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Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778)

 Filósofo suíço
 Influenciou a Revolução Francesa
 Defendeu o fim da escravidão
 Foi importante para o desenvolvimento de pensadores como Karl Marx e Hannah Arendt.
 Desenvolveu o conceito do "Bom selvagem"

Do Contrato Social (1762)

- Tentativa de estabelecer os princípios que devem organizar um estado.


Rousseau desenvolve uma espécie de Teoria Geral do Estado, que servirá para várias
democracias contemporâneas.
- Estratégia similar à estratégia hobbesiana: compreender a natureza do homem, para
depois entender os contratos sociais.

Advertências
- Levando em conta a natureza do homem e as características das leis: Como
estabelecer a “ordem civil”?
- A resposta para essa pergunta é teórica. Rousseau se apresenta não como um político
– ou legislador – mas como um filósofo.

Entro na matéria sem provar a importância de meu assunto. Perguntar-me-ão se sou


príncipe ou legislador para escrever sobre política. Respondo que não, e que por isso
mesmo escrevo sobre política. Fosse eu príncipe ou legislador, não perderia meu tempo
dizendo o que deve ser feito: ou o faria, ou me calaria.

Advertências

- Levando em conta a natureza do homem e as características das leis: Como


estabelecer a “ordem civil”?
- A resposta para essa pergunta é teórica. Rousseau se apresenta não como um político
– ou legislador – mas como um filósofo.

Capítulo 1 – Objetivo deste primeiro livro


§1 – O homem nasce livre, mas perde sua liberdade.
§2 – A ordem social é um direito sagrado, mas não é natural.
- A ordem social depende de convenções, que são o objeto de investigação do livro.
§2 – “Mas a ordem social é um direito sagrado, que serve de base para todos os demais.
Tal direito, entretanto, não advém da natureza; funda-se, pois, em convenções. Trata-se
de saber quais são essas convenções. Antes de chegar a esse ponto, devo estabelecer o
que acabo de adiantar”.

Capítulo 2 – Das Primeiras Sociedades


§1 – A família é um primeiro tipo de sociedade, uma socidade natural onde os vínculos
se dão por necessidade.
§1 – A mais antiga de todas as sociedades, e a única natural, é a da família. Ainda
assim, os filhos só permanecem ligados ao pai enquanto necessitam dele para a própria
conservação. Assim que essa necessidade cessa, dissolvesse o vínculo natural. Isentos
os filhos da obediência que deviam ao pai, isento o pai dos cuidados que devia aos
filhos, voltam todos a ser igualmente independentes. Se continuam unidos, já não é de
maneira natural, mas voluntária, e a própria família só se mantém por convenção.

§3 – Há uma diferença na relação estabelecida entre pais e filhos na comparação entre


chefe de estado e um povo.
§3 – É a família, pois, o primeiro modelo das sociedades políticas, o chefe é a imagem
do pai, o povo a dos filhos, e todos, tendo nascido iguais e livres, só alienam sua
liberdade em proveito próprio. A diferença toda está em que, na família, o amor do pai
pelos filhos compensa dos cuidados que lhes dedica, enquanto no Estado o prazer de
comandar supre esse amor que o chefe não tem por seus povos.
(...)
§8 – “Todo homem nascido na escravidão nasce para a escravidão: nada mais certo. Os
escravos tudo perdem sob seus grilhões, até o desejo de libertar-se deles; amam a
servidão como os companheiros de Ulisses amavam o próprio embrutecimento. Se há,
pois, escravos por natureza, é porque houve escravos contra a natureza. A força fez os
primeiros escravos, sua covardia OS perpetuou”. (ROUSSEAU)
- A escravidão não é natural, mas naturalizada.

Capítulo 3 – Do Direito do Mais Forte


§1 – Obediência pela força é temporária.
§1 – O mais forte nunca é bastante forte para ser sempre o senhor, se não transformar
sua força em direito e a obediência em dever.
Para a vida em sociedade é necessário que as pessoas obedeçam certas regras.

- A obediência precisa ser concebida como dever e a força deve ser transformada em
direito.
§2 – O “Direito do mais forte” é uma falácia: a força pode alcançar obediência, mas não
garante um direito.

§1 – O mais forte nunca é bastante forte para ser sempre o senhor, se não transformar
sua força em direito e a obediência em dever.
§ 2 – Suponhamos por um momento esse pretenso direito. Digo que dele só resulta um
galimatias inexplicável. Pois, tão logo seja a força que gera o direito, o efeito muda com
a causa; toda força que sobrepuja a primeira há de sucedê-la nesse direito. Tão logo se
possa desobedecer impunemente, torna-se legítimo fazê-lo, e, como o mais forte
sempre tem razão, basta agir de modo a ser o mais forte. Ora, o que é um direito que
perece quando cessa a força? Se é preciso obedecer pela força, não há necessidade de
obedecer por dever, e, se já não se é forçado a obedecer, também não já se é obrigado a
fazê-lo. Vê-se, pois, que a palavra direito nada acrescenta à força; não significa, aqui,
absolutamente nada.

Capítulo 4 – Da Escravidão

§2-3: Crítica ao contrato de Hobbes

§2: Se um particular, diz Grotius, pode alienar sua liberdade e converter- se em escravo
de um senhor, por que todo um povo não poderia alienar a sua e tornar-se súdito de um
rei? Há aqui muitas palavras equívocas que exigem explicação, mas atenhamo-nos ao
termo alienar. Alienar é dar ou vender. Ora, um homem que se faz escravo de outro não
se dá, vende-se, pelo menos em troca de sua subsistência; mas um povo, por que se
vende? Longe de prover à subsistência de seus súditos, o rei apenas tira a sua deles, e,
segundo Rabelais, um rei não vive com pouco. Os súditos, por conseguinte, dão suas
próprias pessoas sob a condição de que se tomem também os seus bens? Não vejo o
que lhes resta para conservar.
§3: Dir-se-á que o déspota assegura aos súditos a tranquilidade civil. Seja. Mas que
ganham eles com isso, se as guerras que sua ambição lhes acarreta, se sua insaciável
avidez, se os vexames de seu ministério os desolam mais que as próprias dissensões?
Que ganham eles, se essa mesma tranquilidade é uma de suas misérias? Vive-se
tranquilo também nas masmorras, e isto bastará para que nos sintamos bem nelas? Os
gregos encerrados no antro do Ciclope viviam tranquilos ali, esperando a vez de serem
devorados.

Hobbes: Os indivíduos podem abrir mão da liberdade.

Rousseau: Por quê?

Hobbes: Para ter tranquilidade civil, garantia de sobrevivência.

Rousseau: Não é o suficiente, a liberdade é um bem muito precioso para se abdicar em


troca de uma suposta tranquilidade civil.
§6 – Abrir mão da liberdade é contrariar a própria natureza humana.
§6: Renunciar à liberdade é renunciar à qualidade de homem, aos direitos da
humanidade, e até aos próprios deveres. (...) Tal renúncia é incompatível com a natureza
do homem, e subtrair toda liberdade a sua vontade é subtrair toda moralidade a suas
ações. Enfim, é inútil e contraditória a convenção que estipula, de um lado, uma
autoridade absoluta, e, de outro, uma obediência sem limites.
§7 – HIPÓTESE: a guerra dá direito à escravizar o inimigo derrotado.
§6: Renunciar à liberdade é renunciar à qualidade de homem, aos direitos da
humanidade, e até aos próprios deveres. (...) Tal renúncia é incompatível com a natureza
do homem, e subtrair toda liberdade a sua vontade é subtrair toda moralidade a suas
ações. Enfim, é inútil e contraditória a convenção que estipula, de um lado, uma
autoridade absoluta, e, de outro, uma obediência sem limites.

§10: A guerra não é, pois, uma relação de homem para homem, mas uma relação de
Estado para Estado, na qual os particulares só são inimigos acidentalmente, não como
homens, nem mesmo como cidadãos, mas como soldados; não como membros da pátria,
mas como seus defensores. Enfim, cada Estado só pode ter por inimigos outros Estados,
e não homens, porquanto não se pode estabelecer nenhuma verdadeira relação entre
coisas de diversa natureza.
§10 – RESPOSTA: guerras não são entre indivíduos, mas entre estados.

Homens não são naturalmente inimigos.

§11: Sendo o objetivo da guerra a destruição do Estado inimigo, tem-se o direito de


matar seus defensores enquanto estiverem de armas na mão; mas, no momento em que
as depõem e se rendem, cessando de ser inimigos ou instrumentos do inimigo, tomam-
se outra vez simplesmente homens e já não se tem direito sobre sua vida. Por vezes,
pode-se matar o Estado sem matar um só de seus membros; ora, a guerra não dá
nenhum direito que não seja necessário ao seu objetivo.
§11 – Vencer uma guerra, portanto, não dá direito à vida do perdedor.
§11: Sendo o objetivo da guerra a destruição do Estado inimigo, tem-se o direito de
matar seus defensores enquanto estiverem de armas na mão; mas, no momento em que
as depõem e se rendem, cessando de ser inimigos ou instrumentos do inimigo, tomam-
se outra vez simplesmente homens e já não se tem direito sobre sua vida. Por vezes,
pode-se matar o Estado sem matar um só de seus membros; ora, a guerra não dá
nenhum direito que não seja necessário ao seu objetivo.

§13: Mesmo admitindo-se como possível esse terrível direito de tudo matar, digo que um
escravo feito na guerra ou um povo conquistado não tem nenhuma obrigação para com
seu senhor, salvo obedecê-lo enquanto a isso é forçado. Ao tomar um equivalente a sua
vida, o senhor não lhe concedeu graça alguma: em vez de matá-lo sem proveito, matou-o
utilmente.

§13 – A escravidão, mesmo após a guerra, é um ato de injustiça; é uma espécie de


assassinato.
Capítulo 5 – De Como Sempre é Preciso Remontar a uma Primeira Convenção

§1 – A relação entre senhor/escravo é diferente da relação chefe de estado/povo.

§2 – Um povo pode tomar a decisão de se submeter a um determinado chefe.

§3 – Um dos pré-requisitos para se estabelecer um povo é a unanimidade.

Capítulo 6 – Do Pacto Social

§1 – Situação limite.

§2 – Saída: acordo.

§3-4: O acordo precisa superar um desafio: garantir a obediência, mas sem prescindir da
liberdade
§3: Essa soma de forças só pode nascer do concurso de muitos; mas, sendo a força e a
liberdade de cada homem os primeiros instrumentos de sua conservação, como as
empregará sem prejudicar e sem negligenciar os cuidados que deve a si mesmo? Essa
dificuldade, reconduzindo ao meu assunto, pode enunciar-se nestes termos:

§4: “Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja com toda a força comum
a pessoa e os bens de cada associado, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só
obedeça, contudo, a si mesmo e permaneça tão livre quanto antes”. Este é o problema
fundamental cuja solução é fornecida pelo contrato social.

§9-10: Formulação do pacto


§9: Se, pois, retirarmos do pacto social o que não é de sua essência, veremos que ele se
reduz aos seguintes termos: Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu
poder sob a suprema direção da vontade geral; e recebemos, coletivamente, cada
membro como parte indivisível do todo.

§10: Imediatamente, em vez da pessoa particular de cada contratante, esse ato de


associação produz um corpo moral e coletivo composto de tantos membros quantos são
os votos da assembleia, o qual recebe, por esse mesmo ato, sua unidade, seu eu
comum, sua vida e sua vontade.

Todos os indivíduos concordam em se submeter e obedecer à VONTADE GERAL, da qual


todos igualmente fazem parte.

O contrato cria um “eu comum”, coletivo.

Capítulo 8 – Do Estado Civil

§1 – Apenas o Estado Civil permite ações morais ou imorais

§2 – Antes do Pacto X Depois do Pacto

§2: Reduzamos todo esse balanço a termos de fácil comparação. O que o homem perde
pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo quanto deseja e
pode alcançar; o que com ele ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que
possui. Para que não haja engano a respeito dessas compensações, importa distinguir
entre a liberdade natural, que tem por limites apenas as forças do indivíduo, e a
liberdade civil, que é limitada pela vontade geral, e ainda entre a posse, que não passa
do efeito da força ou do direito do primeiro ocupante, e a propriedade, que só pode
fundar-se num título positivo.

Liberdade Natural. Liberdade Civil

Limites: forças Limites: vontade geral


do indivíduo

Posse Propriedade

Capítulo 9 – Do Domínio Real

§3: Critérios para definir direito à propriedade:

§3: Em geral, para autorizar o direito do primeiro ocupante sobre um terreno qualquer,
são necessárias as seguintes condições: primeiro, que esse terreno não esteja ainda
habitado por ninguém; segundo, que dele só se ocupe a porção de que se tem
necessidade para subsistir; terceiro, que dele se tome posse, não por uma cerimônia vã,
mas pelo trabalho e o cultivo, únicos sinais de propriedade que, na ausência de títulos
jurídicos, devem ser respeitados pelos outros.
- Ocupar um terreno não habitado.

- A ocupação deve ser moderada.


Trabalho sobre o terreno ocupado.

Função Social da Propriedade na Constituição

O direito à propriedade está previsto no artigo 5º inciso XXII da Constituição Federal. E


o artigo 186° estabelece os requisitos para função social de propriedades rurais:

I – aproveitamento racional e adequado;

II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio


ambiente;

III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

§8: “em vez de destruir a igualdade natural, o pacto fundamental substitui, ao contrário,
por uma igualdade moral e legítima aquilo que a natureza poderia trazer de
desigualdade física entre os homens, e, podendo ser desiguais em força ou em talento,
todos se tornam iguais por convenção e de direito” (ROUSSEAU)

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