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Naturalismo e

Parnasianismo
Prof. Evelyn Assis De Souza
Naturalismo
O que foi o Naturalismo?
A literatura naturalista surge em 1867, na França, com a publicação da obra Thérèse Raquin, de Émile
Zola (1840-1902). Esse é considerado o primeiro romance naturalista e que posteriormente inspirou
muitos escritores.
Foi um movimento artístico e cultural que se manifestou na literatura, no teatro e nas artes plásticas, e
teve como principais características a objetividade, a impessoalidade e o retrato fiel da realidade. Oposto
ao Romantismo, que apresentava uma face sonhadora, com idealizações, subjetivismos e fuga da
realidade, o naturalismo prezou pelo objetivismo científico.
Influenciado pelas correntes científicas e filosóficas que surgiam na Europa como o determinismo, o
darwinismo e o cientificismo, para os artistas naturalistas, tudo estava determinado e possuía uma
explicação lógica pautada na ciência. Através de uma visão imparcial dos fatos, nada era sugerido ou
apresentado de maneira subjetiva. O ser humano passou a ser visto como uma máquina, sem livre
arbítrio, e influenciado pelo meio social e físico em que está inserido. Assim, surge uma arte de
denúncia social, focada nos temas da pobreza, das desigualdades, da disputa de poder e das patologias
sociais.
No Brasil, o movimento naturalista começa em 1881 com a publicação da obra O Mulato, de Aluísio
de Azevedo. Já em Portugal, o movimento surge em 1875 com o romance O crime do padre Amaro, do
escritor Eça de Queiroz.
Diferença entre Realismo e
Naturalismo
O realismo é uma vertente literária que se concentra em retratar a
vida e o dia-a-dia da pessoa comum.
Enquanto isso, apesar do naturalismo também retratar a vida dos
indivíduos, coloca um aspecto científico à peça literária, dando mais
ênfase nas influências da vida humana.
O realismo lidava com assuntos que descreviam o cotidiano das
pessoas comuns, sendo uma espécie de relato dos acontecimentos
cotidianos das classes média e baixa da sociedade.
Por outro lado, o naturalismo se concentrava em tópicos mais
sombrios que envolviam a vida do homem comum. Esses tópicos
incluíam prostituição, violência, corrupção, vício e outros tópicos.
Realismo Naturalismo

Definição Foi um movimento literário caracterizado Foi a consequência do realismo literário,


pela representação da vida real. influenciado por teorias científicas.

Características  Representação verdadeira e objetiva;  Verdadeiro, objetivo e científico;


 Narrativa lenta;  Linguagem simples;
 Impessoalidade;
 Linguagem direta;  Uso de regionalismos.
 Crítica às instituições sociais.

Abordagem/ Retratou o dia a dia das pessoas comuns Retratou como o ambiente, a
Retrato social e classe média. hereditariedade e as condições sociais
controlam o ser humano. (Classe baixa)

Temas Sociedade, classe social, etc. Violência, pobreza, corrupção,


prostituição.
Principais Machado de Assis (Memórias Póstumas Aluísio Azevedo (O Mulato, O Cortiço) e
autores e obras de Brás Cubas, Dom Casmurro) e Raul Adolfo Ferreira Caminha (A Normalista).
brasileiros Pompeia (O Ateneu).
Características do
Naturalismo
01
Determinismo
A natureza determina o caráter e o comportamento
do ser humano, uma vez que tudo já está pré-
determinado e estabelecido. Por essa perspectiva, o
homem é influenciado pelo meio em que vive, sendo
fruto dele.
02
Positivismo
Corrente filosófica que se apoia na ciência para atingir
o conhecimento verdadeiro. Para esses teóricos, o
conhecimento científico é utilizado para explicar as
teorias e as leis científicas, bem como o ser humano e
a sociedade.
03
Objetivismo Científico
Para os naturalistas, a ciência era a chave e os fatos
eram explicados à luz das correntes científicas que
vigoravam em meados do século XIX. Assim, os
artistas naturalistas não projetam em suas obras
utopias e ideias idealizadas.
04
Darwinismo social
Pautado nas ideias de Charles Darwin, como a seleção
natural e o evolucionismo, esse conceito sugere que os
mais fortes sobrevivem às adversidades da sociedade,
enquanto os outros enfraquecem.
05
Oposição ao
Romantismo
Avesso às ideias românticas de fuga da realidade e
subjetividade, o naturalismo focou em aspectos da
objetividade, além de retratar a realidade sem
idealismos.
06
Imparcialidade e
Impessoalidade
Apoiados em correntes científicas para explicar a
realidade, os autores do naturalismo costumam ser
objetivos, imparciais e impessoais em suas descrições.
Assim, deixam de lado os juízos de valores e opiniões
que não estejam fundamentados em teorias.
07
Descrições detalhadas
Na literatura naturalista, existe grande preocupação
com as minúcias, pois os autores pretendem fazer um
retrato fiel de onde se passa a trama. Para isso, as
narrativas naturalistas costumam ser lentas e cheia de
detalhes.
08
Zoomortização
Influenciado pelo darwinismo social, no naturalismo
as personagens apresentam características animalescas
e instintivas, através de uma perspectiva biológica.
Assim, os comportamentos humanos se aproximam
dos animais, mostrando que o homem é condicionado
pelo meio em que vive.
09
Retrato fiel da realidade
Na arte naturalista, é notória a preocupação em
observar o mundo e as coisas que nos rodeiam de
maneira bastante minuciosa para entregar ao
expectador um retrato verossímil da realidade.
10
Temas degradantes e
de patologia social
Na arte naturalista, o tom é de denúncia com foco para os
problemas sociais e morais. Os temas mais explorados pelos
artistas são: a pobreza extrema, as injustiças, as desigualdades
sociais, a violência, as perversões, os crimes e a falta de caráter.
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Passividade do ser
Humano
Na arte naturalista, os seres humanos são produtos
das forças do mundo, e, por isso, não possuem livre-
arbítrio. Eles são guiados pelas leis científicas e
influenciados pelo meio social e físico em que vivem.
Principais autores e
obras do
Naturalismo
Aluísio Tancredo Belo
Gonçalves de Azevedo
(1857 – 1913)
Considerado o precursor do naturalismo no
Brasil, Aluísio de Azevedo foi uma figura multifacetada:
jornalista, romancista, contista, cronista, diplomata,
desenhista, pintor e caricaturista.
A despeito de apresentar uma obra de caráter
notadamente naturalista, alguns estudiosos afirmam que
sua produção literária, muitas vezes apresenta
características românticas e realistas.
Suas obras que merecem destaque são: O
Mulato (1881); Casa de Pensão (1884) e O
Cortiço (1890).
“Eram cinco horas da manhã e o
cortiço acordava, abrindo, não
os olhos, mas a sua infinidade de
portas e janelas alinhadas.”
— O Cortiço de Aluízio de Azevedo
Adolfo Ferreira Caminha
(1867 – 1897)
Um dos principais representantes da literatura
naturalista brasileira foi Adolfo Caminha. Publicou
sua primeira obra em 1886, intitulada "Voos
Incertos".
Sua produção literária é marcada por temas de
violência, perversão, homossexualidade, crimes e
tragédias.
A obra que merece destaque é "A Normalista"
(1893) de cunho regionalista. Além disso, o "Bom
Criolo"(1895) foi seu romance ousado por abordar
a temática homossexual.
“Decorreu quase um ano sem que o fio
tenaz dessa amizade misteriosa, cultivada
no alto da rua da Misericórdia, sofresse o
mais leve abalo. Os dois marinheiros
viviam um para o outro”
— O Bom Crioulo de Adolfo Caminha
Herculano Marcos Inglês de
Souza (1853 – 1918)
Um dos fundadores da Academia Brasileira de
Letras, Inglês de Sousa foi um professor, advogado,
político, jornalista e escritor brasileiro.
Publicou "O Coronel Sangrado" em 1877.
Entretanto, foi em 1891, que Inglês de Souza
adquire reconhecimento literário com a publicação
da obra "O Missionário", na qual aborda a influência
do meio sobre o indivíduo.
Parnasianismo
Parnasianismo no Brasil
● Teve como marco inicial a publicação da obra "Fanfarras", de Teófilo Dias, em
1882.
● Os mais importantes escritores brasileiros do período formavam a chamada
"Tríade Parnasiana", a qual era composta por Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e
Raimundo Correia.
● Os escritores parnasianos buscavam o sentido para a existência humana por
meio daperfeição estética. Por isso, a preocupação residia na "Arte pela Arte",
ou seja, a forma como caraterística principal da poesia.
Características do
Parnasianismo
Movimento
exclusivamente poético
O parnasianismo dedicou-se apenas à forma da poesia. Não há
produções parnasianas em prosa ou dramaturgia.
Arte pela Arte
Um dos principais horizontes criativos da produção parnasiana
era a ideia de uma arte poética voltada para si mesma, liberta
de qualquer compromisso com a realidade social ou com
intenções morais e políticas de qualquer tipo.
Objetividade e impessoalidade
Antirromânticos, os parnasianos buscavam construir sua lírica
com os mínimos traços de subjetividade. Objetos, paisagens,
personagens históricos ou mitológicos são temas frequentes de
seus poemas, que passam longe de arroubos sentimentais e
preservam a sobriedade e a racionalidade.
Culto à forma e
erudição
O rigor formal é uma característica marcante do movimento. Os
parnasianos buscavam a perfeição na forma do poema seguindo os
padrões tradicionais de rima, ritmo e métrica. A poesia parnasiana dá
preferência a rimas raras e a vocábulos rebuscados, resultado de um
anseio pelo refinamento da expressão poética e do desprezo pelas
imagens e expressões já desgastadas pelos poemas românticos.
Envolve também um desejo de elegância e aristocratização espiritual
da palavra.
Principais autores
do Parnasianismo
Teófilo Dias (1854 – 1889)

Teófilo Odorico Dias de Mesquita, sobrinho do poeta


Gonçalves Dias, foi professor, jornalista, advogado e
poeta brasileiro.
Patrono da cadeira 36 na Academia Brasileira de
Letras, em 1882 publicou "Fanfarras", obra que marca
o início do parnasianismo no Brasil.
Outras obras que merecem destaque: Flores e
Amores (1874), Cantos Tropicais (1878), Lira dos
Verdes Anos (1878), A Comédia dos Deuses (1888).
Olavo Bilac (1865 – 1918)
Um dos grandes escritores parnasianos, Olavo Brás Martins
dos Guimarães Bilac, conhecido como "Príncipe dos Poetas
Brasileiros", foi jornalista, tradutor, poeta e um dos
fundadores da Academia Brasileira de Letras. Sua obra é
caracterizada pela linguagem clássica, com conteúdos:
históricos, patrióticos, emotivos, platônicos e sensuais. Vale
lembrar que o Hino à Bandeira do Brasil foi escrito por
Olavo Bilac.
Suas principais obras são: Poesias (1888), Crônicas e
Novelas (1894), Crítica e Fantasia (1904), Conferências
Literárias (1906), Dicionário de Rimas (1913), Tratado de
Versificação (1910), Ironia e Piedade (1916)
e Tarde (1919).
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto …

E conversamos toda a noite, enquanto


A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Alberto de Oliveira (1857 – 1937)
Antônio Mariano de Oliveira, mais conhecido pelo pseudônimo
"Alberto de Oliveira", foi um poeta, professor, farmacêutico e um
dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Publicou sua
primeira obra, “Canções Românticas”, em 1878. A despeito desse
livro apresentar características românticas, Alberto de Oliveira foi
um exímio poeta parnasiano cuja obra é caracterizada por temáticas
e estruturas parnasianas, por exemplo, descrição minuciosa,
composição de retratos, quadros e cenas.
Suas obras que merecem destaque são: 
Meridionais (1884), Versos e Rimas (1895), Poesias (1900), Céu,
Terra e Mar (1914), O Culto da Forma na Poesia
Brasileira (1916).
Raimundo Correia (1859 – 1911)
Raimundo da Motta de Azevedo Corrêa foi um juiz,
poeta e um dos fundadores do Sodalício Brasileiro.
Maranhense, publicou seu primeiro livro de poesias
"Primeiros Sonhos" em 1879. Sua obra apresenta
características românticas, parnasianas e simbolistas.
Dessa maneira, suas poesias possuem um caráter
pessimista e subjetivo, ao mesmo tempo que
apresentam grande preocupação métrica.
Outras obras que merecem destaque
são: Sinfonias (1883), Versos e
Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898).

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