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Extinção do Cretáceo-PaleogenoóOi.

Apesar do evento ter sido severo, houve variabilidade significativa na taxa de extinção
entre e dentro de clados. Porque as partículas atmosféricas bloquearam a luz do sol,
reduzindo a quantidade de energia solar que chega à superfície da Terra, as espécies que
dependem da fotossíntese sofreram declínio ou extinguiram-se. Organismos capazes da
fotossíntese, incluindo fitoplâncton e plantas terrestres, formavam os alicerces da cadeia
alimentar no fim do Cretáceo tal como hoje em dia. Evidências sugerem que
animais herbívoros morreram quando as plantas das quais dependiam se tornaram raras;
consequentemente, predadores do topo da cadeia tal como o Tiranossauros rex também
pereceram.[2]
Cocolitóforos e moluscos, incluindo amonitas, rudistas, caracóis de água doce
e mexilhões, e organismos cuja cadeia alimentar incluía estes construtores de carapaças,
tornaram-se extintos e sofreram perdas consideráveis. Por exemplo, pensa-se que
amonitas foram a fonte principal de comida de mosassauros, um grupo
de répteis marinhos gigantes que se extinguiram na transição.[3]
Omnívoros, insectívoros e animais que se alimentam de carniça sobreviveram à
extinção em massa, talvez devido ao aumento da disponibilidade das suas fontes de
alimento. No fim do Cretáceo, pareciam não haver mamíferos puramente herbívoros
ou carnívoros. Os mamíferos e aves que sobreviveram às extinção alimentaram-se
de insectos, minhocas e caracóis, que se alimentavam de plantas mortas e matéria
animal em decomposição. Cientistas colocam a hipótese que estes organismos
sobreviveram ao colapso das cadeias alimentares baseadas nas plantas porque se
alimentavam de detritos.[4][5][6]
Em comunidades de riachos, poucos grupos de animais se tornaram extintos; porque
estas comunidades dependem menos diretamente em comida de plantas vivas e mais em
detritos vindos da terra, protegendo-os da extinção.[7]Padrões similares, mas mais
complexos foram também encontrados nos oceanos. A extinção foi mais severa entre
animais vivendo na coluna de água, do que entre animais que vivem em cima ou no
fundo oceânico. Os animais na coluna de água são quase inteiramente dependentes
de produção primária de fitoplancton vivo, enquanto que os animais que vivem
no fundo oceânico se alimentam de detritos ou podem mudar para uma alimentação à
base de detritos.[5]
Os maiores animais que respiram ar sobreviventes deste
evento, crocodilianose Choristodera, eram semi-aquáticos e tinham acesso a detritos.
Crocodilianos modernos podem viver como detritívoro e pode sobreviver durante meses
sem comida, e os seus juvenis são pequenos, crescem devagar, e alimentam-se
principalmente de invertebrados e organismos mortos ou fragmentos nos seus primeiros
anos. Foi feita uma ligação entre estas características e a sobrevivência dos
crocodilianos no fim do Cretáceo.[4]
Após o evento K-T, a biodiversidade precisou de uma quantidade substancial de tempo
para recuperar, apesar da existência de nichos ecológicos vagos em abundância.[5]
Impacto na biodiversidadeEditar

O tarbossauro foi um dos gêneros que se extinguiram no evento K-T.

A extinção K-T, apesar de não ser a maior extinção em massa da história, é a mais
conhecida devido ao desaparecimento dos dinossauros. Este evento vitimou cerca de
26% das famílias existentes e pelo menos 75% das espécies,[8]tanto de organismos
terrestres como marinhos. As classes mais afetadas foram a dos répteis e a
dos moluscos. Segue-se uma lista dos grupos que se extinguiram no final do Cretáceo:
 Dinossauros: foram as principais vítimas da extinção K-T; quase todo o grupo
desapareceu da Terra, com exceção apenas das aves, das quais foram extintas
as ordens enantiornithes e hesperornithiformes. Entretanto a longa escala de evolução que
ocorreu nos últimos milhões de anos apagou a maior parte das semelhanças morfológicas
externas que deveriam existir entre as aves atuais e os dinossauros;
 Plesiossauros: répteis pré-históricos marinhos; grupo eliminado;
 Pterossauros: répteis pré-históricos voadores; grupo eliminado;
 Mosassauros: répteis escamados marinhos; grupo eliminado;
 Rudistas: molusco bivalves construtores de recifes; grupo eliminado;
 Amonites: cefalópodes de concha espiralada; grupo desaparecido;
 Belemnites: cefalópodes com concha em forma de bala; grupo desaparecido.

Para além destes grupos, desapareceram também muitas famílias


de foraminíferos, equinodermes, corais e esponjas. Os números de cefalópodes,
equinodermos, e gêneros de bivalves apresentaram diminuição significativa após o
evento K-T. A maioria das espécies de braquiópodes, um pequeno filo de invertebrados
marinhos, sobreviveram ao evento de extinção K-T e se diversificaram durante o
Paleoceno.Exceto pelos nautiloides (representada pela ordem moderna Nautilida) e
coleoides (que já haviam divergido em polvosmodernos, lulas e sépias) todas as outras
espécies da classe Cephalopoda extinguiram-se no evento K-T. Houve uma diminuição
de 10% na diversidade de peixes ósseos e de 20% na de peixes cartilaginosos. Há
provas contundentes de perturbação global de comunidades de plantas no evento K-T.
As extinções são vistas tanto em estudos de pólen fóssil, e folhas fósseis. Na América
do Norte, os dados sugerem devastação maciça e extinção em massa de plantas nas
seções de fronteira K-T, embora houvesse mudanças substanciais megaflorais antes do
limite. Na América do Norte, aproximadamente 57% das espécies de plantas tornou-se
extinta. Mas a extinção de animais e vegetaisnão foi o único impacto deste evento na
biodiversidade. Os desaparecimentos possibilitaram a radiação adaptativa dos grupos
que sobreviveram nos nichos ecológicos que ficaram vagos. O melhor exemplo deste
fenômeno foi a explosão de diversidade dos mamíferos placentários - que, até então,
eram, em sua maioria, animais de pequeno porte, solitários e noturnos.
Impacto de asteroide com a TerraEditar
 Ver artigos principais: Nível K-Pg e Cratera de Chicxulub

Representação artística do impacto de um asteroide na superfície da Terra no Cretáceo.

O físico estadunidense Luis Walter Alvarez, vencedor do Prêmio Nobel de


Físicade 1968, e seu filho Walter Alvarez foram os primeiros a propor
oficialmente[9]que os dinossauros teriam sido extintos devido ao impacto de
um asteroidecom a Terra. Essa ideia, formulada em 1980 e publicada em 1982, evoluiu
e atualmente desponta como a melhor teoria para explicar o fim dos dinossauros. O
primeiro indício de que essa teoria estaria correta surgiu em 1978 com a descoberta de
uma fina camada de irídio nas rochas que se formaram no fim do período Cretáceo. O
irídio é um elemento raro no planeta Terra, mas é encontrado com frequência em
asteroides e cometas. A segunda evidência a favor dessa teoria veio com a descoberta de
uma enorme cratera soterrada em Chicxulub, no Estado de Iucatã, México, medindo
cerca de 180 quilômetros de diâmetro.[10] De acordo com diversos estudos, o asteroide
que caiu no México tinha mais de 10 quilômetros de diâmetro e o impacto dele com a
Terra liberou energia equivalente a da explosão de cinco bilhões de bombas
atômicas como as usadas sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945 (o que corresponde a
cerca de 100 mil gigatons de TNT[11]). Um impacto dessas dimensões teria erguido
poeira e terra suficientes para tapar a luz do Sol durante anos, matando assim a maior
parte das espécies vegetais que necessitavam fazer fotossíntese para viver. Sem os
vegetais os dinossauros herbívoros acabaram morrendo de fome e, sem esses, os
dinossauros carnívoros morreram também. Essa reação em cadeia teria causado a
extinção total dos dinossauros.
A colisão do asteroide com a Terra desencadeou uma série de tragédias ecológicas.
[12] Com o impacto, alguns detritos foram arremessados até o espaço e entraram
na órbita da Terra, onde ficaram por algum tempo e só depois caíram. Os incêndios em
escala global e a liberação de grandes quantidades de gás carbônico (CO2)
na atmosfera causaram o efeito estufa. Com o calor, as moléculas de nitrogênio e
oxigênio se quebraram e se combinaram com o hidrogênio formando o ácido
nítrico (HNO3). Sucederam-se então longos períodos de chuva ácida, prejudicando ainda
mais a vida terrestre. Paralela e consecutivamente, o aumento da acidez e
da temperatura dos oceanos afetou gravemente os ecossistemas marinhos.
Já foram encontradas várias outras crateras menores com idade aproximada de 65,5
milhões de anos. Acredita-se que os asteroides responsáveis por tais crateras possam ter
sido companheiros do asteroide que caiu no México naquela mesma época. Dentre estas
crateras destacam-se a cratera de Boltyshna Ucrânia (com 24 quilômetros de diâmetro),
a cratera de Silverpit na costa do Reino Unido (com vinte quilômetros de diâmetro),
a cratera de Eagle Butte em Alberta, Canadá (com cerca de 10 quilômetros de diâmetro)
e a cratera de Vista Alegre no sul do Brasil (com 9,5 quilômetros de diâmetro).
Embora bastante consistente, a teoria do impacto de um asteroide com a Terra há 65,5
milhões de anos pode não estar correta. Pesquisas recentes[13][14]concluíram que o
impacto de asteroide em Chicxulub ocorreu 300 mil anos antes do grande extermínio.
Também existe a possibilidade de que milhares de anos depois da queda do asteroide
na América do Norte outro asteroide tenha se chocado com o planeta, mas dessa vez o
impacto teria sido no oceano e, por isso, os seus vestígios ainda não foram encontrados.
Dependendo do tamanho desse suposto segundo asteroide, o impacto no oceano teria
causado imensas tsunamis que teriam varrido a costa de vários continentes e concluído
com o extermínio dos dinossauros e das demais espécies extintas. Um grande reforço a
esta hipótesesurgiu em 1987 com a descoberta de uma cratera submarina na Nova
Escócia, Canadá, conhecida atualmente como cratera de Montagnais. A cratera de
Montagnais possui uma idade aproximada de 65,5 milhões de anos e um diâmetro de
cerca de 45 quilômetros, em virtude disso muitos estudiosos afirmam que a mesma
possa ter tido relação direta com a extinção K-T.
Teorias alternativasEditar

Existem mais de dez teorias sobre as causas da extinção K-T, mas nenhuma se mostra
completamente irrefutável e consensualmente reconhecida pela comunidade científica
atual.

Chuva de cometas (não de asteroides) Editar


 

Foto tirada durante a expedição de Kulik, em 1927, mostra o cenário de devastação resultante do evento de
Tunguska.

Se o que causou a extinção K-T foi uma rocha vinda do espaço isso não significa,
necessariamente, que tenha sido um asteroide pesado e massivo. Na verdade, pode ter
sido uma chuva de cometas. Vários paleontólogos e cientistas acreditam nesta hipótese
devido ao fato de as crateras já encontradas provenientes de impactos no fim do
Cretáceo serem datadas de muitos milhares de anos antes da extinção definitiva dos
dinossauros, o que os leva a crer que o que causou a extinção K-T (ou, ao menos, o que
concluiu a extinção) não tenha formado uma cratera. Se foi um cometa e não um
asteroide, existe uma grande possibilidade de este ter explodido violentamente na
atmosfera antes de tocar o chão. Explosões dessa natureza podem causar grandes
estragos, dependendo diretamente do tamanho e da composição do cometa; no entanto,
esse tipo de fenômeno é muito raro. A última vez que isso teria acontecido foi em 30 de
junho de 1908, quando aproximadamente 2 150 km² de floresta foram destruídos[15] nas
proximidades do lago Baikal, na Sibéria, no episódio que ficou conhecido como evento
de Tunguska.
Se um cometa sozinho é capaz de destruir uma floresta inteira, é provável que uma
imensa chuva de cometas seja capaz de varrer o mundo inteiro, causando uma
devastação equivalente àquela que matou os dinossauros. A presença de irídio nas
rochas do fim do Cretáceo amolda-se com perfeição a essa teoria; por outro lado, os
cometas são relativamente raros e solitários no Sistema Solar e os cientistas
desconhecem o que poderia ter arremessado cometas de outras regiões do espaço em
nossa direção. Nos 100.000 UA que se estendem a partir do Sol, os cometas só são
encontrados em grande quantidade na Nuvem de Oort - que é uma região bastante
afastada e que interage muito pouco com a gravidade da nossa estrela ou dos
demais planetas conhecidos. Nenhum fenômeno ou corpo celeste conhecido atualmente
poderia ter arremessado tantos milhões de cometas da Nuvem de Oort contra o interior
do Sistema Solar (onde a Terra e os demais planetas estão situados). Entretanto, existem
três teorias paralelas que podem explicar isso:
 O Sol pode ter uma escura e pequena estrela companheira, talvez uma anã marrom,
ainda não detectada, chamada Nêmesis, e que o circunda num período de muitos milhões de
anos. Em algum momento, ao longo de sua órbita, a estrela passaria pela Nuvem de Oort
enviando, através da ação de seu campo gravitacional, bilhões de cometas para o Sistema Solar,
muitos milhões dos quais acabariam atingindo a Terra. No entanto, é muito improvável que o
Sol tenha uma estrela companheira ainda não detectada, por mais escura e pequena que seja.
Existindo, algum vestígio dela já deveria ter sido encontrado.
 Outra possibilidade semelhante é a existência de um planeta de grandes dimensões,
talvez um gigante gasoso, muito distante e ainda não detectado, denominado Planeta X, cuja
órbita passaria por baixo e por cima da Nuvem de Oort a cada muitos milhares de anos. Em
algum momento, estas variações na órbita teriam feito o planeta atravessar a Nuvem de Oort,
arremessando bilhões de cometas para o Sistema Solar, muitos (talvez milhões) dos quais
poderiam atingir a Terra. A existência desse planeta, entretanto, ainda não foi comprovada.
 Apesar do grande número de seguidores que as duas teorias acima possuem, vários
estudos[16] vem favorecendo a tese de que os cometas aparecem em imensa quantidade no
Sistema Solar simplesmente porque o Sol, em seu percurso ondulante ao redor do centro
galáctico, atravessa o mediano da Via Láctea, a região que marca a linha reta em relação ao
centro. Isso ocorre, em média, a cada 33 milhões de anos e pode trazer problemas, já que o
mediano é cheio de estrelas, asteroides, cometas e poeira interestelar.

Como é possível observar, o maior problema da teoria que aponta os cometas como os
verdadeiros responsáveis pela extinção K-T é que a mesma depende da veracidade de
outras teorias menores como base, e a veracidade das mesmas ainda não foi
comprovada.

Vulcanismo maciçoEditar
 

Os vulcões podem ter sido os principais responsáveis pela extinção K-T.

Uma outra teoria justifica a extinção K-T como resultado de intensas e


duradouras erupções vulcânicas ocorridas há 65,5 milhões de anos na faixa de terra que
forma hoje o Planalto de Deccan, no centro da Índia.[17] Tais erupções teriam
prosseguido por milhares de anos, tempo suficiente para que verdadeiros mares
de lava basáltica fossem expelidos através da crosta terrestre. As erupções teriam
libertado também gases e poeira suficientes para envenenar toda a atmosfera terrestre
durante anos, impedindo que a luz do Sol alcançasse a superfície do planeta.
Os efeitos desta catástrofe natural sobre a biodiversidade terrestre e marinha teriam sido
semelhantes aos efeitos que o impacto de um asteroide com a Terra desencadearia
naquela mesma época, adágio disso é que em ambos os casos a extinção das espécies
ocorreria na mesma ordem da cadeia alimentar, com a morte dos produtores
primários (dos quais podemos destacar os vegetais autotróficos, que sem a luz do Sol
não conseguiam fazer fotossíntese) em um primeiro momento, depois os consumidores
primários (que precisavam se alimentar dos produtores para viver) e por fim
os predadores.

A atividade vulcânica do fim do Cretáceo e a presença de irídio nas rochas datadas deste
período poderiam estar diretamente interligadas, uma vez que no interior da Terra o
irídio está presente em pequenas quantidades e normalmente não sobe à superfície, a
menos que ocorram erupções vulcânicas.

Ainda não se pode afirmar com exatidão se a atividade vulcânica intensa do fim
do Cretáceo Superior teve alguma relação com o impacto do asteroide com a Terra,
[18] mas, independente de qual teoria estiver correta, já é cientificamente aceito que o
vulcanismo colaborou diretamente com a extinção K-T.

Existe uma grande gama de evidências de que a extinção K-T, ao contrário do que
muitos pensam, teria sido um processo muito lento, o que favorece teorias como a do
vulcanismo.

Alterações climáticasEditar
 

Segundo algumas teorias, a extinção K-T teria sido o resultado de violentas mudanças climáticas.

Outra teoria divergente advoga uma violenta alteração climática como agente


desencadeador do processo de extinção. Caracterizada por uma queda acentuada
na temperatura global e pela inundação de longas áreas de terra, essa alteração climática
teria causado a morte súbita de espécies vegetais e animais intolerantes a mudanças
no clima. Já as inundações, forçaram centenas de espécies a migrar para novas áreas
que, na maioria das vezes, não se enquadravam no modelo de habitat ao qual essas
espécies estavam adaptadas. Muitos dinossauros nem sequer puderam migrar, pois
ficaram ilhados devido aos alagamentos. Com a morte da maior parte da vida vegetal,
todos os níveis tróficos da teia alimentar de então foram gravemente afetados e
os biomas terrestres entraram em colapso, a falta de comida e os níveis de competição
conduziram os dinossauros restantes a uma morte lenta e inevitável.
Essa teoria generaliza demais os aspectos da extinção K-T e por isso não tem sido muito
aceita. Não se pode comprovar que tantas espécies vegetais morreriam devido a uma
mudança no clima e, mesmo que a maioria morresse, acredita-se que algumas espécies
pudessem sobreviver e continuar servindo de alimento para alguns dinossauros
herbívoros que não teriam morrido com as alterações no clima, já que muitos
dinossauros, principalmente os de grande porte, poderiam ser tolerantes a mudanças
nos fatores abióticos dos ecossistemas em que viviam.
Existe também a teoria de que as alterações climáticas, o vulcanismo intenso e o
impacto de um meteoro estejam interligados, já que o impacto de um meteoro provoca
uma grande onda de choque no Manto da Terra, o que faria com que violentas
explosões acontecessem no lado oposto do globo, causando o vulcanismo. Além disso,
as cinzas, lançadas pelos vulcões, e os detritos, pelo meteoro, poderiam causar as
mudanças climáticas. A serie de agentes químicos lançados na atmosfera se combinaria
e formaria grandes quantidades de chuva ácida, prejudicando a biodiversidade marinha
e a biodiversidade vegetal.
Duas catástrofes distintasEditar
A descoberta de que a extinção dos dinossauros teria ocorrido milhares de anos após a
queda do asteroide obrigou, contudo, a reconsiderar todas as teorias alternativas
anteriormente propostas.

Surge então uma nova hipótese, bastante aceita atualmente, segundo a qual o asteroide
não teria, só por si, causado a extinção K-T, mas teria agido em conjugação com outro
fenômeno distinto, cuja ação se manifestou apenas milhares de anos mais tarde. De fato,
é muito provável que após a queda do asteroide, alterações climáticas significativas que
se teriam verificado tenham concorrido para o desaparecimento das restantes espécies
animais e vegetais. Esta "nova" hipótese explicativa corresponde de fato à "união" de
outras duas teorias pré-existentes.
Outras teoriasEditar
Dentre as teorias que não apontam um fenômeno natural como causa da extinção K-T a
mais aceita é a de que pequenos mamíferos onívoros(omnívoros) teriam surgido no fim
do período Cretáceo e se proliferado rapidamente, como uma praga de gafanhotos. Tais
mamíferos se alimentariam de ovos de dinossauro, vegetais, frutas e pequenos lagartos.
À medida que esses pequenos animais iam se proliferando e comendo mais ovos e mais
vegetais, o crescimento de sua população acelerava, começando uma devastação sem
precedentes. Se isso de fato ocorreu, a multiplicação dessa espécie teria que ter sido
suficientemente rápida para suprir qualquer forma de defesa evolutiva dos dinossauros
ou dos vegetais do fim do Cretáceo.
Esses pequenos mamíferos teriam consumido florestas e espécies inteiras de vegetais
tirando dos dinossauros herbívoros boa parte do seu alimento, uma vez que esses
animais eram onívoros também comiam pequenos animais e ovos de dinossauro, o que
pode justificar a extinção de boa parte da fauna e da flora terrestre, mas não explica o
ocorrido com a biodiversidade marinha. Outra dificuldade desta teoria é que os
continentes estavam separados por oceanos e não havia, contudo, meio destes
mamíferos atravessarem o mar para se proliferar por todas as regiões do globo, mesmo
que fossem aves isto não seria totalmente possível. Outro detalhe importante é que não
foram encontrados esqueletos fósseis destes animais. Uma vez que não se encontram
fósseis ou outros vestígios, não se pode provar que tenham existido. É reconhecido que
as espécies mamíferas daquele tempo que já se conhecem não poderiam ter sido
responsáveis pela extinção K-T.
Outra teoria bastante conhecida, mas pouco aceita, advoga que uma estrela próxima
explodiu em forma de supernova, liberando, entre outras coisas, grandes quantidades
de raios X, raios gama, nêutrons e outros tipos de radiação ionizante que teriam atingido
a Terra há 65,5 milhões de anos causando a extinção K-T. Entretanto essa teoria não se
encaixa com o fato de que 1/3 da vida na Terra sobreviveu a extinção e que gêneros
inteiros de animais saíram incólumes de tal catástrofe, seria tecnicamente impossível
tantas espécies sobreviverem a tal fenômeno. Além disso, em décadas de pesquisas
espaciais não foram encontrados vestígios de nenhuma estrela próxima que tenha
explodido nas últimas centenas de milhões de anos.
Teorias obsoletasEditar
Outras cinco teorias, outrora muito estudadas, estão, atualmente, obsoletas:
 Desequilíbrio na teia alimentar: teoria de que houve um enorme desequilíbrio
populacional entre as espécies carnívoras e herbívoras, de modo que a ação predatória dos
carnívoros tenha exterminado os herbívoros lentamente. No fim, os carnívoros acabaram
morrendo de fome, pois não havia mais herbívoros que lhes servissem de alimento. A teoria foi
abandonada por não explicar a extinção das espécies vegetais e marinhas e por não terem sido
encontrados vestígios de tal desequilíbrio entre populações herbívoras e carnívoras.
 Superpopulação: uma das teorias menos exploradas, das que já estão obsoletas, é a de
que no fim do período Cretáceo o crescimento populacional dos dinossauros alcançou níveis
sem precedentes e com isso os recursos foram se tornando cada vez mais escassos, até o ponto
em que espécies inteiras de vegetais entrassem em extinção, logo a falta de comida, combinada
com a competição e os níveis de pressão dos bandos não permitiram mais que os dinossauros
se reproduzissem ou cuidassem de seus filhotes. A maior dificuldade dessa teoria é que não há
prova alguma de que houve uma superpopulação de dinossauros no fim do período Cretáceo e,
mesmo assim, a teoria não explica a presença de irídio nas rochas do fim do Cretáceo, muito
menos a extinção das espécies marinhas.
 Evolução fracassada: uma outra teoria sugere que a evolução dos dinossauros acabou
"produzindo" criaturas desajeitadas demais e muito vulneráveis aos perigos do meio. Essa teoria
tem como base o surgimento de dinossauros com cabeças enormes e golas no pescoço no fim do
período Cretáceo. Entretanto, os cientistas provaram que essas características tinham várias
utilidades e não tornavam os dinossauros mais vulneráveis aos perigos. O tiranossauro, por
exemplo, possuía uma cabeça enorme, o que talvez lhe dificultasse a locomoção, mas isso lhe
permitia engolir grandes quantidades de carne de uma só vez e matar suas vítimas com uma só
mordida.
 Fracasso na co-evolução das plantas e dos dinossauros: há ainda uma hipótese de
que, por um processo de evolução, os vegetais tenham se tornado venenosos, tóxicos ou tenham
perdido as substâncias necessárias para alimentar grande parte dos animais herbívoros da época,
incluindo os dinossauros, com isso incontáveis espécies animais teriam morrido de fome ou de
intoxicação. Essa teoria não se encaixa com o fato de que muitas espécies herbívoras e até
marinhas também desapareceram na extinção K-T, além disso, os estudos mais recentes
mostram que no fim do Cretáceo as plantas continuavam nutritivas e não se tornaram tóxicas, ao
contrário do que afirmavam os defensores desta teoria.
 Epidemias: apesar de a maioria das teorias anteriores às publicações de Alvarez
estarem atualmente obsoletas, algumas ainda são estudadas, exemplo disso é a teoria de que a
extinção K-T teria sido causada por uma epidemia global. É, no entanto, pouco provável que
uma só doença matasse tantas espécies diferentes, de fato, se houve uma epidemia que matou
todos os tricerátopos não significa que ela tenha atingido também os paquicefalossauros ou
outros. De qualquer forma, essa teoria não explicaria o desaparecimento conjunto de espécies
vegetais e outros animais. Além disso, para se espalhar por todo o mundo, o vírus ou
a bactéria causadora da doença precisaria atravessar o oceano para poder infectar mais animais,
o que seria extremamente difícil de acontecer.

Cultura popularEditar

A extinção dos dinossauros é, mesmo que de passagem, um objeto de inspiração para


histórias de ficção científica, por esse motivo o tema sempre foi bastante explorado
pela indústria cultural, sobretudo pelo cinema e pela literatura.
Passagens no cinema e na televisãoEditar
Alguns filmes como Armagedom, Dinossauro e Impacto Profundo apresentam como
correta a teoria da queda de asteroide - a mais provável de todas, como visto
anteriormente.
Há ainda alguns filmes de fantasia que fazem referência ao fim dos dinossauros. Um
bom exemplo disso é o filme Reino do Fogo que conta a história de uma espécie
de dragão pré-histórico que teria se multiplicado aos milhões no fim do Cretáceo,
queimando florestas e continentes inteiros em busca de alimento. Quando, finalmente,
as espécies animais e vegetais se extinguiram, os dragões ficaram sem alimento,
passando a comer uns aos outros até que uns poucos, restantes, adormecessem em
cavernas subterrâneas aguardando que o planeta fosse repovoado para que voltassem a
se alimentar. O filme não propõe, de fato, uma teoria (nem essa é a função de um filme
de fantasia), até porque a existência de dragões na pré-história nunca foi comprovada,
mas, como visto anteriormente, a teoria de que uma espécie ainda desconhecida tenha
exterminado boa parte da vida na Terra há 65,5 milhões de anos existe.
Ver tambémEditar

O Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Extinção do


Cretáceo-Paleogeno

 Cratera de Chicxulub
 Cratera Shiva
 Escala de tempo geológico
 Efeito Signor-Lipps
 Extinção do Cambriano-Ordoviciano
 Extinção do Permiano-Triássico
 Extinção do Triássico-Jurássico

Referências

1. ↑ a b Mark J. Winter (2006), Geological information about Iridium -


Abundances (Dados oficiais sobre a abundância do irídio na crosta terrestre e nos corpos
extraterrestres), WebElements.com (em inglês)
2. ↑ Wilf P, Johnson KR (2004). «Land plant extinction at the end of the Cretaceous: a
quantitative analysis of the North Dakota megafloral record». Paleobiology. 30 (3): 347–
368. doi:10.1666/0094-8373(2004)030<0347:LPEATE>2.0.CO;2
3. ↑ Kauffman E (2004). «Mosasaur Predation on Upper Cretaceous Nautiloids and
Ammonites from the United States Pacific Coast». Society for Sedimentary
Geology. Palaios. 19 (1): 96–100. doi:10.1669/0883-
1351(2004)019<0096:MPOUCN>2.0.CO;2. Consultado em 17 de junho de 2007
4. ↑ a b Sheehan Peter M, Hansen Thor A (1986). «Detritus feeding as a buffer to
extinction at the end of the Cretaceous». Geology. 14 (10): 868–870. doi:10.1130/0091-
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5. ↑ a b c MacLeod N, Rawson PF, Forey PL, Banner FT, Boudagher-Fadel MK, Bown
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12. ↑ Ronald G. Prinn e Bruce Fegley Jr. (1987), Bolide impacts, acid rain, and biospheric
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13. ↑ Gerta Keller, Thierry Adatte, Wolfgang Stinnesbeck, Mario Rebolledo-Vieyra, Jaime
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boundary mass extinction (O impacto de asteróide em Chicxulub antecede a extinção K-
T), PNAS, v. 101, n. 11, p. 3753 - 3758 (em inglês)
14. ↑ Gerta Keller, Wolfgang Stinnesbeck e Thierry Adatte (2003), The Chicxulub
Debate (Debates e investigações sobre a cratera de Chicxulub), Princeton University
website (em inglês)
15. ↑ A. Yu. Ol''khovatov (2003), Geophysical Circumstances Of The 1908 Tunguska
Event In Siberia, Russia (Circunstâncias geofísicas do incidente de 1908 em Tunguska, na
Sibéria), Earth, Moon, and Planets, v. 93, n. 3, p. 163 - 173. (em inglês)
16. ↑ Michael R. Rampino e Bruce M. Haggerty (1995), The "Shiva Hypothesis": Impacts,
mass extinctions, and the galaxy (A "Hipótese de Shiva": Impactos, extinções em massa e a
galáxia), Earth, Moon, and Planets, v. 71, n. 3, p. 441 - 460 (em inglês)
17. ↑ Dual magma plumes fueled volcanic eruptions during final days of dinosaurs por
Thomas Sumner, publicado em "Science News" (2017)
18. ↑ G. Keller (2005), Impacts, volcanism and mass extinction: random coincidence or
cause and effect? (Impacto de asteróide, vulcanismo e extinções em massa: coinscidência ou
causa e efeito?), Australian Journal of Earth Sciences, v. 52, p. 725 - 757. (em inglês)

Ligações externasEditar

 Publicação da BBC sobre as teorias e controvérsias a respeito da extinção K-


T (em inglês)
 Página com informações detalhadas sobre a extinção K-T e as teorias que tentam
explicá-la (em inglês)
 Página sobre paleontologia com diversas informações acerca da extinção dos
dinossauros (em espanhol)
 Tabela com os maiores impactos de asteróides com a Terra  (em inglês)
 Página com teorias e informações sobre a extinção K-T  (em francês)
 Nordeste brasileiro guarda registro de megatsunami  (em português) notícia da Folha
Online.

   Portal da evolução

Última modificação há 4 meses por Chronus

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