I. "[Fabiano] ouvira falar em juros e prazos. Isto lhe dera uma impressão bastante penosa:
sempre que os homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía logrado. Sobressaltava-se
escutando-as. Evidentemente só serviam para encobrir ladroeiras. Mas eram bonitas. Às vezes
decorava algumas e empregava-as fora de propósito. Depois esquecia-as. Para que um pobre
da laia dele usar conversa de gente rica?"
II. "Havia coisas que [Macabéa] não sabia o que significavam. Uma era 'efeméride'. E não é
que seu Raimundo só mandava copiar com sua letra linda a palavra efemérides ou
efeméricas? Achava o termo efemérides absolutamente misterioso. Quando o copiava
prestava atenção a cada letra. [...] Enquanto isso a mocinha se apaixonara pela palavra
efemérides."
O tema comum aos dois textos é a relação das personagens com a linguagem culta. Desse
ponto de vista, explique:
Resposta
2. (Fuvest-SP)
Resposta
3. (UFRN)
"Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa? Se o meu pai,
sempre fazendo ausência: e O RIO-RIO-RIO, O RIO — PONDO PERPÉTUO [grifo nosso].
Eu sofria já o começo da velhice — esta vida era só o demoramento. Eu mesmo tinha
achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços, perrenguice de reumatismo. E ele? Por quê? Devia de
padecer demais.
De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar o vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou
que bubuiasse sem pulso, na levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no
tombo da cachoeira, brava, com o fervimento e morte. Apertava o coração. Ele estava lá, sem
a minha tranqüilidade. Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro.
Soubesse — se as coisas fossem outras. E fui tomando idéia."
c) Resgate de histórias que procedem do universo popular, contadas de modo original, opondo
realidade e fantasia.
Resposta
II. As situações focalizadas na ficção de Clarice Lispector contemplam uma ansiedade por
profundas mudanças sociopolíticas em torno das quais as personagens debatem-se com ardor.
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) Apenas III.
Resposta
d) Os sofrimentos da migrante nordestina são realçados, no livro, pelo contraste entre suas
desventuras na cidade grande e suas lembranças de uma infância pobre, mas vivida no
aconchego familiar.
Resposta
6. (UFPE) Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a letra (V) se a afirmativa for
verdadeira ou (F) se for falsa.
Observe:
"Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem, não, Deus esteja. Alvejei mira
em árvore, no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço; gosto, desde
mal em minha mocidade. Daí vieram me chamar. Causa de um bezerro: um bezerro branco,
erroso, os olhos de nem ser-se viu -; e com máscara de cachorro. Me disseram: eu não quis
avistar."
ROSA, Guimarães. Grande sertão, Veredas.
O texto anterior, apesar de curto, contém muitas características do estilo do autor, entre as
quais:
( ) Explora o chamado Superregionalismo (dentro do Modernismo) que ampliava e
transformava as características do homem do interior.
( ) Seu universo ficcional é dos senhores de terra aristocráticos, dominados por conceitos
arcaicos, e dos capitalistas do litoral, ambos expressos em linguagem convencional.
( ) Seguindo o modelo de José Lins do Rego, o linguajar de seus personagens copiava o dos
sertanejos, sem modificações, imobilizado no tempo, como uma cópia fiel da realidade.
( ) Apesar das inovações, o texto conserva o tom coloquial, isto é, o tom de conversa da gente
do interior, numa imitação da fala.
Resposta
7. (UEL/PR) Em relação ao modo como Guimarães Rosa retrata o sertão mineiro, é correto
afirmar que o autor
b) Se vale sobretudo dos diálogos, em que busca registrar com exatidão o modo de falar do
sertanejo.
c) Se socorre de lendas e mitos populares, o que dá à sua prosa o caráter de uma válida
documentação folclórica.
d) Se vale da paisagem como cenário de histórias que, na verdade, poucas marcas trazem da
cultura regional.
Resposta
— “Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é:
fasmisgerado... faz-megerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...?
Disse, de golpe, trazia entre dentes aquela frase. Soara com riso seco. Mas, o gesto, que se
seguiu, imperava-se de toda a rudez primitiva, de sua presença dilatada. Detinha minha
resposta, não queria que eu a desse de imediato. E já aí outro susto vertiginoso suspendia-me:
alguém podia ter feito intriga, invencionice de atribuir-me a palavra de ofensa àquele homem;
que muito, pois, que aqui ele se famanasse, vindo para exigir-me, rosto a rosto, o fatal, a
vexatória satisfação?
— “Saiba vosmecê que saí ind'hoje da Serra, que vim, sem parar, essas seis léguas, expresso
direto pra mor de lhe preguntar a pregunta, pelo claro...”
Se sério, se era. Transiu-se-me.
“Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém ciente, nem tem o legítimo – o livro
que aprende as palavras... É gente pra informação torta, por se fingirem de menos
ignorâncias... Só se o padre, no São Ão, capaz, mas com padres não me dou: eles logo
engambelam... A bem. Agora, se me faz mercê, vosmecê me fale, no pau da peroba, no
aperfeiçoado: o que é que é, o que já lhe perguntei?
Se simples. Se digo. Transfoi-se-me. Esses trizes:
Famigerado?
“Sim senhor...” – e, alto, repetiu, vezes, o termo, enfim nos vermelhões da raiva, sua voz fora
de foco. E já me olhava, interpelador, intimativo – apertava-me. Tinha eu que descobrir a
cara. – Famigerado? Habitei preâmbulos. Bem que eu me carecia noutro ínterim, em indúcias.
Como por socorro, espiei os três outros, em seus cavalos, intugidos até então, mumumudos.
Mas, Damázio:
“Vosmecê declare. Estes aí são de nada não. São da Serra. Só vieram comigo, pra
testemunho...”
Só tinha de desentalar-me. O homem queria estrito o caroço: o verivérbio.
Famigerado é inóxio, é “célebre”, “notório”, “notável”...
“Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga: é desaforado? É
caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?”
Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros usos...
“Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia-de-semana?”
Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece louvor, respeito...
Vosmecê agarante, pra a paz das mães, mão na Escritura?”
Se certo! Era para se empenhar a barba. Do que o diabo, então eu sincero disse:
Olhe: eu, como o sr. me vê, com vantagens, hum, o que eu queria uma hora destas era ser
famigerado – bem famigerado, o mais que pudesse!...
“Ah, bem!...” – soltou, exultante.
ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias.
14. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 15-16.
Com base nessa elucidação, na passagem do conto rosiano transcrita e no conto como um
todo, considere as afirmativas a seguir.
II. A resposta oferecida pelo médico à questão levantada pelo jagunço não foi motivada pelo
medo de possível violência por parte do jagunço, mas antes pelo seu conhecimento da língua
portuguesa restrito aos registros da norma culta.
III. Damazio só foi procurar pelo médico no arraial porque no sertão, embora existam
dicionários disponíveis, “o legítimo – o livro que aprende as palavras”, não há quem possa
resolver questões desta espécie.
IV. Quando questionado pelo jagunço, o médico, para evitar maiores problemas, oferece-lhe o
primeiro significado da palavra, engambelando, desta forma, o homem do sertão e evitando
possível violência.
a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
9. (UEL/PR) As palavras de Damázio são registradas de maneira condizente com sua origem
sertaneja. Assim, lê-se, no texto, entre muitas outras expressões similares, “pra mor de lhe
preguntar a pregunta”. Tal fato revela:
b) Descaso do autor com o registro da fala do homem do sertão, somando-se, desta forma,
com a política brasileira dominante em 1962, quando seu livro foi escrito, que pouco se ateve
à problemática destes seres marginalizados.
c) Consciência política do autor que, através do registro da fala arcaica de seus sertanejos,
objetiva trazer à tona problemas concernentes à marginalidade e à subserviência
experimentadas por esses homens incapazes de ostentar alguma forma de poder.
d) Vínculo da obra rosiana com obras regionalistas brasileiras que a antecederam nas quais há
o registro concomitante de duas falas muito diferentes entre si, a do sertanejo e a do homem
da cidade, como é o caso, por exemplo, de São Bernardo, de Graciliano Ramos.
e) Conhecimento, por parte do autor, da existência de um ser outro, ainda que também
brasileiro, distinto daquele que se faz presente na cidade, sendo que sua especificidade
registra-se de diferentes maneiras, inclusive na maneira como fala.
Resposta
10. (Fuvest/SP)
“Sim, que, à parte o sentido prisco, valia o ileso gume do vocábulo pouco visto e menos ainda
ouvido, raramente usado, melhor fora se jamais usado. Porque, diante de um gravatá, selva
moldada em jarro jônico, dizer-se apenas drimirim ou amormeuzinho é justo; e, ao descobrir,
no meio da mata, um angelim que atira para cima cinqüenta metros de tronco e fronde, quem
não terá ímpeto de criar um vocativo absurdo e bradá-lo — Ó colossalidade! — na direção da
altura?”
João Guimarães Rosa, “São Marcos”, in Sagarana.
Neste excerto, o narrador do conto “São Marcos” expõe alguns traços de estilo que
correspondem a características mais gerais dos textos do próprio autor, Guimarães Rosa.
Entre tais características só NÃO se encontra
b) O emprego de neologismos.
Resposta
Com base nessa afirmação, assinale a alternativa em que a descrição da natureza mostra o
efeito da maleita sobre a personagem Argemiro.
a) “É aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada; uma cerca
de pedra seca, do tempo de escravos; um rego murcho, um moinho parado; um cedro alto, na
frente da casa; e, lá dentro uma negra, já velha, que capina e cozinha o feijão.”
b) “Olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, se estira o vôo de
uma garça, em direção à mata. Também, não pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças
pulando, diante dos olhos, que doem e choram, por si sós, longo tempo.”
e) “O cachorro está desatinado. Pára. Vai, volta, olha, desolha... Não entende. Mas sabe que
está acontecendo alguma coisa. Latindo, choramingando, chorando, quase uivando.”
Resposta
"Eu dizendo que a Mulher ia lavar o corpo dele. Ela rezava rezas da Bahia. Mandou todo o
mundo sair. Eu fiquei. E a Mulher abanou brandamente a cabeça, consoante deu um suspiro
simples. Ela me mal-entendia. Não me mostrou de propósito o corpo. E disse…
Diadorim — nu de tudo. E ela disse:
— ‘A Deus dada. Pobrezinha…'
E disse. Eu conheci! Como em todo o tempo antes eu não contei ao senhor — e mercê peço:
— mas para o senhor divulgar comigo, a par, justo o travo de tanto segredo, sabendo somente
no átimo em que eu também só soube… Que Diadorim era o corpo de uma mulher, moça
perfeita… estarreci. A dor não pode mais do que a surpresa. A coice d'arma, de coronha…
Ela era. Tal que assim se desencantava, num encanto tão terrível; e levantei mão para me
benzer — mas com ela tapei foi um soluçar, e enxuguei as lágrimas maiores. Uivei.
Diadorim! Diadorim era uma mulher. Diadorim era mulher como o sol não acende a água do
rio Urucúia, como eu solucei meu desespero.
O senhor não repare. Demore, que eu conto. A vida da gente nunca tem termo real.
Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo, e estremeci, retirando as mãos para trás,
incendiável; abaixei meus olhos. E a Mulher estendeu a toalha, recobrindo as partes. Mas
aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca. Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com
tesoura de prata… Cabelos que, no só ser, haviam de dar para abaixo da cintura… E eu não
sabia por que nome chamar; eu exclamei me doendo:
— ‘Meu amor!…'
Foi assim. Eu tinha me debruçado na janela, para poder não presenciar o mundo.
A Mulher lavou o corpo, que revestiu com a melhor peça de roupa que ela tirou da trouxa dela
mesma. No peito, entre as mãos postas, ainda depositou o cordão com o escapulário que tinha
sido meu, e um rosário, de coquinhos de ouricuri e contas de lágrimas-de-nossa-senhora. Só
faltou — ah! — a pedra-de-ametista, tanto trazida… O Quipes veio, com as velas, que
acendemos em quadral. Essas coisas se passavam perto de mim. Como tinham ido abrir a
cova, cristãmente. Pelo repugnar e revoltar, primeiro eu quis: — ‘Enterrem separado dos
outros, num aliso de vereda, adonde ninguém ache, nunca se saiba… ' Tal que disse, doidava.
Recaí no marcar do sofrer. Em real me vi, que com a Mulher junto abraçado, nós dois
chorávamos extenso. E todos meus jagunços decididos choravam… Daí, fomos, e em
sepultura deixamos, no cemitério do Paredão enterrada, em campo do sertão.
Ela tinha amor em mim.
E aquela era a hora do mais tarde. O céu vem abaixando. Narrei ao senhor. No que narrei, o
senhor talvez até ache mais do que eu, a minha verdade. Fim que foi.”
a) Ao fato de que Diadorim andava disfarçada porque não correspondia ao sentimento que
Riobaldo nutria por ela.
b) Ao fato de tanto terem lutado e, mesmo assim, perderem a luta pela posse e domínio das
terras do lugar.
c) Ao misticismo que acompanhava Diadorim. Tanto é que se fez enterrar com escapulário,
rosário e pedra de ametista.
d) Ao iminente fim do bando a partir da morte de Diadorim que era comandante da tropa.
e) Ao fato de que ele se sentia totalmente atraído por Diadorim, mesmo antes de saber que ela
era mulher.
13. (IBMEC/SP) O texto nos apresenta um suposto interlocutor que nunca toma a palavra. A
conversa de Riobaldo com o tal interlocutor revela que:
a) De fato o narrador fez um pacto com o diabo e o “diálogo vazio” era conseqüência deste
ato.
b) Para Riobaldo servia como reflexão em voz alta sobre os mistérios da condição humana.
c) A carência do jagunço era tamanha que, em vários momentos, ele desanda a falar como se
fosse uma ameaça à própria existência.
d) É um recurso estilístico muitíssimo utilizado, servindo para o autor como desabafo perante
tanta dor e tanta miséria.
e) É recurso característico dos textos dissertativos já que o que se busca é o fundamento para a
argumentação.
Resposta
14. (Fuvest/SP)
e) suprimem, por seu caráter ridículo, a percepção do desamparo social e existencial das
personagens.
Resposta
“Na cabeceira da mesa, a toalha manchada de coca-cola, o bolo desabado, ela era a mãe. A
aniversariante piscou.
Eles se mexiam agitados, rindo, a sua família. E ela era a mãe de todos. E se de repente não se
ergueu, como um morto se levanta devagar e obriga mudez e terror aos vivos, a aniversariante
ficou mais dura na cadeira, e mais alta. Ela era a mãe de todos. E como a presilha a sufocasse,
ela era a mãe de todos e, impotente à cadeira, desprezava-os. E olhava-os piscando. Todos
aqueles seus filhos e netos e bisnetos que não passavam de carne de seu joelho, pensou de
repente como se cuspisse. Rodrigo, o neto de sete anos, era o único a ser a carne de seu
coração. Rodrigo, com aquela carinha dura, viril e despenteada, cadê Rodrigo? Rodrigo com
olhar sonolento e intumescido naquela cabecinha ardente, confusa. Aquele seria um homem.
Mas, piscando, ela olhava os outros, a aniversariante. Oh o desprezo pela vida que falhava.
Como?! como tendo sido tão forte pudera dar à luz aqueles seres opacos, com braços moles e
rostos ansiosos? Ela, a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a
quem, obediente e independente, respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera filhos e lhe
pagara os partos, lhe honrara os resguardos. O tronco fora bom. Mas dera aqueles azedos e
infelizes frutos, sem capacidade sequer para uma boa alegria. Como pudera ela dar à luz
aqueles seres risonhos fracos, sem austeridade? O rancor roncava no seu peito vazio. Uns
comunistas, era o que eram; uns comunistas. Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam
ratos se acotovelando, a sua família. Incoercível, virou a cabeça e com força insuspeita cuspiu
no chão.”
LISPECTOR, Clarice. "Feliz Aniversário". In: Laços de Família.
28. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995. p. 78-79.
15. (UEL/PR) Ainda que Clarice Lispector tenha morrido um dia antes de completar
cinqüenta e sete anos, a problemática das mulheres de terceira idade faz-se presente em
muitos de seus contos. Feliz Aniversário registra tal tema. Neste conto, sentada à cabeceira da
mesa preparada para a comemoração de seu octagésimo-nono aniversário, D. Anita:
b) Lembra-se, saudosa, da época em que seu marido era vivo e com ela dividia as dificuldades
cotidianas.
c) Contempla seu neto, Rodrigo, a trazer-lhe ao presente a imagem do falecido marido quando
jovem.
d) Rememora, com rancor, sua vida de mulher, seja enquanto esposa, seja enquanto mãe,
mostrando-se indignada com a atual falta de afeto de filhos, netos e bisnetos.
e) Mistura presente e passado, deixando emergir a saudade que há tempo domina seu
cotidiano.
16. (UEL/PR)
“Ela, a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a quem, obediente e
independente, ela respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera filhos e lhe pagara os partos e
lhe honrara os resguardos.”
Com base no trecho, é correto afirmar:
a) “casara em hora e tempo devidos” significa que seu casamento foi planejado com muita
antecedência.
c) O uso do adjetivo “forte” corresponde a uma ironia, visto que assim se justificam a
fraqueza dos familiares e sua identificação com a aniversariante.
d) As orações “lhe fizera filhos” e “lhe pagara os partos” são reveladoras dos valores
patriarcais da protagonista.
e) O emprego dos adjetivos “obediente e independente” aplicados a D. Anita é revelador da
improbidade da matriarca.
Resposta
17. (UFMG) É CORRETO afirmar que, entre os elementos que evidenciam a presença de
intertextualidade na composição de Grande sertão: veredas, NÃO se inclui
Resposta
Resposta
“Como não ter Deus? Com Deus existindo, tudo dáesperanças: sempre um milagre é possível,
o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdido no vai-vem- e a vida é
burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar-é todos contra
os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo.
Mas, senão tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma. Porque existe dor.”
Grande Sertão: Veredas
Guimarães Rosa, pelas inovações temáticas e lingüísticas, é considerado pela crítica ora como
supraregionalista ora como neomodernista. Assinale a alternativa que contempla
características da linguagem criada por Guimarães Rosa e que podem ser observadas no
fragmento acima.
e) Emprego de aforismos, ou seja, de definições, de conceitos que soam como máximas, como
verdades comprovadas.
Resposta
O fragmento textual que segue, de A hora da estrela, servirá de base para as questões 20 e 21.
b) Indica relutância do narrador, que atrasará o desdobramento da ação, dada a sua repulsa por
fazer literatura com a desgraça alheia.
c) Indica mudança de enfoque para as páginas seguintes, quando a narradora mulher será
substituída pelo insensível Rodrigo S. M.
d) Expressa o caráter impiedoso do narrador, que, por meio da ironia, chegará até mesmo a
imitar a simplicidade da protagonista.
Resposta
c) Será solucionada, mesmo supostamente sem saída, pelos conselhos da cartomante relativos
à aparência da protagonista.
Resposta
22. (UFRN) Pode-se afirmar que o final das duas narrativas revela o que é sugerido em seus
títulos. Nesse sentido, a morte das personagens aparece como
b) O instante único no qual Augusto Matraga e Macabéa, cada um a seu modo, reconhecem-se
como fracassados.
c) O instante único no qual Augusto Matraga e Macabéa, cada um a seu modo, vislumbram a
felicidade.
Resposta
a) O vocabulário sertanejo figura como modo de resistência das personagens aos valores
urbanos.
Resposta
24. (Ufam)
“Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar
sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxavam o mundo para si,
para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo. Montante,
o mais supro, mais sério – foi Medeiro Vaz. Que um homem antigo... Seu Joãozinho Bem-
Bem, o mais bravo de todos, ninguém nunca pôde decifrar como ele por dentro consistia. Joca
Ramiro – grande homem príncipe! – era político. Zé-Bebelo quis ser político, mas teve e não
teve sorte: raposa que demorou. Sô Candelário se endiabrou, por pensar que estava com
doença má.”
O trecho acima foi escrito por um autor único na literatura brasileira, o qual revolucionou os
processos narrativos. Considerando ainda o nome de alguns personagens constantes do
excerto acima, pode-se dizer que estamos diante de um fragmento de:
Resposta
25. (Ufam) Assinale o item cujo enunciado NÃO está correto em relação à obra de João
Guimarães Rosa:
• O que distingue Rosa dos narradores regionalistas que o precederam é a função por ele
atribuída à linguagem, que ele reinventou tanto no plano lexical quanto no sintático.
• Seus personagens, que representam tipos fundamentais da condição humana, são estilizados
e contrapostos em heróis ou covardes, bons ou maus, mas em todos eles o sexo reivindica sua
função de mola propulsora do homem.
• O narrador de Grande sertão: veredas, sua obra-prima, é Riobaldo, que relata a um doutor
forasteiro, dentre outras aventuras, as lutas que travara como jagunço no bando de Joca
Ramiro.
• Ao livro Primeiras estórias pertence o conto “A Terceira margem do rio”, parábola do Pai
que se afasta da família para andar por lugar nenhum, sempre dentro de uma canoa.
• O espaço das narrativas rosianas não é o verdadeiro sertão de Minas, mas um sertão
reinventado, salpicado de buritizais, beatos e bandidos, palmilhado por homens transitórios.
Resposta
“Aprovaram, os todos, todos. Até Zé Bebelo mesmo. Assim Joca Ramiro refalou, normal,
seguro de sua estança, por mais se impor, uma fala que ele drede avagarava. Dito disse que
ali, sumetido diante, só estava um inimigo vencido em combates, e que agora ia receber
continuação de seu destino. Julgamento, já. Ele mesmo, Joca Ramiro, como de lei, deixava
para dar opinião no fim, baixar sentença. Agora, quem quisesse, podia referir acusação, dos
crimes que houvesse, de todas as ações de Zé Bebelo, seus motivos; e propor condena.”
Pela linguagem em que está escrito e pelo nome de dois dos personagens, refere-se o trecho
ao romance:
b) O quinze
c) O tempo e o vento
d) São Bernardo
e) Vidas secas
Resposta