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11º_T1_FILOSOFIA_2015

Lógica (fundada por Aristóteles) – Noções básicas

Um argumento é um complexo formado por uma ou varias proposições (premissas), a partir da(s) quais
se infere uma única proposição (conclusão). O movimento ou passagem das premissas para a conclusão
designa-se inferência ou raciocínio (argumentar é expressar um raciocínio).

 Premissas são as proposições usadas como ponto de partida ou justificação da


conclusão.
 Conclusão é a proposição que se deriva ou infere das premissas, sendo por estas
justificada.
 Inferência – apresentação de um argumento - é o processo que permite passar das
premissas à conclusão.

Formular regras a que os argumentos devem obedecer para serem válidos


Finalidades da lógica Distinguir as formas válidas das formas não válidas
Desenvolver técnicas de avaliação dos argumentos

Objetivo da lógica: compreender e demonstrar a validade dos argumentos e não a verdade das
proposições que os constituem. A lógica compreende o estudo das inferências/dos argumentos válidos.
Um argumento é válido quando a sua conclusão é inferida corretamente, ou seja, quando a conclusão
decorre das premissas e é sustentada ou legitimada por elas.

A lógica divide-se em lógica formal e informal – a formal é o estudo das formas válidas e inválidas dos
argumentos – o modo como se chega a conclusão a partir das premissas. A lógica formal é então crucial
para evitar a contradição – permite construir bons argumentos, evitar erros e identificar incorreções no
raciocínio lógico.

Validade vs. Verdade

A validade de um argumento não depende da verdade ou falsidade das proposições que constituem as
premissas e a conclusão, mas do modo como estão relacionadas/organizadas.

∴ Um argumento é válido quando de premissas verdadeiras é impossível derivar conclusões falsas.


∴ A verdade é uma propriedade exclusivamente relacionada com o conteúdo/matéria das proposições.
Argumento inválido
A. A validade é uma propriedade dos argumentos dedutivos A Todos os homens são mortais. Premissa1
corretamente construídos; B Fred é mortal. Premissa2
B. A verdade é uma propriedade das proposições. C Logo, Fred é mortal. Conclusão
Argumento válido e sólido

A Todos os homens são mortais. Premissa1


 A validade refere-se a forma/estrutura lógica dos
argumentos; B Fred é homem. Premissa2

 A verdade diz respeito ao conteúdo/matéria das C Logo, Fred é mortal. Conclusão

proposições.
 O conteúdo específico das premissas e conclusão não é relevante para determinar a validade
dos argumentos;
 Mau argumento – a sua conclusão apresenta um suporte débil ou nenhum suporte em absoluto.
 Bom argumento – é válido e as premissas apoiam absolutamente a sua conclusão (tem
consequência logica – possui uma forma estrutural lógica)

Um argumento é sólido quando é válido e tem premissas verdadeiras.

Circunstâncias em que um argumento tanto pode ser válido como inválido

 Todas as premissas são falsas e a conclusão é falsa;


 Todas as premissas são falsas e a conclusão é verdadeira;
 Algumas premissas são verdadeiras, outras falsas e a conclusão é verdadeira;
 Algumas premissas são verdadeiras, outras falsas e a conclusão é falsa;
 Todas as premissas são verdadeiras e a conclusão é verdadeira.

Circunstancia em que um argumento é, apenas por isso, inválido

 Todas as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa.

Argumentos dedutivos/argumentos indutivos

Todos os marsupiais são mamíferos.

O canguru e um marsupial.

Logo, o canguru é mamífero.

É um argumento dedutivo (e válido), pois a conclusão é uma consequência lógica das premissas. Se as
premissas forem verdadeiras, necessariamente a conclusão também será – é válido. Os argumentos
dedutivos válidos preservam a verdade, embora não sejam ampliativos num determinado sentido – a
conclusão não vai além das premissas. São o objeto de estudo da lógica formal.

Todas as nozes observadas até hoje têm casca.

Assim sendo, todas as nozes terão casca.

Ao contrário dos argumentos dedutivos, as inferências indutivas não nos levam a uma conclusão que
realmente deriva das premissas, mas a extrapolações: do particular para o geral, do observável para o
não-observável, do conhecido para o desconhecido, do passado e presente para o futuro, etc. São o
objeto de estudo da lógica indutiva.

A conclusão de uma inferência indutiva ultrapassa as premissas (forte grau de probabilidade), no sentido

em Por isso, a validade é propriedade dos argumentos dedutivos!

Argumentos indutivos  Conclusões prováveis, plausíveis ou verosímeis (não garantidas). São


ampliativos, mas não são demonstrativos, pois a conclusão é uma extrapolação feita através das
premissas  Nunca provam algo definitivamente.

Frase declarativa e proposição


Uma frase declarativa é uma entidade linguística, é uma sequência de palavras, com sentido gramatical,
que podemos usar para fazer uma asserção. Uma proposição é uma entidade abstrata, é o pensamento
literalmente expresso por uma frase declarativa. Apesar de só as frases declarativas poderem exprimir
proposições, frases declarativas e proposições não se identificam. Por um lado, podemos ter frases
declarativas que não exprimem qualquer proposição. Por exemplo: «As ideias quentes apaixonam-se
mais nos meses de Inverno.» (frase absurda). Por outro lado, a mesma proposição pode ser expressa por
diferentes frases. Por exemplo, as frases declarativas «O professor repreendeu o aluno.» e «O aluno foi
repreendido pelo professor.» Exprimem a mesma proposição. Também pode acontecer que a mesma
frase exprima mais do que uma proposição. Por exemplo, «A Maria viu o João de binóculos» (frase
ambígua).

Dá-se o nome de frases declarativas às frases que dizem algo sobre a realidade, tendo por isso, valor de
verdade (ou valor lógico). Dizemos que uma frase tem valor de verdade quando o pensamento nela
expresso – proposição - é verdadeiro ou falso. É verdadeira quando expressa adequadamente as
características da realidade a que se refere. Uma proposição é uma expressão de juízo.

A lógica estuda a validade dos argumentos. Declarativa Tem valor de verdade (V/F)
O que é a lógica? Interrogativa Tem valor de verdade (V/F)
Vai estudar! Imperativa Tem valor de verdade (V/F)
Quem me dera ter 20 a lógica! Exclamativa Tem valor de verdade (V/F)
A argumentos lógica verdade estuda a dos. Não é uma frase Tem valor de verdade (V/F)

As frases exclamativas, imperativas e interrogativas não expressam proposições, uma vez que não têm
valor de verdade!

 Frases declarativas diferentes  expressam a mesma proposição

 A mesma frase declarativa  expressa duas proposições diferentes

Valor de verdade

Expressão da lógica bivalente (V ou F) que se refere ao facto de uma proposição ser verdadeira ou falsa.
O valor de verdade apenas é atribuído as proposições e nunca aos argumentos.

Lógica proposicional

 Proposição simples  Não é possível decompô-la noutras proposições;


A maçã é um fruto.
 Proposição complexa  Podemos decompô-la em uma ou mais proposições simples;
A maçã é um fruto e os frutos são alimentos saudáveis.

Premissas (ponto de partida/razões)


Conclusão
«Argumentar com correção facilita a
comunicação.» «Logo, estudar lógica é útil para todas as
pessoas.»
«Estudar lógica desenvolve a capacidade
de argumentar.»
«Estudar lógica é útil para todas as pessoas porque aprender a argumentar com correção facilita a
comunicação e porque aprender lógica desenvolve a capacidade de argumentar.»

As proposições estão unidades pelo “porque” e pelo “e” – chamados conetivas ou operadores
verofuncionais.

Quando um argumento é estruturado primeiramente com as premissas e depois então com a conclusão,
este encontra-se na forma canónica/ forma padrão.

No entanto, muitas vezes isto não ocorre:

1. Enuncias a conclusão em primeiro lugar;


2. Enunciar a conclusão entre as premissas;
3. Intercalar considerações, descrições ou
explicações, tornando mais difícil distinguir e
identificar as premissas e a conclusão;
4. Omitir uma ou mais premissas.

Dicionário ou interpretação

Lógica proposicional = lógica simbólica  USAMOS SIMBOLOS PARA REPRESENTAR PROPOSIÇÕES


PQRS

 P: A maçã é um fruto.
 Q: Os frutos são alimentos saudáveis.

Conetivas, conetores ou operadores verofuncionais (operação lógica)

Conetivas lógicas /¿ ⋁ /→/↔

Operadores de formação de frases Exemplos


Forma das de
Operação
Linguagem proposições notações
lógica Linguagem natural
proposicional compostas de outros
autores
Não;
Negação Não é verdade que; ~P ¬P
É falso que;…
E;
P&Q
Mas;
Conjunção ⋀ P⋀Q P.Q
Embora;
P,Q
Também;…

Disjunção Ou ∨ P∨Q

Condicional Se P, então Q; → P→Q P⇒ Q


P é suficiente para Q; P⊃Q
Q é necessário para P;
Basta que…
É condição que…

P se, e só se, Q; P⇔Q


Bicondicional ↔ P↔Q
P é necessário e suficiente para Q;… P≡Q

 Negação – valor de verdade oposto ao da frase de partida


o É uma função unária, pois só se aplica a uma única proposição.
 Conjunção – é verdadeira se, e apenas se, todas as proposições que a compõem forem
verdadeiras.
 Disjunção inclusiva (e/ou) – é verdadeira se, e apenas se, pelo menos uma da frases disjuntas
for verdadeira.
 Condicional (ou implicação) – é falsa se, e apenas se, a antecedente (condição) for verdadeira e
a consequente falsa.
Os brincos serão muito caros se forem de ouro.
Os brincos são de ouro – P
Os brincos serão muito caros – Q PQ

 Bicondicional (ou equivalência) – é verdadeira quando, e só quando, as proposições que a


compõem assumem em simultâneo o mesmo valor de verdade. P  Q.
A conetiva simboliza “se e somente se”.

Parênteses e dominância

Vou à biblioteca e estudo filosofia ou leio um livro.

P: Vou à biblioteca. Q: Estudo filosofia. R: Leio um livro.

Hipótese 1: P ⋀ (Q V R) Hipótese 2: (P ⋀ R ) V R

Diferentes hábitos de ocorrência

Começamos sempre com as operações de menor âmbito – menor força - e só depois seguimos em
direção às de maior âmbito – maior força.

Ordem crescente de dominância das conetivas


Negação ~ + Dominância máxima
Conjunção ⋀ ++ (maior âmbito)
Disjunção ∨ +++ ↓
Condicional → ++++ Dominância mínima
Bicondicional ↔ +++++ (menor âmbito)

* Quando uma determinada fórmula aparece entre parenteses, a resolução desta tem prioridade!

Tabelas de verdade
Para uma determinada fórmula proposicional existem determinados valores de verdade possíveis – sendo
estes expressos num diagrama – a tabela de verdade.

 Uma única proposição simples – 21 valores de verdade;


 Duas proposições simples – 22 valores de verdade – 4 combinações possíveis;
 Três proposições simples – 23 valores de verdade – 8 combinações possíveis.

…2n

Este método permite estabelecer se uma dada proposição complexa é uma tautologia, uma contradição
ou uma contingência.

Tautologia
P ~P P V ~P
Uma fórmula diz-se tautológica se, e apenas se, resultar verdadeira em todas as V F V
atribuições de valores de verdade às suas letras. F V V

Chamam-se tautológicas as fórmulas em que a proposição composta é verdadeira para todas e cada uma
das circunstancias possíveis, independentemente do valor de verdade atribuído as proposições simples.
Trata-se de uma proposição verdadeira, cuja verdade depende unicamente da sua forma lógica.

Etiópia é um país africano ou a Etiópia não é um país africano.

Contradição
P ~P P ⋀ ~P
Uma fórmula diz-se contraditória se, e apenas se, resultar falsa em todas as
V F F
atribuições de valores de verdade às suas letras.
F V F
Chamam-se contraditórias ou inconscientes as fórmulas em que a
proposição composta é falsa para todas e cada uma das circunstancias possíveis, independentemente do
valor de verdade atribuído as proposições simples. Uma fórmula é então inconsciente quando,
unicamente, não existe nenhuma circunstância possível que a torne verdadeira. Trata-se de uma
falsidade lógica – a falsidade de uma proposição pode se determinar exclusivamente por meios lógicos.

Etiópia é um país africano e não é um país africano.

Contingência

Uma fórmula diz-se contingente se, e apenas se, existem atribuições de valores de P Q P∧Q
verdade às letras que a tornam verdadeira e outras atribuições que a tornam falsa. V V V
V F F
Denominam-se contingentes as fórmulas que tenham o valor V em pelo menos uma
circunstância e simultaneamente, o valor F em pelo menos uma circunstância. F V F
F F F
A Etiópia é um país africano e o Nepal é um país asiático.

(P ∧ Q)

 Só as proposições são tautológicas, contraditórias ou contingentes.


 Os argumentos são inválidos ou inválidos.

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