Você está na página 1de 41

TEORIA GERAL DO PROCESSO

SOCIEDADE E TUTELA JURÍDICA


PROFESSOR ARTUR CASTRO
SOCIEDADE E
DIREITO
sociedade

A sociedade refere-se a um grupo de pessoas que compartilham


interesses, objetivos, valores e interações dentro de um
determinado espaço ou contexto. As sociedades podem variar em
tamanho e complexidade, desde comunidades locais até
sociedades nacionais e internacionais. Elas geralmente têm
estruturas organizacionais, normas sociais e sistemas de
governança que ajudam a regular as interações entre os membros.
DIREITO
Máxima realização dos valores humanos
com o mínimo de sacrifício e desgaste

Sistema de normas que regula as


condutas humanas por meio de direitos
e deveres.
“UBI JUS IBI SOCIETAS”

ONDE HÁ SOCIEDADE, HÁ DIREITO


SÓ NÃO HAVERIA
LUGAR PARA O
DIREITO COM A
AUSÊNCIA DE
CONVÍVIO SOCIAL.
CONFLITOS DE
INTERESSES
A existência do direito regulador da
cooperação entre pessoas e capaz da
atribuição de bens a elas não é capaz de
eliminar os conflitos que possam surgir
entre elas.

Mas, é capaz de regular e prever a solução.


“POR INTERESSE, DEVEMOS ENTENDER A (POSIÇÃO
FAVORÁVEL EM RELAÇÃO A UM BEM). POR OUTRO LADO,
COMPOR SIGNIFICA DIZER QUAL INTERESSE DEVE
PREVALECER E QUAL INTERESSE DEVE SUCUMBIR”
POR QUE HÁ
CONFLITOS?
Aquele que poderia satisfazer sua
pretensão não a satisfaz
Ex. devedor que não paga divida

O próprio direito proíbe a satisfação


voluntária da pretensão
Ex. vingança contra outra pessoa

Dicotomia: justiça privada x justiça publica


O PERIGO DA JUSTIÇA
PRIVADA
Erros de julgamento
Situações putativas
Opressão ao mais fraco
POR QUE HÁ
CONFLITOS?
O Direito exige que o indivíduo que teve o
seu direito violado chame o Estado-juiz
para solucionar essa lide e coloque fim ao
conflito.

Pela aplicação do direito se atinge a


finalidade da jurisdição: a paz social
FORMAS DE ELIMINAÇÃO DOS CONFLITOS
Autocomposição - Sacrifício total ou parcial do
próprio interesse

Autotutela - Impõe o sacrifício do interesse


alheio

Heterocomposição - a conciliação, a mediação


e o processo (estatal ou arbitral)
A AUTOTUTELA
Nas fases mais primitivas da civilização dos povos não existia
um Estado suficientemente forte para controlar os ímpetos dos
indivíduos e impor o direito acima das vontades individuais

A pessoa que pretendesse alguma coisa de outro indivíduo que


o impedisse de obter, deveria com sua própria força conseguir
satisfazer a sua pretensão, ou seja, a pessoa deveria “fazer a
justiça com as próprias mãos”.

Esse modelo se denomina autotutela, nele, não havia garantia


de justiça, mas sim a vitória do mais forte, do mais esperto
sobre o mais fraco.
A AUTOTUTELA HOJE É PERMITIDA?
PROIBIÇÃO DA AUTOTUTELA
CRIME DE EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES

Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,


embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção,
de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena
correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há
emprego de violência, somente se procede mediante queixa.”
(CP, ART 345)
PERMISSÃO DA AUTOTUTELA
Legítima defesa

Legítima defesa da propriedade contra o esbulho

MOTIVO: Estado não pode estar em todos os lugares ao


mesmo tempo.

Se você for esperar pelo Estado para se defender de um ladrão


na sua casa, acabará morto!
APESAR DA REPULSA DA AUTOTUTELA COMO MEIO ORDINÁRIO DE
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS, A LEI PREVÊ EXCEÇÕES À PROIBIÇÃO:
O direito à retenção (CC, arts. 578, 644, 1219, 1433, inc.II, 1434, etc)

O desforço imediato (CC, art. 1210 § 1º)

O direito de cortar raízes e ramos de árvores limítrofes que ultrapassem

a extrema do prédio (CC, art. 1283)

O poder de efetuar prisões em flagrante (CPP, art. 301)

Atos de legítima defesa (CP, arts. 24-25; CC, arts.188, 929, 930)
CONCEITO FINAL DE AUTOTUTELA
A autotutela se caracteriza pela ausência de um juiz
que seja uma pessoa diferente das partes e pela
imposição da decisão de uma das partes sobre a
outra, sendo, em regra, proibida pelo direito
brasileiro, exceto em casos excepcionais e
expressamente autorizados por lei
Resolução de conflitos
AUTOTUTELA por meio da própria
Ausência de Riscos de
força ou poder de uma
um terceiro conflitos
das partes envolvidas,
neutro agravados
sem a intervenção de
um terceiro imparcial.
SE ADMITE A
AUTOTUTELA PELA:
Ausência do Estado-juiz em
situações de direito violado
Ausência de confiança no
altruísmo alheio, inspirador de
uma autocomposição.
AUTOCOMPOSIÇÃO
Uma das partes ou ambas abrem mão do interesse ou
de parte dele, ou seja, a solução do conflito ocorre pela
vontade e concessão de uma ou ambas as partes.

A autocomposição pode ocorre através da desistência,


isto é, a parte renuncia a sua pretensão; da submissão,
ou seja, a parte renuncia a resistência que oferecia à
pretensão de outrem; ou da transação, quando ambas
as partes fazem concessões recíprocas
AUTOCOMPOSIÇÃO

Resolução de conflitos Participação voluntária Preservação do


em que as próprias relacionamento entre
partes chegam a um as partes
acordo, sem a
necessidade de
intervenção externa.
SE ADMITE AUTOCOMPOSIÇÃO, SALVO CASO QUE
A PERDA DOS INTERESSES SEJA DEGRADANTE À
PESSOA OU A COLOQUE EM SITUAÇÕES
INTOLERÁVEIS.
EXEMPLOS
Acordo feito com menor incapaz

Acordo feito com pessoa em situação de risco de vida

Acordo feito com pessoa por meio de dolo ou erro (golpe)


Da autotutela à
heterocomposição e
jurisdição
Direito romano: evolução da
justiça privada para a justiça
pública
ORDO JUDICIORUM PRIVATORUM
Até o século II a. C.
Se comparecia diante de um pretor ou magistrado
(heterocomposição)
A arbitragem do conflito era facultativa
O Estado começa a estabelecer normas na figura de
um legislador. (Lei das doze tábuas)
COGNITIO EXTRA ORDINEM

O Estado fortalecido se impõe sobre os indivíduos,


entregando uma solução ao conflito de interesses: a decisão
pelo pretor.
O magistrado passa a decidir o mérito da questão
Resolução de conflitos: Análise dos interesses e o
estabelecimento da jurisdição através do processo.
FASCE ROMANA
Carregada pelos lictores, símbolo do poder estatal
Constitui-se de um feixe de varas de bétula branca,
simbolizando o poder de punir, amarradas por correias
vermelhas (fasces), símbolo da soberania e a união. Muitas
vezes o feixe é ligado a um machado de bronze, que
simboliza o poder de vida e morte.
Símbolo do poder estatal romano e da justiça publica
Posteriormente, incorporada pelo fascismo
jurisdição

Capacidade do Estado de
decidir imperativamente e impor
decisões.
Ação pacificadora
Heterocomposição

Resolução de conflitos Intervenção externa A solução é determinada


em que um terceiro pelo terceiro
imparcial, como um
tribunal ou árbitro, toma
decisões e impõe uma
solução às partes
envolvidas.
MODELO MULTIPORTAS
MEDIAÇÃO, CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM
MODELO MULTIPORTAS
DE RESOLUÇÃO DE
CONFLITOS
O Modelo Multiportas reconhece a diversidade de métodos disponíveis para a resolução de
conflitos e promove a ideia de que diferentes situações podem demandar abordagens distintas.

Regularizado pelo Código de Processo Civil de 2015.

Objetivo: desafogar o judiciário e assim permitir o amplo acesso à justiça pela redução da
morosidade
MEDIAÇÃO NO MODELO
MULTIPORTAS
A mediação é um processo no qual um
terceiro imparcial, o mediador, facilita a
comunicação entre as partes em conflito para
ajudá-las a alcançar um acordo mutuamente
aceitável. O mediador facilita o diálogo, mas
deixa a proposição de soluções para os
litigantes
Fortalece a AUTONOMIA DAS PARTES
Exemplo prático de
mediação
Imagine um conflito entre sócios de uma empresa sobre a direção
estratégica. A mediação pode permitir que eles expressem
preocupações, explorem opções e cheguem a um acordo que beneficie
a empresa e as partes envolvidas.
CONCILIAÇÃO NO MODELO
MULTIPORTAS
A conciliação é um processo no qual um
terceiro imparcial, o conciliador, facilita a
comunicação entre as partes em conflito para
ajudá-las a alcançar um acordo, mas também
pode sugerir soluções e fazer propostas.
Imparcialidade
Comunicação eficaz
Sugestão de soluções.
Considere um conflito entre membros de uma
EXEMPLO PRÁTICO família sobre a partilha de herança. A conciliação
pode envolver o conciliador sugerindo opções
DE CONCILIAÇÃO equitativas e facilitando a discussão para
chegar a um acordo aceitável para todos.
Arbitragem no
Modelo Multiportas
A arbitragem é um processo no qual
as partes em conflito concordam em
submeter a disputa a um terceiro
imparcial, o árbitro, que emite uma
decisão vinculativa e legalmente
exigível.

Imparcialidade do árbitro
Decisão vinculativa
Autonomia das partes na escolha do
árbitro.
EXEMPLO PRÁTICO DE
ARBITRAGEM
Imagine uma disputa entre duas empresas sobre a interpretação de
um contrato. Optar pela arbitragem permite que elas escolham um
árbitro com experiência em contratos comerciais para resolver a
questão de maneira eficiente.
REFERÊNCIAS

Você também pode gostar