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Elytanya Vasconcelos
Psicóloga e Educadora Parental CRP 15/4146
FRACASSO ESCOLAR
• Quando se fala em fracasso escolar estamos nos referindo a um problema
estrutural. A discussão sobre o fracasso escolar é de longa data e tem sido
cada vez mais importante que se discuta sobre isso.
• Quando falamos em fracasso escolar estamos falando não só das condições
psicológicas, sociais e físicas dos alunos, mas também de problemas
estruturais da escola, má remuneração, a falta de reconhecimento dos
professores, entre outros. Sem dúvida, o fracasso escolar é um dos mais
graves problemas da nossa realidade educacional e sua ocorrência se
evidencia em praticamente todos os níveis de ensino, com maior
frequência nos anos iniciais de escolarização. Estatísticas atestam que há
várias décadas a taxa de perda da primeira para a segunda série do
primeiro grau manteve-se alta e inalterada.
FRACASSO ESCOLAR
• Ao longo das ultimas três décadas, enfrentar a questão do fracasso,
particularmente, o mau desempenho, as múltiplas repetências que
acabam por levar crianças e jovens a abandonar a escola, tornou-se
ação prioritária do sistema educacional no Brasil, por mais de uma
razão. Os índices de aproveitamento da escola básica vêm indicando a
inoperância desse sistema, fato altamente criticável numa sociedade
que se desenvolve a cada dia
FRACASSO ESCOLAR
• À medida que ocorreu a entrada maciça de novas tecnologias que
substituíram boa parte do trabalho humano braçal e repetitivo, a
atividade produtiva e de serviços começou a reclamar uma
escolarização mais longa e abrangente, que fosse além das primeiras
letras e contas. Um dos obstáculos apontados, sobretudo nas
pesquisas acadêmicas, foi a organização escolar seriada. Por trás da
estrutura seriada, há um pressuposto que a aprendizagem é
progressiva e linear. As experiências vividas pelas crianças interferem
nos ritmos individuais que, nem sempre são compatíveis com o
tempo determinado da organização escolar.
FRACASSO ESCOLAR
• A conclusão inevitável que se chega é que o tempo para aprender não
pode ser uniforme e daí a necessidade de uma revisão na forma rígida
com que esses tempos, horas diárias, semanas, bimestres, semestres,
anos são distribuídos no período de permanência na escola, pois eles
impõem dinâmicas artificiais para o desempenho das crianças. As
crianças precisam de tempo e ritmos diferentes, pois se relacionam
diferentemente com eles. O debate em torno dessa política
educacional não cessam, as críticas incidem em aspectos diversos que
incluem a maneira imposta pela administração pública de tal política,
sem diálogo com os professores que devem implementá-las em sala
de aula, como também e sobretudo a falta de condições materiais,
pedagógicas e logísticas para sua realização.
FRACASSO ESCOLAR
• Quando analisamos os resultados nas últimas três décadas que procuram
entender como o fracasso tem sido interpretado pela escola e pelo sistema,
constatamos o que Arroyo afirma em relação aos diagnósticos tradicionais:
• - Interesse da criança em aprender
• Uma das explicações em que a escola se apoia para justificar o fracasso escolar é
o desinteresse da criança, evidente na apatia ou no comportamento
desrespeitoso que ela apresenta. Não é incomum ouvirmos de professores e
diretores que os alunos são desinteressados e a escola não faz sentido para eles.
A patologização do fracasso tem tido, não raramente, essa função de justificar
muito mais as dificuldades do sistema e da escola em lidar com o “não aprender”
do que as dificuldades genuínas das crianças. Em síntese não tem sido incomum
associar o fracasso a um transtorno orgânico ou médico-biológico, o que faz a
escola e o sistema encaminharem as crianças para profissionais aptos com o
intuito de que diagnostiquem possíveis problemas de saúde dos alunos
malsucedidos, os apáticos e os rebeldes.
FRACASSO ESCOLAR
• - Saúde e aprendizagem
• A vinculação entre saúde e aprendizagem já é algo naturalizado entre
educadores que sabem da importância do bem-estar físico e emocional da
criança e o jovem para que o processo de aprendizagem ocorra. Porém,
quando surgem as dificuldades de aprendizagem ou o comportamento
indesejável, torna-se difícil identificar-se, de fato, e se decorrem de algum
transtorno de que a criança possa ser portadora. Atualmente, entre as
alterações de saúde que vêm ganhando importância como possibilidade
explicativa para o fracasso e mau comportamento dos alunos está o
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Descrito pelo
DSM V como um problema caracterizado por sintomas de distúrbio de
atenção, hiperatividade e impulsividade, uma vez diagnosticado, o
portador é tratado com medicamento específico cujo uso tem se ampliado
significativamente no Brasil.
FRACASSO ESCOLAR
• Não podemos desprezar a possibilidade de uma parcela das crianças
apresentar reais transtornos que necessitam de cuidados médicos ou
de outros profissionais e não apenas para se realizarem na escola,
mas também na vida. É preciso nos atentar por que o TDAH tem sido
diagnosticado, cada vez com mais frequência, como explicação para o
comportamento indesejável e/ou o insucesso das crianças. Sabemos
que vários sintomas utilizados como referência pelos profissionais
especializados para estabelecer o diagnóstico de TDAH - desatenção,
impulsividade e agitação são intoleráveis em uma escola que exige
que seus alunos passem maior parte do tempo passivos em seu lugar
em sala de aula.
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