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Série: 2º Série / Ensino Médio Turma: Turno: Matutino Data: ___ /___ / 2021
2. Das alternativas abaixo, indique a que não se aplica às características Simbolismo presentes no
poema em análise:
a) Procura evocar a realidade e não descrevê-la minuciosamente.
b) O poeta evita que os sentimentos interfiram na abordagem da realidade.
c) O valor musical dos signos lingüísticos é um efeito procurado pelos poetas.
d) O simbolismo mantém ligações com a poética romântica.
e) O tema da morte é valorizado pelos simbolistas.
Os Sertões (fragmento)
Euclides da Cunha
O sertanejo é, antes de tudo,um forte. Não tem o raquitismo exaustivo
dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o
contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura
corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo reflete no
aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo,
quase gigante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados.
Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que
lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se
invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se
sofreia o animal para trocar duas palavras com o conhecido, cai logo sobre
um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a
passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num
bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se
na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira
conversa com um amigo, cai logo – cai é o que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos
pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.
É um homem permanentemente fatigado.
Reflete a preguiça invencível, a atonia muscular perene, em tudo: na palavra remorada, no gesto
contrafeito, no andar desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na tendência constante à
imobilidade e à quietude.
Entretanto, toda essa aparência de cansaço ilude.
Nada mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida
operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-
lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se. (...)
(Euclides da Cunha. Os Sertões. Rio de Janeiro, Laemmert & Cia, 1905.)
4. Uma das mais antológicas páginas de “Os Sertões” é a parte em que o autor descreve o homem
sertanejo. De que forma isso é feito?
a) O sertanejo é descrito como uma pessoa fragilizada, incapaz de conviver com as agruras
do meio físico.
b) O autor do texto define o sertanejo como um forte, apesar de todo sofrimento pelo qual
este passa.
c) A melhor definição para sertanejo apreendida no texto em análise é a de que o povo
interiorano é indolente, ocioso e preguiçoso.
d) O autor idealiza o sertanejo aproximando-o, com isso, da temática romântica de descrição
da luta do homem contra o meio físico.
e) Todas estão corretas.
6. Uma atitude comum caracteriza a postura literária de autores Pré-Modernistas, a exemplo de Lima
Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Euclides da Cunha. Pode ser ela definida como:
a. a necessidade de superar, em termos de um programa definido, as estéticas românticas e realistas.
b. a pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro a nossa literatura, que julgavam por
demais europeizadas.
c. uma preocupação com o estudo e com a observação da realidade brasileira.
d. a necessidade de fazer crítica social, já que o Realismo havia sido ineficaz nessa matéria.
e. O aproveitamento estético do que havia de melhor na herança literária brasileira, desde suas
primeiras manifestações.
7. Nas duas primeiras décadas de nosso século, as obras de Euclides da Cunha e de Lima Barreto, tão
diferentes entre si, têm como elemento comum:
a. a intenção de retratar o Brasil de modo otimista e idealizante.
b. a adoção da linguagem coloquial das camadas populares do sertão.
c. a expressão de aspectos até então negligenciados da realidade brasileira.
d. a prática de um experimentalismo lingüístico radical.
e. o estilo conservador do antigo regionalismo romântico.
"Iria morrer, quem sabe naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua vida? Nada. Levara toda
ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e querê-la muito bem, no intuito de contribuir para a
sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e, agora que estava
na velhice, como ela o recompensava, como ela o premiava, como ela o condenava? Matando-o. E o que
não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara – todo
esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara,
ele não experimentara.
Desde os dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar
inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para
a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi?
Não. Lembrou-se das suas causas de tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas... Restava disto tudo
em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!"
(Lima Barreto)
10. O trecho acima pertence ao romance “Triste fim de Policarpo Quaresma”. Da personagem que dá
título ao romance, podemos afirmar que:
a. foi um nacionalista extremado, mas nunca estudou com afinco as coisas brasileiras.
b. perpetrou seu suicídio, porque se sentia decepcionado com a realidade brasileira.
c. defendeu os valores nacionais, brigou por eles a vida toda e foi condenado à morte
injustamente pelos valores que defendia.
d. foi considerado traidor da pátria, porque participou da conspiração contra Floriano Peixoto.
e. era um louco e, por isso, não foi levado a sério pelas pessoas que o cercavam.
Boa Prova!
Prof. Júlio Botelho