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Centro Acadêmico Antônio Conselheiro - CAAC


Centro Acadêmico Luísa Mahin - CALM
Centro Acadêmico Rui Ribeiro de Castro - CARRC
Centro de Educação Federal Tecnológica - CEFET Angra
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro – CEDERJ
Coletivo de alunxs LGBT’s da UFF/IEAR - DIVERSIFICA
Coletivo de Estudantes Negros da UFF/IEAR- UBUNTUFF
Coletivo de Mulheres Negras Winnie Mandela
Conselho Municipal de Educação de Angra dos Reis – CMEAR
Diretório Acadêmico Florestan Fernandes- DAFF
Fórum EJA Sul Fluminense
Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia de Angra dos Reis – SECT
Sindicato dos Professores da Rede Privada - SINPRO
Sindicato dos Profissionais da Educação – SEPE Angra
Superintendência de Documentação - SDC/UFF

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 1
APRESENTAÇÃO
O cenário brasileiro tem se apresentado, entre outras coisas, com uma enorme
tensão entre os direitos adquiridos e a ameaça da perda desses direitos. Inúmeros
são os exemplos. A aprovação da PEC 55 que congela os gastos em Educação e
Saúde por 20 anos, a proposta de Reforma Trabalhista que destrói direitos
fundamentais dos trabalhadores conquistados há dezenas de anos, a proposta de
Reforma Previdenciária que praticamente impede a aposentadoria de grande parte
da população, os ataques constantes à liberdade de ensino, às políticas de ação
afirmativa, aos direitos LGBTs, às mulheres, aos territórios dos povos indígenas,
quilombolas e populações do campo de forma geral, bem como às crescentes e
variadas formas de violência e agressão a todos/as aqueles/as que não pertencem
aos grupos hegemônicos, e ainda o maior nível de desemprego registrado no Brasil.

Não por acaso temos tido movimentação de inúmeros setores da sociedade


brasileira, apesar das dificuldades que a crise econômica e a violenta repressão
impõem. Dentre os setores da sociedade que se insurgem contra esta situação
estão aqueles que podemos aglutinar no termo movimentos sociais. É exatamente
pelo papel que tem cumprido, nos mais diferentes contextos e formas, na luta,
resistência, defesa e afirmação de direitos conquistados e/ou almejados, tão
necessários para nossa população e nosso país, que para 2017 definimos o III
Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis com a
te áti a Movi e tos “o iais: Edu ação, Diversidade e Luta .

Movimentos Sociais porque, como dissemos acima, são estes que apresentam a
maior resistência aos ataques e à garantia da democracia com suas ações,
mantendo a esperança da população e a reflexão da sociedade acerca das injustiças
sociais e dos direitos que temos e que nos querem retirar. Educação porque as
ações dos movimentos sociais são implicitamente educacionais e porque, para
qualquer povo, o direito à educação de qualidade, assim como a necessidade dos
processos educativos, são fundamentais para uma sociedade melhor e uma vida
digna para todos/as. Diversidade porque nosso país é diverso, nossas necessidades,
experiências, sonhos, desejos e perspectivas, são diversas, onde o direito e o
respeito a todos/as devem prevalecer. Luta porque sem luta jamais povo algum

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conquista e mantém seus direitos e pode almejar um futuro com justiça social e
garantia da democracia.

PROGRAMAÇÃO
1º dia: 09/11 (quinta-feira)
Local: Casa Larangeiras
18h Credenciamento

19h às 19h30min Abertura do congresso


Esquete teatral: Fala!
Esquete Musical em Libras
Apresentação Grupo Negritudes

19h30min às 21h Mesa de abertura: Movimentos Mesa de abertura: Movimentos Sociais:


Educação, Diversidade e Luta”

Mediação: Domingos Nobre - IEAR/UFF


Convidados: Analise de Jesus da Silva (UFMG/ Fórum EJA/MG)
Tiago Karai (Liderança da Comissão Yvy Rupa)
Vagno Martins da Cruz (Associação de Moradores de São
Gonçalo-Paraty/ Fórum de Comunidades Tradicionais)

2º dia: 10/11 (sexta-feira)


Local: IEAR/UFF
8h Credenciamento

9h às 10h30min Manifesto de apoio à liberdade de Rafael Braga

IEAR: Mesa: Movimentos sociais: classe, identidades, resistências?


Mediação: Leila Haddad - Fórum EJA
Convidados: Jorge Najar (FE/UFF)
Jorge Valverde (Sind. Bancários Angra)
Antonio Bispo (líder quilombola e lavrador)

10h30min às 12h Mostra de Cinema Trocando Olhares

12h às 13h Almoço

13h às 17h Comunicação Oral por Eixo Temático

17h às 18h Pôster*

17h às 18h Oficinas


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17h às 18h Lançamento de livros

19h às 22h Atividades Culturais: Sarau (capoeira, poesia, MPB, samba, rap, funk, Banda
Realidade Negra)

* Os painéis auto explicativos estarão disponíveis durante todo o Congresso

3º dia: 11/11 (sábado)


Local: IEAR/UFF
8h Credenciamento

9h às 12h30min Mesa: Movimentos Sociais: novas lutas e velhas histórias

Mediação: Profª Drª Rossana Papini - INFES/UFF


Convidados:
1º bloco:
Laura Maria dos Santos (Mulheres/Fórum Comunidades Tradicionais), Rafael
Ribeiro (Sapê/Movimento Ambiental/PPP Ilha Grande), Simone Bulhões
(Ciranda de Tarituba-Paraty),
2º bloco: Telma Rosa Gerônimo Brito (Mulheres Determinadas), João Carlos
(Rapper/Slam de poesia), Janaína Kinda (Movimento Estudantil/Ubuntuff)

12h30min às 16h Ciranda de Tarituba


Feijoada comunitária com roda de samba

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COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas - IEAR/UFF
Pedagogo Angelo Marcio da Silva - CEFET/RJ - Angra dos Reis
Prof. Dr. Augusto Lima - IEAR/UFF
Prof. Dr. Diogo Marçal Cirqueira - IEAR/UFF
Prof.ª Ma. Eliana de Oliveira Teixeira – SECT
Fábio Martins - Quilombo do Campinho
Profª Kátia Antunes Zephiro- SEPE ANGRA/ GPMC
Prof.ª Ma. Leila Mattos Haddad de Monteiro Marinho – FÓRUM EJA Sul Fluminense
Prof.ª Ma. Norielem de Jesus Martins - SECT/ GPMC
Profª Suelen da Silva Chrisostimo - SINPRO COSTA VERDE

COMITÊ CIENTÍFICO
Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas - IEAR/UFF
Prof. Drª Carmen Lúcia Sussel Mariano (UFMT)
Prof.ª Dr ª Clarissa Craveiro - IEAR/UFF
Prof. Dr. Domingos Nobre – IEAR/UFF
Prof.ª Ma. Eliana de Oliveira Teixeira – SECT
Prof.ª Franciane Torres – SECT/ PPGEDUC
Profª Ma. Kelly Maia Cordeiro - ObEE/UFRRJ
Prof.ª Ma. Leila Mattos Haddad de Monteiro Marinho – FÓRUM EJA Sul Fluminense
Prof. Dr. Lício Caetano do Rego Monteiro – IEAR/UFF
Prof. Drª Lizandra Ogg Gomes (UERJ)
Graduanda Maria Carolina Farnezi - UBUNTUFF
Prof.ª Ma. Norielem de Jesus Martins – SECT
Profª Drª Renata Lopes Costa Prado - IEAR/UFF
Prof.ª Dr.ª Renata Silva Bergo – IEAR/UFF
Prof. Dr. Rodrigo Machado - IEAR/UFF
Prof.ª Ma. Roseléa Aparecida Oliveira dos Santos – GPMC
Prof.ª Ma. Sandra Regina Cardoso de Brito - Fórum EJA Sul Fluminense
Profa. Drª Silmara Lídia Marton - IEAR/ UFF
Profª Ma. Silvana Matos Uhmann - IEAR/ UFF
Profª Especialista Suelen Chrisostimo - SINPRO
Prof. Dr. William de Goes Ribeiro - IEAR/UFF

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EIXOS TEMÁTICOS

1. Movimentos Sociais e Educação das Relações Étnico-Raciais


Coordenadores (as): Prof.ª Ma. Roseléa Aparecida Oliveira dos Santos - GPMC, Prof.ª Ma. Norielem de Jesus
Martins - SECT/ GPMC.

Ementa: O artigo 26-A da LDB, por meio das leis 10.639/03 e 11.645/08, estabelece o ensino da História da
África, e da História e Cultura afro-brasileira e Indígena nos sistemas de ensino. Compreendemos que a
inclusão destas temáticas nas Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, significa o reconhecimento da
importância do combate ao preconceito, ao racismo e à discriminação. Essas leis são importantes
instrumentos de orientação e de ação, pois são leis afirmativas, que promovem a necessária valorização das
matrizes culturais que fazem do Brasil o país rico, múltiplo e plural que somos. Este Eixo Temático espera
receber trabalhos que tratem de pesquisas e projetos que abordem a temática Afro e/ ou indígena na
educação, bem como ações de combate ao racismo nas escolas e demais espaços educativos.

2. Movimentos Sociais e Práticas Socioeconômicas, Culturais


e de Saúde Alternativas
Coordenadores: Prof. Dr. José Re ato “a t’A a Porto - IEAR/UFF, Profª Drª Mara Edilara Batista Oliveira -
IEAR/UFF

Ementa: O sistema capitalista implementa uma forma avassaladora de domínio de mercado, produção e
distribuição de bens e serviços, transformando tudo e todos em meras mercadorias, objetivando lucros
fáceis. Para se contrapor a essas práticas, inúmeras atividades alternativas vêm sendo organizadas e
praticadas por movimentos e pessoas, nas cidades e nos campos, em busca de uma vida melhor para os
seres humanos e o planeta. Este GT pretende abrir espaços para a educação, debate e construção de
diálogos que apresentem e fomentem ideias e propostas numa perspectiva alternativa ao que vem sendo
praticado pelo sistema.

3. Territorialidade, Sustentabilidade, Identidades e


Comunidades Tradicionais
Coordenadores (as): Prof. Dr. Lício Caetano do Rego Monteiro - IEAR/ UFF, Ms. Rafael Ribeiro - SAPÊ, Profª
Franciane Torres - Rede Municipal de Ensino de Angra dos Reis

Ementa: As comunidades tradicionais têm assumido um protagonismo crescente na região da Costa Verde,
através de lutas e atividades que envolvem diferentes aspectos da vida social da região. Sendo assim, este
eixo discutirá as expressões destas comunidades e suas demandas em termos de territorialidade,

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sustentabilidade e identidade, palavras-chave nesse processo, que tende a se manifestar de forma decisiva
na educação e na cultura local. Compreendemos que as territorialidades revelam a íntima relação entre a
resistência de povos e culturas, a defesa de suas terras e as formas de organização de seus territórios e
identidades, no qual as sustentabilidades aparecem também como um conceito em disputa seja na arena
ambiental, seja nos aspectos econômicos e sociais.

4. Movimentos Sociais, Política LGBT, Gênero e Sexualidades


Coordenadores (as): Prof. Dr. Rodrigo Machado - IEAR/UFF, Graduanda Maria Carolina Farnezi (UBUNTUFF),
Graduando Lucas Nascimento (LGBT)

Ementa: Gênero e sexualidade são conceitos social e historicamente construídos sobre o prisma das
diferenças biológicas e possuem complexas dimensões e interseções. Este eixo temático, portanto, se
propõe a receber relatos de pesquisas e práticas que abarquem a construção das identidades de gênero,
política LGBT, a sexualidade, o corpo, o impacto do racismo e sua interseccionalidade com outras formas de
discriminação em nossa sociedade.

5. Movimentos Sociais, Religiões e Religiosidades na


Educação
Coordenadores (as): Prof.ª Dr.ª Renata Silva Bergo – IEAR/UFF, Graduando Alex de Almeida
(CAAC/IEAR/UFF).

Ementa: Este eixo espera receber trabalhos que abordem as religiões e religiosidades enquanto
conhecimentos, que discutam o caráter laico da educação pública e as religiões, a intolerância religiosa e a
diversidade na escola, bem como experiências de ensino religioso nos currículos escolares.

6. Movimentos Sociais, Direitos Humanos e Políticas Públicas


de Acesso e Permanência na Educação de Jovens, Adultos e
Idosos
Coordenadoras: Prof.ª Ma. Leila Mattos Haddad de Monteiro Marinho - Fórum EJA Sul Fluminense, Prof.ª
Ma. Sandra Regina Cardoso de Brito - Fórum EJA Sul Fluminense, Profa Ma. Eliana Teixeira - Secretaria
Municipal de Educação de Angra dos Reis - SECT.

Ementa: Este eixo temático propõe-se a refletir sobre questões relacionados à educação como direito
humano que contribui para ampliar o acesso à outros direitos, como saúde e justiça, por exemplo. Sob esse
aspecto, a educação se circunscreve no campo das lutas sociais, sendo espaço de atuação dos movimentos
sociais. Na Educação de Jovens e Adultos as lutas têm girado em torno do reconhecimento, nas políticas
públicas de acesso e permanência na modalidade, da necessidade de problematizar a chamada evasão na
EJA, compreendendo-a no âmbito de "idas e vindas" inerentes à complexidade da vida adulta, com vistas à
flexibilização de processos que visam o acesso e a permanência e que trabalhem na perspectiva da busca
ativa e da construção de propostas pedagógicas que considerem a diversidades de sujeitos que vivenciam a
EJA, bem como suas necessidades e condições de vida e sobrevivência.

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7. Educação no Campo, Indígena, Quilombola, Caiçara, Ilhas,
Sertões, Populações Itinerantes
Coordenadores(as): Prof. Dr. Domingos Nobre (IEAR/UFF), Profª Especialista Suelen Chrisostimo (SINPRO).

Ementa: Este eixo temático busca abordar as variadas formas de pertencimento sociocultural dos atores que
hoje lutam por políticas públicas específicas e universais de educação e cultura, que levem em conta e
respeitem os contextos locais, cosmovisão, religiões, línguas e linguagens destes diferentes grupos sociais.
Esperamos receber trabalhos que abordem, entre outros temas: a luta por direitos básicos em educação e
cultura, o fortalecimento das identidades étnicas, os pertencimentos culturais, o direito à educação
diferenciada, a luta pela terra, o respeito à diversidade cultural e religiosa, as manifestações culturais locais,
bem como projetos educacionais e culturais voltados para essas populações.

8. Diversidade Cultural, Inclusão e Acessibilidade


Coordenadores (as): Profª Ma. Silvana Matos Uhmann - IEAR/ UFF, Profª Ma. Kelly Maia Cordeiro-
ObEE/UFRRJ.

Ementa: A partir da década de 1990, seguindo um movimento mundial, no Brasil são adotadas políticas cada
vez mais direcionadas para a perspectiva inclusiva. Na direção de debater e avançar sobre as produções
dessa temática, esse eixo espera receber trabalhos, provenientes de pesquisa acadêmica ou relato de
experiência, que discutam a diversidade cultural, processos de inclusão social, processos de inclusão
educacional, práticas de ensino em EE, políticas públicas para inclusão, avaliação educacional e tecnologia
assistiva. No âmbito da escola, escolas especiais, do Atendimento Educacional Especializado, documentos
oficiais entre outros.

9. Currículo, Práticas Pedagógicas e Interculturalidade


Coordenadores (as): Prof.ª Dr.ª Clarissa Craveiro - IEAR/UFF. Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas - IEAR/UFF.
Prof. Dr. William de Goes Ribeiro. .
Ementa: No atual cenário educacional e político vivenciamos momentos de grandes embates envolvendo
interesses conflituosos, que geram diversas propostas que envolvem finalidades educacionais distintas.
Estas questões vão desde a implementação de uma Base Nacional Curricular Comum, até discussões
e volve do es ola se partido , passa do por u a série de outros projetos que dizem respeito a
urrí ulo . Propo os este GT dis utir as últiplas di e sões de urrí ulo e difere tes o textos, de tal
for a a a ar ar o a plo a po do urrí ulo , e espe ifi idades e disputas. Prete de os, e espe ial,
atribuir visibilidade às pesquisas a partir do campo do currículo, cujos temas digam respeito à
interculturalidade, considerando que as pesquisas recentes nesta área têm atribuído centralidade à
dimensão cultural e às diferenças culturais, salientando a especificidade da discussão acadêmica em torno
das políticas curriculares e dos seus efeitos nos diferentes enfoques e sistemas educativos, tais como:

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 8
Formação de Professores, Práticas Pedagógicas, Etnomatemática, Etnociência, Educação de Jovens e
Adultos, Educação para as Relações Étnico-Raciais, dentre outros.

10. Infância e Diversidade


Coordenadores (as): Profª Drª Renata Lopes Costa Prado - IEAR/UFF; Profª Drª Silmara Lídia Marton -
IEAR/UFF
Ementa: A emergência dos estudos sociais da infância nas últimas décadas se deve, em grande parte, às
críticas dirigidas à visão que historicamente as ciências sociais e humanas apresentaram sobre infância e
crianças. A infância foi representada, em geral, como universal e biologicamente determinada. E as crianças,
com frequência, foram silenciadas pelas teorias, vistas apenas como vir-a-ser, como futuros adultos, futuros
cidadãos, tendo desconsiderada a sua participação na construção da história e da cultura. Com esse Eixo
Temático espera-se receber trabalhos que, em consonância com os estudos sociais da infância, enfatizem as
culturas das crianças, de diferentes pertenças étnico-raciais, e a participação delas na construção de culturas
majoritárias, compartilhadas com os adultos. Entram aqui trabalhos sobre objetos, significados, brinquedos,
brincadeiras, músicas e histórias que expressem o olhar de crianças, em contraste com a produção cultural
de outros grupos geracionais, e que a partir disso tragam problematizações para se pensar a educação.

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 9
SUMÁRIO
Pág.
RESUMOS DO EIXO 1 ......................................................................... 11

RESUMOS DO EIXO 2 ......................................................................... 30

RESUMOS DO EIXO 3 ......................................................................... 35

RESUMOS DO EIXO 4 ......................................................................... 39

RESUMOS DO EIXO 5 ........................................................................ 43

RESUMOS DO EIXO 6 ........................................................................ 47

RESUMOS DO EIXO 7 ........................................................................ 54

RESUMOS DO EIXO 8 ........................................................................ 60

RESUMOS DO EIXO 9 ........................................................................ 67

RESUMOS DO EIXO 10 ....................................................................... 84

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RESUMOS DO EIXO 1
MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

BREVES PONDERAÇÕES SOBRE O ENSINO DA HISTÓRIA


E CULTURA AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS

ANA KLSCIA DA SILVA DOS REIS


TÂNIA MARA PEDROSO MÜLLER
UFF

Com a ruptura do mito da democracia racial no Brasil, quando finalmente a máscara da igualdade racial caiu, não
tivemos outra alternativa, senão entender que o nosso país é extremamente racista. Sendo assim, tivemos alguns
passos importantes, com a promulgação da Constituição de 88, através dos artigos 215 e 242 que assegurou
importância da pluralidade racial e o ensino das diferentes culturas. No ano de 2001, as iniciativas de combate ao
racismo proliferaram, tendo como incitativa “o Plano de ação contra o racismo, a discriminação racial em Durban, na
África do Sul”. No ano 2003, a Lei 10.6390/2003 trouxe consigo uma intensa polêmica: A alteração do artigo 3º da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96 – LDB) ao incluir o artigo 26-A, o qual torna obrigatório o
ensino da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio
das redes pública e particular do país. Atualmente, quinze anos a publicação da Lei 10.639/2003, na forma de
ordenamento jurídico está sendo aplicada? Será que esta lei, após sua implantação, criou estratégias para sua
implementação? Houve alguma mudança na cultura material escolar? Ela está sendo capaz de mudar atos e atitudes
de país, professor e jovens? E transpor para além dos muros da escola.A luta pela aplicabilidade da Lei 10.639\2003,
com o ensino da História da África e Diáspora Africana, frente a intolerância e ao racismo, é árdua, requer mais do
que nunca persistência e sobretudo interesse público, para que um dia possamos gozar da plena aplicabilidade e
efetividade da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Palavras-chave: racismo, educação, lei.

Comunicação oral

INTELIGENCIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES X RENDIMENTO ESCOLAR


UM ESTUDO DE CASO

CRISTINA LUCIA SILVA DOS SANTOS MORAES


UDELMAR (UNIVERSIDADE DEL MAR) CHILE

O presente estudo investigou o porque crianças e adolescentes negras com inteligência superior são reprovadas. Na
Escola Municipal Dr. Lauro Travassos na Caputera, Angra dos Reis, RJ. Realizou-se um estudo, aplicando
instrumentos padronizados: Teste das Matrizes Progressivas de Raven (2004) e as Escalas de Renzulli, Escala para
la Valoración de las Características de Comportamento de los Estudiantes Superiores (2001). Dos 156 alunos

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 11
matriculados, 89 foram avaliados, usando como critério a autorização dos pais. Dos 89 estudantes pesquisados , 71
são negros, 1 é indígena (guarani) e 17 são brancos. Os resultados mostraram que dos pesquisados 9.0% são
superdotados (IS), que chamamos de Intelectualmente superior e, destes 6,7% são negros e 2,3% são brancos. No
total de 71 negros pesquisados encontramos, 11% talentosos (MS), que denominamos Média Superior, 32% ficaram
na média (MD), 8,9% estão na média inferior (MI) e 20% (ID) Intelectualmente deficiente. Em prosseguimento com o
estudo, quatro anos depois, analisamos os negros superdotados e o rendimento escolar dos mesmos. Percebeu-se
que o rendimento não era o esperado. Trabalhando com escola , família e o meio social desses alunos, concluiu-se
que a Inteligência Superior não despontava pela questão racial. Elas apresentavam superdotação para musica, artes,
liderança e criatividade, mas no conteúdo escolar o rendimento era normal. Teve-se como objetivo : Identificar o
porque crianças negras inteligentes tem baixo rendimento escolar. Sugere-se que além de programações para atender
aos alunos com altas habilidades/superdotação, tenha-se também um programa para atender aos talentosos com a
proposta de Enriquecimento de Renzulli, que potencializados suas habilidades poderão alcançar o patamar dos
superdotados. Sugere-se também que a questão cultural seja respeitada e valorizada, para que a criança e o
adolescente negro possa mostrar suas altas habilidades dentro e fora da escola. E para essa escola de maioria negra
a aplicação da lei 10.639/03, que torna obrigatória o ensino da História da África e do negro no Brasil, tem um
significando muito maior , pois a mesma terá uma educação voltada para as relações étnicas raciais para que os
negros com altas habilidades/superdotação possam desenvolver suas potencialidades.

Palavras chaves: Inteligência, criança negra, superdotação

Comunicação oral

A LITERATURA AFRO-BRASILEIRA ENEGRECENDO A INFÂNCIA ESCOLAR

DENISE FERNANDES DA SILVA


UFRRJ

Este trabalho trata-se de uma pesquisa iniciada no âmbito do mestrado em educação das relações étnico-raciais,
ofertado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O objetivo principal emerge da observação de práticas
pedagógicas aplicadas na Escola Municipal Ondina Couto, no município de Mesquita. A trama busca através de
práticas afrocentradas, empoderar os alunos negros, estes maioria no lócus em estudo. O trabalho é orientado pela
filosofia Ubuntu¹, como nova possibilidade de inserção erradicação do racismo escolar e epistêmico desde as primeiras
etapas escolares. Utilizaremos a Literatura Infantil com cunho afrodescendente, pois trás para a criança negra, um
novo olhar sobre ela mesma, se integra com o que vê nas histórias. Já a diversidade étnico-racial em alguns livros e
com ela o protagonismo das crianças negras. Segundo Asante (2012) quando o povo negro tem a sua própria história
como centro, ele passa a enxergar-se como ator e agente social desse local em que vive. A formação de leitores é
uma prática escolar, mas visando apenas objetivos instrucionais, que relegam as obras de literatura infantil afro e
apenas a utilizam nas datas festivas, onde o negro aparece como protagonista da escravidão brasileira. Mudar essa
prática e utilizar a literatura infantil no cotidiano escolar é uma forma de trazer a ancestralidade, como experiência
para a criança negra. Ver um corpo negro, com suas características, na capa dos livros e nas páginas destes é
reivindicar um espaço nesse universo infantil e ativar as memórias de um passado cultural africano. De acordo com
Hampaté Bá (2011), quando a cultura africana faz parte do cotidiano, não é apenas algo abstrato, isolado da vida. O
mundo passa a ser concebido como um todo, onde todas as coisas se interligam. Urge a necessidade de Práticas
pedagógicas de fato inclusivas e que valorizarem a diversidade cultural e racial. Desta forma, o trabalho abordará a
literatura afro-brasileira como possibilidade de construção de valores, afirmação da identidade negra, assim como
valores civilizatórios nas obras literárias que subsidiaram esta pesquisa.O desenvolvimento se estruturou inicialmente
no estudo teórico que possibilitou aos investigadores um aprofundamento dos conceitos sobre Educação, relações
raciais no ambiente escolar e afirmação da identidade negra, fundamentando-se nas pesquisas de:Noguera (2012),
Cavalleiro (2000), Gomes (1995) e no Referencial Curricular Nacional para Educação (1998).

Palavras-chave: Literatura Infantil –Protagonismo Negro- Infância

Comunicação oral

REFLEXÕES DA EDUCAÇÃO INTERCULTURAL


E OS DESAFIOS DA DISCUSSÃO DOS DEUSES IORUBÁ, GREGO E ROMANO NA ESCOLA

ELIANE ALMEIDA DE SOUZA E CRUZ


UFRRJ

Mesmo após catorze anos da Lei 10.639/03, que institui a obrigatoriedade do ensino da História da África e da Cultura
Afro-Brasileira em todas as instituições escolares, públicas e privadas e em todos os níveis da Educação Nacional

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 12
(Infantil, Fundamental, Médio e Superior) ainda observamos, cotidianamente, o trabalho hercúleo e, solitário de nossos
pares em apresentar essas discussões no ambiente escolar, ou seja, daqueles docentes que possuem uma prática
antirracista. Assim, essa comunicação tem o propósito de apresentar nossa interferência pedagógica decolonial
desenvolvida a partir do ano 2009, no Colégio Estadual Nilo Peçanha, situado no Estado do Rio de Janeiro/Brasil,
Município de São Gonçalo. Propusemos as seguintes questões ao corpo discente: Por que os deuses Gregos e
Romanos são visibilizados nos livros de História, nas discussões e apresentações (propagandas) no cotidiano? Por
que os Orixás (deuses) do panteão Iorubá isso não acontece, por que são invisibilizados? O objetivo central dessa
prática pedagógica foi a de desconstruir os cânones do mundo divino, onde existe uma visibilidade de deuses Gregos
e Romanos que estão nos livros didáticos, em detrimento daqueles que foram “demonizados”, ou seja, os deuses do
panteão africano Iorubá e que até hoje os livros didáticos pouco comentam. Assim, iniciamos a nossa atividade,
solicitamos que os/as alunos/as fizessem uma busca em livros de História ou qualquer conteúdo que tivesse referência
aos deuses (Orixás) do Panteão Iorubá, a saber, Exu, Oxum, Xangô e Ogum. Após essa busca, fizemos o mesmo
com os deuses da Grécia: Hermes, Afrodite, Zeus e Ares; e os de Roma: Mercúrio,Vênus, Júpiter e Marte. Após a
pesquisa, confeccionamos cartazes com as comparações de seus arquétipos. Salientamos que, essa escolha se deu
pelo motivo de que ao final exibiríamos o filme Besouro, no qual os deuses/Orixás citados aparecem na trama da
história. A ação se balizou com o campo teórico denominado Modernidade/Colonialidade, através do Pensamento
Decolonial, que se caracteriza por um olhar teórico/epistêmico que enfoca e viabilize as lutas dos subalternizados
contra o pensamento hegemônico ocidental.

Palavras-chave: Educação Decolonial, Interculturalidade, Orixás, Lei nº 10.639/03, Relações Étnico-Raciais

Comunicação oral

TRADIÇÃO, MEMÓRIA E IDENTIDADE:


SABERES E OCUPAÇÕES TRADICIONAIS E A UNIVERSIDADE

ELLIS LOPES CORDEIRO


LARISSA CARDOSO DE SOUZA AQUINO
SAMIRA LIMA DA COSTA
RICARDO LOPES CORREIA
UFRJ

O Projeto Saberes e ocupações tradicionais: memória, ocupação e desenvolvimento local tem como proposta analisar
a construção de identidade tradicional a partir da discussão acerca das produções contemporâneas de memória,
ocupação e território através dos modos de organização e sistematização das ocupações tradicionais produzidas
individual e coletivamente nas comunidades tradicionais do Rio de Janeiro. Atualmente apresenta três campos de
atuação de pesquisas práticas com alunos de graduação, articulações com o grupo de pesquisa do Laboratório de
Memórias, Territórios e Ocupações: rastros sensíveis do Programa de Pós-graduação em Psicossociologia de
Comunidades e Ecologia Social – PPG – EICOS da UFRJ e apresentações e participações em eventos científicos.
objetivos: este trabalho pretende apresentar os resultados preliminares das pesquisas do Projeto e suas ações locais
e as resolutividades observadas enquanto desdobramentos para formação e reformulação de diretrizes curriculares
do curso de graduação. metodologia: pré-análise dos dados pesquisados nas comunidades tradicionais a que se
articula e discussões teóricas provenientes da inserção no grupo de pesquisa e nas bases de dados bibliográficas.
resultados: A resistência, a tradição e a memória evidenciam-se como propiciadores das ocupações tradicionais nas
comunidades acompanhadas, sendo estes fundamentais nos processos de ocupação e construção de identidade
enquanto pertencimento. Ainda se torna possível afirmar que o Projeto possibilita uma reflexão acerca dos saberes
tradicionais que possibilitam rever conceitos quanto às ocupações e cotidianos, fatores estes que são fundamentais
para as atualizações das questões teórico-metodológicas para a Terapia Ocupacional e suas relações com campo da
Psicossociologia de Comunidades.

Palavras-chave; comunidades tradicionais, saberes tradicionais, psicossociologia de comunidades, projeto de


pesquisa

Poster

CULTURA POPULAR; SAMBA, FUTEBOL


E AS RELAÇÕES RACIAIS NA SOCIEDADE BRASILEIRA

GUILHERME DA SILVA SANTOS


UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Esta pesquisa tem relação com as temáticas discutidas no Pré Ensino Médio Popular (PEMP) em Campo Grande-RJ,

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 13
na disciplina Ciência, Sociedade e Educação, na qual abordamos as especificidades das relações raciais, temos o
intuito de discutir a relação do samba e do futebol com elementos culturais genuinamente brasileiros e a sua relação
com a falsa sensação de que sempre existiu uma democracia racial no país, em meio que muitos negros alcançam
uma ascensão social via futebol ou via samba, entender que isto não os faz seres sociais imune de sofrer com o
racismo estrutural brasileiro. O samba e o futebol nos dias atuais sofrem processos de “apartheid visual”, ou seja, os
negros são os indivíduos principais do espetáculo e o branco são espectadores e outros. A população negra busca
em nossa história elementos que nos representem socialmente, e o samba\futebol nos propicia esta representatividade
adentrando as mídias hegemônicas como a televisão e o rádio, nestes meios de comunicação de massas o negro tem
seu espaço, o que era invisibilizada nos livros didáticos e na história social brasileira desde o período colonial, ter
representação negra não quer dizer que estes indivíduos vão militar em prol dos movimentos negros, a grande maioria
é levado a crê que realmente exista uma democracia racial e outros sofrem com o processo de embraquecimento o
que faz o negro renegar suas raízes, tornando assim o debate racial dificultado por estes aspectos doutrinários. Porém
por serem espaços onde o pobre e o negro possam alcançar apenas com o seu “dom”, estes dois pilares ficam
subjugados e muitas vezes marginalizados e delegado ao negro, por décadas e até nos dias atuais tem-se pelo senso
comum a visão que o negro é mais aceito se for jogador de futebol ou sambista, papeis sociais que pra elite branca
não necessita de uma escolarização para ser. Abordando a complexidade histórica sociocultural e racial para
compreendemos a relação que faz o Brasil ser o país do futebol\samba, estudar este fenômeno nos propicia buscar
apontamentos para se discutir algumas questões metodológicas e teóricas que surgem destas relações.

Palavras-chave: Samba - Futebol - Relações Raciais – PEMP

Comunicação oral

INTERPRETAÇÃO, CONVICÇÃO E USO DAS CONVICÇÕES RELIGIOSAS


NA ESCOLA BÁSICA

JALBER LUIZ DA SILVA


UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO

Esta proposta pretende apresentar os resultados de avaliação de nossa experiência no curso de extensão Liberdade
Religiosa, Educação e Interculturalidade, organizado pelo Instituto de Educação de Angra dos Reis, da Universidade
Federal Fluminense, cujo Módulo 1 - Racismo e intolerância religiosa no ambiente escolar tivemos a oportunidade de
ministrar. Foram apresentados os painéis Genealogia do racismo: um debate sobre racismo e antirracismo no Brasil
contemporâneo; Currículo, controle e identidade social; Racismo e religião no Brasil; Interpretação, convicção e uso
das convicções religiosas na escola básica. Especificamente com relação a este último painel, propusemos uma
atividade dinâmica em que os alunos participantes foram motivados a se manifestarem quando à temática
“Escolarização e Intolerância: Discriminação racista e violência no uso de convicção religiosa. Nesta experiência,
apresentamos um quadro provocativo em que são demonstradas as religiões mais praticadas no Brasil, numa
estruturação de suas bases epistêmicas, segundo pesquisas acadêmicas e estatísticas do IBGE, assinalando no que
elas convergem ou divergem. A tarefa dos participantes era precipuamente avaliar este quadro e, segundo as suas
próprias convicções, apontarem as incongruências, distorções ou possíveis equívocos quanto as afirmações lá
dispostas. Cada participante recebeu uma reprodução impressa do quadro e foi motivado a assinalar suas impressões
pessoais, devolvendo em seguida o material, sem identificarem-se. O resultado foi surpreendente, principalmente
quando se assevera que todos os participantes eram professores da Educação Básica atuando em sala de aula.
Consideramos de suma importância para a comunidade de Angra dos Reis seja dada a visibilidade a esta intrigante
experiência. Assim, propomos neste evento apresentar os resultados da nossa avaliação, inclusive divulgando as
avaliações dessas expressões de convicção, gradado o sigilo e preservada a identidade de cada participante.

Palavras-chave: educação; racismo; epistemicídio; intolerância; afroreligiosidade

Comunicação oral

CULTURA INDÍGENA (DES) INVIBILIZAÇÃO DENTRO/FORA DA ESCOLA.

LAIZ DA CRUZ BATISTA


AGNIS MONFREDINI DE PAULA
AGATHA MONFREDINI DE PAULA FARIA
COLÉGIO ESTADUAL DR ARTUR VARGAS

Este trabalho relata a experiência de um grupo de normalistas do Colégio Estadual Dr Artur Vargas, que depois de ter
um contato inicial com as culturas indígenas através das propostas elaboradas pelas disciplinas e pela feira cultural
do ano de 2016, elaborou e executou uma aula prática com a temática indígena que ultrapassou os muros da própria

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 14
escola. No inicio do ano 2017, tivemos a oportunidade de participar do projeto “Museu do Índio viajando” da Casa
Laranjeiras, com o auxilio do professor Arundo Terceiro, onde fomos monitoras, e através desta atividade conseguimos
ganhar ainda mais experiências sobre a temática. Assim, quando fomos desafiadas na disciplina do Curso Normal
“Arte Educação”, pela professora Renata Borges à darmos uma aula prática sobre um tema que achamos importante,
conversamos e concluímos que nos dias atuais pouco se fala da diversidade da cultura indígena nas escolas, e
decidimos trabalhar este tema. Para esta aula pensamos em algo dinâmico, então abordamos mais de uma etnia:
Maxacali, Guarani e Karajá. Usamos fotos, mapas, objetos e contação de histórias com encenação. Montamos algo
bem prático que conseguisse chamar atenção e despertar o interesse dos alunos. Por causa da importância do tema,
fomos convidadas pela professora Katyucha Ramos, a apresentar nosso trabalho para outras turmas do curso normal
e também para os alunos da Escola Municipal Princesa Izabel. O resultado desse trabalho foi algo que não
esperávamos, se tornou algo grande e que gostamos muito de realizar, tanto na nossa escola como na E.M. Princesa
Izabel, pois a participação, a curiosidade e o encantamento dos alunos pela cultura indígena nos faz pensar que
devemos valorizar esta cultura e abordá-la mais vezes na escola.

Palavras-chave: Curso normal, aula prática, cultura indígena

Comunicação oral

PROFESSORA-ARTISTA E AS DIVERSIDADES ÉTNICO-RACIAIS:


DESAFIOS NA FORMAÇÃO

LAURA OTAL RIBEIRO


ALISSAN MARIA DA SILVA
INSTITUTO FEDERAL FLUMINESE

O presente trabalho consiste em apresentar desenhos reflexivos iniciais acerca de desafios na aplicação da Lei
10.639/03 - a qual torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas- na perspectiva
de uma licencianda em Teatro que se coloca no exercício de busca por experiências significativas em sua formação.
Levando em consideração que vivemos em um país onde há uma diversidade cultural e étnico-racial muito grande, a
intenção é refletir sobre o papel do docente em não negligenciar informações, conteúdos e experiências que possam
contribuir para a construção destes conhecimentos com os alunos. Para alinhavar tal discussão, articulam-se reflexões
sobre as experiências vividas na monitoria do componente curricular Teatro-Educação, do curso da Licenciatura em
Teatro (IFF – Campus Campos Centro), ao acompanhamento de outras atividades de ensino do teatro realizadas pela
orientação de monitoria - em destaque as aulas de Arte/Teatro no Ensino Médio. No trabalho com o Ensino Médio,
conteúdos referentes à cultura e as artes cênicas afro-brasileiras estavam presentes no ensino do Teatro por meio de
práticas corporais e jogos teatrais – como metodologia de ensino própria do teatro – propostos em uma rede construída
com pesquisas individuais e coletivas, músicas, vídeos, entrevistas realizadas pelos alunos, textos e imagens
articulados a um processo reflexivo individual e coletivo sobre as diversidades culturais, religiosas, raciais, de gênero,
geográficas da vida dos alunos. Esse processo culmina na apresentação de um experimento teatral de criação coletiva
– Desviantes - como valorização da produção artístico-cultural do aluno, na qual estavam aparentes processos de
resgates de auto-estima, denúncia, libertação e reflexão em relação aos sentimentos de opressão e repressão vividos
por cada um. Considera-se, portanto, enxergando a monitoria como iniciação à docência, a importância dessa
experiência no processo de formação de uma licencianda, tendo em vista a ausência destes conhecimentos em nossa
trajetória escolar e a escassez de discussão sobre estas temáticas e as leis referentes em nossas formações de
maneira geral.

Palavras-chave: Teatro, Formação, Docência-artista, Relações étnico-raciais

Poster

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO MOVIMENTO NEGRO


NA CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO DEMOCRÁTICA

LUANE BENTO DOS SANTOS


CEFET-RJ E SEEDUCRJ

Neste trabalho, apresentamos a importância das ações políticas dos movimentos negros na educação básica para a
criação de identidades negras afirmativas, construção de sociedade mais democrática e de educação que vise à
promoção da equidade e a emancipação dos sujeitos. Partimos da análise de relatos de mulheres negras inseridas
no nível superior (graduadas e graduandas) e buscamos compreender como elas construíram ao longo de suas
trajetórias escolares identidades corpóreas e representações de história e cultura africana e afro-brasileira. Notamos
através dos relatos das entrevistadas a influência de instituições sociais na elaboração de suas identidades corpóreas,

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 15
principalmente o papel da instituição escolar. O espaço escolar foi marcado em grande parte dos depoimentos como
local propício para execução de traumas de origem racial. Nossa pesquisa se apoia nos pressupostos teóricos e
metodológicos da Educação, Relações Étnico-raciais e Antropologia Social. Os métodos e técnicas de pesquisas
utilizadas foram෯ observação participante, levantamento bibliográfico, revisão de literatura, diário de campo, entrevistas
semiestruturadas, história de vida e história oral. A pesquisa é de abordagem qualitativa. As entrevistadas
selecionadas para a pesquisa se autodeclararam negras. Foram realizadas dez entrevistas. Cabe salientar que as
mulheres negras depoentes para essa pesquisa são෯ ativistas dos movimentos negros, simpatizantes ao movimento
negro e sem opinião formada sobre o movimento negro. O grupo entrevistado é bem heterogêneo pertencente a
diversas áreas de formação universitária, classe social, religião, orientação sexual e perspectivas políticas. Todo o
trabalho de campo foi realizado em instituições universitárias e de pesquisa, tais como෯ Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na instituição de pesquisa Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz).

Palavras-chave: Educação෮ Formação de Professores෮ Movimento Negro෮ Identidade Negra෮ Gênero.

Comunicação oral

EJA CONFORMISMO OU RUPTURA?

MERLIN DIAS GOMES


UFF IEAR

O estudo visa compreender quem são os sujeitos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola municipal
de Angra dos Reis. São comentadas algumas de suas características, e apresentados fragmentos de suas histórias,
assim como os motivos que os levaram a entrar nesta modalidade de ensino. Iniciamos com uma revisão de literatura
sobre a EJA, seus momentos históricos e políticos que nos levam a perceber uma longa caminhada de ganhos e
perdas, com destaque para alguns projetos educacionais nesta área. Em seguida analisamos a diversidade
encontrada atualmente nas turmas da EJA, tornando-se esta uma das principais características desta modalidade,
revelada, inclusive nos estudantes que participaram de nosso estudo. O interesse pela modalidade se deu pela
experiência da autora com a modalidade, o que despertou a curiosidade e a ânsia em mostrar quem são estas pessoas
que ali buscam uma oportunidade de recomeço. Os resultados são diversos e nem sempre animadores, uma vez que
nos deparamos com as muitas dificuldades dessa modalidade.

Palavras-chave: Ruptura. Modalidade. Conhecimento

Poster

COMO SE PRODUZ E REPRODUZ O PRECONCEITO NA ESCOLA

REJANE MIRANDA DE OLIVEIRA


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

O persente estudo aborda a questão do negro e de seu processo educacional. Considerando aspectos histórico sobre
a educação da população negra na sociedade brasileira, chega-se a uma análise crítica de como se transmitem no
âmbito escolar manifestações de preconceito, perpetuando assim o racismo, por meio de uma educação em favor da
permanência das desigualdades. Com o preconceito mascarado em situações cotidianas nas relações étnico-raciais,
na sociedade e no sistema educacional brasileiro, divulga-se a falsa ideia de democracia racial. A intenção deste
trabalho é mostrar na trajetória da população afrodescendente, os processos educacionais de resistência que
possuem potencial para deslocar a população negra da condição de vítima, buscando superar tais distorções nos
currículos e no imaginário social.

Palavras-chave: Educação; Preconceito; Negro.

Comunicação oral

EDUCADORES SOCIAIS EM COMUNIDADES POPULARES:


MOVIMENTOS SOCIAIS EDUCATIVOS DAS FAVELAS CARIOCAS.

RICARDO LUIZ DA SILVA FERNANDES

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 16
SME/RJ

No ano de 2010 ingressei como pedagogo do Grupo Cultural AfroReggae e nesse contexto comecei a observar as
práticas educativas dos jovens de favela. Nessa problematização surgiu minha proposta para investigação no
mestrado em educação. Tal atuação superava o espaço da instituição e atingia uma dimensão coletiva. Havia por
parte desse grupo uma preocupação com a educação formal, políticas de saúde pública, cultura negra, gênero e
empregabilidade. Os questionamentos para a presente investigação surgiram nesse contexto, na participação coletiva
desse grupo, que existiam em diversos espaços da comunidade. A presente investigação busca contribuir para o
campo da educação por meio da análise da atuação de jovens educadores sociais em uma importante instituição da
sociedade civil organizada (ONG) na cidade do Rio de Janeiro. A organização governamental em si não determinada
à dimensão de suas atuações, mas uma análise contextualizada das demandas sociais da comunidade. O grupo era
formado na maioria por mulheres negras, que não passavam dos 30 anos e já constituíam suas próprias famílias.
Muitos dos questionamentos encontrados durante a observação participante eram: a qualidade de ensino das escolas
públicas das comunidades, números de vagas ofertadas para crianças nas creches, a segurança do jovem negro na
comunidade e formação educacional coletiva. Realizei uma análise centrada nos estudos de JAILSON SILVA (2009)
que debatem as questões de território favela, criminalidade e a superação dos preconceitos em busca de uma cultura
local; JOSÉ MACHADO PAES (2009) que deu suporte para os debates sobre a múltipla configuração do conceito de
juventude; e, MARIA DA GLÓRIA GOHN (2010) que trouxe o suporte para as reflexões sobre organizações
governamentais e a atuação do educador social neste cenário. As conclusões iniciais do estudo foram: que a educação
social é uma atividade social e política, focada na participação e na manutenção da cultura das favelas. Resulta de
intervenções coletivas e que superam as dimensões das instituições não governamentais.

Palavras-chave: Movimentos sociais, Políticas Públicas, Educação Social, Educadores Sociais e Favelas.

Comunicação oral

A CRIANÇA NEGRA NA LITERATURA INFANTIL AFRO-BRASILEIRA:


DO SILENCIAMENTO ÀS PRÁTICAS DOCENTES DECOLONIAIS

SIMONY RICCI COELHO


ANA PAULA CERQUEIRA FERNANDES
UNIG/UFFRJ-GPMC
UFRRJ/GPMC

O presente artigo surge a partir de uma experiência pedagógica vivenciada na classe de implementação de leitura
realizada numa escola pública rural do Município de Queimados, situada no Rio de Janeiro. Partimos do pressuposto
de que as atividades abordadas nesta classe podem ser instrumento pedagógico riquíssimo a fomentar nos pequenos
pensantes a concepção de que somos plurais, Inserido neste âmbito da linguagem destaca-se a importância da
literatura infantil afro-brasileira como território favorável para o trato da educação para as relações étnico-raciais,
conforme no artigo 26 A da LDB (9394/96). Entretanto, a escola ainda hoje, na Educação Infantil, prioriza trabalhar
com clássicos no gênero “literatura infantil”, sendo que em sua maioria, valorizam as leituras de mundo vinculadas a
um universo cultural europeu. Assim, os clássicos se apresentam como forma de cultura e modelo a ser seguido pela
sociedade. Percebe-se a hegemonia eurocêntrica do saber e do poder, que discrimina e silencia a diversidade cultural,
pois nestas literaturas existe a ausência de outras etnias, que quando mencionadas se inserem de forma
subalternizada. Assim, o objetivo deste artigo é compreender como a criança negra está sendo representada na
literatura infantil, por meio das práticas educativas desenvolvidas na classe de implementação de leitura. Para tal
discussão buscou-se um diálogo com teóricos em relação à linguagem num viés social e cultural: em relação à prática
pedagógica Freire (1987) e Candau (2016); acerca da literatura africana infantil Negrão (1990) e destaca-se quanto a
pedagogia decolonial Oliveira (2012) Walsh (2005); entre outros. Para tanto, espera-se que tais discussões realizadas
contribuam com reflexões, ações e perspectivas que possam romper os processos de homogeneização e
naturalização que inviabilizam e ocultam às diferenças entre os sujeitos. Isso dito, é relevante (re) pensar que a ruptura
da colonialidade do saber e do ser seja possível a partir de práticas pedagógicas em diálogo com o viés decolonial
que estimula formas de emancipação social e reinvenção dos sujeitos subalternizados.

Palavras-chave: Literatura Infantil Afro-Brasileira; Trabalho Docente; Práticas docentes Decoloniais.

Comunicação oral

ENCONTROS NO IEAR QUE PROVOCAM E TECEM REDES

WILZA LIMA DOS SANTOS


EDWARD CAMPANARIO NETO

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 17
KATYUCHA RAMOS BARRETO
IVANILDO ALMEIDA BRAZ
SEEDUC-RJ / PMRJ
SEEDUC-RJ / PMAR
POVO PATAXÓ

O trabalho visa relatar as redes tecidas para a realização da feira cultural no curso de formação de professorxs nível
médio, na escola estadual Doutor Artur Vargas, em Angra dos Reis/RJ. Tecida inicialmente no ano de 2013, a cada
ano a feira adquiri novas formas, cores, sabores e força com a chegada de novxs professorxs na unidade escolar. No
ano de 2016, o histórico descaso governamental serviu de ensejo para a greve dxs profissionais da educação. Assim,
durante o período de reposição das aulas, resolvemos expor os trabalhos tecidos através/com uma gincana cultural
entre as turmas do curso normal. O artigo 26-A da LDB, por meio das leis 10.639/03 e 11.645/08, estabelece o ensino
da História da África, e da História e Cultura afro-brasileira e Indígena no espaço escolar, que permite potencializar o
debate e o reconhecimento da importância das diferentes culturas em nosso país. Bem como visa, a partir das
pesquisas e informações contextualizadas realizadas nos espaços de “aprendizagemensino” (ALVES), combater
qualquer tipo de racismo, discriminação ou preconceito. E nos incentiva a tentar pensar modos possíveis na
desconstrução dos estereótipos criados, ao logo dos anos, por uma cultura dominante. Assim, um grupo de
professorxs, percebendo a diversidade cultural na escola, que atende caiçaras, quilombolas, moradores de diversos
bairros de Angra dos Reis e também de outros municípios, busca realizar um trabalho em seus cotidianos escolares
de (des)inviabilização das diversas culturas, no decorrer do ano letivo, que tem sua culminância na feira cultural. O II
Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis (IEAR), promoveu o encontro com
representantes de diversas culturas, e adquirimos a oportunidade de estreitar laços de amizades, pesquisas e tecer
novas formas de pensar a feira e realizar diversos outros trabalhos. O encontro com Ivanildo, um dos representantes
do povo Pataxó no Congresso, nos motivou a promover uma feira com um enfoque e participação indígena. Dentre as
atividades, tivemos oficinas e provas de arremesso com zarabatana, arco e flecha, tocada de apito, arte da pintura
corporal indígena e concurso de turbante. Os julgadores da gincana foi um grupo de quatro Pataxós, liderados por
Ivanildo, que passaram este rico dia conosco e nos demonstraram suas danças, músicas e costumes. Assim, estes
encontros criaram novos vínculos afetivos e profissionais ao promoverem o diálogo entre os diferentes modos de vida
e de luta.

Palavras-chave: Curso de formação de professores; Cultura indígena; Tecitura de redes; IEAR

Comunicação oral

PROCESSOS FORMATIVOS DE DOCENTES-ARTISTAS NA CONTEMPORANEIDADE:


OUTRO(S) TEATRO(S) POSSÍVEIS NA APLICAÇÃO DA LEI 10.639/03

ALISSAN MARIA DA SILVA


INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE (PROFESSORA)/ UNIRIO (ESTUDANTE DE PÓS-GRADUAÇÃO)

De acordo com a lei 10.639/03 os conteúdos referentes à História e cultura afro-brasileiras serão ministrados em todo
o conteúdo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História brasileiras. Tendo em vista
seus 14 anos – seguidos pelos 9 anos da lei 11.645/08, que adicionou o ensino da história e culturas dos povos
indígenas – urge a necessidade do docente-artista ter consciência do seu papel como articulador de experiências que
promovam a construção destes conhecimentos, bem como o combate aos racismos e intolerâncias. Tendo em vista
este compromisso, objetiva-se apresentar de forma panorâmica atividades formativas que têm sido realizadas desde
2016 com um grupo de estudantes da Licenciatura em Teatro (IFF campus Campos Centro) – Coletivo Artístico Saravá
- e como estas ações desdobram-se, como continuidade e aprofundamento, no projeto de pesquisa-extensão
Processos Formativos de Docentes-Artistas na Contemporaneidade. O nascente Saravá tem se feito espaçotempo
laboratorial de estudos sobre a performance – artística e cultural – e seus possíveis encruzilhamentos com as relações
étnico-raciais e diversidades. Dessa maneira, vem proporcionando a estes licenciandos a construção de seu próprio
processo reflexivo acerca da necessidade de conhecer e compreender formas artísticas cênicas afrobrasileiras, e suas
lógicas não eurocêntricas de pensamento e estruturação, bem como a importância da presença de tais saberes em
sua formação e a busca por formas de experimentação destes elementos para si, reverberando assim na sua futura
prática docente com o Teatro. Nesse sentido, o referido coletivo, no ano 2017-2018, encaminha-se para investigação
das especificidades e formas artísticas presentes no Jongo como uma das performances afro-brasileiras também
presentes no Norte Fluminense – região em que se situa nossa instituição - bem como na região da Costa Verde –
região em que acontece este congresso - para a criação de jogos e outros recursos artístico-pedagógicos, aspirando
o desenvolvimento de caminhos metodológicos para a aplicação da lei 10.639/03 no ensino do Teatro. Espera-se que
a investigação teórico-prática destes conhecimentos converta-se em um leque mínimo de práticas artístico-
pedagógicas para/no Ensino do Teatro, contribuindo assim para difusão e apropriação destes saberes na formação
de professores da Educação Básica.

Palavras-chave: Performance, Teatro, Formação, Docência, Relações étnico-raciais


Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 18
Comunicação oral

A PERFORMANCE COMO ESPELHO: REFLEXÕES SOBRE RACISMOS NA ESCOLA

LAÍS PINTO LINO


INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

Considerando que histórico e culturalmente é dada ao brasileiro a imagem de povo solidário, generoso, hospitaleiro,
contribuindo para a naturalização de um preconceito, calcado no mito de uma democracia racial, o trabalho visa
elaborar elementos reflexivos sobre discursos não embasados resultantes de problemas estruturais e educacionais
que reproduzem esse ideário. Busca-se elaborar como estes discursos, tão cristalizados nas relações vivenciadas
desde a infância escolar, entram em confronto com a possibilidade de uma formação docente que abre espaço para
um processo crítico-reflexivo de construção em Arte – performance/teatro - sobre as relações étnico-raciais. Para tal,
trazemos como mote da discussão impactos e reflexões decorrentes da construção e execução da performance
duracional “A volta ou a Re-volta de Michele”, que vem sendo elaborada pelo Coletivo Artístico Saravá – IFF Campus
Campos Centro. Esta experiência artística, executada uma vez por mês no campus, busca provocar questionamentos
sobre as não-reflexões e inércias sobre a data do “13 de maio” e a invisibilidade do ser mulher, negra, crespa, periférica
em uma instituição pública federal de ensino, e os consequentes racismos e intolerâncias. Pôde-se presenciar neste
evento, os racismos e argumentos para uma suposta democracia racial visíveis nas reações daqueles que assistiam.
Acreditando que o conhecimento é libertador e por isso, pode operar transformações, vemos com este relato a
possibilidade de compartilhar e encontrar interlocutores para refletir criticamente como essas relações estão sendo
estabelecidas, contribuindo assim para a busca de uma docência que não colabore com a permanência de um sistema
não crítico e hostil imposto por um poder hegemônico.

Palavras-chave: Teatro, performance, formação, docência, racismo.

Poster

A LEITURA LITERÁRIA NO ENSINO DE MATEMÁTICA:


CONSTRUINDO PRÁTICAS AFROCENTRADAS NOS ANOS INICIAIS

VINÍCIUS DE LUNA CHAGAS COSTA


SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE MESQUITA

O presente trabalho apresenta um relato de experiência a partir de práticas docentes realizadas em duas turmas de
quarto ano do ensino fundamental na Escola Municipal Ernesto Che Guevara, localizada no bairro Chatuba, em
Mesquita, Rio de Janeiro. O objetivo é apresentar como a literatura infanto juvenil afrobrasileira e seu diálogo com o
ensino de matemática possibilitou discussões sobre uma educação afrocêntrica e antirracista. O recorte trabalhado
aqui está vinculado ao conceito de afrocentricidade, paradigma pensado por Assante (2009) e que serve de
instrumento pedagógico para apoiar a discussão com os alunos sobre as populações africanas, seus conhecimentos
e imagens distantes de uma ótica/lógica eurocêntrica, através de relatos e ações dos professores/alunos que nos
mostram a urgência e a importância da literatura também em turmas do 4º e 5º ano, visto que estas ações são iniciadas
pelos professores alfabetizadores e muitas vezes se perdem ao final do 3º ano.
Para dar conta à questão proposta no texto, narraremos e analisaremos algumas práticas descolonizadoras que
buscam trabalhar as questões étnico-raciais com alunos dos anos iniciais, com auxílio da obra “As doze princesas
dançarinas”, disponível nas escolas públicas através do Plano Nacional do Livro (PNL) e do Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa, o PNAIC. Acreditamos que as questões que versam sobre a história e cultura afro-
brasileira, devem ser trabalhadas ao longo de todo ano letivo, pois, buscamos com o nosso trabalho em sala de aula
construir juntamente com os alunos uma consciência permanente, que seja para além do dia 20 de novembro. Aqui
pretendemos narrar e analisar algumas vivências e práticas que acumulamos ao longo dos meses de agosto e outubro
de 2017 como professores da Educação Básica na Baixada Fluminense, diante de crianças que experimentam
conhecer as culturas africanas e afro-brasileiras. Essas práticas, ao subverter um currículo eurocêntrico, são fruto de
uma problematização da visão monocultural na concepção de ciência e conhecimento (CANDAU, 2006) e permitem a
possibilidade de descortinar outras formas de conhecer o mundo, decolonizando as formas de aprender e pensar.

Narrativa docente, afrocentricidade, ensino de matemática

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 19
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA POSITIVA NO ENSINO DE CIÊNCIAS

ÉRIKA FRANCISCA FERREIRA SILVA DE MATOS.


UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

O presente trabalho monográfico caracteriza um Projeto de Transformação realizado no primeiro semestre do ano
letivo de 2016, abordando a temática étnico – racial inserindo-a no currículo escolar da disciplina de Ciências da turma
do 3º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Oscar José de Souza, situada no município de Itaguaí, RJ.
Tal projeto buscou primordialmente, através de uma pesquisa ação, propiciar na sala de aula as condições necessárias
para a construção da identidade negra positiva no estudo de Ciências, e para tal, alguns aspectos ligados ao corpo e
à sua anatomia fizeram parte das atividades, e também na tentativa de desmistificar imagens estereotipadas a respeito
do continente africano e do negro. Além disso, para atingir os objetivos propostos, por vezes precisei recorrer a
abordagens geográficas em algumas atividades. O racismo é um problema que tem atingido a sociedade brasileira
nos mais diversos setores, pois corriqueiramente os noticiários trazem manchetes nas quais pessoas, geralmente de
cor de pele negra, são submetidas a situações de racismo. Dentre os casos que acontecem cotidianamente destaco
os ocorridos dentro do espaço escolar. A monografia constitui-se em dois capítulos, o primeiro: A CONSTRUÇÃO DA
IDENTIDADE NEGRA POSITIVA. Esse capítulo trata de apresentar alguns processos que ocorrem nos campos
psicológicos, sociais, históricos e culturais para que a formação da identidade negra positiva aconteça, além disso,
fornece um breve panorama da realidade escolar na qual se executou o projeto. Ainda nesse capítulo, analiso como
a legislação opera no sentido de que a temática étnico-racial seja inserida na prática escolar e como a escola coopera
nesse sentido. O segundo capítulo: DINÂMICAS E SABERES EVIDENCIADOS divide-se em cinco partes, as quais
são compostas pelas atividades propostas aos alunos e nos resultados obtidos através das mesmas.

Palavras-chave: Educação, Racismo, Ciências ,identidade positiva

Comunicação oral

SER NEGRA NOS ENCONTROS COM A IDENTIDADE, VIDA, ARTE E DOCÊNCIA

BÁRBARA FERREIRA MELO


IFF - INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE CAMPUS CAMPOS CENTRO

O presente trabalho propõe uma reflexão sobre experiências de formação tecidas em relações de parceira com um
grupo de estudantes da Licenciatura em Teatro – Coletivo Artístico Saravá – que tem se dedicado ao estudo de
possíveis conexões entre a Performance – artísticas e culturais – e as relações étnico-raciais e diversidades na
formação do docente-artista, inseridos no escopo do projeto de pesquisa-extensão Processos Formativos de
Docentes-Artistas na Contemporaneidade. Os processos do aprender, fazer e ensinar artísticos inerentes a
metodologia do campo da Performance tem como um dos princípios, o acesso de si mesmo para a elaboração estética,
visto que são tênues as fronteiras entre arte e vida do sujeito que aprende, faz e ensina Arte. Nesse sentido, os estudos
realizados até então, articulados aos conhecimentos construídos nos componentes curriculares Teatro-Educação do
curso de Licenciatura em Teatro (IFF- Campus Campos Centro), têm provocado reflexões sobre o caminho entre a
construção e a afirmação de identidade de uma docente-artista em formação, na articulação de si própria como mulher
negra ao acessar as memórias de uma infância ligada ao Candomblé como uma “criança de terreiro”. Reconhecendo
as discriminações raciais sofridas nesta trajetória é de suma importância ressaltar a aplicação da lei 10.639/03, que
torna obrigatório os estudos de história e culturas africanas e afro-brasileira em todas as escolas, públicas e
particulares, na Educação Básica. Diante da necessidade da construção de saberes africanos e afro brasileiros, bem
como a desmistificação do preconceito em relação a eles nas escolas, busca-se articular a importância dos mesmos.
Também na formação docente. Considerando que este processo de pesquisa vem sendo espaçotempo para
compartilhamento de histórias de vida, permite a investigação de novos saberes que se fazem presentes como uma
experiência sensível e que possa dialogar com a prática docente. E esses conhecimentos, em se tratando de um
coletivo artístico que trabalha pela via das artes cênicas/performance, estão ressoando em nossos corpos que ao
mesmo tempo carregam e restauram sua história no encontro com suas memórias e ancestralidades.

Palavras-chave: Perfomance, história de vida, identidade, Formação, Docência-artista

Comunicação oral

ARTES - FAZERES E SABERES NA INFÂNCIA:


EDUCANDO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS.

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 20
BIANCA CRISTINA DA SILVA TRINDADE
MAIZA FRANCISCO
TATIANE CARNEIRO
MÔNICA FRANCISCO
UFRRJ

Cabe sempre ao artista fazer de muitas coisas uma só, e da menor parte de cada coisa criar um mundo. (Rilke). Este
trabalho tem por objetivo abordar e refletir o papel da disciplina de Artes Visuais, exerce dentro do cenário educacional,
como recurso pedagógico a ser utilizado para construção de Identidade da criança, na Educação Infantil, em especial
a afro-brasileira. A partir, da Lei Nº 10.639/2003, que torna obrigatório, nos estabelecimentos de ensinos fundamental
e médio, oficiais e particulares, o ensino da História da África e o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileiras, como
parte do currículo escolar. Pretende-se ainda discutir os possíveis caminhos para que a Lei seja cumprida no espaço
escolar. Pensando em nossa prática pedagógica e experiência docente na Educação podemos dizer que é muito
prazeroso aprender brincando, fazer descobertas, aventurar-se, criar, refletir e aprender através da arte. Como Nelson
Mandela, já dizia em suas “como a gente aprende com nossas crianças”. Pensar na criança como sujeito histórico, é
importantíssimo, na construção de conhecimentos e descobertas de sua própria história. Segundo, Renato Noguera,
em uma palestra no SESC, este declara sobre a importância de Infancializar- se e como a experiência da infância nos
faz mais humano. E por quê não? Ouvir as nossas crianças, o que essas sabem e tem a dizer sobre o racismo na
escola? Como professores devemos entrar neste universo da infância e ensinar os pequenos a conhecer e respeitar
a diversidade, o educador pode contribuir para a construção da cidadania, construção de identidades e saiba que este
trabalho atende a uma antiga reivindicação dos Movimentos Negros “ O direito à história”. É pensando nisto, neste
trabalho penso como é importante abordar as questões étnico-raciais na Educação Infantil, que represente de forma
afirmativa a história, a origem e as conquistas dos indivíduos afro-descendentes, contribuirá para que as crianças
possam valorizar a identidade étnica do povo brasileiro, possam crescer e conviver com as diferenças, abolindo
atitudes preconceituosas e racistas no meio educacional.

Palavras-chave: ARTES, EDUCAÇÃO INFANTIL E RELAÇÕES ÉTNICO - RACIAIS.

Comunicação oral

ENCRUZILHAMENTOS DE MIM:
PERFORMANCES, SER NEGRO E A DOCÊNCIA-ARTISTA

YAN VINICIUS FREITAS BENTO


IFF - INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

Neste trabalho pretende-se evidenciar os encruzilhamentos de reflexões tecidos acerca dos impactos produzidos pelas
experiências de formação desenvolvidas junto ao Coletivo Artístico Saravá, sendo este um dos campos de atuação
do projeto de pesquisa-extensão Processos Formativos de Docentes-Artistas na contemporaneidade, e composto por
estudantes da Licenciatura em Teatro (IFF campus Campos Centro) que se reúnem para pensar as possibilidades
das performances afro-brasileiras no ensino do Teatro para a aplicação da lei 10.639/03. O processo desperta o desejo
de pensar como - a exemplo do que têm acontecido com os participantes do Coletivo - podem acontecer experiências
significativas através do ensino do Teatro/Performance, nas quais seja possível que nossos futuros alunos tenham
espaçotempo para se construírem, desconstruírem, reconstruírem – não necessariamente nessa ordem-
esteticamente no plano sensível e da experiência. As experiências de formação desenvolvidas com este grupo têm
colaborado para um movimento contínuo nos processos de construção de identidade de um licenciando que se
percebe negro. Ao elaborar-se esteticamente com seus pares na construção dos exercícios de performance e no
encontro com o estudo das formas artísticas cênicas afro-brasileiras, encontra-se com a gama de possibilidades de
uma cosmovisão que se pauta pela circularidade. Esse encontro ou re-encontro provocam reverberações expressivas
que resultam no desejo de ser profissional capaz de criar com o Teatro espaços para este tipo de reflexões e
elaborações. O caminho trilhado em parceria entre a formação de um licenciando e a pesquisa que vem sendo
realizada, formam um arcabouço de saberes que serão parte integrante e possível ponto gerador de muitas das ações
no fazer teatral em um ambiente escolar.

Palavras-chave: Teatro, Performance, Processos Formativos, Docência-artista, Identidade.

Poster

TROCA DE SABERES ENTRE OS GRUPOS DE ESTUDOS


E SUA COLABORAÇÃO NA LUTA CONTRA O RACISMO

SUELEN PEREIRA ESTEVAM DA SILVA

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 21
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

O estudo objetiva mencionar dimensões de combate a toda forma de racismo que os movimentos sociais e os grupos
de estudos dentro e fora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro estão trazendo nas pautas dos seus
encontros, um assunto que ainda não se findou e que esbarra no silêncio de muitos, mesmo que o mito da democracia
racial já não exista seus efeitos ainda são sentidos. Mas estes grupos têm se fortalecido cada vez mais para não
apenas combater o racismo mas a intolerância religiosa e os inúmeros tabus que a sociedade construiu ao longo nos
anos em torno do ser negro. Na universidade do conhecimento na perspectiva da pesquisa da inovação nas praticas
sociais e sua forma de pensar a sua construção, tendo como referência: estudos prévios, políticas públicas,
documentos de evento identificação de convergências temáticas que permitiram a construção e publicações desses
estudos. Evidencia-se que a investigação científica e a inovação educacional através das leis 10639/03 e a 11 648/08
são ganhos para que este assunto entre de fato no mundo acadêmico, trazendo para sala de aula conteúdos e autores
que os livros didáticos eurocêntricos não permitiria uma discussão e menos ainda uma valorização desse ser negro
na construção do país e sua dívida histórica com os afrodescendentes.O apoio desses grupos para se discutir a
temática racial tem sido fundamental no processo formativo de outros lideres comunitários e educadores, e assim
proporcionando para os jovens um da sua identidade e no seu pertencimento ancestral. Desta forma os grupos de
estudos são uma espécie ponto de partida tanto para esse estudante que estão entrando agora no mundo acadêmico
e tornando-se formadores de pensamentos críticos numa construção epistemológica na interação entre outros alunos,
os conteúdos debatidos e os mediadores dão origem ao um novo conhecimento. Como se vê esse processo de
construção depende da mediação que o interlocutor através dos debates e temas sugeridos esta construção se dá no
processo de partilha. Além dessa construção de identidade estes grupos fortalecem essas pessoas no combate ao
preconceito mesmo que ele insiste em se apresentar de forma sutil, a construção de conhecimento sólido através das
partilhas nestes espaços tem uma repercussão positiva nesta construção do ser negro.

Palavras-chave: Grupo de Estudos, Racismo, Identidade, UFRRJ

Comunicação oral

CONSIDERAÇÕES RELEVANTES SOBRE A ATUAÇÃO DO MOVIMENTO NEGRO


EM PROL DA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

CRISTIANE SARAIVA BONIFÁCIO


MARCELO SANTOS DE ALMEIDA
AHYAS SISS
UFRRJ

Decorreu um longo período temporal até que o Estado brasileiro reconhecesse oficialmente a existência do
preconceito, da discriminação e dos racismos institucional e epistêmico no cotidiano escolar brasileiro, o que foi
materializado por meio da promulgação das leis 10.639/2003 e a 11.645/2008, que modificaram os artigos 26-A e 79-
B da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), tornando obrigatório o ensino da história e cultura
afro-brasileira e indígena nos sistemas público e privado de ensino. No entanto, ação dos movimentos negros em
defesa da igualdade étnico-racial e de ações afirmativas é histórica, atuando desde o início do século passado no
combate ao etnocentrismo e eurocentrismo presentes nos mais diversos setores sociais brasileiros, principalmente no
âmbito da educação. Embora não seja o foco principal da pesquisa em desenvolvimento, intitulada “Especialização
em Ensino de Histórias e Culturas Africanas e Afro-Brasileira no IFRJ, São Gonçalo, RJ: um diálogo com a Educação
das Relações Étnico-Raciais (ERER’s)”, um de seus capítulos tem como propósito analisar as contribuições do
Movimento Negro nacional para a Educação das Relações Étnico-raciais (ERER’s). Em relação ao objeto e ao lócus
da investigação, trata-se de um curso de especialização ofertado pelo IFRJ em São Gonçalo, RJ, cujo estudo se
baseia, principalmente, na Teoria Social sobre o capital cultural, sob a perspectiva do ethos e do habitus, presentes
nas obras de Bourdieu (1998 e 2014), além de outros estudos sobre essa temática desenvolvidos por pesquisadores
como Munanga (2010), Siss (2003), Hasenbalg (1979), Hooks (2005), etc. Entende-se aqui que esta investigação
esteja alinhada à proposta do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis, assim
como ao eixo temático (01) que está voltado para Movimentos Sociais e Educação das Relações Étnico-Raciais.

Palavras-chave: Movimento Negro, Educação, Relações Étnico-Raciais.

Comunicação oral

APLICABILIDADE DA LEI 10.639/03 NO LIVRO DE HISTÓRIA

MAIZA DA SILVA FRANCISCO


MONICA DA SILVA FRANCISCO

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 22
BIANCA CRISTINA DA SILVA TRINDADE
UFFRJ

Essa pesquisa intitulada como Aplicabilidade da Lei 10.639/03 no Livro de História propõe discutir a importância do
livro didático no combate ao racismo no contexto da Lei 10.639/2003, que propõe novas diretrizes curriculares para o
estudo da história e cultura afro-brasileira e africana, que perpassa para os materiais pedagógicos que são utilizados
em sala de aula. O livro didático como uma ferramenta ideológica que transmite conhecimento para educando, com
Lei 10.639/03 também foi instituído que fosse adaptado para atender esse novo modelo de currículo que busca atender
as diversidades multiculturais existentes no espaço escolar. Para que a pesquisa fosse realizada utilizamos o conteúdo
programático do livro didático de História Estudar História das Origens do Homem á era digital da Editora Moderna
voltado para 7 ano do Ensino Fundamental, especificamente o capítulo III África antes dos Europeus. A metodologia
escolhida foi a análise do material didático, enquanto manifestação ideológica de poder. O referencial teórico utilizado
são os estudos de vários autores sobre as diversidades étnico-raciais e reflexões de uma sociedade voltada para o
movimento multicultural que propõe uma relação de conhecimento entre as culturas Na conclusão, apontamos ás
necessidade de novas publicações de livros didáticos com conteúdo focados em uma educação que contemple as
pluralidades de voz existentes na cultura brasileira.

Palavras-chave: Lei 10.639/03, Livro de História, Educação Étnico-Racial.

Comunicação oral

PORQUE O TOM DA MINHA PELE E O MEU CABELO TE INCOMODAM TANTO?

ANA AMÉLIA SILVA


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS

Meu trabalho nada mais é do que o resumo do meu TCC, que faz uma reflexão sobre o racismo e o preconceito a
partir da minha vivência e sobre as formas de enfrentamento do racismo, o papel do Movimento Negro e as atitudes
dos/as educadores/as nesta questão, bem como a importância da escola para evitar que as ações e atitudes
preconceituosas sejam bem menores no futuro, é uma reflexão sobre a minha identidade negra e todas as pessoas
próximas a mim que já sofreram ou sofrem algum tipo de preconceito racial, e como me redescobrir e ir mais além,
querer entender porque a cor da minha pele e a estrutura do meu cabelo influencia tanto na vida das pessoas, se isso
for possível entender. O negro é atacado pelo racismo todos os dias, de forma direta e indireta, de forma explícita e
implícita. Um aspecto das conseqüências do racismo, que é muito corriqueiro, é nos fazer acreditar que nosso cabelo
é feio duro e sujo.Apesar das inúmeras atitudes preconceituosas e racistas na sociedade brasileira, existem várias
resistências ou formas de atuar contra a discriminação racial. Algumas delas são organizadas, como o Movimento
Negro, em suas várias expressões. Outras são posturas e atitudes que se tomam na escola ou até mesmo
individualmente.

Palavras-chave: Escola, Preconceito, Racismo,Identidade

Comunicação oral

COLETIVO LUÍSA MAHIN E CIÊNCIAS NATURAIS NA EDUCAÇÃO II:


UMA PROPOSTA DE COMBATE AO RACISMO NA UNIVERSIDADE E NAS ESCOLAS

FILIPE LOPES DA SILVA


UNIRIO

O objetivo deste trabalho é apresentar a participação de um coletivo negro universitário nas aulas da disciplina
Ciências Naturais na Educação II. A Lei nº10.639/2003, cuja promulgação completará quinze anos em 2018 é uma
das políticas públicas proposta pelo Movimento Negro, em diferentes momentos do século XX, que impactaram a
realidade educacional. Neste sentido, compreende-se que demandas como sustentabilidade e produção das
diferenças, desigualdades e diversidade, etc., foram impulsionadas não pelo Estado para a sociedade, mas pelos
movimentos sociais, bem como coletivos sociais diversos (GOMES, 2017). Nessa perspectiva, consideramos como
objeto de análise o processo de construção coletivo voltado para educação das relações étnico-raciais, a partir das
aulas ministradas pelos membros do Coletivo Negro Luísa Mahin, composto por alunos da graduação e pós-graduação
da UNIRIO, sob a supervisão do professor Celso Sánchez na disciplina Ciências Naturais na Educação II. O
conhecimento e valorização da história e cultura dos povos afrodescendentes, dos africanos e dos povos indígenas
possibilita a desconstrução de preconceitos, sendo de suma importância para a construção da nação. Enquanto
ambiente formador de docentes, a universidade pode colaborar para a construção de pensamentos outros para o que

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 23
o aluno compreenda o sentido do respeito, reconhecimento, valorização, convívio construtivo (SILVA, 2014) quando
por meio de suas disciplinas fornece ferramentas para que o discente se prepare para combater o racismo nas escolas,
que não diferente de outras instituições, marca as relações entre as pessoas. (SILVA, 2014). Assim, quando o Coletivo
Negro está em protagonismos em um curso, cuja grade curricular é em sua maioria norteada por saberes
eurocêntricos, observar-se um movimento de combate ao racismo para além do ambiente universitário, mas escolar,
na medida em que estes alunos estiveram diante de informações e dados que ajudaram a fortalecer objetivos e
procedimentos de ensino, bem como analisar criticamente materiais didáticos de conteúdo racista dentro da área de
ciências naturais e afins. A parceria entre o CNLM e o Prof. Celso Sanchez na ministração do conteúdo exemplifica a
relação entre conhecimento e consciência social como lugar dos processos de ensino, uma vez que enriquece a
realidade problematizada, sem estar exclusivamente em torno de um eixo teórico (Sollano, 2002).

Palavras-chave: Coletivo Negro Luísa Mahin, Educação das relações étnico-raciais, Ciências Naturais

Comunicação oral

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO ENSINO SUPERIOR:


PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO DE LICENCIADAS NEGRAS
E SUAS POSSÍVEIS REVERBERAÇÕES NA EDUCAÇÃO BÁSICA

EDYELLE CAROLINA DE ARAUJO ROSA


UFF-IEAR

Durante a elaboração do meu TCC percebi que havia questões que mereciam dedicação e análises mais refinadas
do que o tempo para a execução permitia à época. Tais inquietações foram apresentadas aos pareceristas sob o título
“Estudantes negras, processos de identificação e a disciplina ‘Relações Étnico-Raciais e Educação’”. O trabalho que
inspira o projeto contou com entrevistas feitas com pedagogas formadas e graduandas da Universidade Federal
Fluminense no interior do Rio de Janeiro.Escolhi falar da mulher negra periférica e acadêmica que atua e pleiteia
trabalhar com educação básica, pois se trata da minha realidade e da realidade de muitas mulheres que conheci ao
longo da minha vida escolar e acadêmica. Por mais que seja de uma temática pouco recente, percebemos que há
uma dificuldade em muitos setores de se educar pluralmente, de reconhecer, aprender e abrir espaços dentro de
atividades educacionais, sociais, antropológicas, culturais, estéticas e religiosas para as epistemologias étnicas que
são silenciadas e até mesmo apagadas diante dos ensinamentos engessados proporcionados pela epistemologia
eurocêntrica, unilateral, colonizadora. Um outro viés é a relação entre a classe e a raça implicando no gênero dentro
do campo da educação. Em “Mulheres, Raça e Classe” (2016), Angela Davis traz uma perspectiva de
interseccionalidade entre estas lutas, pois não existe a possibilidade de hierarquização das mesmas. Entretanto, para
que se preserve a democracia diante da sociedade capitalista é necessário que coloquemos em voga a mulher negra
por esta estar fundamentalmente ligada a todos os tipos de opressões supracitados. É por isto também, que coloco a
mulher negra no centro da minha proposta teórica sob a ótica da educação. Na proposta de pesquisa para o mestrado
pretendendo abordar os processos de autoidentificação de educadoras formadas ou ainda estudantes de licenciatura
que atuem na educação básica. Com a finalidade de apurar em que medida este processo de autoidentificação –
enquanto negras – repercute em suas práticas educativas no que diz respeito à educação para as relações étnico-
raciais. Fazendo o recorte sobre gênero e raça destas graduadas e graduandas oriundas das classes populares, pois
estas, geralmente, ocupam as vagas de licenciatura.

Palavras-chave: Autoidentificação- Educação Básica- Mulher Negra- Relações Étnico Raciais

Poster

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E AFETIVIDADE:


O AFETO COMO FERRAMENTA FUNDAMENTAL NA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE
E AUTOESTIMA DA CRIANÇA NEGRA PARA A LUTA ANTIRRACISTA

ISIS NATUREZA OLIVEIRA DA SILVA


UNIRIO

A estrutura racista que percebemos ser reproduzida diariamente na sociedade também encontra lugar nas instituições
de ensino. A escola contribui para a propagação e perpetuação do racismo quando não estabelece em seu currículo
um posicionamento nítido na luta antirracista. Desde 2003 temos o amparo da lei 10.639/03 que determina o ensino
de história, cultura negra e afrobrasileira nas escolas. No entanto, ainda há resistência por parte dos educadores em
fazer valer a lei. Ainda não se percebe uma prática real e ampla de iniciativas que abordem a temática. Isso ocorre
muito por conta dessa "sabotagem" exercida pelos profissionais de educação e também, por conta do racismo

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 24
estrutural que ainda se mantém muito forte no Brasil. Uma forma de silenciamento da população negra e fortalecimento
da estrutura racista está justamente na forma como a construção da autoestima e identidade da criança negra é
prejudicada desde sua primeira infância. Por conta das sucessivas situações de racismo que vivencia, essa criança
cresce acreditando ser inferior em sua cultura, em sua estética e também em suas crenças religiosas. Tomás Tadeu
da Silva identifica a cultura como um dos principais elementos influenciadores na formação de identidade e observa o
quanto o olhar negativo para determinada cultura ou grupo étnico pode impactar várias gerações e através disso
impedir que tal grupo étnico se desenvolva positivamente na sociedade. Tanto na família, como na escola, assim como
em outros espaços, a criança negra incorre numa visão negativa sobre seu grupo étnico, sua história e sua cultura.
Esse prejuízo na construção de sua autoestima e identidade acaba impactando também no processo cognitivo da
criança, já que, segundo Vygotsky, o indivíduo constrói sua identidade, autoimagem, autoconceito e autoestima
através da linguagem e consequentemente, do pensamento. Se a linguagem utilizada para referir-se à criança negra
é na maioria das vezes negativa, agressiva ou indiferente, essa criança pode construir uma identidade bastante
negativa sobre si. Por isso, a questão da afetividade é tão importante, já que, através de processos afetivos,
internalizamos conceitos, valores, opiniões e outros elementos que influenciarão diretamente na forma como nos
relacionamos conosco e com os outros, e, no caso das crianças negras, influenciará no fortalecimento identitário de
toda uma geração na luta contra o racismo no Brasil.

Palavras-chave: Relações Étnico-Raciais, Afetividade, Cognição

Comunicação oral

RACISMO, EUGENIA E XENOFOBIA NAS HISTÓRIAS DO CAPITÃO AMÉRICA

ARTHUR GIBSON PEREIRA PINTO


PPGEH-UFRJ

Turbinadas pela popularidade que os filmes e séries de TV e streaming de super-heróis alcançaram na atualidade, as
narrativas ficcionais construídas pelas grandes corporações de mídias ligadas às histórias em quadrinhos fazem parte
do universo cultural de grande parte dos jovens estudantes no país. Estes personagens, universos e narrativas têm
grande potencial para uso no ensino de História, uma vez que podem e devem ser lidos como produtos culturais que
nos fornecem pistas para a compreensão das sociedades que os produziram, e também porque constroem discursos
sobre fatos, personagens e ambientes históricos. Neste trabalho, indicamos algumas possibilidades de discussão
sobre racismo, eugenia e xenofobia a partir do personagem Capitão América. O uso do filme de 2011 Capitão América:
O Primeiro Vingador, pode ser um ponto de partida para analisar a origem do personagem, em diálogo com trechos
de quadrinhos dos anos 1940-50. Concebido como parte de um esforço de campanha pela entrada dos EUA na
Segunda Guerra Mundial, e retratado como o inimigo número 1 dos nazistas, o Capitão América não escapou da forte
influência que as ideias eugênicas no começo do século XX tinham naquele país. Loiro, de olhos azuis, alto, forte,
atlético e geneticamente aprimorado para ser parte de uma nova raça de supersoldados, o personagem tem em sua
origem traços importantes da ideologia daqueles cuja missão era combater, e revela a influência da eugenia nos EUA.
Em suas páginas, o inimigo japonês é desumanizado ao extremo, sendo retratado em traços estereotipados
fortemente racistas e em meio a um discurso textual marcadamente xenofóbico. A representação dos negros também
era permeada pelo racismo nas revistas do período, destacando-se o personagem Whitewash Jones, parte do grupo
de super-heróis Young Allies, associados ao Capitão América. Jones, que é um personagem negro, é representado
com todos os estereótipos racistas em seu perfil, modo de falar, de se comportar e em sua competência para as
missões do grupo. Assim, pensamos indicar um caminho para desenvolver discussões que foquem em discussões
sobre o racismo ontem e hoje, aproveitando produtos culturais de grande circulação e sucesso entre nossos jovens
estudantes.

Palavras-chave: Cinema, super-heróis, racismo, xenofobia, história em quadrinhos

Comunicação oral

A VOLTA OU A RE-VOLTA DE MICHELE:


IMPATOS DA INVISIBILIDADE DA MULHER NEGRA

MICHELE PEREIRA DA SILVA


INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE CAMPOS CAMPUS CENTRO

Ingressei no Coletivo Artístico Saravá em meio a um conflito pessoal, e vi que esse não era só meu. Assim como
muitas mulheres negras minha transição aconteceu por um processo mal sucedido com um alisante. Minha
invisibilidade comigo mesma, a não representatividade, o não reconhecimento e o desenvolvimento da aceitação de
ser negra, me fizeram imergir nos estudos sobre performances e a cultura afro-brasileira com o Coletivo, orientado

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 25
pela profª Alissan Silva. Concomitante a esse processo soma-se a minha participação em projeto sobre o Jongo, como
bolsista no NEABI da UENF, com a profª Maria Clareth Gonçalves, no qual leio textos que relaciono com a identidade
que vejo florescer. No ínterim dessas relações encruzilhadas nasce a “A volta ou a revolta da Michele” que é um
desabafo a ausência do negro tanto nos meios de comunicação social - rádio, revistas, jornais, cinema, teatro, literatura
e, sobretudo, TV - quanto na história que é estudada nas escolas. Na primeira execução da performance – ainda
sozinha – trouxe a escravidão como quem cuspia a dor de três séculos, lembrando a todos os que foram esquecidos
em mais um 13 de Maio. Cega e surda por essa revolta não percebi os olhares debochados e as zombarias que foram
relatados por colegas que me assistiram. Na segunda execução da performance, um mês depois, não estava mais
só. Junto àqueles que compõem o Saravá “A volta ou a revolta da Michele” foi ressignificada tornando assim a proposta
desta ação artística como uma performance duracional, construída para ser repetida uma vez por mês por um ano. A
ação artística ganha um coro que assume não se lembrar do dia da dita abolição da escravidão no Brasil. Contudo,
os mesmos sentidos me foram roubados. Cega e surda mais uma vez diante dos olhares e não olhares, das vozes e
não vozes. Até o momento da escrita desta proposta passamos por quatro execuções. Na quarta execução,
novamente um mês depois, abri os olhos, os ouvidos e meu corpo, encarando os deboches e calando as zombarias,
nos fazendo refletir que a luta por visibilidade e contra os racismos ganha espaço ao afetar.

Palavras-chave: visibilidade, invisibilidade, mulher, negra, performance

Comunicação oral

UM OLHAR MINUSIOSO PARA A APLICABILIDADE DA LEI 10,639/03


EM ESCOLAS PRIVADAS DO MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU – RJ

FABRÍCIA DO NASCIMENTO SILVA DE OLIVEIRA


UFRRJ UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

O presente trabalho iniciou-se a partir de um olhar minucioso para as escolas privadas do Município de Nova Iguaçu
tendo como base o último senso de 2010 do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, onde se mostra
numericamente mais escolas privadas do que escolas municipais no Município citado a cima. A partir da definição do
espaço de pesquisa direcionei para a temática racial nas escolas privadas, ou seja, tensões raciais nas escolas
privadas . A não aplicabilidade da referida lei assinada e sancionada nas escolas privadas precisa ser objeto de
estudos na mesma proporção em que as escolas públicas. No Município de Nova Iguaçu, segundo último senso há
126 cento e vinte e seis escolas municipais, 84 oitenta e quatro estaduais, 189 cento e oitenta e nove privadas e uma
Federal. De acordo com a amostragem do senso de 2010, há mais escolas privadas do que municipais, sendo assim
pesquisar escolas privadas será de grande valia frente ao desmonte da educação nos tempo de barbárie em que
estamos enfrentando. Mapear as definições acerca do que é a educação antirracista e como se constitui o tratamento
das questões raciais no espaço escolar privado destacando a proposta alinhada com conceitos atuais de qualificação
da educação tais como multiculturalismo, interdisciplinaridade e pedagogia de projetos fez com que a pesquisa saísse
do campo abstrato e passou a ter sentido para toda a comunidade escolar negra e não negra.

Palavras-chave: Escolas Privadas, Educação Antirracista, educação

Comunicação oral

JUVENTUDES(S) NEGRA E ESCOLA PÚBLICA

SILVIA BITENCOURT DA SILVA


UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

O presente trabalho é resultado da pesquisa em andamento, cujo tema é Juventude(s) negra e escola pública. Esta
pesquisa surge no contexto de minha atuação profissional como pedagoga na Escola Municipal Cleusa Fortes de
Pinho Jordão – na Japuíba - Angra dos Reis – RJ. A partir desta experiência com o público jovem, comecei a indagar
as seguintes questões: Quais são as suas perspectivas em torno da escola? Em que a escola os ajuda a viver este
momento de suas vidas? O que é ser jovem negro/a? Será que escola os ajuda a compreender os preconceitos e o
racismo vivido por muitos desses jovens? Estas são algumas das questões delineadas a partir de situações
vivenciadas nessa escola e do contexto da cidade, que nos últimos anos vem se destacando como uma das cidades
com alto índice de homicídio juvenil. Uma cidade partida e de luta dos povos tradicionais pela ocupação/ permanência
do seu território. Questões que nos mobilizam a pensar sobre o papel da escola pública para um público jovem que
sofre, além das desigualdades de classe, com os efeitos do racismo estrutural da sociedade brasileira. Para pensar
esta realidade, procuramos dialogar com algumas ideias formuladas por Carrano ( 2017 ) que afirma que há muitas
maneiras de ser jovem e de experimentar esta faixa etária. Ser jovem não se encerra em esquemas modulares e
homogêneos, envolve uma “complexidade variável, que se distingue por suas muitas maneiras de existir nos diferentes

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 26
tempos e espaços sociais”. Acrescentamos também, em comunhão com Davis (2011) que os modos de ser jovem são
informados principalmente por suas condições de classe, raça e gênero. Condições que não devem ser sobrepor ou
ser hierarquizadas, mas percebidas como necessárias para a compreensão da totalidade da sociedade. Faz- se
necessário perceber as intersecções entre raça, classe e gênero, de forma a romper com a primazia de uma categoria
sobre as outras. A partir destas perspectivas, temos como horizonte de analise, contribuir para a construção de uma
educação progressista, que combata o racismo, o preconceito, as desigualdades sociais e que contribua para uma
outra escola possível, onde jovens negros e brancos e toda comunidade escolar compreendam que a educação é
uma forma de intervenção no mundo, como afirma Freire (1997).

Palavras-chave: Juventudes negra, escola,

Comunicação oral

CULTURAS INDÍGENAS: CONHECER PARA VALORIZAR - UM PROJETO NA ESCOLA

ALEXSANDRA S.DA SILVA


SIMONE MONTEIRO DE ANDRADE DA SILVA
SABRINA CARDIA
ADRIANA MOREIRA PLÁCIDO
SECT/ESCOLA MUNICIPAL PRINCESA IZABEL

Este trabalho narra a experiência de uma escola municipal que elaborou e executou um projeto para proporcionar a
familiarização da comunidade escolar com as culturas indígenas. Pois, apesar da lei 11.645/2008 (BRASIL, 2008) ter
tornado obrigatório o ensino da história e cultura indígena nas escolas de ensino fundamental e médio, percebemos
que esta temática era abordada de forma pontual e descontextualizada na escola. Assim, a equipe técnico -
pedagógica da escola e os professores concordaram que o projeto do primeiro semestre deste ano deveria ser sobre
as culturas indígenas. Identificamos que a falta de formação nessa área era um desafio para nós. Então, conseguimos
organizar espaços de troca de conhecimento entre os profissionais da escola; selecionamos e utilizamos a bibliografia
disponível na biblioteca e também pesquisamos referências bibliográficas na Internet. Dentre as atividades promovidas
pelos professores com as turmas estão: leitura de literatura produzida por autores indígenas e lendas; apreciação de
músicas e vídeos; debates sobre as ameaças que os povos indígenas sofrem para manter sua cultura; influências
indígenas na alimentação, na língua, nos costumes e brincadeiras; manuseio de artesanato indígena e visita a sala
temática produzida por duas turmas da escola. Além disso, os alunos puderam participar de uma palestra sobre a
cultura Guarani-Mbya, visita à exposição sobre a cultura indígena organizada por alunas do Curso Normal e visita à
aldeia Sapukai do Bracuí. A culminância do projeto foi realizada no VII Encontro da Família, onde os pais e
responsáveis participaram de um cine-debate, tiveram acesso aos trabalhos produzidos durante o semestre pelos
alunos e ainda participaram de uma apresentação cultural realizada por representantes do povo Pataxó. Com este
projeto pudemos trabalhar todas as áreas do conhecimento de forma interdisciplinar e percebemos o quanto a
comunidade escolar tem interesse por esta temática, dados que nos fazem debruçar em novas pesquisas. Assim, este
projeto foi essencial para a comunidade escolar se aproximar e valorizar a cultura indígena, entendendo que os povos
indígenas não estavam apenas no momento do “descobrimento português”, mas estão aqui e agora lutando para
manter sua cultura, sua vida.

Palavras-chave: Lei 11.645/2008,Cultura Indígena, Educação

Comunicação oral

A ATUAÇÃO DA SECADI NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS


EM PROL DA EDUCAÇÃO PARA A POPULAÇÃO NEGRA E INDIGENA NO BRASIL

GABRIELLA CRISTINA DOS SANTOS CAETANO


SAMUEL LEANDRO DA SILVA
EMILENE MEDEIROS DO ALTO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

A história das pessoas negras no Brasil é caracterizada por muitas lutas e resistência, mesmo após a abolição, o
homem e a mulher negra precisaram, e ainda precisam, lutar para se inserir na sociedade - sociedade esta que
buscava, e busca, se adequar aos padrões estéticos europeus negando ao povo de pele preta os direitos básicos. No
âmbito escolar não foi diferente, o privilégio de frequentar a escola não foi concedido de bom grado, a história da
escolarização do(a) negro(a) brasileiro(a) se deu através de muitas articulações por parte de entidades do Movimento
Negro Brasileiro. Uma conquista das militâncias negras juntamente com os intelectuais e artistas negros foram as Leis
10.639/03 e 11.645/08 , leis que tornam, respectivamente, obrigatório o ensino da Cultura Afro-brasileira e História da

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 27
África nas escolas e o Ensino Indígena. Junto com esta lei veio a fundação da SECADI - Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. A SECADI é responsável por implementar políticas educacionais
nas áreas de alfabetização e educação e educação de jovens e adultos, educação ambiental, educação em direitos
humanos, educação especial, do campo, escolar indígena, quilombola e educação para as relações étnico-raciais.
Segundo o MEC ( Ministério da Educação) esta secretaria tem o objetivo de: "... Contribuir para o desenvolvimento
inclusivo dos sistemas de ensino, voltado à valorização das diferenças e da diversidade, à promoção da educação
inclusiva, dos direitos humanos e da sustentabilidade socioambiental, visando à efetivação de políticas públicas
transversais e intersetoriais.". O Ministério da Educação. Como a SECADI é dividida em coordenações, decidimos por
um enfoque na coordenação de educação para as relações étnico-raciais e indígena. Neste sentido, o principal objetivo
deste trabalho é entender como a SECADI tem desenvolvido o seu trabalho, com quais organizações de ensino tem
se articulado e se, ou como isso tem atendido as demandas destas populações.

Palavras-chave: SECADI, MEC, EDUCAÇÃO, RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Poster

CIRCUITO CULTURAL DE ESTUDANTES E EDUCADORES


NO QUILOMBO SANTA RITA DO BRACUÍ E NA ALDEIA SAPUKAI

ELIANA DE OLIVEIRA TEIXEIRA


NORIELEM DE JESUS MARTINS
ROSILÉIA APARECIDA DOS SANTOS
SECT/ANGRA DOS REIS

O município de Angra dos Reis é portador de um rico e diverso patrimônio capaz de recontar a sua história.
Considerando o aspecto étnico-racial salientamos as heranças indígenas, africanas presentes na região,
indiscutivelmente, formadoras da identidade e que foram ao longo do tempo invisibilizadas. Do ponto de vista político
educacional, a promulgação da Lei Nº 10.639/2003 seguida da Lei Nº. 11.645/2008 que alteram o artigo 26 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) tornando obrigatório o ensino da história e cultura da população
africana, afrobrasileira e indígena é essencial para desconstrução do processo de invisibilização dessas heranças. É
nesse contexto que salientamos a experiência vivenciada na Rede Municipal de Ensino de Angra dos Reis através da
realização dos Circuitos culturais à Aldeia Sapukai e ao Quilombo Santa Rita do Bracuí dois territórios étnicos,
expressões vivas de identidade e resistência da cultura dos povos indígenas e afrodescentendes respectivamente.
Em 2015, realizados pela Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia em articulação com a comunidade
indígena e quilombola, aconteceram quatro circuitos culturais inseridos no contexto de formação de professores. As
experiências de conhecer o território e dialogar com as comunidades demonstraram ser essenciais como possibilidade
de produção de conhecimentos e sentidos para além das leituras e debates nos espaços de formação continuada
disponibilizados. Em 2017, considerando a relevância da experiência anterior, houve uma ampliação do projeto que
passou a se chamar “Circuito de Estudantes e Educadores no Quilombo Santa Rita do Bracuí e na Aldeia Sapukai”,
tendo por objetivos reconhecer e valorizar a diversidade etnico-racial, incentivar e subsidiar as Unidades Escolares
em suas ações, para a realização de projetos e atividades que garantem o cumprimento do Artigo 26-a da LDB.
Atualmente o projeto contra com a disponibilidade de um ônibus para transporte dos alunos professores em visitas
semanais a cada comunidade através de uma agenda previamente organizada entre Secretaria de Educação,
profissionais da escola e os representantes de cada comunidade.

Palavras-chave: diversidade; relações étnico-raciais; educação

Comunicação oral

CARTOGRAFIAS E CARACTERIZAÇÕES DA IMPLEMENTAÇÃO


DAS LEIS 10.639/03 E 11.645/08.

AMAURI MENDES PEREIRA


MARIZE CONCEIÇÃO DE JESUS
GIANNE REIS
UFRRJ
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE DUQUE DE CAXIAS
E MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Nosso trabalho investiga a implementação das Leis 10.639/03 e 11.645/08. Estamos analisando quase duas centenas

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 28
de relatórios de pesquisa, produzidos por estudantes de todas as licenciaturas, de preferência nas escolas onde
cursaram o ensino básico. Nossas hipóteses – a partir das leituras iniciais – são que (assim como na sociedade em
geral) as Leis aceleraram/potencializaram iniciativas de engajamento que já havia, ou “aguardavam” esse impulso e
incentivo. Certamente que a institucionalização representa um avanço e uma imensa contribuição, mas não resolve –
não garante seriedade, qualidade, regularidade à discussão sobre o preconceito e a discriminação racial. Em muitas
(arriscamos dizer, quase todas) escolas, estudantes ouvem falar e, de diferentes formas, são apresentadxs ou
demandam discussões sobre questões etnicorraciais. E sempre há algum-a agente educacional que trás, incentiva,
favorece tais discussões. Assim como aparecem os-as agentes educacionais e estudantes “do contra” – que “não
entendem porque uma história de negros”, já que “não há racismo, ou é fraco devido à intensidade da mestiçagem e
tendência à harmonia racial”.Registramos até agora dois casos de estudantes que foram rechaçadxs pela direção, e
ostensivamente convidadxs a disistirem “disso” – da pesquisa, vista como impertinente. Na maioria das vezes são
acolhidxs das maneiras mais variadas: de aconselhamentos a “não polemizarem”, a incentivos a “procurar aquele
professor-a” que trabalha com suas turmas e/ou promove eventos, etc. Mesmo onde houve rejeição ou clima negativo
em relação ao tema, sempre há tais professores ou algum outrx agente educacional, que são indicadxs; o que quer
dizer que a maioria não sabe, não quer, é indiferente à questão e aos temas, vistos como “complicados, espinhosos,
delicados”!!! O campo de pesquisa tem sido “enfrentado” com seriedade pela maioria dxs estudantes. É notável como
a maioria observa que, assim como é inexistente a consideração da História da África e da História e Cultura Afro-
Brasileira e Indígena nas composições curriculares e como conteúdos programáticos ou problematizações nas suas
disciplinas de formação, continua incipiente, também, a problematização da questão étnico-racial no ensino básico.

Palavras-chave: Leis 10.639/03 e 11.645/08 - Educação e Relações Étnico-raciais - Racismo

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 29
RESUMOS DO EIXO 2
MOVIMENTOS SOCIAIS E PRÁTICAS SOCIOECONÔMICAS,
CULTURAIS E DE SAÚDE ALTERNATIVAS

AUDITORIA CIDADÃ DÍVIDA

FABIO SALU VIANA DOS REIS


IEAR-UFF

A dívida externa brasileira surge na era colonial com o objetivo de sanar as dívidas que saíram do controle dos
governantes da presente época e fomentar as ações do Estado, até então o país possuir uma dívida externa não é
nada de anormal e muitas vezes necessário, porém no período ditadura foram feitos empréstimos a juros
questionáveis se não flutuantes ao gosto do mercado, a partir desse período o valor da dívida crescer
desenfreadamente. Por ter privilégio na definição do orçamento o pagamento dos juros da dívida, os valores atuais
passam a inviabilizar as os investimentos sociais, a associação Auditoria Cidadã da Dívida surge com o objetivo de
questionar o por que até o presente momento essa dívida não foi auditada, já que tem sua auditoria prevista no artigo
26 ADCT da constituição federal de 1988. Acompanhar o método de crescimento atual dessa dívida também está
entre os principais objetivos da Auditoria Cidadã da Dívida, suas atividades se iniciaram após o plebiscito popular que
ocorreu em setembro do ano de 2000, abrangendo grande alcance nacional chegando a alcançar participação de
3444 municípios, cuja organização obteve a presença de diversas entidades da sociedade civil brasileira. O plebiscito
tinha como questões, NÃO/SIM manutenção do acordo como o FMI, NÃO/SIM continuidade do pagamento da dívida
sem uma auditoria prévia e NÃO/SIM a destinação de grande parte dos recursos a especuladores. Cerca de 6.030.329
pessoas responderam o plebiscito e seu resultado obteve mais de 95% votos em NÃO, porém o plebiscito foi
engavetado. A Auditoria Cidadã da Dívida tem sido coordenada pela Maria Lucia Fatorrelli, no qual participou
recentemente da auditoria das dívidas dos países Equador e Grécia, onde ambos relatórios finais constaram
irregularidades. A entidade é dividida em núcleos que abrangem grande parte dos Estados brasileiros, está aberto a
participação popular e as diversas instituições civis que estão preocupadas com o rumo que o pais tem tomado.

Palavras-chave: Auditoria, Divida, Pública

Comunicação oral

SUSTENTABILIDADE DA CULTURA

ADRIANO FABIO DA GUIA


LIGA CULTURAL AFRO-BRASILEIRA

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 30
A importância de conhecer sua história, o local onde vive e a sua família. Isto é fundamental para não deixar que os
meios de comunicação manipulem sua identidade. Entender quem você é na conjuntura que vive e perceber o seu
potencial de produzir conhecimento. E nesse entendimento, refletir sobre o que você faz e para quem faz o seu
trabalho, para quem você produz o seu conhecimento. Com esse raciocínio, a questão da identidade cultural, a
identidade territorial, quando se consegue chegar a isso, possibilita a um indivíduo ou a uma comunidade, que tenha
um sentimento de pertencimento, o que poderá levar a um envolvimento do indivíduo ou da comunidade num trabalho
de sustentabilidade da sua cultura.

Palavras-chave: identidade cultural - identidade territorial - sentimento de pertencimento

Comunicação oral

AULAS DE CULTURA E CIDADANIA NO PEMP:


UM EDUCAR NA EXPERIÊNCIA DE MUNDO

JÉSSICA FELIPE TAVARES


ANA PAULA CAMPOS
ANA BEATRIZ DUARTE DA CRUZ
PABLO FERREIRA DE LIMA
IFHEP - INSTITUTO DE FORMAÇÃO HUMANA E EDUCAÇÃO POPULAR
UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CTUR - COLÉGIO TÉCNICO DA UNIVERSIDADE RURAL

O Pré Ensino Médio Popular–PEMP é um projeto de autogestão voltado para adolescentes do 9ºAno das escolas
públicas que desejam ingressar no ensino médio nas escolas federais e técnicas através de processo seletivo. Este
resumo é construído pelas educadoras e educador na área de conhecimento “Cultura e Cidadania” do referido projeto.
As nossas aulas propõem estimular o pensamento crítico acerca da vida, do mundo, da política e da cultura através
de práticas dinâmicas com base na arte, em jogos e em reflexões que possibilitem a afetação coletiva na perspectiva
da educação popular. Dividimos as aulas em sete módulos e a costura planejada por nós, caminha por quatro
momentos: 1. Despertar do corpo e dos sentidos; 2. Sensibilização sobre o tema da aula; 3. Compartilhamento das
vivências e debate; 4. Construção do diário de experiências. Nesse resumo objetivamos explicitar como refletimos
nossa prática em sala de aula a partir desses quatro momentos: Iniciar pelo despertar do corpo é nos colocarmos
diante do próprio corpo enquanto infinita possibilidade de ser presença. Partimos de experimentações sensoriais para
gestar experiências que suscitem o tema abordado. Para sensibilizar os alunos sobre os diferentes temas, propomos
atividades que construam laços com a realidade que se vive, uma oportunidade de construir jogos que fomentem na
prática uma reflexão sobre o nosso cotidiano. Compartilhar vivências e debater é criar conhecimento, pois ao não
desvencilhar teoria e prática aprendemos ao tornar a nossa realidade fruto de nossa reflexão e nos construímos
enquanto sujeitos de nossa própria história. Construir para nós não está no sentido de edificar, mas de amplitude que
se alcança no habitar, ou seja, o construir (antiga palavra bauen) diz da medida que habita, como cultivo, como cuidar
do crescimento que por si mesmo dá tempo aos seus frutos. O que propomos nesse ato de construir na intimidade
(diário) é um encontro de si próprio a partir das questões dos módulos que proporcionaram descobertas de identidade,
de luta, de consciência de classe, de vigor poético-político. Entendemos que educar é um fazer junto no gerúndio das
ações e neste caminhar buscamos mergulhar na escuta entre nós educadores e educandos. É uma inquietação que
nos move ao ato da aprendizagem, transformando-a num ato de amor revolucionário, onde frutos são colhidos por
todos os envolvidos e envolvidas durante os 10 anos de existência do PEMP.

Palavras-chave: EDUCAÇÃO POPULAR, CULTURA, ADOLESCENTES, EXPERIENCIAÇÃO

Comunicação oral

AFROEMPREENDEDORISMO: NOVAS FORMAS DE INSERÇÃO


DE NEGRAS E NEGROS NO MERCADO POR MEIO DA IDENTIDADE,
HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA

EDYELLE CAROLINA DE ARAUJO ROSA


ELLEN APARECIDA DE ARAUJO ROSA
UFF-IEAR
UFRRJ

O tema proposto aborda a questão do afroempreendedorismo como uma alternativa para a população negra brasileira
continuar se desenvolvendo para além dos subjugos do modelo capitalista no qual está inserida através do reencontro
com suas origens africanas. Compreender-se enquanto diáspora é um dos meios de se desprender das amarras

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 31
econômicas, sociais, políticas e culturais que ainda nos prendem. O afroempreendedorismo, diferente de muitas outras
atividades laborais realizadas pela população negra brasileira, é um mecanismo que oportuniza às/aos jovens
periféricos a inserção no mercado com certo status: geralmente como empresárias/os. E nesta forma de empreender
reconhecem-se ou reafirmam-se suas identidades raciais, empoderam-se, organizam-se coletivamente tecendo redes
de trocas e resistência. Segundo matéria publicada no site Portal Brasil a população negra, nos dias atuais,
representam 50% dos empreendedores brasileiros, nos quais as mulheres têm representado um número bastante
expressivo, das quais 34% trabalham em suas próprias casas. O site faz uma ressalva de que aumento do nível de
escolaridade e a renda foram importantes para tal acontecimento. Este plano de trabalho objetiva conhecer quem são
estas e estes empreendedores negros, visto que é perceptível aos olhos o crescimento deste setor. Analiso que este
crescimento não se dá somente enquanto questão financeira, mas também tem muito a ver com a construção e/ou
reconhecimento da identidade negra, bem como a valorização da cultura negra que emana das periferias. Por isso, a
relevância deste trabalho dá-se na medida em que analisará qualitativamente o trabalho exercido por estas pessoas
e o reflexo que isto traz para suas comunidades, para os grupos sociais aos quais pertencem. Também reconhecerá
a importância dos saberes, conhecimentos e cultura produzidos pelas camadas populares, principalmente periféricas,
outrora ignorados, desvalorizados ou subvalorizados e marginalizados.

Palavras-chave: Afroempreendedorismo- Cultura e História Negra- Identidade- Periferia

Comunicação oral

GOVERNO PRIVADO INDIRETO NO BRASIL:


PARA QUEM TRABALHAM O EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO?

ELLEN APARECIDA DE ARAUJO ROSA


AFROSIN

O presente trabalho traz a proposta de análise da política brasileira hodierna a partir da crítica sobre o chamado
“Governo privado indireto”, obra escrita pelo economista Achile Mbembe no contexto de países colonizados na África.
Busco, dentro das restrições que toda pesquisa cujo tema ainda está em plena ebulição, trazer a leitura da conjuntura
à luz da movimentação política de uma análise publicada há dezoito anos atrás. Quando executada a leitura política
de países como Congo, Angola e Uganda, por exemplo, era algo inédito um Governo privado na contemporaneidade
e hoje podemos perceber que este tipo de governo faz parte de um ciclo pós-colonial que precisa ser rompido. Trata-
se de um governo que se baseia nos binômios: violência e territorialidade; soberania e propriedade e Bem público e
regulação fiscal. Sendo a soberania e privatização o domínio das técnicas de privatização do poder, de todas as
maneiras de exercê-lo e de torna-lo possível. De uma forma um tanto mais palatável, trata-se de gerar uma nova
economia em troca da concessão de deveres pela submissão a um poder protetor privado. O binômio violência e
territorialidade consistirá em ocupação militar de malhas ou fronteiras internas que visam desestruturar os meios
básicos de sobrevivência de modo que essa dinâmica de ocupação desenvolva uma tecnologia de dominação desse
novo tipo de Estado que se configura. Já a relação de Bem público e regulação fiscal dar-se-á pelo paradoxo que se
estabelece pela relação entre cobrança de impostos e a violência/dominação. Para que o Estado garanta seu imposto
ele deve oferecer algum préstimo aos contribuintes. Desta forma, para pagar os impostos é preciso usufruir de algo,
caso não pague o Estado poderá usar de coerção para fazê-lo pagar. Quando o usufruto do contribuinte não é
concedido em forma de direitos e sim em forma de violência, dominação e coerção o Estado deixa de governar para
o povo. É preciso olhar para a política africana sem o estigma do atraso que a sua colonização causou, se faz deveras
valioso que avaliemos as condições do governo privado indireto no continente africano para que possamos
compreender o nosso panorama político e assim transformá-lo.

Palavras-chave: ÁFRICA, BRASIL, SÉRGIO MORO, AÉCIO NEVES, FORÇA NACIONAL

Comunicação oral

A FEIRA LIVRE, RESISTÊNCIAS, ENCONTROS E DESENCONTROS

ÁNGELA JASMÍN FONSECA REYES


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

A pesquisa aqui apresentada tem como objeto reconhecer as estratégias e os recursos mobilizados pelos
comerciantes da feira do sul de Tunja (Colômbia) para promover a sua resistência frente ao avanço das novas formas
de comércio que acompanham a modernidade e o capitalismo, como shoppings centers e grandes lojas e redes de
supermercados. Sabendo que na feira coabitam mudanças e permanências. A feira livre do sul de Tunja, é espaço
de encontros e desencontros, onde convergem saberes e práticas que fazem dela um lugar antropológico, que persiste
além das transformações assumidas pelo crescimento da cidade. A feira é um fenômeno social, na qual são geradas

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 32
relações de intercâmbio comercial baseadas nas relações humanas. Daí que, compreender a feira implica se envolver
com os sabores, cheiros, texturas e histórias que se constroem neste local, aonde se tramam práticas, memórias,
identidades, diálogos e conflitos. O que enseja em diversos conhecimentos se encontrando em constante transmissão,
construção e intercâmbio. Este local não é só um acúmulo de barracas efêmeras dispostas nos dias úteis de mercado
no setor periférico da cidade, mas também é onde se vendem a preços baixos frutas, legumes, roupa, gado, refeições,
entre outros bens de primeira necessidade com preços não especulativos. O mercado é também um acontecimento
social e cultural que suscita diálogo, interação, transmissão de patrimônio, socialização, bem como conflitos,
confrontos e violências Por isso, compreender a feira implica estudá-la desde um olhar sociológico, ou seja, desde as
práticas e as relações que se tecem entre as pessoas e o lugar, contemplando que o contexto encontra-se carregado
de signos, representações e subjetividades, cuja relevância vai além do econômico, pois ali as relações comercias
dependem da interação e comunicação, que usualmente ultrapassa as fronteiras da formalidade, gerando um
ambiente de familiaridade e proximidade, com valores simbólicos e de identificação.

Palavras-chave: Feira livre, lugar antropológico, intercâmbio de saberes, sociabilização, encontros e desencontros.

Comunicação oral

A INTERSETORIALIDADE DA RAPS ITAGUAI NA ATENÇÃO A SÁUDE DE ADOLESCENTES


E JOVENS EM USO PREJUDICIAL DE ALCOOL E OUTRAS DROGAS

RENATA DE SOUZA SILVA


ADRIANA MARIA DE OLIVEIRA
SMS ITAGUAI

A utilização de substâncias que alteram o estado mental dos indivíduos, sempre esteve presente na historicidade da
humanidade, como maneira de integração e regulação sociocultural. De maneira, que sua propagação vem se
expandindo ao longo dos séculos, seja por forma recreativa e/ou terapêutica, causando assim preocupação nos
serviços de saúde pública acerca da utilização prejudicial des-tas substâncias, principalmente álcool e outras drogas
ilícitas. Com o passar das décadas foi despertando o interesse da relação da adolescência e juven-tude com o uso
prejudicial de álcool e outras drogas ilícitas, por se compreender que neste período os indivíduos passam por
transformações físicas, psico-lógicas e sociais, dentre outras, isto acaba por possibilitar um maior contato de
experimentação com algumas destas substâncias. O presente trabalho objetiva realizar uma avaliação acerca da
efetividade da intersetorialidade entre os serviços da rede de atenção psicossocial do município de Itaguaí (CAPSI E
CAPS AD) no que tange ao atendimento aos adolescentes em situação de uso prejudicial de álcool e outras drogas.
Para tanto, realizou-se uma discussão acerca das definições e papeis da classificação da adolescência e juventude,
como etapas geracionais do desenvolvimento humano, análise dos fatores de risco que incidem sobre o inicio do uso
prejudicial de álcool e outra drogas, por estas faixas populacionais e como os serviços de saúde mental podem contri-
buir na promoção e prevenção deste uso, tendo em vista o que solicita a Política Do Ministério Da Saúde Para A
Atenção Integral A Usuários De Álcool E Outras Drogas (2003). Este estudo foi baseado num levantamento de dados
quantitativos e qualitativos acerca dos atendimentos prestados a adolescentes encaminhados ao atendimento no
Capsi com indicativo de uso prejudicial de álcool e outra drogas, além dos encaminhamentos e articulações
possibilitadas dentro da RAPS – Itaguaí, para melhor atendimento a estas faixas da população. Na trajetória da
realização deste estudo foram encontrados diversos percalços acerca do entendimento dos profissionais quanto à
responsabilidade da RAPS de forma integral quanto ao atendimento aos adolescentes em uso prejudicial de álcool e
outra drogas, contudo, neste percurso também foi fomentado a criação e os primeiros de implementação de um
fluxograma de atendimento, que possibilita-se a valorização do atendimento humanizado e especializado.

Palavras-chave: Saúde Mental, RAPS, Drogas, Adolescência.

Comunicação oral

PROMOÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA: DESAFIO EM EQUIDADE

RENATA DE SOUZA SILVA


ANA LÚCIA RODRIGUES HUAPAYA
UNESA

Atualmente o Brasil deve ser visto como um país que tem dentro da sua formação populacional, dentro da concepção
biológica e cultural, a miscigenação de raças, onde não há um predomínio de uma única etnia, sendo isso o resultado
da intensa troca genética aprimorada por diversos séculos. Neste sentido, ser negro possui diversos significados, onde
a questão da identificação racial/étnica é vista como o anseio de pertencer a um grupo, resultado de um processo de
construção social, cultural e política de uma população. Sendo assim, assumir publicamente a identidade racial negra,

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 33
significa também um processo extremamente complexo e dolorido, principalmente no aspecto de garantia de direitos,
neste caso o da saúde. Neste sentido, analisar a saúde de forma global também significa analisar a questão do acesso
igualitário a este direito, onde, independentemente de sua etnia/raça, condição social, livre de qualquer preconceito
ou privilégio, o individuo deve ter o seu acesso assegurado. Neste cerne, este trabalho tem como objetivo debater a
efetividade da atenção a saúde que é prestada a população negra, dentro de suas peculiaridades (doença falciforme),
onde seja traçado um panorama em relação aos direitos conquistados, espaços de solidificação dos mesmos e acima
de tudo constatar quais os impedimentos que impossibilitam à implementação da Política Nacional de Atenção a
Saúde da População Negra no Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa de campo baseou-se em estudo qualitativo, por
meio de um questionário com perguntas semiestruturadas, abertas e fechadas, aplicada junto aos gestores em saúde,
alocados especificamente na promoção da saúde da população negra. Os resultados desta pesquisa permitiram
avaliar a questão da efetividade da PNSIPN e os impedimentos para concretização do principio da igualdade no
atendimento tão assegurado pela legislação do SUS.

Palavras-chave: População Negra. Saúde. Equidade

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 34
RESUMOS DO EIXO 3
TERRITORIALIDADE, SUSTENTABILIDADE, IDENTIDADES
E COMUNIDADES TRADICIONAIS

A INVESTIGAÇÃO DOCUMENTAL NA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA


E IDENTIDADES DO QUILOMBO DO GROTÃO

ANA PAULA CORREA FERREIRA


RICARDO LOPES CORREIA
SAMIRA LIMA DA COSTA
UFRJ

Apresentação: Pesquisas científicas podem ter impacto significativo no cotidiano das comunidades onde são
realizadas, ao levantar dados importantes para o fortalecimento dos projetos coletivos de autoafirmação. A fase de
investigação documental da pesquisa As ocupações na construção de identidades no cotidiano de uma comunidade
tradicional quilombola, pertencente ao Programa de iniciação científica Saberes e ocupações tradicionais: memória,
ocupação e desenvolvimento local da UFRJ, é realizada junto ao Quilombo do Grotão, em Niterói-RJ, e tem contribuído
para ações de fortalecimento da memória e identidades dessa comunidade. Objetivo: discutir a contribuição de uma
pesquisa de iniciação científica na construção e fortalecimento das identidades tradicionais e da memória de uma
comunidade tradicional quilombola. Metodologia: análise preliminar de documentos sobre o Quilombo do Grotão,
coletados desde janeiro de 2017, que compreendem a história e modos de vida da comunidade desde a chegada de
seus ascendentes em Niterói, no século XVII, até a atualidade. Resultados: A partir dos 107 documentos selecionados
para análise, muitos dos quais foram acessados com a participação da comunidade, foi elaborado um mapa
documental que permitiu a visualização dos fluxos de produção desses registros, desde trabalhos científicos até
documentários e reportagens. Preliminarmente, pode-se considerar que a proliferação de estudos e divulgação das
ocupações tradicionais vivenciadas no Quilombo do Grotão ocorreu, em grande parte, em resposta às ameaças de
desapropriação da terra. Mais tarde, a compreensão dessa comunidade sobre a própria identidade quilombola parece
se expandir e tal sentimento de pertença transparece em seus registros orais e em documentação de terceiros –
culminando, principalmente, na certificação como comunidade tradicional quilombola autodeclarada, emitida pela
Fundação Cultural Palmares em 2016. Considerações finais: Por sua metodologia de pesquisa-ação, e sua relação
com a Psicossociologia de Comunidades, a pesquisa apresentada é construída em parceria com os sujeitos da
comunidade Quilombo do Grotão de modo que seja representativa do coletivo e de sua luta por reconhecimento e
valorização. A análise documental ancorada nas ocupações representa, também, uma proximidade da discussão entre
Terapia Ocupacional e comunidades tradicionais.

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 35
Palavras-chave: Comunidades e povos tradicionais, pesquisa documental, memória, identidade, ocupação

Comunicação oral

DO DESENVOLVIMENTO AO ETNO-ENVOLVIMENTO:
A EXPERIÊNCIA AKRÃTIKATÊJÊ

RONNIELE AZEVEDO LOPES


RIBAMAR RIBEIRO JUNIOR
WILLIAM BRUNO SILVA ARAUJO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Os intensos, contínuos, múltiplos e graves agressões aos povos indígenas, desde o início da modernidade, estão de
algum modo associados à noção de desenvolvimento. As proposições desenvolvimentistas trazem em seu bojo o
avanço técnico-científico, o mito do progresso, a homogeneização cultural e todas as formas de colonialismos. Na
Amazônia, sob a perspectiva indígena, o desenvolvimento significou a expulsão de territórios, etnocídio e genocídio.
Nossa pesquisa parte do trabalho desenvolvido com um dos grupos locais que compõe a Terra Indígena Mae Maria
(município de Bom Jesus do Tocantins, PA), os Akrãtikatêjê, como se autodenominam. Desta feita, junto ao povo
Akrãtikatêjê, depreendemos que, os povos indígenas não tem “desenvolvimento”, mesmo sobre a fórmula
“etnodesenvolvimento”. Todo desenvolvimento é um des-envolvimento, um não “envolvimento”, uma privação. A partir
da experiência Akrãtikatêjê, constatamos que, os povos indígenas possuem envolvimentos, no caso, um etno-
envolvimento. O que nos faz refletir sobre o olhar como a comunidade Akrãtikatêjê interpela suas práticas. Neste
sentido este trabalho traz à tona as contribuições para um diálogo com a possibilidade de um rompimento com o
colonialismo epistêmico. Para tanto Escobar (2001) sugere formas de defesa do lugar constituídas como um ponto de
encontro para construção de teorias, que pode ser feitas no processo de mobilização social e experimentação de
vivências. Falar em “desenvolvimento”, sob uma visão critica sempre vem à tona uma questão: Desenvolvimento para
quem? Se estas noções de “desenvolvimento” são presenciadas pela retórica da sustentabilidade, é o que estamos
tentando problematizar. Qual nosso desafio, se não abordarmos as contradições que integram essa articulação
discursiva do Estado e Capital e que entra em conflito com as vivências cotidianas das populações indígenas. Neste
trabalho traremos algumas reflexões feitas pelos indígenas sempre colocando em suspeita o totalitarismo do Estado
sob a fórmula do Desenvolvimento.

Palavras-chave: Desenvolvimento; Akrãtikatêjê; Resistência Etno-agroecológica; Etno-envolvimento.

Comunicação oral

VAMOS TODOS CIRANDAR

SIMONE FERREIRA BULHOES


ALINE BRAIDA DE BULHÕES LARA
ASSOCIAÇÃO CULTURAL RECREATIVA E FOLCLÓRICA DE TARITUBA

Vamos indo, vamos indo. Vamos indo devagar. Vamos indo na ciranda. Cada um com o seu par...Oi na ciranda.Vamos
todos cirandar... Estes são versos de nossa terra, Tarituba, Paraty. Versos, dentre os milhares que os cantadores
fazem de improviso para alegrar as festas do povo caiçara. Nascemos e convivemos com cantadores, tocadores e
dançarinos de ciranda. Era um baile que acontecia para comemorar algum feito, ou seja, acontecimentos típicos de
uma vila de pescadores; a boa pescaria, a produção da roça, os casamentos, as festas religiosas, principalmente as
que louvavam a padroeira Santa Cruz e o protetor dos pescadores, São Pedro. Havia sempre um bom motivo para
comemorar. Tia Rosinha era quem fazia o vestuário; blusa de algodão de botão, decorada com rendinhas e fitas, uma
linda saia de chita colorida, longa e rodada. Quando a ciranda começava as saias rodavam, com vigor e elegância,
impulsionadas pelos giros femininos e a fantasia começava a tomar forma nas estampas misturadas divinamente, e
que durante um bom tempo era amplificado pelo reduzido campo de visão de meninos e meninas. Tudo isso parecia
monumental aos olhos infantis. Atualmente, quando dançamos, podemos nos deixar embalar pelo som da viola e a
magnífica visão da nossa ancestralidade vem à tona, dançando na memória sensorial. É quando reencontramos todos
os que já se foram numa experiência quase espiritual. Entretanto, é preciso uma organização burocrática cada vez
mais eficaz neste mundo globalizado, para garantir a sobrevivência da memória cultural. Até que ponto conseguiremos
resistir às exigências da pós-modernidade, à especulação imobiliária, insistindo em não fazer “ponto finá”, como diz
uma de nossas canções? A cultura caiçara só existe porque nossas canções estão cercadas da poesia do homem do
mar, do vai e vem das marés, num mergulho profundo no cotidiano banal e vivências pessoais ligadas ao seu espaço,
cenas de um teatro vivo. Não há pertencimento se o caiçara sair deste contexto. É tão atual e verdadeiro quanto
profundo o ensinamento de nosso saudoso Mestre Chiquinho: “Aquele que procura o que nunca guardou, quando

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 36
encontra não reconhece...” Mestre, descanse em paz! Estamos resistindo e ensinando as futuras gerações a guardar
e perpetuar nossas tradições para sempre!

Palavras-chave: TERRITORIALIDADE, CULTURA, RESISTÊNCIA, IDENTIDADE

Comunicação oral

CONFLITOS FUNDIÁRIOS:
LIMITES E POSSIBILIDADES DO PROCESSO DE REGULARIZAÇÃO
PARA UMA AGENDA DE DIREITOS TERRITORIAIS

RANIERI BARBOSA ELIZIÁRIO


NATHALIA LACERDA DE CARVALHO
BOM SENSO COLETIVO

Este relato de experiência é parte de um processo que se encontra em construção, técnica, teórica e metodológica,
com fins de regularização fundiária e ordenamento territorial na Praia de Matariz, Ilha Grande, Angra dos Reis/RJ. A
praia de Matariz foi sede da fábrica Kamome, que atuava no setor pesqueiro, com foco no processamento de sardinha.
Atualmente a comunidade é habitada por cerca de 270 moradores e tem como principal atividade econômica a
prestação de serviços ligados à pesca e ao turismo. Foi durante o período de atividade industrial que a empresa
estabeleceu um vínculo de comodato habitacional, em que foram construídas diversas moradias com intuito de alocar
funcionários e familiares, majoritariamente caiçaras originários de Matariz. Após o fechamento da fábrica, não houve
rescisão do comodato nem a reintegração de posse pela proprietária de direito das terras, gerando, assim, um conflito
fundiário que está pendente até os dias atuais.Diante deste contexto, a proposta em curso visa estabelecer uma
metodologia de trabalho baseada na participação comunitária para a elaboração de um plano de regularização
fundiária, em escala local. Considerando que estabelecer canais de diálogo e estratégias de participação são os
caminhos mais adequados para o desenvolvimento de projetos pautados em ações consensuais. Colaborando, assim,
para uma agenda de direitos territoriais e resolução de problemas coletivos, garantindo o direito de permanência das
populações tradicionais em seu território.

Palavras-chave: Território, Regularização fundiária, Comunidades tradicionais

Comunicação oral

ASPECTOS DO PROJETO IDENTIDADES EM GARATUCAIA, ANGRA DOS REIS

EMMANUEL SANTOS VILAS BOAS


E.M.PROF.AMÉLIA ARAÚJO LAGE - SECT/ANGRA

O Projeto Identidades foi desenvolvido por professores, funcionários e estudantes da Escola Municipal Professora
Amélia Araújo Lage, no bairro de Garatucaia, em Angra do Reis, a partir do ano de 2013, fincando suas raízes no
chão da comunidade escolar pela necessidade de uma revalorização da identificação dos alunos com seus espaços
de convivência. O objetivo geral do Projeto Identidades é unir saberes partindo da experiência dos estudantes com o
seus espaço de vivência e convivência, para mostrá-lo também para além do óbvio, estimulando a organização desses
saberes para a reflexão e ação que se conjugue no presente e no futuro, diante do lugar em que habitam e suas
questões cotidianas. O projeto consegue integrar diversas disciplinas escolares, na educação infantil, nos anos iniciais
e nos anos finais do ensino fundamental. Diante da experiência como auxiliar de direção e docente de Geografia na
escola desde o inicio do projeto, nos cabe destacar as reflexões e atividades desenvolvidas pelos estudantes durante
e após as idas ao território, através de caminhadas com os alunos nos bairros que compõem a comunidade
(Garatucaia, Caetés, Cantagalo e Portogalo.) A partir dessas caminhadas são realizadas atividades envolvendo o
reconhecimento, mapeamento e a história do lugares, estimulando a reflexão sobre, entre outras coisas, a pressão
sobre os ecossistemas e a fragmentação do espaço geográfico com a expansão das áreas dos condomínios de classe
média e alta sobre as "vilas" e "sertões", com prejuizos ambientais e culturais para estas comunidades. Essas ações
são realizadas com o auxílio de moradores mais antigos, que socializam suas experiências de vida com os alunos
durante as caminhadas, pessoas com ligações familiares com os estudantes. Os alunos moradores das comunidades
são incentivados a apresentar seus trabalhos fazendo a articulação entre os conhecimentos ensinados no espaço
escolar e a sua vivência cotidiana.

Palavras-chave: Identidades, Educação, Comunidade.

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 37
A EXPERIÊNCIA DO OTSS EM EDUCAÇÃO POPULAR

INDIRA ALVES FRANÇA


RONALDO DOS SANTOS
MARCELA ALBINO CANANEA
FIOCRUZ / OTSS / QFCT

Fruto da parceria entre Fiocruz, Funasa e Fórum das Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba
(FCT), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) atua num território onde vivem e
resistem cerca de cem comunidades tradicionais caiçaras, indígenas e quilombolas; ameaçadas pela especulação
imobiliária, por grandes projetos de construção e por empreendimentos turísticos predatórios. Junto com essas
comunidades, a equipe do OTSS desenvolve ações em diferentes frentes. Em relação os processos formativos, além
do apoio às atividades à educação escolar diferenciada, o OTSS também atua em atividades de formação fora do
espaço escolar. Nossa metodologia de pesquisa-ação é orientada por princípios formativos relacionados à ecologia
de saberes (SANTOS,2007) e à pedagogia da autonomia (FREIRE, 1996). Nesse sentido, entendemos que é preciso
evidenciar como os profissionais, gestores e movimentos sociais atuantes na promoção da saúde e do
desenvolvimento sustentável necessitam vivenciar processos formativos diferenciados, vinculados ao território e mais
potentes do que os usuais para promover autonomia individual e coletiva, desenvolvendo as competências
necessárias para produzir soluções para os desafios estruturantes de seus territórios. Entendemos que as atividades
formativas que realizamos estão em consonância com o conceito de “Educação Popular”, de Paulo Freire, que é
baseado no profundo respeito pelo senso comum que trazem os setores populares em sua prática cotidiana,
problematizando-o, e incorporando-lhe um raciocínio mais rigoroso, científico e unitário. Ao longo do desenvolvimento
do projeto, foram muitas as atividades de formação em educação popular, que tiveram como norte a construção
coletiva e processual da aprendizagem. Nossa forma de trabalhar as temáticas desenvolvidas pelo OTSS é dialógica,
promovendo um intercambio entre os conhecimentos tradicionais, ancestrais, técnicos e científicos e gerando novos
conhecimentos. As ações de formação em educação popular desenvolvidas no período, podem ser agrupadas em
algumas “frentes”, a saber: qualificação do FCT, qualificação do núcleo jovem do FCT, qualificação da equipe do
OTSS e qualificações relativas ao Núcleo de Transição Tecnológica, que agrega na Incubadora de Tecnologias Sociais
as temáticas relativas a Turismo de Base Comunitária, Saneamento e Agroecologia.

Palavras-chave: educação popular, fórum de comunidades tradicionais, núcleo jovem, incubadora de tecnologias
sociais.

Comunicação oral

DO PONTO DE VISTA DOS JOVENS:


A CIDADANIA E O MODO DE VIDA EM SÃO JOÃO DA BARRA – RJ

WANIA AMÉLIA BELCHIOR MESQUITA


FERNANDA PERES NICOLINI
LUIZA BARBOZA PEREIRA
LESCE|UENF
UFF CAMPOS
UENF

O projeto de extensão aborda o tema de forma plural tendo como foco explorar o olhar da juventude de São João da
Barra-RJ. Assim, considera o contexto de mudanças urbanas, sociais e ambientais em curso na localidade e em seu
entorno desde a construção do Complexo Portuário do Açu. A equipe, juntamente a um grupo formado por jovens
secundaristas do Colégio Estadual Alberto Torres, produziu uma oficina de audiovisual que foi ministrada em dois
encontros. A primeira reunião foi voltada para os temas de estética e técnica, além de contar com diálogos que
construíram a segunda parte da oficina em que foram produzidas fotografias e vídeos para retratar o ponto de vista
dessa juventude. A abordagem desse material produzido é baseado no olhar dos estudantes sobre o seu cotidiano,
modo de vida e cidadania, no qual surge o questionamento sobre o pertencimento do indivíduo a cidade. A rota pela
cidade foi documentada através de imagens e relatos compartilhados entre os jovens ao longo da tarde. Ainda convém
ressaltar a evidência de que São João da Barra é para esses jovens um local de transição já que a cidade dispõe de
oportunidades limitadas mesmo após a instalação do Porto do Açu. O recurso da produção de imagens se mostrou
capaz de motivar os estudantes a olharem para a cidade de diversos ângulos, não só a partir da câmera, como
também, através de reflexões e diálogos acerca das interações do espaço onde se desenrolam suas rotinas. Diante
desse cenário, o ponto de reflexão se dá no sentimento de pertencimento de cada jovem. O grupo em si reside
principalmente no interior da cidade. A base dessa relação se encontra na escola e em alguns locais de lazer, como
a praça, por exemplo. A partir das trocas feitas pelo diálogo, é evidente o desejo de ir além daquela região, que ao
mesmo tempo que é caracterizada por dificuldades, possui também incentivos culturais para a juventude.

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 38
Palavras-chave: jovem, modo de vida, cidadania, São João da Barra - RJ

Comunicação oral

RESUMOS DO EIXO 4
MOVIMENTOS SOCIAIS, POLÍTICA LGBT,
GÊNERO E SEXUALIDADES

GÊNERO E RESISTÊNCIA:
MULHERES QUE FLANAM PELOS COLETIVOS CULTURAIS DA BAIXADA FLUMINENSE

LUÍSA ANTONITSCH MANSILHA MELLO


UERJ

Este trabalho se dá através de uma etnografia urbana da Baixada Fluminense com o intuito de investigar as relações
entre os corpos femininos que flanam pelas cidades de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, no âmbito dos eventos
produzidos por coletivos culturais, que utilizam diversas linguagens artísticas na rua, a poesia, o audiovisual e a
performance, a fim de pesquisar como transmitem questões políticas através da estética própria dessas linguagens.
Com o acompanhamento das situações sociais, procuro perceber como se formam as identidades urbanas dessas
mulheres. Através do trabalho de campo, entrevistas, fotografias e imagens como forma de representação e análise
sociológica desses coletivos, busco entender como utilizam as formas de arte, e as questões relacionadas ao corpo e
gênero, através do caminhar pela cidade enquanto mulher. Retomo a flâneuse, a mulher andarilha que descobre,
observa e pensa a cidade, suas imagens e relações. Andar pelas ruas da cidade é construir histórias e percepções,
captar gestos, imagens, e referências práticas e simbólicas, é buscar aquilo que identificamos e o que estranhamos,
desvelando as estratégias de ocupação simbólica através da visualidade urbana, mesmo que não tenhamos
consciência dos nossos atos. Ressalto a importância de desromantizar o flanar pelas ruas da Baixada Fluminense,
atentando para a ironia ao comparar com os estudos sobre os corpos femininos que flanam facilmente pelas ruas da
Europa. Essas mulheres querem se reconhecer nas imagens que compõem aquele imaginário urbano. Ao dominarem
a linguagem não significa que dominam o meio, estabelecem relações entre os seus usos e se conscientizam de suas
implicações. Dessa forma, analiso os interesses específicos trabalhados pelos eventos: sua maneira de discutir gênero
e corpo através de performances, poesias e imagens, o próprio corpo como mensagem, simbologia e matéria da arte,
a cidade enquanto espaço de visualidade das imagens, os modos de agir, vestir, os comportamentos e falas, o corpo
enquanto ferramenta da arte política desses eventos. Como a tensão existente com relação ao gênero, faz com que
apareçam novos eventos, grupos e coletivos que discutem essas questões na Baixada Fluminense.

Palavras-chave: Baixada Fluminense; Mulheres; Flanar; Gênero.

Comunicação oral

REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL E GÊNERO VINDAS DA SOCIOEDUCAÇÃO

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 39
SANDRA REGINA DE OLIVEIRA FAUSTINO
DIEGO FELIPE MUNIZ
MARIA CAROLINA DE ANDRADE OLIVEIRA
JONAS ALVES DA SILVA JUNIOR
UFRRJ
UFRJ

O texto é uma das ramificações do projeto de pós-doutorado desenvolvido em duas unidades socioeducativa
masculinas, de privação de liberdade, no Rio de Janeiro. Tem sua importância na contribuição para os estudos de
gênero, e em especial na academia para melhorar o diálogo entre educadores e educandos, de diversos espaços. As
instituições socioeducativas é um pequeno reflexo do universo social, e nele se projetam as relações de dominação e
preconceito, atreladas ao estereotipo construído dos gêneros, projeções essas que se mostram principalmente através
da violência, o que revela a importância de repensar esse quadro e para construir medidas que melhorem o convívio
e as relações humanas, através do conhecimento e do respeito. A metodologia utilizada é a exploratório-descritiva
para auxiliar na descrição das características de um fenômeno ou comunidade (GIL, 2008). Recorreremos às consultas
documental e bibliográfica, entrevistas com os socioeducadores e internos (transcrição e análise) e questionário
(aplicação e análise) na investigação. O projeto visa analisar a relação da educação tradicional e da educação de
gênero com a construção das masculinidades nos espaços socioeducativos, traçando assim um retrato mais próximo
da construção da identidade sexual e de gênero dos jovens que ali passam, vem confirmando a imagem padrão do
homem, como dominador e superior à mulher e trazendo à tona as relações de machismo e homofobia. Relações
essas, desenhadas através dos relatos que apresentam um padrão de violência, física, verbal e simbólica. Por
exemplo: as relações entre homem e mulheres nas facções, para elas se espera fidelidade e monogamia, quanto para
eles não. O adultério é passível de punição como raspar os cabelos e passar cola forte para que o mesmo não cresça;
os jovens não aceitam a homossexualidade e dizem ser “falta de vergonha” e os grupos LGBT’s ficam em alojamentos
separados para evitar represálias e agressões. Ou seja, ainda é de muita importância o diálogo sobre o assunto,
educação sexual e de gênero, para que se possa desconstruir a visão naturalizada do masculino e o seu lugar no
mundo, como forma de repensar a sociedade e melhorar as condições de igualdade e preservação da vida.

Palavras-chave: Socioeducação; sexualidade; gênero.

Comunicação oral

A GEOGRAFIA DO OPRIMIDO:
RAÇA, GÊNERO E SEXUALIDADE NA LUTA PELA DESCONSTRUÇÃO
DAS CULTURAS INVÍSIVEIS E POR UMA EDUCAÇÃO LIBERTADORA

VICTOR PEREIRA DE SOUSA


UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Parte do campo educacional, a Geografia tem um importante papel na construção efetiva do pleno exercício da
cidadania, como uma ferramenta essencial no processo de mobilidade social. Assim, a Geografia do Oprimido –
conceito criado pelo autor desse trabalho – se trata de um conceito que busca dar voz à população marginalizada pelo
movimento desigual e excludente de nossa sociedade, baseada em padrões conservadores e desumanos. Além disso,
a Geografia do Oprimido dialoga com a Educação em busca de proporcionar caminhos que possam nos levar a justiça
social. Dessa forma, tal conceito trabalha com a interseccionalidade das problemáticas sociais que se entrelaçam em
nosso tecido social, dando visibilidade às questões de raça, gênero e sexualidade e proporcionando embates na linha
de frente dessa luta árdua e necessária. Atrelado a Geografia do Oprimido, o conceito de Culturas Invisíveis se torna
essencial na compreensão de formações histórico-sociais que reforçam continuamente expressões culturais que
oprimem e subordinam indivíduos no espaço-tempo de nossa humanidade, como a cultura do racismo, do machismo,
da LGBTTIfobia (que é a fobia entre lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais), do binarismo
sexual, da família patriarcal, e de muitas outras. Nesse patamar, o presente trabalho traz como objetivos a luta pela
desconstrução das Culturas Invisíveis através dos olhos da Geografia do Oprimido, elucidando caminhos que
solidifiquem a Educação como propulsora de concepções de liberdade, utilizando meios que viabilizem a problemática
levantada em situações que se expressam em nossa sociedade e que se embasam em questões de raça, gênero e
sexualidade, principalmente em espaços escolares. A Educação movimenta uma das principais formas de
transformação da sociedade, proporcionando aspetos que nos impulsione a um desenvolvimento que seja de fato
acompanhado de progresso social e igualdade de direitos. Uma questão de militância e resistência na égide da
humanização e da solidariedade.

Palavras-chave;Escola: Sociedade; Opressão

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 40
MULHERES NEGRAS PROFESSORAS DOUTORAS UNIVERSIDADES PUBLICAS:
QUEM ELAS SÃO?

TATIANE DA CONCEIÇÃO CARNEIRO


JOSELINA DA SILVA
UFRRJ

Este trabalho tem por objetivo apresentar de forma comparativa a presença e atuação de mulheres negras doutoras
e professoras efetivas em universidades públicas nas instituições do ensino superior do Estado do Rio de Janeiro.
Objetivamente, buscou-se compreender se racismo institucional e de gênero interferem em suas trajetórias
profissionais, ou quais os desafios encontrados para se legitimarem no espaço acadêmico e científico. Para a
realização desse trabalho, adotou-se uma pesquisa qualitativa utilizando como técnica de coleta de dados a revisão
bibliográfica e a realização de entrevistas semi estruturadas, de modo a compreender a trajetória profissional das
mulheres negras e os desafios por elas encontrados na docência do ensino superior em ambas regiões, no Estado do
Rio de Janeiro . Dessa forma, a partir de narrativas de professoras negras situadas nas Universidade Estadual do Rio
de janeiro, e na Universidade federal do Rio de Janeiro apresentamos aqui suas trajetórias profissionais, conquistas
e desafios. A relevância desse trabalho esta na reflexão sobre os motivos que adiaram a entrada das mulheres negras
no âmbito da escolarização.Afinal passar por séculos na condição de inferioridade, submissão é ainda afastada
intencionalmente do universo do saber, foram obstáculos num caminho difícil que se perdura ate hoje. E interessante
colocar que se faz crescente o numero de estudos relacionados a mulher negra e a ciência dentro dos espaços
acadêmicos, esses estudos mostram com clareza a dificuldade que as mulheres negras ainda encontram em se
consolidar em espaços anteriormente ocupados quase na sua totalidade por mulheres e homens brancos. A partir
desse fato constata-se que diversas são as barreiras nas quais as mulheres negras deparam-se para obter o sucesso
profissional, como se este fosse voltado apenas para o universo dos brancos; o que para nos não e de se estranhar
pois vivemos em uma sociedade onde pouco se valoriza a mulher negra enquanto sujeito. A pesquisa também
apresenta e denuncia as múltiplas facetas na qual o racismo, preconceito e a discriminação racial transversalizam e
fazem parte do âmbito institucional e das relações interpessoais no cotidiano das universidades, nos chamando a
atenção para a necessidade de construção de estratégias correlatas por parte das instituições de ensino superior.

Palavras-chave: Mulheres negras, Professoras Universitárias, Racismo, Universidades Públicas

Comunicação oral

GÊNERO E “RAÇA”:
UM ESTUDO DA MULHER NEGRA NA POLÍTICA BRASILEIRA

FABIANA DA SILVA CONCEIÇÃO


PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABORAI

O presente estudo abordou a situação da mulher na Política, na perspectiva da mulher negra tendo em vista as
conquistas femininas em todo mundo. A mulher já conseguiu alcançar grandes cargos na sociedade brasileira, cargos
estes que só eram exercidos por homens e que com o engajamento das mulheres em diversas mobilizações pelo fim
da exclusão feminina desde meado do século XIX no Brasil, este cenário está mudando. A mulher conquistou o direito
ao voto e tem conquistado muito mais. Temos mulheres no Poder Executivo, no Legislativo e no Judiciário, porém,
ainda em pleno século XXI, vivendo e resistindo em um paradigma ideológico, secular (es), sexista, classista, hetero-
normativo e no ideal do branqueamento, prevalecendo o modelo de cultura europeia, a mulher negra, em sua maioria,
mesmo graduada, ainda continua exercendo as funções associadas a que ela desempenhava no período da
escravidão. Apesar da lei de cotas que estipula um percentual mínimo de 30% de candidaturas femininas nos partidos
políticos implementada em 1996, percebemos ainda, uma baixa representatividade feminina nas esferas políticas.
Mesmo com uma maior manifestação política feminina, o aumento de candidaturas, principalmente para Câmara
Federal é pequeno. As mulheres estão lutando por ocupação no poder Legislativo e no Executivo, pois são nesses
espaços políticos que ocorrem as tomadas de decisão sobre o direcionamento do País. Porém, este espaço está
reservado para os homens em sua maioria branco e com histórias de trajetórias políticas familiares bem sucedidas
(MEDEIROS; LEITÂO; 2011). Na literatura, nos meios mediáticos audiovisuais, é possível ver a baixa participação
das mulheres nas disputas de cargos políticos. Quanto às mulheres negras este número decai ainda mais. Se a mulher
branca tem pouco acesso a esse espaço, a mulher negra tem menos ainda, haja vista, que a mulher negra continua
vivendo uma situação marcada pela “dupla discriminação: ser mulher em uma sociedade machista e ser negra numa
sociedade racista” (MUNANGA e GOMES p.133). A luta por equidade de gênero é uma luta travada pelo movimento
feminista que se efetivou no Brasil em meados dos anos setenta e se estende até hoje.

Palavras-chave: GÊNERO. RAÇA. POLÍTICA.

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 41
Comunicação oral

CRIANÇA VIADA:
A NECESSIDA DA DISCURSÃO SOBRE IDENTIDADE DE GÊNERO NA ESCOLA

VINICIUS SENA DO NASCIMENTO


ISADORA DE OLIVEIRA COSTA LIMA
GABBRIELA LEON
UNIRIO

Nosso trabalho discorre sobre o entendimento das diferentes culturas da diferença na formação do indivíduo, busca
tendo em vista compreender com como as subjetividades e a individualidades contribuem para uma educação
multicultural o multiculturalismo na educação, desta maneira este trabalho faz uma breve revisão bibliográfica sobre o
tema LGBTq, dentro das teorias de currículo e práticas pedagógicas. Apoiados sobre McLaren (2000a, 2000b)
entendemos que multiculturalismo crítico está relacionado com característica trazidas pela cultura individual para o
momento da realidade social vivida pelo sujeito. Sendo assim, a cultura de cada indivíduo faz parte da formação do
coletivo. A percepção que a diferença provoca o pensamento e julgamento sobre o outro, requer a compreensão que
a escola não deve programar um currículo homogêneo, mas precisa refletir sobre novas práticas que envolvam a
multiplicidade cultural, pensando assim a escola, abarca as representações minoritárias (Miranda e Oliveira, 2004).
Principalmente na atual conjuntura onde a educação brasileira e várias políticas que atacam a liberdade de
pensamento dentro do espaço escolar, se faz necessário um debate que traga as diferentes vozes sociais, como
movimentos das minorias, pesquisadores e a própria comunidade escolar para pensar o esse movimento conservador
que tem aparecido com muita força e frequência em nossos espaços educacionais. A tomada de consciência e o
engajamento nos movimentos sociais para combater uma forte onda conservadora, que atinge a comunidade
educacional. Realizar um breve estudo sobre identidade de gênero é de extrema relevância, tendo em vista previsto
que os educadores em formação são convidados a uma tomada de consciência de uma sociedade com fortes
tendências ao esquecimento e da não aceitação das questões sociais e a marginalizar as minorias. Em sua pesquisa
sobre as brechas do sistema de educação Marcos Adriano de Almeida destaca a necessidade de um processo de
ensino voltado para os alunos e possibilitando ações para a ruptura das estruturas pré-estabelecidas, tento como
exemplo a hierarquização e a organização de um currículo voltada para a manutenção de valores da cultura judaico-
cristã, marcada pela discriminação dos indivíduos considerados afeminados. Se fazer presente nesse corpo social, é
uma afirmação política e uma luta por espaço.

Palavras-chave: Multiculturalismo, Diversidade, gênero e identidade, Educação, consciência

Comunicação oral

DISCUTINDO GÊNERO E SEXUALIDADE NO ENSINO MÉDIO:


UM ESTUDO DE CASO COM ALUNOS NORMALISTAS DO RIO DE JANEIRO

LUANNA MENDES BARRETO


UNIRIO

O presente artigo resulta de um estudo de caso realizado a partir da atividade pleiteada pelo Cine Clube realizado
semanalmente na unidade escolar pelos bolsistas do PIBID-Ensino Médio/UNIRIO. Entendendo que o cinema tem
papel primordial na construção da subjetividade do sujeito ao fomentar formação cultural e educacional desse indivíduo
(DUARTE, 2002) e, com a certeza, da sua capacidade de provocar diversas emoções e reações por parte do
espectador os discentes foram provocados a refletirem acerca da relação sexualidade x gênero x escola a partir da
exibição de dois curtas com temática LGBTQ seguidos de debates e da produção de fotografias por parte dos próprios
discentes que refletissem a diversidade sexual e de gênero dentro da escola. A primeira sessão teve como plano de
fundo a exibição do curta de animação “In a Heartbeat”, que trás a descoberta do amor pela perspectiva de um jovem
que se apaixona por um colega da escola. O curta “Se essa escola fosse minha” foi exibido em um segundo momento
trazendo como tema a vivência e experiências de alunos e ex-alunos LGBTQ nas escolas, dando ênfase as disputas
silenciosas que estes individuais travam/travaram diariamente não somente contra os demais alunos, mas também,
com os docentes e demais membros do grupo escolar. Rompendo com a obsessão da preservação da ordem em sala
de aula que tende a limitar e moldar a voz do aluno de acordo com padrões sociais (HOOKS, 2013) as atividades
foram finalizadas com uma dinâmica na qual os discentes puderam expôr livremente experiências vivenciadas,
praticadas e/ou presenciadas de LGBTQfobia dentro e/ou fora do ambiente escolar. Pode-se dizer que uma catarse
foi vivenciada naquele momento diante da possibilidade dos discentes poderem exprimir suas vivências dentro de
uma sociedade machista e homofóbica. Como resultado pode-se afirmar que o papel da escola está para além de
debater as questões de sexualidade e gênero, mas sim rever suas práticas diárias diante dessa diversidade que já
não se esconde ou intimida

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 42
Palavras-chave: Cine Clube, Ensino Médio, Gênero, Sexualidade

Comunicação oral

RESUMOS DO EIXO 5
MOVIMENTOS SOCIAIS, RELIGIÕES E RELIGIOSIDADES NA
EDUCAÇÃO

O AMBIENTE ESCOLAR E SUAS VISÕES SOBRE A RELIGIOSIDADE UMBANDISTA

ARIANY CÂMARA SANTOS


UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA BAIXADA FLUMINENSE

O trabalho em questão tem como objetivo, expor algumas percepções sobre a umbanda e o ambiente escolar. De
primeiro momento, o relato se aterá a um episódio, em específico, ocorrido em uma oficina de matemática, no projeto
Novo Mais Educação, na Escola Prof.ª Carmem Corrêa de Carvalho Reis Bráz, localizada em Imbariê, bairro do
município de Duque de Caxias. É importante destacar que Imbariê é um local onde as igrejas protestantes, divididas
em suas três ramificações: tradicionais, pentecostais e neo-pentecostais, exercem relevante papel, tendo em vista que
o bairro não é atingido pelas políticas públicas do governo local. Essa relação entre igreja e comunidade se dá, por
vezes, na forma de compensação. A igreja fornece subsídios básicos para a manutenção das famílias locais, para
além do acalento espiritual. Em troca disto, estas mesmas famílias se introduzem na comunidade religiosa, recebendo
e tomando as doutrinas e ensinamentos para si. Partindo do princípio em que todo cidadão tem, por direito, a liberdade
por optar a forma como professa sua fé, o relato trás a problemática que existe nessas relações entre igreja e
população e a expansão de seus ideais conservadores a respeito das religiões de origem africana e afro-brasileira,
que é onde a umbanda se encaixa. Através desta explanação, será possível notar a forma preconceituosa e baseada
em senso comum que, por vezes, estes atravessamentos chegam ao ambiente escolar. Será explicitado, também,
como alguns profissionais lidam com assuntos ligados a diversidade e intolerância religiosa por partes dos alunos e
alunas, nos seus mais diversos conceitos religiosos. Atrelada a todos os pontos acima citados, está a lei 10.639 de
2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional a obrigatoriedade da temática "História e Cultura
Afro-Brasileira". A mesma funciona como aparato legal para que estes assuntos sejam abordados e trabalhos em sala
de aula, como forma de combate ao racismo e intolerância religiosa.

Palavras-chave: educação; diversidade; religião; preconceito.

Comunicação oral

UMA REFLEXÃO SOBRE A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA


NA BAIXADA FLUMINENSE DO RIO DE JANEIRO.
Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 43
BRUNO BRITO DE ALENCAR
ROSÁLIA LEMOS
UFF

O presente artigo pretende refletir casos que envolvem situações de controvérsias e conflitos relacionadas às
diferenças indenitárias e étnico-religiosas, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro.Buscando, um breve
levantamento de informações referentes a registros de ocorrências policiais e processos judiciais relativos a essa
temática, com pesquisa bibliográfica, histórica, documental e relatório de direitos humanos. Enfatizando que a
liberdade religiosa é associada à liberdade de expressão, como forma de mobilizar mesmo as pessoas que não são
religiosas, a reivindicação é pelo “direito de acreditar e de não acreditar”. Com o objetivos de reflexão a respeito de
“políticas públicas de Estado” , no combate a intolerância religiosa no Rio de Janeiro. Definindo de que forma as
políticas públicas podem influenciar no combate a intolerância religiosa, relacionando assim as atitudes de intolerância
ao fascismo e aos atos antidemocráticos. Esse estudo se enquadra no contexto de uma pesquisa, de natureza
bibliográfica, tendo como base uma abordagem qualitativa, afim de apresentar as possíveis complexidades do
problema.

Palavras-chave: Racismo, intolerância, religião.

Comunicação oral

RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA NA ESCOLA:


PRECONCEITO, DEMONIZAÇÃO E INTOLERÂNCIA NASCIDOS DO DESCONHECIDO

GEIZIANE ANGELICA DE SOUZA COSTA


UERJ/FFP

O trabalho ainda em construção, faz parte da dissertação de mestrado, sob orientação do prof. dr. Luiz Fernando
Conde Sangenis, se propõe a discutir as razões que levaram a associação das religiões afro-brasileiras com práticas
demoníacas e sendo assim o motivo pelo qual o preconceito impera uma vez que se não o conheço, o temo. A Lei
10.639, implementada em 2003, que estabelece, de forma obrigatória, o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira,
amparada no art. 26ª da LDB, no ensino das escolas brasileiras. A proposta surgiu da necessidade de repensar
questões ligadas à permanência de desigualdades sociais e ao preconceito, valorizando o pluralismo e as
características da formação social brasileira, a fim de garantir a identidade e a alteridade das pessoas e dos grupos
sociais. O estudo de qualquer cultura envolve considerar os mais variados aspectos que a caracterizam. A religião,
sem dúvida, é um dos mais fundamentais para a compreensão dos povos e de suas culturas. A pesquisa tem como
foco tematizar o problema da escola e dos seus profissionais, no âmbito do estudo da história e da cultura afro-
brasileira, de tratar dos temas que envolvem as religiões de matriz africana. O preconceito, histórico e socialmente
construído, que nega e destitui de valor as culturas de religiões africanas no Brasil é uma importante causa que dificulta
o tratamento adequado das matérias e temáticas preconizadas pela Lei no currículo praticado pelos professores, em
especial, por aqueles responsáveis pela disciplina de Religião. Orientações religiosas mais conservadoras têm tratado
a cultura afro-brasileira de maneira limitada, estereotipada e restrita, sob uma visão maniqueísta em que apenas cabe
a atitude de demonização. É necessário rever as práticas de modo que o aspecto religioso possa ser compreendido
como parte indivisível das culturas. Estudantes, praticantes e adeptos das religiões afro-brasileiras, como é comum
acontecer na sociedade, também sofrem discriminação e preconceito dentro das escolas. Escondem sua opção
religiosa pelo medo da rejeição, e por não terem garantida materialmente a liberdade religiosa como direito
fundamental da pessoa humana e parte inalienável da formação de sua identidade para o alcance pleno de sua
cidadania.

Palavras-chave: Religiões Afro-brasileira, Intolerância, Racismo Religioso, Medo, Demonização.

Comunicação oral

RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA E PRECONCEITO RELIGIOSO NA ESCOLA

IOLANDA TAKIGUTI
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Durante vários anos carreguei comigo a dor de ser vítima de um sistema preconceituoso, de uma sociedade onde o
direito ao culto de religiões de matriz africana é visto como um mal na sociedade. Através da vivência na umbanda e
no Kardecismo, criei um véu onde era impossível perceber as relações de preconceito existente dentro da própria

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 44
religião, umbandista e kardecista. Após as pesquisas realizadas para a conclusão deste trabalho ficou claro para mim
a forma como lidamos com o fato relacionado a religiões, principalmente aquelas de matriz africana, como o
candomblé. Na umbanda e no kardecismo, sempre ouvi dos dirigentes da mesa (espírita kardecista) e dos dirigentes
dos terreiros de Umbanda, onde freqüentei, que o candomblé só trabalhava para o mal, pelo fato do ritual da matança.
Nunca parei para analisar esse fato longe da perspectiva umbandista/kardecista. Porém, qual foi a minha surpresa,
ao perceber que a religião tem o poder de moldar as pessoas, de acordo com os pensamentos e ensinamentos que
os nossos dirigentes aprenderam como certo. O estudo sobre o candomblé e a formação da umbanda me retirou o
véu da ignorância pude então perceber que durante anos possuía uma visão errada sobre o candomblé.

Palavras-chave: Religiosidade afro-brasileira - preconceito religioso - escola.

Comunicação oral

RELIGIOSIDADE NA ESCOLA

LIDIANE LUÍSA PEREIRA LEMOS


COLÉGIO ESTADUAL DR. ARTUR VARGAS

Você já se sentiu ofendido dentro da sala de aula por causa de sua religião? Já foi excluído ou se sentiu excluído por
conta de sua religião ou se sentiu excluído por não ter uma religião? Bem, uma aluna do 6º ano no Colégio estadual
Padre Manuel da Nóbrega, no bairro Brasilândia, foi alvo de ofensas por parte de outros estudantes em sala de aula,
segundo o extra.globo.com. Muitos alunos sofrem preconceitos de intolerância religiosa dentro de sua sala de aula,
as vezes por alunos ou até mesmo professores. Eu já ouvi palavras ofensivas em relação a minha religião dentro da
minha sala de aula e acredito que não fui a única, eu me pergunto “ educação laica o que isso significa? ”. Já participei
de vários debates sobre religião em minha sala de aula e eu me pergunto quantas pessoas já passaram por isso
também? Eu acho que na sala de aula e em casa deve ser ensinado a respeitar uns aos outros e religião deve ser
ensinado em casa pelos responsáveis e não pelos professores que acham que sua religião é superior as outras.
Segundo o noticias.uol.com.br as denúncias de discriminação religiosa recebidas pelo Disque 100 (Disque Direitos
Humanos) atingiram seu maior número desde 2011, quando o serviço passou a receber esse tipo de denúncia. Foram
252 casos reportados em 2015 ao serviço da Secretaria de Direitos Humanos do governo federal. Houve um aumento
de 69% em relação a 2014, quando foram registradas 149 denúncias. Até quando as pessoas terão que sofrer por
conta de sua religião? Concluímos que a cada ano que passa o número de pessoas que sofrem discriminação religiosa
em nosso Brasil, um país com diversas religiões, só aumenta e o que você tem feito para acabar com isso? Eu acho
que a base de toda religião deveria ser o amor ao próximo, pois quem ama respeita e o que precisa em nosso mundo
hoje é o amor. Você não precisa entender a religião do outro, você somente precisa respeitar o outro e sua religião.

Palavras-chave: Religiosidade, preconceito, intolerância, escola

Comunicação oral

COLONIALIDADE DO SABER, RELIGIOSIDADE


E O PAPEL DAS MULHERES NEGRAS NOS TERREIROS DE CANDOMBLÉ

SANDRA REGINA DE SOUZA CRUZ


VALÉRIA PAIXÃO DE VASCONCELOS NEPOMUCENO
GPMC/UFRRJ
UNIRIO GPMC/UFRRJ

Esse artigo foi pensando a partir dos estudos na aula da disciplina de Formação de Professores nas Relações Étnico-
Raciais, ofertada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas
Populares (PPGEduc/UFRRJ). Nos debates coletivos desta disciplina e nas ações efetivas dos participantes,
refletimos como os ensinamentos das mulheres negras nos terreiros de candomblé realizam ações pedagógicas na
manutenção da religiosidade e para a construção de identidades fora do padrão colonial eurocêntrico. Pesquisas
históricas revelam que a escola cumpriu e cumpre um papel social a partir da crença na razão, na ciência e na
consolidação dos estados Nacionais. Entretanto, recentes pesquisas vêm demonstrando que a escola não é mais o
lócus privilegiado de socialização de saberes e conhecimentos para as novas gerações, e que existem outras formas,
outras organizações e outras instituições que, apesar de não serem reconhecidas pelo Estado, formam e socializam
em outros conhecimentos para as novas gerações. Pensando nestas outras formas de educação, nos deparamos com
a formação cultural e social de um país composto de uma maioria negra. Apesar de não podermos afirmar que a
questão racial seja o único elemento aglutinador do processo de construção identitária deste povo, também não
desconsideraremos o fato de que ela representa um significativo elemento de construção de identidades. Na
construção destas identidades, o candomblé se apresenta como um dos fatores representativos na formação do povo

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 45
negro, onde valores culturais revitalizados no território brasileiro, vão servir como suporte ideológico de resistência e
afirmação desta população. Nestes locais, cada membro do culto tem seu tempo para a aprendizagem. Os locais de
aprendizado estão por toda a parte, e o corpo negro está sempre em movimento. Assim, o papel da tradição oral frente
ao pensamento colonial, que coloca a escrita como conhecimento superior, se apresenta enquanto uma pedagogia
de mulheres no cotidiano do candomblé, desafiando a colonialidade do saber (Mignolo, 2003). Reiterando a eficácia
desta na manutenção ponderando a valorização de uma religiosidade secular, que se articula, não formalmente, mas
nas relações cotidianas das questões identitárias das Relações Étnico-raciais.

Palavras-chave: Mulheres Negras; Relações Étnico-raciais; Colonialidade do Saber.

Comunicação oral

O ENSINO RELIGIOSO NO MUNICÍPIO DE PETRÓPLIS-RJ:


"ASSEGURADO O RESPEITO À DIVERSIDADE CULTURAL RELIGIOSA" ?

FELIPE DE SOUZA ARAUJO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

O presente trabalho tem por objetivo identificar as incongruências no posicionamento normativo do Município de
Petrópolis situado na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, frente à oferta da disciplina de Ensino Religioso.
De abordagem qualitativa, o presente trabalho utilizou a metodologia de análise documental. Dito isto, salientamos
que à respeito do ensino religioso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) aponta no art.
33 os princípios que devem balizar a oferta desta disciplina: “de matrícula facultativa... constitui disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil,
vedadas quaisquer forma de proselitismo”. Neste contexto, compreendemos com base no disposto em Lei que a oferta
do ensino religioso, deve pautar-se pela laicidade do Estado, considerando que a laicidade é um “pré-requisito político
da liberdade de crença e suas manifestações” (CUNHA, 2013; 2014; 2016). O Município de Petrópolis materializou o
disposto no inciso 1º do art. 33 (BRASIL, 1996), sancionando em Lei (6.917 de 16 de dezembro de 2011) a admissão
de professores para o ensino religioso, criando a “categoria funcional de professor de ensino religioso” (PETRÓPOLIS,
2011). Dito isto, identificamos que o Município criou as propostas curriculares para o Ensino Fundamental I e II, sendo
assim, ao analisarmos as propostas encontramos alguns aspectos alarmantes, tais como: “a oração uma forma de
comunicação e os valores norteadores das relações consigo mesmo, com o outro, com a natureza e com Deus”;
“conhecer as Leis de Deus”; “reconhecer como respondemos ao amor de Deus”; “identificar o projeto de Deus na sua
vida/na vida da humanidade” (PETRÓPOLIS, 2014; 2015). Neste contexto, inferimos alguns questionamentos: O que
está acontecendo com a escola pública laica? Quais influências foram exercidas nessas produções dos textos a ponta
de não se respeitar a diversidade cultural religiosa brasileira? Concluímos que as propostas curriculares analisadas
apresentam o ensino religioso como uma possível ferramenta na promoção da intolerância religiosa de desrespeito as
diversidades e de proselitismo.

Palavras-chave: Estado Laico. Ensino Religioso. Diversidade Cultural religiosa.

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 46
RESUMOS DO EIXO 6
MOVIMENTOS SOCIAIS, DIREITOS HUMANOS
E POLÍTICAS DE ACESSO E PERMANÊNCIA
NA EDUCAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E IDOSOS

A MIGRAÇÃO PERVERSA PARA A EJA - A ESCOLA FALA

AMANDA GUERRA DE LEMOS


UNIRIO

Apresento a discussão, fruto das reflexões suscitadas sobre a migração de jovens de 15 e 16 anos, oriundos do Ensino
Fundamental de nove anos para a Educação de Jovens e Adultos, a partir da pesquisa realizada no âmbito do
mestrado em educação. A pesquisa consiste em um estudo de caso e é situada em uma escola que atende a EJA no
horário noturno e faz parte do Programa de Educação de Jovens e Adultos – PEJA – do município do Rio de Janeiro.
Para iniciar o debate trago a discussão da EJA como um direito (GADOTTI, 2009), como uma modalidade que
pressupõe currículo, práticas e metodologias próprias e ao serviço de seus sujeitos e que se encontra regulamentada
em nossa legislação, apresentando brevemente, algumas características peculiares do PEJA/RJ e sua importância
como uma política pública consolidada de oferta de EJA dentro da rede municipal do Rio de Janeiro. Por fim, trago o
debate sobre a “migração perversa” presente no Parecer CNE/CEB nº6/2010 e como algumas ações da Prefeitura
Municipal do Rio de Janeiro contribuíram para a perpetuação e intensificação dessa migração. Para essa
apresentação, enfatizo as percepções dos sujeitos da pesquisa, abordando o percurso escolar e o olhar dos alunos
entrevistados, professores e equipe diretiva-pedagógica da escola, por trazer à tona elementos importantes para a
reflexão sobre o fenômeno de juvenilização da EJA, em especial, no processo de transferência de alunos do Ensino
Fundamental seriado para a EJA, denominado no Parecer CNE/CBE nº 06/2010 como “migração perversa”. Em
relação aos alunos: impressões relatadas sobre a EJA, a transferência para esta modalidade, expectativas sobre a
nova escola nos ajudam a pensar sobre os processos que levam à migração desses jovens e as possibilidades de
construção de novas relações. Com os professores e equipe diretiva-pedagógica, a percepção da entrada para a EJA
de jovens tão jovens, a partir da migração perversa, e como isso, em suas análises, afeta a modalidade.

Palavras-chave: EJA; Juvenilização; Migração persa

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 47
IDOSOS NA EJA: FATORES QUE MOTIVAM A INCLUSÃO E PERMANÊNCIA

FRANCISCO LINDOVAL DE OLIVEIRA


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

O objetivo deste trabalho foi compreender fatores que contribuem para a permanência de estudantes idosos na
Educação de Jovens e Adultos (EJA), bem como as dificuldades que os impedem e/ou os “expulsam” das escolas.
Tais motivações não os permitem encontrar espaço de valorização social, nos fazendo assim refletir sobre a relação
entre velhice e educação, quando na atual sociedade que tem a infância e a juventude como fases tradicionalmente
destinadas à vivência escolar e ao desenvolvimento humano. Para tanto, fizemos uma pequena pesquisa de campo
em uma escola no município de Itaguaí - RJ, que oferece a educação de jovens e adultos, onde entrevistamos pessoas
que atuam na coordenação de EJA da escola e com algumas alunas idosas. Os resultados das entrevistas foram
muito proveitosos, pois serviu de material para a produção deste trabalho. Nesta pesquisa observa-se a presença de
idosos no espaço escolar e a aceitação deles diante dos diferentes sujeitos que interagem entre si no mesmo
ambiente. Tendo em vista que o processo de envelhecimento é inerente ao ser humano e que há um mito de que o
idoso é um sujeito improdutivo, mas que na verdade, retornar à escola significa não só resgatar a imagem de estudante
negada no passado, pelas adversidades da vida, como também promover a imagem da velhice ativa, produtiva, capaz
e do alcance da visibilidade social. Também discorremos sobre a importância de conhecer a legislação a respeito do
idoso, bem como de compreender alguns aspectos gerais do processo de envelhecimento. Entre os artigos que
compõem o Estatuto do Idoso (Brasil, 2005), ressaltamos o Título II, Dos Direitos Fundamentais, em seu Capítulo V,
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer. Segundo o Estatuto, [...] o idoso tem direito a educação, cultura, esporte,
lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade (Artigo 20). Além
disso, pretendemos provocar inquietações em educadores na maneira de se pensar em educação para idosos,
propondo discussões sobre os desafios apresentados na prática docente.

Palavras-chave: Idosos; Espaço Escolar; Educação; Social.

Poster

EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:


ANÁLISE DA POLÍTICA PEDAGÓGIGA DA ESCOLA MUNICIPAL ÁUREA PIRES DA GAMA

MARIA MARGARIDA FERREIRA


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS - IEAR –UFF

A lei 10639/2003 que estabelece o ensino da história da África e da cultura afro brasileira nos sistemas de ensino,
sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela primeira vez na história da Educação Brasileira, traz à
tona o debate sobre as questões raciais dentre e fora do âmbito escolar, levando a sociedade brasileira a refletir sobre
a prática racista, preconceituosa e discriminatória. Nesse sentido, esse trabalho monográfico tem como finalidade
refletir sobre: Como efetivamente a lei 10639/2003 incide no currículo da EJA de uma escola municipal que está
inserida dentro de uma comunidade quilombola (Santa Rita do Bracuí – Angra dos Reis) pretetendeu – investigar
como os gestores da rede municipal dialogam com a comunidade, no sentido de construir uma proposta pedagógica
diferenciada, objetivando fortalecer os laços identitários de valorização da cultura, costumes, crenças e saberes que
são elementos fundamentais da sua tradição. Em suma, refletir sobre identidades étnicas em construção na EJA a
partir da implementação da Lei.

Palavras-chave: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL E PROJETO POLÍTICO


PEDAGOGICO

Comunicação oral

EDUCAÇÃO DE TRABALHADORES E A EDUCAÇÃO POPULAR:


AFINIDADES E DESAFIOS

NOELIA RODRIGUES PEREIRA REGO


APARECIDA DOS SANTOS MERCÊS
PUC-RIO/UNIRIO/CEPL

Historicamente a educação do trabalhador, através da Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem sido pauta de
diferentes movimentos sociais, que lutam em prol de políticas públicas que vejam a modalidade não como um reparo
da sociedade apenas, mas como um direito a ser conquistado e financiado na sua integralidade. É preciso ainda que
ele encontre neste novo cenário ambientes de acolhimento subjetivos para que se sinta pertencente àquele espaço,

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 48
que outrora, por diversos motivos negou e/ou lhe foi negado. Como se aproxima deste sujeito? Como acolhê-lo nestes
ambientes? O que trocar nestes espaços de construção coletiva do conhecimento? E a Educação Popular o que tem
que ver com isso? Propõe-se com este relato de experiência trazer algumas ações desenvolvidas por meio da EJA,
em diálogo com a Educação Popular promovidas pelo Núcleo de Educação de Jovens e Adultos da PUC – Rio - NEAd
PUC-Rio, neste ano de 2017. Uma das ações consistem em oferecer aulas para os trabalhadores e trabalhadoras dos
setores de limpeza e conservação da faculdade e de seu entorno, com objetivo de prepará-los para a prova de
certificação do ENCCEJA (exame que certifica para o ensino fundamental e médio). Nesta ação específica,
denominada por nós de Intensivão do ENCCEJA, elaboramos discussões sobre temas referentes aos conteúdos que
serão aplicados na prova, buscando aplicar uma metodologia de educação popular baseada no referencial freireano
e decolonial, e também nos princípios da educação libertária, cujas visões estão pautadas na ideia de educação como
transformação da sociedade, por meio de um pilar crítico da realidade. Mesmo não concordando com a certificação
nos moldes que ela se configura, por não exprimir o ideal de educação que acreditamos, o Núcleo se aderiu à proposta
e se inclinou em construir o projeto coletivo. Para isto, buscamos voluntários que se inclinam nesta perspectiva
educacional para formarem nosso quadro de professores. Como primeiros resultados, temos visto esse público (alunos
e professores) ampliar suas capacidades cognitivas e de visão de mundo. Ainda, ao trazerem elementos de suas
diferentes realidades percebemos o quanto de autoestima e protagonismo se coloca no grupo. Outro ponto forte tem
sido a troca e a sinergia entre saberes populares e saberes normativos que, ao se confrontarem a todo o momento,
têm feito nascer saberes outros, para além dos saberes universalizados e hierarquizados, que historicamente vêm
pautando a epistemologia educacional.

Palavras-chave: EDUCAÇÃO POPULAR; EJA; DECOLONIALIDADE; TRABALHADOR

Comunicação oral

DO PONTO DE VISTA DOS JOVENS:


AÇÕES DO CONSELHO MUNICIPAL DA JUVENTUDE EM SÃO JOÃO DA BARRA – RJ

WANIA AMÉLIA BELCHIOR MESQUITA


AURELI LOPES DE OLIVEIRA
LUIZA BARBOZA PEREIRA
PHILLYPE MARTINS CAPUTO CERILLO QUITETE BUENO
UNIVERSIDADE ESTADUAL NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ

O projeto de extensão tem como objetivo dialogar com jovens estudantes secundaristas de São João da Barra - RJ
(SJB) sobre o contexto de mudanças urbanas, sociais e ambientais em curso nesta cidade e em seu entorno desde a
construção do Complexo Portuário do Açu. A partir de ações realizadas no Colégio Estadual Alberto Torres e na
Universidade estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) que envolvem jovens estudantes bolsistas de
extensão e do Programa Jovens Talentos da FAPERJ, a equipe constrói práticas coletivas de diálogos com apreensão
e abordagens das políticas públicas relacionadas à juventude de SJB . Um ponto importante para fortalecimento tanto
do senso critico desses jovens, bem como o conhecimento deste sobre a realidade social. Os estudantes participam
mensalmente das reuniões do conselho municipal da juventude em SJB, tendo em vista conhecer as ações do
Conselho e a sua agenda. Os estudantes visam a troca de informações com os conselheiros, o mapeamento e a
inserção de temas nas discussões do que pode ser alvo de elaboração de projetos e programas voltados à juventude
de SJB. Essas ações darão subsídios e pautas a um encontro de estudantes secundaristas a ser organizado pelos
jovens participantes do projeto.

Palavras-chave: politicas publicas, jovens,cidabania, natureza

Comunicação oral

A EXPERIÊNCIA DO CURSO SOBRE DIREITOS HUMANOS DO PROJETO


APROXIMA-AÇÃO NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA:
DIVERSIDADE DO PÚBLICO ALVO E NECESSIDADES ACERCA
DO DEBATE DOS DIREITOS HUMANOS

ELIANA CRISTINA DOS SANTOS


VIVIANE LEAL DANTAS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

O Projeto “Aproxima-Ação: Direitos Humanos, Estatuto da Criança e do Adolescente e Protagonismo” faz parte do
Programa de Extensão Universitária PROEXT, subsidiado pelo Ministério da Educação/Secretaria de Educação

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 49
Superior, na Universidade Estadual de Londrina, que tem por objetivo “Difundir os Direitos Humanos e o Estatuto da
Criança e do Adolescente aproximando a população destes direitos e incentivando-os a tornarem-se multiplicadores
em ações cotidianas”. Para cumprir tal propósito, o projeto ofertou um curso de formação que versa sobre os temas
afetos a defesa dos direitos humanos e do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), tendo, como propósito,
instrumentalizar teoricamente os participantes para traçar estratégias de ampliar esta discussão enquanto dispositivo
para tentar superar as múltiplas desigualdades que afetam nossa sociedade. O critério adotado foi o da
representatividade e não foi exigido escolaridade mínima, compreendendo que quanto mais diverso o público maior
eloquência sobre os direitos humanos teríamos. Assim, o público deste curso é composto por representantes de
entidades, instituições públicas ou privadas, movimentos sociais, organizações e demais interessados na temática. A
procura para realização do curso surpreendeu nossa expectativa inicial, sobretudo pela heterogeneidade do público e
o interesse demonstrado em aprimorar o conhecimento a respeito da temática, objetivando contribuir para melhor
atuação e construção de enfrentamentos às violações de direitos humanos por parte desses sujeitos. Outro ponto que
nos chamou atenção foi pela expressiva procura de conselheiros tutelares e profissionais da rede socioassistencial
pública e privada, além de profissionais da educação e de projetos socioeducativos. O que nos leva preliminarmente
a considerar que estes profissionais não tem tido espaços de debate e aprofundamento suficiente para compreender
a complexidade dos direitos humanos e do ECA em seu dia a dia. Esta afirmação se fundamenta nos relatos em sala
de aula onde muitos cursistas afirmam que este debate não tem estado presente em suas formações, sejam
acadêmicas (os que possuem) ou institucionais. Assim, a contribuição deste curso será fundamental para os processos
de trabalho destes profissionais, assim como de todos participantes em seus locais de atuação, no sentido de formar
multiplicadores deste tema, além de explicitar e incentivar a necessidade de formação contínua referente aos direitos
humanos.

Palavras-chave: Direitos Humanos, ECA, formação

Comunicação oral

A QUEM INTERESSA O FIM DA EJA?

AMERICO HOMEM DA ROCHA FILHO


PROFESSOR DA REDE MUN. DE ANGRA DOS REIS E DA REDE MUN. DO RJ

Minhas inquietudes começaram em 1986 quando assumi minha primeira matrícula na Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro. Trabalhava com turmas da 5ª série (hoje, 6º ano) até a 8ª série (hoje, 9º ano). Logo percebi que nas primeiras
séries, tínhamos em alguns anos até dez turmas e na série final, aqueles que iriam para o 2º grau (hoje, ensino médio),
eram três ou quatro turmas, no máximo. Ficava intrigado com esses números, apenas uma parte desses alunos (as)
conseguiam chegar ao ensino médio, menos que a metade. Ficava pensando nos motivos disso acontecer, tentava
conversar com os outros professores (as) da escola, mas parecia que ninguém se preocupava muito com isso, todos
diziam que era normal, que esse número de alunos (as) que entravam e que saíam eram praticamente o mesmo a
anos... Como assim essa situação não era preocupante? Essas crianças e esses adolescentes que paravam de
estudar iam para onde? Fazer o quê? Quais eram os motivos que estavam afastando esses jovens da escola? Os
anos foram passando e eu comecei a entender os motivos que levavam esses alunos (as) a abandonarem a escola.
Gravidez na adolescência, a necessidade de trabalhar para ajudar os pais, tomar conta dos irmãos mais novos, alguns
não conseguiam aprender e ficavam retidos várias vezes e acabavam desistindo, muitos acabavam se envolvendo
com o tráfico de drogas, esses eram, e infelizmente ainda são os motivos principais que levam muitos jovens a
desistirem de estudar. Algumas medidas poderiam ter sido tomadas pelos governos nesses últimos anos para tentar
diminuir essa evasão, mas me parece que a educação só é prioridade nos discursos de campanha. A Educação de
Jovens e Adultos, que seria a maneira de reparar essa injustiça social e trazer de volta para escola essas pessoas
que ficaram sem estudar uma boa parte de suas vidas, esta agonizando. Cada ano que passa prefeituras de todo o
estado diminuem o número de turmas e consequentemente o número de escolas de EJA. Estão tirando a perspectiva
de jovens e adultos de retomarem seus estudos, de voltarem a sonhar, de voltarem a fazer planos.

Palavras-chave: Educação. EJA. Ações Governamentais.

Comunicação oral

PROJOVEM CAMPO – SABERES DA TERRA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO COMO DIREITO HUMANO

CRISTINA XAVIER
GABRIELA DOS SANTOS SILVA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 50
O presente trabalho visa abordar a questão do direito à Educação do Campo, mais precisamente, da Educação de
Jovens e Adultos no Campo por meio do Programa “Projovem Campo – Saberes da Terra” e, parte do princípio de
que as arraigadas desigualdades sociais que perpetuam historicamente no país corroboram com o reforço de estigmas
culturais e sociais acerca da população campesina, imputando a estes sujeitos os rótulos de que não se faz necessário
estudar ou atribuindo, numa visão urbanizada, a proposta de que é preciso estudar para “melhorar a condição de vida”
dos mesmos. O estudo é caracterizado como resultado de pesquisa e utiliza como método a pesquisa bibliográfica.
Objetiva-se analisar se o Projovem Campo – Saberes da Terra se traduz em um instrumento capaz de minimizar as
desigualdades por meio de políticas públicas que fortaleçam a escolaridade no ensino fundamental e promova
capacitação de jovens com faixa etária entre 18 a 29 anos de idade, respeitando e considerando as condições de vida
da população do campo, conforme preconiza as diretrizes operacionais da educação do campo. O trabalho elucida a
união indissociável expressa por meio dos Movimentos Sociais e Educação do Campo como principal meio de luta
pelo direito à educação e a busca constante por um modelo educacional que promova o respeito às singularidades
dos sujeitos, bem como o acesso e a permanência de jovens e adultos neste Programa através de um discurso que
seja semelhante à prática. Assim, nossos resultados visam contribuir com a análise acerca dos impactos da
reprodução desigual da educação no contexto campesino no país e a importância de centrar a educação do campo
sob a perspectiva de que a oferta educacional deve ser realizada à luz dos direitos: público, gratuito e de qualidade,
entendendo que se traduz em um grande desafio responder com políticas públicas as aspirações de uma sociedade
rica em diferenças e diversidades.

Palavras-chave: Projovem Campo Saberes da Terra; Educação de Jovens e Adultos do Campo; Direito a Educação
do Campo.

Poster

INFREQUÊNCIA E EVASÃO ESCOLAR:


COMPARTILHANDO RESPONSABILIDADES

ALANA CALADO FRANCO


VANESSA ETELVINO FARIA
ROSÂNGELA RABELO
ADRIANA ARAUJO LORÊDO
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

O presente trabalho é um relato de experiência do I Fórum Intersetorial de Combate à Infrequência e Evasão Escolar
promovido pela Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia através da Assistência de Apoio à Família,
em parceria com a Promotoria de Justiça de Família, da Infância e da Juventude de Angra dos Reis. Este fórum nasceu
dos desdobramentos das ações promovidas pela Assistência de Apoio à Família, no decorrer do ano letivo de 2017,
para combater a infrequência e evasão escolar. Tais ações, apesar de importantes, precisam estar integradas a toda
a rede socioassistencial para enfrentarmos os motivos que levam o aluno a abandonar os seus estudos buscando-se
assim o seu retorno imediato. Mediante a impossibilidade de conseguirmos vencer os obstáculos que dificultam a
permanência do aluno no ambiente escolar construímos este Fórum como uma possibilidade de pensarmos
coletivamente estas ações. Neste encontro polifônico, entre poder público e sociedade civil, propusemos a
intersetorialidade para se pensar políticas educacionais coordenadas com as políticas de defesa de direitos e da
assistência social no enfrentamento destas questões. Uma tentativa de assegurar às crianças e adolescentes um
desenvolvimento sadio e as bases para o pleno exercício da cidadania. Sabemos que a educação é um direito que
tem seu fundamento na ação do Estado, mas também deve ser compartilhada pela família, comunidade e sociedade
em geral. Sendo assim, para se combater a infrequência e evasão escolar precisamos considerar todos os aspectos
que interferem na permanência do educando. Para além de questões pedagógicas, temos questões culturais,
econômicas, políticas e sociais influenciando e determinando este quadro. Este encontro abriu possibilidades de
integrarmos todas as forças para garantir a permanência das crianças e adolescentes na escola, inaugurando mais
um espaço de luta pela garantia do direito à educação – uma opção pela vida e cidadania.

Palavras-chave: infrequência, evasão escolar, direitos humanos.

Comunicação oral

SOCIABILIDADES E DIREITOS NO PROGRAMA MORAR FELIZ


DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

ESTHER TEBALDI DIAS FARIA


CRISTIANE DA SILVA FIGUEIRA
THAÍS CRISTINA MOREIRA MOORE

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 51
UENF

Este projeto iniciado recentemente é integrado ao Programa de Extensão “Direito à cidade de moradores de conjuntos
habitacionais e favelas de Campos dos Goytacazes” (PROEX-UENF) e desenvolvido junto aos moradores que
residiam na favela Inferno Verde. A partir das ações do Programa Morar Feliz da Prefeitura de Campos dos
Goytacazes estes moradores passaram a condição de assistidos por alugueis sociais e aguardam moradia em um
conjunto habitacional construído na localidade da favela desde 2012. As atividades de extensão visam dialogar com
os moradores sobre o processo de restabelecimento da moradia no contexto desta política de habitação. A garantia
dos direitos sociais de moradia, as condições sociais de vida de crianças e adolescentes e as sociabilidades dos
moradores baseiam as ações do projeto. A equipe de extensão nas atividades desenvolvidas na localidade estabelece
contatos e conversas com moradores em suas casas e também visitas com eles ao conjunto habitacional.
Nestas ocasiões, os moradores relatam as suas memórias da favela, a condição de moradia do presente, as suas
percepções e as suas experiências de insegurança nos espaços de moradia.

Palavras-chave: Favela; moradores, politica habitacional, sociabilidades

Comunicação oral

CURRÍCULO RIZOMATICO:
EM BUSCA DE UM OUTRO MUNDO POSSÍVEL

JEFERSON MARQUES DA SILVA


JOSUÉ ALEXANDRE FONTAINHA
CARLOS BRUNO LIMA DOS SANTOS
CARMEM LUCIA BITTENCOURT CARDOZO
UNIRIO

O advento da internet e a expansão do uso das mídias sociais permitiram que grande parte da população tivesse
acesso às informações de seu interesse, como a obtenção de informações referentes aos seus direitos. A Convenção
da ONU para os Direitos Humanos, ratificada pelo Brasil, da mesma forma, teve seus conceitos disseminados. Apesar
da massa considerável de jovens e adultos não alfabetizados ou que não concluíram sua educação básica na faixa
de idade esperada, verifica-se que as reivindicações aos direitos a essa educação, já aprovados, não correspondem
ao tamanho do problema, corroborando para que se perpetue o alijamento educacional dessa parcela importante da
população brasileira, e a pouca atenção por parte de setores do governo responsáveis por essa modalidade de ensino.
Mormente o histórico e elevado índice de fracasso escolar observados nos últimos 50 anos no Brasil, consideradas
todas as situações que levam o estudante a abandonar a escola, esse contingente continua aumentando, já que o
processo educacional brasileiro continua produzindo seus fracassados. Como espelho há déficit de vagas na EJA e
fruto de objetivos curriculares e métodos pedagógicos equivocados, também aqui muitos logram fracassar nos seus
bancos escolares. Tomando como base a obra Jessé Souza, Ralé brasileira: quem é e como vive (2009), observamos
que num determinado contexto de modernidade periférica, os imperativos para a legitimação das desigualdades
sociais são encontrados em instituições que, como dito, para o autor (2003, p.24) moldam os indivíduos e suas
atuações concretas, pois assim como outras práticas sociais e culturais, elas já possuem implicitamente sua própria
interpretação acerca do que é bom, sobre aquilo que deve ser perseguido. Portanto, o panorama da EJA no Brasil;
segundo dados do IBGE de 2013, indicam que do total de 200 milhões de brasileiros, cerca de 56 milhões não tem o
Ensino Fundamental completo. Ou seja, a cada três brasileiros com idade acima de 15 anos, um não conseguiu
concluir o nível mais elementar da educação em nosso país. Entender a lógica da reprodução destas recorrências é
fundamental para o percebimento dos conflitos sociais. Reconhecer e compreender as especificidades da EJA e sua
efetiva presença, só será possível a partir de um currículo rizomático, que busque a decomposição desse habitus
precário, ou seja, o acesso à educação com equidade à adolescentes, jovens e adultos; efetivando o reconhecimento
social desses, até então, excluídos.

Palavras-chave: Currículo Rizomático, Direitos Humanos, Educação de Jovens e Adultos

Comunicação oral

A PRESENÇA DOS JOVENS DE 15 A 17 ANOS EJA – DESAFIOS

LEILA MATTOS HADDAD DE MONTEIRO MARINHO


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

Discutir a juvenilização da EJA tem sido cada vez mais necessário e trabalhos nessa direção tem se multiplicado nos
últimos anos em função do sensível crescimento do número de jovens cada vez mais jovens nessa modalidade da

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 52
educação básica. Essa questão, entretanto, não é tão recente quanto se pode imaginar. Na década de 1970 ela já
suscitava questionamentos e exigia uma tomada de posição por parte daqueles que estão, de alguma forma,
envolvidos com a educação. Entretanto, mais recentemente, os jovens têm ocupado os assentos escolares da EJA
sob um novo aspecto. São jovens escolarizados, que, em grande parte das vezes, não abandonaram a escola, mas
mudaram de modalidade. O que significa para um jovem entre 15 e 17 anos estar na Educação de Jovens e Adultos?
Por que ele procura a EJA? Esse jovem procura, de fato, a EJA ou é empurrado pelo sistema para essa modalidade?
O número de jovens, dentro dessa faixa etária tem aumentado ao longo dos anos. Em Angra dos Reis esse fenômeno
se acentuou, sobretudo a partir de 2010, provocando um certo desconforto na modalidade e naqueles que nela atuam
e forçando uma mudança na forma de pensar e trabalhar na/a EJA. Um fator importante para essa mudança é buscar
conhecer esses (nem tão) novos sujeitos da EJA, suas trajetórias, seus interesses, seus projetos e seus sonhos, se
queremos pensar em uma escola que inclua na diversidade de seus sujeitos e que promova a permanência desses
sujeitos na escola e a conclusão de sua escolarização. Esse trabalho visa contribuir com essa reflexão ao buscar
compreender os significados da EJA e da escolarização para um grupo de jovens alunos da EJA na E.M. Tânia Rita
de Oliveira Teixeira, no bairro Belém em Angra dos Reis. Para isso buscamos conhecer um pouco de suas histórias
de vida e trajetórias escolares, através de questionários e entrevistas. É um pouco dessas histórias que
apresentaremos nessa comunicação oral.

Palavras-chave: jovens, juvenilização, EJA, escolarização, trajetórias

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 53
RESUMOS DO EIXO 7
EDUCAÇÃO NO CAMPO, INDÍGENA, QUILOMBOLA, CAIÇARA,
ILHAS, SERTÕES, POPULAÇÕES ITINERANTES

DESENVOLVIMENTO DO TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA


E O PAPEL DA EDUCAÇÃO DIFERENCIADA NOS TERRITÓRIOS CAIÇARAS

ANDRÉ LOUREIRO RIBEIRO DE BARROS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS
(PPGDT/UFRRJ)

A região da Costa Verde, no litoral sul do Rio de Janeiro, e norte de São Paulo, abriga um dos últimos remanescentes
de Mata Atlântica do país e apresenta características que potencializam o desenvolvimento do turismo, em virtude dos
atrativos naturais e histórico-culturais, além da peculiaridade de reunir comunidades tradicionais como os caiçaras,
quilombolas e indígenas da etnia Guarani Mbya. Entretanto, essa região passou por transformações socioeconômicas
que impactaram diretamente a vida destes povos tradicionais locais. Como forma de garantir a permanência nos seus
territórios e o protagonismo no processo de desenvolvimento, as comunidades vêm discutindo a implantação de um
turismo de base comunitária e de uma educação escolar diferenciada. No ano letivo de 2016 o Instituto de Educação
de Angra dos Reis da Universidade Federal Fluminense em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de
Paraty iniciou a construção e consolidação do programa de formação continuada da educação escolar diferenciada
caiçara nas escolas do Pouso da Cajaíba e da Praia do Sono do ensino fundamental II (6º ao 9º), ambas localizadas
na península da Juatinga. O presente estudo visa discutir como o ensino que está sendo proposto pode contribuir com
o desenvolvimento do turismo de base comunitária nesses territórios. Para embasar a discussão foram utilizados
instrumentos de pesquisa qualitativa através da participação em espaços de discussões dos referidos temas,
entrevistas estruturadas e semiestruturadas com os principais atores e análise de referencial bibliográfico. A análise
empreendida neste trabalho aponta que a presença das primeiras turmas de educação diferenciada do ensino
fundamental II nas localidades estudadas é resultado de um histórico de mobilização e poderá servir de estímulo para
a ampliação da oferta para outras comunidades de um modelo de educação que estimule as iniciativas e valorize o
potencial ambiental e histórico-cultural dos seus territórios tais como o turismo de base comunitária.

Palavras-chave: território, turismo de base comunitária, educação escolar diferenciada caiçara.

Comunicação oral

O FANDANGO E O ARTESANATO COMO FERRAMENTA


DE PERTENCIMENTO CAIÇARA NA JURÉIA
Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 54
BERNARDO WAGNER MARQUES BAPTISTA
UERJ

O presente trabalho se propõe a observar a militância pelo reconhecimento do território caiçara por intermédio da
movimentação e da produção cultural da Associação Jovens da Juréia (AJJ), situada no litoral sul do Estado de São
Paulo, no Município de Iguape. A Estação Ecológica Juréia-Itatins, localizada no litoral sul de São Paulo, foi uma das
UCs criadas nas condições de área de proteção integral nos anos 80 e que teve sua população impedida de continuar
ali a sua vivência. É uma área que apresenta uma das maiores diversidades biológicas e culturais do litoral brasileiro.
A necessidade das sociedades modernas de preservar espaços naturais lúdicos, aprazíveis, está ligada às crenças
do homem como destruidor. O homem na voracidade de acumular riquezas, de expandir seu domínio sobre outros
povos, foi impiedosamente degradando o meio natural. Porém, os povos tradicionais, que se encontravam até pelo
menos a metade deste século vivendo do que a natureza os proporcionava possuem uma outra relação com o meio,
que perpassa a sobrevivência e a cultura, e os fazem reconhecer deste até aquele morro, ou desta até aquela curva
do rio o seu território, o seu quintal e mais que isso, sua essência. A Associação de Jovens da Juréia (AJJ) é uma
organização não-governamental sem fins lucrativos e tem como principal objetivo, segundo eles mesmos, buscar
formas de sustentabilidade integral das comunidades caiçaras, em especial na Juréia. Ao perderem o direito de
morarem em suas terras após a homologação destas como Unidade de Conservação de Proteção Integral, a medida
de reterritorialização foi tomada. Com o intuito principal de se manterem unidos e organizados que foi criada a União
de Moradores da Juréia (UMJ) e logo após a Associação de Jovens da Juréia (AJJ). Analisa-se a vivência musical e
social do fandango e a produção do artesanato caiçara, em seu caráter econômico e cultural, como meio de
manutenção e reterritorialização da cultura caiçara após eventual saída de suas terras devido a criação da Estação
Ecológica Juréia- Itatins.

Palavras-chave: Cultura, Caiçaras, Juréia, Fandango, Artesanato

Comunicação oral

EPISTEMES INDÍGENAS EM RESISTÊNCIA:


O QUE OS GUARANI NOS ENSINAM SOBRE EDUCAÇÃO?

DANIEL GANZAROLLI MARTINS


RICARDO SANT'ANA FELIX DOS SANTOS
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - CAMPUS GRAGOATÁ

A escola, no cenário específico vivenciado pelos povos indígenas presentes em território brasileiro, tem um papel no
mínimo controverso. Serão a escola e a educação instrumentos de epistemicídios e padronização cultural ou de
empoderamento e valorização da cultura indígena? A educação indígena necessariamente deve passar pelo espaço
escolar? A presente pesquisa busca propiciar uma reflexão acerca dos movimentos educacionais realizados pelos
próprios povos indígenas, com especial enfoque para os da etnia Guarani. A metodologia se baseou principalmente
em revisão bibliográfica e nos diálogos realizados com uma professora do grupo Guarani Ñandeva. Desde o período
colonial, com as missões jesuíticas, a educação foi considerada um instrumento de controle das populações indígenas,
no sentido de serem alvos dos processos de “pacificação” decorrentes do histórico de contatos com os colonizadores.
Atualmente, pela Lei de Diretrizes e Bases, a história e cultura indígenas devem ser ensinadas tanto para povos
indígenas quanto não-indígenas, havendo grandes avanços legais com relação ao direito à educação bilíngue, à
recuperação de suas memórias históricas e à reafirmação de suas identidades étnicas. Para os povos Guarani, o
poder está na palavra, não somente por serem culturas fortemente orais, mas por ela representar seu modo de ser. O
núcleo inicial da alma para os Guarani consiste na palavra “Ayru”, porção divina e indestrutível. A sua educação se
baseia no alcance do “Teko Katu”, que se traduziria como “o autêntico modo de ser guarani”, sendo que, através da
convivência comunitária, são semeadas virtudes que regem os comportamentos sociais das futuras gerações. Seu
ensino atua fortemente através da comunicação verbal, do exemplo e do convívio no meio social, e busca não se
pautar em violências físicas, recompensas e punições. A questão é qual educação está em disputa no espaço escolar,
seja a que apaga e subalterniza, ou a que combata os epistemicídios, silenciosos, mas tão trágicos quanto o genocídio
perpetrado pelo Estado brasileiro contra as populações indígenas. Essa educação se constrói cotidianamente nas
comunidades indígenas pelo Brasil e é importante que suas vozes sejam reverberadas.

Palavras-chave: Educação indígena, (De)colonialidade, Epistemícidios

Comunicação oral

VISIBILIDADE, DIREITOS E GARANTIAS:


ELO DE INTERSEÇÃO DA JUVENTUDE DOS QUILOMBOS E DAS PERIFERIAS URBANAS

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 55
LEILA DA SILVA XAVIER
GPMC/UFRRJ

O processo de reorganização do Estado brasileiro, a partir dos anos de 1990, modificou não somente a organização
do aparelhode estado, mas tambémem aspectos da estrutura política e social do país. A reorganização do Estado,
gerou demandas semelhantes em vários aspectos da vidados jovens, no que diz respeito às diversidades,
visibilidades, territórios, espaços de cultura, lazer, manutenção e ampliação de direitos. O número de escolas de
ensino médio próximo aos assentamentos ou quilombos, são praticamente inexistente, o fechamento de escolas dessa
modalidade, é uma realidade tanto no meio rural quanto urbano, o sistema único de matrícula é outro obstáculo,
sobretudo para juventude rural. Essa padronização representou um problema para a população de várias
comunidades quilombolas, pois nem sempre as famílias têm computador na residência ou oferta de lanhouse ou outros
estabelecimentos que ofereçam estes serviços. Tais dificuldades se repetem no Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem). Os programas responsáveis pelo acesso dos jovens das áreas rurais, negros e alunos de escolas públicas
ao ensino superior é uma conquista. Entretanto, as condições e a manutenção desses alunos, acabam representando
uma barreira para a permanência delesna universidade. O presente trabalho éfruto de minhaatuaçãoprofissional e
militância na educaçãoda rede pública de ensino em municípios da Baixada Fluminense. Na condição de ex dirigente
sindical, foi possível acompanhar problemas das escolas situadas nas áreas rurais de Queimados e Nova Iguaçu.
Essa atuação possibilitouo contato com outro perfil de juventude rural: os residentes em quilombos. Nessa
oportunidade, pude observar, que uma parcela dos jovens do Quilombo do Bracuí, situado no município de Angra dos
Reis, impregnados pelo racismo e isolamento, acabam negando a condição de afrodescendente. Outro dado
observado é que essa realidade se reproduz cada vez menos entre os jovens negros das periferias.

Palavras-chave: Juventude, Quilombo, Periferia, Direitos e Garantias.

Comunicação oral

EDUCAÇÃO DO CAMPO:
“QUEREM PRIVATIZAR A ILHA GRANDE!”

SUELEN DA SILVA CHRISOSTIMO


UFBA

No ano de 2015 surge a ameaça do Governo do Estado do Rio de Janeiro de entregar a gestão do território da Ilha
Grande no município de Angra dos Reis a uma iniciativa privada via de uma Parceria Público-Privada. Não consultaram
a prefeitura, a população de Angra dos Reis e nem os moradores da Ilha Grande. Como forma de resistência
moradores da Ilha e do continente, entre associações, sindicatos, professores, pesquisadores e instituições de
proteção ambiental criaram um coletivo composto de cerca de 27 instituições, chamado Fórum Contra a Privatização
da Baía da Ilha Grande. Concentrando suas ações em três frentes: Comunicação, Mobilização e Jurídico. Diante desta
realidade qual o papel da educação do campo neste processo de luta? Embora alguns professores e diretores estejam
envolvidos na construção do Fórum, percebo que estas participações são frutos de trajetórias de lutas individuais. E
não de uma organização coletiva e política gerada no cerne da escola, como prevê a Educação do Campo, que nasce
no bojo dos movimentos sociais. O Fórum realizou algumas rodas de conversas nas comunidades para dialogar sobre
a proposta da PPP, as escolas de determinadas comunidades auxiliaram na organização, cedendo o espaço,
divulgando ou articulando com os moradores. Mas tal participação não foi unânime, algumas escolas nem se sequer
compareceram as rodas de conversa. Nessa perspectiva, tivemos oportunidades de visitar as comunidades da
Araçatiba, Bananal, Matariz, Longa, Praia Vermelha, Provetá, Aventureiro e Enseada das Estrelas. Dialogando sobre
as demandas que a Ilha Grande tem a respeito de saúde, educação e resíduos sólidos. Percebemos como as pessoas
tem recebido a notícia sobre a PPP, e como há dificuldades em organização política nas comunidades. Algumas não
possuem associações e as que possuem não estão em harmonia no tange a coletividade. Conclui-se que a escola
mesmo sendo um braço forte do Estado pode contribuir na luta por direitos e pelo seu território nas dimensões políticas
e sociais.

Palavras-chave: Educação do campo, Ilha grande, privatização

Comunicação oral

DESAFIOS QUE FLORESCEM E INSPIRAM POESIAS-


BIOGRAFIA DE UMA MULHER NEGRA QUILOMBOLA

ELLEN MARA GAGLIANO BARROS


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 56
O presente trabalho, intitulado: desafios que florescem e inspiram poesias- biografia de uma mulher negra quilombola,
consiste em analisar e valorizar a atuação de uma mulher negra quilombola referente às atividades afro-brasileiras
que a mesma desenvolve na comunidade remanescente de quilombo Machadinha, situada no município de Quissamã-
RJ. Dessa forma, tenho como foco principal apontar a presença de uma mulher negra militante que contribui para o
desenvolvimento das práticas culturais e da memória, influenciando o processo indenitário de crianças e adolescentes.
Acredito que os objetivos iniciais permitem colaborar na proposta para a implementação do Artigo 26-A da LDB/9394
de 1996, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais, por meio da inserção
dos estudos e vivências de danças afro-brasileiras, que faz parte da cultura popular de Quissamã- RJ. As oficinas que
são realizadas por esta quilombola, permitem valorizar e manter viva tradições culturais - o jongo- uma dança de
origem africana que era fortemente praticada pelos antigos negros escravizados dessa comunidade desde o período
histórico colonial. Os objetivos específicos deste trabalho, propõem investigar a história de vida da quilombola,
conhecida por Dalma dos Santos Ricardo, traçando os intensos percalços que a mesma enfrentou nos ambientes
escolares durante sua formação como professora e no ensino superior. Assim, acredito ser pertinente valorizar o
desempenho tido por uma mulher negra quilombola, no que tange às atividades culturais afro-brasileiras na
comunidade residente. Portanto, este trabalho pretende abordar o desempenho e a magia de suas oficinas, que
fortalecem valores e saberes e a memória de seus ancestrais, concomitantemente permite que crianças e
adolescentes e os próprios moradores elevem sua autoestima, contribuindo para a formação da identidade negra,
proporcionando juntamente laços com a comunidade, buscando ampliar conhecimentos e aprendizagens acerca das
questões às lutas e direitos dos quilombolas no Brasil.

Palavras-chave: Mulher negra, Quilombo, Cultura afro-brasileira, Flores da Senzala

Comunicação oral

FÉ E CURA: TERRITÓRIO DE DEVOÇÃO EM MEIO À FLORESTA

RACHEL DOURADO DA SILVA


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

A religiosidade popular na Amazônia expressa os processos vivenciados no território, como a fusão das devoções, as
relações sagradas dos povos indígenas com as experiências trazidas com os sujeitos nordestinos, as somas do
processo de colonização sofrido na Bolívia e Peru pelos espanhóis e no Brasil pelos Portugueses, refletem no Estado
do Acre estas diversas as manifestações de fé. A religiosidade popular no Acre, especificamente na Reserva
Extrativista Chico Mendes, lócus de nossa investigação, é híbrida. Os elementos herdados, experimentados,
modificados com as diversas territorializações e desterritorializações, tornam a relação dos sujeitos com a fé uma
necessidade para manterem-se no território, com o intuito de cura e proteção. Pesquisou-se em nove espaços
sagrados, identificados e marcados por sujeitos que ali vivem e/ou viveram. Santas e santos populares que
representam a ligação dos sujeitos com seus lugares, com as experiências trazidas de outras regiões, saberes e
fazeres expressos na espacialidade. Os sujeitos em seus “isolamentos” recorrem aos santos populares, aos sábios
da floresta e às plantas. E assim garantem a cura, bom parto, boa produção e seguem sua labuta aliviados pela fé.
Nossa investigação apresenta um recorte das principais endemias representadas por ex-votos, depositados em locais
sagrados, e o movimento de fé dos sujeitos da floresta através das peregrinações e romarias.

Palavras-chave: Religiosidade-Popular; Cura; Fé; Acre; Amazônia.

Comunicação oral

FILHOS DA MARAMBAIA, A GARRA DE UM POVO SOFRIDO

ELIZETE MODESTO DE SOUZA MARINHO LOPES


UNVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Localizada na Ilha de Marambaia, Baía de Sepetiba, município de Mangaratiba, R.J., essa comunidade remanescente
de quilombolas conta com 105 habitações totalizando cerca de 180 famílias. As terras dessa ilha foram doadas pelo
Comendador Joaquim José de Souza Breves que utilizava o local como fazenda de “engorda” de escravos no Século
XIX, mas, apesar dessa triste história, esse fato só serviu de motivação para que os descendentes dos escravos que
lá foram abandonados mantivessem viva sua história bem como sua cultura. No inicio do Século XX a ilha foi vendida
para a União. Em 1998, essa administração foi transferida para a Marinha que resolveu restringir a comunidade o
direito pleno de usufruir de seu território, controlando os meios de entrada e saída dos moradores e fazendo também
sérias restrições no que se referia às habitações. Com a criação em 2003 da ARQIMAR, Associação de Moradores
da Ilha de Marambaia, um grande passo foi dado, e, finalmente em 2004, a Fundação Cultural Palmares reconheceu

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 57
a comunidade como remanescente quilombola, o que se constituiu em uma importante ação preliminar na luta jurídica
da comunidade pela posse do território, porém, somente após inúmeras idas e vindas à Brasília e uma luta insana,
somente em 2015 as famílias conseguiram receber a tão sonhada titulação da terra. Os habitantes da ilha, na sua
grande maioria, se declararam “cristãos”, de diferentes religiões e denominações. A comunidade conta com uma única
escola que atende somente aos alunos do Ensino Fundamental (do EI ao 9º anos), o que contribui para que os
habitantes interrompam seus estudos por falta de opção. Atualmente a escola não recebe da Secretaria de Educação
do Município de Mangaratiba nenhuma adequação programática fazendo com que e o fortalecimento da cultura, o
resgate e a continuidade das expressões culturais (sobretudo o jongo e a capoeira) sejam realizadas pelos membros
da comunidade apoiados pela ARQIMAR. Observação: A história, bem como os dados referentes à comunidade,
foram repassados pelo Presidente da Associação de Moradores da Ilha de Marambaia - ARQIMAR – Senhor Fábio
Alves Marçal.

Palavras-chave; Remanescentes quilombolas, Ilha de Marambaia, luta.

Comunicação oral

“METODOLOGIA DE CONSTRUÇÃO CURRICULAR DIFERENCIADA


PARA ESCOLAS INDÍGENAS, CAIÇARAS E QUILOMBOLAS”

ANNA BEATRIZ ALBUQUERQUE VECCHIA


STEPHANIE MAGALHÃES
DOMINGOS BARROS NOBRE
MARA EDILARA OLIVEIRA
IEAR/UFF

Esta metodologia faz parte do Projeto de Pesquisa – PIBIC: “A Construção de Currículos Diferenciados Indígenas,
Caiçaras e Quilombolas na Costa Verde” cujos objetivos são: 1) Acompanhar pedagogicamente o processo de
construção do currículo do 1º ao 5º Ano Guarani e Quilombola, e do 6° ao 9 º Ano Guarani e Caiçara,
desvendando/estimulando componentes curriculares que potencializem o papel da escola na
preservação/fortalecimento da língua e da cultura guarani, caiçara e quilombola; 2) Acompanhar os Cursos de
Formação Continuada de Professores indígenas, não indígenas, caiçaras e quilombolas, numa perspectiva curricular
Diferenciada, Intercultural e Bilíngue e na elaboração de uma Proposta Curricular diferenciada de primeiro e segundo
segmento; 3) Produzir material didático específico e diferenciado para as escolas indígenas. A metodologia de
construção curricular consiste em sete etapas. Sendo a primeira etapa: Sensibilização: os professores participam de
oficinas junto com as comunidades e debatem sobre os princípios de uma educação diferenciada, a partir das
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Escolar Indígena, Quilombola e do Campo. A segunda: Estudo de
uma nova visão de área a partir de 4 elementos: a) A Epistemologia de cada Disciplina/Área; b) As Tendências
Pedagógicas da Área; c) Os Conceitos Integradores/Unificadores de cada Área. A terceira, elaboração de um
diagnóstico social, cultural e educacional. Os professores elaboram um questionário a ser aplicado para os alunos e
aplicam com os pais e responsáveis uma técnica chamada “FOFA” (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e
Ameaças), para que os resultados sejam tabulados e analisados. A quarta etapa, elaboração de redes temáticas a
partir do diagnóstico sócio cultural, os resultados do questionário viram temas geradores. Esses temas, na quinta
etapa, viram uma rede temática, que a partir desta, os professores elaboram um Projeto Pedagógico. Este Projeto
Pedagógico precisa de uma matriz de planejamento, que é a sexta etapa. Essa matriz permite aos professores
traçarem os objetivos e os tópicos de conhecimento a serem trabalhados durante o projeto. A sétima e última etapa,
é a elaboração de uma “aula guia”, onde os professores pensam em atividades de maneira interdisciplinar para a
detonação, o início, do projeto.

Palavras-chave: Metodologia de Construção Currícular, Currículo, Formação de Professores

Comunicação oral

MAPAS CONCEITUAIS DE CONCEITOS INTEGRADORES NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

GABRIELLE CORREA DE JESUS COSTA


DOMINGOS BARROS NOBRE
ANNA BEATRIZ ALBUQUERQUE VECCHIA
IEAR/UFF

No Projeto de Pesquisa - PIBIC: “A Construção de Currículos Diferenciados Indígenas, Caiçaras e Quilombolas na


Costa Verde”, aliado aos Projetos de Ensino – PIBID: “Magistério Indígena e Escolarização Guarani Mbya” e de
Extensão PROEXT: “Escolarização e Cultura Guarani Mbya Rumo à Universidade” vem-se utilizando uma metodologia

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 58
que recorre aos “mapas conceituais” para pensar teoricamente o currículo; e faz uso da noção de “conceitos
integradores” para o estudo de cada área curricular. Mapas conceituais são diagramas indicando relações entre
conceitos, ou entre palavras que usamos para representar conceitos. Mapas conceituais são diagramas de
significados, de relações significativas; de hierarquias conceituais. O mapa conceitual tem por fundamento a teoria
cognitiva da aprendizagem, de Ausubel. O conceito central desta teoria é a aprendizagem significativa, que em
definição, “(...) é o processo através do qual uma nova informação (um novo conhecimento) se relaciona de maneira
não arbitrária e substantiva à estrutura cognitiva do aprendiz”. (MOREIRA et al., 1997). Ou seja, a aprendizagem é
significativa quando o novo conhecimento passa a significar algo para o aprendiz e ele é incorporado (ancourado) à
aspectos relevantes da estrutura cognitiva do aluno, interagindo com o conhecimento prévio que este possui.
“Conceitos integradores” são macro-conceitos, supradisciplinares (Angotti, 1991), como um tipo de totalidade
epistemológica de conhecimento, que acompanham a trajetória de escolaridade do aluno da Educação Infantil à
Universidade, constituindo-se no tipo essencial de conhecimento que deve ser construído no currículo, em oposição
aos conteúdos escolares, restritos, fragmentados e culturalmente determinados. Os conceitos integradores de cada
área possibilita ao professor distinguir o rol de conhecimentos essenciais daquilo que são apenas conteúdos
programáticos de uma grade curricular, portanto acessórios. Conceitos integradores são como a categoria marxista
de totalidade no processo de produção dialético do conhecimento, para o Currículo. São exemplos de conceitos
unificadores: Espaço, Território e Territorialidades, para a Geografia; Transformações, Regularidades, Energia e
Escala, para as Ciências; Ler, Escrever e Produzir Conhecimentos Linguísticos, em Língua Portuguesa. Serão
apresentados exemplos de mapas conceituais de conceitos integradores elaborados por professores na formação
continuada.

Palavras-chave: Mapa Conceitual, Conceitos Integradores, Aprendizagem Significativa

Comunicação oral

CADERNO PEDAGÓGICO PARA PROJETOS DE EDUCAÇÃO ESCOLAR


DIFERENCIADA E INTERCULTURAL

RODRIGO CASCABULHO ROZADO


LICIO CAETANO DO REGO MONTEIRO
DOMINGOS BARROS NOBRE
MARA EDILARA BATISTA DE OLIVEIRA
IEAR/UFF

Esse caderno pedagógico teve como objetivo registrar e divulgar o trabalho que vem sendo realizado pelos
professores do segundo segmento das Escolas Municipais Pouso da Cajaíba e Martins de Sá (Praia do Sono). Esse
projeto faz parte de um processo de reorientação curricular em curso nas escolas da região costeira de Parati,
desenvolvido pelo IEAR/UFF. Estrutura do Caderno Pedagógico: 1-Um movimento de reorientação curricular pelas
via da Rede Temática e da Pedagogia de Projetos. O trabalho foi dividido em duas etapas: 1a ) foi o estudo de uma
nova visão de área e 2a ) foi a elaboração de projetos pedagógicos baseados em rede temática com temas geradores
extraídos do diagnóstico sociocultural feito nas comunidades. 2-Cartografia Social: reconhecimento e representação
do espaço vivido A cartografia social buscou desenvolver um mapa onde as crianças buscaram representar saberes
da cultura e a forma de vida da comunidade, para criar um Guia Turístico de base comunitária. 3- Oficina de Fotografia:
um exercício do olhar. O intuito foi o de dar suporte à ilustração do Guia Turístico local; o uso da imagem é
normalmente o que move e estimula ao turista visitar ao local, para isso é necessário que a fotografia seja bem
produzida para mostrar como é a realidade de viver no local. 4-Reescrita coletiva com pesquisa: o texto como elemento
fundamental para o aprendizado da língua. O compromisso da escola é respeitar a fala do aluno em sua variação
dialetal de origem, e continuar ministrando o ensino da norma padrão escrita, mostrando a não correspondência entre
a fala e a escrita e buscando uma forma de ensino sem marginalizar o aluno. 5-Trazendo saberes da comunidade
para dentro da escola: Oficinas de Saberes Tradicionais. É uma forma de aproximar as pessoas da comunidade que
não tiveram acesso a escola e de construir uma escola com os valores tradicionais, aproximando o modo não formal
de ensino.6-A pesquisa da realidade local: tratamento da informação em números, gráficos e textos. Conhecer o perfil
do turista que frequenta as praias do Sono e do Pouso, foi uma atividade que abriu possibilidades de trabalhar o
tratamento das informações em diferentes meios de representação. O perfil do turista foi incluído no Guia Turístico
elaborado pelos alunos.

Palavras-chave: Material Didático, Educação Diferenciada, Caderno Pedagógica

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 59
A CARTOGRAFIA SOCIAL NA ESCOLA COMO INSTRUMENTO DE RESISTÊNCIA, RETOMADA E
VALORIZAÇÃO DA CULTURA CAIÇARA: O CASO DO PROCESSO DE REORIENTAÇÃO CURRICULAR DAS
ESCOLAS CAIÇARAS DA ZONA COSTEIRA DE PARATY

MATHEUS GOUVEIA
MARA EDILARA BATISTA DE OLIVEIRA
LUIZ GONZAGA RIBEIRO NETO
IEAR-UFF

A especificidade desta pesquisa é a partir de onde se constrói as cartografias sociais: a partir das escolas caiçaras da
Praia do Sono e do Pouso da Cajaíba em Paraty. Essas escolas estão passando por um processo de reorientação
curricular que tem como uma de suas bases a pedagogia de projetos. Nos deteremos neste artigo a analisar umas
das atividades desenvolvidas a partir do projeto pedagógico intitulado "Guia Turístico". A ideia do projeto do guia surge
da demanda dessas comunidades pelo controle de um turismo que se inicia de forma desordenada e dissociado dos
interesses das comunidades. Entretanto, busca-se também uma retomada dos saberes e da cultura caiçara a partir
da escola. Sabíamos, portanto, que o mapa elaborado para o guia não poderia ser um mapa qualquer, mas sim aquele
que representasse esses saberes e que mais do que nada fosse elaborado pelas pessoas que realmente conhecem
e se preocupa com aquelas comunidades, ou seja, os seus próprios sujeitos. Compreendendo as especificidades
desses povos tradicionais elaboramos oficinas da construção do mapa a partir da metodologia da cartografia social, a
qual possui quatro características principais: 1) ela representa aspectos da realidade das comunidades que não estão
representados nas cartografias “oficiais”; 2) é construída pela comunidade de forma coletiva e diante de suas
demandas e interesses; 3) é utilizada como um documento pela luta por direitos sociais; e 4) dá ênfase à cultura e aos
saberes dos nossos povos e comunidades tradicionais/originários. As oficinas foram realizadas nas escolas com os
alunos e professores, e foram divididas em quatro etapas: 1. sensibilização da comunidade sobre o tema; 2. a
construção do mapa “croqui”; 3. na utilização do Google Earth como ferramenta para a construção do mapa para o
guia turístico; e 4. o melhoramento da visualização do mapa em SIG e posteriormente em um programa de editoração
de imagens. A ideia era fazer com que as crianças usassem como ponto de partida a localização dos elementos do
espaço que faziam parte do seu dia-a-dia, para depois chegar aos pontos turísticos que nada mais eram, antes da
chegada do turismo, espaços de brincadeira, de trabalho ou de reprodução da própria vida dessas pessoas.
Propiciando assim, os apontamentos das demandas acompanhado da utilização e retomada de saberes populares
constituindo um movimento dual: ao mesmo tempo se configura uma disputa política.

Palavras-chave: Cartografia social; Povos e comunidades tradicionais; educação caiçara.

Comunicação oral

ALTERNATIVAS E NOVAS ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA DO SAPÊ DO NORTE

OLINDINA SERAFIM NASCIMENTO


UFF

O texto é resultado de estudos realizado nas comunidades quilombolas do Território do Sapê do Norte- Espírito Santo.
Nos últimos vinte anos, os negros rurais, em todo o território nacional, organizados em Associações Quilombolas,
reivindicam o direito à permanência e ao reconhecimento legal da posse das terras ocupadas e cultivadas para
moradia e sustento, bem como o seu modo tradicional de viver, o livre exercício de suas práticas, crenças e valores
culturais considerados em sua especificidade. Entre as reivindicações estão o direito à educação e efetividade da Lei
10.639/2003 a população quilombola busca não apenas o direito ao estudo, mas lutam também para que suas
tradições e pertencimento seja tema constante n currículo escolar. Torna-se necessário os mais jovens terem acesso
à formação para a cidadania responsável por uma sociedade mais justa, democrática e fraterna, como o Quilombo de
Palmares. Nas comunidades quilombolas o direito a educação, deve ser entendido como um processo de
desenvolvimento humano e cultural.

Palavras-chave: Educação Escolar quilombola – Território - Sapê do Norte.

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 60
RESUMOS DO EIXO 8
DIVERSIDADE CULTURAL, INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE

A DIFERENÇA COMO PARTE CONSTITUTIVA DA CULTURA ESCOLAR

EDIVÂNIA GONÇALVES ROCHA


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS (IEAR), UFF

A escola vem sendo abordada em vários discursos, principalmente quando se trata de inclusão. No entanto, vale
ressaltar que embora o tema em questão seja bastante discutido, precisa ser problematizado a partir da temática da
diferença. Isso porque frente ao tema da cultura escolar, devemos levar em consideração a existência da diferença.
Isso implica considerar a existência da diferença na escola através da linguagem, etnias, vestuário, opiniões, crenças,
atitudes, entre outras possibilidades que contemplem a amplitude que é a diferença. Entretanto, a existência da
diferença no espaço escolar nem sempre é respeitada, seja por não a considerar importante, ou mesmo pela ausência
de compreensão do que ela representa no meio educacional. Sendo assim, uma pergunta é importante: como a escola
vem abordando a questão da diferença junto aos alunos? A escola atualmente é entendida como um ambiente de
socialização por se tratar de um espaço que deve conceder acesso e também a permanência de todos para a aquisição
dos conhecimentos. Mas muitas vezes há uma grande dificuldade por parte das escolas em envolver a diferença, em
muitos aspectos. Essas dificuldades podem conduzir à problemas graves de agressividade, discriminação, preconceito
e violência entre os alunos, resultando em danos psicológicos e muitas vezes físicos. Não são raros os casos de
alunos que durante a sua trajetória escolar, sofreram ou sofrem algum tipo de violência por parte da escola diante da
sua dificuldade em incluir as diferenças - seja de forma direta ou indireta, de forma verbal, física ou psicológica. Nessa
problemática, muitos docentes podem conduzir práticas excludentes dentro das salas de aula devido à falta de preparo
ou por falta de um planejamento curricular que se adapte às diferenças. A questão é que, muitas vezes a violência
que desconsidera alguns alunos por parte da escola, passa despercebida, podendo refletir anos mais tarde na vida
do aluno. Por isso, faz-se necessário problematizar como vem sendo realizado os programas de capacitação
oferecidos nas escolas, pois não se trata de julgar professores e escola, mas propiciar espaços para que se possam
estabelecer discussões quando ao acesso e permanência da diferença na escola, a fim de respeitar as singularidades
e lhes conceder oportunidades de ensino e aprendizagem condizentes seu modo de ser, seus interesses, suas
crenças, sua linguagem e seus conhecimentos.

Palavras chave: Diferença; Escola; Cultura.

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 61
CINEMA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

KELLY MAIA CORDEIRO


OBEE/UFRRJ

Este resumo é um recorte da pesquisa desenvolvida com jovens e adultos com deficiência intelectual, que traz o
cinema para o contexto das práticas educativas desses sujeitos. Os estudantes que participaram da pesquisa tem
uma vasta experiência em assistir filmes, porém, percebemos que quanto ao cinema suas experiências eram limitadas.
Nesse sentido realizamos três incursões ao cinema local para assistir a filmes, e posteriormente realizamos um debate
sobre o visto e sentido. A pesquisa está embasada nos pressuposto da perspectiva histórico-cultural de Vygotski, tem
como metodologia a pesquisa-ação, utilizando a análise de conteúdo para criação de categorias analíticas. Trazemos
como proposta de discussão os primeiros resultados dessa pesquisa, problematizando e refletindo sobre aspectos
relativos ao conceito social da deficiência, os estigmas sociais e a aprendizagem coletiva dos participantes através
dessa experiência estética e formativa. A relação cinema e educação é nova, mas envolve muitas questões, uma
delas é a narrativa fílmica, um dos caminhos que estamos mais acostumados a pensar. Por essa vertente, percebemos
a pessoa com deficiência como personagem ou sendo o foco dos debates dentro do contexto dos filmes. A temática
da deficiência aparecem como provocativas aos espectadores, numa tentativa de reflexão em torno da deficiência, da
tolerância e do respeito às diferenças (CORDEIRO e FONSECA, 2017). Nosso foco não são as narrativas, a pesquisa
em desenvolvimento, têm na próxima fase a produção, a partir do Minuto Lumière, que permite que os sujeitos da
pesquisa produzam seu próprio filme com a câmera parada. Depois das filmagens assistiremos as produções de
todos. São processos contemporâneos de aprendizagens, que buscam envolver a pessoa com deficiência em todo o
processo, enfatizando suas potencialidades e desenvolvimento.

Palavras-chave: Cinema, Deficiência Intelectual,Educação Especial.

Comunicação oral

O TRABALHO DA PSICOLOGIA COM AS FAMÍLIAS DE PESSOAS


COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

NILCÉIA GALINDO TEIXEIRA


UTD DI

Apresentamos um resumo do trabalho realizado pelo Serviço de Psicologia na Unidade de Trabalho Diferenciado para
Jovens e Adultos com Deficiência Intelectual (UTD DI), trata-se da prática de Orientação Familiar (O.F.) com os
responsáveis do público atendido nesta unidade. O principal objetivo deste trabalho de orientação é o empoderamento
das famílias, fortalecendo a manutenção dos vínculos, a desmistificação da representação social da deficiência por
todos os seus membros e expectativas positivas com relação ao futuro da pessoa com deficiência intelectual. Assim
como os indivíduos que são deficientes intelectuais, necessitam de intervenções pedagógicas para a construção dos
conceitos que não aprenderiam espontaneamente fora da escola; ou de sistemas de suporte para sua independência
e autonomia, as suas respectivas famílias necessitam de formação, informação e serem estimuladas a compreender
as dificuldades por eles apresentadas, afim de tornarem-se atuantes e significantes no processo das aprendizagens
presentes no cotidiano. A partir de 2014, ao longo de três aos de trabalho com 13 famílias iniciais, realizamos através
de encontros mensais, o direcionamento das demandas trazidas ( sexualidade, o conceito de deficiência...) para as
experiências de “Formação” que atendam as suas necessidades. Essas “Formações” articulam os fundamentos
epistemológicos na perspectiva histórico-cultural de desenvolvimento humano e pedagógicos, alinhados às políticas
de inclusão. Após este período percebemos as mudanças atitudinais por parte dos responsáveis no trato com seus
protegidos em direção a vida adulta, ( transitar pela cidade ou namorar, por ex.), possibilitando que os mesmos
avancem nos seus processos de autonomia e independência. Conscientes de que o trabalho realizado na UTD DI
está apenas começando, porém convictos de que este é um dos caminhos possíveis, pois é na família, que são
desenvolvidos os princípios de protagonismo e a conquista de autonomia tão desejada para os jovens e adultos com
deficiência intelectual. Os avanços relativos as questões sociais sobre a deficiência, tem na família o lócus de tais
mudanças e nesse sentido o trabalho realizado pela psicologia colabora para o fortalecimento humano em direção
aos enfrentamentos que a vida exige. 1- Psicóloga e Psicopedagoga ( UNESA)

Palavras-chave: Deficiência Intelectual, Orientação Familiar, UTD DI

Comunicação oral

AS MÃES E O AUTISMO: UMA LUTA DIÁRIA

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 62
TAIANE DE SOUZA IGNÁCIO
IEAR/UFF

A descoberta de um filho com autismo na maioria dos casos perpassa um processo doloroso, pois é como se os pais
sonhassem com um ‘filho ideal’. No entanto, o diagnóstico de um filho autista muitas vezes leva as mães a
desenvolverem uma certa dificuldade de aceitação, e isso faz com que busquem outros profissionais na tentativa de
justificativas para os comportamentos diferentes dos filhos. Diante dessa problemática, este texto busca apresentar
como é para as mães receber o diagnóstico de um filho com autismo. Esta pesquisa é de extrema relevância para o
campo da educação a medida em que pode auxiliar na análise da importância da superação do luto e da aceitação
das mães ao receber o diagnóstico de um filho autista, por mais doloroso que seja. Utilizando-se de uma perspectiva
etnográfica, foram feitas entrevistas com três mães de crianças autistas, a fim de obter informações sobre o assunto.
Todas as mães relataram que perceberam que os filhos tinham um comportamento diferente, por isso foram atrás de
médicos em busca de uma justificativa para o que não lhes parecia normal. Dentre as características mais frequentes
reconhecidas pelas mães, as mais destacadas foram: comportamento diferente e atraso na fala, como pode-se
perceber nos relatos de algumas mães: “O João ia fazer dois anos e ainda não falava”, “o Miguel era uma criança
muito agitada, e muitas coisas eu via que era diferente”, “Com um ano e meio, ele começou a tampar o ouvido e eu
comecei a me preocupar”. Após o diagnóstico, um ‘novo mundo’ se presenta a essas famílias: onde elas não
frequentam todos os lugares que gostariam para não expor os filhos, ou porque aqueles lugares deixam eles nervosos
e agitados; as terapias começam a fazer parte da rotina; aprendem a viver e superar o luto que vivenciaram quando
receberam o diagnóstico; o tempo livre que as mães possuem passa a ser quando os filhos estão na escola - o que
caracteriza a luta diária vivenciada por essas mães, já que são elas que geralmente estão diariamente com os seus
filhos. Conclui-se que o diagnóstico de um filho autista traz fortes mudanças para as mães que, por sua vez, deixam
de viver um pouco da sua vida para dedicarem-se quase que exclusivamente aos filhos. Assim, o ideal é que estas
famílias possam contar com redes de apoio e escolas que estejam preparadas para acolhê-los através da assistência
necessária.

Palavras-chave: mães; autismo; diagnóstico.

Comunicação oral

DIÁLOGOS ENTRE ARTES E ÍDEIAS:


VINCÊNCIA NA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL – SEM

LUCIANA DAS NEVES ROSA COSTA


PREFEITURA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS

O Atendimento Educacional Especializado – AEE em Salas de Recursos Multifuncionais -SRM , implantadas nas
escolas regulares, tem como “função complementar identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de
acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades
específicas”. (BRASIL, p.1, 2010) Ao analisarmos a história da educação inclusiva brasileira e sua legislação, veremos
que ela está em volta da discussão a cerca da inclusão das crianças e jovens na sociedade. Mas em meio aos espaços
de atuação em quanto mediadora de 2008 a 2011, psicopedagoga clínica desde 2012, e hoje como professora de
SRM/PMAR, temos percebido que esse espaço tem a capacidade em promover ricas reflexões à cerda do que seria
educação inclusiva, inclusão e até mesmo educação especial. Diante algumas inquietações, começamos a abrir esse
diálogo com os sujeitos envolvidos no diretamente no processo educativo, as famílias e os próprios alunos. Com as
famílias, organizamos algumas reuniões individuais a fim de que as ouvíssemos a respeito do que achavam o que
seria o espaço da sala de recursos, e quais encaminhamentos e sugestões elas dariam, para interferirem no processo
dos filhos. Já com os alunos, promovemos uma vez por mês encontros coletivos onde propomos a prática de uma
técnica de arterapia, roda de conversa e lanche coletivo para concluir a socialização. Sendo assim, o trabalho em
questão visa compartilhar as experiências e o retorno das mesmas junto com os alunos e como essas atividades têm
potencializado os sujeitos envolvidos no processo educativo. Visto que enquanto no campo acadêmico temos discutido
inclusão entre nossos pares, no campo da prática temos discutido essa proposta com os principais atores, como eles
percebem e fazem a releitura do mundo o qual estão inseridos.

Palavras-chave: Diálogos, Práticas e Educação Inclusiva

Comunicação oral

O “TRABALHO” NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO


DE JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

DENISE DE MELLO OLIVEIRA MARIANO

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 63
LUÍS CLAUDIO DA SILVA
RENATA MOREIRA ALBERTO
RODOLFO DE ALMEIDA SANTOS
UNIDADE DE TRABALHO DIFERENCIADO - DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (UTD DI)

Apresentamos o relato de experiência pedagógica vinculado aos projetos desenvolvidos na Unidade de Trabalho
Diferenciado para Jovens e Adultos com Deficiência Intelectual (UTD DI). Trata-se do projeto de trabalho que tem
como eixo principal o processo de elaboração de biscoitos e a venda dos mesmos, por um grupo formado por cinco
jovens (dois homens e três mulheres), que expressam interesse nas atividades laborais. O decreto legislativo nº 186,
de 9 de julho de 2008, que trata da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (2008), no artigo 27
reconhece que a pessoa com deficiência tem igualdade de direitos ao trabalho e sem discriminação comparado aos
demais, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), no inciso IV assegura que haja para o
público-alvo da educação especial, a transição para o mercado de trabalho. Nessa direção, o currículo da UTD DI
procura, com um olhar atento, promover atividades que envolvam os jovens e adultos com deficiência intelectual num
fazer voltado para práticas relativas ao trabalho, na forma que temos hoje socialmente construídos. O projeto:
“Culinária na UTD” se desdobra em duas etapas: preparação e venda dos biscoitos. O objetivo é propiciar diferentes
experiências voltadas ao contexto social e do trabalho, uma vez que produzem, vendem, controlam o registro das
vendas e ficam com parte da venda. Todas as atividades são embasadas numa funcionalidade da prática social e
planejadas para alavancar o desenvolvimento de habilidades cognitivas. Nesse sentido, percebemos nos jovens e
adultos, através de suas opiniões e atitudes, um olhar diferenciado e mais maduro em relação ao início da atividade.

Palavras-chave: UTD - DI, TRABALHO, DEFICIÊNCIA INTELECTUAL, JOVENS E ADULTOS, EXPERIÊNCIA


PEDAGÓGICA

Comunicação oral

INCLUSÃO NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL - PRAZERES E PESARES

MARIA THERESA NASCIMENTO GARCIA


CYNTIA DE ANDRADE MACHADO
ESCOLA MUNICIPAL NOVA PEREQUÊ

Pode-se afirmar e até torcer para que a inclusão de alunos com necessidades especiais em turmas regulares seja
uma realidade definitiva. Para que isso ocorra, faz-se necessário lembrarmo-nos que a educação é um processo do
qual participam igualmente alunos, professores e apoio. Para ser um sucesso, não se pode ignorar as angústias de
todos os envolvidos. Não se trata apenas de “aceitar” um aluno diferente. É preciso integra-lo, ele não está ali só para
socializar, o objetivo é desenvolver ao máximo sua capacidade social e cognitiva. Se já há dificuldades na integração
nos anos iniciais, em que professores só tem uma turma, imagina nos anos finais? Com professores passando poucas
horas em várias salas, chegando a atender centenas de alunos. Usaremos para exemplificar essa situação nacional
o caso da escola Nova Perequê. Turmas lotadas, 16 alunos com necessidades especiais com laudo médico – Média
de 20% dos alunos com dificuldades sérias de aprendizagem que precisam de atenção especial – Alto índice de
indisciplina; retenção e distorção idade & ano de escolaridade. A isso, soma-se a falta de formação adequada; a
sobrecarga de trabalho; o escasso tempo para planejamento; as diversas necessidades de adaptações curriculares e
a ida e vinda entre as escolas para fechar a carga horária. E que carga!!! Sem contar que concomitantemente a essa
politica de inclusão, foram criadas séries de provas nacionais que avaliam apenas os conteúdos formais, ranqueando
alunos e escolas desconsiderando necessidades especiais - que levam a um grande aprendizado sócio-emocional
coletivo, mas que podem acarretar em atrasos ou cortes do currículo planejado. A situação é caótica? É. Para minorar,
deve a Direção da Escola, Pedagogos, professores e funcionários estarem envolvidos. Ainda assim, acreditamos na
proposta de inclusão, que diminui a distância entre os ditos alunos “normais” e aqueles que eram colocados à margem
do convívio social. É prazeroso ver que alunos e professores, conseguem cada vez mais conviver com as diferenças.
Estamos aprendendo juntos, mas precisamos lutar juntos para que investimentos nas condições de ensino sejam
prioridade para nossos governantes e, assim, finalmente poderemos incluir de verdade e com qualidade.

Palavras-chave: Inclusão, Anos Finais, Educação Especial

Comunicação oral

A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS EM LÍNGUA DE SINAIS


PARA O TRABALHO COM ALUNOS SURDOS EM ESCOLAS REGULARES
DO MUNICÍPIO DE MANGARATIBA – RJ

CARINA DE ARAUJO SANTOS MENDES

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 64
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCACAO DE MANGARATIBA / INSTITUTO NACIONAL DE EDUCACAO DE
SURDOS

A presente pesquisa tem como principal objetivo identificar qual a contribuição da formação continuada em Língua de
Sinais Brasileira - LIBRAS para formação de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental (NÓVOA, 2009;
BUENO, 2001; CANDAU, 1997), destacar a relevância dessas ações e apontar as dificuldades do cotidiano na
educação de surdos numa perspectiva bilíngue, onde a LIBRAS é a língua de instrução. Nesta investigação buscamos
retratar as políticas públicas do município de Mangaratiba/ estado do Rio de Janeiro no que se refere à capacitação
de professores em Língua de Sinais, para o trabalhar com alunos surdos matriculados nas unidades de ensino
regulares. Para esta pesquisa de caráter qualitativo e quantitativo, utilizamos o método observacional, seguido da
observação participante, como ferramentas de análise da capacitação de professores para inclusão de alunos surdos
no contexto escolar.

Palavras-chave: Educação; Inclusão; Libras; Capacitação de professores;

Comunicação oral

A COMPLEXIDADE NA INCLUSÃO DO SURDO NA EJA

ROBERTA DA SILVA SILVEIRA


IEAR/UFF

O presente trabalho tem a finalidade de pensar sobre a inclusão dos surdos, bem como os desafios que encontram
os professores na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA) ao atuar pedagogicamente frente a estes
alunos. Este tema é muito importante para refletir o aprendizado tardio e inclusão do surdo nessa modalidade de
ensino que pode ser considerada a partir da ideia de complexidade. A inclusão pode ser problematizada deste a
Constituição de 1988, a qual define: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º inciso IV). Define ainda, no artigo 205: “a educação como um direito
de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho”.
No artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos
princípios para o ensino frente a todos os alunos. Estes trechos são alguns exemplos de conquistas políticas para
alunos que por muito tempo estavam excluídos dos espaços escolares, dentre eles os alunos surdos. Mas, como é a
inclusão dos surdos na EJA? Muitas vezes o jovem ou adulto analfabeto encontra muitas dificuldades para se
alfabetizar na idade adulta, e assim necessita da modalidade de EJA que é para estes alunos muito importante. Diante
disso, a inclusão de um jovem ou adulto surdo na EJA apresenta a necessidade de adaptações específicas e que se
não atendidas pode comprometer a aprendizagem dos alunos, como: considerar aspectos de sua cultura e identidade
própria, a utilização da Língua de Sinais - que é reconhecida como língua oficial da dos surdos através da Lei 10.436
de 24 de abril 2002. Ao aproximar a temática da EJA aos alunos surdos, confirma-se a necessidade de práticas
pedagógicas realizadas pelos professores que já devem considerar a modalidade a partir de atividades diferenciadas
ao público jovem/adulto, e que ao precisar propiciar a inclusão de surdos torna-se ainda mais complexa. No entanto,
trata-se de uma complexidade que desafia professores a buscar alternativas que contribuem com um sistema
educacional cada vez mais inclusivo.

Palavras-chave: Inclusão; Surdos; Educação de jovens e adultos.

Comunicação oral

APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA DO DESENHO UNIVERSAL


DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

IZADORA MARTINS DA SILVA DE SOUZA


UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

O presente trabalho tem como tema a escolarização do sujeito com deficiência intelectual (DI) por meio de novos
parâmetros curriculares e tecnológicos a partir da concepção internacional Universal Design for Learning (UDL), tendo
como tradução oficial Desenho Universal para Aprendizagem. Segundo o Center for Applied Special Technology
(CAST) o“[...] Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) é uma estrutura para melhorar e otimizar o ensino e a
aprendizagem para todas as pessoas com base em conhecimentos científicos sobre a forma de como os seres
humanos aprendem”. No Brasil, a luta pela inserção do direito à educação das pessoas com deficiência está alocada
em vários discursos institucionais e diretrizes políticas, as quais evidenciam a educação inclusiva, serviços e
tecnologias que propiciem o acesso a permanência do público-alvo da Educação Especial em todas as modalidades
de ensino, desde a educação infantil até o ensino superior (BRASIL, 2008; 2015). Apesar de avanços consideráveis,

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 65
nota-se que o sujeito com deficiência intelectual perpassa pela escola e pelo currículo, mas seu reconhecimento como
aprendiz ainda é questionável. Assim, tomando como base o direito ao “[...] acesso, a participação e a aprendizagem
[...]” (BRASIL, 2008, p.10), objetivamos investigar a perspectiva DUA aplicado à escolarização de pessoas com
deficiência intelectual. A pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento, e propõe o acompanhamento e análise
da produção e aplicação do primeiro livro digital didático em Desenho Universal para sujeitos com DI no Brasil. A
investigação está inserida no projeto de pesquisa: 1) A escolarização de alunos com deficiência intelectual: políticas
públicas, processos cognitivos e avaliação da aprendizagem (OBEDUC/CAPES); 2) Desenho Universal para a
Aprendizagem: Implementação e Avaliação do Protocolo do Livro Digital Acessível vinculado à Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro. Em termos metodológicos optamos pela pesquisa qualitativa, com ênfase no estudo de caso.
A aplicação do livro didático será realizada com alunos matriculados na classe regular, em escolas públicas distintas
na Baixada Fluminense, RJ. Entendemos que o nosso estudo evidencia possibilidades e perspectivas que podem
contribuir para a participação efetiva de alunos com deficiência intelectual nos processos de escolarização em escolas
plurais e inclusivas.

Palavras-chave: Desenho Universal para Aprendizagem; deficiência intelectual; inclusão escolar

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 66
RESUMOS DO EIXO 9
CURRÍCULO, PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
E INTERCULTURALIDADE

O CONCEITO DE DOCÊNCIA NA REFORMULAÇÃO CURRICULAR DO CURSO DE PEDAGOGIA:


CONSENSOS OU DISPUTAS POR SIGNIFICAÇÕES?

ALOANA DE OLIVEIRA PEREIRA


FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA BAIXADA FLUMINENSE (FEBF/UERJ)

Este estudo é parte da pesquisa de mestrado em andamento e tem como objetivo identificar as concepções de
docência em disputa no processo de reformulação curricular de um Curso de Pedagogia de uma universidade pública
do Estado do Rio de Janeiro, em virtude das exigências postas pela Resolução 02/2015. A pesquisa vem sendo
realizada a partir de uma abordagem qualitativa que utiliza as entrevistas narrativas como técnica de organização dos
empíricos analisados tomando como referência a abordagem do ciclo de políticas de Ball e colaboradores. Na
pesquisa busco analisar como as concepções de docência em disputa no campo de formação de professores, com
destaque para a formação do Pedagogo docente, são negociadas nos textos curriculares e no contexto da prática, e
como essa disputa por significações são demarcadas nos discursos dos entrevistados. O processo de reformulação
curricular considerado a priori como “adequação” às diretrizes curriculares de 2015, ao ser interpretado e traduzido
pelos professores/atores, acabam por disputar a atribuição dos significados aos diversos conceitos incluídos nos
documentos. Para tanto, o ciclo de políticas desconstrói a ideia de políticas Estadocêntricas ao propor um ciclo
contínuo. Dessa forma, a elaboração de políticas acontecem em diferentes espaços, dada que a interpretação e
encenação dos atores acabam por gerar “interpretações de interpretações”, o que torna a significação é algo
incontrolável. Nas Diretrizes Curriculares de 2015, o conceito de docência é destacado em uma definição ampla na
medida em que a docência é estendida à diferentes ações educativas. Além disso, amplia a função do professor como
aquele que deve gerir a ação educativa o que implica desde o planejamento até a avaliação das ações. No entanto,
essa amplitude na formulação não interrompe as disputas em torno dos significados de docência, que por sua vez tem
implicações na definição do perfil e do campo de atuação do Pedagogo. Ressignificações do conceito ao longo do
tempo se expressam nos textos curriculares e no contexto da prática. A desterritorialização de um conceito, ao ser
reterritorializado e (re)interpretado, produzem discursos híbridos. A recontextualização por hibridismo é uma
possibilidade para compreender os sentidos produzidos nessa trama que é o processo de reformulação curricular.
Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 67
Palavras-chave: Reformulação Curricular, Docência, Curso de Pedagogia

Comunicação oral

CINE JÚLIA:
PRÁTICAS CURRICULARES OUTRAS, VIVÊNCIAS E DIÁLOGOS
ADVINDOS DE UM CINE DEBATE NA EJA

ANA CLAUDIA DE MACENA FREITAS D'ESTILLAC LEAL


PRISCILA FRANCISCA DOS SANTOS OLIVEIRA
YASMIN ROCHA DE QUEIROZ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O presente trabalho visa apresentar uma análise introdutória e o impacto inicial de um Cine Clube nos/as alunos/as
da EJA do Colégio Estadual Júlia Kubistchek (CEJK), localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro. O projeto
atendia apenas os alunos do ensino médio da tarde na modalidade formação de professores (Curso para Normalistas),
entretanto, tendo em vista as atuais urgências da escola, observamos a necessidade de levar o Cine Júlia para o
público da EJA, a partir da demanda do grêmio estudantil. O objetivo é propiciar discussões sobre o cotidiano escolar,
ambiente social, político e econômico ao público da EJA, através de exibição de filmes seguido de debates, visando
auxiliar na formação intelectual, crítico e pessoal dos/as alunos/as. Somado a isto, acolhemos também as demandas
escolares dos estudantes, prestando assistência em suas dificuldades em relação aos conteúdos das disciplinas
curriculares. O Cine Clube trabalha na inclusão de um “debate outro” que parte das representações sociais construídas
por nós, os/as bolsistas e ao mesmo tempo, pelos/as alunos/as. Para desenvolver este estudo, adotamos a pesquisa
etnográfica como metodologia, isto é, através da imersão no ambiente ao qual atuamos, fazemos nossas ações e
intervenções. Também nos apoiamos no estudo bibliográfico de autores como Candau, Freire e Miranda & Cavalcanti.
Acreditamos que a criação de um espaço de diálogo entre a cultura cinéfila e a educação, suscitando práticas
curriculares outras, seja uma importante ferramenta na construção da consciência crítica dos estudantes e em sua
formação emancipatória. Como educadores em formação, as vivências do cotidiano escolar são, para nós, de extrema
importância. Podemos desta maneira, fazer uma 'ponte' entre a Universidade e a Escola, trazendo, através destas
relações e diálogos entre ambas, práticas pedagógicas críticas. Nossas vivências ainda são introdutórias, mas
observamos que o projeto teve grande aceitação, como indica a fala dos alunos ao afirmar que na escola não há
espaço de fala livre onde possam debater temas pouco explorados e tão presentes em seu dia a dia. Procuramos
viabilizar um espaço de livre debate que valoriza a fala do aluno e a coloca como protagonista, primordial na construção
e direcionamento das ações vivenciadas no projeto.

Palavras-chave: PIBID, EJA, cineclube, currículo

Poster

ATIVIDADES PEDAGÓGICAS EM MATEMÁTICA NA EJA

CAMILA SIMAS MORAIS


UFF/ IEAR

O trabalho apresenta recorte de pesquisa monográfica desenvolvida no interior do Grupo de Pesquisas em Educação
Matemática do IEAR/UFF no curso de Licenciatura em Pedagogia sob orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas.
Visa elaborar uma visão panorâmica sobre a Educação Matemática voltada para a Educação de Jovens e Adultos
(EJA), tendo por base os dados coletados em publicações da área da Educação e/ou da Educação Matemática, com
foco em questões que envolvam práticas pedagógicas: utilização de recursos tecnológicos, jogos, resolução de
problemas, etc. Além disso, a pesquisa será desenvolvida junto a professores de escolas municipais de Angra dos
Reis que oferecem EJA, com entrevistas a respeito das seguintes questões: Quais seriam as especificidades que um
professor de Matemática deveria ter para atuar na EJA? Quais recursos pedagógicos que o professor de Matemática
na EJA utiliza? Pesquisas em Educação Matemática na EJA (FREITAS, 2013) destacam, de uma forma geral, a defesa
de que a formação do professor que atua nessa modalidade seja específica, e deve abrir espaços para que haja a
reflexão e o debate a respeito do entendimento das especificidades e objetivos dos estudantes.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Educação Matemática, Recursos pedagógicos.

Poster

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 68
OUTRAS LINGUAGENS E ESTRATÉGIAS DE POLITIZAÇÃO
DAS JUVENTUDES INSURGENTES: EXPERIÊNCIAS CURRICULARES NO PIBID

CARLOS EDUARDO FERREIRA DE OLIVEIRA JUNIOR


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O trabalho aqui apresentado é sobre as práticas e as perspectivas curriculares que marcam as opções de um coletivo
de estudantes-pesquisadores/as no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Com
o compromisso de apoiar a formação docente também de estudantes secundaristas matriculados em uma escola do
Estado do Rio de Janeiro. No ir e vir incluído a instituição de educação básica e a universidade na qual estamos
realizando nossa formação docente, vimos como um escopo fundamental, observar as pistas oferecidas pelas
múltiplas linguagens disponíveis para o trabalho pedagógico. Notadamente, o que se alcança é uma possibilidade de
implementar nossa interação sendo o Cinema o principal motor. Nossas inspirações foram com os/as secundaristas e
assim chegamos a proposta de um cineclube que se constitui como um projeto que trabalha a educação e a linguagem
cinematográfica nas suas distintas dimensões. Neste trabalho ganhou centralidade alguns dos desafios enfrentados
por nós para conseguirmos adesões e parcerias ou simplesmente ampliar nossas entradas para efetivar a proposta.
A escolha de filmes que levem o aluno a pensar, refletir sobre temas diversificados. Nos dias das sessões temos que
chegar mais cedo, preparar o espaço onde será feito a sessão, quando é feita num auditório e de costume darmos um
lanche para os/as educandos/as, a pipoca. E após a sessão abrimos um diálogo com os alunos que quiseram ficar
até o fim e que quiseram falar acerca do tema do filme. E aí as falas dos alunos são diversas mas há sempre uma fala
dos estudantes que é recorrente nas discussões: os temas que tratamos nas sessões do Cineclube não são debatidas
em sala de aula. No projeto deixamos bem claro que eles são os protagonistas, são para eles que o cine existe. É
exatamente pelo papel que tem cumprido, nos mais diferentes contextos e formas, na luta, resistência, defesa e
afirmação de direitos conquistados e/ou almejados, tão necessários para nossa população e nosso país, que para
2017 definimos o III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis com a temática
“Movimentos Sociais: Educação, Diversidade e Luta”.

Palavras-chave: Interculturalidade, Cinema, Educação

Comunicação oral

ENCONTRO DOS ESTUDANTES SECUNDARISTAS –


UMA EXPERIÊNCIA TEATRAL DENTRO E FORA DA ESCOLA

CAROLINE DA SILVA BARBOSA


JOÃO VITOR NOVAES
SEEDUC - RJ / UNIRIO

O ensino das Artes Cênicas dentro da Rede Estadual passa por diversos atravessamentos que interferem na
compreensão dessa arte como fundamental na formação de sujeitos. Essas interferências acontecem de maneiras
diversas, como o desconhecimento da comunidade escolar a respeito do trabalho dessa linguagem em sala de aula;
a falta de suporte material para desenvolver o ensino qualitativo do teatro; e o fato de muitos estudantes terem pouco
acesso ao conteúdo teórico e prático de teatro ao longo de suas formações. Percebendo que passamos por problemas
similares em cinco Colégios Estaduais da nossa cidade, decidimos organizar o Encontro dos Estudantes
Secundaristas de Angra dos Reis, que em 2017 teve a sua 2ª edição. O objetivo desse encontro é aprofundar a
contextualização, apreciação e experimentação em Artes Cênicas, que são as bases exigidas pelo currículo mínimo
da Seeduc RJ, mas que dificilmente conseguimos desenvolver em sala de aula.Nesse encontro, os estudantes do
segundo ano do Ensino Médio que tem aula de Artes conosco conhecem o teatro municipal da cidade por dentro, sua
história e estrutura; experimentam uma aula de teatro em cima do palco, desenvolvendo jogos teatrais; e assistem a
um espetáculo, entendendo como a atuação pode ser executada dentro de uma caixa cênica. Acreditamos que criando
essas redes de diálogo e experimentação entre estudantes do continente e da ilha fora do contexto escolar é possível
fazer com que vivenciem a arte de maneira mais próxima, além de entenderem que a prática de teatro dentro da
escola não é desconectada da formação deles. Nesse ano, quando o ensino das artes é ameaçado não só dentro da
Rede Estadual, como também em todo o Brasil com a Reforma do Ensino Médio, consideramos importante salientar
a necessidade das artes na escola e, mais ainda, lembrar que existem muitas linguagens artísticas fundamentais, mas
que são postas como algo de menor importância na formação desses cidadãos. Ao contrário dessa linha de
pensamento, acreditamos que a arte é uma arma, como afirma o pesquisador Augusto Boal, idealizador do Teatro do
Oprimido, uma arma muito perigosa, visto que nos faz interpretar o mundo de maneira simbólica, pelas palavras, e
também de maneira sensível, pela imagem e pelo som. Tendo consciência dessas formas de interpretar o mundo, o
sujeito questiona a realidade e se propõe a modificá-la, o que pode ser perigoso para quem pensa um novo Ensino
Médio como mero formador de mão de obra especializada.

Palavras-chave: Teatro, Ensino Médio, Pedagogia

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 69
Comunicação oral

A INTERDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

DARLENE MIRANDA DOS SANTOS


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS - UFF

Este trabalho apresenta recorte de pesquisa monográfica desenvolvida no Grupo de Pesquisa em Educação
Matemática (GRUPEMAT), sob a orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas, no curso de Licenciatura em
Pedagogia do Instituto de Educação de Angra dos Reis, Universidade Federal Fluminense. A pesquisa terá como foco
a questão do trabalho pedagógico envolvendo a interdisciplinaridade na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Buscaremos comparar o que os documentos oficiais, inclusive os Parâmetros e as Diretrizes Curriculares, e as
pesquisas sobre a EJA apresentam de indicações sobre este tema. Em seguida coletaremos dados em uma escola
de Angra dos Reis, analisando comparativamente as indicações encontradas e as atividades desenvolvidas neste
ambiente escolar. Interessa-nos saber: Como os professores vêem a interdisciplinaridade no ensino básico, se acham
que ela facilita a aprendizagem dos alunos da EJA, se a escola possibilitar esta interação com as outras disciplinas,
entre outras questões.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Interdisciplinaridade, Processo de ensino e aprendizagem

Poster

PERMANÊNCIA E EVASÃO DOS ESTUDANTES DA EJA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS


DA ZONA RURAL DE SOBRAL: A INFLUÊNCIA DE PRÁTICAS CURRICULARES EM MATEMÁTICA

FRANCISCO JOSIMAR RICARDO XAVIER


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Esta pesquisa está vinculada ao Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFF, na
linha Diversidade, Desigualdades Sociais e Educação, DDSE, sob a orientação do professor Dr. Adriano Vargas
Freitas. Objetiva compreender a influência que a Matemática tem sobre a permanência dos estudantes da modalidade
de Educação de Jovens e Adultos nas escolas municipais da zona rural de Sobral. A escolha deste lócus da pesquisa,
se deu pela minha experiência como professor da EJA, no sistema municipal de ensino da referida cidade, foi
endossada pelo fato de as pesquisas e publicações voltas à educação matemática de jovens e adultos concentrarem-
se nas regiões Sul e Sudeste do país (FREITAS, 2013) e da carência de discussões que envolvam esta temática, sob
o ponto de vista dos estudantes (FONSECA, 2012), sobretudo, à permanência destes, no espaço escolar. Na
perspectiva de alcançar o objetivo proposto, compreendemos que a temática da pesquisa abarca os assuntos: práticas
pedagógicas, com o qual trabalharemos à luz do conceito de Franco (2015), educação matemática, em que
basearemo-nos na perspectiva de Fonseca (2012), etnomatemática, sobre o qual nos basearemos em D’Ambrosio
(1990) e, com currículo nos concentraremos na concepção de Sacristán (2000). Tendo em vista que se trata de uma
pesquisa do tipo qualitativa, consideramos que os instrumentos de coleta de dados viáveis a execução da mesma,
são a observação participante e a entrevista (GIL, 2008) do tipo semiestruturada (LUDKE e ANDRÉ, 1986). À análise
dos dados, propomos fazer uma Análise Textual Discursiva (MORAES e GALIAZZI, 2007), com a qual procuraremos
relacionar, qualitativamente, os dados e as informações concedidos pelos sujeitos envolvidos, o referencial teórico
estudado e a percepção do pesquisador.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Evasão, Permanência, Currículo, Matemática.

Comunicação oral

ANÁLISE DE ESTRATÉGIAS DE RESOLUÇÃO


DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS DE ESTUDANTES DA EJA

GABRIELLE CORRÊA DE JESUS COSTA


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE / INSTITUTO DE ANGRA DOS REIS

Este trabalho se desenvolve no interior do Grupo de Pesquisas em Educação Matemática do IEAR (GRUPEMAT), e
tem como foco estratégias de resolução de problemas matemáticos utilizados por estudantes da Educação de Jovens
e Adultos (EJA) do segundo segmento do ensino fundamental, da Escola Municipal Coronel João Pedro de Almeida,
em Angra dos Reis. Destacamos que a resolução de problemas matemáticos contribui para a formação desses
estudantes, desenvolvendo o raciocínio lógico, a criatividade e a autonomia. A EJA diferencia-se das outras

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 70
modalidades de ensino, pelo fato dos alunos terem seus conhecimentos adquiridos em suas vivências, e o Programa
de Etnomatemática reconhecerá estes conhecimentos, as especificidades culturais, históricas, sociais, assim como a
maneira de saber e fazer dos alunos. Portanto, se faz necessário que a realidade dos alunos seja evidenciada nos
problemas matemáticos. Sob estas perspectivas, salientamos que o ensino de matemática deve possibilitar a
construção de estratégias para resolver estes problemas propostos, aceitando a possibilidade de que não existe uma
estratégia única para essa resolução, e que cada estudante deve ser incentivado a desenvolver suas estratégias e
utilizar sua criatividade. O processo para se chegar à solução do problema, ou seja, as estratégias utilizadas, devem
receber mais enfoque do que o resultado final. Sendo assim, o professor deve incentivar o aluno da EJA, diante de
um problema matemático, a buscar novas estratégias para a resolução, usar a criatividade, buscar a interação e a
comunicação entre os alunos, para que haja troca de ideias para resolução do problema.

Palavras-chave: Resolução de problemas matemáticos; Educação de Jovens e Adultos; Programa Etnomatemática.

Poster

ETNOMATEMÁTICA NAS MEMÓRIAS E EXPERIÊNCIAS LABORAIS


DE PESCADORES DA PRAIA DE PROVETÁ

GUSTAVO MARTINS
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - IEAR

Este trabalho apresenta recorte de pesquisa desenvolvida no Grupo de Pesquisa em Educação Matemática, sob a
orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas. Foi desenvolvido em modelo de relato de memórias e experiências
laborais da pesca, cujos conhecimentos são passados de gerações a gerações de pescadores, que mantem a forma
de preservar a cultura e a sobrevivência dessa comunidade. Essas memórias são do próprio autor, mas mesclam-se
às memórias e experiências de outras pessoas, que residem na comunidade da praia de Provetá, na Ilha Grande,
Angra dos Reis. Destaca e analisa, em especial, os conhecimentos matemáticos envolvidos nessas práticas laborais
de redeiros da comunidade, e as maneiras práticas de dividir os resultados obtidos na pesca. Como suporte teórico
para as análises desses conhecimentos, utiliza o Programa da Etnomatemática que significa o conjunto de artes,
técnicas de explicar e de entender, de lidar com o ambiente social, cultural e natural, desenvolvido por distintos grupos
culturais. A ideia central deste Programa é que todas as culturas/ sociedades/classes profissionais, grupos
identificáveis de forma mais geral, possuem as suas ciências, ou melhor, as suas etnociências.

Etnomatemática; Conhecimentos laborais de pescadores; Memórias e experiências.

Comunicação oral

MAFU: CONSTRUINDO A IDENTIDADE ÉTNICO-RACIAL


POR MEIO DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

KAROENE ULLIANE DE SOUSA ALENCAR


ESCOLA MUNICIPAL ANTÔNIO JOAQUIM DE OLIVEIRA - ANGRA DOS REIS

Em sua maioria, a realidade da rede pública é composta por alunos de origem étnico-racial oriundas de classes menos
favorecidas. Sabe-se que o trabalho com a temática se faz necessário não só por uma questão legal, mas pela
necessidade dessas crianças sentirem-se afirmadas perante a sociedade. Pensando nesta necessidade,
desenvolveu-se um projeto para criar uma boneca negra que pudesse ser companheira de uma turma de Educação
Infantil. Assim nasceu Mafuane, um nome de origem africana. O projeto consistiu na construção de uma identidade
positiva por meio da boneca, em que as crianças pudessem reconhecer e afirmar a origem de sua identidade étnico-
racial. Mafu é uma boneca de pano curiosa e brincalhona que tem levado novidades relacionadas ao tema como
músicas, histórias, vídeos, entre outros. Todas as propostas foram apresentadas com a mochila que contém os
mesmos pertences que as crianças costumam levar para a escola. Não foi fácil encontrar uma boneca negra,
principalmente porque a indústria reproduz um estereótipo europeu em seus brinquedos, isso consistiu em um desafio
para a valorização de outros padrões estéticos. No início, nossa mascote gerou estranheza entre as crianças e
algumas ficaram até com medo. Aos poucos, Mafu foi ganhando espaço entre o grupo e tornando-se parte da turma,
auxiliando assim, na valorização dessa identidade.

Palavras-chave: Educação étnico-racial, educação infantil, identidade, práticas diferenciadas

Poster

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 71
O CONTROLE DO USO DAS MÍDIAS COMUNICACIONAIS NA SALA DE AULA,
É POSSÍVEL?

LHAYS MARINHO DA CONCEIÇÃO FERREIRA


UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Este resumo tem como objetivo problematizar, sob a perspectiva de controle, o uso de mídias comunicacionais na
sala de aula, por parte de alunos e professores do Ensino Médio Normal de um instituto que localiza-se na periferia
do município do Rio de Janeiro. Acompanho 5 docentes que lecionam a disciplina “Introdução de Mídias e Novas
Tecnologias”. A partir de minhas observações e entrevistas, estabeleci relações com minha perspectiva teórica,
apoiada nos estudos pós-estruturais. Entendo que, as mídias comunicacionais favorecem novas formas de produzir
significados sobre o mundo que colocam a cultura em um lugar central. Penso cultura a partir de Bhabha (2013) que
assume uma perspectiva discursiva de cultura. Para ele, cultura é a prática da significação, dessa forma, não há
fixação de sentidos de uma cultura específica, é a produção de sentidos na ambivalência, o que é reiterado é negado
ao mesmo tempo, neste sentido, a cultura é uma produção híbrida. Quando as mídias comunicacionais são utilizadas,
não existem sentidos previamente estabelecidos; trata-se, portanto de operar com a ideia de cultura como fluxo. A
partir disso, não podemos denominar e conceituar a cultura jovem como fixa e limitada, considero que todos os sujeitos
estão inseridos num fluxo global que está em constante movimento e transformação. Ao utilizarem as mídias
comunicacionais, na maioria das vezes os alunos acessam sistemas de redes sociais (whatsapp e facebook, por
exemplo), com o intuito de interagir, se relacionar, opinar, registrar pensamentos, informar, entre outras experiências
(CALVÃO; PIMENTEL E FUKS, 2014, p.27 e 28). Com essa intensa movimentação entre diversos espaçostempos,
os professores inúmeras vezes não conseguem saber como o aluno está utilizando a mídia comunicacional. Não cabe
aqui categorizar o trabalho docente; entendo que, a maneira a qual o professor se relaciona com as mídias
comunicacionais, envolve formação, acesso à rede, etc. O que fica evidente, é que os professores veem a necessidade
de controlar como o aluno está utilizando a mídia. Reconheço isto como uma tentativa de controlar o “incontrolável”.
Controle este entendido como a maneira de evitar os escapes que o uso das mídias pode ocasionar, embora a
transição entre diversos espaçostempos se faça presente. Creio que toda atividade humana precisa de regulação,
mas regulação é diferente de controle, ao controlar entende-se que nada escapará do “olhar do professor”.

Palavras-chave: mídias comunicacionais, cultura, controle.

Comunicação oral

CONHECIMENTOS MATEMÁTICOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

MARIA APARECIDA MOREIRA DE ALENCAR


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS

Apresentamos neste trabalho recorte de pesquisa desenvolvida no interior do Grupo de Pesquisa em Educação
Matemática do IEAR/UFF, sob a orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas para conclusão do Curso de
Pedagogia. Analisamos a construção do conhecimento matemático na Educação de Jovens e Adultos, tomando por
base que ele está inserido em nosso cotidiano, e o usamos todos os instantes. Esta modalidade de ensino é voltada
para jovens, adultos e idosos, e visa pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho. A questão que norteou nossa pesquisa foi: Como está sendo desenvolvido o processo
de ensino e aprendizagem na EJA em matemática? A metodologia envolveu revisão bibliográfica e entrevista com
uma professora de uma escola municipal de Angra dos Reis. Dentre os resultados obtidos, verificamos que a
construção do conhecimento matemático do aluno da EJA deve envolver sua experiência de vida, e sua vivência do
cotidiano, de forma a diminuir suas dificuldades nesta área. Estas dificuldades tem influenciado diretamente a
permanência ou evasão desses estudantes do processo escolar, por isso é necessário que atentemos para a
necessidade de motivá-los e buscarmos formas de envolvê-los neste processo, especialmente na área de matemática,
que tem sido vista como uma das grandes causas de grande número de reprovações e abandonos. Além disso, a
percepção de que os conhecimentos prévios influenciam nessa construção, pois, de uma forma geral, os alunos
trabalham, tem acesso a mídia, fazem compras, cuidam das despesas diárias, aprendem com a vida a reconhecer o
valor do dinheiro, entre tantas outras atividades que envolvem contagem e quantificação. Como referência de nossas
análises, optamos pelo Programa de Etnomatemática, que, de acordo com D´Ambrosio (2007), envolve reconhecer a
matemática como área que se organiza de acordo com as necessidades dos indivíduos, auxiliando-os a lidar com o
ambiente, para sobreviver e tentar explicar o visível e o invisível.

Palavras-chave: Conhecimentos matemáticos, educação de jovens e adultos, programa de etnomatemática

Poster

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 72
PROPOSTA CURRICULAR NA MODALIDADE EJA DO MUNICIPIO CACHOEIRAS DE MACACU:
DISTANCIAMENTOS E APROXIMAÇÕES
ENTRE O CURRÍCULO PRESCRITO E O PERCEBIDO PELOS ESTUDANTES

MÁRLON FURTADO BOTINI


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

A presente pesquisa de mestrado está sendo desenvolvida no interior do Programa de Mestrado em Educação da
UFF, sob a orientação do professor Dr. Adriano Vargas Freitas. Foca a modalidade da Educação de Jovens e Adultos
(EJA), e tem como proposta de estudo, verificar as aproximações e distanciamentos ocorridos entre o currículo
prescrito e o currículo experenciado pelos estudantes da EJA.Acreditamos que, para se pensar um currículo que
atenda as necessidades da EJA é necessário discutí-lo a partir de seus sujeitos, no processo contínuo de elaboração
do mesmo, e, fomentar novas pesquisas que o abordem.A fim de traçar um processo de conhecimento,
aprofundamento e análise, definimos como objetivos: (i) levantar informações sobre a construção e aplicação das
orientações curriculares para a modalidade EJA;(ii) conhecer o currículo proposto pela Secretaria Municipal de
Educação em Cachoeiras de Macacu para a EJA nas séries iniciais, e(iii) comparar o currículo percebido pelos alunos
com o documento de proposta curricular para a EJA no município.Para responder a nossa questão de pesquisa e
atingir nossos objetivos, optamos por desenvolver uma pesquisa qualitativa que se desmembrará nas seguintes etapas
complementares:(a) acompanhamento das reuniões para elaboração do currículo para EJA com professores do
município;(b) analise da proposta curricular para EJA do município;(c) desenvolvimento de revisão bibliográfica sobre
o tema; entrevista com professores que consideraremos informante chave no modelo de entrevista semiestruturada
(GIL, 2008), e (d) acompanhamento de grupos focais composto por estudantes da EJA em Cachoeiras de Macacu.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Currículo Experenciado. Cachoeiras de Macacu.

Comunicação oral

AS LIMITAÇÕES HISTÓRICAS E SOCIAIS DA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO NAS CIÊNCIAS HUMANAS:


ENSAIO DE INTERPRETAÇÃO SOCIOLÓGICA

NEVALDO LEOCÁDIA BASTOS JÚNIOR


ELISAMA MAMEDE DA SILVA
IEAR/UFF

O presente trabalho é um desdobramento das discussões iniciadas nas disciplinas de Sociologia da Educação
oferecidas pelo Departamento de Educação do Instituto de Educação de Angra dos Reis da Universidade Federal
Fluminense (DED/IEAR/UFF). O objetivo principal desta exposição é discutir como o conhecimento nas Ciências
Humanas é limitado pelo contexto histórico e social em que é produzido. Em tempos de discussão de projetos como
o programa “Escola sem Partido” e da “Base Nacional Comum Curricular”, a relevância deste trabalho está justamente
na proposição de questionar a pretensa neutralidade defendida pelos interlocutores destes movimentos políticos
apontando como suas práticas são perpassadas por uma gama de influências sociais. Da mesma forma, este trabalho
se justifica por apontar como o contexto político e histórico de dada sociedade tende a moldar seu respectivo
“pensamento social”, assim como as implicações decorrentes deste fenômeno. Para o andamento deste trabalho
utilizamos o método bibliográfico, selecionando as principais obras de proeminentes sociólogos que pensaram as
questões da Educação de maneira direta ou indireta em suas perspectivas conjunturas históricas. A partir das obras
de Pierre Bourdieu, Florestan Fernandes, Anthony Giddens, dentre outros, analisamos suas respostas aos dilemas
educacionais de seus países, de que formas estas conclusões foram moldadas a partir dos resultados das pesquisas
em si e a influência de outros fatores, como a origem social destes intelectuais, nos rumos de sua produção. O quadro
de referência desta análise se relaciona com o Estrutural-Funcionalismo nos moldes trabalhados por Émile Durkheim,
sendo ponderado pela perspectiva da Sociologia Compreensiva de Max Weber. A utilização de autores, em teoria,
antagônicos reforça o caráter de disputa de concepções que são inerentes à prática científica nas Ciências Humanas
e Sociais. Consideramos que os contextos históricos, políticos e sociais exercem grande influência na produção
intelectual da sociedade em questão. Estas percepções direcionam não apenas os rumos das pesquisas acadêmicas,
mas a legitimidade alcançada por meio do reconhecimento entre os pares, a aceitação pelos diversos segmentos da
sociedade civil e da própria aplicação pelo Estado por meio de políticas públicas.

Produção de Conhecimento, Sociologia da Educação, Epistemologia e Educação, Estrutural-Funcionalismo,


Sociologia Compreensiva

Comunicação oral

ENSINO DA CIDADANIA E INTERCULTURALIDADE LUSÓFONA

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 73
NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MACIÇO DE BATURITE, CEARÁ, BRASIL

PAULO JOÃO BAPTISTA FUNGULANE


HELENA DE JESUS GUNZA
HERMELINDO SILVANO CHICO
JOEL LEROY DOS PRAZERES NAPITA
UNIVERSIDADE DA INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL LUSOFONIA AFRO – BRASILEIRA

A interculturalidade, entendida como um projeto em construção de sociedade, na qual as pessoas se reconhecem a


si mesmas e estabelecem o diálogo, valorizando as diferenças e os conflitos daí gerados, nutre-se de perspectivas
interdisciplinares para compreender o fenômeno da diversidade cultural, apostando em mudanças na educação, em
sua acepção mais ampla. O “Ensino de Cidadania e Interculturalidade Lusófona no Maciço de Baturité” almeja expor
a culturas entendida como expressão simbólica, mas também como um vetor para o desenvolvimento e um direito à
cidadania que visa a interação entre as mais variadas culturas dos países presentes na Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, UNILAB, com a comunidade do Maciço. Sendo a UNILAB uma instituição
de ensino e pesquisa, que reúne docentes e discentes de várias origens socioculturais e históricas - África, Ásia e
Brasil, e tendo a universidade e estudantes como umas das preocupações a inclusão de jovens e maior acesso de
educação encontramos aqui uma oportunidade de oferecer aos jovens estudantes das escolas públicas Municipais da
região uma forma de conhecer, aprender e ampliar os seus conhecimentos sobre os espaços da Lusofonia, através
da dança, musica, teatro e poesia Lusófono.

Palavras-chave: Cidadania,Interculturalidade;, Lusofonia, Cultura

Comunicação oral

GNOSECIDIZAÇÃO E RESISTÊNCIA DOS SABERES TRADICIONAIS


NO VALE DO TOCANTINS-ARAGUAIA:
A EXPERIÊNCIA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NO CAMPUS RURAL DE MARABÁ

RONNIELLE DE AZEVEDO LOPES


IFPA

Este ensaio se propõe a investigar a gnosecidização (morte de conhecimentos) imposta pela colonialidade
tecnocientífica aos saberes tradicionais, bem como analisar a resistência dos saberes – vivências dos povos do campo
no Vale do Tocantins-Araguaia e o seu acolhimento como fenômeno em si mesmo no Campus Rural de Marabá
(CRMB) - IFPA. A partir, da colonização europeia na África, América e Ásia, articulou-se, por meio da tecnociência,
um colonialismo epistemológico em todas as partes do globo. As principais consequências deste processo em todo o
planeta foram à europeização do mundo, a marginalização dos povos não europeus, a inferiorização, ridicularização
ou folclorização dos diversos saberes não tecnocientífico, e neste sentido, se articulou uma dinâmica de
gnosecidização. O Vale do Tocantins-Araguaia, na Amazônia Oriental, não foi poupado deste processo. Desta feita,
a primazia e hegemonia tecnocientífica, em todas as áreas da teoria do conhecimento, entre elas na “Pedagogia”, se
desdobra anulando os saberes tradicionais, no caso amazônico no Vale do Tocantins-Araguaia, de comunidades
indígenas, quilombolas, ribeirinhas e campesinas. Algumas questões orientam a problematização da investigação:
Quais os principais reflexos dos desdobramentos da gnosecidização no Vale do Tocantins-Araguaia? Por que em
geral o currículo, desdobrado da teoria do conhecimento, não dialoga com os saberes dos povos do campo? Quais
discursos e práticas, na educação do campo experimentada no Campus Rural de Marabá-PA, configuram movimentos
de resistências dos povos do Vale do Tocantins-Araguaia à gnosecidização? Que caminhos apontam para um
acolhimento dos saberes tradicionais neles mesmos, isto é, para além da gnosecidização?

Palavras-chave: Tecnociência, Gnosecidização, Resistência, Saberes Tradicionais, Vale do Tocantins-Araguaia

Comunicação oral

A LEI 10.369 E O COTIDIANO ESCOLAR NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE ENSINO,


NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO

SALVADOR CESAR DE OLIVEIRA


SEEDUC/RJ

Levando-se em consideração uma sociedade multifacetada é imprescindível a compreensão da diversidade cultural


que compõe o cenário brasileiro, sem hierarquização de uma cultura sobre a outra. Na comunidade escolar que
atuamos como proposta de desconstrução em questão, propomos aos alunos e alunas do ensino médio, terceiro ano

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 74
da formação geral, a atividade avaliativa no quarto bimestre de seminários momento em que de forma mais incisiva
amparados na Lei 10.639/2003 buscamos junto aos discentes o levantamento de intelectuais negros ligados ou não
a acadêmica em diversas áreas da sociedade brasileira. Para que estes obtenham informações e conhecimentos
sobre a produção teórica negra na construção do conhecimento, bem como na realização de uma sociedade mais
democrática e equitária. Os discentes realizam levantamento bibliográfico e apresentam seminários da trajetória de
vida e intelectual de negras e negras de todas as esferas sociais e educacionais. A atividade promovida acontece
interdisciplinarmente nas disciplinas de Sociologia e Filosofia proporcionando uma discussão aberta e sem medo sobre
o racismo destacando que o lugar do negro não é só no samba, no pagode, no funk e futebol. A partir das discussões
e debates apresentados pelos discentes promove-se a desconstrução e enfrentamento do preconceito velado. No
ambiente escolar o desconhecimento da Lei 10.639/2003 nas diversas disciplinas que compõem o currículo escolar
por partes dos docentes, quando os jovens ficam surpresos por não lhes serem apresentados informações a respeito
da presença do negro na construção da sociedade brasileira. Notam que o lugar do negros e mestiços perpassa todos
os espaços sociais para além da determinação operacional. Identificam que os conteúdos que eles têm acesso ainda
seguem orientações de base eurocêntrica e na maioria das vezes sob uma visão folclórico. O descaso da escola com
a Lei 10.639/2003 evidencia o descompromisso com população negro e o desrespeito em direção a dignidade humana.
A atividade proposta para os discentes “ Intelectuais negros e negras” é uma ferramenta de ensino que aplica a lei de
modo interdisciplinar e possibilita a autoafirmação dos discentes negros através do conhecimento de outras
representações sobre os sujeitos negros e negras na sociedade brasileira.

Palavras-chave: Sociedade – ambiente escolar - Educação Básica෮ Lei 10.639

Comunicação oral

RELAÇÕES ÉTNICORRACIAIS E ENSINO DE GEOGRAFIA NA FORMAÇÃO INICIAL:


PRÁTICAS DOCENTES E CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA

SIMONE ANTUNES FERREIRA


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROFESSOR ISMAEL COUTINHO- IEPIC/NITERÓI

A emergência da temática da pluralidade cultural na contemporaneidade nos debruça sobre a “questão multicultural”
e conhecimento escolar, que, em diferentes escalas, é um desafio encontrado na educação básica e no ensino
superior. Apesar da heterogeneidade cultural dos povos não ser um fato recente, o reconhecimento desta pluralidade,
outrora silenciada, é reivindicado por grupos sociais marginalizados e mostra a urgência da temática. O presente
trabalho é fruto das observações e, sobretudo, das vivências em turmas do Curso Normal do Instituto de Educação
Professor Ismael Coutinho localizado no bairro de São Domingos, em Niterói-Rj, cujas ações dizem respeito a
reinterpretações do currículo mínimo de Geografia a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnicorraciais e da Lei 10.639/03 com a proposta de uma educação apoiada na interculturalidade crítica,
uma educação antirracista. As atividades foram planejadas e construídas com auxílio do PIBID-Geografia da UFF-
Niterói com intuito de promover maior reflexão sobre como o currículo e as práticas docentes imprimem no plano da
Representação, Memória e Identidade imaginários hegemônicos e preconceituosos. Por isso, priorizamos trabalhar
com autores e autoras negras, tais como Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Chimamanda Adichie,
Andrelino Campos, Milton Santos, Muniz Sodré e Gabriel Siqueira que em suas obras dialogam, direta ou
indiretamente, com os conteúdos da Geografia e nos incentivam a pensar metodologias outras de ensino-
aprendizagem que rompam com referenciais eurocentrados. Também dialogamos com movimentos sociais que
através do audiovisual visibilizam lugares, personagens e acontecimentos em que negras e negros foram
protagonistas. No que tange a formação de indivíduos críticos, este trabalho buscou contribuir com uma reflexão-ação
sobre a particularidade de atuar no Curso Normal, aguçando nos futuros docentes a busca por outros referenciais
sócioespaciais.

Palavras-chave: Interculturalidade, ensino de geografia, formação inicial,

Comunicação oral

‘OCUPA MAUÁ’: ALUNOS DA REDE FAETEC E TRÂNSITOS EM SEU LUGAR COMUM

VANESSA DE ANDRADE LIRA DOS SANTOS


UERJ

Em março de 2016 uma greve foi declarada na rede FAETEC, trazendo à tona pautas consequentes do descaso por
parte do Estado com a educação. Abandono que atravessa décadas e que culmina no que professores, alunos e toda
sociedade presenciam enquanto desmonte de estruturas físicas e ideológicas que deveriam servir ao processo de
formação humana. Poucas semanas após o início da greve dos professores e funcionários das escolas estaduais e

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 75
técnicas, os alunos de várias campus da rede começaram a se organizar, dando início às ocupações dos seus espaços
escolares. A unidade que dá nome ao movimento “ocupa Mauá” chama-se ETE Visconde de Mauá, unidade de ensino
médio técnico localizada no campus de Marechal Hermes, no Rio de Janeiro. O objetivo que nos cabe é, a partir de
uma micro-escala, tomando como referência o “ocupa Mauá”, pensar a respeito de questões que nos fazem refletir
sobre a própria escola, suas formas de habitação e suas estratégias de poder. Impossível responder, pautados em
qualquer certeza, os questionamentos amplos que transbordam do movimento das ocupações. Qual o sentido do
espaço escolar enquanto ambiente de aprendizado? O que de fato compreendemos como “conteúdos” que estes
jovens devem aprender na escola? Como se dá o próprio processo do aprender? Podem nos parecer perguntas
antigas, até ultrapassadas, mas elas ecoam como vias de necessárias e constantes revisitações, já que o espaço
escolar é evidenciado e posto em jogo, e nenhuma resposta reducionista é capaz de organizar objetivamente o que
se desenrola no campo da ação. Ocupar as vias da escola implica mais do que habitar ordenadamente seus espaços,
significa a dura tarefa de se entender como parte de uma dinâmica ainda a ser construída e reconstruída, em um
processo de constante retorno às perguntas que nos fazem pensar sobre o que move genuinamente seu território.

Palavras-chave: Ocupações, Juventudes, Jovens e escola, Cotidiano escolar

Comunicação oral

O PROBLEMA DA EVASÃO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DE ANGRA DOS REIS

VIVIAN DE LIMA MENINO


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/IEAR

Este trabalho apresenta recorte de pesquisa monográfica desenvolvida no Grupo de Pesquisa em Educação
Matemática, sob a orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas, no curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto
de Educação de Angra dos Reis, Universidade Federal Fluminense. Essa produção está alicerçada em três pilares
que sustentam a estrutura da pesquisa num processo dinâmico de desenvolvimento e construção, são eles: EJA,
Evasão e Educação Matemática. Eles foram pensados a partir de uma experiência que vivenciei no estágio em
Educação de Jovens e Adultos. O processo de estudo envolve pesquisas bibliográficas, coleta de dados e entrevistas.
Tem como objetivo investigar a matemática como um dos fatores preponderantes de evasão-escolar na EJA. Partindo
da história da EJA, me apoio em Fávero e tantos outros com os quais dialoguei, e que de certa forma me ajudaram a
desenvolver uma concepção crítica em relação a essa modalidade de ensino. No segundo momento, faço menção à
evasão escolar na educação de Jovens e Adultos. Trago autores como Arruda, Silva, Freitas e outros, que através de
seus escritos, nos apresentam a evasão nos seus diversos ângulos, seja no que concerne aos fatores determinantes,
seja na dimensão territorial a qual foi pesquisada. A última vertente está pautada no desdobramento em apresentar
uma matemática voltada para a realidade do “humano”, partindo do processo de resignificação dos saberes adquiridos
através das experiências advindas da vivência dos sujeitos da EJA, respeitando sua identidade, suas especificidades
e suas particularidades. Para isso, me utilizo da obra de D’Ambrosio, e sua proposta de Etnomatemática.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação Matemática; Evasão Escolar.

Poster

A EDUCAÇÃO E OS DESAFIOS PARA OS ASSUNTOS ÉTNICO-RACIAIS:


DIRETRIZES EDUCACIONAIS NA ATUAL CONJUNTURA POLÍTICA

MARCOS OLIVEIRA CAMPOS


SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE PARATY

A primeira década dos anos 2000 foi marcada por forte ascensão social e valorização da cultura de base. Exemplo
disto é a lei 10.639/2003 (que teve sua ampliação através da lei 11.645/2008), que tornou obrigatório o ensino do
tema: "História e Cultura Afro-brasileira e Africana". A lei nunca foi totalmente aplicada, isto em meio a uma política
educacional favorável a valorização da cultura das minorias. Uma preocupação dos movimentos raciais é: como isto
ficará após a turbulenta maneira de troca de governo, e de ideologia de políticas públicas ocorrida no meado de 2016?
O incentivo aos professores quanto à utilização, em seus planejamentos, de práticas educativas contempladoras da
História da África e Cultura Africana, perseguindo acalentar nos discentes pretos, autoestima e gratulação quanto sua
etnia e historicidade; perpassando pela tolerância de qualquer tipo no ambiente escolar, incentivando um Plano Político
Pedagógico mais amplo e combativo ante conjuntura atual da política nacional, onde ações afirmadores são renegadas
frente a política contrarreformista da burguesia; faz-se necessário. Tendo como base as citadas leis, buscar-se-á
investigar sua implementação numa escola imergida numa comunidade quilombola de Paraty, região da Costa Verde
fluminense; respondendo sobre o conhecimento e a implementação da lei, racismo escolar numa comunidade
predominantemente e culturalmente negra, entre outros questionamentos inerentes ao tema. Para a coletânea de

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 76
dados, propõe-se a observação participante, entrevista semiestruturada com a comunidade escolar a dissecação
bibliográfica e documental. Com embasamento nos estudiosos e na legislação se espera compreender as questões
sobre a discriminação e sobre valorização da cultura negra.

Palavras-chave: lei 10.639/2003, lei 11.645/2008, Paraty, quilombola

Comunicação oral

ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA: REFLEXÕES E PROPOSTAS

ALESSANDRA DOS SANTOS CALHEIRO DA COSTA


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - IEAR

O presente trabalho monográfico traz em seu contexto uma reflexão sobre o processo de alfabetização matemática
no primeiro e segundo anos do ensino fundamental. Na perspectiva de demonstrar que o processo pode ocorrer de
modo diversificado com auxílio de jogos e concomitante a língua materna, nesse caso a língua portuguesa. Utilizando-
se de autores como Ubiratan D'Ambrosio que sinalizam que o ensino de matemática tem de levar em consideração a
cultura na qual os alunos estão inseridos tendo assim o melhor aproveitamento do conhecimento prévio que as
crianças possuem antes de serem inseridos no contexto escolar. Emília Ferreiro e Lev Semenovich Vigotski que
defendem que o processo de alfabetização matemática pode ocorrer concomitante ao de língua portuguesa,
ressaltando que as crianças têm contato com o mundo letrado e os números muito antes de frequentar a escola.
Com base nesses autores e a luz de uma reflexão sobre o processo atual de alfabetização matemática a pesquisa
traz algumas propostas de jogos e atividades que estão postas nesse trabalho, visando ampliar o acesso a fontes de
atividades diferenciadas para o ensino de matemática.

Palavras-chave: Alfabetização matemática, cultura e etnomatemática.

Poster

ALFABETIZANDO MATEMATICAMENTE ALUNOS DO 3° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL


EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS

LILIANE R.FERREIRA JORDÃO


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-IEAR

O presente trabalho monográfico está sendo desenvolvido no interior do Grupo de Pesquisa em Educação Matemática
do IEAR/UFF sob orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas, no curso de Licenciatura em Pedagogia deste
instituto. O tema deste trabalho está interligado com a área da Educação Matemática, tendo como foco a
“Alfabetização Matemática para os alunos do 3º ano do Ensino Fundamental da Educação Básica, e do 3º ano do
Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Objetiva responder as seguintes perguntas: (1) Como se dá a alfabetização
Matemática para o 3° ano da educação básica? (2)Como diferenciar os conteúdos das crianças do 3° ano escolar do
ensino fundamental e dos jovens e adultos da EJA? Como referências para a pesquisa selecionamos os Parâmetros
Curriculares de Matemática, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e alguns teóricos do tema, tais como Kamii,
Danyluk e D’Ambrosio. Além destes, destacamos Paulo Freire, para quem, o objetivo maior da educação deveria ser
conscientizar o aluno principalmente em relação às parcelas da população desfavorecidas, como é o caso dos
estudantes da Educação de Jovens e Adultos, que tem sido destinada, principalmente, a jovens e adultos que não
deram continuidade em seus estudos e para aqueles que não tiveram o acesso ao Ensino Fundamental e/ou Médio
na idade apropriada.

Palavras-chave: Alfabetização Matemática, Educação Matemática, EJA.

Poster

O LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA DE ENSINO


DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

DAIANE ALVES BARBOSA DE SANTA' ANNA


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE_IEAR

Esta pesquisa monográfica foi desenvolvida no interior do Grupo de Pesquisa em Educação Matemática, e é resultado
da minha observação e participação em uma rede de ensino na Educação Infantil, onde tive questionamentos sobre

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 77
como o brincar contribui para a aprendizagem escolar? Quais são as atividades lúdicas desenvolvidas na turma
analisada que envolvem conhecimentos matemáticos e contribuem para a formação dos estudantes? Como são
desenvolvidas as atividades lúdicas envolvendo conhecimentos matemáticos no processo ensino aprendizagem no
CEIM Denise Mendes Lopes de Souza? Tivemos como respostas, dentre outras, a utilização dos jogos de dominó,
circuitos, pega varetas, jogos com números. Analisamos que o lúdico é um dos métodos para se ensinar a matemática,
e precisa ser mais explorado e utilizado pelos professores. O lúdico envolve, em geral, o bem-estar para o aluno,
desenvolvimento, dinamismo, regras, autonomia e o prazer de estudar brincando. A partir desta pesquisa vimos o
quanto o lúdico faz falta no cotidiano de nossas crianças impossibilitando o seu crescimento de ensino aprendizagem.
Porém, vimos que muitas escolas poderiam investir mais em cursos de capacitação de seus profissionais para o
melhor uso de materiais lúdicos, brinquedoteca, faz de conta, etc.

Palavras-chave: Lúdico; Aprendizado; Jogos; Matemática.

Poster

BRANQUIDADE E BRANQUITUDE NA ESCOLA: APONTAMENTOS

MARLENE DE SOUZA OLIVEIRA


AHYAS SISS
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Este trabalho tem por objetivo apresentar um recorte da minha dissertação com uma revisão de literatura sobre os
conceitos de branquidade e branquitude bem como a construção de uma linha histórica de tais conceitos a partir da
produção acadêmica brasileira e estrangeira. Para a compreensão da branquidade e da branquitude em um
desdobramento com o racismo contemporâneo, este estudo traz uma revisão teórica do conceito de raça produzido a
partir do pensamento acadêmico europeu do século XIX. Sabendo que as identidades raciais são socialmente
construídas, e lembrando o passado escravagista brasileiro, considerou-se o processo de construção do nosso país,
com uma elite branca no poder e o racismo sendo esboçado de forma que ao excluir o negro, buscava-se uma maneira
de reafirmar a soberania hegemônica fortemente estabelecida durante séculos em nossas terras. Partindo desta
reflexão, foi apresentada uma análise da presença da branquidade e da branquitude nas práticas pedagógicas do
universo escolar, espaço de diversidade étnico-racial, entendida aqui como uma teia onde se dão as primeiras relações
sociais dos sujeitos. Sendo a escola um espaço sociocultural em que as diferentes identidades se encontram e se
modelam, caracteriza-se, portanto, como um dos lugares mais importantes para se educar com vias ao respeito e à
diferença. Para tal, foram ouvidas duas professoras que se autodeclaram brancas e que atuam em turmas de anos
iniciais em uma escola da rede municipal de Nova Iguaçu. Procurou-se investigar se as mesmas ao longo de suas
vidas haviam percebido terem usufruído de privilégios por serem brancas e como/se as mesmas percebiam a
branquidade na elaboração de suas práticas pedagógicas. Este trabalho procurou compreender se o racismo
observado nas práticas do universo escolar continua a exercer uma padronização pautada por ideais eurocêntricos,
além de buscar investigar se sujeitos brancos são conscientes de sua posição de privilégio simbólico e material sobre
os sujeitos negros e da manutenção de seu status quo como consequência da sua identidade branca.

Palavras-chave: Branquidade, Branquitude, Racismo, Raça, Educação

Comunicação oral

ANIVERSÁRIO DE 100 ANOS DA VOVÓ MARIA: IDOSOS EM PAUTA

ERICA PEREIRA MOTA


PMAR-SECT

A partir de uma aula-passeio, baseada na pedagogia do trabalho de Celestin Freinet, nós, do pré escolar II (crianças
de 5/6 anos), da E. M. Brigadeiro Nóbrega, comemoramos os 100 anos de Dona Maria: mulher, negra e caiçara da
Ilha Grande. O currículo tem o poder de trazer à vista os invisíveis do cotidiano, tão caros ao trabalho com as crianças,
que percebem as coisas aos poucos, iniciando pelo que está ao seu redor. “O processo de algo tornar-se consciente
está, acima de tudo às percepções que nossos órgãos sensoriais recebem do mundo externo” (Freud, Moises e o
Monoteísmo). Considerando que as crianças convivem, conviveram ou sabem da existências de avôs e avós, que a
escola se fará melhor quanto mais envolver e dialogar com os familiares, que a cultura tradicional pode ser transmitida
através daqueles que a viveram, que a afetividade é um fator importantíssimo na aprendizagem; considerando também
o que diz o estatuto do idoso, na Lei 10.741, 1/10/2003, onde vemos: Art. 10, ℥1o, V- Participação da vida familiar e
comunitária; Art 22, Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 78
ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir
conhecimentos sobre a matéria; o processo de educação por mim impetrado, propõe que as crianças ‘vejam’, através
dessa atividade, o que ocorre na vida, especificamente o existência e modo de vida da pessoa idosa, fazendo com
que a escola seja uma extensão da vida, e não algo aleatório e distante dela. Façamos os direitos e os idosos existirem.
A fase idosa da vida, ainda tem muito que ser valorizada. É urgente descobrir maneiras de registrar, divulgar e
conservar o que os idosos tem a dizer. Comecemos pela escola.

Palavras-chave: currículo, prática pedagógica, aula-passeio, idoso,

Comunicação oral

POLÍTICA CURRICULAR “ENTRE JOVENS” E SUAS RELAÇÕES DE CONTROLE DA JUVENTUDE

YAÇANÃ TORRES DO AMARAL SANT' ANNA


HELANI PEREIRA DO AMARAL
UERJ

O presente trabalho se insere na linha de pesquisa “Currículo, Sujeitos, Conhecimento e Cultura”, e no projeto de
pesquisa “Currículo, subjetividade e diferença”, desenvolvida pelo grupo de pesquisa coordenado pela professora
doutora Elizabeth Macedo. Essa pesquisa analisa o documento curricular de implantação do Programa Entre Jovens
nas escolas Municipais do Rio de Janeiro (RJ). Com base no documento oficial “Passo a passo para implantação da
Metodologia Entre Jovens” (sem ano de publicação) distribuído para as escolas interessadas em receber este
Programa, ele é direcionado aos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e almeja um resgate dos conteúdos de
Língua Portuguesa e Matemática. A análise visa refletir acerca do discurso de qualidade do ensino e dos processos
de avaliação do Programa, problematizando as relações do processo formativo e suas ferramentas de verificação do
saber, em busca de resultados ao longo do percurso da aprendizagem do estudante. Com base nas discussões de
Lopes e Macedo (2011), lemos a avaliação como um mecanismo de controle dos alunos e dos estagiários com sua
eficácia pautada na seleção de saberes dos conteúdos legitimados por essa prova e no endereçamento dos sujeitos
ao local de interesse dessa política. Num diálogo com Arjun Appadurai, propomos pensar a avaliação na ordem das
paisagens, sendo simulacros, capturas frágeis de um imaginado que sempre está por vir, como fotografias que
congelam um instante mas que não dão conta de revelar os detalhes da cena (YAÇANÃ & PAULO,2016). As duas
únicas avaliações do programa não seriam o bastante para contemplar todos os aspectos trabalhados nessa Política,
demonstrando assim que o interesse final da Política está na avaliação numérica que acontece por essas duas provas.
A avaliação do Programa tem os números como uma prática cultural de fabricação de determinados tipos de pessoas
(Popkewitz, 2013). Sendo assim, lemos a avaliação como uma paisagem impotente que deixa para trás informações
que precisariam ser levadas em conta, sendo ainda um instrumento de controle das práticas dos estagiários e de
ranqueamento dos alunos para garantir o que essa Política entende como sendo um ideal de qualidade.

Palavras-chave: Currículo, Avaliação, Controle, Entre Jovens, Juventude

Comunicação oral

ATIVIDADES LÚDICAS DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

FRANCIELE FERREIRA DE ALENCAR


IEAR

Saber contar de 1 a 10, nem sempre está relacionado á aprendizagem do processo de numerização pela criança.
Bertoni diz que “contar é quantificar o nome do número e aplicá-los, um após o outro, ao elemento de contar e
quantificar.” O autor aponta que para a aprendizagem é fundamental quatro pontos – a utilização ordenada dos nomes
da cadeia numérica; a correspondência única; a organização da ordem de contagem; e o princípio cardinal. E atividade
da melancia, em cada etapa, trabalha esses pontos. É uma atividade lúdica que ajuda no desenvolvimento cognitivo
dos alunos. A primeira etapa da atividade é a montagem da melancia em ordem sequencial de 1 a 8 e, com mediação
para que a criança oralize os nomes da cadeia numérica na montagem, e acerte a sequencia. Depois são sorteados
os números de 1 a 8, para que a criança coloque a quantidade no numeral correto e, para isso ela deve contar, e com
mediação para que ela não conte duas vezes a mesma semente ou esqueça alguma, chamada por bertoni de
correspondência única. Também apontando a criança que mesmo mudando a posição da semente a quantidade não
varia e auxiliando para a conservação do que já foi contado e do que não. E durante o processo pedir sempre a
contagem e trabalhar com ela para colocarem ou retirarem sementes para obter a quantidade correta. Tendo por fim
a melancia completa.

Palavras-chave: Atividades lúdicas, numerais

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 79
Poster

ATIVIDADES LÚDICAS COMO FACILITADORAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM


DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

MARIA LÚCIA PEREIRA


UFF

O presente trabalho é um recorte de pesquisa em desenvolvimento, sob orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas,
no Grupo de Pesquisa em Educação Matemática do IEAR/UFF. Tem como tema: Atividades Lúdicas de Matemática
no Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) que visem apresentar ou ampliar conhecimentos da área, facilitar o diálogo,
etc. O estudo pretende responder às seguintes questões: i) O que indicam documentos da área da educação e teóricos
a respeito das atividades lúdicas envolvendo conhecimentos matemáticos? ii) Quais atividades lúdicas podem ser
aplicadas nos anos do ensino fundamental I? Para justificar a importância das atividades lúdicas na construção de
conhecimento e saberes matemáticos, procuramos através de atividades concretas de aprendizagem matemática
evidenciar o uso de jogos como recursos indispensáveis no contexto escolar. Sabendo que, o Currículo atual
recomenda considerar o aspecto lúdico da matemática e aproximação á realidade das crianças, fazem-se necessárias
reflexões, discussões dos docentes sobre a prática em sala de aula, e a inserção de ferramentas, que são os recursos
facilitadores para uma descoberta significativa, permitindo que o aluno manuseie, visualize e tenha a oportunidade de
construir seus conhecimentos de forma concreta. Durante esse processo de aprendizagem é preciso oferecer aos
alunos acesso a materiais diversificados, onde ele possa questionar sua própria resposta, construindo seu
conhecimento de maneira reflexiva. Desta forma, buscamos um olhar para as atividades lúdicas, que sendo um objeto
sociocultural, natural, onde a matemática está presente. Considerando também, o desafio que o jogo provoca no
indivíduo, gerando interesse e prazer. Por isso o professor dever analisar as atividades lúdicas como algo que deve
ser usado com cunho pedagógico, usado no momento adequado e não como simples passatempo.

Palavras-chave: Atividades lúdicas, ensino e aprendizagem da matemática, educação básica.

Poster

FORMAÇÃO DE PROFESSOR X ESTÁGIO NAS TURMAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL:


UM LUGAR DE DESCOBERTAS

LUCIANA HALLAK PAULO


JOSIANE PENHA LIMA FRANCISCO
SEEDUC / CEAV

A nova Constituição de 1988 e a LDB 9394/96 determinam que a responsabilidade, porém não exclusiva, pela oferta
de educação infantil é dos municípios. Dessa maneira, os órgãos federais responsalizam-se principalmente pela
orientação sobre os padrões e regras de atendimento que devem ser seguidos pelos sistemas educacionais estaduais
e municipais, incluindo-se aí as escolas privadas e as instituições subvencionais com recursos públicos. E cabe as
Escolas de Formação de Professores (Ensino Médio) as Universidades (Ensino Superior) formarem os profissionais
para atuarem nessa área. Nesse contexto utilizaremos o estágio obrigatório como fonte de informação para o relato
dessa experiência, através das observações do caderno de campo da aluna. A experiência de observar algumas
práticas pedagógicas nas salas de educação infantil revela “o encantamento” de descobertas, construções e
desconstruções de novos conceitos, podendo assim refletir sobre a sua própria futura. E isso fica claro quando em
suas anotações lemos as seguintes indagações: “O que esperamos que nossas crianças aprendam da Educação
Infantil? Esperamos que elas aprendam a pintar? A desenhar? Esperamos que elas voltem pra casa com “educação”?
Não! Não podemos esperar “somente” isso, pois a Educação Infantil vai além dessa expectativa de uma produção
material, palpável e visível aos olhos ou de comportamentos socialmente corretos. Nas escolas que pude acompanhar
o ensino/aprendizagem dessa modalidade pude observar ações muito mais amplas que meus pensamentos. Vi
crianças tendo acesso a processos de apropriação e renovação de conhecimentos em simples atividades cotidianas
que muitas vezes não damos nada por elas.” (Relatório do Estágio em Educação Infantil – Josiane, setembro/2017).
Essas indagações da aluna nos faz refletir sobre a importância do estágio na formação do professor, mas sobretudo
como a expectativa de alguns conceitos e práticas do que é ser professor se aproxima do que de fato é o professor
em sala de educação infantil.

Palavras-chave: Educação Infantil, Estágio e Formação de Professor

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 80
FORMAÇÃO DE PROFESSORES, RELAÇÕES INTERCULTURAIS,
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: ESTIGMAS E DESCONSTRUÇÕES

THAMYRES MONTEIRO
CAROLINA BARROS
UNIRIO

Ao pensarmos com os autores que se dedicam ao tema da diversidade relacionado ao currículo como, Tomaz Tadeu
da Silva e Marisa Vorraber Costa, fazemos uma relação sobre a formação do professor e a construção curricular da
escola. Esta acaba reforçando a reprodução das desigualdades e desconsidera as singularidades, as experiências e
a diversidade cultural tanto do educando como do educador. Diversas vezes os professores são vistos como técnicos
ou meros burocratas, mas na verdade são pessoas ativamente envolvidas nas atividades da crítica e do
questionamento, a serviço do processo de emancipação e libertação como diz Gramsci: "professores como
'intelectuais transformadores' dando voz aos estudantes a partir da necessidade de construção de um espaço onde
os anseios, os desejos e os pensamentos dos estudantes possam ser ouvidos e atentamente considerados". Em um
país tão diverso como o Brasil, não podemos formar parâmetros de avaliação que promovem análises rasas que focam
apenas em determinados conteúdos. É necessário pensar em análises onde diferentes grupos possam ser
representados e que as suas realidades estejam presentes nessas avaliações. Os educadores precisam deixar claros
seus ideais e caminhos que querem construir para uma educação que promove a formação de um ser humano justo,
igualitário, defensor dos direitos humanos e que seja capaz de combater as desigualdades e principalmente crítico
capaz de intervir na sociedade e transformá-la. A preocupação com a formação deste profissional tem que estar
sempre em evidência não apenas da realidade na qual eles vivem, mas como esta realidade foi construída, o
conhecimento sobre as outras situações e realidades. Este profissional deverá estar preparado para desafios que
ultrapassam " a noção de transmissores de informação" (COSTA, pg 52).

Palavras-chave: Formação de professores, relações interculturais e práticas pedagógicas

Comunicação oral

CLASSIFICAÇÕES DA CULTURA E SUAS INTER-RELAÇÕES

DIEGO DE ARAUJO GARCIA


AMANDA DUTRA PINHEIRO
LEANDRO PEDRO DA SILVA
UNIRIO

Ao pensarmos com os autores, Vorraber, Montiel que sededicam ao tema sobre cultura, destacamos alguns pontos
sobre alguns conceitos de cultura e sua inter-relação. Sem a intenção de sugerir novas concepções ou romper as
atuais, destacamos que existiu quem procurasse por uma cultura brasileira definidora de todos os nossos traços
culturais; A expressão máxima da nossa nação. Antigamente, para algumas pessoas, ter cultura seria um
distanciamento entre classes. Hierarquizando não somente os "tipos de culturas", mas também as pessoas através
das classes que pertenciam. Exatamente o tipo de atitude criada pela elite na qual considerava sua cultura melhor e
superior as demais, sendo a "alta cultura". Nesse aspecto da hierarquização de culturas, a erudita seria exclusiva da
classe alta/elistista intelectual. O acesso à cultura erudita é facilitado para a aristocracia justificando ser um produto
de investigação. Assim, é agregado valor monetário aos bens culturais e quem tem menor poder aquisitivo é excluído
de sua contemplação. A cultura erudita pode ser marcada por santuários", universidades, tradições litarárias, teatro,
museus, biblioteca, etc. Diferentemente da cultura popular, esta direcionada ao coletivo/as multidões reproduzida
através da oralidade, das tradições, religião e de uma forma geral, maneiras em que a classe baixa encontrou de se
expressar. A cultura popular se diferencia da cultura erudita pois ela surge a partir das tradições e costumes e é
passada essencialmente de geração para geração, essa cultura se dá, muitas vezes, surge a partir dos rituais
religiosos como no Brasil a Folia de Reis, Festa de São João, Círio de Nazaré no Pará, o jongo, a capoeira e outras.
A cultura popular ela se modifica, se reinventa a todo instante, ela captura todas as culturais ao seu redor como a
cultura de massa ou erudita e incorpora a sua forma de fazer cultura. Ao ver a cultura como algo amplo sem ser um
produto, podemos induzir que toda cultura é popular, logo distanciar a cultura erudita e cultura de massa da cultura
popular pode ser muito complexo de se distinguir, mas isto é por que a cultura popular ela é a cultura ‘primitiva’, neste
sentido a cultura primária, é desta cultura que surgem todas as outras, como a erudita e a de massa. Com o tempo o
conceito de cultura vai se transformando. A cultura é um processo de construção desconstrução e reconstrução.

Palavras-chave: Cultura, erudita, popular

Poster

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 81
A FORMAÇÃO DE NOVOS AGENTES DAS LEIS 10.639/03 E 11.645/08 CONTRA “O RESTO DO MUNDO”

AMAURI MENDES PEREIRA


DTPE-IE-UFRRJ

Este trabalho investiga o impacto da disciplina ERER-Educação e Relações Etnicorraciais na Escola, recém
institucionalizada (na UFRRJ, em 2013) obrigatória para todas as licenciaturas, a partir da práxis pedagógica no
exercício e acompanhamento de seis semestres ininterruptos do curso. Observamos que rejeitar a condição de “gueto”
acadêmico, apesar de sua especificidade, é a primeira responsabilidade. As problematizações do euroetnocentrismo
curricular e de procedimentos pedagógicos “bancários” (Freire, 1975), podem funcionar como um motor, gerando
novos olhares sobre a complexidade da questão racial na vida social, e na organização de atividades educacionais.
Abordar e valorizar a trajetória das populações negras e indígenas já seria uma boa razão para a adoção da disciplina.
Mas é mais do que isso! É essencial, ainda que brevemente devido ao tempo exíguo e amplitude de temas e
conteúdos, historiar e contextualizar fontes, processos, eventos (locais, regionais e nacionais), problematizando a
invisibilização da questão racial em narrativas mais influentes sobre a formação do Estado nacional e o
desenvolvimento da sociedade brasileira. Necessário, também, enfatizar que a criação da disciplina não decorre do
acúmulo de massa crítica na área das Ciências Humanas a respeito dos temas em tela, mas representa, isso sim,
conquista recente de estudiosos e agentes sociais e políticos “a contrapelo” nas humanidades em geral – Agora temos
História e Cultura Afro-Brasileira e Índígena! Além de reconhecer como intrínsecas as relações entre as trajetórias
daquelas populações e a vida nacional brasileira, é preciso historiar e contextualizar a própria emergência do novo
sub-campo acadêmico – O protagonismo de novos agentes sociais e políticos capitaneados por Movimentos Sociais
Negros e Indígenas nos finais do século XX e no século XXI, que arregaçaram as concepções de Direitos Humanos
e do valor da diversidade cultural.

Palavras-chave: Leis 10.639/-3 e 11.639/08 - Educação e questão étnico-racial - Racismo

Comunicação oral

CARTOGRAFÍAS E CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO NO PIBID DA UNIRIO

JUAN CAMILO RUIZ TRUJILLO


UNIRIO

A presente comunicação visa apresentar o andamento da dissertação desenvolvida no curso de mestrado em


educação na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa partiu de uma breve analise dos sub-
projetos que conformam o Programa Institucional de Bolsas de iniciação à Docência do programa de Pedagogia da
UNIRIO. Mapear e cartografar as trajetórias dos estudantes que fazem e fizeram parte do programa entre o período
de 2009 até 2016 constitui o foco do presente trabalho. Em um primeiro momento a pesquisa pretende avaliar o que
o PIBID tem representado e termos de formação e escolha profissional para os alunos bolsistas. Em segundo lugar,
desde as contribuições das teorias críticas e pós críticas do currículo, o projeto visa pensar se os documentos
analisados constituem uma concepção de currículo, para compreender como aquelas concepções influenciam a
pratica docente e a escolha profissional dos alunos. Para alcançar os objetivos propostos e responder as questões
da pesquisa estão sendo utilizados três aportes metodológicos: as entrevistas semi - estruturadas, o grupo focal e a
análise documental. O projeto tem uma abordagem qualitativa que permite utilizar a técnica de pesquisa do grupo
focal, o qual fundamenta sua constituição em função do problema em questão e a seleção dos participantes conforme
a vivencia dos participantes (estudantes bolsistas) no tema a ser discutido. Trabalha-se e então com a orientação do
que a pesquisadora Zara Brandão chama de triangulação fundamental para a condução do processo de pesquisa e
das entrevistas, especificamente, a saber: Empatia, engajamento mútuo (pesquisador e pesquisado) e objeto de
pesquisa. Por ser uma pesquisa em andamento, são apresentados aqui, aspectos da discussão teórico metodológica
do trabalho. Reconhece a ambição e a necessidade de indagar por métodos mais concretos e efetivos para o
desenvolvimento da proposta aqui apresentada. Por isso a participação de esta pesquisa no 3º Congresso de
Diversidade Cultural e Interculturalidade é apenas uma primeira abordagem que depende e precisa da participação
par ser discutida e retroalimentada.

Palavas-chave:PIBID, Currículo, Cartografías, Prática docênte.

Comunicação oral

GRUPO DE PESQUISA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: RESULTADOS DE PESQUISAS

ADRIANO VARGAS FREITAS

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 82
IEAR/UFF

A comunicação visa apresentar recentes resultados de pesquisas desenvolvidas no interior do Grupo de Pesquisas
em Educação Matemática (GRUPEMAT) do Instituto de Educação de Angra dos Reis. Tendo como foco práticas
curriculares, formação de professores e Educação de Jovens e Adultos, utilizamos a metodologia de estado da arte
visando coletar informações que servirão para posterior construção de materiais que irão subsidiar formações de
professores que atuam em escolas públicas nos municípios da Costa Verde, envolvendo análises e discussões sobre
as especificidades do alunado que recorre à EJA, suas especificidades e objetivos. A proposta emergiu da verificação
da necessidade de ampliarmos as discussões sobre práticas curriculares que envolvam modelos pedagógicos
orientados a alunos jovens, adultos e idosos, que socializem novas concepções de ensino/aprendizagem em
matemática, que promovam a inserção social e cidadania desses estudantes. Consideramos que, nessas
perspectivas, a proposta apresenta relevância social e acadêmica ao buscar contribuir para ampliar a qualidade das
práticas curriculares da EJA e diminuir os alarmantes percentuais de evasão e reprovação, especialmente na área de
matemática.

Palavras-chave: Educação Matemática, Educação de Jovens e Adultos, Currículos

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 83
RESUMOS DO EIXO 10
INFÂNCIA E DIVERSIDADE

AUTONOMIA, INFÂNCIA E APRENDIZAGEM

AMANDA TEIXEIRA RODRIGUES


UFF

O que é necessário fazer com que as crianças despertem interesse para ir à escola? Sempre nos questionamos as
razões para compreender o que realmente é necessário para despertar interesse nas crianças de ir ao encontro da
escola. Será mesmo necessário continuar insistindo em velhas metodologias de ensino? Um ensino que preza pelo
descontentamento do professor e que fere a autonomia dos alunos. A escola têm o objetivo de formar cidadãos para
atuar na sociedade e formar jovens e adultos críticos, autônomos e criativos. Poucas escolas, como a Escola
Comunitária Cirandas, por exemplo, têm a missão de propor um ensino mais dialógico, "aberto", mais focado na
criança e em seu desenvolvimento na aprendizagem. É valorizado a interdisciplinaridade também. Se engana quem
acha que pelo modelo da escola ser "diferente", possa influenciar negativamente na formação dessas crianças. Todas
as crianças são muito inteligentes, questionadoras, e sempre abertas a aprender o "novo". O novo que atrai, move,
muda e que instiga a buscar, conhecer, pesquisar e estar em constante construção. Constante aprendizagem. A escola
se baseia em projetos de pesquisas. Essa metodologia desperta interesse nas crianças. Partindo de um "roteiro"
simples. Os estudantes realizam pesquisas de campo (passeios); registram sobre; pesquisam em casa junto a família;
discutem em sala de aula; escolhem a área de pesquisa.Partindo disso, a educadora tem a missão de elaborar
atividades que abordem os conteúdos que constam no PCN, e que se relacionem com o tema. Dependendo do tema,
pode-se abordar História, Língua Portuguesa, Geografia, Ciências, entre outros.E enquanto isso, o ensino tradicional
continua reforçando a educação bancária, fazendo com que as crianças não questionem e reflitam sobre o conteúdo
que recebem. É fundamental que haja uma reformulação no ensino, para que todo conhecimento pedagógico que
pense em prol da criança sirva de base para que elas sejam convidadas à irem a escola e que isso não se torne uma
obrigação.

Palavras-chave: Autonomia, aprendizagem, escola alternativa.

Comunicação oral

EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA NA ESCOLA:


POSSIBILIDADES DE ENCONTRO COM A INFÂNCIA

VINÍCIUS SAMEIRO CRESPO


SILMARA LIDIA MARTON
UFF

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 84
Essa comunicação contempla o projeto de extensão “Filosofia na Escola: movimentos de escuta sensível”, realizado
por professora e graduando do curso de Geografia do IEAR. Essa proposta filosófica realizada com os estudantes de
uma turma do primeiro ano do Ensino Médio de uma escola pública de Angra dos Reis – Escola Estadual Charles
Dickens, é inspirada na "Filosofia com Crianças". Sua finalidade é também, por meio da escuta sensível e a Arte,
oferecer condições para que se realize a experiência do filosofar a partir da relação, de natureza singular, que cada
estudante tem consigo e com o mundo, ao ser atravessado pelas questões que a própria vida traz. Esta prática está
longe de ser uma disciplina formal e tradicional como habitualmente conhecemos nos ensinos da filosofia, o que se
constitui uma problemática educacional quando se separa da concretude da vida dos estudantes. Serão aqui
desenvolvidos os conceitos que subsidiam esse projeto de extensão e destacados encontros que potencializam os
seus sentidos na direção de experiências de transformação entre os envolvidos – estudantes da escola e o graduando
bolsista de extensão. A introdução da filosofia entre os estudantes na escola se oferece não só como uma ferramenta
para enxergar o mundo e entendê-lo de uma nova maneira, mas sim um caminho de reflexão do próprio ser humano
na história e num contexto. Vislumbra um processo autoformativo e uma maior compreensão da complexidade da
condição humana. Por isso, a intencionalidade do educador ao promover encontros filosóficos para provocar algo novo
no educando capaz de fazê-lo pensar ou repensar a respeito de várias questões de forma que pode até reformular a
estrutura na qual tal pensamento se validava. O projeto de extensão “Filosofia na Escola: movimentos de escuta
sensível” “visa a articulação entre o exercício do pensamento filosófico e a escuta sensível produzida pela audição
musical e pela construção de paisagens sonoras” (MARTON, 2017). Assim, estimula que, pela prática da escuta do
silêncio, da escuta musical, do ato de prestar atenção e de parar para escutar a si, o entorno e o outro, podemos obter
condições mais propícias para o pensar. A filosofia, assim, se interliga com a infância de cada um, porque acontece
como uma experiência marcada pela admiração com as coisas, pela valorização das perguntas e como possibilidade
de criação.

Palavras-chave: Filosofia com Crianças, Escuta Sensível e Infância.

Comunicação oral

MINHA BONECA PRETA DE PANO OU MINHA BONECA DE PANO PRETO

APARECIDA CRISTINA PERFEITO DOS SANTOS


LUCIENE FERREIRA DE SOUZA
DIEGO DOS SANTOS MAIA
GABRIEL PERFEITO MAIA
COLETIVO MULHERES NEGRAS MÃE TERRA
ASANATA ASSOCIAÇÃO ANGRENSE DE FAMILIARES,
AMIGOS E PESSOAS COM TRANSTORNOS AFETIVOS

É uma cartilha direcionada ao Primeiro segmento, 3º e 4º ano com o objetivo principal de falar de certas questões que
ficam marcadas para sempre. Tudo é mais difícil quando se é criança.Certas coisas a gente leva pra vida toda. Essa
menina se chama Sowandê (que significa o velho me guia). É uma menina que percebe que é diferente e encontra na
avó sua melhor amiga e confidente. É através dessa boneca preta de pano ou será boneca de pano preto?-que a
menina Sowandê vai conseguir lidar com a dor e a rejeição por ser diferente. Irá aprender o quanto traz dentro de si
o amor por suas origens e seu povo. O projeto está pronto e foi produzido em Power Point com 18 slides que serão
apresentados com um datashow. O Coletivo Mulheres Negras Mãe Terra faz parte da ASANATA Associação Angrense
de Familiares, Amigos e Pessoas com Transtornos Afetivos que tem o sonho de publicar a cartilha ainda em 2017.
Estamos captando recursos e esperamos ter a oportunidade de apresentá-la no III Congresso de Diversidade Cultural
e Interculturalidade de Angra do Reis que será realizado pelo IEAR/UFF em 2017 n Jacuecanga/Angra dos Reis/RJ

Palavras-chave: boneca pano preta origens povo

Comunicação oral

BULLYING: VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

RENATA DE SOUZA SILVA


UNESA

Bullying, palavra em inglês que pode ser traduzida como “intimidar” ou “amedrontar”, que abrange todas as facetas de
maneiras agressivas, propositais e contínuas, que ocorrem sem motivação aparente, adotadas por um ou mais
estudantes contra outro(s), ocasionando dor e agonia, que são efetuadas dentro de uma relação díspar de domínio.
A presente monografia, baseada numa pesquisa de caráter qualitativo-quantitativo, tem por objetivo caracterizar o
bullying em escolas de ensino fundamental do sistema municipal de ensino do Rio de Janeiro, localizadas na zona

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 85
norte, especificamente na 5ª CRE, através da ótica dos gestores educacionais. O trabalho se apoiou na aplicação de
questionários semi-estruturados junto aos gestores pedagógicos (diretores e coordenadores pedagógicos) quanto ao:
entendimento do fenômeno, a freqüência, seqüelas, opiniões dos participantes sobre o enfrentamento da problemática
e a efetividade da lei 5.089/2009. Os resultados permitiram avaliar a efetividade da lei 5.089/2009 nas instituições de
ensino do sistema municipal do Rio de Janeiro e medir o nível de compreensão dos profissionais da educação acerca
do fenômeno do bullying, suas conseqüências para o alunado e propor políticas públicas educacionais mais eficazes
acerca do enfrentamento deste fenômeno.

Palavras-chave: Bullying. Comportamento Agressivo. Educação.

Comunicação oral

CONSTRUINDO AFETOS

ANDRÉ LUIZ BASTOS DEHOUL


MÁRCIA CRISTINA DE SOUZA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ANGRA DOS REIS

Assim como as estruturas cognitivas, o afeto é construído na relação dialética sujeito/ambiente, sendo sua qualidade
representacional diretamente proporcional à qualidade das relações interpessoais. Visto a unidade escolar como o
espaço social constituído e legitimado para a transmissão e aquisição de conteúdos socialmente construídos ao longo
da história humana, o professor se faz peça determinante neste processo ao atuar como mediador entre aluno e
conteúdo a ser aprendido. Na primeira infância este papel é ainda mais importante, sobretudo nas creches, pois neste
período a criança passa mais tempo na unidade escolar do que em sua própria casa, com seus familiares. Um
profissional fortalecido e ciente da sua importância na relação dialética com o aluno representa, diretamente, um ganho
qualitativo na formação afetiva deste aluno. O projeto construindo afetos foi elaborado pela Secretaria de Educação,
Ciência e Tecnologia de Angra dos Reis, através da Assistência de Saúde Escolar/Departamento de Diversidade e
Inclusão, a partir das demandas levantadas junto a Assistência de Educação Infantil/Departamento de Educação,
Ciência e Tecnologia, tendo como intuito a formação continuada dos profissionais que atuam nas CEMEIS/Creches
da Rede Municipal de Ensino, tomando-se como Bases legais a Lei de Diretrizes e Bases/LDB-1996 e a Resolução
nº 05 de 2009, do Conselho Nacional de Educação. Tendo o materialismo histórico dialético de Friedrich Engels como
base epistemológica, o construtivismo piagetiano e o modelo psicanalítico de Sigmund Freud como bases teórico-
metodológicas, os planejamentos e execuções das ações são focadas no afeto, energia orgânica mobilizadora das
ações dos sujeitos, estruturante e estruturadora do conhecimento. Através da técnica de Grupo Formativo, os
encontros de formação com os profissionais das CEMEIS e Creches objetivam o empoderamento dos profissionais
da unidade de ensino, o fortalecimento do trabalho em equipe e a reflexão sobre o ser-saber-fazer com base na práxis,
visando instrumentalizar a equipe de educadores para um planejamento de ações pedagógicas baseadas no afeto
para a elaboração de interações estimuladoras e significativas para a formação integral das crianças.

Palavras-chave: educação infantil, afeto, construtivismo, grupo formativo

Comunicação oral

EDUCAÇÃO EM REDES E A ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA:


DIMENSÕES CULTURAIS, ECONÔMICAS E SOCIAIS

CLAUDIA ALMADA LEITE


JUREMA ROSA LOPES
UNIGRANRIO

Esta reflexão é oriunda do grupo de estudo Conflitos, Resistências e Novas Legitimidades do Doutorado em
Humanidades, Culturas e Artes da Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO) e objetivou investigar o ensino das
Ciências no contexto das concepções de Educação em Redes e Alfabetização Científica buscando estabelecer uma
inter-relação com diversos autores que abordam estas questões em prol dos processos de formação e
desenvolvimento profissional docente, ensino e aprendizado das Ciências e enfatizem a necessidade de se conhecer
as dimensões culturais, econômicas e sociais que acompanham o desenvolvimento das ciências e das tecnologias. A
Educação em Redes centraliza em um ambiente online todas as atividades de ensino em conjunto com a troca de
informações dos usuários da rede e alimentadas pelos professores e seus alunos que confluem numa perspectiva
dialógica e autônoma no sentido do objetivo da Alfabetização Científica. A Alfabetização Científica pode ser expressa
em termos de finalidades humanistas, sociais e econômicas. As humanistas visam à capacidade de aliar os aspectos
técnico-científico das ciências ao contexto das vivências cotidianas. Ao social garantir a possibilidade do conhecimento
referente às tecno-ciências sejam acessíveis a sociedade possibilitando a sua participação em debates democráticos

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 86
que exigem conhecimentos e um senso crítico, no caminho da participação dos estudantes, como sujeitos histórico-
culturais, na compreensão das diversas culturas, num processo vivências cooperativas. As econômicas e políticas
referem-se à participação na produção de nosso mundo industrializado, no contexto de vivências e convivências, e do
reforço de nosso potencial tecnológico e econômico. Nesta perspectiva buscamos compreender que um estudante
para que seja considerado Alfabetizado Cientificamente é preciso que o mesmo, possua autonomia, capacidade de
comunicação, domínio e responsabilidade, frente a uma situação concreta. A presente reflexão tem como fundamento
as contribuições de Fourez sobre Ciências e Alfabetização Científica, Dotta, Castells e Barkley sobre Educação em
Redes, Fábio Brotto com o conceito de Pedagogia da Cooperação e com o aporte teórico dos conceitos de vivência,
Zona de Desenvolvimento Iminente e obutchenie de Vigotski. Nos apoiamos ainda em García e Nóvoa sobre
Formação e Desenvolvimento Profissional Docente. Concluímos que a Alfabetização Científica e a Educação em
Redes contribuem com o processo de ensino-aprendizagem para ampliar as concepções de ensino das Ciências
referenciadas em práticas docentes cooperativas, dialógicas e argumentativas.

Palavras-chave: Educação em Redes. Alfabetização Científica. Dimensões Culturais, Econômicas e Sociais.

Comunicação oral

O VÍDEO COMO FERRAMENTA DE ALFABETIZAÇÃO:


UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

BERNADETE COLLARES BARROSO BENTO


MESTRADO PROCESSOS FORMATIVOS E DESIGUALDADES SOCIAIS
PPGEDU-FFP-UERJ

Este trabalho tem como objetivo compartilhar e discutir uma experiência de uso de tecnologias de comunicação e
informação na alfabetização de crianças das classes populares, que foi tema de monografia produzida no Curso de
Especialização Alfabetização de Crianças de Classes Populares, da Universidade Federal Fluminense. Pensando a
alfabetização numa perspectiva freireana, como um instrumento de reflexão e de intervenção na realidade, o trabalho
aborda a produção de um vídeo com crianças de 2º e 4º anos do ensino fundamental, numa escola pública municipal,
cuja temática envolveu a história do bairro. O diálogo como autores tais como Walter Filé e Jesus Barbero mostrou
que o vídeo, enquanto instrumento de criação, é possuidor de uma linguagem que precisa ser explorada em todas as
possibilidades, como escritura e como leitura. Produzir o vídeo, nessa perspectiva, permitiu-nos, crianças e professora,
experienciar novas formas de aprender e produzir conhecimento na escola, tanto no que diz respeito ao uso de
ferramentas tecnológicas na sala de aula, como em relação às metodologias para a construção do conteúdo do vídeo.
Análise comparativa de imagens do passado e do presente do bairro, entrevistas com moradores(as) mais antigos(as),
aulas-passeios, dentre outras, foram algumas metodologias usadas no processo. Nos estudos sobre o bairro,
desenvolvidos com o grupo, nos quais permeavam cultura e memória do lugar, os diferentes campos do conhecimento
foram sendo articulados, apresentando-nos além da linguagem tecnológica, uma língua portuguesa, uma história, uma
geografia, uma antropologia, uma botânica que acrescentava novos sentidos à existência tanto da escola, quanto para
cada um(a) de nós, reconhecendo crianças e professora, como sujeitos aprendentes. A experiência coletiva
confirmava a potência do cotidiano escolar como espaço de reinvenção da escola.

Palavras Chave: Alfabetização, Tecnologia da Informação e Comunicação, Cotidiano


Alfabetização, Tecnologia da Informação e Comunicação, Cotidiano

Comunicação oral

CHOQUE CULTURAL ENTE PROFESSORES


E AUXILIARES EM MESQUITA, NO RIO DE JANEIRO

MARIA DE LOURDES SANTIAGO DA COSTA


UNIRIO

Situada em um bairro considerado como zona de risco, a creche em questão atende a moradores do local e está sob
a administração do município há um ano (anteriormente era uma creche comunitária). Sob a responsabilidade
exclusiva de auxiliares de creche se encontravam as crianças desde o início do ano até setembro, quando foram
convocados os professores concursados. Sou uma destas professoras recém chegada e neste um mês e meio pude
observar inúmeras dificuldades de relacionamento entre os adultos com os adultos; dos adultos com as crianças e
das crianças com seus pares. No que se refere aos adultos entre si há um nítido choque cultural entre professores e
auxiliares, sendo estas últimas um tanto rígidas e agressivas com as crianças para impor sua autoridade parecendo
reproduzir o tratamento dado pelos pais que são seus vizinhos sendo todas as auxiliares moradoras da comunidade.

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 87
As crianças por sua vez reagem a este clima geral da creche também com agressividade com seus companheiros
(fato observado em todas as turmas).Mas qual a questão que queremos levantar com este panorama dado ?Pensamos
que há uma espécie de plano de imanência criado por estas relações viciadas que alem de não favorecerem a
educação reforça o aspecto negativo da violência local. As crianças parecem reagir a uma opressão sofrida em casa
que tem continuidade na creche em ações que formam um indivíduo submisso, obediente e não crítico. Vale sublinhar
que tratamos aqui de crianças entre 2 e 5 anos de idade, faixa etária de formação e construção das relações sociais
e do desenvolvimento da individuação. Segundo Winnicott (nosso objeto de estudo na bolsa de incentivo acadêmico)
a agressividade inerente do ser humano pode ser positiva de acordo com o ambiente que a criança se desenvolve;
podendo também, de acordo com a situação tornar-se destrutiva. O autor nos dá uma pista valorosa no que se refere
ao brincar e a realidade, incluindo o adulto na brincadeira da criança que expressa suas emoções, fantasias e desejos
além da valorização de aspectos próprios da sua cultura, desenvolvendo a auto estima e respeito ao próximo através
de jogos lúdicos das relações sociais; vivenciando papeis e reinventando o mundo.

Palavras-chave: choque cultural, agresividade, creche

Comunicação oral

Caderno de Resumos do III Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 88

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