Você está na página 1de 9

Thomas Hobbes - O Leviatã

● Contexto histórico: O livro foi publicado em 1651. O século XVII na Europa


foi marcado por profundas mudanças políticas e filosóficas. A Inglaterra, onde
Hobbes viveu, estava no meio de uma série de conflitos políticos e religiosos,
incluindo a Guerra Civil Inglesa (1642-1651) entre o rei Carlos I e o
Parlamento. Essa guerra resultou na execução do rei e no estabelecimento
do Commonwealth sob o governo de Oliver Cromwell. Durante esse período,
Hobbes testemunhou diretamente os horrores da guerra e ficou
profundamente preocupado com a instabilidade política e social de seu
tempo. Seu objetivo ao escrever "O Leviatã" era oferecer uma análise
profunda da natureza humana, da sociedade e do governo, a fim de propor
um modelo de governo estável que pudesse evitar os conflitos e caos
observados.

● Resumo Geral: Hobbes parte da premissa de que os seres humanos são


egoístas e movidos por paixões, e que, em um estado de natureza, haveria
uma guerra de todos contra todos. Para evitar esse estado caótico, ele
propõe a formação de um contrato social, no qual os indivíduos abrem mão
de algumas de suas liberdades em troca da proteção e da ordem oferecidas
por um governo. Segundo Hobbes, o soberano, representado pelo "Leviatã",
deve possuir poder absoluto e ser o árbitro final das questões políticas. O
soberano é responsável por garantir a segurança dos indivíduos e mediar os
conflitos, mantendo a ordem e a estabilidade na sociedade. Para Hobbes, a
obediência ao soberano é essencial para evitar a violência e assegurar a
coesão social.

● Livro:
I)
De acordo com Hobbes, os homens são naturalmente iguais, tanto no físico quanto
no espírito. Mesmo que exista um homem mais forte, o mais fraco ainda pode
derrotá-lo através da maquinação ou se aliando a outros homens, portanto não
existe uma superioridade de fato. Quanto ao espírito (o autor se refere à prudência),
os homens possuem ainda uma maior igualdade, porque é conquistado através da
experiência, o que é concedido de forma igualitária aos homens, desde que se
dediquem a isso. Além disso, são iguais até na presunção, porque sempre
acreditam que são mais sábios que os outros.
Dessa igualdade, surge a desconfiança. Se os homens são iguais,
consequentemente possuem os mesmos interesses pelas mesmas coisas, que não
podem ser usufruídos por todos e, dessa forma, os torna inimigos e resulta na
tentativa de destruir o outro para atingir esse interesse. Por causa dessa
desconfiança entre os indivíduos, a melhor maneira de se proteger é a antecipação,
submetendo pela força ou pela astúcia todos os homens que puder, até que não
haja outro forte o suficiente para o ameaçar. É a conservação.
Além disso, os homens não tiram prazer da companhia um do outro (contrário ao
Aristóteles), porque cada um exige que o outro lhe abriria o mesmo valor que atribui
a si próprio, dessa maneira, em um sinal de desprezo o homem se esforça para
arrancar do outro essa valorização, o causando dano.
Portanto, a discórdia na natureza do homem é causada por 3 coisas: a competição,
a desconfiança e a glória.
➔ A competição leva os homens a atacar uns aos outros visando o lucro.
➔ A desconfiança leva a violência para defesa própria
➔ A glória visa a reputação.

Portanto, sem a existência de um poder superior os homens se encontram em um


estado de guerra de todos contra todos. A guerra não consiste na batalha em si,
mas também na disposição para travar a luta. Dessa maneira, nesse tempo de
guerra, a única proteção existente é a que o homem conquista para si, não há
sociedade e persiste um medo constante e perigo da morte violenta; a vida do
homem é solitária, brutal, mórbida e curta.
Nessa guerra de todos contra todos, nada é injusto. Se não existe um poder
comum, não existem leis e, portanto, não existe injustiça. Na guerra, a força e a
fraude são as “virtudes cardeais”. Não existe a propriedade, nem distinção entre
meu e seu, só existe aquilo que o homem é capaz de conquistar e apenas enquanto
puder conservar.
As paixões que levam o homem à paz são o medo da morte e o desejo das coisas
que garantem uma vida confortável. A razão leva as normas da paz, que os homens
podem conquistar através de um acordo. Essas normas também podem ser
chamadas de leis da natureza.

II)
O direito de natureza é a liberdade que cada homem possui de usar o seu poder
para garantir sua segurança. A liberdade é a ausência de impedimentos externos,
impedimentos que restringem o homem do livre uso de seu poder. Uma Lei de
Natureza é uma regra geral estabelecida pela razão que proíbe o homem de fazer
tudo que possa destruir a própria vida.
Como a condição do homem é estar no estado de guerra de todos contra todos,
com cada um sendo governado por sua própria razão, se tem o princípio de que o
homem tem direito a todas as coisas, inclusive os corpos uns dos outros. Dessa
forma, se perdurar o direito natural não haverá segurança para nenhum indivíduo.
Consequentemente, é uma regra geral da razão que todo homem deve buscar pela
paz. Essa regra fundamenta a primeira lei da natureza: “procurar a paz”.
Dessa lei, surge a segunda lei da natureza: “o homem deve concordar com a
renúncia de seus direito a todas as coisas, contentando-se com a mesma liberdade
que permite aos demais, na medida em que considere a decisão necessária à
manutenção da paz e em sua própria defesa”. Porque se ninguém renunciar seu
direito natural, o homem continuará em estado de guerra.
Resignar a um direito é privar-se da liberdade de impedir outro indivíduo de
beneficiar-se do seu próprio direito à mesma coisa, ou seja, um homem se afasta
para que outro possa usufruir de um direito específico. Se renuncia a um direito
quando não importa quem irá receber o benefício e se transfere quando se pretende
beneficiar uma pessoa específica. Em ambos os casos, quando a pessoa abre mão
de seu direito fica obrigada a não impedir outro de receber esse direito e é seu
dever não tentar impedir, se não seria uma injustiça.
O modo pelo qual o homem renuncia seu direito é uma declaração, mediante
sinais claros, de que renunciou seu direito a alguém que o aceitou. Esses sinais
podem ser feitos através de palavras ou ações, formando vínculos que os homem
ficam obrigados a cumpri-los, com medo da consequência caso o vínculo seja
rompido. Quando alguém abdica um direito, recebe outro em troca, pois é um ato
voluntário e todo ato voluntário visa um bem para si mesmo ( existem alguns
direitos inalienáveis, como direito à resistência a um ataque que queira lhe tirar a
vida). Essa troca mútua de direitos é chamada de contrato.
Nos contratos, o direito é transmitido tanto quando se usa palavras de afirmação
no passo e no presente (dei, dou), quanto no futuro (darei), porque todo contrato é
uma troca mútua de direitos. Portanto, aquele que apenas promete por já ter
recebido o benefício, deve ser entendido que possui a intenção de transferir o
direito. Por esse motivo que nos contratos uma promessa é equivalente a um pacto,
e portanto obrigatória. No contrato, eu mereço o direito em virtude do meu próprio
poder e da necessidade do contratante.
Quando se faz um pacto em que ninguém imediatamente cumpre sua parte, e uns
confiam nos outros, na condição de natureza (guerra), a menor suspeita que houver
torna o pacto nulo, porque o vínculo da palavra é fraco demais para impedir a
ambição e outras paixões dos homens. Mas se houver um poder comum acima dos
contratantes, com poder coercitivo, as partes são obrigadas a cumprir o contrato.
Quando se transfere um direito, também se transfere os meios de usufruí-lo (ex:
transferir uma terra, ao mesmo tempo se dá as plantações que virão a surgir). É
impossível fazer pactos com Deus, a não ser que seja com alguém o representando.
O objeto do pacto é sempre sujeito a deliberação, porque o contrato é um ato de
vontade. Portanto, só se pode prometer em pacto o que sabe ser possível realizar,
caso contrário será nulo. Um pacto anterior anula o posterior, porque se já transferi
um direito não é mais possível transferir a outra pessoa.
Um pacto que alguém acusa a si mesmo é invalido, porque no estado de natureza
não há lugar para acusação, já que todos os homens são seus próprios juízes. No
estado de natureza, só é possível obrigar alguém a cumprir um contrato de duas
formas: pelo medo das consequências se houver o rompimento do pacto e a glória
que pode vir a possuir ao receber um direito.

III)

“Daquela lei de natureza pela qual somos obrigados a transferir aos outros aqueles
direitos que, ao serem conservados, impedem a paz da humanidade, segue-se uma
terceira: Que os homens cumpram os pactos que celebrarem. Sem esta lei os
pactos seriam vãos, e não passariam de palavras vazias; como o direito de todos os
homens a todas as coisas continuaria em vigor, permaneceríamos na condição de
guerra.”

“Nesta lei de natureza reside a fonte e a origem da justiça. Porque sem um pacto
anterior não há transferência de direito, e todo homem tem direito a todas as coisas,
consequentemente nenhuma ação pode ser injusta. Mas, depois de celebrado um
pacto, rompê-lo é injusto. E a definição da injustiça não é outra senão o não
cumprimento de um pacto. E tudo o que não é injusto é justo.”

C: Hobbes afirma que além da lei criada a partir da abdicação de seus direitos,
ainda há outra que obriga os homens a cumprirem seus pactos, caso esta não
existisse, não faria sentido a primeira, já que nada compeliria os homens a
manterem suas palavras. Além disso, vale ressaltar que foi com a criação desses
pactos que surge os conceitos de “justo” e “injusto”, já que no estado de natureza
todo homem era livre para fazer o que desejar não há nada que seja injusto de
fazer. Mas depois do “pacto”, rompê-lo seria injusto (injusto é toda ação que resulta
em descumprir um pacto). E tudo aquilo que não é injusto, será “justo”.

“Portanto, para que as palavras "justo" e "injusto" possam ter lugar, é necessária
alguma espécie de poder coercitivo, capaz de obrigar igualmente os homens ao
cumprimento de seus pactos, mediante o terror de algum castigo que seja superior
ao benefício que esperam tirar do rompimento do pacto, e capaz de fortalecer
aquela propriedade que os homens adquirem por contrato mútuo, como
recompensa do direito universal a que renunciaram.”

“De modo que a natureza da justiça consiste rio cumprimento dos pactos válidos,
mas a validade dos pactos só começa com a instituição de um poder civil suficiente
para obrigar os homens a cumpri-los, e é também só aí que começa a haver
propriedade.”

C: Hobbes afirma que a “justiça” surge com o cumprimento dos pactos, mas a
validez dos “pactos”, surge com a criação de um Estado que detenha poder
coercitivo o suficiente para garantir que os homens cumpram os pactos, por medo
de sofrerem uma consequência maior do que seria o seu benefício de descumprir o
pacto.

“os pactos não são contra a razão, nos casos em que contribui para o benefício
próprio.”

“Mas perguntam se a justiça, pondo de lado o temor a Deus (porque os mesmos


tolos disseram em seu foro íntimo que Deus não existe), não poderá às vezes
concordar com aquela mesma razão que dita a cada um seu próprio bem, sobretudo
quando ela produz um benefício capaz de colocar um homem numa situação que
lhe permita desprezar, não apenas os ultrajes e censuras, mas também o poder dos
outros homens.”

C: Existem homens “tolos”, de acordo com Hobbes, que afirmam a possibilidade de


que a razão nem sempre esteja em cumprir um pacto, mas em seguir os próprios
desejos individuais que poderão levar um benefício maior aos homens. No entanto,
o autor repudia esses pensamentos, assim como, suas argumentações, como a
justificativa de que é válido e racional, afirmar que as perversidades (violência e
ganância) julgadas dentro de uma sociedade sejam válidas se for para conquistar
outros reinos, ou ainda, ao pensar em histórias dos pagãos, na qual acreditavam
que mesmo que Júpiter tenha destronado seu pai, Saturno, ainda sim, era a
representação da justiça.

“Em primeiro lugar, quando alguém pratica uma ação que, na medida em que é
possível prever e calcular, tende para sua própria destruição, mesmo que algum
acidente inesperado venha a torná-la benéfica para ele, tais acontecimentos não a
transformam numa ação razoável ou judiciosa. Em segundo lugar, numa condição
de guerra, em que cada homem é inimigo de cada homem, por falta de um poder
comum que os mantenha a todos em respeito, ninguém pode esperar ser capaz de
defender-se da destruição só com sua própria força ou inteligência, sem o auxílio de
aliados, em alianças das quais cada um espera a mesma defesa. Portanto quem
declarar que considera razoável enganar aos que o ajudam não pode
razoavelmente esperar outros meios de salvação senão os que dependem de seu
próprio poder. Portanto quem quebra seu pacto, e ao mesmo tempo declara que
pode fazê-lo de acordo com a razão, não pode ser aceite por qualquer sociedade
que se constitua em vista da paz e da defesa, a não ser devido a um erro dos que o
aceitam”

C: O autor defende que não cumprir com os pactos significa não seguir a razão,
para isso apresenta 2 argumentos:

1. Ao descumprir com o pacto, o homem está tendendo para a sua própria


destruição, mesmo que por sorte acabe se revertendo em benefício próprio;

2. Em um estado de guerra de todos contra todos, um homem não pode esperar


se salvar apena com a sua própria força, ele deve buscar auxílio de aliados;

Assim, como apontado não é racional ir contra aquilo que torna eficaz os direitos de
todos e sua segurança, e todo aquele que for contra isso, não deveria ser aceito em
uma sociedade que visa paz e segurança.

“Quanto à hipótese de adquirir uma segura e perpétua felicidade no céu [...] só se


pode imaginar uma maneira: não rompendo os pactos, mas cumprindo-os.”

“Quanto à outra hipótese, de conquistar a soberania pela rebelião, é evidente que a


tentativa, mesmo que seja coroada de êxito, é contrária à razão: por um lado porque
não é razoável esperar que tenha êxito, antes pelo contrário; por outro lado porque
ao fazê-lo se ensina aos outros a conquistar a soberania da mesma maneira.
Portanto a justiça, isto é, o cumprimento dos pactos, é uma regra da razão, pela
qual somos proibidos de fazer todas as coisas que destroem a nossa vida, e por
conseguinte é uma lei de natureza.”

“Há alguns que vão ainda mais longe, e não aceitam que a lei de natureza seja
constituída por aquelas regras que conduzem à preservação da vida do homem na
Terra, e sim pelas que permitem conseguir uma felicidade eterna depois da morte. À
qual pensam que o rompimento dos pactos pode conduzir, sendo este portanto justo
e razoável (são esses que consideram obra meritória matar, depor, ou rebelar-se
contra o poder soberano constituído acima deles por seu próprio consentimento).
Mas dado que não há conhecimento natural da situação do homem depois da
morte, e muito menos da recompensa que lá se dá à falta de palavra, havendo
apenas uma crença baseada na afirmação de outros homens, que dizem conhecê-la
sobrenaturalmente, ou dizem conhecer aqueles que conheceram os que
conheceram outros que a conheceram sobrenaturalmente, não é possível, por
conseguinte, considerar o rompimento da palavra um preceito da razão, ou da
natureza.”

C: Thomas Hobbes defende que só há uma forma de adquirir uma felicidade eterna
no céu, que seria cumprir na terra os pactos feitos; e que conquistar a soberania,
através de rebelião, é algo contrário a razão e injusto, devido não apenas ao ato em
si, mas por ensinar outros a conquistarem poder da mesma forma. Há alguns
críticos da finalidade dos pactos e leis de natureza, afirmando que as leis criadas
não visam a preservação da vida do homem na terra, mas a uma felicidade eterna
na morte, fato que torna aceitável, quebrar um pacto, mas Hobbes afirma a
impossibilidade de tal finalidade, pois não há provas de que realmente haveria algo
depois da morte, então, o descumprimento do pacto continua sendo algo irracional.

“As palavras justo e injusto, quando são atribuídas a homens, significam uma coisa,
e quando são atribuídas a ações significam outra. Quando são atribuídas a homens
indicam a conformidade ou a incompatibilidade entre os costumes e a razão. Mas
quando são atribuídas a ações indicam a conformidade ou a incompatibilidade com
a razão, não dos costumes, mas de ações determinadas.”

[...] “a justiça da conduta que se significa quando se chama virtude à justiça, e vício
à injustiça.”

C: As palavras justo e injusto podem ser atribuídas aos homens ou às suas ações:

1. Aos homens = compatível ou incompatível com a razão e os costumes;

2. Às ações = compatível ou incompatível, apenas, à razão;


“Os autores dividem a justiça das ações em comutativa e distributiva, e dizem que a
primeira consiste numa proporção aritmética, e a segunda numa proporção
geométrica.”

“justiça comutativa é por eles atribuída à igualdade de valor das coisas que são
objeto de contrato.”

“justiça distributiva à distribuição de benefícios iguais a pessoas de mérito igual.”

C: Hobbes é contra essa definição dada por alguns autores, pois afirma que, na
prática, a justiça “comutativa” é a justiça que um contratante exige, que seria o
cumprimento do pacto, enquanto a “distributiva” é a justiça do arbítrio, pois seria o
ato de decidir o que é justo, sendo essa pessoa de confiança, e que classificaria a
coisas de forma apropriada e equitativa.

“A quinta lei de natureza é a complacência, quer dizer: Que cada um se esforce por
acomodar-se com os outros.”

“Aos que respeitam esta lei pode chamar-se sociáveis (os latinos chamavam-lhes
commodí), e aos que não o fazem obstinados, insociáveis, refratários ou
intratáveis.”

C: Uma lei natural de fundamental importância seria a “complacência”, que significa


adaptar-se à sociedade, saber se encaixar na sociedade por mais que haja muitas
diferenças de natureza humana. Aqueles que não se adaptam são os obstinados e
intratáveis (devem ser expulsos das sociedades) e os que se adaptam são os
sociáveis.

“A sexta lei de natureza é Que como garantia do tempo futuro se perdoem as


ofensas passadas, àqueles que se arrependam e o desejem.” (perdão = garantia de
paz).

“A sétima lei ê Que na vingança (isto é, a retribuição do mal com o mal) os homens
não olhem à importância do mal passado, mas só à importância do bem futuro.”

“E dado que todos os sinais de ódio ou desprezo tendem a provocar a luta, a ponto
de a maior parte dos homens preferirem arriscar a vida a ficar sem vingança,
podemos formular em oitavo lugar, como lei de natureza, o seguinte preceito: Que
ninguém por atos, palavras, atitude ou gesto declare ódio ou desprezo pelo outro.
Ao desrespeito a esta lei se chama geralmente contumélia.”

“A desigualdade atualmente existente foi introduzida pelas leis civis.”

“nona lei de natureza, proponho esta: Que cada homem reconheça os outros como
seus iguais por natureza. A falta a este preceito chama-se orgulho.”
“Desta lei depende uma outra: Que ao iniciarem-se as condições de paz ninguém
pretenda reservar para si qualquer direito que não aceite seja também reservado
para qualquer dos outros.”

“outra lei: Que as coisas que não podem ser divididas sejam gozadas em comum,
se assim puder ser; e, se a quantidade da coisa o permitir, sem limite;”

“Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti. 0 que mostra a cada um que,
para aprender as leis de natureza, o que tem a fazer é apenas, quando ao comparar
suas ações com as dos outros estas últimas parecem excessivamente pesadas,
colocá-las no outro prato da balança, e no lugar delas as suas próprias, de maneira
que suas próprias paixões e amor de si em nada modifiquem o peso.”

C: Hobbes aqui enumera as principais leis de natureza que sempre visam a


igualdade de direitos e deveres, e a paz (segurança) como fim que deve ser pesado
em cada ato humano. Logo, “faz aos outros o que gostaria que te fizesse a ti”.

“As leis de natureza são imutáveis e eternas, pois a injustiça, a ingratidão, a


arrogância, o orgulho, a iniqüidade, a acepção de pessoas e os restantes jamais
podem ser tornados legítimos. Pois jamais poderá ocorrer que a guerra preserve a
vida, e a paz a destrua.”

“E a ciência dessas leis é a verdadeira e única filosofia moral.”

“Porque a filosofia moral não é mais do que a ciência do que é bom e mau, na
conservação e na sociedade humana. O bem e o mal são nomes que significam
nossos apetites e aversões, os quais são diferentes conforme os diferentes
temperamentos, costumes e doutrinas dos homens.”

IV)

“Uma pessoa é aquele cujas palavras ou ações são consideradas quer como suas
próprias quer como representando as palavras ou ações de outro homem.”

C: Pessoa “natural” = suas ações e palavras são consideradas próprias dele (autor);
pessoa “fictícia” ou “artificial” = quando as ações e palavras são usadas para
representar outros (ator).

“Porque ninguém é obrigado por um pacto do qual não é autor, nem


consequentemente por um pacto feito contra ou à margem da autoridade que ele
mesmo conferiu.”

“Quando o ator faz qualquer coisa contra a lei de natureza por ordem do autor, se
pelo pacto anterior for obrigado a obedecer-lhe, não é ele e sim o autor que viola a
lei de natureza. Pois a ação, embora seja contra a lei de natureza, não é sua; pelo
contrário, recusar-se a praticá-la é contra a lei de natureza, que obriga a cumprir os
contratos.”

“Se o representante for constituído por muitos homens, a voz do maior número
deverá ser considerada como a voz de todos eles.”

“Um corpo representativo de número par, sobretudo quando o número não é grande,
onde portanto muitas vezes as vozes são iguais, é consequentemente outras tantas
vezes mudo, e incapaz de ação.”

Você também pode gostar