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Formas de inferência válida:

O Modus Ponens é uma forma de inferência que consiste em afirmar o antecedente de uma
premissa condicional para concluir com a afirmação do consequente.

O Modus Tollens é uma forma de inferência que consiste em negar o consequente de uma
premissa condicional para concluir com a negação do antecedente.

De acordo com a lei da Negação Dupla, é possivel inferir P de ¬¬P e vice-versa.

De acordo com a lei da Contraposição é possível inferir da condicional P → Q a condicional


¬P → ¬Q e vice-versa.

O Silogismo Disjuntivo é uma forma de inferência em que a primeira premissa consiste numa
disjunção inclusiva, a segunda premissa apresenta a negação de uma das disjuntas e na
conclusão afirma-se a outra.

O Silogismo Hipotético é uma forma de inferência que consiste em deduzir uma condicional da
forma P → R das condicionais P → Q e Q → R, dadas como premissas.

No que às Leis De De Morgan diz respeito, elas indicam-nos que:


- uma conjunção negativa pode ser transformada numa disjunção de negações;

- uma disjunção negativa pode ser transformada numa conjunção de negações;

(as disjunções em causa são de carácter inclusivo)

Principais falácias formais:


Os argumentos que têm formas que, parecendo válidas, são inválidas designam-se por
falácias formais.

Ora se, em vez de afirmarmos o antecedente (modus ponens), afirmarmos o consequente,


cometemos a falácia da afirmação do consequente. Por outro lado, se, em vez de negarmos o
consequente (modus tollens), negarmos o antecedente, cometemos a falácia da negação do
antecedente.

Assim, a falácia da afirmação do consequente comete-se quando, a partir de uma proposição


condicional, se afirma o consequente, concluindo-se com a afirmação do antecedente.
A falácia da negação do antecedente comete-se quando, a partir de uma proposição
condicional, se nega o antecedente, concluindo-se com a negação do consequente.

Principais tipos de argumentos:


Argumentos não-dedutivos:
Nos argumentos não-dedutivos o apoio que as premissas dão à conclusão é apenas provável. A
conclusão deste tipo de argumento é apenas hipotética e não definitiva.
Estes podem ser enfraquecidos ou fortalecidos pela introdução de novas premissas.

Para avaliar os argumentos não-dedutivos, para sabermos se são fortes ou fracos, teremos de
verificar se esses argumentos respeitam ou não determinados critérios.
Quando isso não acontece, podemos cometer falácias ou ser enganados por elas. Já sabemos
que as falácias são argumentos que parecem ser corretos ou adequados, mas não o são.

As falácias formais, decorrem de falhas ou erros cometidos na forma lógica dos argumentos
(por exemplo, as falácias da afirmação do consequente e da negação do antecedente).

No caso das falácias informais, as falhas ocorrem ao nível do conteúdo dos argumentos e não
na sua forma lógica, traduzindo-se em argumentos fracos e maus, que aparentam ser fortes e até
bons, mas que na realidade têm alguma falha no seu conteúdo, na sua matéria, ou na maneira
como a linguagem natural comum é neles usada.

Alguns exemplos particulares de argumentos não-dedutivos:

-Argumentos indutivos:
Os argumentos indutivos ou induções podem ser de dois tipos: a generalização e a previsão.

A indução por generalização (ou generalização indutiva) é um argumento cuja conclusão é


mais geral do que a(s) premissa(s), inferindo-se que algo se aplica a mais coisas do que as que
foram objeto de observação.
A forma lógica deste tipo de argumento indutivo é: Alguns X são Y. Logo, todos os X são Y.

Assim, na construção das generalizações indutivas, devemos respeitar os critérios seguintes:


- o número de casos observados proposto nas premissas tem de ser relevante ou significativo;
- os casos observados têm de ser representativos do universo em questão;
- não podem ter sido encontrados contraexemplos, depois de ativamente procurados.

Quando não se cumprem estes requisitos, podem cometer-se falácias. Neste caso, por se tratar
de falhas que ocorrem ao nível do conteúdo dos argumentos e não na sua forma lógica,
designam-se por falácias informais.

A falácia da generalização precipitada: quando se conclui abusivamente o geral de apenas um


ou poucos casos observados ou ainda quando se ignoram contraexemplos conhecidos que
comprometam a verdade da conclusão;

A falácia da amostra não-representativa: quando num argumento por generalização, não se


respeita o critério da representatividade, isto é, quando se conclui uma dada característica de
um segmento da população, ou de uma parte muito específica de um universo, para toda a
população, ou para todo o universo em causa, apesar de a amostra poder incluir um número
significativo de casos. A amostra não é representativa da diversidade do universo em questão,
visto que se ignora a multiplicidade de características dos elementos desse universo.

A indução por previsão é o tipo de argumento que, baseando-se em casos ocorridos no


passado, antevê casos não observados, presentes ou futuros, sendo, com frequência, a conclusão
menos geral do que as premissas.

A forma lógica da previsão indutiva é a: Todos os X observados até agora são Y.


Logo, o próximo X que observarmos será Y.

Na construção de uma indução por previsão não pode ter sido encontrada, depois de
ativamente procurada, informação de fundo que inviabilize o apoio das premissas à conclusão.

Quando este critério não é respeitado, pode ocorrer a falácia da previsão incorreta ou
inadequada.

-Argumento por analogia:


O argumento por analogia é um argumento que recorre a uma semelhança estabelecida entre
dois objetos ou realidades. Parte-se do reconhecimento de certas semelhanças ou relações entre
duas realidades para se concluírem novas semelhanças ou relações entre elas.
No fundo, ao recorrer a este tipo de argumento, supomos que é provável que duas coisas que
são semelhantes entre si em dados aspetos relevantes possam ser semelhantes noutros aspetos
que ainda não foram observados ou confirmados.
Forma lógica: Tanto x como y têm as propriedades E, F e G.
Ora, y tem a propriedade H.
Logo, x também tem a propriedade H.

Há alguns cuidados a ter na construção dos argumentos por analogia. Um argumento por
analogia só será forte e bom se respeitar os seguintes critérios:
- as semelhanças ou analogias estabelecidas entre as realidades devem ser relevantes com
respeito à conclusão;
- para além de relevantes, essas semelhanças ou analogias têm de ser em número suficiente;
- não podem existir, entre as realidades comparadas, diferenças significativas e relevantes
com respeito à conclusão e que a possam pôr em causa.

Sempre que estes requisitos são violados, ocorre a falácia da falsa analogia.

-Argumento de autoridade:
O argumento de autoridade é um tipo de argumento que se apoia nas afirmações de um
especialista, um perito ou pessoa a quem se reconhece autoridade numa determinada área do
saber, para fazer valer uma dada tese.

Forma lógica: Uma certa autoridade ou testemunha afirmou que A. Logo, A.

O apelo à autoridade surge, muitas vezes, na publicidade. Contudo, este apelo é, na maioria das
vezes, indevido.
Para evitar o apelo indevido à autoridade, devemos respeitar os seguintes critérios na
construção de argumentos de autoridade:
- a autoridade invocada deve ser um efetivo especialista ou perito na área em questão, ou seja,
uma autoridade reconhecida;
- a autoridade invocada tem de estar identificada, preferencialmente indicando-se a fonte em
que ela exprimiu a sua ideia, isto é, a autoridade não deve ser anónima;
- a autoridade invocada deve dispor de provas e quem a invoca deve as compreender;
- a tese deve ser amplamente consensual entre as autoridades dessa área;
- o especialista invocado não pode ter interesses pessoais ou de classe no âmbito do assunto
em causa, ou seja, deve haver imparcialidade e não tentativas de enganar as pessoas ou o
auditório, na busca de algum tipo de benefício, em especial de carácter económico ou social;
- o argumento não pode ser mais fraco do que outros argumentos a favor de uma tese oposta;

Quando algum dos critérios acima descritos é violado, comete-se a falácia do apelo ilegítimo
à autoridade.
Embora a pessoa invocada seja um especialista na área em questão, pode acontecer que ela
não disponha de boas provas daquilo que afirma, sendo inclusive alguém com interesses
pessoais no âmbito do assunto em causa. Além disso, mesmo entre os especialistas, não existirá
certamente um amplo consenso relativamente à tese em causa.

Falácias informais:
Falácia da petição de princípio:
É a falácia que consiste em assumir como garantido ou em pressupor aquilo que se pretende
provar, estando a conclusão implícita, ainda que disfarçadamente, nas premissas.
Por essa razão, a falácia da petição de princípio é um argumento circular, é um argumento que
parte do ponto a que se pretende chegar.

Forma lógica: A. Logo, A (com variações linguísticas em relação à premissa).

Falácia do falso dilema:


Resulta da redução indevida de várias opções possíveis a apenas duas, mutuamente exclusivas,
ignorando-se as restantes alternativas e forçando a uma escolha entre as duas propostas.
Esta falácia consiste, assim, em apresentar falsamente uma premissa como uma disjunção
exclusiva entre duas proposições, de modo que pareça haver apenas essas duas.

O uso do falso dilema constitui, muitas vezes, uma técnica de manipulação, sendo usada, por
exemplo, na política e na publicidade. Geralmente, quando se usa esta estratégia, apresenta-se
uma opção que é conhecida como indesejável, inaceitável ou repulsiva e outra que o
manipulador deseja que seja escolhida pelo interlocutor (o que acabará por ser forçado).

Forma lógica: Ou A ou B, mas não ambas. Não-A (ou Não-B). Logo, B (ou A).

Embora sejam válidos em termos dedutivos, estes argumentos não são sólidos, exprimindo a
falácia do falso dilema, o que significa que não são convincentes do ponto de vista informal.
Em ambos os casos, a primeira premissa, visto não esgotar todas as alternativas, constitui uma
disjunção falsa, embora possa parecer verdadeira em alguns contextos argumentativos.
Falácia da falsa relação causal:
É a falácia que se comete sempre que se confunde com uma relação de causalidade aquilo que
é apenas uma sucessão de acontecimentos ou a mera correlação entre eles. Trata-se, por isso, de
concluir indevidamente que há uma relação de causa e efeito entre dois acontecimentos x e y,
em que um se verifica ou sucede após o outro ou em que ambos se verificam em simultâneo.

Forma lógica: Ocorreu x, depois ocorreu y. Logo, x é a causa de y.


Os eventos x e y ocorrem simultaneamente. Logo, x é a causa de y.

No primeiro caso, considera-se que a sucessão de acontecimentos prova existir entre eles
uma relação de causalidade. Ora, isto é errado: a mera sucessão não implica causalidade.

No segundo caso, há uma confusão entre correlação e causalidade, ou seja, confunde-se a


correlação ou ligação entre dois eventos (sempre que um ocorre, o outro também ocorre) com
uma suposta relação causal direta entre eles. Ora, uma correlação não prova necessariamente a
existência de uma relação de causalidade entre dois acontecimentos (essa correlação pode, por
exemplo, resultar de uma causa comum a ambos os eventos ou ser fruto de mera coincidência).

Em suma, esta falácia é frequente, e ocorre na medida em que se admite existir uma relação
causal entre duas coisas ou dois acontecimentos sem se dispor de provas científicas que
permitam saber isso.

Falácia ad hominem:
A falácia ad hominem é o tipo de argumento dirigido contra a pessoa, sendo assim a falácia
que se comete quando, em vez de se atacar ou refutar a tese de alguém, se ataca a pessoa que a
defende e a sua idoneidade.

Forma lógica: A pessoa x afirmou que A. Mas x não tem credibilidade. Logo, A é falsa.

- Ad hominem abusivo: o argumento ataca diretamente a pessoa que proferiu a tese,


chamando a atenção para características pessoais, em vez de atacar a tese.

- Ad hominem circunstancial: o argumento aponta para as circunstâncias em que a pessoa


propõe a tese, em vez de atacar a tese.

- Tu quoque ("tu também" ou falácia do apelo à hipocrisia): O argumento é usado para


mostrar que a pessoa é incoerente, isto é, que não põe em prática aquilo que afirma.

Falácia ad populum:
A falácia ad populum (ou falácia do apelo à multidão ou ao povo) é a falácia que se comete
quando se apela à opinião da maioria para fazer valer a verdade de uma tese. Normalmente, é
usada para disfarçar a falta de argumentos e de consistência na argumentação.

Forma lógica: A maioria das pessoas acredita ou diz que A. Logo, A.


A maioria das pessoas acredita ou diz que a proposição A é verdadeira/falsa.
Logo, a proposição A é verdadeira/falsa.

Para rebater esta falácia, será necessário mostrar que aquilo que a maioria pensa não garante.
por si só, a verdade do que se opõe na conclusão, a maioria pode estar errada.
Falácia do apelo à ignorância:
Ocorre sempre que o desconhecimento de um facto é usado como prova para justificar uma
tese. Num argumento falacioso deste tipo, uma das proposições é tida como verdadeira só
porque não se provou que é falsa ou, ao invés, é considerada falsa porque ainda não se provou
que é verdadeira.

Forma lógica: Não se sabe ou não se provou que A é verdadeira. Logo, A é falsa.
Não se sabe ou não se provou que A é falsa. Logo, A é verdadeira.

Falácia do espantalho (ou do boneco de palha) :


É a a falácia que resulta da tentativa de ridicularizar o argumento de um dado interlocutor.
Procura-se refutar o argumento, posição, teoria ou tese do opositor/interlocutor, atacando ou
refutando uma versão simplificada, mais fraca e deturpada desse argumento, posição, teoria ou
tese. Trata-se de distorcer as ideias de alguém para que elas pareçam falsas.

Forma lógica: O argumento (ou a tese) y- que é uma versão mais fraca e distorcida do
argumento(ou da tese) x- é um mau argumento (ou uma tese falsa/inaceitável).
Logo, o argumento (ou a tese) x é um mau argumento (ou uma tese falsa/inaceitável).

Para desmontar a falácia do boneco de palha, será necessário mostrar de que forma o
argumento (ou a tese) do interlocutor foi mal interpretado, deturpado ou distorcido.

Falácia da derrapagem:
Também conhecida como "bola de neve" ou "declive escorregadio", esta falácia ocorre
sempre que alguém, para refutar uma tese ou para defender a sua, apresenta, pelo menos, uma
premissa falsa ou duvidosa e uma série de consequências progressivamente inaceitáveis. A
partir da primeira premissa, outras vão surgindo, até se mostrar que um determinado resultado
indesejável inevitavelmente se seguirá.

Forma lógica: Se A, então B. Se B, então C. Se C, então D. Logo, se A, então D.

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