Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Os argumentos não dedutivos têm uma natureza diferente dos dedutivos, em vários
sentidos:
- Avaliação:
Os argumentos dedutivos são válidos ou inválidos, dependendo da sua forma lógica.
Os argumentos não dedutivos são fortes ou fracos, dependendo do seu conteúdo.
- Conclusão:
Num argumento dedutivo válido, a verdade das premissas garante a verdade da
conclusão.
Num argumento não dedutivo forte, a verdade das premissas torna provável a
verdade da conclusão.
São os argumentos que usamos no nosso quotidiano, e apesar de terem uma forma “mais
livre”, ainda estão sujeitos à aplicação de certos critérios que determinam a sua força.
▪︎︎Faz parte do grupo dos argumentos indutivos. Consiste em partir de um número finito de
casos particulares observados, de modo a formar uma conclusão geral.
Ex.: Os patos observados na Terra têm bico. Logo, todos os patos na Terra têm bico.
Ex.: Desde o início do ano letivo, o professor nunca faltou às suas aulas. Logo, amanhã ele
vai dar as suas aulas.
Ex.: Pilotar um avião é uma profissão que requer alta especialização devido ao seu alto risco.
Logo, como o manuseamento de substâncias químicas perigosas impõe também alto
risco a quem trabalha com eles, os que o fazem também necessitam de alta especialização.
Argumento de autoridade:
✫・゜・。.
3. Falácias informais relacionadas com os tipos de
argumentos não dedutivos
De uma forma semelhante aos argumentos dedutivos, os não dedutivos possuem também
falácias correspondentes à sua utilização incorreta.
Ex.: Vi dois gatos com o pelo às riscas. Logo, todos os gatos na Terra têm o pelo às riscas.
É um argumento fraco, porque para além de se basear numa amostra de apenas duas
entidades, há inúmeros contraexemplos de gatos com várias cores e padrões no seu pelo.
Ex.: Para ter uma ideia das crenças religiosas dos cidadãos dos EUA, fomos entrevistar
cidadãos do estado do Texas. A maioria apresentou uma crença no cristianismo.
Logo, os cidadãos dos EUA têm uma tendência para seguir a doutrina cristã.
O argumento é fraco, pois retirou a sua conclusão a partir de uma amostra específica (1
estado de 50), que não representa o país inteiro.
▪︎︎Trata-se de tirar uma conclusão baseada numa comparação entre duas coisas muito
distintas em vários aspetos, ou quando as semelhanças entre elas são pouco ou nada
relevantes para a construção do argumento.
Ex.: Empregados numa empresa são como pregos numa casa de madeira, pois trabalham
em conjunto para assegurar o funcionamento de um todo.
Logo, tal como martelamos pregos, devemos martelar empregados para que
desempenhem a sua função.
É um argumento fraco, porque pessoas, neste caso empregados, são seres humanos,
enquanto pregos são pequenos objetos, sendo distintos em demasiados aspectos para serem
comparáveis. Para além disso, o facto de ambos trabalharem em conjunto é irrelevante para
determinar a necessidade de martelar pessoas.
Ex.: Ouvi dizer que o chocolate é excelente para a saúde dentífrica. Logo, deve ser verdade.
Ex. 2: Vi na televisão um médico especializado em hepatologia a dizer que na verdade o
álcool em altas quantidades é benéfico para o bom funcionamento do fígado. Portanto, deve
ser verdade.
Ex. 3: O meu primo, dono de uma empresa especializada na extração de petróleo, esteve-me
a explicar que o aquecimento global é um processo natural que não é causado pelo ser
humano. Ele é bastante inteligente, portanto deve ser verdade.
No segundo, apesar da fonte citada ser qualificada, a sua afirmação vai contra o consenso
científico, tendo já sido refutada com estudos prévios.
No último exemplo, a fonte citada, para além de não qualificada, não é imparcial, visto que o
seu rendimento provém da extração de combustíveis fósseis, responsáveis, pelo menos em
parte, pelo aquecimento global.
Ex.: Deus existe porque está escrito na Bíblia que assim o é. O que está escrito na Bíblia é
garantidamente verdade, porque é a palavra de Deus, que é incapaz de mentir.
É um argumento fraco porque, para acreditar em Deus, é necessário primeiro acreditar que
Deus tenha escrito a Bíblia, e para isso, é necessário que ele seja uma entidade real.
Ou seja, a conclusão assenta numa ideia que volta a si, num ciclo vicioso.
Ex.: Uns dias depois de ter ido explorar uma casa com fama de assombrada, comecei a
sentir-me observado e não encontro alguns objetos em minha casa. Logo, estou a ser
assombrado pelos espíritos da casa.
Os dois eventos acima não estão necessariamente ligados, a paranóia e a falta de alguns
objetos está provavelmente ligada à superstição ou pobre saúde mental, não propriamente à
existência e perseguição de uma entidade sobrenatural.
Ex.: O meu vizinho tentou discutir a possibilidade de angariarmos dinheiro para construir
uma pequena piscina partilhada entre os residentes do bairro.
Eu recusei imediatamente, uma vez que ele tem ar de drogado, e deve querer o dinheiro
para isso.
Ex.: “As nossas tintas são as mais resistentes e mais vibrantes do mercado, sendo
recomendadas por mais de 95% dos artistas a quem enviamos amostras dos nossos
produtos!”
Sendo assim, as tintas devem ser mesmo muito boas.
A suposta aprovação do produto por uma maioria dos que o provaram não é uma boa forma
de provar a sua qualidade. As estatísticas podem ser facilmente alteradas ou simplesmente
inventadas.
▪︎︎Consiste em afirmar que algo é verdadeiro ou falso porque o contrário ainda não foi
provado.
Ex.: Até agora, não vi provas de que as fadas não existem, portanto elas existem.
Ex.: “Devemos ter secções de educação sexual durante o período letivo dos adolescentes, de
modo a educar a população sobre métodos contraceptivos, sexualidade, género e mudanças
que ocorrem durante a puberdade”.