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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

AYSLLAN FERNANDES COELHO

Evolução I - Fichamento

BELO HORIZONTE

2022
A origem e o impacto do pensamento evolutivo

Carl von Linné

Botânico sueco, responsável por uma grande descrição da


natureza, revelando a ordem inalterada da vida criada por
Deus. Classificou os organismos em Latim. Organizou a
variabilidade (espécies, gêneros, famílias, ordem, classe, filo,
reino). Publicou o livro "Species Plantarum" em 1753. A sua
classificação hierárquica dos organismos levou ao conceito de
descendente em comum. Mas destruiu a continuidade da vida,
criando uma hierarquia de descontinuidades, levando ao fixismo e à visão
essencialista.

Georges-Louis Leclerc de Buffon

Buffon propôs em sua teoria, uma das primeiras


evolucionistas, que cada espécie tinha um tipo de “molde
interno” que determinava sua forma, e esse molde era
preservado de uma geração para outra. Segundo o estudioso,
se uma espécie ocupasse diferentes partes do planeta, o
ambiente distinto ocasionaria um desvio em relação à forma
original, o que resultaria no surgimento de novas variedades.
No entanto, Buffon recorre à teoria da geração espontânea, conceito ainda em voga
no tempo em que viveu. A teoria poderia ser assim postulada: a geração espontânea
origina um conjunto de seres vivos e a influência do ambiente faz com que esses
seres vivos deem origem a novas formas, o que aumenta a diversidade de seres
vivos no planeta.

Georges Curvier

Biólogos e paleontólogos do século 19. Fundador da


paleontologia vertebrada. Primeiro cientista a documentar a
extinção de animais antigos. Mas rejeitava a ideia de evolução.
Grande crítico de Lamarck, principalmente com relação à
herança de caracteres adquiridos. Adepto do catastrofismo.
Jean-Baptiste Lamarck

Segundo Lamarck variações no ambiente induzem mudanças


nos hábitos dos seres vivos, e essas mudanças dão origem a
modificações em seus órgãos. Para ele essas modificações
aconteciam durante a vida do animal, para depois serem
transmitidas à prole.

Lamarck também incorporava a geração espontânea em alguns pontos de sua


teoria. Para ele, o processo evolutivo ocorria em uma escala de complexidade, na
qual os seres primitivos (originados por geração espontânea) se transformavam
gradualmente, ficando cada vez mais complexos.

Charles Lyell

Cientista inglês, adepto da teoria do uniformitarianismo,


escreveu o livro: Princípios da Geologia. Acreditava que as
forças naturais que agora alteram a forma da terra têm operado
da mesma maneira no passado (o presente é a chave para
entender o passado).

Alfred Russel Wallace

Naturalista britânico autodidata que assume somente a


responsabilidade de ter impulsionado Charles Darwin a
publicar a sua obra: A origem das Espécies (1859).

Wallace acreditava que as espécies tendiam a variar


indefinidamente a partir de um ancestral.

O naturalista também acreditava que a seleção natural tinha


um limite, e que não poderia explicar as faculdades morais e intelectuais do homem.
Segundo ele a seleção natural até poderia explicar totalmente a origem das outras
espécies, mas a evolução da mente humana dependeria de alguma força superior.

Em suas expedições enviava espécimes constantemente para serem vendidos na


Inglaterra no intuito de conseguir se manter financeiramente.
Charles Darwin

Formado em meio à nata da sociedade inglesa, ele estudou de


início para ser médico, por insistência do pai. Contudo,
enquanto o interesse pela medicina se desfazia, a paixão pelo
mundo natural crescia, levando Darwin a desistir do curso e
passar a seguir os passos da ciência pura.

Pressionado por amigos, decidiu publicar, em 1859, um


“resumo”, o famoso livro: A Origem das Espécies. Nesta obra o naturalista
sentenciou que os indivíduos nascidos com traços que os tornam mais adaptados ao
ambiente em que estão inseridos têm mais chances de sobreviver e deixar
descendentes.

Fixismo

Até meados do século XIX, o fixismo era o pensamento dominante, isto é, prevalecia
a ideia de que as espécies são imutáveis e de que existe um Deus que criou a Terra
e os seres que a habitam. Segundo essa visão de mundo, Deus teria criado uma
variedade de espécies, desde as formas mais simples até as mais complexas, tendo
o homem como o seu apogeu.

Essa visão de mundo também supõe que os seres e cada uma de suas partes foram
planejados pelo criador com uma determinada função na Natureza, contribuindo
para a sua harmonia.

Catastrofismo

No século XIX, o cientista francês Georges Cuvier afirmou que ocorrem mudanças
na natureza como consequência de algum tipo de catástrofe, sejam inundações,
glaciações, mudanças climáticas ou outras transformações.

Estes fenômenos naturais de grande impacto trazem consequências, como a


extinção de espécies, migrações, etc. Esta teoria se baseava em observações
científicas, como a comparação de restos fósseis. Ao mesmo tempo, a teoria do
catastrofismo se opunha à visão cristã, pois de acordo com a Bíblia as grandes
catástrofes são produzidas pela intervenção divina.
Uniformitarismo

Esta teoria estabelece que os processos em ação na Terra são graduais, de


pequena escala e perduram por longos períodos de tempo. Com ela, cada vez mais,
a geologia ganhou impulso e cresceu como disciplina altamente detalhada e
funcional.

Evolucionismo

Em meados do século XVIII, um novo tipo de pensamento começa a surgir, opondo-


se ao fixismo: o evolucionismo ou transformismo. A ideia central do evolucionismo é
a de que o estado natural de todas as coisas que existem no mundo é a mudança e
não a permanência, como apregoava o fixismo.
Teses defendidas no livro “A origem das espécies”

Introdução.

 “Durante minha viagem a bordo do H. M. S. Beagle, como naturalista que sou,


fiquei bastante impressionado com certos fatos referentes à distribuição dos
seres organizados [...] e as relações geológicas que existem entre os seres
[...] Esses fatos [...] pareceram lançar alguma luz sore a origem das espécies
[...]” (DARWIN, 2014, p. 31).

Causas da variabilidade no estado doméstico.

 “[...] como mostrei em minha obra Variation under Domesticantion, há dois


fatores a considerar: a natureza do organismo e a natureza das condições.”
(DARWIN, 2014, p. 38).

Efeitos do hábito e do uso ou desuso de certas partes.

 “Hábitos alterados produzem um efeito hereditário [...]” (DARWIN, 2014, p.


41).

Hereditariedade.

 “Qualquer variação que não tenha ocorrido por herança deixa de ser
importante para nós.” (DARWIN, 2014, p. 43).

Princípios da seleção aceitos desde a Antiguidade e seus efeitos.

 “Não podemos supor que todas as variedades foram, de súbito, produzidas


com tamanha perfeição [...] A chave é a capacidade do homem de fazer a
seleção acumulativa: a natureza nos dá variações sucessivas e o homem as
acumula em certas direções que lhe são úteis.” (DARWIN, 2014, p. 58).

Variabilidade na natureza.

 “[...] Quase todas as partes de cada ser organizado estão tão bem
relacionadas com suas complexas condições de vida, que parece improvável
que qualquer uma delas tenha-se tornado de repente perfeita [...] Na
domesticidade algumas vezes ocorrem monstruosidades que parecem
estruturas normais em animais muito diferentes [...]” (DARWIN, 2014, p. 73).
Diferenças individuais.

 “Indivíduos da mesma espécie, como se sabe, apresentam com assiduidade


grandes diferenças de estrutura, independente da variação [...]” (DARWIN,
2014, p. 75).

A seleção natural.

 “[...] as variações mesmo sutis, provenientes seja de qual causa for, se estão
num patamar que seja benéfico para os indivíduos de uma espécie, em suas
relações de uma complexidade infinita com outros seres orgânicos e com
suas condições físicas de vida, tenderão à preservação de tais indivíduos e
serão herdadas por seus descendentes. [...] Denominei esse princípio [...] de
seleção natural.” (DARWIN, 2014, p. 92).
 “A essa preservação das diferenças individuais favoráveis e das variações e à
destruição daquelas que são prejudiciais dei o nome de Seleção Natural ou
Sobrevivência dos Mais Aptos.” (DARWIN, 2014, p. 110).

Razão geométrica do aumento dos indivíduos.

 “[...] como são produzidos mais indivíduos do que os que têm possibilidade de
sobreviver, deve haver em cada caso uma luta pela existência, quer entre um
individuo da mesma espécie contra o outro, quer entre indivíduos de espécies
distintas, quer contra as suas condições físicas de vida.” (DARWIN, 2014, p.
94).

Seleção sexual.

 “Essa forma de seleção não depende de uma luta pela existência em relação
a outro ser orgânico ou a condições externas, mas sim de uma luta entre
indivíduos de mesmo sexo [...] para a posse do outo sexo.” (DARWIN, 2014,
p. 117).

Extinção causada pela seleção natural.

 “[...] como novas espécies, sem que se possa evitar, são formadas com o
passar do tempo e pela seleção natural, outras se tornarão cada vez mais
raras até que, por fim se extinguirão.” (DARWIN, 2014, p. 138).
Efeitos do aumento do uso e desuso das partes, controladas pela seleção natural

 “[...] penso que não restou nenhuma dúvida de que o uso de certas partes nos
animais domésticos tem fortalecido e aumentado o tamanho delas, enquanto
o desuso tem diminuído; e que tais modificações são hereditárias.” (DARWIN,
2014, p. 164).
 “Em resumo podemos concluir que o hábito ou o uso e desuso tem em alguns
casos desempenhado um papel importante na modificação da constituição e
estrutura [...]” (DARWIN, 2014, p. 172).

Instinto.

 “Estamos interessados apenas nas diversidades do instinto e de outras


faculdades mentais em animais de uma mesma classe. Não tentarei qualquer
definição de instinto.” (DARWIN, 2014, p. 283).
 “Procurei demonstrar [...] que as qualidades mentais de nossos animais
domésticos variam e que essas variações são herdadas.” (DARWIN, 2014, p.
318).

Sobre a ausência de variedades intermediárias e a pobreza das nossas coleções


paleontológicas.

 “A geologia com certeza não revela essa cadeia orgânica de gradação sutil
[...] Acredito que a explicação para isso repousa na extrema imperfeição dos
registros geológicos.” (DARWIN, 2014, p. 359).
 “Apenas uma pequena parte da superfície da Terra foi geologicamente
explorada e. mesmo assim, sem a atenção devida [...]” (DARWIN, 2014, p.
365).

Distribuição geográfica.

 “Considerando a distribuição dos seres orgânicos na face da terra, o primeiro


grande faro que nos impressiona é que nem a similaridade e tampouco a
dissimilaridade dos habitantes das várias regiões podem ser inteiramente
explicadas pelas condições climáticas e outras condições físicas.” (DARWIN,
2014, p. 421).
 “[...] se reconhecermos nossa ignorância sore os intensos efeitos das
mudanças do clima e dos níveis da terra que por certo ocorreram em
períodos recentes, e de outras mudanças que também aconteceram [...] a
dificuldade não é mais insuperável e podemos acreditar que todos os
indivíduos da mesma espécie, onde quer que se encontrem, são
descendentes de pais comuns.” (DARWIN, 2014, p. 472).

Recapitulação e Conclusão.

 “Há uma grandeza nessa noção de vida, com seus vários poderes, tendo sido
originada por um sopro do Criador em algumas poucas formas ou em apenas
uma; e que, enquanto o planeta girava de acordo com a lei fixa da gravidade,
a partir de um inicio tão simples, um numero infinito de foras, as mais belas e
maravilhosas, evoluiu e continua a evoluir.” (DARWIN, 2014, p. 554).
Síntese evolutiva moderna

 O principal impasse da teoria da evolução era reconciliar a teoria atomística


mendeliana da genética com a descrição biométrica da variação contínua em
populações reais. (RIDLEY, 2007, p. 38);
 A publicação de um artigo por R. A. Fisher que demonstrava que todos os
resultados conhecidos pelos biometristas poderiam ser derivados de
princípios mendelianos tornou possível a conciliação entre ambas as partes
(RIDLEY, 2007, p. 38);
 A síntese da teoria da seleção natural de Darwin com a teoria mendeliana da
hereditariedade elaborada por R. A. Fisher, J. B. S. Haldane e Sewall Wright
estabeleceu o que é conhecido como síntese evolutiva moderna (RIDLEY,
2007, p. 38);
 Diversos trabalhos clássicos de genética de populações demonstraram que a
seleção natural poderia operar com os tipos de variações observáveis nas
populações naturais e com as leis da herança medeliana. Nenhum outro
processo é necessário, a herança de caracteres adquiridos não é necessária,
e macromutações não são necessárias. (RIDLEY, 2007, p. 39);
 Adaptação refere-se as propriedades dos seres vivos que os tornam capazes
de sobreviver e de se reproduzirem na natureza. (RIDLEY, 2007, p. 29);
 A adaptação, contudo, não é um conceito isolado, referindo-se apenas a
algumas poucas propriedades especiais dos seres vivos, ela na verdade se
aplica a quase qualquer parte do corpo, e embora a maioria das coisas óbvias
que notamos sejam adaptativas, nem todo detalhe da forma e do
comportamento de um organismo necessariamente é uma adaptação.
(RIDLEY, 2007, p. 30);
 Seleção natural significa que alguns indivíduos da população tendem a
contribuir com uma descendência maior para a próxima geração do que
outros. Sendo assim, qualquer atributo de um organismo que o leve a deixar
mais descendentes do que a média terá maior frequência na população ao
longo do tempo, consequentemente alterando a composição da população.
(RIDLEY, 2007, p. 30);
 A questão de como uma espécie se divide em duas, a especiação, está
estreitamente relacionada com as questões de genética de populações, ou
seja, caso mudanças genéticas aconteçam em populações separadas
geograficamente isso poderia levá-las a divergir e a evoluir para espécies
diferentes. (RIDLEY, 2007, p. 40);
 Não existe uma forma-tipo que possa ser usada como um ponto de referência
para a definição da espécie. Por isso, os geneticistas de populações
acabaram por definir os membros de uma espécie pela capacidade que eles
têm de se intercruzarem, e não pela similaridade morfológica apresentada
com uma forma-tipo. (RIDLEY, 2007, p. 42).
Referências Bibliográficas

RIDLEY, Mark. Evolução. Porto Alegre: Artmed, 2007.

Resumo GE de Biologia: Evolução (A origem da vida, as teorias de Lamarck e


Darwin, o Neodarwinismo e mais). Guia do Estudante. Disponível em:
<https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/resumo-ge-de-biologia-evolucao/>.
Acesso em 05/11/2022.

DARWIN, Charles. A origem das espécies. São Paulo: Martin Claret, 2014.

ROSSINI, Maria Clara. Alfred Russel Wallace: o “outro cara” da evolução. Super
Interessante. Disponível em: <https://super.abril.com.br/ciencia/alfred-russel-wallace-
o-outro-cara-da-evolucao/>. Acesso em 05/11/2022.

Charles Darwin. Super Interessante. Disponível em:


<https://super.abril.com.br/historia/charles-darwin/´>. Acesso em 05/11/2022.

LOPES, Reinaldo José. Darwin não inventou o conceito de evolução. Super


Interessante. Disponível em: <https://super.abril.com.br/ciencia/darwin-nao-inventou-
o-conceito-de-evolucao/>. Acesso em 06/11/2022.

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