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QUESTÕES: PROCESSOS TÍPICOS NO GÊNERO BIOGRAFIA

Elaborado por Bianca Chaves e Rochelle Oliveira

TEXTO PARA LEITURA E ANÁLISE

Dos trilhos para o mundo


Lourdes Maria Muraro Favarin

No dia vinte e seis de maio de 1940, no Hospital de Caridade, em Santa Maria, no


Rio Grande do Sul, nasceu Marlene Maria Soares Favarin. Era uma menina muito
simpática e divertida. Filha de João e Clara. Sua infância foi muito triste, pois sua
mãe Clara faleceu devido a um câncer quando Marlene tinha apenas cinco anos. O
seu pai faleceu devido a um incêndio enquanto trabalhava em um trem em Santa
Maria. Após esse acontecimento muito trágico, Marlene e sua irmã Carmem ficaram
abandonadas na estação de trem durante uma semana sem ter o que comer ou
beber. Por fim, um casal de tios levou a Carmem, e Marlene foi levada por seus avós
paternos. Apesar de suas perdas, ela era alegre e feliz, mas sentia falta do carinho
de seus pais já falecidos, já que fora criada por seus avós, Marlene também era
travessa e brincalhona, subia em árvores para comer frutinhas, levava o pato para a
cozinha para irritar seu avô e corria muito, pois tinha muita energia. Ela lembra que
seu avô sempre dizia para ela não se aproximar de uma vaca, mas a “rapariguinha”,
como seu avô a chamava, um dia o desobedeceu. Ela mal chegou perto e a vaca
ficou furiosa e começou a correr atrás de Marlene. Elas correram por todo o pátio até
que Marlene entrou em casa e a vaca ficou com a cabeça presa na porta. Marlene
começou seus estudos na Escola Margarida Lopes a partir do segundo ano do
ensino fundamental, porque sua tia, que era professora, a ensinou a ler e escrever
bem cedo, e a inteligência de Marlene também auxiliou neste aprendizado
adiantado, ela se orgulha muito disso hoje em dia. Marlene estudou no Margarida
até o quinto ano do ensino fundamental. Quando tinha doze anos, seu avô faleceu e
ela se mudou com sua avó para uma casa na Avenida Presidente Vargas com a Rua
Serafim Valandro. Por causa da distância, Marlene fez um exame de admissão e
começou a estudar no Colégio Sant’anna. Na mocidade, Marlene recorda com muita
saudade e alegria dos momentos em que brincava de esconde esconde com seus
amigos da rua. Eram vários jovens de dezessete anos se escondendo atrás de
árvores e arbustos dia e noite. Ela tinha cabelos longos, mas sempre variava. Uma
hora estava curto, outra comprido ou com uma cor diferente. Sempre andava bem
arrumada e elegante, todos diziam que ela era muito bonita. Quando adulta, fez
faculdade de economia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e tornou-se
professora de contabilidade no colégio Manoel Ribas. Uma ótima professora gostava
de dar aula e era bem rígida com seus alunos. No período de testes e provas,
Marlene sempre fazia algumas avaliações diferentes das outras para não haver cola
entre os alunos. Então, casou-se com Ruy no dia oito de Janeiro de 1966 e teve dois
filhos: Maria Carmen e Charles, sendo assim, se mudou para Porto Alegre para
complementar o curso de economia na Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS). Após isto, Marlene foi ser professora em São Leopoldo,
dando aulas à tarde e à noite por dez anos. Ela retornou à Santa Maria e voltou a
dar aulas no Colégio Manoel Ribas (Maneco), onde se aposentou. Seus filhos
casaram, ela ficou viúva e saiu a viajar com sua irmã pelo mundo. Almas de suas
viagens mais marcantes foram: para Israel, pois era seu sonho, para o Vaticano,
Roma, Paris e para a Salvador. Atualmente, Marlene continua viajando com
Carmem. Seu sonho atual é viajar para Portugal e Espanha. Essas suas conquistas
ela agradece a Deus e à Nossa Senhora Medianeira, a qual é muito devota. Como
seus filhos se casaram, hoje Marlene é muito feliz com seus amados netos: Marcos
e Tamires, filhos de Maria Carmen, a caçula Lourdes, filha de Charles e também
seus netinhos emprestados, pois os meus amigos também a chamam de vó. Então,
essa é minha avó, eu quis biografá-la porque ela é a pessoa mais importante para
mim. Foi ela quem me criou e me passou seus ensinamentos. Ela é minha avó, ela é
minha mãe, ela é minha inspiração. Vovó sempre me disse para estudar, ter uma
boa carreira e não depender de ninguém. Ela também me disse para nunca mentir,
por mais grave que seja a verdade, nós não devemos a esconder; seguir meus
sonhos, porém, não ficar apenas sonhando, devo fazer de tudo para torná-lo
concreto; ter fé e generosidade com os que necessitam; ser uma pessoa boa uma
com as outras e principalmente, ter amizades, não qualquer amizade porque como
diz vovó: “amigo é alguém que nunca te deixa só”.
Fonte: FAVARIN, Lourdes. Dos trilhos para o mundo. In: CECCHIN, A. S.; MOURA, C. B.; FUZER, C.
(Org.) Pessoas especiais, histórias extraordinárias. Santa Maria, RS: UFSM, CAL, Ateliê de
Textos, 2018.

PERGUNTAS DE LEITURA

● Textual:
1. Como era o comportamento de Marlene, durante a sua infância, quando foi
morar com seus avós? Retire do texto uma passagem que exemplifique a sua
resposta.

Resposta esperada: Na sua infância, quando morava com seus avós, Marlene era
travessa, brincalhona e desobediente. Esse comportamento é descrito na seguinte
passagem:

“[...] Marlene também era travessa e brincalhona, subia em árvores para comer
frutinhas, levava o pato para a cozinha para irritar seu avô e corria muito, pois tinha
muita energia. Ela lembra que seu avô sempre dizia para ela não se aproximar de
uma vaca, mas a “rapariguinha”, como seu avô a chamava, um dia o desobedeceu."

Justificativa: A resposta é correta, pois há, no trecho extraído, elementos que


evidenciam e caracterizam o comportamento de Marlene nesse período de sua vida
como “travessa” (linha 9), “brincalhona” (linha 9), “rapariguinha” (linha 11) e
“desobedeceu” (linha 12).

Pergunta inferencial:

2. Leia o trecho a seguir:

"Ela tinha cabelos longos, mas sempre variava. Uma hora estava curto, outra
comprido ou com uma cor diferente. Sempre andava bem arrumada e elegante,
todos diziam que ela era muito bonita." (FAVARIN, 2018, p. 37)

Este trecho compreende uma característica da personalidade de Marlene na sua


mocidade. Que característica era essa?
Resposta esperada: O trecho evidencia que Marlene era muito vaidosa na sua
mocidade.

Justificativa: A resposta é correta, pois há, no trecho selecionado, descrições e


elementos que trazem indícios da personalidade “vaidosa” de Marlene quando era
jovem. Tais elementos evidenciam uma certa preocupação da biografada em estar
bonita e/ou se vestir bem como, por exemplo, a troca frequente do comprimento e
cor dos cabelos, o andar “sempre arrumada e elegante” (linha 25) e o que as
pessoas em sua volta diziam sobre ela ser “muito bonita” (linha 25).

Pergunta interpretativa:

3. Lourdes, neta caçula de Marlene e responsável pela escrita da biografia, a


considera uma inspiração para a sua vida, pois foi sua avó a responsável por
passar seus ensinamentos a ela e a incentivá-la a seguir seus sonhos. Assim
como Lourdes, você também convive com alguém que é uma inspiração para
você? Se sim, quem é essa pessoa e por quê?

Exemplos de respostas esperadas:


➔ Sim. Minha mãe, porque ela sempre fez o possível e o impossível para me
criar e me educar, além de sempre me apoiar em minhas decisões e me
aconselhar e ajudar a superar os desafios da vida.
➔ Não. Entretanto, me inspiro e tenho grande admiração pela cantora Beyoncé,
porque ela inspira não só eu, como também diversas outras meninas, por ser
uma mulher negra e fazer história com suas músicas que falam sobre pautas
muito importantes como preconceito racial e machismo

Justificativa: Se o aluno responder sim, ele deve relatar quem é essa pessoa e o
porquê dessa pessoa o inspirar. Se o aluno responder que não, o instigue e sugira a
ele pensar em algum artista/figura pública (cantor(a), autor(a), ator/atriz, digital
influencer, etc.) que ele admire e se inspire, seguido do porquê da escolha.

QUESTÕES OBJETIVAS

● Associação entre colunas


4. Agora que já sabemos que os processos são responsáveis por construir
representações do e para o biografado, vamos refletir sobre que eventos da
vida de Marlene (infância, mocidade e vida adulta) os processos de
fazer/acontecer presentes em passagens da biografia representam.

Associe os eventos da vida de Marlene apresentados na coluna de cima com


os processos de fazer/acontecer destacados nas passagens da biografia na
coluna de baixo.

(1) Infância
(2) Mocidade
(3) Vida adulta

( ) “Então, casou-se com Ruy no dia oito de Janeiro de 1966 e teve dois filhos: [...]”
(linha 30)
( ) “Marlene estudou no Margarida até o quinto ano do ensino fundamental.” (linhas
16 - 17)
( ) “[...] se mudou para Porto Alegre para complementar o curso de economia na
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).” (linhas 31 - 32)
( ) “Marlene recorda com muita saudade e alegria dos momentos em que brincava
de esconde-esconde com seus amigos da rua. (linhas 21 - 22)”
( ) “[...] levava o pato para a cozinha para irritar seu avô e corria muito, pois tinha
muita energia.” (linha 10)

A sequência correta é:
a) 1 - 3 - 2 - 1 - 3
b) 3 - 1 - 3 - 2 - 1
c) 2 - 3 - 1 - 3 - 1
d) 1 - 1 - 3 - 3 - 2
e) 3 - 2 - 1 - 1 - 3

Resposta: Alternativa b)

Justificativa:
➔ O processo de fazer/acontecer casou-se se refere a um evento que
aconteceu na fase da vida adulta (3) de Marlene e que é marcado no texto em
uma passagem anterior pelo marcador “Quando adulta, [...]” (linha 48) e pelo
contexto cultural de que casamentos, geralmente, ocorrem nesta fase da vida.
➔ O processo de fazer/acontecer estudou se refere a um evento que ocorreu
durante a infância (1) de Marlene e que é marcado no texto em uma
passagem anterior pelo marcador “Sua infância [...]” (linha 7) e “até o quinto
ano do ensino fundamental” (28 - 30) que geralmente se cursa na idade de 5
à 10 anos.
➔ O processo de fazer/acontecer se mudou se refere a um evento que ocorreu
na fase adulta de Marlene (3) de Marlene e que é marcado no texto em uma
passagem anterior pelo marcador “Quando adulta, [...]” (linha 48) e pelo
objetivo da viagem “para complementar o curso de economia [...]” ( linha 60 -
62), visto que é nessa fase da vida em que se realiza um curso superior.
➔ O processo de fazer/acontecer brincava se refere a um evento que ocorreu
na mocidade (2) de Marlene e que é marcado no texto em uma passagem
anterior pelo marcador “Na mocidade [...]” (linha 36) e pela passagem que a
procede “Eram vários jovens de dezessete anos se escondendo atrás de
árvores e arbustos dia e noite.” (linhas 38 - 40).
➔ O processo de fazer/acontecer corria se refere a um evento que ocorreu
durante a infância (1) de Marlene e que é marcado no texto em uma
passagem anterior pelo marcador “Sua infância [...]” (linha 7) e pela
passagem “pois tinha muita energia.” (linha 21), visto que correr muito e ter
muita energia são características fortemente presentes em crianças.

● Seleção de alternativa correta

5. Sabendo que os processos de ser/ter/estar são usados com a função de


relacionar identidade e características ao biografado, considere as passagens a
seguir da biografia sobre Marlene e selecione as alternativas em que os processos
em destaque cumprem essa função.
I. “Marlene começou seus estudos na Escola Margarida Lopes a partir do segundo
ano do ensino fundamental, porque sua tia, que era professora, a ensinou a ler e
escrever bem cedo, [...]” (linhas 14-15)

II. “Marlene começou seus estudos na Escola Margarida Lopes a partir do segundo
ano do ensino fundamental, porque sua tia, que era professora, a ensinou a ler e
escrever bem cedo, [...]” (linhas 14-15)

III. “Marlene também era travessa e brincalhona, subia em árvores para comer
frutinhas, levava o pato para a cozinha para irritar seu avô e corria muito, pois tinha
muita energia.” (linhas 9-10)

IV. “Após isto, Marlene foi ser professora em São Leopoldo, dando aulas à tarde e à
noite por dez anos.” (linha 33)

Estão corretas
a) apenas I.
b) apenas I e II.
c) apenas II e III.
d) apenas III e IV.
e) I, II, III, e IV.

Resposta: Alternativa d) Apenas III e IV.

Justificativa:

➔ A alternativa I não é correta, visto que o processo era, destacado no trecho


extraído, não está sendo usado para identificar Marlene, a biografada, e sim
sua tia.
➔ A alternativa II não é correta, pois o processo começou, destacado no trecho
extraído, não é ser/ter/estar e sim fazer/acontecer.
➔ A alternativa III é correta, pois o processo era e o processo tinha, destacados
no trecho extraído, estão identificando a biografada.
➔ A alternativa IV é correta, pois o processo ser, destacado no trecho extraído,
está identificando a biografada.

REFERÊNCIAS
FAVARIN, Lourdes. Dos trilhos para o mundo. In: CECCHIN, Anidene; MOURA,
Camila; FUZER, Cristiane. Pessoas Especiais, histórias extraordinárias. Santa
Maria - RS: Ateliê de Textos, 2018.

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