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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES


CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

JOHN ANTHONY ALVES SOUSA DO NASCIMENTO

PERCEPÇÕES DE PROFESSORES(AS) DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA REDE


PÚBLICA MUNICIPAL DE MARACANAÚ-CE SOBRE A VIOLÊNCIA SEXUAL
CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES E A EDUCAÇÃO SEXUAL

FORTALEZA
2022
JOHN ANTHONY ALVES SOUSA DO NASCIMENTO
PERCEPÇÕES DE PROFESSORES(AS) DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA REDE
PÚBLICA MUNICIPAL DE MARACANAÚ-CE SOBRE A VIOLÊNCIA SEXUAL
CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES E A EDUCAÇÃO SEXUAL

Trabalho de Conclusão do Curso submetido à


Coordenação do Curso de Educação Física, do
Instituto de Educação Física e Esportes, da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
para aprovação na disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso II.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Sanches Neto

FORTALEZA
2022
JOHN ANTHONY ALVES SOUSA DO NASCIMENTO
PERCEPÇÕES DE PROFESSORES(AS) DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA REDE
PÚBLICA MUNICIPAL DE MARACANAÚ-CE SOBRE A VIOLÊNCIA SEXUAL
CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES E A EDUCAÇÃO SEXUAL

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à aprovação junto ao Curso de Licenciatura em


Educação Física, da Universidade Federal do Ceará.

Aprovação em 07/02/2022

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Sanches Neto (Orientador)
Instituto de Educação Física e Esportes - UFC

__________________________________________________________________
Prof. Mtdo. Breno José Mascarenhas Sá de Flor

__________________________________________________________________
Profª. Mtda. Emmanuelle Cynthia da Silva Ferreira
.

A Deus.
Aos meus pais, Moisés e Edilângela.
Aos meus irmãos, Felipe e Victor.
À Maria Isabel.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Luiz Sanches por aceitar o meu convite e me orientar de maneira tão
dedicada e comprometida.
A Profª. Especialista em Gestão Escolar Maria Alda dos Santos, por me auxiliar
no contato com os professores a serem entrevistados.
Ao(As) Professor(as) participantes da banca examinadora Breno Mascarenhas,
Cyntia Emanuelle e a suplente Emmanuelle Cynthia pelas valiosas contribuições e sugestões.

RESUMO

Os números de violência sexual contra crianças e adolescentes são alarmantes no Brasil,


sendo necessário o seu combate. Este trabalho buscou enxergar e analisar a percepção de
professores e professoras acerca da violência sexual contra crianças e adolescentes, bem
como os seus pensamentos a respeito da educação sexual na escola e nas aulas de educação
física, visto que, a educação sexual é uma das melhores formas de prevenir a violência
sexual contra crianças e adolescentes. Foram entrevistados(as) duas professoras e um
professor que lecionam educação física na rede pública municipal de Maracanaú, cidade
essa que se encontra entre as Áreas Integradas de Segurança do Estado com maior número
de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Os achados do trabalho
revelam haver uma atribuição de importância ao tema por parte das duas professoras e do
professor entrevistados(as), mas ele(elas) não teve(tiveram) instruções sobre o tema na
formação acadêmica. O que sugere uma necessidade desses assuntos serem mais
levantados e estudados já na formação, para que o conhecimento na área não seja apenas
motivado pela curiosidade e desejo pessoal de cada professor e professora.

Palavras-chave: violência sexual infanto-juvenil; educação sexual; educação física


escolar.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 9
2. OBJETIVOS 12
3. REFERENCIAL TEÓRICO 13
3.1 VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO-JUVENIL 13
3.2 VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO-JUVENIL NO CEARÁ E MARACANAÚ 14
3.3 ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO SEXUAL 16
3.4 CONSERVADORISMO E A CONTROVÉRSIA 18
3.5 EDUCAÇÃO FÍSICA, O(A) PROFESSOR(A), ATUAÇÃO E PREVENÇÃO 22
4 PERCURSO METODOLÓGICO 24
4.1 NATUREZA DO ESTUDO 24
4.2 SUJEITOS E LOCAIS 24
4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 25
4.4 ANÁLISE DE DADOS 25
4.5 ASPECTOS ÉTICOS 26
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
27
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31
ANEXOS…………. 36
9

1. INTRODUÇÃO

Em 2020, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos divulgou os


dados referentes às denúncias feitas pelo Disque Direitos Humanos. A violência sexual contra
crianças e adolescentes equivale a aproximadamente 17 mil casos, 11% do total de 159 mil
registros. Durante coletiva on-line, a Ministra Damares Alves questionou se de fato esses
dados representavam os números reais ou se haveria uma subnotificação (BRASIL, 2020).
Muitos desses casos de violência ocorrem na família, o que pode direcionar o(a) abusado(a) a
procurar ajuda no ambiente escolar (VAGLIATI, 2014). Na Constituição Federal (BRASIL,
1988) o Art. 205. Reconhece a educação como dever compartilhado entre Estado, família e
sociedade. Sendo assim, é papel do Estado formar os(as) professores(as) para que saibam
como educar os estudantes nessa temática. Também, na Lei de Diretrizes e bases LDB
(BRASIL, 1996) no Art.12. Inciso IX. Expressa alguns deveres dos estabelecimentos de
ensino, entre eles o de “Promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a
todos os tipos de violência(...).” O que demonstra a responsabilidade das escolas neste
quesito.

É importante levantar este assunto entre os(as) professores(as) porque, de acordo


com a mesma lei, no artigo 14, no inciso I, indica a participação dos(as) professores(as) na
elaboração do projeto pedagógico da instituição de ensino, podendo ocasionar melhorias. Em
estudo feito por Ana Vagliati (2014), muitos(as) professores(as) se consideraram pouco
preparados(as) para abordarem o assunto da violência sexual e da educação sexual, desejando
alguma capacitação na área ou que o assunto deva ser levantado por pessoas mais preparadas.
Em uma das entrevistas deste estudo, um professor relatou que não gostava de se envolver
com esse tipo de assunto, porém, Vagliati (2014) considera os(as) professores(as) como
essenciais na identificação da violência, pois passam muito tempo com as crianças e os(as)
adolescentes.

Além do mais, a notificação de suspeita ou confirmação de maus-tratos,


tratamento cruel, dentre outros, se tornam obrigatórios de acordo com o artigo 13. do Estatuto
da Criança e do Adolescente ECA (BRASIL,1990), deixando mais evidente a
obrigatoriedade, já o artigo 245, evidencía:

Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e


10

de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente


os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-
tratos contra criança ou adolescente:

Pena – Multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de


reincidência. (BRASIL, 1990, p. 117).

Com isso, além do dever moral do(a) professor(a), há também um dever legal em
denunciar suspeitas, apesar de ser, “(...) baixo o número de notificações efetivamente
realizadas por esses profissionais” (LANDINI, 2011, p.89).

O meu interesse no tema, a princípio, surgiu de um relato apresentado por uma


amiga, onde ela sofreu violência sexual por parte de um vizinho. Em seu relato, ela culpou a
ignorância no assunto como responsável pela sua demora em reagir à situação, pois, ela nunca
tinha sido ensinada de maneira evidente, nem por parte do Estado, através das escolas, nem
por parte dos responsáveis, por serem muito ocupados. Outro ponto importante do seu relato,
foi o fato de ela manter segredo sobre o ocorrido por vários anos, revelando somente na idade
adulta, no caso dela, por vergonha e pelo medo da reação dos pais.

Nesse sentido, Sanderson (2005) apresenta que muitas das vítimas são instigadas
pelos agressores a fazerem pacto de silêncio e outras são culpabilizadas pelos pais que
esperam atitudes mais defensivas diante do agressor, o que normalmente não ocorre
(LANDINI, 2011; SANDERSON, 2005).

Outro ponto em destaque, é o debate entre os que são contra e os que são a favor
da educação sexual nas escolas. Os conservadores são contrários porque pensam a educação
sexual como uma forma de ensinar e incentivar o ato sexual ou que “transforme” as crianças
em gays (HELENA BERTHO, 2018), tudo isso, considerando que estão protegendo as
crianças e adolescentes, acabando por fim negligenciando e falhando justamente no objetivo
defendido, ainda que duvidoso, pois a educação sexual nas escolas é considerada uma das
formas mais eficazes de prevenção da violência sexual (CHILDHOOD, 2009). Partindo
dessas informações, o objetivo da pesquisa é compreender a relevância da educação sexual na
formação integral nas escolas sob a perspectiva de professores(as) de educação física da Rede
Municipal de Maracanaú-Ceará.
11

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Compreender a relevância da educação sexual na formação integral nas escolas sob a


perspectiva de professores(as) de educação física da Rede Municipal de Maracanaú-Ceará.
12

2.2 Objetivos específicos

Compreender a relação entre a educação sexual e a prevenção da violência sexual contra


crianças e adolescentes, e como a educação física escolar pode influenciar nesse processo.

Entender a necessidade da capacitação de professores(as) para o desenvolvimento da


educação sexual na educação física escolar e como a capacitação adequada de professores(as)
impulsiona a preservação das vítimas nesses casos.

Identificar possíveis relações dos pensamentos e ações dos(as) professores(as) com os


diferentes tipos de abordagem apresentados por Figueiró (1996; 2020).

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Violência sexual infanto-juvenil

A violência sexual, de acordo com Childhood (2009) e Meyer (2017) é uma grave
violação dos direitos humanos que atinge milhares de crianças e adolescentes do Brasil todos
os anos, sendo muitas vezes de difícil percepção, aumentado a necessidade da participação
dos(as) profissionais que mais convivem com as crianças e adolescentes (CHILDHOOD,
2009). O decreto presidencial 10.482/2020 criou uma comissão intersetorial de enfrentamento
à violência sexual contra crianças e adolescentes. A primeira reunião foi realizada em
13

fevereiro de 2021. Nessa reunião debateram sobre o grande número de casos denunciados e da
importância do socorro necessário às crianças e adolescentes que sofrem violências, o
secretário nacional dos direitos das crianças e dos adolescentes defendeu que sejam
elaboradas e executadas políticas públicas no combate das violências realizadas contra as
vítimas (BRASIL, 2021). Dessa forma, demonstrando uma aparente preocupação do governo
no combate à violência sexual de crianças e adolescentes.
Também, recentemente, no estado do Ceará, a Assembléia Legislativa acordou a
retirada (HOLANDA, 2021) de termos de uma proposta educacional (projeto Educa Mais)
como: sexualidade e gênero. Temas esses que podem promover direcionamentos para uma
educação sexual na escola, se considerarmos a amplitude do tema.
E esse tipo de decisão pode ir de encontro a propostas que visem a preservação
das crianças e adolescentes, pois Meyer (2017) e Childhood (2009) consideram a literatura
atual como defensora da educação sexual como uma das formas de maior eficácia no combate
à violência sexual contra crianças e adolescentes. O destaque desses temas demonstra a
necessidade de pesquisas nessa área, por afetar a formação e a segurança de milhares de
crianças no nosso país.
O crime de violência sexual é classificado em dois termos: abuso sexual e
exploração sexual. Sendo a exploração sexual como uma violência visando à obtenção de
lucro financeiro, enquanto o abuso trata-se da utilização da sexualidade da criança e
adolescente para qualquer ato sexual (BRASIL, 2020). Sanderson (2005) lembra que a
violência sexual, por caracterizar-se como um fenômeno cultural, pode variar de
entendimento nas diferentes culturas, por existirem diferentes faixas etárias como critério de
maior idade, por exemplo, dentre outros aspectos.
O código penal brasileiro (BRASIL, 1940, pp. 96) considera em seu Artigo 217-
A. "Ter conjunção carnal, ou outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos como
estupro de vulnerável. O que demonstra que em nossa cultura considera-se que o(a)
adolescente de até 14 anos não tem a plena capacidade de consentir levando em consideração
todas as consequências.

3.2 Violência sexual infanto-juvenil no Ceará e em Maracanaú

O Governo do Estado divulgou por meio da Secretaria de Segurança Pública e


Defesa Social, estatísticas dos casos de crimes sexuais do ano de 2020, nos quais também
14

entram: o estupro de vulnerável e exploração sexual de pessoas menores de idade. Dessa


forma, durante o período de 2020 foram registrados 1.829 casos de crimes sexuais em todo o
Estado (CEARÁ, 2020). No ano posterior, 2021, o total de casos de crimes sexuais até o mês
de junho foi de 883 ocorrências, dessas ocorrências, 39 não tiveram notificação da idade das
vítimas, restando 844 casos com idade informada. Do total de casos com idade informada,
700 (79,3%) ocorrências registraram vítimas com idade inferior aos 18 anos, revelando a
vulnerabilidade das crianças e adolescentes nessa área (CEARÁ, 2021), no gráfico 1. Na
AIS12 (Área Integrada de Segurança), referente ao município de Maracanaú, houve um total
de 29 casos de crimes sexuais somente até o mês de junho (ficando em segundo nos
municípios da região metropolitana), devemos ressaltar que desse total, apenas 6 vítimas
tinham idade adulta, observadas no gráfico 2. Das crianças que sofreram crime sexual, 21
eram do sexo feminino e duas do sexo masculino.
As do sexo feminino se encontravam na faixa etária de 0-13 anos, e os de sexo
masculino entre 6 e 9 anos. No que diz respeito ao grupo das meninas, uma não havia
completado sequer 1 ano de idade, (1), três 3 com 3 anos de idade, uma com 4 anos e outra
com 5, uma com 7 anos de idade e duas com 8 anos, três com 9 anos de idade, três com 10
anos, duas com 12 anos e três com 13 anos de idade (CEARÁ, 2021). O que demonstra a
vulnerabilidade das crianças e dos adolescentes no município, nos casos das crianças mais
novas fica evidente o que é apresentado pelos dados do Ministério da Mulher, da Família e
dos Direitos Humanos, onde um grande número dos casos é executado por algum familiar
Indo ao encontro das estatísticas que apresentam um maior número de vitimas do sexo
feminino (BRASIL, 2021; CHILDHOOD, 2009; VAGLIATI, 2014).
Nesses casos também fica evidente o essencial papel da escola como meio de
prevenção e identificação de casos de violência sexual, sendo a escola um lugar de atenção
primária nesse assunto, acolhendo, identificando casos e conscientizando a respeito do tema
(VAGLIATI, 2014; BRINO E WILLIAMS, 2006), como no caso da noticia apresentada pelo
site de notícias G1 (RODRIGUES, 2018), onde uma estudante denunciou seu padrastro após
uma palestra sobre educação sexual, sendo também necessária, também, uma preparação
dos(as) professores(as) que podem, por vezes, se deparar com crianças e adolescentes nessas
situações (LANDINI, 2011), onde as conquências da violência podem afetar toda a vida da
vítima e a reação na identificação pode amenizar esses efeitos negativos desse ato..
15

Fonte: Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social(CEARÁ, 2021)

Fonte: Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (CEARÁ, 2021).

Sanderson (2005) discorre, em sua pesquisa, sobre as consequências do abuso


sexual em crianças, afirmando que a maior parte da literatura indica que o abuso sempre é
prejudicial à criança. Muitos são os pontos de influência no nível de prejuízo segundo
Sanderson (2005), a idade em que ocorreu, a duração e a frequência, os tipos, uso de força ou
não, o tipo de relacionamento com o abusador, a idade e sexo do abusador e os efeitos da
revelação. Florentino (2015) nos demonstra a dificuldade de determinar os efeitos e
consequências da violência sexual infanto-juvenil, levantando a importância de considerar a
individualidade de cada um(a) e a possibilidade de serem acometidos(as) por um ou mais
16

efeitos possíveis, como: insegurança, falta de confiança, exposição a outras violências, entre
outras possíveis conseqüências. Partindo disso, é importante entender que a prevenção contra
violências sexuais entra no conjunto da educação sexual.

3.3 Abordagens da educação sexual

Figueiró (2020, p.12) considera, a educação sexual como “sendo toda ação
ensino-aprendizagem sobre a sexualidade humana, seja no nível do conhecimento de
informações básicas, seja no nível do conhecimento e/ou discussões e reflexões sobre valores,
normas, sentimentos, emoções e atitudes relacionados à vida sexual.", Mas isso para delimitar
o critério de seleção, lembrando logo após a importância de ver a educação sexual como
conjunta à educação global do indivíduo, sendo assim, considerada de maneira mais ampla.
Vagliati (2014); Gonçalves, Faleiro e Malafaia (2013) defendem uma educação
sexual emancipatória, que contribui para superar os preconceitos, as amarras, o autoritarismo,
a culpa, o controle e a opressão. Priorizando a modificação de valores, preconceitos e
discriminações sexuais. Anteriormente denominada como abordagem política apresentada por
Figueiró (1996; 2020) que visa a educação sexual como um meio de transformação social.
Figueiró(1996) apresenta diferentes abordagens da educação sexual. A abordagem
religiosa católica e religiosa protestante, as duas podendo ser tradicional ou libertadora. A
tradicional católica é obediente às normas e leis oficiais da igreja e a tradicional protestante é
obediente às instruções e conselhos bíblicos, sendo também encontrado um modelo
questionador dentro do grupo tradicional. O questionador busca seguir as normas da igreja
(católica) e guiar-se pela interpretação bíblica (protestate), mas buscando adaptar às normas
ao contexto social, cultural, histórico e considerando os avanços da ciência. Já o religioso
libertador, se assemelha com o modelo emancipatório, entendendo a educação sexual como
instrumento de transformação social, mas mantendo os princípios cristãos básicos como amor,
respeito e justiça. Já a abordagem médica e pedagógica visam o viver bem a sexualidade,
dando ênfase no aspecto informativo, como nos programas escolares contra as doenças
sexualmente transmissíveis. No que diz respeito à abordagem política/emancipatória, também
considera o viver bem a sexualidade, mas tem como prioridade levantar questionamentos para
a transformação social, para a superação de preconceitos, para as relações de poder, defesa
das minorias e o resgate do erotismo (FIGUEIRÓ, 1996).
Nesse ponto cabe esboçar sobre o embate conservadorismo x educação sexual que
17

veremos no próximo tópico.

TIPOS DE ABORDAGEM DEFENDE CONTRA/OMISSO

Católica e Protestante Obediente às normas oficiais Contra ensinamentos que


Tradicional.¹ da igreja (católica) e sejam contrários às normas
obediente às instruções da igreja(católica) e às
bíblicas (protestante) instruções
bíblicas(protestante)

Católica e protestante Cumprem os princípios Contra ensinamentos


Libertadora¹ Cristãos de amor, respeito, autoritários sobre
mas tem uma visão crítica sexualidade e ensinamentos
sobre os ensinamentos retrógrados
doutrinários, considerando a
época atual e enxergando a
educação sexual como um
meio de transformação
social.

Médica Uma sexualidade saudável, Omisso quanto às questões


preventiva e informativa sociais (Combate ao
preconceito, transformação
social, etc)

Pedagógica Visa a sexualidade saudável, Omisso quanto às questões


preventiva e informativa de sociais(Combate ao
preconceito, transformação
social, etc)

Política/Emancipatória Enxerga a educação sexual Contra as visões tradicionais


como meio de transformação e autoritárias.
social para superar
preconceitos, pensamentos
retrógrados em apoio às
minorias e o resgate do
erotismo.

Fonte: Figueiró (1996;2020). ¹Figueiró apresenta as abordagens católica e protestante separadas, mas separei
por suas variações libertadoras, pois se diferenciam mais.

3.4 Conservadorismo e a controvérsia

Araújo e Lara (2019) demonstram que a parcela conservadora da população


brasileira dificulta o ensino da educação sexual nos ambientes escolares e que isso pode gerar
18

prejuízo aos direitos das crianças e dos adolescentes que têm limitado o acesso à educação.
Comprovando a afirmação de Araújo e Lara (2019), podemos encontrar no site do Senado
Federal (BRASIL, 2018) uma sugestão legislativa que visava alteração em um dos artigos do
Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), propondo o aumento de pena para o
constrangimento de menores, também sugerindo punição para o ensino ou discussão sobre
sexualidade. Com acréscimo de um terço para agentes públicos. O que ocasionaria a proibição
de professores(as) abordarem o tema.
Essa sugestão de Lei contou com o apoio de mais de 20.000 pessoas na internet, o
que confirma o pensamento de Araújo e Lara (2019) que a parcela conservadora, não só
dificulta o ensino da educação sexual na escola como quer sua proibição. O interessante de se
notar, na mesma sugestão de Lei, há a proposta de punição para constrangimento de menores,
o que sugere uma vontade de preservação da criança, o que acaba caindo em contradição, já
que a "Educação sexual é a melhor forma de prevenção" (CHILDHOOD, 2009, p. 58), nesse
caso, a melhor forma de proteção contra a violência sexual, mas se a parcela conservadora
(evangélico e católicos tradicionais, políticos populistas, dentre outros) que demonstra buscar
a "proteção" das crianças e adolescentes acaba sendo contrária à um ensino que efetivamente
pode proteger as crianças contra violências, acreditando na falácia de evitar que sofram
“lavagens” cerebrais e sejam direcionadas à homossexualidade ou que sejam induzidas a
iniciar precocemente a vida sexual.
Recentemente, como anteriormente foi exposto, de acordo com Holanda, 2021, os
deputados estaduais do Ceará entraram em acordo para tirar do texto do programa "Educa
Mais" do Estado, menção à sexualidade e gênero. Na matéria há a informação de que a
bancada evangélica foi contrária porque esses termos eram uma forma de introduzir a
"ideologia de gênero" (pensamento errôneo de que querem ensinar as crianças a serem
homossexuais e etc.) nas escolas. O que nos leva a questionar o entendimento sobre educação
sexual, em questão, o dos(as) professores(as) de educação física, já que, se percebe uma
grande rejeição pela população conservadora (ARAÚJO e LARA, 2019) . O ponto principal
que percebemos nesse embate conservadorismo x educação sexual escolar, como significa o
nome "conservador", se vê na necessidade de evitar mudanças, como Figueiró (1996; 2020)
demonstra com as abordagens religiosas tradicionais, como foi o caso da pressão exercida
pela bancada evangélica na Assembléia Legislativa do Ceará (HOLANDA, 2021).
Reis e Eggert (2017) abordam o tema da ideologia de gênero, entendendo-a como
uma falácia construída examinando os argumentos e percebem que a acusação de que há uma
ideologia de gênero é uma forma de dificultar a incorporação de temas como sexualidade e
19

gênero na educação, o que se demonstra como uma visão preconceituosa e contrária aos
direitos humanos.
Campagnolo (2019), representante da política conservadora conhecida por
combater a "ideologia de gênero" e o movimento feminista, traz em seu livro uma reflexão e
uma crítica sobre a educação pública como instrumento de transformação social, na
abordagem do texto, o tópico é tratado na perspectiva de como o feminismo se utilizaria da
educação para uma transformação social, acredito que é nesse ponto que entra o grande
embate. Uma vez que, como mostra Figueiró (1996; 2020), nas abordagens da educação
sexual, encontrada em seus estudos, a abordagem política/emancipatória entende a educação
sexual como um instrumento de mudança social, como meio de levantar questionamentos
sobre a moral, preconceitos, relações de poder, dentre outros fatores.
Autores como Vagliati (2014) defendem a educação sexual emancipatória, já a
educação sexual defendida pela Childhood (2009) parece ser uma mais voltada para a
abordagem médica e pedagógica apresentada por Figueiró (1996), visando uma sexualidade
saudável, sem dar destaque para as questões sociais. Essa falta de entendimento do amplo
papel da educação sexual parece ser o que motiva os conservadores a enxergarem como algo a
se combater, percebendo apenas seu papel transformador, negligenciando assim seu papel
preventivo. Não que o papel de transformação social não seja importante na redução dos
preconceitos, do autoritarismo, ou na reformulação da moral. Mas essa divergência específica
dificulta a aceitação (Araújo e Lara, 2019) por parte daqueles que enxergam a educação
sexual na abordagem religiosa tradicional conservadora (católica e protestante) (Figueiró,
1996; 2020), sendo necessário uma divulgação dos verdadeiros papéis da educação sexual
para maior aceitação da população conservadora.
Segundo Vagliati (2014, p. 130), “Prevenir e combater a violência sexual, que
muitas vezes acontece dentro das casas, locais que deveriam ser espaços de proteção das
crianças e adolescentes, são ações que poderão se efetivar com a educação escolar.”
Justamente por considerar que as ações de prevenção podem ser efetivadas na escola, torna-se
necessário discorrer sobre a abordagem das escolas sobre o tema.
Com isso, Vagliati (2014) defende uma educação sexual emancipatória nas
escolas, considerando que por meio dela que pode ser cumprida a prevenção e a identificação
da violência sexual. Neste ponto, cabe o que foi exposto acima, onde conservadores(as)
muitas vezes querem a exclusiva posição de educador(a) no tema da sexualidade, querendo
proibir a educação sexual em outros ambientes. Gonçalves; Faleiro; Malafaia, (2013, p. 252)
vão de encontro a esse posicionamento afirmando “[...] ser preocupação dos pais e educadores
20

que os adolescentes tenham uma educação sexual sadia, pautada em valores e hábitos
condizentes com a valorização da vida e com os direitos humanos”, defendendo, dessa
maneira, uma educação sexual emancipatória, discorrendo sobre os empecilhos para que, de
fato, a educação sexual seja realizada. Aborda os temores dos pais em tratar do tema, pois
alguns pensam que isso pode antecipar a prática sexual dos filhos, com isso, vão postergando
mencionar o assunto. Gonçalves; Faleiro e Malafaia (2013, p. 257) dizem ser importante que:

(...) a família e todos que participam da vida das crianças e adolescentes tenham em
mente que as informações oferecidas por meio da educação sexual emancipatória,
visam a fornecer reflexões para que elas tenham discernimento do que é certo e
errado, positivo e negativo e tenham conhecimento de medidas preventivas para
promoção da saúde e do autocuidado. Cabe salientar que o desenvolvimento da
educação sexual não visa a promover a abstinência sexual ou postergar o início da
vida sexual entre os jovens, mas, sim, na formação da autoconsciência e no resgate
do indivíduo enquanto sujeito de suas ações, para que seja livre para decidir, com
responsabilidade, a hora certa para que a sexualidade seja compartilhada com outro
individuo por meio do sexo(GONÇALVES, FALEIRO E MALAFAIA, 2013, P.
257).

Gonçalves, Faleiro e Malafaia (2013, p. 258) prosseguem dizendo que “Os pais
devem estar cientes de que é imprescindível, mas não exclusiva, a atuação da escola no
processo de educação sexual emancipatória dos seus filhos…” Sugerindo a necessidade de
participação conjunta entre família e escola.
Como a educação sexual não é uma disciplina do currículo, mas um tema
transversal (BRASIL, 1997), a abordagem dela pode ser tratada por diferentes disciplinas
(VAGLIATI, 2014), sendo interessante conhecer se os(as) professores(as) de educação física
abordam o tema com frequência, e se abordam, identificar se entendem a sexualidade de
forma ampla, como Figueiró (1996), ou se entendem apenas no aspecto do sexual como na
pesquisa de Vagliati (2014), onde alguns(umas) professores(as), quando perguntados sobre a
sexualidade, relacionavam de imediato com o ato sexual propriamente dito, o que sugere um
conhecimento limitado sobre sexualidade. Nesse sentido, essa conduta pode gerar um descaso
com a abordagem do tema, não o considerando o seu real significado, e por consequência,
menos necessário.

3.5 Educação física e o(a) professor(a).

Nascimento, Sibila e Guariglia (2020, p. 6) afirmam que “Um professor omisso,


automaticamente, torna-se mais um violador dos direitos da criança e do adolescente.”, sendo
assim, professores(as) devem ter um olhar mais atento a esse tema tão atual, e como nos
21

demonstra os dados da secretaria de segurança pública do estado (CEARÁ, 2021), onde a


maioria das vítimas de crimes sexuais são crianças e adolescentes em idade escolar,
intensificando a importância de um preparo, uma vez que existe a possibilidade de encontrar
essas situações em sala de aula. Porém, mais importante do que reconhecer casos de violência
sexual contra crianças e adolescentes é a conscientização da relevância do tema e a
necessidade de se trabalhar isso em aula para evitar que os casos de fato aconteçam.
Fabiano Devide (2018) fez uma resenha sobre uma obra que aborda os desafios
educacionais da educação física, se tratando da sexualidade. No decorrer de sua resenha,
diversas questões emergem, nas abordagens esportivas, por existirem um ambiente onde
questões de gênero inevitavelmente aparecerão. Assim como nos casos de estereótipos, onde
se entende que alguns esportes são específicos para a prática masculina ou feminina, do
contrário são entendidos como homens afeminados ou como mulheres masculinizadas,
revelando a educação física como uma área propícia para discussões acerca da sexualidade e
também da desmistificação de entendimentos sociais preconceituosos.
Quando se trata da abordagem da educação sexual e de temas como a violência
sexual nas salas de aula alguns(umas) professores(as) podem sentir medo ou incapazes de
desenvolver o tema (LANDINI, 2011; VAGLIATI, 2014), por vergonha ou por outros fatores.
Mas para introduzir o tema gradualmente é possível abordar o tema de maneira representativa.
Nascimento, Sibila e Guariglia (2020) demonstram atividades tradicionais de aulas de
educação física e outras de simples execução que podem ser usadas para levantar esses
debates na turma. Isso se torna possível por algumas características da violência sexual, como
a relação de poder (LANDINI, 2011) que também se encontram presentes em alguns jogos,
tarefas e brincadeiras.
A Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) traz as especificidades de
atuação da Educação Física na escola, promovendo o seguinte parágrafo sobre a abordagem
das práticas corporais nas aulas:

“[...] as práticas corporais devem ser abordadas como fenômeno cultural dinâmico,
diversificado, pluridimensional, singular e contraditório. Desse modo, é possível
assegurar aos alunos a (re)construção de um conjunto de conhecimentos que
permitam ampliar sua consciência a respeito de seus movimentos e dos recursos para
o cuidado de si e dos outros e desenvolver autonomia para apropriação e utilização
da cultura corporal de movimento em diversas finalidades humanas, favorecendo sua
participação de forma confiante e autoral na sociedade.” (BNCC P. 213, 2018)

Nesse sentido, é possível perceber a importância das aulas de Educação Física e a


sua capacidade de proporcionar aos(as) alunos(as), por meio das aulas, novos entendimentos,
22

partindo de um questionamento crítico sobre as condutas e modelos sociais, proporcionando


aos(às) estudantes serem agentes transformadores(as).
Como podemos observar no decorrer da pesquisa, a violência sexual no Brasil
envolve diversas questões e uma das formas mais eficazes de prevenção é a educação sexual
(CHILDHOOD, 2009) que por tratar-se de um tema transversal na escola é, muitas vezes,
deixado de lado. Ainda, por se referir a uma questão atual e que gera muitos debates, é
importante ser levantado em aula, para que os(as) alunos(as) venham questionar os
entendimentos sociais atuais.
Figueiró (1996; 2020) encontrou diferentes abordagens de educação sexual nos
estudos pesquisados, e todas as abordagens apresentam influências culturais. Os(As)
professores(as), como todas as pessoas, sofrem influências culturais que se refletem nas
práticas. E como vimos essas influências podem gerar indução para a defesa pautas negativas,
como no caso Conservadorismo x Educação Sexual Escolar,
Por isso, é importante reconhecer o que influencia nossas condutas e questioná-
las, para assim, superá-las, se necessário. Reconhecendo o amplo papel da educação sexual
como forma de prevenir e identificar a violência sexual. Será que estamos considerando a
importância do tema?
Como disse Fernando Seffner no prefácio do livro "Educação Física e
Sexualidade”, que o tema em questão aponta para horizontes desafiadores para a educação
física (DORNELLES, WENETZ E SCHWENGBER, P.11, 2017), no decorrer do livro são
apresentadas situações onde a sexualidade e gênero aparecem nos contextos das aulas de
educação física. Nesse sentido, o que propomos é uma visão mais ampla, que também envolve
as questões sociais, onde a abordagem por professores(as) que realmente desejam uma
mudança, que desejam dar os meios para que a vida dos(as) estudantes sejam transformadas.

4 PERCURSO METODOLÓGICO

4.1 Natureza do estudo


23

A pesquisa possui caráter qualitativo, pois buscamos entender o que motiva e


como pensam os(as) professores(as) de educação física diante do tema proposto durante um
contato direto com a “situação estudada” (BATISTA; MATOS e NASCIMENTO, 2017).
Neves (1996) considera a pesquisa qualitativa como uma forma viável e promissora de
pesquisa.
A respeito da pesquisa qualitativa, Varanda; Benites e Souza Neto (2019, p. 03)
dizem que:

“Nesse contexto, a Educação Física, que ao longo da sua composição histórica e de


consolidação enquanto área produtora de ciência foi associada primariamente a
pesquisas de ordem positivas, se torna um objeto passível e carente de pesquisas que
buscam uma compreensão ampla e sensível. A pesquisa qualitativa, então, aparece
como meio de investigar as relações, compreender a realidade, reconhecer o ser
humano como sujeito, que existe dentro de uma teia de relações, possuidor de
crenças, significados, valores” (VARANDA, BENITES E SOUZA NETO, 2019,
p.03).

O método utilizado para levantar dados será o de entrevistas individuais e abertas,


com algumas perguntas norteadoras para que não se desvie muito do tema e os(as)
entrevistados(as) se sintam mais confortáveis, para que possamos conhecer em maior
profundidade o significado e a visão atribuídos pelo informante sobre o tema, pois como nos
diz Batista; Matos e Nascimento (2017, p. 26):

Utilizar-se da entrevista para obtenção de informação é buscar compreender a


subjetividade do indivíduo por meio de seus depoimentos, pois se trata do modo
como aquele sujeito observa, vivência e analisa seu tempo histórico, seu momento,
seu meio social etc.; é sempre um, entre muitos pontos de vista possíveis
(BATISTA, MATOS e NASCIMENTO, 2017, P. 26).

4.2 Sujeitos e locais

Os sujeitos participantes foram professores(as) de educação física que


desenvolvem atividades na rede pública municipal de Maracanaú (que se apresenta entre os
municípios com maiores índices de casos de violência sexual contra crianças e adolescenetes).
Totalizando cinco professores(as) confirmaram a participação no primeiro momento com
intermediação da coordenadora que nos auxiliou nesse contato, porém em um momento
posterior, dois participantes não retornaram o contato para marcar a data da entrevista, tendo
por fim a participação de três, duas professoras e um professor de um total de 41
24

professores(as) da rede (informação verbal)1, todos(as) os(as) participantes lecionam na


mesma escola, as duas professoras ensinam no fundamental I e o professor ensina no
fundamental II. Os(as) participantes foram escolhidos através de contato com a coordenadora
de uma das escolas do município que se dispôs a contatá-los(as) e confirmar a participação no
trabalho.
As entrevistas foram realizadas no ambiente escolar, nesse período as aulas já
haviam retornado ao ensino presencial, sendo assim, seguimos cuidadosamente as indicações
do Governo do Estado para a prevenção da Covid-19.

4.3 Instrumentos de coleta de dados

Para coleta de dados foram realizadas entrevistas individuais com os(as)


professores(as) gravadas (gravador do celular) para transcrição posterior, entrevistas essas
auxiliadas por um guia com algumas perguntas básicas para que não houvesse um
distanciamento do tema do trabalho. Após a entrevista, com o auxílio do gravador foram
transcritas as respostas e as falas consideradas mais relevantes ao trabalho. Após isso os
áudios foram deletados, como informado ao(as) professor(as). As entrevistas duraram de 10 a
20 minutos aproximadamente.

4.4 Análise dos dados

Os dados foram analisados de acordo com as abordagens apresentadas no texto,


fazendo comparação entre os pensamentos e condutas dos(as) professores(as), onde se
aproximam e onde se distanciam das cinco abordagens. Bem como no reconhecimento do
entendimento deles(as) sobre a educação sexual, se relacionam de imediato com o sexo ou se
consideram a educação sexual de maneira mais ampla, de maneira que possa perceber se
consideram a educação física como possível colaboradora na prevenção e identificação de
violências sexuais.

4.5 Aspectos éticos

Os(As) participantes do estudo foram convidados(as) por mim a assinar um termo


de consentimento livre e esclarecido . Neste documento foi exposto a natureza e os objetivos
do trabalho, sua metodologia e sua relevância acadêmica e social(anexo I). O processo de
entrevista se deu no mesmo dia com as duas professoras e com o professor, para evitar algum
imprevisto como o não retorno do contato com as outras duas pessoas participantes. O
1
Informação fornecida por funcionário da Secretaria Municipal de Educação de Maracanaú
25

primeiro entrevistado foi o professor “Jonas”, essa entrevista se deu em um momento de


trocas de turmas, foi a entrevista mais breve.

A segunda entrevistada foi a professora “Lourdes”, essa entrevista se deu em uma


sala de professores, aparentemente destinada para o planejamento. Por último, a professora
“Miriam”, vale ressaltar que as duas últimas entrevistas aconteceram na mesma sala e a
professora “Lourdes” não se importou em responder na frente de “Miriam”, que também
estava na sala no momento da entrevista, o que pode ter dado mais tempo para “Miriam”
formular as perguntas, visto que eram as mesmas. Antes de cada entrevista o(as) professor(as)
leram e assinaram o termo em duas vias, uma para mim e outra para cada participante. Pedi a
licença para gravar as conversas apenas para transcrever partes que eu considerasse
importante e interessante e disse que depois apagaria.

Os nomes apresentados no texto são codinomes, pois eu mesmo considerei o tema


desse trabalho delicado, pensando que o anonimato poderia facilitar a participação dos(as)
professores(as), o que de fato ocorreu, pois no contato através da coordenadora foi levantado
questões como essa. Se a pesquisa seria de cunho a denunciar algum caso de violência na rede
de ensino do município, já destacando a delicadeza do tema.

Os nomes foram escolhidos por mim, Miriam vem da personagem bíblica que
atentamente observa seu irmão Moisés sendo encontrado pela princesa, filha de Faraó e indica
a própria mãe do menino para amamentá-lo, de certa forma salvando a vida do menino e o
trazendo de volta para sua mãe. Lourdes vem do nome de uma cidade francesa, onde há o
relato da aparição de Nossa Senhora, personagem muito querida pelos católicos, como a
professora se demonstrou muito católica, achei por bem colocar esse nome. Por último, Jonas,
outro personagem bíblico, que não querendo obedecer a voz de Deus foge. Escolhi esse nome
porque o professor é nascido em família católica, mas não se considera praticante.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As duas professoras entrevistadas desenvolvem suas atividades no ensino


fundamental I e o outro professor no ensino fundamental II, esse diferente nível de atuação
pode ser interessante para se enxergar se há diferença na percepção do(as) profissionais. Os
26

nomes apresentados a seguir são nomes fictícios, para evitar expor o nome real do(das)
participante(s).
Começando por uma pergunta difícil e dura, na minha concepção, questionei se
ele(elas) já teriam percebido algum possível indício de violência sexual em algum(a) de
seus(suas) estudantes. O professor, que aqui será tratado por Jonas respondeu que em todo seu
período de professor, nunca percebeu nada do tipo, já a professora que aqui será tratada por
Miriam disse que se percebe uma diferença comportamental muito grande nas crianças que
sofrem violência, tanto sexual como física, o que se assemelha ao apresentado por Sanderson
(2006). A terceira e última participante será tratada por Lourdes, ela concordou com a
Miriam, no sentido de perceber mudanças comportamentais em quem sofre algum tipo de
violência e de suspeitar de algo quando há uma mudança tão drástica em algum(a) aluno(a).
Dando prosseguimento à entrevista, perguntei acerca do que entendiam por
educação sexual e se achavam que esse tema deveria ser abordado de alguma forma nas aulas
escolares de maneira geral. A professora Miriam disse o seguinte: “Entendo a educação
sexual como algo mais amplo, que envolva todo o aluno. Às vezes o nome ‘sexual’ já dá a
ideia de algo pejorativo”. Comentário esse que se identifica com o encontrado no trabalho de
Vagliati (2014), onde alguns(umas) professores(as) ao serem questionados sobre educação
sexual faziam a relação imediata com o ato sexual em si, o que se mostrou diferente por parte
da professora Miriam, que considerou a educação sexual como algo mais amplo, que envolva
o(a) aluno(a) por completo, suas relações com os outros alunos(as), limites de conduta e etc,.
Em contrapartida, o professor Jonas e a professora Lourdes relacionaram a
educação sexual com o “entender melhor o cuidado com o corpo” e “conhecer melhor o
corpo”, respectivamente. O que sugere uma visão de acordo com a abordagem pedagógica e
médica apresentada por Figueiró (2020; 1996), onde a educação é mais voltada para o cuidado
com o corpo e a vivência saudável da sexualidade. Todos(as) os(as) colaboradores(as)
consideraram que o tema da educação sexual deveria ser abordado nas aulas da escola.
Continuando sobre a abordagem dos temas perguntei: “Ela deve ser abordada nas
aulas de educação física ou somente por pessoas capacitadas diretamente a respeito do tema
da educação sexual?”, A resposta que mais me chamou a atenção foi a da professora Miriam
que disse assim: “Não acho que deveria ter uma disciplina exclusiva, mas que deve ser
abordado quando houver algum gancho nas aulas”, na concepção dela o tema é um assunto
cotidiano que pode surgir a qualquer momento, e que se surgir, o(a) professor(a) não pode
simplesmente ignorar. Achei o ponto de vista dela interessante, esse pensamento faz com que
o(a) professor(a) esteja atento(a) e preparado(a) para modelar as aulas de forma que venham
27

ser conduzidas de acordo com o cotidiano e com as dúvidas que frequentemente surgem na
cabeça das crianças.
Voltando mais especificamente para a violência sexual contra crianças perguntei
sobre a importância do tema ser abordado em aula, isso voltado mais diretamente para o seu
combate. Novamente a resposta que mais se destacou na minha concepção foi a da professora
Miriam que disse o seguinte: “É um tema muito importante de ser abordado, ainda mais em
uma região vulnerável como essa” e prosseguiu dizendo: “Às vezes as casas só tem um
cômodo, aí eles comentam”. A professora Miriam demonstra nessa frase a preocupação com
os(as) alunos(as), pois a escola se encontra em uma região de vulnerabilidade socioeconômica
e dominada por facções criminosas. Destaca também, que muitos(as) dos(as) alunos(as) são
expostos ao sexo de maneira prematura, e se eles vêem vão comentar, o que pode ser um
oportunidade para se abordar o tema. A professora Lourdes e o professor Jonas comentaram
ser importante, mas não se aprofundaram nos comentários.
Já encaminhando para o fim da entrevista perguntei: “Já teve alguma formação
sobre o tema da educação sexual ou tiveram alguma disciplina que tratasse disso na
faculdade?”, O professor Jonas e a professora Lourdes disseram que nunca tiveram esse tema
abordado em nenhuma cadeira da faculdade, a Lourdes fez um curso, mas por conta própria.
O que indica que há uma baixa atenção do governo para esse tema, ainda que muitos sejam os
casos (CEARÁ, 2021), A professora Miriam disse o seguinte: “Nunca tive esse tema
abordado na minha formação, o que sei aprendi na prática.”, Esse comentário de Miriam me
faz ver como devemos nos dedicar ao estudo de temas que consideramos importantes para a
sociedade, visto que muitas vezes não há um apoio adequado por parte do Estado Brasileiro.
Para encerrar a entrevista perguntei acerca da religiosidade de cada um, se
professavam alguma religião, e se sim, se eram dedicados a isso. O professor Jonas disse que
era nascido em família católica, mas que não frequentava a igreja. A professora Lourdes disse
que era católica praticante de grupo de oração, dando entonação na voz para deixar bem claro
que ama sua religião, por último, a professora Miriam disse ser evangélica. As duas
professoras se demonstraram mais religiosas, mas não pude enxergar algo que se aproximasse
das abordagens tradicionais: católica e evangélica, apresentadas por Figueiró (1996; 2020), se
aproximando mais da abordagem pedagógica/médica (Lourdes) e da abordagem evangélica
questionadora ou libertadora (Miriam). O professor Jonas também demonstrou ter uma
abordagem que se aproximasse da pedagógica/médica.
28

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho trata-se de um tema atual que pode ser ampliado que se direcionou
para a educação sexual escolar visando à prevenção e reconhecimento de violências sexuais
contra crianças e adolescentes, mas a educação sexual também pode ser voltada para o
combate de preconceitos diversos e para uma transformação social, como apresentado nas
abordagens de Figueiró (1996;2020).
Reconheço que este trabalho apresenta limitações, por exemplo: a quantidade de
participantes nas entrevistas é pequena, o tempo da entrevista foi reduzido, entre 10 e 20
minutos cada. Também o ambiente das entrevistas, elas foram realizadas na escola, não era
um ambiente silencioso. A entrevista com o professor aconteceu em um breve intervalo de
turmas e a entrevistas com as duas professoras aconteceu em uma sala de planejamento
29

escolar, próximo ao intervalo de expediente, o que não me permitiu me prolongar na


entrevista.
Outra questão foram as perguntas que elaborei para nortear as entrevistas e evitar
a fuga temática, olhando posteriormente percebo que poderiam ter sido acrescentadas outras
perguntas, como por exemplo: “Em caso de suspeita de caso de violência, o que se fazer?
vocês tem alguma recomendação escolar quanto a isso?”, uma pergunta do tipo poderia
demonstrar se os professores e as professoras são instruídos de como agir em determinadas
situações.
Por fim, espero que esse tema tenha uma maior investigação, visto que é um tema
atual e importante, mas infelizmente muito negligenciado e pouco investigado (MOREIRA;
PINHEIRO; ROCHA, 2021).
30

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35

ANEXO A

Obs. Cada participante da entrevista ficou com uma cópia do termo de livre consentimento e
esclarecido assinado, no modelo acima e a outra cópia ficou comigo.
36

ANEXO B

ANEXO C
37

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