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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CIÊNCIA POLÍTICA II

DOCENTE CLEYTON CUNHA

ANA LIVIA PAULO SOBRINHO

RESENHA: O CONTRATO SOCIAL ROUSSEAU

FORTALEZA 2023
A obra “O contrato social” de Jean Jacques Rousseau publicado em 1762 é uma das
obras que são denominadas “contratualistas” que buscam uma maneira de estabelecer um
contrato social entre indivíduos e sociedade. Rousseau foi um suiço nascido em Genebra em
uma família protestante, mas com o passar da vida se converteu ao catolicismo. Na sua obra
“O contrato social”,Rousseau aborda a constituição do Estado, sociedade, direitos civis e
outros. A obra é constituída de IV livros e o que será abordados nessa resenha serão do livro
1; capítulos I a VIII e livro 2 capítulos; I a IV e VI a X
O objectivo declarado do contrato social é determinar se pode haver autoridade
política legítima – se pode existir um Estado que defenda, em vez de restringir, a liberdade.
No primeiro capítulo do livro I ele introduz o que será conceituado nos próximos seguindo
para o II onde ele apresenta o conceito de família a única autoridade legítima seria a que o pai
tem sobre o filho e essa autoridade terminaria quando o filho atingisse a maioridade. A
diferença entre esse poder e o político é que o paternal é por amor e o político seria pelo
prazer do poder. A autoridade política legítima também não se baseia na força para o autor e
que ceder, nesse caso ceder ao mais forte seria um ato de necessidade não de vontade.
Abordando a escravidão Rousseau acredita que nenhum homem teria direito natural sobre o
outro basicamente o autor é contra a escravidão acreditando que a liberdade é o que tras a
felicidade. Na concepção do autor, se um monarca tiver poder absoluto(no caso do
absolutismo monárquico) sobre nós, perderemos a nossa liberdade e humanidade e nos
tornaremos escravos.
Abordando a constituição do pacto social para o autor chega um momento em que as
pessoas precisam combinar forças para sobreviver, mas o problema a ser resolvido é como
elas se unirão e mesmo assim manterão a liberdade, para Rousseau o indivíduo deve se
entregar totalmente a comunidade extraindo 3 tópicos dessa definição: 1- Uma vez que as
condições do contrato social são as mesmas para todos, todos desejarão tornar o contrato
social o mais fácil possível para todos. 2- Uma vez que o povo se rendeu incondicionalmente,
os indivíduos não têm quaisquer direitos contra o Estado. 3- Como ninguém está acima dos
outros, as pessoas não perdem a sua liberdade natural ao celebrarem um contrato social. O
soberano mesmo não estando vinculado não pode violar o contrato social porque está ligado a
ele. Rousseau também de maneira ambígua diz que os súditos que se recusarem a obedecer a
vontade geral serão “obrigados a ser livres”. Rousseau conclui o Livro I com uma discussão
sobre propriedade, os súditos entregariam suas propriedades ao soberano e a vontade geral,
ao fazer isso ele não abre mão de sua propriedade já que também é súdito do soberano.
Indo para o livro II o autor fala que só a vontade geral pode reger o Estado o soberano
é inalienável(não pode passar seu poder para outra pessoa) e nem divisível os políticos que
não conseguem dividir a soberania de acordo com o seu princípio, dividem a sua finalidade,
legislativa e executiva, assim um governante seria perfeito. Ele traça uma distinção
importante entre a vontade geral e a vontade de todos, afirmando que esta última é
simplesmente a soma total dos desejos de cada indivíduo ele insiste que cada indivíduo deve
pensar por si mesmo. Vários pontos são levantados sobre os limites do poder soberano. O
contrato social confere ao corpo político o poder absoluto, assim o que é guiado pela vontade
geral, é chamado de soberano. Os direitos entre os cidadãos e o soberano devem ser
completamente diferentes, assim como os deveres que os primeiros devem cumprir como
sujeitos de direito natural e que devem cumprir como seres humanos. Rousseau diz que tudo
o que cada pessoa aliena, o poder, os bens, a liberdade, é apenas uma parte daquilo que não
pertence à comunidade, e que só o soberano é um juiz tão importante.
Rousseau diz que precisam ser criadas leis fora as leis de Deus vinculadas a sociedade
já que pessoas más podem respeitá-las e as que respeitam ficam em perigo. O autor nomeia
de República todo Estado regido por lei, qualquer que seja sua forma de administração,
porque somente então é que o interesse público governa e a coisa pública representa algo.
Todo governo legítimo é republicano. É proposta a ideia de um legislador que seria quem
daria uma lei aos homens, mas o autor reconhece que achar alguém perfeito para isso seria
difícil e que também haveria dificuldade dos súditos obedecerem, o apelo religioso é
geralmente um bom meio para garantir obediência. É também pontuado que um Estado não
deve ser nem muito pequeno nem muito grande para ter um bom desempenho a população
também deve ser regulada e que para receber as leis deve estar em um período de paz. O
autor diz que poucos países estão aptos a receber leis, mas destaca Córsega como um que vai
surpreender a Europa.
Por fim, Rousseau consagra o povo como fonte da autoridade básica nessa obra e
designa o bem comum como a principal meta do governo. É apresentada uma harmonia entre
a autoridade e a liberdade. A obra é bastante extensa e em alguns pontos não resolve o que
seria a questão posta em discussão usando de sofismos. É uma obra importante para a ciência
política e tem como meta a criação de um contrato social harmônico, em geral é uma leitura
importante.

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