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Apesar do evento ter sido severo, houve variabilidade significativa na taxa de extinção
entre e dentro de clados. Porque as partículas atmosféricas bloquearam a luz do sol,
reduzindo a quantidade de energia solar que chega à superfície da Terra, as espécies que
dependem da fotossíntese sofreram declínio ou extinguiram-se. Organismos capazes da
fotossíntese, incluindo fitoplâncton e plantas terrestres, formavam os alicerces da cadeia
alimentar no fim do Cretáceo tal como hoje em dia. Evidências sugerem que
animais herbívoros morreram quando as plantas das quais dependiam se tornaram raras;
consequentemente, predadores do topo da cadeia tal como o Tiranossauros rex também
pereceram.[2]
Cocolitóforos e moluscos, incluindo amonitas, rudistas, caracóis de água doce
e mexilhões, e organismos cuja cadeia alimentar incluía estes construtores de carapaças,
tornaram-se extintos e sofreram perdas consideráveis. Por exemplo, pensa-se que
amonitas foram a fonte principal de comida de mosassauros, um grupo
de répteis marinhos gigantes que se extinguiram na transição.[3]
Omnívoros, insectívoros e animais que se alimentam de carniça sobreviveram à
extinção em massa, talvez devido ao aumento da disponibilidade das suas fontes de
alimento. No fim do Cretáceo, pareciam não haver mamíferos puramente herbívoros
ou carnívoros. Os mamíferos e aves que sobreviveram às extinção alimentaram-se
de insectos, minhocas e caracóis, que se alimentavam de plantas mortas e matéria
animal em decomposição. Cientistas colocam a hipótese que estes organismos
sobreviveram ao colapso das cadeias alimentares baseadas nas plantas porque se
alimentavam de detritos.[4][5][6]
Em comunidades de riachos, poucos grupos de animais se tornaram extintos; porque
estas comunidades dependem menos diretamente em comida de plantas vivas e mais em
detritos vindos da terra, protegendo-os da extinção.[7]Padrões similares, mas mais
complexos foram também encontrados nos oceanos. A extinção foi mais severa entre
animais vivendo na coluna de água, do que entre animais que vivem em cima ou no
fundo oceânico. Os animais na coluna de água são quase inteiramente dependentes
de produção primária de fitoplancton vivo, enquanto que os animais que vivem
no fundo oceânico se alimentam de detritos ou podem mudar para uma alimentação à
base de detritos.[5]
Os maiores animais que respiram ar sobreviventes deste
evento, crocodilianose Choristodera, eram semi-aquáticos e tinham acesso a detritos.
Crocodilianos modernos podem viver como detritívoro e pode sobreviver durante meses
sem comida, e os seus juvenis são pequenos, crescem devagar, e alimentam-se
principalmente de invertebrados e organismos mortos ou fragmentos nos seus primeiros
anos. Foi feita uma ligação entre estas características e a sobrevivência dos
crocodilianos no fim do Cretáceo.[4]
Após o evento K-T, a biodiversidade precisou de uma quantidade substancial de tempo
para recuperar, apesar da existência de nichos ecológicos vagos em abundância.[5]
Impacto na biodiversidadeEditar
A extinção K-T, apesar de não ser a maior extinção em massa da história, é a mais
conhecida devido ao desaparecimento dos dinossauros. Este evento vitimou cerca de
26% das famílias existentes e pelo menos 75% das espécies,[8]tanto de organismos
terrestres como marinhos. As classes mais afetadas foram a dos répteis e a
dos moluscos. Segue-se uma lista dos grupos que se extinguiram no final do Cretáceo:
Dinossauros: foram as principais vítimas da extinção K-T; quase todo o grupo
desapareceu da Terra, com exceção apenas das aves, das quais foram extintas
as ordens enantiornithes e hesperornithiformes. Entretanto a longa escala de evolução que
ocorreu nos últimos milhões de anos apagou a maior parte das semelhanças morfológicas
externas que deveriam existir entre as aves atuais e os dinossauros;
Plesiossauros: répteis pré-históricos marinhos; grupo eliminado;
Pterossauros: répteis pré-históricos voadores; grupo eliminado;
Mosassauros: répteis escamados marinhos; grupo eliminado;
Rudistas: molusco bivalves construtores de recifes; grupo eliminado;
Amonites: cefalópodes de concha espiralada; grupo desaparecido;
Belemnites: cefalópodes com concha em forma de bala; grupo desaparecido.
Existem mais de dez teorias sobre as causas da extinção K-T, mas nenhuma se mostra
completamente irrefutável e consensualmente reconhecida pela comunidade científica
atual.
Foto tirada durante a expedição de Kulik, em 1927, mostra o cenário de devastação resultante do evento de
Tunguska.
Se o que causou a extinção K-T foi uma rocha vinda do espaço isso não significa,
necessariamente, que tenha sido um asteroide pesado e massivo. Na verdade, pode ter
sido uma chuva de cometas. Vários paleontólogos e cientistas acreditam nesta hipótese
devido ao fato de as crateras já encontradas provenientes de impactos no fim do
Cretáceo serem datadas de muitos milhares de anos antes da extinção definitiva dos
dinossauros, o que os leva a crer que o que causou a extinção K-T (ou, ao menos, o que
concluiu a extinção) não tenha formado uma cratera. Se foi um cometa e não um
asteroide, existe uma grande possibilidade de este ter explodido violentamente na
atmosfera antes de tocar o chão. Explosões dessa natureza podem causar grandes
estragos, dependendo diretamente do tamanho e da composição do cometa; no entanto,
esse tipo de fenômeno é muito raro. A última vez que isso teria acontecido foi em 30 de
junho de 1908, quando aproximadamente 2 150 km² de floresta foram destruídos[15] nas
proximidades do lago Baikal, na Sibéria, no episódio que ficou conhecido como evento
de Tunguska.
Se um cometa sozinho é capaz de destruir uma floresta inteira, é provável que uma
imensa chuva de cometas seja capaz de varrer o mundo inteiro, causando uma
devastação equivalente àquela que matou os dinossauros. A presença de irídio nas
rochas do fim do Cretáceo amolda-se com perfeição a essa teoria; por outro lado, os
cometas são relativamente raros e solitários no Sistema Solar e os cientistas
desconhecem o que poderia ter arremessado cometas de outras regiões do espaço em
nossa direção. Nos 100.000 UA que se estendem a partir do Sol, os cometas só são
encontrados em grande quantidade na Nuvem de Oort - que é uma região bastante
afastada e que interage muito pouco com a gravidade da nossa estrela ou dos
demais planetas conhecidos. Nenhum fenômeno ou corpo celeste conhecido atualmente
poderia ter arremessado tantos milhões de cometas da Nuvem de Oort contra o interior
do Sistema Solar (onde a Terra e os demais planetas estão situados). Entretanto, existem
três teorias paralelas que podem explicar isso:
O Sol pode ter uma escura e pequena estrela companheira, talvez uma anã marrom,
ainda não detectada, chamada Nêmesis, e que o circunda num período de muitos milhões de
anos. Em algum momento, ao longo de sua órbita, a estrela passaria pela Nuvem de Oort
enviando, através da ação de seu campo gravitacional, bilhões de cometas para o Sistema Solar,
muitos milhões dos quais acabariam atingindo a Terra. No entanto, é muito improvável que o
Sol tenha uma estrela companheira ainda não detectada, por mais escura e pequena que seja.
Existindo, algum vestígio dela já deveria ter sido encontrado.
Outra possibilidade semelhante é a existência de um planeta de grandes dimensões,
talvez um gigante gasoso, muito distante e ainda não detectado, denominado Planeta X, cuja
órbita passaria por baixo e por cima da Nuvem de Oort a cada muitos milhares de anos. Em
algum momento, estas variações na órbita teriam feito o planeta atravessar a Nuvem de Oort,
arremessando bilhões de cometas para o Sistema Solar, muitos (talvez milhões) dos quais
poderiam atingir a Terra. A existência desse planeta, entretanto, ainda não foi comprovada.
Apesar do grande número de seguidores que as duas teorias acima possuem, vários
estudos[16] vem favorecendo a tese de que os cometas aparecem em imensa quantidade no
Sistema Solar simplesmente porque o Sol, em seu percurso ondulante ao redor do centro
galáctico, atravessa o mediano da Via Láctea, a região que marca a linha reta em relação ao
centro. Isso ocorre, em média, a cada 33 milhões de anos e pode trazer problemas, já que o
mediano é cheio de estrelas, asteroides, cometas e poeira interestelar.
Como é possível observar, o maior problema da teoria que aponta os cometas como os
verdadeiros responsáveis pela extinção K-T é que a mesma depende da veracidade de
outras teorias menores como base, e a veracidade das mesmas ainda não foi
comprovada.
Vulcanismo maciçoEditar
A atividade vulcânica do fim do Cretáceo e a presença de irídio nas rochas datadas deste
período poderiam estar diretamente interligadas, uma vez que no interior da Terra o
irídio está presente em pequenas quantidades e normalmente não sobe à superfície, a
menos que ocorram erupções vulcânicas.
Ainda não se pode afirmar com exatidão se a atividade vulcânica intensa do fim
do Cretáceo Superior teve alguma relação com o impacto do asteroide com a Terra,
[18] mas, independente de qual teoria estiver correta, já é cientificamente aceito que o
vulcanismo colaborou diretamente com a extinção K-T.
Existe uma grande gama de evidências de que a extinção K-T, ao contrário do que
muitos pensam, teria sido um processo muito lento, o que favorece teorias como a do
vulcanismo.
Alterações climáticasEditar
Segundo algumas teorias, a extinção K-T teria sido o resultado de violentas mudanças climáticas.
Surge então uma nova hipótese, bastante aceita atualmente, segundo a qual o asteroide
não teria, só por si, causado a extinção K-T, mas teria agido em conjugação com outro
fenômeno distinto, cuja ação se manifestou apenas milhares de anos mais tarde. De fato,
é muito provável que após a queda do asteroide, alterações climáticas significativas que
se teriam verificado tenham concorrido para o desaparecimento das restantes espécies
animais e vegetais. Esta "nova" hipótese explicativa corresponde de fato à "união" de
outras duas teorias pré-existentes.
Outras teoriasEditar
Dentre as teorias que não apontam um fenômeno natural como causa da extinção K-T a
mais aceita é a de que pequenos mamíferos onívoros(omnívoros) teriam surgido no fim
do período Cretáceo e se proliferado rapidamente, como uma praga de gafanhotos. Tais
mamíferos se alimentariam de ovos de dinossauro, vegetais, frutas e pequenos lagartos.
À medida que esses pequenos animais iam se proliferando e comendo mais ovos e mais
vegetais, o crescimento de sua população acelerava, começando uma devastação sem
precedentes. Se isso de fato ocorreu, a multiplicação dessa espécie teria que ter sido
suficientemente rápida para suprir qualquer forma de defesa evolutiva dos dinossauros
ou dos vegetais do fim do Cretáceo.
Esses pequenos mamíferos teriam consumido florestas e espécies inteiras de vegetais
tirando dos dinossauros herbívoros boa parte do seu alimento, uma vez que esses
animais eram onívoros também comiam pequenos animais e ovos de dinossauro, o que
pode justificar a extinção de boa parte da fauna e da flora terrestre, mas não explica o
ocorrido com a biodiversidade marinha. Outra dificuldade desta teoria é que os
continentes estavam separados por oceanos e não havia, contudo, meio destes
mamíferos atravessarem o mar para se proliferar por todas as regiões do globo, mesmo
que fossem aves isto não seria totalmente possível. Outro detalhe importante é que não
foram encontrados esqueletos fósseis destes animais. Uma vez que não se encontram
fósseis ou outros vestígios, não se pode provar que tenham existido. É reconhecido que
as espécies mamíferas daquele tempo que já se conhecem não poderiam ter sido
responsáveis pela extinção K-T.
Outra teoria bastante conhecida, mas pouco aceita, advoga que uma estrela próxima
explodiu em forma de supernova, liberando, entre outras coisas, grandes quantidades
de raios X, raios gama, nêutrons e outros tipos de radiação ionizante que teriam atingido
a Terra há 65,5 milhões de anos causando a extinção K-T. Entretanto essa teoria não se
encaixa com o fato de que 1/3 da vida na Terra sobreviveu a extinção e que gêneros
inteiros de animais saíram incólumes de tal catástrofe, seria tecnicamente impossível
tantas espécies sobreviverem a tal fenômeno. Além disso, em décadas de pesquisas
espaciais não foram encontrados vestígios de nenhuma estrela próxima que tenha
explodido nas últimas centenas de milhões de anos.
Teorias obsoletasEditar
Outras cinco teorias, outrora muito estudadas, estão, atualmente, obsoletas:
Desequilíbrio na teia alimentar: teoria de que houve um enorme desequilíbrio
populacional entre as espécies carnívoras e herbívoras, de modo que a ação predatória dos
carnívoros tenha exterminado os herbívoros lentamente. No fim, os carnívoros acabaram
morrendo de fome, pois não havia mais herbívoros que lhes servissem de alimento. A teoria foi
abandonada por não explicar a extinção das espécies vegetais e marinhas e por não terem sido
encontrados vestígios de tal desequilíbrio entre populações herbívoras e carnívoras.
Superpopulação: uma das teorias menos exploradas, das que já estão obsoletas, é a de
que no fim do período Cretáceo o crescimento populacional dos dinossauros alcançou níveis
sem precedentes e com isso os recursos foram se tornando cada vez mais escassos, até o ponto
em que espécies inteiras de vegetais entrassem em extinção, logo a falta de comida, combinada
com a competição e os níveis de pressão dos bandos não permitiram mais que os dinossauros
se reproduzissem ou cuidassem de seus filhotes. A maior dificuldade dessa teoria é que não há
prova alguma de que houve uma superpopulação de dinossauros no fim do período Cretáceo e,
mesmo assim, a teoria não explica a presença de irídio nas rochas do fim do Cretáceo, muito
menos a extinção das espécies marinhas.
Evolução fracassada: uma outra teoria sugere que a evolução dos dinossauros acabou
"produzindo" criaturas desajeitadas demais e muito vulneráveis aos perigos do meio. Essa teoria
tem como base o surgimento de dinossauros com cabeças enormes e golas no pescoço no fim do
período Cretáceo. Entretanto, os cientistas provaram que essas características tinham várias
utilidades e não tornavam os dinossauros mais vulneráveis aos perigos. O tiranossauro, por
exemplo, possuía uma cabeça enorme, o que talvez lhe dificultasse a locomoção, mas isso lhe
permitia engolir grandes quantidades de carne de uma só vez e matar suas vítimas com uma só
mordida.
Fracasso na co-evolução das plantas e dos dinossauros: há ainda uma hipótese de
que, por um processo de evolução, os vegetais tenham se tornado venenosos, tóxicos ou tenham
perdido as substâncias necessárias para alimentar grande parte dos animais herbívoros da época,
incluindo os dinossauros, com isso incontáveis espécies animais teriam morrido de fome ou de
intoxicação. Essa teoria não se encaixa com o fato de que muitas espécies herbívoras e até
marinhas também desapareceram na extinção K-T, além disso, os estudos mais recentes
mostram que no fim do Cretáceo as plantas continuavam nutritivas e não se tornaram tóxicas, ao
contrário do que afirmavam os defensores desta teoria.
Epidemias: apesar de a maioria das teorias anteriores às publicações de Alvarez
estarem atualmente obsoletas, algumas ainda são estudadas, exemplo disso é a teoria de que a
extinção K-T teria sido causada por uma epidemia global. É, no entanto, pouco provável que
uma só doença matasse tantas espécies diferentes, de fato, se houve uma epidemia que matou
todos os tricerátopos não significa que ela tenha atingido também os paquicefalossauros ou
outros. De qualquer forma, essa teoria não explicaria o desaparecimento conjunto de espécies
vegetais e outros animais. Além disso, para se espalhar por todo o mundo, o vírus ou
a bactéria causadora da doença precisaria atravessar o oceano para poder infectar mais animais,
o que seria extremamente difícil de acontecer.
Cultura popularEditar
Cratera de Chicxulub
Cratera Shiva
Escala de tempo geológico
Efeito Signor-Lipps
Extinção do Cambriano-Ordoviciano
Extinção do Permiano-Triássico
Extinção do Triássico-Jurássico
Referências
Ligações externasEditar
Portal da evolução
PÁGINAS RELACIONADAS
Dinossauros
constituem um grupo de diversos animais membros do clado Dinosauria
Cratera de Chicxulub
Cratera Shiva
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