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Tem sido fundamental para os atendimentos de Orientação à quiexa escolar, o estudo dos
funcionamentos escolares e sua relação com o fracasso escolar e o sofrimento dos estudantes que
chegam aos psicólogos com queixas escolares. Pensar no ambiente escolar é pensar que o Sujeito se
estrutura na relação com o Outro, e que o Outro inclui os ambientes escolares que participou ou
participa.
No entanto, pensarmos sobre tais funcionamentos traz o perigo de avivar algo que tem
atravessado a relação psicólogos e escolas com quais procuram entrar em contato direto: trata-se do
preconceito contra os professores de escolas públicas. Tais profissionais, têm sido vistos como
incompetentes, malformados, egoístas e sem compromisso com seus alunos.
Muitas vezes os psicólogos, atingidos por essa visão dos professores, sustentada por uma
análise superficial das dificuldades dos sistema escolar e pela crença de superioridade do saber
psicológico, propõem ao professores uma relação vertical, recusada por eles. Essa reação dos
professores é concebida como resistência, e com essa dificuldade de interlocução entre os dois
profissionais, muitas queixas escolares que poderiam desenvolver acabam não acontecendo.
A escola, como qualquer outra instituição em geral, é um campo de contradições e
paradoxos, em que atuam forças que tendem a produzir fracasso e sofrimento nas pessoas que
fazem parte dela, como também atuam forças que impulsionam no sentido oposto a esse.
Não podemos deixar de reconhecer que, a um bom tempo, o ensino brasileiro encontra-se
em situação lamentável, com alta taxa de evasão e repetência e com a maioria dos alunos
concentrados na 1ª série (de onde têm dificuldade de sair). Implementada de maneira autoritária
no final da década de 1990, e sem garantir condições mínimas necessária para tornar-se avanço, a
Progressão Continuada, converteu-se em promoção automática.
A partir de 1995, o Ministério da Educação passou a aplicar, bianualmente, avaliações
nacionais (SAEB – Sistema de Avaliação da Eduação Básica) , para verificar os conhecimentos dos
alunos da 4ª e 8ª serie do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio. Essa avaliações têm
informado sobre a eficiência de nossas escolas básicas de ensinar a ler, escrever e contar, além da
transmissão de outros conhecimentos e habilidades.
Os resultados do SAEB de 2003 mostraram um quadro que continua desastroso: menos de
5% dos estudades da 4ª série, por exemplo, estão adequadamente alfabetizados para a série, sendo
quase 19%, são analfabetos.
Na década de 1980, houve uma ruptura temática no campo de pesquisa que investigava as
causas do fracasso escolar, que tradicionalmente, teve como foco as características dos alunos e de
seu meio familiar e social.
A contextualização dos funcionamentos escolares produtores de fracasso escolar e de
sofrimento feita a seguir fomentará um aprofundamento nas camadas de poder da cena escolar, até
chegarmos aos alunos e as suas famílias.
As mudanças de escola ou classe que os educadores fazem se dão pelos chamados concursos
de remoção e de ingresso.
• Concurso de remoção: os cargos que não estão ocupados por profissionais efetivados de
uma categoria funcional, são colocados a disposição da Secretária de Educação ou instâncias
regionais. A ordem de esolha da fila é montada obedecendo ums escala de pontos intrincada
e questionável, que beneficia tempo de serviço. Isso gera uma complicada “dança das
cadeiras”.
• Consurso de ingresso: tem duração de até quatro anos e os aprovados são chamados a
qualquer época, promovendo novas mudanças, inde do momento do ano escolar.
Cada um desses mecanismos aciona um processo burocrático para ocupar o lugar vago,
temporário ou definitivo. Além da insegurança dos educadores, esse funcionamento promove
rupturas no vínculo entre educadores e suas escolas, alunos, classes.
Classes que passam por trocas de professores durante o ano letivo tendem a ser
desorganizadas e a produzir aquém de seu potencial.
Determinações burocráticas sobrepondo-se o processo pedagógico e diretos dos alunos a
uma educação de qualidade.
Baixos salários
Não é possível desconsiderar o peso da questão salarial. Um bom salário não garante
sozinho a qualidade no trabalho. O salário pode funcionar como uma forma de reconhecimento:
uma maneira da pessoa conhecer a si própria.
Baixos salários podem:
• Gerar greves, embora intrumento legítimo de defesa dos trabalhadores;
• Favorecer evasão dos professores, que migram para outras profissões;
• Geram professores que acumulam cargos e excessivos números de aulas por semana;
Internos ás escolas
Ausência de espaços sistemáticos de reflexão
As escolas públicas contam com reuniões semanais em suas grades de horários, que servem
para reuniões e para outros trabalhos individuias dos professores. No entanto, nota-se que nesses
momentos não cumpri-se suas finalidades. Vê-se educadores irem para sala estipulada sem saber o
que vai acontecer, pois não há pauta alguma e cada um se ocupa de maneira diferente.
Há necessidade de espaços de reflexãocoletivos, possibilitando que se tenha realmente um
equipe docente, com projetos e soluções grupais que dêem sentido à escola.
Além de ser comum os professores não se apoiarem mutuamente, o apoio técnico que
deveria ser oferecido por supervisores de ensino, diretores e coordenadores muitas vezes também
não acontece por motivos diversos. Estamos falando de um fenômeno sistêmico.
Este é um modo de lidar com a heterogeneidade da classe que aparece, por exemplo, nas
falas das crianças como "eu sento do lado dos mais fracos na classe". Os efeitos são semelhantes
aos das classes homogêneas, com nuances diferentes, dado o fato de que "fortes" e "fracos" são
marcados em sua localização física da sala.
Humilhações
Encaminhamento a especialistas
Quando a escola não consegue ensinar, é comum o encaminhamento dos alunos atingidos
pelas dificuldades de seu funcionamento a especialistas. Infelizmemte, a produção de alunos
fracassados ocorre em massa.
Tradicionalemente, psicólogos e outros profissionais têm atendido tais encaminhamentos
como sendo de natureza individual das crianças e a escola acaba sendo isentada de suas
implicações. Perde-se assim a oportunidade de produzir mudanças no cerne das queixas
apresentadas, respondendo a necessidades de professores e escolas.
Muitos pais ressentem-se de desenvolverem uma aversão por is à escola, pois associam
essas idas a ouvirem coisas desagradáveis sobre seus filhos e sobre si próprios. Queixam-se de
nunca serem chamados para ouvirem elogios ou relatos de progressos.
Cadernos de classe utilizados como meio de comuniação entre escola e família revelam
registros de queixas do professor sobre o dono do caderno como: “hoje o Fulano não fez nada”,
“hoje o Cilcano ficou andando pela sala”. Tais registros têm função de resguardar os professores de
acusações de não terem trabalhado dereito em classe.
A presença desses bilhetes nos cadernos de classe pode produzir vínculos negativos das
crianças com os mesmos e irritar e enervar os pais, podendo ser deflagração de violência doméstica
contra crianças e jovens.
Ações gerais, coletivas e políticas são imprescindíveis para uma superação real do quadro de
fracasso e sofrimento escolar que temos hoje na eduação.