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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

AYSLLAN FERNANDES COELHO

Evolução I – Fichamento Extinção

BELO HORIZONTE

2022
Extinção

A extinção das espécies que não se adaptam ou perdem a competição pela


existência cria oportunidades para novas formas de vida num ciclo sem fim, assim, a
evolução e a extinção estão em equilíbrio.

Figura 1 – Dodô, pássaro simpático e gorducho que desapareceu no século 17 com a chegada dos
colonizadores ao seu hábitat, a ilha Maurício, devido a sua intensa exploração alimentar.

Causas e Consequências das Extinções

A descoberta de que as espécies se extinguem é relativamente recente na história


humana (data do final do século XVIII e início do XIX). Os fósseis já eram
conhecidos, mas quando se encontrava um fóssil que diferia de todas as espécies
conhecidas, ele ainda assim poderia ter vivido em alguma região inexplorada do
globo.

Algumas extinções atuais por meios humanos foram testemunhadas tão de perto
que sua causa pode ser reconhecida com certeza, como a exploração madeireira, a
caça ilegal, os atropelamentos, a introdução de patógenos, as mudanças climáticas
agravadas pelo homem, a pesca predatória e até mesmo acidificação dos oceanos.

Figura 2 - Cagu, Rhynochetos jubatus (em perigo de extinção) – Como muitas espécies insulares, o
cagu, ave nativa do território francês da Nova Caledônia, no Pacífico, que quase que não voa, foi
extremamente afetada pela chegada, no fim da década de 1700, de colonos europeus e seus
animais. Aproximadamente do tamanho de uma galinha, o cagu continua sendo caçado por porcos,
gatos e cães não nativos.

A perda de habitat, provocada principalmente pela expansão do homem à medida


que utilizamos terras para habitação, agricultura e comércio, é a maior ameaça
enfrentada pela maioria das espécies de animais, seguida da caça e da pesca.
Ainda que o habitat não esteja totalmente perdido, ele pode estar tão alterado que
os animais não conseguem se adaptar.
Figura 3 - Uma das menores aves canoras nativas dos Estados Unidos já pode estar extinta devido à
acentuada perda de habitat resultante da urbanização no sudeste dos EUA e em seus refúgios de
inverno em Cuba. A última vez em que uma foi avistada viva foi em 1988.

Quando uma espécie se extingue, libera espaço ecológico que pode ser explorado
por outra espécie. A súbita extinção de um grande grupo taxonômico inteiro pode
liberar um espaço maior e permite uma nova irradiação adaptativa de um grupo
competidor, que nem sempre é positiva levando em conta as causas artificiais desse
processo.

Uma espécie, seja de macaco ou formiga, representa a resposta a uma charada:


como viver no planeta Terra. O genoma de uma espécie é como um manual; com o
extermínio de uma espécie, seu manual se perde. De certo modo, estamos
saqueando uma biblioteca: a biblioteca da vida.

Extinções de fundo e Extinção em massa

Para qualquer espécie, extinção pode parecer catastrófica. Mas para a grande
extensão da vida na Terra, extinção é algo corriqueiro. Extinções correm
continuamente, gerando uma “renovação” das espécies viventes na Terra. Esse
processo normal é chamado de extinção de fundo.
Figura 4 - Representação gráfica da diferença entre extinções em massa e extinções de fundo.

Entretanto, às vezes, as taxas de extinção sobem abruptamente por um tempo


relativamente curto, um evento conhecido como extinções em massa. Extinções em
massa matam muitas espécies, mas os nichos vazios que ficam para trás podem
permitir a radiação de novas linhagens para novos papéis, modelando a
diversificação da vida na Terra.

Redes Ecológicas e Dinâmica das Extinções

Todos os organismos vivos interagem com indivíduos de sua e de outras espécies,


formando uma rede complexa de interações que tem um papel importante na
preservação da biodiversidade.

As Cinco Grandes Extinções em Massa

Por 5 vezes nos últimos 500 milhões de anos uma extinção em massa varreu a
maioria das espécies de uma só vez. Muitos cientistas estimam que a Terra esteja
no início de uma nova "extinção em massa", marcada pelo desaparecimento de
espécies em um ritmo alarmante, principalmente devido à ação do homem.

1. Extinção do Ordoviciano: Ocorreu há 445 milhões de anos. Neste período,


a vida se encontrava principalmente nos oceanos. Os especialistas estimam
que uma rápida glaciação tenha congelado a maior parte da água do planeta,
provocando a queda do nível do mar. Os organismos marinhos como as
esponjas e as algas foram os principais afetados, assim como os moluscos,
cefalópodos primitivos e peixes sem mandíbula chamados ostracodermes.
2. Extinção do Devoniano: Ocorreu entre 360 e 375 milhões de anos atrás.
Novamente os organismos marinhos voltaram a ser os mais afetados. A
variação do nível dos oceanos, a mudança climática ou o impacto de um
asteroide são considerados possíveis fatores responsáveis. Uma das teorias
aponta que a proliferação de vegetais terrestres conduziu a uma anoxia (falta
de oxigênio) nas águas de superfície. As trilobitas, artrópodes do fundo dos
oceanos, foram as principais vítimas.
3. Extinção do Permiano: Ocorreu há 252 milhões de anos. Classificada como
a "mãe de todas as extinções", esta crise biológica devastou os oceanos e
terras. É também a única em que praticamente todos os insetos
desapareceram. Alguns cientistas acreditam que as possíveis causas foram
os impactos de asteroides, e a intensa atividade vulcânica.
4. Extinção do Triássico: Ocorreu há 200 milhões de anos. A misteriosa
extinção do Triássico eliminou muitas grandes espécies terrestres, a maioria
delas arcossauros, ancestrais dos dinossauros e dos quais descendem os
pássaros e crocodilos modernos. A maioria dos grandes anfíbios também
desapareceu.
5. Extinção do Cretáceo: Ocorreu há 66 milhões de anos. A descoberta de
uma imensa cratera onde hoje é a península mexicana de Yucatán corrobora
a hipótese de que o impacto de um asteroide foi responsável pelo
desaparecimento dos dinossauros não aviários como o T-Rex e o
triceratopes. Por outro lado, a maioria dos mamíferos, tartarugas, crocodilos,
sapos e pássaros sobreviveram, bem como a vida marinha.

Fim do Permiano e Fim do Cretáceo

Três dos “cinco grandes” deixam margem a dúvidas. As três extinções em massa
mais incertas são as do Ordoviciano superior, do Devoniano superior e do Triássico
superior. Portanto, as cinco grandes poderiam ser reduzidas a quatro grandes, três
grandes ou mesmo a duas grandes, sendo as duas extinções em massa mais
importantes a do fim do Permiano e a do fim do Cretáceo.
Figura 5 - Extinção do Cretáceo-Paleogeno.

A extinção em massa do Permiano final é a maior da história, com 80 a 96% das


espécies sendo extintas (dependendo de como se faz a estimativa). Na extinção em
massa do Cretáceo-Terciário, pelo menos metade e talvez até 60 a 75% das
espécies se extinguiram.
Figura 6 - Taxa de extinção observada em animais marinhos durante a história da vida, do
Cambriano até o presente, expressa como porcentagens dos gêneros que se extinguiram por unidade
de tempo (com base em quase 29 mil gêneros).

Teias Tróficas e Predadores de Topo de Cadeia

Todo ecossistema tem um limite de energia, ditado pelo número de produtores


primários (plantas na terra, micróbios fotossintéticos no oceano). Se imaginarmos a
cadeia alimentar como uma escada (níveis tróficos), conforme damos passos mais
elevados a energia disponível cai cerca de dez vezes para cada passo. Isso significa
que, em um ecossistema com uma planta, um herbívoro e um carnívoro, as plantas
terão 100 vezes mais energia em sua biomassa que os carnívoros.

Figura 7 - Leopardo-das-neves.

Esse é a razão pela qual os predadores que estão no topo da cadeia alimentar são
animais tão raros. Muitas cadeias alimentares consistem de meia dúzia ou mais de
níveis tróficos, e até uma raça chegar ao topo, já não existe mais tanta energia
disponível. Além disso, estes predadores são acumuladores de energia: eles são
grandes e precisam de muitas calorias para caçar.
Sendo assim, quando um ecossistema perde uma espécie-chave, como os
predadores de topo de cadeia, abre-se caminho para o que ecologistas chamam de
cascata trófica, um efeito borboleta que desce em espiral na cadeia alimentar.

Parque Nacional Kaeng Krachan na Tailândia

Uma gigantesca extensão de natureza selvagem protegida, Kaeng Krachan é um


dos dois melhores parques nacionais da Tailândia para grandes mamíferos.
Grandes manadas de elefantes e grandes felinos são avistados com razoável
frequência, e outros animais, tais como macacos de folhas escurecidas e veados,
são uma aposta segura. A paisagem é diversificada, variando desde colinas
densamente florestadas da cordilheira Tenasserim até planícies pantanosas perto do
lago artificial.

Figura 8 - Parque Nacional Kaeng Krachan, Phetchaburi.

Entretanto, o que deveria servir como um paraíso para a biodiversidade nativa tem
sofrido constante ameaça da “Síndrome da Floresta Vazia”, que ocorre quando uma
floresta que apresenta relativamente um bom estado de conservação não possui,
necessariamente, sua riqueza biológica devida.

O ser humano pode destruí-la tanto interna quando externamente, ou seja, pode
acabar bom a biodiversidade através da caça, e manter a área verde, ou realizar a
extração ilegal da madeira, diminuindo as chances de recuperação das matas.

Sendo assim, são necessárias diversas técnicas de estudo para levantamento de


espécies deste Parque Nacional, como a busca manual de sinais abundantes da
presença de grandes carnívoros, que são os primeiros animais a serem varridos do
ecossistema quando a suade de um habitat está em risco. Outra forma de se coletar
informações a respeito desses predadores de topo de cadeia é a implementação na
floresta de câmeras com sensores de movimento, também conhecidas como
câmeras-armadilhas, reesposáveis por tirar foto dos animais que passam por elas.

Introdução de Espécies Invasoras

Invasores biológicos são espécies de forma que podem suplantar a vida nativa. As
ilhas do Hawaii formam lar de milhares de seres vivos chegaram pelo mar ou ar e
evoluíram em espécies que não existiam em nenhum outro lugar da Terra, porém,
grande parte dessa biodiversidade se perdeu devido à intervenção humana.

Os Polinésios são responsáveis por introduzir diversos invasores biológicos, como


plantas, cachorros, porcos e ratos, que sobrepujaram as espécies nativas havaianas
em seu próprio habitat. Entretanto, os verdadeiros culpados pela extinção em massa
das espécies nativas foram os europeus, que em sua chegada trouxeram com eles
uma população de espécies invasoras imensamente maior que os Polinésios.

Em navios, a agua de lastro é recolhida num porto e descarregada em outro, e com


ela vem diversas espécies invasoras, como o marisco-zebra que chegou aos EUA
em 1988. Com reprodução rápida este molusco encrusta-se nos canos d’água e
consomem o plâncton que peixes e moluscos nativos precisam para sobreviver.

Espécies Estrategistas K e R

Espécies utilizam de duas diferentes estratégias reprodutivas e de crescimento para


aumentar o poder de ocupação de um ambiente, de maneira que cada uma dessas
espécies tem uma necessidade energética.

 As R estrategistas são aquelas espécies que têm a capacidade de se


multiplicar rapidamente no tempo e possuem um crescimento exponencial,
produzindo um alto número de descendentes, sendo uma estratégia comum
de organismos que ocupam habitats temporários.
 As espécies k estrategistas são aquelas em que os organismos estão ligados
a ambientes mais estáveis e com competição elevada. Sendo assim,
investem mais energia no crescimento, produzindo proles menos numerosas
com tamanho corporal relativamente maior.

Referências Bibliográficas
RIDLEY, Mark. Evolução. Porto Alegre: Artmed, 2007.

DARWIN, Charles. A origem das espécies. São Paulo: Martin Claret, 2014.

https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2019/10/o-que-perdemos-com-
extincao-dos-animais.

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-foi-extinto-o-passaro-dodo/.

http://ecologia.ib.usp.br/evosite/evo101/VIIB1dMassExtinctions.shtml.

https://www.youtube.com/watch?
v=7xbsw7oQ6GM&list=PL0Asr6YC2Nw7QS4Zy7ZHjr5zqfMUEavuC.

https://www.iberdrola.com/sustentabilidade/animais-extintos.

https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2019/04/26/
interna_internacional,1049138/as-principais-extincoes-em-massa-na-terra.shtml.

https://acervus.unicamp.br/index.html.

https://gizmodo.uol.com.br/predadores-do-topo-da-cadeia-alimentar-podem-ser-os-
animais-mais-importantes-do-planeta/.

https://www.biota.org.br/um-ambiente-sem-predadores/.

https://www.itinari.com/pt/wildlife-viewing-in-kaeng-krachan-national-park-
phetchaburi-uhn8.

https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/descubra-o-impacto-da-
floresta-vazia-na-perda-de-biodiversidade/#:~:text=A%20s%C3%ADndrome%20da
%20floresta%20vazia,para%20o%20desaparecimento%20das%20esp%C3%A9cies.

https://publica.ciar.ufg.br/ebooks/ensino-de-biologia/Mod4Cap2/conteudo/4-
3.html#:~:text=As%20esp%C3%A9cies%20k%20estrategistas%20s%C3%A3o,do
%20que%20as%20r%20estrategistas.

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