pontos) – (O
grupo 01 recebeu feedbacks e panfletos e o grupo 02 recebeu feedback, panfletos e a
IB); Encaminhamento para especialistas (20 pontos ou mais). Houve follow up via telefone
após três meses para os grupos 01 e 02. Resultados: Houve uma boa taxa de adesão a
pesquisa pois 104 funcionários participaram do estudo. Quanto ao padrão de uso do álcool,
segundo o AUDIT, 78 funcionários pontuaram padrão de baixo risco, 22 pessoas pontuaram
uso de risco ou nocivo, (principal foco das intervenções) e quatro pessoas pontuaram
como provável dependência. O grupo 02 (IB) mostrou diferenças significativas na redução
do consumo de álcool e no grupo 01(Feedback e panfletos) estas diferenças não foram
significativas apesar de os dois grupos sinalizarem tendências para a redução do consumo.
O estágio de motivação predominante na amostra foi o de Pré contemplação, onde não
há a motivação para a mudança no hábito de beber. As queixas físicas mais prevalentes
foram a pressão alta e problemas respiratórios. Houve maior consumo de álcool no setor
de produção em comparação com o setor administrativo. Considerações finais: A aplicação
da IB no ambiente de trabalho como ferramenta de prevenção foi viável, porém novas
pesquisas são necessárias a fim de comprovar a eficácia e efetividade da IB no ambiente
organizacional. Também é recomendado diferenciar estratégias que apresentam melhor
custo- benefício para o contexto laboral, sabendo que o feedback sobre o padrão de uso
também pode sinalizar uma tendência para a redução no consumo de álcool.

Palavras-chave: Psicoterapia Breve; Local de Trabalho; Transtornos Relacionados ao Uso


de Álcool
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

69
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

AVANÇOS E DESAFIOS NO CUIDADO DE USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS


PSICOATIVAS ATRAVÉS DO CONSULTÓRIO DE RUA

Erika Renata Trevisan, (Docente do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade


Federal do Triângulo Mineiro)*, Andrea Ruzzi Pereira (Docente do Departamento de Terapia
Ocupacional da Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Nayara Caroline Silva (Terapia
Ocupacional na Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Paulo Estevão Pereira (Hospital
de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro).

Resumo: A População em Situação de Rua é definida como um grupo populacional


constituído por pessoas que compartilham a garantia de sobrevivência através de
atividades desenvolvidas nas ruas, com vínculos familiares fragilizados ou interrompidos
e a falta de moradia regular, em alto nível de vulnerabilidade de saúde e social. Um dos
problemas dessa população é o uso abusivo de álcool e drogas. O Consultório de Rua é
um dispositivo público que oferece ações de promoção de saúde, prevenção e cuidados
primários nas ruas, sendo utilizada como estratégia a redução de danos, estimulando a
participação social e a cidadania. Objetivo: Investigar os avanços e desafios no cuidado de
usuários de substâncias psicoativas através do consultório de rua do município de Uberaba
–MG. Metodologia: Foi uma pesquisa qualitativa que utilizou como instrumentos de coleta
de dados a entrevista semi-estruturada e a observação realizados nos meses de abril e
maio de 2015. Participaram da pesquisa as três profissionais que constituem a equipe
do consultório de rua. Os sujeitos da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro sob o número de parecer 1.025.154. Resultados:
Foram determinadas duas categorias na análise de conteúdo: Ações do consultório de rua
de Uberaba e Avanços e Desafios nos atendimentos de usuários de substâncias psicoativas
de Uberaba. Nas ações desenvolvidas pelo consultório de rua foram relatadas: distribuição
de preservativo e a realização de curativo e de encaminhamentos para os serviços da rede,
explorando muito pouco as possibilidades da estratégia de redução de danos. Em relação
aos avanços foi relatado à própria implantação do consultório de rua, que funciona como
inclusão dessa população na rede de atendimento à saúde, através da disponibilização de
recursos, de cuidados básicos, atendimentos nas ruas e encaminhamentos das demandas
mais complexas. Antes havia somente serviços fechados, que tinham como objetivo a
retirada dessa população das ruas, outro avanço foi em relação a criação de vinculo entre
profissional e usuário. Os principais desafios apresentados foram à periculosidade dos
locais, principalmente pela questão da violência e do tráfico de drogas; o abandono e a
resistência apresentada pelos usuários em aceitar o tratamento, a falta de capacitação
profissional, e o pequeno número de profissionais compondo a única equipe do consultório
de rua de Uberaba, mas principalmente a falta de um redutor de danos. Considerações
Finais: Apesar das mudanças ocorridas nos serviços de saúde voltados para a população
em situação de rua usuárias de substâncias psicoativas, são necessários investimentos
em equipamentos, recursos humanos e capacitação dos profissionais e investimento em
pesquisas para diminuir as lacunas existentes.

Palavras Chaves: Saúde Mental; Alcoolismo; Drogas Ilícitas; População de Rua.


Eixo temático:Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

APP REDUÇÃO DE DANOS: INICIATIVA NA CRIAÇÃO DE UMA NOVA ESTRATÉGIA


DE REDUÇÃO DE DANOS.

Bruno Logan Azevedo* (App Redução de Danos), Mariana Bueno Pinheiro* (App Redução
de Danos)

Resumo:Redução de Danos, conceito em que a ferramenta se inspira, é uma abordagem


pragmática que visa à melhoria da qualidade de vida e à diminuição dos riscos e danos
associados ao uso de drogas, não apenas por meio de um conjunto de ações, mas
principalmente pela visão realista da questão das drogas. Essa estratégia, fundamentada
na visão de que é preciso construir soluções conjuntas com o usuário, vem obtendo bons
resultados em muitos países e ganhando força no Brasil desde a década de 90. Inspirada
nesta abordagem, um grupo multiprofissional – formado por três psicólogos, um antropólogo
e um publicitário – desenvolveu a ferramenta inovadora com o intuito de compartilhar
informações e orientações sobre as formas mais seguras de uso de drogas, a fim de
minimizar os riscos e os danos a elas associadas, melhorando assim, significativamente
a qualidade de vida dos usuários.O aplicativo de Redução de Danos é o primeiro deste
tipo no Brasil, surgiu a partir da preocupação com a falta de informação sobre o uso de
drogas e a distancia que alguns usuários possui dos serviços de cuidado. O aplicativo
possui uma linguagem informal, acessível e realista sobre o tema. Destinado não apenas
aos usuários, o aplicativopode ser utilizado também por profissionais que atuam com a
temática das drogas, a ferramenta disponibiliza estratégias relacionadas ao uso, gestão
de prazer e risco, informações sobre efeitos esperados e adversos. Atualmente conta
com informações sobre 15 substâncias, lícitas e ilícitas, que vão desde o cafezinho ao
crack, passando por drogas mais recentes como NBOMe. Em fase de aperfeiçoamento,
o App já obteve diversas avaliações favoráveis no Play Store e dezenas de contribuições
de usuários e colaboradores que se identificaram com o projeto.Lançado em fevereiro de
2015, inicialmente em português, o aplicativo já ultrapassou a marca de 9.000 downloads,
baixados em todos os Estados do país. Pode ser acessado a partir de um smartphone e é
disponibilizado gratuitamente para sistema Android e IOS.

Palavras-chave: App Redução de Danos; Aplicativo; Tecnologia.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

71
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

AS COMUNIDADES TERAPÊUTICAS NO CENÁRIO CAPIXABA: UMA REFLEXÃO


CRÍTICA

Fabiola Xavier Leal* (Universidade Federal do Espírito Santo), Caroline Christine Moreira
dos Santos (Universidade Federal do Espírito Santo), Renata Santos de Jesus (Universidade
Federal do Espírito Santo)

Este estudo tem como objetivos apresentar a realidade das Comunidades Terapêuticas
existentes no estado do Espírito Santo (ES) e problematizar esses serviços a partir da
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Trata-se de um recorte dos dados de uma Pesquisa
realizada entre os anos de 2012 a 2014 que realizou um diagnóstico sobre as instituições de
tratamento, prevenção, redução de danos e ensino/pesquisa na área de drogas no estado.
A proposta consistiu em problematizar os dados a partir de um cenário nacional referente
aos rumos da Política de Drogas Brasileira e foi concebida a partir de uma demanda da
realidade no que se refere às ações existentes na área de drogas na sociedade capixaba,
principalmente diante da urgência em elaborar análise da implementação da assistência
às pessoas que consomem drogas e que demandam intervenções. Como procedimentos
metodológicos, foram realizadas entrevistas com os dirigentes das entidades, com a aplicação
do instrumento de coleta de dados elaborado por Carvalho et al (2006) para a pesquisa
realizada pela Secretaria Nacional sobre Drogas (SENAD) em 2007. Verificou-se, entre
outros aspectos, a atuação das instituições, objetivos, atividades, rotinas de atendimento,
composição e qualificação dos recursos humanos e infraestrutura física/financeira. Para
a análise quantitativa utilizou-se a análise estatística descritiva e para as perguntas
abertas, análise de conteúdo. Foram garantidos os procedimentos éticos. Observou-se
um cenário que aponta para o crescimento de CTs Religiosas (CTRs), a reafirmação da
lógica manicomial expressa nos encaminhamentos recorrentes da quase totalidade dos
municípios capixabas para instituições com regime de internação e, sobretudo, ausência
de instituições qualificadas para atender as demandas para tratamento na área de drogas.
Assim, nossas reflexões acompanham as reflexões da Luta Antimanicomial e demais
movimentos em defesa do SUS no sentido de nos posicionamos contra a implantação de
uma “rede paralela” à rede pública de saúde.

Palavras-chave: Política de Saúde; Política de Drogas; Comunidades Terapêuticas.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

72
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

AVALIAÇÃO DA MUDANÇA PERCEBIDA DE USUÁRIOS DO CENTRO DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Rejane Maria Dias de Abreu Gonçalves * (Escola de Enfermagem da Universidade de São


Paulo), Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira (Escola de Enfermagem da Universidade de
São Paulo), Paula Hayasi Pinho (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo),
Rosana Ribeiro Tarifa (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Heloísa
Garcia Claro (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Maria Odete Pereira
(Universidade Federal de Minas Gerais), Thaís Fernandes Rojas (Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo), Raysa Cristina Dias de Moura (Universidade Federal do
Triângulo Mineiro)

Resumo:
Introdução: A literatura da área tem apontado a relevância da participação dos usuários,
como parte integrante e necessária no processo de avaliação da qualidade dos serviços
de saúde mental, uma vez que eles estão envolvidos diretamente com o tratamento e são
os principais interessados em melhorá-lo. Apesar de estudos internacionais indicarem
a importância dessa avaliação na perspectiva dos usuários, no Brasil, os estudos estão
apenas começando, na avaliação da percepção de mudança pelos usuários de substâncias
psicoativas em função do tratamento no Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e outras
Drogas (CAPSad), justificando a necessidade deste estudo. Objetivo: Avaliar a mudança
percebida pelos usuários dos CAPSad do Estado de Minas Gerais e investigar as variáveis
correlacionadas ao perfil socioeconômico e clínico. Metodologia: Estudo transversal realizado
em uma amostra de 330 usuários em 13 CAPSad das macrorregiões do Estado de Minas
Gerais. A amostragem foi realizada por aleatorização simples sem reposição e a coleta de
dados por meio de entrevistas, com instrumento contendo dados sobre o perfil dos usuários
e a Escala de Mudança Percebida, validada para uso no Brasil. Foi feito análise estatística
descritiva e inferencial de regressão linear univariada e múltipla de mínimos quadrados
ordinários. Resultados: A amostra se apresenta, predominantemente, de homens (78,2%),
com média de idade de 44,8 anos, solteiros (69,1%), possui ensino fundamental incompleto
(54,5%), fora do mercado de trabalho (69,1%), e tendo, como principal fonte de renda, o
auxílio-doença, benefícios sociais e renda familiar. A maioria dos usuários já havia estado
no serviço anteriormente (52,1%), frequentando há menos de 1 ano (40,0%). Mais da
metade dos usuários não tiveram histórico de internação durante o tratamento. Entretanto,
apresentaram intercorrência no CAPSad (69,7%). Quanto ao período de abstinência e
o uso de substância química, a maioria referiu não consumir bebida alcoólica e drogas
ilícitas no último mês (60,0%); fazia uso de algum psicofármaco (81,8%) e era fumante
(70,0%). A avaliação da mudança percebida obteve escore médio para a escala global
de 2,62 (DP = 0,35). Estes dados mostram que, a maioria dos participantes considera
estar melhor do que antes do tratamento. Considerações finais: Os resultados indicaram
ainda uma relação significativa na análise univariada e multivariada entre os usuários com
maior idade, escolaridade e renda, que frequentam o CAPSad com regularidade e estão
satisfeitos com o serviço, percebem mais mudanças com o tratamento se comparado aos
demais. Por outro lado, as mulheres percebem menos melhora do que os homens, bem
como os usuários que consumiram bebida alcoólica e droga ilegal recentemente, uso de
psicofármaco, com histórico de internação e intercorrências durante o tratamento.

Palavras-chave: Enfermagem psiquiátrica; Avaliação de serviços de saúde; Avaliação de


resultados; Transtornos relacionados ao uso de substâncias. Serviços de saúde mental.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho:Relato de Pesquisa com resultados finais

73
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

AÇÕES DE EDUCAÇÃO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DO USO


PREJUDICIAL DE DROGAS COM ADOLESCENTES: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Gabriela Morais Fernandes de Sousa* (Faculdade de Minas- Campus Belo Horizonte),


Priscila Tairine dos Santos Pio (Faculdade de Minas- Campus Belo Horizonte), Fernanda
Batista de Oliveira Santos (Faculdade de Minas- Campus Belo Horizonte)

Resumo: Atualmente, o uso abusivo de drogas vem crescendo no Brasil, entre os jovens
de diversas classes sociais. Entendemos como drogas aquelas substâncias que geram
intoxicação ou dependência química, e que, por seus efeitos sobre o psíquico e sobre o
comportamento, são lesivas ao indivíduo e à sociedade. Para a Organização Mundial da
Saúde (OMS), adolescentes são pessoas de 10 a 19 anos, porém o Estatuto da Criança e do
Adolescente estabelece o adolescente dentro da faixa etária de 12 e 18 anos. Inicialmente,
a adolescência é vinculada à idade e ao desenvolvimento biológico e corpóreo, entretanto
é na adolescência que ocorrem transformações subjetivas como as comportamentais e
sociais. Por ter se tornado um problema de saúde pública, o uso de drogas na adolescência
requer atenção especializada, pois envolve lidar com suas diferentes questões. Diante disso
destaca-se o papel do enfermeiro no desenvolvimento de ações que estejam direcionadas
aos jovens. O enfermeiro deve atuar na redução da demanda crescente de usuários de
drogas e produzir conhecimento científico que contribua para a resolução de problemas
de seu uso. Diante das questões expostas sobre o uso de drogas e da experiência como
discentes de enfermagem, objetivou-se relatar a importância das práticas de educação em
saúde englobando promoção da saúde e prevenção do uso de drogas junto aos adolescentes
e a comunidade. Trata-se de um relato de experiência realizado com adolescentes na
faixa etária entre 14 e 18 anos no âmbito escolar, em um colégio localizado no bairro
Pedra Branca, Ribeirão das Neves-MG. Em um primeiro momento buscamos conhecer a
estrutura do colégio e a comunidade ao qual frequenta, divulgando sobre a ação educativa
planejada pelos acadêmicos. Em outro momento realizamos a uma palestra para os alunos,
comunidade e funcionários da escola, incentivando boas práticas para melhor qualidade de
vida e a prevenção dos males que as drogas causam no usuário, fazendo o uso de cartilhas
para buscar socializar o conhecimento sobre drogas, com embasamento científico. Foi feito
uma revisão bibliográfica na biblioteca virtual em saúde, onde foram encontrados artigos
que havia pertinência com o tema a ser abordado. Ao fim da palestra foi nos relatado pela
equipe pedagógica que a visita foi de grande valia, pois planejam desenvolver um projeto
para ser executado com os alunos e a comunidade, trabalhando a prevenção das drogas e
a promoção da saúde. Observamos que a enfermagem deve estar envolvida na orientação
sobre questões de prevenção de males e promoção da saúde, pois é de grande influência
na qualidade de vida e do bem estar da sociedade. Portanto, o estudo nos possibilitou um
amadurecimento sobre a inserção do enfermeiro na educação envolvendo as questões
no contexto da prevenção do uso de drogas e promoção da saúde à comunidade e
adolescentes, já que o problema abordado constitui algo comum do cotidiano.

Palavras-chave: Drogas; Prevenção; Promoção; Adolescente; Enfermagem


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

74
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

AÇÕES EDUCATIVAS GRUPAIS PARA CESSAÇÃO TABÁGICA EM UNIDADE DE


ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA RESIDÊNCIA

Lívia Alves Cinsa* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Cristina Arreguy-Sena


(Universidade Federal de Juiz de Fora), Vanderléia Soéli de Barros Zampier (Universidade
Federal de Juiz de Fora)

Introdução: O consumo do tabaco, enquanto fator agravante sobre a saúde, possui


caráter prevenível e o tabagismo constitui numa das principais causas de fator de risco
para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), cujo controle representa uma das
medidas de impacto sobre o custo-efetividade com tratamento de saúde e sobre o declínio
do agravamento das DCNTs. Objetivo: relatar experiências vividas na atenção primária à
saúde durante operacionalização das ações educativas grupais para cessação tabágica.
Metodologia: Relato de experiência sobre a operacionalização das ações educativas grupais
para cessação tabágica realizado em Atenção primária à saúde a partir das atividades do
Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto com Ênfase em doenças
crônicas degenerativas numa cidade da Zona da Mata Mineira. As ações desenvolvidas
eram alicerçadas na sequência guiada pelo manual “Deixando de fumar sem mistérios”. O
tratamento tem duração de um ano, de maneira que no início há seis sessões semanais,
seguidas de duas sessões quinzenais e nove sessões mensais. Os grupos de apoio
eram ministrados por uma equipe multiprofissional capacitada para esta atividade, cujos
profissionais ofereciam orientações, tratamentos que auxiliavam na diminuição do consumo
de tabaco e/ou na sua interrupção. Em todos os encontros era destinado um tempo para
que os participantes relatassem as experiências que tiveram no intervalo de uma reunião e
outra. Eram estimuladas reflexões sobre situações que agravavam ou amenizavam o desejo
de fumar, sobre os hábitos, situações e circunstâncias em que o desejo se intensificava ou
amenizava e quais eram as principais dificuldades que enfrentavam para ficar sem fumar.
Resultado: Pude acompanhar pessoalmente modificações de comportamentos e relatos de
melhora no estado geral, além de detectar evidências de recuperação, ações com impacto
sobre a promoção da saúde, prevenção de doenças e melhora nas relações interpessoais
que eram afetadas pelo consumo do tabaco. Considerações Finais: Em minhas reflexões,
considero que o uso de estratégias participativas e contextualizadas na necessidade de cada
grupo de pessoas que fumava tornava o grupo inovador e os participantes eram atendidos
de forma única, a ponto de permitir que eles fossem atendidos em suas individualidades
a partir de uma abordagem socialmente construída no/com o próprio grupo. Esta era a
estratégia que os auxiliava a não se sentissem sozinhos, de forma que não se colocassem
somente como ajudados, pois os papéis de ajuda e de ser ajudado se alternavam em
determinados momentos, caracterizando um fluxo de colaboração, incentivo, reafirmação
de metas, superação de dificuldades e aproximação de alcances para interromper o
comportamento de fumar e manterem-se assim.

Palavras-chave: Tabaco; Abandono do Hábito de Fumar; Atenção Primaria à Saúde


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

75
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

AÇÕES EDUCATIVAS SOBRE SAÚDE MENTAL/SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS PARA A


COMUNIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Alvim Pagung de Abreu (Acadêmico de Terapia Ocupacional, Membro Voluntário da Equipe


Técnica do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas da Universidade
Federal do Espírito Santo); *Larissa Roncati de Oliveira Seabra (Acadêmica de Enfermagem,
Bolsista de Extensão e Membro da Equipe Técnica do Centro de Estudos e Pesquisas
sobre Álcool e outras Drogas da Universidade Federal do Espírito Santo); Juliana Davel
(Acadêmica de Enfermagem, Bolsista de Extensão e Membro da Equipe Técnica do Centro
de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas da Universidade Federal do Espírito
Santo); Pedro Henrique Costa dos Santos (Enfermeiro Pesquisador, Membro da Equipe
Técnica do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas e Mestrando pelo
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo);
Rayane Cristina Faria de Souza (Enfermeira Pesquisadora, Membro da Equipe Técnica do
Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas e Mestranda pelo Programa
de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito Santo); e
Marluce Miguel de Siqueira (Profª Titular do Deptº de Enfermagem e do Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva, Coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas sobre
Álcool e outras Drogas da Universidade Federal do Espírito Santo e Orientadora).

Resumo: Ao longo do ano, a equipe de Ações Educativas do Centro de Estudos e Pesquisas


sobre Álcool e outras Drogas da Universidade Federal do Espírito Santo (CEPAD-UFES)
desenvolve ações de extensão com cunho preventivo junto à comunidade universitária,
bem como à comunidade capixaba em geral. Seguindo as diretrizes de um calendário
temático, que inclui as datas comemorativas preconizadas pelo Instituto Nacional do
Câncer (INCA), envolvendo a divulgação do combate ao tabagismo, e as que abrangem
as diversas temáticas relacionadas com a Saúde Mental e o uso de drogas. O objetivo é
promover ações que sensibilizem a comunidade acerca das temáticas de Saúde Mental
e Substâncias Psicoativas, tendo como objetivos específicos: 1) Conscientizar sobre os
fatores de risco e proteção relacionados às temáticas de Saúde Mental e Substâncias
Psicoativas; 2) Difundir conhecimentos sobre Saúde Mental e prevenção ao uso de drogas;
e, 3) Interagir com a comunidade acadêmica e externa à Universidade. A abordagem nas
ações se dá através do contato direto com o público, com o auxílio de materiais lúdicos,
realização de estratégias interativas; da panfletagem no campus do Centro de Ciências
da Saúde; divulgação de materiais temáticos produzidos pela equipe através de meios
eletrônicos (site da Universidade, home page e Facebook do CEPAD e e-mail institucional
dos colaboradores). As ações incluem, sob a temática Substâncias Psicoativas: a prevenção
e a cessação do uso de tabaco, bem como das outras drogas. Já sob a temática Saúde
Mental, trabalhamos: luta antimanicomial, prevenção ao suicídio e outros tópicos. Espera-
se, portanto, sensibilizar a população com relação às temáticas, promover a mentalidade
preventiva em relação ao uso de drogas e outras questões da Saúde Mental. O esforço
de sensibilizar o público é contínuo e deve ser pautado na capacidade de aproximação,
conscientização e promoção da saúde, levando em consideração os fatores que são
propostos como itens para mudança e manutenção do estilo de vida.
Palavras-chave: Educação em saúde; Saúde mental; Prevenção; Drogas.

Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial


Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

“CONVERSA ENTRE MULHERES”: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ATENÇÃO AO


CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NO CONTEXTO DE UM CAPS AD

Dienna de Souza Andrade*(Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Ende Iasmim


Cruz Santos (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Keline Santos de Carvalho
(Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Vânia Sampaio Alves (Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia).

O consumo de álcool e outras drogas entre as mulheres e as implicações decorrentes do


padrão de uso abusivo vêm sendo retratado na literatura como fenômeno crescente, com
início precoce e cada vez mais freqüente na sociedade. Dentre as causas relacionadas a
este fenômeno,discutem-se aspectos associados à história e a posição social das mulheres,
bem como às mudanças contemporâneas no que tange às relações sociais e às questões
de gênero. No Brasil, o fenômeno caracteriza-se como um relevante problema de saúde
pública. No entanto, a produção científica sobre o tema ainda é incipiente, o que repercute
em intervenções de saúde pouco sensíveis às diferenças de gênero e às necessidades
específicas das mulheres. Diante da complexidade do tema e de sua abordagem mesmo
no contexto de serviços de saúde, delineou-se um projeto de extensão com o objetivo de
proporcionar um espaço de produção compartilhada de conhecimento sobre a saúde de
mulherese uma abordagem transversal da experiência com o álcool e outras drogas.O
cenárioselecionado para o desenvolvimento do projeto de extensão corresponde a um
Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad) de um município do Recôncavo
da Bahia. Como estratégia metodológica para o planejamento da atividade, adotou-sea
técnica de observação direta do cotidiano do serviço com o objetivo de identificar principais
demandas e temas para o desenvolvimento de uma intervenção voltada para mulheres
assistidas no CAPSad. Em seguida, deu-se início a atividade intitulada “Conversa entre
Mulheres”, organizada semanalmente em formato de rodas de conversa, com abordagem
usuário-centrado e incorporação de metodologias participativas, sendo aberta à participação
voluntária de mulheres.A atividade vem produzindo reflexões relevantes sobre a experiência
direta e indireta com o consumo de álcool e outras drogas, bem como as consequências
desta experiência para a saúde das mulheres. Nota-se que as rodas de conversa constituem-
se em um ambiente propício para a produção de narrativas sobre as histórias de vida, troca
de experiências e ajuda mútua.Observa-se que a ação vem favorecendo a autonomia e
o protagonismo das participantes na produção compartilhada de conhecimento sobre a
experiência com as drogas e as possibilidades de cuidado na rede de atenção à saúde.
Considera-se que, por meio de uma escuta sensível e qualificada sobre a experiência de
mulheres com o consumo de álcool e outras drogas, seja na condição de usuária ou de
pessoa da rede social de usuários, pode-se fortalecer o reconhecimento e o acolhimento
da especificidade da demanda de cuidado deste grupo populacional. Espera-se que essa
experiência possa contribuir para uma reflexão sobre a atuação da equipe do CAPSad na
qualificação da atenção às mulheres com necessidades de saúde decorrentes do consumo
de substâncias psicoativas.

Palavras-chave: Álcool e outras drogas; Saúde da mulher; Vulnerabilidade; Atenção


psicossocial.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

“EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO FACILITADORA DE NOVOS CAMINHOS”

Edna Mara Mendonça* (Ministério da Saúde) e Viviane Andrade Pinheiro (Ministério da


Saúde)

O Projeto Caminhos do Cuidado (Ministério da Saúde) capacita trabalhadores de saúde


em todo país no atendimento aos usuários de crack e outras drogas, visando melhorar a
atenção aos mesmos e suas famílias por meio da qualificação dos profissionais da Atenção
Básica, em especial Agentes Comunitários de Saúde e Técnicos/Auxiliares de Enfermagem.
Esta ação se insere no eixo do Cuidado do plano integrado de combate às drogas ‘Crack, é
Possível Vencer’, sob responsabilidade do Ministério da Saúde e articulado pela Casa Civil.
Como tutoras do Projeto, tivemos a oportunidade de vivenciar crescimento e aprendizagem
por parte de nossos alunos. Durante a capacitação no município, ofertada entre outubro e
novembro de 2014 em Pará de Minas/MG um ACS, que já havia exercido a profissão de
marceneiro, sentindo-se motivado e capaz, resolve construir junto aos usuários de drogas
de sua área de abrangência uma oficina de marcenaria que teria como foco a confecção
de móveis rústicos. Tal desejo foi ofertado a gestão municipal, que sugeriu uma oficina
no centro de convivência de Saúde Mental como atividade complementar as ações do
CAPS-ad. Tal exemplo vem de encontro ao pensamento que nós, trabalhadores de Saúde
Mental, não perdemos como prioridade: “Sempre há o que fazer”. Desta forma, enfatizamos
a educação permanente e/ou as ofertadas de formação profissional como “disparadora” do
cuidado as pessoas que fazem uso problemático de álcool e drogas.

Palavras-chave: Educação Permanente; Saúde Mental; Uso de drogas.


Eixo temático: “Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos”
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de Trabalho: Relato de Experiência

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

“MATRIX”: RELATO DE CASO DE UM USUÁRIO ACOMPANHADO PELO CONSULTÓRIO


NA RUA.

Denicy de Nazaré Pereira Chagas (Universidade Federal de Juiz de Fora), Paula Miranda
de Oliveira (Associação Casa Viva/JF), Tatiana Oliveira Pereira Tavares* (Associação Casa
Viva/JF).

Este estudo advém da vivência das autoras no Programa Consultório na Rua. Falar da
População em Situação de Rua é referir-se a um grupo heterogêneo que abrange modos
singulares de se relacionar com o território no qual está inserido, tendo em comum a
pobreza e a exposição às diversas formas de violência, estigmas e preconceitos, bem como
dificuldades de acesso aos equipamentos de saúde e intersetoriais. Em 2011, o Consultório
na Rua foi proposto pelo Ministério da Saúde como um dos componentes da Atenção
Básica da Rede de Atenção Psicossocial, atuando frente aos diferentes problemas e
necessidades de saúde da População em Situação de Rua. A busca ativa e o fortalecimento
de vínculos tornam-se ferramentas de extrema importância para o processo de cuidado
desta população. Assim, neste estudo, objetiva-se relatar a experiência de abordagem,
acolhimento e vinculação de uma pessoa em situação de rua à equipe do Consultório na
Rua (eCR) de Juiz de Fora/MG. Trata-se de estudo descritivo, do tipo relato de caso, sendo
as informações obtidas por meio de revisão do prontuário, reunião de equipe, entrevista
com o usuário e revisão da literatura. No primeiro atendimento, o usuário visivelmente
desconfiado nega ser ele quem a eCR procurava. O comportamento de desconfiança foi
substituído, aos poucos, pela confiança ao perceber que a pretensão da equipe era de
criar vínculo fundamentado no respeito e na disponibilidade do outro em estabelecer uma
relação. Apresentamo-nos, explicamos os objetivos do trabalho e nos dispusemos a ouvi-
lo, desprovidos de qualquer comportamento prescritivo ou do excesso de orientações e
propostas, momento em que foi possível a nomeação: “eu sou o Matrix”. Operando por
meio do vínculo, estávamos ali, semanalmente, ouvindo suas demandas e dificuldades que
perpassavam entre problemas de saúde, como perda de visão, dificuldade de locomoção e
uso intenso de bebida alcoólica à falta de documentação e possibilidades de requerimento
de benefícios assistenciais, os quais lhe eram de direito. Diante desses atendimentos, ele
começou a se corresponsabilizar pelo seu plano de cuidado e, passo a passo, através de
estratégias de redução de danos, que vão para além do uso de drogas, bem como sua
inserção à Atenção Básica, o mesmo foi se reestabelecendo diante da vida e criando novas
possibilidades de pertencimento. Atualmente, “Matrix” está aposentado à procura de um
local para morar. Em paralelo, iniciou contato com sua família em São Paulo, cidade de
origem e, não descarta a possibilidade de retornar ao convívio familiar. A vivência traz à
luz os modos de operar o cuidado, que rege o processo de trabalho da eCR, valendo-se
da construção de vínculo como ferramenta de potencialização do cuidado e convergindo
com os pressupostos da Atenção Básica, Saúde Mental e da estratégia de Redução de
Danos, como orientação ético-política e garantindo, acesso equânime ao SUS e as demais
políticas públicas àqueles que fazem da rua seu território de vida.
Palavras-chave: Cuidado; Consultório na Rua; População de Rua; Vínculo.

Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos


Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

“RODEI”: A REPRESSÃO POLICIAL AO USO DE DROGAS NA CIDADE DO RIO DE


JANEIRO SEGUNDO A PERSPECTIVA DOS JOVENS.

Fernanda Novaes Cruz (Instituto de Estudos em Sociologia e Política – Universidade do


Estado do Rio de Janeiro)

O presente trabalho visa discutir a questão das abordagens policiais motivadas por
busca de drogas na cidade do Rio de Janeiro. As discussões sustentadas pela ideia de
comportamento desviante (BECKER, 2008) mostram como ocorrem essas abordagens e
a forma que os jovens percebem e avaliam o tratamento dado pelos policiais durante essa
situação. Os dados utilizados nesse trabalho são entrevistas semiestruturadas com jovens
entre 18 e 29 anos moradores da cidade do Rio de Janeiro. As entrevistas contemplam
diversos perfis de jovens, estando atenta especialmente a área de domicílio dos jovens.
O objetivo dessa separação é analisar se há diferenças no tratamento dado por policiais
quando comparadas áreas mais ricas e áreas mais pobres. Também são consideradas na
análise a cor dos abordados, se moram em Favela ou Não Favela, entre outros. A ideia
que defendo nesse é que o trabalho de abordagem policial não é aleatório, ou seja, alguns
indivíduos são mais suspeitos do que outros. Além disso, discuto questões relacionadas à
essas abordagens como extorsões, agressões físicas e verbais e se a repressão policial
gera impacto no consumo de drogas para os jovens abordados.

Palavras-chave: Guerra as drogas; Juventude; Polícia Militar; Proibicionismo


Eixo temático: Redução da Oferta
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de pesquisa com resultados finais

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

FORMAÇÃO PARA A ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS


DROGAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO CENTRO REGIONAL DE REFERÊNCIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA (CRR-UFRB)

*Eder Pereira Rodrigues (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) ,João Mendes


de Lima Júnior (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) , Vânia Sampaio Alves
(Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) , Suely Aires Pontes(Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia)

A formação de trabalhadores das redes intersetoriais para a atenção integral a usuários


de álcool e outras drogas constitui um importante desafio para a reorientação do modelo
assistencial. A compreensão do fenômeno do consumo abusivo de substâncias psicoativas,
o reconhecimento das políticas sobre drogas e da organização da rede de atenção
psicossocial, o gerenciamento de casos pautado na redução de danos e na promoção
da (re)inserção social podem ser realçados como algumas das temáticas relevantes à
formação desses trabalhadores. O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência
do Centro Regional de Referência em Educação Permanente em Crack, Álcool e outras
Drogas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (CRR-UFRB). O CRR-UFRB
iniciou suas atividades em 2011 mediante convênio com a Secretaria Nacional de Políticas
Sobre Drogas (SENAD). A criação de um CRR na região representou uma significativa
conquista. No relato de quase todos os gestores e trabalhadores havia a referência de
uma intensa fragilidade no modo como o cuidado vinha sendo ofertado aos usuários de
substâncias psicoativas. Como reflexo da lacuna de formação na área, o CRR, que em seu
primeiro ano de funcionamento tinha por meta inicial ofertar quatro cursos para cinco turmas,
ampliou sua oferta para sete turmas. Ao final do primeiro ciclo de cursos, as falas que mais
se repetiram por parte dos participantes era de que os cursos tinham sido de inquestionável
importância, mas que havia a necessidade de intensificar o processo de formação e de
articulação entre as redes tanto em âmbito municipal como regional. Em atenção a essa
demanda, o CRR tem assumido o compromisso de abarcar atores de outras redes de
cuidado, bem como o de fomentar o debate acerca das políticas sobre drogas e das práticas
de prevenção do consumo abusivo, tratamento, redução de danos e reinserção social. Em
quatro anos de funcionamento, o CRR ofertou cursos de formação para quatorze turmas,
contemplando a participação de gestores e trabalhadores das áreas de saúde, assistência
social e justiça de 56 municípios. Para além dos cursos, o CRR-UFRB tem desenvolvido
outras atividades formativas e de cunho político, tal como a realização de duas edições
do Fórum de Políticas Sobre Drogas e a participação em reuniões e grupos de trabalho
para discussão da rede de atenção psicossocial da região e em conselhos municipais de
políticas sobre drogas. O total de participantes com certificação nas atividades promovidas
pelo CRR corresponde a 1.459 (2011-2014). Diante dessa experiência, considera-se que o
CRR vem concretizando o seu papel de articular e coordenar atividades para a qualificação
da atenção aos usuários de drogas no Recôncavo da Bahia. Dentre os desafios atuais,
pode-se destacar: o aprimoramento do processo pedagógico na perspectiva da educação
permanente e a elaboração de projetos de intervenção no âmbito dos cursos, bem como o
monitoramento de sua implementação nos serviços e território.

Palavras-chave: Educação Permanente; Substâncias Psicoativas; Drogas


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CACHIMBANDO: OFICINA DE CACHIMBO E DISTRIBUIÇÃO DE KITS DE REDUÇÃO


DE DANOS PARA USUÁRIOS DO PROGRAMA DE BRAÇOS ABERTOS.

Autores e instituição: Tamara Neder Collier* (SAE Campos Elisios/ PRD Sampa/
Programa De Braços Abertos); Caique Almeida (SAE Campos Elisios/ PRD Sampa/
Programa De Braços Abertos); Felipe A. Martins (SAE Campos Elisios/ PRD Sampa/
Programa De Braços Abertos)

Objetivo:O Projeto de Redução de Danos do Programa de Braços Abertos, da prefeitura


do Município de São Paulo, fomenta a realização de novas práticas na construção de
estratégias de promoção de saúde entre usuários de drogas das mediações da Estação
da Luz (região central de São Paulo) através de oficina de manufatura de cachimbos
artesanais; distribuição de kits de redução de danos; e o acompanhamento e monitoramento
dos referidos usuários.Metodologia: As atividades são realizadas por meio de encontros
mensais, nos quais acontecem rodas de conversa – formação de oficinas educativas em
prevenção – em que são disponibilizados materiais para que os participantes confeccionem
seu próprio cachimbo. Os encontros acontecem com a participação ativa dos usuários
discutindo sobre estratégias de uso seguro de drogas e diminuição da vulnerabilidade
social do público alvo, refletindo sobre os melhores materiais de confecção do cachimbo,
quais insumos são necessários para a construção de um kit redução de danos de crack
e quais outras estratégias de promoção de saúde devem e podem ser adotadas por essa
população. O kit de redução de danos é composto por: porta-cinzas, protetor labial a base
de Guaçatonga, piteira, o cachimbo confeccionado na oficina pelos usuários, preservativos,
informativos educativos e gel lubrificante. Os agentes redutores de danos do PRD Sampa
têm feito pesquisas durante as atividades de campo e levantamento de dados teóricos e
metodológicos dos insumos relevantes na construção do kit RD para crack. Resultados:
apropriação do espaço público do De Braços Abertos pelos usuários de crack da região;
qualificação do vínculo entre os serviços de saúde da região e os usuários de drogas;
consolidação da redução de danos como paradigma de saúde pública na abordagem da
questão do uso de drogas e saúde mental; construção e articulação da rede de serviços que
atendem essa população no território e construção e consolidação do insumo em redução
de danos através da distribuição de um kit RD para crack.

Palavras-chave: Redução de Danos; Programa De Braços Abertos; Insumos de


prevenção; Oficina de cachimbo; Kit redução de danos
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA REDE DE ATENÇÃO AO USUÁRIO DE CRACK


E OUTRAS DROGAS - UMA ESTRATÉGIA DE GARANTIA DE DIREITOS.

Leila Gracieli da Silva (Programa de Pós-graduação em Psicologia pela Universidade


Federal de Rondônia - UNIR), Itamar Félix Júnior* (Programa de Pós-graduação em
Psicologia - UNIR), Thaís Najara de Souza Sá (Programa de Pós-graduação em Psicologia
- UNIR), Iagê Lage Donato (Programa de Pós-graduação em Psicologia - UNIR), Paulo
Renato Vitória Calheiros (Departamento de Psicologia e Profº Dr. no Programa de Pós-
graduação em Psicologia – UNIR), Paulo Rogério Morais (Departamento de Psicologia e
Prof. Ms. do curso de Psicologia da UNIR).

As consequências do consumo disfuncional de drogas no mundo afetam diversos setores


da sociedade, como educação, saúde, assistência social, segurança pública, justiça e
trabalho. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) há uma carência de tratamentos
psicossociais eficazes para o problema, o que agrava a situação. Assim, esta sugere a
capacitação dos profissionais para trabalhar com intervenções baseadas em evidências
como uma forma de garantir o direito a tratamentos de saúde contextualizados. Este trabalho
relata a experiência do Centro Regional de Referência da Universidade Federal de Rondônia
(CRR/SENAD/UNIR), na capacitação de profissionais que atuam com usuários de crack e
outras drogas. O CRR faz parte de uma iniciativa do Plano Integrado de Enfrentamento
ao Crack e Outras Drogas, lançado pelo Governo Federal em 2010. O CRR/SENAD/UNIR,
estabelecido em 2014, conta com uma equipe constituída de um coordenador geral, um
coordenador de curso e 08 docentes de áreas diversas, com experiência prática e de
pesquisa no campo da dependência química e atenção ao usuário de drogas. No período
de julho de 2014 a agosto de 2015, foram oferecidos os cursos de “Aperfeiçoamento em
Crack e outras Drogas” e “Atualização em Atenção Integral aos Usuários de Álcool, Crack
e outras Drogas”. No total 300 profissionais foram capacitados em 08 edições dos cursos,
a maioria dos profissionais eram ligadas a rede pública de saúde, assistência social e
atuantes em comunidades terapêuticas, havendo também profissionais ligados a órgãos
de justiça e estudantes de graduação. Resultados: A expressiva maioria dos profissionais
mostrou-se disposta a partilhar experiências, no intuito de ampliar os conhecimentos e
técnicas de atuação. Durante os cursos, ocorreram momentos de discussão e troca de
experiências entre os participantes sobre as principais dificuldades no processo de
atendimento e maneiras de contorná-las. As atuações do CRR contribuem atualizando o
conhecimento dos profissionais, fomentando estratégias mais efetivas e contextualizadas,
bem como auxiliando na reorientação tanto da prática quanto na adesão ao tratamento.
Foi possível identificar dificuldades na transposição da aquisição de conhecimentos para a
implantação de novas práticas e, entre as verbalizações dos participantes, destacaram-se
como limitações: a sobrecarga de trabalho; baixo poder de decisão/atuação; insuficiência
de recursos; baixo investimento em capacitação e dificuldades de atuação entre a própria
rede de atenção ao usuário de substâncias psicoativas. Considerações finais: O uso de
intervenções baseadas em evidências constitui um dos principais meios de garantir o
direito básico à saúde às pessoas com problemas relacionados ao uso de drogas. O CRR
atua diretamente sobre a garantia deste direito por meio da capacitação dos profissionais
atuantes na rede.

Palavras-chave: Tratamento; Dependência química; Formação e Capacitação


Permanente; Rede de Atenção Psicossocial.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

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V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA O ACOLHIMENTO A USUÁRIOS DE CRACK


E OUTRAS DROGAS E SEUS FAMILIARES: CONTRIBUIÇÃO DO CENTRO REGIONAL
DE REFERÊNCIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO (RELATO
DE EXPERIÊNCIA)

Luciana Cristina Caetano de Morais Silva* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro),


Sybelle de Sousa Castro (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Ailton de Souza
Aragão (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Érika Renata Trevisan (Universidade
Federal do Triângulo Mineiro); Helena Hemiko Ywamoto (Universidade Federal do Triângulo
Mineiro).

Este trabalho tem como objetivo apresentar as percepções dos profissionais que participaram
dos cursos de capacitação oferecidos pelo Centro Regional de Referência da Universidade
Federal do Triângulo (UFTM), em 2014, em relação a relevância dos conteúdos abordados
durante os cursos para a construção das suas práticas profissionais. A implantação dos
Centros Regionais de Referência (CRR) nas universidades públicas brasileiras, com vistas
à realização de cursos de formação permanente, compõe uma das ações do Programa
“Crack, é possível vencer” (2011). Por meio do Edital nº 002/2010/GSIPR/SENAD, o
CRR/UFTM desenvolveu em 2014 dez cursos de capacitação para aproximadamente
360 profissionais da Rede de Atenção a Saúde e Assistência Social, Segurança Pública,
Ministério Público e Poder Judiciário provenientes dos municípios de Uberaba/MG, Frutal/
MG e Uberlândia/MG. Os cursos tiveram carga horária de 60 horas presenciais, ministrados
às sextas-feiras e sábados. Os conteúdos foram divididos em módulos conduzidos pelos
docentes da UFTM e profissionais de referência que atuam com dependentes e seus
familiares nos respectivos municípios em que os cursos foram realizados. As estratégias
pedagógicas foram aulas expositivas e dialogadas, estudos de casos, debates de filmes,
dinâmicas de grupos, rodas de discussão, apresentação de experiências exitosas e
confecção de cartazes. Ao final de cada curso foi realizado uma avaliação elaborada pela
Equipe de Coordenadores do CRR/UFTM para apreender as percepções dos cursistas
sobre o processo formativo. Após sistematização e consolidação dos dados observou-se
que 40,76% consideraram como “excelente” a contribuição do curso para o aprendizado e
desenvolvimento de ações para abordagem de pessoas e seus familiares com transtornos
decorrentes ao uso de crack e outras drogas e 46,9% mensuraram este quesito como
“muito bom”. No quesito aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades
para abordagem de pessoas e seus familiares com transtornos decorrentes ao uso de
crack e outras drogas, 43,4% dos cursistas avaliaram como “muito satisfeito” e 52,9% como
“satisfeito”. A satisfação das expectativas em relação ao curso recebeu avaliação “excelente”
para 37,1% dos profissionais que participaram dos cursos oferecidos pelo CRR/UFTM e
“muito bom” para 43,3%. A análise dos dados demonstrou a relevância do Centro Regional
de Referência na promoção da qualificação dos profissionais da região do Triângulo Mineiro
e sua contribuição na articulação da rede de atenção a usuários de crack e outras drogas
por meio das atividades de formação permanente. Tais atividades se pautaram por um
foco analítico abrangente sobre a problemática das drogas fomentando o desenvolvimento
de ações condutoras de práticas intersetoriais que contribuam para a reinserção social e
redução de danos do usuário de crack e outras drogas e seus familiares.

Palavras-chave: Transtornos relacionados ao uso de substâncias; Capacitação de recursos


humanos em saúde; Políticas públicas; Assistência à saúde
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

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II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CAPACITAÇÃO EM ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS SOB A ÓTICA DOS PROFISSIONAIS


DO CONSULTÓRIO NA RUA

Juliana Oliveira Davel* (Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito


Santo e Membro da Equipe do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras
Drogas), Tatiana Rodrigues do Amaral (Enfª do CAPS ad – Anchieta-ES, Membro da Equipe
Técnica do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas e Mestranda
do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito
Santo), e Marluce Miguel de Siqueira (Professora Titular do Deptº de Enfermagem e do
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Coordenadora do Centro de Estudos
e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas da Universidade Federal do Espírito Santo e
Orientadora).

Resumo: O uso abusivo de Substâncias Psicoativas (SPAs) vem aumentando nas últimas
décadas, constituindo-se um grande problema de saúde pública, levando a sérios problemas
no âmbito familiar, social e econômico. Dentre as SPAs, o uso do álcool e do tabaco são
os mais frequentes por serem drogas lícitas, aceitas pela sociedade e estimuladas pela
mídia. Em 2003, o Ministério da Saúde implementou o Programa Nacional de Atenção
Integral aos Usuários de Álcool e outras Drogas, no qual a Redução de Danos passa a ser
a política pública adotada, tendo como alvo principal a população de rua, por apresentar
alta vulnerabilidade à violência e ao consumo de drogas. E, em 2012, foram instituídos os
Consultórios na Rua, com o objetivo de promover acessibilidade aos serviços de saúde,
assistência integral e promoção de laços sociais. A partir daí, fez-se necessário treinamentos
para promover adequações às condutas profissionais e aprimorar suas habilidades. Para
tanto, o Centro Regional de Referência sobre Drogas do Espírito Santo (CRR-ES), por meio
da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)/ Centro de Estudos e Pesquisas sobre
Álcool e outras Drogas (CEPAD), vem atuando na oferta de cursos que visam intensificar,
ampliar e diversificar as ações oferecidas pelos serviços em relação a temática álcool e
outras drogas. Este estudo objetiva avaliar a eficácia da capacitação dos profissionais do
Consultório na Rua, que concluíram curso oferecido pelo CRR-ES. É um estudo exploratório,
descritivo e analítico de abordagem quase-experimental. E, como resultados preliminares,
destacam-se o perfil dos profissionais quanto à formação, sendo: 4 assistentes sociais, 2
psicólogos, 1 enfermeiro, 1 técnico em saúde bucal, 2 técnicos em enfermagem e 1 auxiliar
em enfermagem. Dentre eles, 73% destes atuam no Consultório na Rua pelo menos por 1
ano e 27% entre 1 a 5 anos. Com relação as dificuldades na abordagem da problemática
álcool com os usuários, 36% afirmaram medo da agressividade dos portadores de
transtornos relacionados ao álcool e 46% apresentam (des)confiança nas informações
relatadas pelos mesmos. Assim, pretende-se com o estudo, estimular uma reflexão crítica
entre os profissionais acerca do uso de SPAs na sociedade e na atuação prática, visando
à melhoria na qualidade da atenção aos portadores de transtornos mentais, dentre eles, os
relacionados ao consumo de SPAs.

Palavras Chave: Consultório na rua; Drogas; Formação; Capacitação.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

85
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CARACTERIZAÇÃO DOS MORADORES DE RUA EM TRATAMENTO PARA


DEPENDÊNCIA DE DROGAS

Josélia Benedita Carneiro Domingos Rocci* (Enfermeira Doutora – Escola de Enfermagem


de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo; Centro de Saúde de Jaboticabal – SP),
Natália Priolli Jora Pegoraro (Enfermeira Doutora – Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto - Universidade de São Paulo; Centro de Atenção Psicossocial – álcool e drogas de
Ribeirão Preto – SP), Sandra Cristina Pillon (Enfermeira Professora Titular – Departamento
de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto – Universidade de São Paulo).

Evidências apontam incremento no número de moradores de rua com dependência de


drogas. Essa população é considerada extremamente vulnerável com inúmeros fatores
de risco associados a um estilo de vida empobrecido, tais como educação limitada, recur-
sos financeiros insuficientes, desemprego, apoio social empobrecido ou ausente, enfren-
tamento ineficaz, filhos dependentes, problemas de saúde mental e barreiras no acesso
aos serviços de saúde. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo avaliar as
características sociodemográficas e a severidade do uso de álcool e drogas da população
em situação de rua em tratamento para dependência química. Trata-se de um estudo trans-
versal, de abordagem quantitativa. Desenvolvido em um Centro de Atenção Psicossocial -
Álcool e Drogas (CAPSadII) de um município do interior paulista. O instrumento utilizado foi
composto por informações sociodemográficas, Severity Alcohol Dependence Data (SADD),
The Addiction Severity Index- version 6 (ASI-6). Dos 140 participantes, 18,6% viviam em
situação de rua, sendo a maioria homens, adultos jovens (29 a 49 anos), solteiros/divorcia-
dos, com baixa escolaridade e católicos. Em relação ao uso de substâncias psicoativas a
droga mais consumida foi o crack (57,7%), seguida do álcool (30,8%) e da cocaína (11,5%).
Quando comparados em grupos (moradores de rua e não moradores), os maiores níveis
de dependência de álcool (78,2%), avaliado pelo SADD, foi encontrado na população em
situação de rua. Em relação a severidade dos problemas relacionados ao uso de substân-
cias, avaliado pelo ASI-6, os moradores de rua apresentaram maiores níveis de severidade
na área suporte social e familiar, com diferença estatística, quando comprado aos demais
usuários. Porém, houve diferenças importantes, mas não estatísticas, nas áreas álcool e
família, apontando maiores severidades nessas áreas. Percebe-se que os índices de uso
de álcool e drogas são elevados na população em situação de rua e o conhecimento das
características sociodemográficas, bem como das consequências do uso e abuso dessas
substâncias, fornece indicadores para promover assistência de qualidade. Visto que uma
das peculiaridades dessa população é a necessidade da promoção de autonomia e cida-
dania.

Palavras-chave: Morador de rua; cocaína crack; alcoolismo.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de Apresentação: Sessão de Pôster.
Tipo de Trabalho: Relato de Pesquisa.

86
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CARACTERÍSTICAS PESSOAIS E FAMILIARES ENTRE ADOLESCENTES INFRATORES

Poliane Moreira Costa* (Universidade Federal de São João del-Rei), Camila Corrêa Matias
Pereira (Universidade Federal de São João del-Rei), Carine Gabrielle Silva Zambalde
(Universidade Federal de São João del-Rei), Cecília Canquerini Lambert (Universidade
Federal de São João del-Rei), Jacqueline Simone de Almeida Machado (Universidade
Federal de São João del-Rei), Nadja Cristiane Lappan Botti (Universidade Federal de São
João del-Rei).

Introdução: O presente estudo descreve sobre as características pessoais e familiares entre


adolescentes infratores em cumprimento de medida socioeducativa. Objetivo: Descrever
as características pessoais e familiares entre adolescentes infratores em cumprimento
de medida socioeducativa. Metodologia: Realizado pesquisa quantitativa desenvolvida
com 40 adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em julho de 2013.
Resultados: Foram utilizados como instrumentos de coletas de dados o T-ASI e o DUSI-R.
Verificou-se idade média de 16,78 anos com 5,48±3,55 meses em cumprimento de medida
socioeducativa, a maioria declaram-se pardos, evangélicos, com ensino fundamental
incompleto. O tráfico foi o ato infracional mais frequente e a maconha a droga de uso mais
comum. A maioria relatou que os familiares já tiveram problemas em casa, no trabalho
ou com amigos por causa do uso destas drogas e é expressivo o número familiares que
também apresentam conflito com a lei. Considerações Finais: Identificou-se influência da
família na vida do adolescente no que se relaciona ao ato infracional e o uso de drogas.

Palavras-chave: Adolescente; Comportamento do adolescente; Família; Transtornos Rela-


cionados ao Uso de Substâncias.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

87
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CASA DE PASSAGEM – UMA EXPERIÊNCIA DE REDUÇÃO DE DANOS EM SERVIÇO


DE ACOLHIMENTO DE ALTA COMPLEXIDADE

Otavio Machado (Associação Pode Crer)

O presente trabalho consiste em relato de experiência das atividades realizadas pela ONG
Pode Crer na cidade de Sorocaba/SP. Utilizando a redução de danos como perspectiva e
direcionamento de um trabalho em serviço de albergamento para homens adultos usuários
de substancias psicoativos e em situação de rua. Entendemos a Redução de Danos (RD)
como política social que atua no fio da navalha, uma vez que legalidade não é sinônimo de
segurança, e droga não é sinônimo de ilegalidade. Podemos pensar em pelo menos dois
tipos de clínica para as pessoas que usam drogas, a clínica do acolhimento ou a clínica
disciplinadora. Acolher diz respeito à nossa capacidade de aceitar as diferentes formas de
ser e estar no mundo, à nossa abertura diante da diversidade; trata-se de uma postura ética
diante da vida, do trabalho, do cuidado. É na perspectiva do acolhimento, da promoção de
autonomia e cuidado que a RD é utilizada como método para o tratamento é baseado no
aumento do grau de liberdade e de corresponsabilidade, possibilitando o protagonismo dos
usuários e familiares, transformando vidas. O trabalho desenvolvido na ONG Pode Crer,
propõem a utilização das práticas de redução de danos em aspectos globais, voltadas
para a área social, cidadania, política e saúde, não tendo como foco o uso de substancias
psicoativo, mas sim o empoderamento de cidadãos desfiliados socialmente que possuem
essa característica em comum, visando protagonismo e qualidade de vida. Nesse sentido,
desenvolvemos atividades como, por exemplo, assembléias semanais, para construção
e discussão das regras de convivência da casa em conjunto com os usuários do serviço,
visando à construção de um ambiente democrático, construção e acompanhamento de
projeto individual de vida, oficinas de jogos teatrais, cine-debate, criatividade, trabalho e
cidadania. Além de atendimentos técnicos realizados por psicólogo e assistente social. No
período de fevereiro de 2014 a junho de 2015, no qual passaram 78 pessoas pelo serviço,
que dispõem de 8 vagas das quais os usuários podem usufruir por até 6 meses, foi possível
fazer uma observação participante e análise dos dados produzidos pelos instrumentais
da instituição. Diante dessas observações pode-se perceber que a redução de danos,
enquanto estratégia de atenção a pessoas em situação de rua, nesse contexto intra-
institucional, têm obtido resultados significativos, tanto em aspectos qualitativos quanto
quantitativos, partindo da promoção da saúde, entendida como bem-estar físico, mental e
social, perpassando pelo desenvolvimento da autonomia, cidadania, desenvolvimento de
criticidade e diminuição do uso de drogas ilícitas.

Palavras-chave: Redução de danos; Reinserção social; Vulnerabilidade social; Albergue


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

88
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS:


SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS COM O SERVIÇO

Rosana Ribeiro Tarifa*(Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Márcia


Aparecida Ferreira de Oliveira(Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo),
Heloísa Garcia Claro(Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Paula Hayasi
Pinho(Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Rejane Maria Dias de Abreu
Gonçalves(Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Thaís Fernandes
Rojas(Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo)

Introdução:Metodologias que valorizam a visão dos usuários do serviço de saúde


fortalecem o paradigma de humanização, direitos dos clientes/pacientes, direitos humanos
e de cidadania, pois permitem a expressão de sentimentos, percepções e expectativas
relacionadas ao serviço. A satisfação, como medida de avaliação dos resultados das ações
desenvolvidas, pode mostrar que asexigências e expectativas individuais foram atendidas.
Objetivo: Avaliar a satisfação dos usuários de Centros de Atenção Psicossocial em Álcool e
Outras Drogas com relação aesse serviço, além das variáveis socioeconômicas e clínicas
correlacionadas. Método: Pesquisa avaliativa, transversal. Coleta de dados realizada
com instrumento SATIS-BR, validado para uso no Brasil. Amostragem por aleatorização
simples. Aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da EEUSP (protocolo 1.001/2011).
Variáveis independentes: características socioeconômicas e clínicas dos usuários dos
serviços; variável dependente: satisfação global. Teste de regressão pelo método dos
mínimos quadrados ordinários. Resultados:Foram realizadas 114 entrevistas em cinco
Centros de Atenção Psicossocial em Álcool e Outras Drogas do município de São Paulo.
Verificou-se pela análise univariada que pessoas com maior renda familiar e menores graus
de escolaridade tinham maior satisfação com os serviços [(p=0,043; β=0,190) e (p=0,031;
β=-0,203), respectivamente]; pela análise múltipla verificou-se que as pessoas com menor
escolaridade tinham maior satisfação global com os serviços (p-valor≤0,05), tendo como
variáveis de controle etnia, renda familiar no último mês, internação psiquiátrica anterior
e problema de saúde clínica.Conclusões: A mensuração quantitativa da satisfaçãonão
permite detalhamento em relação às expectativas dos usuários, entretanto permite a sua
correlação com outras variáveis,sociodemográficas e clínicas por exemplo.

Palavras-chave: Enfermagem Psiquiátrica; Avaliação de Serviços de Saúde; Transtornos


Relacionados ao Uso de Álcool; Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias; Serviços
de Saúde Mental.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de pesquisa com resultados finais.

89
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CENTRO REGIONAL DE REFERENCIA DO ESPIRITO SANTO: UMA EXPERIENCIA


QUE VEM DANDO CERTO?

Ângela de Almeida Siqueira (CEPAD - UFES), Camila Barcelos Vieira* (CEPAD - UFES),
Fernanda Dadalto Garcia (CEPAD - UFES), Lorena Silveira Cardoso (Enfermeira
Pesquisadora, Membro da Equipe Técnica do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool
e outras Drogas e Mestre em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito Santo),
Phablo Wendell Costalonga Oliveira (CEPAD - UFES) Rayane Cristina Faria de Souza
(CEPAD - UFES), Tatiana Rodrigues do Amaral (CEPAD - UFES), Vitor Buaiz (CEPAD -
UFES), Marluce Miguel de Siqueira (CEPAD - UFES).

A grande expansão do uso de drogas e os prejuízos vultosos às nações do mundo avançam


por toda a sociedade e nos espaços geográficos. Esse panorama não difere da atual situação
brasileira, sendo necessário, e até mesmo crítico, o desenvolvimento de um processo de
formação permanente dos profissionais envolvidos nessa problemática através de um
Centro Regional de Referência sobre Drogas (CRRs). A qualificação dos profissionais que
irão lidar com os dilemas que envolvem o fenômeno do uso das drogas é um dos grandes
desafios para uma adequada promoção e prevenção do uso dessas substâncias e para a
atenção aos dependentes químicos, já que esses profissionais desempenham importante
papel no enfrentamento dessa problemática, estando diretamente envolvidos com o cerne
da questão. Face ao exposto, objetiva-se, descrever os resultados obtidos da avaliação do
processo de formação do CRR-ES, em sua segunda etapa, nas modalidades de atualização
e aperfeiçoamento dos profissionais que atuam nas redes de atenção integral a saúde e de
assistência social com usuários de crack e outras drogas e seus familiares, na perspectiva
dos cursistas. Trata-se de um estudo transversal, descritivo sendo avaliadas 145 respostas
dos cursistas que concluíram um dos cursos, realizados no ano de 2014, pelo Centro Regional
de Referência sobre Drogas do Espírito Santo (CRR-ES). Os instrumentos utilizados para a
avaliação do curso constituem-se de escalas tipo Likert de 5 pontos, variando de “Ruim” a
“Excelente”, uma para aspectos relacionados aos aspectos administrativos e pedagógicos
do curso, e outro referente a auto avaliação do aluno. Durante a análise verificou-se que
os resultados relevantes foram: a classificação de “muito bom” para a coordenação geral
(34,48%), corpo docente (34,42%) e aplicabilidade dos conteúdos abordados (34,48%).
Enquanto que alguns critérios, como infraestrutura (46,20%), cronograma (40%) e a
periodicidade das aulas referente à carga horária (35,18%) foram destacados como “bom”.
Cabe relatar, também, que 3,45% dos alunos relataram ser ruim a infraestrutura do curso
e que 2,07% julgaram ruim a aplicabilidade dos conteúdos abordados. Em relação à
auto avaliação averiguou-se a classificação de “bom” para participação nas atividades e
aulas (37%), Assiduidade, Pontualidade e comprometimento com a carga horária (35%),
participação para o desenvolvimento do curso (40%) e não houve a avaliação “ruim” no que
se refere a essas afirmações. Quanto à integração da teoria com a prática 96% avaliaram
como existente e 97% disseram haver interesse em participar de outro curso do CRR-
ES. Dos resultados encontrados pode-se depreender que a avaliação do curso foi, num
contexto geral, positiva, necessitando monitoramento, nas próximas edições, dos itens
apresentados como “bom”, sem que haja prejuízos na qualidade do curso oferecido, uma
vez que o percentual daqueles que o realizariam novamente é elevado.

Palavras-chave: Avaliação de programa; Capacitação de recursos humanos em saúde;


Desenvolvimento de pessoal.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

90
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CENTRO REGIONAL DE REFERÊNCIA SOBRE DROGAS DO ESPIRITO SANTO:


DADOS PRELIMINARES

Ângela A. Siqueira (Universidade Federal do Espirito Santo), Camila B. Vieira (Universidade


Federal do Espirito Santo), Clotilde Castro Toffoli (Universidade Federal do Espirito
Santo), Fernanda D. Garcia (Universidade Federal do Espirito Santo), Jéssika F. Honório
(Universidade Federal do Espirito Santo), Kelinson S. Rocha (Universidade Federal do
Espirito Santo), Larissa D. Lobo* (Universidade Federal do Espirito Santo), Lorena S.
Cardoso (Universidade Federal do Espirito Santo), Phablo W.C. Oliveira (Universidade
Federal do Espirito Santo) Rayane C.F. Souza (Universidade Federal do Espirito Santo),
Tatiana R.Amaral (Universidade Federal do Espirito Santo),Vitor Buaiz (Universidade
Federal do Espirito Santo), Marluce M. Siqueira (Universidade Federal do Espirito Santo).

Resumo: A expansão do uso de substâncias psicoativas (SPAs), especialmente a


disseminação do crack no país, teve como resposta um conjunto de ações governamentais
voltadas à ampliação das ações relacionadas à intervenção sobre este fenômeno. Entre
estas ações, foi instituído, a partir da publicação da portaria N° 1.190 de 04 de junho de
2009, o “Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool
e outras Drogas no Sistema Único de Saúde – SUS (PEAD)” (BRASIL, 2009a). Em suas
diretrizes gerais, o PEAD no Eixo 2, evidencia a necessidade de qualificação da atenção, o que
inclui: formação, avaliação, monitoramento e produção de conhecimento, com qualificação
das redes de saúde, a ser realizada pela ampliação das ofertas de capacitação e formação
permanentes para os profissionais que lidam com a população usuária de drogas. Essas
diretrizes foram reafirmadas em 2011 com o lançamento do Programa “Crack, é possível
vencer” (BRASIL, 2011), onde, por meio do Edital Nº. 002/2010/GSIPR/SENAD. Dessa
forma, foi criado em 2011 no estado do Espírito Santo, o Centro Regional de Referência
sobre Drogas (CRR-ES), em parceria com os municípios de Vitória e Vila Velha, o qual tem
sua sede na Universidade Federal do Espírito Santo/Centro de Estudos e Pesquisas sobre
Álcool e outras Drogas (UFES/CEPAD). OBJETIVO: descrever o perfil e a avaliação dos
alunos capacitados no curso “Capacitação sobre crack, álcool e outras drogas com enfoque
biológico, psicológico, social e político” (Curso I do CRR-ES). METODOLOGIA: O Curso I
do CRR-ES etapa 3, teve como meta promover a qualificação e articulação das redes de
atenção a usuários de crack e outras drogas, dando uma base teórica e a oportunidade
de uma experiência prática em campos específicos. O monitoramento das atividades
ocorreu por meio dos parceiros envolvidos com reuniões mensais. RESULTADOS: O Curso
I contou com o total de 83 inscritos, todavia, o mesmo iniciou com um total de 45 inscritos
que frequentaram ao menos uma aula. Os participantes eram provenientes de diferentes
instituições. Tendo em sua maioria assistentes sociais, psicólogos, enfermeiro entre
outras profissões. Quanto à aprovação foi constatado que 32 alunos atingiram o resultado
esperado que era realizar as atividades de avaliação e obter notas iguais ou superiores
a 7 e frequência de presença igual ou superior a 75%; 51 abandonaram no decorrer do
curso ou não atingiram os resultados esperados. Em relação aos campos práticos dos
32 alunos que atingiram a aprovação 31 atingiram nota acima de 70%, realizando todos
os relatórios técnicos solicitados. CONCLUSÃO: Consideramos positivos os resultados
observados durante a execução do curso, evidenciando que as atividades deste centro
se fazem pertinentes ao processo de formação permanente dos profissionais públicos
desses municípios, tendo impacto direto na qualificação dos profissionais e dos serviços
dos mesmos em relação à questão do álcool e outras drogas.
Palavras-chave: Avaliação educacional; Educação; Atenção à saúde.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

91
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CENTRO REGIONAL DE REFERÊNCIA PARA FORMAÇÃO PERMANENTE DOS


PROFISSIONAIS QUE ATUAM COM USUÁRIOS DE DROGAS E SEUS FAMILIARES DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO: EXPERIÊNCIA DE AMPLIAÇÃO
DA CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS.

Erika Renata Trevisan* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Andrea Ruzzi Pereira
(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Ailton de Souza Aragão (Universidade Federal
do Triângulo Mineiro), Daniela Tonizza de Almeida (Secretaria Municipal de Saúde de Belo
Horizonte), Jurema Ribeiro Luiz Gonçalves (Universidade Federal do Triângulo Mineiro),
Luciana Cristina C. de Morais Silva (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Paulo
Estevão Pereira (Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro),
Sybelle de Souza Castro (Universidade Federal do Triângulo Mineiro),

Introdução: O Centro Regional de Referência para Formação Permanente dos profissionais


que atuam com usuários de drogas e seus familiares da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (CRR-UFTM) existe desde 2013 em parceria com a Secretaria Nacional de
Políticas sobre Drogas (SENAD/MJ). Desde sua implantação vem desenvolvendo cursos
de capacitação para profissionais da saúde, educação e assistência social. Objetivo:
Descrever o impacto da manutenção e ampliação do CRR/UFTM em 2014, na região
Sul do Triângulo Mineiro. Metodologia: O CRR-UFTM desenvolve Cursos de Atualização
presencial com carga horária de 60 horas. Em 2014 houve a manutenção e ampliação da
oferta de cursos, abrangendo profissionais da segurança pública, ministério público e poder
judiciário. Resultados: Em 2014 foram oferecidos 9 cursos, sendo dois descentralizados
no munícipio de Frutal e um em Uberlândia, foram capacitados 275 profissionais do poder
judiciário, segurança pública, conselheiros de saúde, Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Centro de
Referência de Assistência Social (CRAS), educação, lideranças comunitárias, ministério
público, agentes sócias, hospitais, Programa de Saúde da Família (PSF), Núcleo de
Atenção à Saúde da Família (NASF), Unidades Básicas de Saúde (UBS), entre outros.
A avaliação dos alunos em relação aos cursos foi: 87,87% avaliou que o curso contribuiu
para o aprendizado e desenvolvimento das ações para a abordagem de pessoas e seus
familiares classificando de excelente a muito bom; 95,6% de muito satisfeitos a satisfeitos
em relação a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades para
abordagem de pessoas e seus familiares com transtornos decorrentes ao uso de crack
e outras drogas; 81,71% destacaram como excelente a muito boa a satisfação de suas
expectativas em relação ao curso. Conclusão: Foram capacitados 275 profissionais e
oferecido um repertório de conhecimentos teóricos e práticos sobre a problemática das
drogas, tendo em vista a qualificação das intervenções e o fortalecimento do trabalho em
rede. Esta proposta possibilitou implementar atividades que visem maior aproximação dos
profissionais às necessidades de saúde da população da região do Triângulo Mineiro, assim
como, contribuir na sua maior inserção no debate e na formulação da política pública de
saúde e compartilhar o processo de produção do conhecimento. A qualificação profissional
através da capacitação poderá contribuir para a otimização das ações de prevenção e
manejo clínico dos usuários drogas de Uberaba-MG e região.

Palavras-chave: Saúde; Serviços de Saúde Mental; Ensino; Redução de danos.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

92
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CENTRO REGIONAL DE REFERÊNCIA SOBRE DROGAS: UMA ESTRATÉGIA PARA


FORMAÇÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Laerson Silva de Andrade (Acadêmico de Enfermagem, Bolsista de Iniciação Científica e


Membro da Equipe Técnica do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas
da Universidade Federal do Espírito Santo), Rayane Cristina Faria de Souza* (Enfermeira
Pesquisadora, Membro da Equipe Técnica do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool
e outras Drogas e Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da
Universidade Federal do Espírito Santo), Marluce Miguel de Siqueira (Profª Titular do Deptº
de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Coordenadora do
Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas da Universidade Federal do
Espírito Santo e Orientadora).

Centro Regional de Referência (CRR) surge a partir do programa “Crack é Possível Vencer”
reconhecendo a educação permanente como transformadora de práticas profissionais na
assistência ao usuário de drogas. Tornando necessária a capacitação de profissionais nos
diversos serviços envolvidos na assistência aos usuários, familiares e comunidade, pois
são crescentes as complicações envolvendo indivíduos e substâncias psicoativas. Assim,
em 2011, é implementado o Centro Regional de Referência sobre Drogas do Espírito Santo
(CRR-ES) que se encontra, atualmente, em execução da 3ª etapa do projeto, e desde
então, desenvolve ações articuladas entre a universidade e serviços de saúde devido à
necessidade de qualificar o profissional atuante com essa temática. O trabalho objetiva
relatar a experiência da implantação do CRR-ES e das atividades desenvolvidas durante
o período de 2011 até 2014. A 1ª etapa do CRR-ES ocorreu em 2011, com parceria dos
Municípios de Vitória e Vila Velha, e a duração de suas atividades foi de 12 meses com a
oferta de quatro cursos. Enquanto que a 2ª etapa, em 2013 e 2014, se iniciou mediante
ampliação para seis cursos possibilitando também a participação da comunidade nos
cursos de aperfeiçoamento e atualização. Em todas as etapas o material didático utilizado
foi desenvolvido pela equipe de pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas sobre
o Álcool e outras Drogas da Universidade Federal do Espírito Santo (CEPAD-UFES)
proporcionando cadernos técnicos de acordo com o curso ministrado além de atividades
complementares como a oportunidade de participar do “Ciclo de Debates: drogas, e eu
com isso?” realizado pelo CEPAD na Semana Estadual sobre Drogas. A equipe do CRR-
ES se fortalece ao longo do desenvolvimento de suas atividades de educação permanente
refletindo o compromisso dos participantes envolvidos, pois, no decorrer do desenvolvimento
das atividades, surgiram diversas possibilidades de pesquisas acadêmicas. Atualmente,
possui 01 dissertação já concluída e 02 em andamento, juntamente, iniciações científicas
e trabalhos de conclusão de curso. A experiência do CRR-ES potencializa a construção
de soluções coletivas partindo da vivência profissional de modo a superar as realidades
cotidianas. E, a experiência da intersetorialidade e multiprofissional demonstra que há
condições e possibilidades para a construção de um espaço onde buscamos soluções
compartilhadas de modo a transformar práticas superando realidades cotidianas.

Palavras-chave: Educação Continuada; Educação; Capacitação; Capacitação de Recursos


Humanos em Saúde.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

93
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CIRCUITOS DE USO DE CRACK À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS – NOTAS SOBRE O


CASO DO BAIRRO LAGOINHA EM BELO HORIZONTE (MG, BRASIL)

Nayara de Amorim Salgado* (Mestranda do Programa de Pós Graduação em Sociologia da


Universidade Federal de Minas Gerais), Bruna Hausemer (Mestranda do Programa de Pós
Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais).

Nas últimas décadas, no Brasil, a repressão tem sido adotada como principal estratégia
para o combate aos problemas relacionados as drogas. Políticas públicas pautadas neste
tipo de coerção tem resultado em recorrentes violações aos direitos humanos, como
tratamento cruel, desumano e degradante dos usuários, encarceramento em massa,
execuções, detenção arbitrária, discriminação, e negação ao acesso a saúde e tratamento
adequados. O Relatório Mundial sobre Drogas, publicado em 2011, orienta que a saúde
pública deve ser o centro dos esforços de controle de drogas, equilibrando a forma
como os fundos são gastos para garantir que as consequências sociais do consumo de
drogas sejam reduzidas; o controle de drogas deve ser posto no contexto mais amplo de
prevenção da criminalidade; além de todas as ações serem desenvolvidas em observância
aos direitos humanos e a salvaguarda da dignidade humana. Conforme definido pelas
Convenções Internacionais1, a prevenção deve ser um dos principais componentes de um
sistema orientado por uma abordagem de saúde para tratar a questão das drogas. Nessa
perspectiva o objetivo desde artigo é discutir sobre as formas como tem sido tratado o uso
de crack no bairro da Lagoinha, Belo Horizonte (MG, Brasil), a luz das diretrizes de Direitos
Humanos. A Lagoinha trata-se de um bairro histórico de Belo Horizonte, localizado próximo
à área central, detentor de importante patrimônio cultural para a capital mineira, que passou
por intervenções urbanísticas e decorrente modificação de uso, vivenciando um processo
de deterioração que culminou na apropriação de seu território por usuários de crack. Além
da aplicação interpretativa dos Direitos Humanos ao tratamento dado aos usuários de crack
da Lagoinha, também formam a metodologia do estudo, a realização de estudo etnográfico
do bairro, entrevistas com moradores e com os técnicos dos serviços públicos ofertados
na região. A expansão e o reconhecimento da existência do fenômeno das cracolândias
compõe um desafio para a saúde e segurança pública, assim como para os planejadores
urbanos. Dessa forma, repensar essa questão na perspectiva de observância aos Direitos
Humanos se torna de grande importância, justificando o estudo. A análise resulta em uma
reflexão sobre questões ligadas ao abandono dos usuários em situação de rua, as ações
pontuais governamentais e de outras instituições que tem ações no local além de como
a criminalização do uso de drogas, projetada para impedir o uso, posse e tráfico, tem
perpetuado formas de risco de consumo de droga, enquanto desproporcionalmente pune
as pessoas que usam drogas.

Palavras-chave: Prevenção; Cracolândia; Direitos humanos; Espaço urbano.


Eixo temático: Eixo “Redução da Oferta
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

1 Convenção Única sobre Entorpecentes de 1961, Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas de 1971 e Con-
venção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas de 1988.

94
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CLINICA DAS TOXICOMANIAS: “A DEPENDÊNCIA QUÍMICA” E ARETIFICAÇÃO


SUBJETIVA

Raquel Martins Pinheiro – Centro Mineiro de Toxicomania/FHEMIG

Na clínica da saúde mental / toxicomania, a escuta, o acolhimento, a redução de danos,


o projeto terapêutico singular, o caso a caso, etc. São estratégias de abordagem que
deveriam conduzir o usuário de álcool e drogas em direção à responsabilização sobre suas
escolhas. A co-responsabilização dos profissionais está em oferecer a escuta e a condução
do caso a caso, construindo junto com os sujeitos outras saídas para seu mal-estar, ao
qual ele responde com o ato de se drogar. Sabemos que o uso de drogas lícitas e ilícitas,
fazem parte da história da humanidade, interfere na vida das pessoas, seja no âmbito
individual ou social, familiar ou de trabalho. Gera questionamentos relativos às causas do
abuso. Sabemos também que, as respostas para essas questões são complexas, pois a
toxicomania implica um intricado processo que envolve o usuário, a droga e o contexto em
que se dá seu consumo. Temos um encadeamento de situações que partem de onde cada
profissional posiciona sua ação diante das toxicomanias. De um lado estão: a “dependência
química”, o hetero – controle, o proibicionismo e a internação compulsória. Do outro lado
estão: a toxicomania, o auto – controle, a redução de danos e a retificação subjetiva. Um
dos pontos de reflexão deveria ser a imprecisão conceitual de dependência. Sabemos que
existem dois tipos de dependência: a física e a psíquica. Sendo a dependência psíquica
diretamente relacionada com os laços que o sujeito estabelece com coisas e/ou pessoas
– drogas, jogo, internet, amor, sexo, etc. - que interferem no seu funcionamento social
de formas leves ou intensas, aonde está em jogo a compulsão, e a pulsão de morte. No
tratamento do toxicômano, ele se apresenta com um ato – o ato de se drogar – identificado a
um significante – sou toxicômano, culpando a droga pelo seu ato, desresponsabilizado ao se
identificar também com o “doente crônico”, incurável, do discurso médico e da dependência
química, demandando que o analista o tire deste lugar. A aceitação e o respeito pelas
escolhas preconizados pela redução de danos permitem lidar como o usuário sem impor
comportamento “adaptados” e abstinência total. Neste ponto a psicanálise e a retificação
subjetiva no tratamento de usuários de álcool e drogas, tem um ponto em comum com
a lógica da redução de danos, quando buscam a responsabilização e a autonomia dos
sujeitos.

Palavras-chave: Usuário de álcool e drogas; Tratamento; Psicanálise; Redução de Danos


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

95
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CLÍNICA NÔMADE VOZ DA RUA

Autores e instituição: Patrícia Constantino* (Fundação Oswaldo Cruz/Institutos Superiores


de Ensino Nossa Senhora Auxiliadora), Rodolfo Brandão de Azevedo Nogueira (Institutos
Superiores de Ensino Nossa Senhora Auxiliadora), Paula Márcia Seabra de Sousa (Institutos
Superiores de Ensino Nossa Senhora Auxiliadora), Felipe Pacheco Pessanha (Institutos
Superiores de Ensino Nossa Senhora Auxiliadora).

O projeto Clínica Nômade Voz da rua, inspirado nas práticas do consultório de rua, é
constituído por alunos e professores do curso de Psicologia dos Institutos Superiores de
Ensino Nossa Senhora Auxiliadora de Campos dos Goytacazes/RJ. Tem como finalidade a
escuta qualificada de pessoas em situação de rua, principalmente aquelas que fazem uso de
drogas. Baseia-se na clínica peripatética e conceitos do campo da saúde pública. A Clínica
Nômade Voz da Rua tem como principais objetivos proporcionar cuidado, empoderamento,
acesso e garantias de direito à população em situação de rua, assim como reduzir os danos
causados pelo uso de drogas, indo diretamente ao encontro dessa população, intervindo no
território, sempre se pautando na escuta qualificada e na propagação de informações que
dizem respeito ao uso de drogas, doenças sexualmente transmissíveis e aos equipamentos
da rede pública de Saúde e Assistência Social. Quanto a metodologia, o projeto está
alicerçado em um tripé: pesquisa, formação de recursos humanos e Intervenção no território.
As ações acontecem nas ruas da cidade de Campos dos Goytacazes, no período noturno,
em locais de maior concentração de pessoas em situação de rua. O principal instrumento de
trabalho é a escuta e o estabelecimento de vínculos. O projeto tem dois anos de existência
e a mensuração dos resultados torna-se difícil, pois são de ordem qualitativa. No entanto,
a equipe já identificou e encaminhou várias pessoas para a rede de Saúde e Assistência
Social do Município, pessoas que não teriam acesso a esses equipamentos caso não
houvesse a intervenção no território; no campo da pesquisa: perfil da população de rua do
Município, em fase de conclusão, que tem como finalidade conhecer para instrumentalizar
as Políticas Públicas; elaboração de materiais: cartilha sobre Redução de Danos para a
população em situação de rua, também em fase de finalização, onde a próxima etapa
será a validação do texto por esse grupo. Vários trabalhos de conclusão de curso já foram
desenvolvidos sobre a temática do uso de drogas e população em situação de rua e quinze
alunos de psicologia estão sendo formados na perspectiva da redução de danos e uso
abusivo de drogas.

Palavras-chave: População em situação de rua; Redução de danos; Uso abusivo de drogas.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

96
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

TÍTULO: COLETA DE DADOS DA PESQUISA EPIDEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS


MENTAIS E DO USO DE CRACK, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS EM UM BAIRRO DE
MACEIÓ : UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA PERSPECTIVA DO ESTUDANTE.

Maria Carolina Lins da Silva * (Estudante de Serviço Social- Universidade Federal de


Alagoas- UFAL) , Maria Cícera dos Santos de Albuquerque (Profª Drª da Faculdade de
Enfermagem – Universidade Federal de Alagoas-UFAL) , Alícia Regina Gomes Alexandre
(Estudante de Enfermagem- Universidade Federal de Alagoas- UFAL).

Introdução: O presente trabalho objetiva relatar as vivências de estudantes da aréa de


saúde do grupo Rede de Atenção Psicossocial vinculado ao Programa de Educação pelo
Trabalho para a Saúde (PET)/Rede de Atenção à Saúde, no percurso de uma pesquisa
de campo intitulada Epidemiologia dos transtornos mentais e do uso de crack, álcool e
outras drogas , tendo por objetivo o relatar a experiência da coleta de dados , ocorridas por
meio de entrevistas, aplicadas através de um questionário . Destacando a abordagem, da
escuta qualificada e as intervenções por meio dos encaminhamentos, vivenciados durante
a prática na coleta de dados. Este relato de experiência é parte de uma pesquisa de campo
desenvolvida no bairro do benedito Bentes , da cidade de Maceió. Pesquisa esta que tem
por objetivo conhecer a proporção ou magnitude dos transtornos mentais e uso de Crack,
álcool e outras drogas na população residente em Maceió/ Alagoas. Temos o proposito de
relatar a fase da coleta de dados, onde contou com a participação de estudantes, preceptores
, mestrandos, residentes e tutores sob a coordenação do grupo de pesquisa saúde mental
da faculdade de enfermagem e Pet-raps/redes da Universidade Federal de Alagoas- UFAL.
Metodologia: A metodologia utilizada foi abordagem qualitativa, do tipo exploratória, as
informações foram obtidas através da aplicação dos questionários, por meio de entrevista
aplicada diretamente a população do bairro sendo o local em sua residência . dentre
eles homens, mulheres e adolescentes de faixa etária de 15 á 80. Resultados: Alguns
dos resultados das entrevistas vivenciados entre as estudantes e a população residente
no bairro do benedito Bentes foram :A) Adolescente de 17 anos que faz tratamento com
psiquiatra e psicólogo demostra durante a entrevista um forte risco de suicídio inclusive
com tentativas, Ideação suicida, depressão com melancolia, transtorno distímico, transtorno
de estresse pós traumático ,Transtornos psicóticos, Transtorno de ansiedade generalizada
. Ao final da entrevista , trouxe a tona algumas relatos aterrorizantes como exemplo :
ver pessoas mortas , ouvir vozes pedindo para que ela se mate e horríveis pesadelos,
caracterizando esquizofrenia. Conclusão: Entende-se que, devido a diversas necessidades
de saúde, educação, lazer, as pessoas se tornam mais vulneráveis a sentimentos que
levam a depressão, tentativas de suicídio e envolvimento com drogas, dessa forma sendo
fundamental uma assistência especializada. A ligação entre atenção básica e saúde
mental é insuficiente, assim é essencial a formação de uma rede integrada de saúde. A
escuta singular feita pelos estudantes durante as entrevistas, foi de grande importância,
pois oportunizou o diálogo, a reflexão, trocas de ideias, conhecimentos, experiências, a
expressão de sentimentos e inquietações. Foi uma experiência enriquecedora onde os
futuros profissionais da saúde puderam relacionar a teoria com a prática.

Palavras-chave: Epidemiologia; Pesquisa de Campo ;Saúde Mental


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

97
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

COMO FUNCIONA A SOCIEDADE: UMA OFICINA COMO PROPOSTA DE CONSTRUÇÃO


DA CIDADANIA EM UM CERSAM AD III

Jarbas Vieira de Oliveira*, Ramon Vieira; (Centro de Referência em Saúde Mental para
usuários de Álcool e outras Drogas da Prefeitura de Belo Horizonte)

INTRODUÇÃO: O presente trabalho é fruto de uma oficina terapêutica realizada em um


CAPS AD III (que em Belo Horizonte chama-se CERSAM AD III) de BH que se instituiu
após uma demanda dos seus próprios usuários. Tal demanda surgiu em uma assembleia
onde, parte dos usuários, disse que sentiam falta de uma oficina que falasse de temas do
cotidiano da política, como eleições, temas polêmicos como redução da maioridade penal,
legalização das drogas dentre outros. “Nós votamos, mas nem sabemos o que os políticos
eleitos fazem”. Sendo assim o CERSAM AD III do Barreiro se organizou na construção
dessa oficina para que temas relevantes na sociedade como os supracitados possam
ser discutidos e tentar trazer novos valores, novos pensamentos para a construção de
posturas menos conservadoras, pois se trata de um serviço para cuidado dos usuários
de Álcool e outras drogas e deve ser um contrassenso por parte dos usuários guardarem
pensamentos e posturas conservadoras que vão de encontro ao que eles vivenciam no
dia-a-dia. OBJETIVO: Apresentar um relato de experiência vivenciado em uma oficina
terapêutica em um CAPS AD III como proposta de reflexão acerca dos temas entendidos
como “polêmicos” pelos próprios usuários. METODOLOGIA: Com duração de uma hora
e intervalo semanal, a oficina como funciona a sociedade tem seu tema decidido pelos
próprios participantes com uma semana de antecedência. Decidido o tema, os usuários são
incentivados a procurar ao longo da semana nos meios de comunicação que eles acessam
assuntos relacionados ao mesmo. No dia da oficina eles mesmos tecem seus comentários
acerca do tema em questão e, após a discussão, eles votam aprovando ou não o tema em
questão. A primeira oficina teve seu tema escolhido pelos autores onde os mesmos utilizaram
uma charge do cartunista Quino para falar sobre o tema MANIFESTAÇÕES. Sucessivamente
foram escolhidos os temas mais variados como REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL,
LEGALIZAÇÃO DO CASAMENTO ENTRE HOMOSSEXUAIS, LEGALIZAÇÃO DAS
DROGAS E DISCRIMINAÇÃO DO USO, dentre outros. Alguns temas demandaram mais de
uma oficina para ser discutido, pois o tempo previsto foi insuficiente. RESULTADOS: Sobre
o tema da LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS a maioria foi favorável como também foi ao tema
da REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL e contra a LEGALIZAÇÃO DO CASAMENTO
ENTRE HOMOSSEXUAIS. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Como foi esperado pelos autores
os resultados não foram muito díspares do que encontramos no senso comum da sociedade.
Entretanto, percebemos que a oficina está cumprindo seu papel, pois, mais que impor a
opinião dos facilitadores, tem como intenção a construção de um pensamento acerca do
tema em questão. Muitos, no momento de falar, ao ouvir os argumentos alheios e opostos
aos seus, costumam mudar de opinião e encaram a mudança como uma nova maneira de
vivenciar o diferente.

Palavras-chave: Sociedade; Política; Cotidiano.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

98
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Título: “COMPARTILHANDO SONHOS”: OFICINA DE GERAÇÃO DE RENDA DO CAPS


AD III VITÓRIA/ES

Autores e instituição: Andrea Roman* (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras


Drogas III Vitória); Marta Jorge Fernandes (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras
Drogas III Vitória)

Introdução: Uma das premissas de um Centro de Atenção Psicossocial é o trabalho na


direção da reinserção social e potencializar o protagonismo do usuário em seu processo de
cuidado.Uma dos vértices dessa reinserção pauta-se na possibilidade do estabelecimento
de renda na forma de cooperativas de trabalho ou de empoderamento dos usuários para
gerarem renda mediante o exercício de seu próprio trabalho. Objetivos: Descrever o
funcionamento da oficina de geração de renda, seus modos de fazer e produzir em espaço
coletivo, pautadas na Política de Economia Popular Solidária. Metodologia: Trata de oficina
de geração de renda realizada Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, iniciada
em 2009, que se efetiva até a presente data, realizada pelos arteterapeutas do serviço,
com usuários do serviço, por tempo indeterminando, que funciona com ambos os sexos,
sem limite de idade, semanalmente. As técnicas de trabalho utilizadas são diversas como:
pintura, tear, crochê, artesanato, reciclagem, bem como, demais produções artesanais que
possam ser experimentadas e compartilhadas pelo grupo como aprendizado e uma nova
oportunidade de renda. Resultados: Apontamos a criação da logomarca “Compartilhando
sonhos” em 2011, nome escolhido pelos praticantes da oficina, etiquetado nos produtos
confeccionados pela oficina para venda em feiras e eventos do calendário da cidade. O
desenvolvimento de novas habilidades e vivências solidárias no “compartilhando sonhos”,
potencializa neste espaço a reciclagem da matéria prima vida no embaralhar das linhas,
miçangas, tecidos e afetos. Ressaltamos que, este espaço - oficina, funciona como um
importante dispositivo da atenção diária do serviço na produção de novos sentidos aos
usuários e trabalhadores no trato ea experiência do uso de substancias psicoativas, das
relações afetivas e familiares estabelecidas, bem como, a noção de produção de saúde.
Alguns participantes dessa experiência - oficina tornaram-se microempreendedores
individuais, registrados nos órgãos afins, na modalidade de artesão ou mesmo lançam –se
a experiências de profissionalização. Considerações finais: Enfatizamos que esse trabalho
tem fomentado a construção de novas formas de significar a clinica com usuário de múltiplas
drogas, a criação de movimentos instituintes na atenção psicossocial, a visão ampliada do
cuidado e da promoção de saúde em atuação interdisciplinar, com o rompimento do olhar
estigmatizante do usuário de SPAs.

Palavras-chave: Geração de renda; Reinserção social; Reabilitação psicossocial Saúde


mental; Centro de atenção psicossocial álcool e drogas.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

99
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

COMPARTILHANDO VIVÊNCIAS E CONTRADIÇÕES DA REGIÃO DE SÃO PEDRO: UM


OLHAR SOBRE O MATRICIAMENTO NO TERRITÓRIO

Isabel Cristina Santos (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III Vitória), Valter
Molulo Moises* (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III Vitória).

Introdução: A região de São Pedro, localizada na baía noroeste da cidade de Vitória-ES,


é a síntese de diversos movimentos demográficos que caracterizaram a constituição de
aglomerados urbanos no acelerado processo de industrialização da Grande Vitória nas
décadas de 70 e 80. O êxodo rural, o processo de gentrificação, questões fundiárias,
precarização do meio ambiente, evidenciação das contradições de classe na cidade, a
violência urbana e outros eventos sociais se apresentam de maneira evidente na formação
daquele território e resultou em importante impacto para a saúde pública no município.
Como resultante, as políticas públicas de saúde implantadas naquela região requereram
grandes esforços dos governos e, em primeira instância, dos profissionais de saúde e
da população de homens e mulheres trabalhadores que levam a efeito a construção das
relações que propiciaram a redução e o controle dos índices de mortalidade e morbidades
nos territórios da região. Uma das estratégias adotadas para efetivar as ações em saúde
mental foi o apoio matricial as equipes da Atenção Básica, lavadas a efeito pelos CAPS
do município. Objetivos: Proporcionar uma mostra das possibilidades e limites do apoio
matricial como estratégia da política de saúde mental, compartilhando as vivências dos
matriciadores da região de São Pedro e as histórias de vida das pessoas com as quais se
deparam e interferem. Metodologia: Exposição da história psicossocial de moradores da
região que são acompanhados pelo CAPSad III Vitoria, pessoas que em algum momento
estiveram sob ações de matriciamento junto às equipes da Atenção Básica e parceiros
interinstitucionais, visitas domiciliares, e de eventos culturais, capacitação profissional
e outras ações intersetoriais envolvendo os territórios. Resultados: O intercambio de
influencias que ocorre na realização das práticas que compõem o matriciamento resulta
na construção de subjetividades e adoção de práticas interessantes que podem servir
como parâmetros, experiências e processos norteadores e esclarecedores para outras
práticas de trabalhos realizados em outros territórios, por outros profissionais em outros
cantos do país. Considerações finais: O encontro entre esses elementos tão diversos da
urbanidade - profissionais de saúde, moradores dos territórios citados e instituições-, todos
oriundos de segmentos sociais diferentes, em torno da tarefa de efetivar as políticas de
saúde mental através, dentre elas a apoio matricial, resultam efeitos na vida desses atores
sociais, produzindo histórias que reafirmam algumas ações, rejeitam outras e colocam em
cena, a todo instante, a necessidade de manter abertos os canais de construção coletiva,
participação social e democratização nas relações para a produção de saúde.

Palavras-chave: Matriciamento; Saúde Mental; Histórias de Vida; Vivências


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

100
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

COMPORTAMENTOS ADICTIVOS COM SUBSTANCIAS E SEM SUBSTANCIAS EM


JOVENS DA UNIVERSIDADE DE CÓRDOBA, ESPANHA

Gisele Belmonte Steibel * (Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas,


CAPS-AD, Pelotas/RS), Javier Herruzo (Departamento de Psicologia da Universidade de
Córdoba, Espanha), Rosario Ruiz-Olivares (Departamento de Psicologia Universidade de
Córdoba, Espanha).

Este trabalho analisa condutas adictivas com e sem uso de substancias entre estudantes
da Universidade de Córdoba, Espanha, e avalia a associação destas condutas com a
presença de traços de personalidade que caracterizam o Padrão de Conduta Tipo A (PCTA).
Condutas adictivas, cada vez mais comuns na sociedade de consumo contemporânea,
geram relações perniciosas que terminam por prejudicar as rotinas e as capacidades
físicas e mentais dos sujeitos. Transtornos na adolescência continuam a se manifestar
na idade adulta, originando enfermidades e afetando contextos familiares e sociais. Entre
adolescentes o risco de adicção a substancias, bem como a comportamentos aditivos,
assume especial importância pelas fragilidades típicas deste período. Considerando que os
traços de personalidade possuem ligação direta com a conduta, podendo explicar ao menos
parcialmente a aquisição ou não de adicções, este trabalho investigou os comportamentos
adictivos manifestos em jovens universitários, tanto com substancias legais quanto ilegais,
bem como adicções comportamentais sem substancias. Representando uma população
de 15 mil estudantes da Universidade de Córdoba, o grupo amostral foi composto de 1011
estudantes, 59,3% da macro área de Ciências Exatas e 40,7% de Ciências Sociais, Humanas
e Direito. Deste conjunto, 56,9% corresponde ao sexo feminino e 42,3% ao masculino.
Foi aplicado questionário com 99 itens descritores de padrões de consumo de diferentes
substâncias (tabaco, álcool, maconha, cocaína, alucinógenos, entre outros) e Inventário de
Atividade de Jenkins - Forma H (JASS-H) para quatro fatores (competitividade, sobrecarga
de trabalho, impaciência e hostilidade). O estudo foi realizado por expost-facto prospectivo
de grupo único, com elaboração de banco de dados para SPSS 12.0 e aplicação de
Análise de Variância para os fatores de JASS-H e para PCTA e Análise de Pearson para
as correlações e covariâncias entre os pares de variáveis e indicações de comportamentos
aditivos, com e sem substâncias. Com base nos resultados encontrados, pode-se afirmar
que: muitos dos comportamentos adictivos investigados apresentam correlação significativa
com PCTA; todos os fatores de JASS-H apresentam associação com alguma das drogas
legais estudadas; hostilidade e competitividade apresentam associação com alguma das
drogas ilegais estudadas; adições comportamentais sem substâncias apresentam-se em
maior número do que adições com substâncias; PCTA e fatores impaciência e sobrecarga
mostraram correlação com sexo feminino; fatores hostilidade e competitividade mostram
correlação com sexo masculino; PCTA e fatores impaciência, sobrecarga e hostilidade
mostram maior correlação entre alunos mais adiantados nos cursos. Evidencia-se a
necessidade de aprofundar estudo sobre o PCTA objetivando a redução de risco de adições
através de diagnósticos precoces.

Palavras-chave: Universitários; Padrão conduta Tipo A (PCTA); Adicção a drogas; Adicção


comportamental.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

101
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CONCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE O USO DE DROGAS:


REDUCIONISMOS, NATURALIZAÇÕES E MORALISMOS

Pedro Henrique Antunes da Costa* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Fernando


Santana de Paiva (Universidade Federal de São João del-Rei) e Telmo Mota Ronzani
(Universidade Federal de Juiz de Fora)

Apesar das recentes modificações nas formas de se compreender o uso de substâncias,


estudos apontam a concepção sobre o tema ainda respaldada por modelos contrários aos
preconizados pelas Reformas Sanitária e Psiquiátrica brasileiras, baseados no modelo
biomédico hegemônico, em detrimento de perspectivas psicossociais ou socioculturais, e
em concepções morais e preconceituosas. Em razão do entrelaçamento entre diferentes
concepções e discursos que orientam as práticas na área, permeadas por uma série de
questões individuais, institucionais e sócio-políticas, considera-se relevante entender o
que os profissionais de saúde pensam sobre o uso de drogas. Assim, o presente estudo
objetivou compreender as concepções dos profissionais de saúde no Brasil sobre o uso/
abuso de drogas. Trata-se de uma revisão sistemática nas seguintes bases de dados:
MEDLINE, LILACS, IBECS e Scielo. A amostra final foi composta por 21 artigos que
preencheram os critérios de inclusão. A maioria dos estudos esteve concentrada na
região Sudeste, sendo de natureza qualitativa, com predomínio de estudos exploratórios.
Os principais métodos de coleta de dados foram: entrevistas semiestruturadas e escalas
mensurando atitudes, estereótipos e moralismos. Referente às categorias profissionais, a
maioria dos estudos englobou concepções de equipes multidisciplinares e enfermeiros(as).
Onze trabalhos tiveram como alvos profissionais da Atenção Primária à Saúde, sendo o
restante com profissionais de hospitais gerais, serviços especializados em saúde mental,
Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad), prontos-socorros, dentre
outros. Com relação à análise dos resultados dos artigos, constatou-se uma predominância
de concepções com as seguintes características: 1) fundamentação no modelo biomédico;
2) moralismos e estigmatizações; 3) naturalização do uso e usuário de drogas. Ao se
tratar de um problema multifacetado e complexo, tentativas de respostas devem ir numa
direção de amplitude e abrangência, pensando o uso de drogas para além de uma doença
meramente, ou prática aprioristicamente ruim, mas como algo inerente à esfera humana,
tendo seu nível de complexidade e consequências influenciados pelas relações que as
pessoas estabelecem com as substâncias, o que significa compreender seus aspectos
físicos, psicológicos e sociais. Ao abarcar as concepções dos profissionais de saúde sobre
o uso de drogas, a presente revisão demonstra que os avanços nas legislações e políticas,
por mais importantes que sejam, são limitados para a modificação das visões sobre o tema.
Na reversão desse cenário, coloca-se a necessidade de formação/capacitação na área,
mas com reflexão sobre os pressupostos e metodologias que fundamentam os processos
formativos, indo além do tecnicismo e da mera transmissão de conteúdo, abrindo espaço
para a problematização da realidade, através de perspectivas participativas, horizontais e
abertas às demandas das pessoas e cotidianos de vida e trabalho.

Palavras-chave: Transtornos relacionados ao uso de substâncias; Transtornos relacionados


ao uso de álcool; Pessoal de saúde; Recursos humanos em saúde; Revisão
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

102
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS RELACIONADAS AO CONSUMO DE ÁLCOOL E


OUTRAS DROGAS ENTRE ESTUDANTES DE CURSOS DE GRADUAÇÃO EM SAÚDE

Vânia Sampaio Alves* Cardoso (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Thiago


Passos Oliveira Cardoso (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Fernanda
Machado Guimarães Cardoso (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Tereza
Rocha da Silva Cunha Cardoso (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Roberto
Rezende dos Santos Junior Cardoso (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia),
Silmara de Jesus Oliveira Cardoso (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Paula
Thais Sousa de Oliveira Cardoso (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia)

Estudos realizados nas maiores cidades brasileiras demonstram uma tendência de aumento
do consumo de substâncias psicoativas entre jovens universitários, notadamente das
substâncias lícitas. O presente estudo tem como objetivo analisar concepções e práticas
relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas entre estudantes do Centro de Ciências
da Saúde da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (CCS/UFRB). Trata-se de uma
pesquisa descritiva com métodos mistos. O estudo foi desenvolvido em duas fases. A
primeira, de natureza quantitativa, consistiu na aplicação de um instrumento estruturado via
internet para a coleta de dados acerca das opiniões e atitudes dos estudantes em relação
ao tema drogas e os comportamentos de risco entre esses universitários. O instrumento foi
respondido por 177 estudantes matriculados nos cursos de Bacharelado Interdisciplinar em
Saúde, Enfermagem, Medicina, Nutrição e Psicologia. A segunda fase da pesquisa assumiu
uma abordagem qualitativa, com a realização de três sessões de grupo focal. Foram
contemplados nos grupos focais tópicos como as concepções acerca das drogas; fatores
relacionados ao consumo de substâncias psicoativas entre universitários; vida universitária
e experiência do consumo de álcool e outras drogas; prevenção ao consumo abusivo de
drogas; redução de danos. Os dados quantitativos foram analisados de forma descrita,
sendo interpretados de forma integrada e complementar aos dados qualitativos, analisados,
por sua vez, mediante categorias temáticas. Dentre os participantes da pesquisa, a maioria
é do sexo feminino (73%), com idade entre 18 e 41 anos. O álcool corresponde a principal
substância psicoativa de consumo entre os estudantes, não sendo percebido por estes
uma diferença no padrão de consumo com relação ao gênero. Dentre os participantes da
pesquisa, 68,8% relataram ter realizado consumo de álcool nos últimos três meses que
precederam a pesquisa, 38,6% relataram momentos dentro deste período em que houve
um forte desejo ou urgência em consumir bebidas alcoólicas; 8,2% informaram que tiveram
problemas de saúde, social, legal ou financeiro relacionados à frequência de consumo;
11,7% relataram ter deixado de fazer coisas que eram normalmente esperadas por eles
devido ao consumo de álcool. Para os estudantes participantes do grupo focal, o álcool
configura uma substância de importante papel nas relações sociais, mediando processos
de socialização e de entretenimento no contexto da vida universitária. Os primeiros anos do
curso são percebidos pelos participantes da pesquisa como período de maior experiência
com o consumo de substâncias. Como explicação para esta percepção, considerou-se que
no início do curso os estudantes estão se adaptando ao ambiente universitário. A partir
desses achados, espera-se contribuir com o desenvolvimento de ações para a prevenção
do consumo abusivo de substâncias psicoativas, notoriamente o álcool, e para a redução
de danos entre estudantes universitários.

Palavras-chave: Estudantes de Ciências da Saúde, Transtornos relacionados ao uso de


álcool, Prevenção do uso prejudicial, Redução de danos
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa
103
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CONSEQUÊNCIAS DO CONSUMO DE ÁLCOOL NO PADRÃO BINGE EM USUÁRIOS


DE COCAÍNA NÃO INJETÁVEL

Josélia Benedita Carneiro Domingos Rocci* (Enfermeira Doutora – Escola de Enfermagem


de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo; Centro de Saúde de Jaboticabal – SP),
Natália Priolli Jora Pegoraro (Enfermeira Doutora – Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto - Universidade de São Paulo; Centro de Atenção Psicossocial – álcool e drogas de
Ribeirão Preto – SP), Maria Fernanda Rosa de Almeida Raimundo (Enfermeira; Mestranda
em Enfermagem Psiquiátrica pelo Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências
Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo), Sandra
Cristina Pillon (Enfermeira Professora Titular – Departamento de Enfermagem Psiquiátrica
e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – Universidade de São
Paulo)

O consumo de álcool e de cocaína é a associação mais frequente e presente em usuários


de drogas. A interação destas drogas no organismo produz o cocaetileno, metabólico que
intensifica os processos psíquicos (euforia, desinibição) e os de comportamento (agressão
física, inquietação psicomotora), além de sintomas como fotofobia, sudorese e aumento da
pressão arterial. Pesquisas têm registrado, com propriedade, um aumento da disfunciona-
lidade entre usuários de múltiplas drogas (uso de duas ou mais drogas simultaneamente)
em comparação com aqueles que consomem apenas uma substância. Usuários de múlti-
plas drogas são mais propensos a consumir grandes quantidades de substâncias; assim,
possuem maiores chances de apresentarem consequências mais graves do uso de drogas,
comparado aos que usam uma única substância. Assim, o presente estudo, teve por obje-
tivo avaliar o uso de álcool no padrão binge em usuários de drogas. Trata-se de um estudo
transversal, exploratório, da abordagem quantitativa, desenvolvido em um Centro de Aten-
ção Psicossocial – Álcool e Drogas. A amostra foi composta por 140 usuários de drogas em
tratamento. Constituíram instrumentos para coleta de dados: informações sociodemográfi-
cas, Escala de Gravidade de Dependência do Álcool (SADD), AUDIT-C, Escala de Severi-
dade de Dependência de Drogas (SDS), Cocaine Craving Questionnaire-Brief (CCQ-Brief)
e The Drinker Inventory of Consequences (DrInC). A amostra caracterizou-se predominan-
temente por adultos do sexo masculino, solteiros, cor negra/parda, com baixo nível de
escolaridade, que professavam a religião católica. A maioria dos participantes fez uso de
bebida alcoólica no padrão binge e nível severo de dependência alcoólica e de drogas. Na
presente amostra não foram verificadas associações entre o consumo no padrão binge e si-
tuações de violências. Os usuários também apresentaram consequências mais graves nos
aspectos físicos, interpessoais, intrapessoal, controle de impulso e responsabilidade social
avaliadas pela escala DrInC. O uso pesado de álcool tem sido uma prática muito comum
entre usuários de cocaína não injetável, o que representa graves riscos para a saúde física
e social dessas pessoas. Os resultados indicam a necessidade de estratégias interventivas
para controle do uso de álcool nessa população.

Palavras-chave: Beber em binge; cocaína crack; fissura.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de Apresentação: Sessão de Pôster.
Tipo de Trabalho: Relato de Pesquisa.

104
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CONSTRUINDO A REDE INTERSETORIAL DE ESMERALDAS/MG

Autora: Viviane Andrade Pinheiro (Prefeitura Municipal de Esmeraldas/MG)

Resumo: A Intersetorialidade se anuncia como uma das formas de operacionalização da


gestão, que se apoia em uma articulação possível entre os diversos atores (gestores, técnicos
e usuários). O trabalho em Rede se dá através da interconexão dos diferentes envolvidos,
visando intervenção propositiva frente aos complexos problemas contemporâneos. Pensar
em Rede, nessa perspectiva, exige sintonia com a realidade local e com sua cultura; bem
como uma sociedade civil forte e organizada, capaz de se fazer ativa e participativa diante
da administração pública. O termo Rede sugere a idéia de articulação, conexão, vínculos,
ações complementares, relações horizontais entre parceiros, interdependência de serviços
para garantir a integralidade da atenção aos usuários que dele necessitam. Por iniciativa da
Equipe de Saúde Mental de Esmeraldas, no ano de 2010, iniciou-se o Seminário Intersetorial,
que acontece todos os anos até então, devido à necessidade de articulação da Rede no
atendimento aos Usuários dos Serviços, que trabalhavam de forma fragmentada e isolada,
tendo resultados pouco proveitosos do ponto de vista da promoção da cidadania. No ano de
2013, a Saúde Mental em parceria com o CREAS(Centro de Referência Especializada em
Assistência Social), decide criar reuniões e encontros intersetoriais mensais, com o intuito
de trabalhar casos que demandassem maior atenção dos vários dispositivos da Rede.
Participam dessa construção os Equipamentos da Saúde, da Educação, da Assistência
Social, Esportes, Cultura, Judiciário, Ministério Público, Conselho Tutelar e outros. Foram
criados também e-mail para troca de informações técnicas e grupo na rede social Whatsaap
para discussão em tempo real de casos que exigem cuidados e intervenção imediata, além
de, se necessário, reuniões extraordinárias. Como resultados, obtivemos maior atenção
aos casos e maior eficiência em questão de tempo para atendê-los e solucioná-los. Os
profissionais passaram a se conhecer, a entender as verdadeiras atribuições de cada
Equipamento e com isso passaram a trabalhar de maneira harmonizada. Em relação aos
usuários prejudiciais de drogas, o avanço se deu no sentido de que os técnicos têm agora
conhecimentos necessários e caminhos de discussão que fazem com que a construção do
caso se efetive e os direitos dos usuários sejam respeitados verdadeiramente. Por esse
motivo, os usuários e suas famílias são atendidos integralmente e os encaminhamentos
são feitos de maneira responsável.

Palavras-chave: Intersetorialidade; Construção do caso; Integralidade; Encaminhamento


responsável.
Eixo temático: “Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos”
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

105
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CONSTRUINDO EXPERIÊNCIAS: O TRABALHO REFLEXIVO NO GRUPO COM


USUÁRIO DE DROGAS

Glauco Batista(Terceira Margem Prevenção e Pesquisa em Toxicomania), Tatiana Sarmento


Goulart*( Universidad Del Salvador)

Para falar sobre as drogas, primeiramente, precisamos entender o contexto desse objeto na
nossa sociedade. Se formos à antropologia, entenderemos que não é possível pensar na
civilização e não identificarmos a existência das drogas desde os primórdios da humanidade.
Ela sempre esteve inserida em diversos contextos: social, econômico, medicinal, religioso,
psicológico, entre outros. Portanto o consumo da droga deve ser considerado como um
fenômeno especificamente humano e cultural. Não há uma sociedade que não tenha as
suas drogas. A Terceira Margem Prevenção e Pesquisa em Toxicomania é uma organização
não governamental, sem fins lucrativos, que tem por objetivo atuar junto às instituições
públicas, empresas, escolas e outros segmentos sociais, desenvolvendo projetos de
prevenção e pesquisa na área das toxicomanias, drogas e álcool e suas interfaces com
o hiv /aids. O grupo temático de reflexão sobre drogas é constituído exclusivamente, por
pessoas oriundas dos encaminhamentos da Justiça por terem cometido atos infracionais
pelo uso de substâncias ilícitas. Esse projeto realizado durante os anos de 2007 a 2012,
fruto da aliança do Poder Judiciário, da Secretaria de Defesa Social do Estado de Minas
Gerais, em parceria com a Terceira Margem Prevenção e Pesquisa em Toxicomania, vai ao
encontro aos mais modernos e eficientes modelos de tratamento aos usuários de drogas,
proposto pela organização de saúde. Contrapõe-se a modelos anteriores de reações
punitivas e terroristas de combate ao uso que se mostrou ineficiente no combate às drogas
por não priorizar a dimensão crítica dos sujeitos. Nosso primeiro desafio é transformar esse
agrupamento de pessoas em um grupo com objetivos comuns, porém sem perder de vista
a individualidade de cada sujeito que ali se apresenta. Freud nos explica em Psicologia
das massas e análise do ego que a massa aliena o sujeito. Através da psicanálise, nossa
metodologia é entender que um trabalho analítico, a partir do dispositivo grupal, deve se
localizar em um lugar contrário a tal alienação. O objetivo é provocar a emergência da
particularidade subjetiva através da presença do analista. Concluímos, a partir da avaliação
e discussão aplicada desses elementos, que o trabalho de reflexão com os grupos temáticos
com beneficiários de penas alternativas sobre drogas constitui-se uma grande conquista
social. Pois, ao estabelecer alternativas de medidas sócio-educativas aos usuários de
substancias ilícitas possibilitam a eles, no trabalho dos grupos temáticos, apropriarem de
seus atos como sujeitos responsáveis por eles, mudando sua história.

Palavras Chaves: Drogas ilícitas; Grupos reflexivos; Responsabilização


Eixo Temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação oral
Tipo de trabalho: Relato de experiência

106
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CONSTRUÇÃO DO CAPS AD III INFANTO-JUVENIL NO MUNICÍPIO DE BAURU:


ROMPENDO PARADIGMAS NA PERSPECTIVA DE REDUÇÃO DE DANOS.

Josiane Fernandes Lozigia Carrapato* (Doutoranda da Faculdade de Medicina da


Universidade Estadual Paulista - Botucatu/Secretaria Municipal de Bauru/São Paulo), Vera
Lúcia de Paula Rodrigues (Secretaria Municipal de Bauru/ São Paulo), Juliane Aparecida
Rocia Lobregat (Secretaria Municipal de Bauru/ São Paulo), Ana Letícia San Juan (Secretaria
Municipal de Bauru/ São Paulo), Caroline Nascimento Santos (Secretaria Municipal de
Bauru/ São Paulo), Silvia Cristina Melenchon (Secretaria Municipal de Bauru/ São Paulo),
Janaina Cristina Pasquini de Almeida (Secretaria Municipal de Bauru/ São Paulo), Magna
Gabriella Vigano Cavalcanti (Secretaria Municipal de Bauru/ São Paulo), Mariana Horne
Lourenço Ramirez (Secretaria Municipal de Bauru/ São Paulo), Andreia Gomes Camacho
(Secretaria Municipal de Bauru/ São Paulo).

Introdução: O CAPS AD III Infanto-Juvenil do município de Bauru foi inaugurado em 2014


e se caracteriza por um serviço de atenção psicossocial com funcionamento diário por
um período de 24 horas. Sua proposta é a promoção e construção permanente de um
ambiente facilitador, estruturado e acolhedor, abrangendo várias modalidades de tratamento
e promovendo acesso a um conjunto de ações e serviços necessários para a promoção,
prevenção, proteção e recuperação da saúde. Sua construção foi realizada com várias
discussões, e capacitação em serviço, criação de fluxo assistencial de cada profissional,
ficha de acolhimento, Termo de Responsabilidade e Consentimento para o tratamento,
regras de convivência e outros de acordo com a necessidade e sugestão da equipe. Essa
construção só é possível com uma gestão horizontal e democrática. Objetivo: Oferecer
atendimento a crianças e adolescentes com história de uso, uso abusivo e dependência
de álcool, crack e outras drogas na perspectiva de RD- redução de danos; possibilitar aos
profissionais um ambiente de trabalho que proporcione mais prazeres do que desprazeres,
criatividade, ousadia e a capacidade de inovar. Metodologia: As intervenções realizadas
no serviço propõem a construção da autonomia, motivação para o tratamento através
de atendimentos psicoterapêuticos e socioterapêuticos, oficinas e grupos terapêuticos,
consulta médica, atendimentos familiares de orientação e suporte. A perspectiva do serviço
é promover treinamento constante da equipe técnica para o atendimento da criança e o
adolescente dependente de SPA, de forma que a equipe se torne agente motivador do
tratamento, gerenciando os casos, oferecendo cuidados personalizados individualizados
no sentido de compreender a peculiaridade de cada caso. Na gestão há estímulo para
criatividade e sugestão de atividades permanentemente, bem como a realização semanal
de reuniões para discussão de casos e rodas de conversas para verbalização e acolhimento
dos sentimentos entre os profissionais. Resultados: Com a gestão participativa e com
reuniões para reflexão continua do processo de trabalho, a equipe inicia um processo de
saber lidar com a frustração, bem como a capacidade continua de criar atividades como:
“Grupo Motivacional”, “Grupo de Sentimentos”, “Grupo Operativo”, “Grupo Educação
sobre Drogas”, “Atenção Educativa”. Os adolescentes estão frequentando e participando
do CAPS AD III i e os funcionários criando e inovando constantemente. Considerações
finais: Concluímos que com a gestão organizada horizontalmente há possibilidades de
fornecer conhecimento à equipe para lidar com a crise emocional, surto psicótico, recaídas,
preconceito, política de Redução de Danos. Já o adolescente utiliza o CAPS AD III i como
extensão de sua casa, comunica quando ocorre a recaída, é informado sobre a decisão de
mudança comportamental ser sua escolha individual, é orientado que a partir da decisão de
usar drogas deve fazer uso adequadamente dentro da perspectiva de RD.
Palavras-chave: Redução de Danos; Gestão Democrática; Processo de Trabalho.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral - Tipo de trabalho: Relato de Experiência

107
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DAS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA ESCALA


DE CRENÇAS E PRÁTICAS DE PREVENÇÃO AO USO DE ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS (CREPPAD)

Jéssica Verônica Tibúrcio de Freitas* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Henrique


Pinto Gomide (Universidade Federal de Juiz de Fora), Fernando Antônio B. Colugnati
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Pollyanna Santos da Silveira (Universidade Federal
de Juiz de Fora), Telmo Mota Ronzani (Universidade Federal de Juiz de Fora).

A escola é um local estratégico para ações de prevenção, pois nesse local se concentram
os jovens de diferentes faixas etárias e histórias de vida. No entanto, a escola necessita de
propostas que ultrapassem práticas tradicionais como as palestras informativas, que não
apresentam resultados efetivos. Os docentes que atuam na escola não são formados para
lidar com demandas como a prevenção ao uso indevido de drogas sentem-se despreparados
para atuar frente ao tema. O objetivo deste estudo foi descrever os passos relativos à
construção e validação de uma escala para avaliar as crenças e práticas profissionais
de educadores de escolas públicas bem como apresentar a análise preliminar de suas
propriedades psicométricas. As etapas da elaboração foram: construção da matriz dos itens,
avaliação matriz por especialistas na área, avaliação do juiz, grupo focal e por fim estudo
piloto. A autorização dos participantes foi realizada através do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido postado na plataforma e todos os cuidados éticos necessários foram
preservados. Os instrumentos disponibilizados foram autoaplicáveis, preservando o
anonimato. Utilizou-se um questionário sócio demográfico contendo variáveis como: idade,
gênero, estado civil, status profissional, escolaridade, serviço de atuação, tempo de serviço,
religião, bem como a escala sobre crenças e práticas de prevenção ao uso de álcool e outras
drogas. Participaram 136 educadores brasileiros de escolas públicas. Pela análise fatorial
exploratória, emergiram dois fatores: Crenças sobre as práticas preventivas e Habilidades
de realizar práticas que explicaram 40% da variância total. A consistência interna da escala
total, avaliada pelo Alpha de Cronbach, foi de 0,9 e dos dois fatores variaram de 0,86 a 0,89.
Acredita-se que a escala apresenta evidências de validade e confiabilidade para utilização
com a população alvo do estudo.

Palavras-chave: Avaliação psicométrica; Prevenção; Construção de instrumento.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

108
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CONSUMO DE ÁLCOOL ENTRE ADOLESCENTES E JOVENS ESCOLARES DO


ENSINO MÉDIO EM UMA CIDADE DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO PARANÁ

Bruno Maschio Neto*, Rosangela Christophoro, Maria Dalva de Barros Carvalho, Gabriela
Ramos Furman, Alan Henrique De Lazari, Magda Lúcia Félix de Oliveira, Ieda Harumi
Higarashi (Universidade Estadual de Maringá).

Os problemas na adolescência relacionados ao uso do álcool têm despertado interesse


e preocupação nas últimas décadas. Para a saúde pública, o consumo de álcool e as
implicações que dele advém atingem a vida pessoal, familiar, escolar, ocupacional e social
do usuário. Face a este contexto, o presente estudo se justifica enquanto tentativa de
abordar as práticas de consumo de álcool entre adolescentes e jovens matriculados em
escolas públicas e privadas de uma cidade da região noroeste do Paraná. O objetivo desta
pesquisa foi caracterizar o grupo de estudantes adolescentes do ensino médio de escolas
públicas e particulares segundo os aspectos sócio demográficos, e identificar o uso de
álcool entre esses adolescentes. Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, do
tipo descritivo exploratório por meio de amostragem aleatória. O projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa em seres humanos da Universidade Estadual de Maringá
(UEM) sob o parecer no330/2005. Visou-se identificar o uso de bebidas alcoólicas entre
os alunos de 15 escolas públicas e 4 escolas particulares, por questionários anônimos de
autopreenchimento. Foram incluídos alunos das três series do ensino médio e dos três
turnos de todas as escolas participantes, constituindo uma amostra inicial de 2837 alunos.
Dos questionários aplicados, 370 foram descartados da pesquisa, por preenchimento
incompleto. Dos 2467 estudantes pesquisados 56,18% (1386) eram do gênero feminino e
43,82% (1081) eram do gênero masculino, do total, 88,24% disseram já terem experimentado
algum tipo de bebida alcoólica. Em relação às escolas, 90% (2221) pertenciam às escolas
públicas, ao passo que 10% (246) eram de escolas privadas. Entre os alunos das escolas
particulares, o percentual de adolescentes que já haviam experimentado algum tipo de
bebida alcoólica foi de 91,01%, contra 87, 94% em escolas públicas. No presente estudo foi
possível constatar que a prática de consumo de bebidas alcoólicas entre os adolescentes
matriculados em escolas públicas e privadas é bastante difundida, independente da escola,
serie e turno. Esses dados denotam que a falta de disponibilidade financeira não seja um
fator de risco significativo para o uso de álcool, donde se depreende a necessidade de
intervenções continuadas junto à comunidade escolar como um todo, no sentido de evitar
as consequências deletérias imediatas e a longo prazo do abuso do álcool na sociedade.

Palavras-chave: Drogas de abuso; Adolescente; Escolares; Alcoolismo.


Eixo Temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

109
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS
CONTRADIÇÕES E CONVERGÊNCIAS ENTRE A POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA SAUDE
PARA A ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS E A LEI
11.343 – UM ESTUDO COMPARATIVO REFLEXIVO

Gustavo Chiesa Gouveia Nascimento*(Escola de Enfermagem da Universidade de São


Paulo), Paula Hayasi Pinho(Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo),
Bruno Makoto Matsuno (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Keller
Cristina Leite(Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Antônio Sérgio
Gonçalves(Centro de Atenção Psicossocial álcool e drogas - São Paulo), Thais Fernandes
Rojas(Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Rosana Ribeiro Tarifa(Escola
de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Heloisa Garcia Claro(Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo), Rejane Maria Dias de Abreu Gonçalves(Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo), Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira(Escola
de Enfermagem da Universidade de São Paulo), Andrea Domânico(Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo).

Introdução: O uso de substâncias psicoativas vem trazendo um enorme desafio assistencial


para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a formulação de políticas públicas para esta temática
vem sendo palco de um intenso debate em todo o mundo, sobretudo no Brasil. Nesse campo
de disputa entre discursos, para uma parte, a estratégia de Redução de Danos (RD) como
prevenção e tratamento e a descriminalização das drogas se apresentam como a forma
mais efetiva, pragmática e não excludente de reduzir os impactos causados pelo consumo
de drogas. Já para outra, a repressão ao tráfico e a proposição da abstinência como única
meta possível ao tratamento a todos os usuários dependentes de substâncias psicoativas
seguem sendo a única forma de comungar do sonho de um mundo livre das drogas. No Brasil,
nas últimas duas décadas, viu-se a formulação de novas diretrizes políticas e legislações
que alteraram em partes o estatuto de nossos usuários de drogas e a formulação de novas
estratégias de enfretamento para a temática em questão. Dentre essas damos especial
atenção à Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e
Outras Drogas, de 2003, e a lei 11.343, de 2006, que institui o Sistema Nacional de Políticas
sobre Drogas – SISNAD, que inauguraram um novo discurso sobre o enfrentamento da
problemática das drogas revisando as leis anteriores e legitimando a RD como uma das
possibilidades de oferta de cuidado aos usuários de drogas. Objetivo: Comparar essas duas
políticas, no sentido de contribuir para o avanço desse debate evidenciando as aproximações
e contradições entre a diretriz do Ministério da Saúde e a lei que institui o SISNAD por meio
de um estudo comparativo reflexivo. Resultados: Evidenciamos que apesar de ambas
convergirem ao legitimar a RD como estratégia de cuidado possível aos usuários de drogas,
se diferem e contradizem evidentemente quanto à questão do proibicionismo. Sobre esse
ponto a Política do Ministério pretende desassociar completamente o usuário de drogas
do campo da criminalidade ou das condutas antissociais, entendendo que a criminalização
das drogas coloca condições desfavoráveis ao acesso à saúde, participação e organização
social dos usuários de drogas. Por sua vez o SISNAD, ainda que diferencie o usuário
do traficante, reafirma o paradigma proibicionista apostando nas ações de repressão ao
tráfico e mantendo o uso de algumas drogas como proibido, com tratamentos bastante
diferentes aos usuários de drogas lícitas e ilícitas. Conclusões: Ao reafirmar o paradigma
proibicionista o SISNAD dificulta a implementação efetiva da estratégia de RD, permitindo
uma falta de coesão entre as diferentes políticas que atuam sobre a mesma temática e
imprimindo contradições na própria rede de atenção ao usuário de drogas. Por outro lado
discutimos que a tentativa de conciliar dois discursos essencialmente opostos não contribui
para o verdadeiro embate de posições e aprofundamento do debate no campo social.
Palavras-chave: Drogas ilícitas, políticas públicas, redução de danos.
Eixo temático: Redução da Oferta
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa
110
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CONTRIBUIÇÃO DO GRUPO DE ACOLHIMENTO DE UM CAPS AD, EM SALVADOR/


BA, PARA CRIAÇÃO DO VÍNCULO INSTITUCIONAL.

Claudia Oliveira Dias* (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas Gregório
de Matos – Salvador/Ba)

Trata-se de relato de pesquisa sobre a oferta de oficinas e grupos, apresentar a composição


de equipe técnica, retratar as estratégias utilizadas para tratamento, sendo uma de
significativa importância que é a Redução de Danos, das responsabilidades do usuário, da
família e da equipe técnica no tratamento, sobre as atividades desenvolvidas e sobre as
normas e regras de funcionamento de um CAPS AD em Salvador/BA por meio do Grupo
de Acolhimento. Tem como objetivo apresentar, a partir da percepção dos usuários, de
que forma são consideradas as informações recebidas e o quanto elas contribuem na
inserção de cada usuário no serviço. As percepções são apontadas no próprio grupo e,
em outros espaços na própria instituição, logo após serem matriculados. São apontados
feedbacks de forma espontânea para algum técnico ou para o próprio técnico de referência.
Além de utilizarem as assembleias, reuniões de usuários e familiares, para exposição da
receptividade dos esclarecimentos no grupo. Percebe-se que o grupo contribui de forma
significativa na compreensão do funcionamento do serviço, além de estabelecer o primeiro
momento de interação grupal ao usuário e familiar matriculado e estabelecer um contato
dialógico onde possibilite sanar dúvidas e iniciar a construção do vínculo institucional.

Palavras-chave: Relato de experiência; Grupo de Acolhimento; CAPS AD; Vínculo


institucional.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

111
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CONTRIBUIÇÕES DO GRUPO COMO RECURSO TERAPÊUTICO NO PROCESSO DE


PREVENÇÃO A RECAÍDA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores e Instituição: Tatiana Rodrigues do Amaral* (Enfermeira Pesquisadora e do


município de Anchieta, Membro da Equipe Técnica do Centro de Estudos e Pesquisas sobre
Álcool e outras Drogas e Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
da Universidade Federal do Espírito Santo), e Marluce Miguel de Siqueira (Professora
Titular do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva, Coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas
da Universidade Federal do Espírito Santo e Orientadora).

Resumo: Prevenção à recaída é um processo em que o individuo busca melhorar a


assertividade na manutenção da mudança dos hábitos. Por isso, o tratamento deve abranger
o indivíduo, bem como o impacto e as consequências do consumo sobre as diversas áreas
da vida do mesmo. Esse trabalho pretende relatar a experiência do desenvolvimento do
grupo terapêutico, denominado Guerreiros da Vida, como espaço para a consolidação de
ações de saúde frente à dependência química e especificamente às ações relacionadas
ao controle e prevenção à recaída. O grupo surgiu com atividades em novembro de
2012 acontecendo no Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas (CAPS
ad) do município de Anchieta/ES toda segunda e sexta-feira com duração de 1:30 h. Os
participantes são os protagonistas da reflexão a cerca do conteúdo apresentado e os
profissionais são apenas facilitadores da dinâmica de desenvolvimento do grupo, em que
buscam apresentar textos reflexivos e de orientações, sobre o assunto dependência química,
apresentação de vídeos, dinâmicas e teatro. São trabalhados no grupo assuntos referentes
a treino de habilidades sociais, fatores de risco e de proteção ao uso de substâncias
psicoativas, conceitos relacionados à temática e matérias relacionados à qualidade de
vida, promoção à saúde e prevenção de doenças. E devido as comorbidades apresentadas
pelos participantes, foi incluído orientações acerca de atividade física já que é indicada no
auxílio de controle/redução de doenças cardiovasculares. Quanto ao tipo de substância
utilizada pelos participantes antes de iniciar o tratamento, entre 2012 a 2014 a maioria eram
usuários de múltiplas drogas, tanto lícitas quanto ilícitas havendo mudança no ano de 2015
em que a maioria faz uso de drogas lícitas. Em relação ao tipo de tratamento recebido
antes da adesão ao grupo foram observadas duas modalidades: tratamento em regime
comunitário e em instituição fechada, sendo iniciado o grupo, em 2012, com a adesão de
participantes oriundos de ambas as modalidades, no entanto, a partir do ano de 2014, todos
os pacientes, desde então, foram provenientes de internação. Quanto ao desligamento do
grupo observou-se que nos 4 anos avaliados 33,33% dos participantes que se desligaram
foi devido a inserção em outros espaços comunitários o que avaliamos como positivo, pois
uma das atribuições do CAPS ad é a reinserção social. Assim, observa-se que o grupo
tem sido um espaço de socialização entre os participantes, e um ambiente de troca de
experiência, seja ela em relação à manutenção da abstinência, relacionamentos familiares,
com os pares e no ambiente laboral. A reflexão constantemente estimulada pelas atividades
propostas os direcionam a um olhar para si, o autoconhecimento, o que antes não era
possível devido ao processo ativo da dependência química.

Palavras-chave: Drogas; Prevenção; Grupo.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

112
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CONTRIBUIÇÕES FENOMENOLÓGICAS PARA A RELAÇÃO ENTRE A POLÍTICA DA


REDUÇÃO DE DANOS E AS PRÁTICAS CLÍNICAS

Kássia Fonseca Rapella* (Fundação Oswaldo Cruz), Bárbara Penteado Cabral


(Faculdades Integradas Maria Thereza), Alessandro de Magalhães Gemino (Universidade
do Estado do Rio de Janeiro)

Este trabalho tem como proposta oferecer uma reflexão sobre a política nacional de
redução de danos, oficializado pelo Ministério da saúde em 2005, como uma estratégia
ética do cuidado. A redução de danos, em dois de seus nascimentos, é destacada pela
troca; na Inglaterra quando a troca ocorria entre drogas e na Holanda com a troca de
seringas. No Brasil, o destaque pode ser pensado no que se refere ao protagonismo do
usuário; trocamos a perspectiva do usuário de drogas como alguém que foi “capturado
pela substância pela ideia de que há um sujeito que está em contato com a substância.
Diferentemente das estratégias que visam a abstinência, como Alcóolicos Anônimos (AA)
e Narcóticos Anônimos (NA), a prática da redução de danos fornece ao usuário o cuidado,
independentemente se o seu desejo neste momento é parar o consumo. Levando em
consideração o fenômeno droga, enquanto multifacetado e ao mesmo tempo enquanto
substância “morta” (se separada do sujeito), o trabalho discute a redução de danos enquanto
estratégia ética de promoção de saúde, entendendo que aquele usuário considerado
dependente ou com uso abusivo tem um modo de relação singular com as drogas. A
perspectiva da clínica ampliada nos aparece como modo de intervenção que amplia o olhar,
e portanto o cuidado. É preciso considerar o usuário enquanto no-mundo-com-os-outros,
com seu território e relações. Essa perspectiva, de potência clínica, pode proporcionar
uma ressignificação do mundo do usuário. Ao considerar a redução de danos como uma
estratégia de tratamento, a possibilidade de compreender a ação clínica como ação política
torna-se fundamental, pois a política de RD (redução de danos) tem em seu fundamento
a perspectiva de tratar o usuário de drogas sem excluí-lo no que tange sua capacidade de
escolha. Uma vez que a escolha diz respeito a própria assunção da apropriação de seu “si-
mesmo”, a clínica ampliada é vista aqui como dispositivo desvelador de “modos-de-ser” que,
ao trabalhar com o protagonismo do usuário, possibilita a implicação com suas escolhas
e o contato com o que lhe é próprio, ou seja, a escolha por diminuir ou abster o uso, será
uma escolha autêntica. A fenomenologia, particularmente a fenomenologia heideggeriana e
possíveis articulações dela com o campo da ação clínica servem, aqui, como escopo capaz
de sustentar teoricamente a questão proposta neste trabalho. Como metodologia, além da
reflexão teórica, utiliza-se exemplos clínicos concretos realizados em uma instituição de
saúde mental, em Niterói/RJ.

Palavras-chave: Fenomenologia; Política; Redução de Danos; Práticas Clínicas, Redução


de danos, Fenomenologia, Práticas clínicas.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

113
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CONTROLE DA POLUIÇÃO AMBIENTAL E INTERRUPÇÃO DO TABAGISMO:


RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR COM USUÁRIOS/
ACOMPANHANTES NO AMBIENTE HOSPITALAR

Lívia Alves Cinsa* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Cristina Arreguy-Sena


(Universidade Federal de Juiz de Fora), Lígia Menezes do Amaral (Universidade Federal
de Juiz de Fora).

Introdução: Para os malefícios que o consumo do tabaco gera (forma ativa ou passiva)
há programas de saúde que realizam intervenções terapêuticas com enfoque na
promoção da saúde e redução de danos, visando melhorar a adesão de fumantes para
comportamentos de interrupção do consumo/exposição imediata. Objetivo: Relatar as
experiências vividas durante as ações educativas para cessação tabágica realizadas
no Programa de Residência Multidisciplinar Saúde do Adulto com ênfase em doenças
crônico degenerativas. Metodologia: Relato de experiência sobre a operacionalização das
ações educativas para cessação tabágica no ambiente hospitalar (2/semestre/2014) num
hospital universitário mineiro. Pessoas internadas e seus acompanhantes foram abordados
individualmente sobre seus hábitos de fumar (ativa ou passivamente); interesse em parar;
divulgado os malefícios do cigarro e as estratégias para deixar de fumar; avaliados no
grau de dependência (Escala Fageström) e apresentado/discutido e divulgado conteúdo de
um panfleto informativo elaborado por equipe multidisciplinar. Foram questionadas sobre
se: tinham interesse/estavam dispostas a receber acompanhamento multidisciplinar para
modificar hábitos de fumar; qual motivação teriam para interromper tabagismo. A definição
das condutas terapêuticas originou-se das discutidas da equipe multiprofissional (restrita
a orientações ou incentivos e/ou abordagem farmacológica). Na alta, os fumantes eram
referendados para sua unidade básica para continuarem o tratamento. Após 30 dias da
alta realizou-se follow-up para saber sobre prosseguimento do tratamento (continuidade
ou recaída/lapso). Resultado: A internação, período de debilidade e fragilidade, favoreceu
o interesse dos participantes em abandonar o cigarro e estarem no ambiente hospitalar
dificultou/impediu que eles fumassem devido restrição regimental. Cabe acrescentar
que, após 30 dias ao realizar follow-ups, os pessoas que anteriormente foram atendidas,
em sua maioria, diminuíram o consumo do tabaco, sendo possível motivarem a serem
multiplicadores e incentivarem tal comportamento em outras pessoas. Considerações
finais: Abordar pessoas no ambiente hospitalar e em período de internação mostrou-se
enriquecedor para o binômio fumante/residente devido: aproveitamento de oportunidade
para exercer a dimensão educativa do cuidado; maximização de momentos reflexão dos
usuários sobre o ambiente hospitalar e processo saúde/doença; aprimoramento profissional
pela aproximação entre teoria/prática alicerçada e desenvolvimento de interação respeitosa
e de ajuda capaz de redução danos pessoais e ambientais; aprimorar habilidade para
realizar processo educativo contextualizado na interrupção do comportamento de fumar e
redução da poluição tabágica no ambiente hospitalar.

Palavras-chave: Tabaco; Poluição por fumaça do tabaco; Abandono do Hábito de Fumar


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

114
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CONTROLE DA POLUIÇÃO AMBIENTAL E INTERRUPÇÃO DO TABAGISMO:


RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR COM USUÁRIOS/
ACOMPANHANTES NO AMBIENTE HOSPITALAR

Lívia Alves Cinsa* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Cristina Arreguy-Sena


(Universidade Federal de Juiz de Fora), Lígia Menezes do Amaral (Universidade Federal
de Juiz de Fora).

Introdução: Para os malefícios que o consumo do tabaco gera (forma ativa ou passiva)
há programas de saúde que realizam intervenções terapêuticas com enfoque na
promoção da saúde e redução de danos, visando melhorar a adesão de fumantes para
comportamentos de interrupção do consumo/exposição imediata. Objetivo: Relatar as
experiências vividas durante as ações educativas para cessação tabágica realizadas
no Programa de Residência Multidisciplinar Saúde do Adulto com ênfase em doenças
crônico degenerativas. Metodologia: Relato de experiência sobre a operacionalização das
ações educativas para cessação tabágica no ambiente hospitalar (2/semestre/2014) num
hospital universitário mineiro. Pessoas internadas e seus acompanhantes foram abordados
individualmente sobre seus hábitos de fumar (ativa ou passivamente); interesse em parar;
divulgado os malefícios do cigarro e as estratégias para deixar de fumar; avaliados no
grau de dependência (Escala Fageström) e apresentado/discutido e divulgado conteúdo de
um panfleto informativo elaborado por equipe multidisciplinar. Foram questionadas sobre
se: tinham interesse/estavam dispostas a receber acompanhamento multidisciplinar para
modificar hábitos de fumar; qual motivação teriam para interromper tabagismo. A definição
das condutas terapêuticas originou-se das discutidas da equipe multiprofissional (restrita
a orientações ou incentivos e/ou abordagem farmacológica). Na alta, os fumantes eram
referendados para sua unidade básica para continuarem o tratamento. Após 30 dias da
alta realizou-se follow-up para saber sobre prosseguimento do tratamento (continuidade
ou recaída/lapso). Resultado: A internação, período de debilidade e fragilidade, favoreceu
o interesse dos participantes em abandonar o cigarro e estarem no ambiente hospitalar
dificultou/impediu que eles fumassem devido restrição regimental. Cabe acrescentar
que, após 30 dias ao realizar follow-ups, os pessoas que anteriormente foram atendidas,
em sua maioria, diminuíram o consumo do tabaco, sendo possível motivarem a serem
multiplicadores e incentivarem tal comportamento em outras pessoas. Considerações
finais: Abordar pessoas no ambiente hospitalar e em período de internação mostrou-se
enriquecedor para o binômio fumante/residente devido: aproveitamento de oportunidade
para exercer a dimensão educativa do cuidado; maximização de momentos reflexão dos
usuários sobre o ambiente hospitalar e processo saúde/doença; aprimoramento profissional
pela aproximação entre teoria/prática alicerçada e desenvolvimento de interação respeitosa
e de ajuda capaz de redução danos pessoais e ambientais; aprimorar habilidade para
realizar processo educativo contextualizado na interrupção do comportamento de fumar e
redução da poluição tabágica no ambiente hospitalar.

Palavras-chave: Tabaco; Poluição por fumaça do tabaco; Abandono do Hábito de Fumar


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

115
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CRACK E INTERNAÇÃO: ENSAIO DE UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Cezar Augusto Vieira Junior* (Universidade Federal de Santa Maria), Adriane Roso
(Universidade Federal de Santa Maria), Maria Eduarda Freitas Moraes (Universidade
Federal de Santa Maria), Michele Pivetta de Lara (Universidade Federal de Santa Maria),
Natiele Almeida Machado (Universidade Federal de Santa Maria).

A questão do uso de drogas ainda se apresenta como tabu, sendo pouco discutida pela
sociedade, devido à representação da droga como algo nocivo ou perigoso. Por sua
vez, o tabu que o crack representa vai além, visto que as pessoas que dele fazem uso
frequentemente sofrem com o estigma. A internação das pessoas que fazem uso de crack
apresenta-se como uma forma de atenção à saúde por vezes questionável, pois só deveria
ocorrer quando recursos extra-hospitalares se mostrassem insuficientes, conforme a Lei
10.216/2001. Porém, o que encontramos são situações em que esta é utilizada como
recurso inicial, senão único. Percebendo que as produções científicas buscam se aproximar
desses temas, o presente trabalho consiste em um ensaio de revisão sistemática de artigos
científicos na biblioteca eletrônica SciELO (www.scielo.br) sobre o crack e a internação, tendo
como objetivo analisar e refletir a respeito da produção científica sobre internação e crack,
e o quanto as nossas pesquisas podem contribuir com a produção de conhecimento acerca
desses temas. No levantamento, partimos de expressões mais específicas, até mais gerais,
quando não obtivemos resultados. Assim, em julho de 2015, recorremos ao mecanismo da
plataforma “pesquisa por artigos”, utilizando o boleano “and” para pesquisar os termos em
conjunto, buscando artigos publicados até esse período. Primeiramente utilizamos os termos
“usuários de drogas”, “crack” e “internação compulsória”, que pesquisados conjuntamente
não resultaram em artigos. Em seguida, realizamos a pesquisa com os termos, em conjunto,
“internação compulsória” e “crack”, também sem obter resultados. Na terceira tentativa
utilizamos apenas os termos “internação” e “crack”, pesquisados conjuntamente, resultando
em doze artigos. A medicina é a área mais presente nos artigos encontrados, sete do total.
Quatro desses são especificamente de profissionais da psiquiatria; um possui autores da
medicina, psicologia e educação física. Em segundo lugar, foram encontrados três artigos
provenientes da psicologia, dois deles exclusivamente de psicólogos, e outro já citado, em
conjunto com outras áreas. Além desses, foram obtidos um artigo com autoria da área da
nutrição e outro com autores das áreas do direito e saúde pública. Quanto aos métodos
utilizados, nenhum foi preponderante. Três artigos são teóricos e nove enfatizam pesquisas
realizadas com os sujeitos ainda no período de internação: três em hospital psiquiátrico,
cinco em ala especial em hospital geral e um na antiga FEBEM. Diante disso, podemos
concluir que a maioria das pesquisas ainda têm como foco a internação como tratamento
ou os efeitos da droga. Assim, deixa-se de lado o sujeito, negando a compreensão de que
tanto a internação quanto o uso da droga são apenas alguns dos aspectos da totalização
que é sua vida. Olhar apenas para essas questões pontuais pode engessar a história de
vida da pessoa e negar-lhe o estatuto de sujeito, tomando-o como objeto: o usuário-de-
crack.

Palavras-chave: Crack; Internação; Saúde.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

116
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CRACK E O INTERNAMENTO COMPULSÓRIO: ESTE É O CAMINHO?

Adriel José de Quadros* (Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Centro de Ciências


Sociais Aplicadas/Toledo, PR), Loiara Gund (Universidade Estadual do Oeste do Paraná/
Centro de Ciências Sociais Aplicadas/Toledo, PR).

A presente discussão visa elucidar aspectos referentes ao internamento compulsório, relativo


ao uso abusivo de crack. Buscou-se analisar a seguinte questão “o crack e o internamento
compulsório: este é o caminho?”. Relacionam-se aspectos referentes ao uso de drogas,
em especial o crack, bem como seu surgimento no Brasil, assim como o internamento
compulsório, entendido como solucionador de problemas, a abordagem do uso de crack
visto como “epidemia”, parcerias com instituições para implementação da redução de
danos, como opção para reduzir problemas sociais. Analisou-se a Lei Federal da Psiquiatria
10.216/01, para uma compreensão sucinta sobre o que é o internamento compulsório. Para
realizar a analise utilizou-se da revisão bibliográfica, leituras e fichamentos efetivados a partir
de estudos. Percebe-se que os usuários de drogas, quando abordados, tornam-se arredios
quanto ao assunto, assim em muitos casos não aceitam medidas que seriam capazes de
resguardar suas vidas, pois inúmeras vezes, são taxados de marginais e ao invés disso,
o que necessitam é de apoio, tanto para abster-se da dependência como para reinserir-se
no âmbito social. Devemos desmistificar pré-conceitos impostos pela sociedade, pois, não
podemos julgar nem criminalizar uns aos outros. Lembrando que temos direitos e deveres
enquanto sociedade e devemos cumpri-los.

Palavras-chave: Drogas; Internamento compulsório; Redução de danos.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

117
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CRACK, AMOR, DOR E FAMÍLIA: LAÇOS E FISSURAS.

Raiza Braz Kirk de Sanctis* (Universdidade Estadual de Campinas)

Resumo
Pretendo, nesta apresentação oral, apresentar o desenvolvimento de minha pesquisa de
mestrado, em andamento há três anos (anteriormente financiada por bolsa de iniciação
científica). O trabalho tem como pano de fundo questões em torno dos vínculos afetivos de
usuários de crack durante suas trajetórias de vida e em diferentes contextos etnográficos.
Por vínculos afetivos, refiro-me, especialmente, às relações que façam referência à
noção de família, consanguínea ou não. Se, por um lado, a desconfiança tem sido uma
característica constantemente observada entre meus interlocutores de pesquisa, por outro,
há muitas relações afetivas intensas e cuidado mútuo observado entre eles. As fissuras
entre familiares consanguíneos (ou, em alguns casos, nucleares) são constantemente
remontadas em nossas conversas, bem como a fissura pelo crack. Tais fissuras não são
vividas de maneiras homogêneas entre os usuários, tampouco por um mesmo indivíduo.
Muitas são as fases de vida das pessoas, a forma de se relacionar com o mundo e suas
relações sociais e materiais muda bastante de acordo com o tempo que permanecemos
nele. Sendo assim, pretendo descrever tais laços afetivos (sendo atadados e desatados)
da maneira mais próxima possível com a forma que as pessoas com quem convivo em
campo me dizem querer que suas trajetórias sejam pensadas. Trata-se de um trabalho
escrito por mim, mas pensado por muitas cabeças: familiares, pessoas que consomem
ou consumiram crack, amigos e orientadores. Para tanto, tenho abordado tais pessoas
com conversas e vivências quase que cotidianas na região da Cracolândia, em São Paulo.
Todavia, a trajetória desta pesquisa me proporcionou também conviver com usuários de
crack em duas clínicas de recuperação, ong Amor Exigente, Centro de Apoio Psicossocial
(Caps), Narcóticos Anônimos, ruas de Sorocaba e o albergue da prefeitura de Campinas
para população de rua. Com tal circulação territorial pude perceber que, assim como a
vida de meus interlocutores de pesquisa está marcada pela inconstância na proximidade
com as pessoas com quem eles mantêm relações afetivas, há também esta inconstância
com relação ao lugar onde se habita e considera como casa. Neste sentido, para pensar
laços afetivos neste contexto é necessária uma metodologia que possibilite a apreensão
de dados sutís e, muitas vezes, sentimentais. A preocupação com a circulação de objetos
também se faz importante, isto porque muitas das relações cotidianas se dão em torno do
universo material. Sendo assim, uma metodologia atenta às emoções e a vida social das
coisas se faz necessária na composição da pretendida etnografia.

Palavras-chave: Crack; Família; Fissuras.


Eixo temático: “Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial”.
Modalidade de apresentação: comunicação oral.
Tipo de trabalho: relato de pesquisa.

118
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CRACK, AMOR, DOR E FAMÍLIA: LAÇOS E FISSURAS.

Raiza Braz Kirk de Sanctis* (Universdidade Estadual de Campinas)

Pretendo, nesta apresentação oral, apresentar o desenvolvimento de minha pesquisa de


mestrado, em andamento há três anos (anteriormente financiada por bolsa de iniciação
científica). O trabalho tem como pano de fundo questões em torno dos vínculos afetivos de
usuários de crack durante suas trajetórias de vida e em diferentes contextos etnográficos.
Por vínculos afetivos, refiro-me, especialmente, às relações que façam referência à
noção de família, consanguínea ou não. Se, por um lado, a desconfiança tem sido uma
característica constantemente observada entre meus interlocutores de pesquisa, por outro,
há muitas relações afetivas intensas e cuidado mútuo observado entre eles. As fissuras
entre familiares consanguíneos (ou, em alguns casos, nucleares) são constantemente
remontadas em nossas conversas, bem como a fissura pelo crack. Tais fissuras não são
vividas de maneiras homogêneas entre os usuários, tampouco por um mesmo indivíduo.
Muitas são as fases de vida das pessoas, a forma de se relacionar com o mundo e suas
relações sociais e materiais muda bastante de acordo com o tempo que permanecemos
nele. Sendo assim, pretendo descrever tais laços afetivos (sendo atadados e desatados)
da maneira mais próxima possível com a forma que as pessoas com quem convivo em
campo me dizem querer que suas trajetórias sejam pensadas. Trata-se de um trabalho
escrito por mim, mas pensado por muitas cabeças: familiares, pessoas que consomem
ou consumiram crack, amigos e orientadores. Para tanto, tenho abordado tais pessoas
com conversas e vivências quase que cotidianas na região da Cracolândia, em São Paulo.
Todavia, a trajetória desta pesquisa me proporcionou também conviver com usuários de
crack em duas clínicas de recuperação, ong Amor Exigente, Centro de Apoio Psicossocial
(Caps), Narcóticos Anônimos, ruas de Sorocaba e o albergue da prefeitura de Campinas
para população de rua. Com tal circulação territorial pude perceber que, assim como a
vida de meus interlocutores de pesquisa está marcada pela inconstância na proximidade
com as pessoas com quem eles mantêm relações afetivas, há também esta inconstância
com relação ao lugar onde se habita e considera como casa. Neste sentido, para pensar
laços afetivos neste contexto é necessária uma metodologia que possibilite a apreensão
de dados sutís e, muitas vezes, sentimentais. A preocupação com a circulação de objetos
também se faz importante, isto porque muitas das relações cotidianas se dão em torno do
universo material. Sendo assim, uma metodologia atenta às emoções e a vida social das
coisas se faz necessária na composição da pretendida etnografia.

Palavras-chave: Crack; Família; Fissuras.


Eixo temático: “Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial”.
Modalidade de apresentação: comunicação oral.
Tipo de trabalho: relato de pesquisa.

119
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CRENÇAS DE USUÁRIOS HOMENS SOBRE UM GRUPO DE PROMOÇÃO DE SAÚDE


E SOBRE O CONSUMO DE ÁLCOOL

Maria Bastos Cacciari* (Universidade Federal do Espírito Santo), Yushiara Emily Vargas
Velez (Universidade Federal do Espírito Santo) e Luiz Gustavo Silva Souza (Universidade
Federal Fluminense).

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) destaca a importância


da mudança da percepção dos homens sobre os cuidados com a própria saúde. Apesar
das propostas da PNAISH, pode-se observar a ausência dos homens na Atenção Básica
relacionada à dificuldade que eles têm em reconhecer suas necessidades de saúde. O
cuidado ainda se encontra associado a preconceitos e estereótipos, visto como prática
feminina. A pesquisa relatada aqui teve como objetivo geral conhecer as crenças de usuários
homens sobre um Grupo de Promoção de Saúde em uma Unidade de Saúde da Família
do município de Vitória (ES), bem como conhecer suas crenças em relação ao consumo de
álcool. Para a coleta de dados, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas individuais.
Participaram 10 homens, com idade entre 45 e 60 anos, frequentadores de um Grupo
de Promoção de Saúde. O grupo se destina especialmente a homens alcoolistas, mas é
aberto à população masculina do território, seguindo as diretrizes da PNAISH e a redução
de danos, segundo a Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de
Álcool e outras Drogas. Para análise das entrevistas semiestruturadas foi utilizada a técnica
de análise de conteúdo temática. Os resultados encontrados foram agrupados em quatro
categorias: 1) Percepções sobre características e funções do grupo; 2) Percepções sobre
resultados do grupo; 3) Percepções sobre dificuldades relativas ao grupo; e 4) Sentidos
atribuídos ao consumo de álcool pelos participantes. Em comum, os homens apresentaram
a percepção de que o Grupo proporcionava oportunidades de interação, assim como o
cuidado com a saúde. Somente dois participantes referiram que o objetivo estava ligado ao
suporte para fazer abstinência do álcool. Também destacaram melhoras na alimentação,
no controle da diabetes e hipertensão, diminuição do uso de bebida alcoólica e melhora
das relações interpessoais. Entretanto, relataram dificuldades na mudança de hábitos:
alimentares e exercícios físicos; falhas no uso da medicação e dificuldade para diminuir
o consumo de bebida alcoólica. Quanto ao consumo de álcool, manifestaram a crença de
que ele é prejudicial à saúde e aos relacionamentos interpessoais. Também referiram que
os motivos para o consumo de bebida alcoólica eram tornar-se outra pessoa e buscar a
felicidade, assim como a frequência das situações de consumo (jogos de futebol, churrasco,
bar, entre outros). Nesse sentido, o grupo apareceu como local de “refúgio”. Conclui-se que
os Grupos de Promoção da Saúde podem servir para efetivar a inserção dos homens nos
ambientes de cuidado e contribuir para o desenvolvimento de ações pautadas na lógica
de redução de danos. Desta forma, o objetivo do trabalho com os homens vai além da
abstinência do álcool, almejando a melhoria do autocuidado e da qualidade de vida.

Palavras-chave: Grupos de Promoção da Saúde; Saúde do Homem; Redução de Danos;


Atitudes.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

120
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CUIDADO AOS FAMILIARES DE UNIVERSITÁRIOS COM DEPENDÊNCIA QUÍMICA:


RELATO DE EXPERIÊNCIA

Eliza Maria Rezende Dázio (Universidade Federal de Alfenas), Jamila Souza Gonçalves*
(Instituto Federal do Sul de Minas) Silvana Maria Coelho Leite Fava (Universidade Federal
de Alfenas) Zélia Marilda Rodrigues Resck (Universidade Federal de Alfenas)

INTRODUÇÃO: O consumo de drogas entre universitários é uma realidade. Este consumo


pode corroborar para reduzir a motivação para o estudo, baixo desempenho acadêmico,
reprovações, trancamentos de matrícula e abandono dos estudos. Ademais contribui para
a violência interpessoal, relações sexuais desprotegidas e envolvimento em acidentes de
trânsito. Neste contexto a família do universitário também é afetada. OBJETIVO: Relatar a
experiência de docentes no desenvolvimento de ações junto aos familiares de universitários
com dependência química. METODOLOGIA: Trata-se de relato de experiência durante o
desenvolvimento de ações junto aos familiares de universitários com dependência química.
RESULTADOS: Os encontros realizados junto aos familiares permitiram apreender que ter
uma pessoa com dependência química na família corrobora para a desestruturação da
dinâmica familiar. A família enfrenta situações que levam os seus membros a se sentirem
doentes e impotentes. Nessa vertente, torna-se indispensável o contato direto e o apoio de
uma equipe dentro das universidades preocupada com a saúde do universitário e de sua
família. O acolhimento, o estabelecimento de vínculo com os pais ou outro membro da família,
a capacidade de escuta permitiram uma relação de confiança para que eles conseguissem
expressar seus sentimentos, dúvidas, medos e indagações. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Os contatos com os familiares de universitários com dependência química permitiram
a proximidade com a família e a apreensão da realidade dessas pessoas. Despertou-
nos um novo olhar para aprimorar o cuidado do universitário e de sua família. Embora
existam serviços nas universidades destinados ao apoio de seus acadêmicos, essa não
é a realidade de muitas universidades brasileiras. Diante da magnitude do problema é
premente a implementação de serviços de apoio efetivos, ao universitário e à sua família.
Destacamos que os contatos foram apenas com os familiares que procuraram nosso apoio.
No entanto, esse contato permitiu reflexões acerca da necessidade de respeito pelo outro
que se tornou vulnerável devido ao sofrimento de ter um membro de sua família envolvido
no consumo de drogas.

Palavras-chave: Estudantes; drogas; família


Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de Apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

121
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CUIDADO INTEGRAL AO USUÁRIO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: DESAFIOS E


RESISTÊNCIAS NO CAPS AD MACAÉ

Elza Cândido de Farias (Universidade Federal Fluminense), Daniela Costa Bursztyn


(Universidade Federal Fluminense)

Relatode estágio realizado no CAPS ad Macaé, contando com a participação das atividades
desse dispositivo, tais como o acolhimento a usuário e seus familiares, planejamento de
projeto terapêutico, oficinas expressivas. Analisam-se os desafios enfrentados pela equipe
e usuários a partir da tensão constante entre a redução de danos, onde a abstinência não
é a única meta a ser alcançada, e a política proibicionista, que recebe amplo financiamento
e criminaliza todo e qualquer uso, desafiando os processos e ações das equipes a fim de
ofertas alternativas e inclusão aos usuários sem julgamentos morais.Verificou-se que ações
de autonomia do sujeito através do estimulado para a obtenção de benefício previdenciário
e administração dos seus recursos e a confecção e venda através de bazares de quadros e
artesanatos, surtiam bons efeitos como parte do projeto terapêutico individual. A atuação do
consultório de rua, atuando na distribuição de preservativos e seringas, eram muitas vezes,
a parta de entrada de novos usuários e formas de vinculação ao dispositivo. Concluiu-
se que a equipe é desafiada a romper com saberes médico-psiquiátricos e assim criar
alternativas às políticas e práticas hegemônicas a fim de propor a integração do usuário ao
seu território, ainda que desafiando a lógica que permeia a sociedade e encontra respaldo
em grande parcela das comunidades terapêuticas que reiteram a lógica do isolamento e
abstinência, e que crescem rapidamente em número em detrimento à abertura de novos
CAPS ad.

Palavras-chave: Proibicionismo; Redução de danos; Autonomia; “Re”inserção social.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

122
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CULTURA DE PAZ NA ESCOLA E PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS DENTRO DO


AMBIENTE ESCOLA.

*Leandro de Souza Almeida ( estudante da Universidade Amazônia), Maria Lucia Dias


Gaspar Garcia (professora da Universidade da Amazônia)

O presente trabalho é fruto do projeto de extensão universitária Agenda Criança Amazônia,


da Universidade da Amazônia, o qual se deu a experiência em uma escola de ensino publico.
Escola esta que não difere de outras, passa também por dificuldades como violência, uso
e tráfico de drogas, alunos desmotivados, tendo pouca participação nas atividades dentro
da escola, a qual também apresenta professores desmotivados e sujeitos a ameaças e
agressões de alguns discentes. Neste cenário o projeto tem como diretriz principal articular
ações em rede nas escolas que o integram para o empoderamento da comunidade escolar
com objetivo de garantir o acesso de crianças e adolescentes a educação básica com
qualidade. Diante disto, realizar a orientação aos alunos e prevenção ao uso de drogas
dentro da escola, entretanto buscou-se não apenas mostrar tratar sobreas drogas, mas
fazê-los refletir para buscar novas experiências que não os levassem a este uso. Assim,
em parceria com programa Mais Educação desta unidade escolar foram realizadas oficinas
de danças, e através desta fazer com que os alunos despertassem para outra possibilidade
de respeito, de paz e de fraternidade. Com o objetivo de envolver a comunidade escolar
na comemoração do aniversario da escola, adotando como estratégia recursos lúdicos
como teatro e dança. Desta forma o resultado foi um grande espetáculo o qual comoveu
todos os presentes, porém para chegar a esse ponto foi preciso sensibilizar e conquistar os
alunos para formar um grupo e desenvolver o trabalho. O grupo iniciou com poucos alunos,
mas no decorrer das atividades que aconteciam duas vezes na semana, com a criação
do “Auto da Escola”, foi envolvendo mais participantes com reflexões de seus cotidianos,
inclusive com orientação para a prevenção ao uso de drogas, direitos sexuais e mediação
de conflitos, que a cada encontro conquistava novos adeptos. Por fim, o resultado foi muito
além do esperado, não apenas a criação do espetáculo, mas culminou envolvendo todos
da escola, com destaque aos alunos que despertaram e buscaram se esforçar para ter
um lindo evento, que além de comemorar o aniversário da escola, deu vida para criação
do hino e da bandeira da escola. Dentro desse trabalho a maior a realização era ver cada
aluno se dedicando e participando nesta construção, inclusive alunos que antes tinham
atitudes preconceituosas, agressivas e ate usuários de drogas, despertarem para uma nova
realidade, quando passaram a se dedicar aos estudos e buscar fazer da escola um espaço
de paz. O percurso realizado ate o dia do trabalho fez o cenário que antes uma escola
vítima do uso de drogas, violência e entre outras mazelas e tornou-se um espaço agradável
e alegre. Assim, faz ter a certeza de que o princípio constitucional das políticas sociais deve
ser priorizado quando destaca que a proteção social é tarefa de todas as políticas e porque
não de todos os cidadãos.

Palavras Chaves: Cultura de paz; Comunidade escola; Direito de crianças e adolescente.


Eixo Temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

123
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

CURSO DE PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS: DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DE


SATISFAÇÃO

Érika Pizziolo Monteiro* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Henrique Pinto Gomide
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Pollyanna Santos da Silveira (Universidade Federal
de Juiz de Fora), Telmo Mota Ronzani (Universidade Federal de Juiz de Fora)

Diante do cenário de uso de substâncias por crianças e adolescentes, é relevante implementar


ações de prevenção no ambiente escolar. Dentre elas, cita-se a utilização de cursos online
para capacitar os diversos atores que podem ser protagonistas das atividades propostas.
O presente estudo apresentou e avaliou o Curso de Prevenção do Uso de Drogas para
Educadores de Escolas Públicas. Participaram 4960 educadores de Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Paraná e foram investigadas as características sociodemográficas destes, além
da avaliação de aspectos de satisfação com o curso e sobre o acesso às ferramentas
virtuais de aprendizagem. O perfil dos participantes foi composto predominantemente por
mulheres (85,8%) com pós-graduação (64,8%) e 35,2% afirmaram possuir contato com
a temática álcool e drogas no contexto escolar. A maioria dos participantes aprovaram o
curso (98,1%), indicando que o método de ensino e estratégias utilizados se mostraram
adequados ao público capacitado. Diante do cenário acima apresentado, abordar a questão
da educação à distância enquanto estratégia para propiciar o processo de desenvolvimento
e implementação de projetos de prevenção do uso abusivo de álcool e outras drogas
enquanto execução das políticas públicas existentes na área de drogas no contexto
brasileiro se faz necessário.

Palavras-chave: Prevenção do Abuso de Drogas; Educação à Distância; Avaliação de


Programa.
Eixo Temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de Apresentação: Pôster
Tipo de Trabalho: Relato de Pesquisa

124
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

CENTRO REGIONAL DE REFERÊNCIA SOBRE DROGAS DA UNIFAL-MG: UM AGENTE


DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL NO SUL DO ESTADO DE MINAS GERAIS!

Denis da Silva Moreira*(Universidade Federal de Alfenas), Érika de Cássia Lopes Chaves


(Universidade Federal de Alfenas), Cristiane da Silva Marciano Grasselli (Universidade
Federal de Alfenas).

O Centro Regional de Referência sobre Drogas da UNIFAL-MG (CREFAL) faz parte da rede
de atenção à saúde sobre a problemática do uso de crack e outras drogas. O CREFAL tem
como objetivo contribuir na qualificação de profissionais de várias áreas de atuação a fim de
responder às demandas sociais e de saúde das pessoas que vivenciam o contexto do uso de
drogas. Metodologia: um convênio com o Consórcio Intermunicipal de Saúde dos Municípios
da Região dos Lagos do Sul de Minas Gerais – CISLAGOS com uma área de abrangência
de 28 municípios e uma população de 516.139 habitantes possibilitou a realização dos
cursos de capacitação. Cada Curso foi realizado na modalidade presencial com expertises
no tema em questão e teve uma carga horária específica a fim de contribuir para uma
formação, crítica, reflexiva e com competências técnicas para o profissional atuar frente à
problemática das drogas. Resultados: Nos anos de 2013 e 2014 foram certificados cerca de
344 profissionais da rede SUS e SUAS, nos diferentes níveis de atenção à saúde de várias
áreas do conhecimento e campos de atuação com usuários de crack e outras drogas. A fim
de proporcionar uma maior visibilidade ao Centro de Referência e possibilitar momentos de
reflexão foram realizados Fóruns de Discussão - Política Nacional sobre drogas; Conquistas
e desafios da politica sobre drogas no Brasil; Políticas Públicas sobre Drogas: novos olhares
Desafios e estratégias para Segurança Pública, com a participação de 457 profissionais. Em
consonância com os pilares da universidade - indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão o CREFAL está vinculado ao Projeto de Extensão Crescendo Consciente que
possibilita ações extensionistas e a elaboração de projetos de pesquisas que investiguem a
prevalência do consumo de psicotrópicos nos seguimentos (alunos, técnicos e professores)
da comunidade universitária e também no ensino fundamental. O Centro de Referência
teve uma participação marcante na implantação do Conselho Municipal de Políticas sobre
Drogas, e também tendo um espaço no corpo de conselheiros representando a universidade.
Conclusão: a implantação do CREFAL e os cursos de capacitação com ações orientadas
para a prevenção, promoção da saúde, redução dos riscos e danos associados ao consumo
de drogas; pautados nos preceitos e diretrizes propostos pela política pública sobre drogas
brasileira, contribuíram para que os vários profissionais que atuam no contexto das drogas
possam desenvolver um senso crítico e reflexivo, a fim de serem agentes de transformação
de sua prática social.

Palavras chave: Capacitação profissional; Cursos de capacitação; Usuários de drogas.


Eixo temático:Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

125
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS APRESENTADAS POR USUÁRIOS DE CRACK:


UMA REVISÃO DA LITERATURA

Autores e instituição: Elton Brás Camargo Júnior (Universidade de Rio Verde), Rayline
Roseno Machado (Universidade de Rio Verde), Carla Araújo Bastos Teixeira (Universidade
de São Paulo), Ronivon Macedo da Silva* (Faculdade Mineirense), Edilaine Cristina da
Silva Gherardi-Donato (Universidade de São Paulo)

Introdução: Os indivíduos que utilizam as substâncias psicoativas podem desenvolver ou


acarretar o aumento de comorbidades, principalmente as psiquiátricas, no decorrer do
período de consumo dessas substâncias, podendo influenciar ou propiciar o agravamento
em patologias provenientes da infância, ou adquiridas através do consumo. O conhecimento
sobre as patologias, associadas ao indivíduo usuário de crack torna-se relevante frente a
abordagem durante o tratamento do mesmo. Objetivo: identificar as principais comorbidades
apresentadas por usuários de crack. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica
descritivo analítico, e com abordagem qualitativa, constituindo periódicos nacionais e
internacionais de relevância buscado principalmente em bases de dados científicas como
a BIREME/BVS e SciELO. Como critérios de inclusão foram utilizadas publicações entre os
anos de 2005 a 2015, salvo exceções de referências clássicas antes desta data. Os demais
foram excluídos por não abordarem o tema proposto, ou por terem sido publicados com
data anterior de 2005 e ainda por não estarem disponível para consulta na íntegra. Na base
de dados foi utilizado, como descritores em saúde as palavras comorbidade, cocaína crack,
transtornos mentais, esses descritores foram agrupados utilizando o operador booleano
AND, obtendo resultados a partir da junção entre comorbidade AND crack, comorbidade
AND transtornos mentais, crack AND transtornos mentais. Posteriormente, foi realizada uma
análise e seleção criteriosa do conteúdo encontrado e observação do método de coleta de
dados, do desenvolvimento, análise crítica e considerações finais. Resultados: Após leitura
e interpretação das publicações selecionadas percebeu-se que a dependência da utilização
do crack resulta em um indivíduo com problemas sociais, emocionais e neurológicos. A
utilização de substâncias psicoativas podem alterar o funcionamento e a fisiologia do
organismo dos usuários, favorecendo assim o aparecimento de doenças em decorrência do
seu consumo. Comorbidade é definida como a ocorrência de duas entidades diagnósticas em
um mesmo indivíduo, com possibilidade de potencialização recíproca entre estas. Existem
três diferentes classes para caracterizar a comorbidade: a patogênica, a diagnóstica, e
a prognóstica. Os principais resultados apontam para: transtorno de déficit de atenção/
hiperatividade (TDAH), agressividade, ansiedade, transtorno de pânico, agorafobia, risco
de suicídio, episódio maníaco e transtorno de personalidade antissocial. Considerações
finais: Portanto, é necessário evidenciar e priorizar o atendimento ao usuário de crack, com
o intuito de analisar as doenças associadas e relacionadas ao grau de dependência dos
usuários que influenciam diretamente na patologia primária.

Palavras-chave: Transtornos mentais; Comorbidades; Crack


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

126
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

DA DEPENDÊNCIA À PROMOÇÃO DE SAÚDE: AS POLÍTICAS DE REDUÇÃO DE


DANOS E A ESTRATÉGIA DE INCLUIR A FAMÍLIA NO COM BATE ÀS DROGAS.

José Wellington dos Santos Andrade. (Faculdade Santíssimo Sacramento – Alagoinhas –


BA)

Nos últimos anos o Brasil encontra-se nas estatísticas como um dos países de maior
consumo de drogas e entorpecentes. O uso de drogas atualmente é considerado um grande
e complexo problema de saúde pública que têm acarretados sérios danos para a sociedade.
Sendo assim, essa revisão mostra a necessidade de envolver as famílias nas politicas de
redução de danos buscando ampliar as discussões sobre a promoção em saúde voltada
para o viés educativo, orientando e ensinado as mesmas sobre a sua coparticipação de
promover e prevenir a saúde. A pesquisa de caráter bibliográfica foi desenvolvida mediante
busca eletrônica de artigos indexados na base de dados do scielo, privilegiando os
periódicos que tratam de temas relacionados ao uso de drogas e entorpecentes, Conclui-se
a necessidade em trabalhar caminhos alternativos que contribuam para a implementação de
políticas públicas sobre a questão da drogadição, o que implica num modelo mais definido
de prevenção, recursos para o tamanho da tarefa, e um sistema de avaliação sistemático
para monitorar esse comportamento nas nossas Famílias.

Palavras-chave: Drogadição; Redução de Danos; Promoção em saúde.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

127
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

DA MÃE IDEALIZADA À MÃE POSSÍVEL – ENCONTROS COM A REALIDADE

Caroline Martins Borgo* (Universidade Federal do Espírito Santo), Leila Marchezi Tavares
Menandro (Universidade Federal do Espírito Santo), Rosana Menezes Marangoni (Centro
de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas).

Trata-se de um projeto de intervenção proposto a partir da participação no Centro de Atenção


Psicossocial Álcool e Outras Drogas III (CAPS AD III), localizado no município de Vitória
– ES, como monitoras (alunas) e preceptora (profissional) do Programa de Educação pelo
Trabalho para a Saúde (PET Saúde/Redes de atenção à saúde) vinculado ao Ministério da
Saúde. O Grupo de Mães emergiu a partir da observação ao público feminino jovem que
recorre ao CAPS AD III por ordenação judicial ou por advertências do Conselho Tutelar,
pois estão em vias de perder ou já perderam a guarda de seus filhos, devido não somente,
mas como um fator de grande peso, ao uso abusivo de substâncias químicas. O projeto de
intervenção teve como objetivo geral criar um espaço crítico que possibilitasse potencializar
as ações das mães usuárias de drogas na direção de manterem ou reaverem a guarda
do(s) filho(s). Tínhamos como objetivos específicos: estimular a troca de experiências
vividas e a crítica das usuárias quanto a sua postura frente ao tratamento; falar sobre o
cuidado com os filhos; conversar sobre os papéis atribuídos às mães/mulheres; fomentar
conversas sobre violência doméstica; estimular discussões sobre a saúde da mulher e
doenças sexualmente transmissíveis; e discutir as políticas sociais de assistência social
e proteção às mulheres. Durante os encontros, que se caracterizavam como rodas de
conversa, notamos que as mães apresentavam resistência em aderir não apenas ao grupo,
mas ao próprio tratamento. Muitas usuárias chegavam ao encontro temendo que o grupo,
ao invés de contribuir, prejudicasse ainda mais a sua situação. Algumas mães chegavam
ao grupo com a esperança de que ali fossem solucionadas todas as questões pertinentes
a elas e esse fato lhes trazia muita frustação. Ao explicarmos que a maior transformação
viria delas, sentíamos que, em alguns casos, acontecia um desinteresse pela participação
no grupo. Notamos que as mães tinham a consciência da dificuldade da situação que
estavam enfrentando e em muitos casos era visível a falta de esperança em transformar a
própria realidade. Elas relatavam, entre outras coisas, dificuldade de inserção no mercado
de trabalho com vínculos formais – o que acreditam ser a única possibilidade de retomada
da “normalidade” da vida. Esse fato é agravado pela situação precária dos postos de
empregos para essas usuárias que possuem baixa escolaridade e pouca experiência de
trabalho. Apesar do grande desafio que essa experiência apresentou, a avaliação do projeto
foi positiva, uma vez que compreendemos que o grupo trará resultados em longo prazo
e que, além disso, significou um primeiro passo no sentido de estimular os profissionais
da instituição a oferecerem formas diferenciadas de tratamento e abordagem para esse
público que traz consigo uma problemática multifatorial.

Palavras-chave: Mães; Drogas; Guarda dos filhos; Grupo de mães.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

128
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

DEPENDENTES QUÍMICOS COM COMPORTAMENTO SUICIDA -

Luiza Cantão* (Universidade Federal de São João del-Rei), Nadja Cristiane Lappann Botti
(Universidade Federal de São João del-Rei).

Trata-se de estudo que buscou descrever o perfil de dependentes químicos atendidos em um


serviço de saúde mental, a frequência de comportamento suicida entre esses participantes
e as associações entre essas duas problemáticas. Estudo exploratório, retrospectivo e
descritivo com abordagem quantitativa com dados coletados nos prontuários do serviço
que possuíam diagnóstico F10 a F19 segundo a CID10 e que foram atendidos no ano de
2013. Buscou-se identificar possível associação entre as variáveis independentes (história
familiar, psiquiátrica e pessoal) e a variável dependente (comportamento suicida). Encontrou-
se que a maioria eram homens, solteiros, com baixa escolaridade, desempregados e idade
entre 15 e 45 anos, 43,90% apresentaram registro de comportamento suicida. Pôde-se
concluir que os dependentes químicos com comportamento suicida são jovens com idade
inferior a 30 anos, que possuem alguma comorbidade psiquiátrica, transtornos de humor
e/ou depressão, com presença de conflito familiar, datas importantes coincidindo com o
comportamento suicida e cuja mãe tem história psiquiátrica. Desta forma, ao conhecer
as características associadas ao comportamento suicida entre dependentes químicos é
possível criar estratégias de prevenção desse agravo no público estudado e, assim, prevenir
a antecipação do fim da vida nessa população.

Palavras-chave: Suicídio; Tentativa de suicídio; Transtornos relacionados ao uso de


substâncias;
Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de pesquisa.

129
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

DESAFIOS DA ABORDAGEM PSICOSSOCIAL EM USO DE COCAÍNA ASSOCIADO AO


TRANSTORNO DE HUMOR: UM ESTUDO DE CASO

Fernando Henrique de Faria (Médico do Centro de Atenção Psicossocial II e Centro de


Atenção Psicossocial Álcool e Droga), Marina Pinto Coelho (Terapeuta Ocupacional do
Centro de Atenção Psicossocial II), Natália Leone e Silva* (Assistente Social do Centro de
Atenção Psicossocial II).

Resumo: A associação entre transtornos psiquiátricos e a dependência química é frequente,


sendo uma situação amplamente reconhecida na clínica psiquiátrica (SILVA et al, 2009).
Esta associação indica um prognóstico desfavorável para o tratamento desses sujeitos,
configurando-se em um desafio para os profissionais que atuam na rede de atenção
psicossocial. Segundo Zaleski et al (2006), a dificuldade começa a partir do diagnóstico
diferencial, pois ocorre uma superposição de sintomas e um transtorno pode mascarar ou
exacerbar o outro. Também há dificuldades na abordagem terapêutica destes pacientes, os
quais acabam não encontrando locais apropriados para um tratamento integral (RATTO;
CORDEIRO, 2004), que contemple as demandas de saúde mental e da dependência
química concomitantemente. Os objetivos deste trabalho foram apontar os desafios
da abordagem psicossocial em casos de drogadição associada ao transtorno mental;
evidenciar a importância do trabalho em rede nesses casos; relatar um caso referenciado
pelo CAPS II e CAPSad, demonstrando os desafios dessa abordagem.O presente estudo
qualifica-se como descritivo-exploratório, sendo utilizado o método de relato de caso, o
qual foi realizado na rede de atenção psicossocial do município de Pouso Alegre – MG.
Paciente N.S, 39 anos, gestante, encaminhada ao CAPSII devido quadro de depressão
com lentificação psicomotora, insônia, baixa auto estima, ideação suicida associada a
uso abusivo de cocaína. Bom suporte familiar. Foi encaminhada ao CAPSad, com maior
evidência do comprometimento devido à dependência química, no momento. Foi iniciado
tratamento medicamentoso e atividades terapêuticas. Após o parto apresentou crise de
mania, humor eufórico, taquipsiquismo, agitação psicomotora, insônia, com retorno uso de
cocaína e envolvimento com tráfico, havendo episódios de agressão física, interrompendo
o tratamento. Visando proteção e reinserção terapêutica, foi solicitada internação hospitalar
por curto período. Após alta retorna à rede psicossocial com quadro de humor estável e
em abstinência. Retoma tratamento no CAPSII, após estudo de caso conjunto entre as
duas equipes, que consensaram que a dependência química era secundária ao quadro
de humor. Usuária mantendo-se em tratamento regular, com melhora do quadro global de
saúde. Concluímos que o desafio de tratar um paciente transtorno de humor e dependente
de cocaína, mostra-se maior do que tratar um ou outro isoladamente. Faz-se importante
o conhecimento das diversas alterações para melhor planejamento das intervenções
imediatas e posteriores à abstinência. A prática colaborativa entre os serviços e o apoio
familiar durante toda a intervenção contribuíram para os resultados positivos do caso.
Destacamos a importância de mais pesquisas na área, assim como o preparo da rede de
atenção psicossocial para o atendimento integral à complexidade dessa demanda.

Palavras-chave: Dependência química; Transtorno de humor; CAPS II; CAPSad, Rede de


Atenção Psicossocial.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

130
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

DESAFIOS NO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÕES NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL


DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E DROGAS DE ITAPETININGA-
SP.

Érico Avelino Pontes Ramos* (Secretaria Municipal de Saúde de Itapetininga - SP),


Marcelo Henrique Machado (Secretaria Municipal de Saúde de Itapetininga - SP), Adriana
Rosmaninho Caldeira de Oliveira (Universidade Federal São Carlos – Centro Ciências
Humanas e Biológicas/ Departamento Ciências Humanas Educação – Sorocaba)

Este trabalho trata-se de um relato de experiência sobre o processo de transformação da


prática da atenção psicossocial dispensada aos usuários do Centro de Atenção Psicossocial
Álcool e Drogas do Município de Itapetininga (CAPS-AD). Itapetininga é uma cidade
do interior de São Paulo, distante 172 km da capital. O município tem cerca de 150 mil
habitantes. Itapetininga é sede da Região de Governo, composta por mais doze municípios
que possuem juntos 480.453 habitantes. A cidade mantem estreita relação com o município
de Sorocaba/SP e a modelo manicomial é prevalente na forma como a sociedade local
lida com as questões relacionadas aos transtornos mentais e uso problemático de drogas.
Verificasse pelos relatos da equipe e usuários que a atual representação social dos usuários
de drogas é responsável por levar os trabalhadores do CAPS-ad a estabelecer de forma
irrefletida uma unidade de atendimento baseada no controle, disciplinamento, vigilância e
punição, fato responsável por barrar manifestações espontâneas, criativas e que impede o
surgimento de situações de autonomia e liberdade. Isso é ilustrado por excertos de situações
da rotina do CAPS-ad, trechos de reuniões de equipe, relato dos próprios usuários, além
de fatos que extrapolam os muros da instituição e reverberam na esfera sociocultural do
município. No intuito de constituir um espaço que respeite os direitos humanos, cidadania
e que propicie experiências de acolhimento foi eleita à prática da redução de danos
como ferramenta técnico-assistencial-política para nortear o projeto terapêutico e gerar
experiências de liberdade não mediadas por sistemas simbólicos a fim de descontruir a
representação dos usuários de drogas. Podemos ilustrar nossas ações com o Programa
“Gente de quem?” O nome do programa vem de um costume da sociedade local. É comum
fazer a pergunta para as pessoas gente de quem é? Esta pergunta tem a intenção de
saber a qual família pertence aquele sujeito pertence. O que na realidade é para saber a
qual grupo sócio econômico pertence; qual parente importante ela tem. E quem não tem
parente importante fica excluído. Sendo assim, o projeto “Gente de quem?” Busca dar uma
resposta a essa pergunta tão rotineira nas relações sociais locais. Ao perguntarem, gente
de quem? Acreditamos que o fato de possibilitarmos a inclusão dos usuários na lógica local
poderá iniciar um processo de publicização desse processo de invisibilidade. A resposta da
equipe de trabalhadores em Saúde Mental é: gente nossa. Este programa tem a intenção
de mapear o território a que o CAPS AD e seus usuários estão postos. Consideramos que
o relato da experiência de implantação e efetivação das ações é um inicio da discussão
sobre obstáculos enfrentados para construção de serviços da rede de atenção psicossocial
em consonância com a proposta da politica nacional de saúde mental.

Palavras-chave: Drogas; Reabilitação Psicossocial; Redução de Danos.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral.
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

131
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

DESCONSTRUINDO MITOS E PRECONCEITOS SOBRE “LOUCOS” E “DROGADOS”:


UMA PROPOSTA DE AÇÃO EDUCATIVA PARA FAMILIARES DE USUÁRIOS DE
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO POPULAR

Nicéia Maria Malheiros Castelo Branco*(Escola Técnica do SUS/Secretaria de Saúde de


Vitória/ES) , Denise Vallory (Escola Técnica do SUS/ Secretaria de Saúde de Vitória/ES),
Andréa Campos Romanholi( Gerência de Atenção à Saúde/Secretaria de Saúde de Vitória/
ES)

Resumo: Trata-se de uma proposta de formação para familiares de usuários de álcool e


outras drogas da rede de atenção psicossocial do município de Vitória/ES, na metodologia
da educação popular. Tem como objetivo sensibilizar e capacitar familiares na temática
da Reforma Psiquiátrica Brasileira, em particular na temática de álcool e outras drogas,
contribuindo para mudança de visão e de atitudes na perspectiva da cultura antimanicomial
e da redução de danos. Trata-se de uma estratégia para se trabalhar a dimensão
sociocultural da reforma psiquiátrica., possibilitando a intervenção nas relações que se
têm estabelecido entre loucura, drogas, cultura e cidade.As ações serão desenvolvidas no
sentido de contribuir para transformar o imaginário sociocultural permeado por processos
de preconceito, exclusão e marginalização, fortemente influenciados pela Política de
“Guerra às Drogas” A intervenção se dará na perspectiva da educação popular, com ações
educativas que valorizem os conteúdos culturais e populares, por meio de oficinas com
os familiares, com carga horária prevista de 40 horas, divididos em dois módulos de vinte
horas. Espera-se produzir mudanças de concepções dos familiares e também que estes se
tornem multiplicadores das discussões sobre o tema, ampliando o alcance destas mudanças
e efetivando a repercussão na dimensão sociocultural da reforma psiquiátrica.
Foram realizados dois encontros com familiares atendidos nos Caps AdIII e Capsi para
apresentação da proposta e levantamento das expectativas e sugestões sobre o processo.
Os facilitadores são profissionais de saúde da nossa rede de atenção psicossocial (caps
adIII, consultório na rua) e da Etsus, das diversas categorias profissionais (assistentes
sociais, psicólogo, arteterapeuta e musicoterapeuta) e que passarão por um processo de
capacitação pedagógica unindo conteúdos da redução de danos e de educação popular.
As oficinas estão em fase de planejamento e acontecerão no período de setembro a
dezembro de 2015.

Palavras-chave: Promoção da Saúde; Redução de Danos; Educação Popular


Eixo: Promoção da Saúde e Uso prejudicial
Modalidade: Comunicação Oral
Tipo de Trabalho: Relato de experiencia

132
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

DESCONSTRUÇAO E CONSTRUÇAO DAS PERCEPÇOES DE RISCO NA CRACOLANDIA

Thiago Calil * (Universidade de São Paulo) e Roberta Marcondes Costa (Universidade de


São Paulo). Todos trabalhadores do Centro de Convivência É de Lei.

A ideia de risco evidencia incertezas frente ao que está por vir. A definição clássica de
risco no campo da saúde surge no século XIX quando buscava-se compreender a relação
entre exposição e adoecimento e evitar epidemias de doenças como cólera, pneumonia
e febre tifoide. Posteriormente acompanhamos movimento similar em relação ao HIV e
as Hepatites virais nos anos 80. Surgiram nesta época estratégias preventivas para os
chamados ‘grupos de risco’, entre eles as pessoas que fazem uso de drogas, no caso
drogas injetáveis (UDI). O principal risco era a transmissão de doenças pelo contato
sanguíneo a partir do comum compartilhamento das seringas durante o uso. Aliás, foi neste
cenário que surgiu as primeiras ações para o fortalecimento e aceitação dos programas de
Redução de Danos, a troca de seringas. Porém, é preciso salientar que somente o enfoque
epidemiológico não dá conta de todos os fenômenos socioculturais complexos e subjetivos
que as pessoas vivenciam. Em outras palavras, quando nos deparamos com o contexto de
uso de crack na cracolândia, por exemplo, as relações de causa e efeito não são tão diretas.
As variantes contextuais ganham importância, e é nesta trama que aspectos subjetivos
e pessoais sobre a percepção de risco entram em cena. Diversos estudos etnográficos
realizados na cracolândia apontam rupturas e decepções vivenciadas pelas pessoas, e
que a partir deste marco iniciam ou intensificam o uso de crack e em algum momento
chegam à cracolândia. Nesse sentido, o contato com estes estudos e a dinâmica da vida na
cracolândia levanta uma questão. O que de fato seria correr risco neste contexto? A partir de
relatos etnográficos busco nessa reflexão apresentar que a percepção de risco varia entre
pessoas e grupos. Inevitavelmente, viver implica correr riscos, e as percepções pessoais
fazem emergir as reais preocupações das pessoas, incluindo detalhes do cotidiano que
as análises técnicas de risco geralmente não se atentam. Dentro de parâmetros em que
os riscos são incalculáveis, invisíveis e impossíveis de serem totalmente controlados, que
forças atuam na construção da noção de risco na cracolândia? Quais percepções de risco
deveriam ser utilizadas para decisões que dialoguem com a proteção das pessoas?

Palavras-chave: Percepção de Risco; Cracolândia; Redução de Danos; Cuidado; Etnografia.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

133
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

DESDOBRAMENTOS DO CUIDADO: A CLÍNICA DA RUA

Maria Paula Cerqueira Gomes (Coordenadora do Programa de Educação pelo Trabalho PET
– Saúde/Saúde Mental/ Crack, Álcool e outras Drogas – 2011), Sharllene Lívian Dias da
Silva (Enfermeira Residente Multiprofissional no Instituto de Psiquiatria da Universidade do
Brasil), Thayza Anália da Silva Sant’ Ana (Terapeuta Ocupacional Residente Multiprofissional
no Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil)*.

Este relato de experiência dialoga com a vivência em uma equipe de Consultório na Rua
no município do Rio de Janeiro através do Programa de Educação pelo Trabalho (PET)
– Saúde /Saúde Mental/ Crack, Álcool e outras Drogas realizado no período entre 2013
a 2014. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo relatar a vivência no Consultório
na Rua, apresentar as experiências do processo de aprendizagem no serviço e apontar
possibilidades de intervenção na clínica com a População em Situação de Rua. Através do
diário de campo e do relato de experiência, foi possível iniciar a articulação entre os saberes
do campo teórico com a vivência prática, considerando a diversidade que está implicada
no trabalho em uma equipe multiprofissional. O trabalho no Consultório na Rua traz à tona
uma multiplicidade de fatores que influenciam a vida dos sujeitos e a sua relação com o
território. O trabalho da equipe tem como direção levar atendimento em saúde à População
em Situação de Rua com a perspectiva da Redução de Danos, considerando o intenso
estado de vulnerabilidade e risco social. Percebeu-se na clínica alguns atravessamentos
nas relações que se estabeleciam no trabalho com o território e a comunidade, podendo
ser destacado a observação sobre os processos migratórios entre as “cenas de uso”
influenciados por disputas do tráfico de drogas, a ocupação policial e nas inter-relações
entre os sujeitos. Pontua-se também a dificuldade de articulação entre a Atenção Básica
com outros dispositivos e setores, além da estigmatização aos usuários de álcool e outras
drogas e em Situação de Rua que se constituíam como uma barreira de acesso ao cuidado
em saúde. Considerando assim, a importância da vivência no campo prático ainda durante
a graduação, possibilitando o aperfeiçoamento profissional e potencializando as discussões
teórico-práticas. Verifica-se que ainda é necessário o aprofundamento dos estudos sobre
as necessidades da População em Situação de Rua e sobre os processos de trabalho
nesta clínica.

Palavras-chave: Consultório na Rua; Redução de Danos; Atenção Básica; População em


Situação de Rua.
Eixo Temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de Trabalho: Relato de Experiência.

134
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

DESEMPENHO OCUPACIONAL DE ADOLESCENTES DO SEXO MASCULINO


USUÁRIOS DE DROGAS

Andrea Ruzzi-Pereira* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Érika Renata Trevisan


(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Josiane Expedita Gonçalves de Oliveira
(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Paulo Estevão Pereira (Universidade Federal
do Triângulo Mineiro).

A Organização Mundial de Saúde define a adolescência como a faixa etária que compreende
dos 10 aos 19 anos de idade, sendo esta uma fase em que ocorrem várias transformações
anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais ao indivíduo. Tal fase marca a transição
da infância para a vida adulta, na qual ocorrem aquisições de habilidades e competências
primordiais ao desenvolvimento dos próximos estágios da vida. É neste momento, ainda,
que as pessoas podem estar mais vulneráveis a experimentação e ao uso de drogas devido à
busca por novas experiências e identificações com seus pares. A adolescência compreende
uma fase importante em relação ao uso de drogas, pois a idade precoce de início do uso pode
influenciar na forma com que os indivíduos se relacionarão com as substâncias psicoativas,
bem como nas consequências do uso para a vida dessas pessoas. O uso de drogas pode
gerar prejuízos à vida dos indivíduos, trazendo comprometimentos ao cumprimento de papéis
sociais, de papéis ocupacionais além de interferir também no desempenho ocupacional. A
Terapia Ocupacional preocupa-se com o desempenho ocupacional dos indivíduos visando
às ocupações de forma competente e bem adaptadas; esse refere-se às habilidades que o
indivíduo possui para manter a sua rotina diária, desempenhar plenamente os seus papéis
sociais e tarefas. O objetivo do estudo foi descrever e analisar o impacto do uso de drogas
no desempenho ocupacional de adolescentes do sexo masculino. Trata-se de um estudo
exploratório, de abordagem qualitativa em que participaram quatro adolescentes do sexo
masculino, com idade entre 13 a 17 anos, que estavam em tratamento para o uso de
drogas na cidade de Uberaba-MG. A coleta de dados ocorreu no período de março a abril
de 2015 e se deu por meio de entrevista semi-estruturada, com roteiro elaborado pelas
pesquisadoras acerca do desempenho ocupacional dos adolescentes antes, durante e após
o período de uso das drogas, que abordou temas relacionadas ao início do uso de drogas e
as consequências que o uso trouxe a vida dos adolescentes participantes da pesquisa. Os
dados foram analisados por meio da análise de conteúdo temático-categorial, obtendo-se
cinco categorias temáticas: Influência e início do uso de drogas; desempenho ocupacional
antes do início do uso de drogas na vida; desempenho ocupacional no período da vida em
que estava em uso de drogas; e desempenho ocupacional após interrupção do uso das
drogas e durante o período de internação. Considera-se que o uso de drogas influenciou
negativamente no desempenho ocupacional dos participantes principalmente no que diz
respeito a áreas de ocupação como a educação, lazer, sono e descanso e participação
social.

Palavras-chave: Adolescente; Terapia Ocupacional; Drogas ilícitas.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

135
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

DESENVOLVIMENTO DE UMA ESCALA DE ATITUDE DE EDUCADORES EM


RELAÇÃO AO USO DE ÁLCOOL, TABACO E OUTRAS DROGAS

Ana Luísa Marlière Casela* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Henrique Pinto Gomide
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Pollyanna Santos da Silveira (Universidade Federal
de Juiz de Fora), Guilherme Willian Marcelino (Universidade Federal de Juiz de Fora), Telmo
Mota Ronzani (Universidade Federal de Juiz de Fora), Fernando Antonio Basile Colugnati
(Universidade Federal de Juiz de Fora).

Introdução: A criação de uma medida de avaliação da atitude acerca do uso de álcool,


tabaco e outras drogas para educadores é importante à medida que pode auxiliar no
aperfeiçoamento dos programas de capacitação destes profissionais e consequentemente
na qualidade de suas ações, avaliando a mudança de suas atitudes e o seu impacto para a
prática profissional destes atores, mediante os adolescentes nas escolas. Objetivo: Neste
sentido, objetivo deste estudo é desenvolver uma escala que avalie o construto de atitude
de educadores em relação ao uso de álcool, tabaco e outras drogas, fundamentada na
Perspectiva Social Cognitiva. Metodologia: O desenvolvimento da nova escala, seguiu as
normas para desenvolvimento de instrumentos educacionais e psicológicos “Standart for
Educational and Psychological Testing” da American Educational Research Association
(AERA) e Associação Americana de Psicologia (APA). Para a construção do instrumento
realizou-se as seguintes etapas: seleção de instrumentos brasileiros ou validados no
Brasil relacionados ao tema, adaptação temática e adaptação métrica dos itens destes
instrumentos, matriciamento dos itens nos construtos teóricos (Dimensão Cognitiva e
Dimensão Afetiva), avaliação dos especialistas, avaliação do juiz, grupo focal e piloto.
Resultados: Após a realização dos procedimentos necessários para a construção da
escala, obteve-se um instrumento com 39 itens. O piloto contou com uma amostra de 141
educadores, apesar da amostra do piloto ser reduzida, a escala demonstrou avaliações
satisfatórias de sua propriedade psicométrica. O valor alfa de Cronbach para escala com 39
itens foi de 0.91 (IC95%: 0,88 - 0,94). A análise do gráfico Scree Plot sugeriu dois fatores a
serem retirados da escala. A porcentagem de variância explicada foi de 37% e a correlação
entre os fatores foi de 0,44. Considerações Finais: Dessa forma, espera-se que o escala
possa vir a contribuir para a avaliação da atitude de educadores, bem como promover
estratégias de mudança de atitude dentro desta população frente a temática de drogas.

Palavras-chave: Atitude; Drogas; Educadores; Construção de instrumentos; Psicometria.


Eixo temático: “Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial”
Modalidade de apresentação: Sessão de Pôsteres
Tipo de trabalho: Relato de pesquisa com resultados parciais

136
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

DIFERENTES USUÁRIOS E SEUS DIFERENTES USOS DE UM CENTRO DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS (CAPS AD) EM CAMPINAS - SP

Clarissa de Barros Lacerda (Universidade Estadual de Campinas)

Tendo em vista a história do uso de drogas na sociedade, as diferentes razões para seu
consumo e como tudo isso repercute na vida em coletividade, o presente trabalho se
propõe a discutir a respeito daqueles usos, que por motivos diversos, passaram do estágio
de prazer para o da dependência química. É destacado nesse estudo o papel dessas
substâncias na sociedade e a ancestralidade desse ato, sendo impraticável eximi-lo. Todavia
na contemporaneidade essa atividade milenar passa a dizer respeito a outros interesses,
legitimando medidas interventivas, a exemplo da saúde pública. É diante do contexto em
que o uso de drogas, quando descomedido, passa a ser um fenômeno que solicita ações do
campo da saúde mental que esse trabalho se debruçará. Visando identificar os diferentes
usos que usuários de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS
AD) em Campinas fazem desse serviço, foi realizada uma pesquisa qualitativa que usou
como método de coleta de dados entrevistas semiestruturadas. Buscou-se também nesse
estudo traçar o perfil dos usuários entrevistados e suas trajetórias de vida até o encontro
com o CAPS AD. O método de análise escolhido foi o de análise de conteúdo. Os resultados
sugerem que a maioria dos usuários são do sexo masculino e para além da questão do
uso abusivo de drogas, apresentam inúmeras demandas de cunho social, utilizando esse
serviço como um espaço que proporciona o acesso a direitos básicos. O uso do CAPS AD
para aprendizado e manutenção de vínculos afetivos também foi verificado. Infere-se que
o papel psicossocial do CAPS vem sendo executado, uma vez que esse serviço leva em
conta o sujeito em sua totalidade e realiza acompanhamentos singulares de acordo com as
diferentes demandas dos usuários.

Palavras-chave: Drogas; Dependência; Caps Ad.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

DIREITOS HUMANOS E POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM UMA CAPITAL DO


NORDESTE BRASILEIRO: A VIDA ALÉM DO USO DE DROGAS

*Ana Karenina Arraes (Centro de Referência em Direitos Humanos/ Centro Regional de


Referência para a Formação em Políticas sobre Drogas/ Departamento de Psicologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Maria Teresa Nobre (Centro de Referência
em Direitos Humanos/ Centro Regional de Referência para a Formação em Políticas
sobre Drogas/ Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte), Fernanda Cavalcanti de Medeiros (Centro de Referência em Direitos Humanos/
Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Hellen Tattyanne de Almeida (Centro de
Referência em Direitos Humanos/Universidade Federal do Rio Grande do Norte), André
Feliphe Jales Coutinho (Centro de Referência em Direitos Humanos/ Departamento de
Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Lis Paiva (Departamento de
Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Nicole Moreno (Departamento
de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), *Ana Carolina Vidal
(Mestrado em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN),Ana
Heloysa Pinheiro (Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do

137
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

Norte), Emanuelly Cristina de Souza (Departamento de Ciências Sociais da Universidade


Federal do Rio Grande do Norte UFRN/Curso de Psicologia da Universidade Potiguar).

Introdução: O contexto social urbano nas grandes cidades do nordeste tem mudado com as
condições de vida de pessoas em situação de rua cuja visibilidade no últimos anos deu-se
através das preocupações do Estado com o cenário urbano e o uso de drogas. Entretanto,
pouco se conhece os modos de vida na rua nas cidades nordestinas, de modo a subsidiar
políticas públicas voltadas para tal população e enfrentamento das violações de direitos
humanos. Objetivos: A pesquisa objetivou intervir conhecendo a população em situação de
rua, em capital de médio porte no nordeste brasileiro, em relação ao perfil psicossocial, uso
de drogas, condições de vida, violações de direitos humanos e estratégias de enfrentamento.
Metodologia: Com base na perspectiva teórico-metodológica da pesquisa-intervenção, a
pesquisa teve duas linhas de ação: 1. Entrevistas estruturadas com pessoas em situação
de rua, abordadas em diferentes pontos de concentração no centro da cidade; e 2.
Observações participantes e intervenções através de oficinas e rodas de conversa semanais
com pessoas em situação de rua. Foram realizadas 162 entrevistas e 40 oficinas e rodas
de conversa no período de abril de 2013 a dezembro de 2014. Resultados: Os principais
resultados indicam que as pessoas em situação de rua são homens (61,1%); declaram cor
parda (26,5%) ou negra (17,3); com idade entre 26 e 45 anos (56,8%) e com primeiro grau
incompleto (51,2%). Os problemas de saúde mental, “dos nervos” e “dependência química”
estão entre os mais relatadas como problemas de saúde (75,3%). O tabaco (66,0%), o
álcool (58,0%), a maconha (48%) e o crack (45%) são as drogas mais utilizadas. No que
se refere saúde, 25% afirma não acessar qualquer serviço público de saúde, sendo os
hospitais gerais (24,1%) e as unidades básicas (20,4%) os mais acessados. Em relação
a assistência social, 70,4% acessa o único albergue municipal e 27,2% nunca acessou
outros serviços. Sobre as condições de vida, a maioria vive de trabalhos informais (46,7%)
e ou mendicância (46,7%), alimenta-se duas a três vezes por dia e estão em situação de
rua por diferentes motivos, sendo conflitos familiares, violência doméstica, desemprego,
migração e doenças os principais motivos citados não isoladamente. Além disso, 38,9%
sofreu violência e ou discriminação por estar em situação de rua, sendo que 61,1% sofreu
violência policial na rua. Os dados qualitativos apontam a diversidade e as singularidades
dos modos de viver na rua, que envolvem a improvisação de espaços para habitar a cidade,
o nomadismo em busca de proteção e recursos e astúcias para lidar com as violências,
comer, fazer higiene, suportar a abstinência a álcool e ou drogas, fome e sofrimento físico e
ou psicológico. Considerações finais: De modo geral, os dados revelam a necessidade de
desconstrução das naturalizações relativas a vida na rua e indicam várias fragilidades das
políticas públicas, o que exige ações no sentido da efetivação dos direitos humanos desta
população.

Palavras-chave: Direitos Humanos; População em situação de rua; Políticas Públicas; Uso


de drogas.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

138
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

DIREITOS HUMANOS, ITINERÁRIO INSTITUCIONAL E ESTRATÉGIAS DE


ENFRENTAMENTO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO JUNTO A
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
*Ana Karenina de Melo Arraes Amorim (Centro de Referência em Direitos Humanos/ Centro
Regional de Referência para a Formação em Políticas sobre Drogas/ Departamento de
Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Maria Teresa Lisboa Nobre
Pereira (Centro de Referência em Direitos Humanos/ Centro Regional de Referência para
a Formação em Políticas sobre Drogas/ Departamento de Psicologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte), Fernanda Cavalcanti de Medeiros (Centro de Referência
em Direitos Humanos/Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Hellen Tattyanne de
Almeida (Centro de Referência em Direitos Humanos/Universidade Federal do Rio Grande
do Norte), André Feliphe Jales Coutinho (Centro de Referência em Direitos Humanos/
Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Lis Paiva
(Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Nicole
Moreno (Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte),
*Ana Carolina Vidal (Mestrado em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte UFRN), Emanuelly Cristina de Souza (Departamento de Ciências Sociais da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN/Curso de Psicologia da Universidade
Potiguar).

Introdução: As condições de vida da população em situação de rua nas grandes cidades, o


desemprego e a pobreza, associados à fragilidade das instituições e políticas públicas, têm
impactado o contexto social urbano nas últimas décadas e intensificado os problemas de
saúde e aqueles associados ao uso de álcool e outras drogas. Nesse cenário, há o intenso
processo de exclusão social dessa população que representa uma parcela de indivíduos
sanitária e socialmente vulneráveis com direitos humanos violados cotidianamente, o que
justifica a necessidade de buscar conhecimento e formas de enfrentamento dos problemas
vividos por pessoas em situação de rua, com a realização desta pesquisa-intervenção.
Objetivos: Intervir conhecendo as principais violações de direito sofridas por pessoas em
situação de rua; o itinerário institucional das pessoas em situação de rua com problemas
associados ao uso de álcool e outras drogas; e as condições de vida e estratégias de
enfrentamento desenvolvidas por essas pessoas na rua. Metodologia: Com base na
perspectiva teórico-metodológica da pesquisa-intervenção, foram realizadas, no centro
urbano de Natal-RN, oficinas semanais com a população, durante um ano, sobre temas
relativos aos Direitos Humanos e Políticas Públicas. Realizamos rodas de conversas,
leituras coletivas, construção de narrativas e trajetórias de vida, para fomentar a troca de
experiências e fortalecimento da coletividade. Além disso, realizamos entrevistas individuais
semi-estruturadas e acompanhamento de alguns participantes da oficina na rede de saúde
e de atenção psicossocial do município. Resultados: Com a realização das oficinas e
entrevistas, foi possível conhecer as principais dificuldades de saúde, tais como barreiras de
acesso aos serviços; preconceitos associados a condição de estar na rua; descontinuidade
dos tratamentos por viver na rua; falta de acesso a medicações necessárias, entre outros.
A entrevistas e acompanhamento individuais possibilitaram a construção de narrativas
autobiográficas nas quais o uso de álcool e outras drogas, o desemprego e a perda de
vínculos familiares aparecem como motivos para estar na rua. Foi possível ainda traçar o
itinerário que envolve instituições públicas da assistência social e da saúde, instituições não
publicas (comunidades terapêuticas, iniciativas filantrópicas de cunho religioso e caritativo) e
cursos profissionalizantes. Nesse itinerário, as políticas públicas se revelam pouco eficazes
no enfrentamento das dificuldades vividas e das violações de direitos humanos que, não
raro, são promovidas pelos próprios agentes públicos. Considerações Finais: Acreditamos

139
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

que o conhecimento e as intervenções desenvolvidas contribuíram para dar visibilidade


política às problemáticas enfrentadas pela população em situação de rua de Natal-RN,
sobretudo as relativas ao direito a saúde, segurança e assistência social, subsidiando a
organização política e a participação social desta população na busca de direitos humanos.
Palavras-chave: Direitos Humanos; População em situação de rua; Itinerário Institucional;
Políticas Públicas; Uso de drogas.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

Título:DISPOSITIVOS MOBILIZADORES PARA O CUIDADO DE SI POR MULHERES


EM UM CAPS AD III: ALGUMAS HISTÓRIAS...

Scheila Silva Rasch* (Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal


do Espirito Santo. Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III Vitória), Angela Nobre
de Andrade (Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal do Espírito
Santo), Luziane Zacché Avellar (Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade
Federal do Espírito Santo)

Introdução: A dificuldade da procura pelo cuidado de si por mulheres dependentes de


substâncias psicoativas pode ser ilustrada pelos entraves com os quais esse público se
defronta para ter acesso ao tratamento. Dentre essas dificuldades podemos citar condições
financeiras, a condição feminina da responsabilidade com o cuidado dos filhos, por não
ter com quem deixar os filhos e temerem perder sua guarda, caso admitiam o problema,
pouco apoio do meio ao qual pertencem, a escassez de atendimento específico para a
singularidade feminina nesse campo, o descaso ou constrangimento familiar, o estigma
social da mulher usuária de drogas, a incipiência de capacitação de equipes da atenção
básica de saúde, com vistas ao estabelecimento de um diagnóstico apropriado para as
diversas queixas quanto à saúde física, dentre outras. Considerando tais aspectos, este
trabalho trata de recorte de estudo que decorre da tese de doutorado defendida pela autora
principal, e considerará como dispositivo mobilizador os elementos que imprimem a tomada
de decisão para procura de um serviço de saúde para o cuidado de si. Objetivos: Destacar
os dispositivos mobilizadores para tratamento de mulheres com padrão de consumo
abusivo ou dependente de substâncias psicoativas lícitas ou ilícitas num Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas, para o início ou retomada do cuidado de si. Metodologia: Trata
de uma pesquisa com enfoque qualitativo que esteve associada à pesquisa clínica, com
enfoque teórico do campo das psicoterapias corporais de base reichiana e neorreichiana,
realizada num Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III de uma cidade da região
sudeste do Brasil, no período de novembro de 2012 a julho de 2013. A coleta de dados
aconteceu mediante relatos durante o acompanhamento do Grupo de Mulheres realizado
no serviço, contando com 27 participantes. Os relatos foram analisados em consonância
com a modalidade de Análise de Conteúdo Temática. Para este trabalho destacaremos a
subcategoria temática dispositivos mobilizadores para o cuidado de si, que compreende a
categoria movimentos expansivos do cuidado de si, no campo do tratamento. Resultados:
Evidenciaram-se diferentes aspectos que conduziram ao tratamento como momentos do
próprio espaço e lugar do consumo da substância psicoativa consideradas pelas participantes
como situações absurdas e esdrúxulas, bem como a percepção da necessidade de se
cuidarem, até para exercerem a maternidade. Considerações finais: Constatamos que a
mobilização para o tratamento e a retomada do cuidado de si pode vir de diversas ocasiões,

140
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

sem situação pró-forma para a iniciativa de cuidar-se. Não há modelo para a busca desse
cuidado. Existem situações que podem ser dispositivos, disparadoras, e isso é que é
fundamental. Se buscarmos a forma ideal do momento adequado do tratamento, podem-se
perder muitas outras sinalizações sobre esse momento.

Palavras-chave: Mulheres; Saúde mental; Cuidado de si; Tratamento; Centro de atenção


psicossocial álcool e drogas.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

DIÁLOGOS ENTRE ECONOMIA SOLIDÁRIA E REINSERÇÃO DE DEPENDENTES


QUÍMICOS PELO TRABALHO: VIVÊNCIAS ADQUIRIDAS DENTRO DE UMA
INCUBADORA UNIVERSITÁRIA

Karen Stephannie Carvalho Vital* (Universidade Federal da Paraíba), Maurício Sardá de


Faria (Universidade Federal da Paraíba)

A economia solidária e o movimento anti-manicomial nascem da mesma matriz – a luta contra


a exclusão social e econômica. Nesse viés de busca pela democratização, as incubadoras
universitárias surgem como fomentadoras dos ideais de autogestão, solidariedade e
cooperativismo entre as populações vulneráveis socialmente e excluídas economicamente,
dentre elas, os dependentes químicos e egressos do sistema terapêutico antidrogas.
Procura-se, então, contribuir para a construção de iniciativas econômicas coletivas e redes
integradas de ajuda mútua para a inclusão social desses grupos por meio do trabalho, no
combate às mais diversas formas de invisibilidade social. Esse trabalho relata algumas
experiências vivenciadas através da INCUBES UFPB (Incubadora de Empreendimentos
Solidários), nas quais pôde-se perceber que a instituição desempenha um papel articulador
como parceira da rede de saúde mental, a partir da elaboração de dois projetos que
possuem como fim comum construir uma ponte teórico-prática entre os temas economia
solidária e inserção social de usuários do âmbito de atenção psicossocial pelo trabalho,
de acordo com o binário do cooperativismo da autogestão. O Projeto ReciclaMente é uma
ação a ser desenvolvida pelo CAPSi – Cirandar e o CAPS AD David Capistrano da Costa
Filho com a finalidade de viabilizar ações educativas e sustentáveis através de oficinas
terapêuticas visando à geração de renda para os usuários, familiares e funcionários de
ambas as instituições, numa contra-resposta à exclusão gerada pelo mercado, mostrando
que é possível realizar-se inclusão produtiva pelos princípios da Economia Solidária.
Entrará em ação também o programa “Integração da produção autogestionária de produtos
orgânicos, fitoterápicos e saúde mental”, o qual tem como objetivo formar uma rede de
produção e consumo autossustentável, ancorada nos princípios de solidariedade social
e respeito à natureza. Foca-se na agricultura orgânica e na produção de fitoterápicos,
além de trabalhar com incubação de usuários de álcool e drogas, através da articulação
com o CAPS AD do município. O programa propõe uma alternativa que vai de encontro ao
modelo de organização socio-econômica baseada no monopólio do agronegócio e o uso
indiscriminado de agrotóxicos, bem como o uso de medicamentos agressivos, com fins
exclusivos de lucro e direitos de patente. Ambos os programas trazem resultados positivos
à visão dos graduandos que participam do processo de construção desse diálogo entre um
cuidado mais holístico aos dependentes químicos e ações efetivas de reinserção social, no
combate à estigmatização. A economia solidária constitui um caminho alternativo, capaz

141
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

de possibilitar aos sujeitos envolvidos a construção de laços sociais, solidariedade e ajuda


mútua, permitindo unir atenção à saúde mental e inserção laborativa, ao fazer o usuário
se enxergar além dos estigmas que o definem, através da ressignificação de seu valor
enquanto sujeito social por meio do trabalho.

Palavras-chave: Inclusão Social; Trabalho; Economia solidária.


Eixo: Atenção, Reinserção social e Redução de danos.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

DROGAS E PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: CONSTRUINDO A IDENTIDADE A


PARTIR DA HISTÓRIA DE VIDA

José Jardeson Martins de Vasconcelos* (Faculdade Fanor/ DeVry), Carlos Eduardo


Esmeraldo Filho (Faculdade Fanor/ DeVry).

Este trabalho fez parte do Programa de Iniciação Científica da Fanor, onde juntamente
com Grupo de Pesquisa Identidade e Reconhecimento do Curso de Psicologia da mesma
Faculdade proporcionamos a interseção das drogas com pessoas em situação de rua nos
nossos estudo, a fim de conhecê-las melhor. Decidimos, então, participar de um espaço
ligado a pastoral de Fortaleza que oferece suporte as pessoas em situação de rua em
Fortaleza/CE para fazer a pesquisa com histórias de vida destas pessoas e em contrapartida
nós proporcionaríamos momentos de discussão e reflexão. Os objetivos da pesquisa foram:
Apreender as histórias de vida de pessoas em situação de rua do município de Fortaleza-CE
que fazem ou fizeram uso abusivo de drogas a partir do sintagma identidade-metamorfose-
emancipação; e específicos: Analisar a relação entre a forma como os usuários de drogas
em situação de rua são reconhecidos na sociedade e a constituição da sua identidade;
Compreender o processo de metamorfose da identidade dos usuários de drogas moradores
de rua em sua trajetória e projetos de vida; Identificar possibilidades e fragmentos de
emancipação junto a essas pessoas. A concepção de identidade que adotaremos é aquela
inaugurada por Antônio da Costa Ciampa, em 1987, com a publicação do livro A estória
do Severino e a história da Severina (CIAMPA, 1987), que propõe uma superação das
concepções essencialistas da identidade, as quais a concebem como uma essência, uma
substância fixa e estática da qual o indivíduo seria portador. Durante o semestre letivo
de 2014.2-2015.1, com visitas quinzenais ao local nós desenvolvemos um trabalho de
interação com os usuários. Nesse período nós propomos atividades que promovessem
a reflexão da importância dos Direitos Humanos, temas de sua realidade e momentos de
meditação. Com isso, iniciamos um processo de criação de vinculo. A partir desse contato,
nós entrevistamos um morador de rua que se dispôs a participar da pesquisa, que iremos
chamar de M. Nos resultados nós identificamos que M passara por diversos personagens.
Após uma narrativa envolvente, alguns personagens identificados foram: adolescente-em-
busca-de-novas-descobertas, usuário-de-substância, morador-de-rua, usuário-de-drogas-
em-superação, militante. Estes últimos são entendidos nos nossos estudos como formas
de superação de personagens antes estigmatizados pela nossa sociedade. A partir dessa
sucessão de personagens, o sintagma Identidade-Metamorfose-Emancipação proposto
por Ciampa, passa a ser percebido em M a cada mudança e caracteriza a alterização da
identidade em concordância à sucessão de personagens. Identificamos uma clara relação
entre o uso de drogas e o trabalho desempenhado. Destacamos a importância envolvida
nessa temática e a necessidade de aprofundar essa pesquisa para conseguir, de maneira

142
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

precisa, identificar as metamorfoses da identidade, pois a inconstância no contato com as


pessoas em situação de rua foi uma dificuldade encontrada.

Palavras-chave: Situação de rua; Identidade; Reinserção Social.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

DROGAS NA ADOLESCÊNCIA, COMPROMETIMENTO BIO-PSICOSSOCIAL E O PAPEL


DO MÉDICO EM ESCOLAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Allana Baleeiro Dantas (Acadêmica de Medicina - Universidade José do Rosário Vellano),


Bruna Dias Menezes (Acadêmica de Medicina - Universidade José do Rosário Vellano),
Ciderleia Castro de Lima (Docente na Universidade José do Rosário Vellano), Lara Miranda
Rodrigues da Cunha* (Acadêmica de Medicina - Universidade José do Rosário Vellano),
Samara Menali Pereira Caproni (Acadêmica de Medicina - Universidade José do Rosário
Vellano).

Introdução: O estudo versa sobre a experiência de acadêmicos de medicina ao ministrarem


palestras na integração de conhecimentos adquiridos e sua contribuição social, cujo tema
central de abordagem foi “Drogas na Adolescência”. Objetivo: Descrever a experiência
compartilhada com adolescentes por meio de palestras sobre o comprometimento bio-
psicossocial ao uso de drogas e o papel do médico. Metodologia: Trata-se de um Relato
de Experiência, descritivo, com abordagem qualitativa, realizado por graduandos do
terceiro período de medicina da Universidade José do Rosário Vellano, campus de Alfenas-
MG. O estudo foi elaborado com base nas experiências compartilhadas em palestras
ministradas à adolescentes de colégios públicos e privada, no município de Alfenas-MG.
As palestras foram ministradas para adolescentes do 9º ano do ensino fundamental e do
1º, 2º e 3º anos do ensino médio, cuja faixa etária era entre 13 e 18 anos, envolvendo
a participação dos mesmos. Discussão: Existem vários fatores que estimulam o uso
de drogas pelos adolescentes, dentre eles os mais significativos são as emoções e os
sentimentos associados ao intenso sofrimento, como depressão, culpa, ansiedade e baixa
autoestima. Tais fatores podem ser identificados e tratados antes de se cronificarem. O
uso de drogas na sociedade tem se mostrado cada vez mais atrativo por meio da mídia e
redes sociais, sem um contrapeso de orientação mais intensiva e convincente. O acesso
facilitado ao cigarro e álcool pelos adolescentes funcionam como ponto de partida para
outras drogas, seja em casa, compartilhada pelos pais, nos portões das escolas e/ou nas
baladas por esses frequentadas. O uso de drogas por essa clientela, leva ao agravante
patológico, desencadeando uma cascata de prejuízos bio-psicossociais. E, ao considerar
ampla a competência legal do profissional médico, não apenas com o foco biologicista,
é preciso priorizar as políticas preventivas, na solidificação de projetos mais ajustados à
realidade brasileira, na articulação dos setores Saúde, Educação, Segurança Pública e
Social Considerações finais: A apresentação em palestras foi a forma encontrada para levar
o assunto ao público-alvo devido à facilidade na abordagem do tema e possibilidade de
estimular a discussão entre os adolescentes, no esclarecimento de dúvidas e problemáticas
apresentadas por eles. Por meio de palestras há a aproximação do universo adolescente
e com isso possibilita conhecer em maior profundidade o quanto eles são suscetíveis ao
meio. As escolas possuem um papel fundamental na formação dos jovens, acredita-se que
se possibilitarem o trabalho conjunto de outros profissionais de áreas afins para auxiliar e
discutir os aspectos da drogadição, bem como, seus malefícios poderá ser o caminho para
143
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

a redução do uso das drogas (lícitas/ilícitas), com a orientação informa-se, conscientiza-


se e garante a saúde integral dos adolescentes, sem prejuízos na fase adulta e para a
sociedade.

Palavras-chave: Drogas; Adolescentes; Educação; Medicina Preventiva.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de Experiência.

DROGAS: VOCÊ A ESCOLHE OU ELA TE ESCOLHE?

Jhuliano Silva Ramos de Souza*(Universidade José do Rosário Vellano - UNIFENAS-MG),


Denise Mayumi Yamada (Universidade José do Rosário Vellano -UNIFENAS-MG), Ciderleia
Castro Lima (Universidade José do Rosário Vellano -UNIFENAS-MG)

Introdução: O estudo versa sobre a análise dos fatos que levam um indivíduo a optar pelo
uso de drogas e como a saúde pública pode contribuir para ajudar no tratamento não só
da sintomatologia e sim da causa. A prevalência do uso abusivo de drogas está crescendo
de forma gradual no mundo. Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e
Crimes (UNODC), a faixa etária que apresenta uma prevalência maior é entre 14 e 64
anos de idade. O álcool ganha ranking de maior uso, seguido do tabaco e de outras drogas
ilícitas. O Brasil, em pesquisas, aparece como o segundo país de maior mercado de crack
e cocaína no mundo, com destaque para a região do Sudeste e do Nordeste. Vale ressaltar
que problemática é de âmbito publico, onde políticas públicas devem ser desenvolvidas
e aprimoradas com a finalidade de reduzir os números de usuários e consumo e, assim
contribuir para a diminuição da criminologia no país. Objetivo: Identificar a relação dos
fatores externos para o início da drogadição. Metodologia: Trata-se de uma revisão
integrativa, um método de pesquisa que proporciona a busca, uma avaliação crítica, com
base em evidencias já descritas em estudos. Para a busca foram utilizados os descritores
saúde mental, drogas psicoativas, dependência química, sendo considerada a base de
dados SCIELO, publicados no período entre 2006 a 2015 e disponibilizados na íntegra e de
forma gratuita. Foram incluídos os artigos que responderam ao objetivo e com desenhos
pesquisa estabelecidos de forma clara e, excluídos teses, dissertações e publicações em
anais. Resultados e Discussão: Foram selecionados 18 artigos, dos quais cinco estudos
foram considerados para a amostra por responderem ao objetivo do estudo. Os dados
foram distribuídos em quadro sinóptico, a organização sistemática do ano das publicações,
os autores, os dados e resultados encontrados. Os fatores de risco em quadro classificações
foram divididos em: Abuso Sexual 20%, Violência Domestica 21%, Exclusão Familiar 27% e
a Depressão 32% considerados como as causas de escolha abusiva da droga. Conclusão:
Conclui-se que os fatores externos está relacionado a escolha do indivíduo a fazer o uso
da droga, pelo fato que tal contato com a droga está cada vez mais acessível e viável
de ser utilizada, a escolha individual é a principal responsável, pelos fatores primários. O
aumento desses usuários está relacionado a inclusão de abandono, abuso sexual, violência
doméstica e exclusão familiar e influências de amigos e do meio social em que convive.

Palavras-chave: Saúde Mental; Drogas Psicoativas; Dependência Química.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

144
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

DEPRESSÃO EM FUMANTES COM MÚLTIPLAS CONDIÇÕES CRÔNICAS:


CONHECENDO ASPECTOS ALÉM DA BARREIRA PARA CESSAÇÃO.
Luciana Fantini Salles (Psicóloga na Fundação Instituto Mineiro de Estudos e Pesquisas
em Nefrologia (Fundação Imepen), Juiz de Fora/ MG/ Brasil), Kelly Fabiane de Freitas
Miranda* (Psicóloga voluntária da Unidade de Assistência Integral ao Tabagista (UAI-T) da
Fundação Imepen/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora/ MG/ Brasil.), Bárbara
Any Bianchi Bottaro de Andrade ( Psicóloga. Mestranda em Psicologia pela Universidade
Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora/ MG).,Jéssica Viana Hinkelmann (Nutricionista na
Fundação Instituto Mineiro de Estudos e Pesquisas em Nefrologia (Fundação Imepen), Juiz
de Fora/ MG/ Brasil, Marinéia Vicentina da Cruz(Fisioterapeuta, professora na Universidade
Salgado de Oliveira (Universo), Juiz de Fora/ MG/ Brasil e voluntária da Unidade de
Assistência Integral ao Tabagista (UAI-T) da Fundação Imepen/ Universidade Federal de
Juiz de Fora, Juiz de Fora/ MG/ Brasil.), Hellen Cristhine Gladstone Costa (Universidade
Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora-MG/ Brasil), Tatiane da Silva Campos(Enfermeira.
Professora da do curso de enfermagem da Fundação Educacional de Além Paraíba, Além
Paraíba/ MG/ Brasil.), Roberta Costa Gonçalves Valente(Enfermeira na Fundação Instituto
Mineiro de Estudos e Pesquisas em Nefrologia (Fundação Imepen), Juiz de Fora/ MG/
Brasil.),Marcela Melquíades(Nutricionista voluntária da Unidade de Assistência Integral
ao Tabagista (UAI-T) da Fundação Imepen/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz
de Fora/ MG/ Brasil.), Marilda Aparecida Ferreira(Médica,Mestranda em Saúde Brasileira
, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora/ MG., Eliane Ferreira Carvalho
Banhato(Psicóloga. Professora no Centro de Ensino Superior (CES), Juiz de Fora/ MG/
Brasil), Arise Garcia de Siqueira Galil(Médica cardiologista e coordenadora da Unidade de
Assistência Integral ao Tabagista (UAI-T) da Fundação Imepen/ Universidade Federal de
Juiz de Fora, Juiz de Fora/ MG/ Brasil.), Marcus Gomes Bastos(Médico diretor executivo
da Fundação Instituto Mineiro de Estudos e Pesquisas em Nefrologia (Fundação Imepen) e
Coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos, Pesquisas e Tratamento em Nefrologia
(Niepen), Juiz de Fora/ MG/ Brasil).
Centro Hiperdia de Juiz de Fora/MG/ Brasil- Fundação Imepen - Universidade Federal de
Juiz de Fora, Juiz de Fora/ MG / Brasil.
Introdução: A depressão é representada tanto por alterações do humor, quanto por alterações
cognitivas, psicomotoras e vegetativas. Em diabéticos, gera impacto nocivo sobre o controle
glicêmico e o descontrole glicêmico intensifica os sintomas depressivos. Em fumantes, a
depressão interfere em todo o processo de cessação, com maior dependência nicotínica,
menor motivação para cessar o vício e maiores recaídas, naqueles que cessaram o vício.
Fumantes no processo de cessação do vício desenvolvem mudanças psicopatológicas e de
responsividade, intermediadas pela ação nicotínica sobre neurotransmissores e em ações
neuroendócrinas. Objetivo: Analisar a associação entre a depressão e características
clínicas e metabólicas de fumantes em uma unidade de tratamento com múltiplas condições
crônicas. Método: Estudo longitudinal, avaliando fumantes da Unidade de Assistência
Integral ao Fumante (UAI-T/ Fundação IMEPEN), destinada à assistência a fumantes
com hipertensão arterial (HAS), diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e portadores de doença
renal crônica (DRC), de alto e muito alto risco cardiovascular, no período de maio/2012 a
maio/2015, referentes a 24 grupos consecutivos de tratamento para cessação do tabaco.
Estes usuários foram avaliados e acompanhados por equipe multidisciplinar em sessões de
sensibilização e de abordagem cognitivo comportamental (ACC), da 1ª à 4ª semana, e na
8ª semana. Definiu-se como depressão, o PHQ-2≥3 pontos; o consumo ou não de uso de
álcool , por relato durante a anamnese inicial; obesidade, o índice de massa corporal >30kg/
m2; a circunferência abdominal aumentada (CAa), como a medida >88 cm, para mulheres

145
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

e >102 cm, para homens. Resultados: Foram avaliados 163 usuários, sendo que 50,3%
da amostra apresentavam rastreio positivo para depressão. Comparando-se fumantes
com e sem depressão, observamos que ser deprimido associou-se significativamente ao
sexo feminino (p=0,001); à menor faixa etária (P=0,006). Quando avaliados quanto às
características clínicas, observamos que eram mais obesos (p=0,020); com tendência à
maior CA (p=0,09) e ao uso de álcool (p=0,07); maior prevalência de DM2 (p=0,020);
maiores níveis séricos de glicemia de jejum (p=0,051). A avaliação de outras condições
crônicas, nesta coorte, não se mostraram significativas, como o sedentarismo, a presença
de HAS, DRC e doença pulmonar obstrutiva crônica. Considerações finais: Entre fumantes
com MCC houve alta prevalência de depressão e da sua estreita associação com o sexo
feminino, com características sinalizadoras de uma maior resistência insulínica, com o DM2
e o seu descontrole. Justifica-se assim, a relevância do diagnóstico precoce da depressão
em fumantes no processo de cessação, do seu adequado manuseio, com impacto positivo
sobre a cessação tabágica e sobre o melhor controle das outras condições a ele associadas.
Palavras-chaves: Depressão; Tabagismo; Múltiplas Condições Crônicas.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR UMA GESTANTE USUÁRIA DE DROGAS EM


SITUAÇÃO DE RUA NO ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE
Chayene de Andrade C. da Silva*(Consultório na Rua, Campinas, São Paulo e Universidade
Estadual de Campinas), Rachel Esteves Soeiro(Consultório na Rua, Campinas, São Paulo),
Alcyone Apolinário Januzzi(Consultório na Rua, Campinas, São Paulo), Bruno Mariani de
Souza Azevedo(Consultório na Rua, Campinas, São Paulo e Universidade Estadual de
Campinas)
Em Campinas, a equipe do Consultório na Rua (CnaR) foi criada em 2012, nossa experiência
evidencia usuários de alta complexidade clínica e social, recorrendo à produção de uma
rede para o atendimento integral dessas pessoas feita no contato entre os trabalhadores
de diferentes equipes.Aqui relataremos o caso de Angel (fictício),23 anos, parda, natural
e procedente de Campinas, 8gestações, com 7 filhos vivos, cuja discussão nos permitirá
refletir sobre a complexidade do cuidado da gestante usuária de crack, seu direito à saúde
e ao acesso aos serviços públicos de que necessita. Sua primeira gestação foi aos 11
anos, o primeiro filho sofreu óbito perinatal, possui um filho abrigado e os outros estão com
familiares.O primeiro contato com Angel ocorreu na Enfermeira de Patologia Obstétrica do
Centro de Atenção Integral à Mulher (CAISM), na UNICAMP, em 10/03/15. Nossa equipe
foi informada de que havia uma gestante em situação de rua ali hospitalizada. Naquele
momento, sua idade gestacional (IG)era 25 semanas e 3 dias. Apresentamo-nos e deixamos
o número de telefone para contatos futuros. No dia seguinte, Angel evadiu do CAISM. Em
27/05/15 Angel nos telefonou do Centro Pop (Centro de Referência para moradores de
rua da Assistência Social) solicitando atendimento. Foi levada CAPS III AD, onde passou
a noite, sofrendo muita dificuldade na construção de relações e vínculos. Em 28/05/15,
após discussão com Central Reguladora de Vagas de Campinas (CRV), foi internada na
enfermaria Psiquiátrica do Complexo Hospitalar Ouro Verde, da qual evadiu 7 dias depois.
Em 08/06/15, a equipe do SOS Rua nos informa que Angel sofreu dores e foi levada à
Maternidade, em 09/06/15, a encontramos do lado de fora destehospital, aguardando por
nós;disse ter sido colocada para fora do serviço e, aotentarmos discutir o caso, o diálogo
foi rechaçado. Estando com IG de 37 semanas e desejando laqueadura, optamos por
levá-la ao Planejamento Familiar, onde foi atendida com muito respeito.Neste mesmo dia,

146
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

após discussão com a CRV, Angel foi levada à Enfermaria de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da UNICAMP, no entanto, para sua admissão neste serviço, a equipe médica exigiu
avaliação Obstétrica no CAISM, desconsiderando as duas avaliações prévias já recebidas
no mesmo dia. Esseserviço de Psiquiatria teve bastante dificuldade no manejo do caso,
sendo necessária a presença do CnaR diversas vezes para conversa com a equipe e com
a usuária. Em 15/06/15,optou-se por induzir o parto de Angel, que deu à luz a uma menina,
a qual foi imediatamente retirada para abrigamento. Na alta, Angel solicita internação para
desintoxicação seguindo para o Núcleo de Retaguarda do Hospital Cândido Ferreira. Tal
caso ilustra a dificuldade enfrentada pelas gestantes usuárias de substâncias psicoativas
e em situação de rua ao acesso aos serviços de saúde. As mesmas enfrentam preconceito
pelos funcionários desses serviços e despreparo das equipes para lidar com tais usuárias.
Palavras-chave: Consultório na rua; Gravidez; Equidade no acesso; Direito à saúde; Crack
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

EDUCAÇÃO E REDUÇÃO DE DANOS: “CONVERSANDO SOBRE DROGAS” COMO


ESPAÇO DE EDUCAÇÃO-NÃO FORMAL NA REDUÇÃO DE DANOS NO C.S.M
PROPULSÃO EM CURITIBA-PARANÁ
Autores e instituição: James Kava*, Altieres Edemar Frei (Faculdade de Saúde Pública-
USP e Centro Social Marista Propulsão), Cecilia Berger Geymonat, Deby Caroline Eidam
de Almeida, Eliete Rosa de Oliveira Guimarães, Frederico Ronconi, Rafael Dolinski Aranha,
Rudinei Nicola, Vanessa Tauscheck (Centro Social Marista Propulsão)
Introdução: Este trabalho tem por objetivo apresentar o relato de experiência de um espaço
de educação não-formal de Redução de Riscos e Danos. Nomeado “Conversando sobre
Drogas” a oficina tem o foco na discussão e construção de um espaço democrático de
cuidado de sí e do seu entorno. O Centro Social Marista Propulsão é um dos centros da
Rede Marista de Solidariedade. Dentro das diretrizes da RAPS constituiu como Projeto
de Média Complexidade dentro das diretrizes das políticas de Assistência Social e Saúde
que promove atendimento de adolescentes entre 14 e 18 anos que estiveram ou estão
em tratamento por conta do uso abusivo de álcool e outras drogas. Objetivos: A oficina
“Conversando sobre Drogas” caracteriza-se como um espaço não-formal de discussões
sobre drogas e redução de danos que visa oferecer informações científicas atualizadas
de forma leve, informal e interativa que desmistifique e subsidie escolhas pautadas pela
autonomia e não pelo amedrontamento. (ARATANGY,1990; GOHN, 2010; ARAÚJO, 2013).
Metodologia: Entendemos como métodos ou olhares praticados pela equipe multidisciplinar
como a construção de alternativas para elaboração simbólica e vivência afetiva que
possam, em alguma medida, concorrer com circuitos de vulnerabilidade aos quais o sujeito
está submetido. Nesse sentido a dinâmica das oficinas acontecem de forma aberta, com
a sugestão de um tema, onde identificados três momentos de organização pedagógica
(DELIZOICOV, 2005), i) problematização inicial, é onde são levantados os questionamentos
sobre uso ou relatos de situações que envolvem o uso abusivo; ii) reorganização do
conhecimento, é o momento em que são selecionadas as situações-chave necessárias
para a compreensão do tema do encontro. É nesse momento que são apresentadas
informações sobre a substância e suas práticas de redução de danos; iii) a extrapolação
do conhecimento destina-se abordar o conhecimento que vem sendo incorporado, que
embora não estejam diretamente relacionadas podem ser compreendidas pelo mesmo

147
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

conhecimento, é a consciência da extrapolação do potencial explicativo e conscientizador


que é explorado. Resultados: Longe de se esgotar no espaço planejado, as discussões
permeiam o cotidiano dos adolescentes no Propulsão, o espaço engendrado pela oficina
é reconhecido entre os adolescentes como um momento privilegiado de empoderamento,
onde a autonomia e responsabilidade são exercitadas para a produção de uma consciência
protetora de sí e dos outros. Conclusão: A experiência de espaços de discussão sobre
drogas que não seja participativo e democrático mostrou-se insipiente para a emancipação
de um indivíduo autônomo para a construção de um uso não abusivo. Buscando tirar o foco
da substância e voltar para a dinâmica de uso de cada indivíduo, o “Conversando sobre
Drogas” configura-se num espaço frutífero para uma (re)educação sobre drogas, redução
de danos e exercício de cidadania.
Palavras-chave: Reinserção; Educação; Redução de Danos.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

EFICÁCIA DO ENVIO DE MENSAGENS DE CELULAR COMO INTERVENÇÃO PARA


TABAGISMO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Rafaela Russi Ervilha* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Bárbara Any Bianchi Bottaro
de Andrade (Universidade Federal de Juiz de Fora), Henrique Pinto Gomide (Universidade
Federal de Juiz de Fora), Nathália Munck Machado (Universidade Federal de Juiz de Fora),
Taynara Dutra Batista Formagini (Universidade Federal de Juiz de Fora), Telmo Mota
Ronzani (Universidade Federal de Juiz de Fora)

Introdução: Formas inovadoras de tecnologias de comunicação, como a internet e o uso


de celular, estão sendo cada vez mais utilizadas para fornecer informações e apoio aos
fumantes que desejam parar de fumar. Método: O objetivo do presente trabalho foi realizar
uma revisão sistemática sobre a eficácia do envio de mensagens de celular como forma de
intervenção para pessoas que desejam parar de fumar. Pesquisas foram conduzidas em
outubro de 2014, nas bases de dados PubMed, Psychinfo, Scielo e Pepsic. Palavras-chave
da busca incluíram: [“tobacco use cessation” OR “tobacco use disorder”] AND [“intervention
studies” OR “clinical trial” OR “evaluation studies”] AND [“text messaging”]. Os critérios de
elegibilidade estabelecidos para este estudo foram: 1) abordar o tema mensagens de texto
de celular para o tratamento do tabagismo; 2) ser um estudo clínico; 3) estar disponível
na forma de artigos científicos com textos completos disponíveis em bases de dados e 4)
estar nos idiomas português, espanhol ou inglês. Resultado: O resultado final da busca
constituiu-se de 22 artigos. Após a leitura dos resumos, oito artigos foram excluídos por
não abordarem o tema envio de mensagens de celular para fumantes. Além disso, a fim
de aumentar o alcance da pesquisa, foram realizadas buscas nas referências nos artigos
encontrados, resultando em mais dois artigos, que foram incluídos na revisão. Após a leitura
dos textos completos, foram excluídos mais nove artigos que não preenchiam os critérios
de inclusão supracitados. Após esta fase, procedeu-se a análise qualitativa do conteúdo
dos sete artigos que compuseram a amostra final desse estudo. As primeiras publicações
foram realizadas em 2012. Em seis estudos o envio de mensagem foi personalizado. O
envio de mensagens de celular foi a intervenção mais eficaz em seis estudos. Discussão:
Intervenções baseadas no envio de mensagens de celular são uma estratégia complementar
ao tratamento do tabagismo que podem contribuir para a de cessação tabágica, no entanto
esse método de intervenção ainda é recente.

148
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Palavras-chave: Cessação tabágica; Mensagens de texto; Estudos clínicos; Revisão


sistemática.
Eixo-temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Sessão de pôsteres.
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa.

Título: EIRAS E BEIRAS: ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E DROGAS – AÇÕES


COM SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS

Maria Paula Naves Vasconcelos (Universidade Federal de São João del-Rei)*.

Introdução: O Eiras e Beiras trata-se de um programa de extensão oferecido como estágio


acadêmico-profissionalizante, no qual alunos têm oportunidade de articular ensino e
extensão a partir do contato com casos de abuso e dependência de substãncias. O programa
conta com parceria da Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas (DDP) da Prefeitura
Municipal de São João del-Rei, o que possibilita que estagiários façam acompanhamento
de servidores públicos que apresentam problemas relacionados ao uso de álcool e drogas.
Objetivo: Elaborar, conduzir e avaliar o desenvolvimento de Projetos Terapêuticos
Singulares (PTS) de servidores. Metodologia: Foram elaborados e desenvolvidos os PTS,
de acordo com necessidades específicas de cada servidor acompanhado, em diálogo com
eles próprios, famílias e equipe da DDP. Para a construção dos projetos, é pressuposto
que haja participação coletiva e uma visão que contemple diversos aspectos da vida dos
sujeitos. Resultados: A atenção psicossocial em álcool e drogas sugere que se retire o
foco da doença, colocando o sujeito numa postura ativa em seu tratamento, podendo
envolver aspectos cotidianos, culturais, familiares e históricos, sempre visando melhoria de
qualidade de vida. Pensando nisso, buscou-se fazer com que os servidores se implicassem
de forma autêntica em suas escolhas, responsabilizando-se pelas consequências geradas
por elas. Um caso interessante é o de João (nome fictício), 54 anos, servidor da área da
saúde, apresentado às estagiárias durante período de licença médica, quando passava
grande parte do dia em bares próximos de casa. João recebeu o nome do pai alcoólatra,
falecido durante a gestação da mãe, lamenta muito sua falta e, aparentemente, procura
repetir o que lhe contam sobre seu modo de agir. Por pena, mãe e irmã o tutelam e tratam
como se fosse um adolescente rebelde, o mesmo que fazia a ex esposa. A demanda do
servidor, familiares e equipe da DDP era que fosse agendada uma internação para quando
terminasse a licença médica. João, muito comunicativo e sedutor, acabou por explicitar,
durante as visitas domiciliares, entrevistas e acompanhamentos em consultas médicas, que
desejava internar-se para continuar livre da obrigação de comparecer ao trabalho, apesar
de afirmar sentir-se bem no cargo. Depois de longas conversas as estagiárias optaram por
deixar que o servidor assumisse o que demandava e, assim, a internação foi agendada.
Porém, dias antes do ingresso na Comunidade Terapêutica, João decidiu deixar de lado a
decisão inautêntica que estava sendo tomada e voltou ao trabalho, diminuindo aos poucos
o consumo de álcool e mostrando-se cada vez mais produtivo. Considerações Finais:
O trabalho feito com João antes de sua tomada de decisão permitiu reflexão sobre seu
papel nas esferas laboral, religiosa, familiar e sobre as relações afetivas que o cercavam,
passando a posicionar-se sobre seu projeto de vida, deixando de lado a necessidade de
estar sempre sob tutela de alguém.

Palavras-chave: Álcool e drogas; Atenção psicossocial; Responsabilização.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

149
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

EIRAS E BEIRAS: ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E DROGAS – UM


PROGRAMA DE ESTÁGIO ACADÊMICO-PROFISSIONALIZANTE NOS SERVIÇOS
PÚBLICOS DE SÃO JOÃO DEL REI, MG.
Júlia Inácia Vieira Assunção (Universidade Federal de São João del-Rei), Rafaela
Ferreira Marques* (Universidade Federal de São João del-Rei), Aléxa Rodrigues do Vale
(Universidade Federal de São João del-Rei), Andrea Alves de Oliveira (Universidade Federal
de São João del-Rei), Daniela Navarro Paiva Nilo (Universidade Federal de São João del-
Rei), Doriane dos Santos Mariano (Universidade Federal de São João del-Rei), Fernanda
Gomes Palata (Universidade Federal de São João del-Rei), Marjorie Cristina Santana
Fonseca (Universidade Federal de São João del-Rei), Thaísa Borges Gomes (Universidade
Federal de São João del-Rei), Thamires Maria Miranda dos Santos (Universidade Federal
de São João del-Rei), Marcelo Dalla Vecchia (Universidade Federal de São João del-Rei).
O Programa “Eiras e Beiras: Atenção Psicossocial em Álcool e Outras Drogas” foi oferecido
como estágio acadêmico-profissionalizante pela primeira vez no ano de 2014. Configurou-se
a partir da identificação da necessidade de colaboração no equacionamento de problemas
advindos do uso problemático de substâncias psicoativas nos serviços públicos no município
de São João del-Rei, Minas Gerais, por meio de parcerias ensino-serviço. Foram delineados
três cenários de prática, dadas as especificidades dos serviços juntos dos quais as parcerias
foram firmadas: em equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF); na Diretoria de
Desenvolvimento de Pessoas (DDP) da Prefeitura Municipal de São João del-Rei; e no
Centro de Atenção Psicossocial Del-Rei (CAPS Del-Rei). A operacionalização do estágio
constituiu-se na realização, pelas estagiárias, das seguintes atividades: (a) ambientação
no território e na equipe de saúde; (b) diagnóstico preliminar e continuado; (c) formulação
do Projeto Terapêutico Singular – PTS (definição de metas terapêuticas de curto, médio
e longo prazos para abordagem dos casos e pactuação de compromissos com os atores
mais comprometidos com o caso); (d) discussão e reavaliação periódica do PTS; e (e)
confecção de diários de campo por cada dupla de estagiárias. As ações foram realizadas sob
supervisão acadêmica semanal com o coordenador do Programa (11º autor deste resumo)
e, em campo, eram supervisionadas pelas profissionais que intermediaram a parceria
para a realização do estágio. O PTS foi a tecnologia de cuidado enfatizada nas atividades,
constituindo-se ferramenta central para a instrumentalização da proposta. O raciocínio que
envolve o processo de desenvolvimento do PTS requer manter em perspectiva as relações
intrínsecas entre o caso singular (o dependente de álcool e/ou drogas e sua família) e
determinado contexto histórico-social no qual o caso emerge. Neste sentido, o foco na
situação singular exigiu que também fossem investigadas as circunstâncias que presidiram
a manifestação do uso prejudicial, procurando-se empreender ações de cuidado a partir do
planejamento coletivo e responsabilização dos serviços e atores envolvidos. Diante desta
perspectiva, constatou-se como parte inerente ao processo de trabalho a articulação de
ações intersetoriais (assistência social, escolarização, justiça, trabalho, esporte e lazer
etc.). Foi possível identificar, por um lado, a possibilidade de aprimoramento da formação
técnico-profissional das estagiárias e, de outro, a oportunidade de formação continuada aos
operadores de políticas de saúde, a partir da problematização e reelaboração das práticas
vigentes. No que tange à temática específica do estágio, considera-se imprescindível na
formação profissional o desenvolvimento de competências para atuar junto de pessoas
que vivem problemas devido ao uso de álcool e drogas, pautadas na garantia dos direitos
sociais e humanos do público em questão.
Palavras-chave: Atenção psicossocial; Projeto terapêutico singular; Redução de danos;
Estágio acadêmico-profissionalizante.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral.
Tipo de trabalho: Relato de Experiência.
150
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

EL ENFOQUE DE DERECHOS EN LOS “CENTROS DE INTEGRACIÓN SOCIAL

Juan Carlos Mansilla * (Psicólogo, Gobierno Provincia de Córdoba)

Em el año 2013, la Subsecretaría en Prevención de Adicciones de Córdoba, creó los “Centros


de Integración Social”, CIS. A la fecha se han creado cuatro de estos espacios. Los CIS son
dispositivos de intervención en territorio desde los cuales se ejecutan Políticas Públicas
dirigidas a garantizar las condiciones de ciudadanía; para que las personas sean miembros
plenos de la comunidad en la que están insertos.Los CIS aportan a la construcción de
escenarios con un enfoque integrado, donde si bien se trabaja con consumos problemáticos
de drogas, se lo haces desde una perspectiva multidimensional donde se abordan problemas
de convivencia social, preocupaciones por la salud comunitaria desde los determinantes
sociales de la salud, la inclusión laboral y educativa, las demandas de género, los contextos
favorables al consumo de sustancias, las distintas formas de cultura que se expresan en
los contextos familiares, en los colectivos y grupos, las convivencias entre generaciones,
todo con vigilancia y ajuste a las idiosincrasias locales y territoriales. Los Centros de
Integración Social se orientan hacia la construcción de estrategias de acción que garanticen
en las comunidades mayor espacio de ciudadanía. En una perspectiva integral, enfocar las
acciones en relación a los derechos es analizar las desigualdades que marcan el centro
de los problemas de desarrollo, corregir prácticas discriminatorias y la inequidad en las
distribuciones del poder que obstaculizan empoderamientos sociales. Los CIS se trabajan
desde la “Atención Primaria en Salud, Ampliada e Integrada”, en donde la participación
comunitaria, incentivación de la organización social, y fortalecimiento familiar, se suman
a la perspectiva tradicional de la APS. El enfoque avanza hacia la intervención sobre el
ámbito de las relaciones interpersonales de los miembros de la comunidad en su conjunto.
Aquí es donde mejor se entiende la intervención del Ministerio de Desarrollo Social en
temas como el de consumo de sustancias, antes destinados solo al área de gobierno
dedicada a la Salud. Entonces, los CIS son dispositivos de APS Ampliada, que ofrecen
sus servicios a la Comunidad que accede a ellos, y también plataformas de participación
desde la cual se planifican y desarrollan y estrategias sociales, para el encuentro con
la Comunidad.La experiência de los CIS evidenció distintos obstáculos con los que se
encuentra un emprendimiento de este tipo: Visión segmentada de los problemas sociales
ligados al consumo de drogas; Falta de Capacitación Del RRHH estatal; Estigmatización
por parte de los Equipos de Salud y Desarrollo Social; entre otras. Las fortalezas de esta
tarea fue la de construir un espacio alternativos a consumidores problemáticos expulsados
de espacios centrados en la abstinência; enfocar integramente el sufrimiento individual y
social de usuários de drogas y sus famílias, y desarrollar programas de inclusión escolar y
laboral en paralelo con servicios asistenciales.

Palavras-chave: Consumo de Drogas; Enfoque de Derechos; Políticas Públicas; Centro


Integración Social,
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

151
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ELEMENTOS DE VULNERABILIDADE NA VIDA DE MULHERES USUÁRIAS DE


DROGAS

Daiane Santos Oliveira* (Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia), Jeane


Freitas de Oliveira (Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia), Cleuma
Sueli Santos Suto (Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia)

O fenômeno das drogas tem apontado especificidades para a população feminina, que
vão além do ato de produzir, consumir e/ou traficar substâncias psicoativas. O consumo
de drogas, sobretudo as ilícitas, por questões de ordens sociais, culturais e de saúde,
pode determinar situações de vulnerabilidade, principalmente, quando feito por mulheres.
Com o intuito de aprofundar questões que envolvem a relação mulher e uso de drogas,
este trabalho teve o objetivo de identificar elementos de vulnerabilidade para mulheres
usuárias de substâncias psicoativas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa desenvolvida
com 15 mulheres atendidas em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas e/ou
numa Unidade de Saúde da Família de Salvador – BA. Para a coleta de dados foi utilizada
entrevista semiestruturada, aplicada no período de 01/05/15 a 10/07/15. A organização e
análise das informações foi fundamentada no conceito de vulnerabilidade nas dimensões
individual e social a partir das características sociodemográficas, de saúde reprodutiva e
do padrão de consumo. Os preceitos éticos foram respeitados em todos os momentos da
pesquisa. As participantes tinham idade entre 19 e 61 anos, faziam uso problemático de
substâncias psicoativas, iniciado na adolescência. Para as entrevistadas a convivência com
pessoas usuárias de drogas no contexto familiar e social, na infância e na adolescência,
foi determinante para o início do uso de álcool, tabaco, e posteriormente, da maconha,
cocaína, crack, pacaia e inalantes. Essa condição associada à raça/cor negra, baixo nível
de escolaridade, informalidade das atividades remuneradas, instabilidade da renda familiar
e da situação de moradia se constituem como elementos de vulnerabilidade nas dimensões
individual e social. Ademais, a ocorrência de gravidez na adolescência, história de aborto,
multiparidade e complicações clínicas durante o ciclo gravídico-puerperal também foram
identificados como elementos de vulnerabilidade. Conflitos familiares, situações de
violência, danos na saúde física e psicológica e o envolvimento com a prostituição e atos de
criminalidade foram apontados como motivadores e/ou consequências do uso de drogas.
Os dados alertam para especificidades no envolvimento feminino com as drogas atreladas
a aspectos individuais, econômicos, socioculturais e de gênero, os quais repercutem
diretamente na vida e saúde das mulheres.

Palavras chave: Mulheres; Usuários de drogas; Vulnerabilidade em saúde.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

152
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

EM TERRA DE CRACK, QUEM TEM SINGULARIDADE É REI.

Autores e instituição: Ingrid de Assis Camilo Cabral*(Assistente social, residência


multiprofissional em serviço social na área de doenças transmissíveis pela Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho /Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestranda
em prevenção e assistência a usuários de álcool e outras drogas pela Hospital de Clínicas
de Porto Alegre /Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Maria Carmen de Andrade
Neves (Psicóloga, especialista em dependência química pela Universidade Católica de
Pernambuco – Pernambuco, mestranda em prevenção e assistência a usuários de álcool
e outras drogas pela Hospital de Clinicas de Porto Alegre /Universidade Federal do Rio
Grande do Sul)

O presente relato é fruto da experiência de um grupo de alunos do primeiro mestrado


profissional do Brasil em Prevenção e Assistência a usuários de álcool e outras drogas,
realizado pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre em parceria com a Universidade Federal
do Rio Grande do Sul e Secretaria Nacional sobre Drogas –SENAD. Foi realizada uma visita
ao bairro da luz, em São Paulo, no espaço popularmente conhecido como Cracolândia
(terra do crack – se buscarmos o significado da palavra). Talvez bem adequado tamanha a
quantidade de usuários de crack em uso da substância simultaneamente. É extremamente
relevante descrever o cenário geral ao qual fomos apresentados para posteriormente
partirmos para as peculiaridades. Neste dia os profissionais calcularam cerca de mil pessoas
no fluxo (nome que é dado para a concentração de usuários na cena de uso, no meio da
rua). A impressão olhando de fora é de uma grande massa uniforme sem identidade própria,
sem rostos, sem nenhuma individualidade e resumidos ao uso do crack. Uma estética feia,
suja e massificada. Contudo se olharmos mais de perto conseguimos identificar histórias
de vidas, conseguimos dar vida aos rostos e perceber a possibilidade de uma reinserção
social e de resgate da cidadania por ora esquecida. Em meio a este caos, uma organização
grupal. Regras de respeito a crianças e preocupação com pessoas doentes. Algo ainda
resta, mostrando a gama de possibilidades de resgate de identidades perdidas. Intervenção
na cena: Equipes de programas da saúde e da assistência social circulam na área e através
de vínculos de confiança, conseguem alguns sucessos. É perceptível o respeito aos
desejos dos usuários, numa abordagem que remete à Política de Redução de Danos, neste
primeiro momento, entendendo que muitos não conseguem e não querem parar o uso da
substância. Vencidas estas primeiras abordagens cada setor irá focar em seus objetivos,
seja na garantia de direitos e reinserção social ou no tratamento de saúde mais específico.
Análise da ação: Um fator que chamou atenção dos estudantes, que vale ressaltar são de
diversas regiões do país (norte, nordeste, sudeste, centro oeste e sul - nenhum sendo de
São Paulo), é que cada vez mais a intersetorialidade deve estar presente nas abordagens
aos usuários de drogas. E isto é percebido no espaço da cracolândia. Saúde, Assistência
Social e Segurança pública mostram que pode existir o diálogo. Que existem intercessões
e pontos de convergência no trabalho, sem cada setor perder suas especificidades e
objetivos, tratando-se de um trabalho complementar.

Palavras- chave: Território; Cena; Uso


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

153
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ENTRE TRENS DE DOIDO E A UTOPIA DE UMA SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS: A


REDUÇÃO DE DANOS COMO UMA NOVA PERSPECTIVA DE TRABALHO PARA A
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO CAPS AD.

Jaqueline Oliveira (Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul)

A política de Redução de Danos (RD) atualmente apresenta-se como uma “nova”


possibilidade de acolhimento e escuta dos usuários em um Centro de Atenção Psicossocial
de Álcool e outras Drogas (CAPS ad). Para falar de Redução de Danos é necessário
contextualizar historicamente, levando em consideração a história da loucura brasileira
até chegar ao atual modelo de atenção à saúde mental, que possibilitou o fortalecimento
dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). É válido ressaltar que os objetivos deste
trabalho é esclarecer aos ouvintes a política de redução de danos e principalmente
demonstrar a efetividade desta nova abordagem no CAPS ad. A metodologia utilizada foi
os pressupostos da observação participante no serviço de saúde em questão, bem como,
a revisão bibliográfica. Os resultados foram obtidos na realização do estágio em Psicologia
e Processos Sociais em um CAPS ad. Diante de tantas possibilidades de trabalho por
parte dos profissionais desse serviço, a Redução de Danos se destacou por não ter como
foco a abstinência. Nessa perspectiva, o que está em questão é o sujeito, sua história de
vida e não a substância que o mesmo consome, ou seja, podemos dizer que analisando
historicamente as construções do campo da Saúde Mental no SUS, esta política revela
novos caminhos no processo de cuidar e intervir por parte dos profissionais no CAPS ad.
A Redução de Danos teve sua origem na Inglaterra, em 1926 e chega ao Brasil no ano de
1989, ela nos mostra na prática que não há uma sociedade livre de drogas, é necessário
pensar novas possibilidades para os usuários de substâncias lícitas e ilícitas. Portanto,
é de fundamental importância apostar nesses usuários de álcool e outras drogas como
sujeitos responsáveis por suas escolhas, com direito a ter um tratamento em liberdade e
seu desejo ser escutado pelos profissionais. É a partir dele, de seus desejos e escolhas,
que a equipe multiprofissional irá trabalhar, e não sob os ideais estabelecidos socialmente.
Portanto, podemos concluir que a Redução de Danos surge para romper com esse ideal
de abstinência e construir intervenções com a finalidade de permitir as escolhas de cada
usuário e seu processo de autocuidado, oportunizando o movimento de produção de saúde
e novas possibilidades de estar no mundo. O foco não estando na patologia, o objetivo não
é a cura do usuário, mas, sim, a produção de subjetividade, ou seja, a ressignificação do
vivido, tecido ao longo da história do sujeito. É nas intervenções dos profissionais no CAPS
ad, tendo como base a igualdade de direitos, o respeito às escolhas e singularidades de
cada usuário, que ele irá tecer juntamente com o sujeito em tratamento uma nova biografia.

Palavras-chave: Redução de Danos; CAPS ad; Acolhimento, Equipe Multiprofissional;


Saúde Mental.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

154
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ERRÂNCIAS DE USUÁRIOS DE DROGAS NO TERRITÓRIO: QUANDO O CUIDADO SE


TECE NAS ITINERÂNCIAS

Mairla Machado Protazio* (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Simone Mainieri
Paulon (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Resumo:
Introdução: Este relato de pesquisa parte de recente trajetória pelos territórios da saúde no
contexto do SUS, de experiências profissionais e imersão como pesquisadora. Inquietações
e apostas no campo do cuidado e atenção em saúde mental, mais especificamente como
Redutora de Danos em Aracaju de 2011 a 2014. Estas inquietações, movidas de desejos por
explorar mais a articulação entre saúde mental e atenção básica, e a aposta em um modo
de cuidado itinerante, conduziram-me ao mestrado em Psicologia Social e Institucional.
Objetivos: A dissertação em andamento tem por objetivo acompanhar as itinerâncias de
usuários de saúde mental pelos seus territórios existenciais, cartografar experiências de
cuidado em rede guiada pelas andanças e fluxos relacionais que estes inventam para
si e identificar quais saberes produtores de saúde podem se legitimar nesta construção.
Apostamos na produção de redes de cuidado que não se limitem aos serviços de saúde, aos
trabalhadores ou ao fluxo de atendimento pré-estabelecido. Metodologia: Realiza em dois
municípios da região metropolitana do RS, com uma metodologia de pesquisa-intervenção
participativa, abrangendo trabalhadores, usuários e gestores em grupos focais e entrevistas
para elencar e qualificar práticas de cuidado em saúde mental. Nesta pesquisa, buscamos
experiências de cuidado em AD, na lógica da RD, para explorar entendimentos de como se
atualiza enquanto dispositivo de cuidado da atenção básica, enfatizando alguns conceitos-
dispositivos presentes no cotidiano de trabalho que operariam em articulação com a saúde
mental, a saber: território, acolhimento, vínculo e co-responsabilização. Tal perspectiva,
aproxima-nos de um entendimento sobre um cuidado feito transversalmente em que a RD
se assume mais como ética de cuidado do que simples estratégia de ação. Resultados:
Visualizamos que tal perspectiva de cuidado, que se faz itinerante, é uma potente ferramenta,
para colocar em questão junto à cidade, no transitar com aquele que sofre, de como ela
pode ser “contaminada” com uma diferença que por vezes não tem lugar. Contudo, sabemos
que para muitos dos nossos serviços o cuidado em rede ainda é um exercício tateante e
incipiente, uma diretriz de gestão que muitas vezes se cumpre penosamente, ou está longe
de ser sequer considerada. Considerações finais: Tradicionalmente, pensa-se do ponto
de vista de que o usuário (louco ou drogado) tenha que ser acolhido para o seu bem e de
que os trabalhadores têm que ser benevolentes e suportar o diferente. Contudo, propomos
inverter essa lógica para abrir espaço a um cuidado em que o usuário é protagonista e que
nos indicam outras questões: o que o território e os serviços de saúde têm a ganhar ao
considerar as itinerâncias dos usuários? De que maneira as itinerâncias podem contribuir
para a produção de cuidado em rede? Que redes são essas que as itinerâncias desenham?
São alguns dos questionamentos que a pesquisa tem suscitado e trazemos à discussão
deste seminário.

Palavras-chave: Redução de Danos; Território; Cuidado; Clínica itinerante; Saúde pública


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

155
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ESCOLA DE REDUÇÃO DE DANOS – EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR DE


CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS

Erika Renata Trevisan* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Andrea Ruzzi Pereira
(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Ailton de Souza Aragão (Universidade Federal
do Triângulo Mineiro), Jurema Ribeiro Luiz Gonçalves (Universidade Federal do Triângulo
Mineiro), Adacely Ferreira Andrade Cunha (Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba-
MG), Carmelita Fernandes de Oliveira Santos (Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba-
MG), Daniela Bernardes Pereira do Carmo (Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba-
MG), Sérgio Henrique Marçal (Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba-MG).

Introdução: A Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) criou em 2012 o “Centro


Regional de Referência para Formação Permanente dos profissionais que atuam nas redes
de atenção integral à saúde e de assistência social com usuários de drogas e seus familiares”
(CRR/UFTM). Tem como objetivo contribuir para a construção de ações integradas ao
enfrentamento das situações relacionadas ao uso nocivo de drogas. Nessa conjuntura, a
proposta da Escola de Redução de Danos do SUS – ERD/SUS da Secretaria Municipal
de Saúde de Uberaba – MG (SMS) em parceria com o CRR/UFTM é mais uma estratégia
para atender as demandas de estruturação, ampliação e fortalecimento da rede regional de
atenção integral aos usuários de drogas e seus familiares. Objetivo: Capacitar profissionais
em estratégias de Redução de Danos como multiplicadores, segundo os princípios da
territorialidade, integralidade, intersetorialidade e direitos humanos. Metodologia: A equipe
da ERD da SMS e CRR/UFTM era composta por oito tutores, sendo quatro docentes
pesquisadores sobre o tema da UFTM e quatro técnicos de referência em saúde mental da
SMS. A proposta de ensino foi fundamentada na perspectiva interdisciplinar. As atividades
práticas foram realizadas com a articulação dos dispositivos da rede de saúde mental e com
rede intersetorial de atenção integral. A carga horária total do curso foi de 134 horas divididas
em sete módulos e desenvolvido em três momentos: Aula teórica, atividades práticas
supervisionadas pelos tutores de referência e articulação teórico-prática. Foram oferecidas
20 vagas para formação de redutores de danos distribuídas nos seguinte seguimentos:
profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba; profissionais da Secretaria do
Desenvolvimento Social de Uberaba; estudantes universitários de cursos da área da saúde,
educação e assistência social; profissionais e coordenadores de instituições com práticas
efetivas em campo; e trabalhadores sociais e líderes comunitários. Resultados: A ERD
possibilitou a sistematização de conteúdos e propostas que subsidiaram e fortaleceram
a formação de redutores de danos com alinhamento conceitual e a articulação da rede
de atenção integral aos usuários de drogas e seus familiares. Considerações finais: A
capacitação proposta pela ERD focou em ações preventivas, de promoção da saúde e
de cuidados clínicos primários da população usuária de drogas, intra ou extramuros, que
superem a abordagem única de abstinência. No sentido de promover uma Política de
Redução de Danos em serviços de saúde, em âmbito nacional, e contribuir para maior
visibilidade e fortalecimento da Redução de Danos enquanto diretriz de trabalho, além de
construir mecanismos que assegurem a continuidade e o desenvolvimento dessas ações,
de forma complexa, sistêmica e integral. Essa proposta visa resultados de longo alcance
social, por preservar o respeito ao contexto sociocultural da população usuária e aproximá-
la de outros serviços de natureza diversa.

Palavras-chave: Saúde; Serviços de Saúde Mental; Ensino, Redução de danos.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

156
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ESTIGMA INTERNALIZADO EM DEPENDENTES DE ÁLCOOL E DROGAS EM TRATA-


MENTO NO BRASIL: UM ESTUDO LONGITUDINAL

Ana Luisa Marliére Casela (Universidade Federal de Juiz de Fora), Amata Xavier Medeiros
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Érika Pizziolo Monteiro (Universidade Federal de
Juiz de Fora), Gabriela Correia Lubambo Ferreira (Universidade Federal de Juiz de Fora),
Jéssica Verônica Tibúrcio de Freitas (Universidade Federal de Juiz de Fora), Laís Ramos
Duarte *(Universidade Federal de Juiz de Fora), Luísa Ferreira Coelho (Universidade Fe-
deral de Juiz de Fora), Nathália Munck Machado (Universidade Federal de Juiz de Fora),
Pollyanna Santos da Silveira (Universidade Federal de Juiz de Fora), Telmo Mota Ronzani
(Universidade Federal de Juiz de Fora).

A dependência de drogas é considerada uma das condições de saúde mais estigmati-


zantes. Dessa forma, crescentes estudos têm evidenciado que o estigma está associado
a diversos prejuízos aos indivíduos estigmatizados.O presente estudo tem como objetivo
estudar o estigma internalizado e aspectos psicossociais ao longo do primeiro mês de tra-
tamento de dependentes de crack. Para isso, utilizaram-se os seguintes instrumentos: (a)
ISMI adaptada para Dependentes de Substâncias; (b) MINI; (c) CES-D; (d) A Escala de
Esperança de Herth (EEH) (e) Escala de Autoestima de Rosenberg; (f) Suporte Social; e
(g) Questionário sociodemográfico, em uma amostra composta por 114 dependentes de
crack que deram entrada em um serviço de tratamento e, após um mês, os pacientes que
ainda estavam em tratamento (N=29) foram reentrevistados. Na comparação entre o antes
e o depois de um mês de tratamento, verificou-se que houve uma diminuição dos sintomas
de depressão e um aumento da esperança. Para todas as variáveis estudadas, não foram
observadas diferenças estatisticamente significantes entre os pacientes que abandonaram
e os pacientes que aderiram ao tratamento. A partir dos estudos realizados, foi possível
observar que o estigma internalizado, entre dependentes de substâncias, está associado
a a vários fatores psicossociais. O estigma não se configurou como preditor de abandono
no 1° mês de tratamento, entretanto, de acordo com dados da literatura, outros prejuízos
são significativos para esses indivíduos, especialmente quando é um obstáculo em etapas
anteriores ao inicio do tratamento, merecendo atenção de estudos futuros na área de de-
pendência de drogas.

Palavras-chave: Estigma Internalizado; Dependentes de Crack; Depressão; Esperança;


Autoestima
Eixo Temático: Atenção; Reinserção Social; Redução de Danos
Modalidade de Apresentação: Pôster
Tipo de Trabalho: Relato de Pesquisa

157
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ESTIGMA INTERNALIZADO EM PARTICIPANTES DE GRUPO DE MÚTUA AJUDA.

Raíssa Cristina Carvalho Pereira*(Centro Universitário de Lavras), Andréa Cabral Rios


(Centro Universitário de Lavras), Diego Costa Lima (Universidade Federal de São Carlos)

O estudo realizado teve como objetivo avaliar o estigma internalizado entre dependentes de
álcool e outras drogas participantes e não participantes de grupos de mútua-ajuda, a partir
da hipótese de que a participação em tais grupos contribuiria para redução do estigma. A
amostra analisada foi composta por 123 dependentes de drogas de cidades do sul de Minas
Gerais, sendo 83 participantes e 40 não participantes de grupos de mútua ajuda. O critério
de inclusão foi que a pessoa estivesse abstinente há, no mínimo, 2 meses. Para produção
de dados foi utilizada a Escala de Estigma Internalizado - ISMI -(Soares, 2011), adaptada
para dependentes de substâncias, juntamente com um questionário sócio econômico. A
análise foi feita através do programa SPSS. Pela comparação dos grupos, verificou-se que
dependentes de drogas que participaram de grupos de mútua ajuda apresentaram uma
diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo dos não participantes (p=0,00).
Na amostra analisada, o nível de estigma internalizado apresentou também uma correlação
estatisticamente significativa negativa em relação à variável tempo de abstinência. Quanto
maior o tempo de abstinência, menor o nível de estigma internalizado (r = -0,38; p=0,00).
Os resultados obtidos fornecem indícios acerca da importância dos grupos no processo de
recuperação e reinserção social do dependente de drogas e do processo de identificação com
pares, no sentido de favorecer a criação de novos vínculos, o que pode auxiliar na redução
do estigma ao encontrar no grupo pessoas que passam pelas mesmas dificuldades, tendo
assim apoio para superar as dificuldades, lidarem com os estereótipos e desenvolver novas
formas de interação que favoreçam a manutenção da abstinência e o desenvolvimento da
auto-estima.

Palavras-chave:Dependência de álcool e outras drogas; estigma Internalizado; Grupos de


mútua ajuda.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

158
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA E ASSISTÊNCIA AO DEPENDENTE QUÍMICO: O


TRABALHO EM REDE AÇÕES CONJUNTAS OU ISOLADAS?

Luiz Felipe Batista Pires*(Universidade Federal de São João del-Rei), Laiany Gonçalves
de Macedo (Universidade Federal de São João del-Rei), José Arimatéa de Aleluia Júnior
(Universidade Federal de São João del-Rei), Ricardo Bezerra Cavalcante (Universidade
Federal de São João del-Rei), Richardson Miranda Machado (Universidade Federal de São
João del-Rei).

Introdução: A Estratégia Saúde da Família (ESF) torna-se responsável não apenas pela oferta
de serviços, mas também pela forma como os diferentes níveis de atenção se integram para
o enfrentando das moléstias sociais e psíquicas, como a dependência química, devendo
assegurar dessa forma que a ampliação da cobertura em saúde seja acompanhada de
uma ampliação da comunicação entre os serviços, a fim de garantir a integralidade da
atenção. O trabalho integralizado entre o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e a ESF é
imprescindível para o enfrentamento dos transtornos mentais principalmente da dependência
química, o qual deve ser desenvolvido por meio de um projeto terapêutico integrado, que
possibilite a reabilitação psicossocial a partir do território de vida dos dependentes, de modo
a reduzir as internações e a facilitar o atendimento integral junto a família, modificando as
relações de cuidado e as práticas em saúde. Objetivos: Descrever e analisar a assistência
integrada prestada ao dependente químico pelo CAPS e as equipes de ESF do município
de Divinópolis - Minas Gerais. Fazer a distribuição espacial no município dos pacientes
dependentes químicos atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial e das Equipes da
Estratégia Saúde da Família. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo do tipo série
histórica, descritivo e analítico da assistência prestada ao dependente químico pela Estratégia
Saúde da Família no município de Divinópolis-MG. Resultados Parciais: A prevalência
de usuários classificados com transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de
substância psicoativa correspondeu a 9,46% da população total atendida no SERSAM de
Divinópolis. Observou-se que 82,3% são do sexo masculino e 17,7% feminino. A maior faixa
etária dos pacientes atendidos no serviço foi a de 41 a 50 anos, correspondendo a 28,2%. No
que se refere ao número de pacientes cadastrados em alguma unidade de saúde (ESF ou
centro de saúde), verificamos que 54,3% dos dependentes químicos não eram cadastrados
em nenhuma unidade de saúde. Em relação ao número de pacientes acompanhados por
alguma unidade de saúde, observamos que 58,6% não são acompanhados por nenhuma
unidade de saúde. Considerações Finais: Considerando o impacto da dependência química
na vida das pessoas e visando contribuir para a atualização e direcionamento das ações
dos profissionais de saúde, prevenção de novos casos e melhor abordagem e tratamento
dos indivíduos já dependentes é que se propõe o presente estudo, pelo qual acreditamos
que seus resultados possam contribuir no direcionamento e planejamento das políticas
de saúde, no que se refere ao estabelecimento de medidas de intervenção, tratamento e
prevenção mais específicas e eficazes.

Descritores: Dependência química; Saúde mental; Estratégia saúde da família.


Eixo temático: Atenção, reinserção social e redução de danos.
Modalidade de apresentação: comunicação oral
Tipo de trabalho: relato de pesquisa (com resultados parciais)

159
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ESTUDO SOBRE DISPENSAÇÃO DE PSICOFÁRMACOS NA FARMÁCIA BÁSICA DE


SÃO TIAGO/MG

Andréa Resende Vieira de Carvalho (Universidade Federal de São João Del Rei)
Suely Teodora da Silveira* (Universidade Federal de São João Del Rei)
Marcelo Dalla Vecchia (Universidade Federal de São João Del Rei)

Essa pesquisa constituiu-se de uma das atividades do estágio supervisionado Sistema de


Saúde e Educação: Estreitamento dos Laços e Ações Conjuntas, desenvolvido junto a uma
das equipes da ESF, da cidade de São Tiago - MG. Uma das preocupações dos integrantes
dessa equipe era com o fato de considerarem que um número excessivo de psicotrópicos
estava sendo fornecido aos usuários da rede. Cogitou-se, então, que a realização desse
estudo seria pertinente, pois possibilitaria apontar a dimensão do uso desses medicamentos,
uma vez que não havia ainda sido realizada nenhuma ação nesse sentido. Trata-se,
portanto, de um estudo descritivo, cuja amostra refere-se aos registros de dispensação de
psicofármacos pela realizados exclusivamente pela rede pública de saúde de São Tiago/
MG no decorrer do ano de 2012. A amostra se constituiu de registros de 1.240 usuários. A
Secretaria Municipal de Saúde indicou como fonte para coleta de dados a Rede Farmácia
de Minas que, por sua vez, disponibilizou um caderno contendo os usuários atendidos e a
quantidade e tipos de medicamentos dispensados no ano de 2012, assim como o acesso
ao Sistema Integrado de Gerenciamento da Assistência Farmacêutica (SIGAF). Foram
analisadas as categorias faixa etária, microáreas, zonas de residência, sexo e a medicação
dispensada. As informações obtidas foram sistematizadas em tabelas em um editor de
planilhas eletrônicas. Em uma das planilhas foram registrados: nome, endereço, data de
nascimento e nome da mãe dos usuários em que há pelo menos um registro de dispensação
de psicofármacos. A título de controle, foram anotados também, em outra planilha, os
nomes dos usuários cujos nomes foram registrados nos cadernos de dispensação das
unidades de Saúde da Família, mas que não constavam no SIGAF. Outras planilhas foram
montadas para organizar as seguintes informações: sexo, faixa etária por decênio, zona
de povoamento (rural/urbana) e respectivas microáreas. As informações referentes aos
psicofármacos foram distribuídas conforme as seguintes categorias: tipo de medicamento
(atenção primária, alto custo ou não-disponível na rede pública), grupo farmacológico,
denominação genérica e número de comprimidos dispensados. Os resultados apontaram
uma alta dispensação, sugerindo a criação de propostas de trabalho de desmedicalização
junto aos usuários, a fim de que se possam diminuir esses altos índices de prescrição.

Palavras-chave: Psicofármacos; Medicalização; Saúde Pública.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de pesquisa.

160
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ETNOGRAFIA DO PROGRAMA DE BRAÇOS ABERTOS

Ygor Diego Delgado Alves* (Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UNIFESP)

O programa De Braços Abertos (DBA) da prefeitura paulistana buscou inovar a atenção


aos usuários de crack da região conhecida como Cracolândia, lhes ofertando um pacote
de direitos que compreende: alojamento em hotéis do entorno, refeições, trabalho, renda e
acompanhamento assistencial e de saúde. A pesquisa teve por objetivo principal detectar o
impacto do DBA no maior ou menor controle do uso do crack por parte de seus beneficiários.
Para tanto realizou-se uma pesquisa etnográfica na região que compreendeu o convívio
com usuários e análise de dados. Detectou-se a mudança na ‘estrutura de vida’ e nos
‘rituais e regras’, com manutenção da disponibilidade da droga.

Palavras-chave: Uso do crack, Estrutura de vida, De Braços Abertos, Rituais e regras,


Disponibilidade da droga
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

161
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

EXPERIÊNCIA PILOTO DE IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA GOOD BEHAVIOR GAME


EM ESCOLAS BRASILEIRAS: ANÁLISE DA ACEITABILIDADE E PERCEPÇÃO SOBRE
OS RESULTADOS

Daniela Ribeiro Schneider* (Departamento de Psicologia. Universidade Federal de Santa


Catarina), Zila van der Meer Sanchez (Departamento de Medicina Preventiva. Universidade
Federal de São Paulo), Ana Paula Dias Pereira (Departamento de Medicina Preventiva.
Universidade Federal de São Paulo), Josi Cruz (Departamento de Medicina Preventiva.
Universidade Federal de São Paulo), Milene Strelow (Programa de Pós Graduação em
Psicologia. Universidade Federal de Santa Catarina), Valdenir Oliveira (Departamento de
Psicologia. Universidade do Sul de Santa Catarina).

No contexto das políticas educacionais contemporâneas as escolas são solicitadas a serem


instituições promotoras de saúde e, para tanto, a desenvolverem ações que incidam sobre
os determinantes sociais de saúde, entre elas as questões relacionadas ao abuso de
drogas. Sendo o ambiente escolar um importante espaço para o processo de socialização
das crianças, torna-se meio privilegiado para planejar e realizar diversos programas de
prevenção universal. Neste horizonte, a coordenação de saúde mental do Ministério da
Saúde vem desenvolvendo, desde 2013, projeto de validação e adaptação de programas
preventivos ao uso abusivo de drogas baseados em evidência, buscando torná-los política
pública para a sociedade brasileira, como forma de qualificar as ações preventivas no
campo dos problemas relacionados ao uso de drogas. Entre as metodologias testadas
o Good Behavior Game (GBG), denominado no Brasil de Jogo Elos, é considerada uma
estratégia que apoia o educador em sala de aula, ao possibilitar a construção de espaços
coletivos e colaborativos. Envolve habilidades como autoconhecimento, autocontrole,
autonomia, empatia, escuta, tolerância, contribuindo para mediar as relações em sala de
aula, ao construir uma interação cooperativa no ambiente escolar, sendo considerado uma
proposta inovadora de promoção de saúde. O objetivo do trabalho foi avaliar a experiência
piloto de implementação do GBG, em 2013, em três cidades brasileiras, discutindo sua
aceitabilidade e percepção de resultados pelos profissionais envolvidos. Foram utilizados
métodos mistos, com características quantitativas e qualitativas, sendo a análise dos
dados realizada a partir da triangulação de métodos. Foram aplicados questionários com
questões do tipo likert, de 6 pontos e entrevistas semiestruturadas com professores,
gestores e multiplicadoras. Foram utilizados a análise de frequências e médias para os
dados quantitativos, com o uso do teste qui-quadrado na comparação das respostas
entre as diferentes categorias de respondentes. Para os dados qualitativos foi utilizada
a análise de conteúdo. Resultados: Apesar de certa resistência inicial à proposta teórico-
metodológica do programa, os professores e gestores acabaram por ter uma aceitabilidade
alta do jogo, considerando-o adequado para o projeto pedagógico das escolas brasileiras,
trazendo contribuições importantes para o manejo da sala de aula e para a construção de
atividades colaborativas. As professoras destacaram o trabalho em grupo, o uso sistemático
do elogio coletivo e a sistematização e objetivação das regras como sendo fatores positivos
do GBG, que contribuíram na mudança comportamental observada em algumas crianças.
Conclusões: O programa teve alta aceitabilidade pelos professores e gestores, visto que,
é uma estratégia simples e eficaz no gerenciamento em sala de aula e com bom impacto
no desfecho de mudanças comportamentais. Contudo, foram apontadas necessidades
de mudança que possibilitem uma adaptação cultural mais focada nas peculiaridades da
realidade brasileira.

162
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Palavras Chaves:Good Behavior Game; Prevenção Universal; Programas Baseados em


Evidência; Abuso de Drogas; Avaliação de Processo.
Eixo Temático: Eixo “Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial”:
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

ENTRE O DENTRO E O FORA DA INSTITUIÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE


UMA RESIDENTE EM CAPS-AD DE CAMPINAS.

Ana Raquel Righi Gomes (Residente de Saúde Mental e Coletiva da Faculdade de Ciências
Médicas–UNICAMP)*
Ed Carlos Corrêa de Faria (Faculdade de Ciências Médicas –UNICAMP e CAPS-AD Antônio
Orlando)

O presente relato se refere à experiência enquanto residente de Saúde Mental e Coletiva


em um Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas (CAPS-AD) na periferia
da cidade de Campinas –SP. Serão abordados no trabalho temas e questões relacionadas
à dinâmica da instituição e da equipe, levando em consideração o fluxo de pacientes, os
espaços de atividades no serviço (grupos, ambiência, atendimento individual e acolhimento),
convivência e intervenções com os usuários, reuniões de equipe e supervisões clínico-
institucionais, supervisões do programa de residência e reuniões de preceptoria. O trabalho
tem como objetivo levantar questionamentos quanto à clínica e dispositivos possíveis para
a atuação na atenção aos usuários de Substâncias Psicoativas e pensar proposições para
qualificação dos cuidados com os mesmos. Como metodologia será utilizada narrativa
pessoal da experiência da inserção enquanto residente e do papel dessa categoria dentro
da instituição, dialogando com pontos teóricos, de abordagem psicanalítica, referentes à
clínica de álcool e drogas e rede e políticas públicas de saúde. O relato visa, em sua
conclusão, fomentar a discussão frente à temática e oferecer a oportunidade de problematizar
o momento atual da clínica em questão e as dificuldades encontradas pelos serviços nesse
contexto, abrindo novos espaços para que seja possível criar saídas e ações para essa
nova configuração de sujeitos e clínica.

Palavras-Chave: Álcool e outras Drogas; Residência em Saúde Mental; Clínica; CAPS-AD


Eixo Temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de Apresentação: Comunicação Oral
Tipo de Trabalho: Relato de Experiência

163
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

FAMÍLIA, REDES SOCIAIS E O USO DE DROGAS: TENSIONAMENTO ENTRE RISCO


E PROTEÇÃO

Claudia Daiana Borges* (Universidade Federal de Santa Catarina), Daniela Ribeiro


Schneider (Universidade Federal de Santa Catarina), Carmen Leontina Ojeda Ocampo
Moré (Universidade Federal de Santa Catarina), Scheila Krenkel (Universidade Federal de
Santa Catarina).

A família e as redes sociais têm sido apontadas pelos estudos como fatores potencialmente
de risco e/ou de proteção ao uso de drogas e para o tratamento do usuário. Como fator de
risco entende-se condições e/ou circunstâncias que deixam o sujeito mais vulnerável aos
problemas relacionados ao uso de drogas, por outro lado, fator de proteção, representa as
condições para que o sujeito, mesmo tendo contato com a droga, consiga se proteger e não
fazer o uso prejudicial. Já as redes sociais e a família, caracterizam-se como um dos principais
recursos que um sujeito dispõe no que se refere ao apoio recebido e percebido. Há uma
associação entre desenvolvimento humano saudável e qualidade dos vínculos presentes
nas redes sociais de um sujeito. Assim, este estudo teve como objetivo realizar uma revisão
sistemática de artigos publicados entre os anos de 2004 e 2014, sobre a relação entre
família, redes sociais e uso de drogas. Foram acessadas quatro base de dados, Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS), PubMed, Scielo e PscInfo, utilizando as seguintes combinações de
descritores: “social AND networks”; “family” AND “drugs”. Foram encontrados 212 artigos,
sendo que 17 deles abordavam diretamente os temas deste trabalho. Destes estudos, 13
relacionaram rede e contexto social como fator de risco e/ou proteção ao uso de drogas
e quatro abordaram a influência da rede social no tratamento de usuários de drogas. Os
resultados indicam que: a) a rede social tende a ser restrita entre os usuários de drogas, b)
na rede social há membros que também fazem uso de substâncias psicoativas, c) as redes
constituídas por membros familiares tendem a ser protetoras para evitar o uso/abuso de
drogas e, d) o tratamento de usuários de drogas é mais efetivo quando há a participação de
redes sociais saudáveis, ativas e fortalecidas, e por outro lado, redes com características
que favoreçam o uso de substâncias psicoativas pelos seus membros dificultam a adesão ao
tratamento. Destaca-se que o contexto social e/ou comunitário interfere, decididamente, na
composição e funções da rede social constituída em torno de usuários de drogas, seja como
fatores potencialmente de risco ou de proteção, o que coloca em pauta a necessidade de
intervenções sistêmicas, que contemple políticas públicas sociais, econômicas e culturais.
Dependendo da característica da rede e das relações estabelecidas entre os membros,
estas podem atuar como fator de risco ou de proteção ao uso de drogas o que sinaliza um
tensionamento em relação à trama constituída na rede de relações. Cabe aos profissionais
que trabalham com esta demanda possibilitar condições para aproximação e fortalecimento
de relações saudáveis e protetivas para os usuários. Diante de tal complexidade e amplitude
do fenômeno é eminente a necessidade de estudos aprofundados sobre a questão das
drogas e das redes sociais e que ofereçam subsídios para atuação profissional.

Palavras-chave: Família; Redes Sociais; Uso de Drogas; Fator de Risco e/ou Proteção.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

164
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

FATORES QUE INFLUENCIAM FAVORAVELMENTE NA MOTIVAÇÃO PARA O


TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA NO CAPS I LOCALIZADO NO MÉDIO
VALE DO ITAJAÍ - SC

Larissa Aparecida Hagemeyer (Centro de Atenção Psicossocial I – Indaial SC)*, Henry


Darío Cunha Ramires (Centro Regional de Referência para Formação Profissional em
Crack, Álcool e outras Drogas de Santa Catarina)

Introdução: Diante as imensas adversidades e dificuldade trazidas à discussão para


a sociedade no que respeita ao fenômeno drogas e das pessoas com problemas pelo
uso de substâncias psicoativas, as intervenções e práticas profissionais estão em busca
constante de intervenções que melhor atendam às necessidades/demandas apresentadas
pelos usuários com o objetivo de desenvolver estratégias de adesão às ofertas de cuidado,
favorecendo a redução dos riscos e agravos à saúde, bem como a diminuição dos estigmas
e preconceitos estabelecidos nos últimos tempos. Objetivo: Analisar as motivações
presentes em usuários com problemas em decorrência do uso de álcool e outras drogas,
que favorecem a adesão ao tratamento para dependência química. Metodologia: Como
método de pesquisa utilizou-se uma abordagem qualitativa de tipo descritiva. A amostra
foi composta por participantes de grupos terapêuticos que aceitaram participar do estudo
usuários do Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I) de um município localizado no Médio
Vale do Itajaí – SC. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista semi
estruturada contendo oito questões norteadoras. A análise de dados foi realizada através
da avaliação das entrevistas, utilizando a técnica de análise de conteúdo. Resultados: Os
resultados do estudo descrevem diferentes aspectos que contribuem para a adesão ao
tratamento associados a três níveis diferenciáveis, o usuário, os profissionais e a estratégia
de cuidado. Em relação ao primeiro, favorece a adesão ao cuidado, mudanças no estilo de
vida, ampliação de referências sociais, bem como ações que visam reduzir ou interromper
o uso de drogas. No que diz respeito às motivações relacionadas às intervenções
profissionais, é possível destacar que, posturas acolhedoras, humanizadas, empáticas
favorecem o estabelecimento de vínculo entre sujeito e profissional como primeiro passo
para a construção conjunta de projetos de cuidado. Associado à estratégia de cuidado
ressalta-se que intervenções focando a estratégia de Redução de Danos favorecem
ações de auto cuidado que reduzem os prejuízos relacionados à dependência química
através de novas estratégias que desenvolvam qualidade de vida, diminuindo e até mesmo
interrompendo o uso de substâncias. Considerações Finais: É possível considerar com o
presente estudo que a adesão ao tratamento se vê fortalecida por diversos fatores, entre
os quais podem ser ressaltados: a ampliação de significados do cotidiano para o indivíduo,
intervenções humanizadas que estimulem a inclusão da subjetividade e que contemplem
a particularidade das diferentes formas de consumo de cada sujeito, assim como, ações
de redução de danos. Observa-se que a interação dos diferentes aspectos antes descritos
favorece o aumento do controle e como consequência ações que respeitem e garantam
autonomia.

Palavras Chave: Dependência Química; Motivação; Saúde Mental


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa.

165
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

FORMAS DE CONSUMO DE CRACK ENTRE USUÁRIOS DE PERNAMBUCO

Renata Barreto Fernandes de Almeida* (Universidade Federal de São Paulo), Naíde


Teodósio Valois Santos (Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/FioCruz - PE), Rossana
Karla Rameh de Albuquerque (Universidade Federal de São Paulo), Solange Aparecida
Nappo (Universidade Federal de São Paulo), Ana Maria de Brito (Centro de Pesquisas
Aggeu Magalhães/FioCruz - PE)

Introdução: O consumo do crack emerge no cenário brasileiro na década de 1990,


apresentando-se como um fenômeno de rápida expansão. A emergência, em certa medida
recente, e as proporções assumidas pelo consumo do crack fazem com que este seja
concebido como um problema novo. Entretanto, ao considerar que o consumo de diferentes
drogas fazem parte da história da humanidade, em momentos diversos, e que algumas
substâncias foram alvo de preocupações sociais, é possível compreender o caso do crack
não como um fenômeno novo, mas como uma questão antiga com novas características,
especificidades e formas de consumo. Objetivo: Analisar as diversas formas de consumo de
crack no Estado de Pernambuco. Metodologia: Estudo de prevalência do tipo transversal,
realizado nos municípios do Programa ATITUDE da Secretaria de Desenvolvimento e
Assistência Social, de agosto de 2014 a agosto de 2015. Foram elegíveis homens e mulheres
com 18 anos ou mais, que consumiram crack por mais de 25 dias nos últimos 6 meses. Os
dados foram coletados com a realização voluntária de questionário sociocomportamental.
Resultados: Foram analisados 1062 casos, sendo a maioria dos entrevistados com idade
entre 18 e 34 anos (78,3%), do sexo masculino (77,1%) e de cor parda/preta (82,2%). Não
chegaram a completar o Ensino Fundamental II 70,3% e 53% viviam em situação de rua.
Entre as formas de consumo, verificou-se que 64,6% usavam o crack misturado com cigarro;
71,6% misturado com maconha; 78,6% em cachimbo feito de lata; 32,6% em cachimbos
feitos de copo/garrafa plástica; 83,7% em cachimbo feito de cano plástico e 54,4% na forma
de virado. O virado é obtido pela transformação de pedras de crack em cocaína pó pela
adição de ácido bórico, um antisséptico. A pedra de crack insolúvel em água e, portanto,
não adequada para cheirar, com a adição de ácido bórico e água, forma um sal solúvel
após aquecimento. O composto resultante dessa mistura é raspado até que vire um pó
fino, compatível para ser absorvido pela mucosa nasal. Considerações finais: Dentre as
diversas formas de uso de crack o virado, característico do Estado de Pernambuco, que é
uma forma de sal de cocaína (borato de cocaína), permite a absorção através da mucosa
nasal. Por essa via, o efeito da droga tem início mais tardio e proporciona maior duração,
com níveis mais baixos de fissura. As frequências de uso dessa variação do crack apontam
um expressivo consumo entre homens e mulheres, e apontam para a necessidade de
investigações a respeito de sua cultura de uso e suas consequências. Alguns usuários
apontam essa forma de consumo como estratégia de proteção/Redução de Danos ao uso
compulsivo, porém faz-se necessário estudos que possam aprofundar essa questão.

Palavras-chave: Formas de uso; Crack Virado; Redução de Danos


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

166
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

FÓRUM INTERSETORIAL PROJETO REDES-CRACK/ARACAJU/SE: O EXERCÍCIO


DA GESTÃO COMPARTILHADA, DO FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO E DO
COMPROMISSO ÉTICO-POLÍTICO NA PRODUÇÃO DO CUIDADO NO CAMPO DAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

Melissa Azevedo (SENAD), Karina Rodrigues Matavelli Rosa (SENAD), Wagner Mendonça
(Coordenador do Projeto de Redução de Danos do município de Aracaju/SE- Departamento
de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju/SE), Maria Cecília Tavares
Leite – (Universidade Federal de Sergipe).

Introdução: Trata-se de um relato de experiência do processo de construção compartilhada e


coletiva da agenda/espaço de supervisão clínico-institucional dos trabalhadores e gestores
da Rede Intersetorial de Atenção aos Usuários de Álcool e outras drogas de Aracaju/SE.
Objetivos: Exercitar a gestão compartilhada das demandas e necessidades do coletivo no
que diz respeito a um alinhamento teórico-metodológico mínimo capaz de nortear as equipes
e os equipamentos, fomentar uma real aproximação afetiva entre os diversos atores sociais
que compõem a rede intersetorial municipal e atingir ganho qualitativo na oferta de atenção
e cuidado integral e humanizado aos usuários de álcool e outras drogas que circulam pela
rede do município. Metodologia: Construção de uma agenda de trabalho compartilhada
entre os trabalhadores e gestores da Rede Intersetorial, quando foram delineados temas
de interesse comum, voltados à construção e consolidação das políticas públicas de álcool
e outras drogas a serem discutidos e alinhados pelos atores responsáveis pela produção
do cuidado. Tais encontros aconteceram uma vez por mês com duração de 8 horas, em
dois momentos distintos. Um a partir de uma discussão teórico-conceitual sobre a temática
escolhida e o outro com caráter mais dinâmico, com discussão de casos e situações
presentes no cotidiano dos equipamentos em formato de rodas de conversa. Resultados:
A metodologia de trabalho escolhida (co-gestão/co-responsabilização do trabalho em rede)
possibilitou estabelecer um espaço potente de trocas de ordem teórica, metodológica,
técnica e, sobretudo, afetiva e ético-política que foram capazes de estreitar o vínculo, a
comunicação e o compromisso dos envolvidos no fortalecimento da rede e do poder de
responsabilização e resolutividade dos pontos de atenção. No decorrer desta etapa de
supervisão tivemos o início da participação de alguns usuários, com apresentações de
atividades desenvolvidas no interior dos equipamentos, bem como uma mostra de talentos
individuais como forma de reconhecimento social e inclusão. A participação dos usuários
de forma pontual resultou na reflexão sobre a importância e necessidade da presença
enquanto co-partícipes do fortalecimento da rede e da oferta da atenção de maneira mais
implicada com as necessidades desta população. Considerações Finais: Refletir sobre
gestão pública e social do processo de trabalho em rede implica em trazer para o centro
das discussões questões e conceitos como comunicação, cultura, sociedade, relações de
poder, afetividade. Trata-se, sobretudo, de uma revolução ético-política individual, com o
intuito de experimentar novas formas de organizar e vivenciar a construção de políticas
públicas e de espaços de poder de maneira mais ética e democrática, balizadas pelo
respeito, alteridade e desejo de construir uma sociedade menos desigual, mais justa, mais
humana e compromissada com aqueles que experimentam a vida pela invisibilidade e pelo
anonimato da exclusão.

Palavras-chave: Supervisão; Gestão compartilhada; Ética; Cuidado; Rede.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

167
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

FÓRUM INTERSETORIAL SOBRE DROGAS: UMA FERRAMENTA DE CUIDADO,


FORTALECIMENTO DA REDE E PRODUÇÃO DE AUTONOMIA DO USUÁRIO NO
MUNICÍPIO DE CARUARU/PE.

Renata Barreto Fernandes de Almeida* (Ministério da Justiça/ Secretaria Nacional de


Políticas sobre Drogas), Rita Acioli (Secretaria de Saúde de Caruaru), Graziella Barbosa
Barreiros (Ministério da Justiça/ Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), Melissa
Leite de Azevedo (Ministério da Justiça/ Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas)

Introdução: O Projeto REDES da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas tem como
objetivo a articulação de redes intersetoriais para atenção às pessoas com demandas e/
ou necessidades relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas. Este projeto tem
como principal ferramenta a constituição de um fórum intersetorial permanente para
a discussão das políticas públicas nessa área que acontece no município de Caruaru
desde dezembro de 2014. Objeto: Descrever a constituição e o funcionamento do Fórum
Intersetorial sobre drogas de caruaru, bem como discutir os benefícios deste espaço de
debates para o fortalecimento da rede de atenção e cuidado às pessoas com demandas/
necessidades relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas. Metodologia: A partir de
uma investigação participativa, o presente relato visa descrever a promoção e sustentação
destes espaços de discussão permanente: os Fóruns intersetoriais sobre demandas e/ou
necessidades relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas. Resultados: Caruaru
conseguiu constituir o Fórum Intersetorial sobre Drogas que funciona mensalmente e
de forma itinerante, com a participação de diversos atores, entre eles: trabalhadores e
gestores de diversas secretarias e órgãos públicos do Estado e município, além de usuários
e comunitários de caruaru. A cada mês, esse espaço de diálogo consegue reunir em torno
de cem participantes para pensar e pactuar estratégias para ampliar e qualificar a melhor
forma de responder às pessoas que estão com alguma demanda/necessidade relacionada
ao consumo de álcool e outras drogas. Com o objetivo de aquecer a Rede e auxiliar no
processo de construção desse coletivo, contou-se com a presença de uma mediadora
externa, além da articuladora local que pode construir junto com os participantes o que
precisava ser trabalhado para melhorar o fluxo e a qualidade do atendimento nos serviços.
Este trabalho também contou com a participação da coordenação de saúde mental do
município que continuará o fomento do fórum depois do Projeto Redes. Considerações
finais: O fortalecimento de espaços de discussão favorece a integração entre as áreas
técnicas de diversos setores para a efetivação das políticas e estratégias prioritárias na
atenção às pessoas com demandas ou necessidades relacionadas ao consumo de álcool
e outras drogas. Nesses momentos de discussão, pactuação e estabelecimento do fluxo
de atendimento, os usuários também têm espaço para falar de suas demandas de cuidado
e necessidades pertinentes a vida de cada um e participar da formulação de respostas às
questões apresentadas. Os resultados mostram que o a implantação do Fórum intersetorial
de Caruaru, vem conseguindo apoiar o desenvolvimento de estratégias de integração
intersetorial, organizando o mapeamento dos recursos da rede a partir do funcionamento
deste espaço. Dessa forma, a arte de tecer uma rede intersetorial vem se configurando com
sucesso, desatando os nós críticos de uma ação integral e participativa.

Palavras-chave: Fórum; Intersetorial; Rede de Cuidado


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

168
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

GARANTIA DE DIREITOS E ESTRATÉGIAS DE CUIDADO NOS ESPAÇOS DE RUA: O


PROGRAMA ATITUDE E SUAS PRÁTICAS

Bruno Ricardo Luna de Oliveira* (Programa ATITUDE e Faculdade Frassinetti do Recife),


Thaís Lopes de Oliveira (Programa ATITUDE).

Este trabalho trata de descrever e analisar o ATITUDE Nas Ruas, serviço do Programa
ATITUDE, do Governo do Estado de Pernambuco, ligado à Secretaria de Desenvolvimento
Social, Criança e Juventude, destinado às pessoas que fazem uso de substâncias psicoativas
e seus familiares. Este serviço desenvolve ações de abordagem social, articulação das redes
de saúde, assistência, educação e outros, realiza escutas sistemáticas, encaminhamentos
construídos com as pessoas acompanhadas, ações de prevenção e de proteção social, a bem
do que preconiza o Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Assim, este trabalho visa
a realizar a articulação entre o Programa e seu papel de operador/articulador das políticas
de assistência social, além de situar e ampliar a Política Redução de Danos no âmbito da
assistência. Para isso, nos inclinamos em investigar o funcionamento dos serviços de rua e
a aplicação prática do que preconiza o SUAS, bem como nos atendimentos territorializados/
regionalizados e na operacionalização da Política de Redução de Danos na área. Porém,
por compreendermos que nenhuma prática é totalizadora, percebemos algumas arestas,
tanto no que concerne à instauração de prática voltada para a consolidação das políticas
públicas, assim como a alteração das políticas sobre drogas no cenário nacional, refletidas
no Estado. Isso nos fez perceber a importância de sermos propulsores de políticas setoriais
regionais no cenário nacional e garantir que a Política Nacional de Assistência Social
tenham consolidadas SUAS práticas.

Palavras–chave: SUAS; Programa ATITUDE; ATITUDE Nas Ruas; Estratégias de cuidado.


Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

169
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

GRUPALIDADE NA POTENCIALIZAÇÃO DE TRAJETÓRIAS PARTICIPATIVAS DE


USUÁRIOS DE DROGAS

Felipe Silveira da Costa* (Universidade Federal da Fronteira Sul), Maria Gabriela Curubeto
Godoy (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

As questões relativas ao cenário das pessoas que usam drogas têm assumido um papel
relevante em todas as épocas, particularmente a temática da grupalidade enquanto dispositivo
potencializador das mais diversas formas de participação social. Compondo esse aspecto
associam-se as diferentes visões relativas ao uso de drogas, muitas vezes antagônicas,
que tendem a opor a pessoa usuária em um lugar seja de impotência e periculosidade, ou
de sujeito produtor de territórios de vida possíveis e significativos. Este projeto visa realizar
a cartografia de uma grupalidade enquanto potencializadora de dimensões da participação
social de usuários de drogas vinculados a um serviço de saúde que ofereça tratamento
a pessoas em uso problemático de álcool e outras drogas. Optou-se por um percurso
metodológico que assumisse um olhar desde o referencial esquizonalítico de forma a
propor a produção de um saber desde as vivências propostas na possibilidade emergência
de dimensões inventivas e não normativas. A inspiração cartográfica situada no contexto da
vivência do esquizodrama enquanto proposta de dispositivo grupal vêm, então, associar-se
enquanto uma proposta oferecida a um grupo de pessoas participantes e uma atividade
corporal desenvolvida em um Caps-ad da cidade de Porto Alegre. As vivências desenvolvidas
serviriam de base à emergência de conteúdos verbais, imagéticos e corpóreos que foram
trabalhados no próprio grupo enquanto um processo de reflexão coletiva. Como resultados,
foram visibilizadas cenas de trajetórias diversas de participação social de cada uma das
pessoas envolvidas. Experimentou-se, então, a proliferação de sentidos dessa participação
a partir da intensificação das cenas, questionando-se os pressupostos hegemônicos
colocados no mundo. Percebeu-se com esse estudo a emergência da singularidade na (re)
criação de cenas desde as trajetórias de participação social das pessoas envolvidas de tal
forma que evidenciou-se a potência existente dessa metodologia na percepção do vivido
por esses sujeitos, bem como na possibilidade deles se construírem enquanto produtores
de novos territórios de vida em diálogo com seus desejos e potencialidades ao invés do
enfoque em faltas reconhecíveis por encontrarem-se em conflito com a linha de produção
de subjetividade hegemônica na sociedade.

Palavras-chave: participação social; drogas; grupalidade.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

170
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

GRUPO DE HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA EM RONDÔNIA: O IMPACTO DO


ABUSO DE DROGAS NAS RELAÇÕES FAMILIARES

Aline Rodrigues Moreira Dantas* (Programa de Pós-graduação em Psicologia pela


Universidade Federal de Rondônia – UNIR; Psicóloga do Núcleo de Perícia Psicossocial
do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Porto Velho/
RO), Álvaro Kalix Ferro (Juiz de Direito do Juizado de Violência Doméstica e Familiar da
Comarca de Porto Velho/RO) - Cristiano Corrêa de Paula (Psicólogo do Núcleo de Perícia
Psicossocial do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca
de Porto Velho/RO), Maria Inês Soares de Oliveira (Assistente Social do Núcleo de Perícia
Psicossocial do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca
de Porto Velho/RO), Alline de Lima Costa Sarges (Assistente Social do Núcleo de Perícia
Psicossocial do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de
Porto Velho/RO), Mariangela Aloise Onofre (Psicóloga do Núcleo de Perícia Psicossocial
do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Porto Velho/
RO), Nádia Núbia Silva Batista Miranda (Assessora do Juizado de Violência Doméstica e
Familiar da Comarca de Porto Velho/RO), Huila Fortes de Sousa dos Anjos (Assessora do
Juizado de Violência Doméstica e Familiar da Comarca de Porto Velho/RO).

Com a promulgação da lei 11.340/06, houve um grande avanço no reconhecimento das


peculiaridades enfrentadas pelas mulheres no âmbito da violência doméstica. Apesar
da significativa conquista que a criação desta lei representa, ao observar a trajetória de
sua aplicação, destacou-se que o estabelecimento de regras para coibir atos de violência
é insuficiente para promover o bem-estar e a dignidade almejados para as relações
familiares, bem como solucionar um fenômeno tão complexo. Ao analisar outros elementos
que interpelam este cenário, é possível verificar a existência de agravantes e, um dos que
figuram como principal, é o elevado consumo de substâncias psicoativas pelos agressores.
O presente relato de experiência objetiva discutir os fatores relacionados à violência
doméstica, concomitantes ao uso/abuso de drogas nos casos encaminhados para o Setor
Psicossocial do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Cidade de
Porto Velho/RO. Método: Por meio das atividades realizadas pela equipe multidisciplinar,
percebeu-se que em uma boa parcela das famílias assistidas, estava presente o uso
abusivo de substâncias psicoativas por parte do agressor, o que incitou a necessidade de
consolidar um projeto específico para tratar deste tema, ao qual convencionou-se chamar
de Semeadura. O principal eixo consiste em encontros no formato de grupo de reflexão,
que ocorrem uma vez por semana, com duração de uma hora e meia, cuja espinha dorsal é
a abordagem sistêmica, que possibilita uma visão global das relações e funções implicadas
no fenômeno. Participantes: O projeto é executado por três psicólogos, duas assistentes
sociais, um juiz de direito e duas assessoras. O projeto Semeadura iniciou em 2013 e já
atendeu aproximadamente 200 participantes. Procedimentos: O encaminhamento é feito
judicialmente e é estipulado que o participante frequente dez reuniões. Os temas abordados
são: drogas e relacionamento, história de vida, processos de mudança, aspectos jurídicos da
Lei Maria da Penha, sexualidade e ciclo da violência. As atividades são conduzidas por um
profissional que viabiliza um espaço de reflexão e escuta dos conteúdos manifestos pelos
participantes. Resultados: por meio do discurso dos homens, foi possível destacar sensíveis
mudanças na forma como se relacionam com suas parceiras e filhos, o desenvolvimento
de um processo de reflexão acerca do padrão de consumo de drogas, observado por meio
do amadurecimento na forma como esses homens lidam com as próprias expectativas e da
sociedade de um modo geral. Considerações finais: Atuar com violência doméstica contra
a mulher, nos casos em que o agressor faz uso de substâncias psicoativas, mostrou-se

171
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

um desafio no que tange ao manejo de um fenômeno tão complexo. Portanto, urge-se a


implementação de estratégias contextualizadas que englobem o homem, autor de violência,
bem como sua família, visando trabalhar os vínculos e, majoritariamente, ressignificar as
relações.

Palavras-chave: Violência doméstica; Transtornos relacionados ao uso de substâncias


psicoativas; Relações familiares; Agressores; Grupo de reflexão.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

GRUPO DE SUPORTE : DISPOSITIVO DE TRATAMENTO E DISPARADOR DA REDE


DE CUIDADO.

Cláudia da Costa Leite Reis ( Secretaria Municipal de Saúde de Teresópolis e Centro


Universitário Serra dos Órgãos) .

Trata-se de um estudo que objetiva mostrar a importância dos grupos de suporte, no


tratamento dos usuários de substâncias psicoativas, e seu papel como disparador da
rede de cuidados, na perspectiva da redução de danos.Investigou-se os grupos que são
realizados no Ambulatório Ampliado de Álcool e outras Drogas do Serviçode Saúde Mental
do Município de Teresópolis.Estes são formados por pacientes que procuram o serviço
por demanda espontânea ou pela ação dos alunos de Medicina do Centro Universitário
serra dos Óegãos, que em atividade pedagógica na Atenção Básica, captam-os no
território,referenciam-os ao ambulatório através da unidade básica de saúde; iniciando-se
a rede de cuidados. Os encontros no ambulatório acontecem uma vez por semana e têm
duração de 1 hora e 30 minutos,contam com a participação de 12 pacientes adultos, é
coordenado pela psicóloga, a qual utiliza entrevistas semi- estruturadas para avaliação do
paciente, e a observação participante para análise dos relatos em cada encontro.Os grupos
de suporte se fundamentam no conceito de suporte social descrito por Cobb, para ele este
é uma forma de relacionamento grupal onde prevalecem trocas afetivas, cuidados mútuos
e comunicação franca entre as pessoas. São trabalhadas situações-foco(uso prejudicial
de drogas,com a orientação da estratégia da redução de danos),utilizando-se os recursos
terapêuticos : constância,carinho,cuidado e comunicação (os quatro” Cs” preconizados por
Cobb).Seu objetivo é promover coesão e apoio,formação de vínculos afetivos, elevação da
auto-estima e da auto confiança e fortalecimento do self do paciente.A técnica suportiva
aplica-se a pacientes que se utilizam defensivamente da negação , e têm baixa tolerância
à frustração.Concliu-se que, fortalecidos emocionalmente, os pacientes apresentam
condições de participarem de outras atividades.Os resultados permitem constatar, que
a partir da inserção no grupo de suporte, os pacientes passam a fazer parte da rede
de cuidados com mais facilidade, participando de oficinas no CAPS II, e/ou de outros
dispositivos existentes no território, como atividades esportivas e oficinas de reinserção
no trabalho. Os grupos de suporte,constituindo-se como ativadores da rede, propiciam o
cuidado integral a estes usuários.

Palavras-chave: Suporte social; Rede de cuidados;Redução de danos.


Eixo Temático: Atenção; Reinserção social e Redução de danos.
Modalidade de apresentação: Poster.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

172
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

HABILIDADES SOCIAIS E DEPENDÊNCIA DE DROGAS: UMA REVISÃO

Murilo Freitas Bauth* (Centro Universitário de Lavras), Andréa Cabral Rios (Centro
Universitário de Lavras), Diego Costa Lima (Universidade Federal de São Carlos), Carolina
Canestri Pereira (Centro Universitário de Lavras).

A dependência de álcool e outras drogas se trata de um fenômeno altamente divulgado


e discutido, uma vez que há graves problemas sociais e de saúde pública associados ao
uso abusivo de substâncias psicoativas. Não se tratando apenas de um dado fisiológico,
a dependência química envolve um conjunto de interações sociais e agenciamentos
complexos, provocando rupturas de vínculos afetivos e sociais, por meio do abuso e
contínua relação do indivíduo com a substância. As habilidades sociais inseridas no contexto
da dependência de álcool e outras drogas podem ser percebidas nos comportamentos
que o indivíduo tem para lidar com demandas de situações interpessoais. Partindo desse
conceito, estudos mostram que déficits em habilidades de enfrentamento juntamente com
fatores relacionados à sua aprendizagem social, biológicos e genéticos tendem a fazer
com que o indivíduo reaja de forma mal adaptativa frente a situações de risco, criando uma
vulnerabilidade para o uso de substâncias psicoativas. A partir da problemática apresentada
realizou-se um estudo com objetivo de revisar a literatura nacional e internacional acerca
da produção e relação das Habilidades Sociais e Dependência Química a partir de buscas
sistemáticas nos indexadores Scielo, IndexPsi, PsycInfo, e ISI Web of Knowledge. Para a
realização das buscas foram utilizadas as palavras-chave: “habilidades sociais e dependência
química, habilidades sociais e álcool, habilidades sociais e maconha, habilidades sociais
e cocaína, habilidades sociais e crack, habilidades sociais e LSD e seus correlatos em
inglês e espanhol. Os documentos foram, principalmente, artigos científicos publicados em
revistas periódicas. Quanto aos critérios de inclusão foram escolhidos apenas documentos
bibliográficos de pesquisas empíricas publicadas entre 2000 e 2014. Como critérios de
exclusão foram descartados artigos que tinham como objetivo fazer revisões bibliográficas
ou não tratavam diretamente sobre as relações entre habilidades sociais e dependência
química, abordando assim somente uma das duas separadamente associadas a outras
temáticas. A busca resultou em 261 artigos, que após serem avaliados de acordo com os
critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados oito artigos. Apesar dos diferentes
contextos sociais e metodologias utilizadas, a literatura revisada aponta fortes evidências
que indivíduos que fazem abuso de substâncias, independente do tipo de substância,
podem apresentar déficits de habilidades sociais. Além de apontar os déficits provenientes
do abuso de substâncias, vale ressaltar que esse estudo também fortalece a ideia de que as
habilidades sociais facilitam o processo de abandono de substâncias psicoativas, e a partir
disso, torna-se necessário um estudo mais amplo acerca do Treinamento de Habilidades
Sociais (THS) e de outras formas de estratégias preventivas ao uso de substâncias.

Palavras-chave: Habilidades sociais; Dependência química; Abuso de drogas.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

173
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

HISTÓRIA TABÁGICA E DEPRESSÃO EM USUÁRIOS COM MÚLTIPLAS CONDIÇÕES


CRÔNICAS DE SAÚDE

Autores e instituição: Kelly Fabiane de Freitas Miranda* (Psicóloga voluntária da Unidade


de Assistência Integral ao Tabagista (UAI-T) da Fundação Imepen/Universidade Federal
de Juiz de Fora, Juiz de Fora-MG/Brasil.), Luciana Fantini Salles (Psicóloga na Fundação
Instituto Mineiro de Estudos e Pesquisas em Nefrologia (Fundação Imepen), Juiz de Fora/
MG/ Brasil.), Bárbara Any Bianchi Bottaro de Andrade (Psicóloga. Mestranda em Psicologia
pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora-MG), Jéssica Viana Hinkelmann
(Nutricionista na Fundação Instituto Mineiro de Estudos e Pesquisas em Nefrologia
(Fundação Imepen), Juiz de Fora-MG/Brasil), Marinéia Vicentina da Cruz (Fisioterapeuta,
professora na Universidade Salgado de Oliveira (Universo), Juiz de Fora/ MG/ Brasil e
voluntária da Unidade de Assistência Integral ao Tabagista (UAI-T) da Fundação Imepen/
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora-MG/ Brasil.),Hellen Cristhine Gladstone
Costa (Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora-MG/ Brasil), Tatiane da Silva
Campos (Enfermeira. Professora da do curso de enfermagem da Fundação Educacional
de Além Paraíba, Além Paraíba-MG/ Brasil), Roberta Costa Gonçalves Valente(Enfermeira
na Fundação Instituto Mineiro de Estudos e Pesquisas em Nefrologia (Fundação Imepen),
Juiz de Fora/ MG/ Brasil.),Marcela Melquíades (Nutricionista voluntária da Unidade de
Assistência Integral ao Tabagista (UAI-T) da Fundação Imepen/Universidade Federal de
Juiz de Fora, Juiz de Fora-MG/ Brasil), Marilda Aparecida Ferreira (Médica,Mestranda em
Saúde Brasileira, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora/ MG, Eliane Ferreira
Carvalho Banhato (Psicóloga. Professora no Centro de Ensino Superior (CES), Juiz de
Fora/ MG/ Brasil), Arise Garcia de Siqueira Galil (Médica cardiologista e coordenadora da
Unidade de Assistência Integral ao Tabagista (UAI-T) da Fundação Imepen/ Universidade
Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora/ MG/ Brasil.), Marcus Gomes Bastos (Médico diretor
executivo da Fundação Instituto Mineiro de Estudos e Pesquisas em Nefrologia (Fundação
Imepen) e Coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos, Pesquisas e Tratamento em
Nefrologia (Niepen), Juiz de Fora-MG/Brasil).
Centro Hiperdia de Juiz de Fora/MG/ Brasil- Fundação Imepen- Universidade Federal de
Juiz de Fora, Juiz de Fora/ MG / Brasil.

Introdução:A relação entre tabagismo e transtornos depressivos vem sendo amplamente


estudada. Fumar interfere de um modo complexo no humor e a abstinência da nicotina
pode piorar, mesmo transitoriamente, o humor, a ansiedade e a cognição impactando
no processo de cessação tabágica. Por um lado, há a possibilidade de que a depressão
predisponha a recaídas e ao consequente fracasso de uma tentativa de parar de fumar; por
outro lado, parar de fumar pode facilitar o desenvolvimento de episódios depressivos com
sintomas graves e iniciação ao processo de fumar. Objetivo: Analisar a associação entre
tabagismo e depressão em fumantes em uma unidade de tratamento de fumantes com
múltiplas condições crônicas. Método: Estudo longitudinal, avaliando fumantes da Unidade
de Assistência Integral ao Fumante (UAI-T/Fundação IMEPEN), destinada à assistência
a fumantes hipertensos, diabéticos e portadores de doença renal crônica, de alto risco
cardiovascular, no período de maio/2012 a maio/2015, referente a 24 grupos consecutivos
de tratamento para cessação do tabaco. Estes usuários foram avaliados e acompanhados
por equipe multidisciplinar em sessões de sensibilização e de abordagem cognitivo
comportamental (ACC), da 1ª à 4ª semana, e na 8ª semana. Definiu-se como depressão, o
PHQ-2≥3 pontos; o consumo ou não de uso de álcool , por relato durante a anamnese inicial;
como alta dependência nicotínica, o Teste de Fagerstrom (TF)≥5 pontos; como tabagista
severo, aqueles que fumavam mais de 20 cigarros diários; o índice de cessação (IC, padrão

174
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

INCA), como a porcentagem de indivíduos em tratamento e abstênicos na 4ª sessão de ACC;


obesidade, o índice de massa corporal >30kg/m2; a circunferência abdominal aumentada
(CAa), como a medida >88 cm, para mulheres e >102 cm, para homens. Resultados:Foram
avaliados 163 usuários, sendo que 50,3% da amostra apresentavam rastreio positivo
para depressão. Comparando-se fumantes com e sem depressão, observamos que ser
deprimido associou-se significativamente ao sexo feminino (p=0,001); à população menos
idosa (p=0,006), sendo mais da metade, sedentários. Em relação à história tabágica, os
fumantes deprimidos tinham significativamente menor tempo de vício (p=0,026); fumavam
maior número de cigarros diários (p=0,002), com maior prevalência de fumantes severos
(p=0,001), e um maior número de cigarros diários na 4ª semana de ACC (p=0,003). Estes
usuários não apresentaram diferenças quanto à dependência nicotínica, motivação para
cessar o vício, tentativas anteriores de cessação, assim como o IC, e cessação na 4ª e 8ª
semana de ACC. Considerações finais: Em uma coorte de usuários fumantes com MCC,
enfatizamos a estreita relação da depressão com o tabagismo, e com características que
sinalizam para uma maior dificuldade de cessação. Os dados reforçam a importância do
diagnóstico precoce da depressão em fumantes no processo de cessação, o seu adequado
manuseio e o impacto positivo sobre a redução de fumantes.

Palavras-chave:Tabagismo; Depressão; Múltiplas condições crônicas.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

175
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

IDENTIFICAÇÃO DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS NOS USUÁRIOS EM USO


DE PSICOFÁRMACOS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Tamiris de Oliveira Scárdua* (Universidade Federal do Espírito Santo), Thays Netto Moura
(Universidade Federal do Espírito Santo), Allan Bis Mendonça (Universidade Federal do
Espírito Santo), Vivian Kecy Vieira Maia (Universidade Federal do Espírito Santo; Prefeitura
Municipal de Vitória), Fátima Maria Silva (Universidade Federal do Espírito Santo; Prefeitura
Municipal de Vitória).

Introdução: A Unidade Básica de Saúde (UBS) constitui o primeiro acesso da população


ao SUS, inclusive aos que demandam cuidados em saúde mental. No entanto, tem-se
percebido a inexistência de ações voltadas para a saúde mental e elevada prevalência
de usuários com sintomas de ansiedade, depressão e somatização. Esses quadros que
envolvem sintomas não-psicóticos são chamados de Transtornos Mentais Comuns (TMC).
A identificação dessa população é importante devido ao potencial incapacitante desses
transtornos. Estudos desenvolvidos na atenção primária têm revelado dificuldade por parte
dos profissionais em diagnosticar e tratar pacientes com problemas de saúde mental.
Orientada nesta lógica, a Organização Mundial da Saúde desenvolveu o Self-Reporting
Questionare (SRQ20), um questionário fechado e autoaplicável para a identificação de TMC,
recomendando sua utilização na atenção primária à saúde. Objetivo: Identificar a presença
de TMC e caracterizar sociodemograficamente os pacientes em uso crônico de ansiolíticos
e antidepressivos. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa quantitativa e exploratória do
tipo intervenção. A amostra foi composta de usuários em uso crônico de ansiolíticos e
antidepressivos pertencentes a equipe 1 da ESF de Santa Martha, situada no município
de Vitória/ES, que compareceram na consulta médica e de enfermagem entre maio e
julho de 2015. Foi realizada entrevista para caracterização da amostra quanto ao gênero,
idade, escolaridade e tempo em uso da medicação. Ainda com relação a caracterização da
amostra, buscou-se através do cadastro no Sistema de Informatização de Dispensação
de Medicação, a presença de hipertensão e diabetes. A identificação de TMC foi feita
através da aplicação do instrumento SRQ20. Neste questionário, resultados com sete ou
mais respostas positivas indicam ocorrência de TMC. Resultados: Foram entrevistados 29
usuários. Dentre estes, 25 são do sexo feminino. Foram encontrados 21 indivíduos com
resultado positivo para TMC. Aproximadamente 52% da amostra consistiu em indivíduos
acima de 60 anos. Com relação à escolaridade, 16 dos 29 entrevistados relataram ensino
fundamental incompleto. Mais de um terço da amostra apresentou pelo menos uma doença
crônica associada. No que diz respeito ao tempo de uso de antidepressivos e ansiolíticos,
quase metade da amostra relatou usar a medicação há mais de 10 anos. Vinte e dois
indivíduos relataram uso há pelo menos 10 anos. Considerações finais: A UBS é um
importante dispositivo para a promoção da Atenção em Saúde Mental por estar inserida
no contexto “comunidade/família”. Os dados obtidos nessa pesquisa apontam que uma
parte significativa da população encontra-se em uso crônico de psicofármacos sem critérios
adequados. Diante do exposto, evidencia-se a necessidade de que a medicalização do
sofrimento dê lugar a estratégias focadas no individuo e seus diversos contextos de inserção.

Palavras-chave: Saúde mental; Transtornos mentais comuns; Psicofármacos; Unidade


básica de saúde.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

176
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

IMAGENS VEICULADAS NOS MAÇOS DE CIGARRO: IMPRESSÕES COMUNICACIO-


NAIS DE USUÁRIOS DE UM SERVIÇO AMBULATORIAL

Lívia Alves Cinsa* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Cristina Arreguy-Sena


(Universidade Federal de Juiz de Fora), Elenir Pereira Paiva (Universidade Federal de Juiz
de Fora), Hérica Silva Dutra (Universidade Federal de Juiz de Fora)

Introdução: Nas embalagens de cigarro, a presença de imagens abordando os malefícios


provocados pelo consumo do cigarro constitui estratégia comunicacional que prioriza o
canal visual como apelo à sensibilização para a interrupção do consumo do cigarro, sendo
obrigatória a vinculação desse tipo de imagens nas embalagens de cigarro. As imagens,
juntamente com as advertências sanitárias e o número do Disque Saúde, ocupam 100%
de uma das faces da embalagem dos produtos de tabaco. O Brasil foi o segundo pais
a adotar esta medida e suas figuras são referência mundial. Objetivo: Avaliar o impacto
de imagens veiculadas nos maços de cigarros e as impressões que causavam entre
pessoas que estavam em sala de espera de uma instituição de saúde. Metodologia:
Survey realizado em um serviço ambulatorial contratualizado pelo SUS de uma cidade
da Zona da Mata Mineira. Dados coletados por entrevistas individuais a partir questões
fechadas. Apresentadas seis imagens de advertências contidas nas embalagens dos
maços de cigarros no Brasil que divulgam situações/circunstâncias de danos causados
pelo cigarro, cujos conteúdos versavam sobre: gangrena, danos pulmonares, situações de
aborto, sofrimento, dentes danificados e distúrbio erétil. Solicitado aos entrevistados que
enumerassem a(s) imagem(ns) que mais lhes causavam impacto. Dados coletados nas
quartas feiras à tarde de Julho a setembro 2014, consolidados no programa SPSS e tratado
por estatística descritiva. Atendidos todos requisitos éticos de pesquisa envolvendo seres
humanos Resultados: Participaram 200 participantes, sendo 70% mulheres, 87,5%, baixa
escolaridade e 80% baixa renda familiar; faixa etária predominante de 48 a 63 anos. As
imagens presentes nos maços de cigarros que foram consideradas por eles como sendo
mais impactantes a ponto de gerar desconforto ou preocupação/reflexão foram: gangrena
(28,5%), pulmão (26%), aborto (25,5%), sofrimento (10,5%), dentes (6,5%) e distúrbios erétil
(3%). As imagens que mais motivavam as pessoas a deixar de fumar foram aquelas que
retratam situações drásticas. De acordo com as autoridades de saúde pública, embalagens
que apresentam advertências sanitárias contribuem para que a população compreenda
quais são os reais agravos causados pelo tabaco. A estratégia de utilizar imagens veiculadas
nas embalagens dos produtos de tabaco possibilita divulgar entre o público composto por
adolescentes e adultos jovens informações que, se não fossem assim disseminadas, não
alcançariam segmentos da população de menor escolaridade entre os quais o tabagismo
tem predominância. A finalidade destas imagens é despertar entre os fumantes a motivação
para a cessação do tabaco. Considerações finais: As imagens retratando o impacto das
doenças causadas pelo consumo do tabaco divulgadas nas embalagens sensibilizou os
participantes, foram consideradas incentivadoras para reduzir fumantes iniciais e capaz de
desconstruir o marketing produzidos pelas empresas produtoras de produtos fumígeros.

Palavras-chave: Tabaco; Abandono do Hábito de Fumar; Saúde, Estudos culturais.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

177
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

INDICATIVOS DE BEM-ESTAR SUBJETIVO E QUALIDADE DE VIDA EM USUÁRIOS


DE CANNABIS
Dimitri Henriques Daldegan Bueno * (Universidade Federal de Rondônia), Paulo Rogério
Morais (Universidade Federal de Rondônia).
Além de ser a droga ilícita mais usado no mundo, a Cannabis sativa é uma planta utilizada
há milênios por diversas sociedades que a emprega para fins medicinais, religiosos,
industriais ou recreativos. A planta possui mais de 460 componentes conhecidos,
destes, aproximadamente 60 são os cannabinóides - componentes exclusivos da planta
e, alguns deles, com potencial terapêutico. O trans-Δ9-tetra-hidrocanabinol (THC) é o
único cannabinóide altamente psicoativo presente em grande quantidade na planta e é a
substância responsável pelos efeitos psíquicos reforçadores. Esta pesquisa busca levantar
dados a respeito das características sócio demográficas, comportamentais, cognitivas e
motivacionais de pessoas que relatam fazer uso da Cannabis, comparando com um grupo
de não-usuários. Este recorte trata da apresentação de dados preliminares obtidos em uma
amostra de usuários de maconha (n=147) por meio de um questionário de identificação
sociodemográfica e da Escala de Satisfação com a Vida (ESV), da Escala de Afetos
Positivos e Afetos Negativos (PANAS), do Instrumento de Qualidade de Vida da Organização
Mundial da Saúde (WHOQOL – breve) e do Inventário Hospitalar de Ansiedade e Depressão
(HAD). A média de idade dos participantes é de 24 anos, sendo que cerca de 80% da
amostra (n=117) é composta por homens. Foram excluídos os voluntários que relataram
fazer uso de antidepressivos, tranquilizantes ou outros “tarja-preta”. A média dos escores
obtidos pelos participantes na ESV foi 22,9 (σ: 6,7), a média na PANAS afetos positivos
foi 32,5 (σ: 7,2) e afetos negativos 18 (+- 7,3).Com relação aos sintomas de ansiedade e
depressão, As médias no HAD formam de 5 (σ: 3,4) e 4,4 (σ:3,06), respectivamente. As
médias do WHOQOL-Breve são: domínio físico 4 (σ: 0,59), domínio psicológico: 3,8 (σ: 0,6),
relações sociais 3,7 (σ: 0,8), meio ambiente: 3,3 (σ: 0,5) e qualidade de vida geral 3.7(σ:
0.6). Os resultados relacionados ao bem-estar subjetivo obtidos até então são compatíveis
com os escores da população brasileira. Os instrumentos indicam pouca probabilidade de
apresentação de sintomas psicopatológicos de ansiedade ou depressão. A qualidade de
vida em suas diversas facetas tem indicação de “regular”, com exceção do domínio físico
no qual o escore é “bom”. Estes resultados, ainda que parciais, representam a descrição de
uma parcela de usuários funcionais de Cannabis (pessoas que fazem uso da substância mas
não desenvolveram padrões mal-adaptativos e/ou abusivo.). Isso levanta questionamentos
acerca das implicações do uso desta substância. Faz-se necessário maior atenção para a
abordagem positiva neste viés, considerando a retomada de pesquisas que investigam o
possível emprego clínico (e outras aplicações) desta classe de substâncias.
Palavras-chave: Cannabis; Maconha; Bem-estar subjetivo; Qualidade de vida; Psicologia
positiva.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa
INGESTÃO ALCOÓLICA EM VÍTIMAS DE CAUSAS EXTERNAS

Camila Batista dos Santos* (Universidade Federal de Sergipe), Giuliano Di Pietro (Universidade
Federal de Sergipe), Adriane Almeida Souza (Universidade Federal de Sergipe), Ana Paula
de Araújo Santana (Universidade Federal de Sergipe), Breno A. de Menezes Rezende
(Universidade Federal de Sergipe), Felipe Rosa dos Santos Lima(Universidade Federal
de Sergipe), Izabelle C.Figueiredo Souza (Universidade Federal de Sergipe), Jamille C. da

178
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Silva Santos(Universidade Federal de Sergipe), Jessica Costa Santos(Universidade Federal


de Sergipe), Jussara Secundo dos Santos (Universidade Federal de Sergipe), Lynn Karol
Leal Santos(Universidade Federal de Sergipe), Maraiza Alves de Oliveira(Universidade
Federal de Sergipe), Noílson Junior Passos Souza (Universidade Federal de Sergipe),
Riviane da Costa Ribeiro Silva (Universidade Federal de Sergipe), Tenisson Santos Santana
(Universidade Federal de Sergipe), Cibele Ferreira Cezar (Centro de Atenção Psicossocial),
Daniela Souza da Silva ( Hospital Regional de Lagarto), José Cícero de Alcântara ( Centro
de Atenção Psicossocial), Jussara Menezes Freire ( Secretaria Municipal de Lagarto),
Raphaella Gois Barros ( Centro de Atenção Psicossocial), Sílvia Costa Santos ( Núcleo de
Apoio à Saúde da Familía)
O uso do álcool tornou-se um problema de saúde pública no mundo. No Brasil, a ingestão
alcoólica é bem aceita pela sociedade e seu consumo tem se tornado abusivo devido ao
baixo custo, boa disponibilidade e uma pesada publicidade que associa a sua utilização
ao bem estar e à felicidade. O álcool é uma substância psicotrópica e depressora do
Sistema Nervoso Central (SNC) que age diretamente em diversos órgãos e pode trazer
consequências irreparáveis para a saúde do individuo ( físico e/ou psicológico). As
doenças mais associadas ao uso abusivo do álcool são as sexuais, gastrointestinais,
cardiovasculares, câncer, Diabetes Mellitus e Doenças Pulmonares Crônicas. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool é responsável por cerca de 3,3 milhões
de mortes a cada ano, o que corresponde a 5,9% das mortes em todo o mundo, sendo
esta porcentagem maior do que a proporção de mortes por HIV/AIDS(2,8%), violência
(0,9%) ou tuberculose (1,7%). Além de ser um determinante de mais de 200 doenças, o
álcool está intimamente relacionado aos acidentes de trânsito no Brasil. Dados de 2011
da VIVA ( Vigilância de Violências e Acidentes),estudo realizado pelo Ministério da Saúde
em 71 hospitais que realizam atendimento de urgência e emergência pelo Sistema Único
de Saúde (SUS) revelam que os acidentes e as violências representam a terceira causa
de morte na população geral e a primeira na população de 1 a 39 anos e que a suspeita
de consumo de bebida alcoólica pelo paciente foi registrada em 16,7% dos atendimentos,
sendo maior entre os homens (20%) que entre as mulheres (8%). Além disso, 21,7% das
vítimas que utilizaram bebidas alcoólicas e sofreram acidentes de trânsito entraram em
óbito. Na Europa, os acidentes de transito são uma das principais causas de mortalidade
em pessoas entre 15 e 29 anos, sendo a influência do álcool um importante fator de risco
na maioria destes acidentes. Na Espanha, em 2001, o álcool esteve envolvido em 30-
50% dos acidentes fatais e em 15 a 35% dos acidentes que causaram ferimentos graves.
Semelhante ao que ocorre no Brasil, este problema é especialmente importante nos jovens
e piora nas noites de fins de semana. Nos Estados Unidos, durante o ano de 2002, mais de
17.000 mortes por acidentes automobilísticos relacionados ao álcool foram constatados, o
que representa, em média, uma morte a cada 30 minutos .Dados mais recentes da Rodovia
Tráfico Segurança Administração Nacional (NHTSA) informaram que 33.808 pessoas nos
Estados Unidos entraram em óbito em acidentes de trânsito em 2009. Dessas mortes,
10.839 pessoas morreram em acidentes envolvendo um motorista com uma concentração
de álcool no sangue (TAS) de 0,08 ou superior.Qualquer quantidade de álcool no sangue,
ainda que pequena, pode prejudicar a condução, aumentando o risco de acidente. Portanto,
a tendência é reduzir internacionalmente as taxas máximas permitidas. No Brasil, devido
aos altos índices que relacionam o uso de álcool aos acidentes de trânsito, foram lançadas
duas leis federais com o objetivo de proibir o consumo de álcool combinado com a direção (
lei 11.705 de 2008 e a lei seca - 12.760 de 2012).Segundo a OMS, esta estratégia é eficaz
em termos de custo e pode reduzir acidentes de trânsito por cerca de 20%.Objetivou-se
estimar a incidência de casos de violências e traumas atendidos nos Hospitais Regionais
de Lagarto e Itabaiana no Estado de Sergipe (Brasil) que estavam associados a ingestão de

179
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

álcool e outras drogas. Trata-se de um estudo coorte realizado nos Hospitais Regionais de
Lagarto e Itabaiana no Estado de Sergipe conveniados ao Sistema único de Saúde (SUS) no
período de Agosto de 2014 a Julho de 2015, sempre aos finais de semana. Foram incluídos
na pesquisa pacientes vítimas de trauma e/ou violência acima de 13 anos, que deram
entrada neste período. Os pacientes abaixo de 18 anos foram entrevistados apenas quando
acompanhados de um responsável para a assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).Os pacientes foram submetidos a 02 (dois) questionários: o primeiro
contendo dados para a sua caracterização como idade,gênero, escolaridade,profissão,
cor, estado civil, naturalidade, tipo de acidente ( carro, bicicleta, motocicleta, outros),dentre
outros. O segundo foi o questionário CAGE (Cut-down, Annoyed by criticism, Guilty e
Eye-opener) composto por quatro perguntas (você já pensou em largar a bebida?/ ficou
aborrecido quando outras pessoas criticaram seu hábito de beber?/se sentiu mal ou culpado
pelo fato de beber?/bebeu pela manhã para ficar mais calmo ou se livrar de uma ressaca?
) com sensibilidade e especificidade comprovadas cientificamente quando utilizada no
ambiente de pronto-socorro. Este questionário é utilizado como um ponto de corte de duas
respostas afirmativas sugerindo screening positivo para abuso ou dependência do álcool.
Foram aplicados aproximadamente 100 questionários. Os resultados permitem notar
que os entrevistados estão enquadrados na faixa etária de 12 a 65 anos. Do total deles,
aproximadamente 80% são do sexo masculino e 20% do sexo feminino. Aproximadamente
85% foram vítimas de acidente de moto. 61,5% dos pacientes afirmam ingerir álcool com
certa frequência, mas uma minoria (15%) foi considerada como dependente do mesmo
pelo questionário CAGE. Concluiu-se que o uso do álcool associa-se ao grande número
de traumas automobilísticos (principalmente acidentes motociclísticos) nos Hospitais
Regionais de Lagarto e Itabaiana no estado de Sergipe, corroborando com outros estudos
em diferentes localidades do Brasil. O alcoolismo é difícil de ser detectado e é de grande
utilidade para minimizar futuros problemas de saúde. Além disso, o uso de drogas ilícitas
pode, assim como o álcool, aumentar consideravelmente o número de pacientes vítimas
de trauma. Portanto, espera-se que os resultados possam trazer benefícios significativos
para subsidiar o fortalecimento das políticas públicas de álcool e outras drogas, tanto na
prevenção, quanto na reabilitação e reinserção social dos usuários.
Palavras-chave: Pronto-socorro; Alcoolismo; CAGE
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

INSERÇÃO DA RESIDÊNCIA MULTIDISCIPLINAR NUMA ÁREA DE RISCO SOCIAL:


REUNIÃO DE ESFORÇOS E POTENCIALIZAÇÃO DE REDE DE APOIO PARA
PREVENÇÃO DE DROGADIÇÃO
Vanessa Augusta Braga*(Universidade Federal de Juiz de Fora), Elaine Cristina Santos
Barbosa (Prefeitura Municipal de Juiz de Fora), Flávia Cobuci Rsende Rodrigues (Prefeitura
Municipal de Juiz de Fora), Larissa Zacaron Santos (Universidade Federal de Juiz de Fora),
Beatriz Bastos Braga (Universidade Federal de Juiz de Fora), Ana Luísa Marliére Casela
Universidade Federal de Juiz de Fora), Taynara Dutra Batista Formagini (Universidade
Federal de Juiz de Fora), Cristina Arreguy-Sena (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Ações desenvolvidas nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) atendem a
regiões adstritas, tendo em vista a necessidade de promover cobertura, resolutividade e
apoio para as demandas da comunidade com vistas a promoção da saúde, a redução
de danos, a utilização de potencialidades locais para o enfrentamento de situações de
drogadição e redução de comportamentos de risco. Objetivou-se descrever a atuação
de equipe multidisciplinar de residentes do Programa de Residência Multiprofissional em
180
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Saúde do Adulto com Ênfase em Doenças Crônico-degenerativas em sua atuação para


identificar lacunas de aparato social e possibilidades de prática sociais intersetoriais
com vista a redução de danos e prevenção de agravos à saúde. Foram desenvolvidas
as seguintes atividades: 1) reunião do Centro de Pesquisa, Intervenção e Avaliação em
Álcool e outras drogas (CREPEIA) com representantes das áreas de saúde, educação e
assistência social para compartilhamento de metas e traçar ações conjuntos compatíveis
com os objetivos operacionais do projeto de intervenção sociocultural/educacional;
2) identificação de estratégias de abordagens junto a comunidade; 3) realização de
oficinas de sensibilização e envolvimento/corresponsabilização social utilizando técnicas
comunicacionais, mapeamento de áreas e recursos comunitários e rede de apoio passíveis
de serem acessadas para redução de uso de drogas, tabaco e álcool; 4) estabelecimento
da correlação entre a elaboração de diagnóstico situacional e as potencialidades locais
e 5) direcionamento para ações socioeducativas e preenchimento da lacuna de horários
vazios junto à crianças, adolescentes e adultos/idosos potencializando recursos, encontros
e atividades desenvolvidas pela UAPS. A inserção da residência na equipe de saúde
possibilitou agregar experiência de atuação laboral no desenvolvimento de abordagem
educacionais e sociais junto a comunidade e aproveitar os vínculos de acolhimento e
inserção social da equipe de saúde da unidade com vistas a potencializar a recepção das
atividades propostas pela comunidade. Tais atividades favoreceram o direcionamento dos
processos de trabalho das profissões multidisciplinares inseridas no projeto na viabilização
de ações educativas, terapêuticas e de promoção de saúde, favorecendo a inserção social
de tais profissionais junto à comunidade.

Palavras-chave: Saúde da Família; Enfermagem; Vulnerabilidade Social; Usuários de


Drogas.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

TENSÕES: INTERNAÇÃO COMO MODELO TERAPÊUTICO

Laerson da Silva de Andrade* (Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas
da Universidade Federal Espírito Santo), Rayane Cristina Faria de Souza (Centro de
Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas da Universidade Federal Espírito Santo),
Vitor Buaiz (Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas da Universidade
Federal Espírito Santo), Marluce Miguel de Siqueira (Centro de Estudos e Pesquisas sobre
Álcool e outras Drogas da Universidade Federal Espírito Santo).

Introdução: A proposta de assistência ao dependente químico baseado na Internação


Involuntária reascende o debate sobre as políticas públicas sobre drogas no Brasil. A
internação compulsória prevista primeiramente em lei está no decreto nº 891 de 1938.
Diante do atual cenário em que há propostas legislativas PL 3365/2012, PL 111/2010 e
PL 7663 de 2010) que visam à ampliação de tal modelo assistencial faz-se necessárias
reflexões sobre o tema em questão. Objetivos: O objetivo é problematizar o quadro teórico
que legitima a Internação Involuntária apresentada pelos Projetos de Lei (PL), confrontando-
os às perspectivas Antimanicomiais. O estudo analisa os PL a fim de compreender o caráter
do modelo assistencial. Metodologia: O estudo possui um caráter exploratório do tipo
descritivo. Para tanto, a análise parte da Lei de N° 11. 343/206; e das propostas legislativas
PL 3365/2012, PL 111/2010 e PL 7663 de 2010. Os documentos referentes às Leis e projetos
de Lei estão disponíveis em sites oficiais do Planalto, Senado e Câmara dos Deputados.
A análise constituída na pesquisa parte da obra de referência Análise de Conteúdo de
Laurence Bardin. Este livro é um manual claro e operacional desse método de investigação.
181
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A metodologia também se baseia na pesquisa bibliográfica para o levantamento de obras


para compreensão da perspectiva do Movimento Antimanicomial. Resultados: Partindo das
leituras das propostas legislativas PL 3365/2012, PL111/2010 e PL 7663/2010 encontram-
se os seguintes eixos que legitimam e configuram a Internação Voluntária: 1. Modelo e
subsídio ao Tratamento Involuntário; 2. Caráter do usuário perante o contexto do tráfico
de drogas; 3. Discurso contra o consumo de drogas. A pesquisa bibliográfica sobre as
perspectivas antimanicomiais abordou-se os eixos: 1. História do modelo hopitalocêntrico
manicomial; 2. Evidências científicas contra a intervenção involuntária; 3. Modelos
alternativos de assistência. Conclusões: Ao analisar o conteúdo dos PL, observa-se a linha
teórica que pauta o assunto no Congresso Nacional. A Política de Guerra às drogas não é
capaz de compreender os aspectos relativos ao transtorno psiquiátrico e sua complexidade
social, representando um retrocesso na política sobre drogas. O discurso que criminaliza
o usuário permite à construção do aparato jurídico que legitima a internação involuntária
como solução a problemática das drogas.

Palavras-chave: Legislação; Internação compulsória; Usuário de drogas.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA E SAÚDE MENTAL: A PERCEPÇÃO DOS


PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE ESTA RELAÇÃO.

Brena Maués de Souza Santos * (Psicóloga Residente do Hospital de Clínicas Gaspar


Vianna), Cristina Bastos Alves Lins (Psicóloga do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna)

Investiga-se como os profissionais de saúde pensam e sentem em relação à internação


compulsória do dependente químico. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, utilizando-se
a metodologia de Estudo de Caso construído a partir de entrevistas com 20 profissionais
de saúde como: psicólogo, psiquiatra, assistente social, terapeuta ocupacional, enfermeiro
e técnico de enfermagem de uma emergência psiquiátrica de um Hospital Geral. Os dados
coletados foram transformados em narrativas e posteriormente analisadas levando-se
em conta a Reforma Psiquiátrica e a Política sobre drogas brasileira. Observou-se que o
dependente químico é visto sob dois olhares: os que escolheram usar a droga, por isso
são culpados. E os que por falta de oportunidades ou necessidade de preencher um vazio,
utilizaram-na como válvula de escape, estes são absolvidos da acusação e merecedores
de cuidado. Não entendem o dependente químico como uma pessoa portadora de um
transtorno metal, que a dependência química está relacionada a multifatores e que
existe uma demanda judiciária para o tratamento multifatorial e não apenas dos sintomas
emergentes e não dando conta da integralidade da assistência segundo princípios do SUS
e da Política sobre Drogas. Diante disso, há necessidade de se apropriar do processo de
construção da Reforma Psiquiátrica e dos dispositivos que oferecem suporte ao portador de
sofrimento mental. Caso contrário, continuaremos naturalizando pensamentos e condutas
que ferem a garantia de direitos desses cidadãos.

Palavras chave Dependência química; Internação compulsória; Saúde mental; Profissionais


de saúde; Emergência psiquiátrica.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa Final

182
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

INTERNAÇÕES MONITORADAS: PRÁTICAS POSSÍVEIS?

Nielson Ernobis Vicentini* (Centro de Atenção Psicossocial – CAPSad Laranjeiras\PMS;


Associação Educacional de Vitória - FAESA), Bruna Scolforo Bernardo (Centro Universitário
São Camilo – Espírito Santo).

Esse estudo relata uma experiência de uma prática de internação monitorada via
serviço de saúde mental CAPS ad. O movimento da luta antimanicomial, principalmente
a partir dos pressupostos basaglianos, colocam em evidência as aterrorizantes práticas
de tratamento em regime de internação manicomial. A manutenção das internações em
hospitais psiquiátricos assim como a questionada proposta política de cuidado instituída
pela RAPS (Portaria 3.088/2011) que inclui as internações em Comunidades Terapêuticas,
traz novamente ao cenário e ao campo de discussão essa proposta de tratamento. Diante
desse quadro e do crescente número de internações compulsórias no município de Serra,
no Espírito Santo, o CAPS ad Laranjeiras (serviço de saúde mental desse munícipio) através
de reuniões com diversos setores jurídicos, políticos, educacionais e sociais levantou
a proposta de uma parceria através de contrato com uma clínica de tratamento para
internação de dependentes de drogas. Desde 2007 o município estabelece uma parceria/
contrato com uma instituição de tratamento via internação. A instituição credenciada tem
a obrigação de disponibilizar quadro permanente de profissionais de diversas áreas, entre
outras: psicologia, serviço social, médico clínico geral e psiquiatra, enfermagem, educação
física, além de estrutura física adequada, alimentação, dispensação de medicamentos e
proposta terapêutica previamente estabelecida. São disponibilizadas 10 vagas com período
de internação de 30 dias. Cabe à equipe do CAPS ad na sua prática de cuidado, realizar
uma avaliação minuciosa sobre a real necessidade da internação junto ao usuário e sua
voluntariedade. Semanalmente realizamos o monitoramento dos usuários internados na
instituição, em conversas individuais, acompanhamos diretamente o cumprimento das
ações acordadas com a instituição no processo de tratamento proposto e o modo como
tem produzido efeitos na proposta de ressignificação desses sujeitos. Percebemos que
com essa nova proposta a demanda de internação via judicial diminuiu significativamente,
e o empoderamento dos usuários internados se torna visível quando aos mesmos é
dado o direito de participar diretamente da construção de sua proposta terapêutica, lhes
proporcionando não só a sensação de acompanhamento nessa etapa do tratamento,
mas criando um campo de interlocução do usuário com a instituição, evitando quaisquer
práticas que não sejam condizentes com um tratamento humanizado e corresponsável.
Dentro de uma lógica humanizada de atenção e cuidado, controle do fluxo, real avaliação
da necessidade de internação, monitoramento sistemático, tempo de internação de curta
permanência, controle externo das ações desenvolvidas pela instituição, plena autonomia do
usuário, continuidade do tratamento no pós-internação no CAPS e/ou outros equipamentos
disponíveis, evidenciam que as práticas de tratamento via internação, podem se tornar um
instrumento eficaz no cuidado aos usuários dependentes de drogas.

Palavras-chave: Dependência química; Luta antimanicomial; Internação; Monitoramento.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

183
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

INSERÇÃO DA RESIDÊNCIA MULTIDISCIPLINAR NUMA ÁREA DE RISCO SOCIAL:


REUNIÃO DE ESFORÇOS E POTENCIALIZAÇÃO DE REDE DE APOIO PARA
PREVENÇÃO DE DROGADIÇÃO

Vanessa Augusta Braga*(Universidade Federal de Juiz de Fora), Elaine Cristina Santos


Barbosa (Prefeitura Municipal de Juiz de Fora), Flávia Cobuci Rsende Rodrigues (Prefeitura
Municipal de Juiz de Fora), Larissa Zacaron Santos (Universidade Federal de Juiz de Fora),
Beatriz Bastos Braga (Universidade Federal de Juiz de Fora), Ana Luísa Marliére Casela
Universidade Federal de Juiz de Fora), Taynara Dutra Batista Formagini (Universidade
Federal de Juiz de Fora), Cristina Arreguy-Sena (Universidade Federal de Juiz de Fora)

Ações desenvolvidas nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) atendem a


regiões adstritas, tendo em vista a necessidade de promover cobertura, resolutividade e
apoio para as demandas da comunidade com vistas a promoção da saúde, a redução
de danos, a utilização de potencialidades locais para o enfrentamento de situações de
drogadição e redução de comportamentos de risco. Objetivou-se descrever a atuação
de equipe multidisciplinar de residentes do Programa de Residência Multiprofissional em
Saúde do Adulto com Ênfase em Doenças Crônico-degenerativas em sua atuação para
identificar lacunas de aparato social e possibilidades de prática sociais intersetoriais
com vista a redução de danos e prevenção de agravos à saúde. Foram desenvolvidas
as seguintes atividades: 1) reunião do Centro de Pesquisa, Intervenção e Avaliação em
Álcool e outras drogas (CREPEIA) com representantes das áreas de saúde, educação e
assistência social para compartilhamento de metas e traçar ações conjuntos compatíveis
com os objetivos operacionais do projeto de intervenção sociocultural/educacional;
2) identificação de estratégias de abordagens junto a comunidade; 3) realização de
oficinas de sensibilização e envolvimento/corresponsabilização social utilizando técnicas
comunicacionais, mapeamento de áreas e recursos comunitários e rede de apoio passíveis
de serem acessadas para redução de uso de drogas, tabaco e álcool; 4) estabelecimento
da correlação entre a elaboração de diagnóstico situacional e as potencialidades locais e 5)
direcionamento para ações socioeducativas e preenchimento da lacuna de horários vazios
junto às crianças, adolescentes e adultos/idosos potencializando recursos, encontros
e atividades desenvolvidas pela UAPS. A inserção da residência na equipe de saúde
possibilitou agregar experiência de atuação laboral no desenvolvimento de abordagem
educacionais e sociais junto a comunidade e aproveitar os vínculos de acolhimento e
inserção social da equipe de saúde da unidade com vistas a potencializar a recepção das
atividades propostas pela comunidade. Tais atividades favoreceram o direcionamento dos
processos de trabalho das profissões multidisciplinares inseridas no projeto na viabilização
de ações educativas, terapêuticas e de promoção de saúde, favorecendo a inserção social
de tais profissionais junto à comunidade.

Palavras-chave: Saúde da Família; Enfermagem; Vulnerabilidade Social; Usuários de


Drogas.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

184
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ITINERÁRIOS DA REINCLUSÃO: NARRATIVAS DE ADICTOS EM CRACK NUMA


COMUNIDADE TERAPÊUTICA DO GRANDE RECIFE

Julie Hanna de Souza Cruz e Costa*(Programa de Pós-Graduação em Sociologia -


Universidade Federal de Pernambuco)

Inserindo-se na complexa discussão a respeito dos modelos de tratamento a usuários de


substâncias psicoativas, este estudo teve por objetivo analisar, com base em entrevistas
semiestruturadas realizadas entre fevereiro e março de 2014, os itinerários da pretensa
reinclusão social de oito adictos em crack, posta em marcha no universo de uma comunidade
terapêutica de cunho religioso no Grande Recife. Em diálogo com as discussões teóricas
sobre exclusão, desvelou-se a percepção desses sujeitos sobre os fenômenos vinculativos
que experienciavam, isso tanto a partir do início da internação, como com seu prosseguimento.
Nesta dita nova fase de suas trajetórias pessoais e coletivas, foram abordados, dentre outros
aspectos, os tantos processos de reconstrução do passado e de reaproximação relacional.
Nesse sentido, as vivências nos distintos grupos – esses tanto permanentes quanto
emergentes –, associadas, por sua vez, à fé em si e em Deus, desempenharam papeis
fundamentais, apontando a possibilidade de uma vida outra, “renovada”; a importância do
“querer” e do saber “poder”, assim como a noção de “ter sido escolhido por Deus” apontara
uma associação particular entre misticismo e individualismo. Entre as contribuições trazidas
por esse estudo encontram-se sobretudo os diversos significados da dinâmica-processo de
(re)inclusão assim como percebida pelos sujeitos entrevistados, esses ditos excluídos da
sociedade. Nesse horizonte trata-se também das formas como esses significados foram (re)
construídos pela imersão na comunidade terapêutica analisada, apontando uma abordagem
de trabalho interessante no que tange às intersubjetividades. A guisa de conclusão, discute-
se, com base nos achados e através de uma abordagem sociológica, caminhos possíveis
para desenvolver e implementar práticas de cuidado a adictos em crack que extrapolam a
mera desintoxicação química ao mesmo tempo que a facilitam, percebendo os sujeitos na
sua dimensão social e afetiva.

Palavras-chave: Crack; Comunidades Terapêuticas; Religião; Trajetória.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

JUSTIFICATIVA PARA O ESTUDO DA AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ATENDIMENTO


PARA ADOLESCENTES USUÁRIOS INDEVIDOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS DA
REDE DO SUS NA REGIÃO DO GRANDE ABC PAULISTA

Fabio Kendy Vasquez* (Faculdade de Medicina do ABC – Departamento de Saúde da


Coletividade).

Segundo FORMIGLI, COSTA & PORTO (2000) a organização de programas voltados à


saúde do adolescente de forma geral requer um olhar pautado na singularidade do público a
que se destina, assim como ao grupo que está inserido. Deve considerar de forma cuidadosa
os aspectos sociais e coletivos, abordando uma atuação multiprofissional e interdisciplinar.
Fundamentalmente, a efetividade destes programas está atrelada a adequação aos
objetivos, a acessibilidade e a cobertura do grupo adolescente que circunscreve a área
de abrangência dos programas locais. Reforçando estas afirmações RAUPP (2006, 2007)
abre uma consideração critica, afirmando que existe uma inadequação dos serviços e das

185
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

políticas públicas na construção de dispositivos específicos ao adolescente usuário indevido


de álcool e outras drogas. No que diz respeito principalmente sobre a utilização de modelos
de tratamento destinados ao público adulto ao tratamento de adolescentes. Estas posições
técnico-teóricas resvalam nas características subjetivas intrínsecas da complexa relação
entre o uso indevido de álcool e outras drogas e a adolescência na contemporaneidade.
Reforçando estas perspectivas PASSOS & LIMA(2013) critica alguns serviços de saúde,
pois, postulam suas ações nos protocolos de atendimento as demandas das próprias
instituições, vertendo seus trabalhos nas propostas de adesão e tratamento a determinadas
enfermidades, focando somente a doença, deixando de lado a demanda e as reais
necessidades do adolescente. Com isso “... evidencia ainda a supremacia da necessidade
de controlar fatores que ofereçam risco ao desenvolvimento vital do jovem, negligenciando
a necessidade de olhar para elementos vulnerabilizantes e o protagonismo da pessoa para
superá-los”. VIEIRA et. al. (2007) “... Estratégias preventivas que envolvam intervenções
comunitárias, por meio de políticas públicas, têm revelado maior impacto que intervenções
individuais”. Na interface adolescência e uso indevido de substâncias psicoativas, as
politicas públicas poderiam visar ações, as quais suplantem as características repressoras
ou meramente informativas. Deveriam proporcionar a autonomia, o protagonismo e focar
nas reais particularidades das necessidades do público jovem. Nesta lógica, abranger as
vulnerabilidades frente a cada grupo, ao qual frequenta o serviço em seu próprio local
de convívio e residência. Vislumbrar com isso as parcerias intersetoriais do território, na
construção coletiva de um tratamento, tornando, cada adolescente, usuário indevido de
substâncias psicoativas, participante de seu projeto de vida. Buscando um entendimento e
compreensão das singularidades de cada adolescente, seja nas dificuldades com a realidade
de sua vida, seja nas alegrias encontradas na vida diante das perspectivas que podem
se desvelar ou a ser construído constantemente (PASSOS & LIMA, 2013). A estratégia
e os conceitos da Redução de Danos poderiam auxiliar as ações dos profissionais frente
a estas supostas demandas oriundas dos serviços criticados pelos autores dos estudos
consultados. Este estudo é relevante devido à pertinência do tema na atualidade e sua
complexidade, a crescente demanda de usuários indevidos de substâncias psicoativas que
estão na faixa etária da adolescência e a existência de poucos estudos nacionais que
abrangem a avaliação, a caracterização de serviços e a adesão ao tratamento especializado
nesta área da saúde coletiva. Torna-se relevante a real adequação destes serviços
às necessidades deste público. Existe a iminência importante de trabalhos científicos
que abordem este tema para melhor compreender como se estrutura e se organiza a
acessibilidade, a disponibilidade, o projeto terapêutico singular para atendimento destes
adolescentes, e o embasamento teórico-técnico da modalidade de atenção oferecido
pela equipe multiprofissional que compõe estes serviços especializados para usuários
indevidos de álcool e outras drogas. A qualificação dos recursos humanos e adequação do
espaço para os atendimentos e recursos intersetoriais são ferramentas importantes para
o processo de tratamento. Esta investigação pode lançar luz sobre a adequação destes
serviços especializados ao tratamento dos adolescentes, bem como a adesão a proposta
de atendimento e a compreensão aprofundada do uso e abuso de substâncias psicoativas
na adolescência. Implementando a investigação da realidade das políticas públicas para a
adolescência e sua interface com os serviços de saúde pública (SUS) especializados no
tratamento de adolescentes usuários indevidos de substancias psicoativas na região do
Grande ABC Paulista.

Palavras-chave: Adolescência e Drogas; Avaliação de Serviços; Redução de Danos.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Sessão de Pôsteres.
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

186
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

JUSTIÇA TERAPÊUTICA - TRANSATORES DO ARTIGO 28 DA LEI 11.343/2006 UM


ESTUDO SOBRE O USO DE INSTRUMENTOS PSICOMETRICOS NA EXECUÇÃO DA
ALTERNATIVA PENAL EDUCATIVA DENOMINADA “GRUPOS REFLEXIVOS”

João Francisco de Souza Duarte* (Centro de Recuperação de Dependência Química)

Trata-se de um estudo sobre a percepção de riscos, disposição para mudança e avaliação


do programa de “medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo”
previsto na Lei 11.343, artigo 28, inciso III; em sujeitos que foram encaminhados aos
Grupos Reflexivos, como pena alternativa pela apreensão pelo uso e ou porte de
substâncias psicoativas. Todos os sujeitos deste estudo foram encaminhados pelo Juizado
Especial Criminal de Belo Horizonte ao Centro de Recuperação de Dependência Química
e cumpriram sua pena alternativa no período de 30/7/2012 até 29/9/2014. Durante o
período do cumprimento da medida, os participantes foram convidados voluntariamente
a responder aos instrumentos: DUSI (Drug Use Screening Inventory) - 15 questões da
Área 1; URICA (University Rhode Island Change Assessment Scale) e a um questionário
de avaliação do serviço prestado. Nosso objetivo foi fazer um estudo exploratório sobre a
percepção de prejuízos psicossociais e a prontidão para a mudança, nos participantes dos
Grupos Reflexivos; e ainda apurar os níveis de satisfação com o serviço prestado, mediante
respostas em um formulário específico para tal fim. O presente estudo limitou-se às turmas
atendidas pelo autor deste trabalho no período, sendo que 75% dos sujeitos dispuseram-se
a participar. Foi-lhes assegurado anonimato, sigilo dos resultados, nenhum interesse clínico
deste procedimento como rezam os termos do Edital; e avisado o interesse estatístico para
uso neste trabalho exploratório. Cada grupo teve doze semanas com um encontro semanal
de duas horas de duração. A metodologia abordou a socialização, expressão e inserção
social, bem como educação orientação e reflexão acerca do uso/abuso de álcool e outras
drogas. No conteúdo programático os temas foram: modalidades de Tratamento, Prejuízos
Psicossociais associados (aplicação do DUSI), noções básicas de saúde, Prevenção à
Recaída (aplicação do URICA), Redução de Danos, Auto Estima e Cidadania. Na 12ª
reunião foi aplicado o questionário de avaliação do programa. Ao DUSI - 96 respondentes
voluntários. Abaixo da linha da nota de corte (baixo risco) tivemos 33% dos entrevistados.
Fizemos uma meta análise de risco pelas questões de maior frequência e as encontramos
nas questões que se referiam a problemas de memória (57%), desvio de dinheiro (51%),
dependência à droga (49%) e fissura (46%). Ao URICA - 176 respondentes. Os escores
encontrados indicaram 60% em estado pré-contemplação, 35% estado de contemplação
e 5% estado de ação. Já ao questionário de SATISFAÇÃO COM O PROGRAMA – 82
respondentes. Sobre a qualidade do programa 87% avaliaram como excelente ou bom; 84%
recomendaria o serviço a um amigo que precisasse ajuda. Na opinião de 38% as reuniões
ajudaram a lidar mais eficazmente com os problemas e 57% alegaram que de algum modo
ajudaram. Nos grupos reflexivos, a chamada Justiça Terapêutica pode inaugurar novos
espaços na pesquisa e atenção aos que sofrem prejuízos com o uso indevido de drogas.

Palavras-chave: Justiça Terapêutica; Grupos Reflexivos; Drogas; Psicometria


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

187
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PROGRAMA EIRAS E BEIRAS: ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E DROGAS -


DESAFIOS NA CONTINUIDADE DA ATENÇÃO PARA ALÉM DO MOMENTO DE CRISE

Alexa Rodrigues do Vale* (Universidade Federal de São João del Rei), Marcelo Dalla
Vecchia (Universidade Federal de São João del Rei).

Introdução: O programa Eiras e Beiras – Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas foi


instituído na Universidade Federal de São João del Rei em 2014 para o acompanhamento
de casos de usuários de substâncias psicoativas. Relata-se o acompanhamento do caso de
G. Este possui 60 anos, faz uso prejudicial de álcool, não possui trabalho formal e buscou
atendimento no CAPS com delírios, tremores, inapetência alimentar, dificuldade de controle
esfincteriano e na percepção de tempo e espaço. Após acompanhamento em permanência
dia, o mesmo foi diagnosticado com demência alcoólica e identificou-se agravo em seu
quadro sendo encaminhado para internação no Hospital Raul Soares por 60 dias, retornando
para o serviço referenciado anteriormente, momento em que começou a ser acompanhado
pelo programa. Objetivos: Pretende-se com o programa auxiliar na consolidação de uma
rede de serviços integrada e articulada e contribuir para a produção de ações pautadas
no respeito aos direitos humanos de usuários de substâncias psicoativas. Método:Para
tal, utiliza-se como estratégia de cuidado o Projeto Terapêutico Singular, a partir da
coprodução e cogestão do processo terapêutico de indivíduos vulneráveis, dimensionando
a singularidade dos diferentes contextos, para que possam ser oferecidos serviços que
promovam saúde. Resultados: Após entrevistas individuais e familiares, acompanhamento
de consultas médicas e visitas domiciliares foi possível perceber a gravidade do quadro
demencial do usuário, não se lembrando de realizar atividades básicas do dia a dia. Após a
internação, G. não retornou ao padrão anterior de uso de álcool, porém, percebe-se que este
se encontra em situação de vulnerabilidade social, ao se identificar que não são acessados
dispositivos que podem fortalecer seus vínculos com a sociedade e com sua própria família,
com quem mantém vínculos frágeis, além do desenvolvimento de suas potencialidades.
Percebe-se que G. demonstra gostar de conversar, caminha por sua região facilmente,
além de conhecer e manter relações com grande parte dos vizinhos. Diante disso, a primeira
tentativa foi inseri-lo no Centro de Convivência da cidade, inicialmente acompanhado pela
estagiária, porém existe a dificuldade de G. se lembrar de ir ao local. Em especial, entende-
se que G poderia se beneficiar ao acessar os serviços sócio-assistenciais oferecidos pelos
CRAS, o que implica a família no que tange o acesso ao local. Percebe-se que sua família
ainda não assumiu a gravidade da situação e com isso têm sido feito um trabalho familiar
conforme se percebe espaço para tal. Considerações Finais:O caso de G. é um grande
desafio para rede de saúde, pois implica em um trabalho para além do momento da crise,
retirando-se o foco da doença e exigindo ações intersetoriais e familiares que possam atuar
com a promoção da saúde do mesmo ao fortalecer seus vínculos com a comunidade.
Apoio: PIBEX/UFSJ

Palavras-chave: Alcoolismo; Vulnerabilidade Social; Acompanhamento Psicossocial.


Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação oral
Tipo de trabalho: Relato de experiência

188
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

LIGA DE FARMACODEPÊNCIAS DO PROAD UNIFESP – PRÁTICAS DE CUIDADO


MULTIDISCIPLINAR

André Pimenta de Melo* (Programa de Orientação a Atendimento a Dependentes, da


Universidade Federal de São Paulo- Escola Paulista de Medicina), Lígia Peron Puerro
(Programa de Orientação a Atendimento a Dependentes, da Universidade Federal de São
Paulo- Escola Paulista de Medicina), Dartiu Xavier da Silveira (Programa de Orientação a
Atendimento a Dependentes, da Universidade Federal de São Paulo- Escola Paulista de
Medicina), Thiago Marques Fidalgo (Programa de Orientação a Atendimento a Dependentes,
da Universidade Federal de São Paulo- Escola Paulista de Medicina).

O presente relato busca ilustrar o trabalho realizado na Liga de Farmacodependências


do Programa de Orientação a Atendimento a Dependentes (PROAD), da Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP), explorando a formação teórica e prática de estudantes
de Medicina, Psicologia e Terapia Ocupacional vindos de diversas universidades. Em 1987
o PROAD foi fundado como uma instituição voltada para a assistência, prevenção, ensino e
pesquisa dentro do campo das dependências, tendo como orientação a Redução de Danos
e a compreensão Psicodinâmica da dependência. Em 2004, por iniciativa de estudantes de
medicina da UNIFESP, a Liga de Farmacodependência foi fundada, com uma proposta de
formação teórica e prática. A liga é formada por uma frente de assistência, com atendimentos
específicos de cada área profissional e uma reunião de integração multiprofissional. Além
disso, existe uma vertente de ensino, composta por supervisões especificas, supervisões
multiprofissionais conjuntas e aulas teóricas, que abordam as principais temáticas
envolvendo a dependência química e a redução de danos. Além dessas atividades, a
Liga realiza anualmente o Curso Introdutório à Liga Acadêmica de Farmacodependências
(atualmente em sua 16° adição) e um curso com temas variados relacionados aos mais
diferentes aspectos da dependência química e de sua multideterminação. Atualmente a Liga
conta com 12 alunos de medicina e com três alunos de psicologia que são acompanhados
e orientados por cinco preceptores, sendo dois médicos psiquiatras, dois psicólogos e uma
terapeuta ocupacional.

Palavras-chave: Liga Acadêmica; Ensino; Assistência.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Relato de Experiência.

189
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

LÚDICO E PROMOÇÃO DA SAÚDE: “O JOGO DA MACONHA”

Larissa Lemos Stocco* (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), Patrícia Maíra


Paranhos* (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), Silvana Cardoso Brandão
(Pontifícia Universidade Católica de Campinas).

Este trabalho apresenta-se como um relato de experiência descritivo da mediação e


produção de um jogo desenvolvido com adolescentes em medida socioeducativa de
Liberdade Assistida, realizado por meio de atividades de estágio supervisionado no curso
de Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. O jogo foi elaborado como
instrumento de mediação das relações entre jovens que cumpriam medida socioeducativa
e através dele tornou-se possível uma comunicação com os participantes, visando sempre
à reflexão e produção de conhecimento. A temática “Maconha” do jogo, foi escolhida diante
da necessidade dos adolescentes em falar sobre algo que até então era tratado como um
“tabu” em alguns contextos em que estavam inseridos. O jogo teve como objetivo informar e
propiciar condições para o desenvolvimento pessoal do adolescente e através deste originar
um ambiente de promoção da saúde, favorecendo também momentos de reflexão sobre si,
os outros e suas escolhas. Trata-se de um instrumento de caráter informativo, aplicado em
um grupo de adolescentes de 15 a 18 anos. No decorrer das primeiras aplicações, foram
acrescentadas perguntas com aspectos subjetivos, dando enfoque na relação com a droga,
com a família e com o uso prejudicial. O jogo consiste em 50 cartas “Pergunta”, sendo 36
perguntas fechadas e 14 perguntas abertas (de caráter pessoal); 13 cartas “Curiosidade”
sobre o tema; seis pinos; um dado; um tabuleiro; um manual de instruções; e uma folha
de respostas. Alguns temas discutidos: sintomas físicos e psicológicos; leis, direitos e
deveres; redução de danos; droga e o adolescente; droga e família; dependência química.
As conversas e reflexões, instauradas nas aplicações, viabilizaram o vínculo entre o grupo,
o que posteriormente favoreceu a produção do jogo pelos adolescentes. Destacou-se
a relevância pessoal para cada integrante, dos temas trabalhados, pois além de gerar/
produzir conhecimento, trouxeram falas de vivências passadas carregadas de lembrança
e afeto. Compreendeu-se que é através do olhar de cuidado e não de culpabilização que
o profissional corrobora para que o adolescente compreenda sua própria história, sua
realidade. Por assim dizer é notória a função mediadora do jogo com os adolescentes.

Palavras-chave: Adolescência; Drogas; Promoção da saúde; Jogos educativos.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Relato de Experiência.

190
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

MARCHA DA MACONHA BELÉM: QUEREMOS NOSSOS JOVENS NEGROS VIVOS!

Ana Carolina de Cássia Esteves Peixoto (Universidade Federal do Pará / Marcha da


Maconha Belém)*, Diego Henrique da Silva Trujillo (Universidade Federal do Pará / Marcha
da Maconha Belém), Elis Tarcila Sousa de Sousa (Universidade Federal do Pará / Marcha
da Maconha Belém), Felipe Valino dos Santos (Universidade do Estado do Pará / Marcha da
Maconha Belém), Flávia Danielle da Silva Câmara (Universidade Federal do Pará / Marcha
da Maconha Belém), Marcus Benedito Ferreira Lobato (Secretaria de Estado de Saúde
Pública / Marcha da Maconha Belém), Weverton Ruan Vieira Rodrigues (Universidade
Federal do Pará / Marcha da Maconha Belém)

No Brasil temos uma lei de drogas (11343/06) que por muitos é visto como um avanço
já que separa o que seria o usuário de drogas, não visto mais como criminoso, do dito
traficante. Entretanto, ela não amarrou o que seria considerado um usuário e o que seria
um traficante, ficando a critério do agente da lei definir isso se baseando em condições
sociais, contexto e motivações e o resultado foi o aumento considerável do número de
prisões tipificadas como tráfico. Os dados de 2013 do Ministério da justiça evidenciam a
seletividade penal do seu sistema ao revelar que o perfil de pessoas presas por tráfico,
em sua maioria são jovens, negros e pobres. A juventude negra está sendo exterminada
nessa guerra às drogas que foi forjada em 1960, pelo então presidente Richard Nixon
(EUA). Em uma guerra todos os lados perdem: o Estado que não consegue “vencer” as
drogas, baixas entre policiais e muito mais entre os jovens negros e pobres, a sociedade
que assiste ao sensacionalismo dos meios de comunicação e decide fazer justiça com
as próprias mãos, no fim, ninguém ganha, pois o inimigo não é a droga. Vários estudos
apontam que essa guerra já nasceu perdida, uma vez que não há registro de culturas em
diferentes períodos que não tenham feito uso de algum tipo de substâncias psicoativas.
Assim o proibicionismo é uma falácia que esconde a sua faceta mais perversa: a guerra
não é às drogas e sim, é uma guerra declarada aos pobres e negros que não tem serventia
para a lógica neoliberal do mercado, e por consequência, à margem das benesses do
Estado (mínimo). Em novembro de 2014, Belém vivenciou uma madrugada de terror em
virtude da chacina ocorrida nas periferias da cidade que alarmou pelas fotos e números que
chegavam pelas redes sociais, os números oficiais não dão conta das chacinas diária que
os bairros periféricos experimentam. O relatório da CPI de Homicídio de Jovens Negros e
Pobres constatou o visível; que morre negro-pobre todo dia. Quando um grupo de pessoas
decidiu organizar a Marcha da Maconha nesse ano de 2015 em Belém-Pa, o intuito foi
dialogar com a sociedade mostrando que a guerra às drogas é uma guerra aos jovens
pobres de periferia. O movimento da Marcha da Maconha Belém, este ano contou com o
apoio de varias entidades dos Direitos Humanos, realizou pré-atividades político-cultural e
levou um grupo de 150 pessoas às ruas, no dia 17 de maio, com o tema “Queremos nossos
jovens negros vivos!”. Com este relato de experiência pretende-se abordar os efeitos da
guerra entre a nossa juventude belenense, as dificuldades de se construir um movimento
em prol do assunto que perpassam pelo medo, desinformação e, mesmo, desinteresse em
se mobilizar em torno da pauta, desafio de lutar contra a veiculação unilateral da mídia, a
falta de uma frente de ação comum que possa interligar as lutas de norte a sul do país, mas
que ainda assim aceita o desafio de levantar a bandeira pelo fim da guerra e pela vida da
juventude.

Palavras-chave: Marcha; Maconha; Juventude; Negros; Periferia


Eixo temático: Eixo “Redução da Oferta
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

191
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

MATRICIAMENTO ENTRE OS SERVIÇOS DA REDE DE APOIO PSICOSSOAL EM


CASOS DE USO PREJUDICIAL DE ÁLCOOL E/OU OUTRAS DROGAS: UM RELATO
DE EXPERIÊNCIA.

Camila Aleixo de Campos Avarca* (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), Débora


Zanutto Cardillo (Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo)

A proposta de matriciamento em saúde mental constitui-se como um dispositivo importante


no fortalecimento do princípio da integralidade. Neste arranjo, “o compartilhamento se
produz em forma de co-responsabilização pelos casos, que pode se efetivar através de
discussões conjuntas de caso, intervenções conjuntas junto às famílias e comunidades ou
em atendimentos conjuntos” (BRASIL, 2004). O município de São Bernardo de Campo,
desde 2009, tem investido no fortalecimento da rede de saúde mental com base nos
princípios da reforma psiquiátrica, descentralizando equipes de saúde mental para a atenção
básica e criando uma rede substitutiva ao hospital psiquiátrico. Neste contexto, sentiu-se a
necessidade de estreitar as relações entre os serviços de modo a qualificar o cuidado em
rede, discutindo casos e construindo diagnósticos situacionais em conjunto, ultrapassando
a perspectiva de encaminhamentos fragmentados e patologizantes. O objetivo desse relato
é o de apresentar a experiência de trabalhadores dos serviços de saúde de um território
populoso e de extrema vulnerabilidade do município em questão na busca pela garantia
do atendimento equânime, universal e integral aos pacientes portadores de sofrimento
psíquico, a partir de três pontos principais: reestruturação e qualificação das ações de
saúde mental na atenção básica; criação de espaços de matriciamento entre trabalhadores
de saúde mental e equipes de saúde da família e reuniões mensais com a participação
de todos serviços de saúde do território e representantes da gestão central. O foco da
discussão será a construção de estratégias de co-responsabilização entre os serviços
dos CAPS-AD, CAPS-ADI e Consultório de Rua com as Unidade Básicas de Saúde do
território com a proposta de Projetos Terapêuticos Singulares - PTS de casos complexos e
intervenções conjuntas nas equipes de saúde da família a partir dos princípios da educação
permanente, buscando superação da compreensão moral e estigmatizante sobre o uso de
álcool e/ou outras drogas, visando o olhar ampliado sobre o fenômeno e o fortalecimento
da perspectiva da redução de danos.

Palavras-chaves: saúde mental; matriciamento; reforma psiquiátrica; uso de álcool e ou


outras drogas; integralidade.
Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

192
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

“MATRIX”: RELATO DE CASO DE UM USUÁRIO ACOMPANHADO PELO CONSULTÓRIO


NA RUA.

Denicy de Nazaré Pereira Chagas (Universidade Federal de Juiz de Fora), Paula Miranda
de Oliveira (Associação Casa Viva/JF), Tatiana Oliveira Pereira Tavares* (Associação Casa
Viva/JF).

Este estudo advém da vivência das autoras no Programa Consultório na Rua. Falar da
População em Situação de Rua é referir-se a um grupo heterogêneo que abrange modos
singulares de se relacionar com o território no qual está inserido, tendo em comum a
pobreza e a exposição às diversas formas de violência, estigmas e preconceitos, bem como
dificuldades de acesso aos equipamentos de saúde e intersetoriais. Em 2011, o Consultório
na Rua foi proposto pelo Ministério da Saúde como um dos componentes da Atenção
Básica da Rede de Atenção Psicossocial, atuando frente aos diferentes problemas e
necessidades de saúde da População em Situação de Rua. A busca ativa e o fortalecimento
de vínculos tornam-se ferramentas de extrema importância para o processo de cuidado
desta população. Assim, neste estudo, objetiva-se relatar a experiência de abordagem,
acolhimento e vinculação de uma pessoa em situação de rua à equipe do Consultório na
Rua (eCR) de Juiz de Fora/MG. Trata-se de estudo descritivo, do tipo relato de caso, sendo
as informações obtidas por meio de revisão do prontuário, reunião de equipe, entrevista
com o usuário e revisão da literatura. No primeiro atendimento, o usuário visivelmente
desconfiado nega ser ele quem a eCR procurava. O comportamento de desconfiança foi
substituído, aos poucos, pela confiança ao perceber que a pretensão da equipe era de
criar vínculo fundamentado no respeito e na disponibilidade do outro em estabelecer uma
relação. Apresentamo-nos, explicamos os objetivos do trabalho e nos dispusemos a ouvi-
lo, desprovidos de qualquer comportamento prescritivo ou do excesso de orientações e
propostas, momento em que foi possível a nomeação: “eu sou o Matrix”. Operando por
meio do vínculo, estávamos ali, semanalmente, ouvindo suas demandas e dificuldades que
perpassavam entre problemas de saúde, como perda de visão, dificuldade de locomoção e
uso intenso de bebida alcoólica à falta de documentação e possibilidades de requerimento
de benefícios assistenciais, os quais lhe eram de direito. Diante desses atendimentos, ele
começou a se corresponsabilizar pelo seu plano de cuidado e, passo a passo, através de
estratégias de redução de danos, que vão para além do uso de drogas, bem como sua
inserção à Atenção Básica, o mesmo foi se reestabelecendo diante da vida e criando novas
possibilidades de pertencimento. Atualmente, “Matrix” está aposentado à procura de um
local para morar. Em paralelo, iniciou contato com sua família em São Paulo, cidade de
origem e, não descarta a possibilidade de retornar ao convívio familiar. A vivência traz à
luz os modos de operar o cuidado, que rege o processo de trabalho da eCR, valendo-se
da construção de vínculo como ferramenta de potencialização do cuidado e convergindo
com os pressupostos da Atenção Básica, Saúde Mental e da estratégia de Redução de
Danos, como orientação ético-política e garantindo, acesso equânime ao SUS e as demais
políticas públicas àqueles que fazem da rua seu território de vida.

Palavras-chave: Cuidado; Consultório na Rua; População de Rua; Vínculo.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

193
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

“ME APOIA AÍ”: INTERFACES DA REDUÇÃO DE DANOS

Autores e instituição: Michele Eichelberger* (Universidade Estadual de Campinas),


Elissandra Siqueira da Silva (Universidade Aberta do SUS/Universidade Federal de Ciências
da Saúde de Porto Alegre), Ana Letícia Fontanive (Centro de Atenção Psicossocial Álcool
e Drogas, Viamão/RS)

Uma política pública voltada para População em Situação de Rua (PSR) exige explorar uma
multiplicidade de experiências de cuidado e suas reverberações nos espaços institucionais/
de apoio para produção de redes de cuidado. Nesse intuito, em 2013, a partir da realização
da Oficina de Planejamento das Políticas de Equidades articulada pelo Ministério da Saúde
(MS), ocorrida na cidade de Porto Alegre/RS, discutiu-se sobre a constituição de um Comitê
Técnico Estadual para tensionar a discussão sobre a saúde da PSR. Para tanto, começou
a se construir um Grupo de Trabalho (GT) com diversos serviços da rede envolvidos com
essa temática, que teve seu primeiro encontro dentro da Secretaria Estadual da Saúde.
Desse encontro o encaminhamento mais importante foi a necessidade de construir uma
linha de fuga para processos institucionais formuladores de políticas públicas, com a real
participação de seus usuários: um desejo dos encontros acontecerem no território de vida
da rua. Motivados por esse desejo, de produzir brechas na construção de políticas públicas,
um coletivo de profissionais produzem uma saída: vão ao encontro da rua. O Grupo de
Trabalho, então, torna-se um “GT na Praça”. Reafirmando a importância da diretriz da
Redução de Danos, os encontros se desacomodam dos espaços institucionais para se
produzirem no território de diferenças da rua. O “GT na Praça”, dessa forma, constituindo-
se dos laços de confiança produzidos a cada encontro, dá vida ao processo de um Comitê
Técnico Estadual da Saúde da População em Situação de Rua. Mas, sobretudo, faz um
exercício de aproximação dos espaços públicos de produção de cuidado, dos coletivos que
estão aí se constituindo, seus pontos de encontro, como atividade básica de abertura para
produzir pontos de apoio à saúde. Nesse novo platô, o “GT na Praça” se torna um coletivo
(“Me apoia aí”) e um espaço aberto para ir ao encontro das Pessoas em Situação de Rua,
como ponto de troca e apoio para compor novos modos de pensar políticas públicas. Os
encontros são quinzenais, das 17h30min às 19h, na Praça Garibaldi, em Porto Alegre/RS, e
buscam afirmar uma política que logre ser praça para rodar aparelhos públicos: permanente
e efetivamente abertos à reinvenção de sua comunidade de práticas, ao compartilhamento
do cuidado e a operação consistente de redes de cuidado.

Palavras-chave: População em Situação de Rua; Redução de Danos; Políticas Públicas.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

194
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

MODELO DE REDUÇÃO DE DANOS: AVANÇOS E DESAFIOS NA ATENÇÃO A SAÚDE


DE USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

Juliana Luciene de Assis Dias (Faculdade de Minas-Belo Horizonte), Daniela Tonizza de


Almeida* (Faculdade de Minas-Belo Horizonte)

Introdução: O consumo de álcool e outras drogas sempre existiu, estando presente em todas
as culturas e religiões, entretanto, atualmente, tornou-se um problema de caráter público
devido às consequências psicossociais do uso abusivo. Com o intuito de promover o cuidado
aos usuários, foi instituída a Política de Atenção Integral à Saúde de usuários de álcool
e outras drogas, pautadas pelo Modelo de Redução de Danos. Objetivos: Compreender
como o Modelo de Redução de Danos pode contribuir para a atenção à saúde dos usuários
de álcool e drogas, investigando quais os dispositivos de cuidado implementados, as
percepções dos profissionais e usuários acerca do tratamento e cuidados e os desafios
a serem enfrentados para a consolidação do modelo. Metodologia: Realizou-se uma
revisão integrativa de literatura, cuja coleta de dados concentrou-se nas bases de dados
LILACS e SciELO, no período de 2007 a 2014. Utilizaram-se várias combinações entre os
seguintes descritores nas buscas, dada a diversidade de termos similares nesse campo
de conhecimento: “Redução de Danos”; “Transtornos relacionados ao uso de substância”;
“Serviço de Saúde Mental”; “Usuários de Drogas”; “Assistência Integral à Saúde” e “Políticas
Públicas”. Foram analisados cinco artigos que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão
previamente delimitados, todos descrevendo estudos empíricos brasileiros desenvolvidos
em Centros de Atenção Psicossocial álcool e drogas. A discussão foi realizada a partir de
três categorias temáticas: Percepções dos profissionais e usuários acerca do tratamento
e cuidados; Dispositivos de cuidado implementados e Desafios a serem enfrentados.
Resultados: Os usuários percebem a importância do acolhimento, da coresponsabilização,
da atenção humanizada e multiprofissional, da intersetorialidade e das oficinas para sua
adesão ao tratamento. A mudança de percepção de doente para cidadão é um obstáculo a
ser enfrentado pelos usuários, cujos discursos são marcados pelos sentimentos de exclusão
e culpa. Os profissionais reconhecem a importância de uma atenção humanizada, valorizam
a participação das famílias e dos usuários no tratamento, mas muitos desconhecem as
diretrizes da Redução de Danos e centram suas ações na manutenção da abstinência.
Identificou-se quantidade insuficiente de profissionais nos Centros de Atenção Psicossocial
álcool e droga e necessidade de maior articulação de uma rede intersetorial para o cuidado
em saúde mental e DST/AIDS. Considerações Finais: Trata-se de uma política recente e
ainda faltam estratégias para envolver a comunidade, usuários e suas famílias no intuito
de criar recursos e utilizar equipamentos comunitários, especialmente ligados a ações de
promoção de trabalho e atividades esportivas. Destaca-se ainda a importância de promover
a superação dos preconceitos, dos paradigmas ideológicos e resistências silenciosas para
consolidação de uma atenção pautada no Modelo de Redução de Danos.

Palavras-chave: Redução de Danos; Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras


drogas; Assistência integral á saúde; Políticas Públicas; Transtornos Relacionados ao uso
de Substância.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa concluída

195
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

MORTE E VIDA SEVERINA NUM DUELO DE DOMINÓ: ARTE COLABORATIVA,


REDUÇÃO DE DANOS E CIDADANIA

Flávia de Macedo Cavallini * (Universidade Federal do Espírito Santo), Maria Cristina


Campello Lavrador (Universidade Federal do Espírito Santo)

Introdução O relato que se segue refere-se ao processo colaborativo que norteou, entre
os anos de 2013 e 2015, a produção de um curta-metragem de ficção, durante a oficina
de artes num centro de atenção psicossocial para álcool e outras drogas no estado do
Espírito Santo. Tal processo apontou para a criação de um dispositivo que fez emergir o
questionamento de paradigmas comportamentais e institucionais relacionados à condução
da problemática do uso de substâncias psicoativas. Objetivos: A partir das discussões do
grupo, o objetivo inicial de transmitir uma mensagem de promoção de saúde foi dando lugar
à elaboração de um interesse comum para abordar questões estéticas, políticas e sociais,
como o lugar do cidadão usuário de drogas frente à banalização de internações compulsórias
e a invisibilidade de suas escolhas, numa linguagem plástica e metafórica, que ultrapassou
a previsibilidade da narrativa proposta. Propiciou, portanto, ampliação das possibilidades de
um fazer artístico inserido na dinâmica da instituição de saúde, num trabalho processual, em
constante transformação e diálogo na relação com os usuários do serviço. Metodologia Em
2013 iniciamos a oficina em que criamos coletivamente, sem ensaios: roteiro, argumento,
direção, atuação, cenário e edição. Essa oficina foi engendrada a partir de uma outra oficina
de fotonovela criada há alguns anos antes e que motivou os usuários a propor a continuidade
de uma história. O convite para feitura do filme foi também feita por eles a mim, enquanto
artista plástica do serviço, que me encarreguei das filmagens e das edições propostas
pelo grupo, assim como algumas intervenções no sentido de provocação de discussões,
resultando num trabalho de autoria coletiva. Resultado Cerca de vinte pessoas participaram
da construção do curta-metragem, em momentos diversos da oficina; as primeiras cenas
do nosso filme, que se referem a uma briga no bar, expõe o que comumente se vê, em
relação à dependência química, enquanto as outras cenas, que se passam num sonho do
protagonista, trazem consigo seus medos diante de um estranho tribunal e da figura da
morte, assim como sugerem, como metáforas de vários modos de vida, paisagens, sons
da natureza e o próprio jogo de dominó, presente no cotidiano dos autores. Considerações
finais: Ao longo da oficina, viver e morrer deixou de ser uma consequência direta do uso
ou não das substâncias psicoativas e foi ganhando, ao longo do processo, uma discussão
sobre as sujeições que ocorrem no âmbito da saúde e os discursos institucionalizados
que o atravessam. Morrer é uma condição de todo ser humano, porém os cuidados nos
planos ético, estético e político trazem para si e para o outro formas de promoção da uma
liberdade, num viver potente. Não se trata, segundo os participantes, de adiar a morte, mas
promover a vida em suas diferentes formas de expressão; não apenas suportar a vida, mas
recriá-la de diferentes maneiras, num viver artístico.

Palavras-chave: Arte colaborativa; saúde mental; redução de danos; álcool e outras


drogas
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência institucional

196
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

MULA VICIADA: DESFECHO VIOLENTO NO MUNDO DAS DROGAS.

Bragmar Dias dos Santos (Universidade Federal do Pará).

A relação do homem com as drogas é fenômeno antigo. Porém, na virada do século XIX
para o século XX esse envolvimento ganhou contornos epidêmicos, e exigiu dos países
mais atingidos, ações enérgicas para contê-lo, a partir de uma política de enfrentamento
estabelecida pelos EUA, conhecida como proibicismo, pautada na criminalização e
penalização da produção, do comércio e do uso das chamadas substâncias ilícitas. Mesmo
assim, na década de 1970 o mercado das drogas ilícitas desenvolveu-se, expandiu-se e já
na década de 1980, se consolidou por se apresentar como alternativa à crise econômica
mundial da época. Os países subdesenvolvidos, dentre eles os andinos, sobretudo,
Colômbia, Peru e Bolívia, sofreram mais os efeitos dessa crise com a redução na demanda
de seus produtos de exportação e parte de seus territórios passaram a ser usados no
cultivo de plantas que servem de matéria-prima da principal substância entorpecente: a
cocaína. O poderio econômico do mercado das drogas ilícitas é visto pelas cifras bilionárias
que movimenta, além de interagir com outras formas criminosas e influenciar no surgimento
de novas, cujos efeitos são vistos no dia a dia das grandes cidades. A complexidade da
questão desafia governos e a sensação é de que o fenômeno esteja fora de controle. Na
cidade de Belém, Estado do Pará, Brasil, essa realidade é visível. O objetivo da pesquisa foi
abordar o citado fenômeno a partir da relação do crime de homicídio com o tráfico de drogas,
baseado em um fato concreto. Com isso, procurou oferecer uma perspectiva diferenciada
visando contribuir para a compreensão do problema a partir de uma visão pormenorizada, e
encontrar novos significados que possam reforçar o debate e a busca de uma forma menos
traumática de enfrentá-lo. A metodologia usada foi o estudo de caso sobre o assassinato de
uma dependente química que também vendia drogas, e que foi divulgado na mídia como
“O Caso Bereca”, ocorrido em janeiro de 2014, no bairro do Benguí, periferia de Belém-Pa.
A fonte documental foi o inquérito policial que apurou o crime, além de entrevistas semi-
estruturadas com os investigadores do caso. Os resultados revelaram que o tráfico de drogas
possui interfaces com outras formas de crimes; cria novos significados para as drogas
na relação entre fornecedor e usuário dependente e que não existe limites na interação
violenta no mercado das drogas, para obter os resultados desejados. Ficou evidenciado
que o enfrentamento das drogas necessita de novo enfoque, visto que o modelo em vigor,
de premissas proibicistas, mostra-se fatigado e não responde aos objetivos para os quais foi
estabelecido; ao contrário, propiciou o fortalecimento e a expansão do seu mercado ilegal.
Dessa forma as evidências encontradas neste caso específico poderão subsidiar, reforçar
e colaborar com propostas que visem encontrar novos paradigmas de enfrentamento para
a questão das drogas, pautados em ações de redução de danos.

Palavras-chave: Tráfico de drogas; Homicídio; Proibicismo.


Eixo temático: Redução da Oferta.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral.
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa com resultados finais.

197
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

MULHERES E DROGAS: A HOMOGENEIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE

Liana de Menezes Bolzan* (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Maria
Isabel Barros Bellini (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

A presente escrita apresenta alguns dos resultados encontrados na pesquisa desenvolvida


no Mestrado em Serviço Social, que possui como temática o uso de drogas realizado por
mulheres. Objetivando analisar como as políticas de saúde e de saúde mental abordam
as transversalidades de gênero referentes às mulheres usuárias de drogas. Este estudo
caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa, orientada pelo referencial dialético-
crítico presente em toda a construção da pesquisa, a partir das categorias historicidade,
contradição e totalidade. Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram: o grupo
focal com trabalhadores e a entrevista semiestruturada com as usuárias dos serviços
pesquisados. Os resultados das análises apontam que a incipiente abordagem de gênero
nas políticas públicas para as mulheres e o uso de álcool e outras drogas refletem na
atenção à saúde das mulheres nos diferentes níveis de atenção, com a homogeneização do
cuidado, através do atendimento realizado para ambos os sexos ocorrem da mesma forma,
sem haver atenção às especificidades de gênero. Por isso, a articulação entre gênero e
uso de drogas é de suma importância para compreender as particularidades do universo
feminino e assim desenvolver um processo de cuidado integral para as mulheres que fazem
uso de drogas.

Palavras-chave: Mulher; Drogas; Atenção à Saúde.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

198
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

MÃES USUÁRIAS DE DROGAS DO CAPS AD III DE VITÓRIA E A PERDA DA GUARDA


DOS FILHOS

Leila Marchezi Tavares Menandro* (Universidade Federal do Espírito Santo), Rafaela


Soares da Silva Uliana (Universidade Federal do Espírito Santo).

Tendo como objetivo analisar os cuidados infantis das mães, usuárias de drogas em
tratamento no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD III) de Vitória
(ES), para refletir as implicações desses cuidados com a perda da guarda de seus filhos,
optou-se por realizar uma pesquisa de abordagens quantitativa e qualitativa. Por meio de
análise de prontuários eletrônicos, identificamos, entre os anos de 2013 e 2014, um grupo
de 41 mulheres que chegou ao serviço com a perda ou iminência da perda da guarda de
seus filhos. No aspecto qualitativo – ao qual nos ateremos aqui – utilizamos os elementos
trazidos por meio de entrevistas temáticas, baseadas no método da História Oral. Para
selecionar as entrevistadas, seguimos os critérios: ter perdido a guarda dos filhos ou estar
na iminência de perdê-la; estar em tratamento no CAPS AD III como forma de condicionante
para resgatar a guarda ou permanecer com os filhos; e consentir ser entrevistada. Sendo
assim, entrevistamos três das 41 mulheres, a fim de elucidar sobre o nosso problema de
pesquisa e dar voz a esse público que é tão estigmatizado socialmente. Desse modo,
nos foram relatadas as formas como elas entendem os cuidados com os filhos, a relação
com o uso de substâncias psicoativas, com o tratamento e com as instituições envolvidas.
Constatamos que cuidar, para as mães entrevistadas, vai além de prover necessidades
materiais: é dar amor, carinho, atenção, ou seja, a dimensão do afeto se sobrepõe aos
aspectos materiais. Essas mães avaliam suas formas de cuidado de forma positiva,
compreendendo que esse cuidado é desempenhado melhor por elas do que por outras
pessoas. É no percurso de perda ou ameaça de perda da guarda dos filhos que essas mães
acessam o CAPS AD III. No que diz respeito a esse serviço, as mães se posicionaram de
forma positiva principalmente no que diz respeito às acomodações, refletindo a precária
situação de moradia à qual são submetidas. Quanto a outras instituições, os relatos das
mães que perderam a guarda dos seus filhos revelam situações extremas de retirada das
crianças no interior das escolas e/ou creches. Duas entrevistadas nos relataram essa
violência. Esse fato responde, em parte, à questão dessas mães não avaliarem a escola
como uma instituição que contribui com o cuidado às crianças, uma vez que se configura
mais como uma instituição de controle que está aliada ao Conselho Tutelar. Também
os equipamentos de saúde são compreendidos como instituições de controle, como é o
caso das Unidades Básicas de Saúde e dos hospitais. No caso de uma das mães, seu
bebê recém-nascido foi retirado, ainda na maternidade pela Polícia Militar, acionada pelos
membros do Conselho Tutelar. Dessa forma, percebemos que o que parece incomodar às
instituições não é o fato de faltarem cuidados às crianças por parte das mães usuárias de
drogas, mas sim desses cuidados não se adequarem ao padrão burguês, evidenciando que
existe uma dimensão cultural do entendimento dos cuidados infantis.

Palavras-chave: Mães; Drogas; Cuidados infantis; Perda da guarda; Caps ad III.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

199
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

“NEM TUDO PELO CRACK”: UMA LEITURA SARTREANA ACERCA DA QUESTÃO DA


LIBERDADE ENTRE USUÁRIOS DE CRACK.

Rafael Torres Azevedo* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro/Universidade Federal


de Uberlândia), Thabata Telles (Universidade Federal do Triângulo Mineiro)

A dependência em drogas é um assunto complexo e multideterminado, não sendo possível


estabelecer um único fator como fonte de explicação para o seu uso. O crack, uma droga
derivada da cocaína, possuí efeitos intensos e por isso, o usuário pode ter uma relação
exclusiva com essa droga. Assim, o uso do crack tem desafiado a comunidade científica
e as políticas públicas quanto às possibilidades de tratamento e reinserção psicossocial
do usuário. Um dos impeditivos para sair do vício é o desejo constante de fazer o uso da
droga (fissura), que é definida por especialistas da Organização Mundial da Saúde como
uma vontade de ter novamente a experiência dos efeitos de uma substância. Apesar do
crack ser uma droga com um alto poder de vício e a fissura demonstrar isso, observou-
se pela pesquisa de iniciação científica realizada, nos anos de 2012 e 2013, vinculada à
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, que há alternativas a serem exploradas pelos
usuários. Este estudo trata da discussão teórica a partir de um dos resultados da pesquisa
realizada no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas de Uberaba. A pesquisa tinha
o objetivo de verificar o que os usuários de crack vivenciavam no momento de fissura,
assim, para esse estudo, foi necessário a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa e
a aceitação por parte da instituição e dos usuários do local. A partir desse procedimento
foram realizadas as entrevistas, que posteriormente foram transcritas para serem feitas as
análises. Nessa etapa, 6 pessoas foram diagnosticadas como dependentes do crack, a
partir da codificação do CID-1 (F14.2: transtornos mentais e comportamentais devidos ao
uso de cocaína - síndrome de dependência e F14.3: transtornos mentais e comportamentais
devidos ao uso de cocaína – síndrome de abstinência). Todas realizaram entrevistas
abertas, com a seguinte pergunta disparadora: Como você vivencia a fissura pelo crack?
Os entrevistados foram escutados dentro da perspectiva fenomenológica, com intervenções
que demonstraram compreensão dos relatos. As entrevistas duraram cerca de 40 minutos
e o número de participantes entrevistados seguiu o critério de saturação dos dados. Em
seguida, foram cessadas as entrevistas e iniciadas a análise dos resultados. Feita a análise
fenomenológica dos relatos chegou-se à quatro temas experienciais, sendo um deles
“Nem tudo pelo crack”, indicando que apesar da fissura, muitos usuários não são capazes
de se submeterem a certas situações. Este resultado foi discutido a partir da perspectiva
fenomenológica-existencial de Sartre. Os conceitos de liberdade, responsabilidade,
projetos de vida, má-fé, do Outro e as relações intersubjetivas foram essenciais para a
compreensão dessas vivências. Muitas vezes, estes usuários são vistos como objeto (em-
si, na perspectiva sartreana), quando na verdade são capazes de exercer sua liberdade e
assumir a responsabilidade de suas escolhas.

Palavras-chave: Crack; Fissura; Liberdade.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa com resultados finais

200
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O ACOLHIMENTO DA FAMÍLIA SOB A ÓTICA DE PROFISSIONAIS E FAMILIARES NA


ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

Gabrielle Leite Pacheco Lisbôa* (Universidade Federal de Alagoas), Mércia Zeviane Brêda
(Universidade Federal de Alagoas), Maria Cícera dos Santos de Albuquerque (Universidade
Federal de Alagoas)

Para atender às demandas específicas da população com problemas decorrentes do


uso de álcool e de outras drogas, foram criados os Centros de Atenção Psicossocial em
Álcool e outras drogas (CAPS ad), dispositivos substitutivos da atenção à saúde mental
cujas práticas se caracterizam por ocorrerem em ambiente acolhedor, com o objetivo de
oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, e o propósito de realizar
o acompanhamento clínico e a reinserção social dos indivíduos pelo acesso ao trabalho,
lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. A
problemática da droga no entanto, não afeta somente as pessoas que fazem uso abusivo
ou dependente, mas também os que lhes são mais próximos. Isso porque ela interfere
progressivamente nos laços afetivos, comprometendo os relacionamentos sociais, de forma
que os vínculos familiares se fragilizam e frequentemente rompem-se, marginalizando o
indivíduo progressivamente. Cabe ao CAPS oferecer suporte e apoio aos familiares para
manutenção e fortalecimento desses vínculos. Esta pesquisa qualitativa, realizada de
março de 2012 a fevereiro de 2014 objetivou identificar e analisar concepções e práticas
de acolhimento aos familiares de usuários de drogas, na perspectiva de familiares e de
profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas do nordeste
brasileiro. A coleta de dados foi realizada por entrevista semiestruturada com uso de roteiro
previamente elaborado. A análise dos dados foi guiada por Bardin e sua discussão por
Merhy. Os resultados evidenciaram o acolhimento como ato de receber. Para profissionais,
trata-se de recepção administrativa, triagem e repasse de informações. Para familiares,
é ser bem recebido sempre. A prática, presente nas relações em que há o encontro
profissional-usuário, materializa-se nos grupos de família e na escuta. Conclui-se que o
acolhimento pode ser utilizado como estratégia de inclusão da família no contexto dos
serviços substitutivos, porque, a partir dos vínculos criados nos espaços de acolhimento
e escuta, a família pode se sentir fortalecida para lidar com o sofrimento psíquico e ter a
possibilidade de reorganizar seu núcleo familiar.

Palavras-chave: Acolhimento; Família; Serviços de Saúde Mental.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

201
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

Título: O ADOLESCENTE E O USO DE DROGAS: A POSSIBILIDADE DE CUIDADO


NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL INFANTOJUVENIL

Helena Pereira dos Reis e Valéria Rodrigues* (Escola Nacional de Saúde Pública- ENSP)

A presente pesquisa foi desenvolvida a partir da minha inserção como residente em um


Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) da Área Programática (A.P) 3.3, no
ano de 2014, no município do Rio de Janeiro. O estudo em continuidade através do mestrado
em saúde pública na Escola Nacional de Saúde Pública tem objetivo analisar a possibilidade
de cuidado, no dispositivo de saúde mental criado a partir da consolidação legal da Reforma
Psiquiátrica, o CAPSi aos adolescentes que fazem uso de drogas. Observou-se a partir da
prática como residente, de que a clientela mencionada não tem acessado ao serviço, apesar
de ser um território em que são amplamente conhecidas algumas cenas de uso de drogas e
onde não existia um Centro de Atenção Psicossocial para álcool e outras drogas (CAPSad).
Isto é, no momento do surgimento da inquietação com o tema proposto o CAPSi era o único
serviço de atenção psicossocial destinado a crianças e adolescentes do território acima
descrito. Recentemente, a rede recebeu seu primeiro CAPSad. Nos poucos momentos em
que foi vivenciada a chegada dessa clientela percebeu-se que, quando acessa, a equipe
se depara com dificuldades que geram impasses nas conduções dos casos. A temática
vem sido discutida nos fóruns de saúde mental da área e na supervisão de equipe a fim de
produzir estratégias de acompanhamento ao público, que faz uso de drogas. Foi realizado
uma busca bibliográfica em banco de dados e documentos de acesso público e irrestrito
cruzando as palavras-chave CAPSi e uso de drogas, bibliotecas eletrônicas, com periódicos
brasileiros, acrescentou-se à pesquisa os textos/recomendações das quatro Conferências
Nacional de Saúde Mental, as Recomendações do Fórum Interinstitucional e do Fórum
Nacional para Atendimento em Saúde Mental de Crianças e Adolescentes do Estado do Rio
de Janeiro, bem como os anais do Primeiro Congresso Brasileiro de CAPSi. Observou-se
uma produção acadêmica direcionada para a discussão do CAPSi, enquanto um lugar que
preferencialmente, visa o cuidado de autistas e psicóticos graves.Porém, isso não exclui
sua responsabilidade em outros casos da infância e adolescência, que envolvem uso de
drogas. Foi identificado que esse cuidado apresenta muitos impasses a serem enfrentados.
Ainda não há um consenso se o mesmo é possível ou não no CAPSi, tendo em vista
dificuldades nas práticas que apontam para a necessidade de formação para as equipes e
para uma reestruturação do CAPSi para receber tal público. Contudo, entende- se como a
diferença do CAPSi para a rede, o próprio significante relacionado ao nome do dispositivo
de saúde mental infantojuvenil sob a égide da atenção psicossocial. Preconiza-se uma
aposta na adolescência. Ou melhor, uma aposta no sujeito adolescente, o que é anterior
e independente ao uso da droga. Acredita-se no CAPSi como dispositivo viabilizador de
acesso ao cuidado e como disparador de cuidado ao adolescente que faz uso de drogas.

Palavras-chave: CAPSI; Adolescente; Uso de Drogas


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

202
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS
O APOIO MATRICIAL NO CAPS AD III VITÓRIA/ES: ENTRE DESAFIOS E POSSIBILI-
DADES

Adriana Aparecida Miranda (CAPS AD III Vitória), Claudia Cardoso Reis Cardoso de Mello
(CAPS AD III Vitória), Cybele Mendonça Ribeiro Batista (CAPS AD III Vitória), Isabel
Cristina Santos (CAPS AD III Vitória), Maria Alice de Oliveira Pinto (CAPS AD III Vitória),
Luciana Alvarenga Alves (CAPS AD III Vitória), Luciana Maria Borges* (CAPS AD III Vitória),
Luciene Bittencourt Pinheiro (CAPS AD III Vitória), Maria das Graças Macedo Seabra de
Melo (CAPS AD III Vitória), Maristher Sarmento Braga (Centro de Atenção Psicossocial
Álcool e Outras Drogas III Vitória), Raquel Virginia Médice (CAPS AD III Vitória), Rosana
Menezes Marangoni (CAPS AD III Vitória), Rosimere Soares de Sousa Lionízio (CAPS AD
III Vitória), Scheila Silva Rasch (CAPS AD III Vitória), Valter Molulo Moisés (CAPS AD III
Vitória),Vera Cristina Mendes de Moraes (CAPS AD III Vitória)

Introdução: O apoio matricial é uma política em saúde mental na atenção básica, sendo
função específica do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas com vistas a aprimorar
a interlocução entre os serviços, ao fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial, à
discussão conjunta dos casos clínicos acompanhados pelos profissionais das equipes,
a realização de projetos terapêuticos singulares compartilhados entre os serviços, em
direção à construção de uma clínica de cuidados em saúde ampliada dirigida às pessoas
em sofrimento psíquico decorrentes do consumo abusivo ou dependente de substâncias
psicoativas. Neste trabalho, evidenciamos o percurso feito pelos profissionais, considerando
os desafios e as possibilidades encontrados na construção do trabalho de apoio matricial,
na atenção aos usuários de substâncias psicoativas. Objetivos: Compartilhar os desafios
e as possibilidades na experiência de construção e consolidação do trabalho de apoio
matricial na atenção básica no município de Vitória. Metodologia: Trata de experiência
do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, iniciada em 2006, que se efetiva até
a presente data, realizada pelos profissionais do serviço que, agrupados por duplas de
trabalho, distribuídos por regiões de saúde (ao todo seis), atuam nas Unidades de Saúde,
realizando encontros mensais, quinzenais ou de acordo com a solicitação das equipes de
saúde, respeitando-se as singularidades de cada região e/ou de cada unidade. Resultados:
Destacamos a reorganização do trabalho do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e
Drogas na revisão de posturas, práticas e atividades em seu cotidiano, favorecendo
momentos de tensionamento, discussão sobre o processo de trabalho, e a consolidação
do apoio matricial como prática de trabalho do serviço, conforme preconiza a legislação
do Ministério da Saúde, em Saúde Mental. Ressaltamos a reorganização do trabalho das
equipes da atenção básica para a inclusão dessa prática nas Unidades de Estratégia de
Saúde da Família ou Unidades Básicas de Saúde, considerando que o município não tem
cobertura total Saúde da Família. Evidenciaram-se diferentes modos de aceitação, de
recusa e de compreensão desse trabalho tanto por parte dos profissionais da atenção
básica, quanto dos dispositivos da Rede. Merece destaque o alcance de uma vinculação
e o estreitamento da relação entre profissionais da Rede de serviços de saúde, além da
apropriação e co-responsabilização dos casos acompanhados. Considerações finais: O
apoio matricial realizado de forma regular garante o fortalecimento da Rede de Atenção
Psicossocial em cada região de saúde, promove a discussão e acompanhamento conjunto
dos casos pelas equipes e, principalmente, fortalece a solidariedade e a construção coletiva
de saídas potentes para o manejo clínico e das diferentes situações trazidas pelos usuários,
as quais muitas vezes são consideradas fatalistas, sem possibilidade de outros desfechos
de produção de novos sentidos de vida.

Palavras-chave: Apoio Matricial; Saúde Mental; Atenção básica


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência
203
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O CAPS AD III E A UNIDADE DE ACOLHIMENTO ADULTO - UAA COMO DISPOSITIVOS


DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL, E OPERADORES NA (RE) CONSTRUÇÃO
DE LAÇOS SOCIAIS E COMUNITÁRIOS DOS SUJEITOS POR ELES ASSISTIDOS

Priscila dos Santos Peixoto Borelli Tavares*(Centro de Atenção Psicossocial III Antônio
Carlos Mussum), Natália Soares(Centro de Atenção Psicossocial III Antônio Carlos Mussum),
Rogério Ferreira (Centro de Atenção Psicossocial III Antônio Carlos Mussum)

A reforma psiquiátrica trouxe à tona a necessidade de se pensar e reconstruir a rede de


Saúde Mental. Esse movimento vem lançando mão de novas tecnologias de cuidado a
pessoas com transtorno mental, o que não se coloca de forma distinta a atenção às pessoas
em sofrimento psíquico relacionados ao uso prejudicial de álcool e/ou outras drogas, numa
perspectiva outra, que visa superar o modelo determinante da institucionalização dos
hospitais psiquiátricos. O movimento da reforma ganha estofo a partir da Lei 10.216 de
2001, na qual um novo paradigma de tratamento é descrito, desvinculando o mesmo da
internação como única forma de tratamento, o que nos convocou a reorientar o modelo
assistencial prestado a estes sujeitos. É neste novo cenário que a Portaria 366/2002
regulamentou o modelo de atenção, a partir dos Caps - Centro de Atenção Psicossocial, e
a Portaria 121/2012 regulamentou a UAA, como dispositivos de cuidados, de base territorial
e comunitária, que entre suas vertentes, visam promover ações de (re) construção e (re)
invenção dos laços sociais e comunitários, diante da permanente articulação “intra” e “inter”
setoriais, pautados em práticas de saúde que considerem o sujeito e sua singularidade.
Para este escrito, tomou-se como base o trabalho diário desenvolvido pelo Caps AD III
Antônio Carlos Mussum, e a UAA a ele vinculado, situado no bairro de Curicica, Rio de
Janeiro. Através de comunicação oral, a proposta é apresentar a partir de um caso clínico, a
importância destes serviços na rede de saúde mental, e a sua parceria com a rede de saúde,
a rede intersetorial, e ainda a rede informal de cuidados. Para o caso analisado, o ponto de
partida foi a construção do PTS - Projeto Terapêutico Singular, instrumento este que auxilia
a equipe a balizar e operacionalizar uma direção de trabalho para o acompanhamento da
usuária. O caso em tela aponta para a importância do acompanhamento no território e da
articulação intersetorial, pois a usuária circula por diversos territórios da cidade do Rio de
Janeiro e para diminuir os danos causados pelo uso abusivo de drogas foi necessário articular
diversos dispositivos como a atenção básica, consultório na rua, outros CAPS, CREAS,
entre outros. A entrada do dispositivo CAPS AD III possibilitou que fosse interrompido um
ciclo de manejos do caso, que se baseava apenas na internação psiquiátrica, e possibilitou
a inclusão de uma rede de cuidados, incluindo nesta rede o leito do Caps a atenção à
situações de crise. Ressalta-se que estes, entre outros casos, demonstram a importância da
singularidade do cuidado a cada um e a possibilidade de novos arranjos a seu cotidiano. Faz
parte do mandado da equipe do Caps e da UAA poder emprestar-se quanto profissionais,
de forma a agenciar e oferecer recursos necessários para produção de vida, de maneira
que se operacionalize a (re) criação de seus laços, diante da aposta de novos sentidos e
contornos a seus sofrimentos.

Palavras-chave: Caps AD; UAA; Rede; Laços sociais


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

204
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O CONSUMO DE ALCOOL E OUTRAS DROGAS ENTRE USUÁRIOS ATENDIDOS EM


EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA DE UM HOSPITAL GERAL NO NOROESTE DO ESTADO
DO PARANÁ

Bruno Maschio Neto (Universidade Estadual de Maringá), Aline Balandis Costa*(Universidade


Estadual do Norte Paraná), Rosangela Christophoro, Maria Angélica Pagliarini Waidman,
Alan Henrique De Lazari, Magda Lúcia Félix de Oliveira, Ieda Harumi Higarashi (Universidade
Estadual de Maringá).

O uso e abuso de substâncias lícitas e ilícitas transformaram-se em um problema global


grave de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que a substância
psicoativa mais consumida no mundo é o álcool, apesar das diferenças socioeconômicas
e culturais entre os países e o relatório mundial sobre drogas de 2008 descreve que, em
relação às drogas ilícitas, a cocaína foi a substância psicoativa com maior aumento de
consumo entre a população brasileira. O objetivo do estudo foi identificar e caracterizar
o consumo de álcool e outras drogas entre usuários que passaram por avaliação médica
na Emergência Psiquiátrica de um hospital público do interior paranaense. Trata-se de
uma pesquisa exploratória, descritiva com análise quantitativa dos dados. Para a coleta de
dados utilizou-se de todos os prontuários de pacientes submetidos à avaliação médica na
emergência psiquiátrica no ano de 2008. Foram incluídas neste estudo somente diagnósticos
relacionados ao alcoolismo e uso de drogas ilícitas. Foram avaliadas as variáveis: sexo,
idade, diagnóstico, encaminhamento e internação. Os dados foram analisados por meio
de estatística descritiva. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em
seres humanos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) sob o parecer no110/2007. A
distribuição dos pacientes usuários de bebidas alcoólicas atendidos neste hospital apontou
que dos 1159 pacientes, 104 (8,98%) eram do sexo feminino e 1055 (91,02%) do sexo
masculino. A faixa etária predominante foi de 31 a 50 anos (68%). Do total de pacientes
atendidos, 439 (37,88%) foram encaminhados ao hospital psiquiátrico e 298 (25,75%)
foram encaminhados ao CAPS-AD do município, o restante acabou sendo encaminhado
para outras instituições ou para o domicilio. A distribuição dos pacientes usuários de outras
drogas também atendidos no hospital de estudo, mostrou que dos 1045 usuários de
drogas, 154(10,90%) eram do sexo feminino e 891(89,10%) do sexo masculino, somente
74 (23,42%) das mulheres foram internadas, enquanto que no sexo masculino, 242
(76,58%) necessitaram de internação. Outra característica apontada no estudo diz respeito
ao diagnóstico dentre os 316 pacientes internados, sendo o mais comum relacionado aos
Transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de cocaína, seguido pelos
transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de múltiplas drogas e outras
substâncias psicoativas. A caracterização dos pacientes atendidos em função do consumo
de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas evidenciou um consumo de predominante entre
indivíduos do sexo masculino, afetando uma faixa etária produtiva da população, denotando
a necessidade de intervenções e políticas públicas de atenção continuadas que possam
atenuar as repercussões nocivas desta problemática na sociedade

Palavras-chave: Alcoolismo; Drogas ilícitas; Saúde pública.


Eixo Temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

205
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O CUIDADO À FAMÍLIA COMO INSTRUMENTO INTEGRADOR DO TRATAMENTO A


USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS: UMA EXPERIÊNCIA

Denis Fernandes da Silva Ribeiro (Universidade do Grande Rio Professor José de Souza
Herdy/PET-Saúde Redes), Cristiane Medeiros dos Santos* (Universidade do Grande Rio
Professor José de Souza Herdy /PET-Saúde Redes), Maria Clara Wanderley Provenzano
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal de Saúde de Duque de
Caxias/ PET-Saúde Redes).

Introdução: Com a reorganização da assistência em saúde mental advinda da Reforma


Psiquiátrica e pela instituição da Lei federal nº 10.216 de 6 de abril de 2001, inúmeras
estratégias foram criadas para assistir os indivíduos reinseridos ao convívio social, e dentre
elas estão os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Junto às modalidades existentes
de CAPS, está o CAPS Álcool e Drogas (CAPS AD), que é um serviço específico para o
cuidado integral e continuo dos sujeitos com demandas relacionadas ao uso e abuso de
álcool, crack e outras drogas. As atividades voltadas à reabilitação psicossocial realizadas
no CAPS AD são variadas, dentre as quais podemos citar o atendimento à família. Objetivos:
Descrever o funcionamento de um grupo terapêutico de familiares em um Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas; e apontar o papel da família no tratamento a usuários com
transtornos decorrentes do uso/abuso de álcool, crack e outras drogas. Metodologia: O
presente estudo se trata de uma pesquisa qualitativa, de teor descritivo e do tipo relato
de experiência. A experiência se deu entre os meses de outubro de 2014 a maio de 2015,
por meio da inserção no CAPS AD III Renato Russo no município de Duque de Caxias –
RJ, a partir da participação no projeto de iniciação científica Programa de Educação pelo
Trabalho para a Saúde – (PET-Saúde). Resultados: Dentre os serviços oferecidos pelo
dispositivo está o Grupo Terapêutico de Familiares, que é o foco deste estudo. A participação
se deu nos grupos realizados por uma assistente social e uma psicóloga do CAPS AD, nos
quais a metodologia utilizada para mediação foi a roda de conversa. Foram levantadas
questões e temáticas sobre assuntos variados e estratégicos, de modo a que fossem
oferecidas intervenções do profissional que coordenava o grupo a partir da fala dos sujeitos.
Percebemos que para mediação desse processo é necessário que o profissional saiba,
sobretudo, ouvir e que pratique uma escuta qualificada, implicada e reflexiva. Observamos
que esses espaços para participação da família são de grande relevância para um tratamento
eficiente e para a adesão dos sujeitos às condutas traçadas pelos profissionais, uma vez
que todo seio familiar é alvo de intervenções. O profissional deve conceber a família como
parceira do cuidado e acolher os argumentos e os discursos apresentados para traçar
condutas que sejam adequadas e resolutivas. Considerações finais: Conclui-se que o
grupo de familiares é de suma importância como ferramenta terapêutica para tratamento
dos sujeitos com transtornos decorrentes do uso/abuso do álcool e outras drogas, uma vez
que a família é uma das instituições mais relevantes que está envolvida com a vida dos
sujeitos e tem o papel de apoiar o tratamento. Essas estratégias servem como instrumento
para empoderamento da família a partir do compartilhamento de saberes.

Palavras-chave: Cuidado; Família; Drogas de Abuso;


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

206
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Título:O DESAFIO DA DESCONSTRUÇÃO DE CODEPENDÊNCIAS: O TRABALHO


COM FAMÍLIAS NO CAPS AD III VITÓRIA/ES

Luciano Azevedo Alves Machado (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III
Vitória), Maria das Gracas Macedo Seabra de Melo* (Centro de Atenção Psicossocial
Álcool e Drogas III Vitória), Marta Jorge Fernandes (Centro de Atenção Psicossocial Álcool
e Drogas III Vitória), Rosana Menezes Marangoni (Centro de Atenção Psicossocial Álcool
e Drogas III Vitória), Scheila Silva Rasch (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas
III Vitória)

Introdução: A codependênca ou cegueira familiar significa a mistura simbiótica às práticas


de consumo do sujeito usuário de drogas como pagamento de dívidas referente à compra
de drogas, sustentação do consumo no âmbito familiar, afastamento ou retaliação do
sujeito do contexto familiar. Nesse sentido, o trabalho com famílias é uma das atividades
fundamentais do serviço na desconstrução de codependências estabelecidas no sistema
familiar de pessoas em sofrimento psíquico decorrentes do consumo abusivo ou dependente
de substâncias psicoativas. Para este trabalho evidenciamos os desafios do atendimento
com os familiares no serviço com vistas a compreensão por esses familiares do tratamento
e também das alianças estabelecidas nesse circuito. Objetivos: Elencar os desafios da
desconstrução do processo de codependência entre sistema familiar e usuário de drogas.
Metodologia: Trata de uma experiência efetivada pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool
e Drogas III, de Vitória, desde 1997, mediante o Grupo de Familiares, com familiares de
sujeitos em tratamento ou não, aberto, de tempo indeterminado, com até 15 participantes,
coordenados por técnicos do serviço em duplas ou individualmente, semanalmente, com
utilização de relatos, vivências, participação em festividades do serviço, atividades externas
como passeios. Resultados: Destacamos que o grupo favorece a proximidade do familiar
com o serviço, a troca de experiências entre os familiares e funciona como facilitador de
expressão de queixas, dificuldades e o compartilhar de experiências de enfrentamento
nessa temática. Considerações finais: A participação dos familiares no acompanhamento
do processo de tratamento favorece a saída da codependência para a ocupação de espaços
de coparticipação e corresponsabilidade no processo de cuidado realizado por equipe em
atuação transdisciplinar, favorecendo para os implicados no processo, a ampliação do seu
cuidado e de suas redes relacionais.

Palavras-chave: Família; Codependência; Saúde mental; Centro de atenção psicossocial


álcool e drogas.
Eixo Temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

207
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O DESAFIO DO DISCURSO E DA ABORDAGEM DO TEMA DROGAS NAS ESCOLAS


SOBRE UMA PERSPECTIVA DE REDUÇÃO DE DANOS

Camila Dias Leão* (Universidade Federal Fluminense)

O presente trabalho foi construído a partir de diversas reflexões durante minha trajetória
acadêmica, já que a temática “drogas” sempre me chamou atenção, por ter me causado
grande impacto em algumas situações que já presenciei/vivi. Tive a oportunidade de ser
monitora voluntária na disciplina “Drogas, Escola e Cultura: abordagens e perspectivas”, no
período final de minha licenciatura em Pedagogia em 2014, o que colaborou muito para o
amadurecimento da escrita deste trabalho. O maior desafio encontrado não só para a escrita
do meu trabalho, mas principalmente para a uma visão mais ampla e elaborada sobre o tema
é desvincular a questão das drogas da questão da violência, pois mesmo que nos pareça, não
existe uma ligação natural que una essas duas temáticas. Acontece que com a implantação
de uma política pública antidrogas no Brasil e mundo afora, fomos induzidos a pensar
em drogas como sempre vinculadas à violência e às questões decorrentes principalmente
do tráfico. Consideramos, como sociedade civil, este ponto de vista como senso comum
legitimado, correto e natural. Outro desafio da minha escrita é desvincular a questão das
drogas da questão do “problema” drogas. Tento abordar a temática das drogas de forma
a viabilizar uma discussão menos mística e mistificadora, mais ampla e esclarecida das
substâncias e seus sujeitos, sem marginalizar o discurso tal como o tema vem sendo tratado
na maioria das escolas, assim o objetivo do trabalho vem a ser uma análise da forma como
a abordagem sobre o tema drogas está acontecendo na escola, focando a metodologia na
observação de duas escolas públicas (uma situada na parte alta de Miracema/RJ e outra
na parte alta) e seus respectivos modos de abordagem do tema em sua rotina (ambas
utilizavam o PROERD – Programa de Educação e Resistência às Drogas). Minha entrada
em campo a respeito do PROERD (Programa de Educação e Resistência às Drogas), o
qual me dediquei a entender e analisar seus métodos e formas de abordagens na escola
pública, foi relacionada com minha experiência de monitora voluntária em uma disciplina
sobre drogas em um curso de Pedagogia. Portanto, acredito que despir-se dos tabus do
discurso que estão entranhados em nosso entendimento quando se trata do tema “drogas”
e tentar desviar-se dos paradigmas que apontam para a marginalização e estigmatização
do indivíduo/usuário só é possível sob uma abordagem de redução de danos inserida na
escola, já que após a realização da minha pesquisa de campo em sala de aula onde era
ministrado o PROERD, certifiquei que a abordagem proibicionista não é a mais adequada
para lidar com os estudantes já que os afastam e silenciam sobre suas experiências e/ou
dúvidas sobre o tema, apontando assim para a demanda de novas abordagens para se
tratar o tema na escola que sirva de outra opção para essa necessidade.

Palavras-chave: Drogas; Escola; Redução de Danos.


Eixo temático: Atenção, reinserção social e redução de danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

208
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O DISCURSO ANTI DROGAS E SEU PAPEL NAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA


NO ESTADO NEOLIBERAL

Kíssila Teixeira Mendes* (Universidade Federal de Juiz de Fora e Faculdade Machado


Sobrinho)

Resumo: A presente pesquisa se baseia na análise bibliográfica do tema e dados estatísticos


que possam colaborar com os objetivos propostos. Situa suas análises teóricas na Psicologia
Política dialogando com diversas outras áreas afins como as Ciências Sociais, a Ciência
Política, o Direito e a História. O trabalho se torna relevante ao abordar o assunto das drogas
e da segurança pública, questões sociais tão debatidas na atualidade, em uma esfera
macrossocial que seja capaz de mostrar sua intrínseca relação com as ideologias políticas,
no caso estudado o neoliberalismo. Além disso, surge como contraponto à insuficiência do
discurso político na Psicologia. Assim, visa desnaturalizar questões arraigadas, podendo
contribuir não só para a compreensão teórica, mas também para as formas de atuação
na área de políticas públicas. A pesquisa tem o objetivo de compreender, em um primeiro
momento, a lógica neoliberal e sua inserção no Brasil, bem como a presença desta orientação
nas políticas criminais. O processo de construção da pesquisa mosta que a face mais dura
do neoliberalismo nas políticas criminais é o encarceramento que não é direcionado para os
criminosos perigosos, e sim para a juventude dos guetos, principalmente envolvida com o
tráfico varejista que drogas. O “modo à brasileira” do Estado penal, em um país já marcado
por um histórico de desigualdade, se encontra nos discursos de controle da população
das favelas, que são historicamente as mais pobres e afastadas dos meios de produção.
No segundo momento do trabalho, então, é trabalhada a relação do discurso anti drogas,
propriamente, e o neoliberalismo. A partir dos anos 2000 o discurso de enfrentamento às
drogas passa assumir centralidade nas políticas de segurança pública. A globalização das
políticas de tolerância zero transferiu o problema da criminalidade para o âmbito moral,
retirando a responsabilidade das desigualdades geradas pelo capitalismo. Assim, as
políticas de tolerância zero não correspondem a um aumento real da criminalidade, e sim a
uma necessidade de controle das classes pobres. No plano internacional, cresce o discurso
de guerra contra as drogas, até mesmo como prerrogativa para os demasiados custos
bélicos. Dessa forma, a título de conclusão, a partir da análise histórica social do Brasil (que,
em muitos sentidos, se estruturou em consonância com o ideário neoliberal), é possível
observar a reprodução de um Estado punitivo que visa o encarceramento e o controle das
classes excluídas dos meios de produção, colaborando para a criação de um estereótipo
de inimigo comum para a sociedade (que, de forma contraditória, é também a mais vitimada
pela dita violência urbana): pobre, negro, jovem e do sexo masculino. Apesar das diferentes
posições governamentais que ocuparam o poder desde a redemocratização brasileira, os
principais investimentos em segurança pública ainda se concentram na repressão com
grande parte dos Projetos de Lei que apontam para valores punitivos.

Palavras-chave: Neoliberalismo; Brasil; Drogas; Política; Segurança Pública.


Eixo temático: Redução da Oferta
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

209
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O ESTRESSE PRECOCE COMO FATOR DESENCADEANTE DO CONSUMO DE


ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS: UM ESTUDO DE REVISÃO

Ronivon Macedo da Silva* (Faculdade Mineirense–FAMA), Elton Brás Camargo Júnior


(Universidade de Rio Verde), Eliza Cristina Miranda de Freitas (Faculdade Mineirense–
FAMA), Edilaine Cristina da Silva Gherardi Donato (Universidade de São Paulo)

Desde os primórdios da história o homem consome algumas substâncias que produzem


efeitos sobre o seu comportamento. As modificações nas últimas décadas das condições
sociais e culturais das civilizações contribuíram para que intensifica-se o consumo dessas
substâncias A dependência química é considerada uma doença crônica e recorrente, que se
caracteriza por um padrão compulsivo do consumo de substâncias, sendo uma problemática
complexa influenciada por diversos fatores de risco que determinam o seu grau de consumo.
Os fatores de risco podem ser de natureza biológicos, psicológicos, e sociais, sendo o fator
de natureza social o que possui as características fundamentais para o desenvolvimento
do estresse precoce, um fenômeno amplo que define os diferentes traumas sofridos na
infância. Este estudo objetivou analisar a associação entre o estresse precoce e o consumo
de álcool e outras drogas. Foi realizado uma revisão bibliográfica das publicações científicas
com a temática estresse precoce e consumo de álcool e outras drogas, na biblioteca
Virtual Bireme, tendo sido consultada a base de dados Lilacs e Medline e no Scientific
Electronic Library Online (SCIELO). Os critérios de inclusão foram: artigos disponíveis em
texto completo, publicados em português, compreendidos entre os anos de 2000 a 2014.
Os critérios de exclusão foram: artigos que não tinham como finalidade a investigação da
temática estresse precoce e consumo de álcool e outras drogas e encontravam-se fora da
data de publicação pré-definida. Ainda é escassa a produção científica brasileira acerca
da relação entre o estresse precoce e o consumo de drogas. Após a realização da revisão
constatamos que entre os fatores de riscos sociais para o desenvolvimento da dependência
química, houve grande prevalência entre a baixa escolaridade, e um ambiente estimulador
do consumo de drogas. Observamos há exitência de diferentes experiencias traumaticas
na infância, sendo o abuso fisico o mais prevalente, estimando-se que uma a cada 5000
crianças morrem por ano no mundo em sua decorrencia. Verificamos que indivíduos que
apresentam psicopatologias graves na vida adulta, podem ter sido vítimas de abusos
frequentes durante a infância. Concluímos que entre os autores há um grande interesse
em estudar a relação entre as vivências traumáticas precoces e os transtornos psicóticos
primários, sendo o estresse um fator que não incide somente na vida adulta, ocorrendo
também na fase de desenvolvimento infantil, podendo contribuir para o desenvolvimento de
alguns transtornos mentais, entre eles a dependência química.

Palavras-chave: Estresse Precoce; Dependência Química; Traumas Psicológicos


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho:Relato de Pesquisa

210
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O IMAGINÁRIO SOCIAL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ACERCA DAS PESSOAS


QUE USUAM DROGAS COMO UMA PROBLEMÁTICA PARA A EFETIVAÇÃO DA
CLÍNICA ANTIMANICOMIAL

Alana de Oliveira Lima* (Faculdades Nordeste Devry Brasil- Fanor), Mariana Tavares
Cavalcanti Liberato (Faculdades Nordeste Devry Brasil- Fanor)

O presente trabalho tem o intuito de discutir a prática do Estágio Específico dos estudantes
do último ano do curso de Psicologia com ênfase em Saúde Mental realizada em um
CAPSAd, localizado na cidade de Fortaleza-CE, tendo duração do período de imersão no
campo de quatro meses.O trabalho buscou a partir da imersão no campo, compreender a
conjuntura que o serviço estava e as relações de poder existentes para pensar juntamente
com a equipe possibilidades de uma assistência mais humanizada, baseada na Política
Nacional de Humanização (PNH) e pautada nos preceitos da Reforma Psiquiátrica, além
de uma problematização acerca do imaginário que eles tinham sobre os usuários de
drogas. O objetivo geral foi construir novos processos de trabalho, à luz do paradigma
da desinstitucionalização, por meio do diálogo e parceria com os funcionários do serviço.
Os objetivos específicos foram: compreender o funcionamento do CAPSAd; criar espaços
de diálogos com os funcionários do serviço;sensibilizar os funcionários do serviço acerca
de suas práticas. A metodologia utilizada foi a observação-participante, por meio da
implicação dos estagiários para com o serviço. Realizamos o processo de territorialização
com a finalidade de conhecer a instituição, os processos de trabalho, as ações realizadas,
os modelos de gestão, entre outros e, posteriormente, traçamos intervenções que
possibilitassem a efetivação de um cuidado em saúde mental. Nos resultados obtidos foram
percebidos que os modos de atuação e discursos dos profissionais eram desconexos ao
que preconiza a Reforma Psiquiátrica. No momento das discussões, a equipe demonstrava
está um pouco perdida nos processos de trabalho e culpabilizava os usuários, referindo-
os como manipuladores e violentos e esse discurso se repetiu durante todo o período que
ficamos no serviço. A experiência no campo nos possibilitou uma visão mais aprofundada
das forças que permeiam a saúde mental na cidade e que a todo o momento as forças
manicomiais teimam em vir à tona. É inimaginável saber e presenciar que a RAPS do
município tem o hospital psiquiátrico e as comunidades terapêuticas como principais
pontos de sustentação. A Reforma Psiquiátrica Brasileira como foi pensada e implantada
está totalmente descaracterizada dos seus reais objetivos. A atual conjuntura da saúde
mental na cidade não favorece a construção de novas possibilidades dentro dos serviços
substitutivos, entretanto, temos que criar pontos de resistência para o melhoramento e
aprimoramento dos processos de trabalho, pois os impactos tanto negativos como positivos
respingam diretamente nos usuários e familiares. Além disso, a formação universitária é
bastante deficitária em relação às políticas públicas, criando uma lacuna entre teoria e
prática, dificultando a construção conjunta de novas sociabilidades e produção de vida dos
usuários e familiares e reforçando/legitimando a cultura manicomial e hospitalocêntrica.

Palavras-chave: Reforma psiquiátrica; Autonomia; Direitos humanos;


Desinstitucionalização.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

211
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O IMPACTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA VIDA DE FAMILIARES DE INDIVÍDUOS


DEPENDENTES QUÍMICOS

Isa Magesti Corrêa Netto* (Universidade Federal de São João del Rei)

O presente trabalho se caracteriza pelo relato de uma pesquisa de iniciação científica


realizada na Universidade Federal de São João del-Rei, intitulada ‘‘Estudo sobre o impacto
do transtorno por abuso de substâncias na vida de familiares de indivíduos dependentes
químicos’’. A iniciação científica teve como tema a dependência química e suas implicações
na vida de familiares de usuários de droga. Apresentou como objetivo investigar os impactos
do vício na rotina de dependentes químicos e, sobretudo, na rotina de sua família. Para
isto, foram observados diversos aspectos que envolvem o estilo de vida adotado por estes
familiares diante da dependência química de um ente. Dentre estes aspectos destacam-se:
a forma com que lidam com a dependência química; se aceitam ou se revoltam; se deixam
ou adiam compromissos para cuidar do familiar; se tentam impedir que ele faça uso da
droga; se gastam financeiramente com medicamentos ou com casas de recuperação para
o dependente; se têm uma boa relação com o dependente; co-dependência na família. O
público-alvo do estudo foi familiares de pessoas que fazem uso abusivo de substâncias
como álcool, cerveja, maconha, cocaína e crack. Estes familiares só foram tomados
como público-alvo se frequentassem a APADEQ (Associação dos Parentes e Amigos
dos Dependentes Químicos) e/ou os grupos de ajuda ALANON (Alcoólicos Anônimos) e
NARANON (Narcóticos Anônimos) da cidade. Com vistas a atingir o objetivo da pesquisa,
foram feitas visitas à APADEQ e aos grupos. Posteriormente foram realizadas entrevistas
com pessoas do público-alvo que se disponibilizaram a participar do estudo enquanto
colaboradores. A entrevista consistiu na aplicação de um questionário semi-estruturado,
onde o entrevistado era questionado sobre aspectos relacionados ao uso de droga do seu
familiar, tais como: experiências que já viveu em situações em que o parente estava sob
efeito de substâncias, posturas adotadas em tais situações, consequências na vida da
família e relação com o dependente químico. Os familiares entrevistados se mostraram
abertos para relatar suas vivências, sentimentos e expectativas em relação ao usuário e
à sua maneira de usar droga. Ao longo da pesquisa foi possível verificar vários aspectos
comuns presentes na vida dos familiares de dependentes químicos, visto que possuem
entes portadores da mesma afecção e frequentadores da mesma instituição. Dentre
os pontos convergentes, o que se destacou foi a co-dependência, que é um aspecto
presente na vida da grande maioria dos familiares. No entanto, concluiu-se que aqueles
familiares que frequentam os grupos de ajuda ALANON e NARANON conseguiram mudar
significativamente suas atitudes diante do hábito de beber ou de usar droga de alguém. E
a partir de mudanças de pensamentos e posturas alcançaram uma melhor qualidade de
vida, já que a participação nos grupos possibilitou apoio emocional, troca de experiências
e, principalmente, diminuição do sofrimento decorrente da droga.

Palavras-chave: Dependência química; Familiares; Co-dependência.


Eixo Temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de Apresentação: Comunicação Oral
Tipo de Trabalho: Relato de Pesquisa

212
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O LAZER E O USO DE SUBSTÂNCIAS ENTRE ADOLESCENTES: UMA REVISÃO


INTEGRATIVA

Diego Eugênio R. G Almeida* (Universidade Federal de São Paulo), Denise De Micheli


(Universidade Federal de São Paulo), Maria Sylvia de Souza Vitalle (Universidade Federal
de São Paulo).

Introdução: A despeito da diversidade de definições, há um consenso sobre o lazer como


um fenômeno extraordinário à vida cotidiana, através do qual os sujeitos produzem vetores
de saúde e emancipação. Estudos se dividem analisando o lazer pelas perspectivas do
tempo, atividade e atitude, correlacionando-o muitas vezes com comportamentos de risco.
Objetivo: verificar de forma sistemática se as competências de desempenho do lazer, de
adolescentes e jovens, estão relacionadas à redução do uso de substâncias psicoativas.
Método: Revisão Integrativa a partir de consulta às principais bases de dados em saúde,
seguida de apresentação dos artigos de acordo com o método PRISMA. Os critérios de
revisão e inclusão foram apresentados pela estrutura PICOS. Resultados: foram recuperados
555 artigos, porém somente 8 artigos preencheram os critérios para análise sistemática
dos dados. Não há evidências conclusivas em relação ao impacto do desenvolvimento
do lazer sobre padrões de uso. Conclusão: estudos sugerem associação da motivação
intrínseca e tédio como fatores de risco no lazer para o abuso de substâncias. Reconhece-
se a necessidade de estudos com métodos mais apurados (ECR) e comuns entre si a
fim de fornecer um corpo de evidências satisfatório no que se refere às abordagens de
prevenção ao uso de substâncias entre adolescentes por meio do lazer.

Palavras-Chave: Atividades de Lazer; Recreação; Adolescente; Transtorno Relacionado ao


Uso de Substâncias; Revisão Integrativa
Eixo Temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de Apresentação: Apresentação Oral
Tipo de Trabalho: relato de pesquisa com resultados finais

213
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O LUGAR DA CLÍNICA DA TOXICOMANIA NA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL – UM


BREVE RELATO DOS IMPASSES COTIDIANOS DE UM CAPS

Laura Resende Moreira* (Universidade Federal de São João del Rei), Fuad Kyrillos Neto
(Universidade Federal de São João Del Rei)

Resumo: O presente resumo discute a rede de atenção psicossocial de um município


no interior de Minas Gerais. O estudo gerador deste trabalho foi iniciado a partir de uma
questão de pesquisa de mestrado, em andamento, e refere-se a ausência de um dispositivo
adequado ao tratamento das toxicomanias no município em questão. Indagamos sobre as
consequências clínicas, institucionais e sociais da ausência do equipamento adequado no
âmbito da saúde mental, o Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS AD),
diante da elevada demanda presente no município. A pesquisa iniciou-se com observações
e conversas informais em um CAPS I, e trouxe-nos um estranhamento no que se refere ao
cotidiano do serviço: o desafio do enfrentamento da exclusão e do preconceito do sujeito
toxicômano, que enfrenta a precariedade da rede de acolhimento aos portadores de sofrimento
mental, utilizando os serviços de um CAPS direcionado para o tratamento de psicóticos
e neuróticos graves. Os relatos de profissionais do CAPS em estudo, colhidos durante
o período de observação vão nessa direção: consideram o tratamento dos dependentes
de álcool e outras drogas um problema para o serviço. Alguns profissionais alegam não
se sentirem à vontade ao fazerem o acolhimento desses sujeitos, pois, segundo eles, os
drogaditos costumam mentir e chantagear durante os atendimentos. Outros profissionais
se recusam a fazer o atendimento a esses usuários por os considerarem “perigosos” e
dizem preferir os atendimentos aos psicóticos. Afora essas perspectivas dos trabalhadores,
temos ainda o impasse institucional causado pela ausência de tratamento adequado para
a condição clínica em questão. O avanço da Reforma Psiquiátrica, que outrora lutou para
encontrar um lugar social para a loucura, insistindo em um tratamento com liberdade e
dignidade aos que sofrem, nos impõe atualmente questionar sobre a cultura de exclusão
que ameaça os novos sujeitos do perigo social: os usuários de álcool e drogas. Ao ter a
psicanálise como eixo condutor, o trabalho a que nos propomos dialoga com o avanço da
Luta Antimanicomial e indaga sobre as especificidades que a toxicomania impõe ao serviço
substitutivo, na tentativa de pensar a política e a clínicamente os desafios que o tratamento
singular da adicção nos confere. Uma clínica antimanicomial da toxicomania convoca o
Estado e a sociedade a elegerem estratégias e dispositivos que reduzam a segregação e
os danos à vida, ampliando as respostas possíveis para o mal-estar do sujeito.

Palavras-chave: Toxicomania; Clínica; Luta Antimanicomial; Centro de Atenção Psicossocial


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de Trabalho: Relato de Pesquisa

214
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O MERCADO GLOBAL DE DROGAS

Ms. Taciana Santos de Souza* (Instituto de Economia - Universidade Estadual de Campinas),


Dra. Ana Lucia Gonçalves da Silva (Instituto de Economia - Universidade Estadual de
Campinas)

As políticas sobre drogas inseridas no contexto proibicionista buscam, por meio da prevenção,
da repressão ou dos cuidados, reduzir a oferta e a demanda de psicoativos ilícitos. Apesar
de se tratar de um mercado, os aspectos econômicos são comumente ignorados por
gestores de políticas públicas. A fim de contribuir para a compreensão dessa problemática,
o presente trabalho tem como objetivo avaliar o comportamento desse mercado global, na
última década, especialmente com relação a três grupos de psicoativos: cocaína e crack;
ópio, opiáceos e heroína; maconha e haxixe. Para isso, utilizaram-se as estimativas e
os dados disponíveis nas publicações do World Drug Report, do Escritório de Drogas e
Crimes das Nações Unidas (UNODC). Os principais resultados indicam uma estabilidade
na demanda (ou seja, no número de usuários), um “efeito balão” na produção de insumos
e uma queda nos preços finais, apesar da manutenção das altas margens de lucro de
longo prazo (principalmente, a nível de varejo). Algumas especificidades com relação ao
grau de concentração da produção de determinado grupo de droga, bem como ao nível de
distribuição dessas mercadorias também foram identificadas nessas economias.
Palavras-chave: Mercado de drogas; Economia das drogas; Oferta e demanda de drogas
Eixo temático: Eixo “Redução da Oferta
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

215
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O PARADIGMA SOCIAL NA ATENÇÃO AO USUÁRIO DE DROGAS: O PROGRAMA


ATITUDE NO ESTADO DE PERNAMBUCO

José Arturo Costa Escobar (Centre for Addiction and Mental Health, Grupo de Estudos
sobre álcool e outras Drogas/UFPE) e Rossana Carla Rameh de Albuquerque (Grupo de
Estudos sobre álcool e outras Drogas/UFPE, Instituto Instituto Federal de Educação Ciência
e Tecnologia do Rio Grande do Norte)

As políticas brasileiras recentes de atenção ao usuário de drogas têm sido tradicionalmente


tratadas como problema de saúde pública. A introdução do conceito de Redução de Danos
como modelo de atenção adotado pelas políticas de saúde têm suscitado discussões
mais amplas que aquelas voltadas unicamente para as questões de saúde mental sobre
o problema da dependência. O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise histórica
do Programa de Atenção Integral aos Usuários de Drogas e seus Familiares, instituído no
âmbito do Governo do Estado de Pernambuco, bem como reflexão do impacto e relevância
sobre a política de atenção integral aos usuários de drogas. Para a análise foram consultados
o Decreto 35.065 de 26/5/2010, que instituiu a Rede Estadual de Enfrentamento ao Crack;
a Lei 14.561 de 26/12/2011, que institui a Política Estadual sobre Drogas; o Decreto
39.201, de 18/3/2013, que institui o Programa Atitude; Resolução no 109, de 11/11/2009,
que apresenta a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Os Termos de
Referência estabelecidos nos moldes de Parceria Público-Privadas para implementação
do programa foram consultados. Foram realizadas entrevistas estruturadas com o Gestor
Estadual, que acompanha o processo desde o ano de 2010; o consultor-chefe do Programa,
responsável pela capacitação das equipes e alinhamento metodológico; e, a vice-presidente
da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, executora do Programa durantes
os três primeiros anos. As entrevistas foram gravadas em áudio, transcritas e analisadas
segundo os critérios de interesse no presente trabalho: histórico e origem do Programa,
relação com direitos humanos, perspectivas sobre as políticas voltados aos usuários
de drogas já estabelecidas. Visitas às unidades do Programa, acompanhamento não
sistemático e observação não participante também foram consideradas na presente análise.
Observou-se ser este Programa de caráter completamente inovador no campo das políticas
públicas estadual e municipais em Pernambuco. Possui origem pautada nas discussões
de segurança pública e violência, observada a particularidade de pessoas envolvidas em
crimes violentos letais e intencionais apresentarem a característica de realizar uso de
crack ou envolvimento nas atividades de comercialização em pequena escala e consumo
dessa substância. O Programa Atitude provoca o deslocamento das discussões acerca
da problemática das drogas para as dimensões sociais, de vulnerabilidade e risco, isto
é, para o âmbito do Sistema Único de Assistência Social. A mudança de foco e o caráter
inovador do programa se devem às implicações do conceito de Redução de Danos como
referência de ação, e do deslocamento da visão de tratamento adotado no campo da saúde
para o conceito de cuidado, adotado na assistência social. Inaugura assim um enfoque
dos direitos humanos e da proteção social no modelo de atenção ao usuário de drogas em
elevado risco social, parcela não acessada pelas políticas de saúde.

Palavras-chave: Política pública; Assistência social; Proteção social; Redução de danos;


Crack.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

216
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O PERFIL DO LAZER DE ADOLESCENTES E O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS

Diego Eugênio R. G Almeida* (Universidade Federal de São Paulo), Denise De Micheli


(Universidade Federal de São Paulo), Maria Sylvia de Souza Vitalle (Universidade Federal
de São Paulo).

O crescente uso/abuso de drogas entre adolescentes tornou-se tema urgente de


compreensão entre os setores da sociedade, pelo impacto provocado na saúde. Mediante
os avanços atuais em torno da proteção ao adolescente, de assegurar-lhes a proteção
integral por meio de ações que lhes facultem o desenvolvimento, o lazer surge como
elemento fundamental. Objetivo: descrever o perfil de atividades de lazer e testar possíveis
relações entre categorias de atividades e o uso de substâncias psicotrópicas. Método:
Usou-se um questionário semiestruturado sobre atividades de lazer realizadas nos últimos
três meses e o Drug Use Screening Inventory (DUSI) para captar o tipo e frequência de
uso das substâncias psicotrópicas. As respostas foram categorizadas quanto a natureza da
atividade - atividades com ênfase no expectador (ALE), atividades com ênfase na ação com
movimento (ALM), atividades com ênfase na interação social (ALS), interação com ênfase
na virtualidade (ALV) - e posteriormente analisadas quanto à frequência. Foi empregado
o Teste de Interdependência Qui-Quadrado (p≤0,5) para verificar associação. Resultados:
46,62% praticaram atividades de lazer com ênfase no movimento (ALM); 30,06%
praticaram atividades com ênfase na socialização (ALS); 20,24% praticaram atividades
com ênfase na virtualidade (ALV); 19,63% praticaram atividades com ênfase no expectador
(ALE). Conclusão: Os adolescentes realizaram com maior frequência atividades físicas,
tendo menores experiências relacionadas ao intelecto, às artes e ao turismo. Destacou-se
também a importância do lazer virtual bem como possíveis barreiras à participação mais
ampla no lazer. Não houve correlação significante entre a natureza da atividade e o uso de
substâncias psicotrópicas.

Palavras- Chave: Atividades de lazer. Adolescência. Transtornos relacionados ao uso de


substâncias.
Eixo Temático: “Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial”
Modalidade de Apresentação: sessão de pôsteres
Tipo de Trabalho: relato de pesquisa com resultados finais

217
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O PET- SAÚDE-REDES/RAPS DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO DO DE


JANEIRO – UERJ: A PRODUÇÃO DA REDE DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NO
TERRITÓRIO

Marco José Duarte (UERJ), Marise Ramôa (Escola Politécnica Joaquim Venâncio/
Fundação Oswaldo Cruz), Magda Barreto*(CAPS AD Mané Garrincha- Secretaria
Municipal de Saúde- Rio de Janeiro), Heloísa Carvalho (CAPS AD Mané Garrincha-
Secretaria Municipal de Saúde- Rio de Janeiro), João Neto (CAPS AD Mané Garrincha-
Secretaria Municipal de Saúde- Rio de Janeiro), Melissa Assunção (CAPS AD Mané
Garrincha- Secretaria Municipal de Saúde- Rio de Janeiro), Simone Delgado(CAPS
AD Mané Garrincha- Secretaria Municipal de Saúde- Rio de Janeiro) e Vinícius
Teixeira(CAPS AD Mané Garrincha- Secretaria Municipal de Saúde- Rio de Janeiro).

O presente trabalho visa apresentar um relato de experiência de profissionais que atuam


em um CAPS ad no município do Rio de Janeiro inseridos no Programa de Educação
pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde-Redes de Atenção/Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS). O PET-Saúde-Redes/RAPS é uma iniciativa do Ministério da Saúde em conjunto
com o Ministério da Educação, com apoio de uma universidade e da gestão local do Sistema
Único de Saúde – SUS, cuja missão é a formação profissional, a produção de conhecimento e
a intervenção integrada da universidade pública na rede do SUS, unindo ensino - graduação
e pós-graduação - pesquisa, extensão e cuidado em saúde nas unidades da rede pública do
Município do Rio de Janeiro. O PET- Saúde-Redes/RAPS da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro – UERJ, intitulado: A PRODUÇÃO DA REDE DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
NO TERRITÓRIO tem o objetivo de promover interseções de cuidados em saúde mental na
atenção básica, no campo psicossocial e itinerários cotidianos na rede de atenção à saúde.
A metodologia utilizada baseia-se no relato de experiência das atividades desenvolvidas
pelos profissionais do CAPS ad. Realizamos interconsultas, atividades em grupos, rodas
de conversa sobre Reforma Psiquiátrica, Redução de Danos, cuidado ampliado em Saúde,
construção de projetos terapêuticos e intervenções no território e análise qualitativa dos
resultados: ampliação do cuidado dos usuários já atendidos pelo CAPS ad, assim como
ampliação do acesso de usuários atendidos nas unidades da ESF; fortalecimento das
ações intersetoriais que visam a integralidade do cuidado e produção de uma rede mais
viva. Sendo assim, a inserção no programa contribuiu tanto para pensar o cuidado aos
usuários como para a formação (educação permanente) em saúde de profissionais e de
graduandos da saúde. Analisaremos o impacto de tal experiência no que tange a ampliação
do cuidado em saúde mental no território da AP2.2 no Rio de Janeiro, a partir do trabalho
de Apoio Matricial ou Matriciamento com foco na saúde mental e atenção psicossocial
junto às equipes da ESF da área, para construção do cuidado ampliado no território.
Conseguimos, a partir de tal experiência, ampliar o conhecimento dos alunos de cursos de
graduação (Medicina, Enfermagem, Serviço Social e Psicologia) acerca do SUS, da RAS e
especificamente da RAPS, assim como da forma de produzir cuidado em Saúde baseada
na ampliação do conceito de Saúde na vivência prática, articulando, de fato, teoria e prática
e distanciando o olhar da doença para o sujeito e, em particular, da droga, para a relação
entre sujeito, social e a substância. Tal relato de experiência mostra o quão importante é
trabalharmos no campo da formação. Desenvolveremos tal temática na apresentação oral,
pois historicamente as intervenções direcionadas as pessoas que faziam uso prejudicial de
drogas foram baseadas na lógica da repressão, punição e controle.

Palavras-chave: Cuidado em Saúde; Apoio Matricial; Estratégia Atenção Psicossocial e


Redução de Danos.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

218
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O PRIMEIRO ATENDIMENTO EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL


E DROGAS (CAPS AD) NA PERIFERIA DE CAMPINAS

Ed Carlos Corrêa de Faria* (Faculdade de Ciências Médicas /Univerisdade Estadual


de Campinas) e Silvana Proença Marchetti (Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/
Univerisdade de São Paulo).

O acolhimento de novos casos em CAPS AD é empiracamente desafiador para as equipes


destes serviços, sendo esta temática questionada com frequência pelos própios trabalhadore.
Nota-se que em um CAPS AD na periferia de Campinas há um número maior de usuários
que comparecem para o primeiro atendimento, porém não dão continuidade ao tratamento.
Diante deste panorama, há o desafio de sustentar a lógica do serviço “porta aberta” e coloca-
se em questão: como qualificar o acolhimento, sendo este o primeiro atendimento, frente a
esta demanda e este perfil de usuários? Os trabalhadores responsáveis pela autoria deste
relato trazem embasados em suas experiências vividas em um serviço que optou trabalhar
desde a entrada dos usuários, sob a ótica de priorização do vínculo e território. Nesta
perspectiva, o acolhimento é feito por um profissional que é referência para o território
onde este usuário vive e circula, o que reforça o olhar para a rede. Outro elemento da
estratégia do acolhimento é que os profissionais que tem o primeiro contato com o usuário
se responsabiliza pelo direcionamento do primeiro projeto terapêutico singular (PTS), junto
a equipe e ao próprio sujeito acolhido. As estratégias do acolhimento foram escolhidas pela
própia equipe, em uma construção coletiva, a partir da análise dos limites impostos pela
forma singular de circulação do sujeito que faz uso problemático de drogas, bem como
os limites quanto a adesão ao tratamento. Por fim, o relato pretende apontar os limites
e avanços nos primeiros cuidados aos usuários deste serviço que são primordias para a
continuidade do tratamento.

Palavras-chave: Acolhimento; Atenção Psicossocial; Usuário de álcool e droga.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de Trabalho: Relato de Experiência.

219
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O USO ABUSIVO DE BENZODIAZEPÍNICOS NOS PACIENTES COM SOFRIMENTO


MENTAL

Ionice Neves de Carvalho* (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Amanda Laís
Gonçalves Gama Pereira (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Francielly
Dorvina Medeiros (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais).

Trata-se de um relato de experiência realizado por alunos bolsistas da Pontifícia Universidade


Católica de Minas Gerais pela preceptora com o PET-Matriciamento em Saúde Mental:
“Atenção Psicossocial articulada à Atenção Primária : Matriciamento em Saúde Mental,
priorizando o enfrentamento do álcool, crack e outras drogas” em uma Unidade Básica
de Saúde de um município de grande porte na região metropolitana de Belo Horizonte.
O projeto envolve 6 preceptores, 2 Tutores e 12 alunos da graduação dos cursos de
psicologia, enfermagem, fisioterapia e medicina. Objetivou-se descrever a experiência
com o matriciamento em saúde mental e pontuar a prevalência do uso exacerbado dos
benzodiazepínicos nos usuários da Saúde Mental . A amostra foi de 116 pacientes e a
pesquisa foi feita através de consulta em prontuários. Deste total apenas 8% faziam uso do
álcool, crack e outras drogas, dado este que pode estar ligado ao fato de que nem sempre
o paciente se sente a seguro para falar sobre o uso de drogas ilícitas. Em contrapartida,
cerca de 49% dos prontuários apontaram o uso exacerbado de benzodiazepínicos. A partir
destes dados, sugeriu-se que ocorra na UBS rodas de conversa com os profissionais de
saúde sobre o uso indiscriminado de medicamentos psiquiátricos a fim de reduzir os danos
a longo prazo do uso dessas substâncias. Conclui-se que vários aspectos foram relevantes
na realização deste projeto, dentre eles a clínica ampliada. Pois através desta prática os
bolsistas puderam ampliar os conceitos de interdisciplinariedade e multidisciplinariedade
e os trabalhadores puderam repensar novas práticas de cuidado na atenção primária a
saúde.

Palavras-chave: Matriciamento;Atenção Primária à Saúde; Dependência; Benzodiazepínicos.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

220
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O USO DE DROGAS DURANTE A GESTAÇÃO, UM RELATO DE CASO

Aline Balandis Costa*, Bruno Maschio Neto, Flávia Teixeira Ribeiro Silva, Reinaldo Marqui,
Simone Cristina Castanho Sabaini de Melo (Universidade Estadual do Norte do Paraná).

O uso da cocaína, assim como do crack, tem aumentado expressivamente na população


obstétrica nas últimas décadas. Existem aspectos que permanecem controversos em
relação aos filhos de mães usuárias de drogas, podendo apresentar retardo mental ou
outros transtornos mentais e comportamentais que trarão sérias consequências para suas
vidas. Desta forma, o trabalho objetivou –se em conhecer a razão para o uso de drogas
durante a gestação e avaliar a saúde da gestante usuária de droga. Trata-se de um estudo
descritivo de natureza qualitativa, cujo método utilizado foi a História de Vida. O sujeito desta
pesquisa é uma gestante que aderiu ao pré-natal tardiamente e este só foi realizado com a
enfermeira da unidade de saúde, por insistência do sujeito da pesquisa. Para identificação
da gestante, preservando o anonimato, optou-se por utilizar as iniciais do seu nome. LP
tem 22 anos, é parda, solteira, estudou até a 5ª série, gestante, com 2 filhos vivos e usuária
de crack e profissional do sexo. Durante as consultas a gestante relatou sua convivência
familiar e seu envolvimento com as drogas e a prostituição. Durante a entrevista na consulta
de enfermagem revelou que: “uso drogas e bebidas para aguentar o trabalho”; “pra vocês
eu falo a verdade, uso pedra pra trabalhar”. Foram realizadas três consultas de pré natal e
LP sempre diziam que havia feito uso de crack porém tinha esperança que a nova criança
mudaria sua vida. Com 36 semanas foi internada e teve parto prematuro vaginal. O bebe:
Sexo masculino; Peso – 2.695kg; Apgar – 10 minuto: 8 e 50 minuto: 9. Foram realizados
exames na triagem neonatal: Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito, Deficiência de
Biotinidase, Hemoglobinopatias e Fibrose Cística – exames com resultados normais. O uso
de drogas durante a gravidez é um problema de saúde publica pouco discutido, no qual
uma equipe multidisciplinar deve ter envolvimento em sua abordagem. A publicação de
mais trabalhos é importante para que se estabeleça uma melhor estratégia de intervenção
para esta população.

Palavras-chave: Prostituição; Drogas ilícitas; Saúde pública.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

221
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O USO DE GUAÇATONGA COMO REDUÇÃO DE DANOS ENTRE USUARIOS DE


CRACK

Tamara Neder Collier ( SAE Campos Elisios/ Programa De Braços Abertos/ PRD Sampa)

Objeto: distribuição de protetores labiais a base de Guaçatonga entre usuários de drogas


beneficiários do Programa De Braços Abertos, acompanhamento e monitoramento com
os usuários. Objetivos: inserir o protetor de labial a base de Guaçatonga como insumo de
redução de danos a DSTs, Hepatites Virais e Tuberculose entre os usuários de crack bene-
ficiários do Programa De Braços Abertos e avaliar o quanto a pomada é eficiente enquanto
estratégia de prevenção e o quanto a inserção no Programa De Braços Abertos melhora
o auto cuidado do usuário de crack em São Paulo.Metodologia: Distribuiçãao de proteto-
res labiais a base de Guaçatonga aos usuarios de crack da região central de São Paulo
inseridos no Programa De Braços Abertos e usuários de crack em situação de rua na regio
central da cidade. Os redutores de Danos do PRD SAMPA localizado no SAE Campos Eli-
seos e a equipe odontológica que acompanha os usuários do Programa De Braços Abertos
e usuários de drogas em situação de rua na mesma região distribuiam semanalmente um
tubo da pomada e preenchiam um pequeno questionário de avaliação da pomada. Resul-
tados: o resultado da pesquisa foi satisfatório em vários aspectos. Os dados estatísticos
da pesquisa ainda estão sendo organizados, mas previamente pudemos comprovar que o
Beneficiário do Programa De Braços Abertos melhora o auto cuidado a partir de sua inser-
ção no programa. Eles conseguem guardar o tubo de pomada e usá-la por mais tempo do
que os usuários em situação de rua, além de ter maior preocupação com o auto cuidado, a
prevenção de doenças e o cuidado com a saúde. Os usuários tambem relatam o quanto o
uso do protetor labial de Guaçatonga ajudou na cicatrização de feridas pré existentes e a
prevenção do surgimento de novas queimaduras. Em comparação com outras manteigas
de cacau distribuídas por outros serviços com o mesmo objetivo de prevenção, a maioria
dos usuaáios relatou que a Guaçatonga tem mais resultados do que a outra pomada.

Palavras-chave: Redução de Danos; Programa De Braços Abertos, Insumos de prevenção;


Guaçatonga.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

222
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O USO DO CRACK NO PERÍODO GESTACIONAL

Rovena Esmidre da Silva* (Universidade Federal do Espírito Santo)

O uso do crack tem ganhado destaque, podendo ser considerada a droga protagonista
na presente sociedade devido às suas conseqüências devastadoras. De acordo com a
pesquisa realizada nas capitais brasileiras pelo Observatório Brasileiro de Informações
sobre Drogas, existem por volta de 370 mil usuários de crack que fazem uso regular dessa
e de outras formas similares de cocaína. Dentre esses usuários é possível perceber a
presença relevante de mulheres em período gravídico. O uso de drogas por gestantes
tem aumentado e traz consigo preocupações por conta de seus efeitos na saúde infanto-
materna. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica acerca do uso de
drogas, com ênfase no crack, por mulheres em período gestacional visando conhecer
o perfil dessas usuárias e as implicações de tal uso. A revisão de literatura foi feita por
meio do Periódicos Capes, priorizando bases de dados como Scielo, Pepsic, Pubmed e
Lilacs. Utilizou-se os seguintes descritores em português e inglês: dependência química e
gestação; gravidez e drogas ilícitas; drogas de abuso e gestantes. Foram excluídos artigos
com uma abordagem fisiológica ou neurológica sobre o tema. No total foram encontrados
27 artigos que atendiam os critérios abordando a temática do uso de drogas durante a
gestação, sendo 5 deles estudos específicos sobre o crack. As gestantes usuárias de
drogas, em geral, se caracterizam por serem poliusuárias, ter baixo nível econômico
e educacional. É comum realizarem a troca de sexo por drogas. A expansão do uso
de drogas psicoativas tem surgido como um desafio médico e social por conta de uma
menor adesão ao acompanhamento pré-natal e apresentam maior risco de intercorrências
obstétricas e fetais, podendo comprometer a saúde materno-infantil. A maioria das drogas
ultrapassam a barreira placentária com facilidade e podem atuar especialmente sobre o
sistema nervoso central do feto. O uso do crack pode ocasionar um parto pré termo, o
descolamento prematuro de placentas, o crescimento intra uterino retardado, baixo peso ao
nascer, além de outras complicações tanto maternas quanto perinatais, uma vez que cerca
de 20% da droga consumida pela gestante é transmitida ao feto. Há uma tendência das
gestantes a não relatarem o consumo de drogas por preverem uma possível repreensão e
desaprovação dos profissionais de saúde. Por vezes a inibição se dá pela existência de um
tratamento diferenciado para com as gestantes usuárias, especialmente quando falamos
do crack, revelando a falta de apoio, de acompanhamento e, em algumas situações, até
mesmo o preconceito. Conclui-se a partir da literatura que o uso crack não envolve apenas
prejuízos a saúde, mas também de ordem social, pelo estigma e pelos usuários serem
predominantemente de classes mais baixas. Sendo assim, faz-se necessário conhecer a
realidade vivida pela usuária, com a intenção de criar novas estratégias para prevenção e
intervenção, a fim de assistí-la em sua integralidade.

Palavras chave: Gestação; Drogas Ilícitas; Crack


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho:Relato de Pesquisa

223
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O USO DO ECOMAPA PARA COMPREENSÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE UMA


USUÁRIA DE DROGAS

Elton Brás Camargo Júnior (Universidade de Rio Verde), Rayline Roseno Machado
(Universidade de Rio Verde), Carla Araújo Bastos Teixeira (Universidade de São Paulo),
Ronivon Macedo da Silva* (Faculdade Mineirense), Edilaine Cristina da Silva Gherardi-
Donato (Universidade de São Paulo)

Resumo: A utilização de instrumentos que permitam conhecer aspectos importantes que


envolvam a pessoa portadora de transtorno mental como as relações com o meio e os
vínculos familiares denota significativa importância, pois sabe-se que as redes sociais
participam ativamente como unidade mantenedora do quadro de saúde psíquica do ente.
Diante disso, o Ecomapa surge como um instrumento utilizado para verificar os tipos de
vínculos estabelecidos com a rede familiar e social do sujeito. Diante dessa conjuntura,
o objetivo geral desse estudo foi compreender a rede social de uma usuária de drogas
acompanhada pela equipe da Estratégia de Saúde da Família. Trata-se de um estudo de
caso, com abordagem qualitativa, realizado através da confecção do Ecomapa. O projeto
de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Rio Verde. A coleta
de dados foi realizada através de entrevista, seguindo roteiro semiestruturado registrada
em gravador de áudio, em três encontros. O ecomapa foi construído em um programa de
criação de imagens. Após a construção do ecomapa os dados deste instrumento foram
descritos em forma discursiva. As relações estabelecidas entre a participante e o meio em
que vive constituem a rede familiar e social, que é a estrutura de onde surge o apoio ao
indivíduo, representadas através do ecomapa. A maioria das relações estabelecidas está
comprometida, observada pelas linhas pontilhadas, onde é possível verificar que os vínculos
entre a participante, a mãe, o pai, os irmãos e a família extensa estão fracos. As relações
com os dois primeiros companheiros foram conflituosas, por isso hoje estão rompidas, sendo
representadas por linhas em ziguezague com traços fazendo um corte na ligação. A relação
com os filhos não encontra-se equivalente, pois com a filha mantém vínculo muito forte,
já com o filho o relacionamento é tido como superficial, representados respectivamente
por tripla e única ligação. O atual companheiro aparece como grande incentivador para
o retorno da participante ao tratamento contra a depressão e motivador contra o uso
abusivo do álcool de ambos, logo o vínculo entre eles é muito forte podendo ser visto pela
tripla ligação. A Unidade Básica de Saúde e o CAPS aparecem como dispositivos que a
participante busca, para tratamento dos transtornos, mantendo com o CAPS dupla relação
na diagramação do Ecomapa. A participante incentivada pelo companheiro encontrou na
religião, uma alternativa para tratamento dos transtornos, onde mantém um vínculo forte
representado por uma dupla ligação. Os resultados nos permitem concluir a importância
de instrumentos para melhor compreensão da problemática do consumo de drogas. O
Ecomapa possui o objetivo de compactar grande quantidade de informações obtidas na
entrevista e/ou na anamnese durante a consulta, a fim de facilitar a compreensão do meio
em que o indivíduo vive, possibilitando identificar as falhas e traçar planos de tratamento às
pessoas que fazem consumo abusivo de drogas.

Palavras-chave: Consumo de drogas; Ecomapa; Redes sociais


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

224
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

O USO SUBSTITUTIVO DE DROGAS PSICOATIVAS COMO ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO


DE DANOS FRENTE À FISSURA DE CRACK

José Arturo Costa Escobar (Centre for Addiction and Mental Health, Grupo de Estudos
sobre álcool e outras Drogas/UFPE)

O uso de substâncias psicoativas como estratégia de tratamento da dependência química


remonta às experiências da substituição do hábito de consumo de opiáceos referenciadas
no Relatório Rolleston, em 1926. Em países com problemas de dependência provocadas
pela heroína e outros opióides tem sido adotada política de substituição pelo uso metadona,
permitindo melhoras em dimensões de saúde e sociais dos usuários. Mais recentemente
tem emergido o interesse das substâncias psicodélicas no tratamento da dependência, a
exemplo da Iboga, Ayahuasca, entre outros com ação sobre os sistemas serotonérgicos
no cérebro. O consumo abusivo de crack e seu potencial dependógeno, bem como seus
impactos sociais e individuais, são extremamente preocupantes e tem motivado as instâncias
governamentais a executarem ações diversas na tentativa de frear a expansão do consumo
e dirimir seus impactos sobre os usuários e a sociedade. No estado de Pernambuco um novo
serviço - o Programa Atitude - ligado ao Sistema Único de Assistência Social, oferece acolhimento
institucional, atendimento psicossocial e ações de prevenção no território. O Programa também
possibilita internações de usuários que apresentem risco de morte associada a dívidas com o
tráfico, elevada vulnerabilidade social de média e alta complexidades com desejos de cessar o
consumo. O objetivo deste trabalho foi averiguar se usuários desse serviço público, em regime
de internação voluntária, lançam mão de estratégias de substituição do uso de crack por outras
substâncias psicoativas, lícitas ou ilícitas. Os usuários admitidos na modalidade de acolhimento
intensivo (internação) no Programa Atitude foram entrevistados após dois meses de estadia.
Foram mapeados os números de dias e tipos de usos de drogas lícitas e ilícitas utilizadas no
período de internação, a seguir: Maconha, Sedativos, Cocaína Inalada ou Pó virado, Crack/
merla/oxi, Estimulantes, Alucinógenos, Heroína e outros opióides, Inalantes, Álcool e Tabaco.
Foram entrevistadas 55 pessoas, sendo apenas 4 mulheres. Apenas 13 pessoas afirmaram
não terem utilizados drogas psicoativas como substituto do desejo de fumar crack. A grande
maioria (76,4%) informou ter utilizado uma ou mais drogas psicoativas como estratégia de
redução de danos no intuito de diminuir ou eliminar a fissura e desejo de fumar crack. As drogas
mais comuns foram o uso de maconha, seguido pelo uso de álcool. A análise do discurso sobre
os efeitos aponta para potencialidades do uso da maconha quanto ao alívio e esquecimento
da fissura de usar crack quando esta se apresenta de maneira pontual durante o período de
acolhimento institucional dos usuários do Programa. Este estudo apresenta congruência e
aproximações com estudo desenvolvido no Estado de São Paulo em equipamento de saúde.

Palavras-chave: Maconha; Álcool; Dependência química; Assistência Social.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

225
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O “BARULHO” E O “RETORNO”: UMA ETNOGRAFIA DOS NARCÓTICOS ANÔNIMOS


E SUAS PROPOSTAS DE PREVENÇÃO AO USO PROBLEMÁTICO DE “DROGAS”

Marcos Alexandre Veríssimo da Silva* (Universidade Federal Fluminense; Pesquisador


associado ao Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos
– INCT-InEAC; Bolsista do Programa Nacional de Pós Doutorado da CAPES; Professor
do bacharelado em Segurança Pública da Faculdade de Direito da Universidade Federal
Fluminense); Monique Fernanda de Moura Prado(Universidade Federal Fluminense;
Pesquisadora associada ao Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional
de Conflitos; Bolsista PIBITI/CNPq – PIBINOVA/PDI/UFF – 2015/2016)

O objetivo desta proposta é apresentar a etnografia que os autores vêm fazendo junto
a um grupo de “Narcóticos Anônimos” (NA) que se reúne semanalmente na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro. O Narcóticos Anônimos é uma “Irmandade” com origem
nos Estados Unidos que se espalhou por vários países do mundo, e foi criada para reunir
e ajudar no tratamento de pessoas com histórico de consumo problemático de drogas
postas na ilicitude. O grupo não possui fins lucrativos, não está explicitamente vinculado
a nenhum partido político e nem religião. Segundo os princípios publicizados pelo grupo,
para alguém se tornar membro apenas é necessário que este tenha um problema com
drogas, e vontade de parar de usá-las. Neste trabalho, decidimos partir da análise de duas
“categorias nativas” presentes no trabalho de campo, que são o “barulho” e o “retorno”. O
primeiro designa uma forma de chamar a atenção de um participante para seu suposto
desleixo para com os princípios do tratamento (calcado na abstinência total como meta),
explicitando assim um conflito. Já o segundo define uma forma de ouvir a narrativa da
experiência do outro e estabelecer o diálogo, a troca, favorecendo assim a construção de
consensos. Dessa maneira, pretendemos contribuir para o robustecimento da discussão
nos três eixos temáticos propostos por este seminário, porém, especialmente naquele que
discute “Promoção da saúde e prevenção do uso prejudicial”.

Palavras-chave: Etnografia; Usos problemáticos de Drogas; Narcóticos Anônimos;


Explicitação de conflitos; Construção de consensos.
Eixo Temático: “Promoção da saúde e prevenção do uso prejudicial”.
Modalidade de Apresentação: Comunicação Oral.
Tipo de Trabalho: Relato de pesquisa acadêmica com resultados parciais.

226
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

OFICINA DAS SENSAÇÕES: PROMOVENDO CUIDADO E PERCEPÇÕES

Maria Eduarda Pereira Caminha (Centro de Atenção Psicossocial I – Indaial SC)*, Larissa
Aparecida Hagemeyer (Centro de Atenção Psicossocial I – Indaial SC).

Introdução: Pensando em uma atividade que proporcionasse relatos de sensações


relacionados ao cotidiano, história de vida e abrangendo elencar estratégias de cuidado,
foi desenvolvida a Oficina das Sensações com usuários que efetuam acompanhamento de
saúde em decorrência a dependência de álcool e outras drogas. Objetivos: Trabalhar os
cuidados que podem ser ofertado ao público-alvo, bem como a importância do autocuidado,
objetivando ressaltar potencialidades e percepções na perspectiva de promover saúde
e propiciar atividades que ofertem prazer e realizações. Metodologia: O processo da
oficina se deu em horário de grupo, o qual já é realizado semanalmente por profissionais
do Centro de Atenção Psicossocial I, localizado em um município de pequeno porte do
Médio Vale do Itajaí. Contou-se com a participação de 07 usuários e com a intervenção,
observação e mediação da atividade pelas profissionais do Serviço Social e Enfermagem do
referido serviço. Resultados: No decorrer da atividade, os participantes foram conduzidos
individualmente com os olhos vendados, até o local onde foi realizada a atividade.
Iniciaram-se então as intervenções relacionadas aos sentidos (visão, audição, olfato, tato e
paladar), os participantes sinalizavam verbalmente o que estavam sentido de forma breve.
Reforçado, através das profissionais, a importância de manter-se em silêncio durante a
atividade e os comentários serem efetuadas ao finalizar a atividade. Ao final os olhos dos
participantes foram desvendados e efetuada abertura para roda de conversa e exposição
das sensações. Os participantes puderam sinalizar de forma espontânea e sem restrições
suas sensações e percepções sobre determinados sentidos, os quais muitas vezes se
tornam despercebidos no cotidiano do sujeito. Relatam sensações as quais os remetiam
a situações da infância, momentos de abstinência, episódios de uso abusivo de álcool e
outras drogas, entre outros. Considerações Finais: Ao sinalizarmos o cuidado ao usuário de
álcool e outras drogas é necessário pensarmos em alternativas de promoção em saúde e
principalmente focarmos em estratégias que possibilitem a construção de novas relações,
hábitos e condutas, respeitando o tempo e a singularidade de cada sujeito objetivando uma
melhor qualidade de vida, mesmo sem atingir a abstinência. A atividade proporcionou aos
participantes reflexões relacionadas a vivências no decorrer da vida, anterior e posterior
ao uso de álcool e outras drogas. Sinalizando a importância de relembrar e experimentar
sensações, visto que perante estigmas e desvalorizações acarretadas no cotidiano,
reprimem a relevância de experimentar novas experiências, novos hábitos e promoção
de cuidado explorando os já existentes e outros possíveis sentidos, percepções, valores e
potencialidades. Proporcionando um fortalecimento e suporte aos participantes, os quais
sinalizaram a importância do cuidado e práticas flexíveis objetivando uma melhor qualidade
de vida.

Palavras-chave: Promoção de saúde; Dependência química; Cuidado em saúde.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

227
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

OFICINA DE INFORMAÇÃO E DEBATE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO CENTRO


DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS DE PARAÍBA DO SUL

Ludmila Augusta Concesso de Andrade* (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras


Drogas Doutor Paulo Delgado, Paraíba do Sul, Rio de Janeiro), Monique Chambela de
Rezende (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas Doutor Paulo Delgado,
Paraíba do Sul, Rio de Janeiro), Tissiana Camargo de Gouvêa (Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Outras Drogas Doutor Paulo Delgado, Paraíba do Sul, Rio de Janeiro)

O presente trabalho visa relatar a experiência de uma das oficinas terapêuticas realizadas
no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPSad) do município de
Paraíba do Sul, Rio de Janeiro, no qual se adota a perspectiva da redução de riscos e
danos à saúde. Segundo essa estratégia, o tratamento de usuários de álcool e outras
drogas leva em consideração os prejuízos tanto à saúde física quanto aos demais aspectos
da vida do indivíduo, no sentido de minimizá-los, sendo a abstinência um dos objetivos a
serem alcançados, mas não o único. Dessa forma, o tratamento oferecido procura abordar
as relações estabelecidas pelo sujeito com a droga, de forma a convidá-lo a refletir sobre
seu uso e respectivas consequências. Dentre as atividades propostas pelo CAPSad, as
oficinas terapêuticas constituem-se como espaços privilegiados, onde, realizadas em
grupo e pautadas no acolhimento, escuta e estímulo para a vida, permitem a construção da
autonomia, inserção social e exercício da cidadania. A realização dessas atividades cabe
a todos os profissionais do serviço, sendo executadas de forma interdisciplinar e criativa,
buscando a responsabilização, o protagonismo social e a valorização das opiniões dos
usuários do CAPSad, vistos como importantes atores sociais, ativos em seu processo de
tratamento. O presente relato detém-se na “Oficina de Informação e Debate”, iniciada em
julho de 2014 sob a coordenação das autoras, sendo duas psicólogas e uma enfermeira,
a partir da carência observada quanto a um espaço de informações e debate sobre temas
importantes relacionados ao uso, abuso e dependência de álcool e outras drogas, bem como
redução de riscos e danos à saúde, Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e direitos dos
usuários. A oficina terapêutica atende em média vinte usuários do serviço, sendo realizada
em grupo, com freqüência semanal e duração de sessenta minutos, utilizando textos, filmes,
vídeos, músicas, notícias, dentre outros materiais, que permitam o acesso a informações
para a discussão dos temas abordados. Mediante observação dos profissionais ao longo do
último ano, pôde-se perceber uma boa adesão dos usuários à Oficina, com cada vez maior
envolvimento em relação aos temas debatidos, a busca de alguns usuários pelos serviços
a que têm direito na RAPS do município, além da maior responsabilização no tratamento
sob a perspectiva da redução de danos. Conclui-se que com o desenvolvimento desta
Oficina obteve-se importantes resultados quanto à ampliação do exercício do protagonismo
e da participação social dos usuários do CAPSad. No entanto, ainda observam-se muitas
limitações na implementação e sustentação da RAPS no município, dificultando o acesso
dos usuários à rede intersetorial e ao CAPSad. Pretende-se, com a continuidade desse
espaço de trabalho, avançar na promoção da autonomia e inserção social, pra além dos
limites da referida Unidade de Saúde.

Palavras-chave: Álcool e outras drogas; Oficinas terapêuticas; CAPSad; Saúde mental;


Redução de Danos.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

228
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

OFICINA DE RECICLAGEM: TRANSFORMAR PARA INTEGRAR

Maristher Braga ( Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas III Vitória), Marta
Fernandes*(Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas III Vitória)

Introdução: O processo da reforma psiquiátrica, em curso no Brasil, baseia-se na perspectiva


de integração e reabilitação psicossocial através de inúmeras estratégias. Termos como
reforma, psiquiátrica e do ser; reabilitação psicossocial; recuperação, enquanto cidadãos;
restauração do sujeito; comparecem com frequência na Clínica do Usuário de Álcool e
Outras drogas. Mas, até que ponto é possível inserir socialmente indivíduos segregados
ou ociosos, que se sentem colocados no lugar de lixo ou escória social? Ao idealizar uma
oficina que de fato servisse de fortalecimento e também produzisse novas formas de vida,
através de uma produção carregada de sentido, constatou-se a necessidade de possibilitar
a conexão do sujeito com uma dimensão diferente daquela em que habitualmente se
encontra. Assim, pensou-se em oficinas que pudessem funcionar como catalisadoras na
construção de territórios existenciais capazes de possibilitar a reconquista ou conquista
da habilidade da criação em todos os aspectos da vida. Objetivo: A Oficina de Reciclagem
busca desenvolver o potencial criativo dos sujeitos, para que, a partir do trabalho com
o material descartado, também possam criar soluções alternativas para as diferentes
situações da própria vida. Metodologia: Trata-se de estabelecer um novo olhar investigativo,
que estimula a criatividade através da construção e da reconstrução do material concreto.
A oficina acontece semanalmente, em espaço aberto no CAPS ad III Vitória, de forma a
propiciar a integração daqueles que se isolam por questões imaginárias ou dificuldades de
se inserir em atividades grupais. A produção é feita, ora de forma espontânea, ora tendo
um modelo e técnica como inspiração para a criação de seu próprio trabalho. A ênfase não
está no material estético, mas na representação simbólica da criação. Desta forma, esse
trabalho busca integrar as fases de imaginação, onde se produz imagens criativas; fase de
execução, onde é feita a criação do produto em si; e fase de inter-relação comunicativa do
criador sobre sua obra. Resultados: Considerando a individualidade e a história daquele
que se expressa, os resultados de cada processo têm seus sentidos contextualizados.
Considerações Finais: observa-se, a partir das experiências vividas nas referidas oficinas,
uma crescente apropriação do potencial criativo. Nesse movimento transformador,
restaurando; reformando; reaproveitando e reciclando; utiliza-se do material psíquico e
plástico para buscar a integração. Exercita o relacionar com o inesperado e com aquilo que
aparentemente não possuía valor ou solução. Evidencia a utilização de recursos que se
tem à mão e a necessidade de se adaptar às circunstâncias. Nesse processo de relação
com a matéria a ser transformada vivencia também a possibilidade cíclica da vida, de se
permanecer sempre em construção.

Palavras-chave: Saúde Mental; Oficina; Reciclagem; Criatividade


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

229
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

Título: OFICINA DE VIVÊNCIAS DO COTIDIANO: INFORMAR E ENFORMAR PARA


REINVENTAR

Adriana Aparecida Miranda (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III


Vitória),Maristher Braga ( Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas III Vitória),
Marta Jorge Fernandes* (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III Vitória).

Introdução: A vida humana, diferentemente da vida animal, depende da invenção que se


dá no cotidiano da existência. No atual contexto da saúde mental, uma das prioridades no
trabalho com usuários de álcool e outras drogas tem sido a reabilitação psicossocial, pela
interação social com a cidade e seus habitantes ou pela valorização de sua obra como
mercadoria de consumo, capaz de lhe criar nomeação e sustento. As oficinas passam a
ser entendidas como dispositivo clínico que se utiliza de suas estratégias de intervenção
terapêutica para viabilizar os vínculos familiares e sociais, bem como, sua reinserção no
mercado de trabalho. Surge então a necessidade da informação para promover formas de
se autogerir na convivência e na abertura de uma nova condição de cidadania que nomeie
e represente o sujeito em outro contexto social Objetivo: Objetivando produzir saúde e
aumentar a autonomia perante a família e comunidade, é que se buscou possibilitar a
construção e invenção de novas perspectivas de vida e subjetividade. Metodologia. Refere-
se a uma oficina onde se prioriza a utilização de dispositivos que, a partir da escuta, resgata
e valoriza saberes dos usuários e de seus familiares, sendo compartilhados, através das
várias vivências, na área da gastronomia. Os profissionais coordenam a oficina, que
acontece semanalmente, e facilitam para que a cada semana, de forma revezada, cada
usuário compartilhe o seu conhecimento com os colegas. Também são realizadas vivências
no que se refere ao planejamento de cada oficina. Nessas ocasiões, além de serem
considerados os custos e possibilidades de lucros, são realizadas trocas de ideias entre
todos, visando explorar as diversas formas de se utilizar a aplicação do recurso vivenciado
na vida cotidiana. Os produtos são comercializados com a finalidade de autossustentar a
oficina, que acontece no refeitório e cozinha do CAPS-ad III Vitória; o que também serve
de parâmetro aos participantes. Resultados: Observa-se, a partir da responsabilização
e coparticipação nas oficinas, uma melhora da autoestima, que se revela nas iniciativas
voltadas para gerar sua própria renda e vida; promovendo a reinserção social e recuperação
da cidadania. Considerações finais: A Oficina de Vivências do Cotidiano, ao valorizar o
saber do sujeito, o coloca como protagonista, e aponta novas formas de pensar e gerir a
vida. O protagonismo atinge seu auge no momento do compartilhar e executar as receitas,
e, principalmente diante da grande aceitação dos demais usuários, que sinalizam que é
possível realizar as atividades fora do serviço e gerar renda.

Palavras-chave: Saúde Mental; Geração de renda; Reinserção social; Protagonismo.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

230
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

OFICINA TERAPÊUTICA E O PROTAGONISMO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO


CAPS AD DO CABO DE SANTO AGOSTINHO/PE.

Cintia Maria de Lima (Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho/PE), Leila Karina
Novaes Pires Ribeiro (Universidade Católica de Pernambuco), Mônica Maria de Lima da
Silva* (Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho/PE).

O presente trabalho é um relato de experiência, no campo assistencial, sobre ações de


reabilitação para o tratamento da dependência química realizadas no Centro de Atenção
Psicossocial – álcool e drogas (CAPS AD) Pastor Armando José da Silva. A estratégia
utilizada foi a realização de oficinas terapêuticas, as quais foram facilitadas pelos próprios
usuários do serviço, valorizando suas habilidades e potencialidades, como parte importante
do processo de reabilitação psicossocial. O Trabalho visa a descrever as intervenções
realizadas e compartilhar as experiências exitosas no campo da reinserção social e
ocupacional. Como métodos, foram utilizadas a observação estruturada das oficinas e a
análise de registros institucionais. O exercício do protagonismo toma forma nos debates
realizados nas Assembleias do CAPS AD. Os próprios usuários demandaram e idealizaram
o que foi definido como “Quinta da Oficina”: um dia por semana (as quintas-feiras)
foi escolhido como data para espaço aberto a usuários, familiares e comunidade, para
realização de oficinas terapêuticas planejadas, divulgadas e executadas pelos usuários
de forma voluntária a partir dos seus saberes e habilidades com apoio da equipe técnica
do serviço. Foram sugeridas oficinas diversas, sendo algumas de artesanato (sabonete,
cestaria, origami, macramê, pintura em tecido), reciclagem (latas de alumínio) e culinária
(feijoada, broa). Conclui-se que a oficina terapêutica tem se mostrado importante para o
tratamento psicossocial dos usuários, visto que reforça sua autonomia e protagonismo,
sua responsabilização em relação ao seu próprio tratamento por meio da contratualidade.
Além disso, direciona o foco para os aspectos saudáveis dos sujeitos e para as trocas
de saberes, gerando conhecimento para todos. Observa-se que há uma organização no
autocuidado e nas funções cognitivas do usuário para o planejamento da oficina. Há, ainda,
redução do consumo de substâncias psicoativas, resultando no aumento da autoestima,
além de redução dos danos sociais e à saúde relacionados ao abuso ou dependência de
álcool e/ou outras drogas. Com esta iniciativa, o CAPS AD tem ampliado o seu olhar sobre
o usuário, estimulando as potencialidades, a criatividade e produtividade, a reinserção
social, o combate ao estigma e a capacidade de os sujeitos realizarem, por si mesmos, as
mudanças necessárias para evoluirem e se fortalecerem, ou seja, o empoderamento.

Palavras-chave: Oficinas Terapêuticas; Protagonismo; Reinserção Social.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Relato de Experiência (assistencial).

231
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

ORIENTAÇÕES FARMACÊUTICAS PARA A ADESÃO AO TRATAMENTO


FARMACOLÓGICO: COM ENFASE À SAÚDE MENTAL DE USUÁRIOS DE ÁLCOOL E
OUTRAS DROGAS RELACIONANDO COM A ESCALA DE ADESÃO TERAPÊUTICA DE
OITO ITENS DE MORISKY (MMAS-8)

Jussara Secundo dos Santos*( Universidade Federal de Sergipe), Maraiza Alves de Oliveira,
José Cicero de Alcantara, Raphaella Gois Barros, Cibele Ferreira Cezar, Giuliano Di Pietro.

INTRODUÇÃO O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) é


promovido pelos Ministérios da Saúde e Educação, visando à formação de alunos através
do trabalho, oferecendo oportunidades de trocas de conhecimentos e experiências entre
profissionais que atuam no SUS e graduandos na área da Saúde. Com base nesse programa
e considerando a temática atual do uso abusivo de drogas, que atinge grande parte da
população e, seguindo as recomendações da UNESCO, foi possível realizar a pesquisa e o
trabalho no Centro de Atenção Psicossocial (CAPSad) sobre a adesão farmacoterapêutica
de usuários de álcool e outras drogas ao tratamento. O usuário procura o CAPSad de forma
espontânea em busca do tratamento contra sua dependência química, contudo a maioria
dos usuários cadastrados não aderem ao tratamento realizado pela estratégia da redução de
danos, e acabaram voltando ao uso abusivo. Isso ocorre muitas vezes por não participarem
regularmente das atividades desenvolvidas e não fazerem o uso correto das medicações
prescritas, que auxiliam no seu tratamento. OBJETIVO Orientar usuários de álcool e outras
drogas a fazerem a administração correta dos medicamentos prescritos ao seu tratamento
obedecendo a posologia e o modo de uso; Esclarecer as dúvidas relacionadas explicando
sobre os riscos e interações entre o uso da droga concomitante ao uso do medicamento
psicotrópico. METODOLOGIA Foi realizada a aplicação de um questionário estruturado a 30
usuários ativos maiores de 18 anos atendidos no CAPSad “João Rosendo dos Santos” em
Lagarto-SE. As entrevistas foram realizadas por acadêmicos de Farmácia, acompanhados
por preceptores que trabalham na instituição, entre Julho e Agosto de 2015. Após a
aplicação do questionário foram realizadas orientações farmacêuticas por meio de vídeos
e atividades sobre “Ação dos fármacos no organismo” e “Uso racional de medicamentos e
descarte consciente”, onde os usuários adquiriam conhecimentos sobre a forma correta de
tomar o medicamento com explicações concretas e farmacológicas, baseadas na literatura.
Uma semana após a realização destas atividades, foram reaplicados os questionários para
avaliar os resultados. RESULTADOS Com base nos resultados obtidos até o momento foi
possível analisar a mudança de comportamento de alguns usuários relacionado ao uso
correto e racional dos medicamentos a eles prescritos comparado as respostas dadas antes
e depois das atividades. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando-se que a não adesão
desses pacientes ao tratamento ou a administração incorreta das medicações pode resultar
em agravamento do quadro clínico e/ou dano dos pacientes, assim como o abandono do
tratamento, ressalta-se a importância da assistência farmacêutica nesse cenário, visto que no
Brasil os medicamentos psicotrópicos são causas frequentes de intoxicação medicamentosa.
Enfim, Esta pesquisa aponta para a necessidade de estratégias direcionadas à promoção
da adesão à terapia medicamentosa para os dependentes químicos.

Palavras chaves: Drogas; CAPSad; Adesão ao Tratamento; Farmacoterapia, Intervenção


Farmacêutica.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

232
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

OS DESAFIOS DO CUIDADO: O COTIDIANO DE UM CENTRO DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL ALCOOL E OUTRAS DROGAS III E OS MODOS DE FAZER O
ACOLHIMENTO 24H

Anelise Nunes Gorza* (CAPS AD III Vitoria), Andrea Firmiano Nascimento (CAPS AD III
Vitoria) , Andrea Roman (CAPS AD III Vitoria), Claudia Reis Cardoso de Mello (CAPS AD
III Vitoria), Claudia Maria Leal Coser (CAPS AD III Vitoria), Luciano Azevedo Alves Macedo
(CAPS AD III Vitoria) Luciana Alves Alvarenga (CAPS AD III Vitoria), Luciana Maria Borges
(CAPS AD III Vitoria), Lucimar Coutinho dos Santos (CAPS AD III Vitoria), Maria Alice Oliveira
Pinto (CAPS AD III Vitoria), Magda Tellarolli Botelho (CAPS AD III Vitoria) , Maurina Silva
Florêncio (CAPS AD III Vitoria), Maria das Graças Macedo Seabra de Melo (CAPS AD III
Vitoria), Maristher Sarmento Braga (CAPS AD III Vitoria), Michelly Christie Gomes de Araujo
Souza (CAPS AD III Vitoria), Raquel Virginia Médice (CAPS AD III Vitoria), Rosana Menezes
Marangoni (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas III Vitoria), Rosineia
Sant’Anna Almada (CAPS AD III Vitoria), Rozineide Maria de Palma Fagundes (CAPS AD III
Vitoria), Isabel Cristina Santos (CAPS AD III Vitoria), Jovelina Izabel do Nascimento (CAPS
AD III Vitoria), Scheila Silva Rasch (CAPS AD III Vitoria), Talita Silva Schubert Ferreira
(CAPS AD III Vitoria), Valter Molulo Moises (CAPS AD III Vitoria), Vera Mendes Cristina
Mendes de Moraes (CAPS AD III Vitoria), Viviani de Freitas Barreto (CAPS AD III Vitoria).

Introdução: A peculiaridade de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III


é ofertar um serviço de permanência 24 horas na qual o sujeito usuário de substâncias
psicoativas com padrão abusivo e dependente em situação de risco, vulnerabilidade
física e social possa ser acolhido para uma processo de cuidado pautado na proposta
da atenção em saúde, podendo prevaler algumas questões como a desintoxicação, o
amparo nas situações danosas à vida do sujeito, as precariedades e vulnerabilidades
do processo de uso da substância psicoativa e que essa intensificação de seu Projeto
Terapêutico possa favorecer um reposicionamento desse sujeito na relação estabelecida
com o consumo das SPAs e suas redes relacionais. Objetivos: Realçar a importância
da modalidade permanência 24 horas como suporte para situações de crise na atenção
psicossocial ao usuário abusivo ou dependente de substâncias psicoativas.. Metodologia:
Essa experiência acontece no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III de
Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, que se iniciou em dezembro de 2011, com
oferta de oito leitos. A atuação interdisciplinar é realizada por equipe, na qual o usuário
chega ao serviço mediante forma espontânea ou encaminhado por familiares ou pela rede
de serviços. Após o acolhimento e avaliação do caso, por equipe interdisciplinar e havendo
acordo entre os envolvidos neste processo para o acolhimento noturno, considerando
os aspectos biopsicossociais do caso e suas demandas emergências de cuidado, o
sujeito e suas referencias afetivas serão conduzidos a uma nova etapa no processo de
tratamento, ofertando as terapêuticas adequadas e estabelecendo o técnico de referência
para cogestão do caso, priorizando as análise das singularidades que este apresenta. O
tempo de permanência nessa modalidade é prioritaraiamente destacado de acordo com
a situação clínica e psicossocial desse usuário, tendo igualmente como parâmetro para
essa permanência os prazos estabelecidos pela Portaria n.130/2012 do Ministério da
Saúde. Resultados: A desintoxicação das substâncias psicoativas num ambiente seguro de
estímulos relativos às drogas, bem como a não exposição do sujeito às situaçãos de riscos
e a situações de tensão relativas a esse consumo, favorece um repensar e recriar desse
sujeito em sua vida e diante das relações estabelecidas. Considerações finais: Mesmo com
os avanços de terapêuticas como a permanência 24 horas, num serviço substitutivo das
internações hospitalares e de acolhimento às situações de crise, as recaídas são situações

233
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

recorrentes e inerentes a essa clínica, aspectos que precisam ser avaliados no processo
de retorno desse usuário ao serviço. Compreendemos que, a ampliação do PTS trata-se
de mais uma ferramenta adotada em situações estratégicas do cuidado e não esgota as
possibilidades de pactuações realizadas com o usuário, considerando as interrupções, os
recuos e tensionamentos que se presentificam no decorrer de todo processo de cuidado.

Palavras-chave: Apoio matricial; Saúde mental; Atenção básica; Centro de atenção


psicossocial álcool e drogas; Rede.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

OS SIGNIFICADOS DO CRACK PARA O USUÁRIO EM RECUPERAÇÃO

Carlos Donizetti de Souza Júnior* (Universidade Paulista), Ana Carolina Sabion Orlando
(Universidade Paulista), Gefferson Luis de Sousa Rosa (Universidade Paulista).

As Substâncias Psicoativas (SPA) acompanharam o desenvolvimento da humanidade.


Diversos ingredientes como o próprio vinho, ervas, cogumelos e folhas amazônicas eram
usadas em forma de chás, fumos, óleos em rituais, como medicamentos e também para
minimizar o sofrimento. O usuário de SPA, principalmente o que faz uso de crack, coloca
na droga uma saída supostamente efetiva para enfrentar sua fragilidade. Desde modo, é
importante conhecer a forma como os usuários fazem suas escolhas e decidem pela droga,
os sentidos e motivações que eles atribuem a esse uso. O objetivo da pesquisa foi conhecer
os significados atribuídos ao uso do crack dentro de uma perspectiva fenomenológica,
assim como identificar no discurso suas concepções atuais, estando em tratamento, e
suas perspectivas de vida. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa de base fenomenológica.
Foram entrevistados seis sujeitos, usuários de crack em tratamento, com idades entre 18 a
50 anos e a pesquisa foi realizada em uma clínica de reabilitação do interior de São Paulo.
Foram seguidos todos os parâmetros e cuidados éticos. Os instrumentos utilizados foram
ficha de dados gerais e um roteiro de entrevista aberta. Os participantes foram entrevistados
individualmente na instituição. Os resultados mostraram três sentidos/significados atribuídos
ao uso do crack sendo a fuga da realidade/problema, as influências e o prazer. Sobre as
concepções atuais, o sujeito toma consciência de sua situação, como estar doente e as
dificuldades que levaram a dependência e, assim, toma forma a possibilidade de enfrentá-
la. Na última categoria, sobre as perspectivas de vida, apresentou-se uma intenção de
futuro melhor, sem uso da substância. Conclui-se que o usuário percorre um caminho até o
uso do crack. A fuga da realidade/problema com as influências pode levar ao uso da droga
e, devido ao prazer imediato, o vício instala-se. Sobre as concepções atuais, notou-se
que os sujeitos têm uma possibilidade de compreender suas dificuldades, ressignificá-las e
assim enfrentá-las. Em relação à perspectiva de vida, percebeu-se nos sujeitos a vontade
de ter um futuro melhor, baseado em valores familiares, em estar sóbrios e exercendo
uma profissão. Em vista disso, o profissional que trabalhar com usuários de crack, deve
pautar seu trabalho na compreensão da história desses sujeitos, levantando pontos que
motivaram seu uso e os que o mantiveram. Partindo daí, atuar na ressignificação de suas
experiências e na busca do fortalecimento de vínculos saudáveis. A pesquisa possibilitou

234
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ampliar a visão sobre os sujeitos que fizeram uso dessa droga e os significados que eles
atribuíram ao seu uso. No entanto, há necessidade de novas pesquisas para expandir a
compreensão sobre os usuários de crack.

Palavras-chave: Crack; Fenomenologia; Significados.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

TÍTULO: OS VÍNCULOS FAMILIARES DAS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: RELATO


DE EXPERIÊNCIA

Autores e instituição: Maria Carolina Lins da Silva * (Universidade Federal de Alagoas),


Maria Cícera dos Santos de Albuquerque (Universidade Federal de Alagoas), Isabelle
Louise Pino de Lima (Universidade Federal de Alagoa), Roberta Dorvillé Moreira
(Universidade Federal de Alagoas).
Resumo:
Introdução: Ao falar sobre o uso de drogas atualmente, nos remontamos às questões
diretamente ligadas ao campo da saúde, família e relações sociais. O conjunto formado
por profissionais, familiares, organizações governamentais e não-governamentais, nas
suas diferentes responsabilidades e apoiando-se mutuamente em benefício aos usuários,
é de extrema importância para o processo de reabilitação do dependente químico. Através
da articulação em redes criam-se possibilidades de acessos variados, acolhimento,
encaminhamentos, prevenção, tratamentos, reconstrução de existências, dessa forma se
efetivam alternativas para o enfrentamento ao uso das drogas. Objetivos: Objetivamos com
o presente trabalho relatar as vivências de estudantes de enfermagem e serviço social, do
grupo Rede de Atenção Psicossocial vinculado ao Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde (PET)/Redes de Atenção à Saúde na atenção a pessoa em situação de rua.
Teve como enfoque o relacionamento familiar vivenciado durante as práticas no Consultório
na Rua na Região do Centro de Maceió/AL (Brasil), campo vinculado ao PET-Redes na
Universidade Federal de Alagoas. Metodologia: Utilizamos a abordagem qualitativa, do
tipo exploratória, as informações foram obtidas através de diálogos informais, durante
a abordagem de rotina da equipe do consultório na rua. Participaram seis pessoas em
situação de rua, homens, mulheres e adolescentes, entre 13 aos 40 anos. Resultados: De
acordo com a Política Nacional para Inclusão Social da População em Situação de Rua,
dentre os principais motivos pelos quais essas pessoas passaram a viverem e morarem na
rua 29,1% se referem a desavenças com pai/mãe/irmãos e 71,3% citaram pelo menos um
desses três motivos que podem estar tanto relacionados entre si como ou ser consequência
um do outro. Os Resultados dos diálogos vivenciados entre as estudantes e a população
em situação de rua foram: “C” morou 8 anos na rua, está em tratamento no CAPSad e a
firma que só conseguiu sair da vida que tinha antes porque a filha nunca desistiu dela. “J”
tem 17 anos, é órfão e vive na rua e a única referência de família é a irmã que está em
um abrigo. “A” foi rejeitado pela família por ser homossexual, conta com o apoio da mãe
que sempre leva alimentação. “S” e “I” (masculino e feminino) é um casal que há 14 anos
mora na rua, e a cumplicidade está presente na luta contra as drogas, mas também nas
recaídas. Conclusão: As relações familiares contribuem para uma possível reinserção social
do indivíduo que se encontra marginalizado, que a família não é a soma de indivíduos, mas
um conjunto vivo, contraditório e cambiante de pessoas com sua própria individualidade e

235
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

personalidade.Identificamos que os vínculos familiares fortemente influenciaram para que


os entrevistados se mantivessem nas ruas, devido a falta de aceitação da família, e por
outro lado o apoio em alguns dos casos contribui para a sua saída.

Palavras-chave: População de rua; Vínculos familiares; Consultório na rua.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

Oficina de Diálogos: múltiplos fios de uma agenda intersetorial

Ana Cecília Vilella Guilhon* (Prefeitura de Juiz de Fora), Ana Claudia Cezario (Universidade
Federal de Juiz de Fora/Universidade Salgado de Oliveira-Juiz de Fora), Claudia Ciribelli
Rodrigues Silva (Universidade Salgado de Oliveira-Juiz de Fora), Claudia Maciel Stumpf
(Prefeitura Juiz de Fora), Marcio José Martins Alves (Universidade Federal de Juiz de Fora)

O presente trabalho visa relatar a experiência, ainda em curso, das Oficinas de Diálogos
Intersetoriais. Estas oficinas são parte das ações previstas pelo Plano Municipal Integrado
sobre crack, álcool e outras drogas do município de Juiz de Fora, conhecido como JF+Vida,
lançado em 2014, e consistem na realização nos territórios de encontros que agregam os
setores saúde, assistência social, educação, esporte e lazer e cultura. Essas oficinas têm
por objetivo: promover o conhecimento dos serviços existentes nos territórios e das políticas
públicas que os direcionam; estreitar os laços entre esses serviços e atores; aproximar
as diferentes perspectivas e linguagens; acolher as dúvidas e angustia dos profissionais
atuantes; analisar a realidade própria do território e proporcionar a construção coletiva de
ações de acordo com as potencialidades e necessidades de cada região. Por tratar-se de
um projeto ainda em andamento, não há conclusões definitivas, mas o caminho percorrido
já fornece muitos elementos para análise. Desta forma, ressalta-se aqui a importância deste
projeto no que se refere às ações de prevenção ao abuso de substâncias, na promoção de
discussões entre os setores diretamente envolvidos na temática e na promoção da saúde
à cidade de Juiz de Fora – MG.

Palavras-chave: Intersetorialidade; Território; Protagonismo; Drogas.


Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

236
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PADRÃO DE USO DE ÁLCOOL POR ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

Daniela Dias Vasconcelos (Universidade Federal de São João del-Rei)*, Elbert Eddy Costa
(Universidade Federal de São João del-Rei), Fernanda Dornelas Nunes (Universidade
Federal de São João del-Rei), Karolyne Resende Araújo(Universidade Federal de São
João del-Rei), Andreia Roberta Silva e Souza (Universidade Federal de São João del-
Rei), Bianca Penido Vecchia (Universidade Federal de São João del-Rei), Daniel Andrade
(Universidade Federal de São João del-Rei), Thiago Magela Ramos (Universidade Federal
de São João del-Rei), Richardson Miranda Machado (Universidade Federal de São João
del-Rei).

Introdução: O álcool é a droga mais consumida no mundo. Estudos apontam que os jovens
estão mais particularmente expostos aos problemas causados pelo alcoolismo. Neste
sentido, os jovens universitários têm merecido atenção especial, ao se constatar que o uso
de álcool e outras substâncias é maior entre os acadêmicos quando comparado à população
geral. Deste modo, a investigação do padrão do uso de álcool por jovens universitários se
faz necessária para fornecer informações valiosas para o entendimento do comportamento
desse grupo de indivíduos. Objetivos: traçar o perfil sócio demográfico; identificar e analisar
o uso de álcool por estudantes do Curso de Graduação em Enfermagem; verificar a
correlação do uso de álcool com as reprovações e avaliar se o processo de formação
interfere no uso de álcool. Metodologia: Estudo epidemiológico descritivo e transversal,
realizado no Campus Centro-Oeste Dona Lindu (CCO) da Universidade Federal de São
João Del-Rei (UFSJ) no município de Divinópolis/MG, a partir de dados obtidos através de
dois questionários, um sóciodemográfico e do AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification
Test). A coleta de dados ocorreu por meio da aplicação dos questionários em sala de
aula com os alunos do curso de Enfermagem do CCO/UFSJ, no primeiro semestre do
ano de 2014. Para análise dos dados utilizou-se de estatísticas descritivas, sendo utilizado
o StatisticalPackage for Social Sciences (SPSS) versão 11.5. Resultados: A amostra foi
constituída por 193 alunos de enfermagem. A maioria jovem, solteiros, renda mensal familiar
de 2 a 3 salários mínimos, católicos. 77,7% dos acadêmicos relataram fazer uso de bebidas
alcoólicas independente da quantidade e periodicidade. Constata-se que os estudantes do
1º ao 3º período têm maior consumo regular. Na medida em avançam os períodos, o nível
de autoconfiança aumenta, visto que os alunos do 3º ao 5º período apresentam perda de
atividades provocada pelo uso do álcool. A partir do 7º ao 9º períodos o uso e abuso de
álcool dos alunos cai. Isto pode estar relacionada ao fato de que estes têm conteúdos mais
aprofundados de Saúde Mental, onde a dependência química é abordada. Além disso,
pelo menos uma vez por mês os alunos de todos os períodos não se lembraram da noite
anterior por terem bebido. O 6º período foi aquele em que mais os estudantes se feriram ou
feriram alguém por ter bebido. Os resultados apontam que uma das consequências deste
consumo alcóolico logo no início da graduação é o índice de reprovação. Considerações
finais: A passagem pela vida acadêmica oferece ao estudante oportunidades de participar
de atividades sociais que podem influenciar a iniciação do consumo de álcool daqueles que
antes não o fazia. A educação se mostra como um fator de proteção no que tange ao uso
e abuso de álcool para os universitários. Assim, faz-se necessário aproveitar o ambiente
acadêmico para implantar programas e estratégias educacionais preventivas relacionadas
ao uso e abuso de álcool.

Palavras-chave: Estudantes; Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias; Transtornos


Relacionados ao Uso de Álcool.
Eixo Temático: “Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial”
Modalidade de apresentação: Poster
Tipo de trabalho: Relato de pesquisa (resultado final

237
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

Título: PANORAMA GERAL DO ATENDIMENTO A GESTANTES EM SITUAÇÃO DE RUA


PELA EQUIPE NO CONSULTÓRIO NA RUA DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS

Rachel Esteves Soeiro*(Consultório na Rua, Campinas, São Paulo), Alcyone


Apolinário Januzzi(Consultório na Rua, Campinas, São Paulo), Chayene de Andrade
C. da Silva(Consultório na Rua, Campinas, São Paulo e Universidade Estadual de
Campinas), Lívia Bueno Peres(Consultório na Rua, Campinas, São Paulo), Maria Magna
Fenandez(Consultório na Rua, Campinas, São Paulo), Bruno Mariani de Souza Azevedo
(Consultório na Rua, Campinas, São Paulo e Universidade Estadual de Campinas)

Os Consultórios na Rua (CnaR), instituídos pela Política Nacional de Atenção Básica,


integram o componente Atenção Básica da Rede de Atenção Psicossocial e devem seguir
os fundamentos e as diretrizes definidos na PNAB, buscando atuar frente aos diferentes
problemas e necessidades de saúde da população em situação de rua, inclusive na busca
ativa e cuidado aos usuários de álcool, crack e outras drogas. Os CnaR são formados por
equipes multiprofissionais,realizam atividades de forma itinerante desenvolvendo ações
compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), dos serviços de Urgência e Emergência e de outros pontos de
atenção, de acordo com a necessidade do usuário.Em Campinas, a equipe foi criada em
2012, cuja experiência evidencia usuários de alta complexidade clínica e social, entre eles
muitas gestantes usuárias ou não de substâncias psicoativas. De agosto/14 à julho/15,
essa equipe acompanhou 29 gestantes, das quaisuma estava abstinente de álcool e outras
substâncias psicoativas há mais de 6 meses. Realizou-se o pré-natal na rua, utilizando o
espaço físico de Centros de Saúde ou do Centro de Referência DST/AIDS para exames,
sempre trabalhando na lógica da redução de danos e na construção de vínculo com as
usuárias.As partir dos dados epidemiológicos das gestantes atendidas, a equipe busca
refletir sua experiência no cuidado e na atenção a essas mulheres e seus recém-nascidos.
Até o momento,19 gestantes permitiram a coleta do protocolo de pré-natal pela equipe do
CnaR, outras 5 realizaram coleta em outros serviços, 7 gestantes apresentaram sorologia
para sífilis reagente e foram tratadas, juntamente com seus companheiros, 2 tiveram
sorologia positiva para HIV e estão em acompanhamento nos serviços de referência.
13 gestantes realizaram Ultrassonografia Obstétrica, acompanhadas pela equipe. No
seguimento dessas mulheres, trabalhamos emimportante parceria com as equipes do
SOS Rua de Campinas, Centro PoP(Centro de Referência para moradores de rua) ecom a
Casa Santa Clara, para mulheres e crianças (onde vivem 5 mulheres, 4 com seus bebês,
e uma teve o bebê abrigado). 2 gestantes sofreram aborto espontâneo, uma foi a óbito por
violência.Uma gestante foi assistida pelo SAMU, na linha do trem, 7 pariram no Centro de
Atenção Integral à Mulher, na UNICAMP, 3 na Maternidade de Campinas, uma em Sumaré
e uma em Santos. 2 gestantes retornaram à família com seus bebês.8 gestantes estão
em acompanhamento no CAPS AD de Campinas e 3 passaram por internação em leito
psiquiátrico durante a gestação. Atualmente, temos 11 gestantes em acompanhamento. A
complexidade do cuidado dessas mulheres exige o acionamento de ampla rede de serviços
da saúde e da assistência social. Identifica-se que o trabalho pelo vínculo colabora na
construção de propostas cuidadoras.

Palavras-chave: Consultório na Rua; Gravidez; Redes; Crack; Situação de Rua


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

238
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Título: “PAPO RETO”: PERCEPÇÕES DE ADOLESCENTES SOBRE DROGAS E


PROMOÇÃO DA SAÚDE EM COLETIVOS PROJOVEM

Rosimár Alves Querino* (Departamento de Medicina Social, Instituto de Ciências da


Saúde, Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Ailton de Souza Aragão (Departamento
de Medicina Social, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Triângulo
Mineiro), Luana Cristina Silveira Gomes (Acadêmica do Curso de Psicologia), Otávio Loyola
Martins (Acadêmico do Curso de Psicologia), Gabriela Resende Pinheiro (Acadêmica do
Curso de Terapia Ocupacional), Guilherme Pimenta Rodrigues (Acadêmico do Curso de
Psicologia), Maria Lopes dos Santos (Acadêmica do Curso de Nutrição), Talita Cristina
Grizoli (Acadêmica do Curso de Psicologia), Veridiane Gonçalves Braga (Acadêmica do
Curso de Psicologia), Luciana Trajano da Silva (Acadêmica do Curso de Psicologia).

A presente comunicação trata das experiências de extensão realizadas no projeto


“Adolescentes e promoção de saúde na dinâmica do território: percepções de adolescentes
sobre vulnerabilidades, sexualidade e uso de drogas” desenvolvido desde fevereiro de 2014
em Coletivos ProJovem no município de Uberaba-MG. Com proposta ampla de articular
ensino, pesquisa e extensão, a equipe conheceu os territórios usados pelos adolescentes
por meio da metodologia Photo Voice, realizou grupos focais sobre sexualidade e direitos
reprodutivos, uso de drogas, violências, acesso à direitos, famílias e convivência nos
Coletivos e caracterizou os sessenta adolescentes participantes por meio de questionários
estruturados. As ações de extensão foram ancoradas neste conhecimento sobre o processo
de vida dos adolescentes e das famílias nas comunidades e pactuadas com adolescentes. O
objetivo da comunicação é descrever as experiências de extensão focadas no uso de drogas
e na promoção da saúde de adolescentes e problematizar as contribuições das ações para
as comunidades e para a formação de acadêmicos. A perspectiva dialógica e participativa
da educação em saúde valorizou as percepções dos adolescentes, ampliou o processo de
escuta e permitiu conversas abertas sobre uso de drogas. Em cada um dos encontros, a
equipe empregou diferentes estratégias como a produção de cartazes seguido de diálogo,
exibição de curtas metragens e vídeos disponíveis na internet; exposição de imagens com
projetor multimídia e conversação. Os adolescentes revelaram ricas percepções sobre os
territórios usados que rompem com processos de estigmatização presentes nos discursos
oficiais e apontam criativas maneiras de garantir a interação e sociabilidade na ausência de
equipamentos coletivos como, por exemplo, a realização de disputas de dança, jogos de
queimada, futebol, “gangorra nos muros”. As vulnerabilidades sociais e programáticas são
citadas pelos adolescentes no entendimento das fragilidades da comunidade e na ausência
de investimentos do poder público. Os Coletivos ProJovem mostraram-se potentes no
acolhimento dos adolescentes. Contudo, são perceptíveis os desafios enfrentados pelos
profissionais que, muitas vezes, não possuem condições mínimas de trabalho. Imersos
em territórios marcados por vulnerabilidades os adolescentes tem nos mostrado seu papel
ativo e criativo na construção de escolhas que potencializam a vida. Em alguns Coletivos
as relações ambíguas entre violências, proteção e drogas foram expostas como parte do
cotidiano dos adolescentes. O “papo reto” sem rótulos, estigmas e preconceitos permite a
apreensão das percepções e conhecimento dos adolescentes sobre o uso das drogas que,
longe de ser moralizante, repressivo e criminalizante, contribui para empoderar os sujeitos.
Oportuno destacar que a equipe de extensionistas congrega jovens acadêmicos, elemento
facilitador de vínculos com os adolescentes. Na avaliação da equipe as ações tem sido
enriquecedoras para a aproximação dos acadêmicos com a política de assistência social
e suas interfaces com a saúde. Espaço de encontro entre sujeitos, o projeto tem ensejado
outros processos formativos, de extensão e de pesquisa e contribuído, também, para que

239
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

os jovens acadêmicos ampliem suas percepções sobre o uso de drogas.

Palavras-chave: Uso de drogas; Promoção da saúde; Adolescentes; Políticas Públicas.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência
Instituições Financiadoras: ProEXT- UFTM; ProACE-UFTM.

PARCERIA ENTRE SAO PAULO E AMSTERDAM: DE BRAÇOS ABERTOS APRENDEN-


DO E INCORPORANDO O MODELO HOLANDÊS DE REDUÇÃO DE DANOS

Tamara Neder Collier (SAE Campos Eliseos / PRD Sampa


Prevenção Programa De Braços Abertos)

Objeto: A Prefeitura de São Paulo subsidia formação em Álcool e Outras Drogas da equipe
técnica de Redução de Danos do Programa De Braços Abertos.Objetivo: A Prefeitura de
São Paulo assinou parceria com a Prefeitura de Amsterdam com o objetivo de aproximar a
prática brasileira de intervenção na realidade do usuário de drogas da pratica holandesa e
capacitar a equipe do Programa De Braços Abertos em Álcool e Outras Drogas e Redução
de Danos para melhor abordagem do usuário de drogas.Metodologia: A parceria entre as
prefeituras de Sao Paulo e amsterdam fomenta a troca de saberes no campo da Redução
de Danos e a prefeitura de Amsterdam em conjunto com a Universidade de Amsterdam
(UVA) disponibilizaram uma vaga no curso de verão “Alcool, Drogas e Vícios” para a equipe
técnica do Programa De Braços Abertos. O curso apresenta as pesquisas mais recentes no
campo da dependência química e de tratamento de usuários de drogas; a política holandesa
de aboragem do usuário de drogas cujo paradigma é o respeito ao usuário de drogas e a
redução de danos; e os programas de tratamento ao dependente quimico. Conta tambem
com excursões ao presidio, ã coffeshops, aos centros de saúde voltados para usuártios de
drogas e palestras de policiais, pesquisadores e trabalhadores da saúde em Alcool e Outras
Drogas. Resultado: A Prefeitura de São Paulo está criando estratégias que divulguem esse
conhecimento através de capacitações de outros técnicos e agentes que atuam no De
Braços Abertos e na prevenção de DSTs entre usuários de drogas, piblicação de artigos,
etc. Estamos formulando novas intervenções e abordagens em consonânça com a forma
como os holandeses trabalham essa questão.

Palavras-chave: Redução de Danos; Programa De Braços Abertos, Formação em ALcool


e Drogas
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

240
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PERCEPÇÃO DE LIBERDADE NO LAZER: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE


ADOLESCENTES USUÁRIOS E NÃO USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS

Diego Eugênio R. G Almeida* (Universidade Federal de São Paulo), Denise De Micheli


(Universidade Federal de São Paulo), Maria Sylvia de Souza Vitalle (Universidade Federal
de São Paulo)

A vivência do lazer pode ocorrer em qualquer atividade ou tempo, desde que haja percepção
de liberdade durante as ocupações e motivação intrínseca. O lazer como atitude inclui
a percepção de competência, controle, necessidade, profundidade e envolvimento nas
experiências de lazer. Objetivo: verificar se o uso de substâncias entre adolescentes de 14
a 18 anos, está relacionado à percepção de liberdade no lazer. Método: Realizou-se um pré-
teste com 66 adolescente a fim de assegurar a inteligibilidade do PLL e do QSDL. Selecionou-
se por conveniência 186 adolescentes no Projeto Quixote em uma escola estadual de
Guarulhos. Usou-se como instrumentos o Questionário de Dados Sóciodemográficos e de
Lazer (QSDL) a fim de definir o perfil da amostra, The Leisure Diagnostic Battery, version
B (PLL) para mensurar a Percepção de Liberdade no Lazer, e o Drug Use Screening
Inventory (DUSI) para classificação do uso de substâncias, todos autoaplicáveis. Os dados
sofreram análise descritiva e posterior análise de variância (ANOVA) ou comparação de
médias (teste t independente), ambas com grau de significância de 5%. Resultados: 165
avaliações foram analisadas. A frequência do uso de ecstasy e maconha no último mês
relacionaram-se com maiores índices do PLL (p≤,05). O número de substâncias usadas no
último mês não teve efeito significativo. Conclusão: dados sugerem que a frequência do uso
de substâncias relaciona-se com subitens do PLL. Observou-se tendência ao aumento do
PLL conforme o aumento do uso de substâncias.

Palavras-chave: Lazer. Adolescência; Transtornos relacionados ao uso de substâncias;


Percepção de liberdade.
Eixo Temático: “Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial”
Modalidade de Apresentação: Apresentação Oral
Tipo de Trabalho: relato de pesquisa com resultados finais

241
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PERCEPÇÃO DE MUDANÇA POR USUÁRIOS DE CENTROS DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

Gabriella de Andrade Boska* (Escola de Enfermagem USP), Paula Hayasi Pinho (Escola
de Enfermagem da USP), Thalita Silva Gomes de Araújo (CAPS AD – São Paulo), Bruno
Ricardo da Silva Santos (CAPS AD – São Paulo), Patrícia Simões Santana (CAPS AD –
São Paulo), Thais Fernandes Rojas (Escola de Enfermagem USP), Rosana Ribeiro Tarifa
(Escola de Enfermagem USP), Heloisa Garcia Claro (Escola de Enfermagem USP), Rejane
Maria Dias de Abreu Gonçalves (Escola de Enfermagem USP), Maria de Fátima Moysés
(CAPS AD – São Paulo), Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira (Escola de Enfermagem
USP).

Introdução: A avaliação dos serviços de saúde mental tem sido proposta por meio de uma
abordagem integrativa que inclui todos os agentes envolvidos neste processo: usuários,
familiares e profissionais, permitindo avaliar os serviços nas dimensões que compreendem
a estrutura, o processo e os resultados, consideradas como pilares das avaliações de
serviços de saúde em geral. Incluir a visão e a perspectiva dos usuários neste método
leva-se a resultados que possibilitam garantir qualidade à assistência prestada, pois eles
fornecem informações e experiências únicas que muitas vezes não estão presentes nas
medidas clínicas dos profissionais. Para que as mudanças percebidas pelos usuários
sejam positivas, estas precisam ser congruentes com as mudanças aferidas pelos
profissionais. Uma forma de mensurar esta questão é utilizando a Escala de Mudança
Percebida (EMP). Este instrumento foi validado no Brasil e permite identificar os efeitos
do tratamento para o usuário na sua saúde física, psicológica, aspectos da vida social e
atividades diárias, assim como mostra onde as mudanças não estão ocorrendo, ou não
estão sendo percebidas. Objetivo: Avaliar, em uma amostra de usuários dos Centros de
Atenção Psicossocial em Álcool e Outras Drogass (CAPSad) das regiões Sul e Sudeste do
município de São Paulo, a percepção de mudança por usuários que frequentam os serviços
e as variáveis associadas a essas mudanças. Método: Trata-se de uma pesquisa avaliativa
de métodos quantitativos transversais, descritivos e exploratórios. Teve como variável
dependente a Escala de Mudança Percebida do usuário e, como variáveis independentes,
as características socioeconômicas e clínicas, além da satisfação com o serviço (SATIS-
BR) e com a frequência de comparecimento as atiidades. A amostra foi de 114 sujeitos
entrevistados em cinco CAPSad. Foram incluídos no estudo usuários portadores de
transtornos mentais graves e persistentes decorrentes do uso e da dependência de álcool
e/ou outras drogas, com idade superior a 18 anos, em tratamento no CAPSad a no
mínimo 6 meses. . Resultados: Verificou-se que as variáveis socioeconômicas e clínicas
não apresentam correlação positiva com a percepção de mudanças (p-valor=> 0,05). A
satisfação com o serviço e se o usuário considera sua frequência de comparecimento as
atividades/atendimentos suficiente, são estatisticamente significantes e possuem correlação
positiva com a mudança percebida (p-valor<=0,01 e p-valor<=0,05, respectivamente), ou
seja, esses fatores contribuem para a percepção de mudança ao tratamento. Conclusões:
Desse modo conclui-se que os usuários devem ser considerados participantes ativos em
seu tratamento pela possibilidade de expressar as mudanças que percebem a partir dos
atendimentos nos CAPSad, melhorando assim a assistência prestada.

Palavras chave: Avaliação de serviços de saúde; Transtornos relacionados ao uso de


substâncias; Serviços de saúde mental.
Eixo: Atenção, reinserção social e redução de danos.
Modalidade de apresentação:Oral
Tipo de trabalho: Relato de pesquisa

242
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA DE SAÚDE MENTAL SOBRE O


ACOLHIMENTO AO USUÁRIO DE SUBSTÂNCIA PSICOATIVA EM UM CAPSad

Daiane Bernardoni Salles*(Terapeuta Ocupacional da Faculdade de Medicina de Marília


– FAMEMA), Meire Luci da Silva (Professora Assistente Doutora do Curso de Terapia
Ocupacional do Departamento de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de
Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Marília, SP, Brasil).

O uso e abuso de substâncias psicoativas é considerado grave problema de saúde


pública. De acordo com a nova política de Saúde Mental, um dos locais de atendimento
a estes usuários dar-se-á em Centros de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas que
segue a Política de Humanização tendo como eixo norteador o acolhimento ao usuário.
O objetivo deste estudo foi investigar na percepção dos profissionais da área de saúde
mental, o entendimento sobre o acolhimento oferecido ao usuário de álcool e outras drogas
em CAPSad. Trata-se de um estudo do tipo exploratório descritivo e quantiqualitativo,
realizado em um CAPSad do interior Paulista. Participaram do estudo 6 profissionais
que realizam acolhimento. A pesquisa foi aceita pelo Comitê de Ética em Pesquisa e
cada participante foi informado sobre a pesquisa e assinou o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. Para coleta de dados foi utilizado um questionário elaborado com 27
perguntas de autopreenchimento, sendo 15 perguntas fechadas, analisadas através de
estatística descritiva, e 12 abertas, analisadas pelo método de análise de conteúdo de
Bardin. A coleta de dados foi realizada entre os períodos de dezembro/2014 a janeiro/2015.
Os participantes apresentaram tempo de atuação com média de 14,3 ± 6,7 anos. Ao serem
questionados sobre o trabalho com dependência química ter sido sua área de escolha
profissional, 33% (2) tiveram resposta afirmativa. Quanto à realização de especializações
na área, 50% (3) responderam afirmativamente. Dentre capacitações específicas sobre
o tema acolhimento, 100% (6) disseram nunca terem realizado. Em relação à temática
“entendimento sobre acolhimento”, todos os participantes relataram que acolher é
receber o usuário no serviço, ouvir suas demandas de forma qualificada, orientar e fazer
os encaminhamentos necessários. Referiram ainda o acolhimento como sendo o início
do acompanhamento deste paciente no tratamento. Na temática referente à “função do
acolhimento ao usuário”, todos participantes evidenciaram o acolhimento como forma de
orientação quanto ao tratamento. Em relação ao “entendimento sobre acolhimento ideal”,
todos participantes apontaram para preocupação de um atendimento ágil e instantâneo ao
momento da procura, prezando a escuta qualificada, realização de orientações necessárias
e possíveis encaminhamentos, bem como, a necessidade de uma rede de suporte bem
estruturada. Os resultados demonstram ambiguidade da concepção do acolhimento como
forma de escuta qualificada e, como momento de coleta de dados auxiliar para possíveis
encaminhamentos. Evidenciou-se a necessidade de criação de espaços formais para
troca de saberes, discussão e encaminhamentos adequados dos casos, bem como, de
incentivo à capacitação profissional, promovendo a identidade do acolhimento no serviço, e
consequentemente favorecendo a adesão do usuário ao tratamento.

Palavras-chave: Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias; Acolhimento; Serviços


de Saúde Mental.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

243
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PERCEPÇÃO DE RISCOS E ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE DANOS DO USO DE


ÁLCOOL POR ADOLESCENTES: SUBSÍDIOS PARA INTERVENÇÕES ALÉM DO
“DIGA NÃO”

Larissa Padovez Gonçalves* (Universidade Federal de São Paulo), Tatiana de Castro


Amato (Universidade Federal de São Paulo), Ana Regina Noto (Universidade Federal de
São Paulo).

O álcool é a droga psicotrópica de início de uso mais precoce e a mais consumida entre
adolescentes de diferentes continentes. Seu consumo é tolerado pela sociedade e o
contexto de uso é favorecido com a perspectiva de socialização. Apesar de ser um dos
comportamentos de risco mais frequentes entre os adolescentes, pouco se conhece sobre as
percepções destes sobre a questão. Para subsidiar ações preventivas, este estudo teve por
objetivo verificar crenças e valores dos próprios adolescentes sobre os riscos relacionados
ao consumo de álcool e as estratégias utilizadas para minimização dos danos potenciais.
Foi utilizada técnica de grupos focais (GF), com estudantes de ensino fundamental (9o ano)
e médio (1o a 3o anos) de duas escolas privadas de São Paulo. Foram conduzidos 27 GFs,
com 260 adolescentes de 13 a 18 anos, os quais foram submetidos à análise de conteúdo. Os
estudantes declararam ter conhecimento sobre vários riscos e consequências do consumo
de álcool. Para diminuir os danos de intoxicação, foram referidas várias estratégias, a
maioria das quais sem fundamentos, como tomar um banho gelado ou comer “glicose”
depois da ingestão de álcool. Alguns comportamentos se mostraram paradoxais, como as
estratégias de “esconder dos pais”, as quais, na percepção dos adolescentes, minimizam
os problemas familiares (brigas e castigos), mas que, na verdade, podem potencializar os
riscos à saúde e segurança. Os resultados indicam a importância de um discurso educativo
mais claro e aberto, muito além do ensinar a “dizer não”, para propiciar reflexão crítica e
ampliar informação de qualidade priorizando a segurança dos adolescentes.

Palavras chave: Alcool; Adolescentes; Percepção de risco; Redução de danos.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

244
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PERCEPÇÃO DE UM IDOSO SOBRE O ALCOÓLICOS ANÔNIMOS COMO ESPAÇO


DE SUPERAÇÃO PSICOSSOCIAL

Edite Lago da Silva Sena (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), Letícia Cardoso
Santos (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), Lucas Queiroz Subrinho*
(Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)

Resumo: Com o panorama de 12% da população brasileira idosa, faz-se necessário


preconizar os cuidados de saúde com essa população no âmbito afetivo, aquisitivo e
psicossocial para prevenção de atos não saudáveis como o uso abusivo de álcool. Trata-
se de um estudo fenomenológico, segundo a perspectiva de Maurice Merleau-Ponty, com
o objetivo de descrever as vivências de uma pessoa idosa que vivenciou a reabilitação
psicossocial do alcoolismo. A descrição foi obtida em 2013, através de entrevista aberta não
diretiva guiada por um roteiro de temas com um idoso escolhido durante um dos encontros da
Associação de Amigos dos Grupos da Terceira Idade (AAGRUTI) em um município do interior
da Bahia. Submetida à analítica da ambiguidade a descrição fez ver dentre as categorias
produzidas “O grupo de Alcoólicos Anônimos como espaço de reabilitação psicossocial”.
A pesquisa está aprovada sob o parecer 427.350/2013 do Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Os resultados desvelam que o
alcoolismo pode ser motivado pela necessidade de superação das limitações impessoais
do tipo timidez e retraimento social, e o grupo de Alcoólicos Anônimos (AA) constitui
estratégia de resposta a essa necessidade, o que corresponde a um importante dispositivo
de cuidado em saúde mental no contexto do território. Seguindo o pensamento de Merleau-
Ponty, o grupo de AA tornou-se importante dispositivo de cuidado e preencheu o lugar que
a droga ocupava na vida do participante, pois constitui um espaço de intersubjetividade
e experiência do outro. Se a motivação para o uso do álcool originou em uma limitação
impessoal (timidez, retraimento social), e o grupo contribui para superar essa limitação, a
pessoa não necessitaria mais da droga. O relato revela que após a participação no grupo
houve uma melhora da autoestima e das relações intrafamiliares como é visto em falas como
“Chegou o momento em que eu encontrei essa vida de sobriedade, junto a minha esposa,
meus filhos e todos os parentes”. Além disso, foi relatado uma superação nos aspectos
pessoais (saúde, autoestima, tranquilidade), na relação familiar-matrimonial e nas áreas
social e trabalhista. Na perspectiva de Merleau-Ponty, essa superação psicossocial trata-se
de uma experiência de coexistência, com compartilhamento de diversos sentimentos, dentre
eles o sofrimento relacionado ao alcoolismo, que os impõem aos participantes do grupo a
condição de iguais. Concluímos que, embora opere pela via da abstinência, contrária a
lógica da Redução de Danos, o estudo desvelou a magnitude do grupo AA no processo de
superação psicossocial da pessoa idosa que sofre com o uso abusivo de álcool. Com isso,
vemos a importância de articular, o quanto possível, todos os elementos do território que
constituam dispositivos de cuidado no contexto do uso de drogas, tal como são os grupos
de AA, ao Caps ad, principal dispositivo de cuidado ao usuário de drogas.

Palavras-chave: Saúde mental; Alcoolismo; Idoso; Saúde do idoso.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

245
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PERFIL DO CONSUMO DE ÁLCOOL EM UM PROGRAMA DE TRATAMENTO


ESPECIALIZADO

Autores e Instituição: Alvim Pagung de Abreu* (Acadêmico de Terapia Ocupacional da


Universidade Federal do Espírito Santo e Membro da Equipe do Centro de Estudos e
Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas), Laerson Silva Andrade (Acadêmico de Enfermagem
da Universidade Federal do Espírito Santo e Membro da Equipe do Centro de Estudos e
Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas), Camila Barcelos Vieira (Enfermeira, Membro
da Equipe Técnica do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas e
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal
do Espírito Santo), Lorena Silveira Cardoso (Enfermeira, Membro da Equipe Técnica do
Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas, Professora substituta do
Departamento de Enfermagem e Doutoranda em Saúde Coletiva da Universidade Federal
do Espírito Santo), Marcos Vinicius Ferreira dos Santos (Enfermeiro, Mestre em Saúde
Coletiva do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal
do Espírito Santo, docente do curso de Enfermagem da Faculdade Católica Salesiana
do Espírito Santo e Doutorando em Saúde Pública pela Fiocruz/RJ) e Marluce Miguel de
Siqueira (Professora Titular do Deptº de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação
em Saúde Coletiva, Coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras
Drogas da Universidade Federal do Espírito Santo e Orientadora).

Introdução: Segundo a Organização Mundial de Saúde, 40% da população mundial acima


de 15 anos consomem bebidas alcoólicas por ano. Dados do II Levantamento Nacional
de álcool e Drogas de 2014 apontam que a população brasileira está bebendo cada vez
mais e de forma mais nociva. Objetivo: Avaliar a relação entre gravidade da dependência
alcoólica e variáveis clínicas apresentadas por pacientes alcoolistas. Metodologia: Trata-se
de estudo descritivo, de caráter retrospectivo, no qual foi utilizada a pesquisa documental
nos prontuários dos pacientes que frequentaram o Programa de Atenção ao Alcoolista (PAA)
do Hospital Universitário Cassiano Antônio 136 de Moraes (HUCAM), no período de janeiro
a agosto de 2013. Como critério de inclusão considerou-se os prontuários que continham
informação da pontuação do Short Alcohol Dependence Data (SADD), que avalia o grau
de severidade da Síndrome de Dependência Alcoólica. A amostra da pesquisa foi de 80
usuários do programa. Resultados e Discussão: Dos 151 prontuários avaliados, apenas 80
(53%) possuíam o SADD preenchido. Entre estes 80 usuários, 68,8% apresentavam grau
de dependência grave e 16 usuários relataram ter feito uso de alguma droga ilícita na vida,
destes 75% tinham SADD grave. Entre os que iniciaram o consumo com idade menor que
15 anos, 77,8% tinham SADD grave. Dos que apresentavam predileção pelos destilados,
52,7% dos pacientes com grau de dependência grave. Outro dado que chama a atenção
é que 77,6% dos pacientes que tinham alguma complicação gastrointestinal apresentam
um grau de dependência alcoólica considerada grave. Além disso, 13,3% dos dependentes
graves tinham alguma Comorbidade psiquiátrica. Os dados encontrados corroboram com
resultados disponíveis na literatura sobre o tema, como: Relação entre a precocidade do
uso de álcool e a maior vulnerabilidade de se desenvolver o abuso e a dependência, assim
como o uso concomitante de drogas ilícitas; Maior gravidade da dependência em bebedores
de destilados e Alta frequência de problemas gastrointestinais em pacientes dependentes,
pois o álcool é diretamente tóxico para a mucosa gástrica e prevalência de depressão
significativamente maior em abusadores de álcool. Conclusão: Observou-se um alto grau
de dependência na amostra do estudo. Os dados deste estudo subsidiam a valorização do
perfil do consumo de álcool na avaliação clínica de dependentes bem como na estruturação
de estratégias preventivas.

246
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Palavras Chave: Acolhimento; Dependência Química; Usuário.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

PERFIL DOS USUÁRIOS DA INTERVENÇÃO PARA TABAGISTAS MEDIADA POR IN-


TERNET VIVA SEM TABACO

Nathália Munck Machado* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Henrique Pinto Gomide
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Daniela Aparecida Pereira (Universidade Federal
de Juiz de Fora), Daniela Pinto de Carvalho (Universidade Federal de Juiz de Fora), Felipe
Rafael de Souza (Universidade Federal de Juiz de Fora), Thiago Costa Rizuti da Rocha
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Heder Soares Bernardino (Universidade Federal
de Juiz de Fora), Kimber Richter (University of Kansas), Telmo Mota Ronzani (Universidade
Federal de Juiz de Fora).

Introdução: O tabagismo causa aproximadamente 6 milhões de mortes por ano. Intervenções


para tabagistas mediadas por internet são uma das abordagens complementares ao
tratamento do tabagismo. Apesar de já existirem algumas intervenções disponíveis em
língua portuguesa, informações acerca de seus usuários parecem estar indisponíveis.
Objetivo: Descrever o perfil dos usuários da intervenção para tabagistas mediada por
internet “Viva sem Tabaco”. Método: A intervenção é automatizada, sendo dividida em três
etapas: “Vale a pena parar?”; “Pronto para parar?”; e, “Já parou?”. Seu principal objetivo é
oferecer ao usuário um plano personalizado de parada em uma única visita. Após a visita,
o acompanhamento é feito através de mensagens de e-mail. Os dados apresentados aqui
foram coletados entre 28/5/2015 até 29/07/2015 via “Google Analytics” -- número de visitas,
duração média da visita, e número médio de páginas por visitas -- ou estão cadastrados
no próprio sistema -- sexo, idade, tempo de uso, número de páginas visitadas e uso do
site. Resultados: De acordo com os dados do “Google Analytics”, a intervenção recebeu
5.905 visitas, o tempo médio das visitas foi de 3 minutos e meio e o número de páginas
acessadas por visita foi de 3,83. A idade média dos usuário do site foi de 40,6 anos. A
distribuição de sexo entre os usuários é bem semelhante, com 51,5% do sexo feminino. O
sistema possuía 161 usuários válidos registrados até fim do presente estudo. Desses, 88
(54,7%) marcaram uma data para parar de fumar e 15 (9,3%) usaram a sessão “Já parou?”
do site. O tempo médio da visita dos usuários registrados no sistema foi de 7,5 minutos. A
média de páginas visitadas foi de 13,62 por usuário. A mediana do número de sessões foi
igual a 1. Considerações finais: O perfil dos usuários da intervenção “Viva sem Tabaco” é
diferente daquele que procura o tratamento em serviços ambulatoriais. Portanto, ela pode
ser uma importante ferramenta para educação e para o referenciamento de fumantes para
os serviços de saúde.

Palavras-chave: Abandono do uso de tabaco; Tabaco; Transtornos por uso de tabaco;


Internet; Terapia assistida por computador.
Eixo-temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Sessão de pôsteres
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

247
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: A DIFÍCIL INTER-RELAÇÃO COM OS SERVIÇOS


DE SAÚDE

Scheila Mai* (Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública do Rio Grande
do Sul), Bernadette Kreutz Erdtman (Universidade do Estado de Santa Catarina), Fábio
Herrmann (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Jésica Mai (Universidade
Comunitária da Região de Chapecó).

Resumo: O trabalho se refere a um relato de pesquisa vivenciado com pessoas em situação de


rua (PSR). Diante de uma sociedade globalizada, desigual e com acentuada exclusão social,
tem-se observado o crescimento desta população. O objetivo do trabalho foi compreender o
cotidiano das PSR e sua inter-relação com os serviços de saúde. Trata-se de um recorte de
um estudo qualitativo, exploratório descritivo, que foi desenvolvido a partir da observação
participante com as PSR no mês de Janeiro de 2013. O método observatório participante
foi registrado em forma descritiva, por meio de um Diário de Campo (DC). Fizeram parte
da pesquisa, 20 participantes, selecionados de forma aleatória. Os trajetos percorridos
diariamente pelas pessoas em situação de rua foram o palco principal das observações. O
diálogo se estendia durante o caminhar, assim, as observações e escutas foram essenciais
durante o percurso, uma vez que permitiram obter informações, expressões, sentimentos
e reflexões que definiam como é, estar e viver sob as condições de PSR. São indivíduos
que constroem sentidos distintos sobre suas experiências, diferem-se na sua singularidade
e particularidade pelo modo de empreender estratégias de sobrevivência, pessoas que
sofrem com a indiferença, exclusão e desprezo pela sociedade. A reinserção social não faz
parte da sua realidade,pelo contrário, sua situação reafirma a exclusão no campo social,
econômico, profissional, educacional e também no que condiz direito a saúde. O acesso
a saúde é precário, podemos observar que um serviço “despacha” para o outro em uma
falsa ilusão de “encaminhamento”, em que se “livram” dessa população. As PSR ficam a
mercê de um lado para outro buscando acolhimento, compreensão e resolutividade de
seus problemas. É visível o despreparo dos serviços/profissionais de saúde para essa
população, a inexistência de ações que visem à redução de danos associados ao uso e
abuso de drogas, reafirmam o quanto a efetivação da Política Nacional para as Pessoas em
Situação de Rua está distante. Os serviços não estão preparados para acolhê-los, não no
que tange a estrutura, os recursos físicos e materiais, mas sim, no aspecto das relações inter-
pessoais. Concluímos que a inclusão de ações de saúde, assim como ações interssetoriais,
para a população em situação de rua permeia em nossa sociedade como um desafio, o
qual devemos discutir e buscar alternativas para modificar esse cenário excludente. Nessa
premissa, compete a todos, de forma especial aos profissionais de saúde, uma aproximação
e compreensão dos grupos populacionais vulneráveis. É preciso se despir de qualquer
preconceito para que estejamos preparados para lidar com as diferentes formas de viver,
respeitando a singularidade de cada individuo/grupo.

Palavras-chave: Saúde; Acesso; População em Situação de Rua.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

248
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PLANO MUNICIPAL DE POLÍTICAS INTEGRADAS SOBRE CRACK, ALCOOL E


OUTRAS DROGAS – JF + VIDA: A EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DA POLITICA
SOBRE DROGAS NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA.

Wanessa Costa Barbosa* (Prefeitura de Juiz de Fora), Claudia Stumpf Maciel (Prefeitura
de Juiz de Fora)

A problemática do consumo de drogas, em toda a sua extensão, associada à sua intensa


exposição midiática, incita na atualidade um intenso apelo por políticas públicas que atuam
na questão. Diante este cenário, apresentam-se por diferentes atores, ações simplistas e
imediatistas sustentadas pelo discurso restrito do “faz mal” e “é proibido”, dificultando a
possibilidade de construção de uma fala alternativa. Na contramão do exposto, registra-
se o entendimento de que a construção de uma sólida política sobre drogas deva buscar
para além da redução de sua oferta e demanda, mas, principalmente, o fortalecimento de
políticas públicas que ampliem o acesso aos direitos sociais. Enfim, torna-se necessário,
que o Estado passe a abordar a temática, não apenas com o viés coercitivo, mas o perceber
de forma holística, considerando toda a sua complexidade. Discorrendo sobre a questão
das drogas, Barreto (2000, p.39) ressalta que cabe ao governo fornecer linhas gerais para
uma política integrada com áreas de educação, saúde e administração pública e ainda [...]
um processo coletivo que envolva toda a sociedade e os poderes públicos nesta batalha
frente às drogas. Neste viés, sensível à complexidade da conjuntura ao compreender
a necessidade de desenvolver e efetivar a implantação de uma política pública e, após
traçar, coletivamente, uma diretriz conjunta para nortear as ações desenvolvidas por
diferentes secretarias municipais, o município de Juiz de Fora, em maio de 2014, lançou o
Plano Municipal Integrado sobre Crack, Álcool e Outras Drogas - JF+Vida. Aprovado pelo
Conselho Municipal de Políticas Integradas Sobre Drogas (COMPID), instância máxima
deliberativa desta política no município, o Plano tem como meta reduzir os efeitos nocivos
do consumo e da oferta de crack, álcool e outras drogas no município, democratizando o
acesso aos serviços públicos e demais dispositivos de assistência. Sustentado por quatro
eixos que desenvolvem ações voltadas à Prevenção, Cuidado, Autoridade e Geração
de Emprego e Renda, o JF + Vida tem na sua essência estratégica a possibilidade de
realização de uma política pública municipal, voltada para a questão das drogas, com visão
sistêmica, que promova a articulação, integração e a intersetorialidade das ações, por
meio da institucionalização de uma rede composta por instâncias públicas e privadas, em
todos os níveis, que atuam neste campo. Diante o exposto, nosso principal desafio consiste
em responder a demanda posta pela problemática em questão a partir de um paradigma
diferente do vigente, não com o entendimento de um controle sobre os sujeitos, atribuindo-
lhes responsabilizações individualizadas, mas através de ações que aborde a questão em
sua totalidade, eliminado reducionismos e preconceitos. Neste viés, vale ressaltar que,
para além de um plano “contra as drogas”, nossa motivação se concretiza na busca por
“mais vida”.

Palavras-chave: Plano Municipal Sobre Drogas; Políticas Sociais; Integralidade; Interseto-


rialidade.
Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade: Sessão de Pôsteres
Tipo de Trabalho: Relato de Experiência

249
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

POLITICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E A HISTÓRIA DA SAUDE MENTAL NO BRASIL

Jaqueline de Freitas Lopes* (Universidade Federal de Viçosa – UFV), Dalton Gonçalves


Saraiva (Universidade Federal de Viçosa – UFV), Jaquelaine de Freitas Lopes (Universidade
Federal de Viçosa – UFV), Francine Dias de Souza (Universidade Federal de Viçosa –
UFV), Liliane Paiva Bastos (Universidade Federal de Viçosa – UFV) .

Resumo: O presente estudo teve como principal objetivo discutir as Políticas Públicas de
Saúde, onde apresentou-se a história da saúde no Brasil, dando ênfase na saúde mental,
pois a Política Nacional de Saúde Mental prioriza a (re) inserção social do portador de
sofrimento mental e garante seu direito à liberdade, à dignidade e à cidadania. Para isto
apresentou-se o trabalho desenvolvido pelo profissional de Serviço Social no Centro
de Atenção Psicossocial – CAPS, localizado no município de Viçosa-MG, que atende
pacientes nas modalidades intensiva e semi-intensivo. Este estudo mostra-se a importância
de conhecer a histórica da saúde mental e a sua evolução no contexto Histórico para que
possa fazer um atendimento de qualidade aos pacientes desses serviços.

Palavras Chave: Saúde; Centro de Atenção Psicossocial;Saúde Mental, Pacientes.


Eixo Temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Sessão de Pôsteres
Tipo de Trabalho: Relato de Pesquisa

250
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

POLÍTICA ESTADUAL DE ATENÇÃO BÁSICA E REDUÇÃO DE DANOS: UM PROJETO


PARA CAPILARIZAR AS AÇÕES DE PREVENÇÃO E CUIDADO DE USUÁRIOS/AS DE
DROGAS NA ATENÇÃO BÁSICA - O CASO DO RS

Elissandra Siqueira da Silva* (Universidade Aberta do SUS/Universidade Federal de


Ciências da Saúde de Porto Alegre), Paula Emília Adamy (Departamento de DST, Aids e
Hepatites Virais do Ministério da Saúde), Ricardo Brasil Charão.

Introdução: No período 2011-2014 a Secretaria da Saúde do RS teve como projeto estratégico


a ampliação e fortalecimento da Atenção Básica (AB), com foco na Estratégia de Saúde da
Família (ESF). Dentre as ações desenvolvidos deve-se destacar o protagonismo da gestão
estadual assumindo o lugar técnico-político de indutora de processos, a implantação do
apoio institucional regionalizado por macrorregiões e as ações articuladas e solidárias entre
diferentes políticas de saúde destacando-se AB, Saúde Mental (SM) e HIV/Aids. Merece
destaque a construção e aprovação junto ao Conselho Estadual de Saúde do RS (CES/
RS) e COSEMS RS da Política Estadual de Atenção Básica (PEAB) - Resolução CIB RS
nº 678/2014. Na PEAB sobressai as ações voltadas para a atenção em SM com foco na
atenção a usuários/as de drogas, tendo como diretriz de trabalho a Redução de Danos
(RD). Objetivos: Apresentar a PEAB RS destacando-se a ação articulada entre diferentes
políticas de saúde visando o fortalecimento das ações em território e a transversalização de
temas como RD com sustentabilidade política, técnica e financeira. Metodologia: A PEAB é
resultado de uma construção com mudanças no processo de trabalho na gestão visando a
transversalização de temas como SM na AB. Um conjunto de outras resoluções antecedem
sua aprovação e preparam o caminho assegurando sustentabilidade e condições para o
desenvolvimento do trabalho no território, incentivando a implantação de equipes de RD,
de apoio matricial em SM e Oficinas Terapêuticas, operando também todos estes como
dispositivos de desinstitucionalização. São exemplos a Resolução CIB nº 403/11, que
cria os Núcleos de Apoio à Atenção Básica (NAAB) – saúde mental, dentro da PEAB. A
Resolução nº 404/11 – CIB/RS, que institui, dentro da Política Estadual de Atenção Integral
em Saúde Mental (PEAISM) e de AB, incentivo financeiro estadual para implantação de
Oficinas Terapêuticas tipos I e II, na AB. A Resolução nº 233/14 – CIB/RS, que institui
dentro da PEAISM), incentivo financeiro para contratação de profissional de saúde que
desenvolva a função de
Acompanhante Terapêutico nas equipes de atenção básica, em unidades básicas de
saúde e/ou ESF. A Resolução nº 234/14, que institui recurso financeiro estadual para a
implantação de Composições de RD em âmbito municipal. Resultados: Em diálogo com as
instâncias colegiadas do SUS como CES RS e COSEMS RS foi possível instituir um marco
legal visando a adoção da RD não apenas na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), mas
também na AB, principal porta de entrada do SUS e ordenadora do cuidado. Considerações
Finais: Dentro do SUS verifica-se ainda resistência à implementação da RD como diretriz de
trabalho para cuidado de usuários/as de álcool e outras drogas. Através da elaboração de
um conjunto de dispositivos na AB acima citados, com incentivo financeiro e suporte técnico-
político através do apoio institucional buscou-se induzir o processo de implementação da
RD e assegurar sua sustentabilidade.

Palavras-chave: Drogas; Política de Atenção Básica; Redução de Danos;


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência (gestão)

251
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PONTO DE CIDADANIA: UMA EXPERIÊNCIA DE CUIDADO E ATENÇÃO À SAÚDE DA


POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM SALVADOR, BAHIA.

Lucas Vezedek Santana de Oliveira* (Universidade Federal da Bahia), Francisco Soares


Sena (Universidade Federal da Bahia); Beatriz de Lurdes Santos Chagas (Universidade
Federal da Bahia).

O presente trabalho visa relatar as experiências vivenciadas por três estudantes no âmbito
de um estágio básico de Psicologia, realizado no Ponto de Cidadania (PC). Trata-se de um
projeto inaugurado em 2014, através da parceria entre a Secretaria da Justiça, Cidadania e
Direitos Humanos (BA), Comunidade Cidadania e Vida (Comvida) e o Centro de Estudos e
Terapia do Abuso de Drogas (CETAD), vinculado à Universidade Federal da Bahia. O serviço
se configura como mais um instrumento que visa fortalecer a rede de proteção voltada para
pessoas em situação de rua e usuárias de substâncias psicoativas, possibilitando o acesso
ao cuidado e às políticas públicas. Localizado no bairro do Comércio, região estratégica
de Salvador pela alta concentração do público-alvo, o serviço, que funciona num contêiner
adaptado, aberto de segunda a sábado, visa promover o cuidado com a saúde, o autocuidado
e a cidadania, colaborando assim com a cultura de atenção integral aos beneficiários e
familiares, possibilitando acolhimento, tratamento e ressocialização. Sob uma perspectiva
interdisciplinar, o PC conta com uma equipe composta por psicólogas, assistentes sociais,
pedagogas e redutores de danos que são responsáveis pelo acolhimento, atendimento e
encaminhamento, sejam para área de saúde, cidadania ou reinserção social e profissional.
A aposta no vínculo, fundamentada na estratégia de Redução de Danos, instrumentaliza
relações terapêuticas de confiança e efetuação dos direitos humanos, muitas vezes negados,
revelando violências institucionais graves que acometem este público de classe e etnia
demarcadas. A criação de vínculos facilita a identificação das necessidades dos usuários e
é essencial para a realização e continuidade dos acompanhamentos. Em aproximadamente
quatro meses de estágio tendo contato semanal com equipe técnica e usuários, além das
supervisões com a professora responsável e demais preceptores, foi possível conhecer e
vivenciar, significativamente, a dinâmica de funcionamento do Serviço e a partir disso refletir
sobre a proposta de trabalho do dispositivo, os principais obstáculos enfrentados, como a
dificuldade de se estabelecer uma conexão efetiva com os demais serviços que integram
a Rede de Assistência Psicossocial, as experiências e intervenções, tanto no âmbito dos
acolhimentos e atendimentos quanto dos encaminhamentos realizados, bem como as
reverberações, alcances e benefícios do projeto a partir das relações que os usuários
estabelecem com o serviço, o que torna evidente a carência de políticas públicas voltadas à
população em situação de risco e a necessidade de expansão dos dispositivos já existentes
que efetivem o acesso à saúde e à cidadania. Por fim, cabe ressaltar a importância dessa
experiência concreta para a construção de um olhar mais crítico sobre a nossa formação e
atuação, uma vez que é nítida a necessidade de mais discussões e formações teóricas e
práticas sobre o Sistema Único de Saúde e Sistema Único de Assistência Social.

Palavras-chave: População em situação de rua; Promoção da saúde; Redução de danos


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

252
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PREVALÊNCIA DO USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS ENTRE ESCOLARES DA


REDE PÚBLICA DE ENSINO DE UBERABA – MG: FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO

Andrea Ruzzi-Pereira* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Érika Renata Trevisan


(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Jair Lício Ferreira Santos (Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo)

Objetivos gerais: Avaliar a prevalência de problemas relacionados ao uso de álcool e


outras drogas entre estudantes do 8º e 9º anos do ensino fundamental das escolas
públicas municipais de Uberaba – MG. Objetivos específicos - descrever e analisar: o estilo
parental adotado pelos pais dos adolescentes, de acordo com a percepção do responsável
participante; o estilo parental adotado pelos pais e mães, de acordo com a percepção dos
adolescentes; a autoestima dos adolescentes; o apoio social percebido pelos adolescentes;
verificar se há correlação entre estilo parental, autoestima, apoio social e problemas
associados ao uso de drogas entre os adolescentes participantes da pesquisa. Pesquisa
transversal, descritiva correlacional de abordagem quantitativa. O estudo envolveu 685
participantes, sendo 347 adolescentes, de ambos os sexos, alunos do 8° e 9° anos do
ensino fundamental de escolas municipais de Uberaba-MG e 338 responsáveis por esses
adolescentes. A coleta de dados ocorreu em 2013, por meio dos instrumentos: DUSI -
Drug Use Screening Inventory; Escala de Autoestima de Rosenberg; Escalas de Exigência
e Responsividade Parental versões para adolescentes e para pais e/ou responsáveis;
e Social Support Appraisals (SSA- REDUZIDA). As variáveis dependentes são todas do
tipo ordinal, sendo realizados testes e medidas de correlação do tipo Não Paramétrico.
Resultados: Os adolescentes relataram uso de várias substâncias, com maior uso de:
álcool (52,9%), tabaco (10,08%), tranquilizantes (6,15%) anfetaminas (4,25%), e maconha
(3,46%) nos últimos 30 dias que antecederam a pesquisa. O estilo parental predominante
adotado pelos pais/responsáveis foi o autoritativo, mas a percepção que os pais têm sobre
ele não tem associação com a prevalência e com os problemas relacionados ao uso de
drogas. O estilo autoritativo também predominou na percepção dos filhos. O estilo parental
materno tem associação com o uso de drogas pelos filhos, sendo os estilos permissivos e
negligentes mais associados ao uso de álcool combinado com drogas ilícitas; o autoritário
e o autoritativo tem o maior número de filhos abstêmios, mas parece associar-se ao uso
de drogas ilícitas. Os pais e as mães são mais exigentes com filhos mais jovens, o que é
um fator de proteção ao uso de substâncias. O apoio social de todas as fontes analisadas
é percebido como muito baixo pelos participantes, sendo os professores a melhor fonte e a
família a que provê menor apoio. Os adolescentes têm em sua maioria autoestima positiva,
mas não há correlação entre autoestima e o risco do uso de drogas, o que sugere que
adolescentes com autoestima positiva e negativa estão igualmente suscetíveis ao uso e
abuso delas. Conclusão: Os adolescentes do estudo relaram maior consumo de substâncias
do que os adolescentes dos estudos nacionais recentes. Reforça-se a necessidade de que
as políticas públicas sobre drogas sejam realmente efetivadas.

Palavras-chave: Adolescente; Drogas de Abuso; Autoestima; Apoio Social; Poder familiar.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

253
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PREVALÊNCIA E COMORBIDADES ASSOCIADAS AO USO DE TABACO E ABUSO DE


ÁLCOOL ENTRE PACIENTES DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE MINAS GERAIS

Autores: Erica Cruvinel (Centro de Referência em Pesquisa Intervenção e Avaliação em


Álcool e outras Drogas), Ana Lúcia de Almeida Vargas (Centro Interdisciplinar de Pesquisa
e Intervenção em Tabagismo), Fernando Antônio Basile Colugnati (Universidade Federal
de Juiz de Fora), Juliana Aparecida dos Santos (Centro de Referência em Pesquisa Inter-
venção e Avaliação em Álcool e outras Drogas), Kimber Paschall Ritcher (Universidade
de Kansas, Estados Unidos), Rafaela Russi Ervilha* (Centro de Referência em Pesquisa
Intervenção e Avaliação em Álcool e outras Drogas), Lígia Menezes do Amaral (Centro In-
terdisciplinar de Pesquisa e Intervenção em Tabagismo), Taynara Dutra BastistaFormagini
(Centro de Referência em Pesquisa Intervenção e Avaliação em Álcool e outras Drogas),
Telmo Mota Ronzani (Centro de Referência em Pesquisa Intervenção e Avaliação em Ál-
cool e outras Drogas).

Introdução: O reconhecimento dos diversos problemas associados ao uso de tabaco, tal


como a alta prevalência de comorbidades dentre os fumantes, incluindo o abuso de ál-
cool, depressão e HIV, justifica a exploração da temática nos diversos contextos de saúde.
O ambiente hospitalar é um cenário propício para abordagem destas questões tendo em
vista que muitos pacientes hospitalizados são usuários de tabaco e não podem fumar no
momento de hospitalização. Objetivo: Conhecer a prevalência de pacientes tabagistas e
usuários de risco de álcool hospitalizados no Hospital Universitário da Universidade Fede-
ral de Juiz de Fora (HU/UFJF) e também as comorbidades associadas ao uso de tabaco.
Métodos: todos os pacientes admitidos no HU/UFJF, no período de 15/01 a 27/02/14, foram
avaliados sobre seu consumo de tabaco e álcool. Utilizou-se o prontuário eletrônico para
gerar a lista de pacientes admitidos diariamente e também para coleta de diagnóstico e dos
dados sócio-demográficos. O consumo de álcool foi avaliado através do Alcohol Use Disor-
ders Identification Test, versão resumida (AUDIT C); os transtornos depressivos através do
Patient-Health Questionnare-2 (PHQ-2) e o uso atual de tabaco através do consumo nos
últimos 30 dias. Utilizou-se estatísticas descritivas e o teste qui-quadrado para comparar
o uso de álcool entre grupos de tabagistas e entre os demais pacientes não usuários de
tabaco, assim como para comparação entre o consumo das mesmas substâncias dentre
os diferentes diagnósticos clínicos de internação. Resultados: 328 pacientes foram inclusos
nesta pesquisa, 53 (16,2%) consumiram tabaco nos últimos 30 dias e 73 (22,3%) consumi-
ram álcool em nível de risco (pontuação ≥ 4 no instrumento de rastreio AUDIT C). Os dados
sugerem que a porcentagem de pacientes que consomem álcool em excesso é significa-
tivamente maior entre os tabagistas (49,1%) do que entre os pacientes não usuários de
tabaco (16,8%), (x2= 26,9, df =1, p< 0,001). A porcentagem de pacientes que fizeram uso
de risco de álcool no último ano, assim como o consumo de cigarros, é significativamen-
te maior também entre o grupo doenças infecciosas e parasitárias (DIP) (42,9% e 35,7%
respectivamente) do que no conjunto dos demais quadros clínicos (21,1% para álcool e
15,3% para tabaco). Esses dados nos mostram que os pacientes com HIV/AIDS e demais
doenças parasitárias consomem mais álcool e cigarros quando comparados com outros
diagnósticos clínicos (x2= 0,55, df =1, p< 0,05; x2= 0,58, df =1, p< 0,05). Em relação a
depressão, 27 (51,9%) dos tabagistas relataram anedonia e humor deprimido. Conclusão:
Espera-se que esta pesquisa contribua para o direcionamento de programas de cessação
do consumo de tabaco no ambiente hospitalar contribuindo principalmente para se repen-
sar o tratamento de fumantes em maior vulnerabilidade, tal como os abusadores de álcool,
com sintomas de depressão e com o diagnóstico de HIV.

254
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Palavras chaves: Tabagismo; Abuso de álcool; Depressão; HIV.


Eixo-temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Oral.
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa.

PREVENÇÃO DE USO E ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS COM CRIANÇAS E


ADOLESCENTES: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Bruna Teixeira Costa* (Universidade Federal de São João del-Rei), Nadja Cristiane Lappann
Botti (Universidade Federal de São João del-Rei).

Resumo: Os dados estatísticos de saúde apontam que número de crianças e adolescentes


que consomem substâncias psicoativas no Brasil e no mundo vem aumentando de maneira
acelerada. Muito se discute quais são os fatores determinantes que originam o uso de
entorpecentes por adolescentes. Um fator muito discutido é a vulnerabilidade do indivíduo
nesta fase da vida. Outra discussão acontece a cerca de a informação ser ou não um fator
eficiente para reduzir a vulnerabilidade. Alguns estudos afirmam que a disponibilidade
de informações a respeito de drogas e das implicações de seu uso apresenta-se como
importante fator protetor contra o consumo de drogas entre adolescentes em situações
de risco. Além disso, a informação consistiu em alguns casos, como principal motivo de
não uso de drogas entre adolescentes e jovens adultos. O objetivo do presente trabalho é
relatar a experiência de prevenção do uso de álcool e drogas por crianças e adolescentes
da área de abrangência de uma Estratégia Saúde da Família, no Município de Divinópolis,
no Estado de Minas Gerais (Brasil). Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de
experiência, vivenciado durante a prática profissional de residentes do Programa de
Residência em Enfermagem na Atenção Básica/ Saúde da Família da UFSJ. A vivência
ocorreu com crianças e adolescentes que frequentam a catequese na igreja católica da
área de abrangência da ESF. A estratégia de prevenção aconteceu em função da falta
de ação voltada para o público de crianças e adolescente na área, além do relato das
Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) e catequistas sobre o aumento de uso de álcool
e outras drogas por adolescentes da área de abrangência. As atividades educativas em
saúde ocorreram na igreja quinzenalmente utilizando como recursos vídeos educativos,
dinâmicas, roda de conversa e testemunho de um dependente químico em recuperação.
O trabalho teve impacto importante segundo o retorno recebido de pais, catequistas, ACS
e das próprias crianças e jovens que valorizavam a importância deste espaço para o
conhecimento e diante da ferramenta do saber prevenir o uso de álcool e outras drogas,
além de incentivar a vários parentes, amigos e até os próprios jovens a parar de fazer uso
destas substâncias. Essa ação ainda deu origem a um grupo de adolescentes no qual se
trabalha temas pertinentes a esta faixa etária.

Palavras-chave: Prevenção primária; Consumo de bebidas alcoólicas; Drogas ilícitas;


Adolescente; Criança;
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

255
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS NO AMBIENTE ESCOLAR: PREV-ESCOLA


MULTIPLICADORES

Karine Felipe Barbosa*, Tamiris de Oliveira Scárdua, Rebeca Teixeira Juveres, Alvim Pagung
de Abreu, Fernanda Dadalto Garcia, Marluce Miguel de Siqueira. (Centro de Estudos e
Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas/ Universidade Federal do Espírito Santo)

Introdução: A partir da década de 1970 a Organização Mundial das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) elegeu a escola como espaço privilegiado para
o desenvolvimento de atividades preventivas do uso de drogas. Hoje com a experimentação
de Substancias psicoativas (SPAs) entre crianças e adolescentes acontecendo em idades
cada vez mais precoces e os problemas associados ao uso dessas substancias profissionais
e autoridades vêm se mobilizando na busca de medidas preventivas que privilegiem a
promoção da saúde e bem estar de toda comunidade escola, reconhecendo também o papel
da família na forma como jovens reagem a ampla oferta de drogas na sociedade. Objetivo:
O Projeto Prev Escola Multiplicadores é desenvolvido desde 2011 pelo Centro de Estudos
e Pesquisas Sobre o álcool e outras drogas (CEPAD) da Universidade Federal do Espírito
Santo e têm como objetivo desenvolver ações de promoção da saúde e de prevenção do uso
de SPAs no ambiente escolar do ensino fundamental. Metodologia: São realizadas ações de
sensibilização, conscientização e informação sobre promoção da saúde e prevenção do uso
de SPAs junto a Estudantes, Familiares e Professores através de oficinas e apresentações
em encontros com tais grupos nas escolas do ensino fundamental da rede municipal
de Vitória-ES. Os temas das oficinas e apresentações semanais e quinzenais seguem
um plano de 03 (três) abordagens em sequência, sendo a primeira abordagem sobre a
promoção da saúde e fatores de risco e proteção ao uso de SPAs (crescendo em todas as
direções); a segunda abordagem sobre modelos de estratégias de ensino para formulação
de ações (ferramentas múltiplas) e a terceira abordagem sobre a temática da prevenção
do uso de SPAs no ambiente escolar (aprendendo com essa história). São selecionados
para formar grupos de multiplicadores: estudantes de 6º a 9º anos do ensino fundamental,
sendo 03 (três) de cada turma; familiares (pais e/ou responsáveis) desses estudantes e os
professores que lecionam nas turmas de 6º a 9º anos. Após a etapa de ações com os grupos
de multiplicadores é promovido um evento na escola ou comunidade por meio do qual são
oferecidas atividades lúdicas, esportivas, artísticas, dentre outras; e atividades informativas
sobre prevenção do uso de SPAs na escola na família e comunidade. Tal conjunto de ações
é organizado pelos grupos de multiplicadores sobre a supervisão da equipe técnica do
projeto e apoio institucional das escolas envolvidas. Resultados esperados: Espera-se
com estas estratégias sensibilizar, conscientizar e mobilizar a comunidade escolar para
a promoção da saúde e prevenção do uso de substâncias psicoativas entre estudantes e
que os mesmos tornem-se multiplicadores em sua família e sociedade. Conclusão: Com
a realização deste projeto, visa-se conscientizar e mobilizar a comunidade escolar para a
prevenção ao uso de substâncias psicoativas entre estudantes e que os mesmos tornem-se
multiplicadores em sua família e sociedade.

Palavras-chave: Prevenção; Substâncias psicoativas; Ambiente escolar; Adolescentes.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

256
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E OUTRAS


DROGAS: RUÍDOS PRODUZIDOS E SUA INTERFACE NO ACOLHIMENTO À FAMÍLIA

Gabrielle Leite Pacheco Lisbôa* (Universidade Federal de Alagoas), Mércia Zeviane Brêda
(Universidade Federal de Alagoas), Maria Cícera dos Santos de Albuquerque (Universidade
Federal de Alagoas)

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um dispositivo que demonstra efetividade


na substituição da internação psiquiátrica, recuperando e reintegrando a pessoa com
sofrimento psíquico ao contexto social, principalmente familiar. A família tem possibilidade
concreta de participar e colaborar com a atenção em saúde prestada e, receber o
acolhimento que necessita diante da sobrecarga imposta pela dependência química. Esta
pesquisa qualitativa, exploratória, objetiva apresentar os ruídos presentes no processo de
trabalho de um Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e outras Drogas III do nordeste
brasileiro e a interface dos mesmos com o acolhimento às famílias neste serviço. A coleta
dos dados ocorreu mediante entrevista semiestruturada com oito profissionais. A análise
dos dados foi realizada através da Análise de Conteúdo na perspectiva de Bardin e a
discussão foi fundamentada na perspectiva teórica de Merhy. Os resultados revelaram
demanda excessiva de atendimento, despreparo dos profissionais, acolhimento focado na
dependência, dificuldades para o trabalho interdisciplinar e ausência de uma rede efetiva,
repercutindo diretamente no acolhimento às famílias. Este estudo permitiu concluir que no
processo de trabalho de um CAPS AD a ampliação dos vínculos, territorialização, articulação
com grupos de apoio e flexibilidade dos grupos de família, são possíveis caminhos para o
acolhimento das famílias de usuários de álcool e outras drogas.

Palavras-chave: Acolhimento; Família; Serviços de Saúde Mental.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

257
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PROGRAMA DE BRAÇOS ABERTOS – EMPREGO, MORADIA E RENDA COMO


ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE DANOS

Myres Cavalcanti (Secretaria Municipal de Saudede São Paulo), Tamara Neder Collier (
SAE Campos Elíseos / PRD Sampa Prevenção / De Braços Abertos)

Objeto: Programa Intersecretarial para usuários de drogas da cracolandia no centro de


São Paulo Objetivo: Promover ao usuário de crack em situação de alta vulnerabilidade a
garantia de direitos humanos e de seguridade social ao constituir um serviço de atenção
integral ao usuário de crack.Garantir moradia, trabalho e renda ao usuário de drogas
sem exigir abstinência. Criar política de enfrentamento ao crack que respeite os Direitos
Humanos do usuário.Metodologia: A Prefeitura de São Paulo cadastrou 400 usuários de
crack em situação de rua na região central de São Paulo conhecida como cracolandia.
Deu a esses beneficiários moradia fixa nos hotéis da região, alimentação, trabalho em
turnos de 4 horas, capacitação continuada e renda de R$ 15,00 por dia de trabalho e uma
equipe de cuidados composta por Médicos, enfermeiros, assistentes sociais, agentes de
saúde, agentes sociais e redutores de danos.Resultados: Os beneficiários do Programa
relatam terem resgatado vínculos familiares antes perdidos, aumento dos cuidados com
a saúde, encaminhamentos de questões sociais e jurídicas, diminuir ou parar o uso de
crack, incorporação de estratégias de redução de danos em sua prática de uso, aumento
do numero de pessoas que aderem aos tratamentos nos CAPS-AD da região e diminuição
do numero de pessoas em situação de alta vulnerabilidade social associada ao uso de
crack. O sucesso do Programa fez com que a Prefeitura de São Paulo consolidasse como
programa de governo e trabalha hoje para a abertura de cinco novos De Braços Abertos
em outros territórios Onde há concentração de usuários de crack Em alta vulnerabilidade
social.

Palavras-chave: Reintegração social; redução de danos; vulnerabilidade


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

258
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PROGRAMA DE MEDIDA EDUCATIVA PARA PESSOAS APREENDIDAS POR COSUMO/


PORTE DE DROGAS ILÍCITAS: UMA ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DE DANOS

Daniele Jesus de Oliveira* (Universidade Federal da Bahia), Fábia Maria Ribeiro Duarte
(Universidade Federal da Bahia), Leila de Oliveira Pinto (Aliança de Redução de Danos
Fátima Cavalcanti).

O presente trabalho apresenta relato de experiência desenvolvida no Programa de Medida


Educativa para pessoas encaminhadas judicialmente por uso/porte de substâncias ilícitas
em um Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas (CAPSad) na cidade de
Salvador-BA. Neste CAPSad, o Programa de Medida Educativa recebeu o nome de Grupo
Informativo e acontecia uma vez por semana, sob a coordenação de estudantes e preceptoria
do Programa de Educação para o Trabalho em Saúde (Pet-Saúde). O cumprimento da Medida
ampara-se na Lei nº 11.343/2006, que prevê penas alternativas à privação de liberdade da
pessoa que faz uso de substâncias psicoativas ilícitas, estabelecendo a distinção entre o
consumidor e o traficante. A Medida Educativa além de penalizar o sujeito por conta do
consumo de drogas ilícitas, objetiva aproximar o usuário do espaço de saúde, promover
um espaço de troca de experiências e informações, sensibilizando-o para o autocuidado,
segundo as diretrizes da Política de Redução de Danos (RD). Para suscitar discussão e
reflexão acerca do consumo de drogas, priorizamos conteúdos relacionados a aspectos
históricos e socioculturais do uso de drogas, lícitas e ilícitas, legislação do uso de drogas,
noções sobre a Política de RD, informações sobre a rede de atenção AD, padrões de consumo,
internação compulsória e outras questões apresentadas pelos participantes, com ênfase
na constituição de um espaço de livre circulação da palavra. As pessoas encaminhadas
para o cumprimento da Medida Educativa avaliam positivamente a participação no Grupo
Informativo, apontando que a possibilidade de compartilhar informações, contribui para
esclarecer dúvidas sobre o uso de drogas e delinear estratégias de redução de danos
adaptadas a cada caso. Por conta do caráter compulsório da Medida Educativa, temos
o desafio de convocar os participantes do Grupo a refletir sobre sua relação com o uso
de drogas e, quando necessário, promover o aparecimento de uma demanda terapêutica
e adesão ao tratamento para o uso problemático de substâncias psicoativas. Cabe, por
fim, sinalizar que a Lei 11.343 considera a quantidade de substância apreendida como um
dos critérios para determinar se a droga destina-se ao consumo pessoal, o que não está
claramente definido na lei, provocando, dessa forma, possíveis equívocos no momento da
apreensão e na conduta judicial dos casos.

Palavras-chave: Drogas; Medida educativa; Redução de danos.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

259
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

Título: PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO TERAPÊUTICO EDUCATIVO – PRETE.

Adriely Azevedo Silva (Clinica Casa da Paz Ltda), Eliziane dos Santos Corrêa Soromenho
(Clinica Casa da Paz Ltda), Hyloran Galdino Cabral (Clinica Casa da Paz Ltda), Maria
Angélica Napolitano* (Clinica Casa da Paz Ltda).

Este trabalho apresenta o Programa de Desenvolvimento de Habilidade e Ferramentas na


recuperação da dependência química associada a fatores biopsicossociais. Este estudo
vem colaborar com a ampliação em diversas dimensões de um ser humano integral,
através do processo terapêutico educativo. Utilizamos a metodologia expositiva, de debate
e observação. O programa é ofertado aos residentes de ambos os sexos, com idade
acima de 18 anos, e constituído de um encontro semanal, com duração de uma hora,
totalizando quatro encontros, multifacetado em quatro módulos que abordam temas, a
saber: Síndromes Neuróticas, Personalidade, Depressão e Fatores Psicossociais: Família,
Afetividade, Trabalho e Laço Social. Os usuários do serviço são divididos em quatro grupos
onde os técnicos tornam-se responsáveis em conduzir e produzir debates referentes ao
tema abordado. Na finalização dos módulos é realizado um rodízio entre os grupos para
iniciarmos o estudo de um novo módulo, sendo este readaptado a cada quatro meses,
modificando seu tema de ação e intervenção educativa. Os resultados obtidos favorecem
a mudança na motivação para efetivação do tratamento através do conhecimento teórico
das alterações físicas e psíquicas que o uso abusivo de substâncias psicoativas acarreta.
Os resultados obtidos permitem construir novas ferramentas e técnicas para promoção e
estruturação de fatores de risco e de proteção no que se refere ao uso abusivo de substância
psicoativa.

Palavras-chave: Recuperação; Promoção; Conhecimento; Fator Biopsicossocial;


Dependência Química.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

260
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PROGRAMA EIRAS E BEIRAS: ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E OUTRAS


DROGAS - ENTRE AS ESTRATÉGIAS DE CUIDADO E A AUTONOMIA DO SUJEITO.

Alexa Rodrigues do Vale* (Universidade Federal de São João del-Rei), Andrea Alves de
Oliveira* (Universidade Federal de São João del-Rei), Marcelo Dalla Vecchia (Universidade
Federal de São João del-Rei

Introdução: Eiras e Beiras é um programa de extensão da Universidade Federal de São


João del Rei, ligado ao curso de Psicologia, que busca implantar ações pautadas na
atenção psicossocial junto à usuários de álcool e drogas na cidade de São João del Rei.
Em especial, identificou-se elevado número de casos de servidores públicos municipais
com tais problemas drogas e viabilizou-se o acompanhamento desses casos por meio
do referido programa. Relata-se o caso de um servidor atendido em 2014, com 45 anos,
com elevado absenteísmo em seu trabalho de serviços gerais, fazia uso problemático de
álcool, não apresentava possibilidades de auxílio financeiro à sua filha de 12 anos e foi
encaminhado para acompanhamento no programa pela própria chefia. Objetivo: Utilizar o
vínculo institucional do servidor como fio condutor de ações que possibilitem ir ao encontro
do mesmo, compreendê-lo em sua singularidade, assim como as particularidades de suas
redes de relações. Metodologia: Como estratégia de cuidado utilizou-se da elaboração do
Projeto Terapêutico Singular (PTS), o qual permite a realização de ações articuladas e
definidas a partir da singularidade do indivíduo e do contexto social em que se encontra
Resultados: Foram realizadas visitas domiciliares para compreensão do entorno familiar e
social do servidor e encontros semanais com o mesmo no Serviço de Psicologia Aplicada
da UFSJ. Por intermédio do programa o servidor teve contato com sua chefia imediata
e houve a recondução do mesmo ao trabalho, sendo que este não fazia uso de álcool
durante o horário de trabalho. Desenvolveram-se estratégias de escuta dos seus familiares,
da ex-esposa e de sua chefia imediata investindo-se na possibilidade de que o suporte
interpessoal pudesse auxiliar na ressignificação da relação prejudicial entre o servidor e a
bebida alcoólica. No entanto, o servidor não comparecia aos encontros marcados com as
estagiárias e os poucos em que comparecia não se apresentava disposto a se responsabilizar
por suas questões. Após diversas faltas consecutivas o servidor explicitou não ter interesse
em continuar sendo acompanhado. Considerações finais: A relação de trabalho foi utilizada
como meio de se aproximar do servidor e compreender sua rede de relações interpessoais
e sociais, possibilitando o seu retorno ao local de trabalho, a diminuição do uso de álcool
durante parte do dia e a retomada do poder aquisitivo do servidor. Diante do desenrolar
do caso, problematiza-se a relação frágil entre a oferta de oportunidades de cuidado e a
autonomia do indivíduo em aceitá-las ou não, fazendo-nos perceber a complexa relação
entre o desejo de cuidado do profissional e o desejo da pessoa atendida.
Apoio: PIBEX/UFSJ

Palavras - chave: Atenção psicossocial; Trabalho; Alcoolismo.


Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos (Eixo 2)
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de experiência

261
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PROGRAMA REDUÇÃO DE DANOS NAS ESCOLAS: PREVENÇÃO TAMBÉM SE


ENSINA

Sida Maiá da Silva Costa (Psicóloga e coordenadora do programa redução de danos do


município de Tramandaí – Rio Grande do Sul), Jéssica Gomes Santiago (Graduanda de
Psicologia da Universidade Luterana do Brasil e Agente Redutora de danos do município
de Tramandaí – Rio grande do Sul), Rayra Roncatto Rodrigues (Graduanda de Psicologia
da Universidade do Vale dos Sinos e Agente Redutora de danos do município de Tramandaí
– Rio grande do Sul)*

O presente relato tem como objetivo identificar a inserção de ações de educação em


saúde sob o paradigma da política de redução de danos em interface com o contexto de
escola pública. Neste sentido foram selecionadas três escolas do município de Tramandaí
– RS, situados em locais de vulnerabilidade social nas quais foram desenvolvidas ações
sistemáticas em dezenove turmas, de sexto a nono anos, com média de vinte e cinco alunos
cada, entre onze a dezoito anos, através de intervenções lúdicas realizadas por turma. A
prática pautada na política de RD rompe com a lógica proibicionista de abordar assuntos
como álcool e outras drogas, DST’s, sexualidade, autocuidado e temas emergentes em
relação à adolescência e puberdade, proporcionando conscientização através de rodas de
conversas enfatizando um espaço de escuta, relações dialéticas e vínculo entre serviço
de saúde e a população jovem, sendo a prevenção e promoção de saúde ausentes em
tal contexto. Identificamos com base em questionários previamente aplicados, que tipo
de saúde iríamos promover naquele espaço, compartilhando conhecimento a fim de
encontrar melhores condições de saúde, impulsionando o entendimento em relação ao
seu autocuidado, posto que muitos participantes do projeto já apresentavam algum de
comportamento de risco do tipo relação sexual sem camisinha ou uso de substancias
psicoativas, somados a ausência de informação. Sendo pautado à prevenção, o esforço
de antecipar os danos decorrentes de tais práticas por eles exercidas. Pode-se inferir que
a criação destes espaços possibilita o acesso a essas informações, potencializa a escola
como um espaço de proteção facilitando uma possível diminuição destes comportamentos
de risco incentivando o protagonismo dos alunos.

Palavras-chave: Educação em saúde; Redução de danos; Prevenção e promoção de saúde.


Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

262
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS
PROJETO CAPS E A COMUNIDADE: PARCERIA PORTO REAL/QUATIS

Adriana Galhardo de Castro (Prefeitura Municipal de Porto Real – Rio de Janeiro/Centro


de Atenção Psicossocial), Alana de Paula Machado* (Prefeitura Municipal de Porto Real -
Rio de Janeiro/Centro de Atenção Psicossocial), Alcione Fontes Ribeiro Poiani (Prefeitura
Municipal de Quatis – Rio de Janeiro/Programa de Saúde Mental), Camilla do Espírito
Santo Silva (Prefeitura Municipal de Quatis – Rio de Janeiro/Programa de Saúde Mental),
Felipe Jesus Dadan (Prefeitura Municipal de Porto Real - Rio de Janeiro/Centro de Atenção
Psicossocial), Ingrid de Assis Camilo Cabral (Prefeitura Municipal de Quatis – Rio de Janeiro/
Programa de Saúde Mental), Isnéa Aparecida Ribeiro (Prefeitura Municipal de Quatis –
Rio de Janeiro/Programa de Saúde Mental) Samara Caram Aniceto (Prefeitura Municipal
de Porto Real - Rio de Janeiro/Centro de Atenção Psicossocial), Suzzana Ramos Xavier
(Prefeitura Municipal de Quatis – Rio de Janeiro/Programa de Saúde Mental).

O projeto “CAPS e a Comunidade” iniciou-se em junho de 2014, no Município de Porto


Real, pautado na Política de Redução de Danos do Ministério da Saúde, que representa
um conjunto de políticas e práticas cujo objetivo é reduzir os danos associados ao uso de
drogas psicoativas em pessoas que não podem ou não querem parar de usar drogas. Este
projeto surge com o objetivo de identificar novos casos e realizar busca ativa de pessoas
em risco, que não aderem aos dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) em
uso abusivo e prejudicial de álcool e outras drogas no município de Porto Real- RJ e Quatis-
RJ, considerando que o CAPS I foi implantado de forma consorciada com sede em Porto
Real. Para elaborar o projeto foram considerados os seguintes pontos: Escolha dos bairros
e locais de realização das abordagens através da elaboração de uma planilha com dados
dos usuários cadastrados no CAPS separados por bairros, além disso, utilizaram-se as
informações fornecidas pelas ESFs dos bairros escolhidos. Reuniões com associação
de moradores, escolas, projetos sociais, esportivos e culturais. Utilização de questionário
para a construção de indicadores do Município em parceria com o Centro Regional de
Prevenção as Drogas do Médio Paraíba (CRPD), sede localizada no Município de Porto
Real. A realização das abordagens ocorre, preferencialmente, após às 17:00hs e conta
com uma equipe multidisciplinar formada por: assistentes sociais, psicólogos, Terapeuta
ocupacional, enfermeira e técnica de enfermagem de ambos os municípios. Em locais como:
ruas, praças, escolas, locais de risco, uso e vulnerabilidade social. São utilizadas como
estratégias de aproximação atividades recreativas, reflexivas, informativas, motivacionais
e de orientação à saúde no território, como: jogos, capoeira, acolhimento individual, roda
de conversa, cartilhas, preservativos, lanche, aferição de pressão, medição de glicose e
visitas domiciliares, respeitando as características de cada local onde a ação é realizada.
Após a realização de cada ação, os usuários são encaminhados, se necessário, aos
dispositivos da rede de acordo com a demanda apresentada. Os resultados aparecem em
uma série de ações para além das abordagens e visitas domiciliares, dentre elas a procura
por acompanhamento psicológico de adolescentes usuários e integrantes do tráfico que
participaram das ações; a procura por grupos de controle do tabagismo; diminuição de casos
de crises nas comunidades provocadas por uso de álcool e outras drogas; o CAPS na escola:
Ação contínua realizada com grupo de alunos, que estariam neste momento, necessitando
de intervenção por parte da “RAPS”. Por tanto, O Projeto CAPS e a Comunidade vem
descontruindo preconceitos e dificuldades, saindo de seu espaço físico e indo até aqueles
sujeitos e comunidades que por motivos pessoais e territoriais de dificuldade de acesso às
políticas públicas encontram-se excluídos destas formas de cuidados.

Palavras-chave: Redução de Danos; Drogas; Abordagem; Busca Ativa; Visitas Domiciliares.


Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

263
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PROJETO “RECRIANDO CAMINHOS” NO CONTEXTO ESCOLAR PARA PREVENÇÃO


DO USO ABUSIVO DE ÁLCOOL.

Lorena Azambuja Andrade (Universidade Federal de São João del-Rei)*; Danielle Campos
Massa (Universidade Federal de Uberlândia); Marcelle Aparecida de Barros Junqueira
(Universidade Federal de Uberlândia);

Introdução: Atualmente, o uso de álcool apresenta enormes impactos sociais, físicos


e mentais,a ponto de ser considerado, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), um
problema de saúde pública. Estudos epidemiológicos apontam que o consumo de álcool
vem acontecendo em idade cada vez mais precoce, inclusive no Brasil. Objetivos: visa
descrever ações de um projeto que visou desenvolver ações preventivas ao uso abusivo de
álcool por estudantes de uma escola pública no município de Uberlândia/MG. Metodologia:
O projeto “Recriando Caminhos” desenvolveu suas atividades em três momentos: No
primeiro momento, oficinas educativas utilizando como estratégicas metodológicas os
grupos de discussão, dramatizações, debates, discussão de casos, uso de áudio visual
(filmes, data show, slides, TV, DVD), música, vivências, dinâmicas de grupo e outros. Em
segundo momento, a detecção dos níveis de consumo de bebidas alcoólicas entre os
estudantes: foi utilizado o teste de Identificação do Uso do Álcool (AUDIT), preconizado
pela Organização Mundial de Saúde. No terceiro momento, a intervenção em casos
detectados como uso nocivo e encaminhamento de casos mais graves. Resultados: As
dinâmicas como estratégias de ensino-aprendizagem, criaram um ambiente propício para
a interação entre integrantes do projeto e estudantes da escola propiciando uma maior
reflexão sobre hábitos saudáveis de vida e os problemas causados pela utilização de bebida
alcoólica. O debate sobre álcool e intercorrências favoreceu o engajamento dos alunos e
observação de diferentes perspectivas do mundo atual. Para aqueles identificados em uso
abusivo de álcool, foram feitas intervenções individuais propondo condutas simples, tendo
como o objetivo a redução do consumo de bebida alcoólica, como por exemplo: beber
mais lentamente, comer antes de beber, alternar bebidas alcoólicas e bebidas sem álcool.
Considerações finais: Observou-se que a escola é um terreno fértil para ações de prevenção
ao uso abusivo de álcool. Desta forma, a escola merece maior enfoque dos profissionais
da saúde, uma vez que ela proporciona conhecimento, educação e favorece o crescimento
intelectual e pessoal. O enfermeiro, que dentre as suas competências e habilidades estão
as que envolvem a educação, deveria abranger também a área da educação básica, uma
vez que ele proporcionaria os pilares para o indivíduo crescer e se desenvolver com saúde.

Palavras-chave: Educação em saúde; Saúde Escolar; Consumo de bebidas alcoólicas.


Eixo Temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

PROMOÇÃO DA SAÚDE DE ADOLESCENTES EM COLETIVOS ‘PROJOVEM’:


CONTRIBUIÇÕES DO GRUPO FOCAL E DO PHOTOVOICE PARA A COMPREENSÃO
DOS TERRITÓRIOS, DAS DROGAS E O EMPODERAMENTO DE SUJEITOS

Ailton de Souza Aragão* (Departamento de Medicina Social, Instituto de Ciências da Saúde,


Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Rosimár Alves Querino (Departamento de
Medicina Social, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Triângulo Mineiro),
Maria Carolina Bizinoto Caetano (Acadêmica do Curso de Psicologia), Amanda Suellen
Costa Carrasco (Acadêmica do Curso de Psicologia), Ana Angelina Amatângelo Oliveira

264
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

(Acadêmica do Curso de Psicologia), Ana Carolina Graner Araújo Oliveira (Acadêmica do


Curso de Psicologia), Ana Flávia Zago (Acadêmica do Curso de Psicologia), Ana Elisa
Crispim (Acadêmica do Curso de Psicologia), Natália De Toledo Cadore (Acadêmica do
Curso de Psicologia).

O Programa Nacional de Inclusão de Jovens, instituído em 2008, é conduzido nos Centros


de Referência em Assistência Social (CRAS) e atende adolescentes de 15 a 17 anos. No
contexto da proteção social básica constitui-se como espaço de acolhimento e trabalho
socioeducativo conduzido por educadores sociais e oficineiros. O objetivo desse estudo
é compreender as percepções de adolescentes de Coletivos ProJovem sobre o modo
como as drogas impactam na dinâmica dos territórios e na promoção da saúde. O estudo é
exploratório e descritivo e foi conduzido com a triangulação de métodos. Empregaram-se os
seguintes instrumentos para coleta de dados: questionários, grupo focal (GF) e photovoice
(PV). O GF oportunizou a discussão dos seguintes temas: família, drogas, exploração sexual,
educação, serviços de saúde, transporte e presença do poder público. O PV incentivou o
diálogo dos adolescentes por meio da produção de documentação iconográfica sobre a
comunidade. As sessões de discussão das imagens, tanto no GF quanto no PV, foram
audiogravadas, transcritas na íntegra e analisadas na modalidade de discurso temática.
Participaram do estudo 42 adolescentes (25 meninos e 17 meninas) de quatro Coletivos
ProJovem do município de Uberaba-MG. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e a coleta de dados ocorreu após
a assinatura do termo de consentimento pelos pais e/ou responsáveis. Nesta comunicação
trabalhamos com três categorias temáticas: violências, vulnerabilidades e drogas. O estudo
evidenciou uma abordagem ampliada das relações entre as vulnerabilidades no território,
expostas pelos adolescentes na identificação de deficiência, inexistência ou precariedade
dos equipamentos e serviços públicos e nos processos de estigmatização das comunidades
em decorrência da violência, das condições sociais ou do tráfico. Diversas faces da violência
foram relatadas: doméstica e intrafamiliar, de gênero, geracional e a oriunda do tráfico de
trocas. Esta última entendida contraditoriamente como forma de proteção e manutenção
da ordem na comunidade. A presença das drogas foi relatada pelos adolescentes em
diversas ocasiões, especialmente quando discutidas as fotografias do PV. O estudo revelou
denso conhecimento dos adolescentes sobre a presença do tráfico e das drogas nos
territórios e dificuldades de instituições como escolas e CRAS para lidar com o tema de
modo dialógico e participativo. Promover saúde nesses territórios exige contribuir para o
empoderamento dos sujeitos por meio de reflexões sobre a produção de sua vida e saúde.
Assim, compreender as percepções e experiências dos adolescentes é um primeiro passo
para a avaliação do alcance dos programas e iniciativas estatais e da sociedade civil e pode
ensejar novos fazeres na seara da promoção da saúde, especialmente se empregados
métodos participativos que acolham e valorizem os sujeitos.
Palavras-chave: Uso de drogas; Promoção da saúde; Adolescentes; Políticas Públicas.

Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial


Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa
Instituições Financiadoras: FAPEMIG; ProACE-UFTM.

265
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PROMOÇÃO DA SAÚDE E REDUÇÃO DE DANOS: EXPERIÊNCIA COM ADOLESCENTES


ESCOLARES (UBERABA, MG)

Ailton de Souza Aragão* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Érika Renata


Trevisan (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Raquel Assunção (Centro de Atenção
Psicossocial), Breno Augusto da Costa (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Elzeli
Gonçalves da Silva Alves (Centro de Referência de Assistência Social), Luciellen Neurianne
dos Santos Carneiro (Secretaria Municipal de Saúde – Saúde Mental), Silvana Florêncio da
Silva (Agente Comunitária de Saúde, Estratégia Saúde da Família), Edna de Godoy Marçal
(Docente Ensino Médio), Daniela Bernardes Pereira do Carmo (Secretaria Municipal de
Saúde – Saúde Mental)

O ambiente escolar há muito se converteu em espaço para desenvolvimento de políticas


públicas que promovem reflexões e proposição de atividades que envolvem o processo
saúde-doença, deste, o uso de drogas, especialmente entre os adolescentes. Contudo,
verifica-se a urgência em compreender os limites dessas mesmas atividades, cujo foco
tradicionalmente incide na abstenção e no proibicionismo e que, diante das novas formas
de sociabilidade, enfrenta resistência entre os adolescentes por não os envolver no
processo de reflexão e proposição de ações protetivas no espaço comunitário e escolar. O
projeto, vinculado à Escola de Redução de Danos CRR/UFTM e formado por uma equipe
multiprofissional, desenvolveu a ampliação das referências teórico-metodológicas acerca da
prevenção do uso abusivo de substâncias psicoativas a partir da Estratégia de Redução de
Danos alinhada às proposições do conceito de promoção da saúde. A metodologia adotada
foi a participativa, que primou pela presença dos sujeitos no diagnóstico da demanda, na
proposição de ações e na avaliação das mesmas, mediada pela equipe. Compuseram as
estratégias: estimativas breve, dinâmicas de grupo, discussão de casos, identificação e
divulgação dos equipamentos da rede de proteção ao adolescente em sua intersetorialidade
com a escola. Entre os resultados constatou-se: a resistência da coordenação escolar com
a Redução da Danos; as limitações das informações sobre as drogas dispensadas aos
adolescentes; o desconhecimento acerca da rede de saúde, em especial, a voltada para a
promoção da saúde; a imersão dos adolescentes nos contextos de vulnerabilidade que os
expõem a riscos, como às violências, e que aprofunda a vulnerabilização. Concluímos que
o tema do uso de drogas na perspectiva da Redução de Danos, da rede de proteção às
vulnerabilidades e da promoção da saúde no ambiente escolar guarda grandes potenciais
pouco desenvolvidos, como o uso de estratégias centradas na redução, substituição do uso
ou no uso protegido; no acolhimento do sujeito usuário na perspectiva dos direitos humanos
e no fortalecimento dos vínculos sociais e familiares. A força do discurso proibicionista e
que imputa a adequação comportamental restringe a condição do adolescente enquanto
sujeito do processo saúde-doença, cerceando a construção e disseminação de estratégias
de proteção individual e coletiva nos ambientes de sociabilidade, como a escola.

Palavras-chave: Promoção da saúde; Redução de danos; Escola; Vulnerabilidade.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

266
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PRÁTIACAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CAPS AD III VITÓRIA/ES: A


ACUPUNTURA AURICULAR

Adriana Aparecida Miranda* (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas III
Vitória)

Introdução: A acupuntura auricular é uma terapia oficializada pela Organização Mundial de


Saúde, institucionalizada na China, diferenciando-se da acupuntura tradicional pelo fato de
ser uma terapia de microssistema, no qual todo o organismo é representado pelo pavilhão
auricular. Caracteriza-se pela não utilização de agulhas, somente de sementes duplas, em
geral sementes de mostarda, as quais são pressionadas no local adequado, ou seja, a ação
é mecânica e o tratamento só apresenta resultados com a pressão. O diagnóstico é diferente
da Medicina Ocidental, com realização de anamnese que aborde o estilo de vida da pessoa
como sede, suor, fome, humor, alimentação, micção e função ginecológica. Essa prática
tem sido utilizada para interferir em diversas situações como distúrbios do sono, alterações
menstruais, ansiedade, depressão, alergias, obesidade, dores articulares, dores na coluna,
cefaléia, hipertensão arterial, distúrbios digestivos e também problemas relacionados ao
consumo de substâncias psicoativas. Essa prática tem como propriedade impar acalmar
o estímulo que inibe o sistema nervoso e estimular toda a circulação, propiciando uma
agradável sensação de bem estar. Objetivos: Situar os benefícios da utilização da acupuntura
auricular no tratamento dos usuários de substâncias psicoativas. Metodologia: Essa prática
tem sido realizada no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III, de Vitória,
iniciada em 2013, pelo terapeuta ocupacional com formação nessa área, que mediante
a sua admissão no serviço, propôs a utilização dessa técnica como mais um elemento
das terapêuticas ofertadas no serviço, fundamentando-se na legislação das Práticas
Integrativas e Complementares do Serviço Único de Saúde. Com a inclusão dessa prática
no projeto terapêutico singular, o atendimento ao usuário é realizado de forma individual,
semanalmente, com avaliação periódica dos efeitos produzidos com essa intervenção para
minimização dos sintomas das síndromes de abstinência das substâncias psicoativas,
dentre outros. Resultados: Observamos a minimização da síndrome de abstinência das
substâncias psicoativas. Observa-se também um resultado indireto que é a mobilização e
solicitação de outros usuários do serviço, que ainda não são beneficiados pela técnica, para
serem incluídos nos atendimentos quando percebem os relatos dos outros beneficiados
como sensações de bem-estar, de tranquilidade e de centramento. Considerações finais: A
manutenção dessa técnica no serviço é fundamental, principalmente, por ser uma técnica
de baixo custo, porém com amplo espectro de efeitos satisfatórios para os usuários, que
aliados às demais ofertas terapêuticas, criam e fortalecem a diversidade de terapêuticas
para essa atenção considerando a singularidade e diferença dos projetos terapêuticos.

Palavras-chave: Auriculoterapia; Práticas integrativas e complementares; Saúde mental;


Promoção de Saúde.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

267
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

POTENCIALIZANDO AÇÕES DA FAMÍLIA NA REDUÇÃO DE DANOS COM ADO-


LESCENTES

Autores e instituição: Vanessa Tauscheck* (Centro Social Marista Propulsão), Cecilia


Berger* (Centro Social Marista Propulsão), Altieres Edemar Frei (Centro Social Marista
Propulsão e Universidade de São Paulo), James Kava (Centro Social Marista Propulsão),
Rudinei Nicola (Centro Social Marista Propulsão), Deby Eidam (Centro Social Marista
Propulsão), Rafael Aranha (Centro Social Marista Propulsão), Frederico Ronconi (Centro
Social Marista Propulsão).

Trata-se de um relato de experiência sobre o trabalho com as famílias de adolescentes que


participam do Centro Social Marista Propulsão, em Curitiba, que é um projeto de reinserção
social na perspectiva da redução de danos. Dentro das diretrizes da Política Nacional
de Assistência Social e Saúde se constitui como um projeto de média complexidade,
promovendo atendimentos gratuitos a adolescentes de ambos os sexos, entre 14 e 18 anos,
que estiveram ou estão em tratamento por conta do uso abusivo do álcool e/ou outras drogas.
As famílias dos adolescentes são parte do público atendido. São elas que acompanham
a dinâmica cotidiana dos adolescentes e, portanto, devem ser compreendidas enquanto
lugares de afeto, amor e, também, de conflitos. A família como ambiente ou como convívio
social é um espaço que deve ser considerado tanto enquanto “facilitador/promotor” para o uso
e consumo de álcool e outras drogas, como, fundamentalmente, um espaço de colaboração
para se ressaltar as potencialidades dos adolescentes e para o desenvolvimento de suas
habilidades. Nesse sentido os objetivos do trabalho com as famílias são: potencializar o
atendimento do adolescente e fortalecer as suas famílias no que tange ao conhecimento e
garantia de direitos. Utiliza-se como metodologia de abordagem: a) Encontro de famílias e/
ou amigos - mensalmente promove-se um encontro com o intuito de gerar um intercâmbio e
debate sobre diferentes temáticas, assim como incentivar a apropriação do espaço do
Propulsão e promover um momento de lazer e diversão; b) Espaço Família - constitui um
espaço semanal de acolhimento individual, criado especificamente para atendimentos e
conversas com os familiares e/ou amigos; c) Visitas Domiciliares - objetivam ampliar a
compreensão do contexto sócio-histórico e territorial dos adolescentes e suas famílias. Por
meio destas três abordagens tenta-se contribuir com a potencialização da família na suas
diferentes dimensões (social, econômica e cultural). Embora a participação seja flutuante,
os processos que a equipe vem acompanhando trazem resultados visíveis. A adesão delas
à proposta de trabalho abre portas para compreender mais o uso de álcool e outras drogas
pelo adolescente e problematizar as diferentes realidades familiares e sociais em conjunto,
o que implica desconstruir uma visão tradicional da abordagem ao usuário de álcool e
outras drogas - visão muitas vezes imediatista e isolada. Este trabalho, realizado com as
famílias, se desenvolve dentro de um marco de acolhimento fortalecendo os vínculos. O
trabalho com as famílias também traz um empoderamento dos direitos enquanto cidadãos:
garantir a educação, saúde, trabalho, dentre outros. O Propulsão torna-se, assim, para
várias famílias um espaço de referência para trazer seus problemas e procurarem em
conjunto alternativas.

Palavras-chave: Famílias; Adolescentes; Redução de danos; Reinserção Social.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

268
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PSICOTERAPIA BREVE POR INTERNET PARA DEPENDENTES DE ÁLCOOL

Andressa Bianchi Gumier* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Laisa Marcorela Andreoli
Sartes (Universidade Federal de Juiz de Fora)

Introdução: O consumo de álcool e outras drogas permanece como um grave problema


de saúde pública no Brasil e no mundo. O número de brasileiros que fazem uso de bebida
alcoólica regularmente vem aumentando, no entanto, a porcentagem dos que já procuraram
auxílio devido ao abuso ou dependência de substâncias é baixa. Uma das razões para
isso é a falta de oferta de tratamento suficiente, fazendo-se necessário o desenvolvimento
e a implementação de abordagens alternativas de intervenção. Nos últimos anos existe
em outros países grande interesse em se avaliar intervenções realizadas pela internet
para diferentes transtornos mentais, inclusive para transtornos relacionados ao uso de
substâncias. No Brasil, foram encontrados poucos estudos apontando o uso da internet
como mais uma forma de intervenção, mas nenhum estudo avaliou a efetividade dessa
nova abordagem de tratamento para problemas com álcool e outras drogas. Objetivo:
Realizar um estudo piloto de um ensaio clínico randomizado para se avaliar a efetividade de
uma psicoterapia realizada por internet para dependentes de álcool e avaliar e viabilidade
de realização deste estudo. Metodologia: Serão incluídos no estudo piloto 10 indivíduos
do sexo masculino, dependentes de álcool, entre 18 e 65 anos e que tenham feito uso do
álcool nos 30 dias anteriores à admissão no tratamento. Os participantes serão alocados
em uma das duas condições: (a) Terapia Cognitivo-Comportamental face a face (N=05) e (b)
Terapia Cognitivo-Comportamental por internet (N=05). Ambos os grupos são baseados na
Terapia Cognitivo-Comportamental, na Prevenção de Recaída e em princípios da Entrevista
Motivacional e possuem 12 sessões de terapia. Resultados: Até o momento, foram avaliados
23 indivíduos. Destes, 8 foram considerados elegíveis, mas apenas 7 foram aleatorizados
para participar da intervenção – 4 na modalidade presencial e 3 na modalidade via internet.
Dos 7 participantes elegíveis, 2 concluíram as 12 sessões de psicoterapia breve - ambos
na modalidade via internet -, 2 foram desligados por ultrapassarem o número de faltas
permitido - 1 presencial e 1 via internet - e 3 ainda encontram-se em tratamento - ambos
no atendimento presencial. Os 2 pacientes que chegaram ao fim da intervenção reduziram
o número de doses consumidas por ocasião em que bebiam, sendo que um deles estava
abstinente nos 30 dias anteriores à avaliação realizada (um reduziu o seu consumo de 12,5
doses por ocasião para 4 doses e o outro reduziu de 12 doses para 0). Ambos avaliaram
a forma de tratamento via internet como “muito boa” e declararam-se “satisfeito” e “muito
satisfeito” com essa nova abordagem terapêutica. Considerações finais: O estudo piloto
ainda está em andamento, porém, os dados iniciais têm apontado a viabilidade da intervenção
realizada via internet e a sua efetividade na redução do número de doses consumidas por
ocasião. Dados mais consistentes serão obtidos ao longo do estudo e considerações mais
robustas serão elaboradas.

Palavras-chave: Alcoolismo; Intervenção online; Terapia cognitivo-comportamental


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

269
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

QUANDO OS/AS FILHOS/AS DE USUÁRIOS/AS DE CRACK ENTRAM EM CENA: UM


ESTUDO SOBRE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL EM SANTOS

Sônia Regina Nozabielli (Universidade Federal de São Paulo), Débora de Cássia Fernandes
Silva* (Universidade Federal de São Paulo e Prefeitura de Belo Horizonte)

Resumo: O presente texto é fruto do trabalho de conclusão de curso que abordou como
tema o acolhimento institucional de crianças filhos/as de usuários/as de CRACK na cidade
de Santos (SP). O debate sobre a questão de crianças filhos/as usuários/as de CRACK
é tema que vem chamando atenção. Demonstra preocupação em relação à capacidade
de proteção familiar diante do uso do CRACK, com o desenvolvimento da criança no
futuro, com as condições que levaram ao uso de CRACK e o modo discriminatório que o
assunto vem sendo tratado. Entendemos que o CRACK como expressão da questão social
demanda intervenções do campo da saúde, da assistência social, da segurança pública e
da educação. Colocando desafios e questões no âmbito da proteção integral de crianças
e adolescentes. Nossos esforços se debruçam a entender o significado do CRACK nas
medidas de acolhimento institucional em Santos, buscar conhecer e refletir o modo como
os serviços de acolhimento institucional recebem e cuidam dessas crianças, como realizam
o apoio familiar junto a essas famílias e compreender esse contexto de violação de direitos.
Como estratégia metodológica para a aproximação desse objeto de estudo e produção
dessa pesquisa de caráter qualitativo, realizamos entrevistas semi-estruturadas com duas
assistentes sociais de dois serviços de acolhimento institucional, identificadas com G e H.
Identificamos que o uso do CRACK é um elemento determinante para a consolidação da
medida de acolhimento à criança. Porém, o CRACK como motivo de acolhimento institucional
não é uma causa isolada, é produto e produtor de complexas relações sociais. Os resultados
apontaram desafios para se pensar o acolhimento institucional, que é marcado pelo grande
número de crianças acolhidas devido a uso de CRACK pelo pai ou pela mãe. O ECA como
parâmetro coloca um norte a esse estudo no sentido de sempre compreender crianças
e adolescentes como sujeitos de direitos e que devem ser tratados como tal. A partir das
entrevistas, identificamos que os serviços de acolhimento institucional dizem receber e
cuidar das crianças filhos/as de usuários/as de CRACK da mesma maneira como recebem
e cuidam de todas as crianças. Entretanto, os/as recém nascidos/as exigem um cuidado
maior devido à saúde frágil decorrente do uso da droga durante a gravidez. Outra categoria
de análise que o estudo permitiu refletir foi em relação ao termo “filhos/as do CRACK”,
que se mostrou muito reforçado pela mídia, que é uma identificação discriminatória e
preconceituosa quando usada para caracterizar essas crianças. Os resultados de nossas
análises foram para que a partir desse estudo, seja pensada uma política de acolhimento no
município que priorize o trabalho em rede, intersetorial e que discuta mais as diversidades
que permeiam os motivos que levam ao acolhimento institucional. E também, para que
crianças filhos/as de usuários/as de CRACK sejam vistos como parte que compõe essa
diversidade, que têm direitos a serem garantidos.

Palavras-chave: Acolhimento institucional; Crack; Questão social; Drogas, Direitos.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

270
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

RACHAR VERDADES, EXPANDIR CONEXÕES, PRODUZIR COMUM: A EXPERIÊNCIA


GRUPAL COM FAMÍLIAS EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E
OUTRAS DROGAS NA CIDADE DE SÃO PAULO

Lidiane Araújo* (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), Valdir Pierote (Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e outras Drogas III FÓ/Brasilândia), Felipe Ferraz Damasceno (Centro
de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas III FÓ/Brasilândia)
Resumo:
No contemporâneo, criar experimentações de caráter coletivo e público tem se tornado
um grande desafio. Há uma incessante produção de subjetividade que tenta transformar
todas e todos em autômatos serializados, normatizados, produtivos, servis, objetificados e
dóceis. Respostas prontas, imagens idenitárias homogêneas e verdades dogmáticas são
reproduzidas e reiteradas pelas relações institucionais, midiáticas, conjugais, religiosas e
familiares. Nesse sentido, grupos que rompam lógicas individualizantes e estimulem conexões
múltiplas podem contribuir na desconstrução de dinâmicas cristalizadas e assujeitadas.
Partindo dessa perspectiva e compreendendo a ação clínica como também ética e política,
criou-se um grupo para familiares e amigos de pessoas com uso problemático de álcool ou
outras drogas em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD) III
no bairro da Brasilândia, cidade de São Paulo. O objetivo é relatar e analisar a constituição
dessa experiência e seus desdobramentos. Trata-se de grupo existente desde 2011 que se
reúne semanalmente em encontros abertos de 1h30min e com a participação de até quinze
pessoas, além de dois profissionais responsáveis pela mediação. Em quase quatro anos
do dispositivo grupal, foi possível estabelecer três linhas construídas durante o período:
(1) Rachar verdades: desnaturalização e problematização de entendimentos hegemônicos
por meio da contextualização histórica e social. Busca-se abordar, por exemplo, questões
como a diversidade de arranjos das famílias contemporâneas, relações raciais e de gênero,
engrenagens racistas e classistas da violência policial e sua conexão com a chamada
“guerra às drogas”, além da desmistificação através de informações realistas sobre o uso
de substâncias psicoativas. (2) Expandir conexões: incentivo à criação de novas redes de
relações. A ideia é possibilitar a superação do próprio grupo, ou seja, é estimulada a fruição
da vida e a vinculação a espaços com outras gramáticas simbólicas, potentes e distantes
dos lugares de tratamento. Há também o suporte no acesso aos serviços públicos de saúde,
justiça, assistência social, educação, cultura etc. (3) Produzir comum: postura baseada na
cooperação, na valorização do saber de todos os integrantes e no engendramento de formas
criativas de estar no mundo. Procura-se construir um grupo no qual as singularidades se
conectem em um espaço existencial compartilhado e gerem aprendizados e transformações
sensíveis a partir da escuta, do acolhimento e da disponibilidade. A partir desses princípios,
tem-se constituído um processo aberto e em franca maquinação, um grupo-devir que
aposta na potência imanente da vida, mesmo ali onde tudo parecia desvitalizado. Trata-se,
portanto, de uma pragmática terapêutica preocupada em desregular discursos fechados,
idealismos e culpabilizações ao mesmo tempo que procura gerar bons encontros e produzir
alegria.

Palavras-chave: Grupo de família; Álcool e outras drogas; Centro de atenção psicossocial


III; Antiproibicionismo; Diversidade.
Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

271
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

REDE ASSISTENCIAL PARA USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS E


MODALIDADES DE CUIDADO: PRODUZINDO CONSENSO ENTRE PROFISSIONAIS
DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Autores e instituição: Daniela Cristina Belchior Mota*, Amata Medeiros, Ana Carolina
Moreira, Juliana Salgado, Laís Duarte, Luísa Ferreira Coelho, Mayara Souza, Stela Carvalho,
Wanderson Duarte, Telmo Ronzani (Universidade Federal de Juiz de Fora).

Em geral, há divergência de opinião entre os profissionais quanto ao tipo de cuidado que


os serviços devem ofertar aos usuários de álcool e outras drogas. Para auxiliar gestores
e profissionais a avaliarem os principais pontos fortes e lacunas do cuidado ofertado, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou uma proposta de mapeamento da rede
assistencial, classificando o cuidado em três modalidades: desintoxicação para síndrome e
sintomas de abstinência, suporte ambulatorial e suporte residencial. Este estudo objetivou
identificar entre profissionais atuantes na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)
quais serviços da rede assistencial brasileira devem ofertar os cuidados estabelecidos na
classificação da OMS. Adicionalmente, buscamos compreender o debate produzido durante
o processo de identificação dos serviços. Foi realizada uma oficina entre 33 profissionais
atuantes na RMSP, os quais foram subdivididos em três grupos. Para organizar a discussão
entre os profissionais e estimular a produção de consenso, foi utilizada a Técnica de
Grupo Nominal (TGN). O debate nos grupos de TGN foi gravado em mídia eletrônica para
posterior transcrição e organização dos dados, sendo realizada análise de conteúdo, do
tipo estrutural e temática. Na comparação do consenso obtido entre os três grupos, os
CAPS ad foram designados como unidades-síntese, que englobam todas as modalidades
de cuidado. No componente de suporte residencial, foi destacada a indicação das Unidades
de Acolhimento, e quanto ao suporte ambulatorial, os profissionais indicaram diversos
componentes da rede. O debate entre os profissionais demonstrou a identidade múltipla
e indeterminada dos serviços brasileiros, que reflete na diversidade de pontos de vista
sobre a oferta de cuidado aos usuários de álcool e outras drogas. Apesar disso, houve uma
caracterização de modelo assistencial predominante, e consideração de obstáculos em
comum para se atingir as condições ideais de implementação dos serviços.

Palavras-chave: Álcool (Alcohol); Drogas (Drugs); Assistência à saúde (Delivery of health


care).
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

272
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

REDE DE ATENÇÃO PREVENTIVA E TERAPÊUTICA – PROTOCOLO DE AÇÕES


INTEGRADAS

Santos, Camila.V* (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri), Araújo,


C.M (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri).

Introdução: O uso abusivo de drogas é alvo de preocupação na sociedade, devido a mudanças


acentuadas na interação do individuo com seus familiares, afetando suas relações sociais.
Torna-se necessária a construção de uma rede de assistência baseada em dispositivos
extra-hospitalares de atenção psicossocial localizada no território e articulada a outros
setores sociais, objetivando a prevenção do uso de drogas e a reabilitação psicossocial dos
usuários que apresentem problemas decorrentes do uso. Objetivo: Promover a articulação
em rede com os diversos setores da Saúde, Educação, Segurança Pública, Assistência
Social, que atuam com a prevenção, tratamento, inserção social, visando à organização
de um protocolo de atuação integral ao usuário de álcool, crack e outras drogas e que
atenda as necessidades da sociedade e venha repercutir na diminuição dos índices do
uso de drogas na região. Metodologia: Dentro desse ponto de vista pretende-se identificar
as atividades desenvolvidas que já estão implantadas nos diversos segmentos que
oferecem serviços e atendimento nessa área, enfocando a saúde, educação, segurança
pública, assistência social, buscando o compartilhamento de ações conjuntas com esses
dispositivos e acréscimo de ações que, de acordo com as necessidades do município, se
façam necessárias, visando o atendimento integralizado e indissociável. Serão beneficiados
diretamente os usuários do Centro de Apoio Psicossocial- Álcool e Drogas, os Centros
de Referência em Assistência Social, Polícia e Família, Secretaria Municipal de Saúde e
Santa Casa de Caridade, Escolas Municipais e Estaduais, aproximadamente 2000 pessoas
que frequentam os centros de atendimento envolvidos nessa temática. Resultados: Foram
cadastradas todas as iniciativas isoladas de esporte e lazer em conjunto com Polícia e
Família, os dispositivos atuantes no cuidado com crianças e adolescentes; Foi oferecido
capacitações presenciais e a distância, segundo preconizado pelo programa ministerial
“Crack é Possível Vencer”, na perspectiva da Politica Nacional de Formação de Profissionais
do Magistério da Educação Básica. Considerações finais: Na construção da rede protetiva
e terapêutica espera-se que os diversos dispositivos trabalhem de forma conjunta e
atuando para diminuição dos índices, reabilitação psicossocial e a reinserção social dos
seus usuários que apresentem problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas,
Foi desenvolvido modelo de protocolo a ser apreciado pelos órgãos competentes, com
enfoque em medidas preventivas, as terapêuticas e as questões judiciais relacionadas ao
uso de drogas, visando a integralidade nos serviços de atenção à saúde, educação, esporte
e lazer direcionada a indivíduos, grupos, famílias e comunidade de forma intersetorial e
multidisciplinar.

Palavras-chave: Rede; prevenção; reabilitação.


Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Sessão de pôsteres.
Tipo de trabalho: Relato de pesquisa.

273
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

REDE DE ATENÇÃO PREVENTIVA E TERAPÊUTICA –PROTOCOLO DE AÇÕES


INTEGRADAS

Camila Vanessa Santos* (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri),


Christiane Motta Araújo (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri).

Introdução: O uso abusivo de drogas é alvo de preocupação na sociedade, devido a mudanças


acentuadas na interação do individuo com seus familiares, afetando suas relações sociais.
Torna-se necessária a construção de uma rede de assistência baseada em dispositivos
extra-hospitalares de atenção psicossocial localizada no território e articulada a outros
setores sociais, objetivando a prevenção do uso de drogas e a reabilitação psicossocial dos
usuários que apresentem problemas decorrentes do uso. Objetivo: Promover a articulação
em rede com os diversos setores da Saúde, Educação, Segurança Pública, Assistência
Social, que atuam com a prevenção, tratamento, inserção social, visando à organização
de um protocolo de atuação integral ao usuário de álcool, crack e outras drogas e que
atenda as necessidades da sociedade e venha repercutir na diminuição dos índices do
uso de drogas na região. Metodologia: Dentro desse ponto de vista pretende-se identificar
as atividades desenvolvidas que já estão implantadas nos diversos segmentos que
oferecem serviços e atendimento nessa área, enfocando a saúde, educação, segurança
pública, assistência social, buscando o compartilhamento de ações conjuntas com esses
dispositivos e acréscimo de ações que, de acordo com as necessidades do município, se
façam necessárias, visando o atendimento integralizado e indissociável. Serão beneficiados
diretamente os usuários do Centro de Apoio Psicossocial- Álcool e Drogas, os Centros
de Referência em Assistência Social, Polícia e Família, Secretaria Municipal de Saúde e
Santa Casa de Caridade, Escolas Municipais e Estaduais, aproximadamente 2000 pessoas
que frequentam os centros de atendimento envolvidos nessa temática. Resultados: Foram
cadastradas todas as iniciativas isoladas de esporte e lazer em conjunto com Polícia e
Família, os dispositivos atuantes no cuidado com crianças e adolescentes; Foi oferecido
capacitações presenciais e a distância, segundo preconizado pelo programa ministerial
“Crack é Possível Vencer”, na perspectiva da Politica Nacional de Formação de Profissionais
do Magistério da Educação Básica. Considerações finais: Na construção darede protetiva e
terapêutica espera-se que os diversos dispositivos trabalhem de forma conjunta e atuando
para diminuição dos índices, reabilitação psicossocial e a reinserção social dos seus usuários
que apresentem problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas, Foi desenvolvido
modelo de protocolo a ser apreciado pelos órgãos competentes, com enfoque em medidas
preventivas, as terapêuticas e as questões judiciaisrelacionadas ao uso de drogas, visando
a integralidade nos serviços de atenção à saúde, educação, esporte e lazer direcionada a
indivíduos, grupos, famílias e comunidade de forma intersetorial e multidisciplinar.

Palavras-chave: Rede; Prevenção; Reabilitação.


Eixo: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Sessão de pôsteres.
Tipo de trabalho: Relato de pesquisa.

274
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

REDE DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO E


USUÁRIAS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: UM ESTUDO DE CASO

Autores e instituição: Andreia Pereira Costa* (Universidade Federal da Bahia), Dhara


Santana Teixeira* (Universidade Federal da Bahia) e Juliana Prates Santana (Universidade
Federal da Bahia).

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir o funcionamento da rede de


atenção à criança e adolescente em situação de risco e vulnerabilidade social que fazem
uso de substâncias psicoativas (SPA’s). Tal discussão será realizada a partir de um estudo
de caso oriundo da pesquisa “O impacto da vida na rua em adolescentes: Um estudo
longitudinal sobre risco e proteção” (Morais, Koller, Raffaelli, Santana, 2011), que ocorreu
pelo período de dois anos, em três cidades brasileiras: Fortaleza, Salvador e Porto Alegre.
A pesquisa baseia-se no arcabouço teórico e metodológico da Abordagem Bioecológica
do Desenvolvimento Humano, de Urie Bronfenbrenner (1979/1996). A partir da análise da
trajetória de vida de uma adolescente participante da pesquisa, do sexo feminino, proveniente
do interior do estado da Bahia, com histórico de institucionalização, experiência de rua e
uso intenso de substâncias psicoativas, foi possível perceber as lacunas e os fracassos
da rede institucional de atenção a essa população. Foi realizada uma análise qualitativa
de informações relatadas pela adolescente em entrevistas, nos registros dos diários de
campo, e nos registros semanais organizadas em um banco de dados. A partir do estudo
de caso foi possível entender como a rede de atenção à criança e adolescente em situação
de risco e vulnerabilidade social tem funcionado e, a partir da compreensão dessas lacunas
e fracassos, refletir sobre formas de fortalecimento e ampliação da sua efetividade. Nesse
sentindo, identificou-se a ausência de uma rede de serviços articulada e bem equipada,
profissional e financeiramente, o que contribui para a entrada de instituições filantrópicas,
cuja atuação merece melhor ser analisada. Somado a isso, foi identificada a ausência de um
sistema de atendimento qualificado às crianças e adolescentes que fazem uso abusivo de
substâncias psicoativas, principalmente no interior do estado, evidenciando-se a necessidade
de expansão desses serviços. O uso intenso de SPA´s impossibilitou o cuidado e proteção
em alguns dispositivos da rede. Ficou evidenciado, então, o despreparo das instituições
e dos técnicos, principalmente em relação ao uso abusivo de substâncias psicoativas, o
que se configurou como uma questão que potencializa o risco e a vulnerabilidade dessa
população. Diante do exposto é possível refletir sobre as histórias e trajetórias das crianças
e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, compreendendo a importância de
uma intervenção efetiva e implicada para o auxílio de mudanças nesse contexto de vida.

Palavras-chave: Crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social;


Rede de atenção; Substâncias Psicoativas.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

275
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

REDUÇÃO DE DANOS: CONSTRUINDO ESTRATÉGIAS DE CUIDADO AOS CIDADÃOS


COM SOFRIMENTO PSÍQUICO EM DECORRÊNCIA DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Larissa Aparecida Hagemeyer (Centro de Atenção Psicossocial I – Indaial SC)*, Maria


Eduarda Pereira Caminha (Centro de Atenção Psicossocial I – Indaial SC).

Introdução: As intervenções junto aos cidadãos que são identificados com sofrimento
psíquico em decorrência da dependência química de álcool e outras drogas no Centro de
Atenção Psicossocial I de um município de pequeno porte localizado no Médio Vale do
Itajaí se dão de forma específica, acolhendo o usuário, construindo uma aproximação e
diálogo objetivando estratégias de cuidado que possibilitem a autonomia e o envolvimento
de seu tratamento, objetivando uma intervenção humanizada. Objetivo: Trabalhar com o
público-alvo estratégias de cuidados possibilitando redução de danos e riscos decorrente
ao uso abusivo de álcool e outras drogas, respeitando a singularidade de cada situação que
é apresentada. Metodologia: Nas intervenções oferecidas aos usuários ressalta-se que a
abstinência não é utilizada como condição primária e única para o acesso ao serviço. Para
além dos atendimentos individuais ofertados no serviço, são realizados semanalmente grupos
que possibilitam socialização, vivências, reflexões e resgate de cidadania rompendo com
práticas reducionistas e preconceitos estabelecidos socialmente. Tal intervenção possibilita
o envolvimento e discussões relacionadas às vivências pontuadas pelos participantes e
a partir de suas singularidades e construídas estratégias que possibilitem a redução e/ou
rompimento do uso prejudicial de álcool e outras drogas. Resultados: Nas intervenções
efetuadas a estratégia de Redução de Danos está vinculada à direção do tratamento e,
aqui, tratar significa aumentar o grau de liberdade, de co-responsabilidade daquele que
está em acompanhamento na rede de atendimento de saúde. Implica, por outro lado, a
aproximação e a construção de vínculo com os profissionais, que também passam a ser
co-responsáveis pelos caminhos a serem construídos pela vida do usuário, pelas muitas
vidas que a ele se ligam e pelas que nele se expressam. Considerações finais: Para que
o tratamento e acompanhamento de saúde para este público se concretize, utilizando-se
da lógica de Redução de Danos, é necessário que os profissionais dos serviços, deixem
de lado em suas práticas, a relação de “detectores do saber” com o usuário, passando a
compreender que os seus conhecimentos técnicos são instrumentos valiosos, mas apenas
complementam o saber que o outro tem da sua própria vida. Nas práticas envolvendo a
estratégia de redução de danos deve-se reconhecer medidas de intervenção preventiva,
assistencial, de promoção da saúde e de direitos humanos. Ressalta-se ainda que quando
trata de cuidar de vidas humanas, temos de, necessariamente, lidar com as singularidades,
com as diferentes possibilidades e escolhas que são feitas.

Palavras Chave: Estratégia de cuidado; Redução de danos; Saúde mental.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Relato de Experiência.

276
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

REDUÇÃO DE DANOS COM PESSOAS VIVENDO EM SITUAÇÃO DE RUA: UM RELATO


DE EXPERIÊNCIA NA AMAZONIA OCIDENTAL A PARTIR DO MÉTODO CATÁRTICO

Natássia Henriques Daldegan Bueno * (Programa de Pós-graduação em Psicologia pela


Universidade Federal de Rondônia)

A situação de rua deve ser considerada em suas mais diversas facetas, levando em conta
os contextos pessoais, sociais e culturais. Ela pode ser situada como consequência de um
complexo processo de exclusão da comunidade e a desfiliação dos sujeitos marginalizados.
A fim de contribuir social e individualmente na vida destes usuários, de forma a minimizar
seus sofrimentos, fora realizado um trabalho de escuta psicológica as pessoas que vivem
em situação de rua ao longo do ano de dois mil e onze, a partir de um projeto de extensão
que dava continuidade a uma atividade de quatro anos desenvolvida por acadêmicos de
psicologia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Os atendimentos foram realizados
uma vez por semana com duração aproximada de cinquenta minutos em um campo de
futebol, considerado como “domicílio” desses indivíduos, situado nas proximidades da
rodoviária de Porto Velho, capital rondoniense. A redução de danos, apesar de não fazer
parte da estratégia de atendimento a esta população, se fez presente ao longo do trabalho
efetivado, uma vez que estes sujeitos diminuíam ou mesmo cessavam o consumo de álcool
e outras drogas nos dias de atendimento. Tal política é pautada no respeito à pessoa e no
seu direito de consumir drogas (ANDRADE et. al, 2001), cuja lógica parte da premissa de
que as drogas fazem parte deste mundo, sendo necessário o esforço para minimizar seus
efeitos danosos ao invés de simplesmente ignorá-los ou condená-los (HARM REDUCTION
COALLITION, 2002-2003). Para tanto, ocorre a possibilidade de mudança no padrão do uso
da substância consumida, viabilizando uma relação menos danosa à integridade e saúde
do dependente químico. (PICONEZ ; TRIGUEIROS ; HAIEK, 2006). No presente relato
de experiência a redução de danos com pessoas em situação de rua, pautada na terapia
de apoio, surge como consequência da escuta psicológica ofertada. A intervenção neste
sentido, não foi de fato aplicada, emergindo como mera consequência de um processo
terapêutico que se refletiu por meio da diminuição da utilização destas substâncias nos dias
de atendimento. É importante ressaltar que esta foi uma iniciativa dos próprios usuários, não
lhes sendo fornecidos quaisquer instrumentos para a redução de danos. Tal fato peculiar
demonstra motivação para a modificação do comportamento adicto, que se dá em razão do
método catártico, onde os sujeitos se sentem mais amparados frente sua vulnerabilidade.
Faz-se mister, neste sentido, a necessidade do desenvolvimento de políticas mais eficazes
voltadas para esta população. Políticas estas que contemplem a subjetividade, de modo a
conhecer suas singularidades para então agir de maneira focal e instrumental em relação à
redução de danos nestes indivíduos.

Palavras-chave: Pessoa em situação de rua; Redução de danos; Substâncias psicoativas;


Adicção
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

277
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

REDUÇÃO DE DANOS E CREAS: UM BOM E POTENTE ENCONTRO

Kátia Mottin Tedeschi* (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Jussara Maria Rosa
Mendes (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Introdução: Paulo1, Joaquim e Mauro habitam e seguem pelas ruas da cidade. Vivem e
sobrevivem nelas. Realizam bons e maus encontros. Também se encontram com o uso da
droga e passam a estabelecer relações singulares com esta. Conhecem, usam, abusam,
param, desistem, recaem e reduzem. O encontro com a Redução de Danos (RD) enquanto
uma estratégia de cuidado para pessoas que fazem uso de álcool e/ou outras drogas é o que
se propõe elucidar a partir da proposta de trabalho em que o objetivo é ofertar movimentos
de escuta e acolhimento à população em situação de rua em uma cidade do Vale do Taquari,
RS. A proposta insere-se em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social
(CREAS). De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009), o
Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua deve ser ofertado para pessoas
que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência. Objetivos: Ofertar tempo
e espaço para que o serviço abra-se para discussões que levem em conta a inclusão de
outros dispositivos de cuidado e atenção à população em situação de rua, que não somente
os que evidenciam práticas higienistas e modelos meramente baseados e alicerçados na
repressão do uso de drogas. Desta forma, propõe-se trabalhar com a perspectiva da RD
ao preconizar as práticas de acolhimento, integralidade da atenção e protagonismo dos
sujeitos. Preconiza-se a inversão da lógica de acompanhamento à população em situação
de rua: de um modelo de assistência baseado na internação em instituições de caráter
total e na busca pela abstinência, para o respeito ao modo como o sujeito relaciona-se
com a droga e a construção de um cuidado de base comunitária. Metodologia: Como
preconizado pela Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, desenvolve-se, no
CREAS, abordagens de rua semanais, com a atuação de duas psicólogas. O dispositivo
das abordagens tem o intuito de conhecer os espaços habitados pelos sujeitos, as relações
estabelecidas com a rua e, concomitante, com o uso da droga. O encontro com os sujeitos
nos espaços da rua abre o campo para reflexões sobre meios que possibilitem reavaliar suas
relações com a dependência, com orientações para um uso menos prejudicial quanto para
a abstinência, conforme o que se estabelece com cada sujeito. Resultados: As abordagens
de rua possibilitam movimentos de escuta dos sujeitos que fazem uso de álcool e/ou outras
drogas de modo que possam ser reconhecidos por outras vias de expressão que não
somente perpassadas por modos condenatórios e excludentes. Ao mesmo tempo, a partir
das estratégias reconhecidas pela RD, os sujeitos tem a possibilidade de conhecerem e
reconhecerem o uso que fazem da droga, ampliando o leque de alternativas de cuidado de
si. Considerações Finais: O paradigma da redução de danos traz a experiência singular do
uso de drogas quando possibilita que os usuários falem em nome próprio sobre estas.

Palavras-chave: Cuidado; Redução de danos; Creas; População em situação de rua.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

278
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

REDUÇÃO DE DANOS: POR UMA CLÍNICA DA EXPANSÃO DA VIDA

Linccon Fricks Hernandes* (Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de


Vitória), Raquel de Matos Lopes Gentilli (Escola Superior de Ciências da Santa Casa de
Misericórdia de Vitória).

Nas últimas décadas o debate sobre drogadição tem recebido relevante destaque na
mídia e estudos científicos, tornando-se alvo de diversas políticas estatais e nacionais. A
drogadição na contemporaneidade consiste numa das expressões da questão social, de
forte impacto na sociedade, incorpora uma discussão ampla e complexa por estar vinculada
a outros temas correlatos. O campo da dependência química ainda se faz desafiador para
a psicologia, que ao longo dos anos vem conquistando novas áreas de atuação, buscando
uma compreensão do ser humano em sua subjetividade na construção de uma clínica
ampliada e da expansão da vida que seja ética-estética-política, sem promoção de rótulos
ou julgamentos, mas promover acolhimento as diferenças e que não se limite as paredes de
um consultório. O presente trabalho consiste em resultados parciais de uma pesquisa em
nível de mestrado. Este trabalho tem como objeto conhecer os processos de subjetividade
de jovens internados compulsoriamente para o tratamento de álcool e outras drogas. Tem
como objetivos analisar o que esse tratamento compulsório reverbera na produção de
subjetividade desse sujeito, problematizar as medidas de internação compulsória enquanto
retrocesso à política de saúde mental instituída pela Lei 10.216, atuando enquanto um
mecanismo sociopolítico de reprodução das desigualdades sociais. Metodologicamente,
utilizou-se abordagem qualitativa e entrevistas. Conclui que tais práticas se configuram como
uma política de cunho higienista e moralizador, descartando como tratamento os serviços
substitutivos, impondo a esses sujeitos um tratamento influenciado pelo modelo biomédico
de saúde, pautado na abstinência que, configura-se na prática, como punição aos usuários
pobres de drogas. Percebe-se que a internação torna-se um prática paliativa, pois não
produz intervenções na realidade social desses sujeitos. Poderíamos nos perguntar: Mas
então, o que se mostra como medida possível – e desejável – frente ao crescente índice de
dependência química? Nossa resposta: o encontro, o bom encontro – no sentido spinozista
mesmo! E mais, compreendemos que o encontro capaz de ampliar a potência de ação do
sujeito, sua capacidade de agir e intervir em sua própria realidade, na autoprodução de
novos territórios existenciais só se faz possível quando temos como meta o acolhimento e
a escuta. Estar compulsoriamente em “tratamento” não nos parece permitir tais encontros.
Nesse sentido, entendemos e afirmamos outros possíveis, outras medidas e políticas que
se posicionam como mais favoráveis à criação da vida: os Centros de Apoio Psicossocial
(CAPS), os Consultórios de rua e programa de Redução de danos (RD) são algumas delas.
No entanto, somente se sustentadas por uma clínica orientada à escuta, ao acolhimento
e ao estranhamento é que tais medidas alcançarão seu objetivo final: a expansão da vida!

Palavras-chave: Internação Compulsória; Juventude; Clínica; Redução de Danos;


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

279
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

REDUÇÃO DE DANOS: ANÁLISE DAS CONCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE UM


CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

Autores e instituição: *Amanda Lourenço Mangabeira (Escola de Enfermagem Universidade


de São Paulo), Delza Rodrigues de Souza (Escola de Enfermagem Universidade de São
Paulo), Paula Hayasi Pinho (Escola de Enfermagem Universidade de São Paulo), Nencis
dos Santos (Escola de Enfermagem Universidade de São Paulo), Diene Fonseca Silva
(Escola de Enfermagem Universidade de São Paulo), Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira
(Escola de Enfermagem Universidade de São Paulo), Bruno Ricardo da Silva Santos Escola
de Enfermagem Universidade de São Paulo)

Introdução: O Relatório Mundial sobre Drogas das Nações Unidas afirma que cerca de
243 milhões de pessoas, ou 5% da população global entre 15 e 64 anos de idade, usaram
drogas ilícitas em 2012. Com a implantação dos Centros de Atenção Psicossocial em Álcool
e Outras Drogas em 2002, a estratégia da Redução de Danos se consolidou como um
dos eixos norteadores da política do Ministério da Saúde para o tratamento integral aos
usuários de álcool e outras drogas. Objetivo: Identificar e analisar a concepção de Redução
de Danos dos profissionais da equipe técnica de saúde mental de um CAPS ad. Método:
Estudo qualitativo, desenvolvido em 2012 , com a participação de 10 profissionais da saúde
de um Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Outras Drogas. A análise dos dados
foi realizada por meio do método hermenêutico-dialético norteado pelos pressupostos
teóricos da Reforma Psiquiátrica brasileira. Resultados: Apontam que a Redução de Danos
se posiciona como uma abordagem que se opõe ao modelo hegemônico de guerra as
drogas e não parte do ponto único e exclusivo do uso de drogas como doença. Ainda que
a Redução de Danos não é contra a abstinência e visa diminuir os riscos e danos à saúde
considerando todo o contexto, o desejo e as possibilidades de cada indivíduo. Conclusões:
A estratégia da Redução de Danos amplia a oferta e as possibilidades de cuidados para as
pessoas que fazem uso prejudicial de substâncias psicoativas.

Palavras-chave: Redução de Danos; Transtornos Relacionados ao Uso de Álcool;


Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias; Serviços de Saúde Mental; Profissionais
da saúde
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO REALIZADO NO SERVIÇO DO CENTRO


ESPECIALIZADO DE ASSISTENCIA SOCIAL ALDAIZA SPOSATI NA CIDADE DO RIO
DE JANEIRO ATRAVÉS DO PROJETO DE INTERVENÇÃO “RODA DE CONVERSA
COM CAFÉ”

Alessandra Curcio Mineiro (Assistente Social do CREAS Aldaiza Sposati), Adriana Lucia da
Silva (Assistente Social do CREAS Aldaiza Sposati), Claudia Cilene Ramadas Kistenmacker
(Diretora e Assistente Social do CREAS Aldaiza Sposati), Cristiane Cavalcante da Silva*
(Assistente Social do CREAS Aldaiza Sposati), Cristiane Raquel Araujo Bueno Machado
(Advogada do CREAS Aldaiza Sposati), Elizete Alves da Silva (Psicóloga do CREAS Aldaiza
Sposati), Luciana Martins Matos (Assistente Social do CREAS Aldaiza Sposati), Natalia
Paulino de Souza (Pedagoga do CREAS Aldaiza Sposati), Wagner Rangel Proença Gomes
(Psicólogo do CREAS Aldaiza Sposati)

280
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Conforme o último Censo de População de Rua realizado pela SMDS em 2013, constatamos
que hoje na cidade do Rio de Janeiro, temos um número de mais de 5.580 pessoas em
situação de rua. No território de abrangência deste CREAS, atendemos 279 pessoas, onde
82,9% são homens e 17,1% mulheres, deste número 59% possuem pelo menos a certidão
de nascimento e em relação a escolaridade 6,9% nunca estudaram, quanto à saúde o censo
aponta que 10,44% desta população apresentam quadro de tuberculose e com transtornos
mentais temos 4,40% . No ano de 2014 o CREAS atendeu a 356 pessoas em situação de
rua e diante dessa realidade iniciamos em 2015 o Projeto “Roda de conversa com Café”,
onde quinzenalmente oferecemos um café da manha para atender esse público. Um dos
serviços do CREAS é atender a população de rua em seu território, fortalecendo sua rede
local. A equipe entendeu como forma de acessar esta parcela da população, a realização de
um café como instrumento de vinculação. Nesse território verificamos homens e mulheres
de faixas etárias diversificadas que se encontram em situação de rua. Através da nossa
entrevista identificamos que a maior parte desta população é adulta e que um dos fatores
que levam a este cenário é o uso abusivo de substâncias psicoativas. Motivo este que
levam a utilizar esse espaço da rua como espaço de convivência, moradia e trabalho. Ao
longo do acompanhamento realizado a estes usuários verificamos que alguns possuem
residência e referência familiar, porém com vínculos fragilizados. Temos como objetivo
atender as demandas trazidas pelos próprios usuários, que se encontram na maioria dos
casos excluídos dos seus direitos e serviços públicos, não exercendo assim sua cidadania.
Através da articulação com o Consultório na Rua, CAPS e CAPSI, a equipe do CREAS
busca atender em rede as demandas relacionadas à saúde, pois sem o olhar ampliado na
linha de cuidado não conseguiremos oferecer um espaço digno e um serviço de qualidade.
Buscamos através do espaço da Roda de Conversa no próprio território de moradia do
usuário, potencializar e fortalecer sua autonomia e resgatar sua cidadania, fortalecer os
vínculos familiares e comunitários, de acordo com a Política Nacional de Assistência Social.
Construir com o usuário um processo de saída das ruas, através de sua própria história de
vida e possibilitar condições de acesso de serviços e a benefícios assistenciais. Durante
os encontros quinzenais, oferecemos um café da manha que durante nossa Roda de
Conversa, proporciona um espaço mais humanizado e acolhedor. Através de uma escuta
qualificada buscamos a aproximação com a realidade a partir da fala do próprio sujeito.
Precisamos dar visibilidade ao usuário enquanto um cidadão portador de necessidades
biopsicossociais e culturais. Com relação aos usuários de substâncias psicoativas as novas
experiências levam em conta que a dependência de drogas é um fenômeno complexo, que
envolve questões sociais, familiares, pessoais e culturais.

Palavras-chave: Cidadania; Rede; Território


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

281
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

REINSERINDO SOCIALMENTE E GERANDO RENDA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA


NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

Gabrielle Leite Pacheco Lisbôa* (Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e outras Drogas
Amor & Esperança), Wagda da Costa Silva (Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e
outras Drogas Amor & Esperança), Andréa Carla de Almeida (Centro de Atenção Psicossocial
em Álcool e outras Drogas Amor & Esperança), Cinthya Rafaella Magalhães da Nóbrega
Novaes (Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e outras Drogas Amor & Esperança),
Cláudia Cristina Rolim da Silva (Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e outras Drogas
Amor & Esperança), Elidiane Oliveira da Silva (Centro de Atenção Psicossocial em Álcool
e outras Drogas Amor & Esperança), Janaína di Cássia Barbosa Silva (Centro de Atenção
Psicossocial em Álcool e outras Drogas Amor & Esperança), Murillo Nunes de Magalhães
(Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e outras Drogas Amor & Esperança), Neuzianne
de Oliveira Silva (Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e outras Drogas Amor &
Esperança), Thiago Celmir Vieira Marques dos Santos (Centro de Atenção Psicossocial
em Álcool e outras Drogas Amor & Esperança), Washington Luiz Oliveira Melo (Centro de
Atenção Psicossocial em Álcool e outras Drogas Amor & Esperança).

O redirecionamento do modelo assistencial em saúde mental e a proteção aos direitos das


pessoas com transtornos mentais teve seu marco na aprovação da Lei nº 10.216 de abril
de 2001. Com a instituição da Rede de Atenção Psicossocial em 2011 através da portaria
Ministerial 3088/2011, a reinserção social, finalidade permanente já proposta naquela lei, é
ratificada. Desta forma, objetiva-se relatar a experiência de geração de renda e reinserção
social através da arte em MDF(Medium Density Fiberboard) em um Centro de Atenção
Psicossocial em Álcool e outras Drogas do nordeste brasileiro. Participaram das oficinas
cerca de trinta e cinco usuários do serviço e seus técnicos de referência, que compõem a
equipe multiprofissional. A fabricação de peças decorativas em MDF foi desenvolvida em
oficinas de corte, acabamento e pintura. Posteriormente foram expostas e comercializadas
em eventos na cidade. Os resultados apontam a adesão de usuários à atividades capazes
de gerar renda, devolvendo-lhes a autonomia e a autoestima. A realização da ação
proporcionou o desenvolvimento de reflexões críticas sobre a necessidade de mais ações
voltadas à geração de renda e à reinserção social preconizada na assistência a pacientes
com transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas, tendo em vista a necessidade
de qualificação profissional, promoção da autonomia e de protagonismo dos indivíduos.

Palavras-chave: Renda; Trabalho; Serviços de Saúde Mental;


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

282
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

RELATO DA IMPLEMENTAÇÃO DE MUDANÇAS NO MODO DE PRODUÇÃO DO


ACOLHIMENTO: TRANSFORMANDO O MODELO TRADICIONAL DE RECEPÇÃO
PARA UMA AMBIÊNCIA EXPRESSIVA E ACOLHEDORA EM UM CAPS AD.

Vale, Caio César da Fonseca* (Coordenador do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e


Drogas Fênix); Basso, Berenice Terezinha (Técnica Administrativa no Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas Fênix); Campos, Gabriela Checchia Machado (Linha de
cuidado em saúde mental da fundação estatal de assistência especializada em saúde);
Chemin, Maria Eduarda Pianaro (Psicóloga no Centro de Atenção Psicossocial Álcool
e Drogas Fênix); Pereira, Miriane Elizabeth de Souza (Psicóloga no Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas Fênix); Rosa, Patrícia Costa (Psicóloga no Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas Fênix); Santos, Gislaine (Enfermeira no Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas Fênix); Villatore, Patrícia Calvo (Assistente Social no Centro
de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Fênix);

Resumo: O presente trabalho é um feito coletivo. Uma co-produção de gestores e


trabalhadores. Foram realizados seis encontros, sendo os iniciais de levantamento de
múltiplas narrativas sobre essa experiência, compartilhadas e analisadas pelo grupo
de autores do trabalho, o que posteriormente possibilitou a sua escrita. Relata uma
experiência de transformação e criação de um novo modo de recepção implementado no
Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Fênix na cidade de Curitiba. Ocorreu uma
reorganização nos processos de trabalho e no espaço da recepção, agora com foco na
ambiência. A estratégia de mudança propôs múltiplas ações, articulando modificações no
espaço físico com dispositivos de cuidado e acolhimento, além da oferta de cultura; música,
arte e poesia em uma produção inventiva como estratégia de recepção/acolhimento. Entre
as ações nesse processo de reestruturação realizada, foi a desconstrução do balcão
administrativo e o deslocamento dos profissionais. A função acolhimento passou a ser
compartilhada na equipe de forma transdisciplinar. Esse redimensionamento da função
recepção, resultou em aproximação e vinculação entre trabalhadores e usuários, para uma
convivência coletiva, integrando os administrativos com a equipe, e novas contratualidades
foram sendo possíveis com os usuários, ampliando suas participações e pertencimento ao
Caps. Destaca-se que este Caps está em construção em profundas mudanças que vem
acontecendo na Saúde Mental de Curitiba, modificando o modelo conceitual de Caps.

Palavras-Chave: Processos de Mudança; Saúde Mental; Ambiência; Acolhimento; Práticas


Expressivas;
Eixo: Atenção, reinserção social e redução de danos.
Modalidade de Apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

283
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

RELATO DE EXPERIÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA PREVENTIVO


#TAMOJUNTO EM UM COLÉGIO DE APLICAÇÃO DO SUL DO BRASIL

Clarissa Venturieri* (Universidade Federal de Santa Catarina), Helena Viana Fraga*


(Universidade Federal de Santa Catarina), Dr. Leandro Castro Oltramari (Universidade
Federal de Santa Catarina), Dra. Daniela Ribeiro Schneider (Universidade Federal de Santa
Catarina).

O programa preventivo dos problemas relacionados ao uso de drogas #Tamojunto é fruto da


adaptação à cultura brasileira do programa europeu Unplugged, pelo Ministério da Saúde,
cujo foco são os educandos de 12 a 14 anos, sendo realizado em 12 aulas consecutivas
pelos professores regulares das turmas participantes e apoiados por multiplicadoras do
programa. Sustenta-se no modelo lógico da influência social global, contemplando ações
que trabalham informações críticas sobre drogas, crenças normativas e habilidades de vida.
Este trabalho se propõe a relatar a experiência de implementação do referido programa num
Colégio de Aplicação de uma universidade federal do sul do Brasil em três turmas do 8º
ano do ensino fundamental. Serão descritas as atividades anteriores ao início da aplicação
do programa, relacionadas ao diagnóstico inicial do contexto escolar e o levantamento
dos padrões de uso de drogas e fatores de risco e proteção junto aos educandos. Será
relatado também o processo de acompanhamento da formação dos professores e as
tratativas para viabilização da implementação no cotidiano escolar e sua incorporação ao
projeto pedagógico. O programa teve ótima aceitabilidade pela direção, equipe técnica e
professores, que o consideraram necessário para enfrentar a questão da prevenção ao
uso de drogas junto aos adolescentes. Foram levantadas as redes internas e externas ao
colégio, visando mapear possíveis parcerias. A formação para os educadores e profissionais
da escola foi realizada objetivando garantir a qualidade da aplicação do programa. Greves,
dificuldades de comunicação e disponibilidade de horários no cronograma da escola foram
alguns dos desafios enfrentados para a implementação do programa.

Palavras-chave: Prevenção Universal, Uso de Drogas, #tamojunto, Avaliação de


implementação, Escola.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

284
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ATIVIDADES FÍSICAS E PASSEIOS EXTERNOS EM


UNIDADE PSIQUIÁTRICA FECHADA

Ms. Alba Regina Zacharias*, Bruna A. Pereira, Carine Rech e Karen Santos de Oliveira
Marisco.- Fundação Hospitalar Getúlio Vargas - Hospital Regional do Vale do Rio Pardo

Relato de experiência do trabalho realizado da Unidade Psiquiátrica do Hospital Regional do


Vale do Rio Pardo com pacientes usuários de álcool e outras drogas e transtornos mentais,
dos Municípios que fazem parte da 13ª Regional de Saúde, que são: Candelária, Gramado
Xavier, Herveiras, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Santa Cruz
do Sul, Sinimbu, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz. A equipe é composta
por médico psiquiátrico, médico clínico, psicólogas, terapeuta ocupacional, assistente
social, enfermeiras e técnicos de enfermagem. A proposta de intervenção terapêutica
é voltada para resignificação de sua condição de sujeito e de direitos e sua reinserção
social. A promoção de atividades físicas e passeios externos, tem se constituído uma ótima
estratégica grupal para estimular essas pessoas a recuperar a auto-estima, seu interesse
pelo seu ambiente e pela sua vida cotidiana. Salientamos que a promoção de atividades
físicas externas junto a pacientes psiquiátricos constitui em estratégia de cuidado da equipe
que supere o cuidado meramente técnico e se amplie para um cuidado dito subjetivo, onde
a atenção em saúde mental, possa gerar respeito as diferenças, direitos de cidadania e
acima de tudo, a liberdade.

Palavras-chave: Saúde mental; Unidade fechada; Atividades físicas.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

285
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

RELATO DE EXPERIÊNCIAS DE PREVENÇÃO AO USO ABUSIVO DE ÁLCOOL E OU-


TRAS DROGAS ENTRE UNIVERSITÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSI-
NO SUPERIOR / MINEIRA.

Carmen Lúcia Gomide Costa* (Universidade Federal de Viçosa), Bruna Cardoso Silva (Uni-
versidade Federal de Viçosa), Felipe Stephan Lisboa (Universidade Federal de Viçosa),
Grasiela Gomide de Souza (Universidade Federal de Viçosa).

Trata-se de um relato de experiências de prevenção do uso abusivo de álcool e outras


drogas entre estudantes universitários em uma IFES mineira. A partir de um programa ins-
titucional, coordenado por uma unidade de saúde mental, tem sido realizada uma cam-
panha anual e permanente, dentro da agenda de saúde da IFES. A campanha, realizada
no primeiro mês letivo, momento tradicionalmente marcado por confraternizações, festas
e eventos de forte apelo ao consumo abusivo de álcool e outras drogas, tem por objetivo
promover reflexões e estimular, que durante a vida universitária, os estudantes adotem es-
colhas saudáveis. Para isto, junto aos calouros, são criados espaços de acolhimento, infor-
mação e orientação e, ainda, junto aos demais estudantes, são promovidas atividades ar-
tístico culturais, esportivas, de lazer e de caráter espiritualista e religioso, durante as quais,
são oferecidos alguns brindes. As atividades são realizadas por meio de parcerias com os
diversos atores institucionais, inclusive, representações estudantis, que atuam no campus
universitário. Com o intuito de evidenciar a campanha e divulgar as atividades programa-
das são utilizados outdoors, cartazes e demais mídias institucionais(sites, redes sociais,
rádio, TV e jornais impressos). Ao final de cada campanha a equipe elabora uma avaliação.
Porém, em 2016, haverá uma avaliação das campanhas, pelos estudantes, como parte da
dissertação de Mestrado de um membro da equipe coordenadora.

Palavras-chave: Prevenção; Saúde Mental; Escolhas Saudáveis.


Eixo Temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência em assistência estudantil.

286
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

RELAÇÃO ENTRE REDE SOCIAL SIGNIFICATIVA E ATENÇÃO À SAÚDE DE USUÁRIOS


DE CAPSad COM PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO DE ÁLCOOL

Claudia Daiana Borges* (Universidade Federal de Santa Catarina), Daniela Ribeiro


Schneider (Universidade Federal de Santa Catarina).

O presente resumo refere-se à uma pesquisa em andamento junto ao Núcleo de Pesquisas


em Clínica da Atenção Psicossocial (PSICLIN) e ao Programa de Pós Graduação em
Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina e tem como objetivo compreender
a relação entre a rede social significativa e atenção à saúde de usuários de CAPSad com
problemas relacionados ao uso de álcool. Os CAPSad são Centros de Atenção Psicossocial
destinados ao atendimento de usuários com problemas relacionados ao uso de álcool e
outras drogas. Rede social significativa é definida como o conjunto de todas as relações
que um sujeito entende como mais significativas e que exercem funções de apoio na vida
deste sujeito. Este estudo é de natureza qualitativa com um delineamento descritivo e de
corte transversal. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e construídos mapas de
rede de oito usuários que tinham problemas relacionados ao uso de álcool e que estavam
em acompanhamento, há pelo menos seis meses, no CAPSad. Também foram realizadas
entrevistas com membros da rede social significativa dos usuários, indicados por eles
como alguém importante no processo do cuidado, tendo a participação de cinco membros.
Dos oito usuários entrevistados, dois não aceitaram que membros da sua rede social
participassem da pesquisa, um dos membros foi convidado a participar mas não aceitou
argumentando que não gostava de falar sobre o assunto, deste modo, participaram da
pesquisa um total de 13 sujeitos, sendo oito usuários e cinco membros da rede social
significativa. Os dados ainda estão em processo de análise, mas já há algumas indicações
de resultados: todos os usuários afirmaram sentirem-se acolhidos e atendidos em suas
necessidades no CAPSad, relataram a presença de vínculos fortes com os profissionais,
e caracterizaram o serviço, principalmente, como um lugar onde eles podem passar o
tempo, conversar e desenvolver atividades. Houve posicionamentos críticos à política de
atendimento no CAPSad, principalmente no que se refere às queixas sobre a permissão
do uso de bebida alcoólica nas imediações do serviço e da falta de cobrança e punição
aos usuários que mantém esta prática, indicando uma racionalidade marcada pelo modelo
tradicional de tratamento baseado na abstinência por parte dos usuários. Em relação a
rede social significativa, todos os usuários indicaram como pessoas mais importantes os
familiares seguidos pelos profissionais do CAPSad. Foi possível levantar que três usuários
possuíam redes com vínculos fortes e mais ativas no processo do cuidado, dois uma rede
com vínculos fortes, mas pouco ativa no processo do cuidado e outros três demonstraram
ter uma rede fraca em vínculo e em apoio. No cruzamento dos dados coletados foi possível
verificar que a atenção à saúde vem sendo promovida de forma mais substancial entre
os usuários que possuem uma rede social significativa mais atuante e com relações de
vínculos fortalecidas, colaborando com achados na literatura especializada.

Palavras-chave: Atenção à Saúde; Rede Social Significativa; Álcool; Usuários de CAPSad.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

287
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS: OS DESAFIOS


DE UMA PRÁTICA

Ms. Aline Moreira Gonçalves* (Profa. Faculdade Ciências da Vida), Helenice Pereira Lopes*
(Graduada em Psicologia Faculdade Ciências da Vida)

O uso de substâncias psicoativas sempre esteve presente em toda a sociedade e perpassa


toda a evolução histórica do Brasil desde seu descobrimento até a contemporaneidade. O
crescente aumento no cenário brasileiro do consumo de substâncias psicoativas exigiu do
Sistema Único de Saúde (SUS), a criação de Políticas Públicas destinadas ao combate do
uso abusivo dessas substâncias. Dentre elas, elaborou-se a Política Nacional de Redução
de Danos, enquanto estratégia no âmbito da saúde pública. Assim, a Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS), instituiu a Redução de Danos entre as ações a serem desenvolvidas
com os usuários presentes em seus serviços. Entretanto, ao ser tratar de uma política
direcionada ao cuidado com usuário de álcool e outras drogas, as representações sociais
podem ser fortes influentes nas escolhas das estratégias que visam à atenção a estes
usuários. Na perspectiva da pesquisa qualitativa, ancorada pela Teoria das Representações
Sociais, o presente estudo teve como objetivo geral identificar as representações sociais
dos profissionais de saúde que atuam na Rede de Atenção Psicossocial do Município
de Três Marias-MG, sobre a Política Nacional de Redução de Danos para a assistência
aos usuários de álcool e outras drogas. A Teoria das Representações Sociais considera
que os pensamentos e ações dos indivíduos, são transformados a partir dos conteúdos
dos conhecimentos científicos, por meio da comunicação e integração com os fatos do
cotidiano para adaptação a sua realidade social. Para a coleta de dados, foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas, com nove profissionais de saúde que atuam na Rede de
Atenção Psicossocial de Três Marias. As entrevistas foram pautadas nos seguintes núcleos
temáticos: atuação do profissional na Rede de Atenção Psicossocial; representações sociais
sobre a Redução de Danos; uso de álcool e outras drogas; ações direcionadas ao cuidado
dos usuários e; desafios encontrados na prática. As entrevistas foram gravadas, transcritas
e, submetidas à Análise de Conteúdo Temática. Os resultados apontaram que a maioria
dos profissionais inseridos na RAPS de Três Marias desconhece as propostas da Política
Nacional de Redução de Danos, o que resulta na permanência da perspectiva de trabalho
com o usuário de álcool e outras drogas ancoradas no paradigma da abstinência como única
forma de tratamento possível. Consequentemente, a essa desinformação, apresentaram
descrições estigmatizadas do usuário, associando-o a criminalidade e apontaram desafios
que circundam entre a ausência de capacitação profissional para lidar com esse público e
a ausência de um trabalho articulado entre toda a Rede. Desse modo, torna-se relevante a
elaboração de estudos sobre a temática e uma maior divulgação das ações propostas pelas
atuais Políticas Públicas sobre drogas e o investimento em capacitações profissionais, para
que sejam alcançados todos os atores da Rede de Saúde que mantém a responsabilidade
ética-técnica em executá-las.

Palavras-chave: Redução de Danos; Representações Sociais; Prática; Desafios.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

288
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

RESPIRE REDUÇãO DE DANOS - EXPERIêNCIAS DE CUIDADO EM CONTEXTO DE


FESTAS

Gabriel Pedroza Bonfim , Thiago Calil (Universidade de São Paulo), João Maurício Gimenes
Pedroso, Maria Angélica de Castro Comis - Centro de Convivência É de Lei.

O projeto ResPire é uma ação desenvolvida pelo Centro de Convivência É de lei desde 2010
que tem como objetivo Estimular a reflexão, o auto cuidado e o conhecimento sobre o uso de
drogas em contextos de festas. A intervenção se dá por meio de montagem de um espaço
(posto de trabalho) em festas previamente selecionadas para acessar e abrir diálogo com
as pessoas que fazem uso de drogas. A partir de uma atuação pedagógica que envolve a
distribuição de material informativo e diálogos com intuito de estimular a reflexão sobre uso
de drogas, seus efeitos, riscos e contextos de uso, atua ativamente em contextos de festa
prestando também assistência às pessoas que passam por experiências de sofrimento
psíquico em decorrência do uso de substâncias psicoativas. Cada pessoa atendida é um
desafio para a equipe e uma grande oportunidade para o indivíduo ressignificar e elaborar os
conteúdos que se apresentam durante o estado alterado de consciência. É muito importante
o apoio de profissionais capacitados para acolher e amparar a singularidade dos indivíduos,
essa atuação é fundamental para que o coletivo aprimore suas formas de cuidar. Desde
2010 foram realizadas mais de 30 intervenções em festas, sendo a maioria delas em festas
de música eletrônica. Porém, fomos percebendo a necessidade de ampliar os contextos de
atuação, e neste ano de 2015 estamos iniciando intervenções junto a juventude e os bailes
e ‘fluxos’ de Funk,

Palavras-chave: Cuidado; Festas; Redução de Danos; Prática.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de experiência

289
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

IMPACTO DAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DO CENTRO


REGIONAL DE REFERENCIA DA UEL NAS AÇÕES DE ASSISTÊNCIA AO USUÁRIO
DE ÁLCOOL CRACK E OUTRAS DROGAS.

Adriano Luiz da Costa Farinasso* (Universidade Estadual de Londrina), David Roberto


do Carmo (Universidade Estadual de Londrina), Regina Célia Bueno Rezende Machado
(Universidade Estadual de Londrina).

Introdução: Entre os anos de 2012 a 2013 o Centro Regional de Referência da Universidade


Estadual de Londrina (CRR/UEL) ofertou um programa de educação permanente composto
por 6 cursos de capacitação para diversos profissionais de saúde que atuam com usuários
de drogas e seus familiares. Foram capacitados 227 profissionais de 15 municípios da
macro região de Londrina-PR. Objetivo: avaliar o impacto das atividades de educação
permanente ofertadas pelo CRR/UEL no cotidiano de trabalho dos profissionais envolvidos.
Metodologia: Pesquisa descritiva realizada com 126 profissionais que frequentaram os
cursos ofertados pelo CRR/UEL no anos de 2012 e 2013. Os dados foram coletados por
meio de formulário eletrônico 6 meses após a conclusão de cada curso. Resultados: Dos
participantes entrevistados 30,3% atuavam na atenção básica, 16,7% em CAPS, 16, 7% em
serviços de assistência social e 12,1% em hospitais gerais. Destes 74,2% mantiveram-se
atuando no mesmo local e função após a conclusão dos cursos. A maioria dos profissionais
(90,9%) referiram que seu desempenho profissional no manejo dos casos de usuários de
álcool e outras drogas melhorou após as capacitações, sendo que 24,2% implantaram
novas ações de assistência a estes usuários e 62,1% implantaram de forma parcial. Apesar
de 68,2% dos profissionais concordarem com a existência de dificuldades para implementar
novas práticas e 69,7% encontrarem dificuldades político-administrativas em seu cotidiano
de trabalho, 13,6% concordaram totalmente e 53% parcialmente que os cursos ajudaram a
transpor, de alguma forma, estas dificuldades. Ainda, a maioria dos entrevistados atuaram
como multiplicadores dos conceitos aprendidos nos cursos ofertados pelo CRR/UEL
(75,7%). Considerações finais: Estes dados mostram um impacto positivo das ações de
educação permanente no cotidiano dos profissionais de saúde e assistência social no
manejo dos casos e na implementação de novas práticas aos usuários de substâncias
psicoativas da região de Londrina. Com base nisto, o CRR/UEL realizará uma nova rodada
de ações de educação permanente previstas para os anos de 2015 e 2016.

Palavras-chave: Substâncias psicoativas; Educação permanente em saúde; Centro de


referencia
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

290
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

REVISÃO DOS APLICATIVOS DE SMARTPHONES PARA CESSAÇÃO DO TABAGIS-


MO DISPONÍVEIS EM LÍNGUA PORTUGUESA

Autores e instituição: Taynara Dutra Batista Formagini* (Universidade Federal de Juiz de


Fora), Bárbara Any Bianchi Bottaro de Andrade (Universidade Federal de Juiz de Fora),
Henrique Pinto Gomide (Universidade Federal de Juiz de Fora), Nathália Munck Machado
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Rafaela Russi Ervilha (Universidade Federal de
Juiz de Fora), Telmo Mota Ronzani (Universidade Federal de Juiz de Fora).

Introdução: Aplicativos de smartphones (Apps) estão sendo desenvolvidos como uma forma
complementar ao tratamento do tabagismo. Embora, haja estudos que avaliem a qualidade
dos aplicativos no idioma inglês, não há nenhum estudo que avalie os disponíveis em língua
Portuguesa. Método: O presente estudo teve como objetivo analisar o conteúdo de apps de
cessação disponíveis na língua portuguesa em dois sistemas operacionais, Android e iOS.
A lista de aplicativos para iOS foi obtida através da procura feita no iTunes Apple Store e
do Android através do Google Play Store. Noventa e um apps foram encontrados no iTunes
e 600 no Google Play. Foram incluídos na avaliação do conteúdo aqueles aplicativos que
tivessem como foco a cessação do tabagismo e que estivessem disponíveis na língua
portuguesa, resultando em 12 apps no iOS e 3 no Android. Um app estava disponível
nos dois sistemas operacionais, sendo contabilizado apenas uma vez. Cada aplicativo
foi categorizado através da sua abordagem na cessação de tabagismo (ex. calculadora
de gastos, calendário e medidor de cigarro fumados) pontuado de acordo com seu nível
de aderência às diretrizes de tratamento de tabagismo do Treating Tobacco Use and
Dependence - 2008 Update; os escores variavam de 0, nenhuma aderência, até a 42, total
aderência. Resultados: Um total de 14 apps foram analisados. Em relação às categorias,
9 foram classificados como calendário, 8 como informativo, 6 como calculadora, 3 como
medidor de cigarros fumados e 1 como hipnose. Os apps obtiveram baixo nível de aderência
às diretrizes, com uma média de 12,8. Apenas três dos apps auxiliavam o usuário através de
um plano de cessação e nenhum recomendava para tratamento, como aconselhamento ou
medicamentos. Discussão: De maneira geral, os apps analisados tiveram pouca aderência
às diretrizes de tratamento. Recomenda-se que os apps disponíveis em língua portuguesa
sejam revisados e que futuros apps sejam desenvolvidos utilizando práticas baseadas em
evidência para cessação do tabagismo.

Palavras-chave: Aplicativos de smartphone; Cessação tabágica;


Eixo-temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Sessão de pôsteres
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

291
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

REDUÇÃO E DANOS E UMA EXPERIÊNCIA DE APOIO TERRITORIAL

Felipe Silveira da Costa* (Universidade Federal da Fronteira Sul); Michele Eichelberger


(Universidade Estadual de Campinas)

Quando falamos de Redução de Danos podemos pensar em um corpo de saberes e


fazeres que se constituem e se desfazem a todo momento no “entre” das relações. Essas
podem ser estabelecidas entre pessoas e coisas, caminhos e destinos, nascedouros e
morredouros, conformando uma bricolagem que emerge do mundo da vida em um mosaico
onde não mais se distinguem cores, mas se percebe, se ouve o gosto, se cheira o som,
se toca a imagem e se vê o concreto. Na possibilidade de fazer emergir esse processo
desde o lugar de uma experiência vivida desdobram-se desafios de abordar os movimentos
de institucionalização e serialização que roubam vida possível de ser reinventada nesse
“entre”. Propõe-se a proliferação de territórios existenciais para além do instituído para
as pessoas que fazem uso de drogas. Particularmente no contexto da gestão de políticas
públicas de saúde é possível observar essa tensão, tão eivado se encontra de confortáveis
e supostamente seguros protocolos direcionadores das ações dos atores envolvidos
na produção de saúde desde a rede de serviços. O relato de experiência aqui contado
vem a tentar expressar um olhar sobre a experimentação desenvolvida por Apoiadores
Institucionais da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES-RS) durante o
ano de 2014 a se ocuparem da formulação e promoção da Redução de Danos enquanto
uma política pública. Optou-se pela utilização da metodologia do relato de experiência
enquanto uma possibilidade de emergência de sentidos possíveis para o vivido. Enquanto
uma ideia da produção do corpo sobre o qual se discorreu nas linhas anteriores, pensou-se
o coletivo de trabalhadores da SES-RS enquanto várias pessoas que se lançavam pelos
caminhos do estado a desenvolver e propor atividades vinculadas à efetivação de uma
política de Redução de Danos, tais como: seminários, momentos de educação permanente
com equipes de saúde, reuniões com gestores municipais e estaduais. Entretanto, também
foi se delineando para além desse conjunto de individualidades, a tessitura de um corpo
coletivo intangível, apoiador, mas não menos consequente. Esse corpo estabelecido
desde o “entre” emerge desde os pontos de encontro (ou zonas de troca) construídos em
diferentes territórios. Nesses encontros trocaram-se drogas e insumos, afetos e saberes na
intensificação de singularidades. Assim foi o percurso desses trabalhadores em cenários
tão diversos quanto unidades de saúde, secretarias municipais, encontros de redução
de danos, ruas, praças, entradas e rios. De alguma sorte produziu-se a intensificação de
potências inventivas sem, no entanto, deixar de acolher as demandas de fragmentação e
desterritorialização aterradoras que muitas vezes se revelaram muito por suportar. Desde
essa experiência desvelaram-se exercícios de construção de uma política pública a partir
de um viés de questionamento dela mesma, visto que, a todo instante, se colocava em
proliferação segundo desejos, limites e potencialidades dos territórios percorridos.

Palavras-chave: Redução de Danos, Apoio; Política Pública.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

292
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

RESIDÊNCIA TERAPÊUTICANO BRASIL: REVISÃO INTEGRATIVA (2000-2014).

Marcelo Alves dos Santos Constantino (Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina


da Universidade de São Paulo).

As residências terapêuticas configuram uma nova forma de acompanhamento e tratamento


em saúde mental. No que se refere à dependência química, esta nova proposta de
cuidado objetiva oferecer um ambiente seguro e saudável para que o dependente possa
reestabelecer seus vínculos sociais, familiares e profissionais. Este estudo se faz relevante
na medida em que esta nova proposta de cuidado vem ganhando espaço no cenário de
saúde pública, mas pouco se conhece sobre o trabalho feito, as experiências desenvolvidas
e seus respectivos resultados. Este trabalho pode contribuir, também, para o acúmulo
de conhecimento sobre tratamento em dependência química, bem como para o olhar às
políticas públicas do segmento. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo fazer
uma revisão da literatura sobre a proposta e experiências de tratamento em residências
terapêuticas, sistematizar os achados e promover uma discussão sobre a temática para o
tratamento em dependência química. Sua metodologia consistiu em uma revisão integrativa
utilizando os descritores “moradia assistida” e “residência terapêutica” na biblioteca virtual
Bvspsi (que abarca o banco de dados de Scielo, LILACS e PePSI). Foram encontrados
117 resultados, dos quais, 17 foram selecionados e organizados nas seguintes categorias:
Desistitucionalização e Reforma Psiquiátrica; Objetivos, definição de público alvo e modelos
de tratamento; Composição da equipe e cotidiano da residência; Autonomia, readaptação
e reinserção social; Resultados e desafios. Como conclusão, foi possível observar que a
experiência das residências terapêuticas como espaço de cuidar inserido na comunidade,
tem apresentado benefícios aos seus usuários no desenvolvimento de um processo de
reapropriação pessoal, retomando as dimensões reais e simbólicas das dimensões do
corpo, do espaço, do tempo e da criação de vínculos interpessoais na vida cotidiana. Com
relação às políticas públicas, é digno de nota que as publicações nacionais são escassas
e sem grande poder de evidência pelo fato de se tratarem de estudos de caso e pesquisas
qualitativas com um pequeno número de sujeitos incluídos. Com um aumento no número
de publicações nessa temática, podem ser maturadas ou implementadas políticas que
consigam lidar com desafios relativos a financiamento e ações junto à comunidade, além
de propiciar melhorias nas intervenções feitas junto às famílias de forma a protegê-la de
culpabilizações e instrumentalizá-la para um manejo mais eficaz da condição de seus
familiares usuários do SRT.

Palavras-chave: Dependência química; Residência terapêutica; Reinserção social;


Reforma psiquiátrica.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa.

293
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

AS ESTRATÉGIAS E O USO DOS CONCEITOS DA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO À


SAÚDE NO PLANO NACIONAL SOBRE DROGAS

Claudia Oliveira Dias* (Universidade Federal da Bahia)

O presente trabalho busca entender de que forma as estratégias ofertadas em saúde


pelo PNAD no atendimento ao usuário de substância psicoativa podem ser aplicadas em
substituição ao tratamento tradicional, considerado repressor. O objetivo geral é analisar
as estratégias e o uso dos conceitos da Promoção e Prevenção à Saúde do usuário de
substância psicoativa no Plano Nacional sobre Drogas. E os específicos: Identificar na
legislação vigente (PNAD) as práticas indicadas aos profissionais no atendimento ao
usuário de drogas no que concerne à promoção e prevenção à saúde; Analisar de que
forma as estratégias ofertadas em saúde pelo PNAD no atendimento ao usuário de drogas
podem ser aplicadas em substituição ao tratamento repressor; Identificar no discurso da
PNAD o significado da Política de Redução de Danos para o fortalecimento do processo
de autonomia dos usuários de substâncias psicoativas e explorar por meio da análise do
discurso da política sobre drogas (PNAD) os direcionamentos dados no atendimento ao
usuário de drogas. Este trabalho partirá do pressuposto apresentado pelos autores Bauer e
Gaskell (2013, p. 247) sobre a Análise do Discurso para a metodologia, abordando “quatro
temas principais” que servirão de eixos para analisar o documento proposto por este
trabalho: Preocupação com o discurso em si mesmo; Visão da linguagem como construtiva
e construída; Ênfase no discurso como uma forma de ação; Convicção na organização
retórica do discurso. Será utilizado como fonte de pesquisa a Política Nacional sobre
Drogas. Na discussão serão analisados apenas dois eixos para essa apresentação: O eixo
Prevenção e o eixo Redução dos Danos Sociais e à Saúde. No primeiro a promoção à saúde
é citada de forma indireta e não conta com nenhum conceito ou menção particular. No eixo
Redução dos Danos Sociais e à Saúde a orientação geral parte do pressuposto de que a
promoção de estratégias e ações de redução de danos, ações essas canalizadas para a
saúde pública e os direitos humanos, devem ser articuladas de forma inter e intra-setorial.
Conclui-se que a saúde e a repressão parecem estar em extremos absolutamente opostos
e com finalidades distintas. Construir uma mesma linguagem pode ser um primeiro passo
para quebrar preconceitos enraizados. Criminalizar, aprisionar e excluir o usuário de drogas
não contribui para diminuir o consumo e muito menos que ele deixe de fazer uso da droga.
As abordagens tradicionais ainda estão bastante impregnadas na cultura da sociedade e
dificultam na creditação de que outras abordagens mais amplas, coerentes e resolutivas na
atenção às pessoas que usam drogas possam realmente mostrar-se efetivas.

Palavras-chave: Promoção; Prevenção à Saúde; Política Nacional sobre Drogas


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

294
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

GESTANTES USUÁRIAS DE CRACK E/OU OUTRAS DROGAS

Marcia Andréa Wink*(Acadêmica de Psicologia - Univeridade de Santa Cruz do Sul), Iara


Paz Ortiz (Psicóloga – Universidade de Santa Cruz do Sul)

O trabalho visa relatar a experiência de acompanhamento de 02 casos de gestantes


usuárias de drogas atendidas pelo CAPS I (Centro de Atendimento Psicossocial) da cidade
de Vera Cruz-RS. Esse acompanhamento se deu através do PET (Programa Estudo pelo
Trabalho) - Gestantes Usuárias de Crack e/ou outras Drogas, do Ministério da Saúde em
parceria com a UNISC (Universidade de Santa Cruz do Sul), com o objetivo de proteger a
gestação em risco eminente e reestabelecer o vínculo da mãe com o bebê. A experiência
teve um desfecho inesperado, surpreendendo a equipe CAPS e outros profissionais da
rede.

Palavras-chave: Gestantes; Drogas; Vínculo


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

295
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

O APOIO SOCIAL DA FAMÍLIA COMO FATOR DE ADESÃO/NÃO ADESÃO AO


TRATAMENTO DO USO ABUSIVO OU DEPENDENTE DE DROGAS

Laís Ramos Sanches* (Universidade Federal de São João del-Rei) e Marcelo Dalla Vecchia
(Universidade Federal de São João del-Rei)

Introdução: O consumo de drogas de inicia a partir da relação do indivíduo com a família,


os amigos e/ou a escola, sendo que a família pode atuar como fator de risco ou como fator
de proteção para uso de substâncias psicoativas. Os fatores de risco incluem a ausência
de vínculos familiares e de afetividade, presença de autoritarismo, permissividade, entre
outros. Já os fatores de proteção dizem respeito ao ambiente seguro proporcionado pela
família, a autoconfiança, autonomia e o desenvolvimento dos papéis de socialização.
Porém, o papel da família perpassa também a participação no tratamento do usuário, e
as políticas públicas cada vez mais dependem dessa ação. Isto porque a família pode se
constituir como um fator determinante no enfrentamento do problema, visto que ela faz
a mediação entre o indivíduo, o uso de drogas e a sociedade. Objetivo: Investigar como
o apoio social promovido pela família modula a relação do usuário com o tratamento,
aderindo ou não a ele, em circunstâncias de uso abusivo ou prejudicial de álcool e outras
drogas. Metodologia: Utiliza-se a abordagem qualitativa, com entrevistas semi-estruturadas
tanto com indivíduos que passaram pelo tratamento oferecido na Associação de Parentes e
Amigos dos Dependentes Químicos (APADEQ) de São João del-Rei e estão em recuperação,
quanto com aqueles que também passaram pelo tratamento, mas recaíram. Resultados: A
pesquisa ainda se encontra na fase da coleta de dados, e até o presente momento foram
realizadas sete entrevistas, sendo cinco entrevistas com indivíduos que se encontram em
recuperação, e dois com indivíduos que recaíram. Considerações Finais: Destaca-se, nas
entrevistas realizadas até o momento, a família como fator de risco para o início do uso de
drogas. No que tange ao início do tratamento na instituição, a família se configura como fator
protetivo, porém, em alguns casos, a participação da família no tratamento foi tornando-se
paulatinamente menor após a alta do indivíduo da instituição.

Palavras-chave: Apoio social; Família; Tratamento; Uso de drogas


Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de Apresentação: Comunicação Oral
Tipo de Trabalho: Relato de Pesquisa (Resultados parciais)

296
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS COM MULHERES ENCARCERADAS

Rubia Vaz Borges Freitas* (Prefeitura da Cidade de Anápolis), Orcélia Pereira Sales (Projeto
Mãos Livres)

Atualmente o aumento da criminalidade é considerado um grave problema de saúde pública


mundial e representa um fenômeno complexo que envolve diversas causas com abrangências
nos fatores biológicos, ambientais, sociais, econômicos, psicológicos e psiquiátricos. O
Brasil está em quarto lugar no ranking dos países com maior população carcerária, e as
mulheres são protagonistas em muitos crimes. Em Goiás o índice de mulheres presas
aumentou 161,32% nos últimos cinco anos. O cárcere impõe uma subcultura prisional com
exposição à ociosidade, promiscuidade, más condições de habitação, condições precárias
de saúde, uso abusivo de drogas, álcool e outras substâncias psicoativas. Além de altos
índices de doenças infectocontagiosas, entre estas: hepatites e HIV. Este trabalho trata-se
de um relato de experiência sobre os atendimentos psicossociais realizado com mulheres
dentro do contexto prisional. A implementação dos atendimentos ocorreram durante um
período de aproximadamente dois anos no cenário da Casa de Prisão Provisória no
Município de Aparecida de Goiânia, Goiás. Os atendimentos psicossociais individuais
ou em grupos foram realizados semanalmente com um grupo de aproximadamente 20
mulheres. Entre as abordagens utilizadas se destacam: entrevista de identificação (coleta
de dados pessoais, familiares, dados de saúde, construção de um projeto de intervenção);
entrevista motivacional (entrevista utilizada para atendimento de pessoas com problemática
em álcool e outras drogas); atendimentos breves (atendimento focalizado na problemática
emergente), utilizando técnicas psicodramáticas (duplo, espelho, troca de papeis, inversão
de papeis, dramatização, role playing) e abordagens baseadas em redução de danos.
Utilizou-se a arte como ferramenta para resgatar a identidade, auto-estima e a dignidade
da mulher. Foram realizadas oficinas práticas de redução de danos e educação em saúde,
enfocando: prevenção e educação sobre drogas. Todas essas ações contribuem para que
as mulheres encarceradas aprendam uma nova maneira de perceber a vida e o futuro.

Palavras-chave: Mulheres encarceradas; Atenção psicossocial; Profissionais de saúde;


Psicologia social.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

MULHERES E A SEVERIDADE DA DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL, COCAÍNA E CRACK

Natália Priolli Jora Pegoraro* (Enfermeira Doutora – Escola de Enfermagem de Ribeirão


Preto - Universidade de São Paulo; Centro de Atenção Psicossocial – álcool e drogas de
Ribeirão Preto – SP), Josélia Benedita Carneiro Domingos (Enfermeira Doutora – Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo; Centro de Saúde de
Jaboticabal – SP), Jéssica Adrielle Teixeira (Enfermeira; Doutoranda em Enfermagem
Psiquiátrica pelo Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo), Gisela Pires de
Oliveira Marchini (Psicóloga - Centro de Atenção Psicossocial – álcool e drogas de Ribeirão
Preto – SP), Sandra Cristina Pillon (Enfermeira Professora Titular – Departamento de
Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
– Universidade de São Paulo), Manoel Antônio dos Santos (Psicólogo Professor Doutor –

297
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

Programa de Pós-graduação em Psicologia – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de


Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo).

Embora haja maior frequência do consumo de álcool e drogas entre os homens,


atualmente, observa-se que vem diminuindo a diferença entre os gêneros. Estudos
apontam graves consequências do uso de álcool, cocaína e crack na saúde da mulher,
bem como o envolvimento em comportamentos sexuais de risco. No entanto, são poucas
as pesquisas que avaliam a severidade do consumo e dependência de substâncias nas
mulheres. O presente estudo teve por objetivo avaliar a severidade da dependência de
álcool, cocaína e crack em mulheres que se encontraram em tratamento. Trata-se de um
estudo de coorte transversal, realizado em um serviço especializado no tratamento da
dependência química, situado no interior paulista. Um questionário foi elaborado contendo
informações sociodemográficas; Teste de Identificação do Uso de Álcool (AUDIT-C), Escala
de Severidade da Dependência de Drogas (SDS), Short Alcohol Dependence Data (SADD)
e o Cocaine Craving Questionnaire - Brief (CCQ-B), todos validados para o contexto
brasileiro. A amostra foi composta por 67 mulheres, 46,3% eram usuárias de cocaína e
53,7% de crack. Caracterizaram-se predominantemente por serem jovens adultas, bancas,
com baixo nível de escolaridade, católicas e desempregadas. Houve homogeneidade da
amostra em relação às características sociodemográficas das usuárias de cocaína e de
crack. Quanto ao padrão de consumo do álcool, as mulheres bebiam em média há 13
anos, 80,5% fizeram uso regular de álcool no último ano, 83,6% fizeram uso de bebidas no
padrão binge em algum momento de suas vidas. A idade de início do uso de álcool foi entre
6 e 27 anos. O consumo do álcool no padrão binge ocorreu significativamente em usuárias
de cocaína, quando comparadas as de crack. Quanto ao uso regular de bebidas alcoólicas,
as usuárias de crack apresentaram média de tempo maior de consumo (9,5±11,3 versus
5,5±5,0) quando comparadas às de cocaína, com diferenças significativas. Na análise de
correlação, o consumo de álcool em níveis mais severos (AUDIT-C) esteve associado
fortemente à gravidade da dependência de álcool. As mulheres apresentaram níveis
elevados de gravidade do uso de álcool (SADD), cocaína e de crack (SDS). Ao comparar
as diferenças entre os níveis de gravidade da dependência de drogas (SDS), álcool (SADD,
AUDIT-C), da fissura e perda do controle (CCQ-B) na amostra, observaram-se apenas
maiores níveis de gravidade da dependência de droga (SDS) nas mulheres usuárias de
crack, quando comparadas as usuárias de cocaína. Os achados identificaram níveis graves
de dependência de álcool, cocaína e crack entre as mulheres. Sugerem, ainda, que se
trata de um grupo com extrema vulnerabilidade para desenvolvimento da dependência,
apresentando risco aumentado de gravidade de dependência de drogas entre as usuárias
de crack. Assim, fica demarcada a necessidade de novos estudos sobre a temática,
que contemplem questões de gêneros, na possibilidade de ampliar as intervenções de
prevenção e tratamento.

Palavras-chave: Mulheres; Cocaína crack; Beber em binge; Dependência química.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de Apresentação: Sessão de Pôster.
Tipo de Trabalho: Relato de Pesquisa.

298
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

QUALIDADE DE VIDA E USO DE DROGAS DE USUÁRIOS EM SITUAÇÃO DE RUA

Natália Priolli Jora Pegoraro* (Enfermeira Doutora – Escola de Enfermagem de Ribeirão


Preto - Universidade de São Paulo; Centro de Atenção Psicossocial – álcool e drogas de
Ribeirão Preto – SP), Josélia Benedita Carneiro Domingos (Enfermeira Doutora – Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo; Centro de Saúde de
Jaboticabal – SP), Sandra Cristina Pillon (Enfermeira Professora Titular – Departamento
de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto – Universidade de São Paulo).

O acesso a moradia é um direito universalmente reconhecido, pois torna as interações


humanas possíveis, pode caracterizar-se como um fator de proteção ao uso de
substâncias psicoativas. Sendo que os rompimentos de vínculos familiares são motivados
principalmente pelo uso e abuso de substâncias psicoativas, desencadeando a ida para as
ruas. Evidências mostram altas taxas de uso e dependência de substâncias em moradores
de rua, bem como precariedade em diversos domínios da qualidade de vida dessa
população. O presente estudo teve por objetivo avaliar a relação entre severidade do uso
de álcool e/ou drogas e qualidade de vida em uma amostra de 140 pessoas em tratamento
para dependência química. Trata-se de um estudo transversal, realizado em um serviço
especializado no tratamento de drogas, localizado no interior paulista. Os participantes
foram entrevistados por meio de um instrumento contendo informações sociodemográficas,
The Addiction Severity Index- version 6 (ASI-6) e World Health Organization Quality of
Life - versão abreviada (WHOQOL-bref). Da amostra, 18,6% viviam em situação de rua,
caracterizaram predominantemente por serem homens, adultos jovens (29 a 49 anos),
solteiros/divorciados, com baixa escolaridade e de religião católica. O crack (57,7%), o
álcool (30,8%) e a cocaína (11,5%) foram as drogas mais consumidas. Os moradores de rua
com maior nível de gravidade na dependência de drogas apresentaram maiores prejuízos
na área: suporte social e familiar (ASI-6), com diferença estatística, quando comparado
aos demais usuários. Quando avaliado a qualidade de vida (WHOQOL-bref) observou-
se diferenças significativas nos domínios ambiente e social, apontando que usuários de
drogas em situação de rua apresentaram maior precariedade na qualidade de vida quando
comparado aos demais usuários. Pode-se concluir que suporte social e familiar (ASI-6),
ambiente e social (WHOQOL-bref) foram as áreas mais prejudicadas entre os usuários
de drogas em situação de rua, apontando a necessidade de intervenções direcionadas à
dinâmica familiar, com o objetivo de fortalecer vínculos, repensando no resgate das relações
sociais e de cuidados, além do amparo social.

Palavras-chave: Morador de rua; Cocaína crack; Alcoolismo; Qualidade de vida.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de Apresentação: Sessão de Pôster.
Tipo de Trabalho: Relato de Pesquisa.

299
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

A ARBITRÁRIA E ESTIGMATIZANTE SELETIVIDADE DE ADOLESCENTES TRAFICAN-


TES PELO SISTEMA PENAL: CASOS NA COMARCA DE SÃO JOÃO DEL-REI

Felippe Emanuel Dinali Sena* (Ministério Público de Minas Gerais; Grupo Anahata)

Trata-se de estudo sobre o envolvimento de adolescente com o uso e tráfico de drogas,


bem como sobre o tratamento dos efeitos desta relação pelo Estado Penal na Comarca de
São João del-Rei. Durante estágio de graduação em Direito realizado entre os anos de
2012 a 2013 no Ministério Público de Minas Gerais, através da 4ª Promotoria de Justiça e
da Infância e Juventude, instituição responsável pela persecução criminal, investigou-se os
mecanismos punitivos utilizados pelo Estado Penal através dos quais realiza-se a distinção
entre os delitos de tráfico e uso de drogas, previstos nos arts. 33 e 28 da Lei nº 11.343/2006.
Foram analisados diversos processos, denominados atos infracionais, através do conjunto
de documentos que os compõe, tais como boletins de ocorrência policial, Certidões
de Antecedentes Infracionais (CAI) e depoimentos testemunhais, que se destinam à
comprovação da prática delitiva para justificação da aplicação de medidas socioeducativas
aos adolescentes infratores, investigados e processados na 1ª Vara Criminal e da Infância e
Juventude desta Comarca. Observou-se que a seletividade de adolescentes envolvidos no
tráfico se utiliza de instrumentos estigmatizantes para qualificação deste delito, tais como
a cor da pele, a localidade de residência dos adolescente, e, sobretudo, os depoimentos
prestados por agentes da Polícia Militar de Minas Gerais sobre a suspeita atitude do
adolescente durante abordagem policial, e ainda, sobre a existência de informações
reiteradas de que os adolescentes já eram conhecidos como traficantes na localidade da
apreensão. Além disso, pode-se observar ainda a ineficiência na aplicação das medidas
socioeducativas no município de São João del-Rei, face o alto índice de reincidência dos
adolescentes nos mesmos delitos, ou, senão, em delitos de natureza mais grave, tais como
roubos e homicídios. A partir disto, fundou-se em 2013 uma Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público, denominada Grupo Anahata, a fim de investigar possíveis violações
aos direitos de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, rematando-
se, por conseguinte, que o enfrentamento dos efeitos causados pelo tráfico de drogas é
dado de modo arbitrário com estigmatizada seletividade de adolescentes pobres, sobretudo
em razão de seu acautelamento no Presídio Regional de São João del-Rei, instituição
destinada ao cumprimento de pena para maiores, somadas ainda a ineficiência das medidas
socioeducativas, o que, tem corroborado à sustentação da famigerada “Guerra às Drogas”.

Palavras-chave: Infância; Juventude; Vulnerabilidade; Estigmatização; Proibicionismo;


Eixo temático: Redução da Oferta
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

GRUPO DE ACOLHIMENTO DE FAMILIARES EM UM AMBULATÓRIO DE ÁLCOOL E


OUTRAS DROGAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Helton Alves de Lima* (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas - Faculdade de


Medicina da Universidade de São Paulo), Isabel Bernardes Ferreira (Instituto de Psiquiatria
do Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), Joana
de Freitas Neder (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo), Gabrielle Borges Costa (Instituto de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), Tatiane Aparecida

300
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

dos Santos (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina da


Universidade de São Paulo), Monique Jimene Toledo Martins (Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), Tayani
Mara Silva (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo)

O impacto dos problemas associados ao consumo de álcool e outras drogas tem ampliado
a reflexão sobre as necessidades de saúde de familiares de pessoas que apresentam
dependência de substâncias. A família nessa perspectiva é tomada como parceira no
tratamento, assim como sujeito do cuidado psicossocial pelas equipes multiprofissionais.
Este estudo consiste em um relato da experiência dos grupos de acolhimento de familiares
do Ambulatório de Álcool e outras Drogas do Instituto de Psiquiatria (PROGREA), enquanto
uma estratégia grupal de apoio, orientação e promoção da saúde, e objetiva socializar essa
experiência, suas potencialidades e impasses. Os grupos, que funcionam desde janeiro
de 2014, já atenderam aproximadamente 40 familiares e buscam realizar: a identificação
de situações de sobrecarga e o fortalecimento das redes apoio; educação em saúde sobre
dependências de substâncias e orientação sobre manejo com o paciente em diferentes
situações. O acolhimento familiar consiste em um grupo aberto no qual são propostos 10
encontros com 1h30 de duração cada. Dos resultados obtidos, a partir do desenvolvimento das
atividades, foram identificadas as potencialidades e limites desta intervenção, sendo estas
reveladas: nos relatos dos familiares sobre o sentimento de ser acolhido em circunstâncias
de sofrimento e esperança, na medida em que suas narrativas produzem identificação e
não julgamentos em seus interlocutores; na reflexão do estigma e das expectativas de
“cura”, na medida em que o grupo constrói maneiras de entender e lidar com a dependência
de substâncias enquanto processo saúde-doença; na reflexão acerca da sobrecarga
vivenciada, por meio da promoção da saúde e das práticas de cuidado de si, nos quais os
limites do “cuidar do outro” e da co-dependência podem ser problematizados; na construção
de um ambiente de escuta, de respeito e pertencimento, que tem potencializado o processo
de referência das famílias pela equipe, com ampliação do cuidado à família por meio da
discussão de suas necessidades e da formulação de intervenções singulares. Observa-
se também os limites da intervenção: a constituição de grupo impactada pelas faltas dos
familiares devido aos compromissos de trabalho ou ausência do paciente no tratamento;
dificuldade de incorporar mais de um membro da família nos grupos, pelo fato das famílias
“identificarem” um cuidador com maior envolvimento, geralmente membros do gênero
feminino como mães, esposas, tias e namoradas; pacientes que não aceitam a presença
de familiares no tratamento. Discute-se, por fim, que o grupo proporciona um ambiente
de apoio e acolhimento, assim como potencializa práticas de reflexão e orientação acerca
do papel da família no cuidado psicossocial, do fortalecimento do cuidado de si enquanto
condição essencial para o cuidado com o familiar dependente de substâncias psicoativas.

Palavras-chave: Família; Dependência de substâncias; Práticas de Grupo; Apoio; Orientação.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

301
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

SALA DE ESPERA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO CENTRO DE ESTUDO E


TERAPIA DO ABUSO DE DROGAS (CETAD)

Iago Lôbo Siqueira Rodrigues* (Universidade Federal da Bahia, Centro de Estudos e


Terapia do Abuso de Drogas), Filipe Mateus Duarte (Universidade Federal da Bahia, Centro
de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas), Caena Rodrigues Conceição (Universidade
Federal da Bahia, Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas), Carla Oliveira
Fernandes (Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas), Marlize Rêgo (Centro de
Estudos e Terapia do Abuso de Drogas)

Este trabalho parte de um relato de experiência da estratégia “Sala de Espera”, realizada no


ambulatório de uma instituição de atendimento para usuários de drogas e seus familiares,
o Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD), extensão especializada
da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O CETAD atende diariamente um público
diversificado (usuários de substâncias psicoativas, familiares, estudantes, acadêmicos,
além de representantes de ONGS, escolas, dentre outros) que demanda por tratamento,
orientação e/ou informações relacionadas às questões em torno do uso de drogas. O objetivo
deste trabalho é refletir sobre esta estratégia que tem como finalidade o fortalecimento de
ações de promoção da saúde e prevenção de riscos e agravos, favorecendo a adoção de
práticas de autocuidado e a redução de danos pelos usuários do serviço e seus familiares.
Além disso, como espaço de escuta, de troca de experiências e informações, colabora para o
questionamento, deslocamento e ressignificação de práticas e saberes cristalizados ao longo
do tempo. A partir da observação da rotina da instituição, onde diariamente usuários e seus
familiares aguardam para serem atendidos, discutiu-se a necessidade de implementação
de uma estratégia que permitisse reflexões sobre as questões relacionadas ao consumo
de drogas, o estar no mundo, a relação com os objetos da realidade, e possibilitasse a
simbolização de ideias referentes ao atendimento (ideal de cura, de doença, de impotência)
e outros fatores, tais como a expectativa, a ansiedade, angustia. Assim, respeitando as
potencialidades do espaço concreto da instituição, estruturou-se atividades que, a partir
de uma perspectiva dialógica, privilegiassem a troca de experiências e a construção de
novos sentidos para o espaço físico e simbólico da “espera”. A sala de espera está inserida
no contexto da discussão teórica e prática do acolhimento, diretriz da Política Nacional de
Humanização, que concretiza os princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ofertar um espaço de escuta no contexto da sala de espera é uma forma de acolher o
sujeito que procura o atendimento, capaz de produzir diversos significados para os
sujeitos e contribuir para a adesão ao tratamento. Além disso, a escuta pode promover
mudanças subjetivas, pois uma vez que é dada voz aos sujeitos, eles podem expressar
seus sentimentos, pensamentos, refletir sobre si e sobre o outro, construir estratégias de
modificação da realidade e ser protagonista em seu tratamento na instituição. A sala de
espera, conduzida pelos estagiários do CETAD sob supervisão de duas psicólogas da
instituição, visa ofertar o acolhimento ao usuário e seus familiares a partir de atividades
com recursos lúdicos, tais como: dinâmicas, música, leitura, escrita, pintura, dentre outras,
visando proporcionar momentos em que os sujeitos possam se expressar, partindo sempre
dos seus saberes e suas particularidades, e incluindo o contexto sociocultural no qual estão
inseridos.

Palavras-chave: Sala de espera; Usuários de SPAs; Acolhimento; Redução de danos;


Autocuidado;
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

302
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

SAMBA COM PÓ - A INSERÇÃO DO APLICATIVO REDUÇÃO DE DANOS COMO


INSUMO NA NOITE PAULISTANA

Bruno Logan Azevedo (PRD Sampa/ SAE Campos Elisios) e Tamara Neder Collier * ( PRD
Sampa/ SAE Campos Elisios)

Resumo: Introdução: Redução de danos e prevenção em HIV e DSTs com usuários de


álcool e outras drogas no centro de São Paulo e utilização de novos insumos para educação
em saúde. O crescimento e fortalecimento de intervenções de prevenção e redução de
danos com usuários de álcool e outras drogas, prevenção em HIV, DSTs e Hepatites e
consolidação do App Redução de Danos como um insumo de prevenção e educação em
saúde para o uso de substâncias psicoativas entre a população jovem do centro de São
Paulo. Objetivo: Distribuir preservativos e gel para jovens que freqüentam bares de samba
e casa de música eletrônica no centro de São Paulo. Introduzir o App Redução de Danos
como insumo de redução de danos entre usuários de álcool e outras drogas. Prevenir e
orientar sobre danos e riscos de contaminação em Hepatites, HIVs e DSTs através do
uso do smatphone como recurso para obtenção de informação em saúde. Metodologia: A
equipe do PRD Sampa comparece semanalmente nas ruas do centro de São Paulo onde se
concentram bares e casas de show de samba e música eletrônica. Ao caminhar pelas ruas
de grande concentração de bares ou casas noturnas, distribuímos indiscriminadamente
camisinhas e gel lubrificante e convidamos as pessoas a baixarem o App Redução de
Danos em seus smartphones. Resultados: Um número considerável de pessoas tem
baixado o App em seus smartphones e, durante o campo os redutores têm recebido o
retorno do quanto esse insumo é pertinente para a divulgação de práticas saudáveis de uso
de substâncias psicoativas. Os jovens têm relatado que o grande diferencial do aplicativo é
o fato de abordar varias substancias (não só as ilegais) em uma linguagem fácil e acessível.

Palavras-chave: App redução de danos; Samba com pó; Prevenção e educação em saúde;
Novos insumos em redução de danos.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

303
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

SATISFAÇÃO E PERCEPÇÃO DE MUDANÇAS ENTRE USUÁRIOS DE UM PROGRAMA


DE ALCOOLISMO: UM TRABALHO DE AVALIAÇÃO

Lorena Silveira Cardoso* (Universidade Federal do Espirito Santo), Camila Barcelos Vieira
(Universidade Federal do Espirito Santo), Marluce Miguel de Siqueira (Universidade Federal
do Espirito Santo)

A avaliação em saúde além de multidimensional deve compreender todos os sujeitos


participantes do processo de tratamento: usuários, familiares e profissionais. Porém, a
avaliação dos resultados sob a perspectiva dos pacientes tem sido cada vez mais utilizada,
devido ao conceito presente do paciente como participante ativo do tratamento. Face ao
exposto, objetivou-se nesta pesquisa avaliar as mudanças decorrentes do tratamento
recebido e a satisfação dos usuários atendidos no Programa de Atendimento ao Alcoolista
– PAA. Trata-se de um estudo avaliativo, descritivo com abordagem quantitativa e de corte
transversal. A análise dos dados foi feita através do programa SPSS 20.0, utilizando a
análise univariada para a descrição das variáveis da Escala de Mudança Percebida (EMP-
paciente) e da escala Satisfação dos pacientes (SATIS_BR) versão paciente e utilizou-
se a análise bivariada a fim de verificar a associação entre o escore final da escala e
as outras variáveis. A amostra foi predominantemente masculina (80%) e com tempo de
tratamento no serviço maior que 4 anos (45,2%). Com relação à percepção das mudanças,
de forma geral, 83,3% dos pacientes alcoolistas declararam estar melhor do que antes do
tratamento, havendo percepção de piora apenas nos itens sexualidade (26,8%) e sono
(16,7%). Em relação à satisfação dos mesmos, a média da satisfação dos usuários por
subescalas e escala global foi muito representativa visto que, quando perguntando sobre
a satisfação com a discussão sobre o seu tratamento 100% responderam satisfeito, bem
como 97,4% disse estar satisfeito com a ajuda dos profissionais. Portanto, por ambas as
escalas estarem adaptadas ao contexto brasileiro e apresentarem equivalência semântica
com a escala original, elas serviram para avaliar os resultados do tratamento, na percepção
dos seus usuários. Dando subsídios para que os profissionais se adequem a um novo
processo de serviço que proporcione melhorias em relação aos aspectos físicos do PAA
e uma reflexão sobre os aspectos positivos da avaliação. Entretanto, a falta te estudos
nesta área com esta metodologia, dificultou a discussão dos resultados. Assim, a replicação
desta metodologia em outros programa e serviços que atendam essa demanda brasileira
permitirá a comparação de desempenho entre elas propiciando uma disseminação da
pratica de avaliação.

Palavras-chave: Saúde Mental; Serviços de Saúde Mental; Avaliação de Serviços de


Saúde.
Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

304
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

SAÚDE E EDUCAÇÃO: CURSO DE PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS PARA


EDUCADORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DO TRIÂNGULO MINEIRO

Cláudia Helena Julião* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Regina Maura Rezende
(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Erika Renata Trevisan (Universidade Federal
do Triângulo Mineiro), Andrea Ruzzi Pereira (Universidade Federal do Triângulo Mineiro),
Paulo Estevão Pereira (Universidade Federal do Triângulo Mineiro)

A complexa prática cotidiana dos profissionais da educação básica exige uma atuação
abrangente e fundamentada em um repertório de conhecimentos que muitas vezes não
foi contemplado na formação acadêmica inicial. Assim, a formação continuada desses
profissionais é algo importante e necessário, especialmente no que se refere à construção
de estratégias ao enfrentamento de um problema que se apresenta como desafio para
toda a sociedade: a dependência/uso de drogas. O presente trabalho constitui relato de
experiência do Curso de Prevenção do Uso de Drogas para Educadores de escolas públicas
oferecido no ano de 2014 por docentes da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, o
qual buscou atender às demandas de formação continuada na área de promoção à saúde
e prevenção do uso de drogas. O curso teve o objetivo de promover a formação continuada
para educadores e gestores da educação, inseridos em escolas de cinco municípios
da região do Triângulo Mineiro e um município paulista, para atuarem na promoção da
saúde, com ênfase na prevenção do uso/dependência de drogas e outros comportamentos
de risco no contexto escolar. Foram ofertadas aulas na modalidade semipresencial,
com o desenvolvimento de atividades teóricas e práticas, além do ambiente virtual de
aprendizagem, por meio do qual foram realizadas leitura de textos, apreciação de vídeos,
fóruns de discussão, atividades colaborativas e exercícios objetivos. No início e no final do
curso foram realizados seminários, com mesas redondas e apresentação de experiências
dos próprios cursistas. Nos quatro encontros presenciais foram desenvolvidas atividades
prático-reflexivas, bem como oferecidos apoio e orientação de tutores quanto à utilização do
ambiente virtual de aprendizagem. O conteúdo programático constituiu-se de cinco módulos,
com 16 unidades temáticas e carga horária de 180 horas. A avaliação dos cursistas se deu
por meio da participação nas atividades presenciais, atividades colaborativas, exercícios
e fóruns de discussão do ambiente virtual de aprendizagem e, ao final, de proposta de
intervenção no ambiente escolar. O curso contou com a participação de 182 alunos, os
quais são educadores e gestores de escolas públicas dos municípios de Conceição das
Alagoas, Campo Florido, Planura, Uberaba, Delta e Igarapava. Foi possível constatar grande
dificuldade dos participantes em acessar as ferramentas digitais, o que justifica a evasão
de muitos; tal situação se constitui em campo de enfrentamento para a equipe de trabalho,
oportunizando outras estratégias de inclusão às temáticas com propostas dessa natureza.
Por outro lado, o curso propiciou ambiente de discussão e debate acerca da temática, mas,
sobretudo, espaço de socialização de dúvidas, de angustias e experiências exitosas entre
os participantes, bem como de se constituir em convite explícito aos cursistas à reflexão da
realidade cotidiana e, empreenderem propostas de mudanças qualitativas na mesma.

Palavras-chave: Prevenção do uso de drogas; Formação continuada; Drogas na escola.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

305
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

SAÚDE E EDUCAÇÃO: CURSO DE PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS PARA


EDUCADORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DO TRIÂNGULO MINEIRO

Cláudia Helena Julião* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Regina Maura Rezende
(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Erika Renata Trevisan (Universidade Federal
do Triângulo Mineiro), Andrea Ruzzi Pereira (Universidade Federal do Triângulo Mineiro),
Paulo Estevão Pereira (Universidade Federal do Triângulo Mineiro)

A complexa prática cotidiana dos profissionais da educação básica exige uma atuação
abrangente e fundamentada em um repertório de conhecimentos que muitas vezes não
foi contemplado na formação acadêmica inicial. Assim, a formação continuada desses
profissionais é algo importante e necessário, especialmente no que se refere à construção
de estratégias ao enfrentamento de um problema que se apresenta como desafio para
toda a sociedade: a dependência/uso de drogas. O presente trabalho constitui relato de
experiência do Curso de Prevenção do Uso de Drogas para Educadores de escolas públicas
oferecido no ano de 2014 por docentes da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, o
qual buscou atender às demandas de formação continuada na área de promoção à saúde
e prevenção do uso de drogas. O curso teve o objetivo de promover a formação continuada
para educadores e gestores da educação, inseridos em escolas de cinco municípios
da região do Triângulo Mineiro e um município paulista, para atuarem na promoção da
saúde, com ênfase na prevenção do uso/dependência de drogas e outros comportamentos
de risco no contexto escolar. Foram ofertadas aulas na modalidade semipresencial,
com o desenvolvimento de atividades teóricas e práticas, além do ambiente virtual de
aprendizagem, por meio do qual foram realizadas leitura de textos, apreciação de vídeos,
fóruns de discussão, atividades colaborativas e exercícios objetivos. No início e no final do
curso foram realizados seminários, com mesas redondas e apresentação de experiências
dos próprios cursistas. Nos quatro encontros presenciais foram desenvolvidas atividades
prático-reflexivas, bem como oferecidos apoio e orientação de tutores quanto à utilização do
ambiente virtual de aprendizagem. O conteúdo programático constituiu-se de cinco módulos,
com 16 unidades temáticas e carga horária de 180 horas. A avaliação dos cursistas se deu
por meio da participação nas atividades presenciais, atividades colaborativas, exercícios
e fóruns de discussão do ambiente virtual de aprendizagem e, ao final, de proposta de
intervenção no ambiente escolar. O curso contou com a participação de 182 alunos, os
quais são educadores e gestores de escolas públicas dos municípios de Conceição das
Alagoas, Campo Florido, Planura, Uberaba, Delta e Igarapava. Foi possível constatar grande
dificuldade dos participantes em acessar as ferramentas digitais, o que justifica a evasão
de muitos; tal situação se constitui em campo de enfrentamento para a equipe de trabalho,
oportunizando outras estratégias de inclusão às temáticas com propostas dessa natureza.
Por outro lado, o curso propiciou ambiente de discussão e debate acerca da temática, mas,
sobretudo, espaço de socialização de dúvidas, de angustias e experiências exitosas entre
os participantes, bem como de se constituir em convite explícito aos cursistas à reflexão da
realidade cotidiana e, empreenderem propostas de mudanças qualitativas na mesma.

Palavras-chave: Prevenção do uso de drogas; Formação continuada; Drogas na escola.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

306
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

SAÚDE E EDUCAÇÃO: PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS E DA VIOLÊNCIA NAS


ESCOLAS PÚBLICAS DO TRIÂNGULO MINEIRO

Andrea Ruzzi-Pereira* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Cláudia Helena Julião


(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Érika Renata Trevisan (Universidade Federal
do Triângulo Mineiro), Paulo Estevão Pereira (Universidade Federal do Triângulo Mineiro),
Regina Maura Rezende (Universidade Federal do Triângulo Mineiro).

A prática educacional cotidiana tem se tornado cada vez mais complexa e impõe aos
docentes uma atuação abrangente, fundamentada em um repertório de conhecimentos que
muitas vezes não foram contemplados em sua formação inicial, sendo de suma importância
a formação continuada dos profissionais do magistério da educação básica. Descrição da
experiência: O curso “EDUCAÇÃO E SAÚDE: prevenção da violência e do uso de drogas
nas escolas”, é financiado pela Secretaria de Educação Básica, tem sido oferecido em
todo o país em parceria com as Universidades Federais e foi oferecido pela Universidade
Federal do Triângulo Mineiro no período de setembro a dezembro de 2014, em consonância
com a Política Nacional sobre Drogas e com a Política Nacional de Educação vigentes e
teve por objetivo promover a formação continuada para educadores, gestores da educação
e profissionais de outras áreas inseridos nas escolas focalizando a análise multiabrangente
acerca da problemática para o desenvolvimento de ações condutoras da prática intersetorial.
Contou em sua equipe de formadores com terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e
pedagogos, atuando na formação continuada no manejo e na prevenção do uso abusivo
de drogas. Efeitos alcançados: A capacitação buscou atender as demandas de formação
continuada na área de promoção da saúde e da prevenção de violências e do uso de drogas
nas escolas. Diante do cenário atual acerca dessa temática o curso visou a construção de
estratégias de enfrentamento do problema que se apresenta como um desafio para toda
a sociedade. A abordagem da temática exigiu o desenvolvimento de práticas intersetoriais
entre profissionais das áreas de Educação e Saúde, considerando a escola como espaço
privilegiado para o desenvolvimento de ações preventivas capazes de mobilizar as crianças
e os adolescentes a buscarem experiências prazerosas e saudáveis no âmbito escolar. O
curso foi oferecido na modalidade à distância, com 180 horas de duração. O projeto previa
a formação de 220 educadores, gestores educacionais e de saúde e profissionais de outras
áreas que atuassem em escolas públicas do Triângulo Mineiro em 2014. Recomenda-se
a implementação do curso na modalidade semipresencial, favorecendo maior troca de
experiência, enriquecendo a formação dos mesmos, conseguindo 182 inscritos e a ampliação
para participação de um município paulista. Percebeu-se dificuldade de vários cusrsitas
com o ambiente com as tecnologias e o ambiente virtual de aprendizagem, o que justifica
parte das desistência dos alunos. Por outro lado, a estratégia semipresencial do curso
propiciou ambiente de discussão e debate acerca da temática, mas, sobretudo, espaço de
socialização de dúvidas, de angustias e experiências exitosas entre os participantes, bem
como de se constituir em convite explícito aos cursistas à reflexão da realidade cotidiana e,
empreenderem propostas de mudanças qualitativas em sua prática.

Palavras-chave: Prevenção do Uso de Drogas; Formação Continuada; Drogas na Escola.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

307
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO BÁSICA: VÍNCULOS E DIÁLOGOS NECESSÁRIOS


PARA FORTALECIMENTO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Edna Mara Mendonça (Prefeitura Municipal de Nova Serrana), Flávia Gontijo de Araújo
(Prefeitura Municipal de Nova Serrana), Marina Valéria Tavares* (Prefeitura Municipal de
Nova Serrana).

O projeto intitulado Atenção Básica e Saúde Mental: Vínculos e Diálogos necessários


para fortalecimento da rede psicossocial, em andamento no município de Nova Serrana/
MG iniciou-se por meio da necessidade iminente da construção da rede de saúde mental
do município devido a implantação da unidade de CAPS AD no ano de 2014. Reunimos
membros do Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF, CAPS AD e CAPS II. Inicialmente
levantamos as necessidades e demandas observadas nas unidades básicas de saúde,
NASF, CAPS II e CAPS AD, do qual notava-se a ocorrência de um processo falho na
comunicação e execução da articulação de rede. Observamos um número crescente de
encaminhamentos dos médicos da Atenção Básica para psiquiatria, CAPS AD e o CAPS
II. Além do grande número de encaminhamentos citados avaliamos que a Atenção Básica
do município não conhecia o processo de trabalho de ambos os CAPS, como público-
alvo, encaminhamento, tratamento, dentre outros. Partindo da problemática apontada por
esses pontos citados e com o objetivo de fortalecer/construir e articular a rede de saúde
mental existente no município, desenhamos como sistematização para nossas ações o
Apoio Matricial. O público-alvo inicial do projeto são as enfermeiras, médicos e psicólogas
da Atenção Básica e os profissionais do CAPS AD e do CAPS II. O matriciamento será
realizado em duas frentes: os profissionais do CAPS AD e do CAPS II realizarão o
matriciamento junto as equipes de ESF e NASF; e o NASF realizará o matriciamento junto
as equipes dos dois CAPS e ESF. O público-alvo será capacitado dentro da própria rede
existente, fortalecendo os vínculos profissionais, a articulação da rede via conhecimento,
troca de experiências e educação permanente. Como ação do matriciamento foi definido
que, para diminuir a grande demanda de consulta para clínica psiquiátrica da Rede, os
encaminhamentos passarão por uma avaliação através do psicólogo do NASF para os
devidos referenciamentos a rede e tratamentos pertinentes a cada caso em questão.

Palavras-chave: Atenção básica; Saúde mental; Matriciamento; Educação permanente;


Cuidado em rede.
Eixo Temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

308
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

SENSIBILIZAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL NO INSTITUTO PSIQUIÁTRICO FORENSE


DR. MAURÍCIO CARDOSO, PORTO ALEGRE - RS

Luana Nunes Oliveira* (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande
do Sul), Marcel Ganzer (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande
do Sul), Maria Cristina Caminha de Castilhos França (Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Rio Grande do Sul).

O Instituto Psiquiátrico Forense Dr. Maurício Cardoso (IPFMC) é uma instituição de custódia,
tratamento e reabilitação. O local é vinculado à Superintendência de Serviços Penitenciários
do Rio Grande do Sul e é o único manicômio judiciário do Estado do Rio Grande do Sul.
Em relação aos diagnósticos dos pacientes, há predominância de esquizofrenia e outros
transtornos psicóticos (61,4%), seguido de transtornos relacionados a substâncias (27,5%).
No IPFMC há muitos problemas estruturais e de carência de atendimentos adequados aos
internos, que vivem em um local onde não há qualidade de vida e raros são os trabalhos
terapêuticos que são desenvolvidos. A rotina dos internos é ociosa e no local é possível
perceber que os conceitos e práticas da Reforma Psiquiátrica não chegaram. Com o objetivo
de mudar a estética do local, a qualidade de vida e propiciar um ambiente onde existam
atividades teóricas e práticas que propiciem a melhora da instituição, surgiu o projeto de
sensibilização. O projeto, em seu modelo teórico, iniciou em março de 2015, através de uma
parceria com o programa “Jovem Cidadão” da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção
Social e Integração, que é um programa que visa à qualificação profissional dos internos
enquanto os mesmos cumprem suas penas. O projeto conta atualmente com 12 internos que
são alunos no programa “Jovem Cidadão”. Como atividades do projeto de sensibilização,
realizamos encontros com debates teóricos sobre temas diversificados, mas que servem
como base para a melhoria pessoal de cada interno. Além disso, o projeto também conta
com a construção de hortas, jardins, pintura de espaços, oficinas de artesanato, entre outros.
Também serão realizados encontros com os funcionários, para apresentar temas sobre
humanização e apresentação do projeto e das atividades realizadas, para que eles possam
contribuir para a manutenção das mudanças. Até o momento as atividades estão obtendo
resultados positivos, não apenas na mudança visual do local, mas no comportamento dos
internos, que a cada dia mostram que mesmo com as dificuldades, estão dispostos a buscar
a melhoria pessoal e seguir na reabilitação, para posteriormente construir uma vida fora do
ambiente manicomial.

Palavras-chave: Instituto Psiquiátrico Forense; Sensibilização; Manicômio Judiciário.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

309
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

SENTIDOS CONSTRUÍDOS SOBRE A INTERNAÇÃO EM COMUNIDADES


TERAPÊUTICAS COM PESSOAS EM TRATAMENTO EM UM CAPS-AD

Mariane Capellato Melo* (Mestranda em Psicologia na Faculdade de Filosofia Ciências


e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo), Clarissa Mendonça Corradi-
Webster (Professora Doutora na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo).

Introdução: Os cuidados a pessoas que fazem uso problemático de álcool e outras drogas
foram por muito tempo negligenciados pelo Estado. Atualmente, existem diferentes formas
de tratamento para a dependência, contudo, as políticas públicas têm como um dos focos
principais o modelo proibicionista, que por sua vez tem aumentado o financiamento para
internações, principalmente, em Comunidades Terapêuticas. Objetivo: Compreender os
sentidos construídos sobre as experiências de internação em Comunidades Terapêuticas
por indivíduos que passaram por estas instituições e atualmente são usuários de um Centro
de Atenção Psicossocial – álcool e drogas. Método: Essa pesquisa é qualitativa, descritiva
e exploratória e utiliza-se da inteligibilidade construcionista social. Foram realizadas
entrevistas semiestruturadas com pessoas em tratamento em um Caps- Ad do município
de Ribeirão Preto – SP, que passaram por uma internação em Comunidade Terapêutica.
A análise foi realizada com o referencial teórico construcionista social, por meio da análise
de categorias, levandose em consideração a influência do tempo longo, vivido e curto na
produção de sentidos. O projeto passou pela do Comitê de Ética em Pesquisa, respeitando os
critérios éticos da resolução n.º 466 de 12 de Dezembro de 2012. Resultados: os resultados
apresentados se referem à análise parcial das entrevistas, que consiste em 8 entrevistas
analisadas. Desse processo foram destacadas quatro categorias até o momento sendo elas:
1) Sentidos sobre as Comunidades Terapêuticas como modelo de tratamento; 2) Trajetórias
e a perspectiva da Comunidade Terapêutica nas histórias de vida dos entrevistados; 3)
Como funcionam as Comunidades Terapêuticas; 4) A Saída da Comunidade Terapêutica:
decisão e experiências na sociedade. Considerações finais: diferentes discursos têm
legitimado as Comunidades Terapêuticas como forma de tratamento; esses discursos têm
forte impacto nos sentidos construídos sobre o que seria o tratamento esperado e acabam
por naturalizar esse tipo de cenário de cuidado sem considerar as experiências dos que
passaram por esse processo e o impacto dessas ações na vida dos mesmos, mesmo que
essas intervenções coloquem em risco a vida das pessoas que fazem uso problemático de
drogas.

Palavras chave: Drogas; Comunidades terapêuticas; Uso problemático de drogas.


Eixo: “Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos”
Tipo de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de Trabalho: Pesquisa

310
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

SISTEMA DE REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA NA REDE DE ATENÇÃO AOS


USUÁRIOS DE DROGAS: CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DE REDES SOCIAIS

Pedro Henrique Antunes da Costa (Universidade Federal de Juiz de Fora), Leonardo


Fernandes Martins (Universidade Federal de Juiz de Fora), Amata Xavier Medeiros
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Juliana Andrade Salgado* (Universidade Federal de
Juiz de Fora), Wanderson Maurício Duarte Silva (Universidade Federal de Juiz de Fora), Telmo
Mota Ronzani (Universidade Federal de Juiz de Fora), Fernando AntonioBasileColugnati
(Universidade Federal de Juiz de Fora)

As políticas sobre drogas no Brasil pressupõem a abordagem aos usuários de drogas por
meio de redes de atenção intersetoriais e integradas. Contudo, são ainda escassos os
estudos orientados a compreender a realidade dessas redes no país. Ademais, os estudos
existentes estão focados nos serviços especializados e/ou na identificação dos serviços
que fazem parte dessas redes, desconsiderando processos e relações existentes, como,
por exemplo, o sistema de referência e contrarraferência (RC). Assim, o presente artigo
analisou o sistema de RC de uma rede de atenção aos usuários de drogas, a partir da
Análise de Redes Sociais (ARS). Trata-se de uma pesquisa de corte transversal realizada
no município de Juiz de Fora, Minas Gerais, com profissionais de 187 serviços de tratamento
aos usuários de drogas. Estes serviços poderiam ser de natureza governamental ou não
governamental, do Sistema Único de Saúde (SUS), Sistema Único de Assistência Social
(SUAS) ou recursos não governamentais da própria comunidade, sendo identificados através
de: ferramentas da gestão municipal, bases de dados, contato com entidades de controle
social e bola de neve. Os dados foram coletados através de questionário sobre as relações
de referenciamento e contrarreferenciamento de usuários entre os serviços da rede. Para
a análise dos dados a partir da ARS, utilizou-se o software Gephi, extraindo as seguintes
métricas: 1) Centralidade de Grau (CG), que é a soma de todas as ligações feitas por um
determinado serviço, indicando níveis de atividade ou popularidade; e 2) Centralidade de
Intermediação (CI), que mensura o quanto um serviçomedia o fluxo da rede de acordo
com sua posição. Os resultados demonstraram que os serviços referenciam e recebem
referências de outros serviços numa frequência maior do que estabelecem relações de
contrarreferência. O serviço com maior CG e CI foi o Centro de Atenção Psicossocial
Álcool e Drogas (CAPSad), principal dispositivo público especializado da rede de atenção.
Outros dispositivos que se destacaram foram: dispositivos de urgência e emergência;
instituições especializadas da saúde mental, como os CAPS para transtornos mentais
gerais e ambulatórios; e os serviços do SUAS (Centros de Referência Especializados da
Assistência Social – CREAS e Centros de Referência da Assistência Social – CRAS); e
serviços especializados para usuários de drogas, como os hospitais gerais com leitos para
desintoxicação. Dessa forma, observa-se uma centralização nos serviços especializados,
de média e alta complexidade, e nos de urgência/emergência. Problematiza-se o fluxo
assistencial com os serviços primários, especificamente na saúde, na tentativa de provisão
de um cuidado contínuo e territorializado. Espera-se demonstrar as potencialidades da ARS
na compreensão de redes organizacionais e influenciar a realização de novas pesquisas
que visem compreender as diferentes realidades assistenciais aos usuários de drogas no
contexto nacional e internacional.

Palavras-chave: Rede social; Atenção à saúde; Assistência à saúde; Referência e


consulta; Transtornos relacionados ao uso de substâncias
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

311
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

SISTEMA INTERATIVO PARA AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁLCOOL E /OU OUTRAS


DROGAS ENTRE ADOLESCENTES

Thamyris Alexandre Salles* (Universidade Federal de Alfenas), Denis da Silva Moreira


(Universidade Federal de Alfenas), Erika de Cássia Lopes Chaves (Universidade Federal
de Alfenas), Cristiane da Silva Marciano Grasseli (Universidade Federal de Alfenas), Sandra
Cristina Pillon (Universidade Federal de São Paulo- Ribeirão Preto)

Atualmente o uso abusivo de drogas está cada vez mais precoce e constitui uma inquietação
mundial, sendo visto como um grave problema de saúde pública. A Organização Mundial de
Saúde-OMS, subsidiou a elaboração de instrumentos de triagem que constituem recursos
importantes para verificar o nível de uso de drogas, auxiliando o profissional a eleger a
intervenção mais eficiente. Tais instrumentos devem despertar interesse nos adolescentes,
utilizando meios com potencial mais atrativo, como o uso da tecnologia. O presente trabalho
tem como objetivo desenvolver e validar um sistema interativo para a implementação de um
Questionário sobre o uso de Drogas da OMS entre adolescentes. Trata-se de um estudo
metodológico com abordagem quantitativa. O desenvolvimento do sistema interativo ocorreu
em parceria com uma empresa júnior do curso de ciência da computação da Universidade
Federal de Alfenas. Para a validação aparente e de conteúdo do sistema interativo foi
observado os critérios de inteligibilidade preconizados por Pasquali. Para abordar estes
critérios foi elaborado um instrumento contendo os itens: tempo de resposta, qualidade
estética e visual, adequação do programa, interatividade, conteúdo, qualidade dos diálogos,
inovação, dificuldade de acesso; sendo classificados como satisfatório ou insatisfatório. Os
dados obtidos na avaliação dos juízes foram tabulados no Microsof Excel e em seguida
convertidos ao software estatístico R para avaliar a concordância Inter avaliadores por meio
do teste kappa fleiss. Para a elaboração do sistema interativo foi utilizado o método ágil
Extreme Programming ou simplesmente XP. As fases de elaboração do sistema interativo
foram as seguintes: criação dos cenários com uma história que envolvia o contexto de
vida dos adolescentes e as perguntas do questionário sobre o uso de drogas, criação do
banco de dados, desenvolvimento do módulo administrativo, desenvolvimento da interface
interativa, hospedagem do sistema em servidor e exportação dos resultados em planilhas
do excel. Após a elaboração do sistema interativo, o mesmo foi submetido a um processo
de validação aparente e de conteúdo por um grupo de 27 juízes, que assinalaram a maioria
dos itens de avaliação como satisfatório e também sugeriram algumas modificações para
melhoria do sistema. Em relação a análise de concordância inter avaliadores por meio do
teste kappa fleiss, foi encontrado um kappa 0,74 (p<0,001) considerado de satisfatório a
bom. A elaboração do sistema foi efetiva, o que foi constatado por meio do processo de
validação aparente e de conteúdo do sistema interativo. Também possibilitou o surgimento
de uma ferramenta de triagem do uso de drogas com potencial atrativo para o adolescente.

Palavras-chave: Usuários de Drogas; Triagem; Tecnologia; Adolescentes.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa com resultados parciais

312
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA (USO ABUSIVO DE DROGAS E/OU


TENTATIVAS DE SUICÍDIO) NA CRISE DE PACIENTES PSICÓTICOS

Leandro Martins Costa de Araújo (Universidade Federal de São João del Rei), Nadja
Cristiane Lappann Botti (Universidade Federal de São João del Rei)

Introdução: Os transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas são prevalentes


em serviços de emergência, e em geral encontram-se relacionados a outros agravos à
saúde. Neste aspecto a presença de situações de emergência envolvendo a intoxicação
por drogas na admissão no Centro de Atenção Psicossocial pode ser em decorrência do
uso de drogas precipitarem episódios psicóticos em pacientes com vulnerabilidade. Entre
os principais motivos de atendimento em serviços de emergência psiquiátrica encontram-se
as situações de agitação psicomotora e agressividade ocasionada, em sua maioria, pelos
transtornos psicóticos, de humor e abuso de substâncias. Objetivo: Identificar a frequência
de situações de emergência psiquiátrica (uso abusivo de drogas e/ou tentativas de suicídio)
presentes na admissão de pacientes psicóticos para tratamento no Centro de Atenção
Psicossocial. Metodologia: Estudo exploratório, retrospectivo e descritivo com abordagem
quantitativa realizado no Centro de Atenção Psicossocial III do município de Divinópolis do
Estado de Minas Gerais (Brasil). A coleta de dados ocorreu por meio da análise documental
dos prontuários do serviço arquivados entre 1997 e 2013 com diagnóstico de Esquizofrenia,
transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes. Resultados: Identifica-se que 18,67 %
das admissões dos pacientes psicóticos para tratamento no Centro de Atenção Psicossocial
são devido a situações de emergência psiquiátrica (uso abusivo de drogas e/ou tentativas de
suicídio). Os pacientes tinham em média 35,65 anos, sendo maioria adulta (80%), do sexo
masculino (72,85%), solteiro (54,28%), católico (62,85%), com baixa escolaridade (70%),
com diagnóstico de Esquizofrenia (52,85%), sem comorbidade psiquiátrica (51,42%) e com
história de transtorno psiquiátrico familiar (74%). As situações de emergência psiquiátrica
apresentaram associação significativa entre ser homem, solteiro e com idade entre 20 e 59
anos (p<0,05). Considerações finais: A frequência de situações de emergência psiquiátrica
(uso abusivo de drogas e/ou tentativas de suicídio) presentes na admissão de pacientes
psicóticos para tratamento no Centro de Atenção Psicossocial III revela a importância da
implantação de CAPS AD e da atenção à saúde mental na atenção básica. Importante
salientar o papel e à inserção de serviço de emergência psiquiátrica na rede de atenção à
saúde, onde a maior participação da atenção primária permitiria melhor gestão dos casos
de emergência psiquiátrica evitando agravos dos casos leves e diminuição das internações
desnecessárias.

Palavras-chave: Psicóticos; Emergência psiquiátrica; Abuso de drogas; Admissão do


paciente; Serviços de saúde mental.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

313
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

SITUAÇÕES E PERCEPÇÕES DE EVENTOS AVERSIVOS E ADVERSOS POR USUÁRIOS


DE DROGAS QUE UTILIZA O APP REDUÇÃO DE DANOS

Ana Paula Dias Pereira (Instituto Nacional de Ensino Superior e Pesquisa) e Bruno Logan
Azevedo* (Instituto Nacional de Ensino Superior e Pesquisa)

Resumo: O presente trabalho consiste no levantamento de situações e percepções adversas


de usuários de drogas, que utilizam o App Redução de danos. O objetivo do presente
estudo foi traçar o perfil dos usuários do App Redução de Danos e levantar questões que
eles compreendem como negativas em seu consumo de drogas. Metodologia: Utilizou-se
um questionário on-line disponibilizado no App, participaram do estudo 30 sujeitos, sendo
8 com 18 a 21 anos, 8 com 22 a 25 anos, 8 com 26 a 29 anos e 6 com 30 anos ou mais. A
maioria dos sujeitos (18), residem no Estado de São Paulo, 44% do sexo feminino, 53% do
sexo masculino e 3% não-binário. Resultados apontam que, 20% dos sujeitos alegaram a
falta de “Controle de qualidade” das substancias, como sendo o maior problema no uso de
drogas e 45% responderam que temem ser presos ou detidos, quando vão comprar sua
droga de escolha. A “Violência policial” é o que mais temem quando vão comprar sua droga
de escolha, com 13% das respostas. Sobre situações já vividas em seu consumo, “O que de
pior já aconteceu com você, quando você usou sua droga de escolha?”, as respostas foram:
34% relataram que passaram por Bad Trip (viagem ruim), ou seja, experiências psicodélicas
difíceis e angustiantes, 20% dos usuários relataram “Efeitos adversos”, dentre estes, a
ressaca do álcool e de outras substancias ou bruxismo quando ingeriram MDMA, são as
piores situações vividas dos participantes quando consumiram suas drogas de escolhas. Nas
questões de percepção de possíveis situações adversas e aversivas ou situações vividas
pelos usuários no uso de suas drogas de escolha, as respostas fazem fortes críticas a atual
politica proibicionista e seus reflexos, como a falta de controle de qualidade das substâncias
e assim, trazendo mais prejuízos à saúde, outras questões levantas são violência policial e
falta de informação sobre os riscos e danos associados ao uso de drogas. Conclui-se que
apesar de 97% dos pesquisados ter como o álcool a primeira droga de experimentação, as
substâncias classificadas como “perturbadoras do sistema nervoso central”, são as drogas
de escolha da amostra, em especial Maconha (16 sujeitos), Ecstasy (5 sujeitos) e LSD (2
sujeitos). Discordância da a atual política de drogas do Brasil e preocupações referentes
à saúde e bem estar, foram as questões que permearam as respostas dos participantes,
falta de controle de qualidade, violência policial, preconceito/estigma, falta de informação,
bad trips (viagens ruins), segundo os entrevistados, são os problemas associados ao uso
de drogas. Como no ato de usar, a maior problemática na compra de sua droga de escolha,
os usuários levantam a questão da política do proibicionismo e seus reflexos, com 45%
das respostas, os usuários alegam que ser preso ou detido é o pior que pode acontecer
ao ir comprar sua droga de escolha, seguidos por violência policial, falta de qualidade na
substância e a proibição em si.

Palavras-chave: Redução de Danos; Eventos adversos; Eventos aversivos; App redução


de danos.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

314
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

SOBRE A DISSONANTE RELAÇÃO ENTRE A SAÚDE E A JUSTIÇA NA QUESTÃO DAS


DROGAS: O CUMPRIMENTO DE MEDIDA EDUCATIVA NO CAPS-AD

Ana Carolina Cerqueira Medrado (Universidade Federal da Bahia)

Esse trabalho é um fruto de reflexões suscitadas a partir da prática como psicóloga


residente em dois CAPSad de Salvador. Os referidos serviços recebem, além da demanda
espontânea, pessoas encaminhadas pela justiça para o cumprimento de medida educativa
por serem enquadradas como usuárias de drogas ilícitas, artigo 28 da lei nº 11.343/06. A
partir da imersão nos citados campos, foi possível perceber que a execução da medida no
CAPSad traz inquietações tanto para os profissionais quanto para os usuários. Assim, o
objetivo do estudo é discutir o cumprimento de tal medida no âmbito do CAPSad. Para tanto,
realizou-se uma revisão de literatura sobre os pontos nevrálgicos que emergiram a partir
da prática nos citados CAPSad. Dessa forma, foi possível perceber que não há consenso
quanto à temática. Alguns juristas e teóricos afirmam que o artigo 28 é um progresso pela
descriminalização do usuário, esse não pode ser privado de liberdade, podendo sofrer:
advertência verbal, prestação de serviços à comunidade e medida educativa. A partir
dessa ótica, o uso de drogas seria uma questão de saúde pública e o usuário careceria
de tratamento e orientação. Por tal interpretação, tem ocorrido o encaminhamento de
tais usuários para cumprimento de medida educativa nos CAPSad. Cabe questionar se a
finalidade seria terapêutica ou educativa. Ambos os casos contrariam a ideologia do CAPS,
que configura-se como espaço de liberdade onde é essencial o respeito à autonomia do
usuário no delineamento do seu tratamento e que orienta-se pelo paradigma da redução de
danos, não havendo imposição de abstinência, pautando-se no reconhecimento do sujeito
e no seu direito em escolher manter o seu consumo. Outros estudiosos acreditam que o
artigo 28 diz respeito a um crime ou infração penal. Assim, anti-proibicionistas afirmam que
trata-se de uma criminalização das condutas já que, apesar do abrandamento das penas,
o consumo de drogas traz consequências legais para o usuário que sofreria sanções por
escolhas que não afetam outrem, o que seria uma violação dos direitos fundamentais. Por
esse prisma, o cumprimento de medida educativa no CAPS poderia ser considerado como
uma punição o que, novamente, está em desacordo com o ideal de CAPS que não deve
servir-se de um poder disciplinador e coercitivo. Vale também salientar a seletividade da
lei, que tem sido vista como uma forma de criminalização de parcelas estigmatizadas da
população, principalmente por conta dos critérios nebulosos na diferenciação de usuário
e traficante. Assim, conclui-se que a intersecção entre a saúde e justiça na questão das
drogas tem sido controversa já que a perspectiva que cada uma das instituições tem sobre
o uso de substâncias é dissonante. O ônus dessa relação pesa, principalmente, sobre o
usuário que, seja como doente, seja como criminoso, tem sido empurrado pela legislação
para as margens da sociedade.

Palavras-chave: Justiça; Saúde; Drogas; CAPS ad.


Eixo: Atenção, reinserção social e redução de danos.
Modalidade de apresentação: Comunicação oral.
Tipo de trabalho: Relato de experiência.

315
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

SOMOS MUITO MAIS QUE ISSO: DISCUTINDO GÊNERO E SEXUALIDADE EM UM


CAPS AD

Nielson Ernobis Vicentini* (Centro de Atenção Psicossocial – CAPSad Laranjeiras\ PMS;


Associação Educacional de Vitória - FAESA), Bruna Scolforo Bernardo (Centro Universitário
São Camilo – Espírito Santo).

Discutiremos nesse estudo, uma experiência de oficina terapêutica sobre relações de


gênero e sexualidade, realizada junto aos usuários do CAPS ad Laranjeiras, localizado no
município de Serra, estado do Espírito Santo. Essa oficina foi construída diante de uma
infeliz realidade do município de Serra-ES, que são os altos índices de violência contra
a mulher e crimes cometidos por princípios homofóbicos, além de entendermos que a
dependência química perpassa por caminhos possíveis de enraizamento e destruturação
de si; multifatorial, a dependência às drogas pode estar inter-relacionada subjetivamente
ao modo de se vivenciar sua sexualidade e as normas e convenções comportamentais da
relação homem e mulher. Objetivando discutir questões de gênero e sexualidade humana
junto aos usuários do serviço CAPS ad, desenvolvemos desde 2007, uma oficina terapêutica
que possibilite um espaço de encontro de reflexão com histórias de vidas compartilhadas.
Em encontros semanais, com duração de uma hora e trinta minutos, realizamos a
oficina utilizando atividades provocativas e disparadoras através de ferramentas como:
dinâmicas de grupo, teatralização, desenhos, filmes, músicas, poesias, pinturas, recorte
e colagem, leitura, entre outros. Discutimos temas como: diferenciação de sexo e gênero,
desmistificando mitos e verdades sobre homem e mulher, violência doméstica, violência
sexual, padrões estéticos construídos, diferenciações de identidade sexual, diversidade
sexual, disfunções sexuais, drogas e comportamento sexual. Percebemos que durante
esse período de desenvolvimento da oficina vários pontos de reflexão foram levantados
por parte dos usuários que colocam em questão o comportamento construído histórico-
econômico-cultural com as formas de vida estruturadas em princípios hierarquicamente
constituídos dos papeis homem x mulher, provocando uma análise desses fatores, um
redirecionamento singular com possíveis reconstruções do pensar e agir, possibilitando
vivenciar a plenitude de sua sexualidade, respeitando as diversidades sexuais e as
potencias que estão presentes nos modos positivos de se viver seu corpo e seus prazeres.
Entendemos que cada movimento de intervenção que se propõe a provocar uma análise de
si, de transformação das práticas cotidianas endurecidas, sejam através do comportamento
sexual, das relações de gênero e outras temáticas, possa contribuir para resignificar modos
de vidas, relações estabelecidas com as drogas e a implicação no processo do cuidar,
esses movimentos devem ser ampliados e potencializados dentro de uma lógica de atenção
qualificada e do cuidado nos serviços de saúde mental.

Palavras-chave: Oficina terapêutica; Relações de gênero; Sexualidade; Dependência


química.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

316
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

SUPERVISAO DE CAMPO- UNIA DE TEORIA E PRATICA NUMA EXPERIENCIA FORA


DOS MUROS DA INSTITUIÇÃO

Tamara Neder Collier (SAE Campos Elisios/PRD Sampa Programa De Braços Abertos)

Objeto: supervisão in locus do trabalho do Programa de Redução de Danos na região ceb-


tral de São Paulo pela assistente social tecnica e coordenadora do Programa no SAE Cam-
pos Eliseos.Objetivo: Aproximar a equipe técnica da realidade do trabalho de campo; dar
suporte ao redutor de danos em suas intervenções, construindo juntos estratégias de supe-
raçao das dificuldades. Fortalecer o trabalho em equipe e o empoderamento do edutor de
danos enquanto sujeito de transformação. Aproximar o conhecimento técnico e acadêmico
da realidade e do cotidiano das cenas de uso de drogas. Metodologia: o técnico supevisor
vai ao campo com o redutor de danos pelo menos uma vez ao mês. Durante a supervisão
de campo, o técnico aborda os usuários junto com o redutor, podendo trazer novas infor-
maçvões e encaminhamentos ao trabalho cotidiano no campo. Durante a supervisão, o
redutor apresenta o campo ao técnico e juntos eles constroem estratégias para superação
das dificuldades e refletewm in locu sobre as possíveis intervenções naquela realidade. Re-
sultaods: Como resultado desse trablho temos uma equipe mais motivada para o trabalho e
a melhora na qualidade do conteúdo das reuniões de supervisão, onde supervisor e redutor
discutem com a equipe inteira a realidade de determinado campo. Ao cnhecer a realidade
do campo, o supervisor tem mais elementos para rfletir sobre a realidade do trabalho de
sua equipe e planejar ações e capacitações de acordo com a demanda real, se colocabndo
como umparceiro do redutor de danos, que acolhe as angustias e dificuldades e dá suporte
para novas intervenções.

Palavras-chave: supervisão de campo; redução de danos; promoção a saude


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

317
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

TABAGISMO NA GRAVIDEZ: PERCEPÇÃO DE GESTANTES SOBRE O HÁBITO


TABÁGICO DURANTE A GESTAÇÃO

Maria das Dores Souza (Universidade Federal de Juiz de Fora), Anna Maria de Oliveira
Salimena (Universidade Federal de Juiz de Fora), Vanessa Augusta Braga* (Universidade
Federal de Juiz de Fora), Juliane da Silveira Jasmim (Universidade Federal de Juiz de
Fora), Mariana Hufnagel Maranha de Faria (Universidade Federal de Juiz de Fora),
Marcela Oliveira Souza (Universidade Federal de Juiz de Fora), Taís de Oliveira Marques
(Universidade Federal de Juiz de Fora).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo a principal causa de


morte evitável em todo o mundo. Quando associado à gestação o tabagismo pode trazer
prejuízos tanto para a mãe quanto para o feto. Aspectos relacionados aos contextos
familiares e sociais devem ser levados em conta na abordagem à mulher grávida, o que faz
das equipes das Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) profissionais privilegiados
nesse processo de atendimento multiprofissional a gestante tabagista uma vez que estão
inseridos nas realidades das mulheres observando as vulnerabilidades existentes. Objetivou-
se identificar a percepção de gestantes fumantes e não fumantes sobre o tabagismo e
suas consequências com vistas ao incentivo à elaboração de ações em saúde para as
mulheres de um possível grupo de risco, visando à sensibilização para os efeitos nocivos
do fumo para a saúde da mãe e do bebê. Trata-se de um estudo qualitativo de caráter
descritivo utilizando-se de entrevistas semi-estruturadas gravadas em Mp3 realizadas
com doze mulheres gestantes moradoras da área de abrangência de uma UAPS e que
realizam pré-natal. Estas entrevistas foram realizadas obedecendo aos aspectos éticos
de pesquisa envolvendo seres humanos após aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa
da Universidade Federal de Juiz de Fora. Utilizou-se o método de análise do conteúdo
para tratamento dos dados. As grávidas relatam que o tabagismo é prejudicial para a sua
saúde e para o feto, podendo ocorrer problemas graves na saúde de ambos. Referem que
são pouco orientadas em relação ao tabagismo antes e durante a gestação nos diferentes
espaços que transitam; e que o fumo passivo é uma realidade vivenciada por muitas no
domicílio e na comunidade que vivem. O estudo mostra a necessidade da realização do
pré-natal para todas as gestantes com efetivação de encaminhamentos para as mulheres
em situação mais vulnerável. Ações educativas com a participação efetiva das gestantes
bem como o apoio dos serviços de saúde podem se mostrar como importante equipamento
na compreensão do contexto vivenciado e no enfrentamento do tabagismo na gravidez.

Palavras-chave: Hábito de fumar; Gravidez; Enfermagem.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

318
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

TECENDO REDES: POLÍTICAS DE CUIDADO INTERSETORIAIS DO SERVIÇO SOCIAL


DO CAPS AD III VITÓRIA/ES

Isabel Cristina dos Santos (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III Vitória), Maria
das Gracas Macedo Seabra de Melo (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III
Vitória), Rosana Menezes Marangoni* (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III
Vitória)

Introdução: A Política de Atenção Integral ao Usuário de Álcool e Outras Drogas, do


Ministério da Saúde preconiza que a intersetorialidade é uma das premissas do processo
de cuidado nas estratégias de construção do projeto terapêutico singular. Partindo desse
pressuposto, a atenção e o cuidado desses usuários requer a confecção e o tecer de redes
cotidianas, uma vez que o consumo de substâncias psicoativas se trata de um problema
que requer a integração de políticas políticas que convoca diferentes atores e setores para
um trabalho desafiador e em rede na corresponsabilização dessa atenção, considerando
a complexidade das situações e casos acolhidos, partindo do conceito ampliado de
saúde que trata diferentes determinantes do processo de adoecimento. Este trabalho
destaca, particularmente, a atuação do Serviço Social no processo de tessitura dessa
rede. Objetivos: Demonstrar a importância da singularidade da atuação do Serviço Social
nas articulações em rede na atenção psicossocial para usuários de drogas. Metodologia:
Destaca as articulações realizadas mediante reuniões e encontros intersetoriais mensais,
com a participação dos atores que compõem essa rede de cuidado no município de Vitória,
como Centro de Referência de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Unidade de Saúde,
Consultório na Rua, Associações Religiosas, Centro de Atenção Psicossocial Álcool e
Outras Drogas III de Vitória, Centro de Referência Especializado da Assistência Social,
Secretaria Municipal de Trabalho e Renda, Centro de Referência da Assistência Social,
Defensoria Pública, Conselho Tutelar, Guarda Municipal, Famílias, Casas de Acolhida,
Serviço Especializado de Abordagem Social, Maternidades, Hospital Universitário, Vara
da Infância, Secretaria Municipal de Habitação, dentre outros. Resultados: Destacamos
que o trabalho tem proporcionado o acompanhamento da processualidade dos casos,
bem como tem favorecido o fortalecimento da rede, com a corresponsabilização e a maior
resolutividade dos casos acompanhados, criação e fortalecimento entre a rede e os usuários,
a atenção integral ao usuário, a troca de saberes e o compartilhar entre todos os envolvidos.
Considerações finais: Apesar do trabalho afirmar que mediante a intersetorialidade constrói-
se redes, potência no ato de cuidar e consistências nessa atenção, apontamos dificuldades
como a escassez de recursos como vagas para abrigamento, a inexistência da unidade
de acolhimento para adultos, aprimoramento das políticas de habitação e das políticas
de trabalho e renda, bem como as dificuldades inerentes à atuação na clínica de atenção
psicossocial aos usuários de álcool e de outras drogas.

Palavras-chave: Rede; Serviço Social; Centro de atenção psicossocial álcool e drogas.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

319
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

TENSÕES: INTERNAÇÃO COMO MODELO TERAPÊUTICO

Laerson da Silva de Andrade* (Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e


outras Drogas [CEPAD] da Universidade Federal Espírito Santo [UFES]), Rayane
Cristina Faria de Souza (Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras
Drogas [CEPAD] da Universidade Federal Espírito Santo [UFES]), Vitor Buaiz
(Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas [CEPAD] da
Universidade Federal Espírito Santo [UFES]), Marluce Miguel de Siqueira (Centro de
Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas [CEPAD] da Universidade Federal
Espírito Santo [UFES]).

Introdução: A proposta de assistência ao dependente químico baseado na Internação


Involuntária reascende o debate sobre as políticas públicas sobre drogas no Brasil. A
internação compulsória prevista primeiramente em lei está no decreto nº 891 de 1938.
Diante do atual cenário em que há propostas legislativas PL 3365/2012, PL 111/2010 e
PL 7663 de 2010) que visam à ampliação de tal modelo assistencial faz-se necessárias
reflexões sobre o tema em questão. Objetivos: O objetivo é problematizar o quadro teórico
que legitima a Internação Involuntária apresentada pelos Projetos de Lei (PL), confrontando-
os às perspectivas Antimanicomiais. O estudo analisa os PL a fim de compreender o caráter
do modelo assistencial. Metodologia: O estudo possui um caráter exploratório do tipo
descritivo. Para tanto, a análise parte da Lei de N° 11. 343/206; e das propostas legislativas
PL 3365/2012, PL 111/2010 e PL 7663 de 2010. Os documentos referentes às Leis e projetos
de Lei estão disponíveis em sites oficiais do Planalto, Senado e Câmara dos Deputados.
A análise constituída na pesquisa parte da obra de referência Análise de Conteúdo de
Laurence Bardin. Este livro é um manual claro e operacional desse método de investigação.
A metodologia também se baseia na pesquisa bibliográfica para o levantamento de obras
para compreensão da perspectiva do Movimento Antimanicomial. Resultados: Partindo das
leituras das propostas legislativas PL 3365/2012, PL111/2010 e PL 7663/2010 encontram-
se os seguintes eixos que legitimam e configuram a Internação Voluntária: 1. Modelo e
subsídio ao Tratamento Involuntário; 2. Caráter do usuário perante o contexto do tráfico
de drogas; 3. Discurso contra o consumo de drogas. A pesquisa bibliográfica sobre as
perspectivas antimanicomiais abordou-se os eixos: 1. História do modelo hopitalocêntrico
manicomial; 2. Evidências científicas contra a intervenção involuntária; 3. Modelos
alternativos de assistência. Conclusões: Ao analisar o conteúdo dos PL, observa-se a linha
teórica que pauta o assunto no Congresso Nacional. A Política de Guerra às drogas não é
capaz de compreender os aspectos relativos ao transtorno psiquiátrico e sua complexidade
social, representando um retrocesso na política sobre drogas. O discurso que criminaliza
o usuário permite à construção do aparato jurídico que legitima a internação involuntária
como solução a problemática das drogas.

Palavras-chave: Legislação; Internação Compulsória; Usuário de Drogas


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos.
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

320
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

TRAJETÓRIAS DE USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS EM BELO


HORIZONTE: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS PRONTUÁRIOS

Jardel Sander Silva (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Cássia Beatriz Batista
(Universidade Federal de São del-Rei), Maria Luísa Magalhães Nogueira (Universidade
Federal de Minas Gerais), Carolina de Sena Sousa (Centro de Referência em Saúde Mental
/ Prefeitura de Belo Horizonte), Denise Birck Sausen (Centro de Referência em Saúde
Mental / Prefeitura de Belo Horizonte), José Eustáquio da Silva Borges (Centro de Referência
em Saúde Mental / Prefeitura de Belo Horizonte), Renata De Brito Calonge (Centro de
Referência em Saúde Mental Álcool e Drogas / Prefeitura de Belo Horizonte), Vanessa
Cristina Costa (Centro de Saúde São José / Prefeitura de Belo Horizonte), Ana Paula
Machado dos Santos (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Bruna Rodrigues
de Lima (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Camila Alencar Silva4 (Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais), Daiana Bianco Canuto (Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais), Douglas Henrique Gomes (Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais) , Francyelle Camilly de Souza (Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais), Luana Pereira de Oliveira Rodrigues Trindade (Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais), Lucas Ramos dos Santos Almeida (Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais), Raquel Magda de Abreu Almeida (Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais), Robson Salvado (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Wandirlene
Aparecida de Oliveira Trindade4 (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais).

O presente trabalho visa apresentar um dos percursos realizados na pesquisa intitulada


“Trajetórias e Narrativas de Usuários de Álcool e outras Drogas”, iniciada em setembro de
2013, que faz parte do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-SAÚDE),
do edital de Redes de Atenção: Crack, álcool e outras drogas, financiada pelo Ministério
da Saúde, e que tem como instituição executora a Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais (PUC Minas), em parceria com a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Belo
Horizonte. O trabalho busca fornecer um mapeamento dos elementos e dimensões vividas
por dependentes de álcool e outras drogas, possibilitando identificar vínculos e instituições
que fizeram e fazem parte da história dos usuários na sua trajetória de uso e de abuso
de substâncias, bem como de práticas e estratégias que se mostraram efetivas em sua
diminuição. A pesquisa, iniciada com o reconhecimento e mapeamento dos serviços de
atenção (dentro da rede municipal e estadual de saúde e fora dela), avançou para a análise
dos prontuários e, posteriormente, para entrevistas com usuários. Optamos, inicialmente, por
priorizar os serviços e a permanência dos usuários neles. No presente trabalho, focalizaremos
na análise dos prontuários de usuários do CERSAM, CERSAM-AD e UBS buscando uma
forma de mapear, para melhor visualizar, as trajetórias destes usuários, sobretudo no que
diz respeito ao percurso destes nos diversos serviços de atenção. Como resultado parcial,
construímos um fluxograma na tentativa de tornar visível, ao mesmo tempo, as trajetórias
e os serviços utilizados. Notamos que, mesmo levando em consideração a singularidade e
a diversidade dos modos de existência dos sujeitos, a presença dos serviços constitui um
ponto comum e um importante elemento de apoio na trajetória destes usuários.

Palavras-chave: Usuários de álcool e outras drogas; Análise de prontuários; Serviços de


saúde;
Eixos Temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

321
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

TRATAMENTO E PREVENÇÃO: ANÁLISE CRÍTICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE


DROGAS

Ilana Mountian* (Conselho Regional de Psicologia de São Paulo), Marilia Capponi (Conselho
Regional de Psicologia de São Paulo).

Este trabalho tem como objetivo a análise crítica de diferentes formas de tratamento e
prevenção sobre uso de drogas nas políticas públicas. A análise parte dos resultados do
relatório de inspeção e fiscalização do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo
das comunidades terapêuticas no estado de São Paulo e de pesquisa dos estudos e
intervenções baseadas na redução de danos. Para a análise das comunidades terapêuticas,
o trabalho se baseará nos relatórios de inspeção e fiscalização realizados pelo Conselho
Regional de Psicologia de São Paulo (2013-2015) e pelo Conselho Federal de Psicologia
(2011), em que foram ressaltadas violações de direitos humanos e, trouxeram à tona,
uma forma específica de compreensão do sujeito e do tratamento da drogadição. Essas
duas publicações denunciam práticas dessas instituições e propõe a reflexão sobre o
“tratamento” oferecido nesses espaços. Esse entendimento sobre as drogas e seus usos
é vistos tanto nos discursos religiosos quanto em discursos médicos específicos, em que
as drogas são entendidas como um mal a ser aniquilado e o usuário colocado no lugar de
vítima ou culpado do uso. Assim, o tratamento só é possível quando se busca a abstinência
total. Outras perspectivas sobre uso de drogas tomaram força a partir dos anos 80, onde
tratamento e prevenção foram vistos como fundamentais para o não uso ou uso regulado
das substâncias. A redução de danos foi pensada visando minimizar os riscos para o
sujeito e a sociedade. Tal perspectiva tende a entender o sujeito na sua singularidade, suas
possibilidades, e sua subjetividade; assim como o cuidado para a diminuição dos riscos para
a sociedade. As drogas, nesse viés, não são vistas a partir dos discursos morais-religiosos
prevalentes, mas sim, como existentes na nossa sociedade e inerentes à experimentação
humana, e aqui o estudo das formas de uso é vista culturalmente e socialmente, aspecto
central para as intervenções realizadas. Para esse debate é relevante ressaltar que os
discursos sobre drogas centram-se num campo moral e assim, aqueles envolvidos com o
uso, são frequentemente estigmatizados e estereotipados, sendo fundamental, portanto
a desconstrução desses discursos para a pesquisa e atuação profissional na área. A
psicologia está implicada nesses entendimentos e intervenções e aqui propomos a análise
desses discursos para o desenvolvimento de formas de terapêuticas para lidar com o uso
abusivo de drogas garantindo a autonomia e respeito aos sujeitos.

Palavras-chave: Drogas; Redução de danos; Comunidades Terapêuticas; Psicologia.


Apresentação oral
Para o eixo temático 2: Atenção, reinserção social e redução de danos
Tipo de trabalho: pesquisa

322
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

ARTICULAÇÃO DE REDE INTERSETORIAL DE BASE TERRITORIAL PARA ATENÇÃO


ÀS PESSOAS EM SOFRIMENTO DECORRENTE DO USO DE CRACK, ÁLCOOL E OU-
TRAS DROGAS EM MUNICIPIOS DO PROGRAMA “CRACK, É POSSÍVEL VENCER”.

Edna Mara Mendonça* (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em


Saúde\ Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas), Raíssa Lima de Novais* (Fundação
para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde\ Secretaria Nacional de Políticas
Sobre Drogas).

O decreto 7.179 de 2010 da Presidência da Republica instituiu o Plano integrado de


enfrentamento ao Crack e outras drogas que foi ampliado pelo Programa “Crack, é possível
vencer” lançado pela Presidência da República em dezembro de 2011. Com vistas à
prevenção, tratamento e a reinserção social de usuários e ao enfrentamento do tráfico de
crack e outras drogas ilícitas, o programa possuí três eixos: Prevenção, Cuidado e Autoridade.
Os eixos compreendem ações de saúde, assistência social, educação e segurança pública
executadas por municípios, estados e união. Diante da complexidade do problema das
drogas e da necessária abrangência das políticas públicas, o Programa traz como diretriz
a integração das ações de cada eixo e a articulação e alinhamento entre os eixos. Assim,
ações de cuidado são executadas pelo sistema único de saúde (SUS) e sistema único
de assistência social (SUAS), dentre outros. As ações de prevenção envolvem ainda o
sistema educacional e forte participação da sociedade civil organizada. Recente pesquisa
realizada pela FIOCRUZ e SENAD ressaltou a problemática das drogas como fortemente
marcada pela exclusão social. Diante disso, a necessidade de se conhecer, integrar e
articular os serviços que implementam as políticas sociais de um determinado território e o
reconhecimento das fragilidades e potencialidades de uma determinada comunidade torna-
se premente. Na perspectiva da superação do hiato entre autonomia e interação entre os
entes federados, entre especificidades das ações do Programa e necessidade de diminuir
a fragmentação das redes, e considerando a singularidade dos contextos locais é que
apresentamos a seguinte proposta. Essa proposta visa levar o apoio do Governo Federal,
através de parceria com a FIOCRUZ, aos municípios do Programa Crack para construção
de redes intersetoriais, de base territorial, de cuidado aos que fazem uso abusivo de crack
e outras drogas. Essa proposta pretende integrar nos territórios os serviços, muitos deles
inovadores, cuja expansão o Programa Crack vem promovendo. A integração promovida
por essa proposta dar-se-á partindo de estratégias de contratualização local que fomentem
a cooperação e co-responsabilidade das redes em suas ações, com a finalidade última de
garantir a expansão do acesso e acolhimento com qualidade para aqueles que necessitam
de cuidado.

Palavras-chave: Uso abusivo de drogas; Redes intersetoriais; Prevenção; Cuidado;


Autoridade.
Eixo Temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de Apresentação: Pôster
Tipo de Trabalho: Relato de Experiência

UM BAR, UM CAMPO DE FUTEBOL E CUIDADOS COM A FAMÍLIA - AÇÕES EM SAÚDE


NO TERRITÓRIO: UMA EXPERIÊNCIA DE REDUÇÃO DE DANOS E APOIO MATRICIAL
NO SUS SÃO PAULO

Isabella Silva de Almeida*(Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo), Thainá Decicco


Minici Greco (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo), Emiliano David Camargo

323
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

(Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo), Priscila Mayumi Ota (Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo), Mirian Linares (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo),
Aline Ferreira (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Mariana Miglioli (Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo), Flávia Ferrari (Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo), Paulo Eduardo da Silva Gomes (Secretaria Municipal de Saúde de São
Paulo), Sandra Regina Celotto Cerasso (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo),
Deolinda Simões dos Reis (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo), Carlos Alberto
Clemente (Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo), Maria Cristina Vicentin (Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo).

Trata-se de um estudo sobre o cuidado em Saúde Mental, mais especificamente de Redução


de Danos, que ocorreu no território da Unidade Básica de Saúde Doutor Augusto Leopoldo
Ayrosa Galvão no período de agosto a dezembro de 2014. Diversos atores estiveram
envolvidos, entre eles profissionais dos CAPS Álcool e Drogas e Infantil da Freguesia do Ó/
Brasilândia, da UBS, Tutores e Bolsistas da PUC-SP que estavam inseridos no PROPET-
SAÚDE. Para a proposição prática foi necessário dialogar com alguns pressupostos teóricos,
entre eles: Reforma Psiquiátrica; Redução de Danos e Apoio Matricial e com as questões
referentes à vulnerabilidade, violência e crise levantadas na pesquisa-açãosobre saúde
mental na atenção básica (PET Saúde). O objetivo é relatar a proposta de intervenção com
profissionais e usuários no território da UBS Galvão, associando teoria e pratica e que
promovesse uma reflexão de cuidado a partir da lógica da redução de danos com a equipe
de saúde, favorecendo outras formas de atuação. O projeto teve uma primeira etapa de
discussão conceituale de conhecimento do curso “Caminhos do Cuidado”, oferecido aos
Agentes Comunitários de Saúde, seguido de convite para a equipe de profissionais da UBS
para participar do projeto e reuniões. As estratégias utilizadas foram: encontros semanais
entre profissionais da UBS, alunos PROPET saúde, preceptores e usuários a fim de se
mapear as áreas de maior vulnerabilidade (campo de ação); aproximação e parceria com
lideres comunitários; discussão e elaboração de plano de ação; devolutivas e reflexão sobre
as ações (alunos, preceptores e profissionais). Foram sistematizados três campos de ação
– cuidado das famílias dos usuários de drogas a partir de rodas de conversa com café da
manhã; ações em saúde com adolescentes em campo de futebol de várzea – aproximação
dos adolescentes, identificação da proposta de jogar bola enquanto estratégia de redução
de danos; ação em saúde em um bar localizado em frente a ponto de uso e tráfico de
drogas, aproximação da Atenção Básica das cenas de uso, estreitamento do vinculo com
os usuários que não chegam ao serviço de saúde. Tal experiência trouxe efeitos para o
processo de trabalho dos serviços de saúde desse território, como a articulação com a
gestão; a inserção do projeto enquanto campo de ação da UBS no planejamento de 2015; o
fortalecimento da relação entre CAPS, UBS e NASF e do apoio matricial na Saúde Mental,
em especifico nas questões relacionadas ao uso do álcool e das outras drogas. Avalia-se ter
rompido algumas barreiras entre usuários drogas e equipe de saúde; ter ampliado o debate
sobre a dificuldade na articulação da rede para o cuidado das questões relacionadas ao uso
de drogas; potencializado a articulação com lideres comunitários para se promover ações
de cuidado e redução de danos, bem como se permitiu a abordagem do tema das drogas
dialoga com as angustias, preconcepções, valores e morais.

Palavras-chave: Redução de Danos; Saúde Mental; Apoio Matricial; SUS


Eixo Temático: “Atenção, Reinserção Social e redução de Danos”
Modalidade de Apresentação: Comunicação oral
Tipo de Trabalho: Relato de experiência

324
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

UM ESTUDO COM ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM SOBRE SUAS CRENÇAS EM


RELAÇÃO AO ALCOOLISMO

Welisson Rodrigues (Universidade Federal de Minas Gerais) Marcus Luciano de Oliveira


Tavares (Universidade Federal de Minas Gerais), Amanda Márcia dos Santos Reinaldo
(Universidade Federal de Minas Gerais).

Os enfermeiros constituem-se profissionais de saúde responsáveis pela assistência prestada


à pacientes de modo geral, incluindo-se os usuários de substâncias psicoativas. Tendo em
vista a inserção e a importância do enfermeiro no cuidado ao paciente alcoólatra, supõe-se
que aquele deveria ser capaz de avaliar as próprias atitudes em relação ao alcoolismo a fim
de prestar assistência, sem julgamentos de valor. O objetivo deste trabalho é identificar as
crenças e atitudes dos estudantes de enfermagem em relação ao tratamento de pacientes
alcoolistas. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, sobre atitudes (pensar, sentir,
comportar-se), frente aos pacientes alcoolistas, dos estudantes de enfermagem de uma
Universidade Pública de Minas Gerais. Utilizou-se de questionários baseados na Escala de
NEADA (NEADA FACULTY SURVEY), validada no país, para a coleta de dados. O projeto
encontra-se em andamento, porém foi possível obter como resultados, em uma amostragem,
a dificuldade dos discentes em distinguir o alcoolista do não alcoolista; o fato da aquisição
de conhecimentos acerca do alcoolismo acontecer essencialmente na vivência curricular
da Disciplina Internato Rural (penúltimo período); o relato de familiares serem alcoólatras;
a queixa dos discentes quanto à inexistência de disciplinas obrigatórias que contemplem a
temática de dependências químicas e predominância de colocações de cunho moralizante
acerca do usuário de substâncias psicoativas. Também, muitos discentes questionaram os
próprios hábitos de vida no sentido de temer a possibilidade de ser alcoolista. Os resultados
parciais já atingidos pelo estudo apontam para a limitação na formação educacional dos
enfermeiros em relação ao álcool se constituir como fator facilitador na formação de atitudes
e julgamento de valores. Tal fato reflete - se nas pesquisas, que mostram o fato das atitudes
e crenças dos enfermeiros em relação aos pacientes usuários serem significativamente
mais negativas e impregnadas de conteúdos morais do que aquelas que têm em relação
a outros pacientes. A estereotipação associada ao desconhecimento acerca do alcoolismo
podem se configurar como fatores contribuintes para o afastamento e atitudes negativas
de enfermeiros em relação ao paciente alcoolista. Portanto, avaliações sobre as crenças
e os valores envolvidos no ato de cuidar são fundamentais, tornando-se então necessário
incluir na prática assistencial do enfermeiro uma avaliação consciente dessa necessidade.
É preciso que haja mais estudos na literatura que explorem a temática, uma vez que o
reconhecimento das atitudes inadequadas pelos enfermeiros e as reflexões sobre o seu
comportamento podem se constituir como início para a modificação do comportamento
desses profissionais para com usuários de substâncias psicoativas, em especial os
alcoolistas.

Palavras-chave: Alcoolismo; Estudantes de enfermagem; Dependência química.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

325
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

UM GRÃO DE ESPERA E A MORAL DA CONTRA-ESPERANÇA

Elizabeth Medeiros Pacheco* (Professora adjunta da Universidade Federal Fluminense de


Campos Goytacaz), João Arthur Avzaradel (Universidade Federal Fluminense de Campos
Goytacaz).

Os tempos mundanos cada vez mais nos assolam de urgências e, nestas, todos os álibis
se afinam ao argumento da sobrevivência que, para tal, reivindicam segurança. Quando a
sobrevivência se impõe soberana, nos afastamos da graça e do vigor da experiência de
estar “a toa”, de perambular, de andar distraídos, e outros modos de fazer com que o tempo
saia do regime dos fins e pegue velocidades inesperadas que chegam até mesmo a incitar
o pensamento e a invenção. Mas o que será constitutivo da experiência de valor da vida,
nosso empenho ou nosso desempenho? Não será que todo o nosso ímpeto de imaginação
e invenção está sequestrado em função da execução de programas que monitoram nossas
vidas segundo estratégias de sobrevida? Estaremos vivendo a era da performance em
detrimento da experiência? Como se constituem, na atualidade urbano-midiática das vidas,
os parâmetros e os critérios com os quais os arautos da eficácia pretendem esgotar a realidade
com o que julgam saber, pela ciência e/ou pela técnica?Esta imposição da funcionalidade
que passa a convocar, em cada um de nós, os procedimentos de controle sobre nossos
corpos e nossos hábitos e, simultaneamente, a insuflar a culpabilidade por nossas escolhas,
parece um sintoma da imensa ansiedade, do medo avassalador da experiência de devir.
As mudanças e transformações porque uma vida passa, tornando singular o percurso de
qualquer um, parece terem-se esgotado nessa busca de estratégias de defesa - contra o
inimigo de fora e contra o inimigo de dentro. Considere-se de fora o mundo, da bactéria ao
imigrante; Considere-se de dentro o desejo. Mas não será o desejo este apetite de mundo?
Mas que mundo ainda resiste perante este avassalador nivelamento do real ao verificável?
Que desejo vingará perante esta convocação de nossa subjetividade ao país da Anestesia,
drogados para assegurar um real entorpecido de conveniências. Mas o desejo não quer
satisfações, o desejo quer desejar. Nossa pesquisa implica pensar o paradigma estético
de constituição da subjetividade enquanto problematização do uso e consumo crescente
de drogas de todos os tipos, legais e ilegais, administradas e auto-administradas, por este
sujeito urbano-midiático contemporâneo. Qual será o apelo que se aninha nestes usos?
Como diferenciar o uso prescritivo da droga que se impõe, individualmente, a populações
de supostos sintomáticos, do uso de drogas que se compartilham como prenúncio de
aventura? A vida que pulsa nas medulas sabe se esquivar, fugir, trair, gritar, lutar, mas pode
não suportar a estase de apenas durar, como medida regrada de um tempo que apenas
finda.

Palavras-chave: Anestesia; Eficácia; Experiência; Paradigma Estético; Urgência.


Eixo temático: Redução da oferta
Relato de experiência: Projeto de pesquisa e experimentação “O corpo sem álibi”,
formado em setembro de 2014, com alunos da graduação em Psicologia.

326
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

UMA LEITURA ANTROPOLÓGICA DO USO RITUALÍSTICO DA AYAHUASCA NA


AMAZÔNIA

Dimitri Henriques Daldegan Bueno* (Universidade Federal de Rondônia)

O Ayahuasca é uma bebida resultante da fusão do cipó Banisteriopsis caapi e da


folha Psycotria viridis que ao ingerida causa alteração na química do cérebro ocasionando
efeitos alucinógenos. Não sabe-se precisamente dês de quando a bebida é utilizada,
porém a tradição do uso é comum em diversas etnias em grande parte na América do Sul.
Aproximadamente 72 etnias distintas na Amazônia fazem o uso ritualístico da substância.
Somente no Brasil desenvolveram-se religiões não indígenas que utilizam a Ayahuasca,
religiões em geral com fortes influências do cristianismo, espiritismo kardecista e religião
afro-brasileira. Das religiões existentes, as mais difundidas são o Santo Daime, a União do
Vegetal e a Barquinha. Esse trabalho trata-se de um relato de experiência de uma pesquisa
de campo resultante da a observação participativa dos processos ritualístico de 3 instituições
que utilizam a bebidas como parte de processos ritualísticos bem como entrevistas com
frequentadores das instituições. As instituições visitadas foram a União do Vegetal, Santo
Daime e Elixir do 3° Milênio. Cada instituição se relaciona de forma particular com a bebida,
sendo os nomes e os significados atribuídos a ela diferenciados. Apesar de diferenças
estruturais nos rituais de cada instituição, há em comum, a utilização do chá e dos rituais
para transcender, estabelecer uma aproximação de Deus. Pode-se dizer que todos os
elementos ritualísticos existentes são para alcançar esse objetivo, sendo o Ayahuasca o
principal meio: o cipó representando a força, e a folha a luz. Essa cisão se estende nos
elementos ritualísticos onde em todas as instituições visitadas há uma divisão de gêneros.
O cipó e a folha podem ser entendidos como o gênero masculino e feminino. Tem-se então,
como componente da bebida a simbologia de elementos dualistas naturalmente separados.
O significado simbólico da Ayahuasca para os adeptos consiste na junção de valores
dicotômicos, o chá é o elemento unificador de conceitos espontaneamente separados. O
objetivo estabelecido pelas instituições dar-se-ia a partir da união desses elementos: o
chá estabelece a união do mundo físico com o mundo espiritual, transcendente. Mais que
uma mistura toxicológica e farmacológica, a bebida possuí uma enorme eficácia simbólica,
frequentemente sendo considerado pelos adeptos como entidade divina. Nesse sentido, a
utilização do chá pelos adeptos dessas instituições é de objetivo exclusivamente religiosa
e não apresentam o uso para fins abusivos ou recreativos

Palavras-chave: Ayahuasca; Daime; Vegetal; Eficácia simbólica.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

327
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

UMA NOÇÃO DE REDE: A CONSTRUÇÃO DE REDE POR UMA EQUIPE DE


CONSULTÓRIO NA RUA

Autores e instituição: Bruno Mariani S. Azevedo* (Doutorando Saúde Coletiva, Universidade


Estadual de Campinas/Consultório na Rua de Campinas), Alcyone Apolinário Januzzi
(Consultório na Rua de Campinas), Camila Rodrigues (Mestranda Saúde Coletiva,
Universidade Estadual de Campinas), Chayene Andrade (Residência Multiprofissional
Saúde Coletiva e Saúde Mental, Universidade Estadual de Campinas), Débora Baraldi
(Mestranda Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Campinas), Felipe Augusto Reque
(Consultório na Rua de Campinas), Gilson Gabriel da Silva Firmino (Consultório na Rua de
Campinas), Lívia Bueno Pires (Consultório na Rua de Campinas), Maria Magna Fernandez
de Souza (Consultório na Rua de Campinas), Michele Eichelberger (Doutorando Saúde
Coletiva, Universidade Estadual de Campinas), Rachel Esteves Soeiro (Consultório na Rua
de Campinas), Sérgio Rezende Carvalho (Prof. Dr. Saúde Coletiva, Universidade Estadual
de Campinas), Thaís Machado Dias (Consultório na Rua de Campinas).

Ao nos perguntar: “o que é, na prática, produzir rede?” dialogamos criticamente nesta


pesquisa com esta temática tendo como referências as formulações derivadas do campo
da Saúde Coletiva e do pensamento da diferença. Para tanto, buscamos compreender
como se dão as construções cotidianas de redes de produção de vida na saúde a partir da
experiência de um Consultório na Rua? As equipes de Consultório na Rua (CnaR) de acordo
com a Portaria n° 122, de 25 de janeiro de 2011 do Ministério da Saúde, têm uma atuação
itinerante junto à população em situação de rua, desenvolvendo ações compartilhadas e
integradas com diversos pontos de atenção da Saúde e da Assistência Social. No município
de Campinas/SP, a equipe do CnaR foi criada em 2012 e nesses três anos de experiência
tem realizado o acompanhamento de usuários de alta complexidade clínica e social que
demandam a produção de uma rede de cuidados totalmente singular. Objetivamos nesta
pesquisa (de doutorado) desenvolver ferramentas que indiquem o processo de produção
de redes micropolíticas; cartografando estratégias de saber-fazer desta equipe, no que toca
os seus modos de construir redes dentro e fora dos territórios mais delineados do SUS.
Para isso, o trabalho de campo junto ao CnaR vem sendo registrado por meio do diário,
possibilitando mapear inclusive os modos como as pessoas acompanhadas constroem no
cotidiano de seus encontros suas próprias redes. Tem sido possível ainda cartografar o
modo com que a produção de rede vem operando nas relações desta equipe e desta com os
trabalhadores de outros serviços. Realizou-se oficinas junto à esta equipe onde trabalhou-
se com a construção de fluxogramas para mapear tais redes a partir de casos atendidos
(ex.: gestante usuária de crack, idoso etilista etc). Percebemos que o caráter itinerante
tem instrumentalizado os profissionais com estratégias inovadoras de cuidado. O encontro
presencial, a conversa, a negociação e o campo de disputa com as outras equipes de saúde
na busca de uma efetiva integralidade e equidade do cuidado da população em situação
de rua são exemplos dos instrumentos utilizados pela equipe estudada. Observamos que
uma rede concreta, interessada nas necessidades singulares dos usuários, necessita ir
além do estabelecimento de protocolos de fluxos, pois sua produção demanda encontros,
discussões de caso, compartilhamento de responsabilidades e construção coletiva de
alternativas produtoras de vida. Acreditamos, portanto, que a construção das redes de
saúde precisa ser orientada não só pelas políticas públicas, mas também pela singularidade
das vidas dos usuários e trabalhadores que nela operam. Partimos da constatação que as
redes podem operar como rizomas, portanto, entendemos que quaisquer pontos podem se
conectar a outros pontos na construção de redes. Esta operação tem deslocado a análise

328
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

da pesquisa do tema da produção de redes para o do encontro e da relação tecida entre os


sujeitos produtores das redes.

Palavras-chave: Consultório na rua; Redes; Saúde coletiva; Rizoma.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

UMA UNIDADE DE ACOLHIMENTO ADULTO NÃO GOVERNAMENTAL COMO PORTA


DE ENTRADA PARA O TRATAMENTO DE DEPENDENTES QUÍMICOS.

Marcus Luciano de Oliveira Tavares* (Universidade Federal de Minas Gerais), Wellison


Rodrigues (Universidade Federal de Minas Gerais), Amanda Márcia dos Santos Reinaldo
(Universidade Federal de Minas Gerais).

O consumo de álcool e outras drogas é um fenômeno complexo e multifatorial, cuja


evolução está intimamente ligada a fatores históricos e culturais. A política do Ministério
da Saúde (MS) para atenção integral ao usuário de álcool e outras drogas, de 2003, é a
diretriz principal para lidar com a problemática da dependência química, a qual admite que
o uso e abuso de álcool e outras drogas é um grave problema de saúde pública. Ainda que
existam políticas e leis sobre drogas no Brasil, as mesmas ainda são ineficazes. Estudos
mostram que há escassez nos serviços oferecidos, inadequação na forma de conduzir o
tratamento, preconceito e falta de preparo dos profissionais que atuam nos serviços públicos
de saúde, tanto gerais, quanto voltados para a dependência química. Em 2012, a portaria
n°121, publicada pelo Ministério da Saúde institui as Unidades de Acolhimento (UA) que se
caracteriza como uma residência temporária cujo objetivo é oferecer acolhimento voluntário
e cuidados contínuos para pessoas com necessidades decorrentes do uso de Crack, álcool
e outras drogas, com funcionamento durante 24 horas. Conforme preconiza a portaria, as
UA’s tem o papel de garantir os direitos de moradia, educação e convivência familiar e social
durante um período de até seis meses. O objetivo deste estudo foi analisar o impacto da
casa de acolhimento na vida dos usuários, o que definimos como objetivo do nosso estudo.
Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa e enfoque fenomenológico, realizado
em uma Organização Não governamental com estruturação semelhante ao de uma UA,
intitulada Casa Azul. Um questionário contendo 03 questões norteadoras foi aplicado aos
dependentes químicos inscritos no serviço. As entrevistas foram gravadas e transcritas para
análise de conteúdo e, após sua realização, os discursos confluíram para três categorias
que vêm revelar o sentido dado à Casa Azul pelos usuários: 1) A Casa Azul enquanto opção
de refúgio para o uso das drogas; 2) O acolhimento e demais aspectos relevantes enquanto
estratégias no incentivo para o tratamento de dependentes químicos; 3) A Espiritualidade e
seu papel coadjuvante na condução do tratamento. Ao refletirmos sobre esses significados,
nos deparamos com uma opção de ingresso no tratamento onde o dependente químico é
assistido de forma acolhedora, fazendo com que se sinta parte do tratamento, ciente de
que a Casa Azul é um local de passagem, um momento onde dúvidas e expectativas estão
afloradas em relação ao tratamento ao qual irão ingressar. Ressaltamos que lugares como
a Casa Azul são relevantes no manejo com o dependente químico, pois é ali o local onde
eles passam por um processo de desmarginalização e iniciam a construção do seu projeto
terapêutico em comunhão com os demais usuários.

Palavras-chave: Usuários de drogas; Tratamento; Políticas públicas de saúde


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

329
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS E BEM ESTAR SUBJETIVO

Yudi Frazão Hatanaka (Discente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Estadual


Paulista – UNESP), Meire Luci da Silva* (Professora Assistente Doutora do curso de Terapia
Ocupacional da Universidade Estadual Paulista – UNESP).

O uso abusivo de substâncias psicoativas caracteriza-se como um grave problema de


saúde pública de ordem mundial. Os usuários de substâncias psicoativas podem apresentar
comprometimentos nas funções cognitivas, emotivas e comportamentais, acarretando
prejuízos em seu bem-estar subjetivo e insatisfação para com a vida, apresentando
dificuldades em suas relações interpessoais e também em lidar com as situações
cotidianas. O comprometimento do bem-estar subjetivo pode ser considerado um fator de
risco significativo, uma vez que poderá levar indiretamente o indivíduo ao uso abusivo da
substância, bem como a manutenção do mesmo. No caso de usuários de substâncias em
tratamento, este comprometimento no bem estar subjetivo poderá contribuir para recaídas,
interferindo diretamente na adesão ao tratamento, bem como na sua qualidade de vida.
Caracterizar o bem-estar subjetivo de dependentes químicos em tratamento em um Centro
de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas de uma cidade do interior paulista. Participaram
desta pesquisa 35 dependentes químicos, usuários de múltiplas substâncias psicoativas.
Para coleta de dados foi aplicado a Escala de Bem-Estar Subjetivo (EBES) e a análise dos
dados foi realizada através de protocolo estabelecido pelo instrumento e categorizados em:
afetos positivos, afetos negativos e satisfação com a vida. De acordo com o instrumento
os resultados variaram de 1 a 5 sendo 3 o valor de corte estipulado. A presença de afetos
positivos como: alegria, disposição, engajamento, entusiasmo e segurança foi constatada
através da média grupal de 3,5. Os resultados apontaram pouca presença de afetos
negativos como: angústia, ansiedade e tensão, sendo a média grupal de 1,96. Em relação
à satisfação com a vida, a média foi de 2,85 indicando moderada satisfação com a vida.
Pressupõe-se que os usuários em tratamento da dependência química encontram-se no
processo de fortalecimento de estratégias de enfrentamento de situações de risco e de
situações cotidianas, uma vez que apresentaram um predomínio dos afetos positivos e
satisfação com a vida moderados, já que estes se encontram em fase de reconstrução
de sua identidade, de seus valores, de seus relacionamentos, aumentando assim sua
autoestima e contribuindo para o bem estar subjetivo.

Palavras-chave: Terapia Ocupacional; Transtorno relacionado ao uso de substância; Bem-


estar subjetivo.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

330
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS E HABILIDADES SOCIAIS

Yudi Frazão Hatanaka (Discente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Estadual


Paulista – UNESP), Meire Luci da Silva* (Professora Assistente Doutora do curso de Terapia
Ocupacional da Universidade Estadual Paulista – UNESP).

Habilidades sociais são classes de comportamentos que existem no repertório do


indivíduo que compõem um repertório socialmente competente. A dependência química
é um complexo de fenômenos fisiológicos, cognitivos e comportamentais que se instalam
no indivíduo após o consumo de uma determinada substância psicoativa, resultando,
geralmente em tolerância, fissura e abstinência, e que poderá levar ao uso abusivo ou
nocivo da substância psicoativa. A literatura aponta para possível associação entre déficits
em habilidades sociais e o uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas. Evidencia
baixa competência social do indivíduo no enfrentamento de situações de risco ligadas a
autoestima, a resoluções de situações de conflitos interpessoais e, no dia a dia, ao próprio
enfrentamento no consumo da substância psicoativa. Avaliar as habilidades sociais de
dependentes químicos em tratamento no Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e
Drogas em uma cidade do interior paulista. Foi aplicado o Inventário de Habilidades Sociais
em 35 dependentes de diversas substâncias psicoativas. Para análise dos dados foi
utilizado o protocolo de análise estabelecido pelo instrumento, além de estatística descritiva
através de cálculos de posição, de dispersão e percentual. A média dos escores totais geral
do grupo foi de 94,03, classificada como bom repertório, porém a análise individual aponta
que 42,85% (15) dos participantes apresentaram repertório abaixo da média, 34,28% (12)
bom repertório, e somente 22,85% (8) repertório elaborado. Em relação aos resultados dos
escores fatoriais, o Fator 1 relacionado a habilidades de enfrentamento e autoafirmação com
risco apresentaram 48,6% (17) repertório abaixo da média. Seguido do Fator 2 referente a
habilidades de autoafirmação na expressão de afeto positivo com 38,3% (12). A natureza
da presente pesquisa não permitiu inferências de causa e efeito, mas acredita-se que o fato
das habilidades sociais dos participantes terem sido classificadas com bom repertório esteja
atrelado ao tratamento oferecido pelo serviço, fator que contribui para o desenvolvimento
e prática das habilidades sociais. Foi significativo o número de indivíduos com repertório
abaixo da média, principalmente relacionados aos escores fatoriais das habilidades de
enfrentamento e autoafirmação com risco, fato este que pode estar relacionado ao alto
índice de recaídas e abandono de tratamento. Os resultados apontam para a importância da
aplicação de instrumentos de avaliação de habilidades sociais nos primeiros atendimentos,
pois pode contribuir na elaboração, delineamento e implantação de intervenções específicas
baseadas em programa de treinamento de habilidades sociais, como fator de enfrentamento
à situações de riscos e suporte de proteção à recaídas. Ressalta-se que não foi objetivo
da pesquisa estabelecer uma relação entre habilidades sociais e substâncias psicoativas
específicas.

Palavras-chave: Terapia ocupacional; Dependência química; Habilidades sociais.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

331
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

USO DE TABACO E ÁLCOOL ENTRE ADOLESCENTES DE ENSINO MÉDIO EM


MUNICIPIO DA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ

Gabriela Ramos Furman* (Universidade Estadual de Maringá), Débora Cristina Martins


Barbosa (Universidade Estadual de Maringá), Bruno Maschio Neto (Universidade Estadual
de Maringá), Carlos Alexandre Molena Fernandes (Universidade Estadual de Maringá),
Ieda Higarashi (Universidade Estadual de Maringá).

A adolescência, período compreendido entre os 10 e os 19 anos, 11 meses e 29 dias, por ser


uma fase envolta em mudanças biopsicossociais, cognitivas e comportamentais, remete os
adolescentes a múltiplas tensões. Essa fase de transição promove o desenvolvimento de
suas capacidades, permitindo que experimentem novos tipos de comportamentos, dentre
estes, podem ser inseridos o uso de tabaco e álcool. Diante deste contexto, este estudo
teve como objetivo identificar o consumo de tabaco e álcool entre adolescentes do Ensino
Médio, em município da região Noroeste do Paraná. O estudo foi desenvolvido por meio de
delineamento transversal, após a aprovação do Comitê Permanente de Ética em Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá (parecer n.353.552),
seguindo os critérios estabelecidos pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
Foram selecionadas as cinco maiores escolas da rede estadual do Município de Paranavaí/
PR. Os estudantes que participaram do estudo estavam matriculados no 1º, 2º e 3º anos
do ensino médio. Foram avaliados 380 alunos, sendo 206 do gênero feminino e 174 do
gênero masculino, com a faixa etária entre 14 e 19 anos, distribuídos por cor da pele Branca
e Não Branca. Percebeu-se que o gênero masculino experimentou mais tabaco quando
comparado ao feminino, com índice de 20,11%. Quanto a experimentar bebidas alcoólicas,
o gênero feminino superou o masculino com 71,84%. A média de idade de primeiro contato
com ambas as substâncias ficou em 13 anos. Ao comparar a cor da pele, a amostra se
mostrou homogênea ao uso de tabaco e álcool. A partir deste estudo foi possível identificar
a experimentação de tabaco e álcool entre escolares, com diferenciação entre gêneros.
Salienta-se a importância de detectar precocemente os adolescentes mais vulneráveis,
permitindo que ações de prevenção ao abuso e dependência dessas substâncias sejam
desenvolvidas, tanto por profissionais de saúde, quanto pela família e educadores.

Palavras-chave: Adolescente; Escolares; Tabaco; Consumo de Bebidas Alcoólicas.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

332
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

USO DE TECNOLOGIAS NO SUPORTE PÓS-CURSO AOS PROFISSIONAIS CAPACI-


TADOS PELO CURSO SUPERA

Autores: Raphaela da Cunha Bacellar Veiga Garcia* (Universidade Federal de São Paulo),
Helton Alves de Lima (Universidade Federal de São Paulo), Ana Paula Leal Carneiro (Uni-
versidade Federal de São Paulo), Yone Gonçalves de Moura (Universidade Federal de São
Paulo) e Maria Lucia Oliveira Souza-Formigoni (Universidade Federal de São Paulo)

O suporte pós-curso é oferecido como etapa complementar à capacitação promovida pelo


curso SUPERA, visando apoiar os profissionais que atuam junto aos usuários de subs-
tâncias. Este relato tem por objetivo descrever o uso das tecnologias leves, leves-duras e
duras utilizadas neste processo de apoio aos profissionais. Segundo Mehry o conceito de
tecnologia não se limita aos instrumentos ou materiais de trabalho, mas abrange também
os saberes que operam para organizar as ações humanas e inter-humanas nos diferentes
processos produtivos dos serviços de saúde. As tecnologias duras referem-se ao uso de
equipamentos e instrumentos; as leve-duras referem-se à utilização dos conhecimentos
organizados que direcionam o trabalho (ex: protocolos, artigos, livros, materiais didáticos)
e as tecnologias leves, que representam as relações de interação e subjetividade, visando
produzir acolhimento, vínculo, responsabilização e autonomização. No caso do acompa-
nhamento pós-curso as tecnologias estão presentes em todos os processos de trabalho,
desde os recursos tecnológicos utilizados (internet, moodle, facebook, telefone, e-mail,
etc.), recursos didáticos (material do curso SUPERA e materiais adicionais, como artigos
científicos) e, por fim, o estabelecimento de relações colaborativas, incluindo-se aqui o aco-
lhimento, o estabelecimento de vínculo e a responsabilização; a mobilização do protagonis-
mo do profissional; a identificação do problema apresentado, considerando o contexto de
inserção e os saberes prévios do profissional; o acompanhamento e a construção conjunta
de soluções como condutores do processo de apoio. As tecnologias duras, apoiadas pela
articulação de tecnologias de informação e comunicação (TICs), facilitam a perspectiva
pedagógica do apoio e incluem ferramentas como: o arquivamento em nuvem de materiais
didáticos (Dropbox e Drive/Gmail); as tecnologias para envio e recebimento de mensagens
(e-mail) e o contato telefônico, tecnologias de comunicação e interação social (Facebook)
e tecnologias de ensino à distância baseada em software livre (Moodle). Estas ferramentas
permitem disseminar informações, facilitar o contato frequente com os profissionais e a in-
teração coletiva (equipe-profissional-profissional) por meio de fóruns temáticos. Constatou-
se que, através da construção colaborativa do processo de apoio, utilizando as diferentes
tecnologias, foi possível qualificar as práticas dos profissionais junto às populações atendi-
das, suas equipes de trabalho e suas redes articuladoras, gerando multiplicadores de co-
nhecimento quanto às abordagens e intervenções para usuários de álcool e outras drogas.

Palavras-chaves: Apoio; Suporte; Tecnologia; Capacitação profissional; Uso de drogas.


Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial
Modalidade de Apresentação: Comunicação oral
Tipo de trabalho: Relato de experiência

333
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

UBERLÂNDIA ACOLHEDORA - ESPAÇO DE PROMOÇÃO DE DIREITOS DE CIDADANIA

Edna Mara Mendonça* (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em


Saúde\ Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas), Raíssa Lima de Novais* (Fundação
para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde\ Secretaria Nacional de Políticas
Sobre Drogas)

O projeto, intitulado Uberlândia Acolhedora, em andamento na cidade Uberlândia – MG,


inspirado no “Projeto de braços abertos” da prefeitura de São Paulo, é financiado pela
Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (SENAD). Esse projeto contempla o
desenvolvimento de ações de promoção de moradia, de acesso ao trabalho, de escolarização,
de formação/qualificação profissional, articuladas com atividades de esportes, de cultura e
de lazer, em parceria com instituições vinculadas à saúde, à educação, ao desenvolvimento
social, à cultura, ao esporte e ao lazer, com a finalidade de contribuir para a garantia de
direitos de cidadania às pessoas que fazem uso problemático de drogas, o fortalecimento
da autonomia e o aumento do poder de contratualização social, que operam como
propulsores de visibilidade e inclusão. O público almejado são 20 pessoas, em condição
de alta vulnerabilidade individual e social, em situação de rua, e que fazem uso abusivo de
drogas. As ações do projeto articulam qualificação em construção civil, trabalho e geração
de renda, por meio da aprendizagem e produção de tijolos ecológicos, segurança alimentar
e moradia, e, por conseguinte possibilitam inclusão social. O desenho da metodologia tem
como pressupostos a baixa exigência de escolaridade e flexibilidade de horário e apoia-se
nas elaborações teóricas sobre pessoas que fazem uso abusivo de drogas e direitos de
cidadania. (BENEVIDES, 1991) Para a seleção dos participantes, foi construído um grupo
Intersetorial, apoiado pela articulação local do “Projeto Redes” da SENAD; este grupo foi
responsável por determinar, junto aos usuários dos serviços da assistência social e da saúde,
as áreas de atuação do projeto, selecionar os beneficiários e por garantir a negociação com
estas pessoas. O grupo selecionado será escutado e atendido em suas demandas acerca
de educação, saúde, assistência social, esporte, lazer e cultura, e vivenciará processos de
capacitação para produção e venda de tijolos ecológicos.

Palavras-chave: Formação profissional; Trabalho. Moradia; Uso abusivo de drogas.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de Apresentação: Pôster
Tipo de Trabalho: Relato de Experiência

334
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

VIOLÊNCIA E DROGAS NO COTIDIANO DE ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO


INSTITUCIONALIZADAS

Débora Regina Bell’Aver (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Andrea Ruzzi-


Pereira* (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Érika Renata Trevisan (Universidade
Federal do Triângulo Mineiro), Paulo Estevão Pereira (Universidade Federal do Triângulo
Mineiro).

A adolescência, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, corresponde a faixa


etária dos 12 aos 18 anos de idade, sendo esta uma fase de mudanças físicas, psíquicas e
sociais significativas. A violência, cometida contra os adolescentes, pode provocar diversas
mudanças no curso do desenvolvimento e aumentar a vulnerabilidade a alguns riscos
próprios dessa fase. A presente pesquisa teve como objetivo verificar como adolescentes
do sexo feminino percebem a violência em seu cotidiano e se relacionam alguma violência
sofrida por elas com o uso de drogas por elas ou pelo agressor. Trata-se de um estudo
qualitativo, de caráter exploratório e descritivo no qual participaram nove meninas com idade
entre 12 e 17 anos, sendo que quatro estavam internadas para tratamento da dependência
química e cinco abrigadas por medida de proteção, em duas instituições em Uberaba,
MG. Foi realizada uma entrevista, com roteiro elaborado pelas pesquisadoras, acerca de
violências sofridas, se havia relação entre a violência sofrida e o uso de droga por elas ou
pelo agressor, entre outras. O conteúdo das falas das participantes foi analisado de acordo
com a técnica de análise de conteúdo adaptada para pesquisas qualitativas, proposta por
Bardin, sendo agrupadas em duas categorias: percepções sobre a violência e a relação
de ser vítima de violência e o uso de substâncias psicoativas. Na primeira categoria foi
possível observar que a violência física e sexual são facilmente compreendidas por elas
como agressão, porém, as que não deixam marcas físicas, como a violência psicológica, já
não o é. O fato das adolescentes não terem total conhecimento sobre os tipos de violência
às quais estão vulneráveis dificulta a denúncia. As adolescentes que foram vítimas com
uma idade menor, ou por alguém da família tiveram mais dificuldade ou não relataram o fato
propriamente dito, apenas citaram. Com relação à segunda categoria, foi possível observar
que as adolescentes não relacionaram a violência e o uso de substâncias psicoativas,
mesmo quando isso ocorreu. Também não referem se tornarem agressoras sob o efeito das
drogas, nem usá-las para suportar alguma situação de violência ou ainda, não relacionando
o uso de substâncias psicoativas pelos agressores quando foram vítimas de violência. Porém
essas características foram observadas em algumas adolescentes, quando relataram fatos
como quando agressor e vítima estavam sob efeito de medicamentos. Nesse estudo, o
consumo de bebida foi a droga mais relatada pelas participantes. Com relação ao tipo de
violência, a mais frequente entre as adolescentes do estudo foi a violência física, a qual é
considerada um problema de saúde pública. Conclui-se que é necessário conscientizar não
só as adolescentes, mas toda a sociedade sobre o que é violência, além de aproximar a
associação desta com o uso de drogas, riscos e consequências, pois ser vítima pode levar
à retração, à exclusão, e até mesmo ao suicídio de quem sofre com esses atos.

Palavras-chave: Adolescência; Violência; Transtornos relacionados ao uso de substâncias.


Eixo temático: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

335
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

VISITA DOMICILIAR COMO ESTRATÉGIA DE AUXILIAR NA MOTIVAÇÃO DO ABAN-


DONO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Lívia Pires Leão de Freitas* (Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de


Fora), Beatriz Guedes Mattozo (Faculdade de Psicologia da Universidade Federal de Juiz
de Fora), Bryan da Silva Marques Cajado (Faculdade de Medicina da Universidade Federal
de Juiz de Fora), Camila Mariana de Paiva Reis (Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Juiz de Fora), Larissa Almeida Campos (Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Juiz de Fora), Maria Emília de Carvalho Faria (Faculdade de Enfermagem na
Universidade Federal de Juiz de Fora) Patrícia Barbosa (Faculdade de Serviço Social da
Universidade Federal de Juiz de Fora) , Vanessa Vieira da Motta (Faculdade de Enfermagem
da Universidade Federal de Juiz de Fora), Isabel Cristina Gonçalves Leite ( Departamento
de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora)

A visita domiciliar (VD) é um instrumento de assistência à saúde utilizado na Estratégia


de Saúde da Família, tendo como finalidade: educar, orientar e auxiliar na resolução de
conflitos familiares. Além de atuar diretamente na assistência ao dependente químico,
a VD possibilita mudanças positivas também no contexto familiar. Ao mesmo tempo em
que o paciente é auxiliado na manutenção da abstinência, dos laços familiares e sociais,
no aumento da motivação e frequência ao tratamento, além da reinserção no mercado
de trabalho, os seus familiares podem melhor compreender as especificidades da
dependência química e participar mais ativamente do tratamento do usuário. A experiência
aqui apresentada, objetiva compreender a complexa realidade vivenciada pelo usuário da
comunidade atendida e evidenciar as intervenções realizadas pelos acadêmicos do projeto
de extensão “Integração: saber e fazer a promoção de saúde” da Universidade Federal
de Juiz de Fora, mediante as demandas apresentadas. A equipe multidisciplinar conta
com acadêmicos das áreas de: Enfermagem, Medicina, Odontologia, Psicologia e Serviço
Social. O caso aqui relatado ocorreu através de VD com frequência mensal à moradia de um
usuário de crack que residia com a mãe e o irmão em um bairro periférico da cidade de Juiz
de Fora. Seu acompanhamento foi feito desde o processo de internação até sua reinserção
no convívio social. A primeira visita apontou as condições gerais da família e do usuário
João, nome fictício, de 29 anos, portador de déficit intelectual e uso de crack com início
há 3 anos. Internado diversas vezes, conforme relato da mãe, no momento encontrava-
se acompanhado irregularmente em um CAPS-AD da cidade, por não ter boa adesão ao
tratamento. Faz uso de carbamazepina, clorpromazepina e aldol regularmente. A mãe no
dia anterior à visita havia conseguido uma declaração para internação compulsória do filho
no CAPS-AD/JF. Orientamos que a mesma procurasse também assistência psicológica
nos grupos de apoio disponíveis município e a mesma foi acolhida no NAR-ANON. Em
nova visita (30 dias depois), observamos melhora aparente no comportamento social de
João que interagiu sem apresentar os sinais de agitação identificados na última visita.
Encontrava-se em abstinência, motivado ao abandono total do vício e acompanhado pelo
CAPS São Mateus HU-UFJF. Em terceira visita (3 meses depois) ele estava trabalhando
como auxiliar de pedreiro e contribuindo com as despesas familiares. Acredita-se que
experiência acadêmica da abordagem multidisciplinar, vivenciada nas visitas domiciliares,
assume o papel de regularizador da assistência ao dependente químico à medida que atua
de forma a orientar sobre os caminhos a serem seguidos na rede do SUS desde o processo
de internação até o processo de manutenção da abstinência no acompanhamento nos
CAPS. A abordagem multidisciplinar possibilita ainda, troca de conhecimentos entre os
acadêmicos e consequente melhoria na assistência ao paciente em recuperação.

Palavras-chave: Estratégia saúde da família; Visita domiciliar; Usuários de drogas.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência
336
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

LEVANTAMENTO E PROBLEMATIZAÇÃO DE PRODUÇÕES SOBRE MULHERES E


CRACK EM UMA BIBLIOTECA ELETRÔNICA

Maria Eduarda Freitas Moraes* (Universidade Federal de Santa Maria), Adriane Roso
(Universidade Federal de Santa Maria), Michele Pivetta de Lara (Universidade Federal de
Santa Maria), Letícia Dalla Costa (Universidade Federal de Santa Maria).

O uso de crack não é uma situação nova no Brasil. Existem registros da aparição da droga
que indicam que ele começou a ser transportado e consumido no Brasil no final da década
1980 e início da década de 1990. O interesse do trabalho é identificar produções científicas
sobre crack que envolvam especificamente mulheres. A relevância de estudar mulheres
e sua relação com o crack consiste no lugar próprio dessa população na sociedade que,
muitas vezes submetidas ao mesmo tratamento que os homens, acabam por ter seus
interesses tomados de forma secundária ou não tendo especificidades contempladas.
Como objetivo secundário, nos propomos a investigar se os artigos sustentam suas
análises na categoria gênero (categoria que nos permite analisar relações na nossa
sociedade entre mulheres/homens, mulheres/mulheres e homens/homens, buscando mais
equidade nessas relações), enfocando as relações de gênero entre mulheres e homens.
Para tanto, buscamos a produção de artigos na biblioteca eletrônica SciELO (www.scielo.
br). Utilizamos a ferramenta “pesquisa de artigos” e os termos “mulheres” e “crack” com o
boleano “and” para buscar produções que tratassem de ambos termos. A opção de busca
no campo escolhida foi “Todos os índices”. O levantamento foi realizado em julho de 2015.
Foram 18 artigos encontrados. Os critérios de exclusão no levantamento foram: não ter
uma abordagem psicossocial; não tratar de fato dos nossos temas de pesquisa, mulheres e
crack, em nenhum momento do artigo. A partir disso, 2 artigos foram excluídos, restando 16
artigos para análise. Então, foi montada um quadro com os seguintes itens: título; campo de
atuação dos autores; método; palavras-chave; local de pesquisa; se a pesquisa contempla
mulheres de forma específica, e se envolvem a categoria de análise “gênero”. Para entender
se esta categoria analítica era contemplada, avaliamos se buscavam desconstruir algum
estereótipo de gênero, abordavam as iniquidades que existem entre mulheres e homens ou
questionavam alguns dos ideais que a sociedade tem em relação às mulheres. Conforme os
achados, 11 artigos abordavam as mulheres de forma específica. Em 8 foram entrevistadas
apenas mulheres. Os demais artigos não tinham como proposta da pesquisa trabalhar
especificamente com mulheres. Quanto à categoria gênero, constatamos em apenas 3
artigos. Um deles não teve o objetivo de trabalhar questões referentes às mulheres mas
pode-se perceber a categoria como norteador do trabalho, visto que questiona estereótipos
de gênero. Diante do exposto, consideramos que novos investimentos em pesquisa e
publicação na biblioteca eletrônica Scielo, problematizando a questão das drogas a partir
da categoria gênero, devem ser feitos. Consideramos a categoria gênero como essencial
para descontruir os discursos que calcificam “verdades” e contribuem para o sofrimento
psíquico.

Palavras-chave: Mulheres; Crack; Saúde; Estudos de gênero.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação:Pôster
Tipo de trabalho:Relato de Pesquisa

337
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

REVISÃO SISTEMÁTICA DE INTERVENÇÕES POR COMPUTADOR PARA USUÁRIOS


DE DROGAS

Mariana Figueira Lopes Cançado* (Universidade Federal de Juiz de Fora), Andressa Bian-
chi Gumier (Universidade Federal de Juiz de Fora), Bianca Aparecida Ribeiro Singulane
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Ana Paula Fernandes Torres (Universidade Fede-
ral de Juiz de Fora), Jéssyca Mirella Ribeiro de Amorim (Universidade Federal de Juiz de
Fora), Nathálya Soares Ribeiro (Universidade Federal de Juiz de Fora ) & Laisa Marcorela
Andreoli Sartes (Universidade Federal de Juiz de Fora)
Apoio: CNPq Universal (nº 445896/2014-0), BIC/UFJF (nº 552452/2011-4 e 552452/2011-4)

Os transtornos relacionados ao consumo de drogas evidenciam um problema de saúde


pública em muitos países, inclusive no Brasil. O relatório brasileiro sobre drogas (Duarte,
Stempliuk & Barroso, 2009) evidencia com alguns dados os impactos e custos sociais de-
vido ao uso de substâncias. O uso de drogas está relacionado as contaminações de HIV
e hepatites virais por usuários de drogas injetáveis, as internações consequentes do uso
de drogas no SUS entre outras consequências. O Centro Brasileiro de Informações sobre
Drogas realizou dois levantamentos sobre o uso de drogas psicotrópicas. Nestes estudos
foi observado que houve um aumento na porcentagem de pessoas que já usaram qualquer
droga em algum momento da vida (Carlini et al. 2007). Porém, mesmo com o aumento do
consumo de substâncias no Brasil, há lacunas na oferta de tratamento especializado para
os usuários de drogas (Duarte et al. 2009), além de obstáculos ao tratamento como horá-
rio de funcionamento dos centros de tratamento, deslocamento e estigma associado ao
usuário (Corrigan, 2004; Brown et al., 2009; Schaub et al., 2013). Perante estas lacunas, os
tratamentos por internet ou computadorizados podem facilitar o acesso à intervenções. Po-
rém, não foram encontradas investigações no país sobre este recurso para esta população
específica. Esta revisão sistemática da literatura possui como objetivo analisar de forma
exploratória os relatos sobre intervenções terapêuticas por computador para os usuários de
substâncias psicoativas ilícitas e identificar os principais indicadores bibliométricos. A busca
de artigos foi realizada nos bancos de dados da PubMed, PsychInfo, Scielo e Lilacs, porém
foram encontrados artigos apenas nos dois primeiros.Foram incluídos artigos de estudos
empíricos sobre intervenções realizadas por computador para usuários de substâncias ilí-
citas publicados entre janeiro de 2004 e outubro de 2014. Foi feita a descrição dos indica-
dores bibliométricos de autoria, idioma, local de publicação, periódico e ano de publicação.
Após esta etapa foram selecionados 7 artigos para análise, a qual foi realizada por pares.
Os programas propostos foram dirigidos principalmente a usuários de maconha, cocaína e
opióides, resultado esperado uma vez que estas são as drogas ilícitas mais consumidas.
As abordagens teóricas mais utilizadas nas intervenções foram Entrevista Motivacional,
Prevenção de Recaída, Community Reinforcement Approach e Terapia Cognitivo Compor-
tamental. Percebeu-se que houve muita diferença entre os artigos, tornando difícil uma
comparação entre os mesmos. Todos os estudos foram dirigidos para adultos e nenhum
para população especificamente jovem. Mesmo com tal limitação, os resultados encontra-
dos podem ser promissores como uma alternativa de tratamento para usuários de drogas
ilícitas além de indicar a possibilidade de novos estudos para a área.

Eixo temático: Atenção, reinserção social e redução de danos


Modalidade de apresentação: Comunicação oral
Tipo de trabalho: relato de pesquisa

338
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

PROTEÇÃO AO USO DE DROGAS: ESTUDO EM UMA COMUNIDADE VULNERÁVEL

Embora exista um número expressivo de estudos que contemplem fatores de risco ao uso
de drogas, há escassez daqueles que discutem os fatores de proteção, especialmente
no Brasil. O objetivo do presente estudo foi analisar os fatores para proteção ao uso de
drogas de abuso em famílias de uma comunidade com indicadores elevados de violência
associados às drogas, com vistas a refletir sobre políticas de prevenção. Pesquisa
descritiva e transversal, utilizando inquérito domiciliar e amostragem intencional por cadeia
de referência, a partir de uma sequência de referências fornecidas pelos moradores de um
bairro considerado da periferia do município de Maringá - Paraná. Foram entrevistados 90
moradores, com utilização de um roteiro de entrevista semi-estruturado, complementado
por um roteiro de observação da comunidade. A coleta de dados foi realizada no período de
julho a setembro de 2014. Os dados foram compilados em planilha eletrônica no Microsoft
Office Excel 10.0 e foram importados para o Statistical Software Analisys, processamento
e análise dos dados. Todos os preceitos éticos foram obedecidos e os participantes da
pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os entrevistados
possuíam idade média de 50,5 anos, 77 (85,5%) eram do sexo feminino, e 53 (58,9%)
eram casados, com predominância do ensino fundamental incompleto como escolaridade -
55 (62%). O tempo médio de residência na comunidade foi de 10,5 anos, acompanhada de
reconhecimento da vizinhança, 58 (64,4%) entrevistados disseram que o uso de drogas por
pessoas da vizinhança não interferia na vida pessoal; e 81 (90%) afirmaram que “poderiam
contar com os vizinhos”, confirmando a inserção/participação de uma rede social de
confiança na comunidade. Como fatores protetores para o não uso de drogas as relações
intrafamiliares e a religiosidade, foram os principais aspectos considerados, onde 84 (93,3%)
dos entrevistados afirmaram ter religião. Em referência às relações intrafamiliares, foi citado
o modo de educação familiar, o espelhamentos nos pais e o diálogo, no sentido de conversar
e orientar sobre droga. Com relação as redes de apoio às famílias, consideradas indutoras
de proteção, os entrevistados apontaram: 84 (94%) relataram atividades na comunidade,
como grupos de estudos e atividades na igreja; a procedência dos amigos era do próprio
bairro - referido por 67 (74,4%), seguido por amizades na igreja 38 (42,2%); os próprios
familiares da família extensa 24 (26,6%). Os dados permitem refletir sobre políticas de
prevenção para os problemas relacionados ao uso de drogas em nosso país e em nossas
comunidades e pautar o desenvolvimento de ações que contemplem as necessidades de
saúde loco-regionais para o enfrentamento à epidemia das drogas de abuso.

Palavras-chave: Drogas de abuso; Proteção; Apoio social; Populações vulneráveis;


Enfermagem em saúde pública.
Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

339
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

RECONHECENDO O CONTEXTO FAMILIAR DE USUÁRIOS DE DROGAS A PARTIR DA


INVESTIGAÇÃO DE EVENTOS SENTINELAS

Os poucos estudos no Brasil que avaliam as famílias de usuários de drogas demonstram


evidências consistentes do impacto causado particularmente aos familiares mais próximos.
Considerando a investigação de eventos sentinela como um método inovador de vigilância
epidemiológica e monitoramento locorregional dos efeitos sociosanitários das drogas de
abuso na saúde da população, o objetivo desta pesquisa foi analisar o contexto familiar de
jovens após a internação hospitalar com diagnóstico médico de efeitos secundários do uso de
drogas de abuso. O estudo constitui-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, utilizando
a investigação do evento sentinela internação hospitalar de jovens com diagnóstico médico
de efeitos secundários do uso de drogas de abuso como ferramenta para acessar a família
do usuário de drogas. Foram investigados sete eventos sentinela - independentes de sexo,
com idades entre dez e 24 anos, mas com vínculo familiar, moradia definitiva e residente no
município de Maringá- Paraná, notificados ao Centro de Controle de Intoxicações, do Hospital
Universitário Regional de Maringá, e um familiar de cada jovem, eleito pela família como
informante-chave. Utilizou-se análise documental, da Ficha de Ocorrência Toxicológica de
Intoxicação Alcoólica e/ou outras Drogas de Abuso e do prontuário do jovem, e entrevista
domiciliar com o familiar. A faixa etária dos jovens variou entre 16 e 23 anos, porém não
reflete a idade de iniciação do uso de drogas - em um dos casos o jovem apresentava 17
anos, e havia iniciado o uso de drogas aos 13 anos de idade. Encontrou-se uso associado
de múltiplas drogas - álcool, crack, e maconha. Dos sete jovens, apenas um continuava
estudando, embora o nível de escolaridade não fosse compatível com a idade. Das quatro
jovens, três eram multíparas e começaram a ter filhos com idade entre 15 e 17 anos, sendo
que duas dessas jovens, aos 22 anos tinham quatro filhos, e todas abandonaram os estudos.
Em uma família encontrou-se envolvimento do jovem com tráfico de drogas e abuso de
drogas dentro do próprio domicílio. Quanto ao relacionamento intrafamiliar das sete famílias
entrevistadas, seis relataram relacionamento conflitante entre os membros, e a ocorrência
de violência intrafamiliar foi referida por cinco familiares, com relato de episódios recorrentes
de agressão física intradomiciliar. Encontrou-se comportamento aditivo familiar em cinco
famílias. Evidenciaram-se, nos casos investigados, iniciação precoce do uso de drogas, uso
associado de múltiplas drogas, evasão escolar, gravidez precoce, envolvimento do jovem
com o tráfico, rompimento dos vínculos relacionais na família, e comportamento aditivo. A
investigação permitiu acessar casos graves de jovens usuários de drogas em situação de
vulnerabilidade, e famílias com comprometimento em diversas esferas, passíveis de ações
de políticas públicas.

Palavras-chave: Drogas de abuso; Relações familiares; Juventude; Vigilância de Evento


Sentinela.
Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Pesquisa.

340
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

USO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO COM O ÓBITO (44)

O uso de drogas é considerado um grave problema social e de saúde pública em todo o


mundo e constitui fator de risco para traumas e agravos decorrentes de violências, para
doenças crônicas não transmissíveis, e perdas funcionais temporárias e permanentes. O
objetivo do estudo foi caracterizar o perfil de usuários de drogas notificados a um centro de
informação e assistência toxicológica da região Noroeste do Paraná e relacionar à ocorrência
de óbitos. Estudo descritivo e transversal, com casos notificados no biênio 2010-2011. Os
dados foram compilados das fichas epidemiológicas de ocorrência toxicológica, arquivadas
no centro, e submetidos à análise estatística univariada, com teste qui quadrado. Encontrou-
se 339 casos, a maioria homens (87,3%), com nível de escolaridade fundamental (61,0%) e
faixa etária de 60 anos ou mais (37,2%). A droga mais consumida foi o álcool (83,8%), e a
maioria apresentava intoxicação alcoólica crônica (89,9%). A análise estatística demonstrou
associação estatisticamente significativa entre o uso de bebida alcoólica e a ocorrência
de óbitos. Verificou-se predomínio de quedas (12,4%) e agressão física (12,4%), porém
a maior letalidade estava relacionada aos casos de ferimento por arma branca e arma de
fogo (p<0,05), com proporção de um óbito para cada internação. Cirrose hepática (33,3%)
e varizes esofagianas sangrantes (30,1%), foram responsáveis por mais da metade dos
casos de óbito, com associação significativa entre óbito e o diagnóstico médico de cirrose
hepática (p= 0,01). A maioria dos indivíduos (63,1%) permaneceu internada por período de
até dez dias, e o setor de internação mais frequente foi a unidade de atenção às urgências
(67,0%), embora fosse encontrado número elevado de internações em unidade de terapia
intensiva (15,6%), onde ocorreu a maioria dos óbitos (53,5%). Observou-se associação
significativa entre a ocorrência de óbitos e internações de curtas permanência e em unidade
de atenção às urgências, sendo que esta associação foi no sentido de proteção (p= 0,0).
Os óbitos foram associados ao tempo de internação prolongado (≥21 dias) e internação em
unidade de terapia intensiva. Apesar de ser um estudo documental, os dados apresentados
reforçam que o consumo de drogas de abuso influencia a morbimortalidade, principalmente
em homens, na faixa etária de 60 anos ou mais e com menor nível de escolaridade. A
mortalidade teve correlação significativa com o uso de álcool, com os ferimentos por arma
branca e arma de fogo, e cirrose hepática, internação prolongada, e internamento em
unidade de terapia intensiva.

Palavras-chave: Drogas de abuso; Relações familiares; Morte.


Eixo: Promoção da Saúde e Prevenção do Uso Prejudicial.
Modalidade de apresentação: Pôster.
Tipo de trabalho: Pesquisa.

341
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

OFICINA DE VIVÊNCIAS DO COTIDIANO: INFORMAR E ENFORMAR PARA


REINVENTAR

Introdução: A vida humana, diferentemente da vida animal, depende da invenção que se


dá no cotidiano da existência. No atual contexto da saúde mental, uma das prioridades no
trabalho com usuários de álcool e outras drogas tem sido a reabilitação psicossocial, pela
interação social com a cidade e seus habitantes ou pela valorização de sua obra como
mercadoria de consumo, capaz de lhe criar nomeação e sustento. As oficinas passam a
ser entendidas como dispositivo clínico que se utiliza de suas estratégias de intervenção
terapêutica para viabilizar os vínculos familiares e sociais, bem como, sua reinserção no
mercado de trabalho. Surge então a necessidade da informação para promover formas de
se autogerir na convivência e na abertura de uma nova condição de cidadania que nomeie
e represente o sujeito em outro contexto social Objetivo: Objetivando produzir saúde e
aumentar a autonomia perante a família e comunidade, é que se buscou possibilitar a
construção e invenção de novas perspectivas de vida e subjetividade. Metodologia. Refere-
se a uma oficina onde se prioriza a utilização de dispositivos que, a partir da escuta, resgata
e valoriza saberes dos usuários e de seus familiares, sendo compartilhados, através das
várias vivências, na área da gastronomia. Os profissionais coordenam a oficina, que
acontece semanalmente, e facilitam para que a cada semana, de forma revezada, cada
usuário compartilhe o seu conhecimento com os colegas. Também são realizadas vivências
no que se refere ao planejamento de cada oficina. Nessas ocasiões, além de serem
considerados os custos e possibilidades de lucros, são realizadas trocas de ideias entre
todos, visando explorar as diversas formas de se utilizar a aplicação do recurso vivenciado
na vida cotidiana. Os produtos são comercializados com a finalidade de autossustentar a
oficina, que acontece no refeitório e cozinha do CAPS-ad III Vitória; o que também serve
de parâmetro aos participantes. Resultados: Observa-se, a partir da responsabilização
e coparticipação nas oficinas, uma melhora da autoestima, que se revela nas iniciativas
voltadas para gerar sua própria renda e vida; promovendo a reinserção social e recuperação
da cidadania. Considerações finais: A Oficina de Vivências do Cotidiano, ao valorizar o
saber do sujeito, o coloca como protagonista, e aponta novas formas de pensar e gerir a
vida. O protagonismo atinge seu auge no momento do compartilhar e executar as receitas,
e, principalmente diante da grande aceitação dos demais usuários, que sinalizam que é
possível realizar as atividades fora do serviço e gerar renda.

Palavras-chave: Saúde Mental; Geração de renda; Reinserção social; Protagonismo.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

342
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

OS DESAFIOS DO CUIDADO: O COTIDIANO DE UM CENTRO DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL ALCOOL E OUTRAS DROGAS III E OS MODOS DE FAZER O
ACOLHIMENTO 24H

Introdução: A peculiaridade de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III


é ofertar um serviço de permanência 24 horas na qual o sujeito usuário de substâncias
psicoativas com padrão abusivo e dependente em situação de risco, vulnerabilidade
física e social possa ser acolhido para uma processo de cuidado pautado na proposta
da atenção em saúde, podendo prevaler algumas questões como a desintoxicação, o
amparo nas situações danosas à vida do sujeito, as precariedades e vulnerabilidades
do processo de uso da substância psicoativa e que essa intensificação de seu Projeto
Terapêutico possa favorecer um reposicionamento desse sujeito na relação estabelecida
com o consumo das SPAs e suas redes relacionais. Objetivos: Realçar a importância
da modalidade permanência 24 horas como suporte para situações de crise na atenção
psicossocial ao usuário abusivo ou dependente de substâncias psicoativas.. Metodologia:
Essa experiência acontece no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III de
Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, que se iniciou em dezembro de 2011, com
oferta de oito leitos. A atuação interdisciplinar é realizada por equipe, na qual o usuário
chega ao serviço mediante forma espontânea ou encaminhado por familiares ou pela rede
de serviços. Após o acolhimento e avaliação do caso, por equipe interdisciplinar e havendo
acordo entre os envolvidos neste processo para o acolhimento noturno, considerando
os aspectos biopsicossociais do caso e suas demandas emergências de cuidado, o
sujeito e suas referencias afetivas serão conduzidos a uma nova etapa no processo de
tratamento, ofertando as terapêuticas adequadas e estabelecendo o técnico de referência
para cogestão do caso, priorizando as análise das singularidades que este apresenta. O
tempo de permanência nessa modalidade é prioritaraiamente destacado de acordo com
a situação clínica e psicossocial desse usuário, tendo igualmente como parâmetro para
essa permanência os prazos estabelecidos pela Portaria n.130/2012 do Ministério da
Saúde. Resultados: A desintoxicação das substâncias psicoativas num ambiente seguro de
estímulos relativos às drogas, bem como a não exposição do sujeito às situaçãos de riscos
e a situações de tensão relativas a esse consumo, favorece um repensar e recriar desse
sujeito em sua vida e diante das relações estabelecidas. Considerações finais: Mesmo com
os avanços de terapêuticas como a permanência 24 horas, num serviço substitutivo das
internações hospitalares e de acolhimento às situações de crise, as recaídas são situações
recorrentes e inerentes a essa clínica, aspectos que precisam ser avaliados no processo
de retorno desse usuário ao serviço. Compreendemos que, a ampliação do PTS trata-se
de mais uma ferramenta adotada em situações estratégicas do cuidado e não esgota as
possibilidades de pactuações realizadas com o usuário, considerando as interrupções, os
recuos e tensionamentos que se presentificam no decorrer de todo processo de cuidado.

Palavras-chave: Apoio matricial; Saúde mental; Atenção básica; Centro de atenção


psicossocial álcool e drogas; Rede.
Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Comunicação Oral
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

343
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

PROJETO DROGAS FORA DA ESCOLA

A Escola Estadual Carlos Drummond de Andrade, oferece educação deste do ensino


fundamental ao médio. E o curso de formação em Segurança Pública é inovador no país e
pretende reunir uma visão sistêmica do processo de controle da criminalidade, sobretudo,
portanto os profissionais egressos do curso devem estar aptos a planejar, executar e
controlar os processos inerentes à segurança pública, reunindo competências e habilidades.
O presente projeto: “Drogas fora da escola”, traz para o foco de suas reflexões e discussões
a triste situação que é ocorrida pelos efeitos das drogas, buscando a conscientização e
prevenindo contra todos os tipos de drogas, ao mesmo tempo que beneficiará a escola,
também ao estudante acadêmico que sofre de uma deficiência na produção de dados para
a pesquisa tendo em vista que muitos dos egressos do curso saem sem produzir nenhum
tipo de pesquisa sobre a temática.O Projeto atingira toda a comunidade escolar, visando,
através da conscientização não só dos males causados pelas drogas, mas demonstrando
que a vida tem muito mais a oferecer e assim, evitar a muitos dos jovens da escola a
abandona o ambiente escolar.Promover uma conscientização em relação à prevenção do
uso de drogas, fornecendo subsídios na construção de políticas publicas de enfrentamento
às questões relativas ao uso abusivo de drogas no ambiente da Escola . O projeto ora
apresentado partiu, inicialmente, dentro de uma perspectiva de uma pesquisa-ação, isto é,
não teve apenas a pretensão de observar e analisar, mas também de intervir causando um
desenvolvimento das relações de todos os envolvidos com a qualidade de vida homem e
na sua educação em vários aspectos físicos e psicológicos. Todo o projeto foi desenvolvido
utilizando o tema as drogas e a prevenção, com o uso de estratégias diversificadas, tais
como: seminários, palestras, jornais, desenhos e expressão corporal, utilizando princípios
de arte-educação, onde se desenvolverá a sensibilização e a participação da comunidade
escolar, a fim de haja uma conscientização para o não uso das drogas. As drogas sejam
licitas (como álcool e o cigarro) ou ilícitas (como a maconha, o crack, a cocaína etc), estão
mais próxima dos adolescentes do que gostaríamos de acreditar. Para aumentar ainda mais
a preocupação dos pais e responsáveis, as drogas apresentam um misto de curiosidade
e desafio que muitas vezes pode levá-los ás experimentações com conseqüências muito
negativas. Através do projeto a escola adotou o projeto. Deste modo, conclui-se que a
construção de uma sociedade totalmente sem drogas é impossível. Porém, é importante a
conscientização dos males causados pelas mesmas, e ainda demonstrar que a vida tem
muito mais a oferecer e assim, se evitará o primeiro contato com o mundo das drogas,
pois a partir das informações, as pessoas poderão tomar decisões conscientes e bem
fundamentadas sobre as drogas.

Palavras-chave: Projeto; Drogas; Escola.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Pesquisa

344
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

RELATO DE EXPERIÊNCIA EM PROJETO DE PESQUISA-EXTENSÃO NA AVALIAÇÃO


DA EFETIVIDADE DO PROGRAMA DE MINDFULNESS BASED RELAPSE PREVENTION
(MBRP) COMO ESTRATÉGIA ADJUNTA AO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA DO
TABACO

Ana Regina Noto (Universidade Federal de São Paulo), Beatriz Guedes Mattozo*
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Elisa Kozasa (Hospital Israelita Albert Einstein),
Isabel Cristina Weiss de Souza (Universidade Federal de Juiz de Fora), Jeanny dos
Anjos de Freitas (Universidade Federal de Juiz de Fora), Laisa Marcorela Andreoli Sartes
(Universidade Federal de Juiz de Fora), Luane Araújo Rabello (Universidade Federal de
Juiz de Fora) e Sarah Bowen (Washington University)

O relato de experiência em projeto de pesquisa extensão, aqui apresentado, acontece junto ao


projeto de doutorado da psicóloga Isabel Weiss, pela UNIFESP, com os usuários do Sistema
Único de Saúde (SUS), que se encontram em tratamento para cessação do tabagismo, no
Serviço de Controle, Prevenção e Tratamento do Tabagismo (Secoptt) da Prefeitura de Juiz
de Fora. O projeto de pesquisa conta com a colaboração do Departamento de Psicologia
da UFJF e da pesquisadora e idealizadora do programa de Prevenção de Recaída Baseada
em Mindfulness (MBRP), Dra. Sarah Bowen, da Universidade de Washington. MBRP integra
práticas de meditação mindfulness com o modelo tradicional de Prevenção da Recaída. A
pesquisa conta no momento com duas bolsistas e se encontra na etapa final da coleta
de dados. O projeto proporciona as bolsistas desde o contato direto com os usuários em
todas as etapas da pesquisa, até a vivência da dinâmica institucional do SUS, participação
em congressos nacionais, internacionais e regionais, com apresentação de resultados
preliminares, a experiência de aplicação de questionários além da montagem, manutenção
e análise do banco de dados. Trata-se de um ensaio clínico randomizado, tendo iniciado
com estudo piloto em 2011. O estudo, nomeado “Avaliação da Efetividade do Programa de
Mindfulness Based Relapse Prevention (MBRP) como Estratégia Adjunta ao Tratamento da
Dependência do Tabaco” - pioneiro no país - consiste na aplicação do programa de MBRP
como complementar ao tratamento padrão do tabagismo, desenvolvido pelo Ministério da
Saúde. Os participantes são convidados a participar da pesquisa, e após o consentimento
são randomizados e divididos entre grupo controle e grupo experimental. Ambos os grupos
dão início ao tratamento no ambulatório, e após o primeiro mês, o grupo experimental
recebe o protocolo de MBRP, que conta com oito sessões semanais estruturadas, enquanto
o grupo controle recebe apenas o tratamento padrão. As sessões de MBRP são conduzidas
pela pesquisadora responsável, que recebeu certificação para a realização das mesmas.
Avaliações são administradas nos dois grupos em 5 momentos, no período e um ano. O
objetivo é avaliar a viabilidade deste protocolo, além de sua efetividade na manutenção da
abstinência do tabaco. Acreditamos que esta experiência tem sido bastante enriquecedora,
principalmente pelo desafio que se apresenta na realização de trabalho com grupos e
destacamos a relevância dessa pesquisa para o contexto brasileiro, uma vez que existe
a necessidade de se pesquisar alternativas que diminuam a recaída no tabaco, uma vez
que dados mostram somente 6,2% dos fumantes que ingressam em tratamento para o
tabagismo permanecem abstinentes no período de um ano após terem parado.

Palavras-chave: Mindfulness; Prevenção de recaída; Tabaco.


Eixo temático: Atenção, Reinserção Social e Redução de Danos
Modalidade de apresentação: Pôster
Tipo de trabalho: Relato de Experiência

345
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

EXPOSIÇÕES ARTÍSTICAS

Exposição fotográfica Congado do Bairro São Dimas - EPPA


Exposição de fotografias que retratam a história do Congado do Bairro São Dimas, de-
senvolvida pelo Escritório de Práticas Projetuais Alternativas (EPPA) da UFSJ.

Laboterapia da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados


(APAC)
Artesanatos em peças de origami e palitos de picolé produzidos durante as atividades
de laboterapia pelos recuperandos em cumprimento de pena nos regimes fechado e
semi-aberto.

Espumas Brancas - Bruna Soares


A série fotográfica Espumas Brancas é um retrato dos cotidianos da Ilha de Tinharé, ao
sul da Costa do Dendê, na Bahia. A região intera um misto de turismo brasileiro e, princi-
palmente, estrangeiro, com uma tradição nativa e seu estilo de vida espetacular. O nome
Espumas Brancas surgiu em alusão à música Longarinas, do cantor cearense Ednardo,
que canta saudosamente o reencontro com o mar:
“(...) Faz muito tempo / Que eu não vejo / O branco da espuma espirrar / Naquelas pe-
dras com a sua eterna / Briga com o mar. (...) E o mar engolindo lindo / E o mal engolindo
rindo / Beira-mar, beira-mar (...).” (Longarinas/Ednardo - Berro/1976 - LP- RCA Victor)

Auras da Carne - Marlon de Paula


A superfície corpórea vista na atualidade é um receptáculo discursivo domesticado, algo
que foi arrebatado pela cultura da sistematização dos corpos. Esta coletânea de fotogra-
fias é um trabalho que dribla de forma momentânea a realidade corporal a favor de uma
experiência extracotidiana. As fotografias procuram preencher novas formas de ser e es-
tar no mundo em uma busca pessoal de novas concepções de existir. O corpo é a carne
da existência, cada presença física do corpo em qualquer espaço é uma pertubação no
vazio, a aura que emana de cada carne é a potência manifestada em cada indivíduo de
extrapolar os limites da sujeição da vida humana.

346
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

Centro de Convivência Arte Feliz


O centro surge a partir da necessidade de inclusão social pelo trabalho, fortalecimento
de laços afetivos e trocas de experiências de portadores de transtornos mentais. Tem
como filosofia de trabalho o lema: colaborar é incluir. Os produtos confeccionados pelos
usuários são: peso de porta, avental, bolsas, sapateira, panos de prato, agulheiro, almo-
fadas, toalhas de mesa, trilhos de mesa, puxa-saco, tapetes amarradinhos, caixas de
MDF, produtos de feltro, crochê, abajour de palitinhos de picolé e quadros. As técnicas
utilizadas para confecção são caseado, patchwork, bordado, pintura e colagem.

A Narrativa da Cor - Oliver Orpheus


Na busca de experienciar a pintura, o artista procura em seu exercício transmitir ao públi-
co sentimentos. Estes expressos pelo toque sutil da luz ao entardecer, o verde selvagem
dos campos, as brumas da noite escura, contrastes que montam cenários para narrar
histórias e vivências. Usando da composição, da combinação de cores, do desenho das
formas, se constrói a narrativa, o enredo, que a própria elaboração da imagem possi-
bilita. O pintor pretende trazer na obra suas próprias experiências, sua imaginação e
interpretação de si, do mundo e dos outros, da natureza e de seus fenômenos, a fim de
compor telas que falam das influências que o permeiam.

Wangui
Wanderley Mário Guilherme, mais conhecido como Wangui, é um artista plástico sãojo-
anense que trabalha com a reciclagem de materiais por meio da arte. Com cores mar-
cantes e formas imprecisas, ele retrata os casarões e a realidade de sua tão amada São
João del Rei

Esse est percibi - Rafael “AFA” Vasquez


Ser é ser percebido. A face é a mais visível expressão do ser, revela ou esconde seu
caráter. O que do interior da casa se vê em sua fachada? A exposição Esse est percibi
conta com pinturas de rostos humanos que, através da técnica do realismo, tentam reve-
lar o íntimo de seus donos. Técnica: Acrílica sobre isopor.

Ateliê de Cerâmica da Associação de Parentes e Amigos do Dependente


Químico (APADEQ)
Peças produzidas pelos residentes da APADEQ, durante as atividades de arteterapia. A
livre modelagem da matéria-prima argila propicia o surgimento de emoções, sentimen-
tos, sensações e proporcionam reflexões sobre o tratamento e a própria vida. As peças
produzidas são também finalizadas pelos próprios residentes no processo de pintura e
acabamento.

347
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

TRABALHOS PREMIADOS
Dia 05/11
MENÇÃO HORROSA
Título Autores

APP REDUÇÃO DE DANOS: INICIATIVA


Bruno Logan Azevedo* (App Redução de Da-
NA CRIAÇÃO DE UMA NOVA nos), Mariana Bueno Pinheiro* (App Redução
ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DE DANOS. de Danos)
(PÔSTER)

Gabrielle Leite Pacheco Lisbôa* (CAPS AD


Amor & Esperança), Wagda da Costa Silva
(CAPS AD Amor & Esperança), Andréa Carla
de Almeida (CAPS AD Amor & Esperança), Cin-
REINSERINDO SOCIALMENTE E thya Rafaella Magalhães da Nóbrega Novaes
(CAPS AD Amor & Esperança), Cláudia Cristina
GERANDO RENDA: UM RELATO
Rolim da Silva (CAPS AD Amor & Esperança),
DE EXPERIÊNCIA NA ATENÇÃO
Elidiane Oliveira da Silva (CAPS AD Amor &
PSICOSSOCIAL EM ÁLCOOL E Esperança), Janaína di Cássia Barbosa Silva
OUTRAS DROGAS (CAPS AD Amor & Esperança), Murillo Nunes
(PÔSTER) de Magalhães (CAPS AD Amor & Esperança),
Neuzianne de Oliveira Silva (CAPS AD Amor &
Esperança), Thiago Celmir Vieira Marques dos
Santos (CAPS AD Amor & Esperança), Washin-
gton Luiz Oliveira Melo (CAPS AD Amor & Es-
perança).

O CAPS AD III E A UNIDADE DE


ACOLHIMENTO ADULTO - UAA COMO
DISPOSITIVOS DA REDE DE ATENÇÃO
Priscila dos Santos Peixoto Borelli Tavares*, Na-
PSICOSSOCIAL, E OPERADORES NA
tália Soares, Rogério Ferreira (Centro de Aten-
(RE) CONSTRUÇÃO DE LAÇOS SOCIAIS ção Psicossocial III Antônio Carlos Mussum)
E COMUNITÁRIOS DOS SUJEITOS POR
ELES ASSISTIDOS
(COMUNICAÇÃO ORAL)

Ailton de Souza Aragão* (Departamento de


Medicina Social, Instituto de Ciências da Saú-
de, Universidade Federal do Triângulo Mineiro),
PROMOÇÃO DA SAÚDE DE Rosimár Alves Querino (Departamento de Me-
ADOLESCENTES EM COLETIVOS dicina Social, Instituto de Ciências da Saúde,
‘PROJOVEM’: CONTRIBUIÇÕES DO Universidade Federal do Triângulo Mineiro),
Maria Carolina Bizinoto Caetano (Acadêmica
GRUPO FOCAL E DO PHOTOVOICE
do Curso de Psicologia), Amanda Suellen Costa
PARA A COMPREENSÃO DOS
Carrasco (Acadêmica do Curso de Psicologia),
TERRITÓRIOS, DAS DROGAS E O Ana Angelina Amatângelo Oliveira (Acadêmica
EMPODERAMENTO DE SUJEITOS do Curso de Psicologia), Ana Carolina Graner
(COMUNICAÇÃO ORAL) Araújo Oliveira (Acadêmica do Curso de Psico-
logia), Ana Flávia Zago (Acadêmica do Curso
de Psicologia), Ana Elisa Crispim (Acadêmica
do Curso de Psicologia), Natália De Toledo Ca-
dore (Acadêmica do Curso de Psicologia).

348
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

TRABALHOS PREMIADOS
Dia 05/11
PREMIAÇÃO
Título Autores

Débora Regina Bell’Aver (Universidade Federal


VIOLÊNCIA E DROGAS NO COTIDIANO do Triângulo Mineiro), Andrea Ruzzi-Pereira*
DE ADOLESCENTES DO SEXO (Universidade Federal do Triângulo Mineiro),
FEMININO INSTITUCIONALIZADAS Érika Renata Trevisan (Universidade Federal do
(PÔSTER) Triângulo Mineiro), Paulo Estevão Pereira (Uni-
versidade Federal do Triângulo Mineiro).

Gustavo Chiesa Gouveia Nascimento1*(Escola


de Enfermagem da Universidade de São Pau-
lo), Paula Hayasi Pinho2(Escola de Enferma-
gem da Universidade de São Paulo), Bruno
Makoto Matsuno3 (Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo), Keller Cristina Lei-
te4(Escola de Enfermagem da Universidade de
São Paulo), Antônio Sérgio Gonçalves5(Centro
CONTRADIÇÕES E CONVERGÊNCIAS
de Atenção Psicossocial álcool e drogas -
ENTRE A POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA São Paulo), Thais Fernandes Rojas6(Escola
SAÚDE PARA A ATENÇÃO INTEGRAL de Enfermagem da Universidade de São
A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS Paulo), Rosana Ribeiro Tarifa7(Escola de En-
DROGAS E A LEI 11.343 – UM ESTUDO fermagem da Universidade de São Paulo), He-
COMPARATIVO REFLEXO loisa Garcia Claro8(Escola de Enfermagem da
(COMUNICAÇÃO ORAL) Universidade de São Paulo), Rejane Maria Dias
de Abreu Gonçalves9(Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo), Márcia Apa-
recida Ferreira de Oliveira10(Escola de Enfer-
magem da Universidade de São Paulo), Andrea
Domânico11(Escola de Enfermagem da Univer-
sidade de São Paulo).

349
V CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE DROGAS

LANÇAMENTO DE LIVROS

Dia 05/11

Título Autores

“Políticas Públicas, Gênero e Violência: Organizadores: Mariana Frizieiro da Silva Cruz


contribuições ao Serviço Social” Freira e Rachel Gouveia Passos

Autores: Manoel de Lima Acioli Neto e Maria de


“Os usos sociais do Crack” Fátima de Souza Santos, Paulo Amarante (pre-
fácio)

“Relatório de inspeção de comunidades


terapêuticas e clínica para usuários
Autores: Annie Louise Saboya Prado, Ilana Mou-
de drogas no Estado de São Paulo –
ntian, Maria Angélica Comis, Marilia Capponi
Mapeamento das violações de direitos
humanos.”
Organizadores: Telmo Mota Ronzani, Pedro
“Redes de atenção aos usuários de drogas
Henrique Antunes da Costa, Daniela Cristina
- políticas e práticas”
Belchior Mota, Tamires Jordão Laport.

“Saberes e práticas na atenção primária à


saúde: cuidado à população em situação Organização: Mirna Teixeira, Zilma Fonseca
de rua e usuários de álcool, crack e outras
drogas”

“VULNERABILIDADES, RESILIÊNCIA, Autores: Eroy Aparecida da Silva; Yone Gonçal-


REDES - Uso, abuso e dependência de ves de Moura; Denise Kopp Zugman
drogas”

Organização: Walter Melo, Filippe de Mello Lo-


“Universidade e Sistema de Saúde - a
pes, Marcela Ferreira Ramos, Fabrício Apareci-
democratização do conhecimento.”
do Bueno e Danilo Rodrigues de Matos.

350
II SEMINÁRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM ÁLCOOL E DROGAS

AGRADECIMENTOS

Agradecer é um ato de reconhecimento de que fazer algo demanda sempre a coopera-


ção do outro, e neste caso, de muitos outros. A realização deste evento contou com a
colaboração, o esforço e a dedicação de várias pessoas, instituições e setores da UFSJ
e da UFJF. Mesmo correndo o risco de sermos injustos com pessoas importantes neste
processo, não podemos deixar de agradecer:
À Universidade Federal de São João del-Rei, na pessoa de sua Magnífica Reitora, Profª
Valeria Heloísa Kemp, além das seguintes instâncias universitárias: Pró-reitoria de Ex-
tensão (PROEX), nas pessoas do Pró-reitor, Prof. Paulo Henrique Caetano, e da chefe
do Setor de Extensão Universitária (SETEX), Simone Bassi Parentoni Lana Cardoso; Pró
-reitoria de Administração (PROAD), nas pessoas de Fábio Chaves, chefe da Divisão da
Prefeitura de Campus (DIPRE), e Sérgio Murilo Silva, chefe do Setor de Apoio Logístico
(SALOG); Laboratório de Pesquisa e Intervenção Psicossocial (LAPIP), em nome de seu
coordenador, Prof. Marcos Vieira Silva; Departamento de Psicologia, na pessoa do seu
chefe, Prof. Diogo Antônio Blóes Chagas; e Programa de Pós-Graduação em Psicologia
(PPGPSI), representado por sua coordenadora, Profª Maria Nivalda de Carvalho Freitas.
À CAPES, CNPQ, FAPEMIG e Conselho Federal de Psicologia, pelo apoio financeiro ao
evento;
A todos os professores e pesquisadores palestrantes das mesas redondas pela partici-
pação e apoio ao evento;
Aos pesquisadores e profissionais responsáveis pelos minicursos ofertados no evento;
Aos membros da comissão científica e consultores ad hoc pela presteza e competência
do trabalho realizado;
Aos estudantes e professores que participaram da comissão organizadora do evento;
A todos e todas que direta ou indiretamente trabalharam, apoiaram e torceram para que
nosso evento acontecesse.
Nosso muito obrigado!

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