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Fichamento - contrato social - Jean Jacques Rousseau

Instituições de Direito Público e Privado (Universidade Estadual de Ponta Grossa)

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Ficha de Leitura

Mestranda Alessandra Souza Garcia

Obra: O CONTRATO SOCIAL, de Jean Jacques Rousseau

Biografia

• Nasceu em Genebra em 1712.


• Iniciou os estudos aos 12 anos, com um pastor protestante.
• Foi relojoeiro, aprendiz e pastor e gravador
• Aos 16 anos, mudou-se para Savóia, na Itália.
• Posteriormente, percorre a Suíça.
• Entre 1732 e1740 viveu na França, como autodidata
• Em 1742, em Paris, é indicado para secretário do Embaixador da França, em
Veneza. Passa a dedicar-se ao estudo e compreensão da política
• Um dos mais importantes filósofos do Século XVIII
• Escreveu as seguintes obras:
• Discurso sobre a Desigualdade (1955);
• Júlia ou A Nova Heloísa (1761);
• O Contrato Social (1762);
• Emílio ou Da Educação (1762);
• As Confissões, obra publicada após a morte do autor (1781-1788).
• O Parlamento de Paris condenou tanto o Contrato Social quanto Émilio, que
considerou repleto de heresias religiosas.
• Exilou-se na Suíça e posteriormente na Inglaterra
• Faleceu em 1778 - é visto como “profeta” do movimento revolucionário
• Seus restos mortais foram transportados para o Panteão de Paris.

A Europa da Época de Rousseau

O absolutismo dominava toda a Europa e diversos movimentos buscavam


uma renovação cultural.

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O Iluminismo – nome dado ao movimento composto por intelectuais que


condenavam as estruturas de privilégios, absolutistas e colonialistas e defendiam a
reorganização da sociedade.

O Iluminismo teve início na Inglaterra, mas difundiu-se rapidamente na


França, onde Montesquieu (1689-1755) e Voltaire (1694-1778) desenvolviam uma série
de críticas à ordem estabelecida.

Em 1745, Jean-Jacques Rousseau volta a Paris, onde descobre o


“Iluminismo” e passa a colaborar com o movimento.

Introdução

Rousseau não qualifica o Contrato com um viés jurídico, caracterizado


por convenção por meio da qual uma ou mais pessoas se comprometem,
reciprocamente, a dar, a fazer, ou a deixar de fazer determinada coisa;

Na obra, Roussau entende o contrato como um pacto com conotação


mais filosófica, constituindo-se de compromissos recíprocos que resultam em
convenções implícitas na vida em sociedade.

Desenvolvimento:

LIVRO I

Capítulo I - Assunto deste primeiro Livro

Rousseau afirma que “o homem nasceu livre e em toda parte é posto a


ferros”.

Indaga a razão dos homens deixarem o seu estado natural de vida para
formar-se uma sociedade.

Introduz como tema principal as questões mais importantes da vida


política, enfocando a relação entre o direito de vida ou morte e a escravidão.

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Questiona como um homem que nasce livre perde sua liberdade


tornando-se escravo.

Capítulo II - Das primeiras sociedades

Rousseau apresenta a família, como a mais antiga ordem social, que


também é a única forma de sociedade natural.

A família como ordem social termina quando os seus filhos adquirem


independência, continuando ligados apenas por voluntariedade.

Nesse aspecto, ela se difere das outras formas de sociedade política, pois
o elo de ligação é o amor, ao passo que o chefe político se une ao povo por prazer ao
poder.

Cita Aristóteles, que diz que os homens não são naturalmente iguais, mas
que uns nascem para escravidão e outros para a dominação. Comenta que ele tinha
razão, mas tomava o efeito pela causa.

Capítulo III - Do direito do mais forte

Fala sobre o poder da força e do mais forte.

A força nada tem de relação com a palavra direito, pois fala, “ceder à
força é um ato de necessidade, não de vontade.”

Não há direito, nem justiça, quando o mais forte governa transformando


sua força em “direito” e a obediência de seus súditos em “dever”.

Finaliza: “Convenhamos, portanto, que força não faz direito e que somos
obrigados a obedecer apenas aos poderes legítimos.”

Capítulo IV – Da escravidão

Nenhum homem possui autoridade natural sobre seu semelhante, e já que


a força não produz direito algum, restam apenas as convenções como base de toda
autoridade entre os homens.

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O homem depende da liberdade para ser feliz, e viver dignamente.

“dizer que um homem se dá gratuitamente é dizer uma coisa absurda e


inconcebível. (…) Dizer o mesmo de todo um povo é supor um povo de loucos: a
loucura não constitui direito.”

Quem renuncia à liberdade, renuncia à condição de homem. Ou seja, é


uma convenção que não faz sentido para a natureza humana.

Tornar uma pessoa escrava é definir o direito de vida e de morte sobre o


direito de escravidão e vice-versa, constituindo um ciclo vicioso.

Conclui “(…) o direito de escravo é nulo, não apenas porque é ilegítimo,


mas porque é absurdo e nada significa. As palavras escravidão e direito são
contraditórias, excluem-se mutuamente.”

Capítulo V - É preciso remontar sempre a um primeiro convênio

Sempre haverá uma grande diferença entre submeter uma multidão e


dirigir uma sociedade.

Para um povo se entregar a um rei, ele primeiro tem de ser aprovado,


pois um povo é um povo antes de dar-se ao rei, possuindo os seus interesses e suas
opiniões próprias, juntamente com a sua liberdade.

Essa doação é um ato civil, supondo uma deliberação pública.

Para o rei ou autoridade ser escolhido deveria haver uma eleição unânime
entre o povo.

“A lei da pluralidade dos sufrágios é ela própria um estabelecimento de


convenção e pressupõe, pelo menos uma vez, a unanimidade.”

Capítulo VI – Do pacto social

A constituição do pacto social.

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Quando os homens não possuem mais a capacidade de subsistência


individual, e de sua conservação, são então obrigados a unir-se e agregar-se,
estabelecendo assim um contrato social.

O homem passa assim de seu estado natural para o estado civil.

O contrato social tem como objetivo encontrar uma forma de associação


que defenda e proteja com todas as forças a pessoa e seus bens, preservando a liberdade
de cada um.

“Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu poder sob a
suprema direção da vontade geral; e recebemos, enquanto corpo, cada membro como
parte indivisível do todo.”

Capítulo VII – Do soberano

O soberano será eleito pelo povo e possuirá um compromisso recíproco


com os indivíduos da sociedade.

O soberano não pode ter interesses contrários à população, pois estes


fazem parte do corpo e não se pode ter um interesse contrário ao seu mesmo.

“O dever e o interesse obrigam igualmente as duas partes contratantes a


se ajudarem mutuamente (…)”

Cada indivíduo pode ter uma vontade própria particular contrária à


vontade geral, mas para que o pacto social cumpra seu objetivo, todo aquele que se
recusar a obedecer à vontade geral será forçado por todo o corpo a obedecer,
significando que o forçarão a ser livre.

Capítulo VIII – Do estado civil

Quando o homem passa de seu estado natural para o estado civil, ele
sofre mudanças muito significativas, como a substituição do instinto pela justiça, a
adição da moral a sua conduta,

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O homem passa a agir segundo outros princípios e a usar a razão antes de


seguir suas inclinações.

O homem perde assim sua liberdade natural e o direito de tudo que puder
alcançar.

Ganha sua liberdade civil, que é limitada pela vontade e o bem geral,
sendo impossibilitado de passar sobre o direito de qualquer outro indivíduo.

Capítulo IX – Do domínio real

Rousseau diz que cada membro da comunidade entrega-se a ela no


momento em que ela se forma, sendo assim portanto, o Estado é senhor de todos os seus
bens pelo contrato social.

Para legitimar o direito de primeiro ocupante é necessário que o terreno


estivesse vazio e que dele só se ocupe a quantidade certa para a subsistência

Os reis ao dominarem o território, ficam mais seguros de dominar seus


habitantes também.

“Ao contrário de destruir a igualdade natural, o pacto fundamental


substitui por uma igualdade moral e legítima o que a natureza pode ter criado de
desigualdade física entre os homens; podendo ser desiguais em força ou em gênio, eles
se tornam todos iguais por convenção e direito.”

LIVRO II

Capítulo I - A soberania é inalienável

Rousseau traz como tema a inalienabilidade da soberania no pacto social.

Somente a vontade geral pode dirigir as forças do Estado segundo a


finalidade de sua instituição, que é o bem comum.

Somente a partir desse interesse comum que a sociedade deve ser


governada.

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“Afirmo, portanto, que a soberania, não sendo senão o exercício da


vontade geral, nunca pode alienar-se e que o soberano, que não é senão um ser coletivo,
só pode ser representado por ele mesmo; o poder pode perfeitamente ser transmitido,
mas não a vontade.”

Capítulo II - A soberania é indivisível

Rousseau discorre sobre a indivisibilidade da soberania.

Pela mesma razão que a soberania é inalienável, ela também é


indivisível. Portanto a vontade ou é geral, ou não existe.

Os políticos não podendo dividir a soberania em seu princípio, a dividem


em seu objeto, em poder legislativo e poder executivo, em direito de impostos, de
justiça e de guerra, em administração interior e em poder de tratar com o estrangeiro

Capítulo III - A vontade geral pode errar

Sobre a vontade geral, Rousseau deduz que o caminho a ser seguido é


sempre reto e tende na maioria das vezes ao bem da utilidade pública; e o povo,
frequentemente enganado, parece então querer seu mal.

Assim, existem diferentes vontades. Uma, atende só ao interesse comum


e a outra, olha o interesse privado (soma de vontades particulares), das diferenças entre
as duas, resta a vontade geral. Ao mesmo tempo em que o povo delibera (vontade geral)
podem surgir pandilhas e associações e nesse caso não há tantas vontades quanto
homens (resultado menos geral).

O importante para a representação da vontade geral é que não exista


social parcial no Estado e que cada cidadão não tenha outra opinião além da própria
(intuição de Licurgo). Caso existam sociedades parciais, o número deve ser
multiplicado, prevendo a desigualdade como fez Sólon, Numa e Sérvio. Sendo essas
precauções as únicas boas para que a vontade geral seja prudente e o povo se equivoque.

Capítulo IV – Dos limites do poder soberano

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O Estado é definido como pessoal moral cuja vida consiste na união se


seus membros e, se o mais importante é manter sua própria conservação, deve existir
essa forca universal para mover e dispor as partes da maneira mais conveniente.

O pacto social dá ao corpo político um poder absoluto, que, dirigido pela


vontade geral, leva o nome de soberania.

Os respectivos direitos entre cidadãos e do soberano devem ser


perfeitamente distintos, tal como os deveres que os primeiros devem cumprir na
qualidade de súditos do direito natural de que devem desfrutar quando homens.

Rousseau diz que tudo o que cada um aliena, poder, bens, liberdade, é
apenas parte do que não é da comunidade e que somente o soberano é juiz de tal
importância.

O soberano deverá ter todos os serviços que desejar imediatamente, mas


não poderá sobrecarregar os cidadãos de coisas que não sejam úteis para a comunidade
ou exigi-las (nada deve ser feito sem causa- pela lei da razão e da natureza).

Os compromissos que unem todos ao corpo social não são obrigatórios e


respeitando-os, não se pode trabalhar para outros sem trabalhar para si.

A igualdade do direito e a noção da justiça derivam da preferência de


cada qual e da natureza do homem, porque no momento em que julgamos o que nos é
estranho, não temos um principio de equidade para guiar-nos.

Cada pessoa de submete necessariamente ao que impõe aos outros e o


que generaliza a vontade é menos o numero de votos que o interesse comum que os une.

O pacto social estabelece entre os cidadãos tal igualdade, que todos se


obrigam sob as mesmas condições e devem gozar dos mesmos direitos.

No Contrato Social, todo ato de soberania obriga ou favorece igualmente


a todos os cidadãos, o soberano conhece somente o corpo da nação, e não diferencia
ninguém. Esse é um convênio legítimo, equitativo, útil e sólido.

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Assim, o poder soberano, absoluto, sagrado e inviolável não pode


ultrapassar os limites das convenções gerais e que todos podem dispor plenamente
daquilo que lhe deixaram de seus bens e da sua liberdade por meio dessas convenções e
também, o soberano não tem o direito de exigir de um súdito mais do que de outro, se o
fizer, seu poder resulta incompetente.

É preferível o caminho da liberdade, o poder da própria segurança e um


direito que a união social torna invencível. Todos combatem pela pátria, mas em
compensação ninguém necessita combater por si.

Capítulo V – Do direito de vida e morte

Como os particulares, não tendo o direito de dispor de sua própria vida,


podem transmitir ao soberano este mesmo direito de que carecem? Todo o homem tem o
direito de expor sua vida para conservá-la.

O Contrato Social tem por fim a conservação dos contratantes. As


pessoas que desejam o fim querem os meios e esses meios são inseparáveis de alguns
riscos e ainda de algumas perdas.

E, quem quer conservar sua vida a expensas da dos outros deve também
da-la por eles no momento em que for preciso;

O cidadão não é juiz do perigo a que a lei o obriga a se expor e sua vida é
somente um benefício, um dom condicional do Estado.

A pena de morte pode ser considerada sob o mesmo ponto de vista.

Todo malfeitor cessa de sua vida ao viciar suas leis e ao fazer-lhe guerra;
nesse caso a conservação do Estado é incompatível com a sua e é preciso que um dos
dois pereça. Reconhecido como tal, deve ser afastado pelo desterro como infrator de
pacto ou morrer como inimigo público.

Não há malvado que não tenha algo bom e não há outro direito para
matá-lo, senão o perigo existente conservando-o vivo.

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O perdão ou o poder de eximir-se da pena corresponde exatamente ao


que esta acima do juiz e da lei, ao soberano.

Num Estado bem-regido há poucos castigos porque há poucos


criminosos.

Capítulo VI – Da lei

Pelo pacto social dá-se existência e vida ao corpo político. Pela vontade
da legislação dá-se o movimento

Toda a justiça procede de Deus, só Ele é sua fonte, porem se


soubéssemos recebê-la de tão alto, não necessitaríamos nem governos nem leis.

O que é uma lei? Quando todo o povo estatui sobre todo o povo, não
considera senão a si mesmo, e se então há relação, é, entre o objeto por inteiro sob um
ponto de vista, e o objeto inteiro, sob outro ponto de vista, sem divisão alguma do todo.
Então a matéria estatuída é geral, como a vontade que estatui - isso é lei.

A lei considera os súditos em corpo e os atos como abstratos, jamais a um


homem como indivíduo nem a um ponto particular. Assim, pode bem a lei estatuir
privilégios, porém não pode nomear o privilegiado.

O que um homem ordena por si, não é lei. O que ordena o soberano sobre
um objeto particular, tampouco é uma lei, senão um decreto, nem um ato de soberania,
senão de magistratura

Capítulo VII – Do legislador

O legislador é, sob todos os pontos de vista, um homem extraordinário do


Estado.

Sua função é particular e superior, nada tem em comum com o império


humano porque se aquele que manda nos homens não deve dominar as leis, aquele que
domina as leis tampouco deve mandar nos homens. Do contrario, serão leis de tirano.

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Era costume da maioria das cidades gregas confiar aos estrangeiros a


organização de suas leis.

As modernas republicas italianas imitaram por vezes este costume, sendo


que Roma viu renascer em seu meio todos os crimes da tirania e viu-se exposta a
perecer por ter reunido nas mesmas cabeças a autoridade legislativa e o poder soberano.

Aquele que redige as leis não tem nem pode ter direito algum legislativo,
e o próprio povo, quando quiser, não pode despojar-se deste direito intransferível,
porque, segundo o pacto fundamental, somente a vontade geral obriga aos particulares e
não é possível ter certeza de que uma vontade particular está de acordo com a geral
senão depois de tê-la submetido aos sufrágios livres do povo.

Capítulo VIII – Do povo

O arquiteto que, antes de construir um edifício, sonda e examina o solo


para ver se pode aguentar o peso necessário, o sábio legislador não começa redigindo
leis boas por si mesmas, mas antes examina se o povo a que são destinadas esta apto
para suportá-las.

Mil nações brilharam na Terra que não poderiam suportar boas leis, e
mesmo as que o pudessem não as possuíram senão durante curte espaço de tempo.

Não é por isso que, assim como algumas enfermidades transformam o


juízo dos homens, tirando-lhes a lembrança do passado, não se encontre alguma vez na
existência dos Estados, épocas violentas em que as revoluções fizeram nos povos o que
certas crises fazem nos indivíduos, que, esquecendo o horror do passado, envolvem o
Estado em suas lutas civis, mas este renasce de suas cinzas e reconquista o vigor da
juventude.

Pode adquirir-se a liberdade, porém nunca recuperá-la.

Capítulo IX – Continuação do capítulo precedente

Quanto mais se estende o laço social, mais se debilita, e em geral, um


Estado pequeno é proporcionalmente mais forte que um maior.

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A administração, o vigor e a rapidez para cumprir as leis são mais


penosos nas grandes distancias. Nesses casos, o povo tem menos estima aos seus chefes
e as próprias leis acabam não podem servir adequadamente as províncias.

Por outro lado, o Estado deve possuir uma determinada base para ser
sólido, para resistir aos abalos que sentirá e aos esforços que será obrigado a empregar
para sustentar-se. V

Existem Estados constituídos de forma que a necessidade das com


quistas fazia parte da sua constituição, e que para manter-se necessitavam estender-se
sem cessar (engrandecimento+momento inevitável da queda).

Capítulo X -Continuação

As duas formas e se medir um corpo político são a extensão de seu


território e o tamanho de sua população.

Os homens constituem o Estado e a terra alimenta os homens, esta


relação indica que a terra deve ser suficiente para o sustento de seus habitantes e que
devem existir tantos habitantes quanto a terra pode sustentar.

No entanto, existem mil ocasiões em que os acidentes particulares do


meio exigem ou permitem tomar mais território do que aquele que parece necessário
(um exemplo é a necessidade de mais território em países montanhosos).

Para instituir um povo é preciso abundancia e a paz, porque o momento


em que se forma um Estado é como quando se organiza um batalhão.

Existem governos estabelecidos durante essas tempestades, mas estes


mesmo governos destroem o Estado.

Capítulo XI – Dos diversos sistemas de legislação

Rousseau caracteriza a liberdade e a igualdade como importantíssimos.

A liberdade, porque toda dependência particular é outro tanto tirada ao


corpo do Estado e a igualdade porque a liberdade não pode existir sem ela.

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Os fins gerais de toda instituição devem modificar-se em cada país e


considerando isto, deve dar-se a cada povo um sistema de instituição que seja o melhor,
embora não por si, mas para o Estado a que se destina.

O que torna a constituição de um Estado verdadeiramente sólida e estável


é o fato das conveniências naturais serem de tal modo observadas, que as circunstâncias
naturais e as leis estejam sempre de acordo nos mesmos pontos e que aquelas pelo
menos acompanhem e retifiquem estas.

Capítulo XII – Divisão das leis

Divisão das leis - segundo Rousseau, as leis que regulam a relação de


termos intermediários entre soberano e Estado chamam-se leis políticas, ou leis
fundamentais. A segunda relação é a dos membros entre si com o corpo inteiro, a
terceira entre o homem e a lei (saber e desobediência) e a quarta e mais importante, a lei
dos costumes e da opinião.

LIVRO III

Capítulo I – Do governo em geral

Toda ação livre é formada por causa moral e física. A forca pública é
necessária para que seja aplicada a vontade geral.

O governo como um corpo intermediário estabelecido entre os súditos e


os soberanos para que haja a sua mutua correspondência, sendo também encarregado da
execução das leis, da conservação da liberdade civil e política.

Assim sendo governo é o exercício legitimo do poder executivo,


príncipes e magistrados os responsáveis da administração do governo.

Quando os súditos se recusam a obedecer o soberano, é muito provável


que o estado caia no despotismo ou na anarquia. Quanto menos se relacionam as
vontades particulares à vontade geral, mais a forca repressora deve aumentar.

O governo para ser bom deve ser mais forte a medida que o povo se torna
mais numeroso

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Rousseau afirma que o estado existe por si mesmo, já o governo não


existe senão pelo soberano.

A vontade dominante do príncipe não deve ser outra senão a vontade


geral ou a lei, o governo deve estar sempre pronto para sacrificar-se pelo povo, e não o
povo para o governo.

Capítulo II – Do princípio que constitui as diversas formas de


governo

O governo se debilita à medida que os magistrados se multiplicam.


Quanto mais o povo é numeroso, mais se aplica a forca repressiva, assim sendo,
Rousseau afirma que o número de chefes deve diminuir na proporção do aumento da
população.

Também é explicitado no capitulo que, quanto mais numerosa é a


magistratura, mais se aproxima a vontade do corpo da vontade geral. Alem disso, diz
que a arte do legislador é saber fixar o ponto em que a forca e a vontade do governo se
combinem de maneira mais vantajosa para o estado.

Capítulo III – Divisão dos governos

Faz uma divisão entre os governos de democracia, aristocracia e


monarquia e explicita cada forma sucintamente.

Caracteriza a democracia como tendo um soberano responsável por


incumbir o governo a todo povo, de tal forma que existam mais cidadãos magistrados
do que particulares.

Em relação a aristocracia, o poder fica limitado nas mãos de poucos, de


tal modo que existam mais simples cidadãos do que magistrados.

Já a monarquia, se caracteriza como um poder concentrado nas mãos de


um único magistrado, do qual recebem o poder todos os outros cidadãos.

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A democracia é suscetível de aumento e diminuição, uma vez que pode


estender-se a todo o povo, ou pode limitar-se apenas a metade. A aristocracia também
segue uma linha similar.

Para Rousseau, o governo democrático convém aos pequenos estados, a


aristocracia aos medíocres, e a monarquia aos grandes. Tudo isso seguindo a lógica de
que o número de magistrados supremos deve estar em razão inversa da dos cidadãos.

Capítulo IV – Da democracia

A melhor constituição é aquela em que o executivo esta unido ao


legislativo. Porem ressalta que não é certo que quem faça as leis as execute.

Um povo que não abusa do governo, jamais abusara de sua


independência, e um povo que governa sempre bem, jamais necessitara ser governado.

Jamais existiu verdadeira democracia, e nem nunca existirá.

Não existe governo tão exposto as guerras civis e as agitações internas


quanto o democrático ou o popular.

Capítulo V – Da aristocracia

Havia duas vontades gerais, uma para todos os cidadãos e outra para com
os membros da administração.

Dividiu a aristocracia em 3 classes, a natural (povos simples), a eletiva


(melhor forma de governo) e a hereditária (pior forma de governo).

Definiu que a ordem melhor e mais natural é a de que os sábios


governem a multidão quando se tem certeza de que governarão no proveito dos outros, e
não em seu próprio.

Capítulo VI – Da monarquia

Pessoa natural que por si só tenha o direito de dispor do poder segundo as


leis, e indivíduo que representa o coletivo.

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O meio mais prático para que se possa tornar absoluto é ser amado pelo
povo, porem o interesse pessoal do monarca é de que o povo seja miserável, não
podendo assim, impor resistência ao seu governo.

Príncipes, grandes e nobreza são o laço de união entre monarquia e povo.

Explica também que o maior inconveniente do governo de um só é o


defeito da sucessão continua, que forma uma corrente não interrompida.

Capítulo VII – Dos governos mistos

Não existem governos simples, um chefe único deve possuir magistrados


subalternos, e um governo popular deve ter um chefe.

Quando a autoridade de cada parte é independente porém imperfeita, isso


resulta em uma má forma de governo, pois não existe união, e o estado necessita dessa
união com a autoridade.

Questiona se a melhor forma de governo é o simples ou o misto

Conclui que o governo simples pode ser melhor por ser simples, mas
existem exceções.

Capítulo VIII – Nem toda forma de governo é apropriada a todos os países

A liberdade não está ao alcance de todos os povos


“É o supérfluo dos particulares que produz o necessário do público”
O supérfluo não é o mesmo em todos os países.
Quanto mais as contribuições públicas se distanciam de sua fonte, tanto
mais de tornam onerosas
“Distingamos sempre as leis gerais das causas particulares capazes de
modificar o efeito delas”

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Capítulo IX – Dos sinais de um bom governo


Quais os sinais de que é um povo é bem ou mal administrado?
“Os vassalos elogiam a tranquilidade pública, os cidadãos a liberdade dos
particulares; um prefere a segurança das possessões, e outro a das pessoas; um pretende
que o melhor governo é o mais severo, outro sustenta que é o mais brando; este quer que
se punam os crimes, e aquele que se os previnam; um é de opinião que se deve ser
temido dos vizinhos, outro prefere ser ignorado; um mostra-se contente quando o
dinheiro circula, outro exige que o povo tenha pão.”
É o seu número e a sua população

Capítulo X – Do abuso do governo e de sua tendência a degenerar

“A vontade particular atua continuamente contra a vontade geral, assim


se esforça incessantemente o governo contra a soberania. Quanto mais aumenta esse
esforço, mais se altera a constituição, e como não há aqui outra vontade de corpo que,
resistindo à vontade do príncipe, faça equilíbrio com ela, deve acontecer cedo ou tarde
venha o príncipe oprimir enfim o soberano e romper o tratado social.”
Anarquia é quando o Estado se dissolve, seja qual for o abuso do
governo.
“Para dar diferentes nomes a diferentes coisas, chamo tirano ao
usurpador da autoridade real, e déspota ao usurpador do poder soberano.”

Capítulo XI – Da morte do corpo político

“Se Esparta e Roma pereceram, qual o Estado que pode esperar durar
eternamente?”
“O corpo político, bem como o corpo do homem, começa a morrer desde
o nascimento e contém em si mesmo as causas de sua destruição”
“O princípio da vida política está na autoridade soberana. O poder
legislativo é o coração do Estado; o poder executivo é o cérebro que põe em movimento
todas as partes. O cérebro pode ser atingido pela paralisia e o indivíduo continuar a

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viver ainda. O homem torna-se imbecil e vive ainda; mas tão logo o coração deixe de
funcionar, o animal perece.”

Capítulo XII – Como se mantém a autoridade soberana


“O povo não somente exercia os direitos de soberania, mas também uma
parte dos governamentais. Cuidava de certos negócios, julgava determinadas causas, e
permanecia na praça pública, freqüentemente, quase na qualidade de magistrado, afora o
ser na de cidadão. Remontando aos primeiros tempos das nações, verificar-se-ia que a
maior parte dos antigos governos, inclusive os monárquicos, tais como os da Macedônia
e dos francos, possuía semelhantes conselhos. Seja como for, esse único fato
incontestável responde a todas as dificuldades; do existente ao possível, a conseqüência
parece-me boa.”

Capítulo XIII – Continuação

“Podemos apenas dizer, generalizando, que quanto mais força tem o


governo, mais se deve mostrar o soberano.”
Rousseau pergunta se deve haver apenas uma cidade e responde:
“Se não podemos reduzir o Estado aos justos limites, resta ainda um
recurso: é o de não impor uma Capital, sediando o governo alternativamente em cada
uma das cidades, e aí, também de modo alternado, reunir todos os Estados do país.
Povoai por igual o território, estendei por toda parte os mesmos direitos, levai a todos os
lugares a vida e a abundância. É assim que o Estado se tornará a um tempo o mais forte
e o melhor governado possível. Recordai-vos de que as muralhas da cidade se formam
das minas das casas camponesas. Em cada palácio construído na Capital creio ver todo
um país transformado em ruínas.”

Capítulo XIV – Continuação

“No instante em que o povo está legitimamente reunido em corpo


soberano, cessa toda e qualquer jurisdição do governo, o poder executivo fica suspenso,

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e a pessoa do último dos cidadãos é tão sagrada e inviolável quanto a do primeiro


magistrado, porque onde se encontra o representado deixa de haver o representante.”

Capítulo XV – Dos deputados ou representantes

“Num Estado verdadeiramente livre, os cidadãos tudo fazem com


seus próprios braços, e nada com o dinheiro; longe de pagarem para se isentar de
tais serviços, pagarão para os executar pessoalmente. Estou bem distante das ideias
comuns, pois acho as borvéias menos contrárias à liberdade que as taxas.”
“Numa cidade, bem dirigida, todos votam nas assembléias; sob um
mau governo, ninguém aprecia dar um passo para isso fazer, porque ninguém se
toma de interesse pelo que se faz, prevendo que a vontade geral não prevalecerá, e
porque, enfim, os cuidados particulares tudo absorvem. As boas leis permitem que
se façam outras melhores; as más conduzem às piores. Tão logo diga alguém,
referindo-se aos assuntos do Estado, que me importo? pode-se ter a certeza de que o
Estado está perdido.”
“Quanto a vós, povos modernos, não possuís escravos, porém o sois; e
pagais a liberdade deles sacrificando a vossa. Vós vos vangloriais dessa preferência,
mas eu vejo nisso mais covardia que humanidade. [...] Exponho apenas as razões pelas
quais os povos modernos, que se acreditam livres, têm representantes, e por que os
povos antigos não os tinham. Seja como for, no instante em que um povo se dá
representantes, deixa de ser livre, cessa de ser povo.

Capítulo XVI – Quando a instituição do governo não é um contrato

“Sendo os cidadãos todos iguais em virtude do contrato social, todos


podem prescrever o que todos devem fazer, ao passo que ninguém tem o direito de
exigir que outro faça aquilo que ele mesmo não faz. Ora, é
esse direito propriamente, indispensável para fazer viver e mover o corpo
político, que o soberano outorga ao príncipe ao instituir o governo.”
Só há um contrato no Estado: é o da associação, que exclui qualquer
outro. Não seria possível imaginar nenhum contrato público que não constituísse uma
violação do primeiro.

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Capítulo XVII – Da instituição do governo

Define como ato complexo composto de dois elementos: a) o do


estabelecimento da lei e o de sua execução
“É esta a superioridade do governo democrático: poder estabelecer-se de
fato por um simples ato da vontade geral. Depois disso, esse governo é empossado, se
tal é a forma adotada ou estabelecida em nome do soberano, passa a prescrever a lei, e
tudo entra novamente na normalidade. Não é possível instituir o governo de nenhuma
outra maneira legítima, sem renunciar aos princípios acima referidos.”

Capítulo XVIII – Meios de prevenir as usurpações do governo

“As assembleias periódicas, de que falei anteriormente, são apropriadas


para prevenir ou espaçar esse infortúnio, mormente se independem de convocação
formal; porque então o príncipe não pode impedi-las, sem se declarar abertamente
infrator das leis e inimigo do Estado.”

Duas proposições a serem avaliadas nessas assembleias:

“A primeira consiste em saber: Se apraz ao soberano conservar a presente


forma de governo; e a segunda: Se ao povo apraz deixar a administração aos que dela
estão atualmente incumbidos. Suponho nesta altura haver já demonstrado que não existe
no Estado nenhuma lei fundamental que não possa ser revogada, nem mesmo o pacto
social; porque, se todos os cidadãos se reunissem com o fim de romper esse pacto,
ninguém poderia duvidar de que tal rompimento não fosse legítimo.”

LIVRO IV

Capítulo I – A vontade geral é indestrutível

Os homens direitos e simples são difíceis de se enganar devido á sua


simplicidade.

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Um estado governado pela vontade geral necessita de poucas leis, que


expressam a vontade geral.

Quando os interesses particulares começam a impor-se, e quando as


pequenas sociedades influem sobre as grandes, os interesses começam a mudar e assim,
reina a oposição. Na oposição, a vontade geral não é de todos, e esse período é marcado
por debates e discussões

A lei da ordem pública nas assembleias não é manter a vontade geral, e


sim fazer com que esta seja interrogada e responda.

Capítulo II – Dos sufrágios

Quanto mais harmonia reinar nas assembleia, mais se aproximam os


acordos da unanimidade, mais forte é a vontade geral.

Porém, com o início de tumultos e longos debates, tem o início da


predominância dos interesses particulares, e assim a decadência do Estado.

Deve-se regular as formas de contar votos e comparar com a vontade


geral.

Uma lei tem que ter consentimento unânime, pacto social, já que a
associação civil é o ato mais voluntário do mundo.

No que tange à vontade geral, quanto mais grave e importantes forem as


deliberações, mais deve prevalecer a unanimidade.

Quanto mais pressa exigir o negócio, mais deve se estreitar a diferença


prescrita na divisão do acordo.

Capítulo III – Das eleições

Em toda democracia verdadeira, a magistratura não é um projeto, é uma


carga onerosa que não se pode impor a uma pessoa preferencialmente a outra.
A eleição por sorteio teria poucos inconvenientes, pois se todos são
iguais, a eleição já seria indiferente.

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Porém esse verdadeiro consenso, essa democracia, não existe. Em uma


eleição, o candidato precisa de aptidões especiais, já no sorteio basta que a pessoa tenha
bom senso.
Destaca que sufrágios e sorteios não se realizam em governos
monárquicos.

Capítulo IV – Dos comícios romanos

Discorre sobre as tradições romanas, das tribos, cúrias, corpo de


cavaleiros/cavalheiros chamados centúrias. Para evitar que uma crescesse mais que as
outras, organizou quatro tribos e impediu-as de se misturarem e prossegue descrevendo
toda a organização civil após isso.
Quanto à maneira de recolher os sufrágios, era o fato, entre os primeiros
romanos, coisa tão simples como seus costumes[...]. Este hábito era bom, tanto assim
que reinava a honestidade entre os cidadãos, e cada qual tinha vergonha de oferecer
publicamente seu voto a uma decisão injusta ou a um assunto indigno; entretanto,
quando o povo veio a corromper-se e os votos passaram a ser negociados,
convencionou-se que o sufrágio se tornasse secreto a fim de conter pela suspeita os
compradores, e fornecer aos velhacos o meio de não se tornarem traidores.

Capítulo V – Do tribunato

• Esse corpo, que eu denominarei tribunato, é o conservador das


leis do poder legislativo, e serve, por vezes, para proteger o soberano contra o governo
• O tribunato não constitui uma parte constitutiva da cidade, e não
deve possuir a menor porção do poder legislativo nem do executivo; mas é justamente
nisso que seu poder se torna grande, porque, nada
• podendo fazer, tudo pode impedir. É mais sagrado e mais
reverenciado como defensor das leis que o príncipe que as executa e o soberano que as
dá. Foi o que se viu com bastante clareza em Roma, quando seus altivos patrício; que
sempre menosprezaram todo o povo, foram forçados a dobrar-se perante umsimples
oficial do povo que não tinha auspícios nem jurisdição.

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Capítulo VI – Da ditadura

“A inflexibilidade das leis, que as impede de se ajustarem aos


acontecimentos, pode, em determinados casos, torná-las perniciosas, e causar, por elas,
a perda do Estado num momento de crise. A ordem e a lentidão das formas requerem
um espaço de tempo que as circunstâncias muitas vezes recusam. Podem apresentar-se
mil casos não esperados pelo legislador, e constitui necessária providência perceber que
é possível tudo prever.”
“Em Roma, os ditadores, nomeados apenas por seis meses, em sua
maioria, abdicaram antes de atingido esse termo. Se o prazo tivesse sido mais longo, é
possível que houvessem tentado prolongá-lo ainda mais, como o fizeram os decênviros
com o prazo de um ano. O ditador apenas dispunha do tempo de prover a necessidade
pela qual fora eleito; não lhe sobrava tempo para sonhar com outros projetos.”

Capítulo VII – Da censura

“Longe, pois, de ser o tribunal censório o árbitro da opinião pública; este


não é senão o declarador dessa opinião, e, tão logo dela se afaste, suas decisões passam
a ser vãs e sem efeito.”
“As opiniões de um povo nascem de sua constituição; embora a lei não
regulamente os costumes, é a legislação que lhes dá nascimento; quando a legislação se
debilita, os costumes degeneram; mas então o julgamento dos censores não conseguirá
fazer o que as leis não terão feito”

Capítulo VIII – Da religião civil

“A religião, considerada em relação à sociedade, que é geral ou particular


pode também dividir-se em duas espécies, a saber: a religião do homem, e a do cidadão.
A primeira, desprovida de templos, altares, ritos, limitada unicamente ao culto interior
do Deus supremo e aos eternos deveres da moral, é a pura e simples religião dos
Evangelhos, o verdadeiro teísmo, é o que se pode denominar de direito divino natural. A
segunda, alicerçada num único país, fornece-lhe os deuses, os patronos próprios e

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tutelares; possui seus dogmas, seus rituais, seu culto exterior prescrito por leis; afora a
única nação que a cultua, as demais são consideradas infiéis, estrangeiras, bárbaras; é
uma religião que não estende os deveres e os direitos do homem além de seus altares.
Foram assim todas as religiões dos primeiros povos, às quais se pode dar a denominação
de direito divino civil ou positivo.

Há um terceiro tipo de religião, mais bizarro, que, dando aos homens


duas legislações, dois chefes, duas pátrias, os submete a deveres contraditórios e os
impede de ser a um só tempo devotos e cidadãos. Assim é a religião dos lamas, a dos
japoneses, e a do ristianismo romano. Esta última pode ser chamada a religião dos
padres. Dela resulta uma espécie de direito misto e insociável inominado.”

Capítulo IX – Conclusão

A obra de Jean Jacques Rousseau é de grande importância para a


constituição do estado político, abordando sobre o funcionamento do Estado através de
um pacto social, onde os indivíduos organizados em sociedade concedem alguns
direitos ao estado em troca de proteção e organização.

Jean-Jacques Rousseau se liga inevitavelmente à Revolução Francesa.


Dos três lemas dos revolucionários - liberdade, igualdade e fraternidade -, apenas o
último não foi objeto de exame profundo na obra do filósofo

Frases de seus livros foram utilizadas como jargões na Revolução


Francesa e serviram de justificação para diversos abusos do novo sistema.

De Curitiba para Ponta Grossa, em 30 de agosto de 2021.

Baixado por Michelle Martins (michelle.snitram333@gmail.com)

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