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LÓGICA FORMAL E LÓGICA INFORMAL

O que é a lógica?
Genericamente, entendemos por lógica a investigação sistemática que tem
por objeto os argumentos e os princípios ou regras da boa argumentação.
Divide-se em lógica formal e lógica informal.

O que se entende por argumento?


Um argumento é um elemento discursivo que possibilita expormos o que
pensamos relativamente a tudo o que nos rodeia e diz respeito. Em termos
formais, é um conjunto de proposições que estão relacionadas entre si; uma
ou mais proposições consistem em premissas que sustentam uma conclusão
ou tese, que é também ela própria uma proposição. A relação que se
estabelece entre a(s) premissa(s) e a conclusão é uma relação de
justificação: as premissas apoiam a conclusão ou tese e estabelecem as
razões para que a aceitemos.

O que são proposições?


Chamamos proposição ao conteúdo verdadeiro ou falso expresso por uma
frase declarativa. Ao contrário dos argumentos, as proposições são
estruturas que possuem valor de verdade. Premissa(s) e conclusão são
proposições.

Como se distingue validade de verdade?


A validade é uma propriedade dos argumentos dedutivos corretamente
construídos. A verdade é uma propriedade das proposições. Um argumento
dedutivo pode ser válido, caso a conclusão se siga necessariamente das
premissas, ou inválido, se a conclusão é incorretamente extraída das
premissas em virtude de um erro formal. A validade diz unicamente respeito
à forma ou estrutura lógica do argumento. Um argumento diz-se válido se, e
apenas se, for logicamente impossível as premissas serem verdadeiras e a
conclusão falsa. A verdade, pelo contrário, é uma propriedade
exclusivamente relacionada com o conteúdo ou matéria das proposições.

Em que circunstâncias dizemos que um argumento é sólido?


Um argumento sólido reúne duas condições: é válido e as suas premissas são
verdadeiras. Um argumento sólido é um bom argumento, já que nos conduz
a uma conclusão ou tese verdadeira.
O que é o quadrado da oposição e qual a sua utilidade?
O quadrado da oposição e um diagrama da lógica tradicional (ou
aristotélica) que resume as relações lógicas que ocorrem entre as quatro
formas de proposições categóricas conhecidas por A (Todo o S é P), E
(Nenhum S é P), I (Algum S é P) e O (Algum S não é P). Aplicando o quadrado
da oposição, conseguimos determinar que proposições são ou não
inconsistentes entre si e negar ou refutar corretamente proposições
categóricas.

Que relações lógicas se estabelecem entre proposições categóricas?


As proposições A e E são proposições contrárias. Não podem ser ambas
verdadeiras, mas podem ser ambas falsas. As proposições I e O são
proposições subcontrárias. Não podem ser ambas falsas, mas podem ser
ambas verdadeiras. As proposições A e l são proposições subalternas. Da
verdade da proposição universal podemos concluir a verdade da particular e
da falsidade da proposição particular podemos inferir a falsidade da
universal, mas não o inverso. O mesmo acontece com as proposições E e O.
Por fim, as proposições A e O, à semelhança das proposições E e I, são
proposições contraditórias, mutuamente exclusivas, inconsistentes: não
podem ser simultaneamente verdadeiras ou conjuntamente falsas.

De que tipo de proposições se ocupa a lógica proposicional?


A lógica proposicional ocupa-se de proposições que incluem partículas como
não, e, ou, ou... ou, se... então, se e somente se. A estas partículas chamamos
conectivas ou operadores verofuncionais. Estas alteram uma frase ou
estabelecem uma ligação entre frases, permitindo formar proposições
complexas a partir de proposições simples. Foram seis as conectivas ou
operadores verofuncionais de que nos ocupamos: negação (ㄱP), conjunção
(P ⋀ Q), disjunção inclusiva (PVQ), disjunção exclusiva (P⊻Q), condicional
(P→Q) e bicondicional (P↔Q).

Que regras importa conhecer sobre cada uma das conectivas?


Importa saber que a negação de uma frase tem o valor de verdade oposto
ao da frase de partida; que a conjunção é verdadeira se, e apenas se, todas
as proposições que a compõem forem também verdadeiras; que uma
disjunção inclusiva é verdadeira quando pelo menos uma das frases
disjuntas for verdadeira; que uma disjunção exclusiva é verdadeira se, e só
se, apenas uma das suas frases disjuntas for verdadeira; que uma
proposição condicional é falsa quando a antecedente for verdadeira e a
consequente falsa; e, por fim, que uma proposição bicondicional é
verdadeira quando, e apenas quando, as proposições que a compõem
assumem em simultâneo o mesmo valor de verdade.

O que distingue uma condição suficiente de uma condição necessária?


Se P é uma condição necessária de Q, então O não pode ser verdadeira sem
que P seja verdadeira. Por exemplo, ser válido é uma condição necessária
para que um argumento seja sólido. Se P é uma condição suficiente de Q,
então, dada a verdade de P, Q também é verdadeira. Por exemplo, ser sólido
é uma condição suficiente para que um dado argumento seja válido.

Qual é a utilidade de um inspetor de circunstâncias?


Um inspetor de circunstâncias permite inspecionar as circunstâncias ou
casos e determinar se o argumento é válido ou inválido. Primeiro, calculamos
para cada circunstância o valor de verdade de cada uma das premissas e da
conclusão. Segundo, verificamos se existe alguma linha em que as premissas
sejam todas verdadeiras e a conclusão falsa. Caso exista, o argumento é
inválido, atendendo à própria definição de argumento válido. Caso não
exista, poderemos concluir que o argumento é válido. Um argumento é
válido se, e somente se, todas as linhas do inspetor de circunstâncias que
tornarem as premissas verdadeiras tornarem também a conclusão
verdadeira.

Que formas de inferência válida devo conhecer?


Para além do modus ponens e do modus tollens, importa conhecer o
silogismo hipotético, o silogismo disjuntivo, as leis de De Morgan, a
contraposição e a dupla negação, pois o conhecimento destas formas
permite validar argumentos sem hesitações ou necessidade de recorrer ao
inspetor de circunstâncias.

O que é uma falácia?


Uma falácia é um erro de raciocínio. As falácias podem ser formais ou
informais.

O que é uma falácia formal? De que falácias formais nos ocupamos?


Uma falácia formal é um erro de raciocínio diretamente relacionado com a
estrutura ou forma do argumento e que passa, muitas vezes, despercebido.
Entre muitas possíveis, analisamos duas falácias formais: a falácia da
afirmação da consequente, que acontece quando usamos erroneamente o
modus ponens, e a falácia da negação da antecedente, que resulta da
utilização incorreta do modus tollens.
O que são argumentos não dedutivos? Como se avaliam?
São argumentos em que é logicamente possível, mesmo quando é
improvável, que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. São
fortes ou fracos. São fortes quando é implausível que as premissas sejam
verdadeiras e a conclusão falsa. São fracos se for elevada a probabilidade
de as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa.

O que são argumentos por indução? Em que circunstâncias são bons?


Generalização e previsão são argumentos por indução. Na generalização,
infere-se de um número de casos particulares para uma conclusão geral (da
parte para o todo). Na previsão, infere-se também de um número de casos
particulares, mas para uma conclusão ulterior (do passado ou do presente
para o futuro). Num bom argumento indutivo, a amostra deve ser ampla,
representativa do universo em questão, e não deve omitir informação
relevante.

O que são argumentos por analogia? Em que circunstâncias são bons?


São inferências baseadas na comparação entre dois seres ou situações que
aparentemente partilham semelhanças. Num bom argumento por analogia,
as semelhanças entre o que é comparado devem ser significativas para a
conclusão, a comparação deve ter por base um número relevante de
semelhanças e não devem ser ignoradas diferenças importantes.

O que são argumentos de autoridade? Em que circunstâncias são bons?


São inferências nas quais a conclusão se assume como verdadeira pelo fato
de um especialista ou autoridade no assunto ter afirmado que assim é. Será
forte se o especialista for claramente identificado, uma autoridade no
assunto em questão, imparcial e se não existir desacordo entre especialistas
relativamente à conclusão.

O que é uma falácia não formal? De que falácias não formais nos
ocupamos?
É um erro de raciocínio independente da forma do argumento. Demos conta
de algumas: generalização precipitada, amostra não representativa, falsa
analogia, apelo à autoridade, petição de princípio, falso dilema, falsa relação
causal (ou falsa causa), ataque à pessoa (ad hominem), apelo ao povo (ad
populum), apelo à ignorância, boneco de palha (ou espantalho) e
derrapagem (ou bola de neve).

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