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Lógica Informal

Marwan Ghunim Nº18 10ºF


Disciplina: Filosofia
Índice
 Índice................................................................................1
 Lógica informal e falácias informais – Indução...............2
 Argumentos De Autoridade.............................................3
 Falácias de autoridade......................................................3
 Argumentos generalizações ............................................4
 Falácia de Generalização precipitada ..............................4
 Previsões .........................................................................5
 Falácia da falsa causa ......................................................5
 Argumentos Por Analogia ...............................................6
 Falácias Do Apelo à Ignorância ......................................7
 Petição De Princípio ......................................................8
 Falácia Do Boneco De Palha .........................................8
 Falácia Do Falso Dilema ...............................................9
 Falácia Da Derrapagem .................................................10
 falácia Ad Populum .......................................................10

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Lógica informal e falácias informais – Indução
A lógica informal, ao contrário da lógica dedutiva, ocupa-se dos aspectos
concretos da argumentação. Reconhece que a argumentação em concreto exige pelo
menos dois argumentadores, que detêm um conhecimento parcelar e inseguro, e ajuda
a distinguir, nesses contextos, as maneiras correctas de orientar o pensamento para a
verdade. Identificará aquelas formas de argumento que são mais fracas ou que, pelo
recurso a meios abusivos, bloqueiam o esclarecimento e as tomadas de posição
racionais.’
[Comecemos por relembrar a estrutura do raciocínio indutivo para, de seguida,
analisarmos algumas falácias relacionadas com esta forma de raciocínio. Para além do
que anteriormente estudaste sobre o raciocínio indutivo existem outros aspectos que
interessa agora caracterizar]. Vamos referir as três regras da indução mais importantes
e consensuais e cuja violação origina falácias frequentes.
Regra 1 – A amostra deve ser ampla.
De acordo com esta regra, quanto maior for a amostra observada mais forte o
argumento será. Assim, a conclusão de que certa dieta é adequada para certa doença
será menos forte se for baseada em dez observações e mais forte se for baseada em
milhares de casos.
Regra 2 – A amostra deve ser relevante.
A relação entre o conteúdo das premissas e o conteúdo da
conclusão deve ser representativa de toda a classe. Esta
regra tem duas implicações importantes; a de que a amostra
deve representar toda a classe e não apenas algumas das
suas espécies; a de que a conclusão não pode esquecer
aspectos significativos e já conhecidos da classe (mesmo
que não estejam directamente envolvidos no argumento).
Uma amostra relativamente grande pode ser a base de
uma generalização mais fraca do que outra baseada numa
amostra menor que contenha informação mais relevante.
Para justificar que uma dieta é adequada a uma doença, um argumento baseado
em quinhentas observações de doentes com nível etário, história clínica e hábitos
alimentares diferentes é mais forte do que um argumento baseado na observação de
mil doentes com o mesmo escalão etário, de uma mesma região e de história clínica
desconhecida. Apesar da amostra ser menor, o primeiro é mais forte porque representa
melhor toda a variedade da classe dos doentes.
Regra 3 – Não omitir informação relevante
Esta regra diz que um argumento, mesmo sendo baseado numa amostra grande e
relevante, será mau se omitir informação relevante. Uma consequência desta regra é o
facto de que devemos avaliar uma generalização tendo em conta o conjunto do nosso
conhecimento. Outra consequência desta regra é da que a generalização deve ser
rejeitada se já forem conhecidos contra-exemplos.

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Argumentos De Autoridade

O papel do ethos no processo argumentativo é de extrema relevância, mas


existem diferenças entre aquilo que os filósofos e os sofistas consideravam ser a
importância do orador e sua influência na adesão do auditório às teses do
orador. Para os filósofos o orador deveria ser, verdadeiramente, uma autoridade
na matéria em debate. O conhecimento efetivo do assunto em discussão era a
única justificação para a crença do auditório na autoridade desse orador. Para os
sofistas o ethos e a autoridade do orador tinham
que se basear sobretudo na aparência, na
transmissão da ideia de que o orador parecia ser
fidedigno, mesmo que não fosse um
especialista no assunto. Daí que a fama e o
prestígio sejam elementos suficientes a ter em
conta na construção do discurso argumentativo,
do ponto de vista do sofista, mas se essa fama
e/ou prestígio não forem justificados, ou
contextualizados em relação ao assunto em
discussão, para o filósofo, deverão ser
irrelevantes.

Falácias de autoridade

As falácias de autoridade podem ocorrer de modos variados, por


exemplo, se invocamos uma figura que não é especialista nem
tem qualquer conhecimento relevante na matéria em debate
(falsa autoridade), quando não explicitamos completamente a
autoridade invocada (autoridade anónima – Ex: Um certo
cientista descobriu que comer alcachofras de manhã é bom para
o fígado, logo, devemos comer alcachofras de manhã). Uma
variante da falácia da autoridade anónima é a omissão de fontes.
A fonte é o livro ou o artigo no qual a autoridade em questão
publicou o que estamos a invocar (daí ser tão importante, por
exemplo, identificar corretamente as citações que fazemos).

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Argumentos generalizações

Há três tipos de argumentos indutivos: as generalizações, as previsões e


os argumentos por analogia.
As generalizações são argumentos em que a conclusão
acerca de um grupo de objectos é estabelecida observando uma
amostra desse grupo de objectos. A generalização consiste em
atribuir a todos os casos possíveis de certo tipo aquilo que se
verificou em alguns casos desse tipo. Exemplo:
Cada um dos cães que observei até hoje ladrava.
Logo, todos os cães ladram.
A generalização justifica, portanto, uma conclusão
universal a partir de premissas menos gerais. A generalização
não garante que a sua conclusão seja verdadeira. Como a
conclusão é mais geral do que a premissa, a generalização não
pode garantir que um dos casos por observar não venha a
refutar a conclusão. O máximo que conseguimos com este tipo
de argumento é legitimidade para tratar a conclusão como
sendo muito provável.

Falácia de Generalização precipitada


Esta falácia ocorre quando uma generalização
se baseia num número muito limitado de casos. São
exemplos de generalização precipitada concluir, após
uma experiência amorosa falhada, que as mulheres
são a nossa desgraça; concluir, depois de assistir aos
distúrbios e estragos que os adeptos de futebol
ingleses provocam quando se deslocam ao
estrangeiro, que os ingleses são uns vândalos. [A
tendência para a generalização é natural, uma vez
que temos tendência para estabelecer padrões no que
vemos].

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Previsões

Num raciocínio indutivo por generalização, as premissas são particulares


e a conclusão universal. Mas como ilustra o próximo exemplo, existem
raciocínios indutivos com premissas universais e conclusão particular.
Ex: Todas as vezes que Marcelo jogou contra Irene ganhou a partida.
Amanhã Marcelo irá ganhar a partida a Irene.
Nas previsões indutivas, a conclusão refere-se a um ou mais casos que
ocorrerão no futuro enquanto a premissa diz respeito à totalidade da amostra
disponível, independentemente do número de registos nela incluídos, [a casos
ocorridos no passado]. Neste caso, passamos de uma amostra para outra.
Mas há casos em que uma única
ocorrência nos autoriza a prever o que irá
suceder no futuro. Nestes casos, quer as
premissas quer a conclusão são particulares.
Hoje fui ao casino e perdi. Amanhã,
voltando lá, provavelmente voltarei a
perder.
O padrão é o mesmo, estamos a raciocinar
de uma amostra para outra amostra.

Falácia da falsa causa

Trata-se de um argumento segundo o qual apenas por um facto se seguir a


outro se conclui que o primeiro é causa do segundo.
O exemplo seguinte é um caso extremo desta falácia:
Tanto quanto observei, as pessoas que se curaram das constipações não
deixaram de beber água durante uma constipação. Logo beber água cura
constipações.
O exemplo seguinte é mais subtil:
Sempre que noto que as pessoas estão a
comprar menos começo a ouvir falar de crise.
Logo a baixa do consumo provoca a crise.
O argumentador não compreendeu que o
consumo baixo é já um aspecto da crise.

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Argumentos Por Analogia

Num argumento por analogia pretende-se concluir que algo é de certo


modo porque esse algo é semelhante a outra coisa que é desse modo. Por
exemplo: As mulheres são como os homens e os homens têm o direito de votar,
logo, as mulheres devem ter o direito de votar.
Não se deve confundir os argumentos por analogia com as analogias
propriamente ditas. Uma analogia é apenas uma semelhança entre coisa; os
argumentos por analogia baseiam-se nesta semelhança [para extraírem novas
semelhanças] mas não são, eles mesmos, analogias.
Vejamos as duas regras necessárias, mas não suficientes, para que um
argumento por analogia seja válido.
1. As semelhanças têm de ser relevantes e numerosas.
2. Não pode haver diferenças relevantes.
Na regra 1 procura-se garantir que as semelhanças não são uma
mera coincidência: têm que ser relevantes relativamente ao que está em
causa na conclusão. Por exemplo, é irrelevante que tanto homens como
mulheres tenham axilas. É irrelevante porque isso não parece desempenhar
qualquer papel no acto de votar. Mas é relevante que
tanto os homens como as mulheres sejam agentes morais autónomos,
tanto os homens como as mulheres sejam agentes morais autónomos, pois
esta é uma condição necessária
pois esta é uma condição necessária para poder votar. para poder votar.
As semelhanças têm também de ser numerosas, ainda que não haja
As semelhanças têm também de ser numerosas, ainda que não haja um
número mínimo de
um número mínimo de semelhanças para que um argumento por
semelhanças para que um argumento por analogia
seja válido. Mas têm de ser numerosas para que as
analogia seja válido. Mas têm de ser numerosas
para que as semelhanças apresentadas não sejam meras
coincidências.
semelhanças apresentadas não sejam meras
coincidências.
A regra 2 obriga-nos a procurar activamente
diferenças relevantes; se existirem, o argumento original
A regra 2 obriga-nos a procurar activamente diferenças relevantes;
é mau. Uma vez mais, trata-se de diferenças relevantes relativamente à
conclusão.

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Falácias Do Apelo à Ignorância

Considere o argumento seguinte:


Ninguém provou que Deus existe.
Logo, Deus não existe (É falso que Deus exista).
Há alguma coisa errada com este argumento? Há. Defende-se que Deus
não existe porque não se consegue provar que existe. Mas que não consigamos
provar que Deus existe não implica que ele não exista, tal como não termos
provado que há vida extraterrestre não implica que não haja este tipo de vida.
Estamos a impor as limitações do nosso conhecimento à realidade. O argumento
usa como prova da não existência de Deus a ausência de prova da sua
existência. O correto seria concluir que, uma vez que não foi provado que Deus
existe, não sabemos se existe ou não.
O apelo falacioso à ignorância ocorre quando se considera verdadeiro o
que não se provou ser falso e vice-versa. Assume, portanto, duas modalidades:
1. Argumenta-se que uma proposição é verdadeira porque não foi
provado que é falsa.
2. Argumenta-se que uma proposição é falsa porque não foi provado que
é verdadeira.
No dia a dia, o apelo falacioso à ignorância ocorre com alguma
frequência. Vejamos o seguinte caso: Dado
que os médicos não conseguiram explicar
como Ernesto saiu do estado de coma ao fim
de seis
meses, esse acontecimento é um
milagre.
A conclusão não é aceitável porque
transformamos a ausência de prova em
justificação. Seguir este raciocínio é julgar
que o que não tem prova científica conhecida
é por isso mesmo um milagre. Ora, falta
provar que seja um milagre. [A situação
argumentativa impõe que cada um tente
justificar o seu ponto de vista. Refutar o
ponto de vista oposto ou o facto de o
interlocutor não o conseguir provar não
justifica, automaticamente, o nosso].

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Petição De Princípio
A petição de princípio ocorre quando, ao tentarmos provar uma
proposição através de um argumento, usamos essa mesma proposição, ou outra
equivalente, como premissa. Isto é, quando se assume como verdadeiro nas
premissas o que está em causa provar como conclusão. Considere o seguinte
raciocínio:
O aborto é um assassínio. Logo, é moralmente errado abortar.
Algumas pessoas seriam tentadas a aceitar este argumento sem objeções.
É consensual que o assassínio é moralmente errado. Mas o ponto é provar que
abortar é idêntico a cometer assassínio: partir deste princípio condenar o aborto
é assumir à partida como verdadeiro o que está em causa demonstrar. O como
verdadeiro o que está em causa demonstrar., O argumento torna-se circular.
Quando incorremos numa petição de princípio estamos a raciocinar de modo
formalmente válido. Se afirmamos na
premissa o que queremos prova
r como conclusão, não é possível ter
premissa verdadeira e conclusão falsa.
Mas, apesar de válido, um argumento com
esta caraterística não é um bom
argumento.
Se não tenho boas razões para
aceitar a conclusão para além da própria
conclusão (isto é, se não tenho outra razão
para pensar que o aborto é um assassínio
para além de acreditar que o aborto é um assassínio), não tenho razão alguma
para aceitar esta proposição como premissa. O que era obscuro antes do
argumento continua a sê-lo depois.’

Falácia Do Boneco De Palha

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A falácia do boneco de palha, também conhecida
como falácia do espantalho, consiste numa
distorção, intencional ou acidental, do
argumento que se pretende refutar. Usada
intencionalmente, pretende-se com ela refutar
mais facilmente um argumento (ou teoria) que se
quer recusar. Para entender a designação
‘boneco de palha’ ou ‘espantalho’, imagina que
um homem diz ‘Vou bater no Lucas para mostrar
que sou forte’. O homem monta um espantalho,
ao qual chama Lucas, e bate-lhe. Da mesma
forma, a pessoa que recorre a esta falácia
pretende mostrar que refutou um determinado
argumento através da refutação de uma versão distorcida e enfraquecida do mes
mo.
Quando se comete esta falácia argumentativa, o que se está a fazer é
substituir o argumento inicial que se quer refutar por outro mais facilmente
refutável, como forma de ganhar posição. Um exemplo típico desta falácia:
Almeida, A., Teixeira, C., Murcho, D., Mateus, P., Galvão, P., Filosofia
As pessoas que querem legalizar o aborto o que querem é a prevenção da
gravidez irresponsável. Mas nós
11o ano – A arte de pensar, Lisboa, Didáctica editora, 2008, p. 95
queremos uma sexualidade responsável. Logo, o aborto não deve ser
legalizado.’
Os argumentos da posição pró-escolha não são baseados na premissa da
gravidez irresponsável. Certamente alguém lúcido não defenderia racionalmente
tal coisa. No entanto, como mostra o exemplo dado, para refutar o argumento
pró escolha comete-se a falácia do boneco de palha.

Falácia Do Falso Dilema

Atente-se no seguinte argumento:


Miguel chegou atrasado ao trabalho. Das duas uma, ou adormeceu ou o
automóvel avariou no caminho. Telefonámos para casa e ninguém atendeu.
Logo, o automóvel avariou no caminho para o emprego.
Tenta-se encontrar uma razão para o atraso do Miguel. A premissa do
argumento é uma disjunção e apresenta duas alternativas. O que há de errado? A
disjunção apresenta duas alternativas como se fossem as únicas disponíveis. Na
verdade, há alternativas possíveis disponíveis. Na verdade, há alternativas
possíveis que não são consideradas: pode ter acontecido um acidente a Miguel,
pode ter ficado retido num engarrafamento, pode ter decidido faltar, pode ter-se
enganado no caminho, etc.

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O falso dilema ocorre quando
num argumento uma das premissas
apresenta dois estados
alternativos, supondo que:
a) São as únicas alternativas
possíveis;

b) São incompatíveis, ignorando o facto de poderem existir mais


alternativas.
Exemplos:
1. Ou continuo a fumar ou engordo. Não quero engordar. Logo, não posso
deixar de fumar.
Fumar ou engordar não são as únicas alternativas possíveis. Não há
incompatibilidade entre deixar de fumar e não engordar. Basta uma dieta
cuidadosa e exercício regular.

Falácia Da Derrapagem
Esta é uma forma de argumentação típica: é a falácia da derrapagem (ou
”bola de neve“): para mostrar que uma proposição (P) é inaceitável, extraem-se
consequências dela e consequências das consequências (cá está a bola de
neve!)... chegando-se a uma consequência
inaceitável (Q) (por isso se chama também falácia
da derrapagem). Um exemplo “clássico” dessa
argumentação é este: se se legalizasse a
marijuana, toda a gente a iria experimentar, e a
seguir começariam a experimentar as drogas
pesadas e não tardaria que a nossa sociedade se
transformasse numa sociedade de drogados.
Portanto, nas “derrapagens” afirma-se que, se um
determinado acontecimento ocorresse, outros
acontecimentos perigosos ou prejudiciais
ocorreriam depois inevitavelmente, pelo que não se deve permitir o
primeiro.

Falácia Ad Populum
Estão na classe dos apelos ao povo os argumentos
que pretendem justificar uma afirmação com a premissa
de que ela é defendida por todas as pessoas ou por um
grupo numeroso ou importante de pessoas. Na prática, o
apelo ao povo é quase sempre falacioso e visa apenas

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explorar as emoções, desejos e preconceitos do auditório. O princípio que orienta
quem recorre ao “apelo ao povo” é o de que aquilo que a maioria das pessoas
considera verdadeiro, valioso, agradável é verdadeiro, valioso e agradável. A
opinião da maioria toma o lugar da verdade. Exploram-se sentimentos muito
humanos, como o medo de ser posto de lado ou o desejo de ser como os outros, de
ser
estimado e aceite.

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