Você está na página 1de 29

TEORIAS FIXISTAS

1) GERAÇÃO EXPONTÂNEA – “as espécies resultam de um


modo contínuo da matéria não-viva” “princípio activo capaz de
gerar vida”
Aristóteles defendia a imutabilidade das espécies
Elaborou uma Scala Natural dos seres mais
simples aos mais complexos
Descartes Newton...

PASTEUR (1822-1895) provou que “qualquer


forma de vida provém de vida pré-existente”

2) CRIACIONISMO – o aparecimento das espécies resulta


“exclusivamente de criação divina”, “cada forma viva está
perfeitamente adaptada”, “na sua essência são perfeitas e
imutáveis”

Georges CUVIER – “as lacunas estratigráficas devem-se à


ocorrência de cataclismos (dilúvios, secas) que destruiriam as
espécies existentes”- CATASTROFISMO-o repovoamento
destas zonas seria feito por seres que migrariam de zonas vizinhas
ou até de “novos actos de Criação” TEORIA DAS CRIAÇÕES
SUCESSIVAS

LINEU(1707-1778) – “O Autor da Natureza, quando criou as


espécies, impôs à sua criação uma eterna lei reprodutiva e de
multiplicação dentro dos limites da própria espécie. Permitiu em
certos casos a variação da aparência externa, mas sem passar de
uma espécie para outra.” – fixista e criacionista
Estabelece um sistema hierárquico de classificação dos seres
vivos, quer catalogar a Natureza, mas, apesar de ser fixista e
criacionista, os seus trabalhos são mais um contributo a que se
instalasse a ideia de uma possível origem comum para os seres
vivos
TEORIAS TRANSFORMISTAS / EVOLUCIONISTAS

Pierre MAUPERTIUS (1698-1759) – “todas as formas vivas


derivam de uma mesma fonte original”
A evolução ocorreria do seguinte modo :
“por selecção do meio os indivíduos com caracteres mais
aberrantes eram eliminados e só permaneciam os que
apresentavam apenas ligeiras alterações em relação aos
progenitores”,
“vemos aparecer raças que no início seriam só seres
fortuitos mas que com o tempo e o acaso as gerações
transformam em espécies”

BUFFON (1707-1788) – escreveu “História Natural” com cerca


de 40000 páginas onde explicita as suas ideias
transformistas
Refere a existência de variações geográficas entre
indivíduos de uma mesma espécie atribuindo estas variações às
diferentes condições geográficas do local
Defende uma acção transformista da Natureza – o clima e
a alimentação modificariam as estruturas vivas ao longo do
tempo- e um transformismo por degeneração – “há
degeneração de algumas formas originais que vão constituir
espécies próximas”
(não refere a adaptação ao meio mas sim a acção do meio)
“...o Tempo é o vector das alterações biológicas e
geológicas” – a Terra não teria somente 6000 anos como refere o
Antigo Testamento, mas cerca de 70000 anos...
compara o Homem com o orangotango e defende que o
Homem deveria ser colocado também na Classe dos Animais

Erasmus DARWIN – “Zoomania”/1794 onde se refere a


caracteres adquiridos e a selecção natural

SAINT-HILAIRE (1772-1844) acérrimo defensor de Buffon e


anti Cuvier defende o não-fixismo das espécies com base nos seus
estudos de anatomia comparada
James HUTTON (1795) – as alterações profundas da Terra são o
produto cumulativo de um lento mas contínuo processo –
Princípio do Gradualismo – há acção lenta e gradual dos
agentes físicos sobre a Terra a Terra teria, não 6000
anos, mas milhares de milhões de anos!!

PASSOU A CONSIDERAR-SE TER HAVIDO TEMPO


NECESSÁRIO À LENTA ACÇÃO DA EVOLUÇÃO BIOLÓGICA

Charles LYELL(1830) – Lei do Uniformismo ou Princípio das


Causas Actuais: as causas que provocaram determinadas
alterações geológicas no passado são iguais às que provocam os
mesmos fenómenos no presente
As descontinuidades dos estratos geológicos devem-se à
acção erosiva dos ventos e chuvas (Principles of Geology)
Os fósseis dos estratos existentes apresentam diferenças
bruscas devido à falta dos fósseis intermédios que
corresponderiam a estratos erodidos ou à falta de condições de
sedimentação da época a que dizem respeito

-
se as alterações geológicas resultam de lenta e contínua
acção então a Terra deve ser muito antiga
-
os lentos processos persistindo durante um longo período de
tempo podem causar uma substancial alteração na
morfologia terrestre (vem contra as alterações repentinas do
catastrofismo)
MECANISMOS DA EVOLUÇÃO

LAMARCKISMO

Lamarck (1744-1829) – Philosophie Zoologique – 1809

Admitia uma progressão lenta e gradual dos organismos mais


simples para os mais complexos segundo 2 princípios:

Lei do uso e do desuso

Lei da herança dos caracteres adquiridos

A necessidade que os seres sentem de se adaptarem a novas


condições ambientais conduz ao uso ou ao desuso contínuo de
certos orgãos – a função que o orgão desempenha acabará por
determinar a sua estrutura como forma de adaptação ao meio
As transformações sofridas, provocadas pelo ambiente, quer
no sentido do desenvolvimento do orgão (ex: pescoço da girafa),
quer da sua atrofia (ex: olhos da toupeira) eram transmitidas à
descendência
Estas pequenas transformações ao acumularem-se ao longo
de gerações sucessivas, provocariam o aparecimento de novas
espécies

Ambiente uso ou desuso transformação da estrutura

as alterações são
herdadas pelos
descendentes

Os organismos adquirem modificações para se


adaptarem ao ambiente e transmitem essas alterações
CRÍTICA : Nenhuma alteração fenotípica, provocada por factores
ambientais, se transmite à descendência
DARWINISMO

Charles Darwin (1809-1882) “A Origem das Espécies”(1859)

Influências:
-
MALTHUS – economista inglês – as populações crescem
em progressão geométrica enquanto a produção de
alimentos cresce em progressão aritmética
-
Charles LYELL– redefinição da escala de tempo geológico
e explicação das lacunas estratigráficas no registo fóssil
-
Selecção artificial feita pelos criadores de animais
-
Dados recolhidos na Viagem do Beagle (fósseis,
sedimentos marinhos nos Andes, flora e fauna nas
Galápagos e por todo o Mundo)

“se todas as criaturas produzem mais descendentes do


que aqueles que têm possibilidades de sobreviver, então a
SELECÇÃO NATURAL determina a evolução, já que os
sobreviventes estarão mais bem adaptados às condições de
vida dominantes num dado momento e local”

“o ambiente não possui


os recursos necessários à
sobrevivência de todos”

“deverá ocorrer uma luta pela sobrevivência


durante a qual serão eliminados os menos aptos”

“os mais aptos sobrevivem e


espalham na Natureza os caracteres
mais favoráveis”
“as variações favoráveis tenderiam
a ser preservadas e as variações
desfavoráveis a desaparecer”
TEORIA DE DARWIN Darwin e Alfred Wallace(1823-1913)

1 – Todas as espécies apresentam indivíduos com pequenas


variações nas suas características

2 – As espécies originam mais descendentes do que aqueles que


podem sobreviver

3 – Na luta pela sobrevivência os indivíduos com variações


vantajosas, relativamente ao meio em que se encontram, têm
maior taxa de sobrevivência, sendo eliminados os que possuem
variações desfavoráveis – selecção natural

4 – os indivíduos portadores de variações favoráveis transmitem


as suas características à descendência

5 – a selecção natural actuando ao longo de muitas gerações


conduz à acumulação das características mais vantajosas nos
descendentes pelo que os indivíduos serão tão diferentes que
eventualmente poderão vir a constituir novas espécies

Principal crítica: Darwin nunca explicou a causa das variações


existentes nas populações

ARGUMENTOS A FAVOR DO EVOLUCIONISMO

A – ARGUMENTOS PALEONTOLÓGICOS

- o registo fóssil de espécies extintas põe em causa a


imutabilidade das espécies
- permitiu definir percursos evolutivos de diferentes grupos
(séries ortogenéticas) - baleia
.- a descoberta de fósseis de transição tem permitido o
estabelecimento de relações filogenéticas entre
diferentes grupos naturais
Archaeopteryx Pteridospérmicas Ictyostega
B – ARGUMENTOS ANATÓMICOS

Orgãos Homólogos – a mesma origem, a mesma estrutura básica


e posição idêntica no organismo, podendo desempenhar
funções diferentes Ex: membros anteriores dos Vertebrados

ancestral ambientes ou nichos estrutura com funções


comum ecológicos diferentes diferentes
EVOLUÇÃO DIVERGENTE

Séries filogenéticas
a) PROGRESSIVAS – um orgão simples vai-se
tornando progressivamente mais complexo
Ex: cérebro e coração dos Vertebrados

b) REGRESSIVAS – um orgão primitivamente


complexo vai evoluindo no sentido de se tornar
cada vez mais simples
Ex: membros em alguns répteis e cavalos

Orgãos Análogos – orgãos com a mesma função mas origem,


estrutura e posição relativa diferente
Ex: asas de Insectos e Aves, cauda da baleia e
barbatana caudal dos peixes, espinhos nos cactos
e eufórbias

espécies habitats adaptações


ancestrais semelhantes semelhantes
diferentes
EVOLUÇÃO CONVERGENTE
Orgãos Vestigiais – resultam da atrofia de um orgão
primitivamente desenvolvido

A selecção actua em sentido regressivo, privilegiando os


indivíduos que possuem estes orgãos na sua forma menos
desenvolvida

C – ARGUMENTOS EMBRIOLÓGICOS

von Baer (1792/1876) - “os embriões passam por fases em que se


assemelham a embriões de animais
considerados em degraus inferiores da
Scala Naturae

Princípio da Recapitulação - “a ontogenia é uma recapitulação


Haeckel abreviada e rápida da filogenia”
(LEI BIOGENÉTICA)

ou seja

no desenvolvimento embrionário cada animal passa por fases


correspondentes a fases adultas de espécies ancestrais (FALSO)

O que é recapitulado no desenvolvimento embrionário de uma


espécie são as fases embrionárias dos seus antepassados e não
uma sequência de estados adultos desses antepassados

Quanto mais afastadas filogenéticamente estão duas espécies,


menos fases embrionárias (fases ontogénicas) têm em comum –
os seres mais aparentados apresentam longas fases ontogénicas
semelhantes
D - ARGUMENTOS BIOGEOGRÁFICOS

Há duas situações distintas a considerar:

a) Ocorrência de semelhanças nítidas entre organismos de


regiões geográficas distintas (condições ambientais
semelhantes não levaram a evolução divergente)
Ex: mamíferos marsupiais da Austrália/mamíferos
placentários de outros continentes

b) Grande diversidade entre espécies de zonas geográficas


muito próximas (indivíduos sujeitos a diferentes condições
ambientais evoluíram de forma divergente)
Ex: fauna e flora das Galápagos/tentilhões de Darwin

E – ARGUMENTOS CITOLÓGICOS

A célula é a unidade estrutural de todos os seres vivos e


processos e mecanismos celulares são basicamente os mesmos
(Ex: divisão celular por mitose)

F – ARGUMENTOS BIOQUÍMICOS

1 – Compostos orgânicos muito semelhantes


-
tipo de aminoácidos nas proteínas
-
nucleotídeos do DNA e sua sequência
o experiências de hibridação de DNA

2 – Vias metabólicas comuns


síntese de proteínas
processos de obtenção de energia
modo de actuação das enzimas...

3 – Universalidade do código genético e do ATP como molécula


energética biológica
4 – Reacções imunológicas: testes sorológicos – uso da reacção
específica antigénio-anticorpo que vai permitir
estabelecer relações filogenéticas através da
interpretação dos mecanismos de aglutinação

NEODARWINISMO – Teoria Sintética da Evolução


Julian Huxley (1942)

Reinterpretação da teoria de Darwin à luz dos conhecimentos


mais recentes de ciências como a Genética, a Citologia, a
Paleontologia, a Embriologia, a Biogeografia e a Bioquímica

Baseia-se nos trabalhos de:

- Darwin e Wallace – importância do meio e da selecção natural

- Gregor Mendel – lei da segregação independente dos caracteres

- Walter e Sutton – localização e suporte dos genes nos


cromossomas

- Thomas Morgan – explicação genética das mutações

- anatomia comparada e paleontologia

Engloba 2 ideias fundamentais:

A – Variabilidade dos indivíduos


-
mutações
-
recombinação génica (reprodução sexuada)
meiose (crossing-over e segregação aleatória dos
cromossomas homólogos)
fecundação – união aleatória dos gâmetas
B – Selecção Natural e Evolução
Teoria sintética da Evolução

A variabilidade genética das populações deve-se a mutações e à


recombinação génica que ocorre na reprodução sexuada, que leva
ao aparecimento de novos genes no fundo genético dessas
populações

É sobre esta variabilidade que actua a selecção natural,


privilegiando os conjuntos génicos mais bem
adaptados a um determinado ambiente num
determinado momento

Os indivíduos portadores destes conjuntos génicos


vivem mais tempo e deixam mais descendentes
(reprodução diferencial)

Ao longo do tempo determinados genes


(e características) implantam-se em detrimento
de outros que vão sendo progressivamente
eliminados, dando-se assim a evolução

Quanto maior é a diversidade, maior a probabilidade da


população se adaptar a mudanças do meio

Populações muito homogéneas e bem adaptadas


podem ser eliminadas se no seu habitat
existirem mudanças climatéricas significativas

Se o meio se altera, o conjunto génico


mais favorável pode deixar de o ser
Ex: Melanismo Industrial
TEORIAS EVOLUCIONISTAS
SEMELHANÇAS:

1 – Consideram o ambiente o principal motor da evolução


2 – Consideram que a evolução se traduz por modificações nas
populações

DIFERENÇAS:

a) Quanto à acção do meio:

Lamarquismo – o ambiente provoca modificações no indivíduo

Darwinismo – o ambiente exerce uma acção selectiva


(preservando os mais aptos e eliminando os menos aptos)

Neodarwinismo – o ambiente exerce a acção selectiva


preservando os genes que conferem melhores aptidões
e eliminando aqueles que determinam características
menos adaptativas (sobrevivênvia, reprodução e
mortalidade diferenciais)

b) Quanto à origem das modificações populacionais:

Lamarquismo – as modificações são individuais – o indivíduo


tem capacidade para responder à acção do meio, modificando-se
para se adaptar (a unidade evolutiva é o indivíduo)

Darwinismo – as modificações são fenómenos populacionais;


não são os indivíduos que se modificam em função das suas
necessidades, são as populações em função da acção selectiva do
meio (a unidade evolutiva é a população)

Neodarwinismo – o que varia é a frequência génica (dos genes)


na população; desta variação resultam as alterações populacionais
(a unidade evolutiva é a população, considerada em termos de
conjunto de genes – fundo genético)
CASO REAL : O bacilo de Kock (agente causador da
tuberculose) tornou-se com o tempo resistente à estreptomicina
(antibiótico). Porquê?

Segundo Lamarck – com um ambiente com um novo elemento


(a estreptomicina) a bactéria sente necessidade de se
adaptar e desenvolve resistências que vai transmitir
aos descendentes.

Segundo o Darwinismo – na população de bactérias há


variabilidade e há algumas, poucas, resistentes ao
antibiótico; o medicamento elimina as bactérias
sensíveis e as que sobrevivem reproduzem-se; com o
tempo quase só haverão bactérias resistentes.

Segundo o Neodarwinismo – as populações de bactérias


apresentam grande variabilidade resultante de
mutações e, em alguns casos, recombinação génica –
há sempre bactérias sensíveis e resistentes; após o
uso do antibiótico, as bactérias resistentes passam a
estar mais bem adaptadas ao ambiente e a serem
selecionadas preferencialmente para se reproduzirem;
o fundo genético da população é alterado ao longo
das gerações até que finalmente haverá populações
formadas apenas por estirpes resistentes.

EVOLUÇÃO DAS POPULAÇÕES

População – grupo de indivíduos da mesma espécie que ocupam


uma determinada área geográfica num dado
momento (podem não se cruzar entre si por diversas
razões e não haver, pois, intercâmbio génico)

População Mendeliana – grupo de indivíduos de uma população


que se cruzam entre si livremente
Fundo genético – conjunto de todos os genes presentes numa
população mendeliana num dado momento
Para haver evolução tem de ocorrer mudança do fundo
genético das populações

FACTORES DE EVOLUÇÃO

A – Mutações

- taxa reduzida
- ocasionalmente podem conferir vantagens adaptativas
- dominantes / recessivas
- inviáveis ou letais
- podem alterar a proporção dos alelos

B – Migrações
Movimento de indivíduos em idade reprodutiva entre populações
da mesma espécie há fluxo de genes

Fluxo + Imigração

Fluxo - Emigração

C – Cruzamentos não ao acaso / NÃO PANMIXIA

De um modo geral os seres privilegiam determinados fenótipos e


a população não se cruza ao acaso (não há panmixia)

verifica-se uma tendência para a formação de


subgrupos no interior das populações com um
fundo genético diferente da população global

Ex: Casamentos consanguíneos Maior frequência


Autopolinização nas plantas de homozigóticos

Maior manifestação
de alelos recessivos
e doenças genéticas
A PANMIXIA (cruzamentos ao acaso) é factor de estabilidade
das populações pois mantém a frequência de alelos numa
população

D – Deriva Genética
Variação por acaso do fundo genético de uma população

: Quando poucos indivíduos colonizam um novo habitat podem


transportar somente parte do fundo genético da população –
originam populações menos adaptáveis
-
a população aborígene da Austrália não possui o alelo IB
-
caso de cataclismos que baixam drasticamente o número de
indivíduos de uma população

Grupos pequenos podem possuir alelos ou frequência de vários


alelos diferentes do resto da população e, devido ao isolamento
reprodutor e a diferentes pressões selectivas podem originar
populações com fundos genéticos diferentes do inicial

E – Selecção Natural
Privilegia os organismos mais bem adaptados a determinado meio
em determinada altura

Actua sobre - sobrevivência até à idade de procriação


- tipo de acasalamento (escolha dos “melhores”
genes)
- reprodução diferencial (as espécies com elevada
taxa de reprodução têm elevada aptidão
evolutiva)

ocorre selecção
de genótipos específicos

resulta numa variação


do fundo genético
estabilizadora evolutiva
Microevolução – pequenas mudanças graduais (há alteração das
frequências dos alelos em gerações sucessivas)
Ex: Biston betularia

Macroevolução – acumulação de sucessivas mudanças ao longo


do tempo podendo originar novas espécies

Conceito de ESPÈCIE

Conceito morfológico de espécie – baseia-se na forma e na


estrutura dos organismos
Dificuldades: metamorfoses, polimorfismo,
variação fenotípica

Conceito biológico de espécie – todos os indivíduos normais


Ernst Mayr (1942) que em condições naturais são
fisiologicamente capazes de se
cruzarem entre si dando origem
a descendentes férteis ou
conjunto de populações que potencialmente se podem cruzar,
isoladas reprodutivamente de outros grupos

Limitações:- não se aplica a formas fósseis


- só se aplica a grupos com reprodução sexuada
- não é possível verificar o intercruzamento natural em
populações isoladas (o cruzamento deve ser em
condições naturais)

Conceito Multidimensional de espécie – conjunto de populações


cujos indivíduos têm características morfológicas, fisiológicas,
bioquímicas, ecológicas e comportamentais comuns e que,
constituindo determinado fundo genético, podem cruzar-se entre
si originando descendentes férteis

Subespécie ou Raça Geográfica – população de uma mesma


espécie que apresentam diferenças na frequência dos alelos do
fundo genético da espécie e podem manifestar diferenças
fenotípicas mas que continuam a se poderem cruzar
ESPECIAÇÃO

Quando há troca de genes sem restrições no seio de uma


população (panmixia) o seu fundo genético tende a manter-se

Especiação Isolamento Reprodutor

O isolamento reprodutor pode resultar de:

a)Isolamento EXTRÍNSECO ou geográfico– acidentes


geográficos ou condições climatéricas

Especiação ALOPÁTRICA

Ex: Radiação Adaptativa – os diferentes grupos provenientes de


um tronco comum sofrem uma dispersão simultânea por
diferentes áreas geográficas, ocupando nichos ecológicos
específicos
-
ocupação do ambiente terrestre pelos Réptéis e mais tarde
pelos Mamíferos
-
ocupação das Galápagos por tentilhões originários do
continente americano originando 14 espécies diferentes

b)Isolamento INTRÍNSECO ou biológico – há barreira


reprodutiva sem isolamento geográfico

Especiação SIMPÁTRICA
ou por poliploidia

Ex: por selecção natural – o ambiente leva à selecção não dos


mais frequentes, mas dos que apresentam caracteres extremos
originando 2 espécies (raro)
- por poliploidia – por alopoliploidia
 por autopoliploidia
TAXONOMIA – ramo da Biologia que se ocupa da classificação
e nomenclatura dos seres vivos

SISTEMÁTICA – Taxonomia + Biologia Evolutiva


Estudo científico da diversidade biológica no sentido de
procurar as relações evolutivas entre os seres e as expressar em
sistemas taxonómicos

Classificações PRÁTICAS

Classificações RACIONAIS – usam caracteres dos organismos

Aristóteles (384 – 322 a.C.) e Teofrasto

Cuvier – deu relevância aos caracteres anatómicos e considerou


que todas as partes do corpo são interdependentes

Carl von Linné (LINEU) 1707-1778

Classificações ARTIFICIAIS / Classificações NATURAIS


poucos caracteres o maior nº possível de caracteres

Classificações HORIZONTAIS – não têm o factor tempo em


consideração (são fixistas)

Antes de Darwin - as semelhanças estruturais são vistas como


reflexo do “Plano de Criação”

Após Darwin – as semelhanças estruturais são consequência das


relações de parentesco entre os seres vivos
(divergência a partir de um ancestral comum)

Classificações EVOLUTIVAS ou FILOGENÉTICAS


(VERTICAIS)
Haeckel (1834 – 1919) – foi o 1º a usar dados anatómicos, paleontológicos
e embriológicos para construir uma árvore filogenética
1 – Escola FENÉTICA – baseia-se no maior nº possível de
caracteres fenotípicos, observáveis e quantificáveis
- é uma classificação horizontal pois nem sempre as
semelhanças fenotípicas correspondem a proximidade
evolutiva
- surgiu em 1950-60 e deu origem, com a utilização de
computadores, à Taxonomia Numérica

2 – Escola FILÉTICA (CLADÍSTICA) – privilegiam as


características que levem à construção da história evolutiva
(só consideram importantes as estruturas homólogas)
- usam dados paleontológicos, de anatomia comparada e
embriológicos para determinar os pontos de divergência da
história evolutiva, levando à construção de cladogramas
- são classificações verticais

3 – Taxonomia Evolutiva Clássica – recorre ao maior número


possível de caracteres, registo fóssil, dados bioquímicos e
embriológicos para, usando as principais características
ancestrais, construir árvores filogenéticas
- têm em conta os caracteres adquiridos que determinam os
pontos de ramificação das árvores filogenéticas
-
são classificações verticais

Exemplo: a polémica em torno da relação filogenética entre aves,


crocodilos e lagartos – os taxonomistas clássicos colocam as aves
numa classe própria distinta da dos crocodilos, pois estes
apresentam mais caracteres de réptil apesar de, em termos
evolutivos, estarem mais longe deles.

Taxonomia Molecular – usa o estudo das diferenças


bioquímicas para relacionar os seres vivos (composição das
proteínas e do DNA)
-
é um método objectivo e quantitativo (clas. Vertical)
Class.Horizontais / Class.Verticais, FILÉTICAS
ou FENÉTICAS ou
FILOGENÉTICAS
NOMENCLATURA – estável e universal
-
em latim
-
uninominal para todos os taxa excepto espécie e sub-espécie
-
binominal: Canis lupus Lineu, 1750
autor e data
Género restritivo específico

CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO

1 – Critério Morfológico
metamorfoses, polimorfismo, fenómenos de
convergência e divergência evolutiva

2 – Simetria corporal
bilateral – radiada – assimétricos

3 – Tipos de nutrição
autotróficos fototróficos
quimiotróficos

heterotróficos por ingestão – há digestão intracorporal


extracelular intracelular
por absorção – há digestão
extracorporal

4 – Organização estrutural seres procariontes

seres eucariontes unicelulares

multicelulares tecidos orgãos sistemas

Cariologia...Embriologia...Dados bioquímicos...
Para classificar devem-se confrontar elementos resultantes
da aplicação de vários critérios de modo a se obter uma
classificação que expresse as verdadeiras relações filogenéticas

Existe uma correspondência entre as classificações


em 2 reinos e em 5 reinos:

2 REINOS 5 REINOS 5 REINOS


(1968) (1979)

PLANTAE MONERA MONERA


eubactérias eubactérias eubactérias
cianobactérias cianobactéria cianobactérias

diatomáceas PROTISTA PROTISTA


algas vermelhas diatomáceas diatomáceas
algas castanhas protozoários protozoários
algas verdes algas vermelhas
musgos e hepáticas PLANTAE algas castanhas
plantas vasculares algas vermelhas algas verdes
bolores algas castanhas
cogumelos algas verdes PLANTAE
leveduras musgos e hepáticas musgos e hepát.
plantas vasculares plantas vascul.
ANIMALIA
protozoários
metazoários FUNGI FUNGI
bolores bolores
cogumelos cogumelos
leveduras leveduras

ANIMALIA ANIMALIA
Metazoários metazoários
Antigamente era o reino Plantae que reunia maior diversidade de
seres vivos enquanto actualmente é o reino Protista

ORIGENS DA MULTICELULARIDADE

A cooperação entre procariontes não levou à multicelularidade


mas terá levado ao aparecimento das células eucarióticas
(Teoria Endossimbiótica de Lynn Margulis)

Nos unicelulares primitivos os que possuíam maiores dimensões


eram favorecidos pela selecção natural (alimentavam-se melhor e
defendiam-se dos predadores)
MAS...

Aresta do Área de Volume Relação AS/V


cubo Superfície
1 cm 6 cm2 1 cm3 6:1
2 cm 24 cm2 8 cm3 3:1
3 cm 54 cm2 27 cm3 2:1

O crescimento celular é limitado


pela relação área de trocas/ volume celular
necessidade de
divisão celular

Foram sugeridos dois processos de formação de estruturas


multicelulares:
A – Por formação de colónias de seres unicelulares – o tempo
conduziu a interdependência das células e a especialização quer
morfológica quer funcional

B – Por celularização – divisões sucessivas do núcleo não


acompanhadas de citocinese originaram estruturas plurinucleadas
cenocíticas; mais tarde ter-se-ão formado membranas celulares
em torno de cada núcleo originando agrupamentos de células
mononucleadas

Há agregados de bactérias mas sem qualquer coordenação


funcional, tal com há colónias de protistas com alguma
coordenação (Volvox) mas em que a diferenciação é pequena e
ocorre sobretudo a nível das células reprodutoras

Nos seres multicelulares


há verdadeira divisão
de trabalho e
especialização celular
(diferenciação tecidular)
o que proporciona maior
eficácia na realização do
trabalho

Algas verdes agregados coloniais espécies multicelulares do


Filo Chlorophyta

Plantas (Briófitas)
Protistas colónias progressivamente
Flagelados mais complexas Animais

Vantagens da Multicelularidade
a) ao haver especialização celular cada célula utiliza a energia
mais eficazmente o que diminui a taxa metabólica
b) com a divisão funcional os organismos podem realizar
actividades impensáveis nos ancestrais unicelulares
c) permite maior diversidade de formas vivas e maior
adaptação a diferentes ambientes (e mais protecção)
d) pela interdependência dos vários sistemas de orgãos regula
as suas condições internas (homeostase), o que lhe confere
menos dependência do meio ambiente
e) favorece o aparecimento de seres de maiores dimensões mas
com a ideal relação área/volume celular
Progressivamente ter-se-ão originado seres de maiores dimensões que
se viram na necessidade de solucionarem o problema das trocas com o
meio das células mais internas, e assim terão surgido sistemas de
transporte, excreção...

MA FORMAS VIVAS
atrás
600 Primeiros organismos multicelulares

Primeiras células eucarióticas


1500
Aparecimento da respiração aeróbia

2500 Aparecimento de fotossíntese produtora de oxigénio


(cianobactérias)

Aparecimento de quimioautotróficos (respiração sulfídrica)


3500
Aparecimento de procarióticos: bactérias anaeróbias
(produtoras de metano) e fotossíntese anaeróbia (formação de
H2S)

4500 Formação da Terra

- decomposição da matéria orgânica em matéria mineral


- digestão de poluentes biodegradáveis no tratamento de águas
residuais e obtenção de lamas ricas em matéria orgânica utilizadas
como adubos e/ou biogás
- ciclo do azoto, ciclo do carbono...
- produção de antibióticos, acetona, butanol, vinagre
- produção de derivados do leite: iogurtes, queijo
- produção de vitaminas K e B12 no intestino humano(flora int.)
- decomposição da celulose no intestino de herbívoros
- utilização em engenharia genética

- contaminação da água e alimentos


- doenças em plantas e animais( cólera, tétano, tuberculose,
antrax...)

REPRODUÇÃO SEXUADA

Ser Haplonte: haplofase mais desenvolvida, diplofase


reduzida ao zigoto – meiose pós-zigótica

Ser Diplonte: diplofase mais desenvolvida, haplofase reduzida


aos gâmetas – meiose pré-gamética

Ser Haplodiplonte: alternância nítida de fases nucleares e


gerações – meiose pré-espórica

Alternância de fases nucleares:


-
Fase haplóide (início: células resultantes da meiose)
-
Fase diplóide (início: zigoto)

Alternância de gerações:
Geração esporófita (início: zigoto
termo: formação de esporos)
Geração gametófita (início: esporos
termo: formação do ovo)

Reino Protista – ALGAS

Unicelulares ou multicelulares com baixo grau de diferenciação


Produtores essencialmente aquáticos (ou meios húmidos)
Fecundação externa com auxílio da água

Divisão Chlorophyta / algas verdes


Unicelulares (Chlamydomonas), coloniais (Volvox) e
multicelulares (Spirogyra e Ulva)
Pigmentos: clorofila a, clorofila b, carotenóides
Substância de reserva: amido

Divisão Phaeophyta / algas castanhas


Multicelulares geralmente marinhas (Sargassum e Fucus)
Pigmentos: clorofila a, clorofila c, carotenóides e fucoxantina
Substância de reserva: laminarina

Divisão Rhodophyta / algas vermelhas


Multicelulares
Pigmentos: clorofila a, clorofila d, carotenóides e ficobilinas
(NOTA: as ficobilinas retêm radiações azuis o que lhes permite viver no
oceano até grandes profundidades)
Substância de reserva: amido florídeo

Importância Económica das Algas


-
produtoras de alimento e oxigénio nos ecossistemas
-
alimentação humana
-
algina (doces e gelados, borrachas e tintas)
-
ágar-ágar (meios de cultura, panificação e doçaria, laxativo,
capsulas gelatinosas)
-
indústria de cosmética e medicamentos
-
materiais de construção (diatomito)
-
insecticidas
-
pastas dentífricas
-
adubos e rações (importantes fontes de iodo e potássio)...

Perspectiva Evolutiva dos Ciclos de Vida


-
mantém-se a alternância de fases nucleares (meiose/fec.)
-
os gâmetas são produzidos no gametófito por mitose
enquanto a meiose ocorre na produção de esporos (no
esporófito) – meiose pré-espórica
-
apesar de haplodiplontes verifica-se evolução no sentido da
predominância da fase diplóide (maior probabilidade de
recombinação génica o que aumenta o fundo genético e
proporciona maior capacidade de adaptação ao meio)
-
há especialização progressiva das estruturas
reprodutoras no sentido de uma troca de informação
genética mais eficiente – flores
-
surge a heterosporia o que significa que já há determinação
sexual na geração esporófita da qual irão resultar as flores
femininas e masculinas
-
há redução progressiva da geração gametófita (n) e
grande desenvolvimento da geração esporófita (2n)
-
só os esporos masculinos sofrem dispersão enquanto os
esporos femininos originam gametófitos dentro dos
esporângios
-
a fecundação torna-se independente da água
-
desenvolvimento de sementes contendo o embrião em
estado de vida latente, com reservas nutritivas e protegido
pelo tegumento, o que permite maior resistência a condições
adversas e germinação só em condições favoráveis

- a polinização passa de passiva (anemófila/vento) a um


processo mais específico (entomófila/animais)
CONCEITO DE ESPÉCIE

O conceito biológico de espécie apresentado por Ernst Mayr diz que:


“Espécies são grupos de populações naturais que se cruzam real ou
potencialmente e que estão isolados reprodutivamente de outros grupos
semelhantes”.
Nesta definição o termo potencialmente tem uma conotação muito importante,
uma vez que podem existir populações isoladas dentro de uma mesma espécie, as quais,
portanto, não se estão cruzando realmente. Por exemplo, grupos de indivíduos
pertencendo a uma mesma espécie e que habitam ilhas relativamente distantes não se
podem cruzar. A expressão potencialmente capazes de se cruzar significa que, se os
membros destas populações isoladas forem colocados juntos em condições naturais,
eles serão capazes de se cruzar e produzir descendência fértil.
Devemos ainda considerar outro facto relativamente a esta definição de espécie:
muitas espécies diferentes são capazes de se cruzar quando mantidas em cativeiro.
Neste caso, as condições artificiais de vida destes indivíduos “quebram” as barreiras
que, na natureza, evitam que eles se cruzem. Este tipo de cruzamento não invalida o
conceito de espécie, pois, em condições naturais, estes indivíduos não se cruzam ou, no
caso de se cruzarem, os seus descendentes desaparecem por serem estéreis ou por não se
adaptarem às condições ambientais.
O tigre é animal de hábitos solitários, adaptado ao ambiente de floresta; já o leão
tem hábitos gregários e vive em regiões de campos abertos. Quando colocados juntos,
em recintos de parques zoológicos, fêmeas de tigre podem-se cruzar com machos de
leão e vice-versa, produzindo descendência, contudo, pertencem a espécies diferentes.
Extraído de
AMABIS e MARTHO - A ciência da Biologia – 1ªedição – Editora Moderna Lda.
1985 - São Paulo/Brasil - vol.3.pág.253-254
“O uso de intercruzamento como critério único para a diferenciação de espécie
apresenta, no entanto, certas dificuldades para o biólogo moderno(...)
Vejamos o caso do sapo Rana pipiens:
Há distribuição contínua desse anfíbio, desde Vermont à Florida, nos U.S.A..
Apesar do facto de que populações adjacentes podem e conseguem se intercruzar, a
variedade de Vermont não consegue acasalar-se com a da Florida se ambas forem
postas em contacto em qualquer dos dois ambientes de origem. Entretanto, se os
espécimens da Florida forem previamente condicionados à temperatura da água na qual
vivem os sapos de Vermont (ou vice-versa), há acasalamento. Como, então,
classificamos as variedades desses sapos de Vermont e da Florida? São espécies
separadas?
Poderíamos estar inclinados a dizer sim, uma vez que em condições naturais
esses sapos não se acasalam. Entretanto, os taxonomistas consideram as duas variedades
como membros da mesma espécie. A razão reside em que, como cada variedade
geográfica pode acasalar-se com a variedade adjacente à mesma , as características
genéticas podem difundir-se por toda a população, desde a Florida até Vermont.”
BAKER e ALLEN – Estudo da Biologia – 2ªedição
Edit.Edgard Blucher Lda ,S.Paulo - 1975 – vol.2 – pág.505-506
Se duas populações não se cruzam em condições naturais, normalmente não
serão da mesma espécie; exceptua-se o caso em que, apesar de não haver troca de genes
directamente entre as duas populações, exista um fluxo de genes através de populações
intermediárias, que poderão ser sub-espécies ou híbridos, como é o caso do exemplo
seguinte. Nestas situações de fluxo de genes com intervenção de várias populações,
geralmente caminha-se para a especiação que pode acontecer por simples
desaparecimento de uma das populações intermédias e quebra do fluxo génico (ver
exercícios com resolução).

Você também pode gostar