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Lógica informal e falácias informais – Indução
A lógica informal, ao contrário da lógica dedutiva, ocupa-se dos aspectos
concretos da argumentação. Reconhece que a argumentação em concreto exige pelo
menos dois argumentadores, que detêm um conhecimento parcelar e inseguro, e ajuda
a distinguir, nesses contextos, as maneiras correctas de orientar o pensamento para a
verdade. Identificará aquelas formas de argumento que são mais fracas ou que, pelo
recurso a meios abusivos, bloqueiam o esclarecimento e as tomadas de posição
racionais.’
[Comecemos por relembrar a estrutura do raciocínio indutivo para, de seguida,
analisarmos algumas falácias relacionadas com esta forma de raciocínio. Para além do
que anteriormente estudaste sobre o raciocínio indutivo existem outros aspectos que
interessa agora caracterizar]. Vamos referir as três regras da indução mais importantes
e consensuais e cuja violação origina falácias frequentes.
Regra 1 – A amostra deve ser ampla.
De acordo com esta regra, quanto maior for a amostra observada mais forte o
argumento será. Assim, a conclusão de que certa dieta é adequada para certa doença
será menos forte se for baseada em dez observações e mais forte se for baseada em
milhares de casos.
Regra 2 – A amostra deve ser relevante.
A relação entre o conteúdo das premissas e o conteúdo da
conclusão deve ser representativa de toda a classe. Esta
regra tem duas implicações importantes; a de que a amostra
deve representar toda a classe e não apenas algumas das
suas espécies; a de que a conclusão não pode esquecer
aspectos significativos e já conhecidos da classe (mesmo
que não estejam directamente envolvidos no argumento).
Uma amostra relativamente grande pode ser a base de
uma generalização mais fraca do que outra baseada numa
amostra menor que contenha informação mais relevante.
Para justificar que uma dieta é adequada a uma doença, um argumento baseado
em quinhentas observações de doentes com nível etário, história clínica e hábitos
alimentares diferentes é mais forte do que um argumento baseado na observação de
mil doentes com o mesmo escalão etário, de uma mesma região e de história clínica
desconhecida. Apesar da amostra ser menor, o primeiro é mais forte porque representa
melhor toda a variedade da classe dos doentes.
Regra 3 – Não omitir informação relevante
Esta regra diz que um argumento, mesmo sendo baseado numa amostra grande e
relevante, será mau se omitir informação relevante. Uma consequência desta regra é o
facto de que devemos avaliar uma generalização tendo em conta o conjunto do nosso
conhecimento. Outra consequência desta regra é da que a generalização deve ser
rejeitada se já forem conhecidos contra-exemplos.
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Argumentos De Autoridade
Falácias de autoridade
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Argumentos generalizações
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Previsões
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Argumentos Por Analogia
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Falácias Do Apelo à Ignorância
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Petição De Princípio
A petição de princípio ocorre quando, ao tentarmos provar uma
proposição através de um argumento, usamos essa mesma proposição, ou outra
equivalente, como premissa. Isto é, quando se assume como verdadeiro nas
premissas o que está em causa provar como conclusão. Considere o seguinte
raciocínio:
O aborto é um assassínio. Logo, é moralmente errado abortar.
Algumas pessoas seriam tentadas a aceitar este argumento sem objeções.
É consensual que o assassínio é moralmente errado. Mas o ponto é provar que
abortar é idêntico a cometer assassínio: partir deste princípio condenar o aborto
é assumir à partida como verdadeiro o que está em causa demonstrar. O como
verdadeiro o que está em causa demonstrar., O argumento torna-se circular.
Quando incorremos numa petição de princípio estamos a raciocinar de modo
formalmente válido. Se afirmamos na
premissa o que queremos prova
r como conclusão, não é possível ter
premissa verdadeira e conclusão falsa.
Mas, apesar de válido, um argumento com
esta caraterística não é um bom
argumento.
Se não tenho boas razões para
aceitar a conclusão para além da própria
conclusão (isto é, se não tenho outra razão
para pensar que o aborto é um assassínio
para além de acreditar que o aborto é um assassínio), não tenho razão alguma
para aceitar esta proposição como premissa. O que era obscuro antes do
argumento continua a sê-lo depois.’
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A falácia do boneco de palha, também conhecida
como falácia do espantalho, consiste numa
distorção, intencional ou acidental, do
argumento que se pretende refutar. Usada
intencionalmente, pretende-se com ela refutar
mais facilmente um argumento (ou teoria) que se
quer recusar. Para entender a designação
‘boneco de palha’ ou ‘espantalho’, imagina que
um homem diz ‘Vou bater no Lucas para mostrar
que sou forte’. O homem monta um espantalho,
ao qual chama Lucas, e bate-lhe. Da mesma
forma, a pessoa que recorre a esta falácia
pretende mostrar que refutou um determinado
argumento através da refutação de uma versão distorcida e enfraquecida do mes
mo.
Quando se comete esta falácia argumentativa, o que se está a fazer é
substituir o argumento inicial que se quer refutar por outro mais facilmente
refutável, como forma de ganhar posição. Um exemplo típico desta falácia:
Almeida, A., Teixeira, C., Murcho, D., Mateus, P., Galvão, P., Filosofia
As pessoas que querem legalizar o aborto o que querem é a prevenção da
gravidez irresponsável. Mas nós
11o ano – A arte de pensar, Lisboa, Didáctica editora, 2008, p. 95
queremos uma sexualidade responsável. Logo, o aborto não deve ser
legalizado.’
Os argumentos da posição pró-escolha não são baseados na premissa da
gravidez irresponsável. Certamente alguém lúcido não defenderia racionalmente
tal coisa. No entanto, como mostra o exemplo dado, para refutar o argumento
pró escolha comete-se a falácia do boneco de palha.
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O falso dilema ocorre quando
num argumento uma das premissas
apresenta dois estados
alternativos, supondo que:
a) São as únicas alternativas
possíveis;
Falácia Da Derrapagem
Esta é uma forma de argumentação típica: é a falácia da derrapagem (ou
”bola de neve“): para mostrar que uma proposição (P) é inaceitável, extraem-se
consequências dela e consequências das consequências (cá está a bola de
neve!)... chegando-se a uma consequência
inaceitável (Q) (por isso se chama também falácia
da derrapagem). Um exemplo “clássico” dessa
argumentação é este: se se legalizasse a
marijuana, toda a gente a iria experimentar, e a
seguir começariam a experimentar as drogas
pesadas e não tardaria que a nossa sociedade se
transformasse numa sociedade de drogados.
Portanto, nas “derrapagens” afirma-se que, se um
determinado acontecimento ocorresse, outros
acontecimentos perigosos ou prejudiciais
ocorreriam depois inevitavelmente, pelo que não se deve permitir o
primeiro.
Falácia Ad Populum
Estão na classe dos apelos ao povo os argumentos
que pretendem justificar uma afirmação com a premissa
de que ela é defendida por todas as pessoas ou por um
grupo numeroso ou importante de pessoas. Na prática, o
apelo ao povo é quase sempre falacioso e visa apenas
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explorar as emoções, desejos e preconceitos do auditório. O princípio que orienta
quem recorre ao “apelo ao povo” é o de que aquilo que a maioria das pessoas
considera verdadeiro, valioso, agradável é verdadeiro, valioso e agradável. A
opinião da maioria toma o lugar da verdade. Exploram-se sentimentos muito
humanos, como o medo de ser posto de lado ou o desejo de ser como os outros, de
ser
estimado e aceite.
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